revsita mente e cerebro - n 182-marco 2008-transtorno bipolar
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5/9/2018 Revsita Mente e Cerebro - n 182-Marco 2008-Transtorno Bipolar - slidepdf.com
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desatencac podes er p a to l6 gic a
o P E Q U E N O
C E R E B R O
revela~oes sobreo p ap e l d o
M U L H E R E S
C I E N T I S T A Sap tidoe s epreconce i t o s
A d o e n ~ a d ai n c o n s t a n c i a
. I im
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o siqno do excesso
o q u e J a z d o t r a tl s to r n o
b i p o l a r (TB ) IWUl dOf11~'a
la o C l m l s t a d o r a , ' : l 1 t n g a n f e
e , a o 1 11f Sf fI 0 l e l l l p o , e n v o l t a
e m c e rt a a u ra d e g la m ou r
[ p e l o mnlOs n a 0 p in la o
d a q u e l e s q u e p o u e o a eo-n h e c c m ) ? Ha j f 1 5 l ' i j l e a t i v C l
p a r a e s t e r f1ltiilla i l l l p r m a o .
C o m o l e m b r a a a r U n d i s -
t a M o a e y r S e l i a r e m Sell
a r t i g o " E n tr e a e u f o r i a e a
d e p re s s ii o " , ~Iesla e d i ~ a o ,
d o e n ~ a m e n ta l , e r i a f i v id a d e
e g e n i a l i d a d e tf m s i d o ! I 1 u i t a s
v e u s a s s o e i a d a , "C O 1110 di z
a P s iq l l ia t r a i l1 g le s A n t h o n y
S t o r r c m T he dynam icsof creation (A d i H i l m i c a
d a c r i a ~ i i o ) . o s b i p o l a r c s
p r c C l 5 a m d e a t e n ~ i i o e d e a p ro lJ a t ; ii a , a ss l 'm c om o as
e s c n to r e « . ' R e a d m e , d o t lDt l e t me d i e ' ( leia-I llf , 1 '1 .1 0
m e d e i x e m o r r e r ' ) " , e sc re v e S e li a r
Ja a p e r p le x i d a de d i c m l'e d o d i a gH o s t i c o p od e sa
c o m p r e e n d i d a p d a c r o n i c i d a d e e g r a v i d a d e d o d i s h f r -
b i o , . c o m p r o v a d a p e l a s e s t a t ( s l i c a s . D a d o s d a O r g a -
n iz a~ a o M U l 1 d ia l d a S C l ! l d e ( O M S ) 0 a p o n t a m CO/1 l 0
a s e x l a m a ie r c a u s a d e I n ca p a c i t a ~ i i o d e p e s s o a s n o
m U l 1 d o _ P a m p a c i c n /e > , c 6n j . lg e s , p a r c n re s e a m i qo « ,
a s c r i s e s - s e i a m d e e r i fo ri a O il d e d e p re s sa o , s e m p r e
r e g i d a s p d o s i g n o d o e x c e s s o - d e s w c a d e i a m Uliia
a v a la n c h e d e e on j1 it o s e e x i g e m ti m I 1 l t m e jo 1 , ) C I r a0 q u a l
nel l ! s e m p r e S f e s la p r ep a r a do E I , d , 5 1 : 1 1 1 , mot i vo p a r a
p r eo cu p m ; i i o , : a _ f i na l , e s l a o r e la c i o l1 a do s a o T B a l t o s
( H d i c e s d e m ~ r ta li d a d e e m d ec or r c nc ia d e c o m o r b i d a -
d e s e d o s r i s c o ' ) a os q ua is a
pmoci Sf e x p o e , COIliO usa
d e a lc o o l e d r o q a s , I m t a t l -
IHIS d e >Ilfcid i o [ a I e m e s H i o
lill i 1 i j f i n c i a e a d ole sc cn -
c i a ). a /c m d o s j r a c a ss o s n a
l J id a p r o ji ss io n a l e a J e li l) (I _H O j e s e s a br , p ar e x c / l I -
p i a , q u e a l , e rcm~(1 g C I 1 € f i c a
te m p a p e l j m p o r t a l 1 l e 1 10
d e s f l l v o l u i n l f 1 J l o d a d O C 1 1 f a
( q u e WI m u i to s c a sa s s l ! f g e
d e J o r l l la p r e e a c e , a n te s
d o s '1 3 till O S ) e q u e f a 10 r e s
a m b l e n t a i s ta l l lb611 p o d e m
d c 5 t 1 1 C a d e a r e / J i s 6 d i a s d e v a -
l ' I a ~ a o p a t o l 6 g i c a d e 1 1 > 1 1 1 1 0 ( ,
N l a s a u a r i e da d e d e s m t o w a s
( d e III/I p a C i e n l e p a m Ollt ro e
fami?fl i l n a m e S i l l a p e s s o a ) ,
Illlli/as vezes l 1 I e s d a d o s a t ra~o5 d e / J er s o u a li d a de , h em
C01 l l 0 a I 1 c cc s si d t1 d e d e I ! I I I t 1 ) lI S t e e x tr fm t 1m e n te d e h c a d o
d a m e d ic tJ q ii o a in da c O f lf ~ m d e l l l p ro ji ss iO l 1 C li 5 d a s ( 'l I id e
m e n t a l . (OIliO s a l i e n t a 0 I J s i q l l J ' a t m T e n g ( h e i T U N g ,
d o H o s p i ta l d a s C / r u i c c i s d a F a c Il 1 d ad e d e i V i e d l c i 1 J a
d a U l liv m id a de d e S ii o P a u l o ( F M U 5 P ) , mllor d o
a r t l g o " D o e 1 ' l ~ a d a I I1 C 0 1 ' ls li .l J1 c i a "e d o h v m Enigma
bipolar ( M C E d l l o r e s , 2007),0 TB i 1 1 1 1 1 ( 1 d e s s a s
p a t o l o g i a s ellI qllf a i l 1 j o r l 1 l t 1 ~ a O If J l w d m H e n l a i n a a
( l p n l a s p a ra q f l e p ro ji s s i o na is o p t e n r p e l a a b o r d a g c m
lempfil l ica m a i s adeql lada, m a s la m btlll p ara q u e h a j a
ma i o r c omp r on le l .i ll lc n to d o p a c i e l 1 1 e e d e SM a f a m i l i a
COlli 0 I ra /amenia .
E H t i i o , v a m o s 4 s i l1Jont la~8es
B o a le i/ u ra !
Glducia Leal, edi io ra
g i a M c i a .l e a l @ d l < c t to e d i lo n a i .c o m . b r
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secoes3 ED ITOR IAL
7 CARTAS
A SS OC IA <;A O LIVR E
Netas sobre atualidades,
pslcoloqla e pskanailse
10
14 L lVROS
Winn ic o tt e s eu s l nt er lo c ut or e s
17 C INEMA
A vida dos outros
18 NEUROCIRCU ITO
As novidades nas areas de
psicologia e neurociencias
24 PERSPECT IVAS
Diversidade e inclusao escolar
26 PERSONA
Carlos Eduardo Guinle Rocha Miranda
colunas
23 L lM IAR
Hologramas, fara6s e
democraciaSIDARTA RIBEIRO
82 L lTERATURA
Entre a euforia e a
depressao
MOACYR SellAR
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especial
, ~:
42T RA NST OR NO B IP OL AR
C ara cteriz ad a p or alteracdes de h um or
que oscilam entre a euforia e a depressao,
a doenca - cronka e grave - se manifesta
c om d ivers os g ra us d e in ten sid ad e
44A DO EN t;A D A IN CO NST AN CIA
T eng C hei T ung
N em s emp re fa cilm en te d ia gn os tic ad o
o d is tu rbio e cercado po r p reconcei tos ,
mas 0tratam ento p od e p revenir as
c ris es e con trola r s in tomas agudos
54INFANclA AMEA9\DA
lee Fu-i
Excessode es tfmulos , ruptura
d o c ic io s on o-v iq ilia e p re sc rk ao
i nd isc rim inada de an ti dep ressi vos
p od em ante cip ar s in tomas
maniacos em cr ian~as e ado lescentes
ENSAIO
VELOCIDADE : A B ERRA t;O E S DE
T EM PO E M O VIM EN TO
OLIVER SACKS
Em texto inedito n o B ra si l, 0neurologista Oliver
S a c ks a pre se n ta reflexoes sobre percepcao,
l it er at u ra e p s ic op a to lo g ia s
30
62 CABE(A NAS NUVENS
MONICA CAROLINA MIRANDA
o transtorno de def icit de
arencao e hiperativ idade pode
na o rerm m ar na i nH\nc ia ;
muitas vezes permanece a te a
id ad e a du lta
o P EQ U ENO C ER EB ROJAt\; tES M BOWER E
LAWRENCE M. PARSONSDuran te m uito tempo 0 cerebelo
foi consrderad o lim m ere coorden ad or
cnce lalico dos m ovirnen tos corpora is, m as
agora se sa be qu e e le te rn pa rtic ipa ca o
a tiva na cog nicao e na percepcao
66
74 T AlE NT O S S UB ES TIM ADO $
D IA E F . H. LPER l '! , CA I I. tJ LLA P . B E NB OW!, D A VID C
G EA RY , R UBE N C CUR, JANET S HYDE E MORTON
A G E R N S B A C H E R
A polernica deflag rada ha tres
anos pela ex-reitor
d a l. ln ive rs id ad e H a rva rd
s egundo a q ua l m u lh ere s sa o
rnenos capazes de f az e r c ie nc ia
de ll im pu lse a novas pesqui sas .
O s resu ltados m ostram que
o obstaculo a participacaofernin ina reside em estereot ipos
e preconceitos
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EXCLUS IVQwww.mentecerebro.com.br
N o vid a d e s n o c o mb a te a depressao
Pesquisadores cia B iblioteca C ochrane, org aniz acao internacion al
que investig a a ehcacia de acoes tera peur icas, ana I l sa ra rn ci nco
e stu dos qu e a va lia rn 0 uso da nu isica no tratarnen to de pessoas de-
prim idas. Q uatro deles sug erem que a utiliz a< ;ao d e u rn a com binacao
de ritm os, harrnon ias e rnelod ias pode ser rna is ehcaz que outras
t e cnl c a s ps ico r er a pi c a s . 0 resultado de o ur ra p e sq ui sa , publicado na
revista N e u r o n , confirrna lim a tese defendida hi! algum t empo por es-
p ec ia llsra s. m e dic am e ntos p ara d epre ssa o d eve m se r p erson aliz ad os,
prescriros de acordo com 0 perfil generico d e cad a paciente, j i! q ue
seus efeitos variam de urna pessoa para ou tra. S eg undo a pesquisa,
h a II va ria nres d o gene que codif ica um a protein a transporrad ora
no cerebra, 0 qu e p ed e c om p rom ete r a e fi ca cia d e a nti de pre ssi vos
como 0 citaloprarn e a venlafaxina. Veja n o s ite .
R even do a s b a s e sqenetlcas d o a ut ism o
P ara M i c ha el. W ig le r , genet i-
cista do C old S pring H arbor
L aboratory em L ong Island,
E sra dos L ln id os, os rn erod os
trad iciona is de estudo das
bases geneticas do autismo
precisarn ser revistos. A te
agora, diversos g rupos de
p es qu is a e nc on rra ra m g en es
a ssoc iad os ao tra nstorn o ern
2 0 dos 2 3 pa re s de c rorn ossom os do gen
hurnano N a ed i< ;ao de m arco da S c i e H l i f i c A
can,o p esq ui sa do r a r g urn e n ta q ue , c on tra ri a
a s c on ce pc oe s m e nd el ia na s, pa rte d a e xplic
para os padroes observados de heranca est
m u ta <;6 es e sp on ra ne as, i sto e , a l te ra co es n a
g errn inariva dos pais que sao novas para
descendenres . W ig le I ' acredita que u rna t
unificada do autisrno pode ajudar a exp
8 outras doencas com plexes de b as e g en e
\j como a e sq uiz olre nia , a d epre ssa o, a ob esid~~ m6rbida e 0 d ia be te s C o nf ira .
~
~ Benefidos inusitados~~~~&Q~~~~~~~~~~~~~~~~--~
. . . . . . ~.-..-.,~.. ~..:;..~
. ; :o _ _ ~~f~
·_.H...-'"' 1 C : : : : ; j : : j lJ ! tI : " " " ' _. . . . . .- ~~~
"'_;>Io~_'_
~~:~~_~ c:;.~~~~~~.":=.IWI' ;;r-_£::~..
BLOC DA REDA< ;AOAcesse, leia e comenre asinformacoes e reflexoes
NOTfClASN otas sobre lares rele va nte s n as
areas de psicc log ia , psicana lise e
neuroc i en c i as
AGENDAProgramacao d e c urs es ,
congresses e eventos
MULTIMfDIAV ideos e podcasts sabre
as ciencias da mente
A s pessoas que sofrem da doenca de H unt
ton (parolog ia nil qual os neu ron ios llg ado
controle motor e a cognicao sao desr ru
sao m enos propensas a desenvolver ca
e costum arn ter m ais hlhos que a m edia
popu la cao A incla nao se sabe
exatarnente a que esra por tra s
d essas constatacoes, m as u ma
equipe da U n ive rsid ad e T uf ts
encontrou um a possfvel lig a-
< ;a o e n t re e las a protefna p53 ,
que controla a d ivisao celular
e parece desem penhar papel
import an re n a imun id ad e.
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GENETIC A OU AMB IENTE .?
o qu e vem antes (ou com m aior f orca). as infiu ellcias
dos g enes ou das experiellcias;> A final, se a heredi-
tar iedade e responsive] par in um eros trac es d e p er-
sonairdade, 0 ambiente tambern influi n a exp re ss ao
genet i ca Ma s q ua l p re va le ce e em qu e circunsti ncia
isso acon tecez O s artig os apresen tados n a edi<;1io
181 nos f az em pen sar qu e a busca de so lucoes {micas
para os m isrerios hum anos, bern com o as linhas de
reflexao que se apeg arn a apenasum ponto de vista,
desprezando outros com o se fossem absurd os, estao fora de rnoda.
C a r l o s H . N o v a e s
S a o l o s t " d o ; C a m p o s , S P
DEDO NA FERIDA
A plausos, parabens, parabens: A pes
le r 0 texto "Hora de pO l' 0 declo na
fer icla" , pub] icado na edi< ;ao 1 79, deM enres C erebro, f iqu ei fa d o a rticu -
Iista S idarta R ibeiro! E le escreve de
lorm a re su rnida, exara e espe ctf ic a 0 qu e
acontece em relacao ao u so de drogas .
T en ho a rn esrn a opin iao sabre a assunto ,
o especialista eonseg uiu se expressar
~ claram enre, em apenas lim a folha, sem~~ tan to b la , bla , bl< 'i;" 0 born se nsa a dve r-
Ieo sufoear as drog as com saco plasrico
~ mara" . E ntenda quem l iv e r consc i enc la
ie b orn sensa!
Q i V 1 a r i a 1 1 1 5 N a d i l ' l
Caxias d o S u i , R S
o B E B E E AR EV IS TA
E ll e m i nha m ulher g ostam os m ui to de le r
a col ec so A M e n t e d o B M e ache que isso
termi nou in flu en cian do n ossa C larice, de
5 meses (a D l a d oJ . Ap en as rn os rre i a re vi sra
a ela e como g osta d a foto do bebe da
c ap a, a a ga rrou . Pa r s orte e ll e sta va g ua r-
d and o a rna quina na que le momenta .
Parabens pelo b elo tra ba lho d e voces!
M!fCO R cs J o , p r o fm o r d a U n i v c r s i d a d e
F e d e r a l d a B a h i a ( U F B A J
E NTR E A S PA S
C ostei de Vel" as citacoes d e pe sso as fa -
rnosas de novo na secao "E ntre aspas" c ia
revista, C omo foi dire no editorial do m espassado, pede ate ser urn cletalhe , m as e
de detalhes que a vida se faz . Obrigadal
S a n d r e l i c c S o u z a Lillla
N a t a i , R N
REVISTA AF]NADA
Parabens pe la revistal E sta c ad a v ez rn ai s a fi·
nada, C ran de abraco ao pe ssoal c ia reda\ao
l u s sa r a R a l 1 lp a s so
S a o P a u l o , S P
Por ra zo es d e I im ita ~a o. d e espaco,a reda~ao tom a a liberdade deselecionar e editar as cartas recebidas.
EDITORIAL
Tel.: 5511 6013-8100 Fax: 5511 303
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EXPOSIc;:Ao
Por Graziela Costa Pinto
Cores exuberantesestimulam a lrnaqinacaoOBRA D E LIzA RRAG A , TE TRA P lEG IC O D E SD E OS A NOS 80, MOSTRA FRONTE IRA S E NTRE UNGUAG EM E PE RC E P<
A n ton io lb :< irrag a. Pin tu ra s e D ese nh os. E stu dio B u ck . R ua lopes Amara l , 123 , V i la O l lmp ia , Sao Paulo, S P.T
( 1 1) 3 8 46 4 028 e 30 44 -4 57 5. G ra tis . D e 1 2 d e marco a 3 0 d e e bril,
o c ot id ia no , na o nos dam es conta da com plexidade
envolvida em cada gesto que fazem os ou im agern que
vernos . M as 0 tem po todo sornos c on vo ea do s a tra ns fo rm e r
e stf rn u lo s e impre ss oe s e m fa tos de linguagern C abe ao
cerebra a tarefa in in te rru pta d e d ecod if ica-los, crian do cate-
g o rra s ( au re p re se n ta co es rn e nta is ), q ue , s in cron iz ad as e ntres i, tra ns form a rn -s e em p erc ep coe s. s en sa co es passiveis de se
ta m ar re alid ad e a pre en sf ve l para 0 su je ito por m eio de etapas
s irn bolicas d e org an iz acao e interpretacao
Em geral, esse processo de decodilicacao do registro
s en sive l p ara 0 lingulstico au inrelectual ocorre de m odo
a uto rn ati co , q ua se a n os sa re ve li a. T od a a e xu be ra nc ia desse
p ro c es so se r eve la , pa r exernplo, no ato cr iat ivo (par r ne io c ia
tecn ica , dos recu rsos [orm ais e da e xp lora ca o d as f iguras de
I ing ua ge rn, c om o as m era foras), n os f enom en os stne ste sic os
(capacidade m ental em qu e 0 estfmulo de u rn se nrido le va a
p erc ep cso de ou tre ) a u em s i tuar;6es- limi te (na emergence de
perig o ou de perdas funciona is , m otoras ou neu rolog ica s) A
p ro du ca o rn ad ura d o a rg en ti n o natural i z ado bras i le i ro A n ton io
L i za rra ga , em e xp os ic ao n o E s tu dio B uc k, em Sao Pau lo , parece
nos i er nb ra r d i sso.
N a m ostra corn 3 6 obras, entre telas e desen h os, em cartaz
ate abril, a co r sobressai a forma 0 artista plastico seg ue a
t rad icao geometr ico-consrru t iv is ta . S ua p rod uc ao dos a nos 6 0
e 70 esteve lig ada a exper imentacoes t ecn ic a s, s ob i nsp ir ac ao
de e le m en tos d o de se nh o industrial Em J 9 83 , sof re u u rn a ci-
dente vascu la r ce rebra l que 0 deixou terraplegico. Lizarraga
passou en tao a produ zir obras
c om a ju da de cola bora dore s
A muda nca no m erodo de
tra ba lh o re du nd ou nurn novo
estilo de arte no qual a expe-
rirnentacao piet6riea passou a
se T e lem en to c en tra l
o e sq uem a d e tra nsc ric ao
entre irnag em m ental e execu-
OAHTISTA
nos anos 70
Obra Teodo l i t o , de 2007 (Serre [anelas), em acrilico sobre tela
r ; a o plastics e altam ente m inucioso. 0 artista d ita
imag rnada em seus rmn ir nos deralhes (sernpre pro
p ara te la qu ad rad a e, rn ais re ce nte rne nte, retangular
en tra na im agem aquila que pode ser nom eado, m
Ll n um e ra do" , a li rrn a 0 curador da exposicao, L o
M am rnf . A inda assim , C0 l 1 1 0 lidar intelectualm ente
as qualidades do sensfvel> ju starnen te af . nesse im
reside a poetica de L izarrag a. A abstrar;ao calculada
ft6rica de suas obras nos rem ere a s e nig rn atic as ro n
da linguagern com a percepcao - ca m p o de 0n de 0
p arte p ara te sta r, ate 0 lim ite, a capacidade das pa
de sig niiicar e enquadrar sen tidos, forjando nessa zo
tensao sua g rarnatica da s ensibilidade.
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EVENTO
Exposkao e simposlo analisam desenho na arte e na dendaPROjETO MAPE IA A S INTERFA CES ENTRE REPRESENTA<;AO GRA FICA E OUTRA S UNGUAGENS
Odesenho conternporaneo e suas interfaces com outros
saberes e te rna do projero D e s e l ' J h o e s e u ; p aP 6 s , em
cartaz em S ao Paulo. ld ea li za do p ela a rtis ts plasrica Edith
Derdyk, conternpla lim a serie de atividades, de exposicao
a s ir n po si o. A tividades com o p in tu ra , e sc u lt ura , totogratia,poe si a v is u al, maternatica, f isica, arquitetura e cornurucacao
visual se entrelacarn, Ar t i s t es , in te le ctu ais e cie nrista s
exploram 0 te rn a em s ua s v aria s v erte nte s, re toman do 0 papel
fundam ental do t r a co para a consr rucao do pensarnento, ci a
cornu n icacao e da s a coe s h um a na s,
" Is so in c1 u i 0 rabisco num resto de papel para explicar
u rn t ra je to , 0 recado na m esa de telefone, 0 registro rna is
sof isticado de alg um a eng renag ern" , a f r r m a Derdyk A
exposicao A l g u l l s a sp e ct o s d o d e s e l1 h o c on le m p O rG l le O , concebi-
da pela artisra S hi r1 ey Paes L em e, apresenta producoes
ined: tas, que explorarn possibil idades concei tuais ematerials . C arm ela C ross, A na Tavares e C abelo sao
a lg un s dos a rtista s convidados Oj ic in as , me s as -redond as
e relatos de exper ienclas , a cargo de art is tes plasticos
como S erg io F ingerm ann e do f il6sofo N elson Brissac,
en tr e outros nornes de des taque em areas diversas,
corupletarn 0 panorama do desenho nas artes e nas cien-
cias : N o contexto do evento , fo i l ancada a antologia
d e e nsa ios D i s e g l 1 o _ D e se n h o_ D e sC l1 n io , pela editora S enac.
Do ponte d e vista psfquico, 0 desenho e fundamental .
Pe lo [ at o de s e r ind i ssoc iave l 1 1 subje t iv idade , fo i rapidamente
incorporado a psicolog ia e psicanalise como recurso diag-
n6stico au rerapeutico. principalm ente na clfnica infant il
S abemos que a cr ianca d esd e p equ en a t race 0 m undo para
apreende-Io, com isso, busca dar sentido a s percepcoes e
!> a os afetos a ind a se m nom e, a si propria com o sujeito e a os
~ b I P0 jetos que se apresentarn a sua vo ta_ rimeiramenre, 0
1 fa z n a g aratu ja , n o rab isc o, depots nas f i g ura<;oes esquema-
" ticas, que aos poucos g anham perspectivas, cores, letras e
..i numeros A atividade ocupa, portanto, lu gar de destaqu e
na estru turacao do psiqu ism o, sendo anteparo fu ndam ental
da linguagern escrita O af ser F onte de interesse renovado
por parte de todos aqueles que se m teressam peios sinuosos
cam inhos da criaC ;ao e da m ente hurnana,
ENTREPAREDES (super i o r ) , de Tamara Andrade (2007), carvao,
grafite e llnha de costura sabre parede
~- .. _ . ~~~..
•DETALHE DA OBRASem titulo, de Roberto Bethcnico (2006):
lndsao de ponta seca sobre papel, po de ferroe planta artificial
De.sen hoe seus papers, S ese Pln heiros. R ua Paes L em e, 1 , S a o Pau lo,
S P. lnform acoes pelo tel.: (1 1) 30 95·940 0 au no site www.sescsp.orq.br, Gratis.OSimposio ocorre ate 9/3 e a exposlcao, ale 30/3.
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Rivalidade entre lrmaos
(e ter perm issao para fazer) quase tude. N em os I
d o m e io e sc ap arn 1 1 a ng u sti a d e v iv er " es pre rn id os " e
a prim az ta dos m ais velhos e a atencao dada aos
novos. " A s ve ze s f ic a m e sm o dilfci I d ivid ir. Q u a n do
e se u irrn ao ( ou i rma ) desejam a rnesrna coisa e s6
pode te-la naquele memento, voces terao uma disp
escreve 0 au tor. E apre nder a ceder ou com partilhar
g era l n ao e tarefa f c k i l . M as t ern s u as c o rnp en s acoe s
Al l ey re ss a lt a que nao importa 0 rnimero de cria
qu e h< iem u ma casa , se sao m eninos ou rneninas, ou
idade. Elas tern em com u m os pais - e a necessidade
c om p artilh a-los.ln de pe nd en te m en te d a ordern de
c imento , enfrentar essa realidade e urn aprendizimportante e mui ta s vezes doloroso. "Mostra
qu e h< iespaco a fe tivo p ara tod os, os adultos erajam as c ria nc as a c re sc er unidas, partilh an do
vidas. Ass im, elas podem acred
qu e sao espeeia is, eada um a
rnaneira, na famfl ia e tam b
no m undo. E o que e 0mun
senao um a g rande fam i
( G l 6 u c ia L e a /)
L l V R O L A N c ; : A D O P E LA P A U L U S A J U D A A D U L T O S . A L l D . A R C O M 0 C I l J M E fN F . A N T IL
Aeheg ada de um be be c ostu rn a cria r e xp ecta tiva s
e ser m otive de aleg ria. E tam bern de conf lttos,
i nse gu ra nc as e a ng u stia s - p rin ci pa lrn en te para a s e r ian -
c;as m ais velhas. que podem se senrir ameacadas pela
presenca do recern-nascido, que se torna 0 centro das
atencoes. 0 livro I r m a o s c l . u m e t l t o s , I m l a S e g o f s t a s , lancado
pela Pau lus, eserito e ilustrado pelo arnericano R W _
A l le y, tra ta desse assunto delicado. 0 autor dirige-se
nao a penas a s cria ncas , m as tarnbern a pa is e educadores
para lernbrar que a rivalidade entre irrnaos pode nao
ser um a situacao transitoria, m as persistir, privando
as pessoas da convivencia ale tiva in tense com seus
irmaos e propiciando afastarnentos muitas vezes
in tra nspc nive is n a vida adul ta .
A f i n a l , p od e h av er d es eon f orto em se ro primogenito ever todas as atencoes
volradas aos cacu las que " precisarn
d e rn ais cu idad os" i mas se r 0 mais
jovem da tu rm a ta m be m desperta a
sensacao de qu e n un ca se ra posslve l
ser " born 0 suhcien te" com o os
i rm a os m a jore s, q ue p are cem saber
ENTRE A SP AS
E::::::~~~i1 " 5 6 s e p o d e v iv e r p e rl o d e c e r i a p e s s o a ,
_-.}"......,.jI~-.....-otl s e m p e r i g o d e 6 d i o , s e a g e n t e t e r n a m or .
Q u a 1 q u e r a m O f j d { u m p o u q u i n h o d e
s a u d e , u m d e s c a n so d a 1 o u c u r a . "
joao Cuimaraes Rosa (1908- I 9 6 7 ) ,
em G r a n d e s e r t a o .· I )mdas
"Morre l e n t a m e n t e quem na o v i a j a ,
na o I e ; nd o o u v e m u s i c a e
nao encontr a g r afa e m s f m e sm o . "
Pab 1 0 N eruda ( I 904- I 9 7 3 ) ,
e sc rt to r c hi le no
" Q u a n d o s e f a t a q u i l a q u e s e p a d e , f a t - s e a q u i l a q u e s e d e v e . "
Madeleine de Scudery (1607-170 I),
n ov eli sta f ra nc es a
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Conversa com am igosEM L1VROORGANIl.ADO POR BENILTON BEZERRA J R . E FRANCISCO ORTEGA, PSI.CANALISTASE FIL6s0FOS
APRESENTAM QUESTIONAMENTOS E REFLEXOESSOBRE A OBRA DE WINNICOTT
um a ou ou tra das visoes em debate . E
esse 0e spi ri to q u e a tr av e ss a o s 15 artigos
qu e cornpoem W i r m i c o tl e s e il s int e r /o w t o re s,
org an iz ad o por B en ilton Bezerra Jr . e
F ra nc is co O r te g a, professores do Insti-
tu to d e M e dic in a S o cia l da Univers idade
E s t a d u a l do R io de Janeiro ( U E R J ) .
N o ample encontro de ide ias pre-
sentes na coleranea, 0 autor-anf i t r iao
e 0 psicanalista Donald W. Winnicou
( 1 89 6 -1 9 7 1 ) . S eus convidados fonnam
urn grupo heterogeneo d e f i1 6 so fo s e
p si ca na li sta s. M a u ri ce M e rle au -P on ty
W i llia m J am e s, J ac qu es L a ca n, M e la nie
K lein , F riedrich N ietzsche, C
Cangurlhern, entre outros S em
<;iio de retificar ou corrigir as opi n
"dono da f es ta ", o s convidados
o dialogo reonco, permitindo-se
c ord ar ou d is co rd ar am ig ave lrn e
pontes de vista de W innicot t .
Um dos artigos que se de
" Def esa e criatividad e em Klein
e W innicot t " , d e O ctavio Souza
enccnrramos lima cornbi naca
e bern-sucedida de rigor conce
aplicabilldade clinica. Na p ri rn eir
do texto, Souza organize a lg um
C ~oca~ "[ivros no cO , nt ex to de ou tros
l ivros ou, a qu e d a rn ai s ou menos
no rnesrno, a pre se nra r a uto re s " [re nte a
f ren re" , ref lerin do e con versand o sobre
su as d issonsn cias e consonaoc ias teori-
cas . Esta proposta do qu e d everia ser 0
debate de i de ia s em qua lq ue r doscampos
do conhecim ento, com o a f ilosof ia , a
lite ra tu ra, a c iencia e a p sic an alis e, foi
formulada pe lo pe nsad or a m erica na
R ichard R orry , m orto em 2007. S ua
metodologia do debate in telectual
c on serve a cre nc a d e qu e quando se esta
d ia nte d e d ois p ontos d e vista distin ros
sobre de te rm inada mater ia , nao ha:nada
' ex rr ar nun do " , i st o e , do la do de fora de
no s me srn os , qu e aurorize o u c on fi rm e
Hilla d ec is ao d elm it iv a e irnutavel par
E IMPORTANTE QUE 0 ANAUSTA ESTE JA SEMPRE APTO A
ESCO LH ER EN TR E DU AS ETICA S: ADA RESPONSABIUDADE
DO CUJDADO; SUA OPt;AO CO NDIClO NA A TIT UD ES DIF ER E
g ra nd es lin ha s q ue orien tam 0 co
d as c on tri bu ic oe s te orrc as a psic
depots d e F reu d. Para sso toma
b aliz as a s n oc oe s d e tra um a , d e d
se us re spe ctivos pa pe is na const i
d a su bjerivida de . N a seg un da p a
in ven ta rio te 6ric o, c on cise e e fi
vira para ilum ina r e d i fe renci ar mo
pra ti c a c lf n ic a na psicanalise, agr
se gu nd o d uas c onc ep coe s d istin
c arn lnh os su bje tivos pe los qu ai
a constitu icao d o su je ito , 0a na
defronrara com as charnadas "e
re sp on sa bilid ad e" e " eti ca d o c u
N a p rim e ira , 0 p ro ce ss o a na
orien tado oelo Im ne proposito
o sujeito, qu an do ve rd ade ir amen
anal i se , a rq ue c om a s d ire co es s ub
que tornou e com os carninhosquais seu s sin tornas se constitu fram
DONALD WINNICOTI: dialogo com
Heln, Lacan, Nietzsche,entre outros
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WINNlC OTT E S EU S
INTERLOCUTORES
Ben ll to n Bez er ra J r. e F ranc i sco
O r te g a ( or gs .) . R i o d e J an e ir o:
Re lume D um ara, 2 00 7, 3 91
p ~g s. , R $ 3 5, 00 .
o urra s p ala vra s, 0 su je ito d eve d ep ara r
com 0 qu e ( eve f or c a traurnatica e c om
o con jun to d e de fesa s qu e const i tuiram
se u m odo de opera r no rnundo, N a
segunda etica, 0 rrararnento seg ue a
i de ia de qu e 0 paciente nao e apenas 0
m ontante de suas respostas defensives a
urna especie de traum a constitu inte, m as
efeito de um a experiencia de constitui-
<;ao su bjeriva n a qu al 0 arnbiente e tao
protag on is ta quan ta ele proprio.
A qual d es sa s id eia s ad erir> N ao se
rrata de um a questao de g osto pessoal,
m as de pertinencia clinica da qual
.& a pr6prioanal isra nao deve querer
~ e sc ap ar . " E i rnporrante qu e ele ( 0 1 1 1 1 1 1 -
" ! i s l a ) esteja sernpre apto a real mente
escolher en tre as duas ( e t i C r l 5 r, ahrrnao au tor. A d ec isa o, p orta nro , na o edada pela f idelidacie do prof issional a
determinada corren te teorica , m as pa r
su a sen sib ilidade em optar, d ian te de
G a da p es soa que 0 procure, po r um dos
cam inhos possfveis. S ua op<;ao condi-
dona ati tudes d iferenres em relacao
ao a na lis an do rn ais si lenciosa n a e tic a
da responsabrlidade e rnais acolhedora
na do cui dado, pa r exernplo. " A erica
do a na lis ta d eve ser a erica d a siru acao
COLEc;Ao
En con tro s en tre teo ria e d inica
A c ole cs o C lin ic a Psicanalft ica, d a Casa do Psicolcqo, ganhou
mals quatro tftulos. Em C om p le xo d e E d jp o, N ora Beatriz S us-
m anscky de M iguelez revisa o tem a com base na literatura
p6 s-freu dian a e pcs-lacan ren a. A pratka clfnica e 0 foro de
D e sa iio s p am a r ec niC Q p s ic an o lft ic o, de Jose C arlos G arcia .
Alern de retletir sobre 0atcance da intervencao a luz de F reud,
Winnica t t e F ere nc zi , e ntre outros au to res, G arcia faz urn relate
detalhado do case clfnico de urn paciente estrang eiro que
suscita ques toes m etod ol.6 gic as in com u ns .
T ra m a d o o lha r, de E dilene F reire de Oueiroz, trata, em ter-m as freudlanos, da arti( ula~ao en tre percepr;:ao e representacao,
sensacao e pulsao, num jogo dialetico que se desdobra para a
cam po da psicopatolog ia .. A 1 6g ica na razao e na desrazao, os
m eandros da linguag em natural e clentffica e 0 fenomeno da
r ep eti r; :a o n a escuta ps lcanal f ti c a sa o as assuntos abardados par
N elson da S ilva Jr. em Un g u a g en s e p e nso m e n to .
C om p le xo d e fd ip o. N ora B e atriz Susmanscky de Miguelez . Ca s a do
P sic 6log o, 2 00 7 ,1 80 p ag s., R $ 22 ,00 . Desa li os por a 0t e eniw p liwna l it ic a .
Jo se Ca r los Garc ia . C a sa d o P si c6 lo go , 2007 , 1 1 2 p ag s. , R $ 1 4 , 0 0 . I romo
do olhar. E dilen eF reire d e Q ueiroz . C asa d o Pskoloqo, 2 00 7, 9 8 pags. ,
R$ 12 , 00 . L i nguagensepemamen f o . Ne ls on d a S i lv a) r. C a sa d o Ps i c6 logo ,
2 00 7,1 42 pa gs., R $ 1 8,0 0 .
c J inica que encontra" , conclu i S ouza
Embora a s t ex to s presentes n o li vro
contenham a leveza e a g ratifica~ao do
encontro en tre n ovas e velh os am ig os,
que ning uern se eng ane: por rras de
toda facilidade e f lu idez com que as
ideias sao apresentadas pelos au tores ha
o e sfor co in telectu al de quem trabalha
duro pela precisao do s conceitos e pela
arquitetura cia arg um entacao te6rica
A os autores coube 0 trabalho arduo e
o praz er da pesqu isa, aos leitores, cabe
tam ar parte no debate.
G UllH ERM E G UTM AN e medico psi-
qu ia tra , p sic an alis ta . d ou tor em sauds
c ole tiva p ela U ER Je p ro fe ss or d e p sic o-
Jogia da PUC-RJ.
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LlVROS
PEN SA R A M ORTE
lntroducao atanatologiaA ar te d e m o r re r - Vis6esplurais aborda
a mo rte s ob d if ere nte s p ers pe cti va s.
O rg an iz ad o p ela jom a li sta e e du ca do -
ra D ora I nc on tri e p elo m e di co F ra nk li n
S a n ta na S a nt os , 0li vro re un e te xtos d e
e sp ec ia li st as e m me d ic in a, p si co lo gi a, antro-
palogia, f l losot ia e d ire ito q ue p arti ci pa ra m
do I C urso de Tanatolog ia, E duca)ao para
a Morte , realizado em 2007 n a F ac uld ad e
de M ed ic ina da U nlvers idade de S ao Pau lo
(USP ) . 0 lancamento ch eg a nurn m om enta
adequado , quando c re sc e a ref lexao sobre a
rela)ao d as pessoas com a propria f in itud e
e universidades am ericanas e europeias
vem f orm a nd o m e di cos e sp ec ia li za dos em
tan atolog ia. O s au tores de A atte d e m o rr er
prop5 ern qu e a f im da vida nilo se ja encara-
do com o tabu . C om o escreve S an tos, fazer
de con ta que a m orte nao e xis te n ao a juda
a I idar m elhor com esse fen6rneno. M as, apartir do f in al d o s ec ulo X VI II , a c re sc en te
rned ica l l zacao tornou indecente a m orte
em publico e 0h ospital, em vez d o proprio
quarto, 0 lu gar " natu ral" p ara 0 u lt im o s us -
piro. Tarnbern m erece d estaq ue a trajet6 ria
d a p siqu ia tra su ica E liz abe th K O bler-R os s,
contada por Ma r ia J u li a K6 v ac ks , p ro f es so ra
d o In stitu to d e Psicolog ia d a U S P . C oube a
K ubler-R oss recoloca raassu nto em pa uta n a
sociedade com a lancemento, em 1969, do
livro S obre a m orte e 0 morrer . A obra fa z parte
da c ole r;a o P an s of ia , d a E d ito ra C o m en iu s,
que bu sca articu lar a espiritualidade comas conhec imentos das c ie nc ia s h u rn an as ,
exatas e b i ol 6g i ca s.
A a rte d e m o rr er - V i s o e s p lu ra ls . Do ra I n co n tr i
e Franklin Santana Santos. Cornenlus, 2007,
303 pags. , R$ 50,00.
R EL IG IA O E C IE NC IA
Efeitos da crenca sobre a menteEm ReJ ig ia o , p s i copa ro log ia e so ud e m e nta l 0 m e di co P au lo D alg ala rron do ,
professor da U niversidade E stadual de C am pinas (U nicam p), faz um ba-
lan~o das pe squ isas q ue realizou n os u lti m os 15 anos, 0 au tor parte de
um a definicao da relig iao com o fen6m eno, levando em can ta os multiples
cam pos sernan ticos em que se insere , para depois abordar a constltu lcao
do s estudos dedicado ao tem a, com enfoque em pelo m enos tres areas de
c on h ec im e n to : p si co lo gi a, a nt ro po lo gi a e, ma i s r ec en teme n te , neuroden-
c ia s. D alg ala rro nd o re ve a s a na li se ! sistematicas d a r el a( j: ao e n tr e 05 credos,
a s oc ie d ad e e a cu ltu ra. P arte da C r ec ia a nt ig a , abordando 0pensamento
d o fil6 sof o X en 6f an es d e C 6 10 fon (570-460 a .C ) , p as sa pelos antropoloqos
B ron is la w M a li now sk i e C la ud e le vi -S tra us s e pe la s con tr ib u i coes d e S ig m un d
F re ud e C arl Ju ng . N os cap itu los finais, 0 p si co pa tolog is ta c om p ila e stu do s s ob re a po
in f luencia d a relig iao sobre trans tornos rn entais, usa d e drog as e su idd io.
Religi i io , pS icopa t o Jog ia e saude mental. Paulo Dalg alarrondo. A rtm ed , 2008,
paqs., R$ 52,00.
P 5 1 CANAu S E
Dlaloqo entre Dolto e Nasio
D pslquratra e ps icana lista Juan David N asio, d iretor dos S em ina-
rios Psieanaliticos de Paris, convidou , em 1985, Francoise Dolto
para discu tir de form a sim ples e d ireta a teoria e a pratica de seu
universo clfn ico. D olto, coleg a d e Jacques l.acan e fundadora da
Eseo la Freudiana de Paris, na epoca havia acabado d e pu blicar A
im a g e m in co nsc ie nte d o corpo. 0 resu ltado desse encon tra esta no
livro A c r ionca d o espe lho , qu e aborda, entre ou tros tem as, a fun< ;ao
do rosto, 0 papel do espelho e a irnportancia dos desenhos para as
criancas, melancolia e esqulzofrenia, N o segundo capitu lo, 0 livro
traz um texto de 1959, orig ina lm ente publieado nos Ca d e r n o s de Ps l c o pe dago
(Cah i e rs d e Psychopedagog ie ) , no qua l a psicana lista f rancesa trata das atividad
pS icoterap~uticas que conduz iu nos reform at6rios e centres m e di co s p ed ag 6g ic o
(C MPP) eainda reproduz
assessoes
de tratam ento de urn m enino de8 anos.
Du
I iv ro d e D olto d is po nf ve l ao publico brasileiro e Quando aspais se seporam, parte
colecao Transrnissao da Psicanalise, coordenada por M arco A nton io C ou tinho Jo
do Institu to de Psicanalise da U niversidade E stadual do R io de Janeiro C UerO .
A c r tanca d ,o espe lho . F rans:oise Dolto e Juan David N asio. Jorg e Zahar E di
2008,93 pags., R$19,90.
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F ILME --------------
A vida em reconstrucaoH .lS T6R IA DA H U MA NIZA c;A o DE A GEN TE POU CIA l N A EX-A lEM ANHA OR IEN TA L
S ERV E C OMO MHA FORA PA RA 0 DE S EN VO LV IM EN TO DA SU BJE TIV IDA DE
S egundo 0d ita do p op ula r, a g alin ha
d o v iz in ho b ota ovos m a is a rn are -
l inhos. E urn erro com urn . ju lg ar que a
vida do outro e m elhor e m ais faei1 q ue
a propria. Es s a i n te rp re ta c ao pode se r
revista em A v id a d os oulr os, do diretor
alernao F lorian H enckel von D onner-
sm arck vencedor do O scar de rnelhor
f i l r n e es tra ng eiro e m 2007 A historia
se passa num a epoca an terior a queda
do M uro de Berlim, quando C erd , um
agenre da poltc ia se cre ta d a A le m an ha
O rie nta l, a S ta si, in te rpre ta do p elo a tor
Ulr ich Muhe, e incumbido de vigiar urn
d rama t ur g o, C e o rg , s us pe i to d e s e opor
a o reg im e cornunista
No in fc io d o f ilm e , vernos a perso-
n ag em e ns i n an do a u rn g ru po de alunos
metodos de in ve stig a ca o p olic ia l, c ujo
princfpio i mpli ci to s eri a 0 de que todo
suspe i to e cu lpado. A s tecnicas qu e
tra ns rn i te se rvi riam p ara qu eb ra r a re sis -
tencia dos inim ig os, faz endo aparecer
a a ve rsa o a o siste m a. 0p olic ia l na o se
abala quando um aluno 0 questiona
s ob re a h u rn an id ad e dos procedimen-tos: P ara e Ie , 0qu e existe e o certo eo
errado, as bons e as rnaus, os que sao
favoraveis ou contraries ao sistema.
Pode-se supor qu e Ce rd f oi e du ca do
sob e ssa d ic orom ia , s em qu e e sse s ju fzos
se aproxirnassem, irnpedindo conllitos,
duvidas , r ef J ex6 es ~u a rn b iv a len ci a s.
A ps icana li s e n os e nsin a qu e e dessamaneira que a desenvolvimento mental
se mic ra . P rimei rame nt e s e e sta be le cem
o certo e 0 errado, 0 born e 0 mau . Arnedida qu e crescem os e acumularnos
F IC H A T EC N IC A
A VID A D 05 O UTIIO S
( 1 37 m i nu to s), A l em a nh a, 2 0 06
Dire~i io :F lorian Henckel von Donnersmarck
Com : U l ri ch M i .i he ,M a r ti na G ed ec k, S e ba st ia n Ko chEmOVO
e xp eri en ci as e rn oc io na is , e ss as c erte z as
sao colocadas em xeque, trazendo a
tona duv id a s, c o nf li to s e a rnb iv a le n c ia s .
E desse m odo que se constr6 i um a
subjetividade, um m undo in terno que
da sentido ao viver
Esse processo de desenvolv i rnento
e descrito no H l r n e de Donnersmarck.
C om a observacao do dia-a-d ia do
escritor, a vida rnonotona e vazia do
policial se t inge de novas cores. C erd
se torna m ais sensivel e t ra ns fo rrn a
su a rnaneira de se r ever a mundo
por meio do contato com urn outre
ta o diferente dele E le se apaixona
pela rnusica, descobre 0 poder da s
palavras e a lorca contida nas relacoes
de carnaradag ern , A dm ira a riqueza
afetiva, humana e sexual de Ceorg .A observacao da vida do drarnatur-
go fom ece elem entos para a recons-
rru ca o d a s ub je tiv id ad e do agenre da
Stasi , hm cionando com o um a m atriz
p ara a d es co be rta de nova s r ea li dad es e
possibilitando a apreensao de u m con-
ceito estetico IS$op od e s er o bs erva do
em m u itos mementos. Ver C e rd ou vir
e encan tar -se com u ma rm isica tocada
p or G e org e perceber 0e fe ito qu e a a rte
pode su rtir sabre a aletividadeDe car ra sco, C erd passa a ser a pro-
te tor de G eorg , tom ando-se alg uem qu e
se empenha em preservar todo 0 arco-
I ri s d e p ossib ilid ad es prese nte n a vid a,
contra 0 preto-e-branco estabelecido
por um a educacao ng ida e POl' r eg i rn es
rotalitarios. Proteg er G eorg sign-fica
preservar toda a riq ue za hum ana e
tarnbern defender as preciosidades qu e
g anhou com 0 contato com ele .
o f ilm e p od e ser entendido como
um a rne ta lora do desenvolvirnento
m ental do ser humane , e nao apela para
a i de ali za ca o, te rm i n an do com urn final
f eli z. A f i na l, ninguern pode dizer que
seja f a c il v iv e r um a e xiste nc ia p le na d e
perspectivas. C om isso, Donnersmar-ck
nos incita a repensar a constatacao
contida no ditado popular. A V id a a lh eia
pode ser invejada, m as ser ia m elhor se ,n a inte ra cao c om 0ou tr o, bu sc a ss e rn o s
d es co br ir c oi sa s novas, p erc eb er o ut ra s
possibil idades, trocar afetos e experien-
c ias , no lu g ar d e dese jar que os avos do s
o utro s s eja rn rn en os a rn are lo s,
S UE lY G EV ER Tl, pstcoloqa clfn ica e psi-
canat ista, e professora do Institu te S edes
S aple ntla e e do departam ento de pslquia t r la
da U n i!e sp . M em bra da diretoria da S ocie-
dade Brasl le ira de Psican~ l ise de S ao Pau lo e
da comissao de divu lqacao da tmemot iono tP s y ch oa n al yt ic a l A s s oc ia ti on ( lPA).
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PERCEP~AO
Paraconsumidor, vinho vale quanta custa
N a o irn porta a saf ra d as w as, n em ° buque.ou tantos ou tros deralhes qu e carac-
terizam urn born vinho, Para consurnidores
nao fam illarizados com a bebida de Baco,
sua qualidade tern m ais a ver com 0 preco da
g arrafa do que com a qualidade do liqu ido
qu e h a dentro deja . E ssa e a conclusao de um
estudo feito na I.lniversidade Stanford.
Pa rr ic ip ar am da pesquisa I 1 e sr ud an te s u n i-
v ers it ar io s q ue d iz iam g o st ar de bebervinho tin-
to ocasionalrnenre, F orarn apresentados a des
c in co tipos d e c a b e m e t SGHli ign0115 , idenriiicados
pelo preco (na verdade, foram usados apenas
tre s, d oi s d ele s I ora rn o fe re cid os d up la m en re ).
o vinho m ais caro " cu stava" , em m oeda
hcticia, $ 90 ; 0 ma is b ara ro , $ 1 0 0 cerebro
de cada u rn fO i rnoni torado par ressonancia
m ag nerica funcionaJ para medir a a ti vi da de
d e lim a reg iao conh ecid a com o cortex orbito-
f rontal media l (C O FM ), que e a ti va do q u an d o
a pessoa passa por experiencias praz erosas.
O s resu l tad os rnosrraram qu e qu an to
rnais alto 0 preco do produto, rnaior fo i a
atividade do C OFtvl. Os a uto re s e spe ram
que a experiencia e, quem sabe, a aju da dos
en6filos m udern esses dados, considerando
qu e os partic ipan te s sao jovens am adores
no ram o. "S e 0e sru d o ti ve ss e s id e f eito c om
profissionais do v i n ho , os resul tados senam os
rnesmos>', perguntarn-se os a urore s, N o va s
e stu do s d eve m responder a quesrao.
PREt;:OSALTOS ativaram mals intensamente
area cerebral l igada ao prazer
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PSICO ....r
Celulares, MP3 e animais de estimacaoPA RA A MEN IZA R A NGU STIA , S E R ES HUM AN QS A TR IBU EM ESTA DOS M ENTA IS C OM PlEXOS A BIC HOS E OBJETOS
A tribuir qualidades hum anas a ani-
mals de es t imacao e u rna form a
d e a s pe ssoas a liviarern 0 sofri men t a
c au sa do p ela s olid ao, se gu nd o p es qu is a
c ia U n ive rsid ad e d e C h icag o publicada
n a re vista P s y c h o lo g ic a l S c ie n c e , A te af
nenhuma novidade, 0 curioso e que
essa idenri f icacao na o se este nd e ape na s
aos b icho s, "Quando 0 individuo perde
os e los a le tivos com seus sernelhantes,
e le tend e a d esc rever tam bern obje tos
p es so ai s, e sp ec ia l m e nte a s e le tro ni co s,
com o celu lares e tocadores de M P3 ,
como se fossern do tados de rac iocfnio",
expl ica 0 ps icologo Nicholas Epley ,
c oord en ad or d o e stu do
opesqu isad or realiz ou d iversos ex-
perimentos no s quais isolou voluntarios
d ura nte v ari as s em a na s e a s f ez e sc re ve r
p eq ue nos te xtos s ob re t er na s i nd ic a do s
pe lo s pe squ i sado re s , COIllO bichos de
e st ir na c ao . "Com 0passar d os d ia s, c re s-
c ell a te nd en cla d e d esc re ve r os animai s
como se eles fossem h um a nos" , d iz .
o autor cita 0 [ilrne 0M i il if r a g o ,
PSIQUIATRIA
ANTROPOMORFISMO e mecanisme que protege 0pslqulsrno do lsolarnento afetivo
protagonizado par Tom H anks, para
explicar 0 fenorneno, Para conseguir
lidar com a solidao da ilha deserta, 0
personagem inventa L im am i go chama"
do W ilson, que nada rnais e que uma
bola de voleibol " Os pesqu isadores
charnam isso de antropomorf ismo- tra-
ra-se de u rn m ecanism e q ue p ro te ge 0
p si qu ismo c on tr a os e fe itos devas tado -
re s d a p riva cao social." A solid ao p od e
se r L im a e xp erie nc ia d olorosa e morta l;
como fator de r isco para d ive rs as d o-
ent;as , e ainda m ais preocu pan te qu e 0
ra bag ismo, af irm a Epley.
Atoxoplasm ose, doenca causada pelo protozoario
. T o x o p la sm a g o n a i i e g eralrnen te transm itida por
g atos, pode au m en tar 24 vezes 0 risco de um a pessoa
desenvolver esquizofrenia 0 dado vern de urn es tudo
publicado no A m e r i c a n 10uma i o j P 5 y c h ia t l Y , q ue c orn pa -
rou am ostras de sangue de cerca de 20 0 esqu izof reni-
cos com as de pouco rna is de 50 0 pessoas sau daveis ,
O s d ad os tarn be rn m ostraram que 0 tra tam en to da in -
f e o : ; : a o c om d ro ga s a nti pa ra si ta ria s c on se gu iu
deter a prog ressao do disnirbio psiquiatrlco.
"Es tudos an te riores ja indicavam a relacao en-
tre a esqu iz of ren ia e a presence de an ticorpos
contra 0 toxoplasm a, m as e a prim eira vez
que se demonstrou que a infeccao precede
a s s in torn as rn en ra is" , d iz 0 psiquiatra Robert
Yolken, da l. ln iv er si da de J oh n s Ho pk in s.
Protozoario pode deflaqrar esquizofrenia
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FEROMONIOS
Cheirinho de homemI ' H . ome .m c .h e ir a diferent.e n ide g arot~ ." E s sa f ra se , ou vid a c asu al~ en te .., . . num a conversa, def intu 0 projeto de rnestrado do psicoiogo
Tomaszewsk i Htpolito d e M o ura , d ef en did o na l .l ruvers idade F e de ra l d o
R io G rande do N orte . Estudando a in flu encia dos ferom onios na selecao
d e pa rc e ir os , 0pe squ is ado r d e rn ons tr ou que as mu lh ere s sa o c ap az es de
d is ti ng u ir h om e n s rna is n ovos ou rn ais velh os ap en as pelo olfato.
O s re su lta do s i nd ic am a e x is te n c ia de u rn me c a ni sm e a nc estra l p or
rneio do qua l as m ulheres conseg uem explicitar sua preferencia par
p arce iros a lg un s an os rn ais ve lh os, 0 que teoricam en te se tradu z emindiv iduos mais maduros do ponto d e v is ta l f si co , rna i s expe rien te s para
e nf re nta r a s a rn ea ca s d o ambi en te e com m ais recu rsos para prover e
proteger a companheira e as descendentes. Os hornens , par su a vez,
nao foram capazes de d is ting u ir a idade das rnu lheres pela percepcao
olfativa, ern bora a m aioria tenh a preferido parce iras rna is joven s, na
fa ixa dos 20 anos, sernpre qu e 0 contato visual f o i p e rmi ri do.
OLFATO FEMININO pode distinguir parcelros
rnais velhos: homens nao tern a mesma capacldade
MOTRICIDADE
Como 0cerebro contro la a s rnaos
S endo a m ao a parte do corpo m ais habil e versatll,
e curioso que as neu rocienc ias tenham dedicado
ta o pouco espaco 21 0 estudo das bases neurais qu e
reg em esse m ernbro fascinan te . 0 n eu rob i61 og o
Franc isco V alero-C ueva s, da U niversidade Cornell ,
entretanto, pretende recuperar 0 tem po perd
o cientista publicou no J o u r n a l o f N e u ro sc im c e
e xte nso a rtig o ern que rn os tra u m a c irc ui ta ri a c ere
vasta e especializada relacionada 21 0 controle m
das maos "O bservam os que a com plexidade dessa
neural esta relacionada p arti cu la rrn en te c om 0 con
tem poral e a sintonia f ina entre as m uscu los dos de
af i rma 0 pesquisador,
Os resultados ta rnb e m ajudam a expl
o lento desenvolv imento c i a des treza m a n u a l
in fanc ia e s ua vu lne rabi li dade no caso de doe
n eu ro de ge n era tivas, "D i ve rs os p ro ce ss es pa to lo
a fetam a m otric idade rna nua I, trazen do g ra
prejufzos para a qualidade de vida. N 6s que re
en ten der com o 0 c ere bra c on tro la e ss es mo v ir ne
fines para poder preserva-Ics" , conclu i 0 a
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Formacao em
PSICOTERAPIA ESTRATEG
com HIPNOSE
INSTITUTO MILTON H. ERICKS
de Sao Paulo
INSTITUTO de
HIPNOTERAPIA EDUCATIVA
de Sao Paulo
A formacao e embasada em
teoria, demonstracoes clinic
dos professores e exercicio
entre os alunos, visando:
Dest inado a P s ic o lo gia C l in
Hosp i t a la r e Med ic i na
Criacao de intervencoes ricem forma e conteudo emurn curto periodo
Entendimento e
Superacao de Traumas
Diagn6sticos Individualizado
Como entender, utilizar e induzforma classica e moderna
Relaxamento,Transe e Hipnose
Comunicacao indiretaem psicoterapia
Disturbios Psicossornaticoe tratamento
1°HIPNOTERAPIA EDUCATIV
2° HIPNOTERAPIA ERICKSONIA
Urn sabado por rnes das 8:30 as 1
Sao PauloInicio 26 deAbril de 200
Sao Paulo 11 5585 33
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Do °D O D D D ~ [ f n euro c i en c i a s
Ho l o g r ama s , faraos e d emo cr a c iao CEREBRO PODE SER CONSIDERADO UM SISTEM A ORGANIZADO , NO QUAL OS NEURON IOS
ELElTO S PEL A M ASSA N EU RA L "V OTAM " au "se ABSTEM " NUM A SUCESSAO DE ASSEM BlEIAS
C om qu an ta.. s n e.u ronios se
laz urn comportamento?
S e e verdade que as si napses
tern memoria , urn neuronic
solitario nao toea sonatas de
B eeth oven . N os an os 50 , Karl
L ashley observou que ra tes
subm etldos a vastas Iesoes
c orti ca is ru an tln ha rn corn-
portarn e n tos previamente
aprendidos Conc1u iu que as
m ern orias sao cod if rcad as por
multiples grupos nel l ron a is
equ iva Ie n t es, am p I am en te
e sp alh ad os p elo c orte x c ere bra l. C omonum holog rarna, a m em oria do todo
contida em cada pequ ena parte .. . A teo-
ri a h olog raf ic a d a re pre se nta ca o n eu ra l
im plodiu na decada segu inte com
a descoberta de m 6dulos neuronais
c ap az es d e m a pe ar top og ra fi ca rn en te
o e sp ac o s en so ri al.
O s experim entos pioneiros de V er-
n on M ou ntcastle n o cortex sornestesico
foram seguidos por estu dos classicos
do cortex visual [ei tos p or T orste nW iesel e David HubeJ, Prernios N o-
bel de M edicina e F isiolog ia de 1981 .
O s m odu les neu rona is ocorre rn em
re g ioe s c ere bra is p ro xi rn as a s e n tr ad a s
sensoriais, fonnando urn rnosaico em
qu e m6dulos c on ng u os re pre se nra rn
atribu tos bern sim ples d e porcoes ad ja-
centes do rnundo - e som em em areas
disranres da perifena, c u ja s r es po st as
sao m ais especializadas Consolidou-
se a teoria da hierarquia pirarn ida l,
com pou cos neu ronios-f araos com an-
parece com um a democracia ,
em qu e os neuronlos voram
ou s e a bs te rn Duma suces sao
de assernbleias.
M as a c ienc ia se a lim en ta
d e p ole rn ic as . P es qu is ad ore s
e urop eu s re ce nte me nte c on se-
guiram a ss oc ia r a e sti m ula cs o
de urn tinico neuronic no
c 6rt ex s en so ri a 1 d e r ate s a exe-
cu ~ao d e l im co rnpo rt a rnen t o
s im p le s: la rn be r g ora s d e a gu a.
A lguns in te rp re ta rarn a acha-
do, que ocorreu em nurnero
d e ve ze s b ern p eq ue no, m a s e sta ristic a-mente signrf icar ivo, como evidenc ia de
que neuronios individuals atuam como
f ar a6 s. 0 truque que fez 0 experimento
funcionar foi 0 trein arn en to previo
dos animals com esttm u los robu stos,
envolvendo milhares de neurcn io s. I sso
condicionou todo lim grupo neuronal a
funcionar em equ ipe, pennitindo que a
estim ulacao su bsequ ente de u ma (m ica
celula t ivesse chances pequenas , mas
apreciavei s de dis serninar a in jormacao .E precise considerar qu e c ad a neuronic
f az m ilh are s de sinapses com ourros e
que a a t iv a c a o de l ima c el ula s e propaga,
em instanres, por L im a e norm e cadeia.
N ao se trata, portan to, d e neu ron ios
T u ta nc arn on , e sirn d e re pre se nta nre s
eleiros da rnassa neuronal. ~
dando mu itos n eu ron i os- escravos.N o e nta nto, experimentos poster io-
re s rnostrararn q u e mo v irn e nto s simples
n ao pod em ser d escritos pela arivid ad e
d e n eu ron ios m o tore s is ola dos, m a s sirn
por equrpes neuronais, 0 avanco da
e le tr of is io lo gta d e mu lti plo s e le tro do s
permitiu ao brasileiro Mig u el N i co le li s
d ern on strar qu e e qu ipe s n eu ron ais s5 0
n ov ame nt e re cru ta da s a c ad a rn ov im e nto
ou percepcao N i eole lis ta m bem d es co-
brill qu e m6 du los c ortic ais b ern organi-
z ad os se emba ra l h am qua nd o 0$ animais
n ao e sta o a ne sre sia dos, re ve la nd o U T n
cenario bem rnais proximo d e L a sh le y
do qu e seria legitime super ha 20 anos,
qu and o as l i rn i tacoes tecnicas i rnpediarn
re g is tro s em a n ir na is d es pe rto s, L o ng e d e
s er uma au to cr ac ia vert ical , 0 cerebra se
SIDARTARI.BEIRO e Ph.D. em neurobloloqia pela Universidade Rockefeller e diretor
de pesquisas do Instituto lnternacional de Neurocienclas de Natal Edmond e LilySafra (IINN-ELS). Fez pos-doutorado na Universidade Duke (2000-2005) investigando as
bases rnoleculares e celulares do sono e dos sonhos e 0papel de ambos no aprendizado.
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Diversidade e inclusao escolarUDAR COM AS DIFEREN<:AS NA SALA DE AULA E UM DESAF IO NAO APENAS PARA PROFESSO
M AS TAM BEM PARA PSIC6 lOGOS E DUTROS PROF ISSIONA IS QUE ACOM PANH AM CRIAN~S
C ome<;a a ano letivo.. Ao e .n tra .r na
sala de au la, 0 p rof esso r d ep ara
com 30, 35 ou 40 rostos, A s vez es,
nao se det€m em nenhurn deles e J acorneca a coloear 0 planejamento
e rn p ra ti ca . e prec ise se apressar para
c um p ri r 0 prog ra ma . M a s € al que a 19 o
acontece: hc i a lu n os q ue simplesmente
n ao a pr en dem .
Coloca-se entao 0 desafio nao
apen as para edu cad ores, m as tam bern
p ar a p ai s, p si co pe da g og o s, p si co lo go s
e ou tros prof issionais das areas da
saude e da educacao. H averia um
desencon tro? F alta de preparo pOl'
parte do docente> O u as cnancas
ns o tiveram "urna base boa" do ana
anterior? Hiporeses sao cogitadas
a lu nos q ue a pre se nta ra m d if lc uld ad es
certam en te tern alg um problem a!
A partir desse m em ento, 0 olhar
do professor para os alunos que 0
decepcionararn ) .1 esta contaminado
pelas ideias de fracasso e ha 0 ri sc o d e
q ue e le , a in da q ue i nv olu n ta ri ar ne nt e,atribu a r6 tu los a essas crian cas - cada
qu al c om u rn a h istoria, u m a traje toria
escolar d istin ta, u m a m an eira sin gu lar
de percebero rn un do, d e se re la ci on ar
e d e a pren der.
O s professores do ensino funda-
m ental, rnedio ou m esrno da un iver-
s idade considerarn a slngularidade
ao preparar suas au las? O s curses
de g raduacao de fa to preparararn
prof ssiona i s para a diversidade epara se preocuparem em conhecer as
cria ncas, a dolesce nre s au ad ultos qu e
eheg am ate as salas de au la? Incen-
tivarn 0 p lan eja me nto d e arivid ad es
variadas, qu e podern proporeionar
ao s estudantes oossibil idade de ob-
ter sucesso, desco bri r e mostrar as
habil idades, desaf iandc-os a buscar
novos conhecimentosz
S e a acao educativa deve levar
em conta todos esses cu idados, sera
possfvel inclu ir cada urn dos edu -
candas na retina escolar, g arantin do
que se sin tam seguros para m ostrar
o que sabern e correr em busca do
que lhes faha. A inclusao it qual m e
ref ire parte dar, do respeito que deve
pau tar as relacoes, seja com alunos
considerados " norrnais" , com os que
pertencarn a ou tras cu ltu res ou que
tenharn alg urna necessidade educa-
c io na l e sp ec ia l.
M as 0 que e i nclusao> C om o
pratica-la em salas de au las !otadas,
com pou cos reeu rsos, alu nos in disci-
p lin ad os e tan tas ou tras dihculdadeszComo prornover valore s q uan do, p or
exern plo, a rn ld iae leva a categoria
de herois e ce lebridades aqueles que
trapace iam e rn entern , se ja nos reality
5 1 , o w s ou no cenario politico! De
[aro, fazem os parte de urn sistem a
edu cacional cheio de falhas e qu e, nao
ra ro , d i f icu lt a 0 p roprio ato d e ed uc ar,
incluir 0OI I / ro , porem , d epen de ba sic a-
m en te da vontade e da dispon ibilida-
de para conhecer e se com prom etercom 0 d esen volvim en ro d esse Dulro
- seja ele u m a crian ca sern d ef ici
L im alu no c om n ec es si da de s e sp e
urn "adolescenre problem a" o
ad ulto q ue a in da n ao f oi a lf ab etrz
E fu ndam ental qu e aquele que ,
g uma rnaneira, participa do pro
de educar tenha d is po nib il id a d
q ui ca p ara 0acolhunento ..Segu
pesqu isador Conzalez-Rey, a su
vidade caracteriz a-se por " forrn
org an iz ac ao s ub je ti va d os i nd iv
concretes . N ela aparece constitu
hist6 ria (m ica de cada um dos
duos, a qual, den tro de um a cu
se c on sti tu i e m s ua s re la coe s p es
T ra ta-se de u rn processo dial
quando a aqao do su jeito m odi
m e io soc ia l, e sig nif icada por
a partir dessa significacao, a pr
su jeito pod e alterar a sen tid o an
relac ion ad o aqu ela a< ;3 0.
A subjetividade e urna co
ra< ;ao flexfvel e se c ia ao long
tem po, constitu i -se por m eio da
d o su je ito, d as re la coe s in te rp essdo contexte social, cu ltu ral e d
m ento h isrorico em que a su ie it
in serid o. A s rela coes e sta belecid
escola en tre prof essores e estu dan
entre os proprios a lu nos sao rel
en tre su bieri vidades, consritu
por conceiros e pre-conceiros,
id eia s sob re 0 qu e e aprender
desenvolver, pelas ideias qu e o
candos tem de escola, de ensin
seu papel na in stitu icao, do sequ e os professores atribu em a p
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[CABE A INSTITUI~AO PROMOVER AINSER<;AO
SISTEMATICA DOS ALUNOS NA CULTURA E
lO R NA -LO S A PTO S A EXERCER 0 PA PEL DE
AG EN TE S S O CIAlS PAR TIC IPAT IV O S]
pedagog ica , do m om enta his torico,
politico, econornico e social
C onstitu fm os urna sociedade qu e
exclui 0 qu e e diferente, a qu e foge
a regra, 0 qu e na o d a lucro A escola
recria e rnan tem as relacoes de poder
e s ubmi s sao que earacterizarn a socie-
dade, pa r r sso, t arnbem exdu i atraves
d a b us ea d a p ad ro nlz ac ao privilegian-do 0 resu ltado e nao a processo.
A lunos que "nao eonseguem
acompanhar" a t u rma sa o exclufdos
por m eio de notas , dos cornentarios
feitos a respeito de seu desernpenho e
dos rotu los aos qu ais sao su bm etldos
O u por meio de g estos e 0 1 hares que
expressam a desaprovacao. C om o
re ve rte r esse qu ad ro? C om a obrig a-
to rie da de d ete rm i na da por lei de as
escolas receberem todos os alunos,
sern d istincao. se faz m ais do que
nunca necessario refle tir sobre prati-
ca s pedagogicas. N ao e rnais toleravelque se aja com o se todos os su ie itos
fossem i guai s e aprendessem do meso
mo jeito, em urn m esrno ritm o e por
meio das mesmas atividades
E m m eio a esse ttlrb ilhao - chama-
do inclu sao - cabe a e sc ola p romov er
a i ns erc ao sistem atica dos alunos nacu ltu ra e torna-Ios aptos a serern
agentes ativos e part icipat ivos .
E onde a Ieitu ra e a producao de
rextos en tram nesse processo> E ntram
desde 0 in ic io da vida acadern ica .
O u , pelo rnenos, deveria ser assim .
Escrever e urna form a de expresser
o pensamento, os sentim entos e de
se comunicar, 0 habito da leitura
perm ite , alern do desenvoivim enro
cogn itivo, apropriacoes af e tivas e
desenvolvim ento da certeza de que se
Por A dria A ssunfao S an tos de Paula
pertence a um a cultura e a u rn te m po.
Pa r m eio d es sa s p ra ri ca s e poss fve l
m obil iz ar sentim entos, lazer desper-
ta r variados in teresses, rn otivacao,
propic iar a in teracao en tre pessoas,
de ixar A U ir a criat ividade ,
o re gistro e sc rito , a o longo d a n ossa
historia, reflete a condicao hurnana,
desejos, ang tistias, incertez as, conf li-
tos, alegnas, sofrimentos, conquistas
e evo lu c ao . Q uando se trabalha com a
d iv ers id ad e te xtu al, e dada aos alunos
a oportun idad e d e d esenvolver h a b r l i -
d ad es , re pre se ntac oe s e com pe te nc ie s,
f a c i l ita nd o a in te ra ca o soc ia l, m el h ora n-
do sua au to-estirna e, po r conseguinte,
o desempenho acade rn i co
U rn canto na o e rnais irnportante
do que urna historia em quadrinhos
au um a noncia de jornal. S ao apen as
diferen tes, podendo s er de boaqual idade ou n ao. P rivile gia r 0
trabalho com urn tipo especff ico de
texto e excluir a riqueza que as m ais
diversas m odalidades de producoes
escritas no s oferecem e irnplica
exclu ir a lunos que se iden tif icam com
outros tipos de leirura.
A acei tacao da d iversidade tex-
tua I em sala de a u la p ossibil ita a
inclu sao dos diversos esrilos e ritmos
de aprencliz ag em . A busca da COm-
perencia, do desenvolvirnento das
habtlidades in divid ua ls. da sensibili-
dade e do trabalho em conjunto sao
caminhos para lidar com a sin gu la -
ridade - e talvez nos torne m ais sen -
sfveis, solidarios e preparados para
enf ren tar as desaf ios de urn m undo
e m c on sta nte tra nsf orm a ca o. IT0=
A DRIA A SSU NC ;:A O S ANY OS D E PA ULA ep sk olo qa e du ca cio na l, m e stre e m p Sic olog ia
d o d e s en vol vimen to .
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C0@[f~®lliJ([) Carlos Eduardo Gulnle Rocha Miran
A mao do acasoB RAS llE IR O D ES C O BR IU , N A D ECADA D E 60, G RU PO PAR TIC U LAR D E N EU R ON IO S DO S IS
V IS U AL ; AT UAlM EN TE S E DE DIC A A IN ClU SAO S OC IAL DE PE SS OAS CO M DEFIO EN CIA M E
11934 - NA SC E NO R IO DE JA NEIRO , NO olA ,~ DE JA NE IRO .
11953 - IN GRE5SA NA FA CULDA oE DE MEDIC INA DA UN IVER S IDA DE
DO BRA SIL (A TUA L UN IVER S IDA DE FEDERA L DO R IO DE JA NE IRO),
11959- E SPE CIA UZA -S E E M E LE TR OFIS IO LO GIA E N EU RO AN ATO MIA N O
IN STlTUT MA REY EM PA RIS ,
11963 - (ONC LU I 0 DOUTORA oD rELA UN IVER S IDADE FEDERA L DO
RIO DE JA NEIRO (U FR j),
11967- VA l PA RA OS bTADDS UN IDOSFA ZER POS -DOUTORADO INA
U NIV ER SIDA DE H AR VA R D.
I 1970- D E VOLTA A D BRA SIL , A SSU ME A C HEF IA DO L <l.BOR ATOR ID
D E N EU ROB IO LO GI A II DO IN STITUTO DE BIOF IS IC A DA UFR J.
11993 - TORNA -S E UM 005 V IC E -PRE S IDENTES DA A CA DEMIA BRA SI-
LE JRA DE ('EN C IA S , C A RGO QUE OCUPA A TE 2004,
I1996 - (R IA 0 PROGRAMA INTEGRANDD, L IGADO A ACADEMIA
BR AS IL .E IR A DE C iE NC IA S, Q UE O RR EC E M OR ADIA S A SS IS TIDA S E T R ABA LH O
A PE SS DA S C OM N EC ES SIO ADE SE SPE CIA IS .
. D · · e sc ob erta s i nte re ssa ot. e s e v.a ltos as p o. c lem. .,pOl' rnero acidenre. M as nao foi apenas po
do acaso que a neurocientista carioca C arlos
do G uinle R ocha M iranda identif icou neur6nios d
tem poral que sao at ivados por e stf rn u lo s v is ua is c om p
particularrnente maos ou faces 15S0 foi no final da
de 60, quando ele fazia pos-doutorado na Un iv ers
Harvard e inves ti gava 0 processarnento cerebral de i r
em parceria com 0 psicologo experim ental C harles
o eng enhe iro eletr6 nico D avid Ben der. F oi af qu e su a
m ao Ihe rendeu lima re le v an te c on tr ib u ic a o a c ie n
achado poderia tel' passado despercebido, nao F osse
picacia de Rocha M il-anda e sells companheiros E se
lormou em uma valiosa pista para a cornpreensao da
como a c ere bro processa as imagers recebidas pcla
Os pesquisadores colocaram m acacos anestes
diante de lim a tela n a qu al urn projetor d e i rn ag en s a lt
bordas e traces. "E studiivam os havia horas lim a celu
m al respondia a esses estfm ulos, quando passe l a m
Ircnte da lente, projetando sornbra na tela, Qual
nos sa surp re sa 2 1 0 ve r q ue a ce lu la cornecou a a presen
atividade incrfvel" , conta R ocha M iranda. C om base
observacao, sua equipe form ulou a hipotese de que e
no cortex tem poral neu ronios m uito com plexes, qu e u
j nform acoes proven ientes do cortex visua I e as in te
vivencia do anim a]
E ssa suspei ta nasceu de experi m en tos que h
mostrado que aquele tipo de neuronic era sens
visao de m aos. " Verif icarnos, POl' exernplo, que a
que entrou em grande atividade durante a projecao
ocasiao s6 respondia bern quando a mao era aprese
com os dedos para cima, jusramente como 0 m
vi: a sua propria." A lern disso, 0 grupo constatou
havia outros neuron res sensfveis a visao de olhos
faces hum anas e de sim ias, sugerindo que, de a
forma,0
cortex tem poral e capaz de integ ral' estcornportarnentais corn base em formas m ais sim ple
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P R O jE T O IN T E G R A N DO , c ria do p or R o ch a
M iran da , b usca lnse rlr n o m erc ado p essoa s
( om n ec es sid ad es e sp ec ia ls
Nascldo no d ia 1 5 1 de janeiro de
1934, R ocha M iranda cursou em C on.
n ec ti cu t, E s ta do s Un i do s, 0equivalente
a o e n s in o med ia ( h i g h s c l J o o / ) F o t 1 .1qu e
sua curiosidade pela pesquisa cientffica
desabrochou . N o laborat6 rio do cole-
gio, 0 adolescente comecou a estudar
bacrerias qu e n xam nitrogenio, 0 qu e
contribuiu p ara d espe rta r se u interesse
pela ag rono rn ia , Tant o qu e el e fO i aceiro
na Un ive rs idade C o rn ell p ara prosseguir
se us e stu dos n ess a a re a,
N o entanto, lim a b re ve temporada
de trabalho em lim a das fazendas de
su a familia , no in terior de S ao Pau lo,
fez 0jovem de r 9 anos perceber que a
agronomia nao era a carrerra qu e mais
por M a ra F .ig ueira
[0 'E XPE RI!M E NTO C O NS IS T IA N A OBSERVA~O
DA AT IV IDADE CEREBRAL DE M ACACOS DIANTE
DE UMA TELA COM F IGURAS GEOMETR ICAS ]
o atrafa , O ptou entao par e studa r m e-
dicina na Univers idade do Bra si l, atual
U n iversid ad e F ed eral d o R io d e jan eir
(UFR) ) , onde r raba lhou com 0bioffs ico
C ad os C hag as F ilho - urn dos pionei-
res na irnplantacao da pesquisa cien-[!R ca no Brasil - , que contava entao
com 0 a ux ilio d a engenheira francesa
Den ise Albe- Fessard, do Insri tut Marey
em Pari5,qu e 0 i ntrod uz iu a o estu do cia
neurof is iologla de rnarn f fe ros .
S ob a supervisee d e A lbe-F essa rd e
em parceria com seu coleg a E duardo
O sw aldo C ruz , R oc ha M i ra nd a esru-
d ou , em g atos, 0m i cle o c au d ate , um a
estrutura cerebral pouco conhecida
na epoca e que parecia desernpenhar
papel no controle da m otricidade.
Conclufdo 0 curse d e m e dic in a e de-
[e ndid a a rese sobre 0m i cle o c au da te ,
o pesqu isador fo i incen t ivado a sa ir do
Brasil, principalmente pelo medico
n eu rolog ists A ristid es P ach eco L eao,
u rn dos pion eiros d as n eu rocie nc iasno pals, descobridor do f enorneno
c ere bral qu e ficou mundialmente co-
nhecido como depressao alas trante
R oc ha M i ra nd a vo lto u a os E s ta do s
Unidos , em 1961, para fazer esragio
nos Is titu tos N a cion ais de Saude ,
em B eth es da Seis anos depots, seguiu
p ara B oston p ara [a ze r oos-d ou tora do
na U n iversidade H arvard , m esm a
in stitlli <;a o em q ue P ac he co L e ao h avia
brilhado nos anos 4 0 .
E m H arvard, Rocha Miranda
seguiu Lim a linha de pesquisa similar
1 1em preg ada pelos neurobiologistas
D avid H ubel e Torsten W iesel, que
g anhariam , em 1981, 0Premio Nobel
de Fisiologia, N a epoca, os d ais cien-
t is ras anali savarn 0 lob o oc ci pita l p ara
en tender com o 0 c ereb ra proc essa
a m f orrn ac ao qu e sa i da retin a para
reconstruir a forma d e ob je tos como
bordas e a ng u lo s, c on si de ra do s ele-
mentos primit ives para a lormacso dere pre se nta coe s m e nra is
MUDANC;:A DE FOCO
O s e xp eri mentes re a I iza d os p ar Rocha
M iranda e o s cole g as Charles Cross e
D avid B en der con sistiam em observer
a atividade cerebral de m acacos posi-
c ionados diante de um a tela na qual
eram p ro je ta da s f ig u re s g e ome tr ic as .
Diferen tem ente de H ubel e W iesel,
in teressad os n o lobo occ ipital, R och a
Miranda locou su a observacao n o lobo
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EM HARVARD: pesqulsador foi il Boston
em busca de novos metodos e de
dlaqnostlco para doenca da nihil
temporal , r eg iao que, apesar de p ou co
con he cid a, ja h avia se m osrra do n ec es-
s ari a a o aprendizado v is u al, c on f orme
resultados obtidos pe l a proprio Gross
e par ourros pesquisadores
T rab alha nd o p or d ia s e n oire s a D O ,a ltem an do-s e em tumos , a s p esq ui sa do-
res estudaram um a um as neu ron ios do
lob o tem pora l p or rn ei o d e rn iru is cu lo s
elerrodos. Tanto esforco, a principio,
rendeu a im portan te conf irm acao de
que a in forrnacao visual realrnente
ating ia essa reg iao E ssas celu las apre-
sentavam 0 que os cient is tas chamam
de campos receptores, qu e p od em ser
d es cri tos , d e f orm a s irn pli fic ad a, c omo
as a re as do cam po visual a s quais os
neuronios sa o s en si ve is . " O s camposreceptores do lobo tem poral eram
enorm es quando com parados aos do
lobo occipital, a area estudada par
H ubel e W iesel. A le rn d is so, mostra-
m os que des incluem a re gia o central
do cam po visual, onde 0 an imal tern a
rna ior ac uida de visu al" , e xp lic a R och a
M iranda. A partir dai, porem , 0 grupo
te ve d if ic uld ad e p ara F az er n ovo s a va n-
c ;:o s.A t e q ue e ntro u ern cena 0 qu e se
cham a de acaso ou, como prelere 0
neuroanatomrsta, 5 e r m d i p i f y , palavra em
in gle s, se rn tra du ca o pa ra 0 portugues,
para des ignar descoberras interessantes
e f ei ta s p or ac iden te .
C O N S A G R A C ; : A O
A s conclusoes de R ocha M iranda e
se us c ole ga s g era ra m pole rn ic a no meio
cientffico. Haveria n e uro n io s e sp e ci ali -
z ados a ponto de serem estim ulados por
m aos, faces e olhos? A s ideias do grupo
d e H a rva rd v ira ram a lv o d ez orn ba ri a.
Algun s pesqu isa dore s pe rg un tavarn se
haveria r a r n b e r n g r c m d m o t h e r c e l l s , isto e ,n eu ron ic s e sp ec ff ic os p ara re con he ce r
nossas av6s N aquele m om ento era
d ifkil para a com unidade clen titica
acei t ar qu e neuronios fossem capazes
anos, N o H ospital Infantil de
soube que a Blha era portadora
c is te in ern ia , d is fu nc ao g en eti ca q
a f alh as n o rnetabolisrno d a me t
arninoacido f un dam en ta l p ara 0
volvimento d o s is tema nervoso.
o d l s tu rb i o , po re r n, havia s id
tifkado tarde dem ais para qu e p
se r corrig ido por m eio de d ieta a
da. M as a experiencia estim ulou
M iranda a criar, em 1 9 9 6 , qu an
vice-pres idente c iaA c ad em i a B
de Ciencias, 0 projero Integ
(www.integrando.org.br). A ini
que conta atualm ente com 0 ap
Fundacao de A m paro a Pesqu
E stado do R io de Janeiro (Fape
Financiadora de E studos e P
["TEM OS S EN SIB IL IZADO IN S TITU IC ;O ES A N O
AJUDAR A CR IAR S O l U C ; : O E S PARA A I N C 1 U S A O
PESSO AS COM NECESSIDADES ESPECIA IS"]
de tarnanha f a r; :anha. "A te para publicar
o trabalho foi d if fe il. M as, ao longo
d os a nos, ou tros a utore s c on firm a ra m
a exisrencia de g rupos neu ronais que
re sp on de rn a e stf rn ulo s c om s ig n if ic ad o
biologico para 0anima]"
C onclu .da a pesquisa com 0 grupoda U niversidade H arvard, R ocha M i-
randa retornou a o B ra si l, em [ 970 , para
continuar su a invesrigacao no lnstituto
de Biohsica da U FR J V eio com ele t am-
b e r n a pessoa que havia sido a g rande
r azao de su a id a aos E stados U nidos em
1 9 6 7 : s ua f ilh a m a is velha M ais do que
a in ten< ;ao de fazer 0 p6s-doutorado,
R ocha M iranda havia escolh id o seu
destino com 0 ob je t ivo de enconr rar
tra tarnen to m edico para 0 problemade saude da m en ina, na epoca com 4
(Finep) e d a Petrobras , o f e rece rn
assistid as a p essoa s c om n ece ss
especia is e as auxilia na inclu s
m e rc ad o d e tra ba lh o.
o projeto tarnbern p roc ura
re cu rs os h uman os v olta do s a o rra
to e ao cu idado diario dessas pA pesar dos avances obtidos,
Miranda admire q ue e nf re nta
problem as por trabalhar em lim
rnultidisciplinar e aplicada qu e
vista com rnu ita cautela pelo se
ver namen ta l. " F e li zment e t er no s
liz ad o d ive rs as in sti nri coe s a n os
estudar e a criar solucoes para a i
social das pes soas c om d ef lc ie nc i
tal" , complete 0 pesquisador,
MARA FIGUEIRA e
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ENSA IO
V E L O C I D A D EAbe r r a coes de tem p
Em texto inedito no Brasil,0 neurologista Oliver Sack
-------------"
- - .. '\0
~.
,,
Qando crianca, eu era fascinado pela incrfvel am -
plitude de velocidades. A s pessoas se m oviam em
diieren tes ritm os, os an im ais, m ais a inda. A s asas
dos in setos se m exiarn ta o rapido que nao er a passive!
ve-las, m as dava para irnag inar su a trequ en cia pelo tom
que em itiam - u rn baru lho od ioso, um m i ag udo com o a
dos m osqu itos, all um adoravel zunido g rave com o a das
abelhas g ordu chas que voavam em volta das rnalvas-rosa
a cada verao. Nessa tartaruga, que podia Ievar um dia in-
teiro para cruzar 0 g ram aclo, parecia viver num a estru tu ra
te m pora l in te ira m en te diferente, 0 qu e dizer, en tao, do
rnovirnento das plan tas? De m anha, eu ia ate 0 ja rd im e
encon rrava as m alvas-rosa u rn pouco rnais altas,
rnais emaranhadas nas tre licas, m as, por m ais pac ien
I osse, nu nca con seg uia apanh a-las e m m ovim e nto .
E xperien cias d esse ti po contribu f ram para m
it f oto gra fi a, p orq ue e la p erm itia alterar a v el oc id a
rnovirnento, acelerando-o o u to rn an d a- o mais le
rn ane ira que pudesse ver, aju stados ao ritm o per
hum ane, os deralhes de m ovim ento au rnudanca
contra rio , estaria rn fora do poder de reg lstro d os
S en d o afeito aos m icroscopies e te lescopios - rneus
m ais velhos, estudanres de m edicine e observador
passaros, guardavarn-nos em casa -, eu pensava n
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e m ovim ent obre percepcao, literatura e psicopatoIogias
racao ou desaceleracao com o um a especie d e e qu iv ale nte
remporal. 0 movirnento vag aroso com o arnpliacao, u rn
m icroscopic do tem po, e 0 rnovirnento acelerado com o
resume, urn relescopio d o tem po.
F iz experi enc i as f otog ra fan do a s pla nta s. As sarnamba ias ,
em part icular, t inham muitos a tra tivos - princ ipalm en te os
b rotos d en sa rn en te c urva dos, re tes ad os com a te rn p o can t ido ,
como mo le s d e re lo gios , Com 0 futuro todo enrolado ne1e s .
Mantei entao minha cam ara num tripe no jard im e tire i fotos
d ele s a in te rva los d e u rn a h ora , re ve le i os n eg ati ve s, arnpliei-
os e encaderne i cerca de u rna d(iz i21 deles num pequeno
foliosc6pio E nta o, c om o l1UI11 passe de mag i c a , vi as broros
se d esenrolarern com o as lin gu asd e-sog ra qu e assopravam os
nas I es ta s, le va nd o u rn Oll dois segundos para a qu ila q ue , em
tem po real, du rava dois dias
A redu cao cia veloc idade de u rn m ovim ento nao er a tao
faci l quanta a aceleracao e aqui cooter com a a juda de m eu
primo, Iotog rafo, que tinha um a carnara de c inema capaz
de tira r m als de 1 0 0 quadros per seg u ndo. C om isso pude
captar as a be l h a s em a~ao enquanto pairavarn sobre as plantas
e desace lerar os batirnen tos de asa borrados pelo tem po, d e
rnaneira que pude ver n itid arn en te cada m ovim ento
M el! in te resse em veloc idade , movirnento e tempo
- e nas possfveis m an eira s d e torn a-los a pa ren te me nte rna is
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rapidos Oll m ais len tos - fez com que ell m e dele itasse com
dais textos de H . C W ells, 0 romance A m a q u i; J a d o l e m p o
e oconto 0n o v o a c d e r a d o r, com suas descricoes vfvidas e
i m ag in ari as d a a lte ra ca o temporal. " A rnedida qu e a ju stei
o ritmo, a noite se seg u iu ao dla como 0 bater de lim a asa
n eg ra ", rela ta 0 viajante do tem po de W ells, e continua :V i 0 50 1 a lr a v e ss a r r a p id a u um t e 0 c e u , s a /l a n d o POl ' e le a cada wi-
n u l o e a c a d a mimlto m a r c c m d o urn d i a ( _ ) 0m a i s i r n t o e r a s te ja n le
c a m c o l p a s s o u c o r r e n d o r a p id o d e m a i s p a fa m il ! l - [ . _ ) A m e d id a q llC
el l p ro ss e g u l a , a in da g a n h c m d o v e l o ci d a dr , a p a i p jt a p : J o d o d i a e d a
n o i t e jlllJdiu-se n u m 1 1 1 1 I : C Oe c on tl lw o c il 1 Z a , ( . _ ,) 0 S o l e s p a s II I6 d ic o
t r a ns jo r ll l o u - s e e m 1 1 1 1 Ir i s c o d e f o g o , ( . . ) a Li la, e m u l l l a J l ta f l r j t ,w n t e
)Mi5 r e m it ( . . , ) V i a w o re s c re sc er e m e Sf ! m l l s j o r m a r e m (01110 I l i f a d a s
d e v a p o r , ( ) e d l f i e l o s rn Orillf S se e r g u e r e m p a l l : d o s e e sp / m d o ro s os
e passawll C 0 1 l l 0 S O l l h o s , T oa a a S llp c l f i c i e d a T e r r a p a r e ce ll m u d a r
- j l l 1 1 d i n d o - se e j l r l, i n d o d im l le d o s IIfWS o l h o s
o oposto d isso ocorre em 0 n o v o a c e le r a d o r , c on to sobre
um a draga que acelera milhares de vezes a percepcao, os
pensam entos eo rnerabolism o de lim a pessoa , 0 inventor e
o narrador, que tom am a d roga J U 1 1 r os , v a g am por um m u ndo
g lacia l, observando g enre com o nos, mas , ao m e sm o te m po,
, ,
,;
E C O M U M O U VIR Q U E O S A N O S V O A M
C O N F O R M E EN V E LH EC E M OS , M AS
o M E S M O N A O A C O N T E C E COM A S
H O R A S E 05 M IN U TO S , Q U E SAO IGUAIS
A O Q U E S E M P R E FO R A M
d if ere nte , c on g e1 a da em a ti ru d es d e sle ix ada s , apanhada no
rneio de u rn gesto, desliz ando pelo ar baten do asas len tarnen-
te , na veloc idade de u rn caracol excepcionalrnen te lang uido
que , na verdade, era um a abe1ha .
A m a q l l i n a d o t e m p o f o i pub li cad o em 1895 , quando havia
g rande in teresse nos novos poderes cia forog raf ia e do cine"
rn a para re vela r d eralh es d e movime nto s inacessfveis a vista
desarrn ada . 0 fsiologista f rances E tienne .Ju les M arey tinha
side 0 prim eiro a d em on strar que, em urn dado momenta ,
u rn cavalo a g alope t inha todos os quatro cascos no ar. S eu
trabalho, como a fi rrn a a h is to ri ad ora M a rta Braun , estirnulou
as f arnosos esrudos [otog ra f icos do m ovim ento rea lizados
pelo fot6 gra fo britan ico E adw eard M u ybridg e. Marey , po r
su a vez, incentivado par Mu y brid ge , p ro ss eg u iu e d es en vo l-
v eu c arn ara s c a pazes de reduz ira ve l ocidade e qu ase parar os
m ovim entos de passeres e insetos em pi e no va o. , N o extreme
oposro, de u sou a fotog rafia de Iapso de te mp o pa ra a ce ie ra r
rnovimentos qu ase im perceptfveis de esrre l as-d o- m ar e outros
animals marinhos.
Perg u ruei-m e alg um as vezes se a veloc idade de a
e a de plan tas poderiam ser d if eren tes, isto e , 0 qu ant
erarn reprtm idos par lirnires internes ou extem os, c
g ravidade da T erra , a qu an tidade de energ ia recebida
e d e oxig eru o na a tm osfera e assirn por diante Ass im
tambern f asc inado par ou tro livro d e W e lls, O s p r im e i ro
1mLIICI, em qu e h a urna l inda descricao de com o 0 crescir
das plan ta s era drast icamente acelerado num c orp o
com apenas lim a f ra~ao da gravidade d a T e rra :
C o m _ f ir m c s fg t lr a n ~ a e p r o n fa d e li b e r a £ i f o, e s sa s i l 1 c r f v e i s
I m l £ a ! l 1 u l l i a p e q u E n (1 ra lz p a ra b a ix o l 1 a t e rr a e !- ! l n p e q u f l 1 0 b r
o a r . ( .J O S h M 0 5 e m fe ix e s a o o lu m a ra m - s e , c st i c a r a l1 l- s e e a b r
!HIli! s o im ) a n co , a li r a n d o c or a a s COI l1 p e q llm a s p o n ta s a fi a d a s
s e a l o l1 g a ra m r a p i d a e v is iv e im e n te , I I le s l l lO c m / l w r J / o o b s e r v i i v a l
III0 v i l l l f l 1 to e r a m a is / m i o / j u e 0 d e q u a / q rl e r a n i m a l , m a i s d g i /
q l l a l q u e r { > / e l 1 1 t a q H E e u ja v i t a a l 1 t e s . C om o p o s s o l h e d a r l i m
d i s s o - d e c o m o 0 c r e s c im e n /o s e d e s e l1 ro /a v a ? ( . . , ) V o ce a /g u m
p e g O l I , 1 1 1 4 1 1 1 d i a f ri o , W II t e r m o l ll e t ro , m v o l v e u -o 1 1 a m a o q u e n t
p e q llm o f i o d e m e rn i" ri o s u b ir v a g a ro sa ll l e n t e p e / o t r l b o ? E s sa s
h m a r e s c re s c ia ll l a S 5 im
Aqu i , com o em A maqrli lw d o t e m p o e 0 n o vo a c e l e
descricao era irresistivelrnente cinematrografica e
especular se0 jovem W ell s teria visto au fei to exper
com fotog ra f ia de plantas, com o eu .
POLICOS a no s d ep oi s, com o estudan te em Oxford
P n n d tl l o s d e p s j c ol o g i a de W il li am Jam es e nu m rnarav
capitulo sobre A p e rc e p ~ a o d o t e m p o , encontrei esta desc
T e ll l 0 5 t o d 0 5 o s I J w t i v o s p a ra i m a g i n a r q u e a s e r i a t u m s
p o s s lv e im { J 1 te d lf e r ir e n o n l le m e l l i e n a s d u ra ~ i 5 f s q l lC e la s . i n r t l i l i
s e n l e m e 11 0 d e l a lh a m e r ! t o d o s e v e n l o s c om q u e p o d e l l ! p r e e n ch f - I a
B e l e r S f d ed ic o H a a lg u l l s c d /w lo s i l l t e r e s s a l 1 i e s s o b r e 0 i f e i /
d lJ e r tl 1 ~ a s q U a ! 1 d o S f m o d i f i c a a a p a r t n c i a d a l1 a I ll re z a _ S l lp o l
q u e , d u ra l1 re a i n l e rv a lo d e UIII s e g u n do , j 6 ss e m o s c a p a ze s d e
10 m i l e v e n l os d is / h ll t lm e n l e , e m u e z d e q tw se d e z , c o m o a
1 1 0 ss a l . I id a e S li v e s se d e sl i lw d a a m a llre r 0 m c s l ! lo m i m c r o d e i .m
ela p o d e r i a se r m i l oezes m a i s Cfuk D e v e rf a m o s v lv er mel lOS
I I I C s e H aO s a b e r n a d a s a b r e a m H da J l ~ a d e e sl a fo e s S e n t/ s c
i n v e nw , d ev ed a l l l o s a cr e di t a r n o v er i f o c o m o a g o ra a cr e d i/ a m
ealores d a e ra c a rb o l1 i f e r a . O s m o v i m f n i o ; d o s s e r e s orgell1im)
l i f o v a g a r o so s a o s 1 1 0 5 5 0 Ss e n l i d os q u e s m a m i n fe ri d os , I l i f o V l
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S o l permal1cceria im6vd 11 0 c e u , a Lua sena prafica!m?nte im ur av d e
a ss i m p o r d ia n Ie . M a s , a g o r a , i n v e r / a m o s a hip6tcSf e i m a g i n r l l 1 0 5 UII1
s e r q u e c a p t a m a p e n a s u m m i l l s i m o d a s s e n s a ~ oe 5 q u e c a p la m o s Hum
d a d o t e m p o e , c o n se q u m le ll l e n l e ,. v iv e s s e p o r u m t e m p o m i l v e t e s m a io (.
I m m n o s e v e r D e s s e ra o p a r a d e c o m o !!III q u a r t o d e h o r a C o g u m e /o s
e p la n ta s d e c re sc im m 1 0 m a i s r a p i d o i r a o b ro t a r C a m a d ! l r e ce r c om ta l
r a p id e t q u e p a re ce ra o c ri a ~ i5 e s i u s / a ll / i l n e a s , a rb u st o s a n u m s v a o S f
e r g u t r d o s o lo e c a ir d e I ) o / I a d a m c s m a m a f l C ir a q u e a s i n c ( / n s a D e i s
j o n l e 5 d e d g u a s t e rm i c a s, 0 5 m o v im e n l0 5 d o s a n im a i s s na o l i l a i l 1 D i s( v c i s
q u a n t o n o s s i l o o s m o v im e n l o s d a s b a l a s d e a rm C lS d e j a g o e c a l l h i 5 e s ,
a S o l p e r c o r r e ra 0 c e u c o m o u m m e fe o r o , d e ix C l ! 1 d o U II! m s t r o d e f o g o
a lr a s d e si e lc . S e n ' a t e m e ra r i o ! 1 c g a r q u e t a i s c a sa s i m a g i l l a n o s p o ss a m
s e r p e rc e b i d o s e m a /g u m / u g a r d o r e m o a ll i m a /.
E s se te xto d e J ame s f a] p u bli ca do em 1890 , qu an do W e lls
era ain da u rn jovem biologo Poderia el e te r lido Jam es au
os calculos orig inais de V on Baer dos anos I860? N a ver-
dade , podem os d izer que um m odelo cinem atog raf ico esta
im p lf ci to e m tod as e ss as d esc ri coe s, p ois a ta re fa d e re gis tra r
mimeros m aiores ou rnenores de eventos num dado tem po
e exatamente 0 que as camaras de cinem a farao se forem
rod ad as e rn m aior ou menor v elo ci da de que os habi tua i s 24
q ua dro s p or s eg u nd o, a pro xi rn ad ar ne nt e.
O uve-se com lrequ en cia qu e 0 te mp o pare ce an dar rna is
rap id o, qu e os an os voa m a rnedid a qu e envelh ecem os - se ja
porqu e qu ando se e jove m os d ias sa o repletos d e n ovas e ern -
p olg an te s irn pre ss oe s ou p orqu e, c on fon ne f lc am os velhos,
urn ana se torna u ma frao:;aocada vez m enor de nossa vida .
M a s se os a nos p arec em pa ssa r rn ais rapid am en te, 0 mesmonao acontece com as horas e os minutes, qu e sao iguais ao
qu e sem pre foram
O u, no m in irno, assirn m e parecern (estou na casa
dos 70), em bora experim en tos tenham mostrado que ,
enquanto os jovens saoincrivelmente precisos em esti-
m ar um perfodo de tres minutes, individuos rnais idosos
apa ren tem en te c on tam r na is l en ta rn e n te , de manei ra qu e
su a percepcao do m esm o intervale esta mars proxima de
rres m inu tos e m eio ou quatro m inu tos. M as ainda nao
se sabe se esse [enom eno teria a lg um a coisa a ver com a
sensacao existencial ou psicol6g ica do tem po passandorn ais ra pi do a m ed ida que envelhecem os. A s horas e
m inu tes ainda parecem dolorosarnente long os qu and o
estou en ted iado e curtos dernais qu an do estou ocupado.
Q uando m enino, odiava a escola e s er f orc ad o a ouvir
passivam en te a s la dain has d os prolessores, Q u an do olh ava
disfarcadamenre para 0 re l6 g io , c on ta nd o 0 tem po que Ie -
va ria ate m in ha hberdade. 0 p on te iro d os m inutes, e ate d os
segundos, parecia se m over com inf in ita lentidao, Ha um a
consc ienc ia exag erada do tem po em t a is s ir ua c oe s , d e f ato,
quando se esta e nf as ti ad o, p od e nao haver consciencia de
n ad a, e xc eto d o te m po.
C o ntrastava m com iS50 as dellcias da experim entacao e
ci a irnaginadio n o p eq ue no la bo ra t6 ri o quf rmco que montei
em casa L a , num nm de se rn an a, e u c on se gu ia passar 0 dia
tod o a bsorto e f eliz . N a o tin ha c on sc ien cia alg urn a d o tem po,
ate qu e cornecava a sentir dif iculdade em ve r 0 q ue e sta va
f az en do e p erc eb ia qu e a n oire h avi a c he ga do . Quando , anos
depois , Ii em A v i d a d o e s p r r i t o , de H annah A rend t, que em
u ma " reg iao intem poral, u ma p re se nc e e te rn a em complete
q ui et ud e, s itu a da i nt ei ram en te a le rn d os re lo g io s e c ale nd ari os
hum anos ( .. ) a qu ietude do A gora na existenc ia do hom em
pressionada pelo tem po, pertu rbada pelo tem po. ( . . .) E s r e
pequeno espaco nao-rempora l no p ropr io coracao d o tempo ",
s oub e exa ta rn en te de que e la e s tava falando.
S em pre h ou ve relates in form a is d e percepcao d e te mp o
qu ando as pessoas s ao s ubi tamen te a rn ea ca da s p or u rn p eri .
g o m ortal, m as 0 primeiro es tudo s is tem at ic o f oi r ea li za do
em 1892 pelo geologo suico Albert Helm, el e ex plorou os
estados rnentais de 30 indivlduos q ue ti nh am sobrevivido aacidentes 1 1 0 5 A l pe s. " A atividade men ta l t ornou -s e enorme,
aumentando 100 ve ze s s ua ve l oc ida de" , observou H eim . " 0
tempo s e e xp an di u trem en dam en te. ( ...J Em muitos cases,
s eg u iu -s e um a su bi ta re vi sa o d e tod o 0 pa ss ado do ind ivi d uo ."
Nes s a s itu ac ao, e sc re ve u e le , " n ao houve a ns ie da de a lg u rn a" ,
pelo contrario, um a " prof un da aceitacao",
Quase urn seculo depois, nos anos 70, os pesquisadores
R u ssell N oy es e R oy K le tti, da U n iv ers id a de de J owa, desen-
te rra ram e rra du z iram 0 estudo de H eim e seg uiram adiante,
c oJetan do e an alisan do rn ais d e 200 r el at os d e ss as e xpe ri en -
c ias . A m aioria dos in dividu os investig ados, assirn com o osde H eim , descreveu m aior veloc idade de pen sam ento e u rna
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aparen te d esaceleracao d uran te aou eles qu e im ag in ararn ser
s eu s u ltimos memen tos .
U m piloto de carros de corrida, que foi lancado a 1 0
m etros d e a ltu ra n um a c olis ao , declarou "Pareceu qu e a c oi sa
toda d uro u L im a e te rn id ad e. Tudo estava em cam ara lenta e
ti ve a s en sa ca o de qu e ell era u rn aror nurn palco e via a rnirn
mesmo capo tando varies vezes seg u idas ( ...) com o se eL I
estivesse n as arqu iban cad as e assistisse a tu do aconrecendo,
C .) m as eL i na o e sr ava c om m ed o" , O utro p ilo ro , subindo urn
m orro a alta velocid ad e e se ven do a 30 metros d e u rn trern
qu e ele tinha cerreza de que a m ate ria , obse rvou . " Qu an do 0
t rem pas so u pa r mim , vi a rosto do m aqu inista. E ra com o um
AIme passando lentamente, em qu e os q ua dros a va nc avam em
movim en to e sp asmod ic o. rai a ssi m q ue vi 0 ro sto d ele " .
Embor a a lg um as d essa s e xp eri en cia s d e q ua se -rn orte
sejam marcadas par u m a sen sacao de d esa rn pa ro e pa ssivi -
dade , a te d e d is so ci ac ao , em outras, h a L im a i nte ns e s en sa ca o
de irnediatisrno e realidade, e lim a dram atica aceleracao do
pensarnento, da percepcao e da reacao, qu e perrn itern qu e
a pessoa seja capaz de l idar co m 0 perigo. Noyes e KIet t i
descreveram 0 caso de urn prloro de ja to que enf ren tou
O SG ES TO S E ST O N TE A N TE S D O S
M ES TR ES D AS A RTE S M AR CIA /5 ,
R A p/D O S DE M AIS P A R A N O S SO S O LH O S
S EM TR E IN O , SAO EX E C U TA D O S C O M
A G R A <;A D E UM BAILARINO
a morte quase certa quando sell aviao fai indev idamente
lancado de u m porta-avioes " Lernbrei-m e nitidarnente.
em quesrao de uns tres seg undos, de rnais de um a duz ia de
acoes necessaries para conseg uir g anhar altitude. O s pro,
cedirnen tos de qu e eu precisava sc tornaram pron tam en te
disponfveis T ive um a m em oria quase absolu ta e m e senti
rotalmente no controle",Noyes e Kletti disserarn qu e rn u it os d os i nd iv fd u os po r
des estudados sent i ram qu e "haviarn real izado fa<;anhas,
tanto mentais quanta f f si ca s, d a s quais te ri ar n s ido i nc ap az e s
em s it u acoe s normals". D e certa f orm a, pod e ser sem elh ante
a o q ue a con te ce eOI11 a tle ra s tre in ad os, p arti cu la rrn en te n as
cornpeticoes qu e ex ig em tempo d e re ac ao curro.
Urn a bola d e beisebol pod e estar se aproxim an do a qu ase
1 60 km lh e, ainda assirn , com o m uitas pessoas descrevern ,
a bola pede parecer esrar quase im 6vel no ar, as proprias
c ostu ra s in cri ve lrn en re vi sf ve is. e 0 rebatedor se descobre
n um tecid o tern pora I su bitam ente a larg ad o e espacoso, ond e
tem rodo 0 tempo qu e pre cisa p ara re bate -I a
,- ,
--------_._-- -.-.._-- - _ .
Em L im a corrid a d e bicicle ta, os cicl istas podem
m over-do a quase 65 km lh , com apenas 1 0 cm sepa
uns dos ourros, A situacao, para urn observador e
parece precaria ao extrem a e, de lato, a distancia en
e de uris m fseros m ilisseg undos. 0 rnenor erro pode
a um a col isao. 1 \1 1as,para as proprios c ic listas , em
concentracao, tu do pareee se mover a uma velo
relativam ente baixa, existm do tem po e espaco su fi
para permitir irnprovisacao e manobras cornplicada
A ve loc i d ad e e s to n te a nt e dos rne st re s das a rte s m
o s g e sto s d ern as ia do ra pi dos para qu e um olho sem
con sig a acorn pan ha-los podem ser real izados , n a m e
executor , quase qu e cam a g ra~a deum bailarmo-s aqu
os p role ssores e tecnrcos g ostam d e cham ar de " con cen
relaxada", Es s a a lr e racao na percepcao cia veloeidade a
mui t as vezes em f i lmes, como em Il/wtrix, pelas vers
a ~ a oa lte rn ad am en te le nta s e a ce le ra da s.
A comperenc ia dos atletas ( independentem ente
ta le ntos in ato s) 56 s er a a dqu ir id a po r anos de ded icac
tre in am e nto. N o in fc io, mui to eslorco e a tencso sa o n
rios para aprender cada nuance da re cn ic a e da sincronia
e m a lg urn m em ento , as aptidces basicas e a represen
neural se tornam tao incrustadas no sistem a nervos
qu ase parecem u rna seg unda natu rez a, nao havendo
a necessidade de esf orco ou decisao conscientes. U r
da atrvidade cerebral hrnciona au tomat icamente , en
outro, 0 consciente, cria Lima percepcao de tempo e
qu e pode s er c omp r im i d a a u expandida .In vestig and o C om o sa o tomadas as decisoes motora
ples , 0neurohsiologista a m eric an o B en )a m i n lib et c on
nos <lnos 60 , qu e era possfvel detectar sinais cerebra
indicarn 0 at o decis6 rio varias cen tenas d e rnilisseg
an tes d e qu alqu er percepcao con scien ce d ele. U m ve
campeao pode esrar correndo ativam ente e ja t e r pe rc
4,5 a 5,5 m etros do percurso antes de perceber que
de larg ad a ja roi dado (E le pode se d esen costar d o
de apoio em J 3 0 rn ili ss eg u nd os , e nq ua nto 0 r eg i st ro
cienre do tiro exige 4 00 rnilisseg undos au m ais.) A
d o e orre d or d e t er o uv id o c on sc ie nt em e nte 0 t iro e ,i rnediatarnente explodir em disparada e u rn a ilu sa o p o
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( ada, seg und o L ibet, pelo fa to de a m ente " anrecipar" 0 sa m
do tiro em quase r ne io segundo.
Tal reordenacao d o tem po, com o aparenre cornp re ss ao ou
expansao, levan ta a qu estao d e com o percebernos 0 tempo
norma lmen re W illiam James especu lou qu e 0 ju lgarnento
que fazem os do tem po, nossa velacidade de percepcao,
d epende de quantos "eventos " somas capazes de pe rceber
nurna d ad a u nid ad e temporal.
Existem rnu itas coisas que su g erem que a percepcso
conscien te (pe]o rnenos a p er ce pc ao v is ua l) n ao I f : continua, e
s im fo rmada parmeme nt os d is cre to s (isro e , mdividualrnented is ti nto s), c om o os q ua dros d e u rn f Hm e, d ep oi s f un di dos p ara
d ar L im aa pare ncia d e con tin uid ad e E ssa particao d o tem po,
ao qu e parece , ocorre em acoes rapidas e automat i cas, como
o re bater d e lim a bola d e be isebol. 0 n eu roc ien tista C h risto!
K och , do lnstitu to de Tecnologia d a C a li f6 rn ia ( C alte ch ),
f az u ma distin cao entre " cornportam ento" e " expenen cia" e
propce que 0 'comportarnento pode ser executado conti-
nua rnenr e, e nquan to a e xper ie nc ia e estruturada em intervalos
d iscretos, com o em u rn f ilm e" E sse m od ele d e conscienc ia
permlre urn mecanisrno jamesiano pelo qual a percepcao
re m p ora l p od eri a s er a ce le ra da ou freada K och especu la se a
aparen te len tid ao d o tem po n as em erg en cies e d esem pen hos
a rle tr co s p od eri a s e originar do poder da atencao in tensa em
reduzir a duracao do s quadros individuals
o t ema d a perc epcao d e te m po e e spaco esra s e tornando
um t6 pieo popu lar em p sicolog ia sen sorial, e as reac oes e per"
cepcoes dos a tle ta s e d as p es so as q ue enf rent am n eces si dade sst1 bitas e em erg en cies pa rece m seru m c am po 6 bvio d e n ovos
e xp erirn en ros, e sp ec ia lrn en te a gora qu e a realidade virtu al
n os da 0 p od er d e sim u la r a cces s O D cond ic oe s con trol ad a s
e a velo ci dade s cada vez rnais rapidas,
Para W i !1 iam )am es, os d esvios rn ais in cn veis em rela cao
21 0 te mp o " norm al" sa o proporcion ad os pelos efeitos de
d ere rm in ad as d rog as , E le p roprio e xperim en tou varias , do
oxido nitroso ao peiote Depois de um capitu lo sobre a
percepcao do tem po, seg ue-se su a ref le xao sabre 0 haxixe.
N a intoxicacao pelo haxixe existe u m cunoso aurnento na
perspect iva temporal aparente . P roF erim os u m a sen ten ce e,an tes qu e ° 1 1ms e ja a ti n g ido , 0 comeco ja parece datar de
__ ...
-'~/
um tempo indef inidamente lo ng o. E n tr amo s nu rna ru a curta
e e com o se nunca f6ssem os cheg ar ao H m dela" .
A s observacoes de Jam es sao urn eeo quase exato das
do medico ja cqu es-jose ph /vlore au , 50 an os an tes. M o reau
fo i u rn dos prim eiros a divulgar 0 haxixe na Paris d es anos
1840 . A ssim com o G autier, Baudelaire, Balzac e outros
in telecruais e artistas , ele era m em bra do L e C lub des H a-
ch ich in s e e sc reve u.
Celia Ho i l e , q l l m l c i o a lr a lJ e " a v a a p l ! < ; 5 l l g e l l l ( o b e l i a d a P la ce d e
{ " O p e l ' l l, f t q H e i i m p r e s s l o l 1 i . l d o C 0 1 1 l 0 t e m p o q u e [C V O I ! {HIm duga , . a t f 0
D u t r o i a c /o . .T i l l / ' l l d a d o , 1 1 0 m a x i m o , !1m p O l l e o > p a 5 s o 5 , i lia, lIIep a r e e e l l
q ' l c f5lmJ(' ] /6 !J d d u m 0 1 1 I r e s h O f l 1 S . A p r e s s e i 0 p a ss o , Illas 0 t e m p o m lo
p a ss o !l m a i, ra{ l je /ammle. T l v e a i m p r C S 5 i i o C . . ) d e q u e 0 p a s 5 C 1 O em i 1 ) -
ICl1Ilil1alJeillle1lle { o l i g o e q ue a s a l d a p I ! r a 11 q u a i eM C( l l I I i J 1 h r / I J u e s t a v a Sf
u jC I5 1 cI 11 d o 1 1 0 IlleSlllO n · l l l l o c ia t i c / o e i d a a e d o s IlleuS p a s s o ' i .
A cornpanhando a sensacao de que alg um as palavras e
alguns passes p od ern d ura r urn tempo despropositado, pode
estar a s en sa cao de u rn m u nd o p rof un da rn en te va ga ros o, ate
suspenso , N o livre P s y c ! J o l o l J l l m f l i c d n l g ' i , de 1970,0 psiquiatra
amer i cano L . ) . Wes t conra esra his tor ieta. 'Dos hippies,
i ne bri ad os p ela rnaconha , esrao senrados na P raca G olden
G ate em S ao Francisco. U rn aviao passa zun indo acim a da
cabeca deles e enrao desaparece. U m deles se vira para 0
o utre e d iz . 'C a ra , a ch ei que e le n un ca iria em bora" .
M as em bora a m undo externo possa parecer vag aroso,
urn m u n do interior de im ag ens e pensarnen ro s p od e d ec ola r
a urna enorme velocldade U m a pessoa e capaz de partir
n urn a e laborad a jorn ad a menta) , visitar diferenres pafses ecu ltu ras, escrever u rn livre ou um a sinfonia ou viver toda
urna vida ouepoca da historia e acabar descobrindo que se
passararn m eros m inu tes ou seg undos. C au tier descreveu
com o ele entrou n um transe de haxixe em qu e " as sensacoes se
se gu ira m um as as outras, lao n urn erosa s e a pre ssa da s q ue e ra
im p os sf ve l L im ave rd ad ei ra a pre cia ca o d o te m po" , P are ce u-
Ihe , subjetivamente, qu e 0 transe h avia d urad o " 30 0 anos" ,
m as ele con srarou ao d esperta r q ue na o h aviam pa ssa do m ais
qu e 15 minutes
A palavra "despertar" pode ser m ais que um a R gura de
lm gu ag em aqu i, ja q ue e ss as " vi ag e ns " sa o sern duvida com"par av ei s a s onhos . A s vez es a sen saca o q ue te nh o e a d e vive r
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roda um a v id a e ntre a prlrneiro toque do despertador, a s 5
da rnanha, eo segundo, cinco m inu tes depois.
Ev en tu a lme n te , q ua nd o urna pessoa e st a c ai ndo no sono,
p od e h av er u rn a sacu did ela in volu n taria - u rn e sp as rn o rn io-
clonico - do corpo. E m bora esses espasmos s ej am g e ra do s
por pa rt es primit ivas d o tron co c ere bra l ( sa o ref lexes geradosnessa regiao) e, com o tal, nao te nha m n en hu m sig nif ic ad o
au motive intrfnseco, e le s p od em g an har sentido e con tex to
e se t rans formarern em atos por urn sonho ins tan tanearnente
improvisado Portanto,o espasmo pode e s ta r a s so ci ad o a u rn
son hosob re via ja r ou c am in har p oru m precipfcio , de se jogar
para fren te para apanhar u rna bola e a ssim po r dianre, Esses
sonhos podem ser extrem am ente vfvidos e ter v ar ia s " c en a s" .
Sub ie t ivamenre , des parecem c om e c;a r a nte s d o espasrno e ,
a in da a ssim , tod o 0mecan i sme d e s on ho e presumivelrnente
e s ti rn u lad o pe la p rime ir a percepcio p re -c on sc ie nte d o rnovi-
m e nte . T od a essa e la borad a re estru tu ra ca o d o te m po oc orreem urn seg undo ou m enos.
Exis tem certas convulsoes epilericas, as vezes chama-
das de " c on vu ls oe s v iv en ci ai s" , em que um a le rn bra nc a ou
alucinacao detalhada do passado su bita rnen te se irnpoe a
H A V IA D EZE N A S D E P A C IE N TES N O S
C O R R ED O R E S , TO D O S S E M OV EN D O
A D IFE R E N T ES C O MP A S S O S; A LG UN S
M U lTO A C E LER A D O S , O U TR O SLEN TO S, Q UA S E C O NG ELA D O S
consciencia de u m p ac ie nte e segue urn curse subjetivamente
10ngD e pausado , para acabarse cornpletando, objet ivamente,
e m a lg uns poucos segundos Es s a s c ri se s estao tipicarnente
associadas com um a at iv idade c on vu ls iv a n os lo bo s temporals
do cerebro e, em alg uns pacienres, podem ser indu zidas por
est imulacao eletr ica de determrnados ponros na superffcie
dessas reg i5es. A s vezes, essas experiencias tern du racao
s ub je ri va e no rm e e s ao b an ha da s por s ig n ih c ado s me t af f si co s.Sobre tais convuls5es, Dos to ie vs ki e sc re ve u .
H d I l l O m r u l o s , e { a p r n a s l I l l i a q u c s l i f o d e POliCOS s e g u n d o s , e l l l q u e v oc e
s o ·l I e .( l p r e s e J 1 ¥ a d a e l e m a h a n J lm li a ( . . . ) U m a c o i s a l e m v e l ia a p a v o f a u l e
d a r e z a COI l l q u e e l f ! Sf m m l i f e s la e 0 M a s e COl l i q u e c i a 0 p r e e l1 c h e . ( .. )
D l l ra l 1 lc e ss e s C i 11CO s c g l m d o s , VIVO l o d a HI I I I 1 e x i s l i n c i a hwna111 l e. p o r
e i a , ell d a r i a m i J 1 i : J a v i d a ill I C i m e HaO a e b a r i a q u e e s N v e s s e p a g a J l d o IlIII
p r e r ; o d e m a si a d o a i l o .
Pode nao existir n en hu m se ntid o in te rior d e ve loc id ade
em tais oc asi5e s, m a s, e m ou tra s - p artic ula rm e nte sob e fe ito
da rnesca lina ou do L SD -, e possivel sentrr-se arrernessado
p ara u nive rsos d e pe nsa m ento a veloc ida de s incontrolavels ..
Em Os m a j o r e s i o n J le J 1 t o sd a mm le , 0 poeta e p in to r f ra nc e
Michaux e sc re ve. " A s p es so as q ue re to rn am da excita
rne sc alina f ala m d e u m a a ce le ra ca o d e 100 ou 20 0 v
a te de 50 0 vez es a velocidade norm al" . E le cem enta
e p rovave lm e nte u m a ilu sa o, m a s, mesrno que a ace
Fosserna is m o desta - " rn esm o apen as seis vezes 0norm
aurnento a i nd a d an a uma s en sa cao esmagadora. A expsent ida , a c red it a Michaux , nao e tanto u rn a e norm e a
< ; aod e d e ta lh e s l it e ra i s exatos , m as u rn a s en e d e imp
globais, relevos drarnat icos, com o em urn sonho.
Mas , d iro is so , se a ve loc id ade de p en sa m ento p
se r a rnp li ada s igm f i ca rrvamente, 0 a um e nto f ic arl
tam ente eviden te (se tivessernos m eios experirnen t
examina-lo) n os reg is tros n siol6 gic os d o cerebro e
ilu strasse os lim ites do qu e e n eu ra lrn en te p os sf ve !.
s arf am o s, e nr re ta nto , d o n fve l correto d e a ti vi dad e
pa ra r eg i st ra r nao as neur6nios individu ais, m as u
su perior de inreracao entre g ru pos de neu r6 nios doc ere bra l. q ue , a s dez enas ou cen tenas de m i!hares, f
o c orre la to n eu ra l d a c on sc ie ncia
A ve loc id ad e d e tars in te ra co es n eu ra is e normal
re gu la da p or u rn d e li ca do equihbrio de lorcas e xc it a
inibitorias, ma s e xi st em c erta s situ ac oe s n as quais a s i n
pod e rn e s ta r relaxadas. Son hos podern leva n ta r voo , m
livre e v elo zr ne nt e, e xa ta rn en te porque a a ti vi da de d o
c ere bra l n ao e rest ringida pela percepcao ou r ea li da de
na E possf ve l qu e c on sid era coe s sim ila re s se aplique
tra nse s in du zid os p ela m e sc alin e a u p elo h ax ixe .
Outras drogas depressoras, com o os opiaceos ebin iricos, podern ter efeito o po sto , p ro du z in d o u rna
op ac a in ib i< ;a o d o pe nsa rn ento e d o m ovirn en to, d e r
qu e u rn a p es so a pode e ntra r n urn estado em que q ua
pa re ce a con te ce r, p ara en tao d esc ob rir, de pois do qu e
tel' sido poucos minutes, que um dia i nte iro f oi cons
E sse s e fe itos le m bra m a a <;a o do R e ta rd ad or, u rn a dro
W e lls im ag inou com o 0 oposto do Ace le rado r .
oR e ta rd aa o r ( . . ) d ev e r i a p e n ! ! ii r q u e (J p a c i e n t e e s l i c a s s r UI
s e g u l1 d os a o 1 0 l 1 g o d e ! ) I u il a s h o r a s d e l e m j) o H o m m i f, a s s i l l ! ,
I I I 1 I a luifeia I lp d li ca ,. um a ( J J l ' ; € n c i a g l ( J c i a l d e v i tmeidade, e m IlIei
t l 1 1 im a d o a u im t a n te a m b i e J 1 l e .
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MARC
Q u e pu dessem e xistir tran storn os prof un dos e pe rsiste n-
r es d a velo ci dade neura l qu e durassern anos Oll decades m e
ocorreu pela prim eira vez em 1 96 6 , quando fu i tra balh ar n o
B ron x, n o B eth A b ra ham , urn h osp ita l d e doencas cronicas,
L a examine i os paci en te s s ob re a s q ua is, d ep ots, e sc re ve ria
em m eu 1 ivro T e m p o d . r d e s p e r t a r . H avia d ez en as d ele s n o sag uao
enos corredores, todos se m ovendo a dif erente s compasses
- a lg uns violenta mente a cele ra dos, ou tros em c am a ra le nra ,
o utro s q ua se e on ge la dos . Ao ver essa paisag ern de tempo
rra nstorn ad o, a s lern bran cas d o A c ele rad or e R etard ad or d e
Wells s ub itam e nt e v olta ram a r n i n h a mente . F ique i s ab e ndo
que todos esses pacientes erarn sobreviventes da g rand e
p an d em i a d e e nc ef ali te qu e varreu 0m undo de 1 91 7 a 1928 .
D os m ilh6 es qu e contralrarn essa " doenca do sono" , c erca de
urn terce morreu n os esta gios a gu dos, em estados de coma
rao pro f un do s que impossib il ita v am q ualqu er estim u Ia c ; ; a o ,
au em estados de sono t a o in tensos que descartavam a
sedacao, Algun s do s sobreviventes, ernbora m u itas ve ze s
a ce le ra dos n os p nm e iros d ia s, rnais tarde d e senvo lv er ar n u rn a
f orm a extrem a de Parkinson qu e havia provocad o n eles u ma
d esace le ra cao ou rn esm o um c on gelam en to, a s vez es por
decadas. Algun s pacientes do Beth Abraham continuararn
acelerados. U rn deles, E d M ., estava acelerado em um lado
do corpo e len to no ou tro.
A d op arn in a, u rn n eu rotra nsrn iss or e sse nc ia l para a A uxo
norm al de rnovim enros e pensam eotos, esra drasticamente
reduz ida em m enos de f 5% dos niveis norrnais na doenca de
Parkinson com um . N o parkinsonismc pos-encefalfttco, seusniveis pod em ser qu ase in detec ta veis N o P arkin son cornurn,
a le rn do s t re rno re s e d a r ig i de z, observarn-se desaceleracoes
e a ce le ra coe s rn cd era da s, n o p os-e nc ef alf tic o, e m q ue a le sa o
no c e re b ro e g eralm en te m u ito m a ior, pod e h ave r d esac ele-
rac oes e ac eleracoes a te os lim ites A s iolog ie os e rn ecan rc os
maximos do cerebra e do corpo.
o proprio vocabulario d o p ark in so ni srn o f az re te re nc ia
a ve lc cid ad e. O s n eu ro lo gi sta s te rn urna s er ie d e termos para
denorar isso se 0rn ovim e nto f or d es ac ele ra do, f alam em "bra-
d ic in es ia "j s e c he ga r a parar; " a ci ne si a" , s e e xc es si vamen te ra -
p id o, " ta qu ic in es ia " . O a me srn a f orm a , p od e h av er b ra di tr en ia00ta qu if re ni a - d es ac ele ra ca o ou a ce le ra ca o d o p en sam en to.
Em 1 96 9 , pude introduzir no tratarnento da maioria
d esse s pac ie ntes con gelad os a d rog a L -d opa, re velad a h avia
POllCO tem po com o ef icaz na elevacao dos n iveis de dopa-
mina no c ere bro ln ic ia lm e nte , 0 trararnento restau rou a
ve lo ci da de e a li be rd ad e d e m o vi rn en ro de mu i to s p ac ie n te s,
m as, depois, particu larm ente nos m ais gravemente afetados,
irnpeliu-os na direcao oposta, A paciente Hester Y . , escrevi
n o m e l! d ia rio, a prese ntou tal ac eleraca o d e m ovim en to e F ala
depois d e c in co dias corn L -d opa qu e " se a nte s e la lembr av a
urn R im e em carnara len ta, ou lim q uad ro d e f ilm e persisten -
ternente parado no projetor, agora e la dell a im pressao de
u rn a p eh cu la a ce le ra da , tan to qu e rneu s cole gas, assistin do a
urn f ilrne da sra . Y qu e n z n a e po ca , i ns is ti ra rn q ue 0 projetor
estava anda ndo rap ido dernals".
S u p us , i n i ci alr ne nte , q u e Hester e o utra s p ac ie n re s p erc e-
b ia m os ri trn os f ora d o conium com qu e estava rn se m aven do ,
Falando ou pensando, m as qu e e ra m sim ple sm e nte in ca pa ze s
de se con trolar L og o descobri que nao era esre, de form a
a lguma , 0caso, N em e 0 case nos pacien tes com a doenca
de Parkinson comurn, como cementa 0 neurologista Ingles
William Cooddy em seu iivro T im e c w d t h e H e r v o u 5 s y s t e m . Um
observador pode n otar, d iz d e , 0quanro s a o vag arosos os
rnovirnentos de L im parkinson iano, m as "0 paciente dir,3:,
'Meus pr6prios movirnentos parecem normais, a menos
que , olha ndo pa ra u m rel6 gio, ell veja quanro t empo levam.
o re1 6g io na parede da en ferm aria parece estar andando
excepcionalmente rapido",
G ood dy ref ere-se aqu i ao tem po " pessoa l" , em oposlcaoao tempo do "relogio", e 0 grau de divergencia entre urn
e ou tre pode se tornar in superavel devido a bradicinesia
extrema cornurn no parkinson ism o pos-encefalltico. V i
m uitas vezes m eu paciente M iron V sen tado no corredor
onde ncava m el! consu lt6 rio. E le parec ia i rnovel, com 0
brace direito rreqGentemente erguido, a s vezes 5 au 1 0 em
ac ima do joelho, a s vezes perto do rosto. Q uando indag uei
sobre essas poses con geladas, e le perg untou ind ig nad o: " 0
qu e voce quer dizer com 'poses congeladas'z E s ta va a pe na s
lirnpando 0 nariz".
E u m e perg un ta va se e le estava f az en do L Ima encenacao.C erra m anha, durante horas, tirei um a serie de 20 fotos
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a prox im a da rn en te e a s g r arn pe ei p ara m o nta r um f oli os c6 pi o,
como aqueles qu e costumava I azer p ara v er 0d es en ro la r d os
b ro to s d e s arn arnba ia . C om isso pude ver qu e Miron estava
re alm e n te li rn pa nd o 0 nariz , m as lazendo-o m il vez m ais
le nta rn en te qu e 0 normal.
Hester ta rn be m p are cia na o t er c o ns c ie n ci a do g rall emqu e se u tempo pessoa l d iverg ia d aqu ele do rel6g io U ma
v e z pedi aos esrudantes que jog assem bola com ela. E les
d es cob ri rsm s er irn pos sf ve l apanhar os lan cam entos cia ag i-
tada s en hora , ra pi dos como um relampago Hester devolvia
a bola com tal ag i l idade que as m aos d ele s, ain da e ste nd id as
pelo lancamento , podiam s e r do lo ro sarnen te a ti ng id as p ela
bola devolvida 'V o ce s s ab em 0q ua nto e la e r ap id a " , e ll d is se" N ao a su be stim em , e b orn qu e vo ce s e ste ja rn p re pa ra do s."
M a s e le s n ao c on se gu iri arn s e p re pa ra r, ja qu e sells rnelhores
tem pos de re aca o se ap rox im avam de u rn se rirn o d e seg un do,
enquanto 0 d e H este r dificilrnente c h.e gava a mais de limdec i rno d e s eg u nd o,
A p ena s qu an do estavarn em estado n orm al, n ao execs-
sivamente vagarosos nem acelerados, e qu e M i ron e Hester
conseguiam ju lgar 0 quanto sua veloc idade ou lenridao
"
EM C E R TO S C A S aS , 0FLU X O D E
P EN S A M EN TO , R A P ID O D EM A IS ,
IR R O M P E TO R R E N C IA LM EN TE , P A R A
DEPOIS Sf D ILU IR E M IN C O ER EN C IA S ED E LiR IO S F A NT A SM A G 6R IC O S
I l
I
tinham sido im pressionantes e , as vezes, era necessario
m ostrar-lhes um film e ou urna A ta de video para conven-
ce-los. (Transrornos de escala espacial sao tao com uns no
parkinson ism o quanto os de escala tem poral. U m sinal diag -
nostico cornum nesses cases e a rnicrografia, Lim exercicio
de calig raf ia rn iouscu la em que a letra vai f icando cada vez
m enor. De lorm a g eral, os pacien tes nao esrao cienres disso
no m em ento do exarne, som ente depois, quando estao de
volta a u rn relerencial espacial norm al. e qu e sao capaz es
de ju lg ar que sua escnta era m en or que a habitual Porranro,
para alg uns indivfduos pode haver um a com pressao de es-
pa<;o cornparave] a cornpressao do tem po, lim a de m inhas
pa cien tes, L Im a m u lhe r pc s-e nce la lf rica , c ostu m ava diz er.
"M eu e sp ac o, !lOSSO esp ac o, na o e ne m urn pou c o p are ei do
com 0 s eu e spa co" )
N os transtornos da escala tem poral parece quase nao
haver jim i te p a ra 0g rau em qu e a d esa ce le rac ao pode ocorrer,
a a ce le ra ca o d os mo vim en tos a s v ez es p are ce s er re stri ng id a
ap en as pe los lim ites f isic os d a a rtic ulac ao. S e H ester te ntas-
se falar ou c on ta r em voz alta em urn d e s ells estad
acelerados, as palavras ou nurneros col idiarn e en
em confli to , Tais i i rni tacoes ffsicas erarn menos ev
com 0 pen sam ento e a percepcao S e lh e F os se m
urn desenho em perspeetiva do cubo de N ecker -
senho arnbjguo que norrnalm ente rnuda de perspec
intervalos de POLlCOS segundos - ela poderia v er,d es ac ele ra da , troc as em intervalos de urn ou dois
( ou n ao v er, s e e stlv ess e "ccngelada"), mas , q u an do ac
e la v eri a 0c ub o " pisca nd o" , troca nd o d e p ersp ec tive
vezes por segundo.
Aceleracoes rioraveis tam bern podern ocor
slndrom e de Tourette, u rn quadro caracterizado po
pu lsoe s, tiqu es, rn ovirne ntos e ru id os involu ntarios
pacien tes ccnseg uem apanhar rnoscas no ar. Q
pcrguntei a wn hom em com sfndrom e de Tourette
conseg uia isso, eJe d isse nao ter sensacao algum a
se rnovendo espe cialrne nte ra pid o, ao c on trario, ase q ue v oa va rn v ag a ro samen re .
Q uando um a pessoa estica a m ao para tocar O
a Ig o, a ve locida de m edia e de cerea de I me tro p or s
Em con di co es experirnentais , quando se pede a ind
sa ud aveis qu e f a< ;am 0mesrno 0 rnais rap id o p ossive
locidade cheg a a cerca de 4 ,5 m etros por seg un do, Q
pore rn, p ed i a S han e F . , L ima rt is ta c om Tou re tte , q ue e
a m ao 0 m ais rapldo que pudesse, ele ating iu facilm
m arca de 7 m etros par seg undo, sem qualquer sacri
suavidade ou da precisao, Q uando Ihe pedi que re
a gesto na velocidade norm al, os m ovim entos se to
l imi t ados , d esel egan tes , irnprecisos e cheios de tiqu
O utre pacien te com sindrorne de Tourerte, nes
g rave e com fala m uito rapida, contou-rne que, al
tiques e das vocalizacoes que ell via e ouvia, havia
dos quais - com os m eus olhos e ouvidos " len tos' -
n ao e star c ien te . FO i apenas com a g ravacao em vi
a na li se q ua dro -a -q ua dro q ue a amp li tu de d es se s " rn ic r
poderia ser vista De faro, pod ia haver varias serie
a contec en do a o m esm o te mp o, a pa re nte rne nte d iss
u ns dos ou tros, tota liz and o, talvez , de zen as de m icr
nurn iinico seg undo A com plextdade disso rudo
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assom brosa quanto a velocidade , e achei que seria possfvel
escrever urn livro in te iro, u rn a tla s d e tiq ues, com base em
m eres cinco seg undos de g ravacao em vfdeo. Tal atlas,
imag inei , se ria u rn a e sp ec ie de rnicroscopio d a m en te , pois
rodos os tiques tern determinanres internos ou extern os. e 0
repertorio de c ad a p ac ie nte e unico ,Os tiques que podem ocorrer na sfndrorne de Tourette
km brarn m ulto 0 qu e 0g ran de n eu rolog tsta briran ic o John
Hughlmgs lackson chamou de I ala " emoci on al" o u " ej ac u la da "
(em oposicao a fala propositiva complexa, sintaticamente
e la bo rad a) , A f a la e ja cu lada e esse nc ia lm e nte re ativa , p re -
conscien te e im pu lsive , e la se esqu iva do cont ro le dos lobos
frontais, da consciencia e do eg o, e escapa da b oc a a nt es qu e
p ossa se r inibida
N ao apenas a velocidade , m as a q ua li da de do m ovi-
men t a e do pensam ento esta alterada no tou rettism o e no
parkinson ism o 0 estado acelerado tende a s er e xu be ra ntena inven tividade e na f ant as ia , saltando rapidam en te de u rna
associacao para a s eg u in te , !e va do pela t orc a do proprio f m-
p eto . A v ag aro si dade, em con traste , te rid e a ser acorn pa n hada
por cui dado e cau tela, u rna postu ra sobria e cr1 tica. lsso foi
apresen tado pelo psicolog o Ivan Vaughan , qu e sofria de
Parki nson e e sc rev eu l ima mo nog ra ha s ob re s ua s e xp erie nc ia s
I V (lH - Livil1g w i t h P a r k i n s o l 1 ' ; d i s e a s e , de 1 986 ). S egundo m e
con tou , e le escreveu todos os textos sob efe ito cia L -dopa,
pois, nesses perfodos, sua im ag inacac e processes rnentais
pareciarn Aui r com rnais liberdade e rapidez, alern de ter
e ss oc ia cc es f ic as e i n es pe ra d a s de tod o tipo (se ele estivesse
scelerado dem ais, no ell tanto, isso poderia com prom eter a
concen tracao e leva-lo a sail" pela ran gen te ern todas as dire"
S"oes). Quando os deitos d a drog a se d iss ipavam , Vaughan
s e dedi cava a e di~ ao, p oi s se encontrava nu m estado perfei to
para aparar a prosa a s vezes excess ivarnen te exuberan te que
havia e s c ri to e nqu an ro esrava " l i gado " .
O u tro p ac ie nte , Ray, embora rnuitas v ez e s d is cri m in a do
e ma lt ra rado por causa da sfndrorne d e T ou re rte , ta rn be rn
c on se gu ia e xp lora -I a de d iv ers as m a n ei ra s, A raprdez (e, as
v ez es , a e stra nh ez a) d as a ss oc ia co es 0torn ava rapid o ern f ra-
se s espiri tuosas-vele se referia a s i m esrno com o "Ray, 0espir i-
tuoso dos tiques" , E ssa rapidez e sag acidade , com binadas aos
talen tos rn usic ais, f lz era m d ele lim tre rn en do irn provi sad or
na bateria E ra quase im batfvel no ping ue-pong ue, em parte
par causa da a lt a v el oc id a de de reacao, em p arte porq ue
sua s bolas erarn ta o i rnprevisfveis (ate para ele m esrno) que
desconcertavarn os advers a ri e s.
O s casas de sfnd rom e de Tourette extrem am en te g ravepodern ser nossa m aior aproxirnacdo a os ti po s de se re s a ce -
lera dos im a gin ad os por Von B aer e la rn es, p ois essa s p essoa s
as vezes se descrevern como " s up e re le tn c as " , " E como te r urn
m otor de 50 0 cavalos debaixo do capo", descreveu u rn de
meus pacientes D e Iato, existern varies atletas profissionais
com Tou rette nos E stados U nidos , entre e le s j irn E i se nre ic h
e Mike Johnston no b eise bol, M a hmou d Abdul-Raul no
basquete e 1 1m Howard no futebo1.
S e a velocidad e conferida pela sfndrom e de Tou rette
pode ser tao adaprauva - um a especie d e ralen to n eu rolo-
g ico =, entao qual 0 sen tido de se r relativamente vagaroso,ca lmo e "normal"? Par que a selecao natu ral nao serviu
para aurnentar 0 nurnero de " ve loc ista s" en tre n 6s? A s des-
van tag ens da lentidao excess iv a sa o obvias, m as eta pode
s er n e ce ss ar ia para ressaltar que a velocidade dernasiada
e igualrnente carregada de problemas. 0 ritrno rourettico
OLl pos-encefalftico e acompanhado de desinibi<;ao, irnpul-
s ividade e i rnpetuosidade que permitern que rnovimentos
e impulses " im p ro prio s" se rn an if esre rn p re cip ita da rn en te .
Nessas siru acoes , portan to, g estos perigosos , com o colocar
u rn dedo no fogo ou sair em d isparada no rn eio d o tra fe go,
a tos g eralrnen te in ibidos na m aioria de nos, podem enrrar
em acao antes qu e a c on sc ie nc ia p ossa in te rvir,
E m c as as e xtrem es , 0 A uxo do pensarnento, Q uando
rapldo dem ais, podera irrom per como um a torren re de
d istra coe s e f ug as por t an g en te s s upe rf ic ia is , d is so lv endo- se
em brilhantes incoerencias e delirios fantasmag6ricos quase
onfricos Os cases m ais g raves da sfndrorne d e Tou re tte ,
c om o S h an e, p od ern c on sid era r rnovi m en tes, pen sarn en ros e
r ea< ;5 es d e ou rr as p es so as i nt ole ra ve lmen te lentos . "Par a nos ,
essas pessoas parecern m aca cos" , escreveu James em outro
c on te xt e, " en qu an to , para eles, n 6s parece rnos r ep ri li anos .'N o fam oso capitu lo de 0, pnllcrpios d a PS I c% g ia , J am es fa la
daquilo que ele chama de vontade " pe rv ers a" a u patol6gica,
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e d e su a a presen ta cao em d uas form as opostas. a " explosiva"
e a " obstru fd a" . James utilizou e ss es te rmo s em relacao a
tem pe rame ntos e p rop en soe s p sic olog ic as, m as e le s p are cem
ser igualrnente pertinentes quando se f ala de transtornos
n eu rol6 g ic os c om o 0 P arkin son , a sfndrorne de Tou re tte e
a c ata ton ia" Parece estran ho qu e 0psicolog o nu nca fale queesses oposros, as von tad es " explosives" e " obstru ld as" , tern,
pelo rnenos ocasionalm ente. lim a relacao entre si, ja qu e
de cleve terexam inado pessoas com 0 qu e h oje chamarnos
de transtorno rnanfaco-depressivo ou bipolar, que erarn
lancados, em in tervalos de poucas sem anas ou m eses, de
ur n extrem e ao outro,
U rn am igo m eu parkinsoniano diz que 0 estado vaga-
roso e com o estar preso num tone] de rnanteig a, enquanto
o estado acelerado e como esrar no g elo, d eslizan do sern
atri tos para baixo por um a m onta nha cada vez m ais f ngrerne,
ou num m im isculo planeta sem g ravidade, sem lorca para se
segurar ou 5e prender.
Embora tais estados obstru fdos possarn parecer esta r no
polo oposto aos dos acelerados, os pacienres podem ir de
u m ao ou tro qu ase instan ta neam ente 0te rrn o " cin esia p a-
S O LTA M O S A S A M A R R A S D O,
TEM P O E A G O R A TE M O S A N O S S A
D IS P O S I{:A O M IC R O S C O P IO S E~
TELES C O P IO S TE M PO R A lS D EEX TR A O R D IN A R IO P O D ER
rad ox al" f O im rrod uz id o p or n eu rol og is ta s h an ce se s n os a DO S
20 para descrever essas t ransi~6es notaveis, ernbora raras,
n os pacien tes pos-en cef alm cos, qu e mal h avia rn se rn ovid o
durante anos, m a s p od ia m ser sublramente "libertados" e se
m exer com enorme energia e lorca, p ara a ca ba r v olta nd o,
depots de poucos minutes, ao estado anteriormente imovel
Q uando H ester Y . reeebeu tratarnento com L dopa , essas
a l te rnanc ias at ingiram u rn g ra u extraordinario e e la s e t or no u
propensa a dezenas de inversoes abru ptas por dia
Tais inversoes sao ob se rva da s em p ac ie nte s c om sf nd rorn e
de Tourette exrrem arnente g rave, que podem ser levadas a
um a p ara lis ac ao qu as e le ra rg ic a por d ose s mfnlrnas de deter-
rn inadas drog as M esm o sern rnedicacao, estados de im obi-
lidade e con cen tracao qu ase hipnotica tendem a ocorrer em
ro ure tti co s e re pr es en ta rn 0 ou tro lado, por assirn d iz er, do
e sta do h ip era tivo. N a c ata ton ia p od e h ave r ta rn be rn tra nsf er-
macoes in sta nta ne as d ram a ri ca s de estados le ta rg i co s im6ve is
a trem endarnente a tivos e f renericos. 0 g rande psiqu iatra
E u g en B le ule r d es cre ve u 0 fen6m eno em 1 91 I
A 5 om s, a paz e a q l l i e h l d e slio I J l l c b m d a s ~e lo a p a r e d m m
1 1 I 1 ! raptus ( a l a l 0 1 l i e o _ D e r e p m l e , 0 p a C iC H l e d d fil i i ; a lto , e
a lg I / i l i a f o i5 a , a g a r r a a lg u il l l COl l i J o r f a e d es l r e za e x t r a o r d lH d r
l l l l l fa ta t O i l i c o d e s p e r ta d a n g i d f z , s a i c o r f C I1 d o p e / a s m a s
p lj a ll i a d u m l l t e I r e s h o r a s e f i - n a l m e l 1 t e C ( I I e p m ~m je ce d ei l a do f i
c a ta li p ti f o n a sm je la . O s IIIOVilllfl1ios s a o J r e q i i e l' 1 I " f 1 ll e ll le c x e
COlli [11M eHOr1l1f I O f £ a e q l l ( l s e s e l l i p re w o% e m g r u p o s 1III
d e ~ l1 e c e ss d ri o$ . ( . . . J P l I I " e C E q u e d e s p e r d m J 1 1 ! 0 f O l 1 1 r o i e d a lI Ie d
/ > o d e r d e SC!ISlI1ol'illlfl1105
A catatonia e rararnente observada hoje em di
parte do m edo e da pe rp lex id ad e in spira dos pe las p
com doenca m ental talvez tenha se orig inado dessas
e imprev is fve i s rransformacoes,
Podemos pensa rem c ata to n i a, p ark i n so ni srn o e s fn
de Tourettc, alem da depressao m an fa ea , c om o t ranst
" bipolares" T od os eles, para u sar 0 term o fran ces d o
XIX , sa o rrans tom os de du as form as, q ue p od em osci
c on tin en tem en te, en tre as du as f aces d e lano, A poss ib i
de qualquer estado neu tro , nao-polar izado , de "normal-
e tao re du zid a n esse s c ase s q ue p re cis arn os i m ag i n ar a d
com l ima supe rl fc ie em form a de haltere ou am pulheta,
apenas u rn pequ en o pescoc;o ou istmo d e n eu tra lid ad e
as duas exrr ernidades.
Em neuro log ia e com um falar de "def icits" - a fa
urna fun<;ao h sio lo gic a (e ta lv ez p sic olo gic a ) POl' um
no cerebro. A s lesoes n o c orte x tendern a produzir d
"simples", como a perda da visao colorida Oll da capa
de reconhecer letras ou numeros. Em contraste, as
nos sistem as reg ulat6 rios do subc6rtex - que con
rnovimento, ritmo, emocao, apetite, nfvel de consc
etc. - m iriam 0 controle e a estabilidade, de m aneira
pac ienres perdem a base normal de elas t ic idade , 0rneio
po, e p od em e nta o se r la nca dos sem d ef es a, c omo ta nt
de u rnextrerno ao outro.
A e se ri to ra b ri ta ni ca D oris L essing certa vez es
sobre a situ a< ;a o d os rneus p ac ie nte s p cs -e nc ef alf tic os
nos faz cientes do n o d e n avalh a sobre 0 qual viverno
saude, na o vivemos nurn n o cia navalha, m as em u rn am
e sta ve l a ss en to d a n orm alid ad e. F isiolog ic am e nte , a n o
d ad e n eu ra l re fle te um b ala nc e e ntre os s iste m as e xc i t a t
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i nib it6 rio s d o c ere bro , b ala nc o e ss e q ue , n a a us en cia d e d ro ga s
a u le soe s, p ossu i u m a in erf ve l la titu de e elasticidade,
C om o sere s hum anos, te rnos velocidades de m ovirnen to
relativamente constanres e caracterfsncas, e m bora a lg um a s
pessoas sejam u rn pou co rn ais rapidas a u vaga ro sa s, e p os sa rn
e xistir va ria co es e m n ossos n ive is d e e ne rg ia e c om p ro m eri-
m e nto d ura nte 0 d ia . S om os rna is an imados, rnoverno-nos
l im pouco mais rapido, vivernos em rnaiorvelocidade quan-
do jovens, desacele ram os u rn pou co, pe lo m enos em te rm os
de m ovirnen to corporal e tem po de reacao conform e enve-
lhecemos Mas a ampl i tude de tod as e ssa s ve locida de s, p elo
menos n as p es so as comuns , so b c irc un sta nc ia s n orm a is , eb e rn lim ita d a. N ao ha dilerenca tao g rande no tem po de
re ac ao e ntre a velho e 0jovem, ou entre os m elhores atle tas
do m undo e 0m ais seden tario de nos. Parece ser tarnbem
esse 0caso corn as operacoes rnentais b as ic as - a v eloc id ad e
m axim a com que um a pessoa e capaz de realiz ar um a seried e c alc ulos, re con he cirn en tos e a ss oc ia co es visuals etc . O s
deslu rnbran tes desernpenhos dos m estres de xadrez , dos
miis icos qu e i rn provisa rn e de outros v irtu os os p od em te r
m enos a ver com a velocidade neu ral basica e m ais com a
vasta am plitude de c on hecim en to, pad roes m ern oriz ad os,
es tra teg ias e aptidoes m crivelm en te sof is tic adas a s quais
e le s p od er n recorrer.
A i nd a a ssim , e xis te rn a lg un s que p are ce m a tin gir ve lo-
cidades de pensam ento cuase sobre-humanas t publicoe not6rio qu e 0 f f s ico arnerlcano R o be rt O p pe nh eim e r
cornpreendia 0 cerne e as im plicacoes das ideias de seusjovens coleg as em seg undos e 0$ i nte rromp ia , amp li an do
esses ra c io cf n io s q ua se ta o ra pi do q ua nto des a bria m a b oc a.
P ra ti cam en te to da s a s p es so as q ue ti ve ss ern o uv id o 0 f il6sofo
e historiador britanico I sa ia h B erlin p rof erir d e im p rovise
s eu d is c urs o t or re nc ia lrn en te r a pid o , ernpilhando u rn a id e ia
sobre a ou tra , erg uendo estru tu ras m enrais g ig an tescas que
evolu iarn e se d iss olvi arn d ia nte dos olhos, sen t jam que
estavam dianre de urn assornbroso fenom eno m ental. E
isso e ig ualm ente verdadeiro para um g enio eorn ico com o
o a ro r am eric an a Robin W illia m s, c ujos voos d e a ssoc ia ca o
e d e f ala s e sp iri tu os as , e xp lo siv as e i nc an de sc en re s p are ce rnd ec ola re a r re m e te r a ve loc td ad es d e f og ue re . A q ui, c on tu do,
estam os supostarnen te lidando nao com as velocidades de
neuronios individuais e c ir cu it os s imp le s, mas com redes
n eu ra is d e o rd em b ern s up erio r, q ue s up era rn a c omp le xid ad e
do s ma io re s s uper co rn pu tad or es .
A i nd a a ss im , n os , s ere s h um a no s, rnesrno 0m ais veloz de
nos Is omo s li m ita do s em v elo cid ad e p or d ete rm i na nte s n eu ra is
b as lc os , p or celulas com velocidades l imltadas de d isparo e
d e c on du ca o e ntre d if ere nte s n eu roru os e g ru pos n eu ron ais.
E se , de alg um a form a, pudessernos nos acelera r 1 2 au 50
v ez es , p od en arn os n os v el' in te ira rn en te f ora d e s in cro ni a c om
o rnu ndo qu e nos ce rea e nu ma situ ac ;:ao tao biz arra qu an ta a
do narrador do rom ance de W e lls.
Entretanto, p od ern os c om p en sa r as l imi t acdes do nOS$O
c orp o e se ntrd os c om 0u sa d e i ns tru rn en to s d e d iv ers os tip os ,
S oltarnos as arnarras do tem po, com o hzem as com 0espaco
no seculo XV II , e agora ternos a nossa disposicao instrurnen-
tos qu e sa o, de [ato, m icroscopies e tele sccpios tem pora is dee xtra cd in arlo p od er. C o m des pod ern os a ti ng i r 1 q ua tri lh ao
de vezes a acele racao au a desacele racao, d e tal m aneira que
podem os, a nosso bel-prazer, ver por estrobosc6pio a laser
a form acao e d issolucao de lig acoes qufrmcas a velocidade
de femtossegundos ( 1 0 .15 seg undos), au observar, cornpri-
m idas em poucos m inu tes par simula<;ao cornputacional ,
os 1 3 bilh6es de anos da his t6 ria do u niverse , do Big Bang
ate 0 pre sen te ou (a u rna com pre ssao tem poral ainda m aier)
o fu tu ro projetado ate 0 f inal dos tem pos .. Por m eio de tais
m s tru m e nro s, p od emo s amplif ic ar n os sa s p erc ep co es , a urn en -
ta r au diminuir d e f ato a ve loc id ad e a u m g ra u in fin ita rn en tedis tante daquele q ue q ua lq ue r p roc es so v ivo pode ri a alcancar,
D essa m aneira, presos qu e estam os em n0550 p r6 p ri o t empo e
ve loc id ad e, p od ern os , e m n ossa im a gin ac ao, e ntra r e m tod as
as ve loc idades , 0 te m po tod o. © O l iv e r S a c k s m e < :
.",
o AUTOR ";'_,
O LIV ER S AC KS e pro fessor d e neurol.ogia d fnic a d a F ac uld ad e
d e M ed ic ina A lb ert E inste in e professor a djunto d a Univers id ad e
d e Nova York. Escreveu U m an trop61ogo em Marte , Tem po de des-
p e r t a r , e nt re o ut ro s liv ro s, p ub lic a do s no B r a sil p el a C ompa n hia
d a s tetras, A rtigo pub lic ad o na T he N ew Y orke r.
- T radw ;ao de Vera de P aulo A ss is
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Em bora fatores arnbien ta is tenham
g rande in llu enc ia na def lag racao das crises,
e consenso que 0 d is ni rb io te rn f orte ba se
g enetica . estu dos realiz ados em varies paises
revelam q ue m e tad e das porta do re s te rn p elo
rn enos u rn p are nte p ro xim o com TB, e f ilh os
de pessoas com a doenca apresen tam m aior
risco de desenvolve-la, q ua nd o c om p ara dos
com a populacao em g era l.
A A ssociacao Brasilerra de Transtorno
Bipolar, Al iada a In terna tional S ocie ty for
B i po la r D i so rd e r (1580), estim a que no Bra-
s i1 podem exis ti rate 15 m il h oes d e pessoas
corn 0 problem a, de form a m ais ou m enos
pronunciada. C riada em 2005 par psiquia-
tras lig ados a un iversidades e centros de
pesquisa, a instituicao tern 0 objetivo de
in ce ntiva r a in ve stig ac ao, esta bele cer troc as
com entidades internacionais que tarnbern
se dedicarn ao estudo do terna e difundir
informacoes en tre pac ientes, fam f lias e
proh ssion ais d a sa ud e mental . Afina l , com
medicacao e a companhamen t o psicoterapi-
co, 0TB pede ter os sin tom as con trol ad os
e inform acoes a judam a salvar vidas. Para
sa be r rn ais . www.abtb.org.br
WNW. M E N TE C E R E B RO .C OM .B R MENTE&cEREBRO 43
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MAR<;O
WNW. M E N TE C E R E B RO .C OM .B R
o t r a n s t o r n o b ip o l a r a in d a e uma dcenca c e r c a d a d e
p r e c o n c e it o s e 0 d ia g n 6 s t i c o n e m s e m p r e e f a c i l : 0
t r a t a m e n t o d e v e t a n t o p r e v e n i r a s c r i s e s q u a n t ac o n t r o l a r a s sintornas a g u d o s
Antes do en igm a, a ig norancia . A pessoa com
tra nstorn o bipola r (T8) recebe 0 diag n6stico pela
prirneira v e z , em m edia , s6 dez JIlOS ap6s as prirneiras
ten ta tivas de tra tam ento. A ntes d isso, pode conelu ir ou
ser in form ada de que sofre dos mais va ria dos p rob lem as ,
C01110 dependencia de drog as, obesidade. d istrirbios de
carater e de personalidade, transtorno do panico. 0
diag n6strco m ais com um e , c om c erte za , 0 de depressao.
N o case, depressao un ipolar In le liz rnen te , a inda sao
poucos os prof issionais da sauoe qu e con he ce m 0 quadro
su f icien ternen te bem e podern oferecer orien tacao
adequada para d im inu ir a a ng u sri a tan to do pacien te
quan ta de paren tes e am ig os
o TB e traicoeiro os sina is e sin tom as podem ter
im im eras m anitestacces num m esm o pacien te e variar
rnu ito de um a pessoa para ou tra Em g eral, quem sofre
do transtorno tern d if icu ldade em dedicar-se a carreira
prof issional, m anter a produ tividade e 0 equ ilfbrio na
vida afe tiva e cu ltivar relac ionam entos duradouros O s
afe tados pelo d istu rbio nao tern controle do que pensam
ou falam duran te os perfodos de rnanifestacao da doenca
MENTE&cEREBRO 45
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o DIAGN6STICO DADOEN~A MENTAL faz emergir preconceltos e fantasias sobreinternacao e loucura, 0que pede dlflcultar 0 tratarnento
o t ratamento rnedicarnentoso efu ndam ental e com plexo, pois exig e
d u as e st ra te g ia s. a p ro li la xla [p re ve nc ao
das crises) e 0 conrrole dos sin tom as
agudos , 0 acornpanharnen to psico-
16g i co e fundamenta l para urna boa
e vo luc a o a longo pra zo . A b oa n otf ei a
e que a abordagem adequada pode
garanti r Limavida pra tic am en te n orm a 1 .
p rin cip alm e nt e s e a d oe nc a f or d ia gn os -
ticada na fase in icia l, M as qu anto m ais
CONCE I TOS -CHAVE
• Sinais e sintornas do transtorno bipolarpodem ter in urn era s m ars fes tac oe s n umm esm o paciente e varia r de um a pessoapara outra, Emgeral, quem sofre dessadoenca cronlca tern dificuldade para
dedicar-se 11carrelra proflsstonal, manter
a produtividade eo equilibrio na vidaafetiva, nao cultlvando
relacionarnentos duradouros.
• 0 acornpanharnento psicol6gko efundamental para urna boa evolucao alongo prazo, eo tratarnento adequadopode garantir uma vida pratkarnente
normal, principalmente se a d oen ca ford iag nostkad a n a fase ln kla l,
• Quanto rnals cedo e maisprofundamente 0padente e s ua f am i li a
entenderern 0lS , m aie r a chance deconseguir controlar a doenca e tornarsuas consequendas rnenos nodvas,E , n esse caso, a lntorrnacao pode serconsiderada parte fundamental dotratamento. 0 uso de medka5ao e
fundamental e exige duas estrategias:a profilaxla (prevencao das crises) e 0
controls dos sintornas aquoos ,
c ed o e m a is p rof un dam en te 0 paciente
e s u a f a rn f li a e n te nde re rn 0TB, m aier a
chance de e on se g ui rc on tro la r a doenca
e tam ar suas consequencias rnenos
nocivas. E , nesse case, a intormacao
p od e ser conside rad a parte fu nda-
m ental do tratamento. E fundamenta l
qu e a s pessoas implicadas na situa<;i:io
s ej ar n i nf ormada s de qu e 0 TB e um a
d oe nc a c ron ic a, com causas biol6gi-
cas (g en€ticas e outras) associadas a
fatores ambientais.
LOUC O, E U?
o diagnostico de doenca m ental faz
e rn erg ir u rn a se rie de preconceitos as"
s oc ia do s a e ss a c on di ca o. in cu ra bi li da -
d e, d es fi gu ra rn en tc d a p ers on ali da de ,
incapacidade de gerir a propria vida,
isolamento forcado da sociedade.
perda da l iberdade e do livrearbftrio .
E ssa im a gem e ta o arra .gada em nossa
c ui tu ra qu e pode ser exem plif icada
pelo m odo estereotipado com o os
m eios de cornurucacao a ap resen tam,
p ri nc ip alrn en re n as n ov ela s . .P ers on a"
g ens que sofrem de doenca m ental
podern ser divid idos. de fonna g eral,
ern d ois tip os . as do prim eiro g rupo
sao os que nascerarn ou s ern p re f oram
" loucos" , em geral s a o " b on z in h os " e,
ocasionalmente. podem ter percep-
Os sinais e sintom
podem ter imime
manifestacoes
num mesrnopaciente e variar
muito de uma
pessoa para outra
~oes inteligenres (au at e geniais)
do segundo tipo sa o viloes e po
te r td~s destines padron izados. n
nal, adm itern a culpae se retratam,
presos, ou, quando a maldade e ex
siva , R c am lou cos e sa o t raneados
manicomios "pelo resto d a v id a" .
clare, por esse padrao, qu e a pior
e te r L im a d oen ca mental , a lou cu
irre verstvel e a pessoa lou ca seria
principio, m a o A irnagern do do
mental como alg uern d esprez tvel
co m que m uitos a inda hoje rea
de rnaneira exaltada, e a te raiv
quando se sugere que consu
urn ps iqu ia tra - ou u rn psicolog o.
r e spost a ma i s c omu rn e : " Eu? M as
sou louco!".
E c orn pre en sf ve l, porta nto ,
lrequen tem en te se ja quest ionado
sta tus de doenca m ental do transto
bipolar. Annal , 0 paeiente aprese
reacoes exacerbadas com uns, que
pessoa sau davel tarnbem poderia
Q ualquer u rn e capaz , pa r exern
d e re ag ir (0111 raiva d ian te d e f ru
<;6es all injusticas Porern, 0 paci
bipolar pode se deprim ir au R ea
cessivarnente agressivo. Mui ta g
tarnbern ja gasrou urn poueo rnai
dinheiro do que pretendia, ou
am uada par ter reeebido lim a no
ruim. M as a pessoa com TB val a
g asta en orrnes qu antias se m nenh
planeja rnen to, a p on to d e e nv olv e
em dfvidas para adqu irir produ tos
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qu a is nao necessi ta ou , ao receber u ma
notfcia desag radavel, R ca de carna.
M as com o reacoes exacerbadas
podem dist inguir urna pessoa com
transtorno bipolar? N ao s eria a pe na s
uma reacao peculiar de cada indi-v fd uo , p ura m en te ps icologica , sem
resu ltar de alg um a lesao ou falha no
hm cion am en to c ere bra l? A t ualm en te ,
a O r ga ni za ca o M undial da Sa ude
( OMS ) reconhece 0 transtorno bipo-
lar com o doenca, Para ser concebido
assirn, e precise qu e 0 quadro renha
c au sa s org an ic as b ern e sta be le cid as,
su a evolucao no tem po e i rnplicacoes
f fs ic as d ev ern s er c on h ec id a s, bern
com o as possibilidades de tra tarnentodes sin tornas. A maior dif iculdade,
porern, e def inir seu s lim ites, que
dependem de aval iacoes cllnicas
baseadas ern sintom as e sinais, um a
vez que n50 ha ainda exam es labo-
ratoriais qu e possam dar 0 d i agnos-
rico deB nitivo d e transtorno bipolar
A principal caracterfs t ica do TB
e a instabi I idade de varias fun~6es
cerebrais, qu e podem ser percebidas
na alteracao do hum or, variando datr i s teza profunda 1 1 alegr ia excessive .
transparecendo na ansiedade e irrita-
bilidade qu e ern POllCO tem po podem
se converter em ap a ria. Essas variacces
aparecem associadas a instabilidade do
Iu ncionarnento do cerebro, tanto no
arrnazenarnen to de inform acces (m e-
moria) com o no controle d a a re nc ao
( d is tr ac ao exces s iv e ).
E possfve l haver va r i a cao do
pessirnismo exagerado 2 1 0 otimismo
inco n trol avel, eave loc idad e do pen-
sa m en to pode aum en ta r ou di m i nu i r_
A lreracoes no sono e no apetite,
tanto para excesso com o para falta ,
tarnbern sa o comuns Nessas situa-
r;6 es, s iste m as h orm o na is c ostu rn arn
flca I' desorg a n izados, re A e ti n do urn
ritm o biolog ico ca6 tico ou ciclrco,
e, nao rare . 0 pacien re troca 0 di a
pela noite . O bserva-se rarnbern d i-
m inu icao ou aum ento excessive de
I NW I N .M EN TE C EREBRO .C OM .BR
ALTERA~6ES. -
TIP ICAS DO TRANSTORNO-
PRINCIPAlS FUNc:;:6ESAlTERADAS EXEMPLOS DAS AlTERAc:;:6ES
OBSERVAvEIS
Ritmos biol6gkos Sono, apetite, horm6nios etc.
Atividade motora corporal Agit1l.t;:a.o/Ientid ao
Atent;:ao, concentracao,
Atlvldade cognitivamem6ria, exageros dos
pensamentos, pesslrnlsmo,
otlrnismo, perda do prazer etc.
HumorTr ls teza, eutoria, irritabil ldade,
ansiedade etc.
energia . 0rn esrn 0 ocorre em re la\50
a capac idade de se ntir p ra ze r, 0 mars
curioso e que a mudan c a pode se dar
em poucas horas, ou em poucos d ias
- e as vezes durer sernanas, rneses au
at e anos. Port an to , e xis te rn p ac ie nt es
que sao bipolares e hcarn longos
perfodos em u rn m esrno esrado, qu ee g e ra lm e nte d ep re ss iv e,
Nesses cases, quando se exarnina
urn m em ento qualquer da vida desse
pa cie nte , a im pressao que se tern e de
qu e nao ex iste in stabilidade, e rnbora
ela possa ter ocorrido no passado ou
simplesm ente ter sido representada
por urna iin ica mudanca, do estad o
considerado n orm a l p ara 0depressive
Sur ge af u ma quesrao. se a rnstabi I idade
e a c ara cte rf stic a c en tra l d o rranstorno
b ip ol ar, a s p es so as s a ud a ve is d e ve ri ar n,
e nt ao , se r e st av eis , s em g ra nd es e xp re s-
sees de tristeza au a leg na> E ssa perg u n-
ta le va a u rn a re fle xa o i nt ere ss an te .
o corpo humano possui sis temas
de ccn trole qu e im ped ern qu e as varias
luncoes f iquern excessivarnente fora
dos c harnados param etros m fn irnos
- no que se refere , por exem plo, a
horas de sono ou a niveis de ativida-
de ff sica e mental. A va ri abi li d ade e
fundam ental para que 0 se r hurnano
se adapte a siruacoes am bientais qu e
m udam com frequencia e exigem
acornodacoes como, evenrualmente,
dorrnir mais tarde para participar
de urn evento social ou terrninar de
redigir urn arrigo.
N o org an ism o do pacien te comtranstorno bipolar esses sistem as de
controle funcionam de form a ina-
dequada, 0 qu e perrnite " escapes" e
acarreta d es co ntro le s, a ca ba nd o po r
d es org an iz ar o utra s runc;6es corporals .
As p es so as con si d era da s s au dave is cos-
t umam a pre se nt ar p eq ue na s v ari a< ;6 es
n as h Jn ~6 es c orp ora is, q ue se a da pta m
a s ex igenc ies d o a rn bie nte , e nq ua nto
os pacienres b ipola res a p resen ta rn
g ran d es alteracces, qu e se tornamincompatfveis com as acontecimentos
externos. Portanto, e completarnenteaceiravel (e ate urn sinal de sa tide
m ental) que se sinram , reconhecam e
expressern aleg ria e tristez a, em g rau s
v ari ad os , d es de q ue e ss es s en ti m en to s,
de tlag rados por latores exte rnos au
su bjerivos, se apliqu ern ao contexte
- e tenham intensidade compatfvel 1 1
siruacao. N o caso dos pacientes com
tran storno bipolar, qu anta m ais as f un -
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MENTE&cEREBRO 47
,
TRISTEZA NORMALOU PATOLOGICA
TRISTEZA NORMALTRI.STEZA
PATOL6cICA
Dura~iio Breve Prolongada
F orte e comIntensidade e
Leve e sern prejulzo prejulzo dasprejuizo atividades
habltuals
C ornparavel comMulto maior e
QuaHdade diferente das
da tristezaas expertenclas
experlenclasanted ores
anteriores
coes que re g ula rn o s e st ad os de humor
e stive re rn d es org an iz ed as , m a is g ra ve
e rn ais c om p le xo 0 quadro cl in ico se
apresenta ( V E r l l l w d r o P d g _ 47) .
E xisrern duas denorm nacoes u ti-
l izadas para 0 disnirbio. rranstorno
af etivo b ipolar e tra nstorn o bip ola r d o
hum or, esre u lnrno considerado atu -
a lmente 0 term o m ais adequado E ssa
diferenca de nom enclatu ra se da po r
causa dos concertos d e a } e t o e hllll/Of!
qu e sao t ecnicamente diierentes De
rn a n ei ra s imp le s ! 0 prim eiro se ref ere
a s e rnoc ces qu e s u rg e rn r ap id amen te
diante da alteracao de u ma situ a< ;ao
especihca - C01110 0 sen tim ento de
aleg ria qu and o se ganha urn presenre,
tristeza 210 saber que fai m al m r m a
prova, i rr it a< ; ao no memento em qu e
o tim e adversario faz u rn gol nurna
fm al de carnpeonaro ou m edo quan-
do alg um a dor surg e de repente e se
p en sa n a p oss ib ilid ad e de ser vf rim a
de l ima doenca g rave. ja / m m o r e s se
re ferern a esrados ernocionais m ais
prolong ados, que du rarn horas, elias
ou sem anas, e podem inA uenciar a
form a de pensar e ag ir do individu o.
U rn exernplo seria 0 humor depressi-
vo. E ntre ou tras rn aru lesta co es, pe de -
m as pensar nesse quadro da seguinte
forma, sern motivo aparen te , a pessoa
ac ord a va rie s d ia s se gu id os d esan im a-
da. como se a tristeza Fosse 0 pano
de fu ndo de su a vida; as im pressoes a
se u pr6prio respeito se rorna rn mais
neg a tives e c riticas , ou e la acred ita
qu e os coleg as ou paren tes a avaliam
de modo negative, depreciativo.
o c on ce ito d e " rra ns ro rn o b ip ola r! '
e centrado nas alteracoes do hum or
- urn de seus p61 0 s e 0h umo r d ep re s-
sivo e ou tro, 0 e ulo ri co . E n rr et an to ,
nao e s6 0 hum or que Bca alrerado
no transtorno b ip ola r. lv lu ita s o utra s
funcoes cerebrais e extracerebrais so-
hem rn ud an ca s, c om o a s re la cion ad as
a os ritm os biolog tcos, a o c on rrole d os
TENG CHEI TUNG e pslquiatre, coordenador d o servico de pronto-atendimento e
de interconsultas do Instituto de PSiquiatria do Hospital das Cl fnicas da Faculdade deMedic ina da Un i v er si da d e d e S ao Paulo ( FMUSP ) e in teqran te do C ru po de D oen cas
Afe t iva s (Cruda ) do r nesmo inst it u te . E autor de P s ic o fa rm a c o /o g ia a p /i ca d a ( A t he ne u ) ec o-a uto r d e S uic fd io - E s tu do s fun d am e n ta is (5e9 ment a Farma), entre outros livros. Este
artigo foi adaptado do livre Enigma b ipo la r - Conseouercios, d ia gn 6s U co e tr ota m e nto
d o t ranstorno bipolar , com au to r i l a~ao da M G Ed i to res .
rnovimentoscorporais (com predo
n io d e a gita cao ou len rid ao d o c or
das funcoes de m em oria e d e c on c
tracao m ental, da im pulsividade e
desejos e das vontades, inc lusive
prazer, tanto das pequenas coisa
vida (cu idar da casa, h obbies) qu
do desejo sexual. 0 TB seria
bern cornpreend ido com o a doe
das instabilidades, sendo a do hu
a mais perceptfvel.
U rn aspecto m uito bem desc
e sisrerna tiz ado a respe ito d o tr
torno e a def inic;ao das crises,
o u " e pi so di os " de hu mor, qu an
rnuitos si n tom as su rg em , dehn ln
UDl qu ad ro esp ec ff ico R ece ntern
te , vern sen do esru dadas e descr
c om rn ais d etalh es a s c ara cterf sti
que aparecern entre as c rise s! c
remperamentos do tipo irritav
hiperativo, depressive, impuls
e as consequencias no cot-d ia
desse m odo de ser instavel, co
dif iculdades de relacronarnento,
permanecer em um ernprego
manter a rn iz a d es du ra dou r as ,
Embora 0 TB corn porte q
lTO tipos de episod ios patol6 gic
- c a ra c te ri za do s como depress
h ipom aniaco, rnanfaco e m isto
p od e se r c on sid era do, ba sica rn en
u ma doenca depressive, pais a m
ri a dos pac ien tes passa grande p
de sua vida nesse polo da d oen
E xistern , porem , Iorrnas rna is l
de rnan iiestaca o de sse s episc di
n as qu ais se m istu ra m c ara cte rf sti
d a p ropria pe ssoa, pa rec en do com
uma estrurura de b ase , u rn te m pe
rn en to qu e se m an if esta n a infancia
na adolescencia e se confu nde co
" jeito d e se r" d o in divid uo.
F ACE S DA DEP RES SAO
A lem da conotacao patologica,
p ala vra " d ep re ss ao ", em geral , tr
m em 6ria das pessoas as fases ru in
vida . E m alg uns contexros, 0 t e
e usa do de m odo abrangente,
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Qualquerum
pode ter raiva,
mas quem sotre
do transtorno sedeprirne ou fica
muito agressivo
sem razao
analogia com os perfodos de crise
econornica. Tambern se tarnal! co-
mum usafa palavra como
sinonirno
de tristez a, desespero ou a n gustia .
A depressao costum e ser deflagrada
par um a perda significative como a
morte de u rn e nte q ue ri do , a perda do
e rn preg o, u m a d esilu sao arn orosa, au
mesmo nurna fase da vida altamente
estressante par causa do trabalho au
de problemas familia res Estimat.ivas
da OM S a apontam como a d oen ca
psiqu ratrlca rn ais diagnosticada atual-
mente, ocupando 0quarto lugar entre
os principais problemas de saddedo
Ocidente, 56 no Brasil se estima que
aproximadarnente 10 rnilhoes de
p essoa s sof re rn d e depressao
o fato e que, do ponto de vista
c lf nic o, a d ep re ss ao aieta a forma de
a in divid uo pensar, agir e ser e deve
s er e nc ara d a como um problema de
saiide que afeta n50 s6 0 cerebro e
a estado psicoJ6gico, m a s ta rn be rn
praticamente todo 0 organismo ( v e r
q u a d ro r i a p a g , 50).
A tristeza, caracterfstica Irequente
da depressao, e lima expenencia uni-
versal. E uma emocao experimentada
de rnaneira n e ga ti va , d e sa g ra da ve l,
que , do ponte de ' vista evolutivo,
parece servir, como urn "aprendizado",
para que, no intuito de nao revive-Ia,
o indivfduo evite situacoes desag ra-
daveis no futuro. Em termos gerais,
podernos pensar que, se u rn aluno tira
WWW.MENTECEREBRO .COM .BR
PERSONA LID A D E OU DOEN<;A ?
Qual a fronteira entre a normal e 0 patol6gico? Afinal, os limites do
TB sao difusos, 0 que evoca uma pergunta lnevltavel: ate que ponto 0
comportamento de uma pessoa pode ser atribuido 11personalidade au
a uma doenca? Para entender melhor, e necessaria considerar a per-
sonalidade como urn conjunto de aspectos psfquicos que caracterizam
urn indivfduo, diferenciando-o dos demais, podendo ser dividida em
dais componentes prlncipals: 0 temperamento e 0 ca ro t e r . 0 tempera-
mento refere-se as caracterlstlcas de cornportamento mais estavels,
presentes desde a primeira tntancla e mais fortemente associadas
a fatores geneticos. 0 carater e 0 embasamento moral, vinculado a
influencias culturaise socials. A personalidade depende, portanto, de
lnfluenclas socioculturais sobre a base das caracterfsticas pessoals,
Sendo asslrn, pode ser mudada. Dessa maneira, urna doenca pode
alterar 0 comportamento de uma pessoa, mudando a forma como ela
reage aos estfmulos ambientais. Ate por que, em geral, os pacientes
bipolares tern sintomas leves do TB desde a inHincia que interferem
e moldam parcialmente sua forma de se relacionar consigo mesmos
e com os outros. Muitos deles percebiam desde cedo a desaprovacao
alheia e crescerarn se culpando peJa forma como agiam,_sem conseguir
muda-Ia. Mas e a dificuldade de aceitar que h a urn transtorno - que
pode ser tratado - eo maior problema.
Especialistas reconhecem que oslimites sao difusose acreditam
que ha uma grada~ao de intensidades. Parte grande da populacao tem
tendencies 11patologia, ernbora com pOU(QSsintomas e raros prejulzos,
e apenas eventualmente poderiam desenvolver quadros rnals graves e
necessitar de tratarnento. 0 ideal seria saber quais genes e sltuacces
estressantes podem indicar se uma pessoa vai ter a doenca ou nao. Mas,
por enquanto, a ciencla nao tem essas respostas. 0 melhor criterlo para
diferenciar 0 normal do patol6gico, portanto, e avaliar se os slntornas
trazem sofrlmentos e problemas em areas lmportantes da vida.
MENTE&c EREBRO 49
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SOB 0 PR ISM A DA VAR I A~AO
Na AntigUidade, Hip6crates ja descrevia a melancolla
(usando a palavra como sin6nimo de depressao) e a mania,
mas nao propunha a uniao entre os dois quadros. Segundoe le , a s v a ri ac o es resultavam de desequilibrlos dos l iquldos
do corpo, os charnados hurnores, por tsso poderiam ter
mudancas cidlcas, assocladas a alteracoes de estados
emodonais. Essa teoria perdurou ate surgirem algumas
descricoes de quadros cidlcos do humor; no seculo XIX, su-
gerindo que seriam forrnas distintas para uma mesma. do-
en~a. No seculo passado,
EmilKraepelin separou as
demenclas precoces (que
viriam a ser charnadas de
esqulzofrenias) das psko-ses rnanfaco-depresslvas
(PMO). Ele defendia que
as PMD consistiam em
um conjunto de doencas
cujos sintomas mais pro-
eminentes eram as varia-
~6es do humor. Nao eram
feitas dlstincoes entre as
pessoas que tlvessern s6
depressao e aquelas com
mania: todas eram classi-ficadas como pacientes de
PMO. Era como se hou-
vesse dols pol os: paden-
tes com depressao pura
e mania pura, e no meio
ficaria a maioria deles,
com porcoes variadas de
depressao ou mania.
Na decade de 50,
surgiu a tendencia de
separar os que tivessem
mania e deprsssao da-
queles s6 com depres-
sao, chamando os primeiros de bipolares e os ultirnos
de unipolares.Estudos mostraram que pacientescom
depressso unipolar tinharn ma ts pessoas da familia com
quadros depressives, e os bipolares tinham maior nurnero
de parentes com 0mesmo transtorno que eles, A mania
unipolar foi entao integrada no conceito de "transtorno
bipolar". Uma subdivlsao dos pacientes bipolares tam-
bern ganhou forca, na forma de bipolares tlpo l (rna-
nias e depressoes) e tipo II (hipomanias e depressoes).
Nos pacientes bipolares do tipo II" mais de 95% de
tempo de doenca corresponde a fase depressiva, portan-to, 0 tipo II basicamente e uma doenca depressiva com
algumas pouca s c a ra c te r is tl c as do TB . Com essa distin~ao
unipolar/bipolar, novas estudos foram feitos e observou-se
que, para cada paciente bipolar, exlsttarn 20 depressives
unipolares. Mas logo foi constatado que a rnaioria do
padentes bipolares apresentava, inidalmente, episodlos
depressives, 0. que confun.
dia 0diagn6stico. E cerca de
20% do total de unlpolares
acabava evoluindo para
quadros bipolares,A classlflcacao unipo-
lar/bipolar acabou se tor
nando oficial, tanto na
declma edlcao do C6digo
Internacional de Doencas ,
C I 0-1 0, quanta no OSM-IV
o conceito de "depressao
unipolar", tambem descrita
como "depressao maior",
acabou popularizando
fadlitando 0diagn6stko ddepressao, que cornecou
ser feito cada vez mats por
medicos de outras especia-
lidades, outros profissionais
da saude,
Hoje , otermo "espectro
bipolar" esta ganhando
espafo nos meios cientffkos
e e cada vez rnais veiculado
na midia. 0nome lembra
tantasmas au pesadelos,
mas tarnbern define uma
das principais caracterfs tlcas
do dlstiirblo: a varia~o de estados, A palavra e usada
nesse sentido para definit, par exempJo, a qarna de ralo
de lu z como no area-iris ou no reflexo da lu z num pr i sma .
Deacordo com esse conceito, 0espectro bipolar se refere
a 9ama de apresentacoes dfnicas da doenca, que podem
ir de urn polo a outro, da depressao unipolar pura para
depressao com epis6dios de hipomanla, depressao com
mania, ate 1 1 mania pura,
50 MENTE&cEREBRO MAR<; :OZQ
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u ma n ota baixa na escola . a tristeza de
passar por essa situacao, associada ao
Iracasso, 0 le va ri a a re av ali ar s ua forma
de estudo, para que na o recebesse ava-
lia< ;ao ru im n ovarn ente . S eg und o ta l
te ori a, a tri st ez a d ella g ra 0movimentointrospectivo, as pessoas se isolarn
um pouco do rnundo externo " reco-
lhendo-se" para re f le tir sobre com o
a s iru ac a o desagradavel aconteceu
e com o s eri a pos sf ve l p roc ed er p ara
qu e nfio voltasse a oeorrer. Dessa rna-
neira , a tris teza aju daria n o p ro ee ss o
de am ad urec im en to, n os preparan do
para enfrenrar m elh or lim a vida qu e
e , por natureza , reple te de perdas e
[rustracces inevitaveis.E la pod e su rg ir no dla-a-dia, como
resultado de alg o ru im qu e ocorreu , ou
quando l er nb ra n ca s de I ato s p as sa dos a
provocam. Em g eral, n esse s c as os , t em
pequena in te nstd ad e e c urta du racao ,
o e stad o rn ais in siste nte , c ha m ad o d e
h W l 1 0 r a c p r e ss io o Icon tarn ina a percepcao
d o qu e se passa n aqu ele perfodo. L Im a
situ a< ;a o h ab itu al d o c otid ia no. com o
ver u ma cria nca pedindo e srn ola n um a
e squ in a, p od e se r p erc eb id a d e m a ne i-fa ma is a ng u stia nte s e 0 ind iv i d uo esn-
vercom a hu mor depressivo, ao passo
que , em outro m om en ta , essa m esm a
s it ua ~a o c au s ar ia m a l- es ta r p as sa g ei ro ,
indiferenca, Oll ate raiva
o h um or d epre ssive , g era lm e nte
assoc iado a u ma perda , cosru ma apa-
reeer vin cu la do a u rn m a l-este r f fsico,
com o urn resf riado Oll com a F ase
pre-m en stru al. M u iras vez es pode vir
C om sen sacoes f f sicas, com o inqu ie-ta ca o, a n si ed ad e , vontade d e c ho ra r,
sensacao ang ustian te de pressao ou de
peso n o peito.
M as ate que pon to esse sen ti-
m ente pode ser considerado norm al.
e quando passa a ser pa tolog ico,
ou seja, ser sintoma de depressaoz
Em bora nao se ja um en teric m u ito
precise, e possfvellevar em con ta seu
tem po de duracao. A rristez a torna-
s e p re o cup ant e, POl' exern plo, se ela
\NWW.MENTECEREBRO.(OM.BR
predom inar em g rande parte do dra
do pacien te , ou S f: oc orrer n a m a ioria
d os d ia s. S u a in re ns id ad e e urn entericbem POlICO p re cis e, p ois c ad a urn tern
a su a p rop ria " m ed id a" p ara a va lia -la ,
eo que e in tense para u rn seria qua-
se irnperceptfvel para outre Alern
disso, ela po de v aria r d e a co rd o com
a m em en to do dia, podendo, assirn ,
dls torcer a percepcao de in tens idade
U m a pessoa que recebe urna noticia
ruim pode senrir um a ang usria pro-
fu nda , qu e dura alguns m inu tes, e se
l e m brar d e ter tid o u rn d ia rn u i to tris te .
J & ou tra , q ue se nte rriste za rn od era da
todos as e li a s, q u a se 0 tem po todo,
p od e c on sid era r e sse d ia n orm a l, ig ua l
,10 an terior ou ao d a sern ana passada ,em qu e rarn bern estava triste
POI-ern, quando a con re ce d e a pes-
soa nc a r c hor ando, [requenternente,
por motives que aparenremente nao
se justi R e am , OLi qua ndo s en te a ng u s.
tia, numa in te nsid ad e d if fcil de se r
A S D O E N < ;A S A F E T IV A S
Definir,;ao e feita peto: i ipos de epis6dios patol6gicos:
• TRANSTORNO DEPRESSIVODE EPISODIO LlNICO: apenas uma
manjfestacao depress iva em toda a vida.
• TRANSTORNO DEPRESSIVORECORRENTE:dois ou mais eplsodlos
depressives.
• TRANSTQRNO AFETIVQ BIPOLAR OU TRANSTORNO BIPOLAR DO
HUMOR: pelo menos dois episodios afetivos, sendo ao menos u rn
euf6rico (man i a OU, se mai s leve, hlpomania) ou rnlsto.
• DISTIMIA: slntomas depressives leves (tres) par pelo menos 2 anos.
• CIClOTIMIA: alternanda entre slntomas depressives e eutorlcos leves,
por pelo menos 2 anos.
NO FllME Mr. Jones, de 1993, Richard Gere vive personaqern com a.patologia
MENTE&cEREBRO 51
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E STA B ILIZA DORES D E HUMOR E PSICOTERAPIA
Medicamentos sao crueiais no trata-
mento do transtorno bipolar para dimi-
nui~ao daintensidade e do mirnero deeplsodlos do disturbio. A necessidade
dessa terapeutica pode ser justlflcada
pela forte carqa genetica e bioloqlca da
doenca. Afinal, genes e lesoes cerebrais
nao podem ser curados, mas e possfvel
controlar dlsfuncoes. 0 uso correto de
estabilizadores como 0 carbonate de
litlo, por exemplo, tende a diminuir
em ate sete vezes a mortalidade (par
suiddlo, aeidentes e doencas decor-
rentes dedlstiirblos lrnunoloqlcos
doorganismo) de paeientes bipolares, Os
estabilizadores do humor devem ser
introduzidos ji i no infeiodo tratamento
e estar presentes em grande parte do
tempo e so podem ser alterados au
retirados se houver, daramente, pre-
jufzos importantes reladonados a eles.
A medicacao deve ser pres
tambern para diminuir a instabi
de de funcoes psfqukas e corp- como 0 sono e 0 apetlte. Ess
rapeutlca baslca precisa ser ava
como estrateqla de longo pr
uma vez que seus resultados sur
mais daramente em meses ou at
anos. Durante as fases agudas, m
vezes sao utiJizados antidepressiv
au antlpslcotlcos e benzodiazeplnl
nas fases manfacas e rnistas,
Mas a farmacologia tern li
c;oes. Mesmo os sintomas resid
entre as fases, nem sempre
passfvels de total controte. A
dlsso, faz parte do quadro cl
do paciente nao acreditar que
algum problema. Justamente
isso, a psicoterapia - embora p
so nao seja suficiente - tern p
tolerada, a lg a que clararnente alete
seu cotid iano, essa tristez a pode serc on sld era da e xc es siv a, Em geral, as
pesscas tern m ars d if icu ldade para
diterenciar a tristeza cham ada nor-
m al de sua m anifestacao patol6g ica
( tip ica da depressao) quando ela sur-
g e a p6s u r n e ve n to justi f id ve l, c om o
a perda de urn ente querido, 0 qu e
poderia justiricar plenam ente um a
tristeza mais intensa e duradoura.
E mbora esse tipo de situac;ao acabe
provocan do g rande tristeza na m aio"ria das pessoas, passadas alg um as
sem anas au m eses (dependendo do
c aso ), a te nd en cia e que 0 individuo
re tom e su as a tividades, apesar da d or
da perda e da saudade . Q uando essa
tris te za s e p ro lon ga e , p rin cip alm e n-
te, se a tristeza in terfere na vida do
individu o, provavelm ente se tra ta d e
u rn s in to m a p ato log ic o.
M uitas vezes, a pessoa que sofre
d e tris te za p atolo gic a te m d if ic uld ad e
52 M ENTE& :c EREBRO
de adrnitir qu e esta doente e ju stif ica
su a condicao com argurnentos comodesemprego , solidao, dif icu I da d es
financeiras au a incornpreensao de
pessoas importantes em su a vida, 0
qu e essa pessoa rararnente percebe e.qu e ou tros passam por circunstancias
s irn il are s e p od em re ag ir d e ou tra s rn a-
ne iras - e qu e varias dessas situ acces
podern ser consequencia e nao cau sa
da rne lanco li a.
R IS C OS DA M AN IAo term o " mania" costu ma ser enren-
d ido pelos leig os com o um com por-
tamento j nusitado e repeti tivo. ]a
"rnanfaco" descreve aquele indivfduo
que tem cornportam entos extrem a-
m ente desviados da norm a aceita ,
g era lm en te associad os a pe rversoe s.
Para prof issionais da area da saude ,
porern, 0 term o " m an ia" rep re sen ts
o p6 lo eu f6rJco do transtorno de
hum or. 0 curiosoeque, apesar de
a eu foria excessive ser m uito car
terfstica e eviden te nesses quadrela nem sempre esta presente n
episodic manfaco . Os sintornas m
com uns sao irritabilidade (qu e po
d eri va r p ara a g re ss iv id ad e ocas ion
e hiperatividade. O utros sinrornas
m a nia s ao a d irn in uic ao d a n ec es sid a
d e s on o, a u to -e sti m a re pe nti na rn en
eleva da, f ala ex cess iva , d if ic uld ad
em focar a a tencao e envolvim ent
com atividades prazerosas, pore
perig osas - com o com pras e g asexcessivos, a tos im pulsivos, usa
drog as, indiscricoes e aurnen to
a ti vi da de s ex u al.
o paciente em m ania nao perce
a propria alteracao, tem a im press
de estar extrernam ente bern , co
se vivesse a m elhor fase de su a vi
Para ele, sao os ou tros que tern p
blernas. E m alg uns cases. a pess
n esse e stad o, com ag re sslvid ad e e
pu lsividade exacerbadas, precisa
MAR<; :02
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fundamental para ajudar a pessoa
a se conhecer rnelhor, ficar mais
atenta a sl, aprendendo a reconhecerslntomas. Uma funs;ao importante da
terapia e favorecer 0 cornpromett-
mento do paciente com 0tratamento
farmacol6gico, ja que uma das prin-
clpais causas de crises e 0 abandonode tratamento.
Nas fases agudas da doenca, po-
rem, 0papel do psic61ogo e suportlvo,restrinqe-se ao apoio, com tecnicas
de alfvlo do sofrimento que facilitem
a adesao ao tratamento medicamen-toso, delxando para segundo plano a
necessidade de buscar au dlscutlr sen-
t ld o s p sf q u lc o s para as crises , ja que os
sintomas lntensos do paciente tornam
improdutivo 0 processo terapeutko
mais aprofundado. Ap6s a fase aguda,
se faz necessaria urn perfodo de rea-
bilitas:ao, com foco na "psicoeducao",
Nesse momenta, 0acompanha-
mento psicol6gico costume ser de-clslvo numa tarefa tao difkil quanto
necessaria: a reconstrucao da vida
pessoal apes umepis6dio afetivo, ja
que ap6s uma ocorrencia grave da
doenca e comum que a pessoa se
slnta em ocionalm en te m uito afeta-
da. Ao melhorar, se constata que a
vida profissional e a social podem ter
sido seriamente abaladas e relaciona-
mentos com conjuge, fllhos, amigos
e familia de origem, deterlorados.Nos cases mais graves, e necessa-rio 0 auxllio de um acompanhante
terapeutlco ou de um terapeuta
ocupaclonal que ajude a pessoa a
recobrar habiJidades simples, como
tomar banho sozlnha ou ir ao banco
sacar dinhelro.
proteg ida de si rn esm a , ja que nessa
fase do transtorno pode com eter a tosdos quais se arrependera no fu tu ro ,
da r a n ec es si da de de in re rnacao em
determinadas sltuacoes. E cornurn
qu e, ap6 s 0 termino de um a crise de
mania , a paciente se envergonhe de
s u a s a ti tudes ( v e r q u a d ro a c i J 1 1 C J ) .
A euforia pode ser def inida com o
um a aleg ria excessive e exag erada,
qu e se rn an tern in de pen den tem en te
des acontecirnentos externos, A pes"
soa nesse estado apresen ta otimrsrnoexacerbado e se relaciona com pessoas
com rnu ita fac i l idade, principalmente
qu an do se tra ta d e es tranhos. N as for-
m as mais graves, chega a a cre di ta r q ue
pod e se r famosa . E comurn qu e OCOITam
mudancas subi tas de hum or: quando se
le rn bra , p ore xem plo, d a m orte da mae ,
irrornpe em p ra ntos , para depois de
alg un s m in utos con tin ue r a rir,
A pessoa tenta faz er rn uitas coisas
ao m esm o tem po, tem d ih cu ld ad e
WWW.MENTECEREBRO . COM . BR
para Rear parada, n ao con se gu e se
concenrrar em urna (m ica ativ idad e ese d istrai c om f aC l ltd ad e. A l g un s che-
gam a apresentar i lusoes audit ivas Oll
v is ua ls e m a nit es ta r c omp orta rn en to s
p ara n6 ic os . E s se s s in tom as podern ser
confundidos com os de esquizofrenia,
principalrnente se ocorrem no infcio
d a d oe nc a. T arn be rn ha probabil idade
de surgir crises de an si edade , de pani-
co ( com rnal-estar F i s ic o p ronun c ia do .
su dorese, ta qu ic ard ia, f a t ra de ar,
ve rtig em e rc.) Oll 5i n to rn as o bs es si -vos. N ern todas essas m anifestacoes
aparecem em lan a crise de m an ia, m as
podem difkultar 0 diagnosrico.
Tecnicam ente , a hipom an ia eu rn a fa st de m an ia m a is [eve, com
os m eS lT IO S sintomas, porem menos
intensos e ev ide n res N ap ra rica,
pode ser considerada " mvisfve]" , pols
em geral passa despercebida e pode
s er i nt er pr et ad a como um a fase de
m aior produ tividade no trabalho,
A pessoa em
mania nao nota
alteracoes, tern a
impressao de estarbern, para ela, sao
as outros que tern
problemas
criatividade e socia lizacao. M as ha
U1 l 1 fa to re levan te a h ipom an ia e um
ind icador de qu e a pessoa sofre detra ns to rn o b ip ola r
E STA DO S M IS TO S
O s s in torn as do transtorno bipolar
n em se rn pre se apresentarn em blo-
co, COlT IO tip icos d e depressao ou
rnania/h ipomanla. Cornportarnentos
rnaniacos podeen aparecer no m eio de
U Ine pis 6d io d ep re ssiv e - e v i ce " ve rsa .
Q u an do existe essa " rm stu ra" , 0 reco-
nhecim enro e 0 tra ta rn en ro R c am c on -fu ses, com quadros depressives ern
q ue a a gita ca o e rna rcan te , qu e podem
piorar com a u so d e a nt id ep re ss iv os ,
e m anias com ideias depressives qu e
sa o confund idas com depressao, N o
corneco do seculo XX, 0 psiquiatra
alernao Em il K raepelin, que def iniu
a base do s diagn6st icos psiquiatr icos
atuais, ja tinha descrito um a serie
d e variacoes dos chamados "estados
m istos" . T rara-se de um a form a po-tencial ment e g rave do transtorno,
pais , quando hii mistura d e a gita ciio
e pen sa rn en tos d e morte ternperados
com grandeirnpulstvidade, 0 risco de
ocorrer suicfdio e enorme n0
Enigma bipolar - Consequencias,dhlgnosticos e tratamentos do
transtorno bipolar. Teng Chei Tung.
M G Editores, 2007.
MENTE&cEREBRO 5
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Falta de retina. excesso de estirnulos. ruptura do c t c l o
sono-vlqll ia e prsscr icso muitas vezes indiscrim inada de
antidep ressivos podem antecipar a expressso dos sintomas
manJacos em crtsncas e adolescentes
Apesar da constatacao de que a m aioria dos pacientes
. com 0 tran storno bipolar (TB) m anilesta sinrom as da
doenca ainda na infanda, a form a precoce 0 disturbio foi
f reqU entem ente subd iagnosticada du rante quase todo 0
secu lo XX e 56 ganhou relevancia depois des anos 70. Hoje,
embora sua ocorrencia en tre criancas e adolescentes seja
indiscu tfvel, dtividas e polernicas ainda ceream os fndices
epiderniologicos, as c ara cte rf sti ca s c lt ni ca s. 0 curse da doenca
e os progn6sticos. U m a revisao das pesquisas com as dcencas
afetivas nessa faixa etaria mostra qu e a s m a iore s dificuldades
sao a fa lta de especificacao, a u tiliz ac ao n ao-pa dron iz ad a
de criterios de diagnostico para criancas e a variedade da
populacao estudada
E videncias sugerem que a prevalencia do TB a um e ntou em
geracoes ma is re ce nte s e que isso nao se deve apenas ao rnaior
m im ero de casos diag nosticados.
. E ntretan to, tudo ind ica que esse crescim ento tenha sido
provocado por rnudancas arnbientais falta de retina, acesso
a e sti rn u lo s d u ra nte 24 horas do d ia , maior ruptura d o ciclo
son o-vig ilia e pre scricao d e estirnulantes e a ntid ep re ss ivo s p od ern
antec ipar a expressao dos sintom as m anfacos.
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a usa PRE C aC E de droqas e alcool aqrava os slntornas em pessoas com
predlsposlcso ao disturbio
o uso precoce de alcool e drogas
ag rava os si ntornas do TB e m p ess oa s
predispostas ao disn irb io M as, se ta is
farores podem elevar 0 risco d e d es en -
volver a d oe nc a, tam bem possibilitarn
q ue e srra te g ia s p re ve nt iv es e la ro re s de
p ro te c ao s ej ar na dot ado s
A fa I ta d e d a d o s evo Iu tivos,
porern, im pede qualqu er conclusao
segura a respeito da i nAuenc i a desses
f atores, porqu e 0 aparente au m ento
da taxa de m ania pode ref le tir praticas
diagn6sticas , m udancas dos fatores
da morbidade inerentes a epoca e
disponibilidade da amostra
CONCEITOS-CHAVE
.Amaioria dos adultos com transtorno
bipolar (T8) relata sintomas da doencadesde a lntancla, a aumento recenteda freqi.iE~ndado dlaqncsticc pode serreflexo de mudancas ambientais como
falta de retina, acesso a estimulos,maior ruptura do clclo sono-vlqflla eprescris;ao frequents de estirnufantese antidepresslvos. Alem .dlsso, c uso
rnals precoce de akcol e drogas podeagravar os sintomas ou antecipar 0
desenvolvimento do disturbio.
• a T6 em jovens costuma sernanlfestar, prlrneiro, com urn quadrodepressive. Cerea de urn terce dos
pacientes com 0transtorno de inidoprecoce j ii esteve internado e menos de
35% recebeu educa~ao especial.
56 MENTE& : c EREBRO
A tualrnen te , d iversos aspectos so-
br e 0 transtorno an tes d a f as e a du lta
con tin uarn em discu ssao e a g u ar dam
consenso entre especialistas: os
cnterios de inclusao e e xc lu sa o de
pesquisas sa o po uc o d ef in id os. ha
desn fvel no treinarnento dos pesqui-
sadores de cam po; existe def ic iencia
de in strum en tos de apoio diagnos-
rico e controle de evolucao clfnica,
protocolos de pesquisa nao s50
espec f f i cos e nora-se grande va r i a cao
de prevalericia ek»: inc idencia de TB
na inH incia e na adoles c enc la .
Em relacao ao prirneiro aspecto,
alg uns trabalhos m ostram nao ser
necessario desenvolver urn criterio
especif tco para transtornos afetivos
dos 7 aos 1 6 anos, m as e sabido qu e 0
n ivel de desenvolvim en to psicolog ico
de urna crianca rem pape! irnportante
na expr es sao de s in a is e r nan if e st acoes
c lf nic a s , T amb er n variam com a i d a de
a p revalenc ia , 0 curse cia doenca
re la ca o c orn as transrornos rnani tes
do s n a fase aclulta. A rendencia esejarn estipu lad os criterios u nivers
adaptados para d iagnostico nas d
renres lasesd e d e se nvo lv imen to,
c
sintomas equivalentes ou substitutivo
pa ra c ria nc as e a dole sc en te s.
Variam rnuito a prevalencia
incidencia de TB precoce. A s d
rencas en tre as populacoes esrudad
- criancas da com un idade, pacienr
I ambulatoria is psiquiatricos, pacient
!: ; ambu la tor ia i s p edi at ri cos ou pacien
{ internados, pediatricos ou psiquia
~~:: cos - inlluenciaram os resu ltados.:! >
~ baixas prevalencia e incidencia aQ
variacao de indices tarnbem pcde
decorrer do fato de que as manifes
< ; o e s consideradas excecoes er n a d
tos sao com uns em criancas . Por i
muitos profssionais nern lncluem 0
e ntre a s p os si bi li da de s de diagn6stic
infantil- 0 qu e t errn in a p or d if ic ul
o t ra t ar ne n to .
Para cornplicar, 0 qu e nao ecom um em adultos pode aparec
co m rnais f req0 encia em crianc
estados m istos , c ic los rapidos, p
senca de si n tomas psicot icos, a
taxas de com orbidade e prejuf
psicossocial severo. Criancas c
TB sao com Irequ encia identiflcad
como se t ivessern tran storno d e def
de atenc;ao e hiperatlvidade (TO A H
e a dole s ce n te s com doenca bipo
( ve r a r tig o Ha p a g . 62) s50 rnu ita s ve
confundidos com portadores
t ra ns to rn 0 de personalidade ou
quizojrenia. E s sa d i f ic uJ da de par pa
d es p ro fis si on ai s e cornpreensfvel
L im a vez que sintornas presentes
t ra ns to rn os d is ru pti vo s ( hi pe ra tiv id a
LE E F U - [ e m ed ic a s up erv iso ra d o S ervlc o d e P siq uia tria d a ln ta nc ia e d a A d oles cen
e C o ord en ad ora d o A m bu la t6 rio d e Tra nsto rno .A fe tivo (A lA ) d o lnstituto d e P siq uia
d o Hosp ita l d a s C lin ic a s d a Fa cu ld a d e d e M ed ic ina d a Un ivers id a d e d e Sa o Pa
E ste a rt iqo fo i a da pta do d o livro Transtorno b ipo la r no i n /a ne ia e o d ot es ce n aa , c
au torizacao da S e gmen to Farrna.
MARc; : a z
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Muitos profissionais
nem sequer incluem
o TB entre as
possibilidades dediagn6stico - 0que
termina par dificultar
a tratamento
d e, ag resstvidade e cornportamentos
an ti-sociais) po de m ocorrer em
c ri an c as c om TB A c on fu sa o a um e nta
quando os a dole sc en te s se rn os tra rn
p arti cu la rrn en te e xp lo si ve s Oll de-
sorganizados e con s equent ern en t e
m ais vu lneraveis a ag ressoes f f sicas e
a p roblema s soc ia ls
E comum que 0 TB com infcio
precoce se manifeste primeiro por
u rn qu ad ro d ep re ssive . E n tre crian cas
e adolescentes deprim idos, 20% a
30% podem desenvolver episodios
m an fac os a te em 24 meses s eg u i n te s.
E stu dos da decad a d e 9 0 constararam
qu e g rand es proporcoes d e crian-
cas em tra tam en to par de p re s sa o
desenvolviam sin tornas variados de
TB e [re qu en re s e pisod ios m a nf acos.
S e gundo um a hip6tese polernica,
g rande parte - se nao a m aioria dos
cases de depressao i nfanril - evolu i
para TB . 0 grupo de Rober t L.
§ F in dlin g , d ire to r d a D ivisao de Psi-
l quiatria de Criancas e Adolescentes
ios H os p i ta is Universi tarros de
i levelan d e prof essor assoc iad o de
ie di ar ri a e p si qu ia tr ia da Univers ida-
~ d e C ase W e stern R eserve, investrg ou
iem 200 1 pacientes de 5 a 17 anos~ . . .
iortadores de TB tipo J e o bs e. rv ou
j qu e cerca de rnerade deles ja t inha
~ ti do e pi so dio s depressrvos,
! A F a se d e pre ss iv a d o TB in fa ntil 5e
~ caracreriza par inlcio muiro precoce
.~ ( an tes d os J 3 a nos ), r et ar do psicorno-
PAPEL.DA FAMfllA E FUNDAMENTAL: se os pais n1io compreendem 0problema do
Who, adesao ao tratamento e prejudlcada
tor a ltern ad o c om a gita ca o, sin torn as
psicoticos, reacoes de (hipo)mania
ap6 s u so de anti d epressive , h iper-
sonia e h ip erf a g ia , hisroria lam iliar
p os iti ve p ara t ra n st or no b ipo la r. Essas
caracterfsricas tarnbern sao si n a is
predit ivos e fatores de risco pa ra
posterior a pa re cirn en to d e episodic
man iaco em c rian ca s d ep rim id as
o estad o rn isto depressive e um a
apresenracao comum no TB tipo
II , e os pacientes com sintornas da
h iporn an ia qu e ocorrern d urante u rn
episodic depressive poderiam sugerir
a bipolaridade . C om o os sintornas de
au rnento de atividadee a sensacao de
" e st ar c h ei o de e ne rg ia " m u ita s ve zes
n ao s ao vis tos c omo p re oc u pa n tes, as
episodios de hipornan ia podem nao
constituir uma queixa para 0 paciente
ou ate pas sa r de spe rceb idos.
A depressao que corneca na ado-
lescencia parece con tinuar na vida
adulta, e h a evidencias de transmissao
fam iliar P or ser L im a patolog ia reeo-
n he cid am e n te c fc li ca , s ab e-s e h oje q ue
a depressao de inicio precoce requer
cuidados 0 quanro a nte s, p ara qu e se
e vi tem p re ju f zo s n o d es en vo lv im e n to
e no fu ncionam en to g lobal do jovem
A lg uns pesqu isadores d efendem
a ide ia de que as crraricas com
TB de inicio precoee ja t inham
t emperamento distinto do de seus
pares antes n iesm o d e d es en vo lv er
a doenca, N o estudo publicado em
2001 pelo g rupo de F indling , os pais
descrevem os f ilhos portadores de
TB c omo c ron ic arn en te perturbados
e i rri ta do s nos perfodos de estado
m i sto , h ip orn an ia OU mania , e m ais
irritados do que trisres em perfoda
de depressao. Mani fes tam tarnbern
irritacao, m esm o em m em en tos de
h um o r rn ais e qu ilib ra do.
PERIGODE SUlciDIO
o prohssional da saude m ental que
a ssiste c rian ca s e a dole sc en re s com
TB deve a ten tar para a prese nca
de ideacao su icida duran te todo 0
acom panham ento desses pacien tes.
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aouivoco. adultos muitas vezes desconsiderarn 0diagn6stico de TBeinsistern que os
[ovens sejam tratados com medjca~ao para TDAH visando melhorar rendimento escolar
DUAS
POSSI B I UDADESTB TIPOI - manlfestacao
na qual ocorrem urn ou
mals eplsodlos manlacos OU
mistos. Afeta apenas 1% da
populacao e apresenta fases
de mania plena, que pode
dar lugar a uma profunda
depressao, Nessa forma siio
comuns sintomas psicotlcos.
como delfrios e aluclnacoes.
TS TIPO II - ocorrem urn 010
mais epis6dios depressivos
acompanhados par aomenos uma rnanlfes tacao
de hipomania (fase
maniaca curta e branda).
As depressoes podem ser
profundas, mesmo que
demorern a se menifestar. Os
slntornas sao semelhantes
aos do tipo I, mas prejudicam
m enos a vida da pessoa.
58 MENTE&cEREBRO
E im porranre que se avaliern os [ato-
res de risco. Per exernplo, s intornas
depress ives e hipornanfacos, com
atencao espec ia l nos estados rn istos e
si n r om a s psic oticos, ten ta riv a s pre via s
de su icid io, abuso fisico, ernoc ional
Oll sexual, abuse de substsncias
psrcoativas, g rau de irnpu ls ividade ,
presenc;a de arrnas de fog o em casa e
falta de suporrc fam iliar.
Os pais tambem devem ser orien-
tados quanta aos si n ais que denunciam
um a p os si ve l ideacao s u ic i c ia do s R Ihas
e rem over do alcance da crianca todos
os ag en tes le tais com o arm as , venenos
e medicamentos E devern zelar pelo
uso da m edicacao prescrita , 0 envol-
v imento da famil ia e fundamenta l ,
sobre tu do para evita r a n ao-a dere ncia
ao traramenro. Com 0 surgimento de
irn im eros [arores de risco , torna-se n e-
cessano aval iar a seg uranca de m anter
a crianca ou adolescen te em reg im e de
t ra ramento a rnbul ator ia l.
N os lli tim es anos, lIIl1 crescents
rnimern de criancas e adolescen tes
en tram nas un idades de ernergencia
com diversos quadros de in toxicaca
e ac iden tes, sern que se cog ite tratar
de t en ta riva de su icidio, e m enos ain
qu e portadores de trans tom o do hum
sobrerudo T B. J n f el izm ente, a m a i
das equipes que presta services a es
p ac ie nte s a in da esta d esprep arad a p
a bo rd ar, a va l ia r e c on du zlr os casos
pronto-socorro POLICOS s ao o s h os pi t
com espec ialistas na equ ipe capazes
a va li ar e ss as ocorrencias
A av a Iiacao psiquiarrrca n o p ro nt
socorro jii represents lima i n re rvenc
a crianca ou 0 adolescente e ouvidocom i s so podesenr rr qu e seu pedido
ajuda foi atend ido. E ven tos ag u dos
vida tambern rem tide su a ocorrenc
associada a m anifestacao de u rna se
d e d is tu rbros psiqu iiitricos, prin cipa
men t e d ep re ssa o, rra nsrorn os d e C
du ta, anorexia nervosa , a tos su ic id
abu se de drog as e d if icu ld ad e esco
A nalisandc um a amostra na
clln ica de criancas e adolescen tes,
consratou-se uma relacao de event
rnaiores repenrinos, ocorridos n
perfodo de dois anos , com a rnudan
de comportamento e problemas em
cion ais explic itos , alem de L im a liga<
s ign if ica tiva en tre acontecim entos
negat ivos e rn a ni festacoes de preb
m as e rn oc ion ais e c orn portam en tais.
E stu dos d em on stra m tarnbem ma
incidenc ia g era l de transrornos ps iq
atrlcos n o a r n b i e n te fam iI i ar d e p esso
com problemas rnentais, desvio
pre disposica oa esses qu ad ros.
E ST RE SS OR ES E M S IN ER GIA
Outras pesquisas sug erem que in
racoes dis luncionais na fase in ic ia l
vid a re su lra m e rn p erc ep coe s d istorc id
neg a tives de si mesmo, do m undo
do fu tu ro, que persistiria rn a despei
de novas experiencias , pred ispondo
o ind ivlduo a desenvolver t rans
nos depressives. Def lc iencias
re lac ion am en tos pre coc es re su ltaria
numa rraietona negative na infanc
predispondo a transtornos ernociona
MAR~O 2
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Entre jovens
deprimidos, de
20% a 30% podem
desenvolverepisodios de mania
nos dois anos
seguintes
T IPOS CL iN ICOS
Emdebate promovido pelo InstitutoNacional de Saude Mental dos
Estados Unidos (NIMH) em 2001,
pesquisadores concluiram haver,
na pratica cHnica, dois tipos de
cr lancas descritas como TB : as que
apresentam todos os sintomas e
caracterfsticas exigidos pela quarta
edis:ao do M a nua l d e d ia gn6 stic o e
e sta tistic a d a s p er tu rb oc oe s m e n ta is
DSM-IV para TB tipo I ou tipo II e
as que apresentam apenas algunssintomas de transtorno bipolar,
mas nao os principais - sofrem de
instabilidade cronica de humor
e tern seu funcionamento global
severa mente comprometido.
Por apresentarem somente
alguns sintomas, geralmente
recebem diagn6stico de TB
sem outras e s p e ci fl c a cfi e s .
Em 2003, a pesquisadora
americana Ellen Leibenluft ecolegas sugeriram a deflnlcao de
tres tipos clin icos, clas slticacao
que estii em avaltacao pelo
N IMH a ntes de ser adotad a
como crtter!o de diagn6stico
nos Estados Unidos. Seriam na
realidade quatro tipos, pois 0
chamado intermediiirio tem duas
subdivisoes. Essas classificas:oes,
apesar de quase unanlmes no
meio cientifico, ainda estao em
debate e na~ constam em nenhumcrlterlo oficial de diagn6stico.
o primeiro e 0 bem definido:
cases que preenchem totalmente
os crlterlos de DSM-IV para TB
tipo I, com presen~a obrlqatcrla
de humor euf6rico au exaltado e
mania de grandeza. Os epis6dios
devem ter a dur aceo exigida
pelo DSM-IV, bem como infcio
e fim de cada fase definidos.
Os intetmedituios, geralmen-te, recebem 0 diagn6stico de
(hipo)mania sem outras especi-
flcacoes, segu ndo os crlterlos de
DSM-IV(TB-SOE). Hi! 0 intermedi6-
rio I(combinam sintomas de eufo-
ria e exaltacao ou grandiosidade e
outros slntornas de hipo(mania),
com epis6dios geralmente de
dur acao mals curta que a exi-
gida pelo DSM-IV para crise de
(hipo)mania) e 0 intermedi6rio II
(nao apresentam humor euf6riconem grandiosidade, mas sim au-
mento de irritabilidade e outros
sintomas de (hipo}mania com
duracao prolongada).
o te rceiro tipo e chamado
d esr equ ia oio g ra ve d e humor. Sao
criancas sempre mal-humoradas
ou tristes, que reagem exagera-
damente a estfmulos emocionais e
ambientais. Apresentam tambern
hiperatividade motora, distracao,lnsonia e pensamento acelerado,
com fr equencia aproximada de
tres ou mais explosoes de ralva
por semana num periodo de um
rnes. Costumam ter problemas
de relacionamento com os pais,
irrnaos e colegas, 0 que dificulta
a soclallzacao Nesse tipo, e partedo diagn6stico a hist6ria familiar
positiva de transtorno afetivo.
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IM PORTANTE SA B ER
1. Muitas crlancas com transtorno bipolar (TB) apresentam curso e evolu-
faa do disturblo de forma ldentica ao quadro de transtomo de deficit de
atencao e hiperatividade (TDAH). Se urn caso de TB nao e reconhecido e
e tratado como TDAH, a paclente pode ate rnelhorar inicialmente, pais a
rnedlcacao (rnetllfenidato) controla a impulsividade e a hiperatlvldade par
alguns rneses ou ate par urn ano. Depois, a piora e quase certa.
2 . Por ser menos cornum , os pais e as cuidadores rn ultas vez es d esc on sl-
deram 0diagn6stico de TB e lnsistem para que 0filho seja tratado como
TDAH (metilfenidato) por achar que com lsso poderao obter melhora do
rendimento escolar de forma rnals rapida,
3 . Emalguns casos, nao hc i a l te racao evidente de humor para a mania, e sim
aumento da lrrltabilldade perslstente apos 0usa de medlcacao para TDAH.Quando uma crlanca que sernpre foi inquieta e hlperatlva fica "calma", os
familia res ficam allviados, e rnudancas para fases de humor depressive
podem passar despercebidas. Muitas vezes, nem as profissionais da saude
mental valorlzarn esses relates de mudancas de comportamento.
4. Mudan!;as de humor ao longo de um mesmo dia podem ser comuns.
Os pais e educadores nem sempre notarn a alternancia entre fases de
emocao. lnformacoes sobre a doenca sao lrnportantes porque ajudam na
ldentificacao dos slntomas e auxiliam a controle do TB.
5. Em sl tuacoes em que e d if f dl v ls u all za r 0 quadro dfnico principal, em
decorrencla da interferencla de diferentes lnterpretacoes sobre os slntomas
e os slnals do paclente par parte dos culdadores e do resultado de interven-
~5es medicamentosas anterlores, aconselha-se a realizacao de novo diag-
nostlco, feito de forma imparcial, com coleta de lnformacoes de mtiltlplas
fontes e observacao do paciente (usando pouca au nenhuma rnedlcacao,
em ambiente protegido para reorganizar 0 esquema terapeutlco).
6. Secriancas, adolescentes e seus pais nao compreendem 0problema e nao
se comprometem com a terapia, a adesao ao tratarnento medkamentoso
tarnbern costurna ser baixa,
7. 0 uso de antldepresslvos em crlancas e adolescentes com TB deve ser
evitado, sempre que possfvel,
60 MENTE&cEREBRO
,-
Ecomum que
os pacientes
manifestem grande
irritacao, mesmoem mornentos
de humor mais
equilibrado
A teoria do desarnparo aprendi-
do, proposta po rM a rtin S elig m an ,
na decada de 70, sug ere que aexposicao a eventos estressores
cronicos, incontrolaveis e irnpre-
visiveis, mesmo qu ando os cuidado
parentais sao ad eq ua dos, p re dis po
o s i nd iv id u os a desenvolver quadro
depr es si ve s . Ex i st e a i n d a a po ss ib i Ii d a
de que um a parcels signtf icat iva d e d
c u ld a de s v iv en ci ad as d e co rra da propr
vu lne rabi li dade c aus ada pela depressa
como su gerido em estu dos a nteriores
o fato de a c ria nc a e sta r deprimidatorna rna i s v uln era ve l a e xp erim e n ta
novos estressores, piorando 0 estad
nu ma espira l descendente , E m 200
T. C E ley e J _ Stevenson estudarar
61 pares de g erneos e encontraram
c orre la ca o s ig n if ic an va entre evento
re la cion ad os a p erd as , s tre ss n a e sc o
01 . 1 no trabalho, problemas de rel
c ion am en to fam iliar e de am izades
presenc;:a de sintornas depre ss iv es . E s
correlacao nao foi encontrada coms in ro rn as d e a n si ed a de
E m 2002, 0 pesqu isador]. A R i
coordenou nos E stados Un idos um
esqu isa sabre a e tiolog ia d e sintorn
depressives ern criancas e adole scen -
te , exarn inando a influencia de gen
ra, idade, sintornas de inqu ietacao
depressao materna, em L Ima a rn os tr
de populacao de g emeo s com idad
en tre 8 e 1 7 an os. de 1 . 4 63 tam fllas
o fator genetico i nAu iu sigriificat
MARt;:0200
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...
SINA L D E A LERTA : NUMEROS D ISTORC IDOS
o rurrnero de crlancas e adolescentes diagnosticados com transtorno bipo-
lar aumentou 40 vezes na ultima decade, segundo estudo reallzado pelos
lnstltuto Nadonal de Saude Mental dos Estados Unidos, e publicado nos
A rc hiv es o f G en era l P syc hia try . Alguns especialistas advertem, porern, para as
possfvels causas dessa ascensao espantosa, que parece nao refletir aurnento
de prevalencia ou de lncidencla do problema.
"Ha urna tendencia recente de superdiagnosticar 0 transtorno bipolar
entre [ovens, que foi precedida por anos de subdiagn6stico. 0que vemos
hole provavelmente e resultado dessas duas tendencies", afirma 0pslqulatra
Mark Olfson, da Universidade Columbia, urn dos auto res do estudo, Segundo
ele, e comum, por exemplo, 0 pslqulatraconfundlr os slntomas blpolares
com os do transtomo de deficit de aten~ao e hiperatividade. Mais que urn
alerta epidemiol6gico, 0 levantamento aponta para a. correcao da pratlca
pslqulatrlca dirigida a criancas e adolescentes. (Do r e do r ; :Qo )
varn en re nos sin tom as d epressives.
Dados da litera tu re com [requencia
indicarn qu e f a t ere s p sic os so cia is
tarnbern rendem a afetar desfavora-
velrnente a evolucao e o p ra g n6 stic o
de depressao nessas idades .
FATORES DE R I~ SCO
A maior ia das c ria nc a s e adolescentes
com TB tarnbern tern estressorescronicos no arnbiente familiar e so-
cial Estudos mostram qu e m enos da
rn eta de d os porta dore s d o tra nstorn o
de in fc io precoce m ora com os dois
pa is biologicos, aproximadamente
urn terce ja esteve hospltalizado e
menos do que um terce ja recebeu
educacao especial Um a i nv es tig ac ao
recente cham a atencao para a desco-
berta de qu e 0 grau de acolhirnento
rnatern o pod e ser u rn [a tor preditivode rec id ive a p6 s r er ni ss ao dos s in tomas
E p re cis o c on si de ra r ta rn be rn qu e
e alto 0 fndice d e tra ns to rn os m e nta is
nos pa is eJOl lem pessoas que convivern
com a crianca , E rnbora as lim itacoes
rnetodologicas do estudo irnpecarn que
ie estabeleca uma relac;ao direta entre
g as duas variaveis, alg um as hipoteses
lpodem ser levantadas, P ais com tra ns-
l rornos m en ta is ten dem a ser m enos ca-~9 lorosos com a s RIh os , a s er rn a is crfticos
e a u ti! iz ar estra teg ias d ish m cion ais para
a solucao de problemas. A s criancas de-
prim idas , por su a vez, t endem a se r rnais
vu ln eraveis a c oercoe s e ase tom ar alvos
dos conflltos la m iliare s. U m te rc eiro
fator sa o p re di sp os ic oe s g e ne ti ca s p ela s
quais fllhos h erd aria m a doenca psiqu itl-
trica ou, ao r ne nos , L imavul nerabil idade
dos pais. Na maioria dos estudos, os
f arn ih are s a cometi do s p or t ra ns ro rn osrecebem diagnostico de depressao
A h ip ot es e e qu e todos e ss es f aro -
res se potencializern un s aos ourros
Os achados do estu do rn os tra rn q ue
a presem ;a de estressores em grande
rn im ero nas [am flias d e crian cas com
dep re ss ao r na i or , Esse dado pode se r
um alerta para todos os p ro f is si ona is
qu e tra ba lh arn com c ria nc as e a dole s-
centes, e tambern com a du lt os , s ob re
a irnportancia de aval iar a existencia
d e d ep re ss ao em sells pacientes Oll
nos f il ha s d e pac ie ntes com problemas
famtliares. Alern disso, os psiquiatras
de adu ltos, especia lm ente, devem
estar atentos 1 1 oc orre ncia d e quadros
depressivos na descendencia dos pa-
c ie n re s com a l tos f ndices de rranstorno
psiquiatrico Finalmente , estrategias de
prevencao de depressao em criancas
e adolescentes devern levar em conta
os aspectos ind ividuals da crianca
E ta rn be rn as ra rores de risco para
desenvolvirnento de um quadro de -
pressivo, especialmente disfuncoes
fa mi Iia re s I d if icu ldades in terpessoa is
e e ve nros agudos de vida recentes,
encontrados em grande parte nas
criancas enos adolescentes d as c li ni -
ca s psiquiatricas m e < :
PARA CONHECER MAIS
Transtorno bipolar na infandae na adolesceneia, Lee Fu-J (coord.). Segmento
Parma, 2007.
Anticonvulsivantes e antipsicoticos no tratamento do transtorno bipolar.
Ricardo A. Moreno, Doris Hupfeld Moreno, Marcia Britto de Macedo Soares e Roberto
Ratzke , em Rev ls ta Bra s i/ e im d e Ps iqui at r ia , vol, 26 , nQ 3 , piigs. 37-43 , 2004.
Duas faces de urna vida - Urna incursao na vida de uma bipolar. Lana R.
Castle. Melhoramentos, 2007.
o tratamento farrnacologico do tramtorno bipolar na infanda e
adolescencia. Luis Augusto Rohde e Silzii.Tramontina, em Re vis ta d e Psiqu ia t r ia
Clinica, sup!. 1, pa.gs. 117-127, 2005.
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WWW.MENTECEREBRO.COM.BR MENTE&cEREBRO 61
D ISTURB IO
nas nuvenso transtorno de def ic it de a tencao e hipera tividade
nao term ina na in fancia . A o contrario do que se
supunha ha alg uns anos, pode prosseg u ir pe la
adolescenda e chega r a idade adulta
POR MON ICA CAROLINA MIRANDA
ICrmerasesquisas tern in dica do n os
{tlt imos. anos que, dife.rent .em . .ente do.
qu e se p en sa va , o s sm tom as do trans-
tomo d e d en ci t de aten~aalh iperativida-
de (TDAJI-- l ) na o desaparecem na ado-
le scenc ia . A carac ter f st i ca essenciai desse
problem a de sadde m en tal e u rn p ad ra o
p ers is te nte e a ce ntu ad o d e d esa te nc ao eI
o u h ipe ra tiv id ad e E stu dos lon gitu din ais
m osrrarn qu e 0TDA IH pe rs iste n a vid a
adulta em torno de 60% a 70% dos cases.
o tra nsto rn o po de s er d ia gn os ric a-
do tanto em criancas com o em adoles-
cen tes e adu lros, E studos nacionais e
internacionais apontarn prevalencia de
3% a 6% nas criancas em idade escolar
e de ate 5% em a d ole sc en te s e ad u lt os
De form a geral, pessoas com TDA fH
tendem a apresentar dihculdades de
62 MENTE&:cEREBRO
concentracao, problem as de aprendi-
zado, d isn irbios rnotores e de cornpor-
ta m en to, in sta bilid ad e, h ipe ra tiv id ad e
e retardos c ia tala
E mbora a m aioria dos indivfduos
apresente sin to ma s ta nto de de sa tenc ao
com o de impuls iv idade, em alg uns h&
predominancia de urn au outro padrao
F atores pred itrvos da persistencia nos
adultos incluern historia fam iliar de
TDA /}-j, cornorbidade psiquiatrica e
adve rs id aoe s p si cossoc ia is
S IN A IS C OM UN S
Cr i3 J1 ( ; ;aS com 0 rranstorno nao conse-
guem nca r sentadas em sala de au la e
p re s t ar aten<;ao por m uito tem po. C om
I requenc ia , sa o reieitadas par co legas
em ra zao da i nq ui etu de , a g ra va da peios
MARC ;O 2
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W W W .M E N T E C E R E B R O . C O M . B R
c om p orta m en tos im p uls iv os . S e n ao h a
in tervencao, a s p ro blem a s acadernicos
e socia ls tendern a piorar, levando a
consequencias a dv ers as n o f u tu ro .
A l e rn d e d e sa te n cao , h ip e ra ti vi d ad e
e irn pu lsivid ad e - cons ideradas as pri n"
cipais s in roma s - , outra man i festa~ao co-
m um e a pou ca coord enacao rnotora, a
p on to d e, m u i t a s vezes , o s p a is rotularern
os H lhos d e d es aj ei ta do s a u desastrados.
Em g era l, as c ria nc as c om ° distur-bi o ap resen tam tendenc ia de movimen-
ta<;ao constante ag itam as rnaos au as
pes, rem exern-se n a cadeira , aband o-
narn seu lu g ar para correr ou escalar
(m um s, m 6veis erc.), sobre tudo em
situacoes em que isso e inapropriado.
F alam dem ais au t ern d if ic u ld a de de
brincar e p e rmane ce r em s ile nc io dur an -
te determ inadas a t iv idades de lazer que g
requerern esse com portarnen to. ~
"ntre os s m a r s d e d esa te nca o e sta o " 3
as problem as para se nxar em detalhes la ll a propensao a e rr os p a r descu ido em ~
a ti vi da de s i nte le ct ua is . E s se s m e n in os e 1rneninas nao conseguem acom panhar ~
::;
i nstru coe s lon ga s e/ou te rrn inar os ~
d evere s e sc ol ar es au dornesticos nem ~
organizar as . t~re fas ; rduta~ em envol- iver-se em atividades ~Lle exuarn esforco ~m e nta l. p a r lo ng o p en a do ( com o ler rex- ~
to s exrensos ou l iv ro s s em g r av ur es ) OLl ~
a s e vi ta rn , d is tra em -s e f ac ilm e n te c om Ie st fr nu los a ] he ios a s rarefas ou a tividades @
diarias que esrao executando, muitas ~~vez es ch eg and o a esqu ecer-se d elas I
A desatencao leva a distracao, ao g
" sonhar acordado" e it dlf iculdade de ipersisrir em Lima unica tarefa par urn ~
periodo rnais prolong ado. C om o a ~
atencao e desviada de urn esnm u lo ~
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S I S T E M A D E A T EN ~ AO
Cortex
pre-f rontal
C6r texc ingu lado
anter ior
Gangl ios debase e corpo
es t r iado Ta lamo
F UN CION AM EN TO C ER EBR AL
A atividade lncornurn em
algumas regioes do cerebro
esta asscdada a inaten9io e/oui m pu ls iv id ad e. E s sa s areas faze rn
parte do sistema atencional
anterior (em v e r de ) , que depende
do neurotransmlssor dopamina,
ou do posterior (em amo re / a ) ,
dependente da
noradrenalina. Com 0passer
dos anos os slntomas do
transtorno do deficit de aten~iio
e hlperatlvldade mudam de
apresentacso. A agita~ao
rnotora tiplca das criancas
hiperativas (como retratada
no alto,(1
direita) em geraldesaperece na adolescencla; por
outre lado, nesta fase, persistern
os deficits de fun~ao executlva ..
A orientacao e 0engajarnento da f am i lia sao
irnportantes para desmistificar preconceitos como
o de que 0 paciente e rebelde ou preguicoso
a o utre , c om f re qu en c'a os pais e osprofessores d iz em qu e esses joven s
agern como se nao ouvissern ou com o
se v ivesse rn com a cabeca nas nuvens
A p arti r d a p ub erd ad e, as sintornas
de TDA fH m udam . A m aioria dos ado-
le sc en te s n ao apresenra hiperatividade,
par exernplo, Entretanto , grande nu-
rne ro rnan ife s ta pe rs i st encia sinromatica
e sp ec if ica rn en te d e deficits de fun<;ao
ex ec utive , in clu in do d ih cu ld ad es org a-
n iz ac ion ais n a a dm in istra ca o d o tem po,
no planejarnento, n o proc esso de torna-
d a d e d ecisoes, qu e pod em causal" pre-
ju fz os s ig nif ic ativo s em d rve rsa s areas.
o desaparecimento t ot al d o s s in ro rn a s
e raro - mas podem s e r con trolados :
Adultos au a do le sc en te s c om lDAIH
nern sernpre conseguem manter a
atencao em reu nioe s, leitu ras e tra ba -Ihos tediosos, tendern a ser lenros e
in ef icie nte s, a a dia r su as ta re jas ( mu ira s
vez es de ixan do-as pa ra a riltirna h era) e
a manej ar a te mpo d e f orm a d ef ic ie nte ,
o que os leva a ser desorganizados e a
senur-se sobrecarregados . Dependendo
da in ten sid ade dos s in to rn a s, t ern pou ca
hab ili da de p ara gerenciar emocoes Cos-
t umam, po r exe rn plo , r ompe r r ela c iona -
rneneos d e mane ira im pulsiva, perder 0 1 . . 1
abandonar ernpregos de m odo subitoe e nvo lve r-se e m a cid en re s c om m a ie r
freqliencia qu e a rnaioria das pessoas.
Portanto, e c omum apre se nta re rn
urn h i st 6 ri co de hacassos ao long o cia
vida (com evidente comprometirnento
da a u to -e stima) em decorrencia das
dif iculdades que encontrarn na cornu-
MON ICA CAROL INA MIRANDA e neur op s ic 6 l oga , p e squ is a c o ra e c oo rdenado rad o Nuc le o d e A t en d im e nto N eu ro ps ic ol6 g ic oln fa n til (N a ni), d a U nife sp , ep ro fe s so ra do cu rs o de ps ic o log ia . oa Un ive rs id a de P r es b it e ri a na Mac kenz ie .
nica~i'io efetiva com seus in te rl oc
n a o rg a nl za c a o de re tina s pe
d om e sric as, n a n na liz a< ;:a o d e
ou espe cia liz ac ao, na ob tenc ao e
ten<;aode umbomem
preg o eno
~ volvim ento damt tm idade na s r
~ am orosas. Tam bem exibem pro
< !; na a d rn i ni st ra c ao da s Rnan<;:aspe
I no manejo do usa de subsrancias
i A l em d is so, e sta o rn ai s p re dis
~ a c ompor ta r nen to de l in quen te , a
j drog as ou alcoolism o do qu e
@ qu e n ao tem TD A IH . A p reval e
! r is co de abu so /dependenci a d e
" e de 54% entre a du lto s p orta do
~ tra nstorn o e de 27% en t re nao-p.. res. Habitua.lmente, ° usc de sub
~ e iniciado com alcool OLl tabaco,
~ por rnaconha Oll outra droga de
o tratamento, porem, do T
reduz as pos si bi li dade s d e abuso/
dencia de d ro g as a rn erad e, ou se
o mesmo nlve] da p op ula ca o g
diag nostico d e T ONH em ad ole
e a du lto s re qu er c uid ad osa ana
h is toria c lf nic a, ob tid a p or in te
do relato do paciente acercasinrom as e do impacto deles em s
Em g era l, do pon te d e v is ta p si qu
b us cam-s e i nf on na<;6 es s ob re 0i
tra ns torn o n a i nf an ci a, s ob re a p e
cia a o longo da vida e a ocorrenc
dos sintom as , c on std era nd o a a da
do s criterios da quarra eclic;ao do
D i a g l 1 o ; / ic o e £Sla l fs/ ieo d e Trc/I1slorno;
(DSM· lV) , d a A s s oc ia ca o P si q
Amer i cana (APA) , para a vida a
FAT OR ES DE R IS CO
Esca1as de avaliacao para adu lto
s ido adaptadas no Bra si l por p e
dores sob reco rnendacao c iaOrg
< ; a o M undial da S aude (O MS ),
P au lo M a ttos , d a I .I nrv ers td ad e
do R io deja neiro, que tem se de
ao estudo e tratam en to do T DA
adoiescentes e a du ltos. F atore s
e de protecao devern ser exam
com cu id ad o, com o os psicos
c og n it iv os , e du ca cio na is e lam
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C A U S A S I N C E R T A S
o TDA/H tem sldo alvo de es-
tudos de diversos grupos de
pesquisadores prindpalmente a
partir da decada de 90. As cau-
sas do transtorno, porern, ainda
nao sao totalmente conhecidas.
Abase neurobiol6gica do trans-
torno e urn dos aspectos rnals es-
tudados, e sugerem-se lnfluendas
mult iples, relativas 1 1m odu lacao e
expressao de neurotransmissores
dopaminerqicos e noradrenerqi-
(OS, de base qenetlca e neuroma-
turacional. Acredita-se que varies
genes sejam responsavels pela vul-nerabilidade genetica ao dlsnirblo,
1 1 qual se somam anormalidades
estruturals e disfunfao neuroqul-
mica relacionadas aos circuitos
subcorticais, parietais e frontais.
Ouestoes ambientais atuantes
no fundonamento adaptativo e
na saude emodonal da crianca e
do adolescente parecem ter parti-
cipacao importante no surgimen-
to e manutencao dos slntornas.Esses fatores sao encontrados
principalmente em famflias com
ocorrencia de grande desentendi-
mento e de transtornos mentais.
Algumas questoes psicossodais
como disc6rdia conjugal severa,
varlavels sododemogratlcas, faixa
eta ria dos pais, n fve l c ultu ra l fa-
miliar, psicopatologia materna e
institucionallzacao da crlanca ou
do jovem em lar adotlvo podem
desencadear 0 desenvolvimento
da condifao.
Pesquisas mostram que os pais
de indivfduos com esse transtorno
muitas vezes se tornam demasiada-
mente diretivos e negativos em sua
forma de educar, alterando 0 fun-
cionamento pslcossodal da famflia.
Nesse contexte, as figuras parentaispassam a se ver como incapazes ou
menos habllldosas em desempe-
nhar seu papel, 0 que tarnbern
causa stress e disc6rdia conjugal.
A proporcao entre meninos
e rnenlnas portadores de TDA/H
varia, segundo os estudos. Parece
haver maior prevalencia no sexo
mascu l i ne do que no feminino, mas
muitos auto res relatam que as me-
ninas tendem a apresentar0
tipopredominantemente desatento em
vezde hlperatlvo, causando menos
lncornodo 1 1 f arn llla e 1 1 e scola ,
sendo menos encamlnhadas para
atendimento.
E precise levar em conta tarnbern a
p ossibilid ad e d e ou tros d ia gn 6sticos
psiquiatricos concomi tantes, visto
que e f re qu en te a p re se nc e de diversas
patologias p si qu i at ri ca s c or no rb id a s ao
TDA lH , como transtornos de condu-ta, do hu mor e de ansiedade.
N o que se refere ao tra tam en to,
nos ultrrnos dez a 20 anos houve au -
m ento no u so de farm acos, sobre tu do
d e estim ulantes, com orien tacao c ia
A cadem ia A m ericana de Psiqu iarria
ln fanti] e do A dolescente para urn
rn on itorarn en to sistem atico d os ef ei-
tos da rnedicacao no cornportamento.
Ma i s r ec e nt ern e nr e, 05 esu rd os te rn
enfocado a ef icacia d e terapias rnedi-
c amen to sa s e n ao· ll1 e d ic ar ne n to sa s.
A te ra pia c og nitivo -c om p orta -
m enta l (TC C ) tern sido a princ ipal
m oda I idade nao - medica rn en rosa
c ita da n a lite ra tu ra in te rn ac io na l. p ols
atu a n os principals de f ic i ts co rnpor ta -
mentais do portador de TO A IH , c om o
os de com portam ento in ibitorio,
de au to-reg u lacao da m otivacao, de
orgaruzacao e plan ejarn en to, ale rn d e
direcionar 0 pa cien te a u rn objetivo.
M as isso deve ocorrer concorni-
tan te rn en re a rn ud an cas arn bie ntais . A
o ri en t ac ;: aoa f am f l i a e s eu e ng a jam en to
n o tra ta rn en ro d e TDA IH , em e sp ec ia l
no case de criancas e adolescentes,
au xiliam n o enrend irnento de qu e nao
se trata d e re beld ia ou pre gu ic a. E fun-
dam ental explicar para os pais as rnu l-
rif ac etad as ra zoe s pela s qu ais 0 filho
te rn d ere rrnm ad os c om p orta m en to s
e sintornas, e encoraja-Ios a participar
d a i nte rv en ca o p os si bi li ra 0 aumento
d a a de re nc ia a o tra ta m en to. rr0:
Principios e praticas em TDA/H.
L A . Rohde e P. Mattos (orqs.), Art -
med,2003.
Transtomo do deflct de aten~ao eh iperatividade em adaltos, P.Mattos,em 5N C em kxo, vol, 2 , n~ 1 , pags. 26 -28 , 20 06_
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NEUROANATOMIA
o PEQUENO;I' . ,
Durante muito tempo considerado apenas 0
coordenador encefalico dosmovimentos corporais,
sabe-se hoje que 0 cerebelo participa ativamente de
varlas atividades cognitivas e perceptivas
POR JA MES M . BOW ER E LA WREN CE M . PA RSONS
Par varies < , a no sc ie n ti sr . .a s n ao r iv e ram
d uvid as d e qu e 0c ere be lo f os se 0pontede controle da org an iz acao dos m ovi
mentes n o c ere bro R e ce nre m en te , porem, su a
luncao voltou a ser objeto de debate Usando
novas tecn icas d e imageamento encefalico, as
neurocientistas cognitivos descobriram que
o cerebelo humane est<) ativo durante uma
g ra nd e v ari ed ad e d e a ti vid ad es n ao d ire ta rn en -
te relacionadas ao rnovimento Sofist tcados
estudos cognit ivos rarnbern revelaram qu e
I es oe s e m a re as e sp ec ff ic as d o c ere be lo p od ern
c au s ar i rn pe d irn e nto s i ne sp era d os em p ro ce ss esnao-rnorores, afetando, em especial, a ra pi de z
e precisao com que as pessoas percebem as
i n for rnacces sensoriais .
Ou rra s d es co be rra s i nd ic arn qu e 06 rgao tern
papei importance na m em oria d e cu rta dura<;ao,
na arencao, no c on trole d e a tos impuisivos, nas
e m oc oe s, n as f i.mcoes cognitivas superiores, na
habilldade d e p la ne ja r ta re fa s e , p os si ve lm e nre ,
a te rn esm o em quadros com o a esquizohema e
o autisrno. Outros experirnentos neurobrologi-
cos - sobre 0 pad rao d e en rrad as sen soria is e a
66 MENTE&cEREBRO MAR<;02
maneira de processar in form acao d o cerebelo
- sug erem a necessidade de revisarm os 0 qu eS e pensa a tualme nt e sobre a f u n~aodesse 6rgao
qu e tornou -se, novam ente , L im aarea de "provo"
canre rnisterio".
Talvez nao se ja tao su rpreenden te que 0
cerebelo a r ue a l er n d o m ero c on rro le d o rn ov i,
m en to. A area qu e ocu pa e su a in trin ca3 a estru-
tu ra su g ere m lim p ap el m a is a m ple e c om p le xo,
Trara-se de lim a estru tu ra m en or qu e 0 cortex
c ere bra l, a s up er ff ci e e nr ug a da f orm a da p elo s
d a is g ra n de s h em is fe ri os qu e sa o lu g ar d e m u i ta s
fun<;oes c r f r i cas Ass im como 0 cor tex cerebralhumano, 0 c ere be lo a brig a u rn a e xt ra ord in an a
q ua ntid ad e d e circuiros em urn pequeno espa-
co , dobrando-se rnuiras ve ze s s obre si m e sm o .
N a verdade , 0 c ere be lo h um an e e mui to rnais
d ob ra do q ue 0 cortex c ere bra l e , e m va rie s rn a-
mfferos , e a ( m ic a e stru tu ra e nc ela hc a q ue [orm a
c on volu coes. S e 0 cerebelo humane Fosse es ten-
dido , ncaria d o tarn an ho d e u rn a folha com area
media de " 1,1 28 em " lsso e m ais qu e a rn erad e
do s 1 . 9 0 0 c rr r' c o rr es ponden te s a s up erh cie d os
d oi s h e rn is le ri os c er eb ra is c omb in a do s
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.
M AIO R Q UE S E IM AGIN AV A
Estendendo a cam ada externa, ou cortex, dos dois hernisferios cerebrais e do
cerebelo humane, podernos perceber que este possul aproxirnadamente a.mesma
area que urn unico hemlsfene cerebral, apesar de ocupar muito menos volume
quando "dobrado" (convolucionado). 0 tarnanho e a complexidade do orgao
sugerem urna fun~ao crucial.
Hernlsferios cerebrals
Cortex cerebralesquerdo estendido
Apesar de os biologos considerarem
o c resc imento do c6 rtex cerebral um a
caracter fs t ica def inidora do grau de eve»
lu cao do cerebra hum ane, a cerebelo
ram bem c resceu de form a s ignif icat iva,
au rnentando pelo menos tres vezes ao
longo do ultim o m ilhao de anos da
hist6ria hum ane, conforrne reg istros
f 6s se is . M a s, talvez, su a caracterfstica
mais nota ve l seja 0 f ato de conter m ais
CONCE I TOS -CHAVE
• 0 cerebelo fica na base do encefaloe tern um complexo clrculto neural que
permaneceu vlrtualrnente 0
rnesmo ao longo da evolucao deanimais vertebrados.
• A no~ao tradit ional de que 0
cerebelo controla os movimentos estasendo questionada por estudos queindicam que ele e ativado durante
urna grande variedade de tarefas nao-rnotoras. 0cerebelo pode ester mais
envolvido na coordenacao dos sinais deentrada sensorlais que na dos
sinais motores de salda,
• A rernocao do cerebelo de pessoas[ovens causa poucas diflculdades obviasde comportamento, sugerindo que 0
conjunto do encefalo pode aprender aoperar sem 0cerebelo,
68 MENTEl i tcEREBRO
Cortex cerebraldireito estendido
neuronios qu e 0resto do encetalo A l e m
disso, a form a com o as c elu la s n eu ra is
estao interconectadas perrnaneceu
essencialrnente con stante por rnais de
4 0 0 m ilhces de anos de evolucao do s
vertebrados ( v e r q u a dro n a p r i g . 69). Desse
modo, 0cerebe lo de ur n t ub ara o pos su i
n eu r6 nios org an iz ad os e m redes quase
identicas as encontradas em humanos .
A hiporese de que 0 cerebelo
controle rnovirnentos fO i proposta
pela primeira vez na m etade do seculo
X I X . F isiolog istas observaram que a
rernocao d o 6 rg ao p od eri a re su lta r em
d if ic u ld ad es imed ia ta s n a c oo rd en ac ao
do s rnovimentos D urante a Prim eira
G u erra M u ndial, 0 neurologista in -
g les C ordon Holm es am pliou essas
descobe rtas pe rcorrendo a linha de
batalha e docum entando problem as
de coordenacao m otora em soldados
f eri do s n o c ere be lo .
N os iiltimos 20 anos, investigacoes
rn ais re fin ad as torn aram a h ist6 ria m a is
com plexa Em 1989 , R ichard B . lvry e
S teven W . K eele , c ia U niversidade de
O reg on , ob serv ara rn qu e pa oe ntes c om
Iesoes no cerebelo eram incapaz es d
avaliar com precisao a dura9ao de u
som e sp ec ff ic o ou 0 interva 1 0 d e te mp
entre dois sons. N o in fcio dos anos 9
pesquisadores liderados por Julie A
F iez , d a U n rve rsid ad e d e W a sh in gton ,
veriflcararn qu e pacienres com cerebelo
le si on ado e ra rn rn ai s p ro pe ns os a c ome
te r e rro s em ta ref as verbais.
E m estudos rnais recentes, de
monstramos qu e pe ssoas c om doenca
neurodeg enerativas. que causavam
especi f icarnente 0 encolhim ento d
cerebelo, exibiam menor acu idade n
avaliacao de pequenas diferencas n
tonalidade de dais SOns Do mesm
modo, Peter Thier e s e u s colegas c
U n ive rsid ad e d e T ubin gen, A lem an ha ,
descobrirarn qu e pessoas com lesoes o
e nc olh im en to p arc ia l e total d o ce re be
1 0 e ra rn ma i s su sce tive is a c ome te r e rro
em testes em que d e ve ria m d ete cta
a p re se nc ;a , velocidade e direcao d
padr6 es m oveis A lem disso, H erm ann
Ackermann e s ells c ola bo ra do re s, t am
bern em T ub in ge n, ob se rva ra rn qu
pac ientes com degeneracao no cere
b ela tin ha m d if ic uld ad e pa ra d istin gu i
son s sim i l ares em palavras com o, po
exemplo, "aber ta" e " ape rt a" .
A incapacidade enfrentada po
pessoas com lesao no cerebelo pod
ir a lem de a spectos lmgufst icos, visual
e au d it iv os , Jerem y D . S chm ah mann ,
do M assachusetts G eneral H ospital
relatou que pacientes com danos n
cerebelo, adultos ou cria nc as, a pre
sentavam dificuldade em m odular
e rn oc oe s. E stf rn ulos que, na maiori
d as p es so as , provocariam resposta
rnoderadas causavam, nesses pac ien te s
reacoes falhas ou exag erad as, O utro
pesquisadores d em on strara m qu e a du
t os c om lesao do ce rebelo exibiarn re
pastas atrasadas e ten diarn a corneter
e rro s e m te ste s d e ra ciocln io e spe cial
como determ iner se as form es d
objetos vistos sob d ilerenres ang ulo
c orn bin av arn . A l g un s re la cio na ram
cerebelo com a dislexia, R od I.Nicol
MARC ; :O 200
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CELULAS N E U R A I S E M C O N E X A O
Ascaracteristicas basicas do circuito cerebelar sao con he-
cldas desde 0 tim do secu lo X IV ; a partir do trabalho do
neuroanatomista espanhoi Santiago Ramon y CajaI. 0
neuronic central e a celula Purkinje,. em homenagem 1 .10
fisiologista tcheco Johannes E. Purkinje, que a identificouem 1837. A celula Purkinje e 0unko provedorde slnais de
safda do cortex cerebelar e e um dos maiores neuronlos dosistema nervoso, podendo receber entre 150.000 e 200.000
entradas (slnapses) - 0 que representa uma ordern de
magnitude a mais do que podernos encontrar em qualquer
outro neuronlo do cortex cerebral. Esses slnais de entrada
emergem principal mente das celulas granulares cerebela-
res, alguns dos rnenores neuronlos encontrados nos verte-
brados. Ascelulas granulares estao juntas, acondicionadas
em uma densidade de 6milhoes por milimetro quadrado,sendo 0 tlpo de neur6nio mais numeroso no encefelo. 0
F ib ra s p arelelas d e
[ ,,,"'M .... ularesl
Celu las
granulares {
C elu la _ ~ _
em cesta
Celu lade
axenic granular
ascendente
WWW .MENT E CE R EBRO . COM .BR
ax6nio (a principal linha de safda para. 0 sinal neuronal)
de cada celula granular ascende vertical mente, saindo da
carnada de cetulas granulares e fazendo rnultlplos contatos
com a celula Purkinje imediatamente acima. Esse axonlo,
entao, se divide em dois segmentos que se estendem emdire~oes opostas. Esses segmentos se alinham em feixes
paralelos que atravessam pelos braces, ou dendritos, das
celulas Purkinje como flos eletrlcos passando por postes,
provendo urn unko sinal de entrada para multascentenas
de celulas de Purkinje. A s celulas granulares tam bern se
comunicam com outros trss tlpos de neuronlos - as celulas
estelares, as celalas em cesta e as celulas de Goigi - que
ajudam a modular os sinais emitidos tanto pelas celulas
granolares quanta pelas celulas de Purkinje. Esse padrao
baslco e encontrado em qoalquer cerebelo, indicando ser
essencial para sua fun~ao.
Celulas
granulares
M E N T E & c E R E B R O 69
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Estudos indicam que 0orgao atua em processos
como audicao e percepcao da dor, cia sede,
cia fome e dos movimentos corporais
son e seu s coleg as da U n iversidad e d e
S h ef fi eld , n a ln g la re rra , d es co bri ram
que dislexicos e portadores de lesao
no cerebelo tern defic i ts semelhan-
re s na capacidade de aprend izado e
que, alern disso, os prim eiros tern a
a ti vi da de c ere be la r re du z id a durante
c e rt as ta re f as .
Outros e stu d os re ce nte s s ug e re rn
qu e 0c ere b ela p od e estar envo lvido na
memor i a de tra ba lh o, n a a te nc ao , em
f lln ~6 es m e nt ais c omo planejarnento e
organizacao temporal, alern do contro-
le d e a to s irn pu ls iv os.
Dois estudos independentes de
imageamento n eu ra l re ali za do s em
!997 mostraram qu e 0 cerebelo de
volu n tarios sau daveis era ativado
quando se pe d i a q u e e le s s e l ern b ra ss er n
de um a lista de I et ra s I id as mementos
antes . O u quando era ped ido que
procurassern u rn padrao em lim a de-
term inada irnagern. E m 20 02 , em seu
es tudo de i rnagearnento encefalico,
Xavier Castellanos, J udith L. Rapoport
e sells colegas do Na t iona l lnstitutute of
M ental H ealth (N IM H ) descobrirarn
qu e criancas portadoras de transtorno
do def ic it de atencao/hipera t iv idade
- caracterizado pela incapacidade de
N A T U R E Z A F R A G M E N T A D A
Uma area em particular da face de um rato nao e representada como uma area
unka no cerebelo, Quando os cientistas tocam no liibio inferior de urn rato com
u rn a s on d a , por exemplo, eles podern registrar a a t iv ld a d e e le tr ic a em var ies pontos
nao adjacentes e ate dlstantes sobre 0cortex cerebelar do animal. Tal fra9menta~aopode permitir que 0cerebelo integre uma variedade de inforrna~oes sensorials que
entram, obtldas por dfferentes partes do corpo durante a sessao de exploracao.
Bigodes frontais
liibio superior
_Interior da boca
_ Lablo inferior
Dente superior
_ Dente infer.ior
Area representatlva do
cortex cerebelar
L Cerebro
do rato
70 MENTE&cEREBRO
c on tro la r a to s i rn p ul si vo s - ap re se n ta -
ram c erebe lo d e d irn en soe s re du zid as
Por f im , e stu dos com pessoas e an im a
saudaveis md ic ara m q ue 0 cerebelo es
n orm a lrn en te a tiv o d ura nte processe
sensoriais como auc t ic ; :ao ,ol fac ; :ao ,sedf ame , consciencia dos movimentos
corporals e percepcao d e dor.
TOCA R E SENTIR
E s tamo s c on ve n ci do s de que a tra d
cional teoria da fu nc;:ao cerebelar d
c on tra le mo to r n fio d a c on ta d os nova
dados . C hegam os a e ss a c on c lu s ao
pela prirneira vez quando estudava
ruos regi6es cerebelares ativadas pa
estfm ulos tareis, U m de n6 s (Bowe
in iciou esses estudos ha: rnais de 2
anos, 110 laborat6 rio de W a llace
W eiker ,. da l .In rvers idade d e W i scon
s in -Mad is on . Emp re g a. vamos uma te
n i ca denominada "micrornapearnento"
para reg istrar a atividade eletrica d
pequenos conjuntos de neu r6n ios n
cerebra de rates enquanto tocavamo
su avem ente vanas partes d e seu corpo
Esses esnrnulos tate i s e vo ca va rn a
v id ad e em L im ae xt en sa a re a d o c ere be l
( W I ' i l l J s t r a q a o 11 4 p a g _ a n t e r i o r J - A l em d iss
a m apa parecia frag m en tado, com are
v iz in has n o c ereb elo f re qlie nte m en te
recebendo sinais de en trada de are
nao contfguas do corpo, e areas corpo
ra is d i s tan te s entre si , mas representadas
p r6 xim a s um as d as o utra s n o c ere be lo
E s se m a pe am e nt o e mu ito d if ere nte
daquele que OCOff(; no c ort ex c ere br a
on de as relacoes espacia is en tre a re
da superhcie do corpo sa o rnantidas n
r eg i o es co rt ic a is , qu e respondem a ess
areas e p ara o nd e e rn it er n s in a is ,
E mbora a natu reza frag mentada
do m apeam en to do cerebelo se j
incom um , um achado ainda rnais su
preendente e que a cerebelo do rat
r ec eb e s in a is d e e n tra d a p ri nc ip almen te
da face do an imal ln icia lrn en te iss
era clif fc il de ser explicado, pais S n
de r h av ia d emons tr ad o qu e a m aiori
das reg ioes tateis do cerebelo do g at
MARt:;:02008
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recebe sinais de en trada de Sl IBS paras
dian te iras e qu e a rna ior p arte d essa re "
gi50 do c ere be lo de rnacacos e ativadapar estfm ulos tate is em seu s dedos
C onsiderando as diferencas entre
as reg ioes corporais representadas no
ce re be la d e d if ere nte s animals , nossa
pe rg un ta ba si ca f o i r n odi f lc ada . 0qu e ha
em cornum en tre a boca de urn rato, a
pa ra d e u rn g ate e os dedos de u m m aca"
co? A c on clu ss o d os e stu do s re ali za do s
e m W i sc onsin pa re cia ind ic ar qu e cada
an ima l u ti li z e a e st ru tu ra p ara a pre nd er
sobre Sell ambien te ernpregando 0
ta too Q u alqu er p essoa qu e tenha u rn
g ato s ab e qu an to s p ro blem as suas patas
p od em c au se r; e qualquer um qu e esteja
f am i li ar iz ad o c om c r i ancas reconhece
como os dedm hos sao util izados para
obt er i nf o rma . :; ao sob re 0 m undo. M as
os ra te s te nde m a ter prob le m as u sa nd o
a boca com o recurso de orientacao. A
est rutura f rag m entada dos m ap as tateis
no cerebelo su sten tava a ideia de qu e
essa regiao de algum a form a estava
comparando a i nf orm a ca o sensorial
proveniente das v ar ia s p arte s d o corpo
do anim al utilizadas para exploracao
d o arnbiente. A ideia de qu e a cerebe!o
do reeder, de a lg um a rn an eira , e sta va
" com paran do" a m form acao sensorial
oriu nda d e d if eren tes partes da face
recebeu susten tacao de rnodelos e
experirnen tos qu e exam inavam com o
o cerebelo respondia aos estf rnu los
Daf ernergiu urna nova hipotese so-
bre a fun<;ao cerebelar, suger indo 0
e nvolvim en to d essa e stru ru ra e spe cif i-
carnen te na ccordenacao da aquisic;ao
de i n fo rrnacao s en so ri al p elo e nc ef alo .
P ara n os c ert if ic ar d e q ue e st av arn os
o bs erva nd o a pe na s e fe ito s d e a tiv id ad e
s en so ri al, e na o mo to ra , e ra necessaria
e stu d ar p es so as c ap az es d e s eg u ir i ns rru -
~6e5explfcitas sobre qu an do rnove r- se ,
R U D O L F VAN'TH O F F de Howard, Maryland, sofre de uma lesao cerebelar causada per
atrofia espmocerebelar do t ipo 1,doenca genetka rara que semanifesta geralmente nameia-idade, 0 dlsturblo ateta seu equilfbrio, fala e coordenacao, elem de prejudicar a
capacidade de discrimlnar certos sons. Eleusa urna corda elastica para establllzar 0 corpo
quando esta sentado em seu trator
e q ua nd o nao F oi nesse ponto que a
parceria entre no s (os dais autores)
se in iciou . Em c ola bora ca o com Peter
T . F ox, da University of Texa s H e alth
Science Center , em S an Antonio, pla-
nejam os u rn esrudo de irnagearnento
neu ral que cornparasse a q ua nt i d ad e
de atividade cerebelar induz ida em
voluntaries instru fdos a utilizar seus
dedas p ara um a ta re fa d e d is crimm a ca o
tatil, ou a sim plesm en te peg ar e Ia rg ar
p eq ue no s ob je to s,
De a cord o com todas as reorias an ,
re riore s sobre a fun<;ao cerebelar , a con-
trole motor f ino dos dedos necessario
para p eg ar e la rg er os p eq ue no s o bje ros
deveria incluzir u m a inten sa a tivida de
d o c ere be lo em a re as re la cio na da s com
o ta too M a s en contram os m u ito p ou ca
a tivid ade d o c ere be lo ne ssa re gia o d u-
JA ME S M . BOWER. e LAWRENCE M . PA RS ON S trabalharn no R ese arch I ma gin g C en te r
da U niversity of T exas H ealth S cience C enter, em S an A ntonio, onde Bower
ep ro fe ss or d e
n eu ro bio lo gia c om pu ta c io na l e P a rs on s, p ro fe ss or d e n eu ro de nd a s c oq nitiva s,
r an t e a t a re la de peg ar e largar, em bora a
e xp lo ra ca o s en so ri al u ti liz an do a s d ed os
tenha, e st a s irn , c au sa do u m a res posta
c ere be la r m te ns a ( vc r q lw d r ol 1a p a g . 1 3 4 JE s sa o bs erva ca o v eto apolar n os sa i de ia
de qu e 0 c ere be lo e st ej a ma is e nv olv id o
c om f un c;6 es s en so ria is q ue a pe oa s c om
controle motor e, em pa rt ic u la r, qu e ele
e ativado de form a in tensa duran te a
aquisi<;ao d e d ad os sensoria is ,
N e ssa h ip ote se d C l a qu is ic ao s en -
serial e apenas LIma e ntr e v ari es novas
teorias decorren tes do aum ento de
evidencras qu e sugerem 0 envolvirnen-
to do cerebelo alern do puro controle
m otor. E m m uitos cases, os novas d ad os
rem sido acom odados sim plesrnente
fazendo-se 0 " ala rg am en to" d as te oria s
m otoras existentes para que passem a
conternplar os resul tados nao-rnotores.
ivry, par exem plo, tern defendido a
hipotese de que a func;;ao cerebelar
envolva 0 "ordenarnento temporal
g eneraliz ado" , su gerindo qu e essa es-
trutura controla 0a sp ec to tem po ra l d os
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COORDENA<;AO DE MOVIMENTO S E SENSORIALIDADE
Estfmulo passivoAusencia de movimento
Comparaeao sensorial ativaAusenda de movimento
~ - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - - ~ ~
Para distinguir a posslvel fun<;:1io
do cerebelo na coordenacao dos
movimentos da lnteqracao de sinais
de entrada sensorlals, planejamos
urn experimento de quatro partes.Empregamos a tecnica de imaqeamento
por re ss on an cla m a qn eti ca funcional
para revelar a atividade neural no
cerebelo de seis pessoas saudaveis
enquanto recebiam urn estfmulo em
seus dedos sem move-los, ou pegando
e largando pequenos objetos. No
primeiro cenarlo, irnoblllzarnos as mao s
das pessoas e esfregamos pedacos
de llxa suavemente sobre seus dedos
(0). Algumas vezes se pedia que
comparassern a texture de dols tipos
diferentes de llxa (b). Ambas as tarefas
erarn purarnente sensorials, mas asegunda requeria qu e cada pessoadlscrlmlnasse 0que sentia em cada mao.
o segundo cenarlo envolvia tanto
aspectos sensoriais quanta rnotores. Urn
voluntarlo colocava suas rnaos dentro
de sacos diferentes con tendo pequenas
bolas de madeira com formas e textures
diferentes. Na primeira tarefa (c), 0
participante foi instruido a pegar e largar
as bolas sem prestar ateno;:ao its forrnas.
NOlIegunda tarefa (d), foi orientado a
comparar a forma e a textura de duas
bolas cada vez que pegasse urna em cada
uma das maos.
o cerebelo mostrou pouca
atividade durante as tarefas que apenas
requeriam pegar e largar bolas (c). Em
geral, porern, exibia rnals atividade
quando avallavam 0que sentlarn, tanto
quando estavam se movendo (d) ou nao
(b). Essas descobertas e outras ap6iam
nossa hip6tese de que 0 principal
papeJ do cerebelo e 0 de processarlnforrnacao sensorial e nao
controlar os movlmentos.
a
Movimento
c
m ovirnentos corporais (par exem plo,
coordenando m udancas no angulo das
a rtic ula coe s) pa ra p en ni tir 0 registro da
d u ra < ;a o d e s in ai s d e e ntra da sensoriais
como i rnagens e sons
Ou t ro s p e squ is a do re s tern propos-
to qu e 0 6rgao nao apenas facili ta os
m ovirnen tos f ines , m as tarnbern " su a-
viza" 0 processamento de informacao
relacionada com 0 hum or e 0 pensa-
mente, S chm ahm ann expressou esse
pon to de vista em 19 9 1 , e , em 19 9 6 ,
Nancy C A ndreason , da l.Iniversidade
de Iowa , ad aptou essa h ip6 tese para
a esquizofrenia. E la su p6e que defi-
cits cerebelares estariam por tras da
desorg an iz acao das fun<;6es rnenta is
q ue c a ra c te ri z am 0 transtorno Outros
cien tis tas propu sera m qu e as reg i5es do
c ere be lo q ue se expandiram dramatica-
m ente ao long o da evolu cao hum ana
provern suporte com pu tational para
72 M E N T E & C E R E B R O
Movimento
d
ta re fa s p si colog ic as q ue poderiam s
d esloc ad as d o cortex ce reb ral, n o ca s
d e s ob re c ar g a.
M as os cien tis tas am da tem de ex
plicar com o e possivel que um a un ic
estrutura encefalica CLIJO circuito neura
e org an izado em lim padrao uni forrne
e repetitive possa desernpenhar es
papel integ ral e tantas f un < ;6 es e com
p or ta rn en to s d fs pa re s,
Mais confuso ainda e 0 fato d
MARC :; :O 200
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OS NEURON l O S d os t ub a ro es sao
orqanizados em um sistema de redes quase
ldentico ao dos humanos
que as pessoas podem se recuperar de
le soe s c ere be la re s. Em b ora a re rn oc ao
total d o cereb eJ o in icia lm en te d esor-d en e a coord en ac ao d os m ovirn en tos,
individuos (espec ialm en te os mais
jovens) p od ern , c om t empo suficiente,
recuperar urn g rau consideravel de sua
func;ao n orm a l. E ss a capacidade e um acaracteristica g era l do cerebro, m as
le soes sim ila re s em regioes sensoria is
ou rnotoras prirnarias do cortex cere-
bral g eralm en te preju dic arn f un coes
especfficas em an im ais e humanos de
f orm a se ve ra e p erm a ne nte ,Poucas teorias do cerebelo, in"
c lu indo aqu elas baseadas no contrale
mo to r, p od em e xp li ca r s eu e ni grn ati co
p ote nc ia l d e re cu pe ra ca o funcional.
A creditamos que a capacidade do
encefa lo de com pensar a ausencia do
cerebelo irnplica u ma fu n< ;ilo g eral
e su til de suporte. S eg undo nossa
hipotese da coordenacao sensorial,
o cerebelo na o seria responsavel po r
comportam entos ou processes psi-e ol6 g ic os e sp ec if ic os . E le f u nc io na ri a
como estrutura de apoio para 0 resto
do enc ef alo , envolvendo 0 monitora-
m en te da entrad a d e d ad os s en sori ai s e
a capacidade de eteruar contlnuamente
pequenos aju ste s n a rn an eira como a
informacao e adquirida.Pressupornos qu e tais ajustes as"
su rnam a form a de m udancas extre-
rnarnente sutis na posicao de dedos
hu manos perscru tadores, ou de big o-des na face de rates, na re tina ou no
ouvido interne C om o estru tu ra de
a po io , s eria de e sp e ra r que a cerebelo
tive sse c erto nfvel de atividade em
urn grande nurnero de condicoes,
e sp ec ia lm e nte a qu ela s q ue re qu ere rn
urn c on trole c uid ad oso d a en tra da
de novas clados sensoria is e , ralvez ,
cia evocacao (da m em oria) de dad os
adqu iridos an teriorm ente . O utros
sistemas do encefalo sao capazes de
WWW.MENTECEREBRO .COM.BR
Ha indfcios de que 0cerebelo tenha 0papel
de "suavizar"0processamento de informacoesrelacionadas ao humor e ao pensamento
com pensar a falta de coordenacao de
d ad os s en soria is m e dia nte e stra te gia s
a lte rn ativa s d e p roc es sa m en to, n o c as o
de lesao au rernocao do cerebelo
De faro, estudos de coordenacao
motora su g erem que pessoas com
[e sa o c ere be la r se to rn am mars lentas
e s irn pllf ic arn s eu s m ovim en tos - um a
e stra te gia ra zo av el para com pensar afalta de dados s en so ri ai s d e a lta q uali-
d ad e. U m a in te re ssan te e irnportante
am plia~ao dessa ideta e a de que urn
cerebelo deliciente que continuasse
em ope ra cao leva ria a con sequ en cia s
r na i s s e ri a s que sua rem ocao A pe-sal' de
o ut ra s e st ru tu ra s encefa l i cas poderem
c om p en sa r a c om p le te f alta d e c on trole
d e qu alid ad e n os d ad os sen soriais , u rn
c on tro le e rron eo constance causaria
um a disfun~ao contfnua . E sse tipo dee f ei to pode ri a e xp li ca r 0envolvimento
do cerebelo em transtornos com o 0
au t i smo, quadro em qu e os pacien res
nao respondem aos dados sensoriais
H ipoteses com o a nossa trazern
l im l ernbre te uti l para f u tu ro s e st udos .
a presence de arividade em um a area
encela lica nao s ign i ft ca neces sa ri a rnen-
te qu e e la e sre ja d ire tarn en te e nvolvid a
em u rn compo rt amen to ou processo
psicologico especffico.
S e 0 cerebelo e antes de tudo um aestrutura de apoio, en tao ele nao cola-
bora d iretarnen te com a coordenacao
motora, a mem6r ia , a percepcao, a
atencao, 0 raciocinio espacial, ou
qualquer d as ou tras f un coes rece nte-
men t e propostas E mbora essa teoria
seja apenas um a das varias qu e estao
com petindo para explicar os novos e
surpreendentes dados sobre 0cere-
belo, f ica cada vez m ais clare que a
forma como pen sarn os e ssa e srru ru ra
e n c e f a l i c a - n a verd ad e, a form a como
concebemos 0en cef alo com o u rn tod o
- esta a ponto de mudar. ~
PARA CONHE C ER MA I S 1,
Cerebellar contributions to cognition and imagery. Richard B. Ivry e Julie A .
Fiez, em New Cognit iv e N e u ro sc ie n ce s. Organizado por Michael S.Gazzaniga. MIT
P re ss , 2 0 0 0.
The cerebellum: recent developments In cerebellar research, Organizado por
Stephen M. Highstein e W. Thomas Thatch. New York Academy of Sciences, 2002.
MENTE& cEREBRO 7
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GENEROS
SUBEST IMADOS
74 MENTE &cE RE BRO MARC ;:O 2 00
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Em 2 0 0 5, ° e nta o. re ito .r d .aU nive rs id ade H arvard ,
L aw rence S um m ers , fez
l ima declaracao polern ica. E m
urn evenro para econornistas, su-
ger iu qu e a e s ca s se z de mulheres
pesquisadoras se devia ao fato de
p ou ca s d elas te re rn ha bilid ad es
cientfficas inatas, sobretudo em
areas exatas, como matemati-
ca, engenharia e astrenornia. Aa f i r rnacao r ap id amen te eGOOU
pelos qu atro cantos do rnundo ,
a lirnentando u rn debate acalo-
rado sabre di ferencas de genera
n o d ese m pen ho acadernico, ja
que , de fa to, a quan tidade de
mulheres no mundo cientifico
e bern inferior a de h om en s. A
ques tao principal parece ser. em
que rnedidaessa sub-represents-
~ao f emin in a e determlnada par
fatores biologicos ou culturats,
inatos 01:1 adquiridos?
O b via m en te , a re sp os ta nao es imples . Anal i sando tu do a que ja
f ai pu blic ad o n a li te ra tu ra clenn-nea nas u ltim as decadas, foi pos-
sfvel id en tif ic ar u rn a v arie da de d e
fatores que i n f lu en e iam as e s col ha s
p ro fi ss io na is , c omo c a ra ct er fs ti ca s
b io16g i c a s d i st in t as e ntre o s s ex os ,
MENTE&cEREBRO 75
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in clu sive h ab ilid ad es c og nitiva s, m a s
tam bem os d ileren tes pape is soc ia is
atribu ldos a hom ens e m ulheres, 0
qu e i n c1 u i d is c ri rn i n a cao e e s te reo ti po s
cu ln rr alr nen te r nu i to a rr ai g ad o s.
N a o e n ec ess ario se r P h . D . parasaber q ue se os parses ap roveitassern
melhor 0 ta len to fem in ino em uni-
versidades e cen tres de pesqu isa a
p ro du tiv id ad e c ie ntf fic a a urn en ta ri a
sig n if icativam ente . N os E stados
U nidos, por exemplo, as mulheres
representavam 46% d a f orc a d e tra ba -
Iho em 20 0 3 , m as apenas 27% desse
conting en te estavarn em preg adas na s
areas cien trf icas e tecnol6g icas . 0
com entario de S umm ers de sag radou
ta nta s p essoa s p orqu e d ele se c on clu fa
qu e se ria in util q ua lqu er e slo rc o p ara
elirninar essa di ferenca Essa inter-
pre tacao, en tre tan to, ccn tern dois
c on c ei to s e qu i vo ca d os .
Em prirneiro lugar, nao ha nenhu-
m a c ap ac -d ad e in te le ctu al isola da qu e
possa ser cham ada precisam ente de
" ha billd ad e c ie ntf fi ca " (para sirnpli f i~
car u sa re rnos 0 te rm o " ci en tf fle o" p ara
n os re fe rir a a ptid oe s im p orta nte s p ara
o trabalho nos cam pos das ciencias
CONCE I TOS -CHAVE
• Embora as mulheres representernquase a metade da forca de trabalho emmultos parses ocidentais, 0 continqentefeminino no universo clentffko ainda einexpressive, prindpalmente nos nfveis
hlerarqulcos rnais elevados,
• Na media, as muiheres tern mais
habilidades verbals que maternatlcas,eo contrario e verdadeiro para oshomens. Mas essa e apenas parteda hist6ria. 0 desempenho escolarfeminino e superior ao masculino,
inclusive nas areas exatas, Naunlversidade, porem, 0sistema derevis;iiopor pares parece colocar as
mulheres em desvantaqern,
• A manutencao da vida domestlcae familiar, tradicionalmente sob
responsabilidade feminina, influenda atrajet6ria das mulheres clentlstas. Paraelas, par exemplo, ter fllhos se assode arenda menor e probabilidade reduzidade emprego fixo. Emcompensa~~o,os homens costumarn se benefldar
profissionalmente com a patemidade.
A
e xa ta s), A s [e rra rn en ta s n ec essa ria s
para 0 e x.ito a ca de rn ic o n essa s a re as
inc1 uem , na verdade, u rn conjun to de
habilidades verbals , e ss en cia is p ara
redacao de artig os e para palestras
para os pares, por exernplo, boa m e-
m 6 ria p ara co rnp re e nde r i n jo rr n aco es
e eventos c om plexes , e capacidade de
a bstra ca o, p ara lid ar c om in [ orm a ca o
qu antita tiva , m odel os m atem aticos e
estatist icos qu e pos sa rn s er v is ua li za -d os m e nta l m e nte .
E m seg undo lug ar, se F osse rea l-
men t e dernons trado qu e h a diterencas
de ap rid ao c ien tf fica en tre h orn en s e
rn ulhe re s, isso na o sig m fica ria n ece s-
sariarnen te que elas s a o imutaveis
A f in al, se tre in arn en to e e xp erie nc ia
n ao f os sem essencia is , como just i f icar
os investim entos (que saern do bolso
dos alunos ou dos cofres publicos)
para que un ivers idades com o a pro-pria H arvard atin jarn e m antenham
seu nf vel de excelenciaz
U m a das coisas confu ses no earn-
po das d ilerencas en tre os sexos esta
no fato de ser possivel cheg ar a con-
clusoes b em d ile re nte s dependendo
d e c om o a s h ab ilid ad es s a o avaliadas.
S em duvida as m ulheres tern rnais
[acil idade para 0 s u c es so a c ad e rn i co .
e la s re pre se nta rn a rnaioria d as m a trf -
culas n as u nive rsid ad es a rn eric an as
desde 1982 , e a d if erenca em rela
aos hom ens vern se arnpliando a c
ano. Tendencias sem elha n tes
observadas em m uitos ou rros pai
A lern disso, as men inas tern n ota s
d ia s r na io re s em tod as a s d is ci pli ne
i nc lu si ve rn ate rn atic a e ciencias,
DIS PA R IDA DE A C ADEM IC A
A pesar do bom desem penho
sala de au la , a pon tuacao Iem in
em exarn es de selecao, u sados p
in gre sso n a [a cu ld ad e ou p 6s-g ra du
C ; a o , e significattvamenre m enor
ados rapazes . A disparidade aumen
nas m atrtcu las de hom ens e rnu lhe
em carreiras na area de exatas
dilerenca cresce nos nfveis m ais a
do sistem a educac ional. N o hm
decada de 90 , par e xe rn plo, a s m u l
res represen tavam 40% d os a lu n os
g ra du ac ao do I nstitu to d e T ec nologde M assachusetts (M IT ), m as ape
8% do corpo docente .
N otas e pontuacoes em tes
de aval iacao sao inA uenciadas
m ui tos f a teres, por isso pesqu is
dores recorreram a m etodos m
precisos de avaliacao de aptide
cog nitivas para en tender as d
rencas sexuais N a fase pre-escol
m eninos e m eninas costum am se
igualrnente b ern n os te ste s c og ni tiv
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B
I re la cio na do s a p en sa m en to q ua ntita -
tivo e reconhecim ento de obie tos.
i A s d ive rg en cia s c orn ec arn a a pa re -isIer, entretanto.ja no infcio do ensino
c fundam ental. Do nfvel medic em
d ia nte , a s g arota s tem melhor desern-
penho na m aioria das avaliacoes das
habilidades verbals. Em u ma arnpla
e , manter urn objeto t r idimensional
na m em oria e g ira-lo em vanas dire-
c;5es s imu It a n ea m en te (uu i lHslraf i io
acima) . Como seria de e sp era r, e ss as
capacidades g arantern aos m eninos
vantagem na resolucao d e proble-
m as rnaternaticos qu e dependem
da criacao de um a im agem m enta l.
HOMENS COSTUMAM se salr rnelhor em
exercklos rnentais de rotacao, Urna das
tarefas usadas pelos clentlstas conslste
em questlonar os Individuos quanto aposslbllidade de tornar asduas lrnaqens
em A identlcas a s de 8por rneio de
rota ~ao espaclaI
De fato, de rodas as dilerencas
sexuais em h ab ilid ad es c og n itiva s, a
variacao na aptidao quanti tat iva e a
qu e sem pre recebeu m aior atencao da
mfdia ..E sse f asctn io popu la r ocorre,
em parte, porque 0 dominio dessas
habilidades e pre-requisite p ara a re as
que fazem uso intensive d a m a te rn a-
r ica, como a f ( sica e a eng enharia. E ,
c om o su g eriu 0 ex-rerror d e H a rv ard ,a d es va nta gem f em i nin a ne ss e ques ir o
explicaria, pelo m enos em parte, par
q ue a s m u lh ere s sa o geralmente sub-re-
p re se nt ad as n es se s ca m pas. A s ev i den"
cias, entreranto, a inda sa o confuses.
Em resume, rn u lh ere s ti ram notas
maiores nas au las de rnaternarica em
todos os anos escolares e tarnbem se
Embora 0sex ism o d e d ecad as arras n ao se apliqu e a tu alm e nte , rnu itos
a rg um e ntam qu e a in da hoje ex istem forrn as velad as d e d isc rim inacaorevisao sabre aptidoes de e sc ri ta , pu-
b lic ad a em 1995, os psicologos Larry
Hedges e A my N ow ell, na epoca da
Universidade d e C h i ca g o, relatararn.
"A s dilerencas sexuais n a escrita
sa o alarmantes . O s dados indicam
que , em m edia, o s h orn en s estao em
g rande desvantag em nessa aptidao
basica " . 0 sexo feminino tambern
leva a m elhor no reconhecirnentode faces e na m em oria episodica
- re la ci on ad a a eventos d e n atu re za
pessoal, evocados juntamente com
in forrnacoes sabre tem po e l ug ar de
c a d a a con te ciment o.
Os meninos, entretanto, mostra-
ram m aior destreza nu ma habilidade
c ham ad a vis uoe sp ac ia l, e m q ue tin ham
d e m od ele r m en talrn en te u rn ob iero d e
tre s d irn en soe s. O u tra rn an if es ta ca o
d essas en volve a rotac ;ao m en tal, isto
VWWII.MENTECEREBRO.COM.BR
HABIUDADE VISUOESPACIAL: homens tern mais facilidade de modelar mentalmente
objetos tridimensionais, 0que faclllta 0raciocinio [6gi(0
MENTE&cEREBRO 7
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D IVE RSOS £STUD OS de
neuroimageamento encontraram
diferencas estruturals e fundonais entre 0
cerebro fernlnlno e 0masculino
saern lig eiram ente m elhor em pro-
va s de alg ebra, talvez por causa da
es tru tura semelhante a da l inguagem
verbal. M as os garotos brilham naparte materna t ica de testes com o 0
S A T (especie de E nern am ericana),
com lim a dlferenca de 40 pontos em
re la ca o a o re su lta do f em i nin o, d istf tn -
cia que se rnantern h a rn a is d e 35 anos
N o entanto, quando todos os dados
relacion ados a habtlidades quantitati-
vas sao avaliados em conju nto, a d ite-
renca m edia en tre m eninas e rneninos
e , na verdade, mui to pequena .
A primeira vista tudo isso pode pa-
r ec e r pa radoxa l, S e m eninos e rneninas
sao, em m edia , ig ualm enre aptos em
rnatem atica , por que h a um nurnero
m aior de rnen inos su perdoradoss Par
motivos Olinda nao toralmenre claros,
a va ria ca o cia habilida de m arem atic a emui to maier entre rneninos, de [orma
que, na d istribuicao populacional, 0gru-
po f em i n in o e mu l to ma rs hor nog en e o,
eo m ascu line, m ais heterog eneo, com
ind ivfdu os siru ados ao long o de toda aescala que def ine os m ais e os rnenos a p-
ros. L og o, h ii m ais hom ens qu e m ulhe-
re s em a rn ba s a s e x tre rn id ad es d a e sc ala ,
Os dados do Estudo d e J ovens
M a tem a tic am e nte P re co ce s, reaiizado
nos E s ta do s U nid os, e xern plifica m esse
fen6m eno. N a decada de 80 , um de n6s
(Benbow), juntarnente corn 0psicologo
Ju lia n C S tan le y, da l . ln ivers idade johns
H op kin s, o bs ervo u d if eren ca s s ex ua is
na habi lidade d e ra ci oc ln io ma rema ti co
en tre dezenas de rnilhares de jovens
i n re lec tu a lrnenre ral en toso s, entre 1 2 e
1 4 an os, qu e haviam fe i to 0 SAT v ari es
DIANE F . HALPERN e professora d o C la re mont M cK enna C oH ege e m C la re mont. C A MILLA
P .BENBOW e re i tora d e e duc ac ao e d essnvolvim ento hum ane d a U nive rs id ad e Va nd erb ilt
e m N a sh ville . D A V ID C . GEARY le ci on a n a Univers idade do Missouri e RUBEN C . GUR, na
Univers idade da Pens ilvan ia . JA NET SH IB LEY HYDE e MORTON A NN G ERNSB AC HE R
sa o d oc ente s d a U nive rsld ad e d e W'isconsin-Madison. Todos sa o psic6logos.- T radur;ao de Vera de P aula A ssis
78 MENTE&cEREBRO
anos antes daidade recom endada, qu
e par volta des 18 anos ,
N ao foi encon trada d iterenca
significative na p art e v erb al da prov
nesse g rupo de elite , m as na part
rnatematica o s men in o s lo ram rn elh o
H ouve du as vezes rna is g arotos co
pontua coes igua is ou m aiores a 50 0max i rna e 80 0 ), qu atro v ez es rn a i s c o
ponruacao acim a de 600 e 13 veze
rn ais acim a d os 700
Ma is re cen rem en te , porem , 0 m
mero de rneninas ve rn c re s cendo ent
as f eras d a m atern atica . A proporcao
1 3 g arotos para ! g a ro ra , obs erv ad
nos anos 80 , hoje e de apenas 3 para
Durante 0 r ne s rno pe ri odo , 0 mimer
de m u lh eres em alg un s ou tros cam po
cientfficos aurnentou significativarnen
re N os E stados l.Inidos, as m ulhere
hoje represen tarn m etad e d05 aluno
qu e ing ressam n as Iacu ld ades de rn ed
cina e 75% n as e sc ola s d e veterinaria,
diffcil atribuir esse acrescim o a cau s
rsoladas. considerando a profunda
transform acao da sociedade nas u lt
m a s d ec ad as , principalmente no qu
diz respe ito ao s ta tu s s oc ia l f em i ni no
Decadas de estudos com animals
rnostraram qu e os horm onios podem
MAR <;:O 2 00
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o QUE VOCE VAl SER QUANDO CRESCER?
Executivose admlnlstradores
Materna tlcos e cientista s
da computacao
Engenheiros ~'
p arte s d o c ere oro . E i rn po rt an te e nf a-
t iz a r, e nt re ta nro , q ue e ss as d es co be rra s
n50 devem ser cornpreend idas com o
c au sa {m ic a d as d ile re nc as c og niriv as
observadas en tre os sexos. C om o 0
cerebra e extremarnente influenciado
p ela e xp erie nc ia e pelo a pre nd iz ad o, a s
d iteren tes vivenc ias de hornens e rnu -
lh ere s p os si ve lm e n te s ao re sp on sa ve is
por t ai s d i fe re n ca s,
E m esrno sendo m u ito in teli-
g enre, nem todo m undo quer ser
cien tis ta . E stu dos com jovens talen-
tos da m arem atica sao de in te resse
especial para en tender a psicolog ia
80 M E N T E & : C E R E B R O
Medicos
• Homens
Mulheres
Outras ocupacoes
2510
Advogados
15 20
Percentual
DIFEREN';:ASDE GENEROna escolha de carrelra profisslonal sao evidentes mesmoentre crlancas com grande aptidao maternatlca, 0 grMico acirna rnostra um estudocom as opcoes de meninos e meninas que fazem parte de um grupo seleto decriancas - eles representarn 1% das mais habels com os numeros nos Estados Unidos
Professores unlversltarios 'I
Pesqulsadores de ciendas I - = = Jbiol6gicas e exams
Escritores, artistes e proflsslonals I : : : : JIigados ao entretenimento
Trabalhadores ~do setor de saude
Professores do ensino ~fundamental e rnedlo
Donas-de-casa J
o
da escolha prohssional. 0 que leva
u rn pequeno g en io a opta r por
engen hari a eletrica au corn pu ta-
~ao em vez de d ire ito au f ilosof ia?
E m urn estudo am erica no, que
a corn pan h au par d ez a nos 3 20 crian cas
ta le nto sa s ( as m e lh ore s, n um a p ro pe r-
~ao de u rn selecionado para cada 1 0
m il analisados), observou-se urn m i-
m ero m aier d e m en in os cu jas aptid ocs
m atem aticas eram rnais fortes que as
v erb als ( ern bo ra tiv ess em h ab ilid ad e
verbal elevada) , E les d isseram que os
cu rses de ciencias exatas erarn seus
preferidos e que pretend iam form ar-
se nessa area. Em cornpensacao,
en con trad o u rn numero m aior de m
n i na s c u j a s a pt id oe s verba i s superava
a s rn ate rn atic as , a s q ua is o bv ia rn en
preferiarn os curses de hurnanidade
d os qu ais p ro va ve lrn en te s ai ri arn coum d ip lom a universitario No e nt an t
um ru irn ero s ig n if ic at iv e d e e st ud an t
de am bos os sexos exibiarn aptido
e qu iv ale nte s n as d u as a re as e , p ort an t
teoric am en te teriam ch an ces ig uais
se desenvolver em qualquer camp
Ma s e ss a c on clu sa o e a p en a s t e6 ri ca
E ineg avel a in f]u enc ia de fa to
psicol6 gic os e soc ia ls na escolha
c a rr ei ra p ro f is s iona l.
V E U D E S E G R E D O
Expectativas individuals d e s uc es so
m oldadas pela percepcao que as p
s oa s t ern d e s ua s p ro pri as aptidoes, U
d os f ato re s q ue a ju da m a c ria r e ssa a u
imagem e c om o f ig u ra s d e a uto rid ad
c om o p ais e p ro fe ss ore s, n os p erc eb e
enos inR uenciam U rn estudo feito
1992 pelos psicolog os L ee )u ssim ,
l.ln iv ers id ad e R u tg ers e m N o va J ers
e la cq ue ly nn e E c cle s, d a U n iv ersid ad
d e M i ch ig an em A n n A rbor; c on stato
qu e 0 nivel em que os professore
classi f icavarn 0 ta len to m a te rn atico
u rn estu dan te no in fcio do ana letivo
c orre la cio na va c om a s n ota s e sc ola r
obtidas por ele ao longo do ana
m esm o quando rned id as objetivas
hab ilidade desrnen tiam a avaliaca
docente , E s se e o ut ro s e sru d os s ug e re
qu e 0 estere6 tipo da ciencia com o u
a rn bie nte m a sc ulin e p re dis po e o s e d
c ad ore s a t er e xp ec ta t iv as e qu iv oc ad
em re la ca o a s meninas .
A lem d isso, m u itas pesqu isas su g
rem que a percepcao que as pesso
t ern n um ambi en te e sre re ori pi ca rn en
te m ascu lin e ou fem in ino resu lta
vieses de contratacao e prern iacao
f un cio na rio s, in va ria ve lm e nte a f av
dos hornens. E mbora os psicolog o
sociais concordem qu e 0se xism o q
existia decades atras nao se apliq
so
MAR<;:O20
5/9/2018 Revsita Mente e Cerebro - n 182-Marco 2008-Transtorno Bipolar - slidepdf.com
http://slidepdf.com/reader/full/revsita-mente-e-cerebro-n-182-marco-2008-transtorno-bipol
o cerebra delas tern mais substancia cinzenta, com grande densidade de
neuronios, 0deles e rico em substancia branca, abundante em mielina
rn ais a os d ias d e h oje , m u i ros a rg urn en -
tam que houve uma substituicao po rum a form a velada de discr iminacao
o irnpacto do preconceito contra
as m u lheres cient istas a i nda nao fo i bern
estudado por causa do ve u de segredo
qu e cerca a revisao por pares, processo
pelo qu al rnuitos a sp ectos d a c arre ira
cientff ica - com o concessao de verbas,
acei tacao de artigos para publ i cacao ,
alern de contratacoes e prornocoes ~
sao julgados par um a junta de ou tros
cient istas cuja i den t idade nao e reveladaM as ha: urna rn ara vilh osa e xc ec ao D e-
p ois d e um a b ata lh a j ud ic ia l, as b iologas
Ch ri stin e W e n ne ra s e A gnes W old da
Un i ve rs id ad e Gb te ba rg , Suec ia , t ive rarn
acesso aos clados do C onsdho S ueco de
P esqu is as M e dica s sobre c on eess 6e s d e
balsas e f in an cra rn en to s. Pou co an tes d e
a s p es qu is ad ora s p ub li ca rem a estudo,
em 1997 , as N acoes U nidas haviam
declarado a Suecia 0 m elhor pafs do
m un do em relacao a i gu ald ad e d e o por-tu niclad es en tre hom ens e mulheres 0
estudo, pore rn , reve lou dados d if er en te s.
N a epoca, as mulheres f icavam com
4 4% d as b olsa s d e d ou torad o, 2 5% das
de pos-d ou torad o e apenas 7% das vaga s
de p es qu i s ad o r.
TEM PO PARA A FAM ILIA
Ourros detalhes sao ainda m ais sur-
pree nd en te s A s ca nd id ate s re ce be ra m
notas m edias rnenores em todas as are-
a s d e ava li ac ao . c om p ete nc ia c ie ntf fi ca ,
qual idade da pro pos ta metodo16giea
e relevsncia da pesquisa. De Iato,
era possfvel que elas Iossern m esrno
m enos qua lif icadas Para testar essa
hipctese , as pe squ is ado ra s c a lc u la ram
a produ tiv id ad e academ ica com base
no ruimero total de publicacoes da
candidate, rn imero de artigos com o
primeira au tora, fndiee de irnpacto
da publicacao e m im ero de vezes que
ou tros artig os citavam seu trabalho.
O s resu ltados m osrraram qu e 0 grupom a is p rod uti vo d as rn ulh ere s c ie nti sta s
e ra c orn pa ra ve l a o d os p esqu is ad ore s
hornens menos produtivos Todos a s
d em ais g ru pos fem ininos f oram classi-
f icad os abaixo d e tod os os m ascu li nos,
A s au roras conclu fram que 0 processo
de re visf o p or pares naquela que e a
nacao rnais igualitaria em relacao a
generos nao tern nada de igualrtario.
Essas evidencias fornecem um a forte
ju sti fi ca tiv e p ara tornar 0 processo dejulgam ento cientff ico m ais transpa-
rente .. Em bora a trabalho tenha sido
pu blicado na Nature , urna das revistas
cien tf fic as rn ais prestig iadas d o mun-
do, ate hoje nao houve prog resso
concreto nessa area
Por f im, n ao p od emo s considerar °sucesso p ro fis sio na l s em ter em conta
o esforco n ecessario a manurencao
dolv ida d orne stic a e f am i li ar. M e smo
quando m arldo e mulher trabalharnem tem po in teg ral, e el a que em geral
assum e a m aioria dos cuidados com
as cr iancas e a responsabilidade de
a ss is ti r o s p are nte s idosos e d oe nte s.
A s rnu lheres trabalham , em media,
m enos horas par sernana e g astam
rnais tem po com a fam ilia e os alazeres
domest i cos qu e homens de grau de ins-
t ru c a o c o rn p ar av el , Para elas, t er f i lho s
sig nif ic a re nd a m en or e p rob ab llid ad e
reduzida de ter urn em prego fixo. Por
outre [ado, os hom en s costumam se
be nef ic ia r prof ission alrn en te qu an do
se torn am p ais. P orta nto, os d if ere nte s
papeis qu e m ulheres e hom ens desem -
PARA CONHECER MAis!~S. ._ :..J
S U M ME R S: opin iiio do ex-reltor d eHarvard i nc en tiv ou n ov as p es qu ls as
penham no cu idado com a fam f!ia
rarnbem podern explicar a evolucao
diferenciada de su a carreira
A pole-m ica cau sada pelo ex-rei tord e H arva rd s e d eve ju sta rn en te a sua
ingenua sirnplicidade. S e 0 pequeno
nu rnero de m ulheres na ciencia F osse 0
re fle xo d a falta de habilidade feminina,
a lI<;;aore su lta nte s eria . n ao podemos
lazer nada alem de aceitar a ordern
n atu ral d as c oisa s. A rea lid ad e, pore m,
e hem rnais cornplexa , H om ens em u,
[h eres te rn seu s pontos f ortes e f racos,
m as rnuito ainda p re cis a s er f eito p ara
livrar 0 sexo fem inino de um a visaoestereotipada e preeonceituosa que
lirn ita h oriz on te s prof ission ais e re ali-
za<;ao pessoal, E a c ien cia te rn m u ito a
g anhar com isso. m e < :
The science of sex differences in science and mathematics. Diane F . Halpern,
C a milla P . B en bow , David C . G eary, R uben C . G ur, Janet S hibley H yde e M orton
Ann G e rn sb ac he r, em P s yc ho lo gic a l S c ie n ce i n t he P ubl ic i nte re st , vol, 8, n2 1, pags.
1-51,2007.
5/9/2018 Revsita Mente e Cerebro - n 182-Marco 2008-Transtorno Bipolar - slidepdf.com
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Entre a euforia e a depressaoDlVERSOS ESCR ITORES FAMOSOS ERAM PORTADORES DE TRANSTORNO BIPOLAR; SEUS
ALTOS E BA IXOS EXTREMOS DERAM ORIGEM A GR AN DES c L A s s l c o s
A s fases da doenca bipolar fa
ceriam 0 p roc es so d e c ria ca o li te
u r n a v ez q ue cor re spond em a altema
c a ra cr er is ti ca d a a ti vi da d e do e sc ri to
p eriod o d e " re colh im e nto" , d e e la
r , : a o de ideias, seg uido de um per iod
p ro du ca o ( in sp ira ca o e tra ns pi ra ca o
c laro qu e isso so f unc ion a n os casas
m oderados, em que a m ania naoe a
pan had a d e m an if estacoe s ag ress
m a s e , a nte s, a qu ila qu e s e c on he ce
I hipom ania, u rn estado no qual a p
se se nte " en erg iz ad a" e p od e tra b
com en tu si asmo.
H on ore d e B alz ac , p ara S tO lT ,e
b ipol ar t fp ic o. N a s la se s rn a is p ro du
o escr it or j ant ava a s 6 d a tard e, d on na I d a m a n ha, levantava, tra ba lh av a d ura nte to da a m a drupa ran do pa ra rom ar caf e, d escan sar e re ceber visi ta s. N ao
ad mira r qu e ten ha esc nto a g ig an resc a obra que e a C O l l1 i d
mana. No s p erf od os d ep re ss iv es , c on ru do , p en sa va em s ui
f im de e sc ritores com o V irg in ia W o olf e E rn est H em in g
A escntora ing lesa teve urna vida atorm entada
surtos d epressives qu e pareciam n ao af eta r su a cria tivid
m as a levararn a entrar no rio Ouse COm ped ras n os b
de seu casacao para se afog ar. J a H em ing way viveu n
rosas aventuras pelo rnundo, escreveu obras de eno
sucesso, m as rinha de lu tar sernpre contra a depressao,
tambem 0 [evou a morte, E eles nao foram os tin icos.os escritores diag nosticados ~ em g eral depois de m
- com o bipolares estao H ans C hristian A ndersen , F
F itzg erald , N icola i G 6g ol, G raham G reene, H enrik I
Joseph C onrad, H erm an M elville, M ary S helley e R
L S tevenson. A perg unta de A rist6 teles nao foi ainda p
m en te respondida , M as aceitar que doenca m en ra I e ta
sao co rnpa tfvei s j a e lim g ra nd e p rog re sso
De n~ a m en ta l e c ri at iv id a de nao
sao categ orias m utu arn en te exd u-
d en te s; a o c on tra rio, [requenternente
estao a ssocia das. A R nal, criar sig nif ica
escaper de padrces habituais, inovar,
surpreender. Ora, essas caracterfsticas
p od em m u ito b ern s er a pl i ca da s a doencam ental, a tal ponto que, para alg uns ar-
tistas, sao insepara veis 0 g ran de pin tor
noruegues E dvard M unch (auror do
fam oso 0 g r i ! o ) e ra p si co ti co , a dm it ia -o ,
m as ternia qu e 0 tratam en to pu desse
reduz ir ou suprim ir seu potencial A
pergunta, pois, se impoe, existe urn
d en om in ad or c om um e ntre c ria tivid ad e
e doenca m ental? A duvida nao e de
hoje. J a havia sido fonnulada por A ris"
t6 teles, no farnoso Problem a X XX "Por que razao todos as
que foram hom ens de excecao no que concerne it f ilosofia,
a poesia all a s artes sa o manijestarnente melancolicos>"
D uas d oen ca s tern sid o a ssocia das ao processo d e criac;a o
artfstlca a e squ iz of re n ia e a d oe nc a b ip ola r N o c as o e sp ed fic o
d a l it era tu re , c on tu do, a con exao parece se l im i t ar ao s b ipo la re s ,
o processo de elaboracao m ental de esquizotrenicos, com
f re qU e nc ia m a ni fe st o n as a rt es p la sti ca s, c om o rn os tra a n ota v el
colecao de obras de pacientes reunida par N ise d a S ilve ira,
parec e se r a lheio ao d a c riar,:ao lite ran a , ja que im plica lim a
d if ic uld ad e d e interaca o com 0 mundo, D if eren te men te d o
jo rn ali sm o , a e ss en ci a d a li te ra tu re n ao re si de n a c om u ni ca ca o,m as e pre cise u m m f nim o d e d ialog o e ntre escritor e lei tor. N o
ca so d o bipolar e ssa com un ic acao aten de a u ma n ece ssid ad e,
C omo diz 0 psiqu iatra in gles A n thon y S torr em T h e d Y l i a m i c 5
o f c re a t i o n (A d lna rn ica da criacao), os bipolares precisam de
a te nc ao e d e a prova ca o, c om o os e se ritore s." R ea d lIIe, d o I ' IO! Ie!
m cd ie " (" L e ia "m e, n ao me de ix e morrer"), im plora a poeta am e-
ric an a E d na S t.Y i nc en t M i la y ( 1892 " [ 950 ) 0 r econh ec im en to
de leitores, m esrno que poucos - G ustave H aubert d iz ia que
'~ 100 le itore s e ra m p ara e le rn ais qu e s uh cie nte s = . representsirn re fo rc o n a a uro -e stim a.
82 M E N T E & C E R E B R O
MOACYR SCLIARe medico, escrltor e me
da Academia Brasileira de L
MARC ;:O