revista vip garopba #6
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Claudio SilveiraPersonalidade Garopaba
Um lugar para ficarDica de hospedagem
O Mestre dos BarcosRaquel e as baleeiras
Alejandro LloretEm Garopaba
Vigia e PreguiçaEncantos e Sensações
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CONTEÚDO INVERNO
SocialCoquetel de Lançamento 5ª Edição
Os Visitantes de InvernoUma longa jornada
Spaghetti ao VôngoleGastronomia
Surf x Pesca da TainhaSurf
A influência no dia a diaArquitetura
Saúde bucalTambém é qualidade de vida
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É inverno no Hemisfério Sul e assim chegamos à sexta edição da Vip Garopaba.
Estamos felizes. Muito felizes.
A busca por uma consolidação de matérias e textos diferenciados é a proposta que
não para de crescer em nossa equipe.
É um job diferenciado por fugir ao padrão comercial de edição de revistas. Trata-
mos temas consistentes que retratam a realidade cotidiana, histórica e periódica da
cidade de Garopaba e entorno. Para nós, um imenso prazer em cada tema, textos,
trabalho incessante de pesquisas e muitas entrevistas. E a nossa maior finalidade é
propiciar aos nossos leitores, parceiros e apreciadores uma obra literária de qualidade,
informativa, divertida e emocionante.
Aliás, emoção é o que não faltou nesta Vip Garopaba #6. Prepare o seu coração. É
bem provável que seus olhos brilhem um pouco mais intensamente com a história de
Raquel e seus barcos. Imperdível.
Há também uma história de sucesso e amizade entre dois amigos de longa data
da empresa maior empregadora de mão de obra local. Mais emoção pela frente.
Mas há também relatos de um dos cenários mais paradoxais da cidade: Vigia e
Preguiça. Descubra as causas históricas deste pedaço do paraíso em Garopaba.
Há a relação entre a pesca da tainha e o surf, as aves migratórias, hospedagens, ar-
quitetura e muito mais. E o que dizer da história do artista incomum cubano-brasileiro
Alejandro Lloret que escolheu a nossa “Garopabinha” para morar e produzir obras que
correm o mundo inteiro?
Se você, caro leitor estiver lendo esta edição em Garopaba, certamente descobrirá
novidades, informações e fatos incríveis sobre a sua cidade. O que dizer do leitor que
aqui não mora?
Vem conosco. Você é o nosso convidado ilustre.
CARO LEITOR
Vip Garopaba | Carta ao Leitor
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Costão da Vigia
Imagine-se nascer nos anos 50 com mais
doze irmãos. Os tempos eram outros e nos pri-
meiros anos de vida de Claudio Silveira - sócio
fundador dos Supermercados Silveira em Garo-
paba - a vida era inocente, e como ele mesmo
diz, feliz, muito feliz. As brincadeiras eram de rua,
amigos fieis, cavalgadas, banhos de lagoa, car-
rinhos feitos de sobras encontradas no quintal
de casa e arredores. Aos doze anos comprava e
revendia ossos de boi, alumínio, vidros e outros
“produtos”. O jeito para os negócios era notório.
Crescendo no bairro do Campo D’Una, chega
à adolescência. Mesmo trabalhando com o pai
Manoel Balbino da Silveira, não se limitava a isto,
cultivava mudas de eucaliptos e as vendia. Havia
o suficiente em casa, mas queria o seu lugar ao
sol. Os olhos de Claudio brilham de uma forma
que só os que viveram aqueles dias podem en-
tender, talvez. Havia a inocência juvenil e apesar
de não haver internet, jogos eletrônicos, roupas
de grifes e shoppings, a impressão é que aque-
les dias foram insuperáveis. Com a voz cheia de
Vip Garopaba | Personalidade
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PERSONALIDADE GAROPABA
CLAUDIOSILVEIRA
emoção cita os bailes da época. Os casais adultos deixa-
vam suas roupas mais pesadas numa antessala do salão
principal. Neste local dançavam os adolescentes. Eram
os primeiros olhares entre os meninos e as meninas.
Nestas infinitas histórias, Claudio fala do grande amor
de sua vida, Neni, esposa e fiel companheira até os dias
de hoje. Nos momentos mais difíceis e nos mais fáceis,
ela o amparou e deu a força suficiente para suportar os
reveses da vida. Afinal só há vitória quando há dificulda-
des. E foram incontáveis para não fugir à regra de toda
história de sucesso. Em 1974, Claudio inicia sociedade
com o irmão, José Sena Silveira, no pequeno armazém
de secos e molhados que pertencera ao pai de ambos,
no bairro Campo D’Una.
Surge Petronilio, o 3º sócio. Cininha sendo irmã da
esposa de José Sena Silveira faz a aproximação entre
Claudio e Petronilio. Porém, não caberiam no pequeno
negócio 3 sócios e assim Claudio propõe que a socieda-
de aconteceria somente se abrissem uma loja no centro
de Garopaba e assim foi feito. Onde hoje está a loja na
principal avenida da cidade, inicia-se o negócio em Fe-
vereiro de 1977. Mais trabalho e desafios. Naquele ano
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ocorre uma séria crise financeira no país com reflexos
na empresa. A contra gosto de Claudio e Petronilio, José
Sena abandona a sociedade. Ficava então a dupla que
daria muito certo.
Vagner, filho de Petronilio é quem fala agora. Iniciou
aos 13 anos de idade e hoje está na direção dos negócios
na empresa e conta: “meu pai nasceu em Ibiraquera, um
lugar conhecido por sua beleza indiscutível e gente muito
boa. Acreditem, em sua juventude, era músico dos bons.
Tinha até um conjunto chamado Andorinha, porém ao
procurar outro meio de subsistência, se transfere para a
cidade de Tamarana no Paraná, trabalhando na lavoura.
Dias difíceis. E longe de casa enviava cartas para Cininha,
minha mãe, e a pede em casamento. Casados, meus pais
constituem uma vida de trabalho e muitos sacrifícios”.
Chegam os filhos Katia, Vagner, Silvana e Gilberto. Nos
anos 70 decidem retornar às origens e em Garopaba
nasce a última filha do casal, Andreza, que atu-
almente participa na administração da empresa.
As duas famílias, passam a morar em duas
casas em cima do supermercado no centro da
cidade. Nascem Deivid e depois Stefano, os dois
filhos de Claudio e Neni. Deivid, aliás, iniciou mui-
to cedo na empresa, ainda menino seguia os
passos de Vagner, e ao formar-se em administra-
ção de empresas, finalmente em 2002 assumiu o
posto de diretor. O que Deivid é para a empresa,
Vagner também o é: competente e importante.
Assim a empresa chega à liderança e no mo-
mento da construção da 3ª unidade - a 2ª fica
no Campo D’Una – Petronilio falece. Em seguida,
Cininha, também. Perdas irreparáveis, sentidas
por todos, sobretudo pela família. A presença
de Petronilio no novo empreendimento é forte
e com muita justiça há uma placa de reconhe-
cimento por suas realizações. Vagner com os
olhos cheios d’água diz que dentro de si há 100%
do pai. Todos os dias antes do trabalho, beija a
foto de Petronilio.
Claudio e Petronilio confiavam um no outro.
E com olhos marejados, Claudio diz mais para si
mesmo “sinto muito a falta dele. Queria que esti-
vesse ao nosso lado” !
Fazendo jus ao slogan da empresa - Super-
mercados Silveira, aqui você está em casa - há
nos clientes, colaboradores e fornecedores mui-
to destas histórias que não acabam por aqui.
Vip Garopaba | Personalidade
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Imaginar-se em um paraíso é muito bom. Agora, quando isto se dá na inigualável Garopaba, não tem preço.
UM LUGAR PARA FICAR
O clima, as paisagens de tirar o fôlego e outros desfrutes
mais, certamente mexem com qualquer pessoa. Tudo isso é en-
contrado na bucólica cidade a beira mar. Uma inacreditável baía
considerada das mais lindas do mundo. Mas onde ficar? Onde ser
tratado com toda a atenção e carinho? E a gastronomia especial,
onde encontrá-la? Se pudéssemos compor um quadro sobre o
tema, certamente utilizaríamos inúmeros ingredientes. E cá entre
nós, é sim possível desfrutar deste paraíso com alguns requintes e
outros mimos mais. São várias as possibilidades locais de hospeda-
gens. Há hotéis, pousadinhas deliciosas e até casas para aluguel.
Nossa dica é a Morada Prainha com excelente ambiente,
arquitetura e decoração de bom gosto, café da manhã, serviços de
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Vip Garopaba | Baleias
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camareira, wi-fi, estacionamento, piscina, academia, sala
de massagem, estúdio de pilates e gourmeteria em es-
tilo banqueting room. A Morada Prainha está localizada
na Praia da Silveira – onde as coisas parecem ser dife-
rentes e mágicas, e, ao mesmo tempo, fica a apenas 1,5
km do centro de Garopaba, separadas apenas por uma
magnífica montanha. A impressão que se tem é que o
tempo ali passa de modo diferente. O relógio parece que
para seus ponteiros todas as vezes que o sol desponta no
meio do mar, e, assim também parece que nossa mente
quer parar para contemplar tanta beleza: o mar, areias
branquinhas, brisa constante e leve, ondas mais que per-
feitas, local paradisíaco, lugar para relaxar, praticar surf e
atividades afins.
Para quem gosta de quebrar a rotina estressante
do dia a dia, a Praia da Silveira é também um ótimo local
para meditação, caminhadas, trilhas, exploração de suas
montanhas a beira mar, dentre outras vertentes.
Depois disso tudo, o próximo passo é conferir pes-
soalmente essas e outras possibilidades.
Ah! Não esqueça a sua máquina fotográfica em
casa, ela ajudará a contar sua história aos amigos de for-
ma que ninguém duvidará de você, afinal de contas, sim,
o paraíso existe e ele é bem aqui.
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Vip Garopaba | Hospedagem
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Por Fábio Brito
Raquel e as Baleeiras
Vip Garopaba | O Mestre dos Barcos
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Raquel é um mestre. Um mestre na arte de fazer
ou reformar barcos. Sua especialidade, porém, é com os
pequenos. Réplicas perfeitas e premiadas, vendidas para
pessoas comuns ou chefes de Estado. No Museu do Mar
em São Francisco do Sul no litoral norte catarinense há
um exemplar de Raquel. Seus barcos já foram presente-
ados a empresários, governadores, prefeitos e embaixa-
dores. O embaixador do Brasil na República Socialista do
Vietnã, por exemplo, tem uma peça de Raquel em seu ga-
binete. Há peças espalhados pelo mundo todo, Inglater-
ra, Alemanha, Argentina, Uruguai e Paraguai são alguns
dos países que Raquel se lembra, outros nem tanto. Mas
há um país que possui mais de 10 peças para exposi-
ção contribuindo deste modo para a rica história ligada
diretamente ao Brasil. Estamos falando de Portugal, es-
pecificamente da região dos Açores. Os Açorianos estão
antropologicamente contidos no conjunto de fatos de po-
voamento, costumes, modo de trabalho, sotaques, gas-
tronomia e etc, do litoral catarinense. E não se pode falar
desta história sem mencionar que os Açorianos eram - e
ainda são - exímios navegadores, e assim, para cá trou-
xeram esta arte de dominar os mares e suas marés, on-
das bravias, e acima de tudo, retirar dos oceanos, os seus
preciosos produtos. Dentre os mais buscados, estavam
as baleias. Todos sabem que estes cetáceos atualmen-
te estão protegidos por leis severas em territó-
rio brasileiro, ainda bem, mas também se sabe
que, até recentemente, muitos foram mortos em
águas de Santa Catarina. Destes enormes e do-
ces mamíferos, de tudo se aproveitava, carne, os-
sos, óleo e pele. Tudo. As Francas fazem parte in-
clusive da arquitetura local e regional. O seu óleo
era extraído e utilizado para composição de uma
massa de areia e pequenas pedrinhas, e assim,
as paredes das casas eram construídas. Incrível.
Mas quais barcos eram utilizados para
a caça às baleias francas? As baleeiras. Uma
embarcação típica dos Açores. Específicas e
construídas de modo que fossem rápidas e ao
mesmo tempo não tão pesadas ou no formato
inadequado para a aproximação dos doces e de-
licados gigantes. Com as baleeiras podia-se efe-
tuar o “arpoamento” sem grandes dificuldades,
portanto as baleeiras fazem parte da rica história
luso-açoriana-brasileira. E Raquel se especiali-
zou neste tipo de embarcação. Porém em tama-
nho diminuto. Os barcos de Raquel são lindos. Se
adultos gostam, imagine as crianças. Qual garo-
to não quer ter em seu quarto um barco idêntico
aos de “verdade”?
E, a medida que a entrevista é conce-
dida, Raquel vai se emocionando e a todos
emociona. Cita por exemplo que seu pai fazia
boias em madeira aos pescadores, pois não
havia o material conhecido como “isopor” para
ser vendido e utilizado nas malhas das redes
para a captura do pescado. Raquel, ainda pe-
quenino, observava o pai e o ajudava a fazer
pequenos acabamentos nas boias de madeira
que serviriam para o trabalho dos pescadores
locais. Começava assim o contato de Raquel
com a madeira. Esta relação dura até hoje.
Nas baleeiras da Garopaba do início
do século 20, eram transportadas mercado-
rias das mais inusitadas - feijão, farinha, aipim
e etc. E para ir até Florianópolis, acredite, não
era tão simples assim, os mestres das baleei-
ras tinham que aguardar a chegada do vento
sul, uma frente fria, que era o grande facilita-
dor das correntes marítimas para a chegada
à capital do Estado catarinense. Para a volta,
aguardava-se o tempo que fosse necessário
para a chegada de outro “vento”, desta vez, o
facilitador era o não menos famoso, vento nor-
deste, que então ajudava as baleeiras trazerem
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de lá pra cá produtos como: tecidos, roupas, charque,
querosene, calçados e outras necessidades. Um detalhe
é importante citar: ambas as viagens, ida e volta, eram
realizadas no remo.
Claro que com o passar do tempo, motores a die-
sel foram adaptados às baleeiras que ficaram mais rápi-
das e assim mais utilizadas para as atividades pesquei-
ras, pois as estradas foram então abertas e as facilidades
implementadas para transporte e desenvolvimento. Ra-
quel entende que a baleeira é o símbolo da cidade de
Garopaba. Como se fosse uma pedra fundamental. Tudo
começou com elas, diz Raquel com os olhos marejados.
Garopaba chegou a ter uma “frota” de cinquenta e duas
embarcações que serviam à população, destas restam
apenas cinco ainda em atividade profissional. Outras
quatro estão guardadas já como relíquias. E assim Ra-
quel vai falando em tom carregado de nostalgia e ainda
mais emoção.
Raquel faz uma revelação com voz entusiasmada:
um pescador proprietário de uma baleeira chega a cuidar
mais do seu barco do que da própria casa que mora, ta-
manho é o amor por este meio de transporte, trabalho e
sobrevivência. É como se fosse um membro da família.
Há casos verídicos de pescadores que aceitavam vender
e negociar a casa em que moravam, mas que rejeitavam
qualquer oferta de compra de suas embarcações. Um tí-
pico caso de amor inseparável.
Raquel cita as maiores baleeiras de Garopaba e
ainda em atividade. São elas: “Isadora” e “Talita” – assim
mesmo denominadas, com carinho mais que humano -
cada uma com onze metros de comprimento e três de
largura em média, suportando até onze toneladas de car-
ga. As outras baleeiras são menores e suportam em mé-
dia cinco toneladas. Se cada uma delas falasse, quantas
histórias ouviríamos!
Raquel é do mar, não passa um dia sequer sem
vê-lo e diz com uma dose grandiosa de orgulho simples
que só nos simples se encontra – “quando não me encon-
tram na praia pode me visitar em minha casa, pois estou
bastante doente. O caso é grave”.
Raquel trabalhou numa empresa de
Garopaba por 16 anos, e neste período o go-
verno português o convidou para visitar, nos
Açores, o local em que mais de 10 obras suas
estão expostas. Infelizmente não pode fazê-lo,
mas considera que mesmo assim foi até lá,
pois quando uma peça é por ele construída é
um pedaço de si mesmo que se vai. E Raquel
está correto em seu modo de pensar.
E a entrevista vai prosseguindo, de re-
pente Raquel dá um tom sério, inflexivo à voz.
Está preocupado. O mar está avançando, a fai-
xa de areia está diminuindo em nossas praias.
Talvez Raquel já tenha ouvido falar em degelo
polar. É provável que sim. Ah Raquel! Estás cer-
to em sua preocupação. A comunidade cientifi-
ca também o está.
Outra revelação importante de Raquel
é que o tempo começa a cobrar a sua fatura
e com o nosso entrevistado não é diferente.
Depois de produzir e reformar tantas embar-
cações, sejam as grandes ou as miniaturas, o
pó residual da madeira mexeu com a saúde de
Raquel. Mas nem isso o fará parar.
Vip Garopaba | O Mestre dos Barcos
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Mas surpreenda-se mais uma vez, Raquel não se
considera nem mestre de construção naval, nem refor-
mador de embarcações e muito menos artesão. Raquel
diz soletrando: “eu sou pescador”.
Raquel conseguiu criar três filhos em mais de
trinta e um anos de casamento e pescou embarcado em
diversos estados brasileiros, mas frisa com orgulho: “ne-
nhum lugar é mais lindo que Garopaba. Nasci nesta terra
e aqui vou ser enterrado”.
Mas a nossa história está chegando ao fim e é
provável que você - caro leitor – esteja se perguntando,
como é que um pescador, com tanta riqueza de história,
pode ter um nome feminino? Então, deixamos a “cereja
do bolo” por último propositadamente.
Na verdade “Raquel” é Manoel Constante – 53
anos e desde muito pequenino para ajudar a família no
sustento da casa, passou a trabalhar como guia turístico
local e numa destas visitas de jovens hippies que “des-
cobriram” Garopaba na década de 70, aportou por aqui
um grupo de moças, e uma especificamente “adotou”
Manoel e o apelidou de Roberto, pois segundo a mesma,
Manoel era idêntico ao seu irmão de nome Roberto. O
apelido nunca “pegou” em Manoel. Os anos se passaram,
e Manoel já adulto, andando na Praia do Centro de Ga-
ropaba, vê um carro se aproximando. Era um modelo de
luxo, grande e de cor escura. Os vidros se abrem e desce
uma moça. Com os filhos, apresenta o marido
a Manoel e diz: “você é Manoel, estou certa?
Eu sou aquela moça que te adotou tantos anos
atrás, quero conhecer a sua família, quero visi-
tar a sua casa.” E lá vai o nosso personagem
desta incrível e emocionante história apresen-
tá-la aos seus pais e irmãos. “Gente esta é uma
grande amiga que conheci quando eu tinha
doze anos de idade. Trabalhei como guia de
turismo para ela e suas amigas. Pois então, ela
voltou para me ver e conhecer a minha família.”
E todos se abraçaram em meio a muitas lágri-
mas. A emoção era muito grande. Mas num
esforço maior ainda, aquela moça estende a
sua mão para cada membro da família e diz:
“muito prazer, eu sou a Doutora Raquel. Médi-
ca formada”.
E se Manoel não “ficou” com o nome
do irmão de Raquel, a amizade entre um pe-
quenino de doze anos e uma jovem estudante
de medicina era tão sem medidas que Manoel
virou carinhosamente Raquel.
Se alguém encontrar a Doutora Raquel
no Rio Grande do Sul ou mundo afora pode
chamá-la de Doutora Manoel que ela também
atende.
Vip Garopaba | O Mestre dos Barcos
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Alejandro Lloret é um homem incomum. Definiti-
vamente incomum. E a referência incomum não é física.
Na verdade o que é incomum é a sua história pessoal.
Pelo menos para alguns brasileiros, sobretudo aqueles
que não enfrentaram um governo com mãos de ferro e
que tenham herdado uma pátria como a brasileira, hoje
totalmente livre e sem limitações ou “impedimentos polí-
ticos” dentro do estado do direito democrático, esta é sim
uma história incomum de uma pessoa incomum.
Lloret é nascido em Cuba. A ilha. Localizada em
meio ao Oceano Atlântico, ao sul dos Estados Unidos.
Não há quem estude a história contemporânea da huma-
nidade e passe ao largo da história cubana.
Alejandro é natural de Yaguajay, hoje província
de Sancti Spiritus, nasceu em 1957. Estudou na Escola
Nacional de Artes de Havana e se formou em pintura e
desenho.
Após uma década em que insistentemente o go-
verno lhe negava qualquer possibilidade de viagem para
fora da Ilha, por motivos políticos (como foi caracterizado
pela burocracia repressiva cubana), finalmente em 1993,
obtém a permissão de vir ao Brasil para fazer uma expo-
sição individual.
O constrangimento infringido a sua pessoa acon-
teceu em função da prática religiosa - kriya Yoga - método
ensinado por Paramahansa Yogananda, além do apro-
Vip Garopaba | Alejandro Lloret
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fundamento em reflexões filosóficas dissidentes do Marxismo.
1976 foi o ano que acontecem interrogatórios inten-
sos, ameaças, restrições por parte das instituições repressi-
vas conhecidas como União de Jovens Comunistas e do pró-
prio Partido Comunista. Momentos muito difíceis.
Em 1988 uma comissão da ONU é enviada a Cuba
para observar violações dos direitos humanos. Com mais tre-
zentos opositores, Alejandro apresenta-se para fazer acusa-
ções de violações infringidas a ele e outros artistas. Todos os
presentes recebem então o devido reconhecimento de sua
resistência através de uma carta enviada pelo presidente da
ONU.
Em 1993 Lloret vem para o Brasil, diretamente para
São Paulo, onde estabelece sua residência até janeiro de
2013.
E, na cidade que o acolheu, vai morar em bairros im-
portantes da Capital Paulistana, como Pinheiros e Perdizes.
Conhece Carla, a esposa, dois anos depois da chegada. Além
do casamento, inicia-se uma parceria comercial que dura
quase 18 anos. Carla é sua outra perna. Carla Saudades Llo-
ret é marchand e historiadora de arte. Faz a intermediação da
obra de Alejandro. Desde a sua chegada ao Brasil, impensá-
vel conceber a vida e obra sem a presença de Carla.
Nestes anos, Alejandro e Carla, constro-
em um bom mercado no Brasil, em alguns paí-
ses da Europa e nos Estados Unidos. Abel Holtz,
o maior colecionador privado de Joan Miró, já
adquiriu seis obras suas. Em São Paulo, grandes
colecionadores já adquiriram as suas obras de
duas séries. Ao longo deste período foram inú-
meras as exposições e leilões de sua obra no
exterior e no Brasil.
Mas como este casal escolhe Garopaba
para morar? Carla é responsável por isto. Desde
os anos setenta, Carla e sua família frequenta-
vam o paraíso, e o ideal de vida ficou em stand
by em sua memória. Mas o sonho nunca mor-
rera, e assim, com o devido tempo e condições
favoráveis, aportaram finalmente em Garopaba.
No Morro da Silveira – uma colina lindíssima
que divide ao meio uma majestosa paisagem
do Oceano Atlântico com a bucólica Garopaba,
finalmente este é o local escolhido por Alejan-
dro e Carla. Sim, se com as palavras você já se
viu nesta atmosfera incrível, imagine o que este
casal visualiza todas as manhãs. E isto inspira, e
“Crepúsculo I”Óleo sobre tela1,90 x 1,70m | 2013
muito! Mas o próprio Alejandro define assim esta mudan-
ça da metrópole para a pequenina cidade a beira mar:
“veja bem, eu tenho meia dúzia de razões que justificam
o fato de eu ter me mudado para Garopaba, mas preferi-
ria deixar bem claro que assim como Garopaba tem uma
aparência que nos conduz ao sublime, também prefiro
me deixar surpreender pela experiência do mistério que
toma conta do meu dia na Silveira. Esse mistério, eu não
consigo descrever (nem vejo sentido nenhum em fazê-lo)
e que alimenta o meu continente estético e vital, tem se
constituído uma companhia muito querida, não só para
mim como para minha família. É bem claro, pelo menos
para mim, como a experiência com o belo enriquece a
vastidão dos seus olhares. Imagino que eles tenham a
mesma percepção! – impossível acrescentar uma única
vírgula ao conceito de Alejandro.
Alejandro expõe com regularidade em galerias
pelo mundo. Tem reconhecimento internacional. As pai-
sagens imaginárias de Lloret são totalmente brasileiras,
carregam a busca de uma identidade que vem se cons-
truindo ao longo deste período onde optou pelo Brasil
como a sua segunda pátria. Suas florestas-pensantes
extrapolam a linguagem na fronteira da própria aparên-
cia. Sua obra coloca o expectador neste paradoxo: “elas
existem ou não existem? estão dentro ou fora de nós?”.
O Brasil lhe deu asilo político. Hoje tem a residên-
cia e está tramitando a nacionalidade brasileira.
Alejandro Lloret tem 55 anos de vida e é da ge-
ração dos artistas cubanos dos anos 80 que mudaram
o panorama das artes visuais em Cuba. No Brasil, vem
construindo suas florestas imaginárias brasileiras.
Está na mídia especializada, em jornais de circu-
lação nacional, e, revistas como a Vogue, o consideram
um grande artista de nossos dias.
E Alejandro vai numa escalada paulatina,
rumo à consolidação irrefutável do sucesso. Mas
é um homem paradoxalmente culto e ao mes-
mo tempo humanizado, grato, reconhecedor de
pessoas que o ajudam, seja no tempo passado,
presente e futuro. Um verdadeiro cavalheiro das
artes.
E nem que a Vip Garopaba tivesse a pre-
tensão de trazer 1/10 de tanta criatividade, his-
tória, talento e lutas, conseguiria êxito. Portanto...
Alejandro, como definir a sua obra? Sem
dúvidas, um desafio. Um colorido e magnífico de-
safio. Mas, vamos tentar de um modo que todos
os leitores da Vip Garopaba possam assimilar, e
caso não haja unanimidade, a proposta será pro-
piciar o debate sobre sua obra. Obra esta carre-
gada de emoção e realismo, aliás, realismo sim-
plesmente falando não estaria correto, algumas
de suas obras, podemos denominá-las como um
hiperrealismo. Ao apreciá-las, qualquer ser vivo
é sugado para o inacreditável, o maravilhoso, o
belo. E o belo pode sim tomar contornos de per-
feição. O perfeito nas mãos de Alejandro, pode
tornar-se inacreditável.
“Alejandro, Garopaba é a sua casa. Fique
por aqui o tempo que quiser”.
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Por Fábio Brito
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Encantos e Sensações
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O dicionário é um campo farto de informações e
de muitas curiosidades. Para não fugir desta regra, em
Garopaba, entre os locais mais visitados por moradores e
visitantes, estão duas de suas praias com nomes próprios
conflitantes e instigadores: Vigia e Preguiça - deliciosa-
mente assim denominadas por todos, são locais de uma
beleza que beira a raridade e de uma história riquíssima.
Se nos debruçarmos junto aos dois termos e suas
etimologias, teremos: vigia, que deriva do latim vigilare -
cuidar, observar, vigiar. Historicamente, na Roma da épo-
ca do Imperador Augusto, foram instituídos guardas, os
vigili, para manter a segurança dos cidadãos durante a
noite e para combater os incêndios, que podiam tomar
proporções desastrosas. Até hoje os bombeiros italianos
portam o nome em seus uniformes “vigili del fuoco”, vigias
do fogo em português; já a palavra preguiça, também é
um termo oriundo do latim pigritia, e em português enten-
da-se como uma espécie de aversão ao trabalho. Aque-
le sentimento de “hoje não quero fazer nada, ou quase
nada”. Você sabe o que significa este sentimento.
E como é possível “vigiar” e ao mesmo tempo
“preguiçar”? A resposta é: visite o local para poder enten-
der. Simples assim!
A Vigia em Garopaba é o que podemos classifi-
car como o início de uma baia ao sul da Praia do Centro,
uma espécie de reentrância de mar. Vegetação rasteira
e sempre verde, próxima ao contorno marítimo.
Rochas em tom de bronze. Mar com cor de es-
meralda, às vezes. Mas vigie, se o tom for cinza,
pode estar chegando tempestade por aí. Na área
montanhosa, a vegetação é de Mata Atlântica,
com clima, fauna e flora correspondentes. E em
meio a este “complexo” natural da Vigia está con-
tida a Praia da Preguiça - linda, pequenina, areias
cristalinas e mar calmo - frequentemente visitada
ou como moradia constante de humanos e seres
do reino animal.
De modo simplista e não científico po-
demos classificar ambos os locais assim: huma-
nos - pescadores, turistas, trilheiros, estudiosos,
praticantes de esportes náuticos, fotógrafos, es-
tudantes e pessoas de fé; reino animal - baleias
francas, golfinhos, aves marinhas, lobos mari-
nhos, elefantes marinhos, tartarugas, mariscos e
peixes das mais variadas espécies.
E o termo vigia, o que significa para os
locais? O termo é empregado na atividade de
pesca artesanal, de geração a geração de pes-
cadores e denomina o responsável por vigiar a
chegada do cardume. O Vigia busca inexoravel-
mente a parte mais alta possível do relevo local
portando em uma das mãos um tecido, pedaço
O
Vip Garopaba | Vigia e Preguiça
35
de pano, geralmente de uma só coloração, e
agitando-o, faz movimentos de orientação – siga
em frente, retorne, vá para a direita, vá para a es-
querda – aos companheiros embarcados para o
cerco aos cardumes de peixes tais como sardi-
nhas, anchovas e as mais cobiçadas de todas
– as tainhas. No final da atividade, o quinhão é
dividido por todos, na devida proporção. Portan-
to o Vigia deve estar atento ao trabalho, ter boa
coordenação motora e boa visão. Todos, afinal,
dependem de suas orientações para um bom dia
de trabalho. E como é possível, em meio a tanta
agitação e movimentação, gritos e assobios e trabalho
braçal muito duro, haver uma linda prainha denominada
Preguiça? Talvez em razão de tanta adrenalina despeja-
da no organismo, através da atividade pesqueira, ocorra
aquele momento de descanso, de alívio, de dever cum-
prido, talvez. Quem sabe um pensamento de “ufa, con-
seguimos, tivemos sucesso” ou olhos perdidos no infinito
do Oceano Atlântico outro tipo de pensamento “desta vez
não deu, perdemos o cardume, fracassamos”.
Se você que lê esta matéria chegar muito cedo
ao local, terá uma das visões tidas como inesquecíveis à
retina de uma pessoa: o nascimento do Sol saindo entre
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algumas nuvens e o mar. Pense o quanto é marcante o
cenário. Mas não é só isto. Há também as aves saindo
dos ninhais em busca do alimento para si e seus filhotes,
passarinhos cantando e a brisa que sopra levemente o
cheiro inconfundível das ondas do oceano. É um convite
à reflexão ou não é? E no final do dia, como uma cortina
de palco teatral, um crepúsculo de sombras e raios sola-
res emolduram este cenário que em lugares do mundo
inteiro talvez não se encontre.
As histórias sobre o local são ricas, carregadas de
folclores e a imaginação de moradores mais antigos. Há
um misticismo muito forte enraizado e sempre retornam
ao imaginário popular. Diz a lenda que, “figuras” já foram
vistas por aquelas bandas, alguns afirmam inclusive que
foram perseguidos por pessoas que já morreram. Som-
bras de homens muito altos, noivas com seus vestidos
de casamento soltos ao vento, bolas de fogo, gemidos,
ruídos, luzes e por aí vai. E claro, todo este cenário sem-
pre ocorre à noite, tarde da noite. Nunca durante o dia
ensolarado e cheio de luz. Isto certamente mantém os
elos familiares e acende o calor de comunicação entre as
pessoas. Mesmo que de modo estritamente imaginário.
Também por ali se encontra uma gruta
para visitação e orações de moradores locais e
visitantes. Há quem zele pelo local com muita
disciplina e reverência. A palavra de ordem é fé.
E num cenário natural como o descrito, fica até
mais fácil acreditar nas possibilidades da vida.
Aliás, fotografias antigas demonstram o quanto
famílias inteiras por ali passavam em dados mo-
mentos do ano. Muitos para agradecer pelos ob-
jetivos alcançados, outros para pedir por aqueles
a serem alcançados.
Ultimamente o local é habitado por uma
classe economicamente elevada, casas de altís-
simo padrão são cada vez mais notadas e cons-
truídas. Mas no início dos anos 70 e 80 a classe
frequentadora do local era bem outra. Os hippies
“descobriram” o lugar e por ali passaram a acam-
par, com a ajuda da gente nativa sempre recepti-
va e sorridente. E isto fez com que um fenômeno
mundial também ocorresse no local, afinal, di-
zem os antropólogos e estudiosos do compor-
tamento social que, os hippies em sua maioria,
abandonaram suas roupas coloridas, cabelos
compridos e formaram famílias, estudaram mais,
adquiriram, saíram de suas barracas de acam-
pamento e entraram em casas no sentido literal
e concreto da palavra. O cenário hoje é, portanto,
bem diferente no mundo, e em Garopaba, na Vi-
gia e Preguiça ocorreu o mesmo.
Portanto aqui vai um convite: se quiser
“vigilantemente” passar um tempo num local pa-
radisíaco venha para cá constatar tudo o que foi
aqui descrito. Se eu fosse você não perderia este
sentimento conflituoso de jeito algum.
E não se esqueça, mantenha-se em esta-
do de vigia e preguiça. Ao mesmo tempo!
Vip Garopaba | Vigia e Preguiça
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Um brinde!No dia 21 de dezembro de 2012, Garopaba deu boas vindas para a
5ª edição na compania fiel da família Vip Garopaba. A espumante
da Casa Perini e a cerveja Therezópolis deu sabor ao brinde. Os
canapés da chef Tatiane Colares e os assados de Rodrigo Walter
surpreenderam o paladar dos convidados. O Condomínio Garopaba
Internacioanal acolheu o evento em grande estilo.
Realização: Apoio:
Coquetel de lançamento 5ª Edição Revista Vip GaropabaFLASH
Vip Garopaba | Social
41
A histórica costa catarinense é mundialmente
famosa por constituir uma das mais importantes áreas
reprodutivas das baleias francas (Eubalaena australis). A
espécie distribui-se ao longo do litoral vinda das águas
geladas austrais, realizando uma migração de cerca de 5
mil km, selando aqui uma linda fase de sua vida: o nasci-
mento dos filhotes.
Mas o continente gelado também abriga uma
enorme diversidade de outros animais marinhos, como
aves, focas, golfinhos e as grandes baleias filtradoras. Os
mais numerosos habitantes da Antártica são os pinguins-
-de-magalhães (Spheniscus magellanicus), agrupados
em colônias compostas por milhares de indivíduos. To-
dos estes animais são muito resistentes ao frio e estão
bem adaptados para condições extremas (ventos fortes e
temperaturas entre -30°C e -65°C). Com a chegada do in-
verno, grande parte migra para outros locais procurando
melhores condições de sobrevivência, seja para disponi-
bilidade alimentar ou reprodutiva.
As migrações podem ser longas ou curtas, até
mesmo diárias, como é o caso de algumas espécies que
passam o dia alimentando-se nas praias e, com o pôr do
sol, voam em direção às ilhas costeiras para descansar e
nidificar (postura dos ovos). Seguindo este exemplo, os
piru-pirus (Haematopus palliatus) e os penilongo-de-cos-
tas-brancas (Himantopus melanurus) são aves facilmen-
te vistas durante o dia em busca de alimentos nas areias.
A migração mais longa conhecida é a do trinta-réis-do-
-ártico (Sterna paradisaea), que viaja todo o ano do ártico
para o antártico.
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Já alguns mamíferos como os leões e lobos mari-
nhos podem deslocar-se a grandes distâncias à procura
de alimento e suas migrações são sazonais, variando en-
tre áreas alimentares e as colônias de reprodução onde
formam haréns.
Ilhas, como a do Coral e o Ilhote do Siriú, são de
extrema importância por proporcionarem um local de
descanso para certas aves e mamíferos marinhos e a
preservação destas áreas é fundamental para sobrevi-
vência das espécies.
Os métodos que os animais empregam para en-
contrar com exatidão as rotas migratórias ainda são des-
conhecidos e alguns são mais interessantes e certeiros
que um sistema de GPS. Cientistas apostam na utilização
do faro, sistema planetário, posição solar, marcos visuais,
clima e até campo magnético.
Se pudéssemos voltar no tempo cerca de
200 anos, poderíamos admirar milhares de ba-
leias nadarem ao longo de sua rota migratória.
Preservar a abundância das espécies não é uma
tarefa fácil, mas se reconhecermos a importân-
cia ecológica das migrações, poderemos então
aperfeiçoar ações que conservem as rotas antes
ainda que populações-animais comecem a dimi-
nuir. A importância científica de estudar tais mo-
vimentos em massa nos responsabiliza a todos
para a perfeita maravilha de tais espetáculos. As
migrações são um tipo de culminação da nature-
za.Vamos contemplá-las!
Vip Garopaba | Visitantes
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por Mônica PontaltiBióloga CRBio 058623/03
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: Môn
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Nesta edição, além da tradicional receita aos nos-
sos leitores, publicamos também algumas informações
sobre o Vôngole assim conhecido na Itália, ou Berbigão
no Brasil, uma espécie de molusco bivalve que habita
águas arenosas ou lodosas e cuja carne é muito apre-
ciada. Este fruto do mar é encontrado em todo litoral bra-
sileiro e para nosso deleite, em Garopaba é fartamente
encontrado.
Muito apreciado na Itália e também em alguns
restaurantes pelo Brasil, o Vôngole é primo das ostras e
dos mariscos, economicamente barato, e se bem utiliza-
do, pode ser um prato muito valorizado.
Uma dica: quando localizado, retirar somente o
que for para consumo, em alguns lugares já está escas-
so. Com consciência deve ser preservado para não sumir.
Spaghetti ao Vôngole é um prato conhecido no
mundo inteiro e esta é a receita desta edição. Porém são
conhecidas mais de 100 maneiras de utilização desta
iguaria das águas marinhas.
Outra dica é que os moluscos abertos antes do
cozimento devem ser descartados, pois estão impróprios
para o consumo humano, com risco à saúde.
Este prato pode ser acompanhado por um bom
vinho branco, verde ou por espumantes.
por Zeca D’Aléssio
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Preparo:
• Vá preparando o molho enquanto a massa
estiver cozinhando.
Em uma panela coloque o azeite e o alho. Re-
fogue até que o alho fique douradinho, junte o
vinho branco e deixe ferver, em seguida adicio-
ne os tomates picados.
• Quando levantar fervura coloque os Vôngoles
e deixe fervendo até que todos os moluscos se
abram.
Pronto, está no ponto certo para terminar sua
receita. Falta apenas adicionar a salsinha, o sal
e o spaghetti. Misture bem todos os ingredien-
tes e está pronto para servir.
Ingredientes:
• 500 gramas de Spaghetti (o Barilla nº 3
ou nº 5 são excelentes)
• 1 quilo de Vôngole com cascas
• 8 colheres de sopa de azeite
• 3 dentes de alho amassados
• 1 xícara de vinho branco
• 2 colheres de sopa de salsinha picada
• 4 tomates maduros sem casca e picados
• Sal a gosto.
Obs.: O mais importante nesta receita é que os Vôngoles
estejam muito limpos, por isso, devem ser lavados abun-
dantemente em água corrente para retirar resíduos de
areia. Depois de limpos, reserve-os.
Vip Garopaba | Gastronomia
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Fotos: Guto Souza e Zeca D´Aléssio
A TEMPORADA DA TAINHA
SURF
Dois fenômenos ocorrem simultaneamente
nos meses de maio, junho e julho no Oceano
Atlântico – Costa Sul Brasileira e especificando
um pouco mais, em Santa Catarina: a migração
das soberanas Mugil Cephalus também conhe-
cidas como Tainhas - espécie de peixe marinho
muito apreciado na culinária brasileira; e ondula-
ções acima da normalidade, devido à formação
constante de ciclones extratropicais. Em Garopa-
ba não é diferente.
Mas o que um evento interfere no outro? In-
terfere totalmente. Vejamos:
1. Por ser um período considerado “muito
curto” pelas comunidades pesqueiras e a explo-
Tales FernandoHartmann
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ração da atividade, instituiu-se o “fechamento” das praias para a
prática de esportes náuticos, especialmente o surf;
2. O “fechamento” das praias impede o surfista de também
explorar ondas que não serão encontradas nos demais períodos
do ano;
3. Devido aos inevitáveis conflitos e ideias tão divergentes, são
observadas ocorrências de ambas as partes: acusações, amea-
ças, atos de violência e, acreditem, até a convivência pacífica em
que surfistas ajudam a puxar as redes e recebem o seu “quinhão”
no final da atividade.
E, como tudo tem dois lados, surfistas procuram encarar a re-
alidade com um sentimento dualista, tanto quanto é custoso ver
ondas perfeitas para o esporte preferido sendo proibido, também
entendem que a atividade profissional pesqueira sustenta muitas
famílias, isto é fato. Algumas alternativas estão sendo pensadas
ao longo do tempo, por exemplo, na Praia da Ferrugem há um
espaço nobre para o esporte, mas que comprime todos os surfis-
tas da região em um “pico” só. A disputa por uma onda vira um
estresse. Quem frequenta sabe. Os novatos com menos experiên-
cia, são os que mais sofrem, pois os mais experientes são mais
rápidos, e o clima entre os praticantes pode ficar tenso.
E a lei o que diz sobre o assunto? Segundo o MS 89732 SC
1997.008973-2, a informação disponível é a seguinte:
• Mandado de Segurança Coletivo. Lei Municipal que proíbe a
prática de surf em período dedicado à pesca da tainha. Legalida-
de e inconstitucionalidade.
• A competência para legislar sobre as praias marítimas e
o mar territorial, *ex vi do art. 20, IV e V, da Constituição Federal
de 1988, é da União. Portanto, extrapola de sua competência o
Município que promulga lei proibindo a utilização do mar pelos
surfistas sob o argumento de prejuízo à pesca de tainha. Plano
nacional de gerenciamento costeiro. LEI FEDERAL N. 7661/88.
Sobreposição à lei municipal. A Lei Federal n. 7661/88, institui-
dora do Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro, garante, em
seu art. 10, o livre acesso às praias e ao mar, contrapondo-se e
sobrepondo-se, assim, à Lei Municipal que veda a prática de surf
nas praias do município.
Na prática, o que tem se visto são placas de orientação proi-
bindo ou limitando as áreas de surf e acesso ao mar nesse perí-
odo. Algo nesta questão precisa ser repensado. E preferencial-
mente de modo pacificado e sinergético. Boas ondas, boa pesca!
Vip Garopaba | Arquitetura
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Conceituando arquitetura podemos dizer
que, essencialmente, é a organização dos espa-
ços além de estar presente na vida e no cotidia-
no de todos.
Nos cenários que emolduram os aconteci-
mentos do cotidiano da humanidade, desde o
espaço onde nascemos, passando por residên-
cias, escolas, praças, prédios públicos ou comer-
ciais, todos são concepções de arquitetura.
De que modo nos relacionamos com estes
espaços e como estão configurados? Estão atu-
ando de forma positiva no nosso cotidiano?
Passamos a maior parte da vida na casa ou
no trabalho. Isto é fato. Mas vamos ampliar a nos-
sa análise sobre o tema: certamente o ambiente
externo e as questões sociais são fatores deter-
minantes na arquitetura. Enquanto uma casa
em São Paulo tende a ser um bloco de concreto
mais fechado, por questões óbvias de seguran-
ça e privacidade, uma casa em Garopaba ou em
Trancoso tende a ser mais aberta, vazada, solta,
iluminada e ventilada naturalmente, receptiva
a vida e ao convívio com a natureza no sentido
mais amplo. Podemos inclusive dizer que a ar-
quitetura é uma moldura da sociedade local ou
regional de um bairro, cidade, região e até mes-
mo de uma nação.
Os espaços nos transmitem sensações. E,
sejam elas, boas ou ruins, interferirão na nossa
atmosfera física, mental e emocional.
e a influência no dia a dia
Foto: Guto Souza | Projeto: WB Arquitetura
Vip Garopaba | Arquitetura
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Waleska BurlacenkoArquiteta e Urbanista
WB Arquitetura e Paisagismo
Externamente, a boa arquitetura gera volumes com “movimentos”
que podem despertar a atenção de pessoas por formatos e relações de
proporção entre os elementos que os constituem. Os elementos arqui-
tetônicos como janelas, portas, vigas, pilares, telhados ou até mesmo a
ausência deles, devem se unir formando um todo harmônico que leva
a edificação a assumir o papel não de simples construção, mas de
obra de arte, ou como diria Goethe: “música congelada”.
Internamente, um espaço adequado é aquele que desperta uma
sensação agradável tanto à visão quanto ao tato, além de possuir di-
mensões aptas à função que o ambiente exija. Superfícies dos elemen-
tos, em suas infinitas texturas e cores, com a utilização de uma tempe-
ratura adequada ao espaço, a qual pode ser controlada não só pela
escolha dos materiais construtivos, pela consideração à posição solar,
os ventos predominantes ou pelo uso de plantas, amenizam o calor e
embelezam o lugar. Sem dúvida, todos são ingredientes importantes
para a contribuição de noções de aconchego e bem estar.
Portanto, não se pode negar a influência da arquitetura, com seus
espaços bem projetados, na vida dos seres humanos.
Assim, particularmente, não concordo com a definição de que Ar-
quitetura é uma ciência exata. Arquitetura é, acima de tudo, uma ciên-
cia humana, pois é ARTE ALIADA DO BEM VIVER, contribuindo direta-
mente para a nossa felicidade.
Foto: Luciano Plentz | Projeto: WB Arquitetura
Foto: Luciano Plentz | Projeto: WB Arquitetura
Vip Garopaba | Saúde
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A qualidade de vida está diretamente relacionada
com o estado de saúde. Esta é definida pela Organiza-
ção Mundial da Saúde (OMS) como “o completo estado
de bem estar físico, mental e social e não meramente a
ausência de doença ou enfermidade”. Não basta estar li-
vre de doenças sistêmicas, mas devem ser considerados
outros fatores de saúde na vida do indivíduo como: mo-
radia, lazer, satisfação pessoal, emprego, remuneração
adequada e a saúde bucal. Estes indicadores ajudam a
mensurar a qualidade de vida e definem o bem estar do
indivíduo.
Uma das funções primordiais do cirurgião dentista é
promover saúde, o que significa aumentar a qualidade de
vida das pessoas, conseguindo com isto, ausência de dor,
bem estar físico, psicológico, social e autoestima positiva.
Uma boa saúde bucal elimina dores na boca e na face,
melhora a mastigação, facilita a digestão, comunicação
(sorrir e falar), eleva a autoestima e diminui o número de
doenças. Podemos afirmar que envelhecer com os den-
tes naturais saudáveis, é sinônimo de qualidade de vida.
Diversos estudos mostram uma porcentagem grande
de idosos com problemas nutricionais, sendo este o fator
que mais prejudica a saúde geral do idoso.
A ausência de dentes leva a pessoa a mudar seu pa-
drão alimentar deixando de comer alimentos nutritivos,
consumindo uma alimentação mais pastosa, pobre em
nutrientes, rica em açúcares e carboidratos, aumentando
a incidência de doenças como a diabetes, hipertensão
e obesidade, e, consequentemente prejudicando muito a
sua qualidade de vida.
A melhor forma para a reposição dos dentes perdidos
dá-se pela instalação de implantes dentários. A cirurgia é
feita através da colocação de pinos de titânio que subs-
tituirão as raízes dentárias. A técnica apresenta ótimos
resultados estéticos e funcionais.
SAÚDE BUCALtambem é qualidade de vida
Implantodontia, Prótese Dentária
Endodontia, Periodontia
Clínica Geral, Estética Dental
Extrações de Sisos
Imbituba: 48 3255 3072
Garopaba: 48 3354 1529
Redação: Fábio BritoRevisão: Daniela PapaleoComercial: André SantiDesign Gráfico: Guto SouzaDistribuição: Sul do PaísColaboraram nesta edição: Mônica Pontalti, Tales Hartmann, Dr. Walter B. Júnior,Waleska Burlacenko e Zeca D´Anézio.Fotografia: Kaco Hübner, Ivana Werner, André Santi, Guto Souza, Mônica Pontalti, Luciano Plentz, Zeca D´Anézio e André Aéreas.
Anuncie! [email protected] | 48 3254 6299 | 48 9147 7291
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Morro da Silveira, 23 de julho de 2013.