revista ti inside - 89 - abril de 2013

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Redes sociais de nicho proliferam no mercado Empresas de tecnologia descobrem o interior Cresce a busca no país por nuvens privadas Ano 9 | nº 89 | abril de 2013 www.tiinside.com.br BIG DATA Varejistas e instituições de saúde descobrem nas tecnologias de análise de grandes volumes de dados aliadas importantes na tomada de decisões A SERVICO DA SAÚDE E DO VAREJO

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Revista Ti Inside - 89 - Abril de 2013

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Page 1: Revista Ti Inside - 89 - Abril de 2013

Redes sociais de nicho proliferam no mercadoEmpresas de tecnologia descobrem o interiorCresce a busca no país por nuvens privadas

Ano 9 | nº 89 | abril de 2013 www.tiinside.com.br

big dataVarejistas e instituições de saúde descobrem nas tecnologias de análise de grandes volumes de dados aliadas importantes na tomada de decisões

a servico da saúde e do varejo

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A b r i l d e 2 0 1 3 | T i i n s i d e 3

>editorial Ano 9 | nº 89 |abril de 2013 | www.tiinside.com.br

Big data assume papel relevante na transformação dos negócios

>sumário

O setor de tecnologia da informação é pródigo em criar novos conceitos ou a releitura de conceitos antigos com novos nomes. A reportagem de capa desta

edição, que trata do tema big data, se enquadra neste último caso, já que ele pode ser encarado com uma evolução de tecnologias como data warehouse, data mining e business intelligence — todas elas destinadas a armazenar e analisar informações estruturadas. O caráter inovador do big data está no fato de incluir, também, a análise de dados não estruturados, em grandes volumes, e processar tudo isso rapidamente, em tempo real, para que as empresas possam tomar decisões.

Com o advento das mídias sociais, a produção de informações tem aumentado a uma velocidade espantosa, proveniente das mais diversas fontes como rastreadores de veículos, celulares, redes de relacionamentos etc. E graças às tecnologias de big data, as empresas agora podem entender essas informações para usá-las em benefício do negócio. Para mostrar a importância do big data hoje para as corporações, a repórter Fabiana Rolfini esquadrinhou duas áreas no Brasil que estão se valendo dessa tecnologia para transformar a forma como atuam e fazem negócios — os setores de saúde e varejo.

Hospitais, centros de saúde, clínicas médicas e prestadoras de serviços de diagnósticos já começam a utilizar ferramentas

analíticas para gerenciar desde custos operacionais, estoques, dados clínicos, de exames, de tratamento até informações sobre doenças e medicamentos. Os varejstas têm lançado mão da tecnologia para conhecer melhor o perfil dos clientes, entender suas necessidades e aumentar a estatura da própria empresa no mercado.

E outros setores devem aderir rapidamente ao big data. Pesquisa global realizada pelo Gartner com diretores de TI mostra que 42% planejam investir em ferramentas analíticas dentro de um ano, elevando ainda mais os gastos mundiais com a tecnologia, cuja estimativa é que movimente US$ 34 bilhões neste ano. O ano, por sinal, deve ser marcado pela sua adoção em larga escala após um período de experiências e dos casos de sucesso de organizações pioneiras.

Outro destaque desta edição é o crescimento das chamadas redes sociais segmentadas ou redes de nicho, as quais têm atraído um número cada vez mais de grupos especializados de usuários com interesses em comum — seja o segmento econômico em que sua empresa atua, a profissão que exercem, a cidade em que moram, o hobby que praticam, enfim, motivos tão variados quanto a natureza das redes que hoje proliferam. E, ao que tudo indica, esse universo promete se expandir ainda mais e conquistar novos adeptos.

Claudiney SantosDiretor/editor

[email protected]

NEWS4 TI nos bancosOs bancos brasileiros investirão R$ 23 bilhões neste ano em TI, segundo a Febraban

5 Marco civil da internetRelator do PL 2.126/2011, Alessandro Molon, quer manter o assunto na agenda da sociedade

INFRAESTRUTURA14 Nas nuvensEmpresas brasileiras aderem as nuvens privadas para reduzir custos com infraestrutura

MERCADO16 Estudante virtualAumenta o número de alunos matriculados em cursos superiores online, mas e-learning ainda tem longo caminho no Brasil

20 Frutos da saúde Com 85% do seu resultado proveniente da área de saúde, InterSystems investe para crescer no mercado corporativo brasileiro

22 Consumidor fielGarantir uma boa experiência de compra ao cliente é desafio para quem monta loja virtual ou desenvolve projeto de automação comercial

INTERNET26 Redes segmentadasAs redes sociais segmentadas, ou redes de nicho, têm atraído um número cada vez maior de grupos especializados

INDúSTRIA28 Rumo ao interiorA saturação das grandes capitais e a oferta de incentivos fiscais têm levado cada vez mais empresas de TIC para cidades do interior

Instituto Verificador de Circulação

Presidente Rubens Glasberg Diretores Editoriais André Mermelstein Claudiney Santos Samuel Possebon Diretor Comercial Manoel Fernandez Diretor Financeiro Otavio Jardanovski

Diretor-EditorClaudiney Santos

EditorErivelto Tadeu

SubeditoraGabriela Stripoli

RepórteresBruna Chieco, Fabiana Rolfini e

Max Milliano Mello (Brasília)

ColaboradoresInaldo Cristoni e Ana Moura Fé,

Leandro Sanfelice (Vídeorepórter)

Arte

Edmur Cason (Direção de Arte); Débora Harue Torigoe (Assistente); Rubens Jardim (Produção Gráfica);

Geraldo José Nogueira (Edit. Eletrônica); Alexandre Barros e Bárbara Cason (Colaboradores)

Departamento ComercialManoel Fernandez (Diretor)

Carla Gois (Gerente de Negócios); e Ivaneti Longo (Assistente)

Gerente de Circulação Patrícia Brandão

Gerente de Inscrições Gislaine Gaspar

Marketing Harumi Ishihara (Diretora)Gisella Gimenez (Gerente)Gerente Administrativa

Vilma Pereira

TI Inside é uma publicação mensal da Converge Comunicações - Rua Sergipe, 401, Conj. 603,

CEP 01243-001. Telefone: (11) 3138-4600 e Fax: (11) 3257-5910. São Paulo, SP.

SucursalSCN - Quadra 02 - Bloco D, sala 424 - Torre B -

Centro Empresarial Liberty Mall - CEP: 70712-903 - Fone/Fax: (61) 3327-3755 - Brasília, DF.

Jornalista ResponsávelRubens Glasberg (MT 8.965)

ImpressãoIpsis Gráfica e Editora S.A.

Não é permitida a reprodução total ou parcial das matérias publicadas nesta revista, sem autorização

da Glasberg A.C.R. S/A

CENTRAL DE ASSINATURAS 0800 014 5022 das 9 às 19 horas de segunda a sexta-feira

Internet www.tiinside.com.brE-mail [email protected]

REDAÇÃO (11) 3138-4600E-mail [email protected]

PUBLICIDADE (11) 3214-3747E-mail [email protected]

GESTÃO8 Apoio à saúde e ao varejoEmpresas dos setores de varejo e saúde aderem às ferramentas analíticas para auxiliar na tomada de decisões e na melhoria da competitividade

CApA: EVERyTHING POSSIBLE/SHUTTERSTOCk.COM

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>news

Gastos dos bancos com TI

Os bancos brasileiros gastaram R$ 20 bilhões em tecnologia da informação no ano passado, o que representa um crescimento de 9,5% na comparação

com 2011, de acordo com dados da Federação Brasileira dos Bancos (Febraban). Elaborado em parceria com a consultoria Booz & Company, o estudo — realizado com 16 instituições bancárias do país — projeta que os gastos somarão entre R$ 22 bilhões e R$ 23 bilhões neste ano e que o aumento das despesas terá variação entre 10% e 12% nos próximos anos.

Dentre os investimentos, os mais representativos foram os direcionados à compra de equipamentos e desenvolvimento de novas soluções tecnológicas, que corresponderam a 40% do total. O dispêndio com software de terceiros e desenvolvimento de software foi responsável por 37% de todo o orçamento de TI dos bancos, sendo a categoria que mais cresceu (20,6%) em 2012. Já as despesas com telecomunicações representaram 21% dos recursos.

A pesquisa evidencia ainda que houve um crescimento exponencial, de 78%, no volume de transações bancárias nos últimos cinco anos. O destaque foram as operações feitas por meio do internet banking, que representaram 39% das transações em 2012, totalizando 14 bilhões de operações, um crescimento de 23,7% na comparação anual. Já o volume de transações por mobile banking registrou alta de 223,4% no mesmo período e representou 26% das transações no ano passado, ainda que apenas 2,6% delas sejam realizadas com movimentação financeira. As operações de autoatendimento cresceram 5,8%, respondendo por 9,1 bilhões de transações, enquanto as dos caixas de agências, com movimentação financeira, caíram 6% e somaram 18,2 bilhões de operações.

A facilidade de uso dos meios digitais, associadas ao perfil

dos correntistas, faz com que eles tenham um comportamento cada vez mais virtualizado. No ano passado, as transações realizadas pelos meios virtuais já ultrapassaram aquelas feitas por meios tradicionais. O relatório da Febraban indica que, em 2012, o percentual da soma do volume de transações por meios virtuais foi de 42%, contra 41% dos meios tradicionais.

Multa salgada

A Apple concordou em pagar US$ 53 milhões para encerrar uma ação coletiva nos Estados Unidos, na qual ela é acusada de não honrar a garantia dada aos iPhones e iPods Touch. Segundo o acordo, arquivado em um tribunal federal de São Francisco,

na Califórnia, o pagamento será feito em dinheiro para as centenas de milhares de consumidores prejudicados. Os compradores do smartphone e do tocador de música alegam que a fabricante não quis reparar ou substituir os aparelhos defeituosos, mesmo com a garantia padrão de um ano ou a estendida para dois anos.

Os diversos processos, combinados, mencionam que a Apple se recusou a honrar as garantias no caso de falha em uma fita indicadora branca.

Embutida no aparelho próxima ao fone de ouvido ou na entrada do carregador, ela foi danificada e alterou sua coloração, ficando rosa ou vermelha, o que impedia o funcionamento

correto do áudio ou o carregamento do dispositivo.A justificativa da Apple para não realizar as trocas foi o mau uso

feito pelos usuários, que provavelmente teriam derrubado os aparelhos na água. Contudo, a 3M, fabricante do

componente, declarou que a umidade normal do ar é capaz de causar a mudança de cor, e não apenas o contato direto com a água. Os dispositivos afetados incluem o iPhone original, iPhone

3G, iPhone 3GS, e as três gerações do iPod Touch. O valor pago aos consumidores gira em torno de US$ 200, mas pode variar de

acordo com o número de reclamações apresentadas.

Para sair da concordata

A kodak firmou acordo com a fabricante japonesa de impressoras Brother para a

venda de ativos da divisão de Document Imaging por US$ 210 milhões. A Brother também assumirá responsabilidade pela receita diferida da divisão de negócios, que totalizou US$ 67 milhões em dezembro do ano passado.

Em nota, o presidente e CEO da kodak, Antônio M. Perez, declarou que a venda é mais um passo para que a empresa reorganize os negócios e evite a falência, desde que entrou com pedido de concordata em janeiro de 2012.

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Contact Center

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POS

AgênciasCorrespondentes

Mobile Banking Internet Banking

10%

Transações bancárias por origem, com movimentação financeira (em bilhões de transações - 2008/2012)

operações que mais crescem

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Três PCs para cada cinco pessoas

Empurrão no marco civil

As empresas brasileiras investiram 7,2% de suas receitas em tecnologia da informação em 2012, segundo estudo do Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da

Escola de Administração de Empresas de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas (FGV), divulgado em abril. O levantamento aponta que, somados, os computadores corporativos e os domésticos chegam a 118 milhões. Isso significa que existem no país três computadores para cada cinco habitantes.

Apesar de ter triplicado em 18 anos, os gastos das empresas — o estudo não revela o valor — ficou pouco acima do registrado no ano passado. A tendência, de acordo com o professor e coordenador da pesquisa, Fernando Meirelles, é chegar a 8% nos próximos quatro ou cinco anos, conforme a situação atual da economia no país. Os dados foram coletados de 5 mil empresas de médio e grande porte, com 2.220 respostas válidas.

A pesquisa mostra que cada empresa gasta anualmente R$ 24,2 mil por usuário, valor que utiliza para efeito de cálculo todos os gastos com TI dentro de uma corporação. De acordo com Meirelles, os gastos das empresas variam de acordo com a situação econômica atual do país. Por isso, a pequena diferença entre os investimentos realizados em 2012 e neste ano. A previsão para os próximos anos, segundo ele, é de crescimento ainda mais lento.

A FGV estima vendas de 22,6 milhões de unidades para este ano, o que, se confirmado, representará dois computadores para cada três habitantes no país já no ano que vem. A previsão é chegar a um PC para cada brasileiro um ano antes do projetado anteriormente, que era 2017. “Essa antecipação ocorreu por conta do crescimento dos tablets, agora incluídos pela primeira vez na pesquisa como parte da categoria de computadores”, diz Meirelles. “Dos 118 milhões, cerca de 5 milhões são de tablets.” Com isso, o número total de

computadores deve chegar a 200 milhões em três anos. Os tablets, isoladamente, cresceram 11% em 2012 e, para este ano, a projeção é que a taxa chegue a 19%.

O principal adversário do marco civil da internet não é a oposição daqueles que discordam dele. Neste momento, na opinião do deputado relator do projeto, Alessandro Molon (PT/RJ), é preciso

manter o assunto na agenda da sociedade e evitar que ele caia no esquecimento. Para fazer com que o PL 2.126/2011 volte a ser pautado para a votação no plenário da Câmara, Molon conclama a sociedade a “empurrar” o projeto.

Para o deputado, o desafio agora é “traduzir” para a sociedade os benefícios do marco civil para que o projeto ganhe apoio popular que possa mobilizar o Congresso para a sua aprovação. “Precisamos contar para todos os brasileiros o que eles perdem com o marco civil engavetado”, afirma.

De acordo com Molon, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB/RN), havia prometido tentar pautar o projeto para o mês de abril. Como já passou da data prevista, Molon disse que vai marcar uma nova conversa com Alves para ver se há alguma previsão. De qualquer forma o deputado Molon mantém a expectativa de votação ainda neste semestre motivada até pelo fato de que o PL 2.126/2011 foi citado como uma das prioridades para o Congresso em mensagem encaminhada pela Casa Civil em fevereiro.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou em abril a resolução que fixa regras para o processo eletrônico de

solicitação de registro de novos medicamentos. O sistema eletrônico visa eliminar o uso do papel para acelerar o catálogo de remédios no país.

Segundo a resolução, o protocolo eletrônico da solicitação de registro está sujeito ao pagamento de taxa de fiscalização de vigilância sanitária, em até 30 dias. Já a efetivação do protocolo deve ocorrer em até dois dias úteis, a contar da data do pagamento. Caso o valor não seja pago, o peticionamento no sistema de informações da Anvisa será cancelado automaticamente.

A resolução entrou em vigor na mesma data de publicação no DOU. A estimativa do governo federal é de, até dezembro, zerar a lista de produtos que aguardam há pelo menos seis meses o registro no Brasil.

Remédio eletrônico

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1 em1988

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118 em2013Micros Habitante

Total de micros em uso no Brasil (milhões de unidades)

base ativa de computadores

Fonte: FGV

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Job: 20209-029 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 20209-029-TIM-INSTITUCIONAL-PAG DUPLA-TI Inside-460x305_pag001.pdfRegistro: 114415 -- Data: 10:52:26 08/04/2013

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Job: 20209-029 -- Empresa: Neogama -- Arquivo: 20209-029-TIM-INSTITUCIONAL-PAG DUPLA-TI Inside-460x305_pag001.pdfRegistro: 114415 -- Data: 10:52:26 08/04/2013

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>gestão

Atentas aos benefícios trazidos pelas tecnologias de big data, empresas dos setores de varejo e saúde começam a descobrir nas ferramentas analíticas importantes aliadas na tomada de decisões

FABIANA ROLFINI

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Tendência na área de tecnologia da informação que cada vez mais se consolida no mercado, o big data tem sido utilizado não só como recurso para análise de

grandes volumes de dados provenientes das mais variadas fontes — mídias sociais, bases de dados públicas, sistemas internos etc. —, mas também como aliado na gestão dos negócios, como no controle de estoques e das vendas, bem como no gerenciamento de clientes e das finanças e na tomada de decisões.

No Brasil, embora o emprego de tecnologias de big data seja incipiente, algumas organizações já desenvolvem projetos nessa área. Os casos mais emblemáticos são dos setores de saúde e varejo. Na área de saúde, hospitais,

centros de saúde, clínicas médicas e prestadoras de serviços de diagnósticos já começam a utilizar ferramentas analíticas para gerenciar desde custos operacionais, estoques, dados clínicos, de exames, de tratamento até informações sobre doenças e medicamentos. No varejo, elas são usadas para conhecer melhor o perfil dos clientes, entender suas necessidades e aumentar a estatura da própria empresa no mercado. Apesar dos projetos ainda ser em pequena escala, a expectativa é que o número aumente a partir deste ano.

O diretor da Accenture Rodolfo Eschenbach observa que big data é mais discutido do que utilizado no país, embora seu uso esteja progredindo. “A adoção do conceito de big data deve

crescer nos próximos dois ou três anos, sendo que o setor de saúde deve experimentar uma maior aceleração nos próximos doze meses”, avalia. A mesma opinião tem o gerente de novas tecnologias da Informatica Corporation, Guilherme Duarte, ao dizer que as empresas já começam a entender que precisam investir em big data, embora ainda não enxerguem os desafios envolvidos. “As corporações sabem que há valor, uma onda de informações que pode trazer valor ao negócio, mas desconhecem as dificuldades”, diz.

O mercado de big data já movimenta US$ 28 bilhões em todo o mundo. De acordo com projeção do Gartner, os gastos mundiais com tecnologias de big data devem totalizar US$ 34 bilhões neste ano. O instituto

big data em prol dasaúde e do varejo

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de pesquisas avalia que 2013 será marcado pela adoção em larga escala das tecnologias de big data, após um período de experiências e dos casos de sucesso de organizações pioneiras. Pesquisa global realizada pela consultoria com líderes de TI mostra que 42% dos executivos planejam investir nessas tecnologias dentro de um ano. “As questões-chave mudaram para ‘quais são as estratégias e as habilidades necessárias’ e ‘como podemos medir e ter certeza do retorno do investimento’”, revela Donald Feinberg, vice-presidente e analista do Gartner.

Em países como Estados Unidos e Reino Unido, conforme pesquisa da Accenture, as empresas estão implantando ferramentas analíticas, sendo que 33% delas já usam uma solução desse tipo e 68% possuem uma equipe de gerenciamento totalmente voltada para a tomada de decisões baseada na análise de dados (veja boxe na página 10).

Gerenciamento clínicoO mais recente esforço na área de

medicina para aproveitar as vantagens do big data na melhoria do atendimento a pacientes é um projeto ambicioso, que deve ser posto em prática entre 12 e 18 meses, criado pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (Asco, na sigla em inglês). A ideia é coletar dados sobre o atendimento de centenas de pacientes com câncer e utilizá-los

para ajudar no tratamento de outros pacientes em todo o sistema de saúde dos Estados Unidos. O projeto se baseia na ideia de que informações coletadas a partir de enormes bases de dados clínicos podem acelerar o aprendizado sobre os benefícios e riscos de tratamentos, apoiar os esforços para melhorar a qualidade do atendimento, além de acelerar o desenvolvimento de novos medicamentos.

Apesar das vantagens, a coleta e análise de grandes quantidades de dados médicos é repleta de desafios, tais como encontrar softwares que aceitem informações clínicas

provenientes dos mais diversos equipamentos de saúde, como um eletrocardiograma, por exemplo. No caso da Asco, um protótipo de sistema conseguiu recolher cerca de 100 mil registros de câncer de mama em 27 hospitais diferentes que usam outros tipos de equipamentos eletrônicos.

No Brasil, as instituições de saúde já começam a perceber as vantagens de uma ferramenta analítica baseada no conceito de big data para o entendimento completo do paciente, dentro dos processos envolvidos na área. Ou seja, é possível ajudar o paciente oferecendo informações sobre prevenção de doenças, por exemplo, detectar se ele faz parte de algum grupo de risco até orientações sobre reabilitação. “Dessa forma, há uma melhor qualidade do serviço e a consequente redução nos custos operacionais”, enfatiza kleber Faccipieri, líder da prática de analytics para serviços de saúde e públicos da Accenture. Ele ressalta que a estrutura de big data que melhor suportará as decisões de negócios está diretamente ligada a pressão por redução de custos nas operadoras de saúde e hospitais.

Um exemplo de aplicação de big data é o do Hospital Israelita Albert Einstein, localizado na cidade de São Paulo. Desde 2004, a instituição utiliza o prontuário eletrônico para ter maior controle sobre as informações dos pacientes e melhorar a qualidade do serviço. A plataforma TrakCare,

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“O uso de ferramentas de big data proporciona uma melhor qualidade do serviço e a consequente redução nos custos operacionais”KLEBER FACCIPIERI, DA ACCENTURE

As soluções de TI e Telecom que estão transformando a saúde no país.

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desenvolvida pela InterSystems, cobre toda área de prontuário eletrônico de pacientes, desde exames laboratoriais e prescrição médica até a interface com as operadoras de saúde.

Os principais motivos que levaram o Albert Einstein a implantar a tecnologia foram oferecer mais segurança ao paciente, buscar um relacionamento mais transparente com as operadoras de saúde e ter uma base de dados para pesquisa médica. “Com isso, conseguimos maior agilidade na obtenção de informações sobre o paciente, com uma visão integrada das mesmas”, diz Ricardo Santoro, diretor de TI do Hospital Albert Einstein. Segundo ele, com o sucesso da implantação da solução nas unidades de Perdizes e do Ibirapuera, a previsão é eliminar o papel de todas as outras cinco unidades instaladas na capital paulista, em três anos. Além disso, a instituição pretende concluir dentro de

plataforma Informatica Healthcare Data Management, que utiliza a tecnologia de gerenciamento de dados mestres (MDM) da companhia. Com ela, segundo a empresa, é possível garantir dados confiáveis, precisos e reais e que estejam prontamente disponíveis para dar suporte à análise e à tomada de decisões clínicas no pronto atendimento. A solução gerencia de forma centralizada desde a identidade do paciente até relacionamentos com médicos de família, clínicos que são parte da equipe de atendimento e funcionários que tenham interagido com ele.

O gerente da Informatica Corporation Guilherme Duarte defende que toda e qualquer interação do paciente, como a visita a um médico ou a realização de um exame laboratorial, deveria ser catalogada. “O atendimento se torna mais eficaz, gerando redução de custo total por paciente atendido”,

dois anos um projeto de business intelligence (BI) associado a conceitos de big data, que lhe permitirá correlacionar as informações não estruturadas coletadas em todos os seus sistemas. O desenvolvimento da solução, que está em fase inicial, será feito em parceria com a IBM.

Atenta à crescente demanda da área médica por tecnologias de big data, a Informatica Corporation lançou em março deste ano uma evolução da

>gestão

cresce adesão de instituições de saúde

E mbora atrasadas no emprego de tecnologias de análise de dados, as instituições de saúde começam a se render ao uso dessas ferramentas para apoio a gestão

e aos negócios. De acordo com pesquisa da IDC, essas organizações — hospitais, centros médicos, operadoras de planos de saúde, clínicas e laboratórios de medicina diagnóstica, entre outras — cada vez mais estão aderindo às plataformas analíticas para gerenciar desde custos operacionais, dados clínicos, de exames (muitos em laudos em texto), de tratamento, de medicamentos até sinistros de seguros.

Apesar de o setor de assistência a saúde vir crescendo rapidamente, ainda reina um certo ceticismo sobre a habilidade das empresas do segmento de atingir seus objetivos — a melhora da saúde de populações como um todo, o aprimoramento do atendimento dos pacientes em tratamento e a gestão dos recursos financeiros. Tentativas anteriores de melhorar a qualidade e controle de custos não foram bem-sucedidas, em parte devido à inadequação dos dados fornecidos pelas soluções, o que acabou prejudicando a interpretação dos médicos. A vantagem das soluções de análise de dados está em padronizar, mover e analisar as informações de maneira muito mais robusta do que 20 anos atrás, ressalta a IDC.

A consultoria aponta que os investimentos em soluções avançadas como de monitoramento e análise de dados em streaming, bem como data mining e gráficos sociais foram prioridade para as instituições de saúde. As fontes das informações médicas vão desde dados estruturados (73%), requisitos de cada paciente (57%) e gestão de informações de tratamento (70%) que precisam ser identificados e gerenciados para melhor atender pessoas com doenças crônicas ou submetidos a terapias. Na interpretação da IDC, esse panorama de quais informações precisam ser trabalhadas no setor de saúde abrem oportunidade para fabricantes de software de análise de dados.

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identificar as necessidades de pacientes

prescrição de relatórios

clínicos

Fonte: iDc

medir desempenho e gerenciar tratamento

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tomada de decisões

impuLsionadores do big data na Área de saúde

as instituições de saúde jÁ começam a

perceber as vantagens de uma ferramenta

anaLítica baseada no conceito de big data para o entendimento compLeto do paciente

Aplicações com maior demanda nas empresas

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afirma ele, acrescentando que, hoje, as vendas de soluções para o setor de saúde já respondem por 15% do faturamento total da companhia.

Entendendo o cliente No caso específico do varejo, os

benefícios proporcionados pela análise vinculada aos dados dizem respeito à melhoria no processo de tomada de decisões, maior conhecimento sobre o perfil de cada cliente e suas necessidades, além de ajudar a impulsionar as vendas e no controle de estoques. “O big data pode integrar a base de dados que antes não era possível. Posso pegar minha base de dados, cartões de fidelidade, por exemplo, e combinar a inteligência com uma mídia social para entender que tipo de produto cada consumidor está interessado em comprar”, explica Fernando Chaddad, líder da prática de analytics para varejo e indústria de consumo da Accenture.

De fato, alguns varejistas já trabalham com estratégias nesse sentido. A Billabong, uma das mais tradicionais marcas de moda do mundo do surf, decidiu utilizar o Facebook para transformar informação em tomada de decisão, recomendação e também análise de sentimento. Por meio de sua página na rede social, a empresa analisa e processa, por exemplo, quantas opções “curtir” receberam fotos de roupas publicadas no site. Dessa forma

vantagens, quando se reúne as informações de vendas de produtos das lojas físicas para decidir quais produtos divulgar no site de vendas e nas redes sociais. A estratégia da empresa é usar dados variados, de diferentes sistemas e plataformas, tanto dados próprios como de fornecedores, para auxiliar na tomada de decisões, sempre visando atender os desejos dos clientes. “O desafio para o varejo é ser rápido na identificação de tendências, então, além de volume e variedade, é preciso pensar na velocidade”, afirma ele, numa referência aos chamados três “Vs” (volume, variedade e velocidade) usados para conceituar big data.

Com estratégia semelhante e preocupada em entender melhor o perfil dos seus clientes, a Casas Bahia implantou, por meio da agência VML, a tecnologia ROIx, para gerenciamento de audiência. Banners em flash, parte da primeira fase do projeto, evoluíram para vídeos segmentados e personalizados para cada categoria de produto, após análise do comportamento de compra do consumidor no site da rede varejista. Para tal, foi identificada a audiência com maior propensão a adquirir produtos nas categorias selecionadas. Feito isso, a empresa segmentou a exibição do vídeo para cada grupo de audiência específico. Com a campanha foi

é possível saber o que o consumidor quer para, até mesmo, mudar a vitrine das lojas exibindo o produto que fez sucesso na web. “A ideia foi estabelecer uma ligação entre a informação originada a partir de crowdsourcing [contribuição dos consumidores da marca] na web e em redes sociais para integrar isso às lojas físicas e virtuais e, assim, obter uma taxa de conversão maior”, explica Leonardo Santos, gerente de tecnologia da Billabong.

O contrário, diz Santos, também traz

>gestão

O conceito de coletar e analisar a informações, não apenas sobre o comportamento do consumidor, mas também sobre as transações e operações internas, é extremamente estratégico para os varejistas. De acordo com

pesquisa realizada pela Edgell Knowledge Network, entre maio e junho do ano passado, com executivos de empresas varejistas americanas, apenas 17% deles desconheciam o conceito de big data. O restante dos entrevistados tinham diferentes graus de familiaridade com o tema, sendo que 10% afirmaram entender as ideias por trás do big data, mas não tinham certeza sobre suas implicações no varejo, contra 35% que entendiam o conceito e suas implicações para esse mercado. Já 26% conheciam o conceito de maneira geral.

Questionados sobre os desafios para a implantação de um projeto de big data, 46% dos varejistas citaram o manuseio do grande volume de dados como a principal dificuldade. Para 34%, a preocupação central está em lidar com a enorme variedade de dados, enquanto para 20% o problema está em lidar com a frequência com a qual os dados são gerados. Com relação aos ganhos para o varejo advindos de iniciativas de big data, 62% dos executivos acreditam em benefícios para a área de comércio eletrônico. Em seguida foram citados marketing (60%), merchandising (44%) e cadeia de fornecimento (29%).

Ainda segundo o relatório, mais da metade dos varejistas já havia criado uma estratégia de big data ou estava desenvolvendo algo nesse sentido. No entanto, apenas três em cada dez empresas tinham realmente executado ou estavam prestes a executar um projeto. Por fim, 44% dos entrevistados disseram já ter orçamento para big data ou a previsão de ter os recursos para desenvolver uma iniciativa de big data dentro dos próximos dois anos.

o varejo descobre o big data

“Com o prontuário eletrônico

conseguimos maior agilidade na obtenção de

informações sobre o paciente,

com uma visão integrada das

mesmas”RICARDO SANTORO,

DO HOSPITAL ALBERT EINSTEIN

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possível identificar que o tempo médio assistido por usuário foi de 41 segundos e a soma total de vídeos assistidos foi de 15.261 horas.

Desafios dos projetosInvestir em uma estratégia de big

data não é tarefa fácil. Além dos desafios na implantação de complexas ferramentas de análise de dados, as empresas se deparam com a falta de experiência dos profissionais. Por isso, antes de adotar uma tecnologia, é preciso ter mão de obra especializada, ou seja, analistas que saibam ler os dados e traduzi-los para ações práticas. “A adoção da plataforma correta é o primeiro passo e a contratação de profissionais qualificados, o segundo”, aponta Duarte, da Informatica Corporation, ao elencar os pontos principais para se obter sucesso em um projeto de big data. Ele chama atenção para o fato de que o resultado final, ou seja, a consolidação dos dados, é parte menor de um projeto de big data. “O maior desafio está no processo para conseguir acessar todos os dados e integrá-los de forma que se transformem em informações valiosas ao negócio.”

A dificuldade em encontrar profissionais com domínio técnico também é apontada por especialistas como outro obstáculo para que um projeto de big data seja bem-sucedido. Diante disso, eles preveem que o “cientista de dados” será a profissão do futuro, ou seja, aquele profissional que, mais do que um programador técnico, entende de dados e de negócios. “A falta de profissionais qualificados tende a aumentar muito mais no futuro, principalmente em áreas como a financeira e de seguros”, diz Eschenbach, da Accenture, ao ponderar que essa é uma discussão mundial, e não se refere somente ao Brasil. Faccipieri, também da consultoria, acrescenta que sempre serão discutidas carreiras que estão em voga. “Essa parte ligada a dados vai entrar nessa lista nos próximos dois anos, porque efetivamente o mercado vai começar a requerer profissionais com essa qualificação”, afirma.

Quando se fala em big data, a ideia corrente é que se trata apenas da quantidade de dados. Mas Santos, da Billabong, diz que é fundamental considerar os três “Vs”. “O desafio é realmente ter um grande volume de

informação, com uma enorme variedade de fontes, sendo processado com velocidade, para que se possa encontrar o quarto ‘v’, que é o valor agregado a todo esse processo”, pontua. Mudar a cultura também é imprescindível para a adoção do conceito, segundo o executivo. “A cultura de se processar logs web ou arquivos de redes sociais é nova. São informações valiosas que muitas vezes são abandonadas e esquecidas. Ao notar que há valor nisso, o gestor de varejo e tecnologia deve estar atento às oportunidades, que são muitas no nosso setor”, acrescenta.

Analisar qualquer tipo de informação digital em tempo real também é fundamental para a tomada de decisões. A Maplink, fornecedora de serviços de geolocalização, mapas e informações de trânsito, que possui atualmente mais de 600 clientes, utiliza máquinas para coletar dados de veículos com GPS que circulam nas grandes cidades. Por meio de uma plataforma desenvolvida internamente, a empresa monitora diariamente 600 mil carros em todo o país e analisa 60 milhões de dados gerados por eles. As informações, segundo Caio Gomes, diretor de pesquisa da MapLink, são recebidas anonimamente e, a partir de sua análise, mensura-se a velocidade média dos veículos, avaliando a

situação do trânsito. Se eles estão parados, há congestionamento. Andando em velocidade baixa, o trânsito está pesado. Se a velocidade for plena, a pista está livre. “Quando você trabalha com grande quantidade de dados, é necessário filtrá-los e desenvolver um parque para calculá-los. Com o uso de técnicas de análise inseridas no conceito de big data, é possível interpretar as informações e exibi-las em nosso site, em tempo real”, relata Gomes.

A precisão das informações pôde ser constatada há cerca de dois anos, quando a empresa contrapôs os dados da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da cidade de São Paulo. Durante um feriadão, ao mesmo tempo em que a CET divulgava os 200 quilômetros de ruas congestionadas, as rádios que usavam o serviço da MapLink informavam 420 quilômetros.

Muitas consultorias apontam o uso de big data como principal fórmula para o varejo online melhorar a rentabilidade e ter retorno sobre o investimento. O melhor exemplo mundial, como lembra Taralli, da VML, é a Amazon, que adaptou o conceito desde o seu nascimento, oferecendo, por exemplo, produtos com base no histórico de compras dos clientes. “A personalização

que se tem na experiência de compra é muito grande e, hoje, por ter se tornado a grande varejista americana, ela começa a oferecer essa inteligência de dados para anunciantes, inclusive àqueles que não têm seus produtos vendidos na Amazon”, destaca.

O executivo observa, ainda, que o uso do big data é mais que necessário para melhorar a taxa de conversão —

cálculo da diferença entre o número de pessoas que entram na loja e o número que compra algum produto — e o desempenho do e-commerce brasileiro como um todo para que consiga atingir resultados similares ao do mercado americano. No Brasil, essa taxa gira entre 1% e 1,5%, enquanto nos Estados Unidos varia entre 4,5% e 5%. “No geral, o varejo online brasileiro tem ainda muito a investir na melhoria do uso da inteligência de dados”, conclui.

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a cuLtura de se processar Logs web ou arquivos de redes sociais

é nova. são informações vaLiosas que

muitas vezes são abandonadas e esquecidas

“O desafio para o varejo é ser rápido na identificação de tendências, então, além de volume e variedade, é preciso pensar na velocidade”LEONARDO SANTOS, DA BILLABONG

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>infraestrutura

A possibilidade de manter infraestrutura, plataformas e softwares em ambientes remotos com acesso por meio de links e o pagamento no

modelo como serviço — em que o fornecedor se responsabiliza por toda a estrutura necessária e o cliente paga um valor recorrente por aquilo que utilizar — traz vantagens inegáveis no que diz respeito à racionalização dos recursos de TI. O momento certo para adotar o conceito de nuvem, especialmente a chamada nuvem privada, entretanto, ainda é uma difícil tarefa para os gestores de TI dada a complexidade desse modelo de computação. Antes de tudo, é importante ter clara a diferença básica entre nuvem pública e privada: o tipo de acesso. Enquanto no primeiro caso o acesso é feito por meio de um link de internet, na nuvem privada ele ocorre através de um link dedicado. Nos dois casos, no entanto, o acesso pode ser disponibilizado em diferentes localidades, para diversas filiais de uma companhia. Outro aspecto que deve ser levado em consideração na hora de adotar a nuvem privada é o grau de segurança necessário aos sistemas e soluções da empresa.

O diretor da Accenture, Ricardo Chisman, observa que a questão da segurança deixa os gestores de TI hesitantes na hora de implantar uma nuvem privada. Isso porque a responsabilidade de controlar riscos é compartilhada entre o fornecedor e o cliente. “Esse é um passo a ser superado, pois é a mesma discussão que vimos anos atrás, quando começou a se discutir a terceirização de data centers. Pensar que um servidor sob seu controle é mais seguro do que aquele que está sob a responsabilidade

da empresa de cloud nem sempre é correto, pois ela normalmente dispõe de mais recursos e know-how em segurança que o cliente”, explica.

Para o especialista, a questão da segurança está muito mais ligada à gestão da nuvem — aí é que entra um fator crucial para detectar o modelo mais adequado a ser adotado. Por isso, a equipe de tecnologia deve ser capacitada para poder entender o funcionamento da nuvem privada, interpretar dados e métricas e realizar todo o trabalho de controle do ambiente.

Uma decisão tão importante não está ligada a apenas um atributo da TI. Especialistas citam pelo menos duas situações coexistentes para se optar pela nuvem privada: disponibilidade e estrutura de custos. Para o especialista em nuvem da HP Brasil, Antonio Couto, a opção pela nuvem privada deve estar diretamente relacionada ao desempenho. “Há empresas em que as aplicações críticas não podem ter baixa performance. A demanda por alto

desempenho, como diversos processos operando simultaneamente, recomenda a opção pela nuvem privada”, argumenta. Isso porque, diz ele, os componentes da nuvem privada são mais bem “orquestrados, controlados e mensurados, de maneira a não ter nenhum recurso computacional subutilizado”. Além de garantir a conformidade com os requisitos e diretrizes corporativas específicas da empresa.

A contratação da nuvem privada pode ser feita por meio da aquisição da infraestrutura pelo cliente e a implantação por um provedor ou com a compra do hardware como serviço — o chamado Virtual Private Cloud (VPC, ou nuvem privada virtualizada). Isso garante a viabilidade do ambiente em nuvem para empresas de qualquer porte, ou seja, o tamanho da operação e o custo não estão diretamente ligados ao momento correto para adoção da tecnologia.

A tomada de decisão, conforme ressalta Couto, deve levar em conta, na realidade, ao fluxo financeiro operacional da empresa e o modelo de contratação. Muitas vezes, o pagamento de uma taxa mensal para o uso de uma VPC acaba saindo mais caro no longo prazo, com o valor diluído, do que a compra de hardware. A questão é que nem todas as companhias dispõem de recursos ou querem empatar o capital na montagem de uma infraestrutura própria. Por isso, a nuvem privada pode ser mais flexível e resultar em ganhos de produtividade. Isso explica o crescimento da adoção da nuvem privada até mesmo para pequenas e médias empresas. A nuvem privada também otimiza o uso de hardware e, com a garantia de disponibilidade, a produtividade do negócio aumenta.

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empresas brasileiras aderem às nuvens privadas como alternativa para reduzir custos com infraestrutura e garantir a disponibilidade dos sistemas, mas a preocupação com a segurança dos dados corporativos ainda é barreira para sua adoção em larga escala

GABRIELA STRIPOLI

A hora é agora

“Pensar que um servidor sob seu

controle da empresa é mais

seguro do que aquele que está sob a

responsabilidade da fornecedora

de cloud nem sempre é correto”

RICARDO CHISMAN, DA ACCENTURE

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“A demanda por alto desempenho, como diversos processos operando simultaneamente, recomenda a opção pela nuvem privada”ANTONIO COUTO, DA HP BRASIL

Na verdade, é comum as empresas de menor porte decidirem inicialmente por um sistema de nuvem privada e, depois, irem expandindo com a integração de outras aplicações baseadas em nuvens públicas, formando um ambiente híbrido. “Vemos um futuro no qual as empresas vão optar por uma solução híbrida”, avalia Chisman, da Accenture.

Questões jurídicas e tributárias O sócio-líder da área de

Management Consulting da kPMG no Brasil, Frank Meylan, adverte as corporações para as questões jurídicas e tributárias que permeiam a adoção da nuvem privada, o que pode acarretar prejuízos para as companhias. Portanto, devem ser consideradas, também, no momento da decisão. Isso envolve principalmente as multinacionais que atuam no Brasil, cuja política de contratação de tecnologias para subsidiária está atrelada necessariamente a da matriz em seu país de origem.

Por isso, ao contratar o serviço de nuvem no modelo VPC, é importante certificar se o data center está em território nacional. Se o provedor de nuvem mantiver dados dos clientes brasileiros em outro país, devem ser computados impostos.

A decisão da construtora IMC Saste de migrar seu ERP para um ambiente de nuvem privada teve dois objetivos: garantir disponibilidade total e ter 100% de

controle sobre o sistema. O sistema de gestão integrada antes era problemático, pois operava em um servidor hospedado terceirizado e sofria constantes quedas. Com isso, os serviços aos clientes também eram frequentemente interrompidos. Ao mesmo tempo, a empresa não tinha controle sobre as falhas, portanto, tampouco sabia o diagnóstico correto para poder corrigi-las.

“Procuramos um sistema em nuvem tanto em razão da necessidade de uma infraestrutura atualizada como das melhores ferramentas de gestão”, justifica o diretor de TI da IMC Saste, Leonardo Carvalho. Assim, a hospedagem foi transferida para um data center da Terremark utilizando a plataforma Private Cloud da CorpFlex.

A construtora poderia instalar a infraestrutura de data center na empresa, com um investimento inicial de R$ 250 mil, ou contratar um modelo completo de

prestação de serviço (hospedagem e monitoramento), com pagamento mensal em torno de R$ 9 mil. “Optamos pelo serviço, pois o gerenciamento seria mais especializado”, afirma.

O executivo explica que, além da viabilidade do investimento diluído, a possibilidade de redução de custos foi outro atrativo para a adoção da nuvem privada. A equipe de TI da construtora até teria condições de manter o sistema internamente ou estabelecer infraestrutura própria, mas Carvalho viu mais vantagem em dedicá-la a assuntos direcionados a soluções necessárias em soluções de software para o negócio final.

Ele também explica que a escolha levou em conta a segurança. Por se tratar de um sistema interno, os níveis de risco teriam que ser baixíssimos. “Visitamos o data center e pudemos observar um elevado nível de segurança, desde em relação à infraestrutura até sistemas de redundância. É natural que empresas especializadas tenham maior know-how em segurança”, finaliza.

segurança, gestão e controLe

com pessoal de tecnologia”, justifica Meylan.

Por fim, a integração de diferentes departamentos para a adoção de uma cloud privada, seja

ela in house ou em um provedor de nuvem, não foge à regra da terceirização.

Há a diminuição do esforço operacional, mas em compensação há um maior esforço gerencial e de controle. Para o departamento de TI, a necessidade é mão de obra qualificada para monitorar contratos de nível de serviços (SLAs) e segurança. “Cloud é uma tendência sem volta da evolução da TI, e a adoção da nuvem privada é o primeiro passo para uma organização entrar nela. E, de fato, é apoiada num modelo financeiro que traz vantagem competitiva”, sintetiza o consultor da kPMG.

40%

56%

69%

das empresas estão adotando plataformas

de nuvens híbridas

das empresas consideram contratar ou já estão trabalhando com um provedor de serviço externo para auxiliar na estratégia de computação em nuvem

das companhias dizem que nuvem privada continua a ser sua primeira opção

Fonte: iDc

Então, o que inicialmente representaria um custo ínfimo, de centavos de dólar por megabyte gerenciado, pode ser encarecido e inviabilizar a adoção da nuvem. “Logo, quando olhamos a oportunidade de migração de módulos tradicionais para a rede privada, dada a complexidade de operação, colocamos nossos tributaristas e o departamento jurídico junto

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A explosão do número de alunos matriculados em cursos superiores online nos últimos anos sinaliza que o brasil vem fazendo direito a lição de casa, com o apoio de meios e tecnologias da informação e comunicações, mas ainda há muito para avançar

Encarados até alguns anos atrás como uma opção para complementar a formação tradicional, os cursos superiores online — também chamados cursos a distância

ou e-learning — se consolidaram, e hoje o número de alunos no país já se equipara ao de aulas presenciais. Apenas para se ter uma ideia, no ano 2000 o Brasil tinha pouco mais de 5 mil estudantes matriculados em cursos de graduação não presenciais. Em 2011, quando foi feito o último censo pelo Ministério da Educação (MEC), esse número já havia alcançado cerca de 1 milhão de alunos, um aumento de quase 2000%.

Quando se fala em educação a distância (EaD), quase tudo é superlativo. O Brasil tem hoje 142 instituições credenciadas no MEC que oferecem 1.044 cursos, em 7.511 polos de apoio presencial. Por ano, se formam mais de 150 mil alunos apenas em cursos a distância de graduação, sem contar outros tantos de pós-graduação, extensão universitária e cursos livres.

O MEC aponta a tecnologia como um dos principais motores da educação a distância. O ministério classifica a EaD como uma modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias da informação e comunicações [TICs], com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos.

Para facilitar o acesso dos estudantes de todo o Brasil aos cursos online, o MEC criou o e-mec, sistema que fornece todas as informações sobre

Gestor da Internet no Brasil (CGI.br), divulgado no ano passado, o número de domicílios brasileiros com internet saltou de 27% para 38% entre 2010 e 2011. O crescimento, que beira os 40%, foi o maior registrado no período de um ano na história de internet comercial no Brasil.

O crescimento é acompanhado por uma diversificação do público virtual brasileiro. Se antes o perfil do internauta típico era o do jovem morador nas grandes cidades, agora há uma maior diversidade devido a uma conjunção de fatores — a internet na zona rural aumentou 67% o número de usuários de conexões móveis, como smartphones e tablets, disparou 300%.

Com a facilidade de se acessar a rede mundial, mais pessoas podem utilizar a ferramenta para estudar. “O crescimento da educação a distância atualmente está muito ligado à democratização da internet. Quem antes precisava procurar uma lan house ou um telecentro, agora pode estudar de casa”, observa Ricardo Holz, presidente da Associação Brasileira dos Estudantes de Educação a Distância (ABE-EAD).

Existem dois modelos digitais que predominam na EaD. No primeiro, o aluno encontra o conteúdo disponível em um ambiente virtual, assiste a vídeos, envia e recebe mensagens para colegas e professores. Esse sistema é baseado apenas na web e, nele, o aluno eventualmente participa de encontros presenciais com os professores. A frequência desses encontros depende da natureza do curso.

Existe ainda o modelo via satélite. Nele, os alunos espalhados pelo país

MAX MILLIANO MELO

>mercado

os cursos disponíveis em todo o país. “O cadastro do e-mec é atualizado em tempo real. É uma ferramenta que permite a busca por instituição e curso, modalidade, unidade da federação e municípios, código de curso etc. A busca traz a lista de instituições e cursos e os respectivos indicadores de qualidade (IGC/CPC)”, afirma o ministério. “O e-mec é uma importante ferramenta para consulta acerca da regularidade dos cursos ofertados”, completa o comunicado.

De fato, o sucesso do e-learning no Brasil está diretamente ligado ao avanço da tecnologia, mais especificamente à digitalização dos lares. Segundo levantamento anual feito pelo Comitê

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ensino a distância, e de qualidade

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“O crescimento da educação a distância atualmente está muito ligado à democratização da internet”RICARDO HOLz, DA ABE-EAD

assistem, em polos regionais, à aula de determinado professor em tempo real. A vantagem desse modelo é uma interação mais rápida e direta entre aluno e professor, já que eles estão online simultaneamente. Esse modelo, contudo, é menos flexível no que se refere a horários e locais, já que o estudante precisa assistir às aulas em “salas” e horários específicos.

pioneirismo e tradiçãoA Universidade de Brasília (UnB) foi

uma das instituições de ensino pioneiras no Brasil a implantar um sistema de e-learning. Isso aconteceu antes mesmo do primeiro computador pessoal desembarcar no país. Em 1978, a UnB implantou, em convênio com a Open University, do Reino Unido, uma das referências mundiais em EaD, um programa de educação a distância no Brasil.

Livros, folhetos e até as páginas de jornais serviam para veicular os cursos, inicialmente voltados para a extensão universitária. “À medida que as tecnologias foram se popularizando, a educação a distância foi se apropriando delas. Isso aconteceu com os rádios, a TV e mais tarde, com a internet”, conta o professor da Faculdade de Educação da UnB Elício Pontes, um dos responsáveis pelo sistema não presencial da instituição.

Ele explica que, ao contrário do que muita gente imagina, o sistema ainda não é totalmente digitalizado, embora a tendência no futuro seja essa. “Hoje, convivem os dois modelos: papel e digital. Ainda existem cursos que utilizam apenas os livros, da mesma forma que existem alguns que já estão completamente digitalizados”, conta o pesquisador. O mais comum, segundo Pontes, é a utilização de um modelo híbrido. “O modelo digital se baseia no papel, mas não o abandona por completo”, afirma. “Numa graduação a distância, por exemplo, o aluno realiza atividades pelo computador, utilizando a internet, mas também estuda e pesquisa utilizando os livros convencionais, da mesma forma que fazem os alunos de cursos presenciais.”

Até mesmo a tradicional Universidade de São Paulo (USP) decidiu recorrer ao ensino a distância. Ela integra a Univesp – Universidade Virtual do Estado de São Paulo –, programa do governo do estado para

expandir o ensino superior público e juntas, já mantêm um curso de licenciatura semipresencial em Ciências, cuja primeira turma se forma no ano que vem. Agora, com o propósito de ampliar a oferta de curso de formação de professores, as duas planejam abrir novos cursos de licenciatura, também na modalidade semipresencial, em Física, Química, Biologia e Matemática. A criação de cursos a distância faz parte dos objetivos de um convênio firmado entre as duas instituições para pesquisar o

uso de novas mídias na educação.

Ensino de qualidadeO presidente da ABE-EAD ressalta

que, lentamente, um dos problemas que cercaram a educação a distância vem sendo vencido: o preconceito. “Durante muito tempo, a noção que a maioria das pessoas teve em relação à EaD é de que os cursos não tinham qualidade, os alunos aprendiam menos”, conta. Nos últimos anos, porém, com a popularização do modelo educacional, essa noção vem sendo posta de lado. “Antigamente enfrentávamos muito problema no mercado de trabalho para reconhecer a formação a distância. À medida que as empresas começaram a contratar pessoas formadas pelo modelo EaD, com a mesma qualidade dos formatos pelo método presencial, esse preconceito foi deixando de existir”, completa Holz.

Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB), norma básica do ensino em todos os níveis e modalidades, o certificado de um aluno formado por EaD e pelo sistema presencial deve ser exatamente igual, sendo vedada qualquer diferenciação nos dois diplomas. Apesar de o MEC promover a equiparação entre os cursos, dentro da própria instituição ainda há diferenciações. “Nossa briga maior agora é com o próprio governo”, conta Holz. “Estamos ingressando na Justiça para garantir que, assim como acontece em outras áreas, os alunos de EaD não sejam deixados de fora na hora de conseguir o financiamento estudantil”, completa.

O Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) concede crédito a estudantes para o pagamento de 50% a 100% das mensalidades de instituições particulares de ensino. Ao se formar, o aluno tem um prazo de carência antes de começar a pagar, a juros baixos, o empréstimo. No caso de estudantes de licenciatura que atuam na rede pública, o governo federal arca com a dívida. O programa, contudo, não inclui estudantes de EaD.

Para Holz, assim que essa questão for resolvida, o setor deve crescer ainda mais. “Esperamos reverter essa situação para que os estudantes de EaD sejam tratados de igual para igual com os demais alunos. Não existe nenhuma razão coerente para essa diferenciação.”, defende.

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Inspirado na Open University, do Reino Unido, o governo federal criou em 2006 a Universidade

Aberta do Brasil (UAB), um consórcio que visa fomentar a educação a distância nas instituições públicas de ensino superior, além de apoiar a pesquisa de metodologias inovadoras de ensino superior respaldadas por tecnologias de informação e comunicações (TICs).

Outro objetivo da Universidade Aberta do Brasil é incentivar a colaboração entre a União e os entes federativos e estimular a criação de centros de formação permanentes por meio dos polos de apoio presencial em localidades estratégicas, aquelas distantes dos grandes centros ou com déficit de mão de obra. Para este ano, a meta da UAB é atingir a marca de 800 mil alunos já atendidos em mil polos de atendimento.

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Com 85% do seu resultado proveniente da área de saúde, a empresa planeja crescer no mercado corporativo brasileiro por meio do reforço de seu portfólio e da expansão do programa de parcerias

Acompanhando o crescimento do mercado de soluções de saúde conectada, a InterSystems prevê crescer cerca de 30% em suas operações

neste ano, quase o dobro do registrado em 2012, quando obteve 16% de expansão e receita de US$ 443 milhões, 20% oriunda da venda de novas licenças. A informação é de Terry Ragon, CEO e fundador da empresa, revelada na abertura do Global Summit 2013, realizado na cidade de Orlando, EUA, no início de abril, que reuniu funcionários, clientes e parceiros de negócios.

Ragon é considerado um dos visionários do mercado de software, pois fundou a empresa em 1978 e a mantém com o capital fechado até hoje, uma das únicas desse porte, transformando-a numa multinacional com atuação em 35 países em seis continentes, clientes espalhados em 90 países e 1,3 mil empregados. “Não vamos abrir nosso capital, e sim investir em tecnologia para trazer inovação e competitividade para nossos parceiros, para que possam trazer excelência aos negócios dos clientes”, enfatizou.

Para cumprir esse objetivo, a empresa apresentou uma série de novas tecnologias que estão sendo agregadas às suas plataformas de gestão hospitalar TrackCare e HealthShare, tais como mobilidade, big data e analytics, novos recursos de administração de medicamentos e de gerenciamento.

“O sucesso de nossa plataforma vem da interoperabilidade, baseada num tripé que inclui o registro, os dados e a conectividade. Com nossa experiência de 35 anos, podemos ter um framework que integre qualquer tipo de tecnologia como SQL, objeto, documento não estruturado,

baseado em linguística, o qual faz a relação entre as palavras, verbos e assuntos pesquisados e indexa as informações não estruturadas presentes nos documentos das bases de dados para fazer a correlação e trazer os resultados desejados. Um médico, por exemplo, pode fazer uma pesquisa sobre câncer nos prontuários dos pacientes e nos exames clínicos para obter algumas correlações comuns entre eles. Essa solução já está disponível em português.

Apesar da área de saúde dominar a cena, a InteSystems investe em soluções para o mercado corporativo, tendo como trunfo a robustez do seu banco de dados Cachê e na sua ferramenta de integração Essemble, que permite conexão com qualquer padrão ou ambiente tecnológico.

Para uma empresa de táxi de Nova york, por exemplo, que opera com 20 mil veículos, ela criou um sistema que armazena as imagens dos passageiros capturadas por câmeras nos veículos em tempo real, controle da frota por GPS e um acelerômetro, ferramenta que faz notificação automática, coleta evidências e permite a prevenção de risco. Ela executa 3 bilhões de transações e armazena 4,2 terabytes de dados da operação.

Outro exemplo de desempenho da solução é o programa espacial europeu que colocou no ar a missão Gaia, que mapeará cerca de 1 bilhão de objetos celestiais. A previsão é que o projeto contenha 500 milhões de fontes e 50 bilhões de observações, resultando em um total de cerca de 100 terabytes de dados. No Brasil, a Petrobras é uma das usuárias dessa solução.

CLAUDINEY SANTOS, DE ORLANDO (EUA)

>mercado

XML, Java etc., para dar uma visão única ao administrador”, explica Joe DeSantis, vice-presidente de desenvolvimento de software da InterSystems, acrescentando que a plataforma permite agregar os dados capturados e compartilhar a informação, seja ela estruturada ou não estruturada de forma eficiente, para dar o melhor entendimento possível para que o usuário tome uma decisão em tempo real.

Para integração com dispositivos móveis, a InterSystems tem a plataforma zen Mobile, que disponibiliza a aplicação tanto para dispositivos da Apple quanto aos que utilizam o sistema operacional Android, do Google, usando o codificador JSON do banco de dados Cachê, que constrói os programas baseados na tecnologia orientada a objetos de maneira simples e rápida.

Para trabalhar com dados estruturados e não estruturados, a empresa adquiriu em março do ano passado a tecnologia da I know.com, que tem um algoritmo de buscas

“O sucesso de nossa plataforma

vem da interoperabilidade, baseada num tripé

que inclui o registro, os dados e a conectividade”

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saúde conectada impulsiona InterSystems

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O jornalista viajou a Orlando a convite da empresa.

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Job: 16871-009 -- Empresa: africa -- Arquivo: AFC-16871-009-UOL CLOUD-RV TI INSIDE-230X305_pag001.pdfRegistro: 108436 -- Data: 16:35:13 15/02/2013

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Proporcionar uma boa experiência de compra ao cliente é o desafio para quem monta loja eletrônica ou desenvolve projeto de automação comercial

O varejo brasileiro atravessa um momento de grande transformação em decorrência dos investimentos crescentes em tecnologia, que visam

melhorar a experiência de compra dos consumidores e, consequentemente, expandir os negócios. Para atingir tal objetivo, o segmento tem apostado suas fichas no comércio eletrônico e na automação comercial de lojas físicas. Os desafios com os quais muitos varejistas se deparam, porém, consistem em como desenvolver projetos do gênero que sejam bem-sucedidos considerando a grande quantidade de ferramentas e recursos tecnológicos disponíveis atualmente no mercado.

No que diz respeito à tecnologia, a avaliação é de que as soluções do mercado brasileiro estão muito próximas do que existe de mais avançado em nível mundial para aplicação tanto em projetos de comércio eletrônico quanto de automação comercial. Ocorre que os desafios nessa área aumentam porque a tecnologia evolui rapidamente e os consumidores, sempre atentos aos avanços tecnológicos, estão ficando cada vez mais exigentes. Diante desse cenário, os especialistas não têm dúvida em apontar um bom planejamento como requisito indispensável para o êxito de qualquer projeto que o lojista deseja colocar em prática, seja no ambiente virtual ou não. “O varejo precisa ter uma dinâmica diferente. Não dá mais para oferecer um atendimento mediano, tem que ser realmente uma referência”, salienta Eros Jantsch, diretor de hardware da Bematech, fornecedora de soluções para automação comercial de loja física e também para montagem de sites de comércio eletrônico.

O executivo ressalta a importância de

na tecnologia a ser adotada, não apenas para proporcionar uma boa experiência de compra aos consumidores, mas principalmente para permitir uma visão integrada do negócio (caso a opção seja por manter vários estabelecimentos comerciais), justifica o diretor de hardware da Bematech. Ele chama a atenção para a necessidade de se escolher um fornecedor capaz de fazer a instalação, dar suporte e treinar os usuários da solução em todas as localidades.

No comércio eletrônico existem diversas variáveis que contribuem para uma boa experiência de compra. Mas é um equívoco imaginar que um projeto bem-sucedido na área guarda relação direta com o tamanho do empreendimento. Na prática, a complexidade de se montar uma loja virtual grande ou pequena é a mesma. No entanto, a forma como o lojista consegue despertar o interesse do

INALDO CRISTONI

>mercado

um bom planejamento tanto para o varejista que está abrindo uma loja, quanto para aquele que deseja fazer uma expansão do estabelecimento comercial já existente. O primeiro aspecto importante nessa fase, segundo ele, é definir os canais de venda que se pretende manter para atender aos clientes. Nesse ponto, o lojista precisa ter claro se a intenção é trabalhar apenas com a loja física tradicional ou se faz parte dos planos enveredar pela internet. “É uma pergunta fundamental hoje em dia, porque o comércio eletrônico está avançando no Brasil, mas nem todo o varejo deve ir para essa modalidade de vendas”, afirma Jantsch.

Na fase de planejamento deve ser definido também se o projeto contempla apenas uma ou várias lojas e se sua atuação será regional ou nacional. Essas definições são importantes já que a abrangência geográfica do empreendimento impacta

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Consumidor satisfeito volta sempre

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“no comércio eletrônico, o consumidor conta com um arsenal grande de informações para balizar a decisão de compra”ROBSON DANTAS, DA VALE PRESENTE

consumidor para o seu site de e-commerce, isso sim é determinante. “Ir para a internet não é garantia de sucesso. A operação é complexa porque não é só colocar o produto para vender, tem também compras, logística, entrega, devolução de produtos, meios de pagamento, fraudes etc”, ressalta Robson Dantas, diretor de tecnologia (CTO) da loja virtual Vale Presente, focada em gift cards.

Segundo ele, vender produtos pela internet não é a mesma coisa que a comercialização feita em uma loja física tradicional. Para justificar a sua afirmação, Dantas lembra que no meio virtual o consumidor conta com um arsenal grande de informações para balizar a decisão de compra. Em poucos cliques ele pode encontrar em outro site um produto similar, com a mesma qualidade e preço mais em conta, reitera. Por causa dessa característica, o executivo da Vale Presente ressalta que a elaboração da estratégia de negócio deve contemplar a definição do que vender, quais são os concorrentes no mercado, o público-alvo que se pretende atingir e a forma de comercialização. “Depois, vem a escolha da plataforma de e-commerce”, acrescenta.

Na avaliação de Marcelo Sinelli, consultor do Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa de São Paulo), outro engano que os varejistas normalmente cometem é imaginar que montar uma loja virtual é muito mais barato que uma loja física. Em certo sentido isso pode até ser verdade, mas existe uma série de despesas que são consideradas bem mais pesadas. Uma delas é a logística de entrega do produto ao consumidor, mas há outras questões importantes como a gestão de estoque e a velocidade de reposição dos itens, que precisam ser feitas muito rapidamente. “Se a loja virtual vende um produto e entrega outro, a experiência de compra do consumidor fica ruim”, destaca.

Nada é mais desagradável do que a dificuldade de navegação. Se um site demora muito para carregar ou se a página para consulta sobre os produtos disponíveis leva muito tempo para abrir, a tendência é o consumidor buscar outra loja eletrônica. O lojista tem que ficar muito atento e investir em infraestrutura de tecnologia da informação para suportar períodos de picos de acesso, que normalmente ocorrem em datas comemorativas. “Outra preocupação é

com a segurança lógica das informações porque os clientes fornecem os números do CPF, do CNPJ e do cartão de crédito”, acrescenta Sinelli.

No comércio eletrônico o layout conta muito por se tratar da vitrine do projeto. Nesse sentido, é fundamental que a página seja de fácil navegação e que o acesso do consumidor seja rápido. O ideal é desenvolver um site simples, porém de fácil identificação dos itens que comercializa. Da mesma forma, o lojista não pode abrir mão de atualizar constantemente o seu catálogo de ofertas e acrescentar sempre algo diferente ao conteúdo para despertar o interesse dos consumidores. Outro aspecto importante é ter a percepção de que a internet é um canal que propicia o diálogo, portanto, todos os esforços devem ser desenvolvidos para permitir a interação com o cliente. Para o consultor do Sebrae, ajuda muito encarar as eventuais críticas recebidas como uma oportunidade de melhorar o atendimento.

Rastreabilidade do siteDuas características do comércio

eletrônico chamam a atenção de Luiz Eng, diretor de vendas da Intermec, companhia especializada em soluções de transmissão de dados entre a cadeia de suprimento. Uma delas é a mudança na configuração da loja: o consumidor não está presente fisicamente e não

consegue manusear o produto que eventualmente deseja comprar. Assim, o que era palpável em uma loja física, passa a ser totalmente virtual no ambiente da internet. Além disso, através de um site de comércio eletrônico, o lojista consegue atingir um universo de

consumidores infinitamente superior, o que torna ainda mais difícil a tarefa de identificação se a experiência de compra proporcionada pela loja virtual é boa ou não. “O consumidor é invisível e muitas vezes o lojista não consegue saber se algum deles saiu do site e por quê”, diz.

O cenário descrito pelo executivo da

Intermec coloca em evidência a necessidade de o lojista que está desenvolvendo projeto de e-commerce utilizar ferramentas de rastreabilidade do site. Através desse mecanismo, o consumidor acompanha o status do pedido, tem a confirmação do pagamento da compra realizada e fica sabendo quando exatamente receberá a mercadoria adquirida. O comerciante, por sua vez, consegue ter uma gestão eficaz de backoffice, que suporta as operações que são realizadas no chamado “balcão virtual” — estoque, recebimento de materiais, separação, despacho, transporte e entrega no destino final. Em suma, a rastreabilidade confere segurança à operação de compra e venda. “Isso tudo tem que ser muito rápido porque o volume e a quantidade de clientes atendidos são grandes”, enfatiza Eng.

No que diz respeito aos projetos de automação da loja física, um dos gargalos apontados pelo executivo da Intermec para melhorar a experiência de compra dos consumidores é a exigência da legislação brasileira de manutenção de um caixa para recebimento de pagamentos. As tecnologias atualmente existentes permitem uma reconfiguração das lojas, de forma que os caixas tais quais conhecemos hoje em dia serão mantidos apenas para receber pagamentos feitos em dinheiro. Outras formas de desembolso tendem a ser efetuadas através de um caixa virtual ou caixa móvel, como demonstram experiências de muitos estabelecimentos comerciais espalhados ao redor do

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>mercadomundo, diz Luiz Eng. “Com um coletor de dados e uma impressora de cupom fiscal, o vendedor pode ir até o consumidor e realizar a operação de pagamento da compra.”

A migração para esse novo modelo esbarra na exigência de uso pelo estabelecimento comercial de uma impressora com memória acoplada ao terminal de caixa para emissão de cupom fiscal. Entretanto, com o avanço da nota fiscal eletrônica (NF-e), a aposta é de mudança nesse cenário, pois o cupom fiscal poderia ser emitido a partir de um token ou outro dispositivo móvel conectado diretamente no sistema do Fisco. A vantagem é que, além de oferecer mais uma opção de pagamento das compras, esse mecanismo elimina as filas de espera que normalmente se formam diante do caixa da loja.

RFID na lojaQuando se fala em automação

comercial, a primeira imagem que vem à mente das pessoas é o código de barras. Trata-se de uma tecnologia já consolidada no Brasil, mas de fundamental importância para melhorar a experiência de compra nos estabelecimentos do varejo, ressalta Flávia Costa, assessora de negócios da GS1 Brasil (Associação Brasileira de Automação). “As pessoas não dão valor até não ter a tecnologia. O código de barras automatiza a operação do caixa e agiliza a passagem do consumidor”, frisa, acrescentando que existem aplicações que permitem a leitura dele pelo aparelho celular para que o consumidor possa obter informações

mais detalhadas sobre o produto que não estão disponíveis na embalagem.

O uso de etiquetas eletrônicas, que permitem a leitura por meio da tecnologia de radiofrequência (RFID), é outro sinal de avanço da automação comercial. Já bastante difundida nas operações de backoffice, essa ferramenta começa a ser usada também na “frente” da loja, para melhorar a experiência de compra dos consumidores. “O maior desafio para essa migração é que as pessoas compreendam o que é possível fazer com essa tecnologia. O custo de implantação para o lojista é maior que o do código de barras, mas dependendo do tipo de operação, compensa”, afirma Flávia, acrescentando que o uso do RFID é uma tendência principalmente no varejo do setor têxtil.

Já existe exemplo de estabelecimentos comerciais que avançaram um passo na automação comercial e passaram a usar o RFID na loja. Em fevereiro deste ano, entrou em operação a Loja do Futuro, do grupo CCRR e da iTag Tecnologia, cujo projeto de adoção da tecnologia contou com o apoio da GS1 Brasil. Instalado no interior do shopping Mega Polo Moda, em São Paulo, o estabelecimento aderiu ao código eletrônico como padrão de identificação de peças de vestuário que comercializa. A avaliação é de que os benefícios do RFID, cujas premissas são a redução de custos e a facilidade na implantação, estão diretamente ligados à melhoria no gerenciamento da cadeia de suprimentos, proporcionando agilidade nos processos, economia de tempo com um checkout muito mais rápido, gerenciamento e controle de mercadorias, além de maior precisão das informações.

Outra experiência bem-sucedida com o RFID é o da Valdac Global Brands (VGB), detentora das marcas de fashion retail Siberian e Crawford. A empresa lançou uma nova marca no mercado, a Memove, que adota a tecnologia de identificação por radiofrequência em toda a sua cadeia produtiva. O projeto contemplou a integração dos sistemas de PDV (pontos-de-venda) e do software de gestão empresarial (ERP) com os equipamentos de RFID e o centro de distribuição da VGB, localizado em São Paulo. Na loja o sistema permite uma nova experiência de compra ao cliente, que pode optar pelo autoatendimento ou a compra direto no caixa.

“A tecnologia de identificação por radiofrequência

começa a ser utilizada na frente

da loja, para melhorar a

experiência de compra dos

consumidores”FLáVIA COSTA, DA GS1 BRASIL

Os números que o comércio eletrônico ostenta no Brasil — tanto no que se refere à taxa de crescimento quanto ao volume de negócios que movimenta por ano —

sinalizam que o consumidor brasileiro gosta de realizar compras pela internet. Esse cenário expõe as oportunidades de negócios que podem ser geradas online.

Mas quem pretende abrir uma loja eletrônica precisa ter em mente que o consumidor precisa de alguns ingredientes para tomar a decisão de compra por meios eletrônicos, como preços, disponibilidade e qualidade de atendimento. O desafio para ter sucesso na empreitada, portanto, é traçar uma estratégia competitiva que contemple todos esses elementos.

Para auxiliar o micro e pequeno empreendedor nesse processo, o Sebrae-SP desenvolveu a Inova Loja Digital. Disponível gratuitamente na internet (http://inovaloja.sebraesp.com.br) e de fácil acesso, essa ferramenta foi concebida para

auxiliar na montagem de uma loja convidativa. O seu objetivo é ajudar na identificação de problemas e oportunidades nas instalações dos negócios que possam impactar diretamente nos lucros.

Para receber as orientações do Sebrae-SP, o micro e pequeno empreendedor deve preencher um cadastro e responder um questionário sobre fachada, vitrine, acessibilidade, comunicação visual interna, iluminação, precificação e promoção de vendas. É possível, também, anexar fotos da sua loja virtual. As respostas são analisadas por um time de consultores, que emitem em até dez dias úteis um diagnóstico para melhorar o ambiente da loja e corrigir erros apresentados.

De acordo com o Sebrae-SP, o foco desse trabalho são as micro e pequenas empresas de diversos ramos do varejo, como lojas de roupas, calçados, móveis e decoração, farmácias, mercearias, autopeças e casas de material de construção.

como montar uma Loja virtuaL

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>internet

Inúmeras tendências se firmam no segmento de sites de relacionamentos, e uma das mais fortes é o surgimento das redes sociais segmentadas, as chamadas redes de nicho ou ainda plataforma social vertical. Trata-se de

softwares que funcionam nos moldes do Facebook. Em contraste com o site de Mark zuckerberg, entretanto, eles atraem grupos especializados de usuários que têm algum interesse em comum — seja o segmento econômico em que sua empresa atua, a profissão que exercem, a cidade em que moram, o hobby que praticam, enfim, motivos tão variados quanto a natureza das redes que hoje proliferam.

Para muitos analistas, essa fragmentação do universo social em plataformas especializadas é a ordem natural das coisas. Enquanto houver nicho, elas surgirão, dizem eles. Entre os atrativos, há os abstratos, como o sentimento de pertencimento, mas, sobretudo, os interesses práticos, como a possibilidade de o usuário se concentrar mais profundamente em determinado tema, interagindo e colaborando em um ambiente segregado e mais controlado. É um público difícil de ser construído em redes sociais públicas, mas que já se encontra pronto e segmentado nas plataformas de nicho.

“Nesse ambiente, as pessoas não só trocam experiências, como também podem realizar negócios”, diz Ronaldo kend, empresário de Campinas, no interior de São Paulo, que idealizou a Rede do Plástico, criada pra facilitar a interação entre os fabricantes, comerciantes, produtores e acadêmicos do setor.

A rede criada por kend ilustra bem o potencial desse tipo de ambiente. Com menos de um ano de funcionamento, a plataforma já atraiu 2,6 mil empresas e

setor e espaço para criação de subcategorias do setor.

A Rede do Plástico está baseada na plataforma brasileira SuaRede, fornecida pela agência Trii, que tem entre as empresas usuárias da plataforma a Petrobras, reflete a multiplicidade de uso permitida pelo software. Rafael Ramos, sócio-diretor da agência Trii, diz que a tecnologia permite a criação tanto de redes sociais para uso interno nas corporações quanto plataformas segmentadas abertas ao cadastramento livre ou controlado de usuários.

O executivo informa que a rede é configurada de acordo com a necessidade da empresa que terá custo de R$ 0,50 a R$ 5,00 por usuário, valor unitário que depende da quantidade total de usuários contratada.

Para ilustrar a versatilidade desse tipo de plataforma, Ramos conta que a Petrobras usou a SuaRede para montar ambiente colaborativo dedicado a um congresso sobre segurança, meio ambiente, eficiência energética e saúde que reuniu mais de 3 mil pessoas no Rio de Janeiro, em 2012. A customização da rede, que durou 15 dias, permitiu, entre as diversas funcionalidades, interação entre palestrantes e convidados e microblogging exposto nos telões das salas e em notebooks na área de coffee break.

“É grande o potencial de uso em eventos, porque as vantagens são incontáveis na comparação com os sites estáticos normalmente usados nesses casos, sem contar que a rede social traz benefícios antes, durante e depois do evento”, diz o especialista, informando que a rede criada pela Petrobras gerou interação e colaboração por um ano, apesar de ter sido criada para um evento de apenas dois dias.

elas têm as mesmas funcionalidades do Facebook, mas operam em ambientes mais restritos onde o usuário interage apenas com quem tem algum interesse em comum – e têm atraído um número cada vez maior de grupos especializados

ANA LúCIA MOURA Fé

A vez das redes sociais de nicho

recebe mais de mil visitas por dia. “Temos diariamente mais de cem pessoas online, simultaneamente. Quem se cadastra, sempre volta”, diz ele. Embora tenha espaço para publicidade, o executivo afirma que o principal objetivo da Rede do Plástico é contribuir para o desenvolvimento das empresas do setor, concentrando-as em uma única plataforma. Pelos cálculos de kend, o setor soma atualmente mais de 350 mil empresas. “Aqui, elas não irão disputar espaço e atenção com fotos de cachorrinhos, pratos de comida e bebês, como ocorre nas redes públicas”, diz o empresário.

Para atrair adeptos, a plataforma oferece benefícios que incluem cobertura diária das notícias do segmento feita por sete jornalistas, canal de vídeo com entrevistas e imagens internas de empresas, galeria de produtos, painel com cotação de resinas, agenda de eventos do

“É grande o potencial de uso

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“As empresas brasileiras começam a acordar para a importância das redes sociais corporativas, sejam internas, sejam abertas a outros públicos de interesse”ANDRé RIBAS PEREIRA, DA SOCIALBASE

Na percepção do executivo, as ferramentas tecnológicas nas empresas brasileiras não estão acompanhando as mudanças profundas que ocorrem nas formas de gestão empresarial. “Elas precisam abrir os olhos para a gestão colaborativa, e a rede social corporativa é o meio indicado para isso”, diz.

Já André Ribas Pereira, diretor da SocialBase, que oferece plataforma de rede social homônima e presta serviços de consultoria, customização e implantação, avalia que as empresas brasileiras começam a “acordar” para a importância das redes sociais corporativas, sejam internas, sejam abertas a outros públicos de interesse. “O foco maior é o uso interno com acesso mediante e-mail corporativo, mas existe a possibilidade de abrir para parceiros”, diz o executivo, referindo-se à sua base.

Um segmento que desponta com forte usuário em potencial de soluções segmentadas, segundo Ribas, são entidades de classe como associações, sindicatos e cooperativas. Um exemplo é a Associação Catarinense de Empresas de Tecnologia (Acate), que usa a plataforma SocialBase para integrar as várias verticais de negócios representadas pelas associadas.

Outro caso é a Associação Brasileira de Automação Comercial (Afrac), que adquiriu da Totvs a solução de rede social By you para promover a integração e colaboração entre os seus associados. Araquen Pagotto, presidente da Afrac, diz que a inovação representou um salto de modernidade em uma entidade que até o ano passado nunca havia contado sequer com intranet ou extranet.

A empresa fechou com a Totvs um pacote com número determinado de usuários em outubro do ano passado.

Começou a experimentar a novidade internamente e há cerca de dois meses iniciou a abertura gradativa do acesso para algumas empresas associadas. “Cerca de 30% da nossa base já usam a rede. Assim que acabar a cota que adquirimos, faremos outro pacote com a Totvs”, diz o presidente. Segundo ele, inclui apresentação de documentação digital do usuário, comprovando sua identidade e vínculo com a empresa associada, fornecimento de e-mail corporativo e, então, recebimento de senha pessoal para acesso à rede e às suas ferramentas.

Apesar do pouco tempo de experimentação, Pagotto já tem noção da amplitude dos recursos da plataforma e planeja usos mais inovadores em prol da comunicação, da troca de conhecimento e do melhor atendimento ao associado. Uma das metas, segundo ele, é conseguir que empresas que irão se associar prestem serviços sem custo. O presidente da Afrac também pretende usar os recursos da

rede para, a exemplo da Petrobras, integrar todo o público participante da Feira e Congresso Internacionais de Automação Comercial e Tecnologia para Varejo (Autocom), marcada para junho próximo.

Por enquanto, o desafio da Afrac é investir na relevância da rede em meio aos seus associados. “Agora, sempre que alguém envia um e-mail ou telefona para pedir alguma informação ao setor jurídico, por exemplo, peço para entrar na rede, porque a resposta será dada lá”, diz. Afora isso, Pagotto já comemora a eliminação de tarefas trabalhosas — como envio de grande volume de e-mails para todos os associados — e a substituição de reuniões presenciais formais por grupos de discussões virtuais que podem ser montados na rede rapidamente, conforme a necessidade.

A fornecedora do By you, a brasileira Totvs, também tem no próprio uso interno da plataforma um exemplo de como o software pode ser usado para além das fronteiras da companhia, agregando públicos externos. Em agosto do ano passado, a fabricante de software decidiu usar a solução também para helpdesk. “O acesso dos clientes é voluntário e por meio do portal da fornecedora”, diz Wilson de Godoy, vice-presidente de clientes e sistemas remotos da Totvs.

Segundo ele, menos de quatro meses após a decisão, em dezembro, 60% dos chamados via By you já eram respondidos pela própria comunidade (com posterior validação da empresa). De acordo com Godoy, um dos benefícios mais visíveis e imediatos foi o desafogamento do atendimento convencional e consequente redução de custos da fornecedora, resultante do crescente número de clientes que passaram a interagir unicamente por meio desse canal.

o mundo das redes sociais segmentadasident (www.ident.com.br)exclusiva para dentistasSkoob (www.skoob.com.br)comunidade online de leitores do BrasilFeirabook (feirabook.com)rede social dos moradores da cidade baiana de Feira de santananoctua (www.noctua.inf.br)plataforma para colaboração entre professoresrede Time agrobrasil (www.timeagrobrasil.com.br)rede da confederação da

agricultura e pecuária do Brasil (cna) para integrar a produtores rurais no BrasilWidbook (www.widbook.com)espécie de Youtube dos livros, permite leitura, escrita, compartilhamento e publicação de livrosFashion.me (www.fashion.me)voltada para amantes de modaimeds (www.imeds.com.br)voltada para médicos com crm regularizado, estudantes e professores

Houzz (www.houzz.com)rede para arquitetos, designers de interiores, decoradores e paisagistasSoumix (www.soumix.com.br)plataforma brasileira que cobre o universo musical.Sou administrador (souadministrador.com)rede administradores de empresas no Brasil

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>indústria

Saturadas e superlotadas, as grandes capitais brasileiras experimentaram nos últimos anos uma espécie de êxodo de empresas de tecnologia, que têm

encontrado nas cidades do interior, principalmente no estado de São Paulo, os locais ideais para desenvolverem suas atividades. Sem o engarrafamento típico dos grandes centros, com boa infraestrutura, inclusive de transporte, e capacidade logística para o escoamento de produtos, além de mão de obra qualificada, os municípios do interior paulista atraem um número cada vez maior de empresas do setor. Cidades de médio porte como Ribeirão Preto, São José dos Campos, São José do Rio Preto, Bauru, Presidente Prudente, Araçatuba e Marília são paradeiro de várias empresas que decidiram deixar a capital para fugir dos seus problemas, que chegam até mesmo a afetar sua competitividade.

O fenômeno da interiorização das empresas de tecnologia da informação e comunicações (TIC) foi identificado pela Assespro-SP, associação que reúne as

empresas de tecnologia de informação, a qual atribui esse movimento à existência de centros de pesquisa e universidades nessas cidades, como USP, ITA e Unicamp, que ajudaram a fomentar o surgimento de inúmeras empresas de TIC. Além disso, muitas delas são seduzidas a abrir operações em cidades do interior devido à concessão de benefícios fiscais, tanto do governo estadual quanto das prefeituras, bem como pelo apoio de entidades e associações locais.

O principal agente de incentivo à instalação de empresas de base tecnológica no interior paulista é o governo estadual. Tanto que foi criada uma lei que instituiu o Programa de Incentivo ao Investimento pelo Fabricante de Produtos da Indústria de Processamento Eletrônico de Dados (Pro-Informática). Criada por meio de um decreto, ela estabelece, entre outras coisas, que as empresas do setor que apresentarem projeto de investimento para a modernização ou ampliação de suas fábricas, construção de novas unidades ou o desenvolvimento de novas tecnologias ou produtos utilizem o crédito

de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) na compra de bens e mercadorias, inclusive de energia elétrica.

Combinado com diversos benefícios municipais, o decreto estimula as empresas a identificar vantagens fora da cidade de São Paulo. Isso não significa que a concentração das atividades em software e serviços de TI esteja diminuindo na capital, mas é notório o aumento do número de profissionais que trabalham em municípios próximos. Dados do Observatório Softex, unidade de estudos e pesquisas da Sociedade Softex, gestora do programa para a promoção da excelência do software brasileiro, mostram que o número de profissionais de TI empregados em empresas no estado de São Paulo que têm como fonte principal de receita a venda de software e serviços de TI cresceu exponencialmente no período de 2003 a 2010 (veja Tabela 1 à pág. 30).

O estudo mostra, ainda, que cidades próximas a São Paulo registraram grande crescimento, maior até que na própria capital, com exceção

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A saturação das grandes capitais e incentivos fiscais atraem um número cada vez maior de empresas de TiC para cidades do interior. Por enquanto, esse fenômeno está concentrado em são Paulo, mas outros estados já desenvolvem programas de “interiorização”

BRUNA CHIECO

Fuga para o interior

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“não há como negar que o crescimento no interior é expressivo. Contudo, a corrente que puxa as empresas para as capitais ainda tende a ser mais forte, e isso não só em são Paulo, como em todo o país”VIRGíNIA DUARTE, DO OBSERVATóRIO SOFTEX

de Poá e São Caetando do Sul. A gerente do Observatório Softex, Virgínia Duarte, observa que o primeiro tipo de interiorização é o que acontece ao redor da capital e a principal razão disso é a questão tributária. “São municípios que conseguem atrair empresas com redução de impostos. Campinas é diferente, pois já é o segundo maior polo tecnológico do estado, mas Hortolândia, por exemplo, conseguiu atrair muitas empresas de tecnologia por conta de uma taxa de ISS mais barata”, explica, completando que esses municípios atraem mão de obra da própria cidade de São Paulo por não dispor de profissionais qualificados em número suficiente. “A IBM, que possui um data center em Hortolândia, obteve uma série de benefícios para se estabelecer no município, mas a mão de obra advém de Campinas.”

Já em cidades mais afastadas, a situação é diferente. Elas estão crescendo e atraindo empresas por conta também de um bom sistema de ensino local. “Além disso, há a intenção dos prefeitos de criar condições adequadas para que companhias se instalem na cidade, como parque tecnológico, isenção ou redução do IPTU, entre outros benefícios”, salienta Virgínia. Nesse sentido, empresas que têm como fonte principal de receita a venda de software e serviços de TI obtêm taxas de crescimento superiores às da própria capital. Levantamento da Softex mostra que de 2007 a 2011 a taxa média anual de crescimento foi de 11,1% na cidade de São Paulo. Apesar de o número de empresas na capital paulista ainda ser muito grande — havia 4,9 mil empresas há dois anos —, em outros municípios a expansão foi maior: Campinas (20%), Ribeirão Preto (20,1%), Sorocaba (16,8%), São José do Rio Preto (12,45) e São José dos Campos (11,9%) (veja Tabela 2 à pág. 30).

Atraso na interiorizaçãoA remuneração da mão de obra,

contudo, é apontada como uma barreira para o avanço da interiorização das empresas. Embora em Campinas, São Bernardo do Campo e São José dos Campos a média salarial de um analista de sistema ocupacional, por exemplo, tenha ficado acima que a da própria capital em dezembro de 2011, segundo a Softex, ainda assim são poucas as cidades do interior paulista em que a faixa salarial supera a de São Paulo, o

que acaba atrasando a migração, ressalta Virgínia. “Não há como negar que o crescimento no interior é expressivo. Contudo, a corrente que puxa as empresas para as capitais ainda tende a ser mais forte, e isso não só em São Paulo, como em todo o país. A questão é: o quanto as empresas do interior precisariam crescer para mudar essa concorrência? É preciso buscar custos menores, mão de obra adequada, sem falar que há grande dificuldade para a retenção de talentos.”

Reter os talentos é, por sinal, um dos principais desafios para as empresas que pretendem se instalar no

interior. Por isso, Virgínia salienta que é preciso trabalhar o capital humano, bem como questões envolvendo a qualidade e o custo de vida na cidade para que ela seja atrativa, além dos aspectos tributários e de infraestrutura.

A própria Softex realiza o levantamento de dados e informações sobre a indústria e modelos de negócio locais para ajudar as empresas a identificar as melhores oportunidades. Através de agentes locais, ela fornece consultoria, além de treinamento, capacitação, apoio ao desenvolvimento do negócio, incentivo à exportação e melhoria da qualidade de software.

O governo de São Paulo criou uma agência de fomento, a Investe-SP, que também presta consultoria para a instalação de empresas. Foi ela que assessorou a Foxconn para a abertura de uma nova unidade industrial no estado em Jundiai e Itu, onde a Lenovo já possui um fábrica (veja boxe abaixo). A Foxconn vai investir R$ 1 bilhão na fabricação de componentes para tablets, smartphones e outros produtos eletrônicos.

“Apresentamos à empresa as melhores opções dentro das condições que ela demanda, como distância de aeroportos, universidade, proximidade com fornecedores e clientes”, diz Sérgio Costa, diretor de Relações Institucionais e Internacionais da Investe-SP. Por se tratar de instalação de fábrica, um ponto

A fabricante chinesa Lenovo estabeleceu no fim do ano passado uma fábrica e um centro

de distribuição na cidade de Itu, distante 102 km da capital, com investimento de US$ 30 milhões. Todo o processo de mapeamento do local e estabelecimento no município foi feito com consultoria da Investe-SP. De acordo com o vice-presidente da fábrica, Ricardo Pagani, Itu tem uma boa localização por estar perto de portos e aeroportos, mão de obra qualificada e fácil acesso às grandes rodovias.

O executivo destaca que para instalação da fábrica a empresa obteve incentivos federais, como redução na aliquota de IPI pra 0,75% de acordo com o Processo Produtivo Báscio (PPB), incentivos estaduais com redução do ICMS e incentivos municipais, como

insenção de IPTU, redução de taxas, entre outros. “Além disso, recebemos suporte do governo de Itu para promover mão de obra técnica e para verificação de rotas de ônibus próximas à planta, por exemplo. Encontramos mais facilidades que o previsto e conseguimos retornar o investimento em menor tempo que o projetado.”

Agora, o plano é expandir a operação, que atualmente produz computadores. “Queremos trazer mais produtos e aumentar o portfólio. Também planejamos estabelecer um instituto de pesquisa e desenvolvimento, cujo investimento será de US$ 100 milhões. Ainda não temos um local definido, apenas uma previsão de lançamento, que deve ficar entre o fim deste ano e o ano que vem”, revelou Pagani.

de curiosidade a poLo industriaLFamosa por tudo lá ser de tamanho exagerado, a cidade de Itu aos poucos começa a ganhar contornos de polo de TI

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crucial foi a escolha de um local com área disponível. “Nessas cidades o custo do terreno é mais barato e existe uma rede de logística.”

Outro que trabalha com apoio a essas empresas é o Sebrae-SP (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa de São Paulo). Através do Sebraetec, o órgão oferece consultoria a empresas de TIC, auxiliando-as a se tornar mais competitivas e inovadoras e a se preparar para obter certificações. “Um dos nossos objetivos é aumentar o faturamento dessas empresas. Apesar de não quantificarem, verificamos que algumas dobram seu faturamento”, explica a consultora de projetos do setor de serviços da área de atendimento setorial, Elderci Maria Garcia. Ela enfatiza que a maioria das 220 empresas em todo o estado que desenvolvem um projeto com o Sebrae atualmente é de desenvolvimento de software.

Mas não é só. Além das agências estaduais, as empresas podem contar com trabalho de associações locais, que as auxiliam no desenvolvimento dos projetos e nas negociações com a administração local. “Quando é bem organizado, pode gerar um imapcto na escolha da localização por parte das empresas”, diz Virgínia, da Softex.

O Polo Industrial de Software da Região de Ribeirão Preto (Piso), por exemplo, atua como uma associação de empresas produtoras de software, criada para fomentar o seu desenvolvimento. Com 42 associadas, ela já conquistou diversos benefícios como a redução do ISS. “Em 2006, conseguimos reduzir a alíquota de 5% para 2%”, comenta o presidente do Piso, Flávio de Barros. “Realizamos negociações sindicais e buscamos trazer demanda. Acredito que polos e ações conjuntas facilitam essa interiorização, por isso é importante a comunciação entre associações das diferentes cidades.” Barros destaca que as empresas da região têm taxa de crescimento em faturamento maior do que a média nacional, na ordem de 20%.

>indústria

poLos de geração de empregos

centros de software e serviços de ti

Número de profissionais de TI empregados em empresas cuja fonte principal de receita são software e serviços de TI no estado de São Paulo

Taxa de crescimento do número de empresas cuja fonte principal de receita são software e serviços de TI no estado de São Paulo

Município 2003 2010 Taxa de crescimento acumulada 2003-2010

São Paulo 11.076 38.099 244,0%Barueri 2.818 10.320 266,2%Campinas 221 2.357 966,5%Hortolândia 57 4.418 7.650,9%Jaguariúna 27 3.123 11.466,7%Poá 522 332 -36,4%Santana de Parnaíba 770 2.200 185,7%Sao Bernardo do Campo 1.381 3.210 132,4%Sao Caetano do Sul 1.248 483 -61,3%Taboão da Serra 394 433 9,9%

Fonte: Observatório Softex, a partir de dados RAIS/TEM, anos de 2003 e 2010.

Fonte: Observatório Softex, a partir de dados da RAIS/MTE, período 2007 a 2011

Município 2007 2008 2009 2010 2011 Tx. Méd Cr AnualSão Paulo 3.265 3.617 3.955 4.445 4.966 11,1%Campinas 195 249 290 362 405 20,0%Barueri 253 258 244 262 312 5,4%Santana de Parnaíba 262 251 240 243 235 -2,7%São Bernardo do Campo 172 183 196 226 -Ribeirão Preto 100 129 146 169 208 20,1%

São Jose dos Campos 125 132 163 173 196 11,9%Santo André 140 143 152 161 184 7,1%São José do Rio Preto 104 107 123 147 166 12,4%Sorocaba 73 93 105 126 136 16,8%São Caetano do Sul 180 108 104 117 132 -7,5%Guarulhos 91 100 97 110 121 7,4%Jundiaí 76 78 97 99 112 10,2%Osasco 82 96 92 103 112 8,1%Santos 70 80 91 102 112 12,5%Bauru 59 63 72 86 96 12,9%Americana 44 44 46 61 71 12,7%Cotia 61 67 65 64 67 2,4%São Carlos 115 57 54 54 66 -13,0%Franca 35 28 42 54 65 16,7%Mogi das Cruzes 44 50 53 62 64 9,8%Araraquara 39 44 46 54 63 12,7%Piracicaba 43 51 44 52 62 9,6%Presidente Prudente 33 39 41 51 58 15,1%Aracatuba 26 25 31 35 56 12,1%Poá 117 101 85 71 56 -6,8%Outros municípios SP 1.326 1.361 1.426 1.594 1.856 8,8%Total 6.958 7.543 8.087 9.053 10.203 10,0%

a remuneração da mão de obra é apontada como uma das barreiras para o avanço da interiorização das empresas

TABelA 1

TABelA 2

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