revista teatina

26
. Revista teatina, edição especial, Guarulhos, 2014 CLÉRIGOS REGULARES TEATINOS OS TEATINOS EM TERRAS BRASILEIRAS REVISTA t eatina

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A magazine that bring texts and reflections about the Theatine Story, like his spirituality and much more. It's one space to the personal renovation

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Page 1: REVISTA TEATINA

.

Revista teatina, edição especial, Guarulhos, 2014

CLÉRIGOS

REGULARES

TEATINOS

OS TEATINOS EM TERRAS

BRASILEIRAS

REVISTA

teatina

Page 2: REVISTA TEATINA

2

É com muita satisfação que colocamos a

disposição de todos a edição especial da “Revista

Teatina”. A ideia não é nova, há um tempo

tínhamos a revista “A Voz Teatina”, não

podemos, contudo, dizer que esta seja uma

reformulação da extinta revista.

A nossa motivação é exatamente a de promover

o estudo, reflexão e propagação dos assuntos

teatinos, mais do que notícias, assuntos

referentes à nossa história, carisma etc. De fato,

a motivação primeira é a de resgate, bem como a

de incentivo de produção de conhecimento

teatino em língua portuguesa, visto que só o

tínhamos em outras línguas.

Gostaríamos de agradecer a todos quantos

colaboraram com o presente trabalho.

P. G. M.

“Se Deus me

concedesse a

graça de colocar

diante dos olhos

dos sacerdotes

seculares uma

congregação de

clérigos que ao

mesmo tempo

fossem

religiosos, estou

convencido de

que a sua

transparência,

sua modéstia, a

sua vida

tornarão o vício

detestável e

moverão os

demais à prática

da virtude”.

(Caetano Thiene)

EDITORIAL

SEMINÁRIO S. CAETANO, AV. GUARULHOS, 3614,

PONTE GRANDE, GUARULHOS SP

WWW.RADIONOVAVOZ.COM.BR

WWW.TEATINOSNOBRASIL.COM.BR

WWW.SEMINARIOSAOCAETANO.BLOGSPOT.COM

Page 3: REVISTA TEATINA

3

04 Vitória sobre si mesmo 06 João Marinoni- Retrato da perfeita

caridade humana 07 A casa teatina

09 Reformai, reformando-se

10 B. Paulo Burali D’Arezzo: Exemplo de serviço, amigo da verdade e pai dos pobres

12 História dos teatinos em terras brasileiras

19 Símbolos teatinos 24 Ven. Francisco Olímpio – Amante da

pobreza e da Eucaristia

SUMÁRIO

Page 4: REVISTA TEATINA

4

VITÓRIA DE SI MESMO

São Caetano Thiene pintado por Giambattista Tiepolo

título deste texto é o mesmo da

obra Vittoria di si stesso[1] do

frei dominicano João Batista

Carioni da Crema (cerca de1460-1534)[2],

que como se sabe foi diretor espiritual de

S. Caetano. O nome da obra já nos sugere

muitas coisas sobre o seu provável

conteúdo, contudo, o que nos interessa

não é isso exatamente, nem a obra em si,

senão o impacto da espiritualidade ou

ideia que está por trás, na pessoa de

Caetano. O que vem a ser essa vitória de si

mesmo? Com certeza no

acompanhamento espiritual que Carioni

fez com Caetano, deve de algum modo ter

passado sua riqueza espiritual inclusive

sobre essa questão.

Sobre isso um questionamento pode se

fazer presente: por que é necessário

vencer-nos a nós mesmos? Primeiramente

devemos ter em conta que o objeto da

batalha não é a pessoa em si apenas, mas,

sobretudo, sua vontade ou desejo. Isto é,

o que se busca vencer em nós mesmos é a

nossa própria vontade, frequentemente

mesquinha.

Mas para que vencer a própria vontade?

Para que possamos, com maior liberdade,

admitir e realizar a Vontade Divina, é o

que nos leva de modo perfeito ao Fiat

voluntas tua! [3]

Caetano herda, de certo modo, essa

espiritualidade de Carioni e a buscou vivê-

la. Onde podemos, na biografia do santo,

notar esse esforço? Antonio Prato nos

O

Page 5: REVISTA TEATINA

5

relata o seguinte: “... devendo partir de

Veneza para a prepositura de Nápolis, e,

os outros Padres, confiando a ele

[Caetano] a eleição do companheiro, não

quis nomear nenhum, ao invés disso,

voltado ao Crucifixo rezou ao Senhor que

inspirasse nos corações dos Padres a dar-

lhe aquele que fosse mais contrário ao seu

gosto.” [4]Temos prova aqui do esforço do

santo em busca de vencer sua própria

vontade. Como diz Santa Tereza do

Menino Jesus: “...essa pequena vitória

sobre a minha vontade me custou

muito...”, de fato, deve ter custado muito

a Caetano a sua vitória, mas ele nos

mostra o quão é possível.

Muito interessante poder ver, com este

exemplo, aquilo que Oliver afirma em seu

livro: “Assim, pois, o método espiritual de

Fr. Batista de Crema se tornou vida e ação

em Caetano de Thiene...”.[5] Exatamente,

Caetano foi fiel a sua formação espiritual,

foi obediente e confiou naquele que o

instruiu. Outro aspecto importante da

vitória de si mesmo é o da obediência,

pois vencendo o desejo próprio alcança-se

a obediência pacífica, todavia não é uma

obediência cega e sem escrúpulos.

De fato, os inimigos mais cruéis e difíceis

somos nós mesmos. Por conta da

dificuldade que temos de nos opor a nós

mesmos naquilo que queremos; ir contra

o desejo próprio. Isso se dá pelo fato de

que sempre vamos ser partidários ou

defensores de nossas próprias causas,

vontades. Isso nos leva a crer que estamos

certos, que o queremos é o melhor para

nós. Ora se queremos fazer a vontade de

Deus, implica então que a minha vontade

não é necessariamente a mesma Dele.

Portanto, para que a Vontade de Deus

seja a nossa vontade devemos, não negar

a nossa, mas livremente abdicá-la, para

que a Vontade Divina tenha cada vez mais

espaço em nós. Isso caracterizará a grande

vitória de nós mesmos.

Pedro G. Moreira

[1] Obra cujo título completo e original: Della Cognizione e vittoria di se stesso, Milão (1531).

[2] O ano do nascimento não é exato, pode ser em algum momento entre 1450 e 1960, em

Crema, Itália.

[3] Seja feita a vossa vontade, um dos pedidos da oração do Pater Noster.

[4] ANDREU, Francisco, Relazione del P. D. Giovanni Antonio Prato, Regnum Dei 1 (1945),p.

130.

[5] OLIVER, Antonio, Os Teatinos..., p.55.

Page 6: REVISTA TEATINA

6

JOÃO MARINONI

-Retrato da Perfeita Caridade Humana-

ó aquele que muito ama é capaz de,

a exemplo de Cristo, despojar-se de

si mesmo para entregar-se livre e

totalmente ao serviço daqueles que

necessitam. Vendo um pouco a biografia

do B. João Marinoni, percebe-se que este

alcançou tal maturidade espiritual.

Beato João Marinoni

Buscou, dentro de seus próprios limites,

dispensar somente o bem. Fez caridade a

todos os que ele pode atingir, até mesmo

aos animais dedicou seu amor. Sendo que

não permitia que exterminassem nem as

formigas que invadissem a dispensa da

comunidade, da qual era prepósito e

mestre.

Sua sensibilidade era tamanha que

multiplicavam-se pequenos gestos como,

rezar pelos mendigos, quando não possuía

recursos para a esmola, enviar doces

como sinal de carinho, dar comida aos

pássaros em suas próprias mãos, entre

tantos outros gestos.

Ele é com certeza fisionomia da caridade

humana, sendo que nunca precisou

distanciar-se de sua condição para fazer o

bem, mas se valeu dela para o êxito de

seu ministério.

Tendo contato com este grande exemplo

teatino, constata-se o quão possível é a

santidade e a caridade ao Homem de

hoje. Porque o segredo da santidade,

consequência do exercício do amor, de

Marinoni é ter encontrado Deus na pessoa

do próximo. Por isto nunca se absteve de

servi-lo incansavelmente.

Pedro G. Moreira

S

Page 7: REVISTA TEATINA

7

A CASA TEATINA

Seminário S. Pio X- Casa Mãe dos Clérigos Regulares no Brasil, Fartura SP

esde o início os Clérigos Regulares

chamaram de casa seus

conventos. A casa acaba por ser

um símbolo do novo modo de vida que se

propõem os fundadores, isto é, ela é o

lugar da prática da vida apostólica dentro

de uma comunidade, era ali o local onde

se realizava o desejo de “habitar juntos

em uma casa vivendo em comum e do

comum”.

De fato, a casa teatina é um porto seguro

para seus integrantes. Este termo exprime

o espírito do teatino, que não é menos

que uma família peculiar à luz da

comunidade dos primeiros tempos

cristãos. O laço que une os integrantes da

‘família teatina’ é mais forte que o laço do

sangue, é o laço da irmandade em Jesus,

isto é, o que eles possuem em comum não

é simplesmente consanguinidade, mas sim

um desejo comum de seguir a Cristo.

Esta é uma das características mais

singulares desta Congregação, mas que

por conta da modernidade se faz

‘esquecida’ nas páginas de sua história.

Com a perda da noção da dita ‘teologia da

casa’ perde-se uma das rochas que

sustentam este carisma, que é

experienciado dentro da casa, ou seja, é

ali que se dá a movimentação da

espiritualidade, do carisma, bem como

sua renovação.

Deste modo, “se não queremos que a

nossa espiritualidade própria se esvazie

de conteúdo, ‘temos que voltar à

D

Page 8: REVISTA TEATINA

8

casa’.” (Duc in Altum, II/20-In Domo

Habitantes, p.3). Podemos dizer que o

abandono da casa, implica, de certo

modo, a um abandono do próprio espírito

teatino. Sendo redundante, a perda da

consciência do lugar religioso ocorre em

um “esvaziamento de nossa

espiritualidade própria”, nada mais que

um contínuo vazamento da vivacidade da

Ordem.

A atualidade colaborou em muito com a

desestruturação da família e casa

moderna, isto atingiu também o campo

religioso e ,por conseguinte, os teatinos.

Cabe, portanto, evocar ao espírito mais

primitivo desta espiritualidade, que é a

‘reforma’ dos costumes incoerentes, seja

a época que for. É mister salientar que a

ideia de reforma não se prende ao século

XVI, como é recorrente pensar, mas esta

reforma está para além de determinada

época, visto que a própria espiritualidade

teatina é dinâmica e se adapta ao tempo

em que se encontra presente. Ou seja,

não se trata somente de reformar os

costumes incoerentes do clero, mas como

também os da sociedade.

Pedro G. Moreira

Casa Teatina de Iranzu, antigo monastério cisterciense, Espanha

Page 9: REVISTA TEATINA

9

REFORMAI, REFORMANDO-SE

Figura 1Imagem da obra "PHILOSOFIA DIVINA" de João Batista Carioni da Crema

eria impossível falar dos

Teatinos sem falar deste

tema tão profundo e tão

marcante na historia dos Clérigos

Regulares. Renovai renovando-se, já

ouvimos falar muito essa pequena frase,

já se refletiu muito, e também já

escrevemos muito sobre isso. Lendo um

pouco mais Os Teatinos, no capítulo 2, na

formação espiritual de São Caetano,

vemos uma figura muito marcante na

história dos Teatinos, Frei João Batista

Carioni, o dominicano, um homem que faz

parte da história dos Clérigos Regulares e

que tanto admiro. Carioni teve enorme

influência na vida espiritual de São

Caetano, como confessor. Carioni sempre

orientava Caetano sobre as dificuldades

do estado espiritual da humanidade, em

especial de todas as pessoas, onde se

necessitava de uma reforma de espirito. E

Frei Batista vendo tão precariedade neste

lado espiritual começa então iniciar uma

reforma na espiritualidade cristã. Onde

cada ser precisa conhecer-se

interiormente.

Carioni é um grande exemplo e

inspiração para qualquer pessoa que

busca uma renovação interior, que anseia

pela reforma de si. Vendo toda a sujeira

naquela época, onde Lutero cheio de

pomba querendo reformar a Igreja

através do barulho, da movimentação e

da agitação, Caetano faz ao contrário,

inverte a cena, e começa a reforma de si,

conhecendo-se, vendo as suas

fragilidades, sua humanidade, o seu ego.

Onde essa frase começa a ganhar grande

força. Caetano vê que deu certo o silêncio

em si, e ajuda a sua comunidade a seguir

esse exemplo de renovar-se. Conhecer-se.

Lendo ainda Os Teatinos, Carioni é

chamado de Mestre da energia espiritual.

E sem dúvidas Frei Carioni, é influência

viva para a fundação dos Clérigos

Regulares e sua espiritualidade.

Christian Macedo

S

Page 10: REVISTA TEATINA

Beato Paulo Burali D’ Arezzo: Exemplo de

Serviço,Amigo da Verdade e Pai dos

pobres.

Beato Paulo Burali D'Arezzo

Com o nome de Batismo Scipione,

nasceu em Itri, Diocese de Gaetre em

1511. Tendo como pais, Paulo e Victória

Oliveres, teve também quatro irmãos,

sendo Paulo o segundo e o primeiro João

Batista, mais tarde Abade de Santo

Erasmo, em Itri. Devido as lutas entre

Guelfos e Gibelinos, a família Burali de

Provenza transferiu-se para Toscana,

depois Florência e finalmente a Parma e

Arezzo. Ocorreu no ano de 1268.

Paulo na sua infância, era um menino

piedoso , com uma inclinação particular

de amor e solidão, mas possuía

um caráter doce e amável no trato e no

diálogo com os demais. Dedicava-se a

oração, frequentava os sacramentos,

assistia com frequência ao sacrifício

eucarístico na Igreja de Santa Maria da

Misericórdia. Destaca-se também

na infância de Paulo, que ele possuía um

amor aos pobres e a seu pedido o pai teve

sempre a dispensa aberta para um pedaço

de pão e um copo de vinho para eles.

Paulo foi advogado e exercia sua

profissão com muita lealdade e sempre

fazia a justiça acontecer na sociedade em

que vivia, surge aí o carinhoso título de

“amigo da verdade”. Sempre estava ao

lado dos pobres e viúvas que na época

eram muito injustiçados. Tinha como

diretor espiritual o Pe João Marinoni( hoje

Beato) que no meu ver incentivou ainda

mais Paulo a viver a serviço da caridade.

Com o passar do tempo ingressou na

Ordem Teatina, no qual vivia com fé seus

votos religiosos; A pobreza era

verdadeiramente edificante, ele mesmo

cuidava de suas roupas velhas e gastadas

e costurava seus sapatos rasgados. O

Beato sempre gostava de ficar um tempo

só, pois, manifestava sempre o desejo de

estar sempre em oração com Deus.

Como sacerdote Burali, sempre se

dedicava na administração dos

sacramentos, que constituía e ainda

constituí parte essencial do apostolado

teatino, como instrumento eficaz para a

reforma dos costumes. O Beato

conservava também o espírito de

disponibilidade, paciência e possuía

também uma admirável caridade, sempre

estava preocupado com os pobres. Como

Prepósito, distinguiu-se pela

exemplaridade, pelo cuidado da disciplina

Page 11: REVISTA TEATINA

11

religiosa e, sobretudo,pela caridade, afeto

e apego á Congregação. Sempre estava

disponível em ajudar os religiosos em suas

tarefas e se alegrava pelo crescimento

humano e espiritual de cada um.

Exemplo foi também como Bispo de

Piaccenza e mais tarde Cardeal, sempre

esteve disponível em servir os mais

pobres e conservava no coração e nas

suas vestes a pobreza e a simplicidade,

dom este que possuía já desde criança.

Possuindo também uma grande mente

intelectual, promoveu várias reformas na

sua diocese que, quando tomara posse a

encontrou abandonada, um verdadeiro

caos. Foi muito criticado pelas pessoas,

pois, como era inteligente, dedicava-se

seu tempo em servir os pobres e não ,

segundo algumas pessoas que o

criticavam, em dedicar-se coisas que

exigia o seu status.

Existem vários testemunhos de serviço,

oração e dedicação com a Igreja, ea sua

Liturgia e em especial com os pobres, que

dava o amado Beato. Que possamos

também, a começar por mim, a

refletirmos nossa caminhada Teatina,

Burali durante sua vida, colocou seus dons

com alegria e sua admirável caridade, a

serviço da Ordem Teatina e do povo de

Deus. Que possamos também colocarmos

a serviço os nossos dons, com alegria.

Renan Felipe Assumpção

Page 12: REVISTA TEATINA

12

A pós os primeiros contatos realizados em Roma,

durante o ANO SANTO de 1950, entre o Bispo de

Botucatu, D. Henrique Golland Trindade e os nossos

superiores, Pe. João Labrés C. R, Superior Geral e Pe.

Julian Adrover C.R Vigário Geral, foi confiada à nossa

Cúria Provincial Italiana, dirigida pelo Pe. Antonio

March CR, Prepósito Provincial, a solução do assunto,

que deu resposta positiva.

Foram escolhidos como pioneiros desta fundação

Teatina no Brasil os Padres Francisco De Lucia C. R,

Lineu Maria Bincelli CR, e o Irmão Coadjutor Gabriel

Mesquida CR.

A

HISTÓRIA DOS TEATINOS EM TERRAS

BRASILEIRAS

Page 13: REVISTA TEATINA

Na tarde do dia 4 de maio de 1951, no

Porto de Nápoles, embarcaram no Navio

“Conte Grande”, e no dia 17 do mesmo

mês, desembarcaram no Porto de Santos,

esperados pelo Pe. Sílvio Maria Dario,

depois Bispo auxiliar de Botucatu e

primeiro Bispo da nova Diocese de

Itapeva.

Os primeiros Teatinos passaram quarenta

e dois dias na hospitalidade dos Padres da

Consolata, em São Manoel, que muito os

ajudaram para a adaptação aos costumes,

usos e língua do povo brasileiro.

No dia 1º de julho de 1951, festa do

Preciosíssimo Sangue de Cristo,

acompanhados pelo Vigário Geral da

Diocese de Botucatu, Monsenhor José

Melhado Campos, por vários sacerdotes

do Clero Diocesano e religiosos e com a

participação do povo, tomaram posse da

Paróquia de Fartura. Os Padres Francisco

de Lúcia e Lineu Bincelli, Vigário e

Coadjutor respectivamente, iniciaram seu

trabalho apostólico, tanto na cidade como

nas várias capelas rurais. Fartura, foi uma

cidade onde o povo muito piedoso sempre

correspondeu com alegria e gratidão. A

Paróquia de “Nossa Senhora das Dores”,

foi criada no dia 2 de fevereiro de 1887,

tendo como primeiro pároco o Padre

Bartolomeu Comenale. Até 1951, teve dez

párocos diocesanos.

No dia 15 de janeiro de 1952, chegou para

ficar entre nós o Padre Salvador Badame

CR, que por muitos anos desempenhou

um grande trabalho apostólico,

especialmente em Fartura, como Vigário,

como Coadjutor. A ele se deve a reforma e

ampliação da Igreja Mariz, como também

a construção de várias Capelas rurais. No

dia primeiro de julho de 1956,

comemorando o quinto aniversario da

Page 14: REVISTA TEATINA

14

chegada dos Teatinos no Brasil, realizava-

se a inauguração do Salão paroquial,

dedicado a São Caetano.

No mesmo Salão Paroquial, com várias dependências construídas, capacitado a funcionar

provisoriamente como Seminário Menor, no dia 20 de fevereiro de 1961, começava a

funcionar como o primeiro Seminário Menor Teatino no Brasil.

No início teve 14 alunos e o primeiro Reitor foi o Padre Gabriel Dárida C. R., auxiliado pelo

Pe. João Ferreti CR, os quais vieram para o Brasil no dia 26 de agosto de 1960, justamente

para esta finalidade.

PRIMEIRA CASA DE FORMAÇÃO E CONSTRUÇÃO DO

PRIMEIRO SEMINÁRIO

Page 15: REVISTA TEATINA

15

No dia 25 de março de 1963, com a aprovação de D. Henrique G. Trindade e a participação

do povo, procedia-se a bênção da Pedra fundamental da construção do Seminário definitivo,

num lugar muito aprazível nos arredores da cidade.

Este terreno, em parte foi comprado e em parte foi doado pelos senhores Sebastião Garcia e

João Bianchi. Em 1965, uma parte do prédio já estava construído para hospedar um número

maior de seminaristas. Em todas as nossas atividades, contamos sempre com a intervenção

da Divina Providência, pois sem esta ajuda, pouco poderíamos realizar.

Page 16: REVISTA TEATINA

16

Conduzidos pela Providência Divina e imbuídos do espírito missionário, conforme o mandato

de Jesus Cristo: “Ide, pois, ensinai a todas as nações; batizai-as em nome do Pai e do Filho e

do Espírito Santo. Ensinai-as a observar tudo o que vos mandei. Eis que estou convosco

todos os dias, até o fim do mundo” (Mt 28,9-20); os Padres Teatinos iniciaram os seus

trabalhos apostólicos no Brasil no dia 1.9 de julho de 1951 na cidade de Fartura, Estado de

São Paulo.

Os Padres Teatinos sentindo a grandiosidade da “messe”, e que Deus muito poderia fazer

por meio deles, no campo fértil da terra brasileira, um povo com tradição histórica marcada

pelo cristianismo e com muita “fome de Deus”, perceberam a necessidade de muitos

“operários”, jovens que a exemplo de São Caetano, se despojassem de todas as coisas,

renunciassem a si mesmos e se entregassem inteiramente ao serviço da PALAVRA,

anunciando o Cristo Vivo, estabelecendo o Reino de Deus entre os homens: “Buscai em

primeiro lugar o Reino de Deus e sua justiça, e tudo o mais vos será dado em acréscimo”.

(Mt. 6,33).

Como não pudessem permanecer sempre dependentes da vinda de Padres Teatinos da

Província Italiana, impelidos pelo Espírito Santo e incentivados por muitos, inclusive por D.

Henrique Goland Trindade, bispo de Botucat1i, os Padres Teatinos do Brasil: Pe. Francisco de

Lucia e Pe. Salvador Badame começaram a preparar a fundação do primeiro, Seminário

Teatino na América Latina.

Com a chegada do Pe. Gabriel Dárida e Pe. João Ferretti, em 26 de agosto de 1960,

vindos da Itália exclusivamente para esta finalidade, concretizou-se o sonho dos

Padres Teatinos que a'qui estavam, descortinando-se um horizonte de muita

esperança e consolidação da Missão Teatina no Brasil.

Dedicaram Seminário Teatino a São Pio X, em reconhecimento ao mesmo por ter

sido o Restaurador da Ordem.

Seu nome de batismo era José Melquior Sarto, oriundo de

família humilde e numerosa, mas de vida no seguimento de

Cristo. Nasceu numa pequena aldeia de Riese, na diocese de

Treviso, no norte da Itália, no dia 2 de junho de 1835. Desde

cedo, José demonstrava ser muito inteligente e, por causa

disso, seus pais fizeram grande esforço para que ele estudasse.

(...)após a morte do grande papa Leão XIII, foi eleito seu

sucessor, com o nome de Pio X, em 1903.

No dia 20 de agosto de 1914, aos setenta e nove anos, Pio X

morreu. O povo, de imediato, passou a venerá-lo como um

santo. Mas só em 1954 ele foi oficialmente canonizado.

Seu nome de batismo era José Melquior Sarto, oriundo de família

humilde e numerosa, mas de vida no seguimento de Cristo. Nasceu

numa pequena aldeia de Riese, na diocese de Treviso, no norte da

Itália, no dia 2 de junho de 1835. Desde cedo, José demonstrava

ser muito inteligente e, por causa disso, seus pais fizeram grande

esforço para que ele estudasse.

(...)após a morte do grande papa Leão XIII, foi eleito seu sucessor,

com o nome de Pio X, em 1903.

No dia 20 de agosto de 1914, aos setenta e nove anos, Pio X

morreu. O povo, de imediato, passou a venerá-lo como um santo.

Mas só em 1954 ele foi oficialmente canonizado

(fonte:

http://www.paulinas.org.br/diafeliz/?system=santo&id=362)

Page 17: REVISTA TEATINA

17

Assim sendo, no dia 20 de fevereiro de 1961, nas dependências do Salão Paroquial

de Fartura, iniciava o Seminário Teatino São Pio X. com 14 alunos, na certeza de

que a Providência Divina iria propiciar o florescimento de tal obra.

De fato, foi o que sucedeu nos anos seguintes. A Providência Divina se mostrou pródiga

através da generosidade do povo farturense, que consciente da importância do seminário

como solidificação da Ordem Teatina no Brasil, e consciente de estar colaborando

diretamente para o crescimento da Igreja, formando futuros anunciadores do Reino, não

poupou esforços em benefício da obra: professores se prontificaram a lecionar

gratuitamente, foram feitas doações de terrenos e todos de um modo ou de outro

favoreceram ao Seminário e à construção do seu prédio.

Diz-se que este Papa possuía uma particular devoção pelo

fundador dos Clérigos regulares (Teatinos), São

Caetano Thiene, por conta do caráter reformador do santo.

Seu lema de sacerdócio era justamente ”Renovar todas as

coisas em cristo”.

Page 18: REVISTA TEATINA

18

No dia 25 de março de 1963, com a participação de grande multidão, procedia-se à bênção

da “pedra fundamental” do prédio, num local ameno e aprazível, a 1.000 metros da cidade

de Fartura pela Rodovia Bandeirantes. Presidiu à cerimônia o então Delegado Provincial dos

padres Teatinos no Brasil, Pe. Francisco De Lucia, assistido pelo vigário de Fartura na ocasião,

Pe. Salvador Badame e pelos padres Gabriel Dárida e João Ferretti, responsáveis pelo

Seminário.

A inauguração do Prédio se deu dia 25 de março de 1965, passando os seminaristas a

ocuparem a nova instalação, embora ainda não concluída, mas em condições de acolhê-los e

proporciar-Ihes um melhor ambiente. Logo ao nascer, o Seminário enfrentou a crise que, por

aí fechou inúmeros Seminários, mas graças a Deus e à dedicação dos Padres Teatinos,

sobreviveu e apesar dos pesares, crescendo sempre, tornando-se hoje um esteio da

Esperança da Ordem Teatina.

Houve muitas transformações, pois o próprio foi enraizado justamente no momento em que

tudo mudava, mas mudou dentro dos critérios da Igreja, que procura se adaptar ao tempo e

à cultura em que está inserida, para melhor anunciar a VERDADE. Assim o seminário evoluiu

pelo caminho certo, passando de um regime interno conforme o ideal tridentino, para um

regime aberto, propiciando aos seminaristas estarem inseridos na realidade em que vivem,

conforme o próprio Cristo pedia ao Pai: “Não peço que os tires do mundo, mas sim que os

preserves do mal” (Jo 17,15).

Passaram-se 15 anos dificílimos e hoje o Seminário já tendo colhido seus primeiros frutos:

dois sacerdotes Pe. Amador Ferreira Martins e Pe. Gorgônio Alves da Encarnação, além de

proporcionar ao Seminário Maior de Guarulhos dois alunos de Teologia e quatro de Filosofia,

possui em suas fileiras 65 seminaristas de 1º e 2º graus. Atualmente, os seminaristas

freqüentam as aulas nas Escolas Públicas de Fartura, tendo no Seminário a Orientação

necessária para o desenvolvimento psíquico, intelectual e espiritual.

Page 19: REVISTA TEATINA

19

A vida de seminário está centralizada na vivência religiosa, que deve constituir a maior

motivação daqueles que almejam o Ideal Sacerdotal pois para agir em nome de Cristo, exige-

se íntima união com Ele. Mas como expressão desta Comunhão, vive-se no seminário a

alegria, o entusiasmo e a vibração de uma vida de comunidade, onde todos procuram

manifestar sua responsabilidade em atender ao chamado de Cristo, para serem dignos da

escolha.

Em tudo deve transparecer a busca de tão sublime Ideal: na Oração, no Estudo, no Trabalho

e na Recreação. O Seminário visa dar todas as condições para isso, propiciando aos

seminaristas um crescimento contínuo, para que conscientes e maduros possam assumir

com convicção e decisão o Ideal abraçado.

Caminhando assim, com a Luz do Espírito Santo, com a proteção de Maria Santíssima, do

nosso Pai São Caetano, do nosso patrono São Pio X e com as orações do Povo de Deus,

conseguiremos formar os sacerdotes que Cristo quer e a Igreja necessita.

SÍMBOLOS TEATINOS

Page 20: REVISTA TEATINA

1 - A Cruz desnuda

A santa Cruz, venerada

na ordem Teatina deste

de sua fundação, assumiu

na nossa espiritualidade

um lugar de destaque tão

grande que passou a nos

identificar, se posso

atreve-me; aquilo com o

qual nos identificávamos

como cristãos passou a

ser nossa identidade.

Assim pois um teatino é

aquele que sabe ver a

Cruz, assim como nossos

fundadores, não como

sinal de morte e

sofrimento, mas como

sinal de

mudança,símbolo de

uma fé que busca nas

dificuldades do dia a dia

a luta que garante a

salvação e a gloria de

Deus que nos criou, que

nos ama e nos quer junto

de si.

Para melhor expressar

melhor seu significado

transcrevo:

“Não existem dias tão

solenes e significativos

como o do nascimento de

nossa Companhia. A

decisão de funda-la foi

tomada na festa da

Invenção da Santa Cruz, e

procurou-se fazer

coincidir sua feliz

realização com o dia da

gloriosa Exaltação da

Cruz. A Cruz acolheu em

seu regaço a nossa

Companhia apenas

nascida, e era justo que

nascesse em tão gloriosa

data uma companhia que

professava pobreza

absoluta como a de

Cristo na Cruz, que

pregava a mortificação

da Cruz, e que parecia

tornar descobrir e a

exaltar a Cruz, a

reinstaurar a austera

forma de vida apostólica

em uma nova família

clerical. Por isso, estas

duas celebrações da Cruz

foram simples objeto de

especial veneração entre

nós, que nunca

desejemos ser

condecorados com outro

brasão ou insígnia que

não fosse a Cruz. Este é o

distintivo oficial de nossa

congregação; esta é a

insígnia de nossas casas e

de nossos templos, de

nossas alfaias sagradas e

domesticas de modo que

os Clérigos Regulares

podem ser chamados de

Religiosos da Cruz, como

eram chamados os

antigos cristãos, como

afirma Tertuliano”.

Uma expressão que

muito bem sintetiza essa

espiritualidade enraizada

na Cruz de Cristo foi

elaborada pelo espanhol

Pe. Jerônimo de La Lama,

quando no dia da

profissão dos primeiros

teatinos,ao final da Santa

Missa celebrada no altar

de Santo André, o

cerimoniário da Basílica

de São Pedro fez vir a

Cruz processional que

conduziria nossos

fundadores até o altar da

confissão na mesma

referida Basílica:

“Desta maneira vieram

no dia da Santa Cruz,

atrás da Santa Cruz, para

abraçar o caminho da

Cruz” (in die sanctae

Crucis, post Crucem, ad

amplexandam viam

Crucis).

Nosso pai fundador, São

Caetano, sabiamente

disse quando de sua

ordenação presbiteral:

“Torna-se sacerdote é

ligar minha vida à Cruz

de Cristo”! Essa

expressão nos demonstra

claramente qual é a

espiritualidade

sacerdotal de nosso pai e

nos aponta o caminho

para qual deveria estar

orientado nosso coração

e nossas forças: fazer-se

um com Cristo

crucificado!

Apresento o

desenvolvimento deste

emblema para os

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21

teatinos dos primeiros

séculos:

Século XVI – a cruz se

torna símbolo de todos

os reformadores;

1533 – Pe. Caetano é

designado para a

fundação da casa em

Nápoles e aos pés da Cruz

implora a Deus um

companheiro que

soubesse crucificar sua

vontade, o que lhe é

enviado o Pe. João

Marinoni ;

Dom João Pedro Carafa

escreve que foi decidido

que nenhum emblema

secular fosse posto nas

igrejas teatinas a não ser

a Cruz sobre o trimonte;

1536 – o trimonte

encimado pela cruz

desnuda já aparecem nos

documentos;

1549 – carimbo de

madeira usado por Santo

André Avelino para lacrar

cartas oficiais da Ordem;

1562 – Dom Paulo Burali

D’Arezzo escreve para o

capitulo que havia

proibido colocarem

brasões particulares na

Igreja de São Silvestre no

Quirinal porque não era

costume da Ordem;

1570 – Pe. João Marinoni

impede que seja

colocadas outros

emblemas em São Paulo

Maior que não fosse a

Cruz,

1573 – A cruz sobre um

trimonte heráldico é

esculpido nas portas da

Casa de São Silvestre no

Quirinal de Roma;

1578 – Dom Marcelo

Maiorana chegou à sua

diocese de Cotrone a pé e

carregando uma grande

cruz até a cadetral

Século XVII – o emblema

teatino é esculpido nas

laterais da Basílica de

Santo André Della Valle;

1609 – a Primeira Historia

dos Clérigos Regulares, o

autor João Batista Del

Tufo traz como símbolo a

cruz sobre o trimonte e a

coroa de espinhos;

1628 – o símbolo teatino

vem estampado nos

comentários ás

Constituições do Pe.

Carlos Pellegrino;

1680 – na fachada da

Igreja de São Caetano em

Florença junto ao brasão

teatino foram postas as

figuras de duas mulheres,

uma simboliza a pobreza

e a outra a confiança em

Deus;

Na primeira metade do

século XVIII é esculpido o

emblema teatino na

Igreja de São Caetano em

Vicenza com o acréscimo

da inscrição “INRI” e com

a coroa de espinhos,

tendo a seguinte

exortação: “Reparaste o

estandarte do universo,

emblema dos Clérigos

Regulares”.

2 - A Cruz na

espiritualidade de nosso

pai São Caetano

Para nosso fundador a

cruz é um verdadeiro

convite a uma mudança

de vida e a uma profunda

configuração com o

Cristo que nela se deixou

pregar por amor a nós e

apara nossa salvação.

São Caetano acreditava

que militando sob a Cruz

de Cristo se poderia

vencer toda má

inclinação, toda

imperfeição, sem tréguas

nem descanso, progredir

sempre para Deus. Aos

que se apresentava para

ingressarem na Ordem

ele exortava:

“Aqui só existem os que

procuram o Cristo

Crucificado”.

“Aqui vivemos

congregados sob o jugo

da Cruz”.

Nas frases acima citadas,

São Caetano não quer

dizer aos que chegam

que a vida é sofrimento e

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22

desalento, amargura e

tristeza, mas sim que a

vida sob a Cruz é de luta

que leva a vitoria, morte

que leva a ressurreição,

esperança que nos une a

Cristo.

Novamente transcrevo

aqui algumas linhas da

obra “Teatinos” que

expressão muito bem a

espiritualidade de nosso

fundador:

“Para Caetano, a Cruz é o

principio de toda

reforma, é a sementeira

de toda colheita, é o

lugar de toda renovação

e a condição de toda

ressurreição”.

“Para os teatinos a Cruz é

a estrutura interna que

mantém toda atividade e

irradiação do sacerdote

reformado. O

seguimento de Cristo é

para os teatinos, a

imitação do Cristo

crucificado, e esta

coincide para eles com a

vida religiosa”.

Um trecho da carta de

nosso cofundador

Bonifacio De’Colli

expressa bem o

sentimento dos quatro

primeiros teatinos e os

requisitos para quem

pretendia se unir a eles:

“Aprenderá através da

experiência de cada dia,

qual é o sentido e a força

da palavra do Senhor que

diz: Aquele que deseja vir

atrás de mim, negue-se a

si mesmo, tome a sua

Cruz e me siga,

entretanto pela porta

estrita e caminhando

pelo pranto da penitência

até chegar às praias de

uma caridade sem fim”!

O retorno ao Evangelho é

sempre um retorno à

Cruz e os grandes

reformadores sempre

foram homens da Cruz.

Para os teatinos era

programa da reforma

interior, pela qual se

deve começar

infalivelmente, até a da

igreja. O caminho para a

reforma do ser e da Igreja

é um só: a Cruz!

Muito se diz que sempre

um santo guia outro

santo, assim sendo,

nosso pai Caetano se

deixava conduzir pelos

escrito de um padre do

deserto chamado João

Cassiano e do qual se

acredita ter extraído de

suas “Colações” uma

síntese espiritual e que

mais tarde toda a Ordem

assumiu para si: a Cruz, a

perfeição evangélica e a

confiança na providência.

3 – O trimonte

Ainda em nosso emblema

se encontra sob a Cruz

três montes os quais

podemos atribuir

diversos significados:

- a Santíssima Trindade;

-os votos que

caracterizam a maioria

dos institutos religiosos:

pobreza, castidade e

obediência;

-os três sustentáculos da

vida religiosa: a palavra

de Deus, os Sacramentos

e a devoção à Virgem

Maria;

Mas aqui, quero me ater

a um simbolismo que um

sacerdote, Pe. João Maria

de Cortesis

contemporâneo dos

primeiros teatinos intuiu

na vida daquela

comunidade de homens

profundamente ligados à

Cruz:

a)- O desprendimento:

viver desapegado de

tudo e todos, possuir

como se nada tivesse,

não ater o coração a

nada, senão a Deus e ao

cumprimento de Sua

Vontade;

b)- A radical pobreza:

coração livre de todo

apego terreno, pronto

para deixar um local e

partir em missão para

outro;

c)- A confiança em Deus

providente: nunca

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23

esperar em suas próprias

forças, sempre se

abandonar ao Pai do céu

que nos ama e sabe de

nossas necessidades.

4 – “Buscai em primeiro

lugar o Reino de Deus...”

Este trecho do Evangelho

de Mateus (Mt 6,33a) nos

convida a não nos

atermos a coisas

passageiras, coisas que

perderemos e que nada

poderemos fazer para

prolongarmos sua

existência. Só o Reino de

Deus vale a pela ser

instaurado, só ele pode

corresponder às nossas

aspirações de paz,

felicidade, alegria, amor,

caridade perfeita, tudo o

mis que possa vir a fugir

disso leva a frustração e

decepção porque não

tem base solida e alicerce

seguro. Deus é o

idealizador desse Reino,

mas nós somos seus

construtores que a cada

gesto de caridade, amor,

perdão, acolhida o vai

edificando nesta terra

para o consumar no céu!

5 – “...e a sua justiça, e

todas as coisas vos serão

dadas por acréscimo!”

Essa segunda parte deste

chamado de Cristo no

mesmo Evangelho (Mt

6,33b) nos pede para

buscarmos a justiça deste

Reino. Ora mas qual seria

a sua justiça? O apóstolo

Paulo nos reponde na sua

carta aos Romanos (Rm

14,17-19):

“Pois o Reino de Deus

não é comida e bebida,

mas é justiça e paz e

alegria o Espírito Santo.

Quem serve assim a

Cristo agrada a Deus e é

estimado pelos homens.

Portanto, busquemos

tenazmente tudo o que

contribui para a paz e a

edificação de uns pelos

outros”.

Assim por justiça

entendemos dar ao outro

aquilo que ele merece,

ou seja, não na nossa

medida, mas na medida

em que o outro o tem

direito, Deus age da

melhor forma nos dando

todos os dons

necessários para uma

vida digna e saudável,

mas fica sempre na nossa

decisão o que faremos

desse dom, podemos

exercer a justiça do Reino

no momento em que nos

deixarmos conduzir por

essa palavra que quer

nos fazer viver em

plenitude.

A alegria que vem do

Espírito Santo não se

configura nunca com essa

alegria passageira e fugaz

que o mundo nos

apresenta e insiste em

nos impregnar. A alegria

que vem Deus é algo que

nos transforma e nos leva

a buscar a felicidade do

outro e a enxergar no

outro a presença de

Deus! Quem é feliz no

Espírito Santo não se

deixa arrastar por coisas

mesquinhas mas,

independente do exterior

traz em si algo de belo e

vivo que só quem espera

em Deus pode

demonstrar.

6 – Conclusão

Creio que nossos

fundadores escolheram

esses sinais para

expressarem a missão

que a nova companhia

queria empreitar:

renovar-se para renovar

a Igreja, desapegar-se

completamente de todo

vinculo que possa

destruir o homem e sua

dignidade, ligarem-se a

Cristo de forma intima e

completa assumindo sua

Cruz e missão, anunciar,

e mais que isso, instaurar

com a Força do Espírito

Santo o Reino de Deus já

aqui, na justiça, na paz,

fazendo-se sinais de uma

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profunda reforma, que

mais do que na estrutura,

seria do próprio ser

cristão voltando às fontes

e vivendo na sinceridade

de sua vocação:

“Pobres de tudo,

desnudos de qualquer

recurso próprio, vivendo

do amor de Deus!”

João Amaro

VENERÁVEL FRANCISCO OLIMPIO – AMANTE DA EUCARISTIA E DA POBREZA –

Francisco Olimpio nasceu em 5 de

fevereiro de 1559 em Nápoles, filho de

Tibério Olimpio e Elisabeta Di Leo, os

quais o dão o nome de Domingos Salvador

Honório.

Quando completa quinze anos decide

que tem que tomar uma decisão quanto a

que profissão seguir, decidindo-se por

responder ao apelo que sentia em seu

coração para servir a Deus através dos

irmãos, seguindo esse caminho por uma

via especifica, a vocação sacerdotal,

“O venerável Francisco

Olimpio nos deixa de um modo

muito claro e objetivo qual é o

caminho da santidade.”

Page 25: REVISTA TEATINA

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entrando assim para a Ordem dos Padres

Teatinos. Identificou-se pelos teatinos por

serem estes, como ele dizia ‘os padres

reformados’. Ele emite sua profissão

solene da Ordem aos 17 anos, em 1576 no

dia do Beato Paulo Buralli D’Arezzo

(17/06), mudando seu nome para

Francisco.

Foi ordenado padre aos 25 anos de

idade em 25/03/1584, indo trabalhar da

cidade de Vico na Italia. Estupefato com o

mistério da concepção Imaculada de

Nossa Senhora, dedica sua vida a uma

especial devoção a Imaculada Conceição,

passando muitas horas rezando em frente

da imagem de Nossa Senhora, horas estas

que se multiplicaram também na

adoração eucarística “fonte de todos os

bens, segurança e certeza de todo

conselho, verdadeiro refúgio ante

qualquer adversidade”, como ele mesmo

dizia. Estas devoções renderam-lhe

imenso amor pela pobreza, pela

humildade e pelo sacrifício de si, visitas

incansáveis aos enfermos, as mães

solteiras e aos encarcerados.

Conservando sua grande devoção a Maria,

ajuda a propagar, fundamentado na obra

de São Luis Grignion de Montfort –

Tratado da verdadeira devoção à

Santíssima Virgem Maria -, o desejo de ser

escravo de Maria, escravidão que envolvia

um sacrifício de si mesmo e entrega para

o serviço ao necessitado, sendo criado por

ele o ‘Monte dos escravos de Nossa

Senhora’, uma especial de banco que

ajudava financeiramente as pessoas que

precisavam, por exemplo, de um

atendimento medico e que não tinham

condições para isso. Este “banco” era

fortalecido por doações do povo leigo

que, seguindo o exemplo de Francisco

Olimpio, tornavam-se escravos de Nossa

Senhora.

Dedicou toda sua vida, deste modo

ao “ora et labora”, ou seja, oração e

trabalho, gastando inúmeras horas em

orações e adorações, e, o dobro de horas,

em atendimento aos pobres, doentes e

desamparados.

Morreu em 21 de fevereiro de

1639, com quase oitenta anos, em fama

de santidade, fama tão grande que teve

seu processo de beatificação aberto

apenas quatro anos após sua morte.

O venerável Francisco Olimpio nos

deixa de um modo muito claro e objetivo

qual é o caminho da santidade. Quer ser

santo, reze, tenha uma verdadeira

devoção e confiança em Nossa Senhora,

nossa Mãe, comungue e adore o

Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus

inúmeras vezes, mas não pare nisto, é

preciso o trabalho, é preciso amar Nossa

Senhor e Jesus no irmão que sofre.

João Victor dos Santos Silva

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Encontre-me no campo

No campo encontra-se Deus. No campo encontra-se a luz que orienta E se dá como caminho. No campo encontra-se a poesia que

embeleza a Vida E a faz respirar livremente.

No campo encontrei a flor

Que faz os olhos brilharem em

lágrimas. No campo encontrei o vento Que preenche os pulmões E faz-me felicitar o poente. No campo encontrei o arbusto singelo Que recebeu a mais singela das

mulheres

E que por razão tornou-se rainha dos

céus.

No campo encontrei um coração

pulsante Que desejava o amor de todos Que por seu meio a Paz resplandeceria

entre os povos E conduziria todos a Aquele

Que primeiramente pode ser Encontrado.

Franklin Pontes

PENSAMENTOS, FRASES E POESIAS