revista sindilat 13
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Edição nº 13 da Revista do Sindicato das Indústrias de Laticínios do Estado do Rio Grande do SulTRANSCRIPT
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fórum ...........................................06
notícias .........................................08
gestão ..........................................10
geral .............................................14
especial .........................................18
Sindilat .........................................24
artigo ............................................27
conseleite .....................................30
economia ......................................32
estatística ......................................33
destaque .......................................37
editorial
sumárioHá condições e demanda para crescer
em qualidade
Pesquisa recente divulgada pela Or-ganização das Nações Unidas para Agricul-tura e Alimentação – FAO impõe ao Brasil desafios e oportunidades. O levantamento estima o crescimento de 20% da demanda global por alimentos nos próximos dez anos. E aponta que a elevação da produção agrícola nacional será de 40% no mesmo período, o que a levará a ser a maior do mundo na próxima década. De fato, o país tem vocação para produzir alimentos. Determinados segmentos do agronegócio, como carnes e grãos, por exemplo, apresen-tam desempenhos bastante satisfatórios. As estimativas para este ano são de crescimento da produção de carne bovina entre 1,5% e 2% e de carne de frango acima dos 3%, na comparação com o exercício passado. Já a safra de cereais, leguminosas e oleaginosas deve atingir, até o final de dezembro, 158,8 milhões de toneladas, o que representa 6,2% mais do que em 2010. Em volume, a produção leiteira também evolui ano a ano. Saltou de 19,7 bilhões de litros, em 2000, para 30,4 bilhões de litros no ano passa-do, um crescimento de 52,8%. Apesar dos números, no entanto, o índice de produtividade nacional projetado para este ano pela USDA – Dairy World Markets and Trade, de 1,69 mil quilos/vaca/ano, está distante do estimado em países que investem pesado em tecnologia, como os Esta-dos Unidos, cuja média é de 9,66 mil quilos/vaca/ano. Essa discrepância é lamentável, mas também motivadora do aproveitamento das oportunidades de expansão. Afinal, na medida em que cresce o poder aquisitivo das populações dos países emergentes – status do Brasil –, alimentos nobres, como lácteos e carnes, são mais demandados. Produzir esses alimentos não é tarefa fácil. Mas, reunimos todas as condições para ampliar tanto a produtividade por animal como a produção de leite por hectare. Para isso, é necessário o empenho de todos os elos da cadeia: da parte dos produtores, com a busca inces-sante de economia de escala e de adequação aos padrões expressos na Instrução Normativa 51, em relação à Contagem de Células Somáticas (CCS) e à Contagem Bacteriana Total (CBT); da parte da indústria, com a continuidade do processo de modernização, para ser capaz de absorver o incremento da produção, elaborar produtos de qualidade e preparar o terreno para as exportações. Várias tarefas também podem ser compartilhadas, inclusive com órgãos governamentais, para darmos o salto de qualidade. Uma delas é a ampla divulgação da qualidade dos produtos nacionais. Outra é o esta-belecimento de uma carga tributária compatível com a nossa realidade, com a previsão de incentivos fiscais que nos preparem para sermos um grande exportador. Essas e outras medidas nos apoiariam no enfrentamento do desafio global de, na mesma quantidade de área agricultável, produzirmos um volume maior de alimentos. No Brasil, temos condições de solo e clima para avançarmos definitivamente em grandes projetos nesse sentido.
Wilson Zanatta Vice-Presidente do Sindilat/RS
Dilma lança os novos rumos da política industrial brasileira
Faça do leite o seu primeiroalimento
DIRETORIA - TITULARES
Presidente:Carlos Marcílio Arjonas Feijó
Vice-Presidentes:José Mário Hansen; Wilson Zanatta
Diretor Secretário:Alexandre Guerra
Diretor Tesoureiro:Angelo Paulo Sartor
EQUIPE SINDILAT
Secretário Executivo:Darlan Palharini
Secretária:Maria Regina Rodrigues
EDIÇÃOFrancke | Comunicação IntegradaAv. Carlos Gomes, 466 - cj. 07Bela Vista - Porto Alegre - RSFone/Fax: 51 3388.7674www.francke.com.br
Editora Responsável:Mariza Franck (Reg. Prof. 8611/RS)Redação: Ana Lúcia Medeiros (Reg. Prof. 11582/RS) e Darlene Silveira (Reg. Prof. 6478/RS)Diagramação: Guilherme BourscheidtCapa: Alessandro GiongoFoto: Todas as fotos sem crédito foram consedidas pela FranckeComercial: Raquel DinizImpressão: Contgraf Impressos Gráficos
Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados do Estado do Rio Grande do SulAv. Mauá - n° 2011 - Sala 505 - Centro Porto Alegre / RS - CEP 90030-080 Fone:(51)3211-1111 - Fax:(51)[email protected]
EXPEDIENTE
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“Os temas mais importantes para uma
rentabilidade gigante” foi o assunto central do
XIV Fórum de Produção Pecuária-Leite, que ocor-
reu dias 9 e 10 de agosto. Promovido pelo Cur-
so de Medicina Veterinária da Universidade de
Cruz Alta e pela Cooperativa Central Gaúcha Ltda
(CCGL), o evento avaliou o atual momento da ati-
vidade leiteira e da cadeia do leite. Participaram
mais de 800 pessoas, entre produtores rurais, es-
tudantes e profissionais das áreas de Zootecnia,
Agronomia, Medicina Veterinária, entre outros.
As palestras ocorreram no Ginásio I e II do cam-
pus universitário em Cruz Alta e à tarde de cam-
po no Tambo Experimental da CCGL TEC.
O Fórum foi resultado da constante ne-
Fórum de Produção Pecuária-Leite debate temas para a rentabilidade do produtor
cessidade de atualização de técnicos, produto-
res e acadêmicos ligados ao setor. Os objetivos
foram: despertar no aluno o interesse para ativi-
dades relacionadas à produção leiteira; oportu-
nizar integração, troca de ideias, conhecimentos,
experiência entre os profissionais de Medicina
Veterinária, Agronomia, Zootecnia, produto-
res rurais, entre outros; aproximar profissionais,
acadêmicos e produtores; suprir a carência de
eventos desta natureza na região e oportunizar a
divulgação de trabalhos científicos na área.
A abertura aconteceu na noite de terça-
feira, dia 9, com a palestra “Uma vaca não apenas
produtiva, mas também saudável, fértil e dura-
doura” ministrada pelo professor e doutor André
fórum
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Thaler Neto. Na quarta-feira, dia 10, a médica
veterinária do Ministério da Agricultura, Pecuá-
ria e Abastecimento (MAPA), Milene Cristine Cé,
abordou o tema “Desafios dos novos limites da
qualidade do leite fixados pela Instrução Nor-
mativa (IN) 51”. O engenheiro agrônomo Ciloter
Iribarren, da empresa Safras & Cifras, palestrou
sobre os “Desafios e soluções para a gestão e su-
cessão de propriedades rurais”. Para encerrar o
primeiro momento do evento, foi realizado um
painel de debates entre os palestrantes e o pú-
blico, que teve como moderadores o engenheiro
agrônomo e doutor Wagner B. Beskow,diretor da
CCGL TEC, e o professor e doutor Lucas Siqueira,
da Unicruz.
Após um churrasco de confraternização,
aconteceu a tarde de campo, no Tambo Experi-
mental da CCGL TEC, onde os participantes tive-
ram a oportunidade de visualizar, na prática, os
assuntos discutidos nas palestras.
Nas dez estações, o público pode conferir
os seguintes temas:
1. Pacote Tecnológico CCGL: prepare-se
para uma revolução no campo, com o engenhei-
ro agrônomo e doutor Wagner B. Beskow (diretor
da CCGL TEC);
2. Manejo de pastagens e do pastoreio
para alta eficiência na produção de leite, com o
engenheiro agrônomo Luis Otávio da Costa de
Lima (supervisor técnico da CCGL LAC);
3. Importantes caracteres no melhora-
mento de aveias preta e branca para a produção
de forragem e de semente, com o engenheiro
agrônomo e doutor Enrique Moliterno (pesqui-
sador da CCGL TEC);
4. Estabelecimento de pastagens de in-
verno em plantio direto, com o técnico agrôno-
mo Rudinei Boss (encarregado geral), Joanito
Rodrigues (operador de tambo), ambos da CCGL
TEC;
5. Consórcio e fertilização de forrageiras
de inverno: precocidade, qualidade e longevida-
de na produção, com a zootécnica Daniele Furian
Araldi e o médico veterinário Adriano Lorenzoni
(professores da Unicruz);
6. Como atingir o novo padrão mínimo de
qualidade do leite fixado pela IN 51, com o técni-
co agrônomo Michel Spier Kraemer (da ATC e da
CCGL LAC), a técnica agrônoma Silvana Trindade
(do setor de Suprimento, da CCGL LAC) e Carlos
Alexandre Lazzeri (auxiliar de tambo, da CCGL
TEC);
7. Importância da assistência técnica no
manejo reprodutivo de vacas de leite, com os
médicos veterinários Jorge Damian Stumpfs
Diaz, Luiz Felipe Kruel Borges e Lucas Siqueira
(professores da Unicruz);
8.Criação de terneiras saudáveis, com bai-
xo custo, pouca mão de obra e alto desempenho,
com Cláudio Chassot (encarregado de Rebanho,
da CCGL TEC);
9.Como a experiência na CCGL mudou
minha forma de pensar a produção de leite, com
a zootécnica Elissa Forgiarini Vizzotto (ex-estagi-
ária da UFSM no Tambo Experimental CCGL TEC);
10.Tecnologia CCGL chega aos produto-
res causando grande impacto, com o supervisor
comercial Adilson Ludwig.
fórum
Fonte: CCGL
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notícias
Um Sindicato preocupado com a cida-
dania. Este é um dos princípios do Sindilat/
RS, apoiador do Programa de Prevenção às
Drogas e a Violência (Proerd), realizado pela
Brigada Militar (BM). Com a presença de mais
de 2 mil crianças e adolescentes aconteceu a
formatura dos alunos do Proerd, no dia 13 de
julho, na sede do Ginásio da Brigada Militar
(BM), em Porto Alegre. O evento contou com
Sindilat/RS: um Sindicato cidadãoSindicato apóia Programa de Prevenção
às Drogas e a Violência
a presença do vice-presidente do Sindilat/
RS, José Mário Hansen. No final da formatu-
ra, mais de seis mil produtos, entre iogurtes
e achocolatados dos associados do Sindicato
foram entregues aos formandos das escolas
da Capital gaúcha.
O programa atende alunos dos ensi-
nos Fundamental e Médio e seus familiares. O
objetivo é auxiliar os alunos a reconhecer as
Instrutores do Proerd com as crianças que participaram do programa
9
notícias
pressões diretas ou indiretas que os influen-
ciarão a experimentar álcool, cigarro e outras
drogas, e a resistirem a elas. Além disso, os
pais ou responsáveis dos estudantes são in-
formados sobre comunicação com os filhos,
construção da autoestima, fatores de risco
associados aos jovens, noções básicas sobre
uso de drogas e estágios da dependência, fa-
tores protetores e fontes de pressão e resolu-
ção de conflitos.
O gerente-administrativo da Langui-
ru, Jaime Rückert, destacou a importância do
programa que trabalha a prevenção às dro-
gas com as crianças. “É a nova geração que
está aprendendo questões muito sérias e
importantes para a sua formação.” O geren-
tes destacou também o trabalho do Sindilat/
RS em apoiar o Proerd e incentivar uma ali-
mentação saudável. “Vamos incentivar as
novas gerações a substituírem as gulo-
seimas por derivados lácteos. É a preocu-
pação do Sindicato com a saúde e o bem
estar das crianças.”
A medalha do Proerd foi entregue
às escolas que participaram das ativi-
dades do Programa no primeiro semes-
tre deste ano. O Sindilat/RS também foi
congratulado com a medalha do Proerd,
entregue pelo tenente Elifas Leves de
Oliveira Gomes. Para o policial, “o Sindilat
é um parceiro muito especial ao brindar
nossas crianças com alimentos saudáveis
e nutritivos. As crianças adoram e que
esta parceria com o Sindicato continue,
pois é uma iniciativa que deu certo”, fri-
sou o tenente.
O Proerd conta com 450 policiais
instrutores que realizam o trabalho em
escolas públicas e particulares e a meta
para 2014 é formar 1 milhão de crianças
no Programa.
Sindilat distribui mais de 6 mil produtos lácteos
gestão
O empresário Heitor José Müller é o novo presidente da FIERGS/CIERGS. A posse aconteceu no dia 14 de julho, assim como a dos 106 diretores da Gestão 2011-2014. A nova diretoria do Centro das Indústrias do Rio Grande do Sul (CIER-GS) terá como um dos seus diretores, o representante do Sindilat/RS, Alexandre Guerra. A cerimônia, com 2 mil convidados, no Teatro do Sesi, contou com a pre-sidenta Dilma Rousseff; do governador Tarso Genro; do presidente da CNI, Rob-son Braga de Andrade; entre outras autoridades. Alexandre Guerra, que também é diretor-administrativo e financeiro da Cooperativa Santa Clara, declarou que “é uma satisfação muito grande representar o nosso Sindicato junto à Fiergs, visto a importância das entidades e objetivos comuns, sempre na busca do desenvolvi-mento dos seus associados.”
Dilma Rousseff destacou o trabalho exercido pelo antecessor de Müller, Paulo Tigre, em seis anos de gestão, "um dirigente capaz de estabelecer consensos e diálogo firme com o governo federal, ter propostas que iam ao cerne da questão e implicavam na solução dos problemas do Estado". Ao mesmo tempo, observou que a partir de agora, com Heitor Müller, a FIERGS continua nas mãos firmes de um empresário visivelmente inovador e que saberá representar os legítimos interesses da economia gaúcha. "Quero deixar claro o meu compromisso com o Rio Grande do Sul. O governo do Estado, através de nosso governador Tarso Genro, e a FIERGS, com a sua presidência, terão no governo federal um parceiro. Mais do que um par-ceiro, um amigo e uma amiga na promoção do desenvolvimento deste importante Estado", disse.
Heitor Müller é o novo líder da
FIERGS/CIERGSFo
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Leal
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gestão
Ao tomar posse, Heitor Müller exaltou que "o trabalho a ser realizado terá como obje-tivo a viabilização de uma economia de resul-tados através do desenvolvimento sustentado da livre iniciativa. Isso significa empresas com-petitivas, pessoas empregadas, valorização do empreendedorismo, elevação da renda familiar e arrecadação de impostos compatível e justa para que os governos possam investir em saúde, educação, segurança e na infraestrutura". Disse que "há margem para reduzir os juros. Há folga para diminuir os tributos. Há solução para frear a corrida dos Estados na criação de privilégios fiscais. Há maneiras de incorporar a economia informal ao PIB do País. Há formas de aprimo-rar a legislação trabalhista. Tenho a certeza de que há espaço para aliviar o peso da burocracia. Estou convicto da viabilidade de medidas que desonerem os investimentos. Creio que há al-ternativas para sairmos da armadilha cambial. E acredito na viabilidade de uma economia de resultados em sintonia com os requisitos da sus-
tentabilidade", observou. "Na gestão que ora se inicia, logicamente
esperamos contar com a sensibilidade dos Po-deres Constituídos, do Executivo, do Legislativo, do Judiciário e do Ministério Público. Continua-remos o diálogo incessante com o governo do Estado, com a Assembleia Legislativa, e com a Bancada Federal Gaúcha. Esta posse, portanto, tem o sentido da reafirmação e da valorização do diálogo. Diálogo com todas as representa-ções da sociedade, e com as entidades empre-sariais do Estado e do País".
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI) falou sobre as dificuldades de competitividade. "Precisamos de taxas de juros compatíveis com as dos nossos concorrentes", afirmou Andrade. O governador Tarso Genro ressaltou que "Heitor Müller representa a pu-jança da nossa base produtiva. O governo do Estado manifesta aqui, diante dessa plateia, o mesmo desejo de diálogo, de respeito recíproco com a nova diretoria".
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A Laticínios Pomerano Alimentos, de São
Lourenço do Sul (RS), é uma indústria fruto do
trabalho de quase 20 anos da Cooperativa Mis-
ta de Pequenos Agricultores da Região Sul Ltda
(Coopar). Inaugurada oficialmente em maio
deste ano, ela já está em atividade desde janei-
ro. Os 490 associados, que também são sócios
da Coopar, são agricultores familiares da região
Sul do RS, a maioria imigrantes da Pomerânia -
região histórica e geográfica situada no norte
da Polônia e da Alemanha. A maior parte é de
São Lourenço do Sul, mas também tem agricul-
tores de Pelotas, Turuçu, Cristal e Canguçu.
“A Cooperativa, que possui 2.500 asso-
ciados, é a mãe da Pomerano. As duas ficam a
cerca de 800 metros uma da outra”, comenta o
gerente-geral da Coopar, Amilton Strelow. Se-
gundo ele, a indústria capta 70 mil litros de lei-
Pomerano Alimentos: fruto da união de
pequenos agricultores
te por dia e industrializa 20% desse montante.
O restante é vendido para outras indústrias da
região Sul. “A nossa ideia é poder industrializar
toda essa quantia em breve”, diz Strelow. “A in-
dústria é bem estruturada do ponto de vista co-
mercial e na parte de logística para entrega dos
produtos”, acrescenta.
Além do leite, a Pomerano produz quei-
jos, nata, doce de leite e bebidas lácteas (com
matéria-prima da região), que são comercializa-
dos no Sul do Estado, no eixo que vai de Guaíba
até Santana do Livramento. Conforme Strelow, a
indústria foi criada com o objetivo de fortalecer
os pequenos agricultores. A Pomerano também
desenvolve um trabalho de fomento para os as-
sociados, para que eles aumentem seu volume
de produção. “Fornecemos insumos, sementes,
prestamos assistência técnica no melhoramen-
geral
“A Pomerano também desen-volve um traba-lho de fomento
para os associa-dos, para que
eles aumentem seu volume de
produção.”
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to genético a grupos de agricultores que traba-
lham com inseminação artificial”, explica. “Ofe-
recemos cursos, formações, graças a parcerias
com a Emater e a Embrapa”, conclui.
História
O surgimento da Coopar está direta-
mente ligado ao trabalho do Centro de Apoio
ao Pequeno Agricultor (Capa) em São Louren-
ço do Sul e região. O Capa iniciou na região em
1982, mas se intensificou a partir de 1985,com
a instalação de um escritório em São Lourenço
do Sul.
Chamou atenção da equipe a ausência
de organização dos agricultores, como associa-
ções comunitárias no meio rural. Para viabilizar
o trabalho técnico nas áreas de agricul-
tura, saúde e formação, foram formados
grupos de famílias, inicialmente com forte
apoio dos pastores da IECLB.
O tema da comercialização era
uma preocupação das famílias. Os peque-
nos comércios e intermediários não con-
seguiam mais responder às necessidades
de mercado para os produtos, como mi-
lho, feijão, batata, cebola, alho e hortaliças.
A falta de perspectivas de comércio firme
para estes produtos estava se tornando
um forte fator de desestímulo para sua
produção. O fumo cada vez mais era vis-
to como única alternativa para a pequena
propriedade.
A necessidade de organização en-
tre os agricultores foi sendo percebida e
compreendida como fundamental para
buscar alternativas. Assim, em 1988, surgi-
ram as primeiras associações, como a de
Trabalhadores do Faxinal, de Pinheirinhos
e a do Socorro. Uma novidade no cená-
rio rural do município, que sofreu resistências
e contestações. O Capa viu que, junto com os
agricultores organizados, deveria enfrentar o
desafio da comercialização. Para tanto, adquiriu
um caminhão. A primeira experiência de comer-
cialização direta entre agricultores e consumi-
dores urbanos deu-se com Pelotas. Uma enge-
nharia colocava frente a frente representantes
dos agricultores e consumidores, que discutiam
e acertavam preços, quantidades e entregas.
A ideia era generosa: pequenos agricultores
vendendo seus produtos diretamente para os
moradores da cidade, sem intermediários. Po-
rém os problemas venceram a boa vontade e a
experiência fracassou. Os agricultores estavam
dispostos a buscar outros caminhos.
A Prefeitura de Porto Alegre, com o
prefeito Olívio Dutra, abriu espaço para a co-
geral
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mercialização direta – os Pontos de Feira. Este
mercado passou a ser explorado, com a venda
de produtos como batata, cebola, alho e feijão,
principalmente. Em cada comercialização, um
representante de uma associação acompanha-
va o caminhão a Porto Alegre. Em 1991, a Cea-
sa abriu uma filial em Pelotas, e os agricultores
organizados disputaram um espaço. Em nome
da Associação do Faxinal conseguiram um box,
passando a comercializar volumes maiores de
batata e cebola. Este processo estava a exigir
um nível de organização crescente.
Na busca por um novo patamar de orga-
nização para a comercialização, especula-se a
ideia de formar uma cooperativa. Mas o coope-
rativismo não era bem visto pelos agricultores e
muito menos pelos comerciantes e intermedi-
ários. Na própria equipe do Capa não havia um
consenso a respeito desta proposta. A imagem
era das grandes cooperativas e o distanciamen-
to entre direções e agricultores. Então o agrô-
nomo Ellemar Wojahn resolve se aprofundar
no tema cooperativismo, fazendo um curso de
Especialização junto à Unisinos. Seu trabalho de
conclusão no ano de 1989, com o título “Uma
experiência cooperativista entre pequenos agri-
cultores” projeta a criação de uma cooperativa
em São Lourenço do Sul e avalia seus possíveis
efeitos.
A discussão junto às associações e gru-
pos informais se arrastava há no mínimo três
anos. Porém, em 1992, optou-se em partir para a
prática. Em torno de 200 famílias estavam orga-
nizadas em associações e grupos informais e se-
riam a base social da futura cooperativa. O Capa
adquiriu uma antiga casa de comércio, com
prédios e 4,3 hectares de terra, na localidade
de Boa Vista, centro da colônia. Posteriormente,
geral
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este patrimônio foi doado para a Coopar.
Porém o ato de fundação da Coopar, no
dia 30 de maio de 1992, um sábado de sol, teve
a presença de apenas 41 pessoas, consideradas
sócios-fundadores. Entre estes ainda alguns
técnicos da equipe do Capa. A maioria preferiu
ver para crer. Entre os sócios-fundadores a ta-
refa de presidência coube a Ellemar Wojahn, a
pedido dos agricultores. O acordo foi que seria
apenas por um mandato de três anos e que o
próximo seria um agricultor. Mas a presidência
do segundo mandato ainda ficou com um téc-
nico do Capa – o agrônomo José Sidney Nunes
de Almeida. Porém, a partir do terceiro manda-
to, todos os presidentes e dirigentes passaram a
ser exclusivamente de agricultores.
O Capa apoiou firmemente a Coopar em
seus primeiros 10 anos de vida. Por quatro anos
pagou o salário de Luiz Artur Eichholz, gerente
geral. José Nunes atuou como técnico do Capa
diversos anos junto à Coopar. Repassou dois
caminhões e toda a organização de comercia-
lização, como o Box da Ceasa em Pelotas. Nos
momentos de dificuldade financeira, aportou
recursos na forma de empréstimos do Fundo
Rotativo. A presença de lideranças das associa-
ções, fluentes no idioma pomerano, desde o pri-
meiro dia de funcionamento da Coopar, como
Amilton Strelow e Ruy Pescke, criaram um
ambiente de identidade cultural e confiança,
que foram de fundamental importância para a
consolidação da proposta cooperativista. Nada
teria sido suficiente se os agricultores não abra-
çassem a proposta cooperativista como uma
ferramenta poderosa para a melhoria de vida
no meio rural.
Fonte: engenheiro agrônomo Ellemar Wo-
jahn, sócio-fundador e 1º presidente da Coopar.
geral
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Em homenagem ao Dia Estadual do Leite
comemorado sempre na terceira quarta-feira do
mês de setembro, a matéria especial desta edi-
ção não poderia deixar de apresentar, ele que
é o primeiro alimento que o nosso organismo
consome. Quem poderia ser? O leite é claro, pois
ao nascer o bebê já passa a receber da mãe o
leite materno, alimento indispensável e a mais
importante fonte de ferro e vitaminas.
Conforme o Ministério da Saúde, o lei-
te materno é tudo o que o bebê precisa até os
seis meses. É de fácil digestão, funciona como
especial
Faça do leite o seu primeiroalimento
vacina, protege a criança contra doenças como
diarreia, infecções respiratórias e alergias. Para
as mães que amamentam, contribui para a per-
da de peso após o parto e ajuda o útero a recu-
perar seu tamanho normal, reduzindo o risco
de hemorragia e de anemia. Além de diminuir
as chances de desenvolver diabetes, câncer de
mama e de ovário.
E ao longo da vida, até atingir a vida adul-
ta, o leite deve continuar fazendo parte da ali-
mentação. Por quê? Quem responde é o médico
Fernando Lucchese, que segundo ele, rico em
nutrientes e proteínas, o leite faz parte de toda a
alimentação, principalmente por fornecer todos
os eletrodos, cálcio e potássios necessários ao
organismo. Sem contar relata Luchese, a indus-
Dr. Fernando Lucchese
especial
Faça do leite o seu primeiroalimento
trialização tornou o leite com mais qualidade e melhor para ser consumido, ao
retirar dos leites desnatados a gordura animal e aderir outros produtos ao leite
como o Omega 3, a Vitamina D e o Cálcio. Esses leites são ideais inclusive para pes-
soas que sofrem com osteoporose, e mulheres com menopausa que necessitam
de suplementação com vitamina D.
Instituído pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, o Dia Estadual
do Leite foi criado para incentivar a importância do alimento para a população e
o consumo da bebida entre os gaúchos. Segundo Luchese, as três principais van-
tagens de consumir leite, em primeiro lugar são a retirada das gorduras saturadas
(menos gordura animal) que ajudam a manter um bom colesterol encontrado nos
leites desnatados; em segundo lugar, a inclusão de nutrientes como o cálcio e o
Omega 3; e por último, a inclusão de vitamina D. “Houve muitos produtos que
pioraram com a industrialização, porém o leite somente melhorou.”
Segundo Luchese, o leite tem complexo B e vitamina B12 muito impor-
tantes para os vegetarianos puros que têm deficiência de vitamina B12. O leite
materno, por exemplo, é rico em anticorpos e prepara a criança já nos primeiros
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especial
anos de vida para uma alimentação saudável, e
depois de seis meses, pode ser incluído o leite
de vaca na alimentação do bebê. Segundo o Mi-
nistério da Saúde, o aleitamento materno evita
infecções e alergias e é recomendado até dois
anos de idade ou mais.
Os benefícios do leite são tão necessá-
rios para uma dieta balanceada que deve ser o
primeiro alimento a ser consumido. O leite com
café ou o leite com cereais ou sucrilhos é um há-
bito bom e saudável, consumido por quase to-
dos os brasileiros, e que deve ser praticado dia-
riamente. “O leite deve ser a primeira bebida do
dia”, diz Luchese. O café com leite no lanche da
tarde também é saudável, pois segundo o médi-
co, o leite mantém uma camada de proteína que
protege a mucosa e as funções digestivas. O leite
morno antes de dormir é outro hábito saudável
destaca o especialista, pois reduz a produção de
ácido clórico que pode causar gastrite, além de
forrar a mucosa do estômago. “O errado é dor-
mir com o estômago completamente vazio. O
ideal é começar bebendo leite na primeira re-
feição da manhã e terminar com o leite antes de
dormir.”
No caso dos derivados do leite, quanto
menos gordura mais saudável, como por exem-
plo, os requeijões; os queijos brancos; e o queijo
minas que tem mais baixo conteúdo de gordu-
ra animal. As mantegas por possuírem um con-
teúdo grande de gordura saturada não devem
ser utilizadas por pessoas com colesterol eleva-
do e quem tem metabolismo normal deve con-
sumir com moderação. Nas bebidas lácteas, as
pessoas devem ler os rótulos dos produtos.
Os hipertensos devem evitar o uso de só-
dio; o diabético a glicose e carboidrato; e os
obesos devem consumir as bebidas lácte-
as. “O ideal seria as pessoas saber das suas
limitações nutricionais e ler os rótulos antes
de consumir os produtos.” O leite também
deve ser consumido pelos atletas para re-
por proteínas e nutrientes importantes.
De acordo com o Ministério da Saú-
de, três copos do tipo desnatado (600 ml)
dão conta das necessidades diárias de um
adulto, contribuindo para a manutenção
da massa óssea e para o processo de con-
tração muscular. Com proteína e cálcio na
mesma bebida você ainda garante alto ren-
dimento em suas séries de musculação.
Conforme um relatório divulgado
pela “National Dairy Council” informou que
a ingestão adequada de alimentos ricos
em cálcio tais como leite, queijos ou iogur-
te são importantes na redução do risco de
várias desordens médicas. Um experimen-
“O ideal é começar be-
bendo leite na primeira refei-ção da manhã
e terminar com o leite antes de
dormir.”
21
especial
to clínico controlado em adultos obesos revelou,
por exemplo que o consumo de produtos lácte-
os, em particular o cálcio e vitamina D do leite,
acelera significativamente a perda de gordura e
perda de peso corporal.
Conforme a Organização Mundial de Saú-
de (OMS), as recomendações para o consumo de
leite são para crianças abaixo de 9 anos, 2 copos;
crianças de 9 a 12 anos, 3 copos; adolescentes,
4 copos; e adultos, 2 copos. “Como em tudo na
vida, moderação, e o leite contribui nessa contri-
buição alimentar e a industrialização conseguiu
algo de alto impacto, amplamente qualificado”,
destaca Luchese.
Conforme informações divulgadas pela
Embrapa, a composição média do leite de vaca
é: proteína 3,3%, uma das fontes de nitrogênio
mais importantes na nutrição humana; gordu-
ra 3,5%, essa gordura é de fácil digestibilidade,
além de seu valor nutricional, o qual está liga-
do com as vitaminas A, D, E, K e caroteno, é rica
em ácidos graxos essenciais, que apresentam
161203
136 1201 20
247219
257
300
28
242
0
50
100
150
200
250
300
350
Fontes: FAO, IFCN, COMTRADE, SECEX/MIDC, IGBE, Embrapa/IFCN, Convenio Lecherfa, SAGPyA-CIL-FIEL.* Dados de 2007 ¹ Dados de 2010 Indicações da OMS = 220litros/ano
Consumo per capita (litros/ano)
como benefícios a inibição de alguns tipos de
câncer (intestino, mama e estômago), redução
do colesterol total e níveis de triglicerídeos,
diminuição da gordura corporal, aumento da
massa magra em animais experimentais em
crescimento e aumento da resistência à doen-
ças. Além disso, alguns componentes da gor-
dura do leite apresentam características anti-
carcinogênicas (evitam ocorrência de câncer),
tais como ácido linoleico conjugado (CLA) e
ácido butírico.
Para as pessoas que apresentam intole-
rância a lactose, que consiste na ocorrência de
sintomas gastrointestinais (formação de gases,
diarréia) em indivíduos com baixos níveis de
lactase (enzima que degrada a lactose). Apesar
disso, as pessoas com dificuldades de digestão
de lactose não devem evitar consumir produtos
lácteos, mas sim, alimentar-se de produtos com
baixos níveis de lactose (leite sem lactose, quei-
jo e iogurtes), ou pequenas porções diárias para
manter uma adequada ingestão de cálcio.
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23
24
Sindilat
SINDILAT preocupado com
Importação de Lácteos
25
Sindilat
Após mais uma rodada de negociações
entre Brasil e Argentina que aconteceu no dia
10 de agosto em Porto Alegre, ficou definido
que o limite máximo de importação de leite
em pó da Argentina pelo Brasil será de 3.300
toneladas. Segundo o secretário executivo
do Sindicato da Indústria de Laticínios do RS,
Darlan Palharini, a Argentina queria fixar o teto
em 5 mil toneladas, mas o RS alegando que o
assunto está sendo discutido pela Câmara Fe-
deral na Subcomissão da Agricultura e não po-
deria ser considerado outro parâmetro senão,
a média dos últimos anos. A Argentina chegou
a contrapropor um teto de quatro mil tonela-
das, alegando que o Brasil não tem limites para
importações do Uruguai nem do Chile, mas a
indústria gaúcha rebateu dizendo que o Brasil
também já está em tratativas com o Uruguai
para um acordo comercial, visto que no mo-
mento em que o Real está muito valorizado em
relação as demais moedas, essa situação acaba
refletindo na relação com todos os países, que
querem exportar para o Brasil, já que temos
mais de 196 milhões de habitantes.
Mas de outro lado, principalmente
no setor lácteo, a preocupação tem sido para
que se encontre uma forma para equilibrar
as relações comerciais e não ocorra uma di-
minuição na produção de matéria prima no
Brasil, já que temos mais de 1.300.000 produ-
tores de leite e um contingente envolvido no
segmento mais de 5 milhões de pessoas.
Este tem sido o discurso do setor lác-
teo do RS, nas reuniões ocorridas com os ór-
gãos de Governo, sendo a última reunião re-
alizada no dia 17 de agosto, em Brasília, com
o Secretário de Política Agrícola do Ministério
da Agricultura, José Carlos Vaz; e o Secretário
de Defesa Agropecuária, o Francisco Jardim,
acompanhado de deputados Federais da Co-
missão da Agricultura (Alceu Moreira PMDB/
RS; ElvinoBohnGass PT/RS; Domingos Sávio
PMDB/MG; Carlos Magno PP/RO; Maldaner
PMDB/SC) onde o Sindilat apresentou docu-
mento onde mostra a quantidade de produ-
tos lácteos que tem sido trazidos para o Brasil
e a conversão desses produtos em litros de
leite:
* Em bilhões de litros por ano ** EstimativaFonte: MDIC e IBGEElaborado pelo Sindilat
26
Sindilat
Fonte: MDICElaborado pelo Sindilat
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artigo
Recentes e crescentes investimentos de indústrias de laticínios no Rio Grande do Sul, em especial na Região Norte, associados a mais tecnologia no campo e no tambo, colocam o Estado como um dos principais protagonistas no mapa nacional do segmento lácteo. E é essa evolução — hoje, o Estado ocupa com orgulho a posição de segundo maior produtor de leite do Brasil — que estará em exposição em estan-des, pavilhões e pistas da Expointer.
É em Esteio, em uma das mais tradi-cionais e importantes feiras agropecuárias da América Latina, que os atores do setor têm uma oportunidade única de mostrar e exaltar seu trabalho. É no evento que leva o campo à cida-de, ou ainda (dependendo do ponto de vista), onde a cidade vai ao encontro do campo, que o visitante tem a chance de conhecer um pouco do mundo envolvente do leite produzido em solo gaúcho.
O leite como um dos protagonistas daExpointer
Adriana LangonEditora do Campo & Lavoura,
de Zero Hora
Foto: arquivo
Claro que Expointer é sinônimo de ven-das, de fechar e alinhavar futuros negócios, de conquistas de títulos e premiações. Mas a im-portância da expofeira do agronegócio gaúcho é muito mais do que isso. A chamada festa do campo tem, sim, uma importância social, edu-cacional, cultural. Esse encontro marcado com público é a chance de destacar e provar porque o Rio Grande é potencialmente apontado como uma das grandes apostas do segmento lácteo.
Ao ingressar nessa pequena cidade de Esteio, o visitante vê in loco uma mostra da ge-nética de ponta do rebanho leiteiro gaúcho e das tecnologias disponíveis para impulsionar o desempenho do setor — seja no tambo ou na indústria. As crianças têm a chance de acompa-nhar, quem sabe pela primeira vez, a ordenha de uma vaca. E, assim, testemunharem com seus próprios olhos que o leite não sai da cai-xinha. Sai, sim, da vaca, do campo, e passa por
28
artigo
vários processos de produção e beneficiamento até chegar às gôndolas do supermercado. Mas muito mais: que os valores nutritivos e os bene-fícios do leite favorecem o crescimento e a ma-nutenção de uma vida saudável.
Essa relação de aproximação campo-ci-dade, para muitas crianças ou adolescentes, por exemplo, se dá em atividades ou demonstrações que funcionam como uma aula prática. É mais ou menos como se a sala de aula fosse transferi-da, durante os dias especialmente dedicados às escolas na feira, para o parque Assis Brasil. Todos os atores da exposição — sejam eles criadores, tratadores, jurados, empresários ou industriais —, estão preparados e disponíveis para respon-der aos curiosos questionamentos da criançada.
As demonstrações de união do setor lác-teo extrapolam eventos como a Expointer e a Fenasul e estão rompendo cada vez mais novas fronteiras. Em busca de um crescimento sus-tentável e de qualidade, no qual todos os elos da cadeia produtiva devem ser valorizados, o governo do Estado reinstalou a Câmara Setorial
do Leite. Para muitos, a iniciativa pode ser vista como mais uma decisão de criar um fórum bu-rocrático de discussões. Mas, para os envolvidos, a ação é o novo norte para vencer deficiências, barreiras e problemas crônicos.
Assumindo o desafio, os integrantes da câmara setorial deram a largada nos debates, nos estudos e nas análises de opções de incen-tivo para alcançar as metas propostas. Também ficou a promessa do governo estadual de que, ainda nesse segundo semestre deste ano, seja lançado um programa especial de estímulo à produção leiteira e de uso de tecnologia no campo para aumentar a produtividade média do rebanho. Ou seja, a lição de casa começou a ser feita. E, o que é melhor, contando com a cola-boração e a participação de todos em busca de um mesmo resultado, que é impulsionar o Rio Grande do Sul rumo à liderança nacional na pro-dução de leite. Um desafio e tanto, mas não tão distante para quem já demonstra que desenha uma ação coordenada profissional e não está parado à espera de resultados milagrosos.
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As indústrias e os produtores de leite,
reunidos no Conseleite RS, anunciaram o valor
de R$ 0,6543 para o mês de junho, como indexa-
dor para os negócios do leite. O valor foi obtido
após estudos confeccionados pela UPF (Univer-
sidade de Passo Fundo), tendo como referência
o leite padrão (Base Instrução Normativa 51 do
Ministério da Agricultura). Este valor foi homo-
logado no dia 18 de julho em Porto Alegre, pelo
Valor de referência do leite para junho e valor projetado para julho
Conselho Estadual do Leite (Conseleite) que
é um órgão paritário formado pelas indústrias
através do Sindicato das Indústrias de Laticí-
nios do Rio Grande do Sul - Sindilat/RS, e pelos
produtores de leite, representados pela Farsul,
Fetag, Gadolando, Associação dos Criadores de
Jersey e Fecoagro. O Conseleite divulgou ainda
a tendência do valor de referência para o mês
de julho, que é de R$ 0,6373.
Resumo Preços de Referência em 2011Acima do Padrão Padrão Abaixo do Padrão
Janeiro 0,7034 0,6117 0,5505Fevereiro 0,7031 0,6114 0,5503Março 0,7341 0,6383 0,5745Abril 0,7702 0,6697 0,6028Maio 0,7938 0,6903 0,6213Junho 0,7524 0,6543 0,5889Julho 0,7329* 0,6373* 0,5736** ProjetadoConfira os preços de referência a partir de dezembro de 2007 no sitewww.conseleite.com.brFonte: Conseleite.Elaborado pelo Sindilat.
* Projetado
Confira os preços de referência a partir de dezembro de 2007 no site www.conseleite.com.brFonte: Conseleite. Elaborado pelo Sindilat.
Mês Dia Horário LocalAgosto 23 9h30min Fecoagro
Setembro 19 14h Fetag
Outubro 18 9h30min Sindilat
Novembro 21 14h Farsul
Dezembro 20 9h30 Fecoagro
Calendário de Reuniões do Consuleite 2011
conseleite
Foto
: Wils
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Dilma lança os novos rumos da política
industrial brasileira
economia
A presidenta Dilma Rousseff garantiu que as medidas
do Plano Brasil Maior de estímulo a alguns setores da indústria
foram construídas "com ousadia" para que a indústria nacio-
nal possa competir em melhores condições com a “avalanche
de manufaturados” importados que chega ao Brasil por causa
da crise dos países ricos e pelas novas condições de produção
internacional.
“Se a concorrência com os importados baratos e nem
sempre de boa qualidade já tem sido uma luta injusta, saibam
que, com a crise nos países desenvolvidos e a consequente
retração nos seus mercados internos, a concorrência pode
se tornar ainda mais difícil para a indústria brasileira”, disse a
presidente Dilma no discurso de lançamento da nova Política
Industrial.
Entre as medidas do Plano Brasil Maior estão a desone-
ração da folha de pagamento para os setores da indústria na-
cional que empregam grande volume de mão de obra, como
confecção, calçados, móveis e programas de computadores
(softwares). Há também medidas que abrangem desoneração
das exportações, defesa comercial, crédito e garantia às ex-
portações e à promoção comercial. Fonte: Agência Brasil
33
Importação Brasileira de Lácteos (US$) TOTAL 2009 TOTAL 2010 jan a jul/2011 Variação Produtos US$ US$ US$ 09/10 (%)Leites e Cremes fluídos 4.459.315 3.030.205 1.958.121 -32%
Leites e Cremes Concentrados 147.180.377 172.921.342 192.379.335 17%
Iogurte, leitelhos e correlatos 2.878.208 973.366 216.384 -66%
Soro de Leite 25.681.307 36.475.391 20.327.556 42%
Manteiga, butreroil e outros 16.033.209 7.115.751 3.130.442 -56%
Queijos e requeijão 60.094.853 103.309.231 88.924.841 72%
Outros derivados 100.235.296 134.614.448 104.327.504 34%
TOTAL 362.178.687 461.592.968 411.264.183 27%
Importação Brasileira de Lácteos (Quant(kg)) TOTAL 2009 TOTAL 2010 jan a jul/2011 VariaçãoProdutos Quant (kg) Quant (kg) Quant (kg) 09/10 (%)Leites e Cremes fluídos 9.709.614 5.450.496 2.617.956 -44%
Leites e Cremes Concentrados 67.728.028 52.102.372 50.415.622 -23%
Iogurte, leitelhos e correlatos 2.537.047 344.080 54.793 -86%
Soro de Leite 26.724.600 28.904.650 12.684.175 8%
Manteiga, butreroil e outros 7.380.140 2.085.797 620.405 -72%
Queijos e requeijão 16.021.565 21.889.642 16.531.919 37%
Outros derivados 26.982.917 37.279.779 25.949.650 38%
TOTAL 158.967.341 149.299.937 108.874.520 -6%
Importação Brasileira de Lácteos (US$/kg) ¹ Média 2009 Média 2010 Média jan-jul/2011 VariaçãoProdutos US$/kg US$/kg US$/kg 09/10 (%)Leites e Cremes fluídos 0,46 8,17 7,21 1685%
Leites e Cremes Concentrados 2,24 3,33 3,84 49%
Iogurte, leitelhos e correlatos 1,81 2,95 2,85 63%
Soro de Leite 0,96 1,26 1,61 31%
Manteiga, butreroil e outros 2,29 4,02 4,95 76%
Queijos e requeijão 4,41 4,74 5,46 8%
Outros derivados 3,74 3,65 4,06 -2%
Média Mensal 2,30 3,08 3,79 34%
COMPARATIVO IMPORTAÇÃO 2009 X 2010 X 2011
Exportação Brasileira de Lácteos (US$) TOTAL 2009 TOTAL 2010 jan a jul/2011 Variação Produtos US$ US$ US$ 09/10 (%)Leites e Cremes fluídos 9.502.751 18.606.456 7.675.960 96%
Leites e Cremes Concentrados 107.496.633 75.377.971 30.579.134 -30%
Iogurte, leitelhos e correlatos 3.861.260 3.657.554 2.094.007 -5%
Soro de Leite 2.078 4.301 14.467 107%
Manteiga, butreroil e outros 5.457.516 16.065.607 3.239.133 194%
Queijos e requeijão 21.471.571 17.929.644 8.533.312 -16%
Outros derivados 147.865.914 156.260.945 93.731.560 6%
TOTAL 295.659.529 287.906.865 145.867.573 -3%
Exportação Brasileira de Lácteos (Quant (kg)) TOTAL 2009 TOTAL 2010 jan a jul/2011 Variação Produtos US$ Quant (kg) Quant (kg) 09/10 (%)Leites e Cremes fluídos 5.541.856 8.801.978 3.086.339 59%
Leites e Cremes Concentrados 48.988.262 34.408.355 13.550.668 -30%
Iogurte, leitelhos e correlatos 2.127.312 1.575.191 1.042.879 -26%
Soro de Leite 721 1.506 10.759 109%
Manteiga, butreroil e outros 1.962.802 4.503.921 596.723 129%
Queijos e requeijão 5.797.750 4.273.970 1.793.939 -26%
Outros derivados 53.228.898 51.060.805 29.113.026 -4%
TOTAL 117.647.980 104.630.088 49.194.333 -11%
Exportação Brasileira de Lácteos (US$/kg) ¹ Média 2009 Média 2010 Média jan-jul/2011 Variação Produtos US$/kg US$/kg US$/kg 09/10 (%)Leites e Cremes fluídos 1,68 2,13 2,50 27%
Leites e Cremes Concentrados 2,12 2,20 2,22 4%
Iogurte, leitelhos e correlatos 1,74 2,26 2,00 30%
Soro de Leite 2,88 2,01 2,00 -30%
Manteiga, butreroil e outros 2,66 3,57 5,21 34%
Queijos e requeijão 3,69 4,22 4,76 14%
Outros derivados 2,79 3,08 3,23 10%
Média Mensal 2,52 2,76 2,97 0,09
COMPARATIVO EXPORTAÇÃO 2009 X 2010 X 2011
Fonte: MDICElaborado pelo Sindilat¹ Preço unitário refere-se ao grupo de produtos.
Fonte: MDICElaborado pelo Sindilat¹ Preço unitário refere-se ao grupo de produtos.
estatística
34Desenvolvendo sua terra, crescendo com o seu povo.
Dados Oficiais MAPA Inspeção FederalElaborado pelo Sindilat% Variação: comparação com mês anterior
¹ Valores Provisórios* Em relação ao mesmo periodo do ano anterior
estatística
35
36
37
destaque
Geralmente, utilizamos o termo qua-lidade para falar de um produto em seu es-tágio final, mas, com um pouco mais de re-flexão, podemos chegar à conclusão de que o mais adequado é estabelecermos essa re-lação com todos os passos do processo pro-dutivo. No caso do leite, por exemplo, toda a água utilizada para a sua obtenção tem papel fundamental no resultado final, desde o que se disponibiliza ao animal até os recur-sos aplicados para a manutenção dos equi-pamentos.
Em recente estudo pela Escola de Agricultura Luiz Queiroz, a Esalq da USP, que verificou a qualidade do leite cru de três lati-cínios localizados nos municípios de Brotas, Pirassununga e Piracicaba, todos no Estado
de São Paulo, foi possível identificar que en-tre os laticínios avaliados, cerca de 70% do leite estava com altas taxas de contamina-ção.
Quando se pensa nesse ponto, logo pode surgir a questão de que muitos produ-tores ainda não têm condições de fazer os investimentos necessários para se adequar às exigências do mercado. Mas, no caso da água, esse não é o principal empecilho. Para se ter uma ideia, cada 1.000 litros de água tratada custa apenas R$ 0,002, mais um in-vestimento inicial de, em média, R$ 200,00 em equipamentos*.
A Beraca, por exemplo, desenvolve soluções integradas para o tratamento de águas industriais e saneamento básico por
Qualidade do leite
38
meio de sua divisão Water Technologies, como o Programa de Apoio à Qualidade do Leite, que busca minimizar ainda mais os riscos à saúde humana através da aplicação correta de sanitizantes em todas as etapas de produção.
De olho nesse padrão de qualidade, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abas-tecimento (MAPA) determinou novos parâ-metros para a produção do leite nacional. Para os pecuaristas se adequarem às novas exigências da Instrução Normativa nº51, o órgão prorrogou por seis meses a entrada da próxima etapa – prevista para julho des-te ano, que exigirá a redução do limite de contagem bacteriana total (CBT), que atual-mente é de 750 mil Unidades Formadoras de Colônia (UFC) por mililitro, para 100 mil UFC/ml – uma redução de quase 87%.
Portanto, quando pensar novamente em qualidade do leite, não assimile o termo somente ao produto final. Devemos avaliar todos os pontos que formam a cadeia pro-dutiva, desde a ordenha, até a chegada do produto pronto para consumo em sua casa. Com investimentos de baixo custo, o setor já pode adotar essas especificações normati-vas, por meio de tecnologias confiáveis para sanitizar e deixar a água livre de bactérias.
*Valores baseados no consumo médio de água numa propriedade produtora de lei-te.
*João Luis dos Santos é especialista em
gestão da qualidade da água na produção animal
e responsável pelo departamento de Desenvolvi-
mento de Produtos para o mercado agropecuário
da Beraca
destaque
A matéria publicada nas páginas 37 e 38 é de inteira responsabilidade do autor, não demonstrando a opinião do Sindilat.
Job: 00502-010 -- Empresa: M&C Saatchi F&Q -- Arquivo: 00502-010-BreakFast-210x275_pag001.pdfRegistro: 40084 -- Data: 18:34:26 05/08/2011