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Revista Pais Economico edição de AbrilTRANSCRIPT
Abril 2012 | País €conómico › 1
GeocaPital
Ponte para a lusofoniaDiogo Lacerda de Araújo, Administrador da Geocapital, sublinha que a empresa continuará a apostar nos países de língua portuguesa
nº 115 › Mensal › Abril 2012 › 2.20# (IVA incluído)
carlos torresPresidente da Resul
Ângelo costaDirector Geral da Reclamoeste
Fernando DiasPresidente da câmara Portuguesa de comércio de minas Gerais
DossieR PoRtUGal-caBo VeRDe
› HeaD
2 › País €conómico | Abril 2012 Abril 2012 | País €conómico › 3
editorial
Está a acelerar a volatilidade dos corpos acionistas de muitas empresas
portuguesas, com o renovado interesse de várias empresas estrangeiras,
particularmente algumas provindas do espaço dos países de língua por-
tuguesa, em adquirirem ativos valiosos dessas mesmas corporações na-
cionais.
Os exemplos têm sido multiplicados nos últimos meses, sendo os mais
visíveis as aquisições concretizadas de importantes parcelas do capital da
EDP e da REN, ou do renovado e insistente interesse da Sonangol em par-
ticipar diretamente no capital da Galp Energia. Outros exemplos menos
mediáticos poderiam ser apontados.
A questão essencial é que o interesse tem residido em empresas com eleva-
do e reconhecido know how, com uma posição internacional relevante em
alguns dos principais domínios do seu core business. Todavia, ao contrário
do que seria esperado, ou talvez não em face do valor concreto das empre-
sas em referência, a aquisição desses ativos tem sido efetuada por valor
bastante elevados e não por montantes que talvez inicialmente não fosse
considerado possível em face da crise financeira internacional e da natural
depreciação de muitas empresas na Europa, incluindo Portugal.
O resultado obtido mostra a importância estratégica das empresas portu-
guesas empreenderem antecipadamente um processo de internacionali-
zação consistente, com a casa devidamente arrumada no próprio país, e
capacitadas para darem um passo fundamental no seu processo de cresci-
mento e sustentabilidade.
A recessão no mercado interno, aliado ao fraco crescimento da generali-
dade dos países europeus, configuram a necessidade das empresas portu-
guesas olharem com urgência para outras geografias, onde naturalmente
os países de língua portuguesa deverão assumir um papel preponderante,
embora não único, nesse processo que leve muitas das nossas empresas
(e também muitos cidadãos) a apostarem no exterior, ganhando com isso
elas próprias mas ganhando também o país, desde que este crie as con-
dições globais para a manutenção da ligação dessas empresas a Portugal,
inclusivamente ao nível do investimento que conseguem efetuar com os
resultados de um sólido processo de internacionalização.
JoRGe GonçalVes aleGRia
internacionalizar é essencial
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Abril 2012 | País €conómico › 54 › País €conómico | Abril 2012
Grande entrevista
índiceDiogo Lacerda Machado, Administrador da Geocapital, a empresa
de capitais luso-chineses que foi criada em 2006, tendo a sua sede
em Macau, e que montou uma estratégia de investimento nos
países de língua portuguesa, com predominância para as apostas
concretizadas no sistema financeiro de vários desses países, como
sejam os casos de Cabo Verde, Guiné-Bissau e Moçambique, mas
preparando-se também para criar bancos de investimento em
Macau e em Timor-Leste. No que respeita a Portugal, é o próprio
administrador da Geocapital que o sublinha o papel de aconselha-
mento e de interlocutor junto de grandes empresas chinesas para
levar que algumas destas invistam em Portugal. Como aconteceu
recentemente na EDP e na REN. E que poderá acontecer breve-
mente noutras empresas nacionais, pois as empresas chinesas
começaram a olhar para Portugal com outra atenção e interesse.
pág. 24 a 31
As relações entre Portugal e Cabo Verde conti-
nuam de boa saúde e se recomendam. Apesar
de uma ligeira diminuição no comércio e no
investimento empresarial entre os dois países
registado no ano passado, as perspetivas são
do relacionamento continuar a desenvolver-se
e a aprofundar-se, constituindo Portugal um
parceiro incontornável no desenvolvimento
económico, empresarial e social de Cabo Verde,
sendo que esse aprofundamento deverá impli-
car no futuro o alargamento de ambos os paí-
ses como plataformas das empresas de ambos
os países chegarem de forma mais intensa aos
mercados regionais em que ambos os países
estão inseridos.
pág. 06 a 21
ainda nesta edição…
23 Bes cresce em espanha
35 sonae sierra inaugurou shopping em Uberlândia
36 Bahia vai acolher encontro empresarial em Junho
37 aquapura quer construir resort no ceará
38 centro oeste tem apoios para apoiar investidores portugueses
44 Hipogeste vai criar rede de frio em angola
44 compal-sumol investe em fábrica em moçambique
44 mota-engil e Visabeira ganham obra em moçambique
53 Região norte lidera exportações
56 Porto de sines em crescimento
57 Porto de setúbal melhora ligação ferroviária a espanha
58 Vieira de castro investe em nova fábrica
Grande Plano
Abril 2012 | País €conómico › 76 › País €conómico | Abril 2012
› GRanDe Plano
Estudo da Ceso CI aponta os setores da alimentação, hotelaria e construção, como os mais promissores
cabo Verde é um mercado com potencial
a consultora Ceso CI, por solicitação da AIP, apresentou
um estudo de mercado onde apontou as principais po-
tencialidades para o comércio e o investimento das em-
presas portuguesas, no seu relacionamento com Cabo Verde.
Apesar de reconhecer que Cabo Verde constitui um mercado de
reduzida dimensão, aliás traduzido nos valores das exportações
portuguesas (ver dados na página anterior), ainda assim o estudo
também salienta que o arquipélago “oferece um ambiente de ne-
gócios ímpar no contexto africano e em que a exposição ao risco
é sensivelmente menor face a outros destinos de investimento e
exportação, nomeadamente no espaço PALOP”.
A Ceso CI aponta sobretudo que “a estabilidade social, associada
ao crescimento económico tem vindo a alargar a �espessura� da
classe média cabo Verdiana e a dinamizar o mercado de consumo,
abrindo oportunidades interessantes para o setor alimentar”. Por
outro lado, adianta o mesmo estudo, “a crescente implantação de
cadeias de hotéis, veio conceder uma escala nova às operações de
exportação, mas também coloca desafios de competitividade. São
oportunidades e desafios que importa conhecer, num contexto in-
terno que, cada vez mais, impõe às empresas portuguesas, não já
o desafio, mas a necessidade de internacionalização”.
Aliás, é sublinhado que “o setor da hotelaria, fortemente alavan-
cado pelo enorme potencial turístico de Cabo Verde, constitui um
dos domínios da atividade económica que muito beneficiou com
a estabilização social e económica. Prestigiadas cadeias interna-
cionais (algumas portuguesas) têm vindo a instalar-se no país e
com elas transportam novas necessidades e oportunidades de
negócio”.
Aliás, é referido em complemento que o próprio setor hoteleiro
(e não só) oferece oportunidades no setor da construção e dos
materiais de construção.
Com efeito, e analisando as exportações portuguesas e o potencial
de incremento dessas mesmas exportações, mas igualmente ao
nível dos investimentos diretos, o estudo da Ceso CI. Apesar da já
presença muito relevante dos produtos portugueses exportados
para Cabo Verde, o estudo sublinha que ainda existem “oportuni-
dades por explorar por parte das empresas portuguesas”. E iden-
tificou cerca de duas dezenas de produtos específicos e em que o
investimento no mercado justifica plenamente “salvaguardados
os aspetos de competitividade e qualidade”.
Esse conjunto de produtos situa-se nas áreas dos produtos alimen-
tares, leite e nata, concentrados ou adicionados de açúcar ou de
outros edulcorantes, carnes e miudezas, comestíveis, frescas, refri-
geradas ou congeladas, das aves, arroz, milho e trigo de mistura
com centeio. De referir que em 2011 Cabo Verde importou de Por-
tugal um total de 255.203 milhões de euros, colocando-se como o
21º cliente de Portugal, representando então uma percentagem de
0,60% do total das exportações portuguesas. ‹
Relações entre Portugal e Cabo Verde continuam fortes, mas podem crescer
Parceria estratégica fortalecida
Portugal e Cabo Verde possuem uma forte
relação estratégica, não apenas no direto
contexto bilateral, mas igualmente enquanto
articuladores privilegiados nos espaços económicos
regionais onde ambos os países se inserem. A con-
vertabilidade do escudo cabo-verdiano na sua relação
com o euro contribuiu sem dúvida para credibilizar
a moeda de Cabo Verde e para fortalecer a posição
internacional do arquipélago no contexto das relações
económicas e financeiras internacionais.
Apesar da ligeira descida no valor das exportações
portuguesas para Cabo Verde em 2011 (diminuiu de
263.4 milhões de euros em 2010 para 255.2 milhões
de euros em 2011, uma redução de 3,1%), ainda assim
Portugal continua a ser o principal fornecedor do país
com uma quota de 44,67%. Portugal é também o se-
gundo principal cliente dos produtos cabo-verdianos,
com uma quota de 16,89%, tendo as compras portu-
guesas atingido no ano transato um valor de 9,971
milhões de euros.
Apesar do ligeiro recuo no valor global das exporta-
ções portuguesas no ano passado, ainda assim au-
mentaram o número de empresas que exportaram
para Cabo Verde, tendo passado de 2.785 (2100) para
2.833 (2011). Já o número de empresas importadoras
diminuiu no ano passado para 77 quando no ano an-
terior se cifravam em 91.
Por último é de destacar no que respeita ao fluxo de
investimento (IDE) entre os dois países, é de subli-
nhar a acentuada descida verificada em 2011, com o
investimento das empresas portuguesas a atingirem
os 17.360 milhões de euros enquanto esse valor tinha
atingido em 2010 os 49.624 milhões de euros, uma
redução de 65%. Já o investimento de empresas cabo-
-verdianas em Portugal atingiu no ano passado ape-
nas a cifra de 6.000 milhões de euros, um valor 28,1%
inferior ao registado em 2010. De referir que Cabo
Verde representou em 2011 apenas 0,11% do investi-
mento português no exterior, constituindo o vigésimo
destino do investimento lusitano além-fronteiras. ‹
Abril 2012 | País €conómico › 98 › País €conómico | Abril 2012
› GRanDe Plano
João Manuel Chantre, Presidente da Câmara de Comércio, Indústria e Turismo de Cabo Verde
«empresários portugueses devem investir mais em cabo Verde»
Em entrevista à País €conómico o presidente da Câmara de Comércio, Indústria
e Turismo Portugal Cabo Verde diz que está satisfeito por constatar que já há
muitos empresários portugueses que incluem Cabo Verde no seu processo de
internacionalização, mas por outro lado deixa alguns reparos muito pertinentes.
Diz João Manuel Chantre que ao mesmo tempo que se promove ou que se deseja
a internacionalização, «não há incentivos para que isso aconteça». Por outro lado
– acrescenta - «aquilo que se entende hoje como internacionalização da economia
portuguesa é apenas a exportação e não formas de investir, analisar mercados e
investir neles para que se instalem e se defendam as suas quotas». João Manuel Chantre
refere que hoje em dia essa é uma via praticamente saturada e que o passo seguinte
é o investimento no território e, consequentemente, a instalação dessas empresas
portuguesas naquele arquipélago.texto › VALDEMAR BONACHO | FotoGRaFia › RUI ROCHA REIS
Há quem afirme que a criação, em
Novembro de 1991, da Câmara
de Comércio, Indústria e Turis-
mo de Cabo Verde é uma consequência
legítima do primeiro Acto Eleitoral livre e
democrático ocorrido nesse ano em Cabo
Verde. João Manuel Chantre concorda
com esta afirmação.
«Eu creio que se pode dizer isso, precisa-
mente porque o novo regime democrático
e económico que foi implantado em Cabo
Verde a partir de 1991 (estamos a falar das
primeiras eleições livres e democráticas
ocorridas neste arquipélago) levou a que
a política desse novo governo entendesse
que a abertura da economia ao exterior
era uma prioridade. Embora já houvesse
alguma legislação visando a atracção de
investimento externo, ela era pouco clara
e pouco atractiva e foi a partir de 1991,
com o governo do MPD e com a vontade
séria de atrair investimento estrangeiro,
que o Ministério da Economia, na altura,
criou não só a carga de investimentos mas
também um conjunto de legislação que
permitiu a Cabo Verde tornar-se um desti-
no de investimento estrangeiro, sem limi-
tações e com incentivos e benefícios para
o investidor estrangeiro. E a CCITPCV
nasce porque em Portugal era necessário
promover esta nova realidade da econo-
mia cabo-verdiana e angariar investimen-
to externo português para Cabo Verde»,
referiu João Manuel Chantre.
E está satisfeito com o interesse dos em-
presários portugueses em incluírem Cabo
Verde no seu processo de internacionali-
zação? «Naturalmente que satisfeito es-
tarei. Eu diria que não estou satisfeito é
com o facto de alguns empresários que
hoje em dia chegam a Cabo Verde não ser
consequência de uma política ou de uma
estratégia de internacionalização das em-
presas, mas sim pela necessidade de pro-
curarem outros destinos quando Portugal
se encontra em dificuldades», referiu João
Manuel Chantre, presidente da Câmara
de Comércio, Indústria e Turismo Portu-
gal Cabo Verde que este ano comemora 20
anos de existência.
Este responsável referiu, ainda a propó-
sito desta questão, que não é novidade
que Cabo Verde sempre se afirmou como
um destino de investimento de negócio
em geral: comércio e investimento entre
Portugal e Cabo Verde. «Quem analisa
estas tendências já o entendia na altura
(há 20 anos atrás). Mas é contraditório
que ao mesmo tempo que se promove ou
que se deseja a internacionalização das
empresas, não haja incentivos para que
isso aconteça. Aquilo que se entende hoje
como internacionalização da economia
portuguesa é apenas a exportação, e não
formas de investir, analisar mercados e
investir neles para que se instalem e se
defendam as suas quotas», sublinhou o
nosso entrevistado.
E esta não é uma das tarefas da CCITPCV?
«Essencialmente a Câmara de Comércio,
Indústria e Turismo Portugal Cabo Verde
sempre analisou tendências do desenvol-
vimento de Cabo Verde e promoveu an-
tecipadamente sectores para a internacio-
nalização de empresas portuguesas para
Cabo Verde, mas na linha daquilo que nós
entendíamos que era adequado para Cabo
Verde. Se em tempos nós promovemos o
negócio que se fazia na exportação, hoje
em dia entendemos que essa é uma via
praticamente saturada e que o passo se-
guinte é o investimento no arquipélago, as
empresas poderem-se instalar no arquipé-
lago de Cabo Verde e promoverem as in-
dústrias», salientou João Manuel Chantre.
cabo Verde espera os investidores turísticosMas não é verdade que por parte dos em-
presários portugueses, nomeadamente os
ligados ao sector do turismo, tem existido
um grande entusiasmo em apostarem em
Abril 2012 | País €conómico › 1110 › País €conómico | Abril 2012
› GRanDe Plano
Cabo Verde? O presidente da CCITPCV
não concorda.
«Eu não diria tanto. Se há entusiasmo
é apenas praticamente como turistas,
como investidores não. Nós temos pou-
cos exemplos de investimento turístico
português de dimensão em Cabo Verde.
Ainda na BTL que decorreu em Lisboa
muito recentemente, nós promovemos
alguns encontros entre os principais
hoteleiros portugueses e a Cabo Verde
Investimentos, porque entendemos que
os empresários portugueses do sector do
turismo estranhamente têm procurado o
Brasil e a meio caminho têm Cabo Verde
que pode ser um destino de muito suces-
so para estes mesmos empresários», cha-
ma a atenção João Manuel Chantre, que
sublinha o facto de Cabo Verde ter hoje
unidades hoteleiras espanholas de grande
dimensão, ter investimento de grupos in-
gleses nos sectores hoteleiro e imobiliário
também com dimensão. «Os italianos já
estiveram de 1995 a 2005, mas hoje em
dia estão mais desaparecidos por força de
uma série de factores que não interessa
agora explicar, mas de qualquer modo os
portugueses nunca foram na estatística de
investimento externo no turismo muito
importantes».
Este encontro que a CCITPCV teve na
BTL com empresários portugueses serviu
para os sensibilizar para uma aposta em
Cabo Verde? João Manuel Chantre não
podia ter sido mais claro. «Nós gostaría-
mos que este encontro desse os seus fru-
tos. Estes contactos que temos feito com
estes investidores ou com estes hoteleiros
de dimensão, tem vários objectivos. Um
deles é perceber porque é que até agora
não olharam para Cabo Verde da forma
como nós gostaríamos e perceber quais
são os constrangimentos que eles encon-
tram para o não terem feito até agora. Por
outro lado estes encontros visam promo-
ver o investimento e encontrar aqui um
conjunto de verdadeiros interessados, e
levá-los a Cabo Verde para se inteirarem
das condições de investimento, que são
bastante atractivas».
João Manuel Chantre gostaria de ver em
Cabo Verde investimento que substituísse
as importações cabo-verdianas. «Portugal
tem sido o principal fornecedor de Cabo
Verde, tem sido a origem das importações
cabo-verdianas. Portugal é o principal par-
ceiro comercial de Cabo Verde. Não conse-
gue ultrapassar a quota dos 50 por cento,
porque eu acredito que a nova fase é pre-
cisamente instalar no mercado as empre-
sas que hoje exportam, e trabalharem o
produto, trabalharem o mercado, eventu-
almente alargá-lo, mas defendendo-o de
outras investidas que vêm de Espanha,
que virão do Brasil, que vêm da China»,
salientou o presidente da CCITPCV.
É verdade que Cabo Verde é um país que
quase não tem dívida externa? Como é
que se consegue isso? «Tudo isto é fruto
de uma boa gestão e de humildade. Cabo
Verde não tendo riquezas naturais, que
não as Pessoas, vê-se obrigado a gerir mui-
to bem os recursos. Se houver alguém que
se aventure a desafiar esse equilíbrio, dá
cabo completamente do país. E ninguém
quer ser responsável por uma situação
dessas. Cabo Verde é um país demasiado
pequeno, muito jovem e com um futuro
muito grande pela frente. A humildade e
a responsabilidade têm sido os principais
factores do equilíbrio das contas externas
que hoje Cabo Verde desfruta», recordou
João Manuel Chantre.
O facto de haver estabilidade política, este
não poderá ser também um factor deter-
minante para se investir em Cabo Verde?
«Os empresários portugueses de certa for-
ma levam isso em conta, mas também é
verdade que os empresários portugueses
têm uma visão a muito curto prazo. Desta
forma Cabo Verde não corresponde a essa
imagem. Cabo Verde é um país onde se in-
veste a longo prazo e onde os frutos levam
algum tempo a obter. Por isso eu digo que
os empresários portugueses quando vão
para Cabo Verde têm de ter na sua estra-
tégia de internacionalização essa viagem
para um novo destino de investimento, e
não fugir para resolverem problemas de
curtíssimo prazo que têm em Portugal». ‹
Abril 2012 | País €conómico › 1312 › País €conómico | Abril 2012
› GRanDe Plano
Carlos Torres, Presidente da RESUL – Equipamentos de Energia, SA
«os últimos três anos foram os melhores da vida da empresa»
Há 30 anos no mercado, a Resul é uma empresa especializada em redes de distribuição
de energia eléctrica e de gás natural e GPL, que tem no mercado externo o seu maior
pólo de atracção. Entrevistado pela País €conómico, Carlos Torres, presidente da
Resul, faz eco da importância das exportações na vida da empresa, sublinhando que 70
por cento da facturação da Resul são o resultado das vendas para o estrangeiro. Carlos
Torres salienta que a sua empresa tem andado em contra-ciclo e que os últimos três
anos foram os melhores da vida da Resul, que em 2011 facturou 49 milhões de euros,
prevendo-se que continue a crescer em 2012 e nos anos seguintes. «O nosso volume
de encomendas é tal que nos leva a concluir que os próximos anos continuarão a ser de
crescimento acentuado para a Resul», que tem em Angola, Moçambique e Rússia os seus
principais mercados externos.texto › VALDEMAR BONACHO | FotoGRaFia › RUI ROCHA REIS
a Resul foi constituída em 1982,
sob a denominação de socieda-
de por quotas, mas em Junho de
2000 sofreu uma alteração ao seu pacto
social com a passagem da empresa a so-
ciedade anónima e com a denominação
de Resul – Equipamentos de Energia, SA.
Carlos Torres recorda o percurso da Resul
ao longo destes 30 anos de vida. «Tem
sido um percurso feito de degrau em de-
grau. A empresa nasceu muito pequenina,
inicialmente era uma empresa de cariz
comercial, mas desde logo apostou no sec-
tor produtivo. Por isso criámos duas asso-
ciadas de produção, que ainda as temos,
e que constituem a nossa rectaguarda
fabril. Hoje ainda temos uma outra recta-
guarda produtiva em Moçambique».
Considerando-se uma empresa cerebral e
imaginativa, a Resul estuda, concebe, de-
senvolve, produz e propõe soluções de al-
tíssima qualidade relacionadas com redes
de distribuição de energia eléctrica, redes
de distribuição de gás natural e GPL, redes
de iluminação pública, redes de distribui-
ção de água, aquecimento central, e solu-
ções relacionadas com fontes de energias
renováveis.
Sobre a crise que afecta Portugal e o Mun-
do, Carlos Torres é bem claro. «É evidente
que a crise nos preocupa. Agora digo que
a Resul nunca a sentiu, porque de facto os
nossos mercados principais são mercados
onde a crise não se coloca nos termos em
que ela está sendo colocada na Europa. E
como nós temos uma empresa bastante
versátil quer na venda dos produtos que
oferecemos, quer nos mercados onde es-
tamos, todos os anos há sempre factores
de compensação. Posso-lhe dizer que em
2011 mercado russo baixou consideravel-
mente, mas foi compensado pelo mercado
de Moçambique, onde o ano passado cres-
cemos bastante. Portanto, há mercados
que diminuel e há outros que aumentam
a sua actividade. E por outro lado, estamos
sempre à procura de novos mercados», su-
blinhou o Presidente da Resul.
Como já foi dito, a Resul aposta numa
estratégia globalizante de conquista de
novos mercados, e é por isso que a sua
facturação relativa aos mercados externos
ultrapassa (e muito) a do mercado nacio-
nal.
Está fortemente implantada no sector
energético nacional, tendo a EDP, a REN,
a EDA, a EEM e ainda os principais ins-
taladores portugueses como principais
clientes.
A Resul exporta para 27 países em todo
o Mundo, mantendo uma actividade re-
gular de exportação para mercados tão
diversos como todos os países Palop�s,
Rússia, diversos mercados da União Euro-
peia (Franaça, Bélgica, Espanha e Suécia),
Macau, Israel e Ucrânia.
O exemplo que a Resul tomou ao longo
da vida optando em força pela internacio-
nalização deveria ser seguido por muitas
mais empresas portuguesas?
Quando o caminho certo é a internacionalização«Eu diria que esta é uma obrigação moral.
Repare que nesta crise em que o País está
Abril 2012 | País €conómico › 1514 › País €conómico | Abril 2012
› GRanDe Plano
mergulhado uma coisa que não nos está a
correr mal são as exportações. Isto signifi-
ca que os empresários portugueses muitas
vezes só reagem em momentos de adver-
sidade. E por isso eu intrepreto este bom
comportamento das exportações por-
tuguesas neste momento de crise nesta
conjuntura difícil, porque muitos dos em-
presários portugueses ou iam à procura
de mercados externos, ou simplesmente
morreriam. Eu repito aquilo que disse no
início desta entrevista. Eu nunca enntendi
uma certa timidez dos empresários portu-
gueses em irem à procura de mercados ex-
ternos», comentou o Presidente da Resul.
Segundo Carlos Torres um dos grandes
trunfos da Resul assenta no facto da em-
presa ter conseguído mobilizar os 50 tra-
balhadores que a ela dão diariamnente o
seu contributo, «e para mim é um orgulho
muito grande dizer que tenho aqui comi-
go pessoas que trabalham para a Resul
desde o primeiro dia».
«Acho que conseguímos criar um ambien-
te extremamente motivador, descontraí-
do, e não tem sido difícil liderar esta equi-
pa, que é altamente qualificada. Se calhar
hoje tenho esta equipa a trabalhar para a
Resul, porque ela está imensamente mo-
tivada para enfrentar os desafios actuais
e os desafios que ainda hão-de vir», reco-
nheceu Carlos Torres, presidente da Resul.
Carlos Torres faz uma ligeira pausa para
concentrar o seu discurso no mercado ex-
terno, uma das grandes bases de susten-
tação da Resul. «A história do mercado
externo?! Aí eu diria que ela tem muito
que ver com a minha postura pessoal.
Eu nunca entendi qual era o temor das
empresas portuguesas irem à procura do
mercado externo, isto porque a globaliza-
ção tem muitas desvantagens, mas tam-
bém tem algumas vantagens, e uma delas
é esta: Desde que uma empresa tenha um
produto com qualidade demonstrada e
demonstrável, e tenha preço competitivo,
não há fronteiras. Assim, três anos após
a criação da empresa, em 1985, já estava
a visitar alguns mercados externos. Cla-
ro que na altura comecei pelos mercados
africanos de expressão portuguesa – os
Palops - . Portanto, esta saga de exporta-
ção da Resul, começou logo no princípio
do nascimento da empresa, e tem vindo
sempre a crescer. Hoje o mercado exter-
no representa para a Resul 70% do total
da sua facturação, e nós hoje exportamos
para 27 países espalhados pelo mundo»,
recordou Carlos Torres.
Estando esta edição da P€ direccionada
de certo modo para Cabo Verde, e sabendo
nós que este país é um dos mercados ex-
ternos da Resul, achámos oportuno pedir
a Carlos Torres uma opiniãp sobre as reais
capacidades deste mercado.
cabo Verde é um mercado atractivo«Cabo Verde é um mercado que tem-
-se comportado muito bem. Estamos em
Cabo Verde há cerca de 25 anos e o que
lhe posso dizer desde já é que estamos a
falar de um mercado muito especial no
contexto africano, porque é um país or-
ganizado, sempre muito cauteloso no as-
sumir dos seus compromisso. No nosso
caso, (a Resul é uma empresa especializa-
da e vocacionada para o fornecimento de
equipamentos para redes de distribuição
de electricidade e de gás), quando come-
çámos a trabalhar com Cabo Verde, este
país em termos de electrificação rural es-
tava muito atrasado. Naquela altura a taxa
de cobertura eléctrica deste país era muito
reduzida. E por isso durante muitos anos
Cabo Verde foi para a Resul um mercado
muito maior do que o seu território e o
seu número de habitantes indicariam.
Isto porque de facto havia uma grande
necessidade de implementar a chamada
electrificação rural, levar a rede eléctrica a
todas as pessoas. Por isso, eu repito, Cabo
Verde durante muitos anos foi um mer-
cado bastante maior que aquilo que o seu
tamanho e a sua população faziam supor.
Hoje já não é tanto assim (infelizmente
para nós e felizmente para Verde), por-
que este país tem hoje tem uma cobertura
eléctrica notável, ou seja, já na precisa tan-
to de material para novas electrificações.
Mas devo-lhe dizer que Cabo Verde conti-
nua a ser um mercado muito importante
para nós», referiu o Presidente da Resul.
angola, moçambique e RússiaCarlos Torres centrou o seu discurso na-
quilo que o mercado externo representa
para a vida da Resul.
«Os mercados alvo da Resul terão de ser
necessariamente mercados em vias de de-
senvolvimento. A nós o que os interessa
é de facto os mercados onde ainda haja
muito trabalho por fazer em termos de
electrificação, isto porque o mercado euro-
peu onde Portugal se insere já não é mais
o mercado das novas electrificações, mas
apenas e só de substituição e reparação de
redes. Nòs hoje continuamos a ser um for-
necedor importante da EDP em Portugal,
mas o mercado da EDP hoje é apenas o
da substituição, manutenção e reparação
de redes. Já não é um mercado de novas
electrificações, porque Portugal está 100
por cento electrificado. Por isso eu digo
que os principais mercados alvo da Resul
são os países em vias de desenvolvimento,
ou, como é o caso da Rússia, países onde
as condições climatéricas determinam
um tempo de vida das redes eléctricas,
que é sempre mais baixo do que em ou-
tros países», esclareceu Carlos Torres, que
considerou Angola, Moçambique e Rússia
como sendo os principais mercados da
Resul neste momento.
Será que se Carlos Torres não tivesse to-
mado, em 1985, a decisão de escolher o
mercado externo como forma de con-
seguir um desenvolvimento sustentado
para a Resul, hoje esta empresa seria dife-
rente, para pior? Posta a questão, o nosso
entrevistado respondeu sem hesitações.
«Tenho a consciência que se não tivesse
tido essa decisão a Resul não tinha no
mercado a posição que tem hoje. Era im-
pensável. Mas é difícil responder a esta
pergunta, porque o mercado externo
sempre esteve intrínseco na visão desta
empresa. Se não fosse o mercado externo
eu até lhe diria que se calhar a empresa
não tinha sobrevivido, ou se tivesse sobre-
vivido teria uma dimensão completamen-
te diferente», reconheceu Carlos Torres,
para adiantar que em 2011 a facturação
da Resul andou pelos 49 milhões de euros,
o que significou um bom crescimento em
relação ao ano anterior. «Eu tenho uma
conversa em contra-ciclo, porque nós te-
mos sabido de facto ultrapassar esta crise.
Os três últimos anos foram os melhores
da vida da empresa. E 2012 ainda vai ser
melhor que em 2011. Com o nível de en-
comendas que já temos em carteira, vai
se seguramente um ano melhor que em
2011». ‹
Abril 2012 | País €conómico › 1716 › País €conómico | Abril 2012
› GRanDe Plano
Nuno Mateus, Administrador de SOLFÉRIAS
«cabo Verde é um destino de preferência»
Por intermédio da operadora turística Solférias, em 2011 mais de 27 pessoas passaram
férias em Cabo Verde, o que significou um crescimento de 50 por cento em relação ao
ano transacto. Entrevistado pela País €conómico, Nuno Mateus, administrador da
Solférias atribui o facto à proximidade, à língua, às belezas naturais do arquipélago, à sua
Cultura , hospitalidade e gastronomia. No entender deste responsável e apesar da crise,
há que saber encontrar soluções que mobilizem o turista a visitar este país. «É isso que
temos procurado fazer», sublinhou Nuno Mateus.texto › VALDEMAR BONACHO | FotoGRaFia › RUI ROCHA REIS
Há dois anos que Nuno Mateus
está ligado ao projecto Solférias.
Homem com uma larga experi-
ência no ramo do turismo, decidiu abra-
çar este projecto, após uma passagem pela
Soltrópico.
Nuno Mateus diz ter uma paixão pelo
turismo e que quando se decidiu pela
Solférias foi com o propósito de ajudá-la
a impor-se num mercado onde há muita
concorrência. «O meu percurso tem tido
uma evolução e em relação à Solférias o
que tenho para dizer que ele é um pro-
jecto aliciante, que tem crescido ao longo
destes dois anos, que tem-se afirmado
dentro do mercado do turismo, até porque
nós vendemos exclusivamente às Agên-
cias de Viagem», refere, para em relação
ao comportamento do mercado nacional
dizer que neste momento de crise «há que
saber tornar mais fáceis as coisas difíceis,
de modo a se poder dar a volta à situação».
«As crises por vezes criam oportunidades
e por isso é preciso saber inovar, criando
produtos adequados e de qualidade. Além
do mais é preciso ter-se uma boa capacida-
de de resposta, e quando falo em boa res-
posta estou a referir em trabalhar com os
agentes de viagens de uma mais transpsa-
rente. No caso concreto da Solférias temos
procurado marcar a diferença, porque um
operador de viagens só se justifica se re-
almente for uma mais valia para o mer-
cado, e é isso que nós tentamos fazer. A
par disso temos de estar atentos e saber
apostar nas ferramentas tecnológicas, im-
prescindíveis numa actividade como esta.
E a Solférias tem feito essa aposta, e ao
mesmo tempo tem procurado rodear-se
de uma boa equipa, outro ponto determi-
nante numa actividade como o turismo»,
salientou Nuno Mateus.
Abordando os reflexos que a acrtual cri-
se possa ter no sector do turismo, numa
altura em que muitos já afirmam que em
finais de 2012 ou no início de 2013 já
iremos observar melhorias na economia,
Nuno Mateus vai directo à questão.
«2012 está a mostrar-se um ano diferente
e para os portugueses é muito difícil pre-
ver a evolução deste ano. É verdade que
nos primeiros dois meses deste ano se re-
gistou procura, mas tem havido a necessi-
dade de vender programas a preços mais
económicos.
O preço dos programas tem uma impor-
tância fundamental na opção dos portu-
gueses que pretendem viajar.Agora tam-
bém é verdade que hoje em dia há uma
mentalidade diferente, há uma evolução,
os turistas procuram fazer férias. Podem
não optar por um programa tão caro, op-
tar por um programa mais económico,
mas manifestam o desejo de fazer férias.
Por isso ter de haver algumas adaptações
de parte a parte, em termos de procura e
em termos de oferta», disse o administra-
dor da Solférias.
a importância do destino cabo VerdeEstava na altura de abordarmos o destino
Cabo Verde e o que ele representa para os
negócios da Solférias. Sentem-se “culpa-
dos” pelo acréscimo de interesse por este
destino turístico?
«Em parte, sentimo-nos, porque nós in-
vestimos muito no destino Cabo Verde,
Portugal e não só, e fazemos muitas for-
mações para as agências de viagens. Fa-
zemos também alguma publicidade para
que o destino de Cabo Verde seja apelati-
vo aos portugueses, e a outra parte dessa
promoção é feita pelas cadeias hoteleiras e
pelas transportadoras aéreas. Agora uma
das grandes vantagens de Cabo Verde,
nomeadamente nos tempos que correm,
é a proximidade. Esta é uma vantagem
porque conseguímos oferecer a um pre-
ço apelativo um bom produto que tem
no fundo não só a componente de lazer,
como ainda a cultura, a gastronomia, e ou-
tros factores importantes. Não podemos
ver Cabo Verde só pelas praias...», salien-
tou Nuno Mateus.
A Solférias em 2011 levou a Cabo Verde
mais de 27 mil pessoas, mais do que 50%
das que levara em 2010. Isso ficou a dever-
-se a quê?
«Ficou-se a dever a factores internos e a
factores internos. Factores externos que
contribuiram para o aumento do fluxo de
Cabo Verde, foi o Norte de África (Marro-
cos, Argélia, Tunísia, Egipto) que optaram
por Cabo Verde. Esta foi uma das ques-
tões.
A segunda questão é que abriram hotéis
novos em Cabo Verde, este país cada vez
mais prima pela qualidade, e Cabo Verde
que era até há relativamente poucos anos
um mercado sazonal, neste momento
acaba por ser um mercado que tem uma
população anual muito elevada. De No-
vembro a Abril Cabo Verde está completa-
mente esgotado, muito naturalmente pelo
mercado inglês, pelo mercado alemão e de
outros países.
Por isso eu digo que há destinos que se
adequam mais nestes meses, e Cabo Ver-
de tem a grande vantagem da proximida-
de, do preço, da língua, da hospitalidade,
da gastronomia.
Todos estes factores juntos fazem com
que Cabo Verde seja realmente um desti-
no de preferência», sublinhou o adminis-
trador da Solférias. Nesta entrevista Nuno
Mateus referiu-se a outros produtos e des-
tinos que a Solférias vem promovendo,
e foi-nos dito que a Solférias está a con-
seguir crescer em todos os seus destinos,
incluindo Portugal Continental, Açores,
Madeira e Moçambique.
«Portugal é um dos produtos mais evoluí-
dos dentro da Solférias, e vamos continu-
ar a promover este destino, que se justifica
mais do que nunca, numa altura em que
o nosso país está em crise», concluiu o ad-
ministrador da Solférias. ‹
Abril 2012 | País €conómico › 1918 › País €conómico | Abril 2012
› GRanDe Plano
COSEC está onde o seu negócio estiver
asseguramos os riscos na exportação
No mercado há mais de 40 anos, a COSEC – Companhia de Seguros de Créditos, SA é
líder em Portugal nos ramos do seguro de crédito e caução, oferecendo as melhores
soluções de apoio à gestão e controlo de créditos no mercado interno e externo. É
igualmente responsável por conta e ordem do Estado Português pela cobertura e gestão
dos riscos de crédito, caução e investimento em países de risco político. Em entrevista
à País €conómico, Maria José de Melo, directora do Departamento Internacional
da Cosec sublinha que a missão da sua empresa é fazer com que «as empresas
exportadoras sintam mais confiança e mais segurança quando se abalançam a exportar
para países e clientes que desconhecem, e também para a sua perspectiva de ir em
frente internacionalmente».texto › VALDEMAR BONACHO | FotoGRaFia › RUI ROCHA REIS
segundo Maria José de Melo a Co-
sec é uma empresa que está no
mercado desde Dezembro de 1969
e que tem por objectivo segurar o risco de
incobráveis nas vendas a crédito.
Relativamente à importância da Cosec e
ao facto desta ser líder em Portugal nos
ramos de seguro de crédito e caução, Ma-
ria José de Melo reconhece que este é um
aspecto muito importante a destacar «por-
que temos uma quota de mercado de 50
por cento e a crescer, e no ramo deseguro
cauçãoembora sejamos também impor-
tantes, a nossa quota de mercado ronda
os 44 por cento, devendo-se esta diferença
ao facto da Cosec estar em concorrência
com a Banca, na questão das garantias
bancárias».
Como é que se consegue o estatuto que
a Cosec atingiu de ser actualmente a me-
lhor seguradora de créditos para que os
empresários desenvolvam os seus negó-
cios sem risco?
Maria José de Melo justifica esta realida-
de, lembrando antes de mais que a Cosec
está no mercado há mais de quatro déca-
das. «Nós temos uma estrutura accionista
que tem o BPI, que é o 4º maior banco
privado nacional e a Euler Hermes que é
o maior grupo mundial de seguradoras de
créditos.Através da base de dados da Eu-
ler Hermes nós temos -a possibilidade de
monitorizar e de avaliar o risco de crédito
de empresas em todo o mundo, e -esse fac-
to é decisivo para que as nossas empresas
reconheçam na Cosec esta capacidade de
segurarem os riscos de crédito que enfren-
tam em todos os mercados e perante - a
carteira dos seus clientes».
seguro de créditos é ferramenta fundamentalQuisemos saber da directora do Departa-
mento Internacional da Cosec se numa
situação de crise como a que estamos hoje
a atravessar, fazia cada vez mais sentido
os empresários investirem neste tipo de
seguros. Maria José de Melo não tem dú-
vidas.
«Eu diria que nos tempos que vivemos,
em que está fortemente abalada a con-
fiança do mercado, e na valia das empre-
sas, o seguro de créditos representa uma
ferramenta fundamental e imprescindível
para a vida das empresas. Tal como as pes-
soas na sua vida pessoal fazem os segu-
ros das suas habitações, fazem os seguros
dos seus automóveis, não se compreende
como é que os empresários portugueses
não procuram ainda mais os seguros de
créditos. E, realmente, nós temos também
compreendido que os empresários vão
progressivamente reconhecendo a valia
deste instrumento, que é (repito) um ins-
trumento fundamental na gestão empre-
sarial».
Viver em contra-cicloComo tem sido o percurso da Cosec?! «Eu
diria que nas fases em que o mercado está
mais optimista e mais confiante, os segu-
ros de créditos não têm tanta procura. Nós
actuamos em contra-ciclo, e é precisamen-
te nesta altura que o nosso papel se torna
tão relevante», referiu a directora do De-
partamento Internacional da Cosec.
Mas a Cosec não está à espera de situações
de crise como a que vivemos para poder
triunfar?! «Com certeza que não. Nós
achamos que o seguro de créditos deve
fazer , de forma natural, parte integrante
dosinstrumentos de gestão do risco das
empresas portuguesas, e como tal penso
que é uma oportunidade para depois da
crise passar, os empresários portugueses
continuarem a reconhecer os méritos des-
te instrumento», esclareceu Maria José de
Melo.
Quando a crise passar é legítimo pensar
que a Cosec pode vir a ter uma diminui-
ção na sua actividade?! Maria José de
Melo respondeu dizendo que «estamos
optimistas e confiantes que não…».
Cosec sempre atenta ao mercadoAfirma-
-se que já existem alguns sinais de recu-
peração da economia da União Europeia,
e em relação a Portugal diz-se que esses
sinais surgirão já em 2013. Perante este
cenário a Cosec já está a elaborar alguma
estratégia face a esses possíveis sinais de
melhoria? Maria José de Melo diz que a
Cosec está muito atenta ao mercado. «Es-
tamos sempre muitos atentos ao merca-
do. Aliás, como temos uma grande base
de monitorização das empresas e como
estamos em permanente contacto com os
nossos empresários, nós acompanhamos
de muito perto e de forma muito atenta
os seus anseios, para assim podermos cor-
responder da melhor maneira, inovando
produtos e indo ao encontro das necessi-
dades das empresas».
A inovação do produto é uma constante
na vida da Cosec. «Isso faz-se sobretudo
escutando os anseios do mercado e es-
cutando as empresas, e compreendendo
que dentro do quadro legal em que nós
actuamos, podemos ir ao encontro dessas
necessidades, criando produtos mais flexí-
veis e apropriados às exigências do mer-
cado», revelou Maria José de Melo, que a
este propósito adiantou que a Cosec está a
desenvolver algumas consultas neste âm-
bito, mas que seria ainda prematuro falar
delas. «Oportunamente todo o mercado
será informado das novidades, e vindo
da Cosec certamente que serão boas no-
vidades», sublinhou a directora do Depar-
tamento Internacional da Cosec. Através
da Euler Hermes a Cosec tem uma presen-
ça fortíssima na Europa e Mediterrâneo,
América, Ásia e África, e no que concerne
às vantagens do seguro de créditos quere-
mos destacar a protecção contra perdas
financeiras (dívidas de clientes) e gestão
segura de tesouraria; melhor gestão co-
mercial e de risco de crédito; equilíbrio
entre o seguro de créditos e as necessida-
des financeiras; aumento das receitas e da
rentabilidade; produção de custos; e me-
lhorar a classificação de risco do próprio
segurado. ‹
Abril 2012 | País €conómico › 2120 › País €conómico | Abril 2012
› GRanDe Plano
cabo Verde: retoma à vista com diáspora no horizonteUm país não se restringe ao seu
espaço geográfico. As diásporas
que se espalham pelo mundo
levam consigo a cultura, a língua e a von-
tade de manter laços com o seu país, cons-
tituindo uma extensão
natural deste. Alguns dos
emigrantes que deixaram
o seu país devido à falta
de perspetivas, trabalha-
ram duro, integraram-se
nas comunidades que os
acolheram, alcançaram
o sucesso profissional e
conseguiram dar uma
melhor educação e, con-
sequentemente, melho-
res perspetivas aos seus
filhos.
Parte destes emigrantes,
na esperança de um dia
regressarem, foram en-
viando as suas poupanças
de volta para a sua terra,
contribuindo, através des-
sas remessas, para a eco-
nomia do seu país natal.
Outros, decidiram poupar
ou investir no país de des-
tino, dadas as perspetivas
de aí permanecer, apesar
de manterem com o país
de origem uma forte rela-
ção emocional e cultural. Independente-
mente do tipo de emigrante, as diásporas
têm muitas qualidades e um potencial que
pode e deve ser aproveitado pelos seus pa-
íses de origem. E há medida que as remes-
sas de emigrantes perdem a importância
de outrora, é necessário pensar em formas
de atrair os empresários da diáspora para
investirem no seu país de origem.
No caso de Cabo Verde, há já alguns emi-
grantes que regressaram e investiram no
seu país. No entanto, muitos fizeram-no
de forma intuitiva, sem planearem ade-
quadamente e movidos mais pela emoção
do que pela razão. Por isso, o sonho de
terem um pequeno negócio na sua terra
natal, infelizmente, pode terminar num
pesadelo.
É por isso que as autoridades locais têm
de enquadrar de forma mais adequada
os empresários cabo-verdianos que
pretendem investir no seu país de origem,
disponibilizando-lhes melhor informação,
mais formação ao nível de empreendedo-
rismo e, também, incentivando-os a inves-
tirem em áreas de negócio que conhecem,
em vez de se aventurarem em setores para
os quais não dispõem de vantagens com-
petitivas nem têm conhecimentos especí-
ficos. Só assim aumentam as possibilida-
des de ter sucesso. E com o seu sucesso,
estão também a contribuir para o êxito do
seu país, criando emprego, transferindo
competências e permitindo que o estado
disponha de mais receitas para cumprir
os seus deveres de serviço público.
Claro que a questão da re-
duzida dimensão do mer-
cado doméstico, do fraco
poder de compra dos ca-
bo-verdianos, da descon-
tinuidade do estado dis-
perso por diversas ilhas e
da sua natureza insular e
a inexistência de frontei-
ras terrestres com países
vizinhos, continuam a
preocupar o investidor
que procura os melhores
locais para fazer crescer
os seus negócios.
É por isso que, além de
enquadrar melhor os in-
vestidores cabo-verdianos
que pretendem regressar
ao seu país, se deve apos-
tar em soluções que po-
tenciem o investimento
em Cabo Verde.
A aposta nos recursos
marítimos, diversifi-
cando da componente
turística imobiliária, na
formação dos seus cida-
dãos, na exploração de vantagens que
levem empresas a investir em Cabo Ver-
de como, por exemplo, os acordos de co-
mércio com importantes países como os
Estados Unidos da América ou o Canadá,
será determinante para se continuar a in-
verter uma situação que, permanecendo
difícil, apresenta sinais de que o futuro,
com a ajuda da sua diáspora, é soalheiro
para Cabo Verde. ‹
por DIOGO GOMES DE ARAúJO,
Presidente Executivo da SOFID
23 › País €conómico | Abril 201222 › País €conómico | Abril 2012
eDUaRDo catRoGaEleito Presidente do Conselho Geral e de Supervisão da EDP, o antigo ministro das Finanças tem todas as condições para ajudar a administração executiva da elétrica a assumir com sucesso o processo de integração dos novos acionistas chineses e continuar a fazer da EDP um caso de sucesso empresarial português no mundo. ‹
FeRReiRa De oliVeiRaO Presidente Executivo da Galp Energia concluiu com sucesso a operação de venda de 30% do capital da Petrogal Brasil aos chineses da Sinopec, processo que permitiu o reforço dos capitais da empresa para a aposta bem-sucedida na exploração petrolífera no pré-sal brasileiro. ‹
FeRnanDo BRitesO Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio em Brasília (Brasil) veio uma vez mais a Portugal alertar os empresários portugueses para as oportunidades e apoios que poderão dispor para investimentos no Centro Oeste brasileiro, a região que mais cresce num país fundamental na internacionalização das empresas portuguesas. ‹
› a aBRiR
antonio HuertasÉ o novo Presidente da MAPFRE, revelando
que vai procurar reformar os negócios do
grupo segurador espanhol, com realce
para a presença na América latina, e muito
particularmente no Brasil, onde o grupo
segurador possui uma parceria com o Banco
do Brasil. ‹
magda meraliÉ a nova Marketing Manager da Bright
Partners, ficando responsável pelas áreas
de marketing e comunicação da empresa,
com enfoque na Bright Experience, área
que analisa a utilidade e relevância, além do
valor criado em cada reunião. ‹
luís PaisanaÉ o reeleito presidente da AMBA –
Associação dos Moradores do Bairro Alto,
para o mandato entre 2012 e 2015.
O lema do seu mandato será “Por um Bairro
Alto habitável”, com particular destaque
para a observância da lei do ruído e do
direito ao descanso dos moradores do bairro
lisboeta. ‹
subindo na Pirâmide
› notícias
Bes comprou agências em espanhaO Banco Espírito Santo comprou 25 agências à NovaGalícia em Espanha, Segundo o jor-
nal espanhol “Expansion”, nove dessas agência estão localizadas em Madrid, enquanto
outras seis estão em Barcelona e três na Galiza. As restantes sete estão distribuídas por
várias cidades espanholas. Com esta nova aquisição, o número de agências detidas pelo
BES no país vizinho sobre para meia centena. De sublinhar que em Madrid, a filial do
banco português detinha apenas duas agências, passando agora para nove, o que poderá
impulsionar de sobremaneira a exposição do banco na capital espanhola. ‹
Litoral Alentejano quer mais competitividade
RUci apoia projetos na regiãoA RUCI – Rede Urbana para a Competitividade e a Inovação do Alentejo Litoral, foi
apresentada em Santiago do Cacém, no âmbito de um debate subordinado ao tema “Ca-
minhos com História, Centros Urbanos e Património”.
A Rede de Aglomerados Urbanos do Alentejo Litoral, aprovada no âmbito do Programa
Operacional Regional InAlentejo, visa apostar na cooperação interurbana dos municípios
de Alcácer do Sal, Grândola, Odemira, Santiago do Cacém e Sines, tendo sido baseada
num plano estratégico elaborado por Augusto Mateus, com investimentos na ordem dos
7,5 milhões de euros, dos quais cinco milhões de fundos comunitários.
De referir que a Rede inclui os cinco municípios e a Comunidade Intermunicipal do Alen-
tejo Litoral (Cimal) e a Associação dos Resorts do Alentejo Litoral (Areal).
Segundo o Presidente da Câmara de Santiago do Cacém, Vítor Proença, «os cinco muni-
cípios partiram do princípio que esta candidatura não era a solução mágica para resolver
os problemas, mas a Rede faz parte da estratégia que visa potenciar a atratividade e a
competitividade da região, para desenvolver a cooperação interurbana para explorar as
potencialidades dos nossos aglomerados urbanos e, ao mesmo tempo, marcar a diferen-
ciação entre eles».
O RUCI do Alentejo Litoral já está no terreno, sendo que os projetos aprovados estão em
curso e alguns já foram mesmo concretizados, como é o caso do Festival de Músicas do
Mundo e a Escola de Artes de Sines, ou a criação de ligações a bairros em Alcácer do Sal
e de uma ponte pedonal sobre o rio Mira, em Odemira. ‹
SOFID avança com primeira operação em Magreb
Vibeiras investe em marrocosA SOFID – Sociedade para o Financiamento do Desenvolvimento e a Vibeiras assinaram
um contrato para o financiamento de um projeto de investimento em Marrocos no setor
da arquitetura paisagística. Integrada no Grupo Mota-Engil, a Vibeiras procedeu em 2011
ao início do seu processo de internacionalização com a criação da Vibeiras Maroc, tendo
em vista a prestação de serviços associados aos projetos em cursos de requalificação ur-
bana e ambiental, de desporto e também projetos promovidos pelo setor privado, pelo
crescente número de hotéis, condomínios e campos de golfe.
O projeto de investimento apresentado à SOFID, no montante global de cerca de 900 mil
euros, visa a implementação, desenvolvimento e apetrechamento da Vibeiras Maroc, ten-
do em vista responder mais eficazmente à procura de serviços de manutenção de espaços
verdes, designadamente através da prestação de um serviço “chave na mão”.
Após a assinatura do contrato, Diogo Araújo, Presidente Executivo da SOFID, sublinhou
que «o apoio a empresas portuguesas que pretendam internacionalizar-se para os paí-
ses do Magreb, nomeadamente para Marrocos, corresponde a uma das prioridades da
SOFID». Esta primeira operação é para o gestor da SOFID uma «prova de como se pode
avançar depressa quando, por um lado temos empresários que apresentam projetos vi-
áveis e sustentáveis, e por outro temos uma instituição financeira ágil e empenhada em
apresentar soluções para as empresas poderem continuar a crescer». ‹
Abril 2012 | País €conómico › 2524 › País €conómico | Abril 2012
› GRanDe entReVista
Diogo Lacerda Machado, Administrador da Geocapital, admite que mais empresas chinesas possam vir a investir em Portugal
a Geocapital é uma ponte no plano empresarial nas relações da china com a lusofonia
A Geocapital surgiu em 2006 para dar corpo no plano empresarial aos princípios
definidos no Fórum de Macau que estabeleceu um profícuo diálogo de cooperação
económica entre a China e os países de língua portuguesa. Jorge Ferro Ribeiro, Stanley
Ho e Ambrose So são os três acionistas da empresa com sede em Macau, possuindo
em comum uma já longa história de negócios conjuntos desde a década de oitenta do
século passado. Diogo Lacerda Machado, Administrador da Geocapital, sublinha nesta
entrevista à País €conómico, a importância do relacionamento estabelecido ao longo
de séculos entre chineses e portugueses em Macau, e de como fruto dessa experiência
a China encarou de forma estratégica as relações com os países de língua portuguesa,
materializadas nas relações comerciais com o Brasil e Angola, e muito recentemente
com os investimentos de empresas chinesas na EDP e na REN. A Geocapital ao longo
destes anos efetuou importantes investimentos em Portugal e nos países de língua
portuguesa, com realce para o setor financeiro (Guiné-Bissau, Cabo Verde e Moçambique)
e segurador (Cabo Verde), dispondo-se a contribuir para que mais investimentos
chineses aportem a Portugal, mas também que empresas portuguesas da área industrial
se possam internacionalizar, particularmente para Angola. E o futuro, acredita Diogo
Lacerda Machado, poderá estar nos biocombustíveis, setor onde a empresa deverá lançar
importantes projetos de desenvolvimento em Moçambique e na Guiná-Bissau, além de
estar a construir um centro de investigação em parceria com o Estado de Cabo Verde.texto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › RUI ROCHA REIS
A Geocapital foi fundada em 2006, ten-do a sua sede em Macau, mas regista uma importante presença em África e Portugal, e já esteve também no Brasil. O que é e o que faz a Geocapital?A Geocapital é um projeto que começou a
ser concebido pouco depois da transição
de Macau para a China, e que assentou na
ideia de que a singularidade histórica de
Macau como o lugar de encontro prova-
velmente da primeira globalização, que
foi e continua a ser um extraordinário
exemplo de convívio harmonioso entre
culturas muito diferentes ao longo de cin-
co séculos. Esta singularidade histórica de
Macau deve ser projetada no futuro e na
altura foi igualmente percebido de que a
China iria internacionalizar a sua econo-
mia e constituir um agente económico ati-
vo no mundo, contribuindo para a emer-
gência de uma nova geoeconomia.
Então, nessa ocasião, foi também conside-
rado que essa singularidade de relaciona-
mento do povo chinês com o povo portu-
guês poderia ser aproveitada e estendida
na relação entre a China e os países de
língua portuguesa. Consequentemente,
foi criado em Macau o Fórum para a Co-
operação Económica entre a China e os
Países de Língua Portuguesa, e cuja con-
sequência já no presente é a de que esse
relacionamento evoluiu para um caráter
e importância estratégica para a própria
China, senão vejamos que o Brasil é na
atualidade o maior parceiro mundial da
China, com saliência para os planos ali-
mentar e das comoditties, assim como
Angola é o segundo maior fornecedor de
petróleo da China, apenas suplantada pela
Arábia Saudita. Por outro lado, Moçambi-
que é um país que está a ganhar impor-
tância sobretudo devido aos seus grandes
recursos minerais e de gás natural, logo,
recursos susceptíveis de serem transpor-
táveis ou utilizados na incorporação de
Abril 2012 | País €conómico › 2726 › País €conómico | Abril 2012
› GRanDe entReVista
diversos elementos, pelo que assume tam-
bém cada vez mais importância para a
própria China.
Com efeito, pelo que acabei de descrever,
fácil se torna perceber como no presente
existe um conjunto de países de língua
portuguesa com uma enorme importân-
cia para a China.
É nesse contexto estratégico que surge a Geocapital?Precisamente. Naturalmente foi em
face dessa percepção e relacionamento
existente que se deram os passos para
a criação do Fórum em Macau, e conse-
quentemente começou a ser concebida
e desenhada a Geocapital como projeto
para poder dar concretização no plano
empresarial ao que foi afirmado no plano
dos princípios do Fórum.
O que surgiu a seguir na sua implemen-tação?Essencialmente, a concretização dos in-
vestimentos nos setores básicos da eco-
nomia de cada um dos países de língua
portuguesa, justamente criando essas
ligações de Macau e da China com esses
países. O primeiro setor da nossa aposta
foi o sistema financeiro, e depois entran-
do também no designado segundo ciclo,
que se iniciou no ano passado com a es-
truturação de projetos nas áreas das infra-
-estruturas, energia e aproveitamento de
recursos naturais, sempre com a preocu-
pação de que estes projetos possam bene-
ficiar daquilo que a China possui hoje em
super abundância – capital – além de con-
tribuírem efetivamente para o desenvolvi-
mento económico e social desses países,
mas serem igualmente interessantes para
a própria China.
A Geocapital tem como seus accionistas, um investidor português (Jorge Ferro Ri-beiro) e dois conhecidos investidores de origem chinesa (Stanley Ho e Ambrose So). Esta conjugação empresarial tem sido um factor relevante no campo em-presarial para o incremento das relações empresariais luso-chinesas?Muito. A associação e a parceria estabe-
lecida entre o doutor Jorge Ferro Ribeiro
e os doutores Stnaley Ho e Ambrose So,
remonta à década de 80 do século passa-
do, e constituiu, como constitui, um caso
extraordinário de entendimento e de su-
cesso em vários empreendimentos reali-
zados em conjunto. Já na fase de transição
do processo de Macau, entenderam que,
eles próprios, também poderiam empres-
tar um contributo para as relações entre
a China e os países de língua portuguesa.
Um dos principais investimentos em Por-tugal pela Geocapital, através da Energy Finan ce, foi na EDP. Como observaram a entrada recente no capital da EDP pela China Three Gorges Corporation?Como um sinal extraordinário da realiza-
ção justamente dos desígnios do Fórum e
sobretudo como a aceitação clara de que
existe um contexto novo e que deve ser
bem aproveitado pelo lado português.
A Geocapital manteve algum contato com a China Three Gorges para aconse-lhar este gigante empresarial chinês a apostar na EDP?A Geocapital em todos os contatos que
estabelece regularmente na República Po-
pular da China com as autoridades e com
as grandes corporações, o que acontece
desde há cerca de seis anos, vem assina-
lando que existem excelentes oportunida-
des em Portugal, designadamente na área
da energia, além de outras naturalmente.
Nós vínhamos falando designadamente
sobre a EDP com várias empresas chine-
sas ao longo dos últimos anos. A esco-
lha recaiu sobre a China Three Gorges,
porque dentro do grupo de empresas de
energia da China, é a única exclusiva-
mente centrada nas energias renováveis,
controlando nomeadamente a Central
Hidroelétrica das Três Gargantas, a maior
do mundo. Além disso, convém sublinhar,
esta corporação chinesa detinha um perfil
ajustado ao que a EDP projetou e desen-
volveu nos últimos anos, no caso vertente,
de ser uma campeã no domínio das ener-
gias renováveis.
É previsível que venham mais investimentos chineses para PortugalO que é que a EDP poderá beneficiar na sua atividade global com a entrada da empresa chinesa?
A EDP ganha um reconhecimento da
sua enorme importância com um player
mundial, e isso é muito compensador jus-
tamente num momento em que o nosso
país está a ficar mais pequeno, visto que
temos uma empresa que é um agente
ativo no mercado mundial de energia ao
ponto de constatarmos que o primeiro
grande movimento internacional da Chi-
na é concretizado com a escolha de inves-
timento na EDP.
Pensamos que agora a EDP necessita de
mostrar que possui capacidade não ape-
nas para atrair o capital da China Three
Gorges, o que acabou por suceder, mas
sobretudo por ser capaz de ela própria
entrar na China Three Gorges, não neces-
sariamente com um investimento na pró-
pria empresa chinesa, antes mostrar que o
seu know how e experiência constitui um
contributo inestimável e muito útil em
novos projetos que a China Three Gorges
tenha pela frente para realizar.
Com este investimento na EDP, a que se seguiu a da State Grid na REN, conside-ra que poderemos assistir brevemente a novos investimentos chineses em Por-tugal, ou em plataformas empresariais portuguesas para mais facilmente atin-gir outros mercados?Eu acredito que vai existir no futuro mais
investimento chinês em Portugal. Nas
nossas conversas regulares com grandes
empresas chinesas sentimos um crescen-
te interesse por Portugal, e sem dúvida
que estes primeiros grandes investimen-
tos de que mencionámos contribuíram
indelevelmente para reforçar o papel de
Portugal junto da China, mas igualmente
no âmbito do próprio Fórum como porta
de acesso aos mercados de língua portu-
guesa.
É que Portugal é já presentemente obser-
vado com outra atenção e interesse por
outras empresas chinesas, e várias empre-
sas portuguesas podem desempenhar um
importante papel de cooperação virtuosa
triangular.
A própria Geocapital está à procura de novos investimentos em Portugal?Estamos sobretudo abertos a mobilizar
empresas chinesas e a ajudar a investirem
em Portugal. Quanto a nós, não esconde-
mos que neste momento estamos mais
apostados em procurar boas oportunida-
des de investimento noutras geografias do
mundo lusófono.
cabo Verde é um país extraordinárioPassamos, então, ao continente africa-no, e se me permite, numa rota de norte para sul, começamos por Cabo Verde, país onde a Geocapital possui partici-pações relevantes numa das principais instituições financeiras do país, bem como numa companhia seguradora de referência. Além de que através de uma parceria com o Estado cabo verdiano, estabeleceu o Centro Internacional de Investigação e Desenvolvimento dos Biocombustíveis. O que representam os investimentos em Cabo Verde para a Ge-ocapital?Em primeiro lugar, gostaria de sublinhar
que Cabo Verde constitui um caso extraor-
dinário de sucesso enquanto criação e afir-
mação de um país, um país detentor de
pessoas extraordinárias e que se tornou
num estado perfeitamente viável e com
fortíssimo reconhecimento internacional,
sendo considerado muito justamente um
exemplo em África.
Por outro lado, tendo atingido padrões de
desenvolvimento e capacidade de aprovei-
tar os seus melhores recursos – os seus ci-
dadãos – Cabo Verde poderá aspirar a ser
no Atlântico uma espécie semelhante ou
aproximada do que são as Ilhas Maurícias
na costa oriental africana (n.d.r. uma co-
nhecida e sólida praça financeira com for-
te expressão internacional). Desse modo,
Cabo Verde poderá projetar-se para toda a
região sul e ocidental de África, oferecen-
do serviços aos diversos países e agentes
económicos da região, ou seja, assumindo
um papel relevante no contexto da organi-
zação e desenvolvimento da economia da
região africana onde está inserido.
Neste sentido, e chegando à Geocapital,
onde recordo que Cabo Verde é uma das
origens do doutor Jorge Ferro Ribeiro,
sempre afirmámos que a nossa estratégia
passava em nos posicionar no sistema fi-
nanceiro do país, pelo que, em consequên-
cia, nos tornámos um acionista de refe-
rência – para além do próprio Estado – na
Caixa Económica de Cabo Verde, com
uma posição direta de 27,5%, além de que
a companhia seguradora IMPAR onde
também possuímos uma participação es-
tratégica, possui ela própria, uma posição
de 12% no capital da Caixa Económica de
Cabo Verde.
Em conformidade com o que referi, pode-
ria sublinhar que a estratégia de Geocapi-
tal é a estratégia da Caixa Económica de
Cabo Verde, no fundo, é a estratégia de de-
senvolvimento de Cabo Verde. Gostaria de
enfatizar que a Caixa Económica de Cabo
Verde é a única instituição de crédito para
quem Cabo Verde é o centro do mundo. A
Caixa é, de longe, a instituição financeira
do país a que mais se identifica com os
próprios cabo-verdianos, mas também é a
Caixa que dispõe das melhores condições
e está apetrechada para protagonizar a
Abril 2012 | País €conómico › 2928 › País €conómico | Abril 2012
› GRanDe entReVista
ideia que referia anteriormente de proje-
ção internacional do sistema financeiro
cabo-verdiano ao nível regional da África
Ocidental.
A Caixa Económica de Cabo Verde tem protagonizado essa estratégica de inter-nacionalização que referiu?Sem dúvida, e uma das ações visíveis são
as relações de cooperação com o BAO –
Banco da África Ocidental, a principal
instituição financeira da Guiné-Bissau,
na qual a Geocapital detém também uma
posição acionista estratégica. Esse relacio-
namento entre a Caixa e o BAO está em
pleno desenvolvimento e aprofundamen-
to e tem corrido da melhor forma.
Aliás, a Geocapital tem pugnado por uma maior cooperação e relacionamen-to entre as instituições financeiras onde detém participações diretas em África, nomeadamente entre a Caixa Económica de Cabo Verde, o BAO e o Moza Banco, de Moçambique. É verdade o que afirma. No entanto, subli-
nho que isso acontece sem que nenhuma
das entidades que mencionou perca a sua
identidade própria. A Geocapital possui
participações qualificadas nessas institui-
ções financeiras, mas não exerce um po-
der de controle. Essas instituições, que nos
casos de Cabo Verde e da Guiné-Bissau,
constituem as maiores instituições finan-
ceiras dos respetivos países, são entidades
financeiras profundamente enraizadas
na cultura financeira de cada um dos três
países e a Geocapital está muito satisfei-
ta e confortável que assim seja, porque o
nosso interesse fundamental é que sejam
instituições que contribuam efetivamente
para o desenvolvimento dos seus povos.
Se me permite, gostaria ainda de referir
ao caso do BAO na Guiné-Bissau, que
constitui uma instituição que caso o
pretendesse poderia abrir de imediato
representações em mais oito países da
CEDEAO, região onde o país se integra. O
relacionamento e a parceria entre o BAO
e a Caixa Económica de Cabo Verde, que
representa igualmente uma espécie de re-
encontro feliz entre dois povos com uma
história com marcos vividos em comum,
significa também a capacidade de arti-
culação e de trabalho em conjunto para
poderem protagonizar uma estratégia am-
biciosa no futuro de desenvolvimento na
região africana envolvente.
Biocombustíveis desempenharão um importante papelRegressando aos investimentos da Ge-ocapital a Cabo Verde, mantém o inte-resse no Centro de Investigação dos Bio-combustíveis?O nosso interesse nesse projeto mantém-
-se. A Geocapital já estuda a questão dos
biocombustíveis há vários anos, com
particular enfase numa planta designa-
da Jatrofa, precisamente uma planta que
não necessita de terrenos férteis para se
desenvolver.
Cabo Verde não possui obviamente áreas
para uma plantação fundiária extensiva
desta planta e que seja capaz de abastecer
uma fileira industrial, mas possui inega-
velmente condições para entrar direta-
mente na fase da investigação tecnológi-
ca, pelo que surgiu quase naturalmente a
ideia de realizar este centro de investiga-
ção no arquipélago e que pudesse contri-
buir para o desenvolvimento dos restan-
tes países de língua portuguesa no setor
dos biocombustíveis. O Centro está neste
momento em construção.
Esse novo centro na área dos biocom-bustíveis poderá vir a apoiar o designa-do Projeto Golfo que pretendem desen-volver na Guiné-Bissau?Obviamente que deverá apoiar todos os
projetos em que estamos envolvidos, e
esse será um deles.
É preciso, entretanto, recordar o enorme
interesse pelos biocombustíveis quando o
petróleo chegou próximos dos 150 dólares
há alguns anos, e temos a plena convicção
de que esse interesse profundo regressará
com o aumento praticamente imparável
que o crude continua a registar.
A Geocapital realizou um trabalho pro-
fundo para tentar perceber se a produção
de biocombustíveis fazia sentido do ponto
de vista político, económico, social e am-
biental nos países de língua portuguesa. A
nossa conclusão, após inúmeros estudos
e contatos com as mais diversas autori-
dades nos vários países onde atuámos foi
o de que fazia realmente sentido se con-
seguíssemos combinar tudo isso com as
questões relacionadas com o uso da terra
para a produção alimentar que constitui
a questão mais importante nos países
que estamos a falar, e sobretudo no que
aos próprios biocombustíveis diz respei-
to com a utilização das chamadas �terras
marginais�, justamente porque a planta
utilizada (Jatrofa) não necessita de terras
com aptidão agrícola.
Todavia, estando nos casos da Guiné-Bis-
sau e de Moçambique os respetivos pro-
cessos em conversações com as autorida-
des de ambos os países, para a Geocapital
a implementação dos projetos só faz sen-
tido se numa perspetiva global eles tive-
rem uma conceção integrada da cadeia de
valor e em claro benefício para as gentes
da terra e para os seus países.
No caso que referiu do Projeto Golfo na
Guiné-Bissau, só há cerca de um ano e
meio é que conseguimos instruir devida-
mente o processo após um longo percurso
de estudo e definição das condições essen-
ciais em que poderíamos atuar no país em
relação aos vários items que referi ante-
riormente, pelo que depois efetuámos o
pedido ao Governo do país para uma con-
cessão de terras, aliás, a mesma coisa que
fizemos em Moçambique.
A Geocapital não possui demasiada pres-
sa, mas gostaríamos com certeza de poder
começar quanto antes a concretização
e desenvolvimento destes projetos, na
medida em que como anteriormente su-
blinhei cada um deles possui uma com-
ponente de produção alimentar que julgo
não ser despiciente, pelo contrário, para
cada um dos dois países em referência.
Biocombustíveis em toda a cadeia de valorOs dois projetos que referiu – na Guiné--Bissau e em Moçambique – pressupõem também um investimento de caráter in-dustrial?É claro que essa componente faz parte
integrante dos nossos projetos. Aliás, se
os projetos se limitassem à componente
agrícola de produção da matéria-prima
básica, no fundo estaríamos a replicar os
velhos conceitos predatórios. A Geocapital
sempre fez questão de sublinhar que nos
nossos projetos uma parte significativa da
componente de transformação industrial
teria de acontecer nos próprios países. No
caso da Guiné-Bissau dificilmente será
uma grande refinaria, mas certamente
que conseguirá instalar unidades indus-
triais de extração do óleo que poderão sig-
nificar centenas ou mesmo alguns milha-
res de postos de trabalho, algo de muito
importante do ponto de vista económico
e social para a Guiné-Bissau.
Geopactum quer levar projetos industriais portugueses para angolaEntre a Guiné-Bissau e Moçambique situa-se Angola, país de língua portu-guesa com maior potencial, mas que
também é curiosamente um país onde a presença e a atividade da Geocapital pa-rece ser mais restrita e contida. Verdade ou ilusão?Verdade à primeira vista, mas ilusão como
passarei a explicar. Angola é de fato já
uma referência económica há muito tem-
po. Neste país, possuímos um acordo já há
algum tempo com um grupo empresarial
encabeçado pela Global Pactum, que entre
outros ativos controla o Banco Privado
Atlântico (BPA), e com quem formámos a
Geopactum. Esta empresa tem como mis-
são essencial a de mobilizar investimen-
tos, quer chineses, quer portugueses, para
Angola.
No caso dos portugueses, trata-se essen-
cialmente de aproveitar algum know how
industrial que existe em Portugal, mas
que aqui começa a ter dificuldades em
se manter competitivo. Todavia, ao invés,
dispõe de boas condições de internaciona-
lização se for encarado numa perspetiva
de deslocalização dessas capacidades in-
dustriais e tecnológicas, e Angola poderá
ser um país de eleição para acolher essa
deslocalização industrial, visto que o país
continua a necessitar de se desenvolver
precisamente nas áreas industriais.
Dentro desta lógica, a Geopactum e o BPA
estão interessados e possuem as condi-
ções para estruturarem o investimento
e encontrarem a solução económica e
financeira que viabilize um processo em
que fundamentalmente a parte portugue-
sa entra com as componentes associadas
ao seu know how, que é muito valorizado
pela parte angolana.
No entanto, é preciso referir que além do
objetivo de mobilizar investimentos por-
tugueses para Angola, como referi acima,
também faz parte dos objetivos da Geo-
pactum a captação e encaminhamento
de investimentos chineses para Angola,
Abril 2012 | País €conómico › 3130 › País €conómico | Abril 2012
› GRanDe entReVista
designadamente o investimento chinês da
nova vaga, que chega através das empre-
sas chinesas e já não por intermédio do
Estado chinês, como acontecia anterior-
mente.
Mas, existe um outro aspeto muito rele-
vante na estratégia da Geopactum e que
vai ao encontro dos objetivos já mencio-
nados do Fórum para as relações entre a
China e os países de língua portuguesa,
que para além de pretender aproximar a
China deste conjunto de países, preten-
de igualmente aproximar estes países da
própria China, sobretudo numa lógica de
reciprocidade.
Ora, no caso de Angola, este constitui pre-
cisamente um país que está a dar passos
no processo de internacionalização da sua
economia, e já tem concretizado várias
ações nesse caminho precisamente no
local onde se sente mais confortável, em
Portugal. No entanto, é legítimo que o país
pretenda ir mais além nesse esforço de
internacionalização económica, pelo que
temos analisado com os nossos parceiros
angolanos oportunidades de investimen-
to noutras geografias, e em particular na
China, onde Macau poderá desempenhar
um papel de grande relevância e prepon-
derância.
Em conformidade, em conjunto com os
nossos parceiros angolanos, já efetuámos
um pedido de licença para abrir um banco
de investimento em Macau, o que corres-
ponde ao grande interesse angolano de
aproximar o BPA da China, e efetuar des-
se modo, o caminho inverso preconizado
nos princípios do Fórum de Macau. Esta-
mos com a perspetiva de poder receber a
breve prazo a informação da autorização
para avançar com essa nova instituição
bancária no território macaense.
moçambique precisa de aproveitar muito bem o Vale do ZambezeApesar de já temos abordado a questão do vosso projeto dos biocombustíveis em Moçambique, é neste país que a Ge-ocapital efetuou uma das mais fortes apostas no setor financeiro do continen-
te africano, ao dar corpo em conjunto com vários empresários moçambicanos ao projeto do Moza Banco. Entretanto, muito recentemente, a Geocapital alie-nou 25% do capital que detinha ao gru-po Espírito Santo, ficando apenas com uma posição de 24% no capital do banco moçambicano. A área financeira em Mo-çambique deixou de ser prioritária para a Geocapital?De modo nenhum. A Geocapital vendeu
a posição que referiu porque ficou claro
para nós que o alargamento da parceria
ao grupo Espírito Santo, bem como o
consequente reforço de capital do banco,
constituía um fator relevante na consoli-
dação do projeto e do reforço da impor-
tância do Moza Banco no panorama do
sistema financeiro moçambicano. Além
de que, nunca o escondemos, a operação
de alienação dos 25% do capital ao grupo
Espírito Santo, resultou numa transação
muito favorável para a Geocapital, pos-
sibilitando um retorno do investimento
inicial muito interessante.
Em Moçambique, além da participação no Moza Banco, é de sublinhar a presen-ça da Geocapital na Zamcorp – Zambeze Corporation. Qual é a ambição do grupo no estratégico setor mineralifero do país?O Vale do Zambeze constitui uma área de
enormes potencialidades e Moçambique
deverá aproveitar integralmente os frutos
das enormes riquezas nessa vasta área do
seu território.
A Geocapital detém atualmente a tota-
lidade do capital da Zamcorp, e estamos
em estreitos contatos com as autoridades
moçambicanas para poder desenvolver
projetos de interesse para o país e para a
própria empresa detida pela Geocapital,
particularmente, como referi noutro pas-
so desta entrevista, a projetos na área da
produção alimentar e dos biocombustí-
veis. Consideramos que a Zamcorp pode-
rá constituir um dos players importantes
no desenvolvimento empresarial, econó-
mico, social e ambiental na região do Vale
do Zambeze e portanto do próprio país
que é Moçambique. ‹
Abril 2012 | País €conómico › 3332 › País €conómico | Abril 2012
› lUsoFonia BRasil
Fernando Meira Dias, Presidente da Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Minas Gerais
empresas portuguesas têm um grande mercado em mimas Gerais
Na última semana de Abril desloca-se a Portugal uma missão empresarial do estado
brasileiro de Minas Gerais, numa organização liderada pela Câmara Portuguesa de
Comércio no Brasil – Minas Gerais, a que se associaram outras organizações públicas
e empresariais daquele estado brasileiro. Fernando Meira Dias é o Presidente da
Câmara Portuguesa de Comércio em Minas Gerais, e nesta entrevista exclusiva à País
€conómico, traça os objetivos que a Missão mineira pretende alcançar em Portugal,
sempre com o objetivo de reforçar as relações económicas e empresariais entre os dois
lados do Atlântico. E lembra que Minas Gerais têm cerca de 20 milhões de habitantes,
pelo que possui grandes potencialidades e oportunidades para as empresas portuguesas. texto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › ARqUIVO
No final do presente mês de Abril, estará em Portugal uma Missão Empresarial de Minas Gerais. Quais são os objetivos es-senciais desta visita a Portugal? O principal objetivo desta Missão Em-
presarial será conseguir uma maior com-
preensão dos empresários portugueses e
mineiros sobre as condições para se inves-
tir em Portugal e Minas Gerais, fontes de
financiamento, apresentar oportunidades
de negócios que Portugal e Minas ofere-
cem. Além disto, possibilitar aos empresá-
rios um conhecimento maior das possibi-
lidades destes dois mercados, bem como
da importância da união de forças para
as pequenas e médias empresas enfrenta-
rem o desafio de uma economia globaliza-
da. Pretendemos que, ao final desta Mis-
são Empresarial, surjam fatos concretos
de parcerias efetivas entre empresários
portugueses e mineiros, com investimen-
tos para Portugal e Minas Gerais.
Em Portugal, a Missão busca sobretudo a captação de investimento português para Minas Gerais, ou avaliará também eventuais oportunidades de investimen-to empresarial mineiro em Portugal?Pretendemos conseguir investimentos
nas duas direções. Será importante para
o empresário português conhecer as po-
tencialidades de se investir no Brasil, e
em Minas Gerais em particular, que tem
uma população com cerca de 20 milhões
de habitantes, com altas e seguras taxas
de crescimento, mercado consumidor
e renda crescente, e com possibilidades
variadas. Para o empresário brasileiro,
pretendemos apresentar Portugal como
um excelente ambiente de negócios, com
ótima qualificação de mão-de-obra, mo-
derna infraestrutura, e como um país que
tem projetado seu desenvolvimento na
inovação e tecnologia. Além disto, a pos-
sibilidade de ser a “porta de entrada” para
o mercado europeu, e também para os pa-
íses da CPLP.
Como avalia o estado atual da economia mineira? A internacionalização empre-sarial é um paradigma presentemente assumido pelos empresários mineiros?A economia mineira tem apresentado ín-
dices de crescimento bem acima da média
do Brasil. É uma economia que ainda tem
sua base no extrativismo mineral, mas
que vem buscando aumentar e melhorar
sua base tanto nos segmentos industrial,
comércio e serviços. No estado de Minas
Gerais está localizada a única fábrica de
helicópteros do Brasil, e a Fiat Automó-
veis. Além disto, dentro de um projeto de
desenvolvimento elaborado pelo Gover-
no do Estado de Minas Gerais, temos um
polo de desenvolvimento aeroespacial e
de tecnologia na cidade de Lagoa Santa,
região metropolitana de Belo Horizonte,
o Polo de Eletrônicos da cidade de Santa
Rita do Sapucai, Polo Calçadista da cidade
de Nova Serrana, Polo Moveleiro da cida-
de de Ubá, dentre outros. Isto demonstra
a preocupaçção do governo mineiro em
democratizar o desenvolvimento, regiona-
lizando-o e buscando atingir os seus 853
municípios. O processo de internaciona-
lização das empresas tem sido encarado
com seriedade pelas entidades empresa-
riais mineiras, principalmente em relação
às pequenas e médias empresas. A neces-
sidade do pequeno e médio empresário
mineiro de buscar parcerias estratégicas
com empresas estrangeiras é essencial
para que elas continuem competitivas em
um mercado global.
muitos setores promissores em minasQuais são as principais potencialidades de investimento no estado de Minas Ge-
rais para atrair investimento português?Temos recebido contatos e Missões Em-
presariais portuguesas que abrangem to-
dos os setores, desde indústria metalome-
cânica, comunicação, elétrico-eletrônica,
até arquitetura, construção civil, tecno-
logias em meio ambiente, entre outros.
Como referi anteriormente, Minas Gerais
tem um projeto de desenvolvimento, bus-
cando diversificar sua base. Assim sendo,
setores como prestação de serviços de
software, geração de energias alternativas,
tecnologias para indústria aeroespacial,
equipamentos para geração de energias
alternativas, e pequenas centrais elétricas,
hotelaria, construção civil e equipamentos
para extração de gás, são alguns segmen-
tos que podemos destacar.
Existem apoios públicos em determina-das áreas de atividade para o apoio e promoção do investimento empresarial em Minas Gerais?O Governo do Estado de Minas Gerais, em
conjunto com os municípios, tem vários
programas de incentivo à implantação de
novas indústrias e empresas no estado.
Em razão disto, além de apoiar a Missão
Empresarial, enviará um representante
para fazer uma palestra sobre o apoio
para novos investimentos no estado.
Os dados referentes ao comércio entre Minas Gerais e Portugal não são muito expressivos. O que pode ser feito para aumentar as trocas comerciais entre am-bos os lados do Atlântico?Em primeiro lugar, criar uma linha direta
de negócios entre Portugal e Minas Gerais.
Minas Gerais é grande consumidora de
produtos portugueses que são importados
por empresas que tem sua sede em outros
estados.
Por outro lado, temos que avançar na
melhoria das relações empresariais entre
Minas Gerais e Portugal. Temos que in-
centivar as parcerias empresariais entre
portugueses e mineiros, como forma de
gerar mais investimento e sustentabilida-
de para as empresas.
De que forma o início há poucos anos de ligações aéreas da TAP entre Lisboa e Belo Horizonte tem vindo a incrementar o relacionamento entre as duas partes?
Em primeiro lugar, o aumento de fluxo de
turistas entre Portugal e Minas Gerais. Em
segundo lugar, o aumento das viagens a
negócios, e em terceiro lugar, a exporta-
ção/importação de produtos. Esta relação
tem sido tão bem sucedida que a frequên-
cia de voos só tem crescido, sendo que,
conforme informações recentes da Tap,
passaremos a ter frequências de voos diá-
rios ligando Minas a Portugal, e vice-versa.
Preparados para apoiar as empresas portuguesas em minas GeraisQual tem sido o papel da Câmara Por-tuguesa de Comércio no Brasil – Minas
Abril 2012 | País €conómico › 3534 › País €conómico | Abril 2012
› lUsoFonia BRasil
Gerais, para dinamizar as relações eco-nômicas e empresariais entre Minas e Portugal?A Câmara Portuguesa de Comércio no
Brasil-Minas Gerais tem buscado diver-
sas formas para incrementar as relações
comerciais e empresariais entre Minas
Gerais e Portugal. Principalmente com o
estreitamento das relações com entidades
governamentais de incentivos comerciais
e empresariais, e com as entidades de clas-
se representativas tais como Associação
Industrial Portuguesa, Associação Empre-
sarial de Portugal, Confederação Interna-
cional Empresarial Portuguesa, Associa-
ção Comercial de Lisboa, Cotec, Federação
das Indústrias de Minas Gerais, Associa-
ção Comercial de Minas, Federação do Co-
mércio do Estado de Minas Gerais, dentre
outras, para promover ações que visem o
aumento das relações comerciais e empre-
sariais. Além disto, realização e apoio a
Missões Empresariais, Rodadas de Negó-
cios, Provas de Vinhos e eventos enogas-
tronômicos portugueses, etc. A Câmara
está apta a prestar também todo o apoio
para levantamentos de mercado, estudos
e análises de inteligência comercial, pro-
jetos de internacionalização de empresas,
match-making internacional e abertura de
empresas no Brasil e em Portugal.
Como perspetiva o futuro das relações econômicas entre Minas Gerais e Portu-gal? Temos expectativa positiva no incremen-
to das relações econômicas entre Minas
Gerais e Portugal. Historicamente Minas
Gerais tem sido um estado muito recep-
tivo a investimentos portugueses e, re-
centemente acolheu empresas como a
Alert, Naniun, Remax, Sabseg, além de
investimentos do Grupo Espírito Santo.
Entendemos que necessitamos aumentar
o fluxo de investimentos mineiros em
Portugal.
Temos a firme convicção de que o primei-
ro passo será dado com a Missão Empre-
sarial Minas Gerais-Portugal, no próximo
mês de Abril. ‹
sonae sierra em UberlândiaA Sonae Sierra Brasil, participada da Sonae Sierra, inaugurou
no passado dia 27 de Março, o Uberlândia Shopping, locali-
zado nesta cidade do estado de Minas Gerais. O investimento
ascendeu aos 62 milhões de euros para um shopping com uma
área bruta de 43.600 metros quadrados.
Segundo um comunicado da empresa portuguesa, até ao final
do presente ano, a empresa ainda deverá inaugurar este ano
no Brasil o shopping Boulevard Londrina, no estado do Paraná,
que deterá uma área bruta locável de 47.800 metros quadra-
dos e representará um investimento de 88 milhões de euros.
Já para o próximo ano, está previsto a inauguração do novo
Passeio das Águas Shopping, na cidade e Goiânia, capital do
estado de Goiás, um investimento de 167 milhões de euros e
que será a 13ª unidade do grupo no Brasil, país onde a Sonae
Sierra admitiu poder efetuar novas aquisições no mercado dos
shoppings centers, isto já depois de ter aumentar a participa-
ção de 30 para 60% no Shopping Plaza Sul, em São Paulo. ‹
martifer consolida no BrasilO mercado brasileiro já representa 18,6% de todas as encomendas da Martifer, enquanto
o conjunto da Península Ibérica, apenas representa 17,3% do portfólio de obras da em-
presa liderada por Carlos e Jorge Martins.
No Brasil o conjunto de obras ultrapassam os 120 milhões de reais (cerca de 50 milhões
de euros), além do Vale Verde Shopping, em São Paulo, a empresa portuguesa tem a res-
ponsabilidade de fornecer as estruturas metálicas de três estádios de futebol em que dois
deles acolherão partidas da Copa do Mundo em 2014, respetivamente, os estádios Fonte
Nova (Salvador da Bahia), Castelão (Fortaleza no Ceará) e o novo estádio do Grémio de
Porto Alegre (Rio Grande do Sul).
A Martifer apontou estes números por ocasião da divulgação dos seus resultados de 2011,
onde no que respeita aos proveitos foi salientado que os mercados brasileiro e angolano
já representam em conjunto 7,8% dos resultados. ‹
Unidas recupera no BrasilA Unidas, participada brasileira do gru-
po português SAG, fechou 2011 com um
prejuízo de 27,3 milhões de euros, ainda
assim uma recuperação de 48,8% face
aos resultados negativos obtidos no ano
anterior. Segundo o comunicado da em-
presa com sede em São Paulo, “o ano de
2011 foi muito importante para a Unidas
pela consolidação da sua estratégia de
crescimento com foco em rentabilidade,
assim como pelo fortalecimento da sua
estrutura de capital e em conjunto dos
seus accionistas, que permitirão à com-
panhia aproveitar as oportunidades de
crescimento que se apresentam no mer-
cado de locação de veículos no Brasil ao
longo dos próximos anos”.
Este ano, ainda segundo o comunicado, a
Unidas pretende abrir mais 10 lojas pró-
prias, 12 lojas franqueadas e quatro lojas
de venda de veículos. A empresa preten-
de ainda reformular o visual da sua rede
de atendimento. ‹
Rio de Janeiro náuticoO secretário de estado de Turismo do Rio de Janeiro, Ronald Ázaro, informou recente-
mente em Lisboa que o estado carioca vai apostar na construção de marinas públicas
flutuantes nos municípios de Arraial do Cabo, Paraty, Angra dos Reis, Mangaratiba e
Armação dos Búzios. O investimento global ascenderá a cerca de 8,4 milhões de euros.
Segundo o responsável do governo do Rio, «o Brasil, em especial o Rio de Janeiro, passa
por um momento de grande exposição no mercado internacional por conta dos mega
eventos que estão agendados, como sejam, em Junho deste ano, a Rio+20 e, nos próximos
anos, a Jornada Mundial da Juventude, a Copa das Confederações, a Copa do Mundo e os
Jogos Olímpicos». ‹
Abril 2012 | País €conómico › 3736 › País €conómico | Abril 2012
› lUsoFonia BRasil
Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia organiza evento empresarial em Junho
aproximar as economias baiana e portuguesaA Câmara Portuguesa de Comércio no Brasil – Bahia, vai levar a efeito nos
dias 14 e 15 de Junho, um grande evento empresarial e de negócios, que se
realizará no Hotel Pestana, em Salvador da Bahia.
Segundo referiu à País €conómico António Coradinho, Presidente da
Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia, o objetivo do encontro será o de
aproximar e intensificar ainda mais o relacionamento já existente entre as
economias do estado brasileiro da Bahia e a portuguesa. Por isso, adiantou o
empresário, são esperados cerca de 50 empresários portugueses que estarão
em Salvador integrados numa Missão Empresarial da AIP à Bahia (e a São
Paulo), e que se juntarão aos mais de 150 empresários baianos que marcarão
presença da unidade hoteleira do grupo Pestana na capital da Bahia.
Ainda segundo António Coradinho, o tema do Seminário será “Unindo Mer-
cados-Quebrando Fronteiras”, sendo as áreas de abordagem e de contatos
mais relevantes as da indústria naval, indústrias de cerâmica e mineração,
indústrias de materiais de construção, energias alternativas (eólica, solar, bio-
diesel e etanol), agroindústrias, química e petroquímica (terceira geração),
infraestrutura, turismo, imobiliário, além da abordagem da temática da mão-
-de-obra portuguesa qualificada, e que cada vez é mais importante no Brasil.
Constituindo um dos pontos alto da programação anual das atividades da
Câmara Portuguesa de Comércio na Bahia, é de realçar que já no próximo dia
13 do corrente, organizará um jantar com a presença da Ministra Mariana
Calmon, Chefe da Corregedoria Brasileira. ‹
semapa investe em fábrica de cimento no ParanáA Semapa, detida por Pedro Quei-
roz Pereira, vai investir 300 milhões
de euros no setor cimenteiro no
Brasil, dos quais 240 milhões de eu-
ros serão investidos na nova fábrica
de cimento em Adrianópolis, no es-
tado do Paraná. Este investimento
vem de acordo com o investimento
da Semana na aquisição de 50%
do capital da cimenteira Supremo,
com sede no vizinho estado de San-
ta Catarina, e que deverá ultrapas-
sar os 55,7 milhões de euros. ‹
leya chega ao RioO grupo português Leya ampliou a sua presença no Brasil, com a abertura de um novo
escritório na cidade do Rio de Janeiro, que será liderado por Maria João Costa. O objetivo
da chegada do grupo à Cidade maravilhosa, e que acolherá acontecimentos importantes
como a Final da Copa do Mundo de 2014 e os Jogos Olímpicos de 2016, será o de des-
cobrir autores, captar tendências e criar projetos editoriais, com o foco na não ficção.
Segundo a Leya, “a presença no Brasil é estratégica para o cumprimento da missão de dar
a conhecer os autores em todo o espaço lusófono e do desígnio de ser um grupo editorial
de referência na língua portuguesa”. ‹
Projar na Feicon BatimatO grupo português Projar, com sede no concelho de Mortágua, esteve presente na Feicon
Batimat, que se realizou no final de Março na cidade de São Paulo. O grupo português
esteve representado através das suas participadas Bach, Sisaf e Tria, onde tiveram a opor-
tunidade de apresentar as suas soluções de portas resistentes ao fogo e outros produtos
de protecção dos edifícios contra incêndios.
Criado em 2006, o grupo Projar é presidido pelo empresário António Lourenço Ferreira,
e teve no ano passado um volume de negócios que ultrapassou os 26 milhões de euros.
As participadas do grupo estão localizadas nas cidades de Coimbra, Carregado, Almada,
Ponte de Lima e Pombal, em Portugal, além de Madrid, em Espanha. ‹
Presidente do Brasil visitou o empreendimento Aquiraz Riviera
Dilma Rousseff recebida no Hotel Dom Pedro lagunaA Presidente Dilma Rousseff visitou no passado dia 28 de Feverei-
ro o empreendimento luso-brasileiro Aquiraz Riviera, tendo pas-
sado algumas horas no Hotel Dom Pedro Laguna e aproveitado
para almoçar no restaurante “White”, que faz parte da unidade
hoteleira que é o ex-libris do empreendimento localizado a 35 qui-
lómetros da cidade de Fortaleza, a capital do estado nordestino
do Ceará.
A presidente brasileira estava acompanhada pelo Governador Cid
Gomes (Ceará) e foi recebida por Jorge Chaskelmann, Diretor Ge-
ral do Aquiraz Riviera, e por Emanuel Freitas, Gerente Geral do
Hotel Dom Pedro Laguna. Os responsáveis do maior investimen-
to de capitais portugueses no turismo brasileiro sublinharam que
o Dom Pedro Laguna constitui o primeiro hotel no resort ecoló-
gico de luxo Aquiraz Riviera, que constitui o maior empreendi-
mento turístico de padrão internacional no país, e que ocupa uma
área total de 300 hectares, estando já implementados também um
campo de golfe de 9 buracos, mas que crescerá para 18 buracos,
além de já ter sido também inaugurado o Centro de Ténis, que
compreende quatro courts e um polidesportivo, além de uma pis-
cina junto ao Club House de Golfe. ‹
Grupo aquapura quer construir resort no cearáO grupo português Aquapura apresentou em Março ao Go-
vernador Cid Gomes um projeto para a construção de um
complexo imobiliário e turístico no estado, que correspon-
derá a um investimento de cerca de 125 milhões de euros.
Projeto será desenvolvido em parceria com a empresa Juriti
e designar-se-á por Península das Águas Belas, localizado no
município de Cascavel, compreendendo um complexo de
hotéis, residenciais, campos de golfe e um parque temático
Terra da Mónica.
Segundo informação prestada pelo governo cearense resul-
tante da reunião efetuada, o projeto da Aquapura deverá
gerar cerca de 3.300 empregos diretos e mais de dez mil
indiretos. O objetivo dos promotores é de que o início das
obras do empreendimento aconteçam em Junho do corren-
te ano assim como o complexo comece a operar em 2014. ‹
municípios de moura e tauá em cooperaçãoRepresentantes da Câmara Municipal de
Moura estiveram na cidade cearense de Tauá,
na sequência de um projeto de geminação
entre as duas cidades que se iniciou em 2010.
Unem as duas cidades o facto de possuírem
cada uma delas a mais importante central so-
lar fotovoltaica em cada um dos dois países,
uma aposta decisiva nas energias renováveis,
em particular na área do solar fotovoltaico.
A delegação de Moura foi liderada pelo presi-
dente da Câmara Municipal, José Maria Pra-
zeres Pós-de-Mina, e além do Ceará visitou
também o estado de Santa Catarina e a capi-
tal federal Brasília, onde teve a oportunidade
de se reunirem com diversos organismos do
governo federal e do congresso brasileiro. A
experiência no domínio da energia renovável
em Moura foi reconhecido e apreciado por
diversos membros das autoridades do país.
De sublinhar que a delegação e Moura foi
acompanhada e apoiada no Ceará e em Brasí-
lia, pelas respetivas câmaras portuguesas de
comércio nestes dois estados brasileiros. ‹
Abril 2012 | País €conómico › 3938 › País €conómico | Abril 2012
› lUsoFonia BRasil
Centro Oeste brasileiro mostrou oportunidades em Portugal e quer aumentar intercâmbio de comércio e de investimentos. E tem apoios a conceder a quem quer investir nesta zona central do Brasil
sudeco têm 3.000 mil milhões de euros para apoiar projetos de investimento
O Distrito Federal (Brasília), Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, são os quatro
estados do Centro Oeste brasileiro, a região do país a que muitos já chamaram o “celeiro
do Brasil”. Grande parte das principais comoditties que o país produz e que permitiram
revolucionar a balança comercial brasileira na última década tiveram a sua origem no
Centro Oeste. Mas, esta zona central do território brasileiro, onde se cruzam as principais
vias rodoviárias, hidroviárias e as ferroviárias em construção, não se limita a mostrar
a sua força no designado agronegócio, aposta cada vez mais na inovação, na indústria
com incorporação de altas tecnologias e em serviços qualificados. A Superintendência de
Desenvolvimento do Centro Oeste (Sudeco), liderada por Marcelo Dourado, chefiou uma
delegação institucional e empresarial brasileira que veio a Portugal mostrar as enormes
potencialidades do Centro Oeste, mas também a sublinhar que a par do desejo do reforço
das relações comerciais nos dois sentidos do Atlântico, existem um vasto conjunto de
possíveis apoios financeiros, logísticos e fundiários que poderão constituir uma enorme
alavanca para acolher o investimento e projetos de empresas portuguesas ou de
parcerias entre empresas portuguesas e brasileiras para apostarem nesta região central
do Brasil. E a Sudeco, sublinhou Marcelo Dourado, dispõe de 7.000 milhões de reais
(cerca de 3.000 milhões de euros) para apoiar investimentos em projetos sustentáveis
na região, para além naturalmente dos apoios fiscais, estaduais e municipais que possam
complementar o apoio direto da Sudeco. Aliás, não foi por acaso que a delegação integrou
altos representantes em Portugal e na Europa (Londres) do Banco do Brasil e do BNDES,
respetivamente. Cabe agora a palavra aos empresários e decisores portugueses.
texto › JORGE ALEGRIA | FotoGRaFia › RUI ROCHA REIS
ainda desconhecida para mui-
tos portugueses, mesmo para a
maioria da classe empresarial
lusitana, o Centro Oeste constitui uma das
regiões brasileiras que registam das maio-
res taxas de crescimento. Os números do
chamado corredor Brasília-Goiânia (capi-
tal do estado de Goiás), com uma extensão
de pouco mais de duzentos quilómetros
ao longo da BR-060, são expressivos e
indiciam um crescimento do que se cos-
tuma designar por “taxas de crescimento
chinês”.
O Centro Oeste produz uma quantidade
muito expressiva das comoditties que o
Brasil produz. A balança comercial bra-
sileira com o exterior é cada vez mais
influenciada pelas enormes e crescentes
produções que partem do Centro Oeste
para o país e para o Mundo. Mas, a região
não é apenas agronegócio e comoditties,
é um enorme centro logístico articulador
e distribuidor para todo o Brasil, não sen-
do por acaso que é na cidade de Anápolis
(que dista 40 quilómetros de Goiânia e 160
quilómetros de Brasiília) que se cruzam as
estratégicas linhas ferroviárias Norte-Sul
e Este-Oeste, ambas em construção (ver
texto na página 37 desta edição onde se
relata a recente visita da Presidente Dilma
Roussseff a alguns dos troços em constru-
ção no estado de Goiás) e que prometem
revolucionar a logística brasileira.
Desde a Capital Federal (Brasília), presen-
temente a urbe brasileira com o maior
rendimento per capita de todas as cida-
des brasileiras, superando claramente
São Paulo e o Rio de Janeiro, até Campo
Grande, a capital do estado de Mato Gros-
so do Sul, passando por Goiânia (capital
do estado de Goiás) e de Cuiabá (capital
do estado de Mato Grosso), o Centro Oes-
te possui grandes potencialidades e opor-
tunidades bastantes, em todos os setores
de atividade, para merecerem um outro
olhar e uma acrescida atenção da classe
empresarial portuguesa, para não dizer
da classe empresarial internacional no
seu sentido global. Aliás, são muitas as
empresas multinacionais que têm aporta-
do aos estados em referência, não apenas
interessadas nos setores do agronegócio,
mas igualmente em setores industriais de
ponta, como são os casos dos setores far-
macêutico, automobilístico e aeronáutico,
muito importantes por exemplo no estado
de Goiás.
Todos os estados mostraram numa con-
corrida sessão realizada na AIP as po-
tencialidades de cada um dos estados
integrantes desta missão. No seu conjun-
to, apresentam condições de atração de
investimento deveras interessantes, além
de que o seu crescimento do rendimento
dos seus cidadãos colocam estes estados
num padrão de crescente consumo de
bens e serviços que formam uma oportu-
nidade para as empresas que pretendam
conquistar posições comerciais neste cada
vez mais importante mercado no contexto
interno brasileiro.
centro oeste é «a terra prometida»O Presidente da Câmara Portuguesa de
Comércio no Distrito Federal (Brasília),
Fernando Brites, na sua intervenção no
auditório da AIP apelidou mesmo o Cen-
tro Oeste como «a terra prometida», lem-
brando que dos atuais pouco mais de 10
milhões de habitantes, a região espera
chegar num prazo de 15 anos a uma popu-
lação superior a 20 milhões de habitantes,
o que significa «importar para o Centro
Oeste uma população semelhante àquela
que Portugal possui presentemente. Isso
indicia grandes potencialidades e grandes
oportunidades. Enquanto cidadão luso-
-brasileiro e presidente da Câmara Por-
tuguesa de Comércio no Distrito Federal,
desejo contribuir para que Portugal, desde
já, aproveite de forma intensa e expressi-
vamente estas potencialidades, por isso
aqui estamos a dizer claramente “venham
que nós ajudamos a concretizar as oportu-
nidades e os projetos” das empresas portu-
guesas no Centro Oeste. Aliás, já criámos
uma sucursal em Goiás e vamos criar su-
cursais da nossa câmara de comércio em
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que
depois se transformarão naturalmente em
câmaras de comércio autónomas e com
vida própria no seu esforço de pugnar
pelo incremento das relações comerciais
e empresariais entre cada um dos seus es-
tados e Portugal», sublinhou o empresário
vindo de Brasília.
Na sessão que decorreu num auditório da
AIP completamente repleto de empresá-
rios portugueses, destaque para as apre-
sentações que os diversos representantes
dos estados brasileiros do centro oeste
efetuaram. António Apolinário Figueire-
do falou em representação do governo do
Distrito Federal e das potencialidades de
Brasília, enquanto Igor Montenegro e Or-
cínio Silva Júnior, intervieram em repre-
sentação do governo do estado de Goiás,
estado que esteve também exemplarmen-
te representado por Pedro Alves de Olivei-
Abril 2012 | País €conómico › 4140 › País €conómico | Abril 2012
› lUsoFonia BRasil
ra, Presidente da Federação das Indústrias
do Estado de Goiás. Já Mato Grosso esteve
representado por Márcio Luiz de Mes-
quita, enquanto Paulo Engel interveio a
mostrar o melhor de Mato Grosso do Sul.
Finalmente, destaque igualmente para as
intervenções de Renato Gerúndio, prin-
cipal responsável do Banco do Brasil em
Portugal e de Vinícius Vidal de Almeida,
responsável do BNDES na Europa (Lon-
dres).
Aliás, estes dois elementos foram muito
procurados por vários empresários por-
tugueses, bastante interessados em saber
das condições de financiamento que pode-
rão encontrar para operarem no mercado
brasileiro.
No entanto, é necessário destacar a inter-
venção de Marcelo Dourado, Superinten-
dente da Sudeco, o organismo do Minis-
tério da Integração Nacional e que gere o
designado FCO – Fundo Constitucional
de Financiamento do Centro Oeste, o
principal instrumento de apoio ao desen-
volvimento económico e social da região
central do Brasil e que dispõe de cerca
de 7.000 milhões de reais (cerca de 3.000
milhões de euros) para apoiar projetos de
desenvolvimento empresariais e de infra-
estruturas no Centro Oeste.
Marcelo Dourado lembrou que é nas épo-
cas de crise que se geram as grandes opor-
tunidades. Sublinhou que o Centro Oeste
possui em abundância os três recursos
fundamentais que asseguram o progres-
so da humanidade: terra, água e sol. Mas
assegurou que a região é presentemente
uma zona em forte crescimento e que pos-
sui espaço e condições ímpares para que
todos possam intervir e se desenvolver.
Incluindo, naturalmente, «os empresários
portugueses, que são muito bem-vindos e
temos um forte conjunto de apoios para
aqueles que de forma sustentada queiram
apostar e investir no Centro Oeste».
Destaque nesta visita a Portugal para a ré-
plica da conferência realizada na AIP para
a que decorreu dois dias depois na AEP,
em Matosinhos, a que se seguiu uma im-
portante visita ao Centro Ibérico de Nano-
tecnologia em Braga. Antes da subida ao
norte do país, a delegação visitou também
a Central Solar Fotovoltaica na Amareleja
e esteve na cerimónia da inauguração da
Fase 1B do terminal XXI do Porto de Si-
nes, admitindo vários membros da missão
brasileira que o principal porto português
de águas profundas, e que já possui uma
rota marítima direta com o Brasil, ligan-
do os portos de Santos e de Itaqui (Mara-
nhão) ao próprio porto de Sines, poderá
constituir no futuro uma excelente opor-
tunidade para receber as mercadorias do
Centro Oeste em trânsito para o continen-
te europeu.
No breve diálogo que mantiveram com o
Primeiro-Ministro português, Pedro Pas-
sos Coelho, essa possibilidade foi aflorada
e ficou a promessa de novas conversas so-
bre esta matéria. ‹
Presidente do Brasil visitou obras ferroviárias em Anápolis (Goiás)
obras ferroviárias são para acelerarA Presidente Dilma Rousseff visitou as obras de construção da
Ferrovia Norte-Sul, entre as cidades de Anápolis e Goianira, am-
bas no estado de Goiás. Acompanhada do Governador de Goiás,
Marconi Perillho, a presidente brasileira visitou as obras do túnel
2 nesse trecho ferroviário entre Anápolis (Goiás) e Palmas, capital
do vizinho estado do Tocantins. A ferrovia faz parte do Programa
de Aceleração do Crescimento (PAC) e quando ficar totalmente
concluída terá cerca de três mil quilómetros de extensão que fa-
rão a integração de várias regiões do país, permitindo reduzir o
custo do transporte de cargas e favorecimento de projetos agro-
pecuários e agroindustriais nesse eixo. Na ocasião, o Governador
Marconi Perillo sublinhou que a Ferrovia Norte-Sul vai mudar
o perfil económico de Goiás, com melhoria na área da logística.
O projeto da ferrovia é executado pela Valec – Engenharia, Cons-
truções e Ferrovias, uma empresa pública pertencente ao Minis-
tério dos Transportes. ‹
osorinho em lisboaA Expedição Turística de Osorinho, no município de Ser-
ranópolis, região sudoeste do estado brasileiro de Goiás,
será apresentada como modelo no 13º Congresso Mundial
de Sociologia Rural, que decorrerá de 29 de Julho a 4 de
Agosto próximo, em Lisboa, congresso esse subordinado
ao tema “O novo mundo rural: da crise às oportunidades”.
A Expedição Turística de Osorinho é promovida pela Asso-
ciação de Condutores de Turismo de Expedição de Serra-
nópolis desde 2009, contando para o efeito com o apoio da
própria Prefeitura de Serranópolis, por meio da Secretaria
de Cultura e Turismo, além do Sebrae Goiás. A Expedi-
ção deve-se ao guia Osório Rodrigues de Moraes, que aos
74 anos ainda é uma figura lendária naquele município
localizado a 364 quilómetros de Goiânia, a capital de Goi-
ás. Em Lisboa, a Expedição do Osorinho será apresentada
pela professora Cátia Assis Leal, da Universidade Federal
de Goiás, do campus Jataí (GO) – cidade vizinha de Serra-
nópolis. A intervenção dos técnicos do Sebrae-GO foi o de
transformar o potencial em produto turístico formatando
numa perspetiva de sustentabilidade social e ambiental. ‹
empresas em manaus beneficiam de isençõesAs vendas internas realizadas pelas empresas instaladas na Zona Franca de Manaus,
no estado brasileiro do Amazonas, estão isentas de pagar o Programa de Integração
Social (PIS) e a Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Confins).
Esta confirmação foi feita pela 2ª turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) que
equiparou os embarques feitos pelas companhias às exportações, em processo mo-
vido pela Fazenda Nacional contra a Samsung Brasil. O ministro relator do processo
sublinhou no seu acórdão que “a interpretação do artigo 4º do Decreto-Lei nº 288,
de 1967, não deve ser restritiva, como entende a Fazenda Nacional. O dispositivo
equipara a tributação das entradas de produtos na Zona Franca à das exportações”. A
decisão do STJ foi unânime. ‹
Delegação de Goiás com a representante da AIP
Paulo Engel – Mato Grosso do Sul Marcelo Dourado – SUDECO António Figueiredo – Distrito Federal
Abril 2012 | País €conómico › 4342 › País €conómico | Abril 2012
› lUsoFonia BRasil
Btl promoveu Brasil como destino turístico
a BTL – Bolsa de Turismo de Lis-
boa destacou este ano o Brasil
enquanto país convidado, pelo
que o stand do turismo brasileiro na
FIL ocupou uma área bem superior ao
que normalmente ocupou em anos an-
teriores, além de que a TAP efetuou um
esforço acrescido em coordenação com
a Embratur para trazer mais operadores
turísticos europeus a Lisboa, que assim
tiveram uma oportunidade suplementar
de conhecer com maior profundidade e
detalhe as potencialidades e os circuitos
turísticos nos diversos estados brasileiros,
também eles presentes em força no certa-
me lisboeta.
Os maiores destaques este ano na repre-
sentação brasileira na BTL foram para a
promoção dos estados do Rio Grande do
Sul, Distrito Federal (Brasília), Goiás e
Amazonas, para além da forte aposta da
cidade de São Luís, a capital do estado
nordestino do Maranhão.
A País €conómico conversou com al-
guns dos representantes destes estados e
cidades brasileiras, tendo referido Gisela
Camargo, da Secretaria de Turismo do Rio
grande do Sul, que depois da abertura das
ligações aéreas diretas entre Porto Alegre
e Lisboa, é agora possível aos gaúchos e
aos portugueses conhecerem o que me-
lhor possuem as duas culturas, onde o
turismo deverá desempenhar um impor-
tante papel.
Já Luís Otávio Rocha, secretário do Turis-
mo do Distrito Federal, lembrou a monu-
mentalidade de Brasília e o enorme poten-
cial turístico da cidade que os portugueses
deverão descobrir. Descoberta de Goiás é
o que pretende também Thiago Ferreira,
da Secretaria de Turismo do Estado de
Goiás, lembrando as maravilhas do cerra-
do e as águas quentes que fazem do esta-
do o possuidor do maior conjunto termal
do Brasil.
Já mais para norte, destaca-se a aposta da
Secretaria de Turismo da cidade de São
Luís, a capital do estado do Maranhão,
onde o secretário Liviomar Costa recor-
dou que a cidade é um autêntico museu
da presença portuguesa naquela parte do
Brasil, destacou também alguns inves-
timentos hoteleiros portugueses já con-
cretizados na cidade, como são os hotéis
Luzeiros e Pestana São Luís. Registámos
a intensa atividade desenvolvida em Lis-
boa, nomeadamente para a TAP avançar
no futuro com voos diretos entre Lisboa e
São Luís. A demarche não foi bem sucedi-
da, apurámos, mas parece que a tentativa
junta da Atlantic Airways, pertencente
ao Grupo Pestana e a Tomaz Metelo po-
derá ter mais sucesso em termos de levar
alguns voos charters para a capital mara-
nhense.
Oreni Braga da Silva é a presidente da
Amazonastur, o organismo estadual do
estado do Amazonas, e que considera que
as belezas do seu estado, a começar pela
capital Manaus, a cidade mais a norte
do Brasil que receberá jogos da Copa do
Mundo em 2014, merecem uma visita dos
portugueses, que afinal foram dos primei-
ros europeus a penetrarem nesse territó-
rio belíssimo há alguns séculos atrás. ‹
Procopa financia turismoO BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econó-
mico e Social anunciou a aprovação de um financiamento
de cerca de 32 milhões de reais (cerca de 13,5 milhões de
euros) para a ampliação e modernização de três hotéis
em Pernambuco. O financiamento corresponde a 96% do
investimento total, e foram concedidos no âmbito do pro-
grama BNDES ProCopa Turismo. Até ao momento, este
programa já financiou a reforma ou construção de dez
unidades hoteleiras nos estados de Pernambuco, Rio de
Janeiro, Rio Grande do Norte, Bahia e São Paulo. ‹
Abril 2012 | País €conómico › 4544 › País €conómico | Abril 2012
› lUsoFonia áFRica
Banco da cGD e da sonangol vai avançarPoucos dias depois do Chairman da CGD (Faria de Oliveira), agora
foi o ministro das Finanças de Portugal (Vítor Gaspar) a afirmar
em Luanda que o arranque do novo banco de investimento ofi-
cialmente criado em 2009 entre a Caixa Geral de Depósitos e a
Sonangol, entrará em operação até ao final do presente ano.
No final de Fevereiro, um administrador da Sonangol tinha refe-
rido com o início das operações da futura instituição financeira
estava dependente da evolução da conjuntura financeira interna-
cional, mas depois de contatos diretos com o governo angolano e
com próprio banco Nacional de Angola, foi agora o próprio mi-
nistro português a confirmar que a instituição que será detida em
partes iguais pela CGD e pela Sonangol, vai mesmo avançar em
2012.
Na altura da assinatura do acordo entre a CGD e a Sonangol, era
assumido que o futuro banco de investimento a constituir pelas
duas instituições tinha como principais objetivos o de apoiar e
financiar projetos de maior dimensão na economia angolana, par-
ticularmente na área das grandes infra-estruturas. ‹
Pt lançou serviço inovador em cabo VerdeA CVMóvel, operadora de telecomuni-
cações de Cabo Verde e participada da
Portugal Telecom, lançou recentemen-
te um serviço inovador no arquipélago,
precisamente o “Dá Saldo Internacional”.
Presente na apresentação deste novo ser-
viço esteve Zeinal Bava, o presidente exe-
cutivo da Portugal Telecom, que aprovei-
tou a oportunidade para sublinhar que a
“comunidade cabo-verdiana em Portugal
é muito grande, pelo que, para que estas
pessoas se mantenham em contato com
as que estão em Cabo Verde, vamos lançar
agora este serviço”.
O “Dá Saldo Internacional” consiste na
possibilidade de qualquer cliente TMN
efetuar carregamentos em Portugal para
a população cabo-verdiana residente em
qualquer das ilhas de Cabo Verde, cliente
da CVMóvel. A solução inversa dos carre-
gamentos móveis – CVMóvel/TMN – já
está a ser desenvolvida e deverá ser lan-
çada em breve.
Zeinal Bava aproveitou para referir na
ocasião que a CVMóvel constitui uma re-
ferência na inovação não só em Cabo Ver-
de mas em toda a África. ‹
Hipogest constrói rede de frio em angolaAproveitando a presença da ministra da Agricultura Assunção Cristas em Angola,
a Hipogest anunciou que em parceria com empresários angolanos vai avançar com
um investimento de 38 milhões de euros para criar naquele país africano uma rede
de frio a nível nacional, criando para o efeito cinco pólos no país, podendo assim
melhor garantir o escoamento e distribuição de produtos alimentar no território.
A ministra portuguesa sublinhou na ocasião a grande experiência de Portugal nas
áreas da logística, do frio e da refrigeração, destacando a propósito do anunciado
investimento da Hipogest que «a presença de empresas portuguesas em Angola
é conhecida em várias áreas, desde o ambiente ao tratamento de águas, passando
pelo saneamento e gestão de resíduos, construção e também na agricultura há pre-
sença de empresas portuguesas. É muito crítico Angola dar este passo para ter uma
rede de frio que permita que a produção aumentando possa também chegar em
boas condições ao seu destino». ‹
cimpor pode construir fábrica em moçambiqueA Cimentos de Moçambique, participada da Cimpor no país da África Austral, está
a estudar a construção de uma fábrica, projeto que poderá representar um investi-
mento de 100 milhões de euros. Segundo referiu à Bloomberg o CEO da Cimentos
de Moçambique, João Nunes Pereira, «estamos a realizar os estudos de viabilidade
de instalar uma fábrica de produção de clinquer junto à nossa unidade em Dondo».
Caso o projeto venha a avançar demorará cerca de 36 meses a ser implementado.
Entretanto, a cimenteira portuguesa, cujo capital é maioritariamente detido pelas
brasileiras Votorantim e Camargo Corrêa, fechou o ano transacto com um cresci-
mento de 13,1% do seu volume de negócios no Brasil, tendo atingido 688,9 mi-
lhões de euros, consolidando-se assim como o principal motor de crescimento da
Cimpor. Já em Portugal, a empresa fechou as contas com um volume de negócios
de 378,2 milhões de euros, enquanto na vizinha Espanha teve negócios de 249,8
milhões de euros. ‹
sumol-compal investe 8 milhões em moçambiqueO Grupo Sumol-Compal assinou um acordo para a aquisição de uma unidade
fabril em Moçambique, num “investimento da ordem dos oito milhões de euros”,
estando previsto para o “primeiro ano de actividade de uma fábrica que deverá
garantir a produção e comercialização de produtos das marcas da empresa no
mercado de Moçambique e em 12 dos restantes 13 países” que também fazem
parte da Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral. No entanto,
fonte da empresa, referiu que apesar de pertencer à SADC, Angola não ficará
abrangida por este projeto.
Segundo o comunicado da empresa, no ano passado, a Sumol+Compal vendeu
um total de 80 milhões de euros para os mercados externos, um acréscimo de
30% face ao período homólogo. ‹
mota-engil e Visabeira em moçambiqueA Mota-Engil e a Visabeira conseguiram um
novo contrato de obras em Moçambique, numa
adjudicação no valor de cerca de 30 milhões de
euros, respeitante à empreitada de construção
de uma parcela do corredor ferroviário da Beira,
numa extensão de 68 quilómetros. A obra deverá
iniciar-se em breve e depois decorrerá ao longo
de seis meses. ‹
ies e insead em moçambiqueMoçambique será o primeiro país lusófono a
receber programas do Instituto do Empreendo-
rismo Social (IES), de acordo com o protocolo
assinado com a escola de negócios Insead. O
acordo tem o apoio da Câmara de Cascais e da
Fundação EDP, sendo Moçambique o primeiro
país lusófono a receber os programas IES – Po-
wered by INSEAD já em 2012, com o apoio da
Odebrecht. Com este programa de investigação
e formação, o Insead quer contribuir para a cria-
ção e disseminação de modelos de gestão para o
sector da inovação social. ‹
Abril 2012 | País €conómico › 4746 › País €conómico | Abril 2012
› lUsoFonia áFRica
Associação Comercial de Lisboa promoveu conferência sobre recursos e oportunidades no espaço da CPLP
lusofonia é crucial para as empresas portuguesaso espaço dos países lusófonos, que
presentemente comportam qua-
se 250 milhões de habitantes nos
oito países que compõem, assume uma
importância cada vez mais decisiva para
Portugal e para as empresas portuguesas.
A descontinuidade geográfica da CPLP
– Comunidade dos Países de Língua Por-
tuguesa, que noutros tempos poderia ser
considerada uma entropia, é assumida no
presente com um fator potenciador para
cada um dos países que a compõem, e na-
turalmente também para o próprio con-
junto dos oito países integrantes.
O fato de grande parte de cada um dos
países pertencerem a uma organização
regional releva a sua importância estra-
tégica para os seus parceiros no âmbito
da CPLP. O fato de Portugal pertencer à
União Europeia, é importante para os res-
tantes membros da CPLP. Assim como a
pertença do Brasil no Mercosul, de Angola
e de Moçambique na SDAC, ou da Guiné-
-Bissau e de Cabo Verde na CEDEAO.
No entanto, avisadamente, nesta conferên-
cia organizada pela Associação Comercial
de Lisboa (ACL), o Presidente da Direção
da ELO (e também responsável da Confe-
deração Empresarial da CPLP), Francisco
Mantero, veio recordar que o PIB dos oito
países integrantes da CPLP corresponde a
3,5% do PIB mundial, e que 4,2% do co-
mércio mundial tem origem nos oito paí-
ses integrantes da CPLP, mas no interior
da organização, o comércio efetuado entre
os próprios oito estados membros é muito
pequeno, para não dizer insignificante.
Por outro lado, Francisco Mantero tam-
bém veio dizer que a União Europeia
dispõe de um orçamento para a coopera-
ção com os países ACP (África, Caraíbas
e Pacífico) superior a 50 mil milhões de
euros, dos quais 4,6 mil milhões de euros
poderão ser alocados a projetos empre-
sariais da iniciativa privada. No entanto,
existe um fraco aproveito desses recursos
financeiros disponíveis por partes das em-
presas, nomeadamente das empresas por-
tuguesas, o que se torna urgente alterar.
exemplos de sucesso empresarial no mundoNesta conferência ouviram-se testemu-
nhos de empresas portuguesas de refe-
rência no domínio da internacionaliza-
ção, como são os casos da bicentenária
Pinto Basto (agência de navegação) e da
Efacec, cujo protagonismo e visibilidade
nos últimos anos atingiram uma forte ex-
pressão, a primeira em Angola, a segunda
em várias partes do globo, incluindo em
vários países da CPLP. Aliás, presente na
ACL esteve Alberto Barbosa, membro da
Comissão Executiva da empresa, que re-
cordou que a Efacec ultrapassou no ano
passado pela primeira vez o patamar de
vendas de mil milhões de euros, mas que
75% já provém dos mercados externos,
mercados onde se concentram 2.100 dos
4.900 trabalhadores que a empresa possui
a nível mundial. E sublinhou que no nú-
mero referido do exterior, são mais de 400
os que correspondem à operação brasilei-
ra e que no que concerne à presença em
Angola e Moçambique já ultrapassam as
duas centenas.
Todavia, também é de realçar os teste-
munhos de Alberto Barbosa e de Bruno
Bobone (Pinto Basto) quanto à diferença
entre cada um dos mercados que corres-
pondem aos oito países da CPLP. «Cada
um é diferente do outro, a língua é seme-
lhante, mas existem muitas questões dife-
rentes, incluindo no plano das legislações
aplicáveis a diversos domínios da ativi-
dade económica e comercial», sublinhou
Bruno Bobone. Antes da declaração final
de Domingos Simões Pereira, Secretário
Executivo da CPLP, merece uma especial
referência a intervenção de Fernando Bri-
tes, Presidente da Câmara de Comércio
Brasil-Portugal em Brasília, que aprovei-
tou a ocasião para sublinhar as potenciali-
dades do Centro Oeste brasileiro, enquan-
to polo de forte dinamismo e progresso
económico e empresarial, enfatizando o
fato do FCO – Fundo Constitucional de
Financiamento do Centro Oeste dispor de
3.000 milhões de euros para apoiar proje-
tos empresariais na região do Brasil que
mais cresce, o que naturalmente poderá e
deverá constituir uma oportunidade para
as empresas portuguesas.
O Secretário Executivo da CPLP encerrou
a conferência reforçando a ideia da im-
portância da integração de cada país inte-
grante da CPLP nas dinâmicas regionais
de cada um deles, na medida em que isso
deverá potenciar o seu papel facilitador
de integração das empresas dos restantes
países da CPLP.
Domingos Simões Pereira sublinhou tam-
bém que as várias etapas de aprofunda-
mento na integração dos países da CPLP
deverão levar brevemente à criação do
Conselho Económico e Social da CPLP,
aprofundando assim as dinâmicas econó-
micas e sociais entre os povos e respetivas
organizações no interior dos oitos países
que falam português no mundo. ‹ Miguel Horta e Costa – FIEP Domingos Simões Pereira – CPLP Alberto Barbosa – Efacec
Abril 2012 | País €conómico › 4948 › País €conómico | Abril 2012
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«Queremos crescer de maneira sustentável»
Há mais de vinte anos no mercado da fabricação de reclamos luminosos, a Reclamoeste
– Reclamos Luninosos do Oeste, Lda é considerada uma referência nesta área de
actividade. Sob a batuta de Ângelo Costa, Director Geral da Reclamoeste, esta emprsa de
Casais de Santa Bárbara, Lourinhã, tem registado um crescimento sustentado fruto de
um gestão cuidada que tem sido fortificada por uma equipa de profissionais de elevada
capacidade. Já foi distinguída com os estatutos de PME Lider e PME Excelência 2011,
atributos que para Ângelo Costa revelam a confiança que a Banca e o próprio IAPMEI
depositam na sua empresa.
texto › VALDEMAR BONACHO | FotoGRaFia › RUI ROCHA REIS
A RECLAMOESTE, Reclamos Luminosos
do Oeste, Lda. Foi constituída em 10 de
Dezembro de 1990, passou a cariz familiar
a partir de 1992, e em Dezembro de 2005,
mais precisamente a 20 de Dezembro,
deixou o cariz familiarpara poder deste
modo seguir novos voos.
No entender de Ângelo Costa, Director Ge-
ral da Reclamoeste a referida alteração da
estrutura societária visou inclusivamente
fazer a empresa crescer de uma forma
sustentada «num mercado extremamente
competitivo como o dos reclamos lumino-
sos».
Segundo este empresário, o mercado dos
reclamos luminosos é bastante aguerrido,
mas tem uma particularidade: «Apare-
cem muitas empresas, mas depois e por
diferentes vicissitudes, desaparecem».
Porquê esta constatação? «Porque este
tipo de empresas exige também um pro-
fissionalismo na sua gestão», recordou o
nosso entrevistado, que a propósito disse
ainda: «Uma empresa como a nossa dis-
põe de uma gama de valências técnicas
diferenciadas, desde as visitas aos clien-
tes e à prospecção de mercado, trabalho
que tem de ser exercido por profissionais
extremamente preparados e atentos. Um
comercial que não domine este mercado e
que se inicie de novo, nunca está bem pre-
parado para poder aconselhar um cliente
em menos de um ano ou um ano e meio.
Quando vemos um reclamo luminoso
ou vemos trabalhos que são quase artís-
ticos, não nos apercebemos das grandes
dificuldades que envolvem esta matéria,
e um comercial nunca demora menos de
um ano ou um ano e meio para estar bem
preparado e dominar esta área de activi-
dade», resumiu Ângelo Costa.
E tem sido fácil conseguir estes profissio-
nais? Ângelo Costa é peremptório na res-
posta. «Não tem sido fácil. Hoje em dia a
Reclamoeste tem uma equipa comercial
de três elementos, dois séniores e um
outro que tem um ano e pouco de activi-
dade nesta área, mas para se conhecer os
produtos, saber interpretar aquilo que o
cliente deseja, não é por vezes fácil, exige
tempo e muito trabalho».
Pme líder e Pme excelênciaQuando Ângelo Costa adquiriu a Recla-
moeste, foi com o intuito de torná-la mais
moderna e competitiva. «Como é sabido,
a esmagadora maioria das empresas fami-
liares estagnam ou ficam pelo caminho,
muitas das vezes fruto de desentendimen-
tos entre familiares. Há excepções, mas
por regra é assim. E no caso concreto da
Reclamoeste, começámos por fazer um
diagnóstico à empresa nas suas diferentes
vertentes – um diagóstico operacional e
estratégico -, a partir daí traçámos um pla-
no de acção da empresa que veio permitir
o seu crescimento, e em 2008 tivémos a
grata satisfação de vermos a Reclamoes-
te ser distinguída com o estatuto de PME
Líder, e em 2011, pela sua forma dec estar
no mercado em todas as suas vertentes, a
Reclamoeste viu ser-lhe atribuído o estatu-
to de PME Excelência. Isto foi importante
para nós, porque estas distinções revelam
da parte da Banca e do IAPMEI o reconhe-
cimento de que somos uma empresa séria
e de confiança, que desempenha exem-
plarmente os seus métodos de gestão e
métodos de trabalho», lembra o Director
Geral da Reclamoeste.
Reclamoeste: empresa especializadaA Reclamoeste é uma empresa especiali-
zada na produção de todo o tipo de supor-
tes publicitários, com especial incidência
na fabricação de publicidade luminosa.
É uma empresa que ao longo dos anos
tem sabido criar valor acrescentado para
os seus clientes, baseado em trabalho de
equipa e relações de confiança, pondo à
disposição do mercado uma oferta diver-
sificada de produtos e serviços, onde se
Abril 2012 | País €conómico › 5150 › País €conómico | Abril 2012
› emPResaRiaDo
destacam: Reclamos Luminosos, Pórticos,
Mupis, Outdoors, Neons, Decoração de
Viaturas, Quiosques, Estores/Cortinas Pu-
blicitárias, Design Gráfico, e Soluções para
Imagem Corporativa.
Ângelo Costa diz-se satisfeito por ver a sua
empresa crescer. «Fico imensamente satis-
feito, mas isto é resultado de um trabalho
de equipa. Eu sozinho não conseguiria
fazer o que estamos a fazer, mas tudo é
mais fácil quando se tem, como é o nosso
caso, uma equipa de bons colaboradores e
bons profissionais que com o seu esforço
e a sua dedicação têm ajudado a empresa
a crescer sustentadamente e a tornar-se
cada vez mais competitiva», reconheceu o
Director Geral da Reclamoeste.
Uma empresa de grande consciência socialO plano de acção a que Ângelo Costa se
refere visou à Reclamoeste a procura de
novos mercados. «De facto este foi um
dos objectivos deste plano de acção. Mas
quando falamos em mercados, temos de
ver aqui duas situações. No que concerne
à situação de novos mercados ao nível do
trabalho feito em Portugal, nós estamos
muito virados para os Reclamos Lumino-
sos, mas há a área Publicitária, a área dos
Pórticos, a área dos Outdoors, e também
a área de Interiores, que vamos desenvol-
vendo e valorizando de uma forma cal-
culada. Sabendo que o desenvolvimento
destas áreas implica investimentos, temos
de saber calcular o tempo desses investi-
mentos, até porque temos também que
levar em conta a imprevisibilidade de al-
guns mercados, que por vezes se mostram
um pouco “traiçoeiros”. Às vezes seguimos
um caminho que nos parece ser o melhor,
e depois somos surpreendidos. Tudo isto
tem de ser levado em conta numa activi-
dade como a nossa. Tem de haver sempre
um risco calculado a nível dos investi-
mentos, porque já quase 30 famílias de-
pendem das nossas decisões», sublinha
Ângelo Costa, para a este propósito acres-
centar ainda: «A Reclamoeste dá emprego
a 26 pessoas , e há que ter um pouco de
cuidado com esta matéria, porque qual-
quer opção errada que se tome, ela pode
conduzir a situações desagradáveis para
outras pessoas. Temos de ter aqui uma
grande consciência social de modo a que
as nossas decisões não impliquem danos
colaterais para as pessoas que aqui traba-
lham».
Ângelo Costa adquiriu a Reclamoeste em
Junho de 2004, e desde então tem incuti-
do nela o mesmo aspecto socializante que
adapta em relação a outras empresas a
que está ligado, como é o caso da Prorácio,
que desenvolve a sua actividade de con-
sultoria orientada para o crescimento dos
seus clientes.
«Tenho tido esta filosofia de vida em rela-
ção a todas as empresas a que tenho esta-
do ligado. Fui durante algum tempo tra-
balhador por conta de outrém, e por isso
mesmo aprendi a respeitar aqueles que
comigo hoje trabalham», deixa bem vin-
cado o Director Geral da Reclamoeste, um
homem que durante anos esteve ligado
ao sector automóvel, e que em 1992 fun-
dou a Prorácio. «Todos nós temos na vida
a ambição de um dia trabalharmos por
conta própria, surgiu essa oportunidade, e
não hesitei. Felizmente temos crescido de
maneira harmoniosa e isso deixa-me or-
gulhoso e com vontade de ir mais além»,
revelou Ângelo Costa.
O Director Geral da Reclamoeste não gos-
ta de se considerar um empresário de su-
cesso. Ele diz que tudo isto é subjectivo.
«Falar-se hoje em empresários de sucesso
é muito relativo, porque (como sabe) há
empresas que apesar de serem bem geri-
das e bem administradas, hoje estão bem,
mas passados uns meses ou alguns anos,
podem vir a enfrentar uma realidade bem
diferente, para pior. Há hoje um proble-
ma grave que se está a passar no merca-
do português e que está a a conduzir à
queda de algumas empresas, até mesmo
boas empresas, que é a falta de liquidez
proveniente do não pagamento dos clien-
tes. Existem no país empresas que foram
sempre certinhas nas suas contas e que
hoje, face a este tipo de procedimentos, lu-
tam com extremas dificuldades. E nós não
queremos cair neste caminho. Queremos
honrar sempre os nossos compromissos,
impondo uma gestão criteriosa e verda-
deira», disse Ângelo Costa.
Dirigir uma equipa coesa e disciplinadaCom 58 anos de idade, Ângelo Costa já
tem uma experiência considerável como
empresário e, como tal, sabe reconhecer
o esforço e o trabalho daqueles que hoje
para ele trabalham, tudo fazendo para
manter esta equipa vitoriosa.
«Temos tentado ter um naipe de remu-
nerações acima da média do mercado, te-
mos tentado (e conseguido) manter bons
níveis de formação porque há áreas que
comportam equipamentos novos que ad-
quirimos e que exigem um tipo de forma-
ção específica, isto para já não falar das
exigências informáticas própria da época
em que vivemos, e que é matéria a levar a
sério. No grupo de 26 pessoas que cons-
tituem o quadro da Reclamoeste, 5 são
licenciadas». ‹
Abril 2012 | País €conómico › 5352 › País €conómico | Abril 2012
› emPResaRiaDo
António Almeida Henriques em Paredes, não tem dúvidas
norte será motor de crescimento económico do país
o secretário de Estado Adjunto do Ministro da Econo-
mia, António Almeida Henriques, foi o convidado
principal da Conferência “Exportações – Uma Lição
do Norte”, uma iniciativa conjunta do Município de Paredes
e do semanário Grande Porto, e sublinhou que «Portugal não
pode virar as costas à Europa», mas acrescentou que dificil-
mente as exportações portuguesas poderão crescer nos mer-
cados europeus.
«Onde está então o nosso futuro», interrogou-se Almeida Hen-
riques, para logo dar a sua opinião de que «precisamente do
lado contrário, ou seja, em países da América Latina e África,
onde podemos tirar partido da língua portuguesa como plata-
forma de negócio». Falando para empresários de um concelho
que é líder do cluster português do mobiliário, o presidente da
Câmara de Paredes, Celso Ferreira, lembrou que o município
em 2007 tinha mais de nove mil empresas, mas no presente se
cingem a cerca de 7.200, mas «produzimos, ainda hoje, cerca
de 65% do mobiliário português, mas passámos de mais de
1.260 fábricas para pouco mais de 700».
No ano passado, segundo Gualter Morgado, presidente da As-
sociação Empresarial de Paredes, as exportações de mobiliário
das empresas do concelho de Paredes ascenderam a 390 mi-
lhões de euros, levando a que Almeida Henriques sublinhasse
que «temos de olhar para o Norte do país como o motor do
crescimento económico do país, já que se trata de uma região
que representa cerca de 40% do total das exportações nacio-
nais». ‹
Amorim Energia compra parte da posição da ENI na Galp Energia
américo amorim será o novo chairman
Américo Amorim vai ser o novo Chairman da Galp Energia, substituindo no cargo
Murteira Nabo. O atual CEO da petrolífera, Manuel Ferreira de Oliveira, mantém-
se também no cargo que tem desempenhado ao longo dos últimos anos. Estas
confirmações surgem depois da Amorim Energia ter informado a CMVM de que tinha
assinado um acordo com a ENI e a Caixa Geral de Depósitos, de modo a ter a opção de
compra de até 15,34% do capital detido pela ENI, possibilitando assim o reforço futuro
para uma percentagem de 48,68%.
o acordo estabelecido pelas três
partes – Amorim Energia, ENI
e CGD – liberta a ENI da obri-
gação de vender em bloco a sua posição
de 33,34% que detém na Galp Energia,
enquanto a própria Amorim Energia cede
os direitos de preferência sobre os 18%
remanescentes do capital detido pela
empresa italiana, que assim venderá no
mercado ou a instituições financeiras essa
percentagem, embora o vá fazer de forma
faseada.
No mesmo acordo, ficou estabelecido que
a Caixa Geral de Depósitos garante o “di-
reito de exigir a venda da participação de
que dispõe, 1% do capital da Galp Energia
no âmbito da (s) venda (s) da participação
referida, de 18% da ENI”.
No acordo estabelecido ficou igualmente
consagrado que o empresário Américo
Amorim, que controla a maioria do capi-
tal da Amorim Energia, será o novo presi-
dente do Conselho de Administração da
Galp Energia, substituindo na função o
atual presidente Francisco Murteira Nabo.
Com a entrada de Américo Amorim para
Chairman da petrolífera ficou logo asse-
gurada a manutenção de Manuel Ferreira
de Oliveira no cargo que já desempenha
de Presidente da Comissão Executiva da
Galp. Por outro lado, em face do acordo
agora estabelecido, se é certo que se ini-
cia o caminho para a saída progressiva
da ENI da Galp Energia, com o acordo da
empresa italiana vender no mercado ou
a instituições financeiras os seus rema-
nescentes 18%, poderá ficar igualmente
aberto o caminho para a entrada direta
da petrolífera angolana Sonangol no ca-
pital da Galp, ambição sempre afirmada
pela empresa angolana, mas negada até
agora pela própria Amorim Energia,
onde a Sonangol e a empresária Isabel
dos Santos controlam apenas uma parte
minoritária da holding energética lidera-
da por Américo Amorim. ‹
Abril 2012 | País €conómico › 5554 › País €conómico | Abril 2012
› economia iBÉRica
Internacionalizar não é só uma palavra; é uma atitude. Significa orientar e desenhar
a atividade da empresa de acordo com esse fim. As dificuldades são muitas: culturais,
geográficas, tecnológicas, legais... Daí a necessidade de alinhar todos os departamentos
em prol do objetivo comum. E, tendo em conta as dificuldades que estão a sentir muitas
pmes, esse trabalho não sempre é fácil.
Por isso, convém conhecer e estudar os programas de
apoio à internacionalização. Espanha em geral e a Galiza
em particular oferecem excelentes programas que po-
dem e devem ser aproveitados pelos empresários portugueses. A
seguir analisamos os mais relevantes, demonstrando que o merca-
do ibérico significa também tirar vantagem destas oportunidades.
Para qualquer dúvida ou sugestão não hesitem em contatar-nos
notícias Da GaliZa e Da eURo-ReGiÃo GaliZa-noRte De PoRtUGal
PonteVeDRa liDeRa o comÉRcio exteRioR esPanHol De PeixeA Alfândega da província de Pontevedra registou aproximada-
mente 500 mil toneladas das 1,327 milhões de toneladas de peixe
importado a nível nacional. Nas exportações, das 816 de toneladas
nacionais, 350 mil corresponderam a Pontevedra.
Nesse sentido, Espanha é o principal país tanto importador como
exportador da UE durante o 2011. A seguir a Espanha no capítulo
importador, temos a Alemanha, com 817 mil toneladas e França,
com 816 mil toneladas; no capítulo exportador, temos os Países
Baixos com 653 mil toneladas e a Dinamarca, com 539 mil tone-
ladas.
o salÃo FRanQUiatlántico celeBRoU a sUa xii eDiçÃo em ViGoA XII edição de Franquiatlántico celebrou-se nos dias 3 e 4 de
Março no Auditório Mar de Vigo e à qual assistiram quatro mil
pessoas, a maioria empreendedores interessados em informar-se
sobre o modelo de negócio e empresários à procura de um fran-
chising.
O salão reuniu duzentas marcas representadas por quarenta fir-
mas. Entre os setores presentes figuram agências de viagens, res-
tauração, moda, informática, clínicas, educação, compra e venda
de ouro, impressão, telecomunicações e lojas eróticas. Também
participaram consultoras nacionais e internacionais e os princi-
pais suportes digitais do setor, bem como o Igape e a Conselleria
de Educação. O salão repetirá o próximo ano em Vigo com mais
superfície, após o êxito de participação.
esPanHa e PoRtUGal DesenHaRÃo Uma noVa PRoPosta PaRa o comBoio ViGo-PoRto
A Ministra de Fomento, Ana Pastor e o Ministro português de
Economia e Emprego, Álvaro Santos Pereira, acordaram elaborar
uma proposta para melhorar a ligação ferroviária entre as duas ci-
dades para garantir de forma eficiente o serviço público. Também
patuaram dar-se um prazo de seis meses para encontrar a melhor
solução para compatibilizar os sistemas de telepeagem das auto-
estradas dos dois países e resolver os problemas que tenham os
condutores galegos com o pagamento das peagens.
O comboio entre Vigo e Porto será coberto com dois serviços em
cada sentido por dia, embora as despesas geradas por esta linha
são consideradas excessivas pelo Governo português. Ambos os
ministros decidiram criar um grupo de trabalho que deverá apre-
sentar em breve uma proposta sobre os possíveis cenários que
garanta de forma eficiente o serviço público.
enGenHeiRos Da GaliZa e PoRtUGal instam a esPecialiZaçÃo Dos aeRoPoRtosO Colegio de Ingenieros da Galiza e a Ordem do mesmo setor
profissional do Norte de Portugal apostam pela coordenação dos
quatro aeroportos do noroeste através da especialização dos seus
tráfegos. Reclamam que os terminais do Porto, A Corunha, San-
tiago e Vigo deixem de concorrer entre si para serem complemen-
tares. Os engenheiros julgam que o aeroporto de Sá Carneiro tem
que ser percebido como uma oportunidade, sobre todo para o sul
da Galiza.
aPoios e sUBVençÕesaJUDas À inteRnacionaliZaçÃo AJUDA: Linha Participação em eventos expositivos que se cele-
brem fora da Espanha (2012)
PRAZO: 30/04/2012
OBJETIVO: Favorecer a participação em eventos expositivos e
promocionais internacionais que se celebrem fora da Galiza de
tipo comercial ou técnico.
BeneFiciáRios:› Empresas que tenham sede social na Galiza
› Consórcios de exportação com personalidade jurídica própria
domiciliados na Galiza
› Associações empresariais, conselhos reguladores de denomi-
nação de origem e clusters
› Centros tecnológicos e centros de apoio à inovação tecnológica
domiciliados na Galiza
DesPesas PassíVeis De aPoio:› Despesas de aluguer do espaço de exposição
› Despesas de aluguer do mobiliário e equipamentos audiovi-
suais
› Despesas de envio e, se for o caso, de catálogos, produtos, stan-
ds e outros materiais necessários para o projeto
› Despesas de desenho, montagem e desmontagem e construção
do stand
› Despesas de viagem desde Galiza e estadia
montante:a) Limite por candidatura:
› 50 % das despesas passíveis de apoios com um limite máximo
de 10.000 € no caso de participação organizada ou promovida
pela Xunta de Galicia ou pelo ICEX.
› 70 % das despesas passíveis de apoios com um limite máximo
de 15.000 € no caso de participação por organismos intermé-
dios.
b) Limites por conceito:› Despesas de desenho, montagem e desmontagem e construção
do stand: o máximo da subvenção será de 150 € por metro
quadrado do stand.
› Despesas de viagem:
› Para viagens com destino Portugal: 500 € por viagem passível
de apoio
› Para viagens com destino o resto de Europa: 1.000 € por via-
gem passível de apoio
› Para viagens com destino fora de Europa: 1.500 € por viagem
passível de apoio
AJUDA: Linha Prospeção Internacional (2012)
PRAZO: 30/04/2012
OBJETIVO: Apoiar a prospeção em novos mercados do estran-
geiro, prévia a uma possível implantação comercial estável, fa-
vorecendo assim a promoção exterior e o incremento da com-
petitividade da empresa mediante o estabelecimento em novos
mercados.
BeneFiciáRios:Pequenas e médias empresas que tenham sede social na Galiza
Associações empresariais, conselhos reguladores de denominação
de origem e clusters
DesPesas PassíVeis De aPoio:Terão consideração de despesas passíveis de apoio durante um
máximo de 12 meses compreendidos entre o 1 de Janeiro do exer-
cício até ao 30 de Setembro, os seguintes:
Arrendamento dos escritórios, locais, salas de exibição, show
rooms e outros espaços quando a atividade do projeto passível de
apoio o justifique.
Para aqueles solicitantes que, previamente à sua implantação de-
finitiva, decidam realizar a sua atividade de prospeção dentro de
centros de negócios, será subvencionado o custo de arrendamento
ou quota correspondente.
Despesas de viagem e alojamento desde Galiza ao estrangeiro
montante:› 50 % das despesas passíveis de apoio de projetos cujos solici-
tantes sejam empresas com um limite de 20.000 €.
› 60 % de despesas passíveis de apoios de projetos cujos solici-
tantes sejam organismos intermédios com um limite máximo
de 30.000 €.
Limite por conceito:Despesas de viagem: foram estabelecidas os seguintes montan-
tes máximos da subvenção em conceito de despesas de viagem
e estadia:
› Para viagens com destino Portugal: 500 € por viagem passível
de apoio
› Para viagens com destino resto de Europa: 1.000 € por viagem
passível de apoio
› Para viagens com destino fora de Europa: 1.500 € por viagem
passível de apoio.
eVentos e FeiRas
Data eVento lUGaR
Abril CONSTRULAN (Salón de la Construcción, Equipamento e Instalaciones Bilbao (Vizacaya)
13-15 Abril EUROBIJOUX & MIBI (Feria Internacional de Fabricantes de Bisutería) Barcelona
17-19 Abril IN-COSMETICS (Materias Primas para Perfumería y Cosmética) Barcelona
18-19 AbrilFUTURMODA, 1ª edición
(Salón Internacional de la Piel, Maquinaria y Compon. para Calzado y Marroquineria)Elche (Alicante)
18-21 AbrilFERIA INTERNACIONAL DEL MUEBLE DE MADRID
(Salón Internacional de Mobiliario e Interiorismo)Madrid
19-21 Abril EXPOFRANQUICIA (Salón de la Franquicia) Madrid
19-22 Abril SITC (Salón Internacional del Turisme a Catalunya) Barcelona
Abril 2012 | País €conómico › 5756 › País €conómico | Abril 2012
› inFRa-estRUtURas
Porto de setúbal ligado a madridO Porto de Setúbal está ligado a Madrid, e ao resto de Espanha,
pelo serviço de transporte de mercadorias por ferrovia através da
Iberian Link, uma parceria entre os operadores português CP Car-
ga e o espanhol Renfe Mercancías, com uma oferta de três viagens
semanais, sendo as partidas do porto sadino às terças, quintas e
sextas-feiras.
A oferta engloba desde o transporte de contentores isolados até à
contratação de comboios completos, com capacidade de 48 TEU.
Os pontos de embarque no Porto de Setúbal são os terminais
Sadoport e Rodofer/SPC/Sapec. O tempo de viagem até Madrid
Abroñigal ronda as 15 horas, sendo que o prolongamento da via-
gem até às cidades como Saragoça, Tarragona, Barcelona, Valência
ou Bilbao, demoram 24 horas.
Com este serviço, estão criadas condições excecionais para o alar-
gamento do hinterland do Porto de Setúbal até Espanha, bem
como para o aumento da massa crítica que promova a competiti-
vidade e eficiência do porto através de economias de escala, quer
na ferrovia, que ao nível do frete marítimo. ‹
Primeiro-Ministro inaugurou a Fase 1B do Terminal XXI no Porto de Sines
mais contentores aportam a sines
o Primeiro-Ministro Pedro Passos Coelho presidiu à ce-
rimónia de inauguração da Fase 1B do Terminal XXI
(Terminal de Contentores) no Porto de Sines, onde tam-
bém estiveram presentes o ministro da Economia, Álvaro Santos
Pereira, a presidente da Administração do Porto de Sines, Lídia
Sequeira, bem como David Young, CEO da PSA Europa e Medi-
terrâneo, a empresa de Singapura a quem está concessionado o
Terminal XXI.
A Fase 1B compreendeu a ampliação do cais em 350 metros, para
um total de 730 metros, além da ampliação da área de armazena-
gem de contentores de 20 hectares para 25 hectares. O terminal
está esquipado com cinco pórticos de cais de última geração e 12
gruas de parque, sendo o sexto pórtico de cais e mais três gruas de
parque esperados até ao final deste ano.
Este investimento vem aumentar a capacidade do Terminal CCI
para 1 milhão de TEUs (unidade correspondente a um contentor
de 20 pés) por ano. Em 2014, quando a Fase 2 for concluída o
investimento total neste terminal atingirá mais de 200 milhões
de euros.
De acordo com Lídia Sequeira, presidente da APS, «a parceria
com a PSA, o maior operador do Mundo de carga contentoriza-
da, constituiu uma garantia de sucesso associando as condições
naturais do Porto de Sines e da sua envolvente e o know how de
uma entidade que acreditou no projeto e assumiu integralmente
o risco de construção e da operação».
Já David Young, CEO da PSA Europa e Mediterrâneo, sublinhou
que «com este novo investimento a PSA Sines terá capacidade
para operar simultaneamente dois megacarriers. E graças às dra-
gagens dos acessos marítimos e da zona de manobra do Terminal
XXI efetuados pela APS, o terminal está agora pronto para rece-
ber os futuros grandes porta-contentores de 18.000 TEUs».
Pedro Passos Coelho aproveitou a deixa para recordar que em
2014 deverá ser inaugurada a obra de alargamento do Canal do
Panamá, o que constituirá justamente uma oportunidade para o
aumento estratégico da importância do Porto de Sines, enquanto
infra-estrutura portuária de ligação entre vários continentes e lo-
cal por excelência de transbordo de mercadorias que circulam de
forma transoceânica.
O líder do governo português agradeceu à PSA o investimento
concretizado em Sines, e sublinhou a sua importância como fator
de criação de oportunidades de desenvolvimento para o próprio
porto mas também para o país.
O Primeiro-Ministro não deixou de sublinhar que falta concreti-
zar agora uma ligação ferroviária entre o Porto de Sines e a Eu-
ropa, esperando que até 2014 essa ligação seja concretizada, pois
assegurou que o ministro da Economia (ali presente) estava muito
empenhado e em diálogo permanente com os seus colegas espa-
nhol e francês de modo a assegurar que o investimento se concre-
tiza do lado português e que é compatível com os investimentos
ferroviários dos lados espanhol e francês, precisamente para que
as mercadorias descarregadas em Sines possam chegar ao coração
do continente europeu.
Todavia, Pedro Passos Coelho não deixou também de aproveitar a
cerimónia para referir que a par dos investimentos concretizados
no Porto de Sines, os restantes portos portugueses também conti-
nuarão a ser modernizados e desenvolvidos. ‹
Abril 2012 | País €conómico › 5958 › País €conómico | Abril 2012
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semana da comunidade Portuguesa em Porto alegreDecorrerá de 19 a 27 de Abril a Semana
da Comunidade Portuguesa no estado
brasileiro do Rio Grande do Sul, com a
realização de diversas cerimónias come-
morativas da presença e do papel muito
relevante que ao longo de três séculos
diversas gerações de portugueses, com
particular destaque para os emigrantes
açorianos, tiveram, e ainda têm, no de-
senvolvimento do estado mais ao sul do
território brasileiro.
As comemorações terão início no próprio
dia 19 de Abril com uma exposição na
Assembleia Legislativa Estadual, na cida-
de de Porto Alegre, capital do Rio Grande
do Sul, seguindo-se ainda no mesmo dia
uma palestra e um debate sobre o Por-
tugal Contemporâneo, que decorrerá na
Escola de Negócios da PUC – Pontifícia
Universidade Católica, igualmente em
Porto Alegre.
Até ao final das comemorações, destaque
também para uma exposição fotográfica e
a cerimónia de homenagem ao “Dia da Co-
munidade Luso-Brasileira e aos 260 Anos
de povoamento Luso-Açoriano do RGS”,
que ocorrerá no dia 26 de Abril. ‹
intersismet inaugurou sede em luandaA Intersismet, empresa portuguesa de consultoria e gestão de pro-
jetos, inaugurou no início de Março a sua sede em Luanda. A inau-
guração da nova localização na capital angolana envolve uma nova
estratégia de formação e absorção progressiva de novos quadros e
consultores angolanos, a que se deverá igualmente seguir a abertura
do capital da empresa a sócios angolanos.
Fundada em 1978, a Intersismet atua nas áreas da Gestão Pública e
Local, com presença em Portugal, Angola, Brasil, Cabo Verde, Mo-
çambique, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Guatemala. Em An-
gola, a empresa conta atualmente com 75 colaboradores. ‹
Vieira de castro investeA Vieira de Castro, empresa de Vila Nova de Famalicão que produz várias mar-
cas do ramo alimentar, como são os casos das bolachas Maria ou das amêndoas
Torra, vai investir 25 milhões de euros numa nova fábrica no concelho. De
referir que parte deste investimento na terceira unidade fabril, dirigida à pro-
dução de bolachas, principiou a ser concretizado ainda no ano passado. Ana
Raquel de Castro, administradora do grupo referiu em declarações ao Diário
Económico que «nesta altura, a primeira linha de montagem da nova fábrica
já está a funcionar e vamos instalar uma segunda linha devido ao aumento
das encomendas». A nova unidade permitirá aumentar a capacidade instalada
para mais 15 mil toneladas, duplicando assim a capacidade das duas outras
fábricas da empresa, igualmente instaladas naquele concelho minhoto.
Cerca de metade das vendas da empresa destinam-se à exportação, destacando-
-se as vendas para os mercados brasileiro e angolano num total de 45 mercados
externos. No final do presente ano a Vieira de Castro estima alcançar um volu-
me de negócios de cerca de 30 milhões de euros. ‹
Unicer investe 80 milhões de eurosAntónio Pires de Lima, CEO da Unicer, informou recentemente
que a empresa vai avançar com um investimento de 80 milhões
de euros, a concretizar na modernização da unidade industrial
de Leça do Balio, no concelho de Matosinhos, e que estará con-
cretizado até Março do próximo ano. O projeto de moderniza-
ção passará por colocar a fábrica a funcionar com mais duas
novas linhas de enchimento, tecnologicamente mais avançadas,
além de possui igualmente uma maior capacidade instalada de
produção e enchimento que será de 450 milhões de litros, e que
poderá mesmo ser estendida até aos 600 milhões de litros. Pi-
res de Lima adiantou que este investimento permitirá também
realizar uma poupança de 12 milhões de euros por ano naquela
que será, sublinha, «a melhor fábrica de cerveja da Europa». ‹
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