revista medicando---saúde-em-movimento---edição-11
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m r e v i s t a
saúde em movimento
AVANÇO CIENTÍFICO
QUALIDADE DE VIDA
Técnica reduz tempo de recuperação em cirurgia de tendão
Com ritmo envolvente, Zouk invade o país e faz dançar no compasso da saúde
A eficácia das drogas contra o vírus
e a ausência do tema na mídia fazem
o medo da doença desaparecer.
E as mulheres jovens são
as maiores vítimas
ENTREVISTA: Jorge Steinhilber, presidente do Conselho Federal de Educação FísicaA
no
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nº
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A volta da AIDS
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Colunistas desta ediçãoDr.JulianoSchefferDra.SimoneKikuchi
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editorial
Esteano,líderesdomundosereuniramemNovaYorkparareverosavançosalcançadosnoprograma“2015MillenniumDevelopmentGoals”daOrganizaçãodasNaçõesUnidas(ONU),quetemcomoobjetivoacabarcomapobrezamundial.Essainiciativaédivididaemoitoimportantesobjetivos,como:assegurarasustentabilidadedomeioambiente;promoverasaúdedasmães;combateroHIV/Aids,amaláriaeoutrasdoenças;reduzirasmortesinfantisetc. Nesseevento,os representantesmundiais escutaramoapelodeEbubeSyvia Taylor, umacriançaafricanadeapenas11anos,nãoportadoradovírusHIV,quedisse:“NenhumacriançadeverianascercomHIV;nenhumacriançadeveriaserórfãporcausadoHIV;nenhumacriançadeveriamorrerdevidoàfaltadeacessoaotratamento”. Infelizmente,diferentedeváriaspartesdomundo,ondeaepidemiadeAidscomeçaadarsinaisdereversãonocrescimento,aÁfricaaindaéassombradapeladoençaepelafaltadetratamentoadequado.SegundoaONU,existem15milhõesdepessoascomHIVempaísesdebaixaemédiarendapercaptaeapenas5,2milhõestêmacessoaotratamentoadequado,queéfundamentalparaasobre-vidadosportadoresdadoença.
NoBrasil,arealidadeébemdiferente.Aqui,ofatodeotratamentoestardisponívelnaredepúblicadesaúdeajudoumuitonaquedadonúmerodemortes.Noentanto,umartigopublicadonarevista“EpidemiologiaeServiçosdeSaúde”mostraaoutrafacedessaquestão.Trata-sedeumestudorealizadopelaDra.AnaCristinaReisesuaequipe,oqualrevelaqueaspessoascommenornívelsocio-econômicoaindasãomenosassistidasefalecemmais,emdecorrênciadoHIV. Umadascausasdesseproblemaéadetecçãotardiadadoença,oquemostraanecessidadedemaisesclarecimentosjuntoàpopulaçãoquantoànecessidadedesefazeroexamequandoapessoaseexpõeafatoresderisco.Outrapreocupaçãodasautoridadesécomacontinuidadedotratamentopelospacientesque,secomeçadoquandoataxaviralaindaébaixa,apresentaexcelentesresultados. Nossos ídolos jánãomorremmaisdadoença,masaindase infectam,eessa falsa sensaçãodesegurançaquese instauroudeveserdesfeita,pois,emborao tratamentoadequadopossaevitarofalecimento,nãosepodeignorarofatodequeocoquetelcomamedicaçãoapresentaefeitoscolateraisdesconfortáveis.Alémdisso,nessasituação,osistemaimunológicodosportadoresdaAidsficaprejudi-cado,oqueabreaportaparadoençascomohepatiteecâncer,entreoutras. NessenúmerodaRevistaMedicando,buscamosmostrarqueaaparentesegurançaadquiridapelostratamentosatuaisnãopodefazercomquepensemosqueaAidsdeixoudeserumproblema.Umavacinaeficazaindaestálongedeseroferecidaàpopulaçãoeonúmerodenovoscontaminadosépreocupante.Fazemosessealerta,nãoparacriarpânico,masparaquehajapreocupaçãoquantoàimportânciadaprevençãoedodiagnósticoprecoce.
MaurícioLimaEditordaRevistaMedicando-SaúdeemMovimento
Quem vê cara continua não vendo Aids
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Sem dados <0.1% 0.1% - <0.5% 0.5% - <1.0% 1.0% - <5.0% 5.0% - <15.0% 15.0% - <28.0%
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Cartas
Alcoolismo na juventude
Nota da Redação: Caro Armênio, obrigado por sua mensagem e por seus elogios. Concordamos que a associação do álcool à diversão é perversa e perigosa, como a reportagem destaca. Contudo, isso não muda o fato de que, uma vez que a pessoa adentra o mundo das drogas (lícitas ou ilícitas), isso causa de-pendência química – o que explica o desejo incontrolável de beber. Quem começa a ingerir álcool busca diversão. Mas os dependentes bebem para não passar mal, e não para sentir-se bem. Esse é um ponto que também precisa ser destacado (e a reportagem trabalha nele), para que as vítimas do álcool não sejam vilani-zadas ou discriminadas pela sociedade, e sim sejam auxiliadas a escapar das garras do vício. Mais uma vez, obrigado pelas ponderações e esperamos que nossas reportagens continuem a trazer questionamentos, uma vez que acreditamos numa sociedade democrática com senso crítico e capacidade para pensar por si mesma.
Muitoapropriadaaescolhadareportagemprincipalnestenúmero18,daRevistaMedicando,sobreaproble-máticadousoabusivodeálcoolentreosadolescentes,quenãoparadecrescer. Lamentavelmentenossasociedadeaindaclassificaasdrogasemilícitaselícitas,asprimeirasacompanhadasda
proibiçãoedapunição,assegundasculturalmenteaceitaspornós,apresentadasaosnossosfilhosprecocementeeutilizadasnasfamíliasdesdesempre.Pri-meiro,emmomentosdecomemoraçõese,atualmente,acompanhandoarotinadevidadaspessoas.Ascriançascrescememfamíliasquefazemusodessasdrogas“lícitas”e,consequentemente,nadamaisnormalqueelascresçampensandoqueautilizaçãodecerveja,vinho,uisqueedemaisseja“normal”. Oestímuloaoconsumodasdrogaslícitaséabsurdoevemacompanhadodemensagensdesucessoefelicidadenosdiversosmeiosdecomu-nicaçãoemmassa.Nadamaisfértilquecabeçasemformaçãodejuízosparaqueseperpetueoconsumoe,claro,interesseseconômicosvêmnafrentedosinteressesdesaúdedeumapopulação. Noconsumodoálcool,nãohágarantiadequeoadolescenteconsumidordehojenãosejaoviciadodeamanhã.Algumaspessoastêmten-dênciaaodesenvolvimentodovício,outras,não;consequente,nãoháconsumodebebidaalcoólicaseguro.Todapopulaçãosofreoapelodamídiaparaserumconsumidorempotencial,deváriosprodutos,eoálcoolestáentreeles. Felizmente,algunsmovimentosocorreramecontinuamocorrendo,comoocombateaotabagismoquetemsidovencedor.Espera-sequerealmenteosinteresseseconômicosdeumaminoriapossamservencidospelosinteressesdesaúdedamaioria.Parabénspelafelizescolha.
Laura Vargas Acauan Brasília - DF
Nota da Redação: Obrigado pelo comentário, Laura. Ao avaliarmos a relevância de um tema como o do alcoolismo, objetivamos, principalmente, for-necer ao leitor elementos sufi cientes para que ele possa refl etir e tecer opiniões próprias sobre o assunto. Por meio da Revista Medicando acreditamos poder exercer um dos principais papéis da mídia, que é trazer à tona fatos nem sempre explorados, mas que, ao se tornarem públicos, passem a contri-buir diretamente para a formação de uma população mais consciente.
Consideroboaa iniciativadepautar a revistapara tratardotemadoalcoolismonajuventude.Esseéumproblemamundial,masquealcançanúmerosmuitopreocupantesaquinoBrasil.MuitointeressantesaberqueoconsumonoBrasiléhoje50%maiordoqueamédiaglobal,masachoqueépreciso–sempre–emumbomjornalismocomoessepraticadopelaRevistaMedicando,rasparasuperfícieeveroqueestápordebaixodacascadatinta. Napágina19,asegundadacitada reportagem,notrechoaseguir, eu encontroperguntas quenão são respondidas: “Pesquisa doInstituto Ibope Inteligência, realizadaemmaiodesteano,demonstraaineficáciadalegislaçãoatual,noquedizrespeitoàrestriçãodebebidasalcoólicasparamenoresde18anos.” Emumcasocomoesseé,então,necessáriomudaralei?Ora,sabemosqueoproblemaem99%decasoscomoessenãoécomoaleifoiescrita,mascomoelaéaplicada.Maisadiante:“oalcoolismoestáintima-menteligadoànecessidadeincontrolávelporálcool,enãoessencialmenteaotipodebebida,aotempoqueapessoabebeouquantoálcoolingere.”
Sabemosqueamaiorpartedoconsumo de drogas no Brasilestá ligadaamotivosdeentre-
tenimento, logo, nossa culturade lazer e entretenimento está ligada aohedonismoexagerado,inconsequenteedestrutivo.Logo,tambémdáparaquestionaressanecessidadeincontrolávelporálcool. Masdáparafalarassim?Dáparafazerumquestionamentodessessemqueareportagemestejadandoumtapanacaradasociedade?Claroquedá.Precisamosdessetapanacara,enãonosatermosareportaroqueasautoridadesdizem.ARevistaMedicandoprecisaepodecontribuircomopartedeumainteligênciacorporativa(sejajornalistaoucientífica)quepossabrindarseusleitorescomquestionamentos,comsuposições,aprofundandoostemas,tocandonasferidaseraspandoovernizparaquepossamosveroqueestáláembaixo. Sehojeconsumimos50%amaisdeálcooldoqueamédiamun-dialéporquequeremos.Eaperguntanãoé“comoevitarqueissoaconte-ça?”.Aperguntaé:“porquequeremosbebertantoassim?” Otrechoquediz“Deformageral,éprecisoqueasociedadeeospaispossamrefletirarespeitodabanalizaçãoatribuídaaqualquerconsumodeál-cool,mesmoquandoeleéproblemático”contémotomqueamatériadeveriaamplificaredevolverparaoleitor.Eraessemeutoque.Esperoapróximaedição.
Armênio Costa, Porto Velho, Rondônia
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Fama Excelentea reportagem “Distúrbiospor trásda fama”. Inte-ressanteperceberqueoqueaspessoasjulgampor“estrelismo”é,àsve-zes,umproblemaalémdoquepossamosimaginar.Nãosomentecomcelebridades,mastambémcompessoascomuns.Oabusodedrogaseremédiosé,porém,umafugadesastrosaparamuitos.
Érica Bernardo, Brasília - DF
Gosteimuitodamatéria“AdoençadaFama”publicadanaedição09darevista,queabordouotemadeumaformasimplesequetodosentendem.Hojeemdia,existempessoasquesofremdessado-ençaenãosabemporfaltadeinformação.Arevistaearepórterestãodeparabéns.
Mayara Cristina, Conselheiro Mairink, Paraná
Nota da Redação: Érica e Mayara, muito obrigado pelos elogios. A equi-pe da Revista Medicando e a repórter Elizângela Isaque agradecem.
TiveacessoàúltimaediçãodaRevistaMedicandopelainter-net,enquantofaziaumapesquisasobreováriopolicístico.Liamatériacompleta,queporsinalesclareceutodasasminhasdúvidas,eacabeinavegandoportodaarevista.Simplesmentefantástica!Matériasbemescritas,clarasemuitainformaçãointeressante.Parabénspordisponi-bilizaressariquezadematerialnainternet,àdisposiçãodetodosquedesejamnotíciasbemelaboradas.
Sandra Medeiros, Vitória -Espírito Santo
Nota da Redação: Sandra, uma das funções da Revista Medicando é essa mesma: trazer dados sólidos e de qualidade a respeito de condições médicas, sem o alarmismo ou os desencontros de informação que vemos por aí. Esperamos continuar sendo uma referência para você.
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sumário
CAPAA VOLTA DA AIDSFalta de medo da doença leva ao aumento de contaminações, principalmente entre a população feminina
20m r e v i s t a
saúde em movimento
AVANÇO CIENTÍFICO
QUALIDADE DE VIDA
Técnica reduz tempo de recuperação em cirurgia de tendão
Com ritmo envolvente, Zouk invade o país e faz dançar no compasso da saúde
A eficácia das drogas contra o vírus
e a ausência do tema na mídia fazem
o medo da doença desaparecer.
E as mulheres jovens são
as maiores vítimas
ENTREVISTA: Jorge Steinhilber, presidente do Conselho Federal de Educação Física
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A volta da AIDS
ENTREVISTAJORGE STEINHILBER
Presidente do Confef fala sobre a necessidade de mais união entre as
profi ssões de saúde
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Nova vacina promete inovar os tratamentos contra o HIV 28Como evitar lesões no tendão calcâneo, o famoso calcanhar de Aquiles 32
AVANÇO CIENTíFICO
QUALIDADE DE VIDACom ritmo envolvente, zouk
invade o país e faz dançar no compasso da saúde
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COLUNAS
Missão: lancheira saudável ........................................................................................................................... 36
Quais os limites para a reprodução humana? ............................................................................ 42
PLANTÃO MEstudo do sistema imunológico rende Nobel em Fisiologia ou Medicina a três cientistas 10
O QUE É?Câncer de pâncreas 48
VERDADE OU MENTIRARaspar o cabelo faz com que ele cresça mais grosso? 50
CONSCIENTIZAÇÃOOUTUBRO ROSA
Ações do Outubro Rosa invadem cidades do país e alertam
população contra os perigos do câncer de mama
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Plantão As últimas novidades em medicina e saúdem
OPrêmio Nobel emMedicina ou Fi-siologia de 2011 foi conferido aoamericanoBruceBeutler,aoluxem-burguêsJulesHoffmanneaocana-
denseRalphSteinmanporseustrabalhossobreo sistema imunológico, anunciouaAcademiaRealdeCiênciasdaSuécia. Os trabalhos do trio ganharam oprêmio por terem trazido novos lampejossobre o funcionamento do sistema de de-fesa do corpo humano. De acordo com aorganização, os premiadosdeste ano revo-lucionaramacompreensãodosistemaimu-nológico ao descobrirem as principais cha-ves de sua ativação e possibilitarem novasformasdeterapiacontrainfecções,doençasinflamatóriaseatémesmoocâncer.
Beutler e Hoffmann descobriramproteínasno corpoque reconhecemmicro-organismos invasores e ativam seu sistemadedefesa, enquanto Steinmandescobriu ascélulas dendríticas e sua capacidade única
Americano, luxemburguês e canadense dividem o prêmio ao desvendarem novos mistérios sobre o funcionamento do sistema de defesa do corpo humano
Estudo do sistema imunológico rende Nobel em Fisiologia ou Medicina
deativareregularasfasesfinaisdarespostaimunológica, quando o organismo “se livra”deseusinvasores. Oanúncio foi feitoantesdeocomitêdoprêmiosaberdofalecimentodeSteinman,quechefiavaoCentrodeImunologiaeDoençasImu-nesdaUniversidadeRockefeller,emNovaYork.AuniversidadecomunicouafatalidadepraticamenteaomesmotempoemqueoNobeleraanunciado. Segundo o comunicado no site daRockefeller,Steinmanmostrouqueaciênciapodeproveitosamenteexploraropoderdessascélulaseoutroscomponentesdosistema imunológicoparalidarcominfecçõeseoutrasdoenças. A cerimônia de entrega do prê-mio acontecenodia 10dedezembro, emEstocolmo,naSuécia.
BruceA.Beutler
Foto:TheScrippsResearchInstitute
JulesA.Hoffmann
Foto:CNRSPhotoLibrary/PascalDisdier Foto:RockefellerUniversityPress
RalphM.Steinman
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Umacirurgiaquepodedaresperan-çasamilhõesdemulheresquenãopodemterfilhos obteve sucessona Turquia.Derya Sert,21anos,éaprimeira,nomundo,areceberumtransplantedeúterodeumadoadoramorta.Apacientenasceusemoútero,comoocorrecomcercade5milmulheresnomundo. Osmédicos do hospital universi-tárioAkdenizrealizaramotransplantecomêxito em 9 de agosto. Agora, é necessárioesperar seis meses antes da implantaçãodosembriões. Essefoiosegundotransplantedeúterorealizadonomundo.Em2000,houveumaprimeira tentativa naArábia Saudita.A intervenção foi realizadacomumadoa-doraviva,masfracassoudepoisde99dias,e osmédicos tiveram que retirar o órgãotransplantado. SegundoMunirErmanAkar,gineco-logistaintegrantedaequiperesponsávelpelasduasoperações,duranteacirurgia,em2000,aveiaeracurtademaisparaaanastomose(união)eoúteronãoestavabemassistido. Hoje,osmédicosturcosacreditamter conseguido resolver esse problema. Aotrabalharcomumadoadorajámorta,elespu-deramextrairmaistecidoaoredordoúteroeosvasossanguíneosforammaislongos.Jun-toaisso,soma-seofatodeque,nosúltimosanos,osremédiosimunossupressores,admi-nistradosparaevitararejeição,passaramporumarevolução.
Transplante de útero de doadora morta
tem êxitoMulher de 21 anos que recebeu
órgão deverá ter embriões implantados dentro de seis meses, se tudo correr bem
OestudoPURE(ProspectiveUrbanRural Epidemiologic Study), apresentado noCongressoEuropeudeCardiologia,apontouqueaadesãoàsdrogasdeprevençãocardio-vascularsecundária(vastatinas,antiplaquetá-rios etc.) é precária. Liderado peloDr. SalimYusuf, da Universidade McMaster (Canadá),olevantamentoavaliouataxadeusodessasmedicações em17paísesde acordo comonívelderendaapresentado. Com o objetivo muito maisabrangente que a análise da parte car-díaca da população, o estudo coletouinformações sobre idade, sexo, grau deinstrução,históricomédico,estilodevida(atividade física e dietas), material gené-ticoparaanálise futurae fatoresde riscocardiovascular,alémdousodotratamen-toprescrito. Em todosospaísesconside-rados,aaderênciaàsdrogasdeprevençãosecundáriafoimuitobaixa.Noentanto,osresultadosvariarambastanteentreospaí-sesdealtaebaixarenda.
Emrelaçãoàsvastatinas,porexem-plo, as taxas de uso foramde 66,5%, para ospaísesdealtarenda,17,6%,paraosdemédia-alta,4,3%paraosdemédia-baixae3,3%paraosdebaixarenda.Nospaísesdebaixarenda,90%dospacientesnãotomavampelomenosumamedicação prescrita e 80% não estavam emusodequalquermedicaçãoparaprevençãose-cundáriadasdoençascardiovasculares,comooinfartodomiocárdioeoderramecerebral. Entre os fatores que se relacionamcomasbaixastaxasdeadesãoaotratamento,omaisimportantefoiodesenvolvimentoeconô-micodopaís.Contudo,tambémhouveumare-laçãosignificativacomaurbanizaçãodaregiãopesquisada,sexoeaidadedopaciente. OestudoPURE incluiu153.996pa-cientes,entre35e70anosdeidade,empaísesdealtarenda(Canadá,SuéciaeEmiradosÁra-bes),média-altarenda(Argentina,Brasil,Chile,Polônia,ÁfricadoSuleTurquia),média-baixarenda (China, Colômbia e Irã) e baixa renda(Bangladesh,Índia,PaquistãoeZimbábue).
Estudo apresentado em congresso europeu mostrou que adesão às drogas de prevenção secundária é baixa.
Em países com nível de renda elevado, problema é menos dramático
Prevenção cardiovascular é precária em todo o mundo
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Plantão As últimas novidades em medicina e saúdem
Meta para 2015: 15 doadores de órgãos para cada milhão de pessoas
Objetivo foi defi nido pelo Ministério da Saúde, em nova campanha; índice atual é de 11,1 doadores para cada 1 milhão
O governo brasileiro pretendealcançar, até 2015, a taxa de 15 doa-dores de órgãos para cada 1milhão dehabitantes. Atualmente, o índice é 11,1doadores, totalizandocercadeduasmildoaçõesporano. Com o objetivo de conscientizaros brasileiros sobre a importância da doa-çãodeórgãos,paraaumentaronúmerodetransplantesnopaís,foilançada,peloMinis-tériodaSaúde,acampanhaSejaumDoadordeÓrgãos,SejaumDoadordeVidas. Para a Associação Brasileira deTransplantesdeÓrgãos (ABTO) épossível al-cançarametadefinidapelapasta,desdequeasaçõeseosinvestimentosnecessáriossejamfeitosdeformaplanejadaeestruturada.Umadasiniciativasapoiadaspeloinstitutoéacapa-citaçãodepessoasquetrabalhamnacaptaçãodeórgãoseabordagemdotemanasfaculda-desdesaúde,incluindooassuntoemcurrícu-losdemedicina,enfermagemepsicologia.
NoBrasil,adoaçãodeórgãospre-cisa ser autorizada pela família do doador–semanecessidadedeumdocumentoas-sinadopela pessoa quemorreu. Em2010,1.896 órgãos foram doados. A projeçãoparaesteano,segundooMinistério,équeonúmeropassepara2.144,oquerepresen-
tariaumaumentode13%. Jáaestimativadetransplantespara2011é23mil,contra21.040 em 2010. Do total de transplantesnopaís,95%sãofeitospormeiodoSistemaÚnico de Saúde (SUS), de forma gratuita.Atualmente, o número de pessoas aguar-dandoumórgãochegaa36mil.
O coração do carioca Sérgio Alexandre LeiteGenarovoltouafuncionarapóstrêsmesesparado.Ago-ra, o comerciante pode dizer que nasceu de novo e, aomesmo tempo, que entrou para a história da Medicinano Brasil. Aos 48 anos e vítima de infarto, ele precisoudecirurgiaparareceberpontedesafena,mas,duranteoprocedimento,seucoraçãoparou. Aúnicaopçãodosmédicosfoiacolocaçãodeumórgãoartificialjuntocomumequipamentoqueficaforadocorpobombeandoosangue,substituindoa funçãocardía-ca.Parasurpresadetodos,ocoraçãoquehaviaparadovol-touafuncionarmesesdepois.
Foiaprimeiravez,nopaís,queumpacientecomocoraçãoartificial teve seuórgãooriginal recuperadoedispensouoaparelho,sem necessidade de transplante. O tratamento foi feito no InstitutoNacionaldeCardiologia(INC),nasLaranjeiras,RiodeJaneiro. Segundoomédicoresponsávelpelocarioca,apesardeain-danãoestarcomafunçãocardíaca100%reabilitada,ocomercianteteráumavidanormal.
É o primeiro caso do tipo no Brasil, em que, depois de viver com órgão artifi cial por algum tempo, o paciente recupera seu próprio músculo cardíaco
Coração de paciente volta a bater após meses parado
Foto:Reprodução
Arte:Reprodução
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O consumo crônico de benzo-diazepinas – substâncias conhecidas comotranquilizantesesoníferos–aumentaoriscodeumapessoa sofrer domal deAlzheimer.Segundoos primeiros resultados de umes-tudo francês, anualmente,entre16mil e31milcasosdeAlzheimerseriamprovocadosnaFrança por tratamentos com benzodiazepi-nas(BZD)ousimilareseseusgenéricos. O encarregadodoestudo, BernardBegaud,daUniversidadedeBordeaux, se re-feriu às constatações como “uma verdadeirabomba” e acrescentou que as autoridadesprecisamreagir.Aindamaislevandoemcontaque,denoveestudos,incluindoesse,seisesta-belecemrelaçãoentreoconsumodetranqui-lizantesesoníferoseomaldeAlzheimer. Oestudofrancês,emparticular,foirealizadocom3.777indivíduosde65anosoumaisquetomaramBZDentredoisedezanos.Aocontráriodasquedase fraturascausadasporessesmedicamentos,osefeitoscerebraisnãosãoimediatamenteperceptíveis.Éneces-sárioaguardaralgunsanosparaquesurjam. As prescrições são normalmentelimitadasaduassemanasparaoshipnóticose 12 semanas para os ansiolíticos. A formacomo os BZD atuam no cérebro para au-mentaresseriscodedemênciacontinuaummistério,masoproblemajátinhasidomen-cionadoem2006,emumrelatóriodoGabi-neteParlamentardePolíticasdeSaúdesobreRemédiosPsicotrópicos.
Efeito foi encontrado por estudo francês em 3.777 indivíduos
com idade acima dos 65 anos e exige ação das autoridades
para conter o problema
Excesso de tranquilizantes e soníferos pode aumentar
risco de Alzheimer
Umapílulacapazde impediroconsumoabusivodeálcoolestásendocriadaporcientistas.Comoseuuso,serápossívelbebersemsentirossintomasdaembriaguez,comofaltadeequilíbrioereflexoslentos.Asubstânciafoitestadaemratosquerecebiamumainjeçãodeálcoolcapazdeosderrubar,masapresentaramreflexosecapacidadedeequilíbrionormais. Masaí vocêpodepensar: seo cérebroficapreservadodosefeitosdoálcool,então,emvezdecombateroalcoolismo,adrogaprovavelmente iráestimulá-lo!Nadadisso.Comobloqueiodosefeitosdoálcoolnocérebroospesquisadoresacreditamque,alémdeevitarosvexamescausadospelaingestãoexageradadeálcool,serápossíveltrataroalcoolismo,limitandoasensaçãoqueoconsumodabebidatemparaosdependentes. ApesquisaédaUniversidadedeAdelaide,naAustrália,efoifeitaemparceriacompesquisadoresdosEstadosUnidos. Asubstânciautilizadapelosprofissionaisnãoénova.Comonomedenaloxona,a droga, atualmente aprovadapelo FDA– órgãoque regulamentamedicamentos nosEstadosUnidos–, éutilizadaparao tratamentodeoverdosedeheroínaemhumanos.Entretanto,aformadenaloxonausadanoestudofoi levementealteradaparaatingirascélulasdaglia(célulasdeproteçãodosistemanervosocentral)enãoosneurônios. Duranteoexperimento,os cientistasdescobriramque,quandoas célulasdosistemaimunológicodocérebro(asmesmascélulasdagliaqueocupam90%doórgãoeoprotegemdeinfeccçõescomoameningite)sãodesativadas,épossívelaingestãodegrandesquantidadesdebebidaalcoólicasemqueosefeitosdoexcessosejamsentidos. Aexpectativaéqueapílulapossaestardisponívelparaavendaemtrêsanos.Masé importante lembrarqueanaloxona,emsuaformulaçãoatual,éumadrogaque,alémdereverteroefeitodeentorpecentes,tambémpodeafetaropensamentoeaaten-ção,deformageral.
Cientistas testam pílula que controla o consumo
excessivo de álcoolDroga faria o cérebro deixar de sentir os efeitos da
bebedeira. Além de manter a sobriedade, substância eliminaria as reações químicas cerebrais que levam ao vício
Arte:Reprodução
Foto:Reprodução
com a palavrac
Reeducação físicaO presidente do Conselho Federal de Educação Física, Jorge Steinhilber, é categórico: a luta contra a obesidade no Brasil só será vencida quando forem aplicadas políticas públicas que ajudem a população a fugir do sedentarismo. Ele também é enfático
quanto à necessidade de um consenso sobre quais são as áreas de atuação dos diferentes profi ssionais de saúde. Sobre esses e outros temas ele fala
com exclusividade à Revista Medicando
Por Elizângela Isaque
Nunca, no Brasil, falou-se tantosobreaimportânciadesepraticaratividades físicas. Seja pelo viésestético, cada vez mais valori-
zado e cobrado pela cultura contempo-rânea, ou pela crescente preocupação
em se evitar problemas de saúde, ofatoéqueestánamodaseexercitar.Nesse contexto, a busca pela tãodesejada qualidade de vida temprovocado uma procura cres-centeporprofissionaisdeoutrasáreas, a exemplo dos profis-sionais de educação física,entreosquebuscamalterna-tivas diferentes da medicinaconvencional para prevenirfuturosproblemas.
NaopiniãodopresidentedoConselhoFederaldeEducação
Física (Confef), Jorge Steinhilber,essa tendência seria ainda mais
benéfica para a sociedade se houvessemaior entendimento entre cada uma das14profissões da área da saúde atualmenteregulamentadas. No entanto, segundo ele,asdivergências atuais costumamserdiscu-
tidas no âmbito legislativo, na tentativade garantir o direito à exclusividade
na realizaçãodeprocedimentosespecíficos.
ParaSteinhilber,afaltadediálogoentre os Conselhos prejudica o estabe-lecimento de critérios claros quanto àscompetências de cada profissão, impede oestabelecimentodenormasclarasde regu-lamentaçãoe,porisso,prejudicaocidadão.“Acredito que nos hospitais, nas clínicas,noSUS [SistemaÚnicodeSaúde],noNASF[Núcleo de Apoio à Saúde da Família], osprofissionaisestejambemarticuladosecadaumrespeiteaáreadeintervençãodooutro.Contudo, em outros segmentos, há umabrigapelomercadoe,emalgunsmomentos,extrapolama intervenção criando, sim, difi-culdades para o paciente ou cliente identi-ficarqualprofissionalprocurar”,afirma. Nascido em Praga, na RepúblicaTcheca, Steinhilber chegou ao Brasil em1949. Sua trajetória, até chegar à presi-dência do Confef, inclui a implantação deprogramas como os Jogos Escolares nacidadedoRiode Janeiro eo ProgramadeFériasnasescolaspúblicasdoMunicípionoestadofluminense.FoipresidentedaAsso-ciação dos Professores de Educação FísicadoRiode Janeiro (APEF-Rio) e assessor deEducaçãoFísicadaSecretariaMunicipaldeEducaçãodoRiodeJaneiro. Nessa entrevista à Revista Medi-cando, Steinhilber, que é autor dos livros“Colônia de Férias” e “Profissional deEducaçãoFísica...existe?”,falasobreaimpor-tânciadeseestimularapráticadeesportese defende a obrigatoriedade da educaçãofísicacomodisciplinanocurrículoescolar.
Fotos: Divulgação/Confef
Revista Medicando - O papel do pro-fissional de Educação Física é extre-mamente importante na prevenção de diversas doenças. Mesmo assim, há uma alta taxa de profissionais que dei-xam de atuar nessa área. Prova disso é o número quase inexistente de pro-fessores acima dos 40 anos nas acade-mias do país. Por que isso acontece?
Jorge Steinhilber - Nós atuamos de formaglobalsobreoser,desenvolvendotrabalhosquepossibilitemaprevençãodedoenças,apromoçãodasaúdeeaformaçãocidadãin-tegral. Acredito que a taxa de profissionaisque deixam de atuar na área de formaçãonãoestejarelacionadaàfaixaetária,vezqueidentificamosqueemtodasasáreasde for-maçãoprofissionalo índicededesistênciaéexpressivo.Pensoqueofatorpreponderantepara essa desistência na área de EducaçãoFísica seja o fato de os ingressantes seremjovense,infelizmente,possuidoresdepoucainformação na educação média, a respeitoda intervenção do profissional de EducaçãoFísica. Outro fator relevante é a questão daexigênciadeconhecimentoscientíficosparaatuarnaárea,querequerformaçãocontinu-ada,eobaixosaláriopraticadonomercado.
Medicando - O Conselho tem feito algo para tentar reverter essa situação?
Steinhilber -OsistemaConfef/Crefs [Conse-lhos Regionais de Educação Física] procuraestaremsintoniacomoscursosdeformação,em especial com os coordenadores, articu-lando para que esses cursos sejam de boaqualidade,poisuma intervençãoqualificadadepende da formação. Também colocamosos CREFs à disposição, para que sejam pro-movidasorientaçõesaosjovens,arespeitodaáreaedaatuaçãodoprofissionaldeEduca-ção Física na áreada saúde. Por outro lado,instigamos amídia para que cumpra o seupapelsocial,informandoedivulgandooperfilnecessárioparaaescolhadaprofissão.
Medicando – O aumento paulatino da expectativa de vida é acompanhado pelo crescimento de doenças que sur-gem, principalmente, devido ao se-dentarismo. As campanhas de estímu-lo à prática de atividades físicas ainda são insuficientes, ante essa realidade.
O Confef tem feito algo para que o governo adote políticas públicas que tragam resultados significativos, seja a médio ou longo prazo?
Steinhilber - O Brasil, assim como a maio-ria dos demais países, vive a epidemia dosedentarismo, que resulta na obesidade etem como consequência o surgimento dedoenças graves, prejudiciais ao indivíduo eà economia do país, em diversos aspectos.Na medida do possível, promovemos cam-panhas no sentido de incentivar a práticaesportiva ou atuamos em parceria com ou-trasentidadesquepromovemessasensibili-zação, sempre lembrandoaquestãodequea“boaorientaçãofazadiferença”.Ouseja,énecessárioqueos exercícios físicos e espor-tivossejamdinamizados,orientadoseminis-trados por profissionais de Educação Física.Atuamosjuntoaosparlamentaresnosentidodequeestejamatentosa issoepromovam,também,açõesparasensibilizarasociedadea ter uma vida ativa. Uma das respostas doCongressofoiacriaçãodaFrenteParlamentar
daAtividade Física para oDesenvolvimentoHumano, presidida pelo deputado federalAndré Figueiredo, e as Audiências PúblicasdaComissãodeTurismoeEsporte,quetêmdadoboaatençãoaessa relevantequestão.Emtodasasoportunidadestemosnosmani-festadojuntoaoPoderExecutivo,LegislativoeJudiciárionosentidodequeo incentivoàpráticadeatividadesfísicassejapautadaper-manentementepelaspolíticaspúblicas,equeo esporte não seja apenas uma questão degoverno,massimdeEstado.Nãobastaopaísolharoesportecomofatordecompetiçãoesó preparar atletas para os torneios. Temosqueprepararcampeõesparaavida.
Medicando – Ou seja, isso pode ser fei-to de forma paralela, certo?
Steinhilber – Exatamente,poisnão sãoativi-dades excludentes.Muitopelo contrário, sãocomplementares.OBrasil,alémdeseuvertigi-nosodesenvolvimentodemocráticoe cresci-mentoeconômico,foivitoriosoaoconquistarodireitodesediarosmaioresmegaeventoses-portivosdoplaneta,comoaCopadoMundodeFuteboleosJogosOlímpicoseParaolímpi-cos, transformandoopaísnacapitalmundialdo esporte, pelomenos nos próximos cincoanos.Porisso,temosaobrigaçãodeestarmosatentosaesse”tsunami”esportivoesurfarnaonda,aproveitandoaoportunidadedequees-taremostodos,dealgumaforma,sintonizadosno esporte, para estabelecer programas deincentivo àprática esportiva. Essa tambéméuma excelente oportunidade para incentivartodos os órgãos e entidades a debaterem eabordarem o tema, tanto na perspectiva dabuscaparaalcançarmosopatamardepotên-ciaesportivacomonaperspectivadoesporteenquantofatordeeducação,saúde,formaçãoe equidade social, contribuindo para que opaíssejaumapotênciaolímpica.Osgovernos,osparlamentareseamídiaestãoatuandoedivulgandoosprogramasrelacionadosàme-lhoriaeàsobrasdeinfraestrutura,transporte,segurança, de equipamentos, treinamentodeatletasemeioambiente,queessesmega-eventosproporcionarão.Contudo,faz-sene-cessário planejar, urgentemente, os legadossocioeducacionaisdessesmegaeventos,paraqueasociedadepossausufruirdosbenefíciosàeducação,àsaúdeeàinclusãosocial,con-tribuindodeformadestacadaparaminimizaraepidemiadeobesidade.
É necessário que os exercícios físicos e esportivos sejam
dinamizados, orientados e ministrados por profissionais de Educação Física
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Foto:Reprodução
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Não basta o país olhar o esporte como fator de competição e só preparar
atletas para os torneios. Temos que preparar campeões para a vida
com a palavrac
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Medicando – As academias têm sido cada vez mais procuradas por pes-soas que buscam obter boa forma. Pode-se dizer que isso ocorre mais por finalidades estéticas do que pela busca por saúde?
Steinhilber - Creioque essamáxima já estásuperada. Amaioria das pessoas, hoje, estáprocurando academias e outros estabeleci-mentosparaseexercitarem,porperceberemanecessidadedapráticadeatividadesfísicasparaobteremmaisqualidadedevida.Nãoémais só umaquestão de estética, e sim, debem-estar, de ter um melhor condiciona-mento físico, para aproveitar melhor o seudia a dia, sua relação familiar, seu lazer, seutrabalhoeconseguirlongevidade.Atecnolo-giaeaciêncianosproporcionamvivermaiseaspessoasestãopercebendoquenãoadian-tasóvivermaiscronologicamente,masqueénecessáriopoderaproveitaressetempo,e,para tal, umdos remédiosmaisbaratoséoexercício físico.Longevidadecomqualidaderequer,desdecedo,incorporarhábitosdeati-vidadesfísicaspermanentes.
Medicando – Alguma dica especial para que a busca pela saúde seja al-cançada por quem quer começar a se exercitar?
Steinhilber - Iniciarumaatividadede formaprazerosaebuscaraorientaçãodeumprofis-sionaldeEducaçãoFísica,paraqueelepossaavaliare,posteriormente,prescreverasativi-dadesfísicascomsegurança.
Medicando – Os avanços tecnológicos tornaram sedentário o dia a dia das crianças, que trocaram as brincadeiras do passado pelos aparelhos eletrôni-cos, como videogame, computador etc. Uma das alternativas para essa situação, que tem acarretado uma sé-rie de problemas para a saúde infantil, seria o incentivo à prática de educação física nas escolas. O que o Confef tem feito em relação a isso?
Steinhilber-Nosúltimosdoisanos,elegemosobiêniodaEducaçãoFísicaEscolarepromovemosseminários, fóruns e encontros, comoobjetivodesensibilizarospaisarespeitodoDireitoCons-titucional de seus filhos à prática de atividades
físicas,bemcomoodeverdoEstadodecumpriraobrigatoriedadedadisciplinaemtodasassérieseníveisdeensino.Atuamosnosentidodesensi-bilizaroMinistériodaEducaçãoeasSecretariasdeEducaçãoquantoaovalordadisciplinaEducaçãoFísicaeàofertadepráticasdeatividadesfísicasnasescolas,deixandoclarotratar-sededuasáreasdis-tintasquesecomplementam,eambassãofun-damentaisparaodesenvolvimento integraldascriançasedosjovens.Temosempreendidoesfor-çosnosentidodequeadisciplinasejaministradaporprofissionaisdeEducaçãoFísica,inclusivenasséries iniciais, pois alguns governantes não res-peitamessedireitodascriançasaoatendimentoqualificadoeseguro.
Medicando – Hoje, observa-se uma infi nidade de procedimentos comuns às várias áreas da saúde. E o resultado parece ser uma disputa de quem pode fazer o quê. Diante disso, a população se sente cada vez mais perdida quan-to ao profi ssional que deve procurar. A situação tende a piorar?
Steinhilber-Asequipesmultiprofissionaissão fundamentais para o atendimento àpopulação. Acredito que nos hospitais,
nasclínicas,noSUS[SistemaÚnicodeSaú-de], no NASF [Núcleo de Apoio à Saúdeda Família], os profissionais estejam bemarticulados e cada um respeite a área deintervençãodooutro.Contudo,emoutrossegmentos,háumabrigapelomercadoe,emalgunsmomentos,extrapolama inter-vençãocriando,sim,dificuldadesparaqueopacienteouclientepossaidentificarqualprofissionalprocurar.
Medicando - Em tramitação no Con-gresso Nacional, a lei conhecida como Ato Médico, que visa regulamentar o exercício da Medicina no país, causou certo mal-estar entre as demais profi s-sões de saúde atualmente regulamen-tadas. Em sua opinião, existe um fator principal para a falta de entendimento entre as classes, na hora de decidir de quem é a prerrogativa de realizar de-terminados procedimentos?
Steinhilber - O mundo evoluiu e a área dasaúdequebrouparadigmas.Porexemplo,an-tigamenteoconceitodesaúdeeraaausênciadedoença.Hoje,oconceitoevoluiuparaumadefinição mais holística. A medicina, inicial-
Jorge Steinhilber
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mente, era uma arte, e hoje é consideradauma ciência. Surgiram várias intervençõesprofissionaisnaáreadasaúdequenãoexis-tiamhá60anos.Poroutrolado,aciêncianaárea da saúde evoluiu, sendo quase impos-sível umatendimento comonosmoldesdadécadade1950.Háalgunsanos,osensoco-mumeatradiçãotinhamclarezadaatuaçãoeintervençãodomédico.Comtodaaevolu-ção e surgimento de novas profissões que,quando regulamentadas, trouxeram no seubojooatodaintervençãoprofissional,surgi-ramalgumasdemandasjudiciais,fazendo-senecessário serem estabelecidas legalmenteas áreas de intervenção dos médicos. Nãosepodemaisfirmarnosensocomumounatradição. Infelizmente, em ummundo capi-talista,noqual imperaa lógicadomercado,asentidadesresponsáveispelasprofissõesdaárea de saúde não tiveram habilidade parabuscar consenso e estabelecer as interven-ções, principalmente nas áreas confluentes.Fala-semuitonosbenefíciosdasociedade,norespeitoàsociedade.Contudo,nosmomen-tosdesensibilidadeparaasdefiniçõescora-josasdasatribuiçõesprofissionais,asatitudeseaçõessãocorporativistas.Creioseresseumdosfatoresquecriamasdivergências.
Medicando – Então o principal proble-ma é de ordem financeira, ou também envolve vaidade, corporativismo?
Steinhilber - Falta sensibilidade objetivaparaqueasentidadesprofissionaisdaáreada saúdedebatameestabeleçamentre siasáreasdeintervenção.Éprecisoreunirasentidadesparaaçõesconjuntasemrelaçãoàverbaparasaúde,maiorvalorizaçãodosprofissionais, Projetos de Lei que possamprotegerasentidadeseosprofissionais,ouseja, ações conjuntas e externas. Debatercomprofundidadeasquestõesdaáreadasaúdeéumaespéciedetabu.
Medicando – Antes de chegar ao Se-nado, a Lei do Ato Médico passou por várias alterações, ainda na Câmara dos Deputados. Hoje, o documento continua sendo alvo de muitas con-testações, e encontra-se praticamen-te parado. Não seria essa a hora de o Conselho Federal de Medicina (CFM) chamar os demais conselhos para ten-tar resolver esse impasse?
Steinhilber–Acreditoque,nessemomen-to,osConselhosnãotiveramasensibilida-de de resolver entre si a questão, e cabeao Congresso Nacional promover ampladiscussão entre todos os Conselhos e As-sociações Profissionais para estabelecerumProjetodeLeiquesejaomelhorparaasociedade.OsConselhosProfissionaisnãoexistem e nem foram criados para defen-derosprofissionais.Foramcriadosparafis-calizar o direito da sociedade à prestaçãode serviço qualificado e seguro.Os parla-mentares são os representantes do povo,têmaobrigaçãodezelarpelosdireitosdasociedadeelegislaremseubenefício.
““
Os Conselhos Profissionais não
existem e nem foram criados para defender
os profissionais. Foram criados para
fiscalizar o direito da sociedade à prestação de serviço qualificado
e seguro
Medicando – No que diz respeito ao en-trosamento, as reuniões dos Conselhos Federais de Profissões Regulamenta-das, os chamados Conselhões, têm sido úteis em alguns aspectos?
Steinhilber – Sim. O Conselho Federal dasProfissões Regulamentadas e o Fórum dosConselhos Federais da Área da Saúde sãoimportantes e têm significância. Existem di-versos pontos comuns, cujas ações podemser integradas e, certamente, com união épossívelavançar.
Medicando – Mas essa união, conside-rando o cenário atual, não seria uma utopia?
Steinhilber–Nãoéutopia.Areuniãoé fun-damentaleassuntosquesãocomunsatodossãodiscutidos,palestrassãopromovidasparadebater pontos nebulosos. Contudo, infeliz-mente,outrosassuntosrelacionadosàsinter-vençõesprofissionais,principalmenteasquetêm interseções,deveriamseraprofundadasnoConselhão,deliberadaseacatadasporto-dos,poishojeotrabalhoémultiprofissional,principalmentenaáreadasaúde.Noentanto,tallapsoedificuldadenãotiramarelevânciado Conselho Federal das Profissões regu-lamentadas. Apenas precisa de ajuste paraavançoembenefíciodasociedade.
Medicando – O senhor foi um dos pri-meiros conselheiros do Confef e um importante protagonista na luta por sua criação, atuando, inclusive, como presidente do Movimento Nacional pela Regulamentação do Profissional de Educação Física. O senhor acredita que, ao longo dos 13 anos de existên-cia dessa entidade, vocês conseguiram conquistas significativas para o exercí-cio da profissão?
Steinhilber – Com toda certeza con-quistamos, principalmente, o direto deasociedadeseratendidaporumprofis-sional de Educação Física, na prestaçãode serviços em exercícios físico-esportivos.Revertemosaimagemqueosensocomumtinhaarespeitodessesignificativoprofissio-nal, passando a própriamídia a valorizá-lo,adivulgarquesemuma formaçãosuperiornão há segurança nas orientações de ativi-
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Você também pode ajudar a ampliar a imagem socialmente responsável da sua empresa:www.actionaid.org.br/empresa
• Você muda uma vida. Você torna possível a uma criança acesso a seus direitos, como: educação, saúde, alimentação e moradia.
• Não pesa no bolso. Com pouco mais de R$ 1,00 por dia você torna esta mudança possível.
• É emocionante. Você acompanha tudo por fotos, mensagens e relatórios.
Por que você deve apadrinhar uma criança:
Com apenas 3 anos, Marcelyjá conhece a fome e a pobreza.Mude esta realidade:Apadrinhe uma criança.
Marcely nasceu em São Paulo, a maior e mais rica cidade do país. Mas, nos seus 3 aninhos, ela só conviveu com a fome, a pobreza e condições de vida muito difíceis. Saiba mais sobre essa e outras histórias em www.mudeumavida.org.br.
A ActionAid é uma organização internacional que atua no combate à pobreza há mais de 39 anos. Em 2007, foi eleita uma das 20 organizações mais competentes do mundo, em pesquisa da ONU.
A atriz Julia Lemmertz apadrinha uma criança pela ActionAid.“Eu apadrinho uma criança pela ActionAid. É fácil: com pouco mais de R$ 1,00 por dia, o que equivale a um cafezinho, você muda a vida de uma criança e, por consequência, de toda comunidade em volta dela. É o mínimo que a gente pode fazer. Apadrinhe você também!”
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dades físicas.Hoje,oProfissionaldeEduca-ção Física tem relevância e é consideradoumdosprincipaisprotagonistasnapreven-çãodedoenças e promoçãode saúde. Re-vertemosapráticadequequalquerpessoapode “ensinar” atividades esportivas, prin-cipalmente nas comunidades menos favo-recidas, demonstrandoque, seháodesejode inclusão socialpormeiodoesporte, eletemquesertreinadoedinamizadoporpro-fissionaisdeEducaçãoFísica.Conquistamoso respeito e o reconhecimento desse pro-fissional nas esferas governamental, parla-mentare jurídica.Semdúvidaalguma,a leiregulamentadora resgatouaautoestimademuitos profissionais que, com sua atuaçãoeficazecompetente, legitimamaprofissão.Sempre hámais a fazer. Contudo, temos aconsciênciadequeestamos representandoos interessesdaquelesquenoselegeram,eoslegadossãovisíveiseinegáveis.
Medicando – Algumas práticas de-senvolvidas pelos profissionais de Educação Física esbarram nas com-petências de outras áreas, como a fisioterapia ou mesmo a medicina, a ponto de gerar atritos entre vo-cês e outras classes?
Steinhilber – Acredito que, na área damedicina, o respeito mútuo entre osprofissionais e os conselhos seja umfator que vem contribuindo para o re-conhecimentodecadaqualnasuaáreade intervenção. Quanto à fisioterapia,sim,temhavidoalgunsatritosemrazãodoentendimento relativo àprevenção.AsDiretrizesCurricularesNacionais, noponto relacionado às competências ehabilidades, estabelecem como umadas competências gerais da atenção àsaúde que “os profissionais de saúde,
com a palavrac
““
Acredito que os conselhos, em algum momento, perceberão que as questões
relacionadas às intervenções profissionais e às respectivas regulações devam ser
corajosamente enfrentadas por todos, em conjunto, de tal forma que a sociedade
seja a grande beneficiária
dentro de seu âmbito profissional, de-vem estar aptos a desenvolver açõesde prevenção, promoção, proteção ereabilitação da saúde, tanto em nívelindividualquantocoletivo:cadaprofis-sional deve assegurar que sua práticadeve ser realizada de forma integradae contínua com as demais instânciasdo sistemade saúde”. Assim, atuamnaprevenção e promoção da saúde, nasuarespectivaárea,eencaminhandoaoprofissionalhabilitadoparaintervençãodeexercícios físicosvoltadosaocondi-cionamentofísico.Infelizmente,emde-terminados momentos, a possibilidadede prevenção e promoção da saúde éinterpretada na forma da letra fria, e aintervenção de fisioterapeutas, em al-guns casos, tem sido administrar exer-cícios físicos sem que haja qualquertratamentodedoença.Comojánosre-ferimos, são questões mercadológicasquedeveriamestarsendotratadascomresponsabilidade e ética pelas entida-des,antesdasdemandasjudiciais.
Medicando – A regulamentação da prática de qualquer profissão é o melhor caminho para que se possa exercer um bom controle sobre a atuação dos profissionais, e a ela-boração dessas regras é uma prer-rogativa de cada entidade. Mas, ante todo esse impasse, como criar uma regulamentação eficiente e que atenda às necessidades de cada área envolvida?
Steinhilber - Penso que outorgar aosconselhos profissionais a f iscal iza-ção do exercício profissional é umaforma de defender o cidadão e zelarpela ética. As regulamentações estãoestabelecidas e, como o mundo estáem permanente mutação e evolução,nada é estático. É necessário que se-jam procedidas algumas adequaçõesde tempos em tempos. Acredito queos conselhos, em algum momento,perceberão que as questões relacio-nadas às intervenções profissionais eàs respectivas regulações devam sercorajosamenteenfrentadaspor todos,emconjunto, detal formaqueasocie-dadesejaagrandebeneficiária.
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www.mudeumavida.org.br/medicandowww.mudeumavida.org.br/medicandowww.mudeumavida.org.br/medicando
0300 789 85250300 789 85250300 789 8525
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A novacara da AIDS
A pouca exploração do tema na mídia, a sensação de controle sobre a epidemia
e a efi cácia das drogas contra o vírus, aos poucos, estão levando as pessoas a perderem
o medo e se descuidarem da doença. Numa nova tendência, o Ministério da Saúde
aponta que os casos de meninas entre 13 e 19 anos já superam os de meninos
Por Fernanda Brandão e Henrique Giordano
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Luciana*, 19, nem tinha nascidoquandoCazuzachocouoBrasil,em1990,aomorrervítimadaAids.QuandoRenatoRus-sofaleceu,em1996,elatinhaquatroanosenem sequer conhecia o vocalistadabandaLegiãoUrbana.Desdeentão,oscasosfamo-sosdevítimasdoHIVcaíramdrasticamente.Paraela,aAidssemprefoiaquelacoisasobreaqualouvirafalar,masjamaistiveracontatodireto.Por isso,quando foi aumchurrascoemcomemoraçãoaoaniversáriodamelhoramiga,ondeconheceuRicardo*,26,eaípin-touaqueleclima,elanãohesitouemtransarcomelesempreservativo. Preocupação? Sim, ela teve. Aocontar o episódio para as amigas, naquelemesmodia, foi encorajada a tomar apíluladodiaseguinte.Oúnicomedoeraodeumagravidez indesejada. Doença sexualmen-te transmissível? Como, se ambos estavamcompletamente saudáveis e tudo pareciaestar“emordem”? Após o churrasco, os dois pombi-nhosnuncamaisse falaram.Maistarde,con-tudo, a aniversariante daquele dia revelou àamigaqueRicardohaviadescobertoserpor-tadordoHIV.Aíbateuodesespero.Nãosóoterror de talvez ter contraído a doença,masacompletaparalisia.Commedodequeseuspais descobrissem, Luciana sequer procurouummédicoparafazeroteste.“Jáera!”,pensou. Essa é a história da Luciana, cujodesfechoaindanãofoiesclarecido.Mastam-béméadaRaquel,daTamires,daPatrícia...Muitagentenãoestá tomandoos cuidadosdevidos,easadolescentesemulheresjovens
estãosofrendoaindamais.Tantoque,contra-riando a tendência observada até hoje, emtodasasfaixasetárias,segundodadosdoMi-nistériodaSaúde,entreos13eos19anoshámaismulheresdoquehomenscomoHIV. É uma mudança lenta e gradu-al (mas cada vezmais sentida) noperfil decontaminação, que hámuito deixou de selimitaraosfamosos“gruposderisco”,comousuáriosdedrogasinjetáveis,paraincluirto-dosaquelesque têmvidasexualativa.Em-bora essa informação não seja exatamenteumanovidade,averdadeéqueanovacarada Aids ainda é desconhecida por muitos,sobretudopelosmaisnovos.
FALTA INFORMAÇÃO
Para Sérgio Cimerman, médicoinfectologista do Hospital Emílio Ribas,deSãoPaulo,aspessoasnãosãotãobeminstruídas em relação à contaminação,por isso não se preocupam com a doen-ça.“Emboraamedicinaatualjátenhanoscertificado de que ser portador da Aidsnão é mais uma sentença de morte, acuradefinitivaaindanãofoidescobertaeapossibilidadedacriaçãodeumavacina
éremota.Por isso,nãopodemosdeixarapreocupaçãodelado;aAidsnuncadeixoudeserumaameaça.” Os jovens de hoje não conhe-cemopoderdedestruiçãodadoença.Porisso,sãopoucososqueseprevinemdela.NoBrasil,aúltimamortenotóriacausadapeladoençaaconteceuem1996,masóbi-tossilenciososocorrematodomomento.Eamídia,àsvezes, trabalhacontraadis-seminaçãodainformação. Em2009,quandofaleceuotraves-ti Andréia Albertini – famoso depois de seenvolver num escândalo com o ex-jogadorRonaldo –, o Jornal Nacional, da Rede Glo-bo, anunciouqueo falecimento sedeupor“complicações decorrentes da síndrome daimunodeficiência adquirida”. Tecnicamentecorreto,éverdade,masquantaspessoassa-bemqueesseéonomequecorresponde,eminglês,àsiglaAids?Perdeu-seumaoportuni-dadedesefalardadoença. A despeito de episódios comoesse, é fato que casos notórios de mortepelo HIV são cada vez mais raros. Isso sedeveàeficiênciadostratamentos.Ocoquetelanti-Aidspossibilitahojeaosacometidospelovírusumavidapraticamentenormal.
capac
*Nomesfictícios,apedidodosenvolvidosFotos:Reprodução/Divulgação
Cazuza foi o primeiro grande ícone do Brasil vítima da Aids e contribuiu para tornar a doença conhecida pelo grande público ao falecer no auge de sua carreira
Renato Russo deixou uma legião de fãs que, na época, ficaram mais alertas quanto aos
perigos da Aids
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Navisãodoinfectologista,comoaAids se tornouumadoençacrônica, se tra-tadapelo coquetel, ela é desprezadapelosmaisnovos,quenãoviramsuasconsequên-ciasmais devastadoras, nas décadas de 80e 90, quando não havia tratamento eficaz.“ParaessaspessoasteroHIVhojeécomoseterdiabetesouumacardiopatia.Oquenãoéumamentira, jáqueopacienteprecisarátomarremédiosparaorestodavidaefazersempreumcontroledasaúdeparadescobrirseháanecessidadedesetrocaramedicação”,explicaCimerman. Para ele, houve um relaxamentonascampanhasdeprevençãoporpartedogovernobrasileiro.“OBrasilémuitogrande,com uma imensa diversidade, mistura deculturas.Precisamosdeaçõesqueapresen-temaAidsao jovem.Adoençanãoéumabrincadeira, uma simples gripe. Ela podecausaramorte.Fazercampanhanocarnavalenoanonovoémuitofácil.Difícilémanteressetrabalhodurantetodooanoeemtodososcantosdopaís”,desabafa.
GOVERNO NEGA DESATENÇÃO
Esse problema trazido à tona peloinfectologistadoHospital Emílio Ribasnão éassumido peloMinistério da Saúde. As cam-panhas de maior repercussão na mídia sãomesmoaselaboradasparaocarnavaleparaasfestividadesdefinaldeano.Mas,segundoEduardoBarbosa,diretoradjuntodoDeparta-mentodeDST,AidseHepatitesViraisdoMi-nistériodaSaúde,ostrabalhosdeprevençãoedivulgaçãoacontecemdurantetodooano. “Nossa comunicação não se res-tringeapenasaosespaçostelevisivos.Explo-ramos também as emissoras de rádio e asmídiassociais.AAidsestá,todososdias,empauta nos veículos de cada estado do país.Mandamosdiariamenteumclippingnacionalcomarepercussãodasnotíciasecampanhasatodasasorganizaçõesenvolvidas.” AhistóriadeLucianaedeRicardorepete-se diariamente com outros protago-nistas.A internet, sobretudo, se tornouumaferramentapoderosaparaalavancarrelaçõessexuaiscasuais.Enemtodomundosepreo-cupacomasdoençassexualmentetransmis-síveis. Para muitos, como Luciana, tomar apíluladodiaseguinteresolvetudo. EmentrevistaàRevistaMedicando,jovensdacidadedeSãoPaulocomprovamateoriadequenãohámaismedodesecon-trairaAids.AcorretoradeimóveisTM,de21anos, só tem relação sexual com camisinhaporqueseachamuitonovaparaterumfilho.Elaacreditaqueosparceiroscomquemelajá teve relaçõesnãopossuemadoença. “Setivessem,elesmecontariam”,relata. OempresárioPHSnãoutiliz ,a ca-misinhapelosimplesfatodeacharquenuncavaicontrairovírus.“Usoapenasquandonãoconheçoamulhereelapede.Quandonamo-ronemmeesforço.Nuncapenseinisso,nemsentiquefossenecessário.” Cimermandestacaqueaspessoasprocuramporbelezaeacabamesquecendooriscodecontrairadoença.“Elasachamqueépossívelidentificarlogodecaraumsoropo-sitivo. Enxergam uma pessoa bonitinha emfestas, no cinema, no restaurante, em lojase acabam transando semproteção. Por issosempredigo:quemvêcaranãovêAids.” Outromotivoparao sexo semca-misinha é o “namoro sério”. O casal acreditaquedeixandoopreservativodeladoestápro-vandoseuamoraoparceiro. “Sótranseicomomeunamorado,atéagora.Logocomeceia
tomarpílula.Eleémaisvelhodoqueeuesabeoquefaz.Nãovouobrigá-loausarsóporcau-sadaAids”,confessaPB,estudantede19anos. Cimermanacreditaqueasmulheressãoasmaisprejudicadasnessasocasiões. “Elasacabamseapaixonandopelohomeme criamumaconfiançaplena.Nãosabemseeleusadro-gas,semantémumrelacionamentocomoutrasmulheres.Poressemotivo,averdadeiraprovadeamoréusarsempreacamisinha”,orienta. ParaEduardoBarbosa, asmeninasainda se deparam comuma sociedadema-chista,que reprimeabuscapor informação.“Aspessoasaindanãoaceitamqueumaga-rotatenhaoucompreumpreservativo.Paraohomem,terumacamisinhaénormal,masparaelasnão”,diz. Nossa protagonista tem entre 13e19anose,segundonúmerosdoMinistériodaSaúde,estánafaixaetáriaemquehámaismeninas infectadas pelo vírus. Desde 1998sãocontabilizadosoitocasosnaalamasculi-naparadezcontaminaçõesentreelas,sendoque 94,9% são decorrentes de relações he-terossexuais com parceiros infectados coma doença. De acordo com informações daúltimaatualizaçãodoMinistériodaSaúde,osadolescentesdãoinicioàsatividadessexuais,emmédia,aos16anos.Em2008foramdiag-nosticados323meninase264meninoscomovírus.Jáem2009,oregistrofoide136garo-taspara78rapazes.
O NEGóCIO É PREVENIR
O governo brasileiro investe emdiversasaçõesparatornaraprevençãoumhábitonavidadaspessoas.Ofornecimen-to de camisinha chega a 467 milhões deunidades por ano. Os jovens são respon-sáveispelaretiradade37%dessespreser-vativosno SistemaÚnicode Saúde (SUS).AindadeacordocomapesquisadoMinis-
LUTA CONTRA A AIDS
Muitos famosos já entraramnessa briga. Com a ajuda das celebri-dades, o combate da epidemia ficamais forte, conscientizando um maiornúmerodepessoas. Bill Gates, através de suaFundação Bill and Mellinda Gates,fornece medicamentos para porta-dores da doença. Já Elton John cola-bora financeiramente com campanhasde prevenção da Aids. Distribuiu maisdeUS$30milhõesdesde1992,anoemque também criou uma fundação decombateaovírus(EltonJohnAids). Richard Gere é contribuinteassíduo de diversos projetos a favor dossoropositivos. Jackie Chan é membro daOrganização das Nações Unidas (ONU) e,atravésdela,utiliza suapopularidadeparaalertaraspessoassobreosriscosdadoença. Diversas celebridades brasi-leirascomsucessoentreosmaisjovensaderiram ao movimento “Camisinha,tem que usar”, promovido pela revistaCapricho. Entre eles, Bruno Gagliasso,Deborah Secco, Erik Marmo, LuanaPiovani,SérgioMaroneeacantoraIveteSangalloposaramparaacampanha.
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tério,adistribuiçãogratuitadacamisinhafazcomquemaispessoasseprotejamduranteasrelaçõessexuais. Outropontoimportanteéaampliaçãodediagnósti-cosdaAids.Nosúltimosquatroanos foramdistribuídoscercade8,9milhõesdetestesdeHIV,tudopagopeloSUS.Comisso,ogovernoalegaqueopercentualdejovensquefazemoexameaumentoude22,6%para30,1%. ParaLuciana,omais indicado,aessaalturadocam-peonato,éfazerumtesteparaquesejapossíveldetectarapre-sençadovírus,seéqueelefoi,defato,contraído.ÉnecessáriofazerumacoletagratuitadesanguepeloSUS.Existemostesteslaboratoriaiseosconsideradosrápidosque,ematé30minutos,detectamovírusnoorganismo. “Hojeépossível ligarno ‘DiskAids’eobterinformaçõessobrecomoéfeitaatransmissão,so-breoslocaisondesepodefazeroexameesobreotratamentoadequado”,dizSérgioCimerman. Avergonhadeassumirqueteveumarelaçãosexualcasual e desprotegida comum rapaz que futuramente veio adescobrirserportadordovíruséoprincipalmotivoparaLucia-nanãoprocurarajudamédicaefamiliar.Masotesteprecisaserfeitoomaisrápidopossível.Quantomaiscedoforadescoberta,menoresserãoosdanos,jáqueotratamentoéiniciadopronta-mente. “Estãonogrupoderiscotodasaspessoasquetiveramrelaçõessexuaissemcamisinhaeusuáriosdedrogasqueutiliza-ramseringascontaminadas”,alertaoinfectologista. As mortes acontecem devido a complicações dasinfecçõesoportunistas. “Sempreque acharnecessário, façaoteste.Adiminuiçãoda imunidadedocorpoacontece rapida-mente, e a carga viral aumenta. A pessoa precisa começar atomarocoquetelparaevitaroágilfalecimento.”UmasimplesdiarreiajáécapazdedeixarumacometidoporAidsemalerta.“Umaencefalite, inflamaçõesagudasdocérebro,pneumonia,meningite, entre outras. Qualquer sintoma precisa ser vistocomatenção”,esclareceCimerman. Entreosadultos,ovírusestámaispresentenosho-mens do que nasmulheres,mas a diferença entre os sexosestádiminuindoanoapósano.Nafaixaetáriade20a59anos,naqualseconcentraomaiornúmerodeinfectadospelovírus,asmulheresestãoquasepassandooshomens.Em1989,exis-tiamseishomens infectadosparacadamulhercomadoen-ça.Duasdécadasdepois,jáeraregistrado1,6casomasculinoparacadafeminino. Mesmocoma aproximação femininaem relaçãoaonúmerodeinfectados,oshomensaindasãoamaioriadasvíti-masfatais.Noiníciodoséculo21eramregistrados31milcasosporanonoBrasil.Essenúmerofoicrescendoatéatingir38milcasosporanoem2009.Nesseperíodo,7.443adultosperderamsuasvidas–sendo58%homense42%mulheres. Entre a população de indivíduos brasileiros sexual-menteativos,apenas35,1%fizeramousodacamisinhaduranteaúltimarelaçãosexual.Quandooparceiroéeventual,58%dosentrevistados pelo Ministério da Saúde usam preservativos eapenas20%seprotegememtodasasoportunidades.Apessoapodenemsaberquetemadoença,jáqueovíruspodeficarporumlongoperíodosemsemanifestar.
Alguns famosos que morreram vítimas da Aids
CAZUZA(Agenor de Miranda Araújo Neto) (07/07/1990) - Considerado um dosmaiorescompositoresbrasileirosdeto-dosostempos
RENATO RUSSO(Renato Manfredini Júnior)(11/10/1996)-LíderdabandaLegiãoUr-bana,grandesucessodadécadade80.
CLÁUDIA MAGNO(06/01/1994) - Atriz que participoude diversas novelas e filmes famosos,como Menino do Rio (1982) e GarotaDourada(1983).
MARCELO IBRAHIM(03/07/1986) - Protagonizou a novelaUmSonhoaMais(1985)efezpartedofilmeOs trapalhõeseoReidoFutebol(1986).
FREDDIE MERCURY(20/11/1991) - Vocalista de umas dasbandasderockmais famosasdetodosostempos,Queen.
SANDRA BRÉA(04/05/2000) - Atriz. Considerada sím-bolosexualbrasileiranadécadade70.
LAURO CORONA(02/07/1989)-Atorqueficounacional-menteconhecidopeloseupapelnano-velaDancin’Days(1978).
sociedadecivil.Estudosepidemiológicossãorealizados a cada ano para detectar as ten-dênciasdaepidemiaesaberquaisospúbli-cosquenecessitamdemaisatenção. “Essetrabalhopassapelossistemasde comunicação internos do Ministério daSaúdeedasáreasdevigilânciaedesaúde.Édeterminado se os trabalhos serão destina-dosmaisparaasmulheres,paraosjovensouparaosnegros.DepoispassapelaassessoriadecomunicaçãodoGabinetedaPresidênciadaRepública”,relataodiretor.
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CAMPANHAS GOVERNAMENTAIS
Eduardo Barbosa, diretor adjun-to do Programa Nacional de DSTs, Aids eHepatites Virais do Ministério da Saúde,dizqueoBrasilaindaé referênciamundialna criação de programas e campanhas deconscientização. O Ministério estabeleceuparcerias com organizações da sociedadecivil de todos os estados brasileiros paraelaborarmateriaisdedivulgaçãodireciona-dos aos jovens e acredita estar focado noataqueaessenovoperfildadoença. As ações de prevenção e a assis-tênciaaos infectadospelovírusestãoasso-ciadas aos princípios de direitos humanos.“Trabalhamos para a sociedade. Fazemosações, planos e programas de prevençãoparaamelhoriadaqualidadedevida.Nossoobjetivo é combater estigmas e preconcei-toscomaspessoasquevivemcomovírus”,explicaEduardoBarbosa. Há planos destinados ao enfren-tamento da epidemia para gays e travestis,assim como ações que são montadas es-pecialmente para mulheres e transexuais.“RecentementefizemosumaparceriacomoMinistério da Educação e criamos o projeto‘Saúde e Prevenção nas Escolas’. Hoje,maisde 60mil entidades fazempartedessepro-gramaerelacionamaAidsaoutrosconceitos,queseaprendenasaulas”,relataodiretor. Foicriadaaexposiçãoitinerante“So-mostodosiguais,preconceitonão”,querepro-duz cenas de solidariedade e proximidade deartistas conhecidos pelo público e jovens quevivemcomadoença.“Nossointuitoélevaresseprojetoparauniversidades,shoppings,escolaseprovaraosjovensqueépossíveltrabalhar,estu-dar,namorar,fazertodasasatividadesdodiaadianormalmente”,incentiva. Existe tambémacampanha “FiqueSabendo”,queincentivaaspessoasafazeremexamesdeHIV,sífilisehepatites.“Celebridadeseformadoresdeopiniãotambémestãoenvol-vidosparaacabarcomopreconceitoecomavergonhaemrealizarostestes”,contaBarbosa. Os programas são realizados emtodas as regiões dopaís, respeitando as ca-racterísticaslocaisedentrodosprincípiosdoSUS.OGovernoFederalestabeleceasdiretri-zes, fazas linhasdeação,ajudanacapacita-çãoenodesenvolvimentodostrabalhos.MasquemtransformaosplanosemrealidadesãoosEstadoseMunicípios, emparceria coma
CONHEÇA A DOENÇA
A ameaça se potencializou emmeados dos anos 80, após alguns médicosperceberem que pacientes internados compneumoniaapresentavamosistema imuno-lógico extremamente debilitado. O curiosoeraqueessaspessoastinhampontosemco-mum:eramjovenshomossexuaise/ouusuá-riosdedrogasinjetáveis. Em um curto espaço de tempo,maisdedoismilcasosdadoença jáhaviamsidodetectadosnosEstadosUnidosenaEu-ropa. Com isso, o órgão demonitoramentoepidemiológicodosEUA,oCentrodeContro-ledeDoenças (CDC), reconheceuoapareci-mentodaSíndromedeImunodeficiênciaAd-quirida,aAids,comoumagrandeepidemia.Ovírussemantémnosistemaimunológicoedestroiascélulasquedefendemoorganismodasinfecções.Ocorpoficamuitovulnerávelaumagrandevariedadededoençaseoagra-vamentodessaspatologiaséoquepodecau-saramortedosoropositivo. ”ApessoasóédiagnosticadacomAids quando a contagem de células-T CD4docorpoestáabaixodeduzentascélulaspormicrolitro.Portanto,nemtodapessoaqueéHIV-positivodesenvolveunecessariamenteadoença”,explicaSérgioCimerman. Nosúltimosanos,osnúmerosdenovas infecções ainda são considerados al-tospeloMinistérioda Saúde– cercade34milcasosporanoe11milóbitos.Éumpro-blemadesaúdepúblicaqueprecisaseren-frentadocomtratamentoeprevenção.“Per-manecemosnaperspectivadequeadoençaainda é um fator preocupante. De acordocom nossas pesquisas, a população brasi-leira possui conhecimento e usa camisinhaconstantementenaprimeira relaçãosexual.Mas,apartirdomomentoemqueaspesso-asfirmamumrelacionamentocomalguém,deixamdeutilizar”,afirmaEduardoBarbosa,doMinistériodaSaúde.
AVANÇOS MÉDICOS
Consideradaamaior vitóriadesdeo descobrimentodadoença – e o principalculpado pelo relaxamento da populaçãoemcontrairovírus–,o ‘’Coquetelanti-Aids’,uniãodedrogasparaotratamentodadoen-ça,viveumodificaçõessubstanciaisese tor-nouogranderesponsávelpordevolverasen-
SOCIEDADE VIVA CAZUZA
Agenor de Miranda AraújoNeto, o Cazuza, é considerado um dosmaiores compositores de todos os tem-posnoBrasil.Nadécadade80,suamúsicaembalava o país. Foi vocalista da bandaBarãoVermelhoeautordemúsicascomo“ProDiaNascerFeliz”e“Exagerado”. Alémdotalentoparaamúsi-ca,Cazuzasemprefoipolêmico.Noanode1989declarouserportadordovírusdaAids.Faleceunoanoseguintedevidoacomplicaçõesdadoença. Seus pais, João Araújo e Lu-cinhaAraújo, criaram a Sociedade VivaCazuza(1990).AONGtemoobjetivodeajudarascriançassoropositivasateremumavidamelhor. AOrganizaçãotevecomopri-meiro parceiro o Hospital UniversitárioGaffrée e Guinle, localizado no Rio deJaneiro.Doisanosdepois,aparceriafoidesfeita e a ONG começou a fornecermedicamentos,exameseassistênciadeformaindependente. Commaisde20anosdeexis-tência, a Sociedade Viva Cazuza atendecercade140pacientes,todososmeses,pormeiodoProjetodeAdesãoaoTrata-mentoe já levou felicidadeparamuitaspessoas. Crianças soropositivas sendoadotadaseadolescentescompletandoamaioridadepodendodeixarainstituiçãoestãoentreasprincipaisconquistas.
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saçãodeumavida“normal”aosacometidos.Oobjetivoémelhoraro status imunológicodopaciente,assimquefordetectadaaquan-tidadedevírusquecirculanoorganismo,pormeiodarealizaçãodoexamedecargaviral. NoBrasil, a fabricaçãodomedica-mentoéfeitadesde1994porlaboratóriosna-cionais.Háumcomitê,compostopormédi-cosinfectologistasepelasociedadecivil,quetrabalhaespecialmenteparaanalisartodasasúltimasdrogasdisponíveispara trataroHIV.DeacordocomEduardoBarbosa,omedica-mentoéidealizadoapartirde20substânciasepossuimaisde32combinações.“Asúltimasdrogasquesãolançadasnomundosãoanali-sadasporessecomitêe,comoavaldetodos,sãoincorporadasdentrodaquiloqueéofere-cidopeloMinistérionospostos”,completa. OInstitutodeInfectologiadoHos-pitalEmílioRibassalientaqueoBrasil saiuàfrenteemrelaçãoaosoutrospaíses,pordis-tribuirgratuitamenteosantirretroviraispres-critos por infectologistas. Sérgio Cimermanpontuaqueomedicamentoédealtocusto,masosgastoscompensam,porgerarecono-miadeaté80%,noscasosdeinternaçõesnoshospitais. “Oprocessodeanáliseparao tra-tamentodadoençarealizadopeloBrasilnãofoge dos modelos americanos e europeus.Portanto,omedicamentoécaroeprecisaserprescrito por um especialista e retirado emlocais específicos. O governo brasileiro temdisponíveis99%dasdrogasquecirculamnomercadomundial.” Cercade200milpessoasjáfizeramotratamentopormeiodamedicaçãoforneci-dapeloSUS.Aterapia,quandolevadaasério,podereduzirosriscoscausadospeladoençaefazercomqueapessoaleveumavidanor-mal.Poroutro lado,ocoquetelpodecausarefeitoscolateraisdistintosemboapartedosusuárioslogonocomeçodotratamento.Issoobrigaopacienteafazerexameslaboratoriaisdetrêsaquatrovezesaoanoparamanterpa-râmetrosrotineirosdadoença. Sintomas como náuseas, vômito,irritações estomacais, inflamação do fígado,diarreia e dores de cabeça são comuns du-ranteo tratamento. “Os inibidoresdaprote-asesãoasdrogasmaisfortesquecompõemo coquetel. Elaspodemaumentar a taxadeaçúcarnosangueeresultaremdiabetes,umavez que aumentam a contagemde triglicé-rides,colesterol,agorduranoabdômendoshomensenamamanasmulheres.Épossível,
também,queapessoadesenvolvaumalipoa-trofiafacial,queéadiminuiçãodagorduradorosto”,explicaoinfectologista. Outrasdrogaspresentesnocoque-telcausamdanos,assimcomoaefavirem,queé um análogo nucleotídeo. Ela causa efeitosmanejáveis como tontura, insônia e pesade-los.Opacienteéinformadosobreaspossíveisconsequênciasantesdoiníciodotratamentoe, emgeral, acaba suportandoosefeitos ad-versossemgrandesinconvenientes. No caso de gestantes portadorasdo vírus, é realizado um tratamento especí-fico e direcionado. As drogas precisam agirpara proteger o feto, durante e depois do
trabalhodeparto,momentoemquea inci-dênciadecontágioémaior.“Asgrávidasquesãodetectadasdoentesprecocementefazemumtratamentoespecíficoparabeneficiarosseusbebêse, assim,diminuir aschancesdeacriançasersoropositiva.”Atransmissãover-tical acontece somente com 20% dasmãesportadorasdovírus. Oúltimocongressode infectologia,queocorreuemagostopassado,reuniuimpor-tantesnomesdaespecialidadeparadiscutirosavanços científicosno tratamentodadoença.“Temosdrogasqueestãoemfasedetestesevão resultar naquestãodaqualidadede vidadospacientesenadiminuiçãonoriscode in-fecçõesoportunistas”,relatouoespecialista.
BARREIRAS
Luciana ainda não sabe se estácontaminadaounãoapós ter tido relaçõessexuaiscomRicardosempreservativo,mas,seahipóteseforpositiva,seráadequadoumacompanhamento psicológico. “Quandoperdemos algo que amamos de forma sú-bita, sentimos que parte de nós desfalece,mas com o passar dos dias conseguimosdaraessemomentoumnovosentido. Issoéoqueacontececomamaioriadaspesso-asque recebeanotíciadequeestá comoHIV. Primeiro vema vontadedenão ter vi-vidoparaterrecebidoainformação,porém,namedida em que o tempo vai passando,avontadedeviversuperaador”,contaapsicólogaJulianaNogueira. Para ajudar infectados a enfrentarasituação,existemprogramasrealizadosporpsicólogosquepreparamedãoequilíbrioaosinfectados.“Fazemosapsicoterapiaindividu-alecoletivaparaqueapessoaconsigatraba-lhar as questões que incomodam. Ela passapelafasedaraiva,domedo,daangústiaedodesespero.Precisadeumtratamento”,afirmaCarine Eleutério, da Associação Brasileira deSaúdeMental(Abrasme). O preconceito e a discriminaçãoaindasãopontoscruciaisnosofrimentodosinfectados.Aindahápessoasquetêmmedodetocaredividiromesmoespaçocomumapessoaquepossuiovírus.“TemaquelesquetambémpensamqueoHIVéumacondena-çãoàmorte,e issonãoémaisumaverdadeabsoluta.Issopodeparecerpequeno,porém,aindaexisteessepensamento,queincomodamuitoospacientes”,garanteCarine.
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A Instituição Grupo Pela Vi-dda (Valorização, Integração e Digni-dade do Doente de Aids) foi fundadaem1989,noRiodeJaneiro.Nomesmoanofoiconstituído,emSãoPaulo,ou-trogrupo,comosmesmosideais.Hoje,a entidade tambémestá presente emNiteróieGoiânia. Idealizada pelo escritor Her-bert Daniel, a ONG foi criada por pes-soasportadorasdovírusHIV,juntocomfamiliares e amigos. O objetivo é inte-graraspessoasinfectadasnasociedade.O incentivo àparticipaçãode todas aspessoasnocombateaovírustambémécaracterísticadogrupo. Um ano após sua inaugura-ção, a ONG começou a oferecer assis-tênciajurídicagratuitaàspessoascomadoença,jácontabilizandomaisde3.000beneficiados.Foicriado,também,opri-meiroserviçotelefônicovoltadoainfor-maraosinteressadossobreoassunto,oDisque-AidsPelaVidda.
avanço científi coa
N as últimas três décadas, a Aidstornou-se um problema desaúde pública mundial. Pes-quisadores ao redordomundo
têmdesenvolvidotécnicasparaencontrarumacuraseguraeeficazparaessamolés-tia,quejáinfectou30milhõeseprovocaamortedemaisdedoismilhõesdepessoasporano.SomentenoBrasil,são600milin-fectados, desde 1980, quando o primeirocaso foi identificado no país. Atualmente,dezenas de vacinas estão em fasede tes-tes,porém,atéomomento, todastêmfa-lhadonodesafiodedriblaropoderdoHIV,víruscausadordadoença. Entre tantos institutos de pes-quisa empenhadosna luta contra aAids,estão tambémospesquisadoresdo Insti-tutodoCoraçãoedaFaculdadedeMedi-cinadaUniversidadedeSãoPaulo (USP),sobaliderançadoDr.EdecioCunhaNeto.Naúltimadécada,aequipebrasileirade-senvolveuumavacina intituladaHIVBr18,baseada numa trabalho inovador que járendeupatentesparaoBrasil. A nova técnica procura extrairdiversospedaçosdovírusquesemantêmidênticos,mesmoapósdiversasmutaçõesdo HIV em nosso organismo. Isso é umpasso importante, pois quanto maior foro número de fragmentos do vírus, contraosquaisavacinaconsegueestimularumarespostaimunenoorganismo,maisseguroestarácontraocontágiodadoença. Alémdisso,diferentedeoutrosestudos que buscam reforçar os linfóci-tosdo tipoTCD8,aartilhariapesadadenosso corpo contra células infectadas,os brasileiros concentram suas fichasem outro linfócito T, o do tipo CD4, cé-lula responsável por auxiliar o corpo aescolherqualéamelhorestratégiaparaexterminarumvírusequedisparaapro-duçãodecélulasCD8. Por meio de testes em camun-dongos, os brasileiros conseguiram umaresposta imunológica melhor, se com-parada com vacinas similares de outraspartesdomundo.Agora,ogrupoaguardafinanciamento para testes com macacose,futuramente,comhumanos.
Uma nova esperança contra o HIVPesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) desenvolvem vacina inovadora que procura aumentar a resposta imunológica contra o vírus da Aids
Por Salvador Nogueira e Hemerson Brandão
INFECÇÃO MUTANTE
Normalmente,atécnicamaisusadaparadesenvolverumavacinaconsistenautili-zaçãodeumaversãodovírusenfraquecidoouna extraçãodepequenospedaçosdeleparacriarumvírusartificial.Esse“vírusfalso”,aoserinjetadonocorpo,não temacapacidadededesenvolveradoença,masfazcomqueonos-so organismo crie defesas para combatê-lo,estandopreparadoparaquandoocorrerumaameaçareal.Contudo,emcertasdoenças,essatécnicanãofunciona,eentreelasestáaAids. Duranteo contágio, oHIV se ligaà sua principal célula-alvo, o linfócito T dotipoCD4.OvírusinjetaoseupróprioDNAnacélulahumanaeaforçaagerarcópiasdesimesmo, as quais se espalham rapidamenteportodooorganismo.Noentanto,duranteesse processo de replicação, ocorremerrosqueacabamgerandomudançasnaestrutu-radovírus,oquedificultamuitoaproduçãodeumaúnicadrogaquecombata todasasvariedadesdoHIV.
Sem uma vacina e com um nú-meroaltode linfócitosCD4debilitadospelovírus, o corpo do paciente acaba perdendoacapacidadedesedefendercontraoHIVeoutrastantasbactériasevírusqueacometemnossoorganismodiariamente. IssoaconteceporqueoCD4éoresponsávelporestimularaproduçãodeanticorposelinfócitosdotipoCD8,osquaisliberamtoxinasquematamascélulasinfectadas.Semessemecanismopro-tetor, o corpo fica totalmente indefeso, po-dendolevaropacienteaóbito.
VACINA BRASILEIRA
Em 2002, uma equipe lideradapor Edecio Cunha Neto, que também in-cluíaJorgeKalileSimoneFonseca,iniciouo desenvolvimento de uma pesquisa noLaboratório de Imunologia do InstitutodoCoraçãoenaDisciplinade ImunologiaClínicaeAlergiadaFaculdadedeMedicinada USP. Eles começaram a estudar quaispedaçosdoHIVseriamconservados,mes-mo durante asmutações, ou seja, os queseriamidênticosemváriostiposdeHIVcir-culandonapopulaçãobrasileira. Comesseestudo,elespretendiamgarantir que cada pessoa que recebesseessa vacina pudesse ter respostas imunes–criandodefesasemnossoorganismo–a um número grande desses pedaços e,ainda, que a droga induzisse respostasdecélulasTdotipoCD4,justamentepara“potencializar” adefesa contraoHIVan-tesdehavercontatocomovírus.
Colhendoamostrasdeumgru-po heterogêneo de infectados brasilei-ros, o grupo identificou os pedaços doHIV que tinham todas essas caracterís-ticas, com o auxílio de programas de
computador, trabalho que ge-rou uma patente para a
vacina–aprimeiratotalmente desen-volvidanoBrasil.
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Em 2006, Daniela Santoro Rosa,da Universidade Federal de São Paulo
(UNIFESP) juntou-se à equipe de CunhaNeto comoobjetivode fazero “desenho”da vacina, contendo os pedaços do vírusqueforammapeadosanteriormente. “A vacina construída é compos-ta de um gene que codifica 18 pequenos‘pedaços’ do vírus HIV. Esses pedaços es-tãopresentesemoitodosnovegenesquecompõem o HIV e estão conservados emváriostiposdeHIVquecirculamnapopula-ção”,dizDaniela.Essesfragmentostambémforam selecionados por serem reconheci-dos e por terem desencadeado respostasimunes,especialmentedascélulasTCD4+,namaiorpartedapopulação. ‘Nesse mesmo período, Danielaproduziu a vacina HIVBr18 e, juntamentecomSusanRibeiro,outromembrodaequi-
pe, começou a testá-la em camundongose verificar se ela era capazde induzir umaforterespostaimune. Atéagora,ostestescomaHIVBr18procuraram saber se ela é capaz de induziruma resposta imune, mas não se é capazdeproteger contra a infecçãopeloHIV. Issoporqueoscamundongostestadosnãosein-fectamcomoHIV.Paraconfirmarseavacinaprotege,antesdetestaremhumanos,teriamqueusaranimaisquepodemseinfectar. Para resolver essa questão, elescomeçaram, recentemente, uma série de no-vos experimentos, utilizando outros tipos decamundongos geneticamente modificados–semsistema imunepróprio,quereceberamtransplantedeórgãoshumanosequepassamaterumsistemaimunehumano,inclusiveascé-lulasTCD4+,eassimtornam-secapazesdeseinfectarcomoHIV.Nospróximosmeses,aequi-pesaberáseavacinaprotegeessescamundon-gos,poisessesexperimentosjáestãoemanda-mentocomcolaboradoresamericanos.
avanço científicoa
TESTES EM HUMANOS
Dada a dificuldade de se conse-guir animais para testar vacinas contraaAids,muitasdaspesquisastêmreali-zadotestesclínicosdeimunizaçãonoúnicohospedeirodoHIV:ohomem. Antesdeumavacinaserconsideradaseguraeeficiente(istoé,capazdeprote-
ger o homem contra uma infecção), eladevepassarporfasesdetestes,comdiferentesobjetivoseutilizandoumnúmerodiferentedevoluntários. Somente quando a vacina passaportodasessasfases(quatronototal),équeelacomeçaaserdistribuídaparaapopulação. Osprimeirostestesclínicos,conheci-doscomode fase I,normalmenteutilizamemtornode10a50voluntáriose têmaprincipalfunçãodeobservarosparâmetrosdesegurança(presençaounãodeefeitoscolaterais),ecapaci-dadedavacinadeinduzirumarepostaimune. Umresultadodessafasefoipublicadoem setembro deste ano nas revistas “Vaccine”e“JournalofVirology”.OtesteclínicorealizadopeloHospitalClinic, deBarcelonaedoGrego-rioMarañon, deMadri, apontou que a vacina,desenvolvida pelo grupo espanhol, conseguiuimunizarcontraoHIV90%deseus30voluntá-rios,utilizando-sedequatrogenesdoHIVinjeta-dosnumvírusenfraquecidodavaríola. Apesardoalardenaimprensaaoredordessaedeoutraspesquisassimilares,essasvacinasrequeremaindaanosdepesquisaenovostestesclínicos.Paraterainformaçãodeeficáciadeumavacina,sãonecessáriosensaiosclínicosdefaseIII,queutilizamumnúmeromuitomaiordevoluntá-rios–5.000,porexemplo.Oúltimo,eoprimeiroamostrarqualquereficáciaatéhoje,foifinalizadoem2009.ChamadadeRV144,avacinafoitestadaem16milvoluntáriosnaTailândia.Essetestemostroueficáciaemapenas30%deles.Dessaforma,apesardosresultadospromissores,aindaestamoslongedevenceraguerracontraaAids.
ProfessoraadjuntadaUniversidadeFederaldeSãoPaulo(UNIFESP),nadisciplinadeImunologia,DanielaSantoroRosaémem-brodaequipelideradapelaUSP.Elafoiares-ponsávelpelodesenhodavacinaHIVBr18econversoucomaRevistaMedicandosobreainovaçãodatécnicabrasileiraeospróximospassosdapesquisa.
MEDICANDO – A vacina HIVBr18 é fruto de uma pesquisa exclusivamente brasi-leira ou existem parcerias com institu-tos de outros países?
Daniela – A vacina foi inteiramente desen-volvidanoBrasil,desdeomapeamentodos“pedaços”do vírusháoito anospelanossaequipe,atéoseudesenho,produçãoetes-tes feitosemcamundongos. Essespedaçosdo vírus, que fazemparte da vacina, forampatenteados pela nossa equipe. Para de-senvolver esse projeto, contamos com ofinanciamento da Fundação de Amparo àPesquisa do estadode São Paulo (FAPESP),doMinistériodaSaúdeedoConselhoNacio-naldePesquisaedesenvolvimento (CNPq).Aequipevemcrescendonosúltimosanoseagoracontacomalunosdepós-doutorado,doutoradoemestrado.
Medicando – No que essa vacina desen-volvida na USP difere de outras imuni-zantes que estão em desenvolvimento pelo mundo?
Daniela–Sabe-sehojequeumavacinaeficazcontraoHIVtemquegerarrespostasimunesamuitos“pedaços”dovírusemcadapessoavacinada, de formaque sua resposta imuneconsiga reconhecer pelomenos alguns pe-daçosdoHIVqueinfectouaquelapessoa.Aprincipaldiferençadanossavacina,emrela-çãoàsoutrasqueforamtestadasatéagora,équeela foi “desenhada”de formaaalcançaresseobjetivo.
Medicando – Espera-se que, no futuro, a vacina também tenha função tera-pêutica em infectados ou apenas como meio preventivo da Aids?
Daniela-Tendoemvistaoimportantepapelda resposta imunemediada pelos linfócitosTCD4,anossavacinapoderá,no futuro, sertestadaemindivíduosquejáestãoinfectadoscomovírus,comoobjetivoprincipaldeindu-zirumarespostaespecíficaparaessetipoce-lular,oquepoderáauxiliarnocontroleimunedareplicaçãodovírus.
Medicando – Para quando está previsto o teste em humanos?
Daniela – Antes de ser testadoem humanos, um novocandidatovacinalpreci-sapassarportestesemmacacos. Atualmente,aguardamos financia-mentopara realizaressestestes, que deverão serfeitostambémcomma-
cacosdaespécie resodo InstitutoButantan.Essaespécietemumsistemaimunemaisse-melhanteaohumanoqueoscamundongose,inclusive,podeseinfectarcomumavarian-tedovírusdaAids,oSIV(vírusdaimunodefi-ciênciasímia).
Medicando – A técnica desenvolvida na USP para essa vacina pode ser utilizada para combater outros tipos de vírus?
Daniela - Sim. O conceito de utilizar váriospedaços geneticamente conservados podeserutilizadoparacombateroutrosvírus,prin-cipalmentenosquepossuemelevadataxademutação.Aoinduzirrespostasimunescontraváriasregiõescomunspode-seterumamaiorprobabilidadede evitar que a incidência demutaçõestorneavacinaineficaz.
Palavras da especialistaFoto:ArquivoPessoal
Proteção ao tendão calcâneoSaiba como evitar lesões no tendão mais forte do corpo humano, essencial no caminhar, e conheça uma técnica cirúrgica inovadora que confere menor tempo de recuperação e internação com a mesma eficácia da operação convencional
ContaamitologiagregaqueAquiles,filhodoreiPeleuedarainhaTétis,foimergulhadoporsuamãenaságuasdorioEstige,quetinhamopo-derdetorná-loinvulnerável.Noentanto,elefoi
seguradopelocalcanhar,únicapartedocorpoquenãofoi tocadapelaságuas, vindoa se tornar,por isso, seuúnicopontovulnerável. Consideradoumdosprincipaisheróisgregos,Aquiles foimortoembatalhaporPáris, filhodo reideTroia,comumaflechaqueatingiuseucalcanhar,maisprecisamentenotendãocalcâneo.Daíarazãopelousopopulardaexpressão “meucalcanhardeaquiles”,quesignificaopontofracodealguém. Otendãocalcâneoéaextensãodeumcon-juntodecamadasde tecidoconjuntivoque recobreapanturrilha,alémdeseromaisfortedocorpohumano.É responsávelpormoverapontadopéparabaixonafasede impulsãodocaminhar. “Eleéoprincipalflexorplantardopé,esuafunçãoéapropulsão.Otendãocal-câneoempurraocorpoparaafrentenomomentoemqueabaixaapontadopé,equandoestamosparadoseleagecomoummúsculoantigravitacional”,explicaoDr.AntônioEgydiodeCarvalhoJúnior,médicoassisten-tedoHospitaldasClínicas,emSãoPaulo,eespecialistaemcirurgiadopé. Atletasiniciantesquepraticamcorridaouati-vidadescomsaltosestãomaispropensosasofrerlesõesnessaárea,quandoasestruturasnãoestãopreviamen-tecondicionadasasuportarasrepetidascontraçõesouquandoháumexcessodecarga.Nãoserespeitarope-ríododerecuperaçãoapósumaatividadepodefacilitarosurgimentodoproblema,assimcomopessoasacimade45anosquepraticamatividadesesportivastambémcorremmaisrisco.
Por Danielle CoimbraFoto: Reprodução/Fisioinforma
Dentre os principais fatores queacometemessetendãoestãoousodecal-çados inadequados, sobrecarga, esforçosde repetição, diabetes, hipotireoidismo,tabagismo e tipo sanguíneo “O”, dentreoutros.“Aslesõessãomaiscomunsemho-mensdoqueemmulheres,porém,quandoambossãoidosos,aproporçãopassaaseramesma,poisnafasedoclimatério[períodoentrea fase reprodutivaenão reprodutivadavidadamulher],ohormônioestrogênio,que age comoumprotetor, diminui, e elatambémpassa a fazer parte da populaçãoderisco”,afirmaEgydio.
LESÕES
Os traumatismos podem estarrelacionadosalesõesdegenerativasouin-flamatóriase, emcasosmaisgraves, rup-turasparciaisoutotais.Oprocessodege-nerativoqueocorrenotendãoéchamado
detendinoseepodeserconsideradoagu-dooucrônico,deacordocomotempodepermanênciadossintomas. As dores que ocorrem durantea fase inflamatória tendem a desaparecerquandoháumaquecimentoantesdeativida-desfísicas,porém,retornamassimqueelaéinterrompida.“Esseprocessoécaracterizadoporpequenasrupturasnasfibrase,casoissoocorracomrepetição,otendãopassaaficarenfraquecido”,esclareceoortopedista. Afaseinflamatóriatambéméacom-panhada de sintomas como dor no tendãoduranteosexercícios,inchaço,vermelhidãoerangidos,aosemoveropé.Nocasodastendi-noses,ossinaissãoparecidos,porémmaisin-tensos,eacompanhadosdenódulosnaregiãoafetada,diminuiçãodaforçadosmúsculosdapanturrilhaelimitaçãodosmovimentos. Uma ruptura do tendão calcâneoacontece,normalmente,nomomentoemqueapessoaestásaltando,correndoouiniciando
umacorridamaisforteeasensaçãoéadeterlevadoumapedradanapanturrilha,acompa-nhadadeumestalo.Opéficaadormecidoeenfraquecido,impedindooindivíduodecon-seguir apoiá-lo no chão. Em alguns casos épossível caminhar, apesar da impossibilidadedesefirmarnapontadospés.
PRIMEIROS SOCORROS
Em rupturas parciais, em um pri-meiro momento, deve-se colocar gelo nolocal e não forçar o tendão, ou seja, nãocaminhar e, caso seja necessário, solicitarajudaparaseapoiarousercarregado.Opró-ximopassoéoatendimentomédico,ondeoespecialistafaráumaanálisedocaso,comperguntas,examesclínicos,examesdeima-gens e, quando possível, uma ressonânciamagnética.Naocasiãodeumarupturatotal,sente-semuitadoreéprecisoencaminharapessoaparaumhospitalimediatamente.
avanço científi coa
Peter Paul Rubens - Óleo sobre tela - 1630/35 - Tétis mergulhando Aquiles no rio Estige
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“Feito o diagnóstico, o tratamentonos pacientes jovens com alta demanda [es-portistas]equenãotenhamcontraindicaçãooudoençasgraveséo cirúrgico”, acentuaEgydio.Há casos excepcionais, em que o tratamentoconservador,comgessoe imobilização,é indi-cadoparapacientesmaisvelhosouquetiveremmoléstiascomocânceroudoençascardíacas. Otratamentocirúrgicopodeserre-alizadoporviaaberta(comumcortedeseisaoitocentímetros)oupelatécnicadereparaçãopercutânea,umprocedimentomaismoderno,emquesãofeitasmicroincisõesnolocal.Ocor-rendoumarupturaextensa,éindicadaaprimei-raopção,ondeapeleéabertapormeiodeumaferidaoperatória.Avantagemdessemétodoéaexposiçãoda lesão,quepermiteumavisua-lização direta emaior facilidade de ação. “Noentanto,pacientesquenãopodemtergrandesincisõesnapele,comoosdiabéticoseaquelesquepossuemvarizes,precisamsersubmetidosaoprocedimentopercutâneo”,esclareceoes-pecialista.Noscasosemqueadistânciaentreospontosémenorquetrêscentímetros,omé-todoutilizadoéopercutâneo. “Nestatécnica,minimamenteinva-siva,oquetemosdisponívelhoje,noBrasil,éoTenolig,ummétododebaixamorbidadeealtaeficácia.”Umaagulhaespecial,dotadadeum“barbante”cirúrgico,éintroduzidaacimada lesão,notecidodotendãosadio,atravésdapele.Ela,então,ultrapassaalesãoatésairno tecido sadio, abaixo da lesão. Por meiode um arpão metálico, engatado na pontadobarbante,oespecialistapuxaporbaixoeaproximaoscotosdalesãodotendão.Afixa-çãoéfeitaporforadapele,pormeiodeumsistema chamado aprisionamento, ou pre-silha. “Oque temos, ao final, são dois furos,
um localizado acima e outro abaixo, e umapequenaaberturanapele,porondepassaoarpão”,explicaEgydio. De acordo com o ortopedista,a facilidade do procedimento cirúrgicocomportaumabaixapermanênciadeinter-nação, além de produzir osmesmos bonsresultados que o tratamento aberto. “AeficáciadoTenoligpermiteumarápidare-cuperaçãoeboacicatrização,comavanta-gemdehavermenorriscodecomplicaçãoeinfecção.”Acirurgiaporviaabertaéfeitaemaproximadamenteumahora,edeman-da três dias de internação. Já a operação
pelo método percutâneo é realizada, emmédia, em20minutos, e o paciente podeserliberadonomesmodia. O engenheiro mecânico HB*, 32anos, operado recentemente por meio datécnicado Tenolig, afirmaque a cirurgia foium sucesso. “Não houve febre ou infecçãoenãosintonenhumtipodedor,apenasumligeiro desconforto com os fios, quando dealgum movimento de extensão da perna.Apesar do gesso, às vezes dá para sentir oscabos ‘puxando’ omeu tornozelo,mas essasensaçãovemdiminuindodiaadia.”
PREVENÇÃO DE PROBLEMAS
Alguns cuidados são imprescindí-veisparaevitar lesõese rupturasno tendãocalcâneo, ou diminuir a incidência. Escolhaumtênisadequadopararealizaratividadesfí-sicas,estejafisicamentebempreparadoparaapráticadesportiva,façaalgumamusculaçãolocalmente,nãoseesqueçadosexercíciosdealongamentoeaquecimentoantesedepoisdas atividades, aumente a velocidade dostreinosgradualmenteeeviteexcessosdesu-bidaeoganhoexcessivodepeso.
*PordeterminaçãodaAgênciaNacionaldeVigilância Sanitária (Anvisa) a identidade doentrevistadofoimantidaemsigilo.
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As rupturas no tendão calcâneo podem ser evitadas com a prática de exercícios de alongamento antes e depois das atividadesFoto:Reprodução
Tenolig: técnica de reparação percutânea, minimamente invasiva e de alta eficáciaIlustração:Reprodução
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Missão: lancheira saudávelA difícil tarefa de tornar o lanche das crianças atrativo e ao mesmo tempo nutritivo
pode ser resolvida com criatividade, paciência e bons exemplos
Ainfância é um período marcadopor grande desenvolvimentointelectual e físico. E, nessa eta-pa, uma alimentação carente de
nutrientes pode causar deficiências físicasecognitivas.Emoutroextremo,ahiperali-mentaçãogeraaobesidadeinfantil,proble-maquetematingidoníveisalarmantes.Por
essesmotivos,orientareeducaradequada-mente nossas crianças sobre os alimentosque consomeméumdosmelhoresmeiosdepreveniralgunsdistúrbios. Comacorreriadodiaadia,mui-tas crianças têm como lanche deliciosasguloseimas; afinal, sãode fácil aquisiçãoe prontas para consumo, não deman-
dandonenhumtrabalhoparaopreparo.E é aí que mora o perigo. Por exemplo:um bolinho recheado industrializado,um achocolatado pronto e um pacotedebatata fritade50gramassomam616calorias. Já o trio campeão de pedidosdas cantinas escolares: coxinha frita, re-frigeranteebombomatinge602calorias.
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Ambos os modelos de lanche contêmquasemetadedasnecessidadescalóricasdiáriasdeumacriança. O problema não é somente oconsumodessesprodutos,masafrequên-cia com que eles aparecemno cardápio.Comonãoéfáciltrocarasguloseimasporalimentossaudáveis,cabeaospaisexerceracriatividade,apaciênciae insistirem in-centivarospequenosafazeremasmelho-resescolhasalimentares. Emboraamontagemdeuma lan-cheiranutritivae saudávelnemsempresejafácil, seusbenefícios sãoenormes.Agrande
importância dessa refeição para as criançasé,principalmente,adefornecerenergiasufi-cienteparaamaratonadeaulas,garantindo-lhesummelhordesempenhoescolar. Tantoparaascriançasquantoparaos adultos, uma boa alimentação previnea obesidade e doenças ligadas a ela, comodiabetes,dislipidemiasehipertensão–todasatualmenteemascensão. Incluir a criança na montagemdo lanche, fazendo com que ela mesmaprepare seu sanduíche, por exemplo,permitirá que ela veja a variedadede in-gredientes que podem completá-lo, ou
mesmo levá-laaomercadoeexplicar-lheas propriedades dos alimentos tambémestimulabonshábitos. Vale lembrarquede nada adianta falar sobre alimentaçãosaudávelseacriançanãotememcasafru-tas,verduraselegumesouse,tampouco,vêospaisconsumindo-os. Bons hábitos alimentares são ad-quiridosaolongodavidaedevemfazerpartedo crescimento das crianças. Nesse sentido,ospaissãoosprimeiroseducadoreseexem-plosnessajornada.Nãosomenteoconteúdoda lancheira deve ser saudável, e sim a ali-mentaçãodafamíliacomoumtodo.
Siga nossos passos e ofereça para seu fi lho um lanche que não só alimenta, mas nutre:
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Incluaumalimentoenergético:bolocaseirosimples,pãointegral,biscoitointegral,docesemrecheiooubarradecereal.
Acrescenteumalimentoconstrutor:queijobranco,snackdequeijo,iogurte,leite,frioscommenorteordegordura(peitooublanquetdeperu,presuntomagro).
Coloqueumalimentoregulador:frutasinnaturaousecas,suconatural,águadecoco,bebidasàbasedesoja.
Incluaumlíquido:criançasperdemmuitaáguaduranteasatividadesebrincadeiras.
Varieoslanches,assimacriançanãoenjoaráeteráopaladarmaisabertoparanovossaboresealimentos.
Eviterefrigerantes,porquesãoricosemaçúcar.Prefirasucosnaturaisouáguadecoco,maslembre-sedearmazená-losemgarrafatérmicaparaquenãoestraguem.
Fujadebolachasrecheadasebolinhosindustrializados,sãoricosemgordurasepobresemnutrientes.
Eviteachocolatadosprontos,devidoaoexcessodeaçúcaregordura.Façaamisturadeleiteeachocolatadoempóemcasaeutilizeagar-rafatérmicaparaotransporte.Umaembalagemdeachocolatadoprontocontém185caloriase4,7gramasdegordura,enquantoaversãocaseirapreparadacomleitesemidesnatadooferece144caloriase2,4gramasdegordura.
Dicas para uma lancheira saudável e diferente a cada dia
Segunda-feira: 1pacote(30gramas)debolachasalgadaintegral,snackdequeijo,sucodeuva
Terça- feira:Bolosimplesdecenoura,iogurte,maçã
Quarta-feira:Sanduíchedepão integralcomqueijobrancotemperadocomoréganoeazeite,sucodemelancia,pêssego
Quinta-feira: Cerealcomiogurte,banana
Sexta-feira: Bisnaguinha com peito de peru e requeijão, suco de soja,frutadesidratada
Ofereçaaseufilhoalimentosquelhepossibilitemumcrescimentosaudávelefeliz.
Dra. Simone KikuchiHospitalSírioLibanês-
NutricionistaClínicaeAmbulatorialEspecialistaemNutriçãoemDoençasCrônico
Degenerativas–HospitalIsraelitaAlbertEinstein-GraduadaemNutrição–
UniversidadeSãoCamilo
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Outubro Rosa: mês da luta contra o câncer de mama
Mobilização que surgiu nos Estados Unidos e
tem se espalhado por diversos países já conta
com a adesão de várias cidades do Brasil,
tendo como destaque a iluminação
especial de monumentos e a realização
de diversas atividades educativas
em prol da luta contra a doença
Por Elizângela Isaque
Foto:P.Eduardo
Ocâncerdemamaéosegundotipodetumormaisfrequentenomundo,sendomaiscomumentreasmulheres.Dadosdo InstitutoNacionaldoCâncer(Inca)apontamque,anualmente,surgemcercade50milnovoscasosdadoença.Eécomointuitodealertarapopulaçãoquantoaopro-blemaqueentidadesligadasàcausaconseguiramfazercomqueoutubro
setornasseomêsmundialdalutacontraessamoléstia. InternacionalmenteconhecidocomoOutubroRosa,omovimentotementreseusdestaquesailuminaçãodosprincipaismonumentosdasgrandescidadespelacorrosa,comoformadeconscientizaresensibilizarasociedadequantoaosperigosdocân-cerdemama,bemcomodaimportânciadoseudiagnósticoprecoce.Emparalelo,aolongodetodoomês,acontecemeventos,comocorridas,caminhadaseencontroscommúsica,dançae,claro,palestraseducativasacercadotema. CadavezmaisfortenoBrasil,esteanoomovimentocontoucomainiciativadeváriascidadesportodoopaís.NaCapitalFederal,porexemplo,oCongressoNacio-nal,aCatedral,oMemorialJK,oPaláciodoPlanaltoeafachadadoMinistériodaSaúdeforam iluminados com a cor símbolo da luta, deixando a noite da cidade comumbrilhomaisfeminino.EmSãoPaulo,aPonteEstaiada,aPrefeitura,oTeatroMunicipaleoMonumentodasBandeirasrepresentamalgunsdosmarcosescolhidosparaganharascoresdomovimento. NoRiodeJaneiro,cidadeonde,todososanos,omovimentoteminício,oCristoRedentor,aexemplodasediçõesanteriores,foioprimeiromonumentoaseriluminado,se-guidopeloSantuárioNossaSenhoradaPenha.Damesmaforma,ascoreseasatividadesdaaçãoganharammuitasoutraslocalidadesbrasileiras,comonoEspíritoSanto,ondeumaca-minhadalevouosparticipantesatéaPraçadosNamoradosparareceberemserviçoscomoaferiçãodepressão,bafômetrodanicotina,massagensrápidas,acupunturaetc.
HISTóRIA
Osprimeirosmovimentos,quederaminícioaoqueviriaasetornaroOutu-broRosa,surgiramnosEstadosUnidos,aindanoséculo20.Nesseperíodo,aFundaçãodoCâncerdeMamaSusanG.Komenofereceubonéscor-de-rosaaossobreviventesdadoençaqueparticipavamda“CorridaparaaCura”.Em1991foiavezdosparticipantesdaCorridadeNovaYorkreceberemumlaçocor-de-rosa,lançadoedistribuídopelaFun-dação.Apartirdessadata,esseeventopassouaserpromovidoanualmente. Seteanosdepois,asaçõesemnomedacausaseespalharamporoutrasca-pitaisnorte-americanas,quepassaramaenfeitarprédiospúblicoscomlaçosrosa.Pos-teriormente,surgiramoutrasações,comocorridasedesfilesdemodaquereuniamso-breviventesdadoença.Porfim,maisespecificamentenacidadedeYuba,naCalifórnia,tornou-seregularaaçãodeiluminartodososmonumentos,prédiospúblicos,ponteseteatros.NãodemoroumuitoparaqueomovimentoseespalhassepelosEstadosUnidose,emseguida,ganhasseomundo.
NoBrasil, oOutubroRosa chegouem2008,pormeiodaFederaçãoBrasileiradeInstituições Filantrópicas de Apoio à SaúdedaMama (Femama). Nesseano,aentidadepromoveuailuminaçãodaestátuadoCristoRedentor,eventoque,ao longodessesqua-troanos,marcaoinícioaomovimento. “Oobjetivoprincipalécomprome-ter o país e a comunidade brasileira com acausadocâncerdemama.Temostidosuces-so nessa iniciativa. Percebemos que, a cadaano,amobilizaçãodosbrasileirosestámaior”,afirmaamédicamastologistaepresidentedaFemama,MairaCaleffi.
MENSAGEM
A médica explica que a principalmensagemdoOutubroRosaéalertarasocie-dadeparaa importânciadodiagnósticopre-coce do câncer demama, que tem até 95%dechancedecura,sedescobertocedoetivertratamentoagilizadoequalificado.“Nossaluta,comoFederação,éreduzirosíndicesdemor-talidadeporcâncerdemamanoBrasil.Preci-samossempree,deformaconstante,chamaraatençãodasmulheresparaaimportânciadoautocuidadoedamamografia”,afirma. Dentre as principais atividades daFemamaestão,sobretudo,ascampanhasdeconscientização, como as Caminhadas dasVitoriosaseoOutubroRosa.O recebimento
conscientizaçãoc
Maria Caleffi , presidente da Femama, comemora a adesão do Congresso Nacional ao movimento
Foto
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Foto:BetoPadilha
do 1º Prêmio Excelência Latina, pela Ameri-canCancerSociety(ACS),eaaprovaçãodaleique regulamenta amamografia apartir dos40anospeloSistemaÚnicodeSaúde (SUS)representamalgumasdasconquistasdains-tituição. Tais reconhecimentos se dão pelotrabalhorealizadoemparceriacomcercade50organizaçõesassociadasdetodoopaís. Caleffidestaca o fato de, pela pri-meira vez, ter recebido a adesão do Con-gresso Nacional, que buscou a parceria daentidade para promover uma estratégia de
sensibilizaçãoe iluminouoórgão legislativocomacordomovimento.“Esteano,otraba-lho tem sidomuitogratificante,pois a cadagesto,emcadacantodopaís,podemosestarsalvandoumavida”,comemora. ApresidentedaFederaçãoexplicaque,emboraasaçõesmaisnotóriassejamre-alizadasemoutubro,otrabalhodaentidadeaconteceaolongodetodooano.“Lançamosnacionalmente a campanha ‘Faça pormim’,quepropõeenvolvertodaacomunidadeemtornonãosódoentendimentoacercadaim-portânciadodiagnósticoprecocedocâncerdemama,mastambém–eprincipalmente–incentivar asmulheres a teremumaatitudeemrelaçãoaisso”,explica.
ASPECTOS DA DOENÇA
O câncer de mama raramente sedesenvolve em pessoas com menos de 35anos.Acimadessafaixaetária,suaincidênciacrescerápidaeprogressivamente.Estatísticasdeentidadesrelacionadasàdoençaindicamaumento de sua presença tanto nos paísesdesenvolvidosquantonosqueestãoemde-senvolvimento.Deacordocomo Inca,aso-brevidamédia da populaçãomundial, apóscincoanos,éde61%. NoBrasil, as taxasdemortalidadecausadaspeladoençaainda são considera-dasmuitoelevadas,conformeosparâmetrosda Organização Mundial de Saúde (OMS).Umadasprováveiscausasdoaltoíndicedefalecimentoséatribuídaaodiagnóstico,quecontinuaaocorreremestágiosjáavançados.“Oexamedemamografiadetectalesõesain-daimpalpáveiscomgrandemargemdese-gurança. É importantemantê-lo na revisãoperiódica, junto com a visita ao médico, eprestar a atenção se o seu estilo de vida ésaudável”,orientaCaleffi.
A agente de saúde Elizete VieiraBarbosasabeexatamenteoquanto iniciativasdeconscientizaçãocomoaspromovidaspeloOutubroRosasãoimportantes.Emborajátra-balhasseháquase30 anos comoorientadorade mulheres para assuntos relativos à saúdefeminina,elanuncaimaginouquepoderiaserdiagnosticadacomcâncerdemama,atéouvirdomédicoaconclusãodosexames. “Leveiumchoquequando recebianotícia.Agentenuncapensaquepodeacon-tecerconosco.Deumahoraparaoutradeixeideseruma‘cuidadora’paraserpaciente”,relataElizete.Alémde sempre realizaroautoexameaomenosumavezpormês,conformeindica-vaàsmulheresnaspalestrasqueministrava,elaprocuravaomédicoparafazerosexamespre-ventivos,deacordocoma recomendaçãodoMinistériodaSaúde. Apesardetodososcuidados,apenasumanodepoisdeencontraremumtumorbe-nignoemumdeseusseios,veioodiagnósticoda existência da formamaligna do problema.“Percebiqueomamilodoseiodireitoestavain-vertidoe,porisso,procureiomédico”,relembraElizete.Nocasodela,amamografiaanualnãofoisuficienteparadetectarotumor,quesópôdeservisualizadopormeiodaecografiamamária,masexemploscomoodelasãoumaexceçãoàregra. De acordo como Inca, na grandemaioria das situações a mamografia é efi-cientenadetecçãodetumoresmalignosnamama e seus benefícios representam cercade 30% de diminuição da mortalidade emmulheresacimados50anos.Alémda idade–48anosquandodescobriuocâncer–,Elize-tefazpartedogrupoparaoqualarealizaçãoperiódicadeexameséextremamenteimpor-
tante,portertidooutrocasodamesmado-ençaemsuafamília,umdosprincipaisfatoresderiscoparasuaincidência. Hoje,apóspassarpelosprocedimen-tos padrão de tratamento – quimioterapia eradioterapia–,Elizetesevêfelizporterenfren-tado a doença e já estar apta a realizar outracirurgia:aqueiráreconstruiroseioretiradonaintervenção anterior. “Foimuito importante oapoioquerecebidaspessoas.Foioquemedeuforçaparaenfrentaroproblema”,revela. No auge de seus 52 anos, Elizete,maisdoquenunca,dizvalorizarcadamomentoquepodepassarcomafamíliaecomemora,in-clusive,suavoltaaotrabalho.Paraela,terficadoatentacomsuasaúde,assimcomofazerosexa-mesperiódicos,foioquepossibilitouachancedeestarviva.“Quantomaisinformaçõesaspessoasreceberem,comoeusempretive,maisfácilseráarecuperação.Eumefortalecicomosinúmerosapoiosquerecebi.GraçasaDeus,possodizerqueomundonãoacabouequeavidacontinua.”
Exemplo de vidaCaminhada das Vitoriosas, em Blumenau-SC
Foto:Arquivopessoal
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As constantes evoluções da ciên-ciaedatecnologiaquasesemprecaminhampara o bem comum. No entanto, com essedesenvolvimento,surgemquestionamentoseincertezasquetangemasquestõesreligiosas,políticaseéticas.Emmeioaessaprofusãodedúvidasedilemasoserhumanotemacapaci-dadedeseadaptaràsmudanças,eissoéper-cebidoemtodasasesferasdeconvivência. Aciêncianãofogedisso.Elatam-bémpassapordúvidas, incertezas e crisesexistenciais. O aprimoramento e o surgi-mento de novas técnicas, terapias e inter-venções médicas nos colocam diante dequestõesqueantesnãoeram imagináveis.Nossos avós ou bisavós nunca pensariamem embriões congelados, doação de óvu-los, gravidez com gametas de pessoas fa-
lecidasouúterodesubstituição. Aciênciaémutávelcomoopensamentoemgrupo,porém,émaisrápidaemenosburocrática.Ciênciaesociedadesãoduaspalavrasqueestão inexoravelmente interligadas. Umadependedaoutra,mas,aomesmotempo,sebaseiamemconceitosbemdistintos Comoadventodatécnicadefer-tilização in vitro, lá nos idos da década de1980,muito se faloudobebêdeprovetaeda artificialização da concepção humana.Contudo,nãodemoroumuitoparaqueessaopinião fossemudada e a sociedade reco-nhecesseaeficiênciadatécnicaecomoesseavanço construísse tantas novas famílias.Mas há de se reconhecer que a tecnologiaprovocouumamudançasignificativanama-trizfamiliar,talcomoelahojeéconstituída.
A família formada por, necessa-riamente, umpai e umamãe estámudada.Nessesentido,astécnicasdereproduçãohu-manaalteramaorigemdohomem,descons-truindoumconceitoqueestáengendradohámilharesdeanosnasociedade. Desdequeoprimeirobebêdepro-vetanasceu,muitoseevoluiunastécnicasdereproduçãohumana.Acadadiaéumanovaterapia que surge, um aparelho inovador etratamentos revolucionários para trazer luz aumdosmomentosmaisespeciaisnavidadeumapessoa.Comtécnicasmodernas,ostrata-mentosestãoficandocadavezmaisacessíveisecomumaassertividademuitomaiordoqueeram contabilizadas anos atrás. As taxas desucessonareproduçãoassistidaaumentaramemquasequatrovezesnosúltimos30anos.
Quais os limites para a reprodução humanaAntes tida como controversa, hoje a fertilização in vitro mudou a forma como se constitui uma família na sociedade, abrindo um novo leque de possibilidades
Foto:Reprodução
E toda essa evolução tecnológica está ao al-cancede todos.Casais homoafetivos (domesmo sexo),pessoas inférteis, comdificuldades para engravidar, viúvasquequeiramutilizaromaterialgenéticododoadorquejáte-nhamorrido–desdequehajaautorizaçãopréviaespecíficadofalecido–,todospodemrecorreraterapiasdereproduçãoassisti-da,deacordocomasdiretrizesdoConselhoFederaldeMedicina(CFM).Esseéoórgãoqueregulamentaasatividadesdosespecia-listasnopaís, jáqueoBrasilnãopossuilegislaçãoespecíficaparatratardequestõessobrereproduçãohumana. Com os novos cenários desenhados pelos avanços namedicina,osórgãosresponsáveisprocuramnortearacondutamé-dica,buscandosempreomelhorparaasociedade,seminfringirasquestõeséticasemoraisdeumacomunidade.Eesta,comotem-po,vaimoldandoeaperfeiçoandoessasleis,normasoudiretrizes,deacordocomopensamentoemcomum. Emdezembrode2010,oCFM,pormeio daresolução1957,deixabastanteclaroaobjetividadedastécnicasdereprodu-ção assistida. Resumidamente, o órgão prevê que o paciente sópoderecorreràstécnicasdereproduçãoassistida“quandooutrasterapêuticas tenham se revelado ineficazes ou consideradas ina-propriadas”e“desdequeexistaprobabilidadeefetivadesucessoenãoseincorraemriscogravedesaúdeparaapacienteouopossí-veldescendente”. Porém,comotoda legislação,pontosobscuroseques-tionamentossempresurgem,eénessemomentoqueasociedadetemumpapelindispensávelnaelucidaçãodasdúvidasparaacon-cretizaçãodosseusideais.Cabeanós,especialistaseformadoresdeopinião,divulgaressasaçõespara,então,conseguirmosapro-ximaraomáximodopensamentocoletivoe,assim,aperfeiçoaraslegislaçõesvigentes,emtodososâmbitos.
ColunistaJuliano Scheff er
DiretorcientíficodoInstitutoBrasileirodeReproduçãoAssis-tida–IBRRA-Pós-graduaçãoemReproduçãoAssistidanoInstitutoValencianodeInfertilidade–IVIMadrid/Espanha.MembrodaSociedadeAmericanadeReproduçãoHumana
Foto:Reprodução
Zouk, no ritmo do bem-estar
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Dança originária do Caribe ganha o reforço das raízes
brasileiras, recebe infl uência de outros estilos e conquista
cada vez mais adeptos por todo o país
Nuncahaviatidonenhumtipodecontatocomadançaadois,atéque,
completamenteleigoepreconceituoso,resolviconheceradançadesalão.Aideia
eraaprenderalgonovo,experimentarodesconhecidoe,logonaprimeiraaula,nofinalde2009,jásaímatriculadoemtodosos
estilospossíveis.Fizsamba,salsa,forróeozouk,quelogodecaraganhoumeucoraçãoeminhaalma,tornando-se,semdúvida
nenhuma,meuestilopreferido.
Por Danielle Coimbra
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ParaSalahNaser,25anos,adança,hoje,setornouumestilodevida.“Dançar é o que me faz sorrir!”,diz.Ozouk,emespecial,oajudouaperderatimidezefezcomque
setornasseumapessoamaiscomunicativaealegre,alémdeaumentarseucírculodeami-gose,dequebra,promoveroencontrocomsuaatualnamorada.Eosbenefíciosnãoparamporaí.Ocontadorsentiu,acimadetudo,umbemparaoprópriocorpo.“Quandocomeceiadançarpesava107kge,umanodepois,jáha-viaemagrecido25kg,únicaeexclusivamentedançando.Repareitambémquemeufôlegoeminharesistênciaevoluíram.” OsbenefíciospercebidosporNaserfazem parte dos muitos outros que podemser adquiridos por meio da dança, arte queestimula o trabalho das funções psicomoto-ras, comoequilíbrio, imagemcorporal, ritmo,relaxamentoedesenvolvimentodaexpressivi-dadecorporal.Alémdisso,oexercíciotrabalhaacontraçãomuscular,ocontrolemotor,ares-piração,previnedeficiênciasfísicaseposturais,auxilianapercepçãovisualeauditivaeajudaamanterocorposadio,ágileemforma.
“Adançaéconsideradaumaativi-dadelúdica,tendoboaindicaçãoparaotra-tamentodehipertensão arterial e colesterolalto. Quando tratamos do psicológico, nósnos preocupamos com a integração, socia-bilizaçãoeautoestima.Nãoéumaatividadefocadanomúsculo,maséindicadapelosmé-dicoscomoatividadeextra”,explicaAlexGo-mesdeAbreu,professordedançade salão,coreógrafoedançarino. Adançadesalãoabarcaumasériederitmos,dentreelesozouk,quetemsepo-pularizadoeganhadocadavezmaisadeptos.SuaorigeméoCaribe,ondeédançadocompassosqueseassemelhamaomerengue,noqualocasalmarcaotempocomumdospéseooutroéarrastadonochão.OzoukcomoéconhecidonoBrasilteveforteinfluênciadalambada, estilomusical quenasceunoParáa partir da fusão do carimbó com a batidametálica e eletrônica do Caribe. Quando setornou popular, amúsica “Chorando se foi”representavaocarro-chefedadivulgaçãodalambadapelomundo. Experiências com variados estilosmusicais, aplicados à base de marcação dalambada, levaramàcriaçãodoquehoje,noBrasil, entende-se como zouk. Seu ritmo émais lento, e osmovimentos suaves permi-temexplorar aomáximoa sensualidadeeabelezadadança,contribuindoparaocontatoentreosparceirosea improvisação. “Muitasmúsicasconhecidasdopúblicosãomixadascombatidasdezouk,oqueacabaaproximan-dooestilodogostopopularedespertandoointeresseemconhecereaprender”,enfatizaAlex Gomes. Rihanna, Justin Timber-lake,Ne-Yo,CrisBrowneNellyFur-tadosãoalgunsdosartistasinter-nacionalmente consagrados quejá tiveram suasmúsicas transfor-madasaosomdabatidadozouk.
AUTOESTIMA E SOCIALIZAÇÃO
Deacordocomoprofessor,apro-curapeloritmoporpartedasmulheresestárelacionada, principalmente, ao resgate daautoestima,aopassoqueoshomensseinte-ressampelasociabilizaçãoe integraçãocomoutros grupos. “A maior preocupação doshomensédançarbem,impressionar.Opú-
blicofeminino,porsuavez,vênozoukumaformadeestimularoemocional,
Alex Gomes. Rihanna, Justin Timber-lake,Ne-Yo,CrisBrowneNellyFur-tadosãoalgunsdosartistasinter-nacionalmente consagrados quejá tiveram suasmúsicas transfor-madasaosomdabatidadozouk.
homensédançarbem,impressionar.Opú-blicofeminino,porsuavez,vênozouk
umaformadeestimularoemocional,
OUTROS RITMOS DA DANÇA DE SALÃO
Bolero
Bachata
Chá-chá-chá
Forró
Foxtrote
Merengue
PasoDoble
Salsa
Sapateado
SambadeGafieira
Sambanopé
Soltinho
Tango
Valsa
WestCoast
Chá-chá-chá
Merengue
PasoDoble
Sapateado
SambadeGafieira
Sambanopé
Salah Naser conduz a dama durante baile de zouk
“A dança é uma arte que melhora a vida das pessoas, pois faz com que você esqueça os problemas e te dá a oportunidade de estar em contato com grupos diferentes.”Alex Gomes de Abreu
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Foto:AgnaldoMoita/GuettodoZouk
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ouseja,muitasvezesamulhernão temumcorpo atraente, mas ela dança bem, entãoissoelevasuaautoestima.” Gomes revela que quando a pro-curapeloritmopartedeumcasalamelhorana relaçãoéperceptível em80%dos casos.“Éumaartequemelhoraavidadaspessoas,pois a dança faz com que você esqueça osproblemas, já que é ummomento em quetemos a oportunidade de estar em contatocomgruposdiferentes.” Emgeral, o estilo é procurado tantoporadolescentesquantopela terceira idade. “Ointeresseéconcentradoentreosmaisjovenseafaixaetáriaatéos35anos,sendoqueosmaisve-lhosprocuramozoukparaincrementararelação,enãoparadançarnanoite”,explicaoprofessor.
BAILES
Locais para dançar, inclusive, équenãofaltampeloBrasilafora.Alémdosbailesdedançadesalãopromovidospelasacademiasespecializadas,váriascidadesjácontamcombaladas semanais e até con-gressos direcionados aos amantes do rit-mo.Duranteoferiadode15denovembroacontece,emSãoPaulo,o5ºCongressodeZoukdoBrasil,eventoqueteráaulasefes-tasduranteseisdiasseguidos. Cidades como Rio de Janeiro,BeloHorizonte,BrasíliaeSãoPaulo,quejátêm um movimento fortalecido, contamcomumaprogramaçãosemanalintensadezoukeoutros ritmos,comoasalsa,ome-rengue,oforróeosamba.Àsterças-feirasos apreciadores podemdançar à vontadenoCaféDelMar,comumalindavistapara
apraiadeCopacabana,noRiodeJaneiro.Todas as quartas-feiras o Capital Bar, emSãoPaulo,tem,alémdemuitozouk,aulasgratuitasparaosaprendizes. Àsquintas-feirasabaladaégratuitaeaconteceacéuaberto,aoladodeumdoscartõespostaisdeBrasília,oMuseuNacionalda República. O Zouk Open Air, carinhosa-mente apelidado de Zoa por seus frequen-tadores,éumprojetocriadoporamigosqueseconheceramnadançadesalão.ConformeexplicaSalahNaser,umdos idealizadores,oingresso custa apenas um sorriso. “O Zouk
Open Air é um agregador de pessoas. Seuprincipalobjetivoédivulgarozouk,permitin-doquecadavezmaispessoasseunamparadançar,poramoràdança.” A Casa Latina Caribeño, tambémlocalizadaemBrasília, toca ritmos latinosnacidade há 12 anos. Lá, o zouk tem sua veztodas as sextas-feiras.Aos sábadososbailesrolamsoltosnasacademiaseaosdomingoso projeto Samba|Zouk & Forró toma contadaUniversidadedeDançadeSalão,emBeloHorizonte.Porlá,osfrequentadorestambémcontamcomumaulãoemonitores.
ONDE APRENDER A DANÇARSÃO PAULOCentrodeDançaJaimeArôxa–11-5561-5561EscoladeDançaRenatoVeronezi–11-7777-5495
RIO DE JANEIRONúcleodeDançaRenataPeçanha–21-2221-1011CentrodeDançaJaimeArôxa–21-3563-4695
BRASíLIAEscoladeDançaAlexGomes–61-3272-7072CompanhiadeDançaMarceloAmorim–61-3274-9261
BELO HORIZONTEUniversidadedeDançadeSalão–31-3077-8820OitoTemposDançadeSalão–31-2555-2081
Zouk Open Air, evento semanal gratuito realizado ao lado do Museu Nacional da República, em Brasília
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Festa ZKZ, no bairro do Catete, Rio de Janeiro
Foto:www.zrb.com.br
Foto:Divulgação
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o que é?o
Ocâncerdepâncreaséumcresci-mento anormal edesordenadodas células desse órgão, quepode ser benigno ou maligno.
Dentreosvários tiposexistentes,ocarci-noma é o mais comum, representando90% dos casos malignos, e responsávelporaproximadamente4%dasmortesporcâncernoBrasil. Nos Estados Unidos, cerca de26 mil pessoas são diagnosticadas com odistúrbio. Mesmo naquele país, a taxa demortalidadeéalta,porsetratardeumtumorde difícil diagnóstico e extremamenteagressivo. Um dos fatores que dificultamsua detecção é a localização do pâncreas,quesitua-senacavidademaisprofundadoabdome,atrásdeoutrosórgãos. Opâncreasdivide-seemtrêspartes:cabeça, corpo e cauda, sendo que o tumorpode ocorrer em qualquer uma delas, commaior incidêncianaregiãodacabeça.Predo-minantementenosexomasculino,raramenteapareceempessoascommenosde30anosdeidade,sendomaiscomumapartirdos60.DeacordocomdadosdaUniãoInternacionalContra o Câncer (UICC), com o avançar daidade,háumaumentode10casosemcada100 mil pessoas de 40 a 50 anos, para 116casosemcada100milidososde80a85anos. Situado atrás do estômago, entreoduodenoeobaço,opâncreaséumaglân-dula do aparelho digestivo e endócrino,responsávelpelaproduçãodeenzimasqueatuam na digestão dos alimentos, como osucopancreático.Oórgão tambémproduzimportanteshormôniosendócrinos,comooglucagoneainsulina,quesãoresponsáveispelocontroledoníveldeaçúcarnosangue.Presente em vários animais, nos humanoselemedede15a25cm.
COMO SE ADQUIRE?
Dentre os vários fatores quepodem aumentar as chances de umapessoa vir a desenvolver a doençadestacam-se:otabagismo–queaumentaaschancesdeaparecerodistúrbioemtrêsvezes ou mais, de acordo com a quanti-dade e do tempo do vício –, o consumoexcessivodealimentosgordurosos,carneseaingestãodebebidasalcoólicas. Pessoas que manipulamcompostosquímicosdurantelongotempo,como solventes e derivados de petróleo,tambémcorremperigo.Contribuemaindapara o surgimento desse câncer doençascomo o diabetes melitus e a pancreatitecrônica,alémdeprocedimentoscirúrgicospara úlcera no estômago ou duodeno eretiradadavesículabiliar.
SINAIS, SINTOMAS E DIAGNóSTICO
Normalmente, a doença é assinto-máticanoinícioe,quandosurgemosprimeirossinais e sintomas, ela pode já estar em umestágiomuitoavançado.Conformeocâncersedesenvolve,asfunçõesdoórgãodiminueme,dependendodaregiãoondeestiverlocali-zado,épossívelqueapessoa sinta fraqueza,diarreiaetontura.Perdadeapetiteeanorexiatambémsãofrequentesecontribuemparaareduçãonaingestãodealimentoscalóricos,oqueprovocaperdadepesoedesnutrição. Quandootumorcrescenacabeçado pâncreas, pode haver obstrução dosistema biliar e, consequentemente, a icte-rícia,quedeixaapeleeosolhosamarelados.À medida que a moléstia se desenvolve,surgem as dores, que intensificam-se coma evolução do problema e, comumente,
Câncer de PâncreasDoença de difícil diagnóstico, tumor tem mais chances de cura quando detectado no início. Hábitos como fumar e ingerir bebidas alcoólicas estão entre as principais causas de seu desenvolvimento
Por Maurício Lima
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atingem as costas. A perda de função do órgão passa a seraparentecomadiminuiçãodaproduçãodoshormônios,oquepode ocasionar o aumento do nível de glicose no sangue,causadopeladeficiêncianaproduçãodeinsulina. Apósorelatodossintomas,sãofeitosexamesdelabo-ratório,comodesangue,fezeseurina.Posteriormente,sãosolici-tadosexamesdeimagem,comotomografiacomputadorizadadoabdome,ultrassonografiaabdominal, ressonâncianucleardeviasbiliaresedaregiãodopâncrease,porúltimo,abiópsiadotecido.
TRATAMENTO
Na maioria dos casos ocorre um diagnóstico tardioe o tumor já está em fase avançada, o que émuito prejudicial.SegundooInstitutoNacionaldoCâncer(Inca),asterapiasempre-gadas nesses pacientes visam aumentar a sobrevida, mas nãoconseguemacura,cujaschancessãomaioresquandooproblemaédetectadoemfaseinicial. Noscasoscomindicaçãocirúrgica,éfeitaumaressecção(reti-radadeumórgãoempercentagemvariável,normalmenteemproce-dimentos cirúrgicos), dependendo do estágio do tumor, mas a curacirúrgicaocorreempercentualinexpressivodoscasos.Aradioterapiaeaquimioterapia,associadasounão,podemserutilizadasparaareduçãodotumorealíviodossintomas. Namaioriadospacientes,o focodotratamentosãoossintomas,paralhesproporcionarmelhorqualidadedevida.Nessescasos,éfeitoocontroledesintomas,comoaanorexia(paraevitaraperdadepeso),adorabdominaleaicterícia,alémdasconsequên-ciasdigestivasdacirurgiapancreática. Quandoo câncer causaumaobstruçãodo trato intes-tinal, os pacientes podem se beneficiar de nutrição enteral (usode sondas) ou parenteral (injetada nas veias). Estratégias farma-cológicasrecentespodemajudarnocontroledaanorexia,sendoqueumadelaséoacetatodemegestrol,queproduzmelhoradoapetiteeganhodepeso. Deacordocomafasedadoença,elapodecausardorabdominal,quedevesercontrolada,primeiramente,comaadmi-nistração oral de analgésicos não narcóticos e, quando neces-sário,analgésicosnarcóticospotentes.Otratamentoespecíficoepaliativoparaminimizaradoréoquebloqueiaoplexocelíaco,queéoconjuntodenervosqueconduzosestímulosdolorososparaocérebro.
PREVENÇÃO
Aprevençãoé feita comaadoçãodealgunshábitos,comoevitarotabagismoeaingestãoexcessivadebebidasalco-ólicas,alémdemanterumadietabalanceada,ricaemfibras,comfrutasevegetais. SegundooInca,indivíduossubmetidosacirurgiasdeúlceranoestômagoouduodeno,ouque sofreram retiradadavesículabiliar,eaindaaquelesquetêmpancreatitecrônicaoudiabetemelitusdevemfazerexamesperiódicosparaquehaja,se for o caso, umadetecçãoprecoce, oque aumentamuito aeficiênciadotratamento.
Steve Jobs, morto em outubro em virtude de um câncer pancreático. Fundador da Apple, lutava contra o mal desde 2004Foto: Reprodução/Jeff Chiu-AP
verdade ou mentirav
Vocêjáteveasensaçãodeterras-padoalgumapartedocorpoesentidoqueopelonasceumaisgrosso?Issoacontecepor-queopelo,quandocurto,dáaimpressãodeestarmais espesso emais escuro. Portanto,issoéumalenda. Quandoseraspaopelo,aexemplodo couro cabeludo, o aparelho de barbearnãoatingesuaraiz.Poressarazão,ométododaraspageméindiferente. “Os pelos individuais terminamnumapontamaisfinaegeralmentecomme-noscordoqueorestantedahaste,porissoeleparecesermaismacioefinoaotoque.Quan-doopeloécortadoessapontafinaemaciadesapareceparadepoiscrescercomamesmaespessuradahastedopeloanteriormentecor-tado.Poressa razãoeleparecemaisgrosso”,explicaoDr.AdrianoAlmeida,dermatologista,diretordaSociedadeBrasileiradoCabelo(SBC)epesquisadordaUnicamp. Aconfusãosedáporinúmerosmo-tivos.Quandoseretiraopelodapele,énatu-ralqueelecresçamaisfino.Emcontrapartida,quandoraspamos,temosaimpressãodocres-cimento mais grosso. “O cabelo, quando ex-traído,precisadeumtempoparavoltaràsuaespessuranormal”,explicaodermatologista. Outro fator apontado pelo pro-fissional são os hormônios. A barba de umadulto,por exemplo, émais encorpadaquea de um adolescente, e isso gera um sensocomumquesugerequeohomem,aocome-çarasebarbearnaadolescência,teráopeloengrossadopelassucessivasraspagens. “Fatoreshormonaisatingemmuitomaisasmulheresdoqueoshomens.Quandoamulherentranamenopausa,porexemplo,háumaumentodehormôniomasculinonoorganismo.Issofazcomqueospelossemul-tipliquem. Além disso, ela pode começar aterpelosemregiõesondenãotinha,comoomento(queixo)eacosteleta”,continua. A exposição à luz solar e às subs-tâncias químicas também indicam uma falsa
impressão de escurecimento. Ao crescer no-vamente,opeloprecisadeumtempoparasedescorar. “Claroqueosolpromovealteraçõesdacordocabeloedopelo.Enãosóosol.Al-gumas substâncias, como as fungicidas e aspesticidas–compostosutilizadosparamanu-tençãodapiscina–,tambémmudamacordopelo.Noscabelos,asevidênciasnamudançadecoloraçãosãomaisnítidasnoscabelosclaros,jáqueosescuros‘escondem’aagressão”,afirma. Almeida ainda lembra que a ras-pagem do pelo ou cabelo agride o folículopiloso–estruturadérmicategumentarondenasceofio–causandoaté infecções. “Sem-preorientamosmuitocuidadonessetipodedepilação.Quandovocêpassaanavalhanapele, automaticamente você está cau-sando microagressões. Se não fortomado o devido cuidado, essesferimentospodemcausar danosmaissérios”,alerta. O especialista adiantaquenãoexistediferençaparaopeloeocabelo.“Oqueénítidoéqueapeledocourocabeludoraspadapelaprimei-ravezémaissujeitaaagressões.Quandoumapessoadepilaaperna,porexemplo,apelejátemocostumee,comaexposiçãoaosol,adquireumacertaresistência.Nocabelo,apeleficaprotegidapeloprópriocabelo,então,quandovocê tira esses fios e expõeo couro
O suposto engrossamento dos pelos, em homens e mulheres, carrega um mito cuja origem se perde na noite dos tempos
Por Larissa Chaves
Raspar o cabelo faz com que ele cresça mais grosso?
aosol,demaneiraaguda,numprimeiromo-mento,essaexposiçãopodecausarferimentosgraveseatéqueimaduras”,explica. Tantoparaoscabelosquantoparaospelosde todasasáreasdocorpoa reco-mendaçãoéque,primeirosejafeitoousodeumhidratantebemcremosoeóleoe,depois,umcremedebarbear.“Issofacilitaodesliza-mentodo aparelhodebarbear. E lembrem-se,araspagemdeveserfeitasemprenosen-tidodopelo,nuncaaocontrário”,finaliza.
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