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PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA PIC DEPARTAMENTO DE ARTES PLÁSTICAS. ORIENTADOR(A): Prof.(ª) Me. Fabrício Vaz Nunes ALUNO(s): Aline Rayane de Souza Oliveira REVISTA JOAQUIM: CATALOGAÇÃO DE REPRODUÇÃO DIGITAL 25 de julho de 2010

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PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIC

DEPARTAMENTO DE ARTES PLÁSTICAS.

ORIENTADOR(A): Prof.(ª) Me. Fabrício Vaz Nunes

ALUNO(s): Aline Rayane de Souza Oliveira

REVISTA JOAQUIM: CATALOGAÇÃO DE REPRODUÇÃO DIGITAL

25 de julho de 2010

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PROGRAMA DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA – PIC

DEPARTAMENTO DE ARTES PLÁSTICAS.

ORIENTADOR(A): Prof.(ª) Me. Fabrício Vaz Nunes

ALUNO(s): Aline Rayane de Souza Oliveira

REVISTA JOAQUIM: CATALOGAÇÃO DE REPRODUÇÃO DIGITAL

Relatório contendo os resultados finais

do projeto de iniciação científica

vinculado ao Programa PIC-Embap.

25 de julho de 2010

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RESUMO

O presente relatório apresenta um breve ensaio de caráter histórico para

contextualização da revista Joaquim, editada em Curitiba, Paraná. Criada em abril de

1946, circulou até dezembro de 1948. Foi um importante marco da cultura paranaense,

veículo de divulgação das artes gráficas, e que se preocupou também com o teatro e a

música, além da literatura. Observada a importância da imagem gráfica de Joaquim,

propomo-nos a realizar a reprodução digital dessas imagens, objetivando sua

reprodução digital.

PALAVRAS-CHAVE: Joaquim, veículo de divulgação, artes gráficas.

ABSTRACT

This article intends to present a brief essay contextualizing, in a historical way, the

Joaquim magazine, published in Curitiba, Paraná, Brazil. Established in April 1946, it

circulated until December 1948. The magazine was an important milestone in Paraná’s

culture, a vehicle of dissemination of graphic arts that was also concerned about theatre,

music and literature. Given the importance of graphic image of Joaquim, we intend to

make the digital reproduction of these images, aiming at preservation and conservation.

KEYWORDS: Joaquim, vehicle of dissemination, graphic arts.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO.............................................................................................................4

2. OBJETIVOS..................................................................................................................4

2.1. OBJETIVO GERAL...................................................................................................4

2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO..........................................................................................4

3. CONTEXTO HISTÓRICO...........................................................................................4

4. JOAQUIM......................................................................................................................7

5. AS ILUSTRAÇÕES DA JOAQUIM.............................................................................8

6. A PESQUISA................................................................................................................8

7. REPRODUÇÃO DIGITAL.........................................................................................11

8. CONCLUSÕES...........................................................................................................14

9. BIBLIOGRAFIA.........................................................................................................15

ANEXO1.........................................................................................................................16

1. INTRODUÇÃO

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A presente pesquisa foi realizada no âmbito do Projeto de Iniciação

Científica da Escola de Música e Belas Artes do Paraná (EMBAP) em conjunto com a

Fundação Araucária e com orientação do professor Fabrício Vaz Nunes. Este relatório é

composto pelos objetivos, contextualização histórica e pela explanação da pesquisa, que

visa explicar e justificar a categorização de imagens que organiza o trabalho de

digitalização. Nele, procuramos ainda discutir a importância da reprodução digital.

2. OBJETIVOS

2.1. Objetivo Geral:

Este projeto teve como objetivo trabalhar com as ilustrações das edições original

e fac-similar da revista Joaquim, fazer catalogação dos artistas e seus trabalhos

publicados na revista. Além disso, uma pesquisa bibliográfica sobre vida e obra de cada

um deles com fins de contextualização, correlação e definição do porque da seleção

desses artistas e trabalhos nas edições publicadas.

2.2. Objetivos Específicos:

a. Buscar os exemplares originais das 21 edições da revista Joaquim.

b. Pesquisar sobre vida e obra dos artistas com ilustrações publicadas na

Joaquim, com o intuito de descobrir o porquê dos seus trabalhos terem sido

escolhidos e perceber a sua importância no contexto histórico.

c. Pesquisar em jornais de época para contextualização do trabalho no

momento histórico em que a revista foi publicada, para entender as

motivações que levaram a criação desse periódico e qual foi sua repercussão

no cenário municipal e estadual.

d. Reproduzir digitalmente e catalogar as ilustrações da Joaquim para

correlacionar esses trabalhos e observar as características comuns aos artistas

e as tendências que seguiam.

3. CONTEXTO HISTÓRICO

Para tratarmos da revista Joaquim, traçamos uma contextualização histórica

mais ampla em termos nacionais e internacionais.

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A primeira metade do século XX foi marcada por intensa crítica social, realismo,

ativismo e radicalização de atitudes políticas no mundo. O homem viveu nesse período

um conflito de caráter mundial. Forças autoritárias de governo buscaram estabelecer

contato direto com as massas populares e ao mesmo tempo exigiram ordem, disciplina e

impuseram ditaduras em vários países do mundo. (HAUSER, 1892, p. 958)

Neste contexto foi possível testemunhar o desprezo pelas diferenças ideológicas

entre as várias formas de autoritarismo. A doutrina nazista e anti-semita se desenvolveu

na Alemanha, o fascismo, na Itália e o comunismo na União Soviética. A disputa

política e econômica dos grandes países industrializados foi reflexo da guerra, assim

como a busca do melhor modelo ideológico para orientar o desenvolvimento da

humanidade. Os três sistemas político-econômicos de então, as democracias liberais

capitalistas, os nazi-fascistas e os comunistas, se defrontavam em campos diferentes. E,

segundo Henri Massis (1927), o novo processo “democrático” opõe o Ocidente contra o

Oriente, a Ásia e a Rússia.

Em 01 de setembro de 1939, com a invasão da Polônia pela Alemanha, explode

a Segunda Guerra Mundial. O conflito bélico envolveu as forças armadas de mais de 70

países, opondo os Aliados – Inglaterra, União Soviética, França e Estadas Unidos – às

potências do Eixo – Alemanha, Itália e Japão.

O Brasil, depois da Revolução de 1930, vivia profunda crise social e política. À

frente do governo estava Getúlio Vargas e as manifestações públicas de caráter social

eram freqüentes. A revolução irrompeu em 3 de outubro de 1930, e já no dia 24 do

mesmo mês, o presidente Washington Luís foi deposto por uma junta militar,

assumindo Getúlio Dornelles Vargas a presidência da República, em um governo

provisório que durou 15 anos de ditadura do Estado Novo1. (WACHOWICZ, 1939, p.

215)

__________ 1 Período de ditadura no Brasil, o Estado Novo foi fruto de um golpe de estado articulado pelo presidente

Getúlio Vargas e os militares. Fecharam o Congresso Nacional e impuseram uma nova constituição,

alegando a existência de um plano comunista para a tomada do poder (Plano Cohen). Conhecida como

“Polaca”, a nova Constituição apresentava tendências fascistas e era inspirada na Constituição polonesa.

Embora estivesse sendo comandado por um regime ditatorial simpático ao

modelo fascista, o Brasil participou da Guerra junto aos Aliados. Tanto a participação

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brasileira na guerra, como o modo com que ela se desenrolou contribuíram

decisivamente para o fim do regime do Estado Novo.

No período, o estado do Paraná era governado pelo presidente Affonso Alvez de

Camargo, que foi deposto no dia 5 de outubro pelo Major Plínio Alves Monteiro

Tourinho, assumindo o posto de interventor o General Mário Tourinho. Em 1932, o

General entregou o governo ao interventor nomeado por Getúlio Vargas: Manoel Ribas.

Embora o descontentamento em relação à situação política e econômica da nação fosse

unânime, nesse período, o Paraná vivenciou um notável progresso, principalmente na

agricultura. (WACHOWICZ, 1939, p.215)

No mesmo período foi criada a Universidade do Paraná – que até 1946 passou a

constituir-se em faculdades isoladas e foi federalizada em 1951, passando a ser uma

instituição pública e com ensino gratuito – (WACHOWICZ, 1939, p. 213). Realizou-se

a abertura de um concurso de anteprojetos para a construção de um edifício destinado à

Biblioteca Pública do Paraná, lançado pela Prefeitura Municipal de Curitiba; além do

lançamento de concursos literários que obtiveram grande êxito, como o concurso de

contos e romances instituído pelo GERPA2, sob patrocínio de Lins Vasconcellos (1891-

1952). (SAMWAYS, 1981, p. 51) Nesse clima e com o Paraná constituindo um novo

cenário político, Dalton Trevisan (1925) expressou a Erasmo Pilotto (1910-1992) seu

anseio de criar uma revista. Como observa Armando Pinto (1945), em matéria para o

jornal Gazeta do povo, o artista deve expressar sua época de forma adequada, o que

retrata bem o espírito dos jovens de Joaquim, que queriam romper com o período

anterior e produziam uma arte carregada de desilusão com a humanidade, neste cenário

de pós-guerra.

“A arte sendo um valor, também evolui, em virtude de seu caráter especifico

extraordinário, mais velozmente que os outros. A arte é um dos valores – mais

instáveis do organismo social. Todo artista integrado na sua época deve expressá-la

de forma adequada, forma determinada pelo conjunto de fatores históricos vitais adequada, forma determinada pelo conjunto de fatores históricos vitais, vigentes no

momento em que a obra é conformada” (Gazeta do Povo, Curitiba, 1945)

____________ 2 GERPA - Grupo Editor Renascimento do Paraná- inaugurado para a apresentação da produção literária

paranaense e nacional.

4. JOAQUIM

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Com intuito de causar tensão cultural à província Curitibana, o momento em

que, em âmbito nacional o legado da geração de 22 3 estava sendo revisto e criticado, a

revista Joaquim surge com o objetivo de fugir dos exemplos locais e construir uma arte

universal que ultrapassasse fronteiras e abrisse novas portas. Nascida para ser polêmica

e com o espírito contestador, Joaquim sugeriu a criação de uma nova mentalidade e um

pensar novos caminhos para a arte. Foi além da literatura e das artes plásticas, dando

espaço para a música e as artes cênicas. (SAMWAYS, 1981, p.79)

Revista mensal de arte, Joaquim foi promessa de renovação na província do

Paraná. Deu oportunidade àqueles que buscavam mostrar uma arte nova, aos que viviam

na inquietude e desacreditavam na arte como inspiração divinatória. “Joaquim quer

rever, situar, corrigir, buscando uma “rebeldia mais nobre” do que a da própria semana

da Arte Moderna.” (SAMWAYS, 1981, p.72)

Na estética, procurou mostrar o que se passava no mundo da arte fora da

província, uma arte feita de experimentações formais, que acima de tudo, buscava

mostrar outra forma de ver a arte, que não se distanciasse da realidade. Os temas em

pauta estavam próximos ao que era discutido na política, na economia e sociologia.

(SAMWAYS, 1981)

O Texto de Dalton Trevisan (1948, p. 3), publicado na Revista Joaquim nº 18, se

faz necessário para compreensão do espírito de Joaquim:

“(...) nossa geração, com trabalho humilde, se propõe participar de seu tempo,

empenhada em servir o homem com sua arte, como puder. Deixará, não por piadinhas à

Emilio de Menezes, o sinal terrível de sua passagem, mas com uma arte honesta e séria,

iluminada pelo sentimento do mundo e a dolorosa consciência dos seus dias. Não será vã ou inconseqüente que almeje, com um sol, espargir os seus raios fulgidos pela terra.

Nem é para tanto, o trabalho passado...”

Sob direção de Dalton Trevisan, Erasmo Pilotto (participante dos primeiros

números da revista) e Antônio Walger, Joaquim teve sua primeira edição em abril de

1946 e encerrou sua trajetória na vigésima primeira edição em dezembro de 1948.

____________ 3 Geração de 22 A Geração de 22 representa pela primeira fase do Modernismo Brasileiro, marcado pela

Semana de Arte Moderna que ocorreu na cidade de São Paulo, no ano de 1922. Ficaram conhecidos pelo rompimento com a arte tradicional e pelas tentativas de divulgação de idéias e obras modernistas, queriam

solidificar este movimento renovador.

5. AS ILUSTRAÇÕES DA JOAQUIM

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Devido à falta de recursos e patrocínio para a revista, a zincogravura foi a

técnica desenvolvida e utilizada em suas ilustrações por ser a mais econômica.

“A técnica consiste numa placa de zinco revestida de cera, esfumaçada (preta), que após

o banho de ácido especial, era usada como clichê4. Nessa placa se desenha com estilete

ou ponta metálica. Poty conseguia clichês em jornais (o que mais colaborara era a Gazeta do Povo, através do “Capitão”- alcunha do responsável pelos clichês da Gazeta).

Esses clichês eram sobras, “aquilo que não prestava mais”. (SAMWAYS, 1981, p. 96)

A técnica era inédita, assim como quase todas as ilustrações apresentadas na

revista. Os jovens de Joaquim foram felizes com a idéia única no gênero. Joaquim

causou sensação numa época em que os recursos gráficos eram primários.

Algumas ilustrações foram feitas em xilogravura, com trabalho em madeira.

Também se utilizou a técnica da ponta-seca5 e da água-forte

6. Já as reproduções de

obras de artistas renomados devem-se ao trabalho de Poty, que as conseguia em jornais

no Rio de Janeiro.

Poty era responsável pela arte na revista, conseguia e organizava as ilustrações

com maestria. (SAMWAYS, 1981, p. 82) Foi importante para divulgação da revista fora

de Curitiba, visto que conseguiu originais assinados por Portinari (1903-1962), Di

Cavalcanti (1897-1976) e outros artistas consagrados. Essas assinaturas trouxeram

prestígio para a revista no cenário nacional.

É notável, que em todas suas edições, Joaquim nunca deixou de apresentar

ilustrações nem debater as artes plásticas, como nota Oliveira. (OLIVEIRA, 2005, p.68)

Sendo assim, Joaquim constitui um importante arquivo de ilustrações em que alguns

artistas de renome regional como - Guido Viaro (1897-1971), Euro Brandão (1924-

1999), Esmeraldo Blasi Jr. (1917-1985), Lea Botteri (1916-1998) – e nacional – Renina

Katz (1925), marcaram presença.

6. A PESQUISA

Observando a importância deste periódico no cenário regional e o seu alcance

____________ 4 Clichê: palavra francesa que designa uma expressão trivial e também o negativo fotográfico. 5 A ponta-seca é uma das técnicas mais simples da gravura em metal. Risca-se diretamente sobre a matriz

com uma ponta de metal. 6 Água forte, outra técnica de gravura em metal, em que se faz necessária a ação de ácidos ou sais.

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nacional; analisando o pioneirismo na solução de ilustrações feitas de forma econômica

e com bom resultado gráfico e estético, foi que encontramos em Joaquim, a motivação

para estudo de suas ilustrações. Acreditando que podemos contribuir para o despertar de

novos olhares e perspectivas sobre a arte, assim como fizeram os intelectuais que deram

vida a esta publicação em meados do século XX, é que justificamos a importância da

presente pesquisa.

Neste trabalho propomo-nos a realizar a catalogação e classificação de todas as

imagens gráficas da revista Joaquim. Para organização das imagens de cada edição,

sinalizamos a página, o autor, uma breve descrição, as medidas e foi designada a técnica

utilizada ou a forma de reprodução para todas as imagens. Após a observação das

ilustrações, criamos tópicos para sua categorização. Buscamos classificar as imagens

baseados na relação entre figuras e texto:

A- Capa: ilustrações das capas contendo nome da revista e em algumas edições os

destaques do conteúdo da publicação.

B- Contracapa: classifica as propagandas dos principais patrocinadores da revista,

que ocupavam a última página de cada edição.

C- Imagens autônomas: imagens que não apresentam nenhuma relação contextual.

D- Imagens publicitárias: propagandas.

E- Ilustração prosa (entrevista, conto, trechos de ensaio, trechos de novela,...):

imagens que apresentam relação contextual com algum dos gêneros citados.

F- Ilustração poesia: imagens contextualizadas por textos escritos em versos.

Abaixo apresentamos a tabela de classificação da primeira edição da revista

Joaquim:

*A referência das imagens foi realizada sinalizando na ordem: número da revista, página, número da figura referente a sua ordem de aparecimento em cada edição.

No formato: 009988

Abril - Ano I – nº1 – 1946

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Página: Ref.: Artista: Descrição: Técnica: Dimensões: Categorização:

1 010101 POTY Capa: laranja. Zincogravu

ra.

20cmx31 cm A, G/H

2 010202 Propaganda do Matte

Leão - Use e Abuse

20cmx13cm D, E

010203 Propaganda da

Confeitaria Tinguí.

20cmx13cm D, E

7 010704 POTY Auto –retrato. Zincogravu

ra.

8,6cmx9,3c

m

C-entrevista, G

10 011005 BRANDÃO,

Euro

Ilustração: “O

desespero da

piedade”

texto de Vinicius de

Morais.

Zincogravu

ra.

4,6cmx8,3c

m

D, G

11 011106 BRANDÃO,

Euro

Ilustração: “O

desespero da

piedade”

texto de Vinicius de

Morais.

Zincogravu

ra.

9cmx18,5cm D, G

12 011207 POTY Ilustração: “Eucaris

a dos olhos doces”

texto de Dalton

Trevisan.

Zincogravu

ra.

19,5cmx15,5

cm

C-conto, G

14

011408

Fotografia de Erasmo

Pilloto.

Fotografia. 6,5cmx4,5c

m

C-ensaio, G

15 011509 Propaganda do

Escritório de

engenharia e

arquitetura dos

Irmãos Thá.

9,7cmx7,7c

m

F, G

011510 Propaganda da

Livraria

Universitária.

Zincogravu

ra.

9,7cmx7,7c

m

F, G

17 011711 VIARO,

Guido

Ilustração: “Sonata

ao luar” texto de

Dalton Trevisan.

Zincogravu

ra.

14,5cmx11c

m

E- publicidade

do livro de

Trevisan, G

18 011812 BLASI

JOR., E.

Ilustração: “O anarco

sindicalista” texto de

Adriano Robine.

Zincogravu

ra.

9,3cmx18,6c

m

C-conto, G

19 011913 POTY Propaganda da

Fábrica de louça,

refratário e vidro

João Evaristo

Trevisan

Zincogravu

ra em dois

tempos.

27,5cmx20c

m

F, G

20

012014

Fotografias de

propaganda do

Cassino Ahú

Fotografia. 28cmx20cm B, F, G,

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Constatamos ao final desta catalogação um total de 280 ilustrações ao longo das

21 edições da revista Joaquim. Sendo 21 capas e 21 contracapas, 98 imagens

autônomas, 28 imagens publicitárias, 11 ilustrações de prosa – nos seus diferentes

gêneros – e 93 ilustrações de poesias. Quanto ao conteúdo visual, observou-se que as

ilustrações da revista são predominantemente figurativas, sendo muito reduzido o

número de composições abstratas e geométricas.

A nossa catalogação constitui uma compilação, organização e divulgação das

imagens, além da preservação.

Nossa contextualização tem caráter qualitativo, tendo em vista que trabalha

“com um universo de significação, motivações, aspirações, crenças, valores e atitudes, o

que corresponde a um espaço mais profundo das relações, dos processos e dos

fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis”. (MINAYO,

1994, p. 21 e 22)

Apresenta também caráter histórico, por reconstruir o passado sistematicamente,

tendo seu foco dirigido às 21 edições da revista Joaquim, que não pode ser estudada

sem levar em consideração os acontecimentos ocorridos no espaço de tempo de suas

publicações. Esta parte do trabalho caracteriza uma pesquisa bibliográfica, localizando e

consultando fontes diversas de informações escritas para coleta de dados gerais ou

específicos a respeito de um tema. A importância da pesquisa bibliográfica se dá no

momento em que, ao pesquisarmos não partimos do nada, na medida em que alguma

coisa já foi concluída sobre o objeto estudado. A pesquisa está sendo desenvolvida com

base em observações preliminares, fundamentação teórica, amostragem, coleta e

organização dos dados, além de análise, inferências e conclusões, dentro dos limites dos

materiais disponíveis.

7. REPRODUÇÃO DIGITAL

“Nunca as obras de arte foram reprodutíveis tecnicamente, em tal escala e amplitude,

como em nossos dias.” (BENJAMIN, 1994, p. 175)

Observada e confirmada a importância de Joaquim para o cenário regional, a

preservação da obra gráfica da revista por meio da reprodução digital abre portas para o

resgate da memória da arte no Paraná. Essa reprodução é feita para manuseio de

pesquisadores, permitindo a preservação do documento original, tendo em face o seu

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valor histórico e informativo, sua raridade e estado de conservação. Sua importância vai

além, pois a reprodução digital é responsável pela difusão e o acesso à informação. E ao

mesmo tempo em que restringe a manipulação do original, lembrando que o objeto

ainda é gravura, sendo, nesse sentido, a reprodução fundamental para a preservação do

original.

Feuerbach (1843), no prefácio à segunda edição de A essência do cristianismo,

faz uma observação a respeito da “nossa era”. Para ele, nós preferimos “a imagem à

coisa, a cópia ao original, a representação à realidade, a aparência ao ser”. (Apud.

SONTAG, 1977, p. 169) Observamos então, que em nossa sociedade, as imagens são

substitutas da experiência em primeira mão e passam a ser indispensáveis.

Benjamin (1994, p.170) observa que fazer as coisas “ficarem mais próximas”

consiste numa preocupação apaixonada das massas modernas. A necessidade de possuir

o objeto, o mais próximo possível, seja na forma de imagem, cópia ou reprodução, se

torna uma necessidade.

“[...] a reprodução técnica da obra de arte representa um processo novo, que se vem

desenvolvendo na história intermitentemente, através de saltos separados por longos intervalos, mas com intensidade crescente. Com a xilogravura, o desenho tornou-se pela

primeira vez tecnicamente reprodutível, muito antes que a imprensa prestasse o mesmo

serviço para a palavra escrita.” (BENJAMIN, 1994, p. 166)

Depois da xilogravura, que surgiu na Idade Média, desenvolveu-se a técnica da

estampa em chapa de cobre e a da água forte, além da litografia. Esta ultima técnica é

responsável por proporcionar uma nova etapa na técnica de reprodução, porém, quando

ainda estava em seus primórdios foi ultrapassada pela fotografia. Segundo Benjamin

(1994, p.167) “pela primeira vez no processo de reprodução da imagem, a mão foi

liberada das responsabilidades artísticas mais importantes, que agora cabiam

unicamente ao olho.”

Para Sontag (1977, p. 192) “a fotografia significa: anotar potencialmente tudo no

mundo, de todos os ângulos possíveis.” É uma reprodução feita diretamente do real. Um

meio poderoso de adquirir e ter controle da extensão do tema registrado. Ela também

nota que, num procedimento fundamental em uma sociedade moderna, a fotografia não

apenas reproduz o real, mas recicla-o. A imagem fotográfica proporciona novos usos

para coisas e fatos.

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Quando algo é fotografado, torna-se parte de um sistema de informação, adapta-se a

esquemas de classificação de armazenagem que abrangem desde a ordem cruamente

cronológica de seqüências de instantâneos colados em álbuns de família até o acúmulo

obstinado e o arquivamento meticuloso necessários para usar a fotografia na previsão

do tempo, [...] na história da arte. (SONTAG, 1977, P.172)

A fotografia pode ser feita como meio de dizer qualquer coisa e servir a qualquer

propósito, por exemplo, em uma história ou biografia, imagens fotográficas são peças

comprobatórias. Levando em consideração máquinas que criam imagens e que podem

duplicá-las, podemos adquirir algo como informação. (SONTAG, 1977, p.172)

A reprodução técnica permite o uso da cópia em situações impensáveis para o

original. Ela proporciona a aproximação do individuo a obra, seja sob forma de

fotografia, ou de arquivo de computador. (BENJAMIN, 1994, p. 168)

A fotografia documento, que nos interessa como objeto direto de trabalho, trata

tudo como peça de algum uso, seja no presente ou no futuro, como matéria para

realização de estimativas, decisões e previsões. (SONTAG, 1977, p. 192) Nessa linha de

fotografia, nada existe que não deva ser registrado.

Tendo em vista a importância da imagem fotográfica e da fotografia em nossa

sociedade, além das diversas possibilidades de aplicação que ela nos proporciona,

observa-se no cenário contemporâneo o uso da fotografia digital. A fotografia digital,

feita por uma câmera digital resulta em um arquivo de computador que pode ser

editado, impresso, armazenado ou enviado por e-mail, dispensando o processo de

revelação. Por produzir um material de uso direto, de forma rápida e barata, como na

reprodução de documentos, que a fotografia digital foi a técnica utilizada. Para Jasper

Johns, em citação, a fotografia é “um objeto que revela a perda, a destruição, o

desaparecimento de objetos. Não fala de si mesmo.” (Apud. SONTAG, 1977, p. 202)

“Assim, temos na câmera fotográfica a ajuda mais confiável para um começo de visão

objetiva. Todos serão compelidos a ver que aquilo que é opticamente verdadeiro é

explicável em seus próprios termos, é objetivo, antes que se possa chegar a qualquer

posição subjetiva possível. Isso irá abolir aquele padrão de associação pictórica e

imaginativa que permaneceu insuperado durante séculos e que foi impresso em nossa

visão por grandes pintores.” (MOHOLY – NAGY, 1925)

A reprodução da obra gráfica de Joaquim, que aqui fazemos, é um registro

digital de uma obra de arte original. E criamos com isso um novo tipo de matriz, o

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arquivo digital, que possui algumas vantagens em reação às “originais” por ser de fácil

manuseio e transporte, além de aproximar estudantes e pesquisadores da obra.

Quando multiplicamos a reprodução, tratamos de substituir “a existência única

da obra por uma existência serial”. “E, na medida em que essa técnica permite à

reprodução vir ao encontro do espectador, em todas as situações, ela atualiza o objeto

reproduzido.” (BENJAMIN, 1994, p.168)

8. CONCLUSÃO

A pesquisa histórica ao redor de Joaquim nos fez confirmar, mais uma vez, a

importância desse periódico, marco do modernismo paranaense, que hoje está esquecido

e é pouco conhecido. Joaquim abriu novas portas para as artes plásticas e buscou, em

suas publicações, trazer trabalhos de artistas engajados em criar uma nova arte que não

se distanciava do real. Este periódico englobou as diversas formas de arte, e foi capaz de

inovar quando os recursos gráficos da época eram precários.

Quando propomo-nos a fazer o resgate da memória gráfica de Joaquim,

realizando a reprodução digital de suas ilustrações, e aprofundamos nosso conhecimento

sobre a fotografia, pudemos observar que, a reprodução que aqui fazemos, tem relação

direta com o processo de criação da gravura. Isso porque, a imagem digital nos fornece

um novo tipo de matriz, o arquivo digital.

Toda tecnologia envolvida em nosso trabalho foi de fundamental importância

para facilitar o alcance do nosso objetivo de facilitar o acesso a esta documentação que

fizemos por estudantes e pesquisadores.

Também foi importante a analise de como a fotografia surge na nossa sociedade

e o papel que uma imagem reproduzida tem. Para então conseguirmos aliar a

reprodutibilidade que é intrínseca a gravura , e conseguir criar com isso uma relação

com o trabalho aqui proposto de reprodutibilidade digital dessas imagens.

Procuramos suscitar através de nosso conteúdo o interesse por futuras reflexões

na área, visto que, o universo de nossa pesquisa não s esgota aqui abrindo um leque de

possibilidades para novas discussões e concluímos o trabalho com anseio de termos

contribuído com a realidade estudada.

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ANEXO 1