revista dinâmica | edição 11

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Revista brasileira de variedades.

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Editorial

Colaboradores

Crônicas e Contos Minha rebelde escrita adolescente

Educação e Formação Dia Internacional da Mulher

Mitologia Apenas Ártemis

Tecno+ Twittando!

Embates e Debates Onde os fracos não têm vez

Fazendo Direito Impunidades (parte I)

Imagem e Ação Quesito tédio: 10!

MP2 Mais do mesmo no horizonte

Saúde e Beleza Agora é brasileiramente oficial: o ano começou!

Com Água na Boca Feliz aniversário, Cidade Maravilhosa!

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( ÍNDICE )

Imagem da capa: Divulgação Universal Music/Hiroshi Sugimoto

4 Revista Dinâmica

Amigos Leitores

Acabou o Carnaval, o país começa a retomar os problemas de seu cotidiano.

A crise mundial continua forte, começamos a sentir o peso em nossos bolsos. O fantasma do desemprego

anda por aí.

Mas há outros olhares: escrevo da cidade do Rio de Janeiro, que junto com Salvador e Recife fazem o

cenário para que o Carnaval Brasileiro seja único no mundo.

Há coisas que o Brasil nunca perderá a majestade: café, futebol e carnaval. Podem falar, criticar, dizerem que

fazem melhor, tudo bem, mas ainda fazemos o diferente.

Mês de março, datas importantes, mas sem dúvida o Dia Internacional da Mulher receberá muitas atenções.

A Revista Dinâmica cumprimenta todas as leitoras pelo seu dia, enviando votos de que todas, meninas, moci-

nhas ou senhoras, encontrem o caminho da felicidade numa sociedade que ainda guarda

preconceitos contra a mulher.

Esperemos que um dia isso evolua para uma parceria mais construtiva entre homens e mulheres, a família e

o país agradecem.

Confiram os bons artigos escritos por nossos colunistas.

Boa leitura! Tereza Machado

( EDITORIAL )Diretora de redaçãoTereza Machado

Redatora-chefeFernanda Machado

Diretor de arteChris Lopo

EditoresChris Lopo, Fernanda Machado e Tereza Machado

Projeto gráficoBonsucesso Comunicação

DiagramaçãoChris Lopo

Jornalista responsávelThiago Lucas

Imagens não creditadasJupiter Images

Projeto inicialAntônio Poeta

[email protected]

O conteúdo das matériasassinadas, anúncios e informes publicitários é de responsabilidade dos autores.

Site www.revistadinamica.com

[email protected]

Próxima edição02 de abril de 2009

( EXPEDIENTE )

Revista Dinâmica 5

Mario Nitsche([email protected])Curitibano, dentista por profissão, filósofo por opção. Publicou o livro Descanso do Homem em novembro de 2005.

Liz Motta([email protected])Baiana e historiadora. Especialista em políticas públicas, produz artigos sobre violência contra a mulher.

Liana Dantas([email protected])Carioca. Estudante de jornalismo. Começou cursando Letras e hoje pensa na possibilidade de vender cosméticos.

Fernanda Machado([email protected])Carioca. Cientista da computação e apaixonada por design. Trabalha em sua própria empresa de comunicação.

Kiko Mourão([email protected])Mineiro de Belo Horizonte. Estudante de direito. Além de fazer estágio na área também trabalha com sua maior paixão: a música.

Tereza Machado([email protected])Cearense. Professora universitária, psicopedagoga e consultora educacional.

Chris Lopo([email protected])Gaúcho. Trabalha com web design desde 1997. Hoje é, além de web designer, designer gráfico, ilustrador e tenta emplacar sua banda de rock.

Priscila Leal([email protected])Carioca. Atriz e estudante de danças. Apaixonada pelo estudo da filosofia, da anatomia humana e de tudo que constitua o ser humano e suas possibilidades de expressão.

( COLABORADORES )

Clarissa Leal([email protected])Carioca. Biomédica apaixonada por leitura, teatro, cinema e boa comida. Amante das Ciências da Saúde, estuda para Mestrado em Biofísica.

Leila Mendes([email protected])Carioca. Professora, Psicopedagoga e Mestre em Educação.

6 Revista Dinâmica

Leila Mendes

Minha rebelde escrita adolescenteA escrita no estilo adolescente de ser na era da internet

Conversava com uma grande amiga sobre o meu blog e minhas incursões

pela escrita quando ela fez uma observação parecida com a que transcrevo abaixo. Perdoe-me se não estou sendo fiel.

- Amiga, você me perdoa! Aqui vai uma crítica de quem te quer bem, mas a sua escrita tem traços de uma escrita adolescente.

Ao que respondi meio impactada:

- Você acha? - nessa altura já confu-sa sobre minha escrita.

- Adolescente por quê? O que seria uma escrita adolescente? - Penso eu, enquanto ela continua:

- Por exemplo, quando você escre-ve: “adooooooooro”.

- Mas isso é característica de uma escrita adolescente? Você acha?

- Acho.

Ela disse “acho” com uma certeza profética. Eu estava a-ca-ba-da! Depois de breves comentários sobre a pertinência de uma Mes-tra em Educação ter em seu blog textos grafados com uma escrita “adolescente”, encerramos o assun-to. Quando me encontro frente a um dilema, tendo a ficar calada. Minha cabeça não permite que eu divida meus pensamentos com nenhum outro assunto. Ainda não recuperara meu tino... e embora nunca tivesse visto minha escrita como adolescente, a crítica de uma grande amiga não podia passar ao

largo, nem se eu quisesse. Aliás, nunca pensara que a escrita tinha idade, enfim!

Mas antes de entrar na questão da escrita ser ou não ser adolescente, seria esse mesmo o motivo do incômodo? Minha amiga, que é psicóloga, quando souber disso, ganhará o dia. Aqui, caberia um “rs”. “rs” são as letras que usamos, para quem não sabe, para exprimir risos nos e-mails, MSN e blogs. Acho que o que me incomodou foi a referência a adolescência! Pasmem! Escrita adolescente: adolescente! Eu? Eu, que acredito ser tão adulta... é claro que de vez em quando tenho recaídas: papéis de carta fofíssimos, stickers, cane-tinhas coloridas. Mas nada exage-rado. Apenas a curtição de ter o que não existia na minha época de

( CRÔNICAS E CONTOS )

Revista Dinâmica 7

adolescente. E o que falar daquele programa de e-mail que personali-za as mensagens ? Nooooooooos-sa! (foi inevitável)

Pensando bem, acho que muitas professoras fazem com o material de trabalho o que as “Barbies” fazem com os seus guarda-roupas.

Voltemos à escrita adolescente. Analisando melhor, se escrita tem idade, a minha ainda não chegou a adolescência , ela ainda está na mais tenra idade, é uma bebezinha, pois que não tem mais que um ano. E se a metáfora da idade procede, eu ainda tenho muito que apren-der... Quantos anos são necessá-rios para se tornar um escritor?

Mas, quanto a repetição de letras na escrita de uma palavra, lá vai meu argumento: uso-a como um recurso expressivo. Eu posso es-crever: Nossa! e noooossa! E isso faz toda a diferença. Nossa é nossa e nooooossa é noooooossa. São semanticamente diferentes. No primeiro caso, denota um espanto. No segundo, um superespanto! É mais que nossa. Da mesma forma que adoro. Se eu digo que adoro, é porque gosto muito. Mas, se digo que adoooooooro é porque adoro muito mais. De que outra forma poderia expressar um superespan-to? Nossa! meu Deus! extraordi-nário! Fantástico! não é a mesma coisa!

“Tá” bom, “tá” bom sei o que vão argumentar. Que essas palavras não existem na língua portuguesa... que é um jargão que caiu na graça do povo, penso eu.

É tudo verdade, essas palavras não existem. Não vamos encontrá-las em dicionário, também não vamos encontrá-las em textos acadêmicos, mas vamos encontrá-las em abun-dância na internet! Nos e-mails, no MSN, nos blogs... talvez deva ser uma linguagem predestinada a viver no mundo virtual... pois que promíscua, proibida no papel. Já não é mais nem o português, nem o brasileiro, subverteu a língua.

Não consigo deixar de dedicar algumas conexões neurais à questão. Posso ou não posso usar um punhado de letras para inten-sificar minhas palavras? Será que minhas letrinhas estão confinadas à internet? Submeto-me a regra ou subverto-a?

Outro argumento a favor da re-petição das letras (letrinhas seria infantil?) seria a aproximação que permite com a língua oral. O internetês usa além destes, outros recursos expressivos para dar conta de “falar” o que se sente e pensa: os emoticons. Seriam os emoticons adolescentes, infantis? Muita gente pra lá dos 30 vai para o divã.

Tenho a vaga impressão de já ter

lido textos em que o autor utili-za este recurso para intensificar, enfatizar uma palavra, mas não me lembro... alguém conhece? Preciso de uma permissão, uma legitima-ção para continuar escrevendo meus textos cotidianos utilizando esses recursos tão importantes para mim, que não sou uma escrito-ra... sou uma simples contadora de casos... e como contadora de casos, faço uso de muitas reticên-cias que permitem-me expressar a incompletude da fala, assim como a linguagem informal e esses recursos expressivos pegados de emprestado à fala.

Por outro lado, difícil não levar em conta a observação da minha amiga. Ela é uma pessoa culta, sensível e educada, gostaria de escrever: “cuuuuulta”, “sensíííível” e “educaaaaaaaaaaada”, para dizer o tanto que ela possui destas três qualidades, mas seria mais ade-quado dizer: muito culta, pra lá de sensível e educadísssima. Ela bem sabe o quanto a academia vê com maus olhos a escrita que foge aos padrões cultos da norma gramati-cal e preocupa-se com a imagem que meus textos podem transmitir. Sábia aprendizagem! Preciso cui-dar de atravessar essa fase adoles-cente, rebelde e adentrar na fase adulta, madura da escrita, sob pena de ser expulsa da academia antes mesmo de ter entrado!

( Crônicas e Contos )

8 Revista Dinâmica

Tereza Machado

Esta é uma coluna de Edu-cação, portanto um local saudável para se discutir o

papel da Mulher na construção do mundo em que vivemos.

Muitas pessoas ainda não sabem qual a origem da escolha do dia 8 de março para ser o Dia Internacio-nal da Mulher.

Vamos a uma retrospectiva histó-rica. No Dia 8 de março de 1857, houve uma grande greve promovi-

da pelas operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova Iorque. Ocu-param a fábrica, reivindicaram melhores condições de trabalho, como redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diá-rio), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e mais dignidade no ambiente de traba-lho. A manifestação foi reprimida violentamente. As mulheres foram

trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano.

Essas mulheres iniciaram, ainda no século XIX, uma luta pelos direitos das Mulheres, que eram negados num mundo onde a liderança era totalmente masculina. Perderam a vida por lutando pela abertura do diálogo com a sociedade.

Desde 1975, as Nações Unidas comemoram no dia 8 de março, o Dia Internacional da Mulher.

( EDUCAÇÃO E FORMAÇÃO )

Dia Internacional da MulherParabéns a você, Mulher, no dia 8 de março. Você faz a diferença!

Revista Dinâmica 9

( Educação e Formação )

1788 O político e filósofo francês Condorcet reivindica direitos de participação política, emprego e educação para as mulheres.

1840 Lucrécia Mott luta pela igualdade de direitos para mulheres e negros dos Estados Unidos.

1859 Surge na Rússia, na cidade de São Petersburgo, um movimento de luta pelos direitos das mulheres.

1862 Durante as eleições municipais, as mulheres podem votar pela primeira vez na Sué-cia.

1865 Na Alemanha, Louise Otto, cria a Associação Geral das Mulheres Alemãs.

1866 No Reino Unido, o economista John S. Mill escreve exigindo o direito de voto para as mulheres inglesas.

1869 É criada nos Estados Unidos a Associação Nacional para o Sufrágio das Mulheres.

1870 Na França, as mulheres passam a ter acesso aos cursos de Medicina.

1874 Criada no Japão a primeira escola normal para moças .

1878 Criada na Rússia uma Universidade Feminina.

1901 O deputado francês René Viviani defende o direito de voto das mulheres.

CONQUISTAS

10 Revista Dinâmica

Desde essas conquistas marcantes, as Mulheres não pararam mais de procurar e ocupar seu lugar no espaço de uma nova sociedade que passa a ter na mulher um dos alicerces não só da família, mas também de todo uma complexa estrutura política-social-econômi-ca-financeira de nosso atual estágio na social.

O que mais chama a atenção é que a mulher conquistou seu lugar ao sol, sem deixar, porém, de cui-dar de sua família. Cuida de seu marido e filhos, denotando com-petência em planejar, organizar e concretizar suas ações.

Nós, educadoras, sabemos bem

como é difícil trabalhar na edu-cação das crianças sem a parceria da mãe de nossos alunos. Hoje, a escola tem muitas outras funções, entre elas de dar a educação básica, aquela que vinha de casa num tem-po onde a maioria das mães não trabalhava fora.

Temos, nessa primeira década do século XXI uma realidade bem diferente, quase todas as mães necessitam trabalhar fora para au-xiliar a receita familiar ou mesmo, se viúvas ou separadas, arcam com a maioria das despesas da casa.

Estas mulheres, quase sempre, só vêem seus filhos, à noite, quando chegam à casa. Ainda irão ocupar

a função de administradora das tarefas domésticas, cuidando das refeições, arrumação, além de orga-nizar roupa para lavar e passar.

Ainda escuto muitos colegas pro-fessores reclamarem que as mães não ajudam os filhos a estudarem em casa. Costumo dizer que, em casa, mãe é ótima no papel de mãe, não é professora. Tem que dar amor, segurança, alimentar e planejar o dia com seus filhos. A questão de ensinar tem que ficar por conta da escola, não é questão de “acharmos” isso ou aquilo, é a realidade que se tem. A mulher foi à luta, é uma guerreira, trabalha fora e dentro de casa, é a chamada dupla-jornada, por que, então, ain-da queremos que ela tenha tempo e paciência para ensinar os filhos em casa?

A escola tem que mudar, tem que se ajustar aos tempos modernos. Queremos ter na família uma alia-da, portanto tem de haver recipro-cidade, as escolas também têm de ser parceiras.

Falando em família, o final do século XX e o início do século XXI já demonstraram a urgência de reconceituarmos o termo famí-lia. Em tempos antigos, a família chamada de “família clássica” era composta por pai, mãe e filhos. Atualmente, temos famílias onde o cabeça é a mãe, cria seus filhos sem a presença do marido-pai, pais que criam seus filhos sem a presença da mulher-mãe, avós que criam os netos como se fossem filhos, além de outras concepções de casal, o que muda de forma mais radical este conceito de família. Não esta-mos levando em conta nenhuma análise de base sociológica na nova

( Educação e Formação )

A mulher do século XXI enfrenta o desafio de ser mãe e profissional ao mesmo tempo.

Revista Dinâmica 11

estrutura familiar, apenas citando o que todos assistimos na vida coti-diana e, como tal, deve ser o ponto de partida para a educação não só familiar como também na Escola.

Educar uma criança não é só dar-lhe instrução e informação, é tam-bém lidar com limites, ética, boas maneiras, entre outros aspectos, ou seja, cuidar de sua formação como ser humano único e cidadão com direitos e deveres.

A Escola tem que mudar, tem que acolher melhor as necessidades das mães e das crianças. Percebo que a maioria já atende bem essa nova demanda, mas ainda há algumas que insistem em que mãe partici-pante é aquela que “olha mochila, cadernos e dever de casa”.

Que tal, mudarmos o foco do que se acha dever das famílias? Quem

sabe desta forma teríamos crianças mais ajustadas, mais felizes e mães sentindo-se menos culpadas por “roubarem” um tempo de convívio com as crianças por causa de seu trabalho?

A mulher não trabalha só por necessidade, como ser humano, tal como o homem, necessita de uma realização profissional para sentir-se útil, produtiva, transformadora do mundo que a cerca.

O respeito pelo talento, habili-dade e competência da mulher ainda tem um grande espaço a ser preenchido. Muito ainda a fazer para que possamos chegar a uma sociedade onde homens e mulhe-res não tenham que competir por uma vaga no mercado de traba-lho, mas que possam ser amigos, cooperadores e solidários. Isso é o chamado Mundo Ideal? Pode ser,

mas, com certeza depende de nós toda mudança.

Parabéns Mulher, que nesse dia 8 de março próximo haja um pouco mais de alegria em seu coração por alguma conquista desejada.

E como mulher deixo os meus votos: Nós cuidamos das novas gerações, merecemos ter o nosso valor respeitado.

Dica: “Norma Rae”, filme premia-do pelo Oscar (de melhor atriz, para Sally Field).

Aproveitem a dica, vejam este bom filme que traz o debate do mundo do trabalho feminino. Vale à pena conferir.

Mulheres, parabéns!

Mulher: o futuro da humanidade está em suas mãos.

( Educação e Formação )

12 Revista Dinâmica

Apenas Ártemis

Mário Nitsche

Uma visão sobre sua história mitológica

Leto em trabalho de parto. O tempo. A coragem e a mãe, na mulher, ajudaram

a menina nascer. Linda. Nasceu consciente de si e de existir; levan-tou-se olhou a mãe, o mundo e as aias. Viu suas mãos com sangue e colocando a direita dentro da mãe tomou a mão de Apolo e o ajudou a nascer. O gesto colocou o seu irmão gêmeo em contato íntimo com ela de novo só que agora sob a luz do sol. Limpou um pouco do sangue que o cobria e fitou-o longamente. As aias, embasbaca-das olharam tudo e principiaram a fazer a parte delas do trabalho

sob o comando invisível da deusa. Ártemis cuidava dos detalhes e sua presença impunha força, liderança e chamava à ação. Ártemis e Apolo nasceram em Delos para serem grandes amigos. Ele o sol que cor-ria pelo dia; ela a lua que iluminava a noite sobre os montes.

Filhos de Leto e Zeus. Nada mais foi como antes. Aliás, nunca é.

Ela ficou só. Beleza selvagem e virgem. Sua arma preferida, o arco, como Apolo. Caçava veados cor-rendo atrás deles, emparelhando com eles. Linda, rápida... eficiente, fatal. Suas setas matavam sem dor e instanteamente. Mais tarde os médicos falaram sobre infarto

fulminante do miocárdio. Mas eles não sabem muito, uma vez que estudam coisas teóricas e estão confinados nos limites dos equipa-mentos e exames que têm.

Ártemis participou no combate contra os gigantes e ali fez parceria com o grande Heracles. Jogavam perfeitamente juntos. Uma equi-pe...

Ártemis é a cólera! Oríon o caça-dor gigante colocou-se no cami-nho da raiva da deusa e os motivos divergem segundo a história; mas o bem provável, é que o moço, num arroubo, (Sabe como é, né...) tentou violar Ártemis... Oríon até era um garoto legal... Meio saidi-

( MITOLOGIA )

Revista Dinâmica 13

nho às vezes, mas só quando se empolgava ou tomava uma gelada a mais. Foi a última investida que ele fez. Ártemis sofisticou... não usou o arco com a seta que não tinha dor; mandou um escorpião que o mordeu à noite... com bastante dor.

Conhecida e antiga a cólera de Ártemis contra a família de Atreu. Mas a coisa explodiu quando Agamêmnon falou uma frase meio boba numa caçada em Áulis onde ele esperava vento favorável para partir para Tróia. Matou um veado com grande categoria e comentou: “Cara! Nem sequer Ártemis teria conseguido matar o bicho assim! Beleza!”. Ártemis ouviu e enviou uma calmaria que imobilizou a frota inteira. Crise... Tirésias o adi-vinhador revelou a gênese daquele pequeno contratempo. Papo vai e vem e decidiram que o jeito era sacrificar à deusa, Ifigênia a filha do rei. Fazer o que? Mexer com vespeiro dá nisso. Mas no último momento Ártemis sustou o braço do carrasco, deu uma corça para o sacrifício e mandou Ifigênia para táurica, Criméia como sacerdotisa no culto que lhe prestavam.

Medir as palavras era saudável com ela.

Quando Agamêmnon voltou de Tróia dez anos depois, Ártemis acertou as contas com ele...

Uma deusa selvagem que corria pelos bosques e montanhas na companhia de feras e davam-se muito bem.

Que chato... Ártemis matou Ca-listo. Essa eu não gostei. Foi um exagero! Absurdo... Calisto era lin-díssima; uma ninfa dos bosques e

florestas. Tinha jurado virgindade e passava os dias caçando com as companheiras de Ártemis. Divina... Indescritível... alta, curvas suaves como as de um rio bonito. Cabelos negros combinando com olhos profundos e escuros. Uma expres-são maravilhosa, recatada... mas convidativa... A vida é bela. Um dia Zeus viu-a e gamou. Ficou muito doidão. Tinha bom gosto o moço. Ela também fez uns joguinhos de sedução, insinuou-se... e o deusaço chegou junto! Garoto! Mas chegou disfarçado de Apolo. Rolou. Ma-ravilhoso... e um dia Calisto viu-se grávida. Disfarçou e ia indo bem até que Ártemis convidou-a junta-mente com outras amigas e foram tomar banho numa lagoa. Não deu outra. Foi vista. Foi visto. Ficar nu revela...Ártemis expulsou-a e ficou muito, muito zangada. Hera, a principal esposa de Zeus soube e a coisa engrossou. Dizem que Zeus transformou a amante em uma ursa para escondê-la da raiva da esposa. Nada funcionou. Nesses momentos tudo complica, até. Hera e Ártemis foram tomar um chazinho. Papo vem, papo vai; “não diga...”, daqui, “ah essa não”, “Que sem vergonha...” dali. Ártemis resolveu usar o arco para fechar o assunto. Hera adorou. Um dia Calisto passeava em sua forma de mulher por um campo límpido, verde muito claro. Viu uma flor es-tranha e bonita. Um arrepio passou pela ninfa... Abaixou-se com todo o charme, apanhou-a e levantou-se. Calisto estava lindíssima. Um vento suave agitava seus cabelos e a túnica branca. Levou a flor ao narizinho e absorveu o perfume dos céus. Nesse momento Ártemis disparou a seta. Calisto teve seu lindo corpo perpassado por uma

cor intensa e nem percebeu que deslizou para a relva enfeitando as flores. Ela era.

Ártemis arrependeu-se.

É sempre assim. Hera quase sem-pre dava um jeito nas amantes de Zeus e para isso um jeitinho... um bom papo ajeita... Dizem que o jeitinho brasileiro veio de lá. E ela, Ártemis tinha ficado irritada que a moça violara o pacto de perma-necer virgem... Tudo criou uma atmosfera que culminara com o fim de alguém que tinha cometido um... erro!

Acontece muito nas organizações e instituições onde fofoqueiros se juntam e têm alguma influência.

Mas, Zeus, o garotão, transformou Calisto numa fulgurante constela-ção, a Ursa Maior, para lembrá-la quando olhava os céus.

Todos nós podemos vê-la!

Comenta-se que o aspecto mais significativo da personalidade de Ártemis era a sua impressionante tendência à vingança! Concordo até um certo ponto. Ela era vinga-tiva e sua cólera ajudava que o ato da vingança fosse terrível. Mas, e isso é incrível, Ártemis aprendeu vingança com o Homo sapiens! Nós a ensinamos o vingar.

Ártemis investia um tempo olhan-do, estudando o interessante ser humano mortal. O Homo sapiens era frágil e vivia pouco. Ficava decaído física e emocionalmente no fim do pouco de tempo que tinha. Multiplicava-se muito! Um espanto... Uma facilidade impressionante à corrupção e

( Mitologia )

14 Revista Dinâmica

abuso ilimitado de poder. Sujeito a doenças variadas. Criara um Deus dos mais estranhos e ruins: o Comércio. Vivia diariamente num culto de adoração a ele e por isso sacrificava seus próprios pares, filhos e a vida. Os homens estavam constantemente em guerra mesmo sendo tão frágeis. Os videntes viam o homem como uma espécie que não viveria muito na Terra. Ela, Géia, ia eliminá-lo... O homem a violava como decorrência do culto ao Deus Comércio. Falava-se no Olimpo de quantidades imensas de homens como um mar... Ondas violentas... e um dia uma guerra nunca vista antes. Mas alguns da espécie humana eram nobres, bonitos e tinham princípios que os alevantavam! Havia mestres, pen-sadores, artistas, grandes médicos como Cherion; guerreiros famosos e maravilhosos seres humanos comuns que viviam bem. Não mui-tos. Uma outra parte dos homens precisava de liderança, ensino e eram potencialmente criaturas melhores. Mas a liderança humana era servidora do Deus Comércio, totalmente incluída no maligno e controlava o mundo.

Os homens vingavam-se de tudo. Do que queriam ser e não pude-ram; de ofensas, do governo, do cônjuge. A vingança era a coluna dorsal dos relacionamentos pes-soais e uma característica da raça. O Homem respirava vingança e Ártemis - conscientemente - foi in-fluenciada por eles! Nesse aspecto ela gostou da gente. Por tempos e tempos Ártemis divertiu-se até ver os bosques e florestas sendo dizimados e diminuídos. Obser-vou que as instituições humanas criadas para proteger a natureza, na

sua maioria, “faziam de conta” que cumpriam a função! Mas o Deus Comércio decidia sobre os bos-ques e florestas. Poucos homens e mulheres que tentavam ajudar, não tinham condições de serem efetivos.

A grande questão que a deusa via, era, quem sabe, a de deixar que se destruíssem; mas isso poderia trazer no seu bojo uma destruição enorme na natureza... Ou apressar o processo do fim deles para evitar que o Grande Desastre aconteces-se com a Terra.

Uma imensa lua cheia papeava com Ártemis e presenteava a deusa com um brilho imenso nos seus olhos e aquecia a alma da moça.

Ártemis pensou novamente a possibilidade de haver um outro e imenso Zeus, perfeito, muito melhor que seu pai, e que criara o todo em tudo... e mesmo os deuses! Um tremor passava por ela quando pensava assim. Se havia, conjeturava ela, criar o homem fora um erro? Quem saberia? Mas há muito e magnífico criado no Todo. E na realidade alguma coisa desconhecida protegia o ser huma-no. Uma espécie de poder maior. Porque? Quem se ocuparia com o limitado homem?

( Mitologia )Sorrindo para a Lua ela tomou o arco segurando-o pelas extre-midades, afastou ligeiramente as pernas e dobrou-o com facilidade. Manteve a tensão. Ártemis já tinha decidido a pena de morte para reino dos homens. Reconhecia não ser tão simples como matar uma ninfa bonita cheirando uma flor... precisava pensar um pouco para executar o juízo. Podia gerar tem-pestades imensas, enchentes, calo-res e desastres! Um bom começo. E desde que o mundo é mundo suas setas nunca erraram o alvo. E sendo perfeccionista aprendeu cabalmente a arte de dar o troco.

Ártemis riu um riso alegre e espon-tâneo, meio moleque...

Difícil... mas ela ia procurar dar um jeitinho...

Revista Dinâmica 15

Chris Lopo

Se você quer pegar a crista da onda conheça o Twitter, um site em que você conta para todo mundo o que está fazendo

Esses dias eu estava pen-sando “quando é que as operadoras do Brasil vão

baixar as tarifas dos serviços SMS pra nós, brasileiros, podermos ter um gostinho do que se usa la fora?”

Algumas horas depois, ao acompa-nhar o Twitter dos músicos, ami-gos e pessoas que eu admiro, fiquei pensando se não existia algum tipo de de aplicativo para o meu celular, um Nokia XpressMusic modelo 5220, em que eu pudesse enviar e receber atualizações do Twitter.

Twittando!

( TECNO+ )

A empresa que mantém o serviço avisa que não envia atualizações para operadoras brasileiras. Não precisamos nem pensar muito para saber o motivo: os serviços de telefonia estão na disputa entre os que possuem maior carga tributá-ria no nosso país. Você sabia que o governo cobra uma taxa de 40% da conta telefônica em impostos? Se a sua conta vem todos os meses R$ 100, você dá exatos R$ 40 para o Governo Brasileiro todos os meses. Justo com quem já paga imposto pra tudo? Eu não acho. Enquanto a entrevista bombástica do Sr. Jarbas Vasconcellos não tiver um

real impacto na política brasileira continuaremos a ter as taxas mais altas do planeta. Mas, como nosso assunto é tecnologia, não vamos nos prender às reclamações.

Não precisei de muito tempo para achar o Twibble <www.twibble.de>, um software que roda tanto em celulares quanto em compu-tadores (Mac/Windows/Linux). Quando você está na frente do computador, pode ler e enviar os “twitts” sem custo. Com ele já instalado no celular, você pode atualizar sua página ou receber as últimas atualizações de seus amigos, ou pessoas que você segue,

16 Revista Dinâmica

por um custo baixíssimo. Ontem fiz um teste: o envio de mensagem custou 5 centavos, enquanto rece-ber as atualizações de todo mundo me custou míseros 21 centavos. Isso é mais barato que enviar SMS, principalmente se você quer que todos saibam o conteúdo da sua mensagem.

O serviço funciona da seguinte maneira: você se cadastra no site com usuário e senha e cria sua página no Twitter. A minha é www.twitter.com/chrislopo. Após criar a senha, você pode pesquisar quais amigos estão cadastrados através do endereço de e-mail. Ao achar uma pessoa, basta clicar no botão “Follow” (seguir, em inglês), e você receberá as atualizações deste usuário toda vez que se conectar ao serviço. A pessoa recebe um aviso que você está seguindo ela, e ela escolhe se quer seguir você ou não. Você só recebe as atualizações de quem você adicionou. Portanto, você pode seguir 10 pessoas e ter 1000 seguidores.

É um serviço inicialmente sem muita importância. Muitos usam apenas para dar bom dia, dizer que estão almoçando ou para comuni-car ao mundo que comprou o últi-mo CD do U2. Já algumas bandas utilizam para dar rápidos avisos aos fãs, com qual o show do dia, data do próximo show, se estão no estú-dio ou ensaiando. Agências como CNN usam para dar as últimas notícias. Artistas das mais diversas áreas usam para avisar sobre onde farão exposições, links para entre-vistas e atualizações de portfolio. Já vi, inclusive, casos de empresas que usam o Twitter para saber onde seus executivos estão. Através dele os escritórios sabem quando é que seu funcionário entrou e saiu de uma reunião, quanto tempo vai demorar no trânsito e também avi-sar a todos seus funcionários sobre reuniões e novas estratégias.

O Twitter consegue ser um divisor de águas. Existem as pessoas que o consideram um serviço completa-mente inútil, assim como empresas

que poupam alguns bons reais com essas atualizações.

É bom deixar claro que ele não é um substituto do blog porque não permite grandes atualizações, in-clusão de imagens, textos grandes, vídeos, etc. Ele é feito apenas para pequenas atualizações, exatamen-te para que o custo de se manter atualizado fique lá embaixo.

Você está pronto para “twittar”? O site do serviço é www.twitter.com, e atualmente está disponível ape-nas em inglês e japnês, mas você pode enviar suas atualizações em português sem problema algum.

Antes que seja tarde: existe um site brasileiro que permite o envio de atualizações para o Twitter atra-vés de SMS, sem precisar pagar tarifa internacional. O endereço é http://sms.blog.br. O único pro-blema é que o site é apenas uma ponte para o envio de mensagens, ele não as recebe.

( Tecno+ )

Twibble: software que roda tanto em celulares como em computadores. Com ele, você pode “twittar” sem dificuldade.

Revista Dinâmica 17

Liz Motta

Onde os fracos não têm vezA rua é um atrativo para quem nunca conheceu uma casa: a única opção

para que nasceu sem opções

Aproprio-me do título ganhador do Oscar em 2008 para dar o tom a

este texto que nada tem a ver com o mercado cinematográfico e muito menos com críticas sobre o desempenho dos atores/atrizes hollywoodianos/as; mais certo, talvez, seja a apropriação da metá-fora que propõe seu enredo, mas numa dinâmica social ancorada na realidade brasileira e seus atores/atrizes mirins que despontam diariamente nas mídias.

Quando o assunto é violência, geralmente pensamos em assaltos, homicídios, latrocínios, guerra de facções, disputas de “bocas de fumo” ou o enfretamento de po-liciais e traficantes, mas em torno destas situações de conflito não enxergamos uma parcela da socie-dade que sofre e vive a violência

em trincheiras sem proteção: os meninos/as de rua; ou como tam-bém são conhecidos, os menores abandonados.

Rejeitados ou abandonados por suas famílias estas crianças e adolescentes sobrevivem nas vias públicas ao sabor da sorte e das mazelas sociais, contando com a boa vontade dos transeuntes e disputando as esmolas oferecidas. São meninos e meninas, em sua maioria entre 5 e 16 anos, que nunca conheceram o sentido da palavra família ou não conseguem discernir a distância que existe en-tre sobreviver e roubar, pois para eles o que importa é matar a fome ou aplacar os sintomas do vício do crack, da cola ou da maconha.

A relação entre drogas e menores de rua é estreita. A quase totalida-de da população de rua é usuária de algum tipo de entorpecente, seja para aplacar a fome ou o frio

ou para se sentir pertencente a um determinado grupo que lhe dê identidade. As crianças e adoles-centes não fogem a esta dinâmica, por não terem ou fazerem parte de uma família buscam nos parceiros da rua o significado das relações parentais; daí andarem sempre em grupos de no mínimo três ou quatros.

O uso de drogas é a principal motivação para os delitos que cometem e também o que os leva a uma morte prematura e violen-ta – a maioria não completa os 18 anos. Se pensarmos uma pirâmide social-marginal das ruas, o/a me-nor ocupa a base, pois é a mão-de-obra mais abundante e barata para o crime. Além disso, é o alvo mais fácil da polícia e de traficantes; por não terem um espaço físico onde possam habitar; nômades, estes indivíduos abrigam-se ora em en-costas de pontes, imóveis abando-nados, bancos de praças, escadas

( EMBATES E DEBATES )

18 Revista Dinâmica

de igrejas, ora nas calçadas onde estendem papelões sob e sobre seus frágeis corpos desnutridos.

Não se trata aqui, com as assertivas acima, vitimizar os/as menores de rua; ao contrário, expor suas fragilidades nos faz pensar sobre como lidamos com o fato de que nossas crianças estão morrendo ou matando. Trata de avaliarmos o que, de fato, a sociedade precisa fa-zer – em comunhão com o Estado – para reverter esta triste e crescen-te realidade de violência de e com crianças e adolescentes. É fazermos um balanço, inicialmente, do nosso sistema educacional precário e que não dá conta dessas questões sur-gidas a partir do salto demográfico na década de 70 do século passa-do. E ainda pensar que a reforma educacional proposta nos anos de 1990, nasceu num contexto que o modo capitalista de produção traduz-se pelo lema: ser é ter; ou seja, numa sociedade que prima pelo consumo e enaltece os “vito-riosos” pelo sucesso de adquirir bens materiais, os marginalizados são aqueles que não conseguem al-cançar o status de consumidor, não pelos meios lícitos. A Educação, no sentido amplo do seu conceito, fica entrincheirada entre a pressão de formar profissionais para o sucesso e, consequentemente o consumo e, pelo outro, abarcar toda uma po-pulação com diferenças, desigual-dades e especificidades, as quais os profissionais de educação não conseguem lidar por não terem apoio da sociedade e do próprio Estado.

Se conectarmos a Educação com o sistema prisional brasileiro perce-beremos uma espécie de osmose

ou cadeia de conseqüências: o indivíduo não freqüenta a escola, não conta com uma formação profissional, não tem meios para consumir, portanto logo rouba e trafica, daí é preso e o sistema pri-sional dá a formação marginal que, no sentido contrário, seria o papel da escola.

Nas ruas, a lei que prevalece é a do mais forte e do mais esperto. Crianças e adolescentes assassi-nados pelo tráfico ou pela polícia já se tornou banal e ainda ouço pessoas dizerem: “mereceu, quem mandou se meter com quem não presta?”, ou então: “ se estivesse em casa não arrumava confusão, não morria”. Pois é, se estivesse em casa... mas famílias inteiras vivem nas ruas em condições subumanas sendo a prevalência de crianças entre 0 a 9 anos. Como fugir de um destino trágico quando não se conhece outra realidade, senão a da rua? Como não ser usuário de drogas se já nasceu de uma mãe vi-ciada em crack ou cocaína? Como ser saudável se nasceu com o vírus HIV herdado desta mãe soroposi-tiva?

Estes/as pequenos/as cidadãos/ãs vivem aqui e acolá roubando, tra-ficando, se prostituindo; sim, são cidadãos/ãs, mesmo que uma certa propaganda veiculada na mídia televisa insista em dizer que “ (...) sem documento eu não sou nin-guém. Eu sou Maria, eu sou João, com certidão de nascimento sou cidadão”. Embora o termo cidadão esteja relacionado aos direitos e ao exercício político, estes menores de rua são brasileiros e, para além e o mais importante: são seres humanos com direito a terem seus

direitos humanos preservados, pelo menos os direitos básicos: moradia, segurança, alimentação, educação e saúde.

O leitor/a, neste momento, pode estar pensando: e se um menor infrator lhe assaltar? Ou se ele for violento com você? Será que eu continuaria pensando desta forma? Sinceramente, penso que sim. Eu faço parte do processo social, sou um dos elos da corrente, assim como qualquer um de vocês, caros/as leitores/as. Na verdade, comparo o nosso papel na socieda-de como se cada um de nós fosse uma miçanga de colar. Se o colar quebra, rompe, todos nós caímos no chão.

Voltando ao início deste texto, quando falava da metáfora entre o tema deste mês para esta coluna e o título do filme Onde os Fracos Não Tem Vez comparo a persona-gem Llewelyn Moss, o traficante atrapalhado que acha uma male-ta cheia de dinheiro e quer, tão somente, se dar bem, viver com conforto ao lado da mulher e bem longe do buraco que vive, aos/as menores abandonados/as que só querem sobreviver, independente do bem ou do mal querem comer e pensar num futuro diferente; a rua, palco de sua tragicomédia, é diri-gida pela violência e fica por conta de Anton Chigurh, personagem psicótico e insensível, frio e calcu-lista interpretado pelo espanhol Javier Bardem. A rua é assim: fria, impessoal, estéril e por ser assim não há negociação, não há diálogo. Se mata e se morre, principalmen-te se morre porque lá é onde os fracos não tem vez.

( Embates e Debates )

Revista Dinâmica 19

Kiko Mourão

Impunidades (parte I)

Inicialmente, neste ensaio sobre a impunidade, veremos qual é o conceito e trataremos

de um tema muito debatido: a impunidade penal.

É importante observar que a impu-nidade não é a falta de aplicação da lei, e sim das penas da lei. Ou seja, é o não cumprimento de uma pena já determinada em sentença ou seu cumprimento em uma escala insuficiente para atingir padrões punitivos.

Todos conhecem sobre esse tema, mas a maioria apenas sabe dizer que é culpa do governo, que é cul-pa do Brasil, que a lei é falha. É e não é. Cada um dos citados acima

não pode responder separadamen-te pelo problema da impunidade, mas todos atuando em conjunto, contribuem significativamente para que ela ocorra.

A impunidade pode ser entendida sob dois pontos. Primeiramen-te é o descumprimento de uma determinação legal. E sob outro ângulo, ainda podemos observar que a impunidade é um estímulo à continuidade da prática da condu-ta delituosa. Uma vez impune, o agente terá a segurança de atuar ili-citamente outra vez, sabendo que a punição por seus atos nunca virá.

Um dos maiores exemplos de im-punidade no Brasil é a impunidade penal. O que todos dizem é que o código Penal brasileiro é obsoleto, mas o que não sabem é que ele está

entre os mais modernos do mun-do. Então, na esfera penal, o que poderia causar a impunidade? Não é a lei penal em si, mas a burocracia processual e a falta de preparo do Estado para receber presidiários em condições adequadas.

Por que os crimes ficam impunes? Por que o Código de Processo Penal já recebeu tantas alterações que se parece com uma colcha de retalhos, perdendo-se em seu próprio texto, travando o curso processual e deixando livre um cri-minoso (caso decorra o prazo para a condenação). Por que o Estado mal tem condições de manter os atuais presidiários. Quem dirá de receber novos?

É de fundamental importância observar que a impunidade tem o

O que faz a lei brasileira parecer patética

( FAZENDO DIREITO )

20 Revista Dinâmica

ponto de vista técnico e o ponto de vista pessoal. O pessoal é aquele compartilhado por todos nós, que vemos todos os dias centenas de criminosos livres e nos sentimos impotentes quanto a isso. Mas, para o olhar técnico a impunidade não pode ser baseada em presun-ção de culpa. De acordo com o princípio da inocência, ninguém será considerado culpado até trân-sito em julgado de sentença. Isto é, do ponto de vista técnico, só ocor-re a impunidade após o encerra-mento do processo, onde o réu foi de fato condenado por um tribunal competente e, apesar disso, não está cumprindo sua pena.

A impunidade no Brasil se tornou algo cultural. Desde tempos remo-tos existe uma deficiência conside-rável na concentração de renda e os modelos escravistas deixam resquí-cios sociais até hoje. Sendo assim, a lei ficou conhecida por apenas valer para os pobres. Naqueles tempos havia uma separação entre ricos e pobres, na própria lei, o que não mais ocorre, mas permanece atuando ocultamente sobre os pensamentos da sociedade. A psi-cologia fixada nas pessoas de classe média e alta é simples: Criminosos devem ir para a cadeia. Mas se um de nós cometer um ato ilícito, não pode pagar por ele da mesma for-ma que os marginais. Somos pesso-as boas, merecemos, no mínimo, penas mais brandas e não aquela vida humilhante na cadeia. A nossa exposição ou até mesmo a simples expectativa de uma condenação ao inferno carcerário já serve como punição, não somos como aqueles criminosos. Ora, mas nós, descum-prindo a lei, não seríamos também criminosos?

Como o processo penal pode acentuar ainda mais a impunida-de? É sabido que o código penal prevê punições a todos os que cometerem ilícitos penais, indis-tintamente. Mas os que têm posses podem pagar por vários advoga-dos, extremamente competentes, que se aproveitam dos milhares de acessos oferecidos pelo código processual penal para conseguir uma absolvição ou para protelar a condenação até a prescrição do prazo.

O próprio CPP se contradiz quando, em um setor veda aos delegados classificarem crimes, e em outro diz que caberá ao próprio delegado determinar o crime e ar-bitrar a fiança. E esse é apenas um, dos vários exemplos que podemos encontrar no CPP. E mais, arbitrar uma fiança deveria ser compe-tência exclusiva de um juiz. Não podemos apontar pessoas especí-ficas, mas sabemos que acontece: propinas compram fianças.

A burocracia excessiva dos pro-cessos penais acaba por atar as mãos do Judiciário, que, embora tenha competência para aplicar a lei penal, vê o seu trabalho atra-sado por um código processual obsoleto, contraditório e cheio de remendos aqui e ali. Muitos já devem ter ouvido a famosa frase: a polícia prende e a justiça solta. Não é assim. A polícia prende e a justiça, como representante do Estado quer exercer o Jus Punien-di, o direito de punir. Mas com os longos prazos e os pormenores do CPP em benefício do réu a justiça acaba tendo que soltar o indivíduo. E por quê? Por que está na lei. A lei prevê isso.

Tudo isso já faz parte do costume do brasileiro, portanto existe tam-bém, por trás da impunidade, um aspecto sociológico. Todos acham justo que um criminoso pague em uma penitenciária lotada por seus crimes. Mas se um jovem de classe média tira a vida de alguém ao dirigir alcoolizado por exemplo, aí a coisa muda de paradigma. O jovem é um garoto bom, estudante de algum curso superior, de família influente. Ele não pode pagar pelo “deslize” como um criminoso. E, vendo isso todos os dias, a socieda-de se acostumou com a impunida-de. Ela se tornou algo corriqueiro. Tanto que não damos importância. O que se diz é: já sabemos onde isso vai dar. Esse aí estará solto em breve. E o que se pergunta é: desde quando diferenças sociais são com-pensatórias de penas?

É comum vermos até mesmo os operadores do Direito dizendo que a culpa é do nosso “atrasado Código Penal de 1942”. Absurdo. Em Direito Penal é regra aplicar-se a lei mais benéfica ao agente. En-tretanto, os benefícios dados pela incoerência do CPP são grandes estímulos à criminalidade, pois, qualquer um sabe que se cometer um crime, não pagará por ele de forma adequada.

Outro setor onde a impunidade é tão comum que já deixou de ser revoltante é a política. Apontem pelo menos quinze figuras políticas sabidamente culpadas de crimes financeiros que estão atrás das grades. Ora, é pedir muito, não? É absurdo vermos Fernando Collor se candidatando a cargos políticos enquanto, de acordo com a lei, de-veria estar preso, ou, pelo menos,

( Fazendo Direito )

prestando contas à justiça. Outro exemplo interessante: circula um e-mail pela internet mostrando como deveriam ser as propagandas de alguns produtos e lojas. Quan-do chega numa marca famosa de absorvente, o garoto propaganda é ninguém menos do que Paulo Maluf. É realmente engraçado, mas por aí já é possível perceber que a impunidade, que é tema tão sério, serve, no Brasil, para fazer piadas. Não podemos negar que são piadas engraçadas, mas a cada vez que deixamos a gargalhada tomar o lugar da indignação e do questio-namento, estamos contribuindo para que o Estado continue de braços cruzados em relação a um dos problemas que mais destacam o subdesenvolvimento de um país.

A mídia tem o costume de auxiliar

o Estado a mascarar o problema. Quando a população começa a ficar revoltada com o descaso do Brasil com a segurança dos cida-dãos, é feita uma cobertura ridicu-lamente patética ao caso Nardoni, por exemplo, mostrando que os autores não ficaram impunes. E isso conforta as grandes massas, que são manipuladas diariamente pela TV. Nesse exemplo foi feito um julgamento antecipado, mos-trando como a mídia é capaz de influenciar o Poder Judiciário.

O que se pode fazer para resolver o problema? Nada. A impunidade sempre vai existir. Um ou outro crime vai acabar impune. Mas po-demos agir para atenuar significa-tivamente o problema. Para início de mudança, é necessário afastar o atual Código de Processo Penal

e editar um completamente novo, dentro dos padrões constitucionais e baseado no código Penal, para que a lei possa finalmente atuar em harmonia. Ou, pelo menos, parar de revogar um artigo, editar outro, e efetuar mudanças em blocos inteiros do referido código. Em seguida, o sistema carcerário brasileiro precisa de uma revisão. Está tão esfarrapado quanto o CPP. Só então começaremos a ter uma perspectiva de mudança.

Na próxima edição você acompa-nhará a segunda parte do estudo sobre a impunidade, abordando a impunidade civil. Não perca!

Agradecimentos: Dra. Flávia Eustáquia Xavier, advogada cível e criminal, especialista em Direito Público.

“A impunidade no Brasil se tornou algo cultural.. (...) Sendo assim, a lei ficou conhecida por apenas valer para os pobres”.

( Fazendo Direito )

atinja seu alvo.

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Revista Dinâmica: um novo conceito em informação e conhecimento.

Revista Dinâmica 23

Liana Dantas

Pediu pra parar, parou! O Carnaval chegou e tudo congestionou. A televisão

virou uma grande lata de spray fixador com glitter aplicado na per-na de passista. E quem não pode pagar TV por assinatura se joga nas marcas de cerveja e assiste a todos os desfiles –uma viagem com ácido sem ácido ou aluga todos os episódios da TV Pirata. Os quesi-tos como entretenimento barato e caseiro sem spray de espuma e crianças correndo enlouquecidas cai e somos obrigados a pensar em algo diferente.

O mais diferente para mim é o car-naval de São Paulo. A Rede Globo já tem um tempo que inventou essa ‘alegoria’ e o telespectador que se conforme. Eu não entendo algu-

mas coisas porque o batuque é di-ferente, outra cadência. Mas quem se importa comigo? Os canais que esperamos que nos salvem: TV Brasil ? Canal Futura? Um passa reprises in-ter-mi-ná-veis do Sem Censura e aquele cenário verde da Segunda Guerra que me dá náuse-as. O outro passa documentários e programas sobre as raízes do carna-val que já passou o ano inteiro. Num momento pensei que Tia Ciata fosse baixar na Terra e pedir encarecidamente que parassem de usar o nome dela,porque ninguém foi capaz de fazer uma programa-ção de carnaval decente!

E as coisas que terminam com “folia”? Isso é com a Bandeirantes. Aquela que acha a maior graça em mostrar cantores em cima de um trio e pessoas lá embaixo pulando. No quesito sarcasmo involuntário, ninguém barra a Record! Morri

de rir quando eles abordaram o carnaval no programa “Fala que eu te escuto”. Imagine a abordagem. Eles mostraram a reportagem da própria emissora com as rainhas de bateria e os “truques de beleza” para sair no carnaval, as escolas de samba e as pessoas com as fantasias pulando e cantando. De repente surge uma voz pior do que a do Cid Moreira (no quesito terror psicológico) e diz mais ou menos assim: “Mas tem um ooooutro lado do Carnaval...” Aí mostra car-ro capotando, rosto ensaguentado, criança chorando! Tive um colapso de risos pela sede de adivinhar DE QUEM vem essas idéias? Se o intuito deles era chocar, cho-caram. O talento para o humor é incontestável. Fizeram coisas quem nem Richard Gervais (criador da série The Office) com seu humor detalhado conseguiu!

( IMAGEM E AÇÃO )

Quesito tédio: 10!Ironicamente uma difícil tarefa: ser um telespectador animado no Carnaval, um período “animado” do país

24 Revista Dinâmica

( Imagem e Ação )

Dr. House voltou a lá Van Damme

Não sei se foi só eu, mas notei uma certa agressividade desmedi-da na nova temporada de House? Parecia videoclipe de bandas “Numetal” do ano de 1999! Os diálogos são complementados com “cenas de ação”. A bengala dele praticamente se tornou a espada do He-Man. Incomoda.

Perderam a mão de Betty

Ok, Ugly Betty foi uma mega produção, tudo bem feito, bem escrito e executado. Adorei! Levou um ícone latino para o mundo de uma forma universal, sofisticou. Todo o mérito para a série. Mas esse material tem um fim – tem que ter um fim – e esse fim não chegou. Não há diálogo bem feito que resista a chatice espe-rada de um adiamento de um fim. Agora está um eterno lenga-lenga de idéias e ao mesmo tempo tudo muito (mais) corrido, o irmão afeminado de Betty virou “macho” o que pode até ser engraçado. Só que começaram a explorar a fundo a vida pessoal e mostrar um ângulo diferente dos personagens. Apesar de a qualidade da produção ser excelente ainda, as coisas se perde-ram. Fizesse um fim e um pós-fim.

Séries com nome chatos

Eu nem consigo assistir série com nome chato! Deve ser um Toc meu ou mais um dos milhares de traumas acumulados. Nomes como Ghost Whisperer, Grey’s Anatomy e Private Practice não me motivam a assistir. Uma porque tem um roteiro estranho e a atriz tem cara de Maria do Bairro e outra porque eu não agüento mais série sobre médicos. O ER foi um marco, seria idiotice não reco-nhecer. Mas agora chega. Façam sobre, não sei, a profissão de gari, por exemplo? Inovador.

Novidade com pompa: United States of Tara

Uma série cheia de nomes e renomes: escrito por Diablo Cody e produzida por Steven Spielberg? Coisinha boba. A série aborda a vida de Tara, vivida por ninguém menos que Toni Collete, uma mãe de família norte-americana aparentemente normal. Só que ela sofre de Desordem de Identidade Dissociativa ou trocando em miúdos, múltiplas personalidades. Sua família sabe e mesmo

SÉRIESHO

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Revista Dinâmica 25

Mas nem Silvio Santos teve forças para nos salvar dos looping chacoalhantes das atrizes rainhas de bateria de quesito samba no pé 0 e nem de carro alegórico pegan-do fogo de quesito terror do Rio mais terror do carnaval superando qualquer filme de Jack Estripador, 10. Agora, para quem tentou assistir televisão está mais que santi-ficado: se não morreu de tédio agora, não morre nunca mais!{

assim a tratam de um jeito super natural e até elegeram qual das 4 Taras (sem trocadilho) preferem! Nos EUA é exibido pela Showtime (a mesma da maravilhosa Weeds), aqui no Brasil não há distribuição ainda, mas existem pessoas que já assistem baixando pela internet. O problema de ter pessoas reconhecidas pelo público é a grande expectativa causada antes e a grande frustração depois. Contudo, o canal já renovou com os produto-res e já está na lista para a segunda temporada.

E quem precisa de TV por assinatura?

SBT Estréia (dia 3/3) Esquadrão da Moda! Acredita? A série ori-ginalmente “What not to wear” pertence a BBC4 e ficou mun-dialmente conhecida pelas britânicas engraçadíssimas Trinny e Susannah que arrasavam com as roupas das pessoas! De tanto sucesso, criaram uma versão nos Estados Unidos com um ho-mem soltando penas chamado Clinton e uma mulher raquítica com uma cabeçona chamada Stacy. Esta que o SBT se inspirou para fazer a versão tupiniquim: Isabella Fiorentino, uma modelo raquítica e o styllist Arlindo Grund, um homem soltando a franga. Engraçado que logo o canal mais brega do mundo terá um pro-grama que deixa as pessoas menos bregas?! A primeira tempora-da toda vai ser só com a equipe técnica e depois os apresentado-res, né? Não, não vai. Infelizmente! Mas devia. Resumindo: Silvio Santos é ou não é o máximo?

SÉRIESES

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( Imagem e Ação )

26 Revista Dinâmica

Levou quase dois anos para ficar pronto, mas No Line On The Horizon (Universal

Music), que chega às lojas e aos celulares Claro no dia 2 deste mês, mostra que a banda se especializou no tipo de música que faz. Sem qualquer invenção, o U2 manda o mesmo rock que o consagrou durante os 53 minutos de duração do álbum.

Apesar das criticas sobre a seme-lhança na estratégia de marketing com o álbum Ghosts I-IV, do Nine Inch Nails (ver nota), nada mais existe entre o horizonte de Dublin e os fantasmas norte-americanos.

O disco abre com a faixa título, No Line On The Horizon, num embalo estilo Mofo e um vocal em que Bono arrisca fazer coisas que sua voz, depois de tantos cigarros,

Fernanda Machado e Liana Dantas

Colaboração: Chris Lopo

Novo CD do U2 chega às lojas trazendo o mesmo de sempre e ainda assim, consegue ser muito bom

Mais do mesmo no horizonte

( MP2 )

não o permite. Resta ver se, ao vivo, o vocal vai funcionar. Conhe-cendo U2 como conhecemos, com certeza vai funcionar.

Magnificent flerta com barulhi-nhos eletrônicos, algo sombrio que bandas como Celldweller costumam a usar. Aos 30 segundos de música entra um teclado bem básico e um baixo que tem uma certa semelhança com The Hand That Feeds, presente no álbum With Teeth, também do Nine Inch Nails. O embalo também lembra um pouco a disco music, com uma bateria reta, palmas, mas temos o inconfundível timbre de guitarra de The Edge, mostrando que o U2 também olha à sua volta e bebe água das ondas passadas.

Moment Of Surrender é uma bala-da com um gingado funk. A bateria marcante e o baixo gordo, manti-dos por Larry Mullen Jr. e Adam Clayton respectivamente, acertam

o passo. Possui um solo muito atenuante de piano e uma guitarra digna de David Gilmour toma a música aos 5 minutos. O U2 arrisca nesta música, com o tempo de 7 minutos e 21 segundos. Com certeza as rádios farão uma versão para tocar durante a programação normal. Ouvir na integra será um priviégio apenas de quem tiver o disco, ou baixado.

O álbum vazou alguns dias antes de seu lançamento. Desta vez o responsável pelo vazamento não foi aquele garoto nerd que passa 15 horas por dia jogando World of Warcraft e as outras 9 hackeando sistemas. Quem liberou a faixa na Internet foi a própria Universal Music, gravadora da banda. Sua divisão australiana acabou jogando o álbum inteiro no ar durante 2 horas, tempo suficiente para ser copiado e replicado em todos os sites de arquivos.

Revista Dinâmica 27

( MP2 )

Unknown Caller começa com a singela guitarra de Edge e vai crescendo aos poucos. A música é completamente baseada nas seis cordas, onde longas notas esticadas permanecem durante boa parte de seus 6 minutos. Trechos da gravação desta música foram dis-poníveis, ano passado ainda, para os assinantes do U2.com, site da banda. O refrão remete a músicas de um distante David Bowie, que existiu apenas durante os anos 70. Alguns fãs reclamaram que esta música é muito boa, mas longe de ser expontânea.

I’ll Go Crazy If You Go Crazy possui um refrão poderoso. “Não é uma colina é uma montanha/Quando você parte para a escala-da/Você acredita em mim ou está duvidando?/Nós estamos fazendo isso por todo o caminho para a luz/Mas eu sei que eu vou ficar louco se eu não enlouquecer esta

noite.” Esta pode ser considerada como a música que vai enlouque-cer os fãs ao vivo. Com certeza arrancará algumas lágrimas das mais entusiasmadas.

Get On Your Boots é a bola da vez, assim como Vertigo foi para o disco anterior, How to Dismantle an Atomic Bomb. Primeiro single do disco, cujo trecho ficou disponí-vel para ouvir na entrada do site da banda. Prepare-se para ouvir nas rádios por muitas e muitas vezes. Primeira música a ganhar um clipe, mostra a banda em momento este-lar, tocando entre caveiras e está-tuas. O vídeo foi dirigido por Alex Courtes, que já trabalhou com a banda nos vídeos Vertigo e City of Blinding Lights. Também assinou vídeos das bandas Jane’s Addicion, Cassius, Jamiroquai e recentemen-te do Kaiser Chiefs, Snow Patrol e Foo Fighters. É, sem dúvida, a música mais pesada do disco.

O início de Stand Up Comedy poderia muito bem ser gravado por Jimi Hendrix se estivesse vivo nos dias de hoje. Outra música com um suingado funk. Levada estilo rock and roll anos 60/70.

Fez (Being Born) tem talvez a introdução mais esquisita do quarteto irlandês até o momento. Até fechar 1 minuto mistura umas risadas com passagens de Get On Your Boots (Let me in the sound/Let me in the sound) e, ao chegar exatamente aos 1:33 o grupo deixa de lado toda a esquisitice e parte para o bom e velho rock.

Se em How to Dismantle an Ato-mic Bomb a primeira baladinha já dava as caras na segunda faixa, com Miracle Drug, em No Line On The Horizon a banda deixou para a nona faixa das onze dispo-níveis. Ela não possui todo o apelo psicológico que arranca lágrimas,

Capa final do disco, sem o sinal de igual.

Início das gravações, em 2007, no Marrocos.

28 Revista Dinâmica

( MP2 )mas é sólida e vem em uma boa hora, principalmente para quem não gosta muito de peso.

Mais um rock setentista vem com Breathe. Bono novamente inventa no vocal colocando várias frases longas, mais ou menos como os rappers fazem. Mas a invenção não dura muito e logo voltamos para a

marca registrada do U2.

Por último temos Cedars of Lebanon, que já havia atingido a Internet ano passado. Outra balada, a mais calma do disco, para fechar com chave de ouro mais este lançamento do quarteto. Que venha a tour!

Para os clientes da Claro, a ope-radora começa a vender também dia 2 celulares Motorola modelo EM35 já com o conteúdo de No Line On The Horizon. O celular, que já estava na pré-venda em lojas como Americanas, virá com o disco inteiro, papéis de parede e toques.

Bono apresentando o novo single “Get on your boots” no Grammy 2009.

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Revista Dinâmica 29

Agora é brasileiramente oficial: o ano começou!

Dicas para encarar a labuta sem os rastros do verão

Priscila Leal

As festas acabaram! Há os que lamentem... Há os que deem “Graças a Deus!”...

Mas uma coisa é certa: ou você usou e abusou do sol e da praia ou virou picolé no ar-condicionado para fugir do calor. Não importa em qual dos grupos você se encai-xe, provavelmente sua pele e seus cabelos devem estar precisando de cuidados extras nesse momento.

Pele: Se o sol intenso trouxe des-

camações à pele, resista à tentação de puxar a pele superficial que está se soltando, pois estará deixando exposta uma pele que ainda não está estruturada para isso. Re-sultado: mais sensibilidade e até ferimentos. Apenas não economize hidratante e beba muita água.

• Máscara de Aveia – Ajuda a retirar as células mortas e a clarear manchas.

Misture de 2 a 3 colheres (de sopa) de farinha de aveia instantânea com um pouco de água mineral

sem gás, até formar uma papa. Passe em todo o rosto – evitando a região dos olhos e da boca – com o auxílio de um chumaço de algodão. Deixe por 15 minutos. Para retirar, lave o rosto somente com água fria.

• Máscara de Abacate – Indicada para peles secas e normais (não-oleosas) “castigadas” pelo sol e pela poluição.

Bata no liquidificador pedaços de abacate com água mineral até formar uma papa. Deixe a mistura descansar por 10 minutos. Depois,

( SAÚDE E BELEZA )

30 Revista Dinâmica

( Saúde e Beleza )com uma colher, retire o óleo que se forma na superfície. Aplique a máscara sobre o rosto, deixe agir por 15 minutos e retire com água fria.

• Máscara de Morango – Indicada para a hidratação de todos os tipos de pele, principalmente após o sol ou o frio excessivo.

Com o garfo, amasse 4 morangos frescos e maduros e adicione 2 co-lheres (de sopa) de iogurte natural. Misture bem e aplique no rosto. Deixe agir por 20 minutos e retire com água fria.

Cabelos: Para a selagem e rees-truturação dos fios os cosméticos mais indicados são os que contêm queratina, aminoácidos da seda ou silicone. Se optar pelo uso de um leave-in (creme sem enxágue), aplique-o com os cabelos ainda molhados, pois o produto precisa de água para ser absorvido; só então retire o excesso de água com movimentos suaves.

• Máscara de Abacate – Para confe-rir brilho e maciez a cabelos secos.

Bata no liquidificador a polpa de um abacate com 2 colheres (de sopa) de mel. Passe a mistura nos cabelos com a ajuda de um pen-te da raiz em direção às pontas. Proteja os cabelos com uma touca plástica e uma toalha por cima. Espere uma hora, lave e enxágue os cabelos.

• Máscara de Vinagre de Maçã – Para cabelos rebeldes e excessiva-mente armados.

Coloque meia xícara de vinagre de maçã em um recipiente. Com um

chumaço de algodão embebido em vinagre, passe o líquido nos cabelos até que fiquem totalmente úmidos e espalhe com a ajuda de um pente. Ponha uma touca plás-tica e aguarde 40 minutos. Lave os cabelos quantas vezes forem necessárias para que saia totalmen-te o cheiro.

• Máscara de Agrião – Indicada para o controle da oleosidade de cabelos frágeis.

Bata no liquidificador meio maço de folhas de agrião novas e limpas junto com um copo de água e 2 co-lheres (de sobremesa) de própolis (encontra-se à venda em farmá-cias e lojas de produtos naturais). Espalhe a mistura nos cabelos com a ajuda de um pente, cubra-os com uma touca térmica (não-elétrica) e espere de 20 a 40 minutos. Lave e enxágue bem.

Atenção! Aplique a máscara logo após prepará-la, pois as frutas e os vegetais começam a perder seus nutrientes assim que entram em contato com o ar. Além disso, as máscaras para a pele são mais eficazes se, durante o período que ficarem na pele, você estiver dei-tada relaxando; assim o sangue irá circular melhor em seu rosto.

Infelizmente há três principais possíveis inconvenientes que acompanham o verão: Conjuntivi-te, Herpes Labial e Micose. Se você teve a má sorte de ter algum desses “amigos do desconforto”, não há motivos para desespero. Vamos às prevenções e aos remediadores para cada problema:

Conjuntivite: Pode ser causada por alergia, vírus, bactéria ou irrita-

Revista Dinâmica 31

( Saúde e Beleza )ção química. No entanto, somente as virais e bacterianas são contagio-sas. O tipo mais comum no verão é a viral, de fácil transmissão, pois a exposição ao convívio social é maior nessa época. Como todas apresentam os mesmos sintomas, só é possível detectar o tipo através de exames clínicos, por isso é bom adotar cuidados especiais caso seus olhos comecem a coçar, arder, ficar vermelhos, lacrimejar e apresentar secreções e pálpebras inchadas. O maior risco de transmissão está no período que dura de 7 a 10 dias; esse é o tempo estimado para que os sintomas e a doença passem, sem a necessidade de tratamento. Se não houver resultado após esse período, procure um médico.

• Lave sempre as mãos.

• Não compartilhe toalhas de rosto ou maquiagem para os olhos.

• Evite nadar em piscinas sem cloro.

• Não é aconselhável o uso prolon-gado de lentes de contato.

• Não use colírios sem prescrição médica.

Herpes Labial: Causada por um vírus, geralmente contraído na infância ou na adolescência, manifesta-se esporadicamente du-rante toda a vida e não possui cura. A doença pode aparecer decorren-te de estresse ou exposição ao sol intenso, pois em ambos os casos o sistema imunológico se torna mais frágil. No entanto, tratamentos para fortalecer a imunidade como um todo não apresentam resulta-dos para esse vírus; seria necessá-rio que houvesse uma vacina espe-

cífica para o herpes. Sendo assim, a principal prevenção é se afastar de circunstâncias que o tornem vul-nerável, como lidar melhor com as questões psicológicas e evitar o sol excessivo. Os sintomas são bolhas, com dor e coceira, que costumam durar de 5 a 10 dias.

• Lave as mãos sempre que encos-tar nas bolhas, para que o herpes não se espalhe para outras muco-sas.

• Não fure as bolhas para não pro-vocar maiores ferimentos e riscos de infecção.

• Evite a exposição direta ao sol.

• Procure um dermatologista. Somente ele é capaz de indicar a pomada ou o creme específico para o tratamento.

Micose: Causada por fungos, pode ocorrer em diferentes partes do corpo. Aparece geralmente no ros-to, nas costas e na região peitoral, sendo caracterizada pela cor clara ou, em alguns casos, acastanhada. São descamativas e indolores.

• Evite períodos prolongados com roupas úmidas e o uso de tecidos sintéticos.

• Seque-se bem após o banho.

• Se perceber os sintomas, seque o local sem esfregar e busque ajuda médica.

Então, não percamos tempo por-que os compromissos não espe-ram. Veja em quais perfis você se encaixa e siga os rápidos truques de restauração e sobrevivência.

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Feliz aniversário, Cidade Maravilhosa!

Clarissa Leal

O aniversário da cidade do Rio de Janeiro é inspiração para pratos deliciosos!

Neste 1° de março, nossa linda, tumultuada, vio-lenta, mas amada cidade

completa 444 aninhos. E torcemos para que nossos governantes final-mente se envergonhem do abando-no e pouco caso que dispensam a nós cariocas e aproveitem esta data festiva para pôr a mão na consciên-cia e fazer do Rio um lugar melhor, não só pensando em olimpíadas ou copas, mas pensando na população local. Como me perguntou uma amiga dia desses, “que herança esses tipos de eventos deixam para os moradores da cidade?” e todos

pensamos o mesmo: nenhuma! Basta lembrar como a cidade ficou no período do PAN...

Além do aniversário da Cidade Maravilhosa, este mês representa a primeira mudança de estação do ano, com a chegada do outono no próximo dia 20, trazendo con-sigo uma certa melancolia, com as árvores perdendo suas folhas, menos flores e frutos colorindo as paisagens e uma certa nostalgia, pelos saudosos dias intermináveis do verão.

Sim, o outono chega trazendo o fim do verão, mas não o fim do

( COM ÁGUA NA BOCA )

calor. Para nós, habitantes do hemisfério Sul do planeta, o calor de verão é quase o ano todo... E, portanto, é muito importante que sua alimentação se mantenha leve e nutritiva.

Aproveitando as frutas, legumes e verduras da estação, pode-se inventar bastante, brincando com os sabores e criar pratos deliciosos e, claro, saudáveis.

Pensando nisso, duas receitinhas que misturam o que há de melhor de frutas, verduras e legumes da estação para você.

Bom apetite!

Revista Dinâmica 33

Salada de outonoIngredientes

Castanhas do pará em pedaços (sem sal ou açúcar)

Um pé de rúcula

Tomates fatiados (cereja ou italiano)

Peito de frango defumado desfiado

Tempero a gosto

Em uma tigela grande, misture todos os ingredientes e tempere como preferir. Para dar um gostinho ainda mais especial, uma dica é moer um pouco da castanha e misturar no frango desfia-do.

Modo de preparo

Suco de outonoIngredientes Uma manga palmer ou rosa

Dois kiwis

Uma ameixa vermelha

Um copo de suco de maracujá (pode ser daqueles de caixinha)

Pique as frutas e bata tudo no liquidificador. Se achar o suco com textura muito densa, adi-cione mais suco de maracujá. Sirva bem gelado.

Modo de preparo

( Com Água na Boca )

Bonsucesso Comunicação: “nós inventamos o pingo no “S””

Ou você acha que só o “i” e o “j” tinham pingo? Então você acha que já sabe tudo?

Lógico que não! E nós também! Mas fazemos de tudo para ir além. Tudo com liber-

dade e criatividade.

Nossa missão

Levar sua marca a um novo patamar, através de estudos e utilização de diferentes

meios, como a criação de web sites, desenvolvimento de identidade visual, material

gráfico e audiovisual, facilitando o processo de comunicação entre empresa e cliente.

Além disso, fazer parcerias com empresas que não tenham um setor de criação

formado, mas que queiram atrair clientes em potencial e produzir trabalhos na área

de design e publicidade.

Nossos serviços

Trabalhamos com mídia impressa, criação de peças gráficas para revistas, outdoors,

comunicação visual e diagramação. Fora do papel trabalhamos com criação de sites

dinâmicos, hotsites e conteúdo multimídia. E, finalmente, criamos conteúdo audiovi-

sual, que vai desde peças publicitárias para TV até produção de documentários e

vídeos musicais.

3. O pingo no “S”

Então, basicamente temos:

...E você achando que a vida era difícil.

1.

2.

+55 21 2425-2843 | [email protected] | www.bscomunicacao.com.br