revista da ufmg # 21.1 - no...
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José Eli da Veiga
FEA/USP, Terça 24mar15
(Revista da UFMG # 21.1 - no prelo)
* Prólogo - Duas definições
a) 1871-1971: Cem anos de confusão
b) 1975-2005: Trinta anos de retomada
=> Três correntes
c) 2006 -....: Duas promissoras controvérsias
* Epílogo – Uma ou duas proposições
* Prólogo - Duas definições
* Epílogo – Qual revolução?
“Estado da Arte”: Promissoras controvérsias
[1871-1971: Cem anos de confusão]
[1975-2005: Trinta anos de retomada]
Darwinismo
paradigma científico que permite explicar a evolução de sistemas populacionais complexos
- pelo aumento da frequência de ‘entidades’ com maior aptidão (fitness) mediante herança de instruções replicadas, em processo caracterizado por:
- a) variação muito dependente do acaso (cega/aleatória?);
- b) seleção imposta por necessidade (quão determinística?);
- c) replicação/transmissão inter-geracional das variações selecionadas (adaptação) (precedência?)
Humanidades
os conhecimentos organizados em disciplinas que tratam dos aspectos do ser humano como indivíduo e como ser social.
Umas 18, das quais 12 incluem abordagens darwinistas :
administração, antropologia, arqueologia, artes, comunicação social, contabilidade, direito, ciência política, economia, filosofia, geografia, história, letras, linguística, pedagogia, psicologia, relações internacionais, e sociologia.
» Final da página 29:
» “Considerando como a biologia evolucionista é similar à ciência histórica e como é diferente da física em conceitualização (sic) e metodologia,
» não surpreende que seja tão difícil, de fato quase impossível, traçar uma linha definida entre as ciências naturais e as humanidades.
» Alguém poderia, por exemplo, posicionar essa linha entre a biologia funcional e a biologia evolucionista, anexando a biologia funcional às ciências naturais e a biologia evolucionista à ciência da história.”
“(...) o desenrolar da relação entre darwinismo e humanidades tende a sugerir que, por mais que possa demorar,
deixará de existir clivagem epistemológica
entre as ciências da vida
e as ciências sociais.
Darwinismo Parcial (analogias) Nelson e Winter (econ)
Darwinismo Universal:
www.universaldarwinism.com/
Richard Dawkins (bio), Daniel Dennet (filo), John Campbell (ret), Susan Blackmore (psi), Karl Friston (neur);
[ + os físicos quânticos: David Deutsch, Lee Smolin e Wojciech Zurek ].
Darwinismo Generalizado: Hodgson e Knudsen (econ)
Promissoras controvérsias
(desde 2005/6-....)
Por uma nova “Síntese Evolucionária”,
que chamam de “Alargada”
EES: “Extended Evolutionary Synthesis”
teoria padrão vai muito bem, obrigado,
pois as novas descobertas evocadas pelos contestadores podem muito bem ser acomodadas na
“Síntese Moderna”, consolidada entre 1936 e 1947.
Síntese Moderna (1937-1947)
Capítulo 7 de Biologia, Ciência Única;
Ernest MAYR (2004):
“A maturação do darwinismo” 1932: síntese “fisheriana” (entre geneticistas) 1947: (origem e significado da biodiversidade)
Restou desacordo sério sobre o “objeto da seleção”: “holista” = indivíduo vs. “reducionista” = frequência gênica
1) “viés de desenvolvimento” : variações genéticas são menos aleatórias do que supõe a Síntese Moderna, pois é frequente que sejam influenciadas por desenvolvimentos físicos.
2) “plasticidade”: alterações fenotípicas que precedem as variações genéticas, consolidando só mais tarde uma adaptação. Em alguns casos, muitas gerações depois.
3) “construção de nicho”: organismos também enviesam a seleção ao co-orientarem sua própria evolução pela alteração sistemática de seus ambientes.
4) “herança epigenética”: quando a transmissão de traços de uma geração para outra não se dá via DNA.
OK, em certas circunstâncias, a ocorrência desses quatro fenômenos altera o processo evolucionário.
Mas isso não interfere na essência do paradigma.
E dobram a aposta: uma eventual nova síntese deveria ser ainda mais “alargada” do que a pretendida, pois há muitas outras novas descobertas além das quatro citadas. Só que o nome dessa síntese deveria ser escrito com letras minúsculas.
a) O debate s/ “aptidão inclusiva” na Nature
b) SuperCooperadores: a biologia matemática (Nowak)
c) Evolução em quatro dimensões
(Jablonka & Lamb)
2006:
“Five rules for the evolution of cooperation”,
Science 314: 1560-63
2011: (com Roger Highfield)
SuperCooperators – Altruism, Evolution, and Why We Need Each Other to Succed, Free Press
2012:
“Why we help” - Scientific American, July, p. 34-39
“Far from being a nagging exception to the rule of evolution, cooperation has been one of its primary architects”
EVOLUÇÃO DA COOPERAÇÃO: “Cinco Regras”
» RD (DR): Reciprocidade Direta (direct reciprocity);
» RI (IR): Reciprocidade Indireta (indirect reciprocity);
» Seleção de Parentesco (kin selection) (SP - KS);
» RR (NR): Reciprocidade em Rede (network reciprocity);
» Seleção de Grupo (group selection) SG (GS).
» NB: 5 regras que se desdobrariam em 11 mecanismos,
segundo Zaggl (2014)
“individual” (inclui “de parentesco”)
+ “de grupo”
“nas redes” (espacial)
MULTINÍVEL
Tradução CLAUDIO ANGELO
Evolução em Quatro Dimensões DNA, Comportamento e História da Vida
Eva Jablonka e Marion J. Lamb (2005)
1) Variação genética: cega, dirigida ou interpretativa?
2) Os sistemas de herança epigenéticos
3) Três sistemas de herança comportamentais (por transferência de substâncias; por aprendizado
socialmente mediado pela observação de indivíduos mais experientes; e por imitação)
4) O sistema de herança simbólico
a) 1871-1971: Cem anos de confusão
b) 1975-2005: Trinta anos de retomada
=> Três correntes
1871: Darwin, The descent of man Cap 5 – p.ex: Walter Bagehot (1867-9)
Evolucionismo “clássico” com três expoentes no século 19:
Herbert Spencer (1820-1903), Lewis Henry Morgan (1818-1881) Edward Burnett Tylor (1832-1917)
Fortíssima “reação anti-evol” liderada pelo eclético “culturalista” Franz Boas (1858-1942)(1932, 1940).
Novo e simultâneo impulso do evolucionismo:
V. Gordon Childe (1925, 1954),
Leslie White (1943, 1975) e Julian Steward (1949, 1977);
+ Talcott Parsons (1937, 1956) (em Harvard de 1927 até 1973) com seu tão influente “funcionalismo evolucionário”, também chamado de “neoevolucionismo sociológico”.
Exceções darwinistas (derrotadas ou ignoradas):
1881 – Piotr Kropotkin, Ajuda mútua, um fator de evolução”
1891 - Edward Westermarck: britânico de origem finlandesa, primeiro professor do departamento de sociologia da LSE, publicou em 1891 três volumes sobre a história dos casamentos humanos, seguidos de outros dois sobre as origens e o desenvolvimento das ideias morais (1906 e 1908).
1896 - David George Ritchie: “Social Evolution”, International Journal of Ethics 1896, 6(2): 165-181 (Chegou a destacar a transmissão dos “hábitos” por imitação, e não por instinto, como a essência do contraste entre herança social e hereditariedade biológica e origem mais remota das “instituições” como foco do processo de seleção cultural/social).
1899 - Thorstein Veblen, Teoria da Classe Ociosa, Um estudo econômico das instituições (mudança do subtítulo em 1908 in the Evolution of Institutions)
1915 - Albert Galloway Keller: Societal Evolution: A Study of the Evolutionary Basis of the Science of Society. New York: Macmillan, 1915.
“O mito do darwinismo social”
“Eugenia:
termo criado em 1883 por Francis Galton (1822-1911), significando "bem nascido". Galton definiu eugenia como ‘o estudo dos agentes sob o controle social que podem melhorar ou empobrecer as qualidades raciais das futuras gerações seja física ou mentalmente’. O tema é bastante controverso (?), particularmente após o surgimento da eugenia nazista, que veio a ser parte fundamental da ideologia de ‘pureza racial’,
a qual culminou no Holocausto.”
Síntese Moderna (1930-1950)
Capítulo 7 de Biologia, Ciência Única;
Ernest MAYR (2004):
“A maturação do darwinismo” 1932: síntese “fisheriana” (entre geneticistas) 1947: (origem e significado da biodiversidade)
Restou desacordo sério sobre o “objeto da seleção”:
“holista” = indivíduo vs. “reducionista” = frequência gênica
Precursores:
1960: Donald CAMPBELL ,“Blind variation and selective retention”, Psychological Review, 67 (6): 380-400
1962: Vero Copner WYNNE-EDWARDS: Animal Dispersion in Relation to Social Behaviour. Edinburgh: Oliver & Boyd
1964: William D. HAMILTON
“The genetical evolution of social behaviour, I, II”,
Journal of Theoretical Biology, 7: 1-52
Precursores (cont): 1971: Robert L. TRIVERS “The evolution of reciprocal altruism”, The Quarterly Review of Biology, 46 (1): 35-57 1974: Richard D. ALEXANDER “The Evolution of Social
Behavior”, Annual Review of Ecology and Systematics, 5: 325-383
{ Luca CAVALLI-SFORZA (1971) “Similarities and
dissimilarities of sociocultural and biological evolution” }
Edward O. WILSON: (* 1971: The Insect Societies: último capítulo)
1975: Sociobiology, The New Synthesis (Cap.27, pp. 547-575)
Dez anos de diferentes polêmicas: (Barash, 1982) X (Sahlins, 1980), (Gould & Lewontin, 1979) (A. Giddens 1981, 1984)
1981: Robert AXELROD & William D. HAMILTON
The Evolution of Cooperation Science, New Series, Vol. 211, No. 4489. (Mar. 27, 1981), pp. 1390-1396. (5.771)
1984: Livro do Axelrod c/o mesmo título (22.109)
O “toma-lá-dá-cá” (TfT) nas simulações computacionais
A robustez da reciprocidade
Segunda metade dos 1980:
1988: HBES - Human Behavior and Evolution Society -
www.hbes.com c/sua revista Evolution & Human Behavior, que retomou a antiga “Ethology & Sociobiology” (desde os anos 1970...)
1986: ISBE - International Society for Behavioral Ecology,
c/periódico. Behavioral Ecology www.behavecol.com, desde 1990.
1986: ISS: International Joseph A. Schumpeter Society –
www.iss-evec.de Journal of Evolutionary Economics, desde 1991
Psicologia: Steven Pinker ; Leda Cosmides e John Tooby
Antropologia: Robert Boyd e Peter J. Richerson; William H. Durham (coevolução gene/cultura)
Arqueologia: Robert Dunnel
Economia: Richard R. Nelson e Sidney Winter ;
Geoffrey Hodgson ; Samuel Bowles e Herbert Gintis
Sociologia: Joseph Lopreato e Timothy Crippen ;
W. G. Runciman ; Stephen K. Sanderson
Ciência Política & RI (“História”): Francis Fukuyama ;
George Modelsky ; William R. Thompson
Filosofia: Elliot Sober ; Daniel Dennet ; David L. Hull
(Geografia: Ron A. Boschma e Jan G. Lambooy)