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Revista produzida pelos alunos do 1o. ano de habilitaçao em Gerência em Saúde, do TI ESF. Aborda o tema Saúde e a Estratégia de Saúde da FamíliaTRANSCRIPT
Sistema único de Saúde & Estratégia Saúde da FamíliaFabiana Pessoa da silvaGabriella Pinheiro alves de FreitasMariana araújo neves liMa
Caro leitor,Por dentro de um trimestre complicado devido às paralisações, alterações no nosso calendário de au-las e o caos urbano no Rio de Janeiro, os alunos do T.I Estratégia Saúde da Família (ESF) elaboraram diversas matérias para que chegue até você, o que é em algumas palavras, o nosso T.I.
Para entender com clareza nossa “área”, alguns conceitos básicos serão mostrados ao longo de nos-sa revista.
Primeiramente, veremos o que se entende por definição do Sistema Único de Saúde (SUS) e a ESF, relatando também a sua decorrência na história e como sua estrutura é definida hoje.
Em segundo, apresentaremos um relato sobre “o que é família”. Basicamente, para se entender Estra-tégia Saúde da Família, é preciso entender a chave fundamental do nosso trabalho, destacando a im-portância que a família tem emocionalmente e fisi-camente na vida das pessoas.
Mostraremos a vocês também o prazer que tive-mos em entrevistar nosso amigo e gestor Edson Me-nezes, que esclareceu como se organiza a atenção básica no município do Rio de Janeiro, juntamente a importância da Estratégia Saúde da Família.
Em seqüência, a entrevista que tivemos a oportu-nidade de ter com o Agente Comunitário de Saúde Kelson, relatando o seu dia a dia no serviço comu-nitário.
Mostraremos também uma matéria sobre o que é ciên-cia. Essa matéria, criada a partir do apanhado de redações do nosso temido Portfólio, nos mostra como quebrar al-guns tabus relacionados à ciência, e definir também o discernimento entre senso comum e o científico.
Relataremos na seqüência a visita que nossa tur-ma fez a Clínica da Família Victor Valla, em Mangui-nhos, que, embora tenha sido cansativa, nos rendeu conhecimentos e nos mostrou o “mão-na-massa” de uma estrutura ESF.
Para contrastar com a matéria citada acima, re-lataremos a visita à Unidade ESF de Santa Maria, na Taquara. É possível através desse relato notar como são distintas as realidades da Unidade ESF e da Clí-nica da Família.
Por final, teremos um espaço reservado para di-cas culturais e importantes, que teve a colaboração de todos nós. O carinhosamente apelidado “Fik Dik” (Fica Dica, propriamente dito), que reúne músicas, filmes, livros que relacionamos ao nosso T.I.
Portanto, espero que você possa apreciar nossa revista da mesma forma que a fizemos. Desejo uma boa leitura, e que consiga colher bons frutos do co-nhecimento que mostraremos.
Carinhosamente,Isabella Viard Camara.
Conselho EditorialAndressa RibeiroAndreza PereiraFabiana PessoaGabriel GomesGabriella PinheiroIsabella ViardIsadora MathiasMariana LimaPedro VieiraRailane Sant’AnaRebecca Leão
PreceptorasGrasiele NespoliMarcela AbrunhosaMariana Nogueira
DesignerThiago Magalhães
1 capa • • • • • Sistema único de Saúde
& Estratégia Saúde da Família.
3 família • • • O que é Família?
4 entrevista• Conhecendo o gestor.
5 • • • • • • • • Conhecendo o ACS.
7 ciência • • • O que é ciência?
8 saúde • • • • Clínica da Família Victor Valla.9 • • • • • • • • Unidade ESF Santa Maria –
Taquara, Jacarepaguá.
EXPEDIENTE
SUMÁRIO
Ao discutir sobre Sistema Único de Saúde (SUS), podemos refletir melhor sobre sua história, suas diretrizes, e a forma como este se organiza. A partir disso discutimos sobre os seus avanços e benefícios aos seus usuários. A implantação da Estratégia Saúde da Família, e com a presença do agente comunitário em saúde, dá uma
nova cara ao SUS, dando ênfase prevenção de doenças e promoção da saúde.
CAPACRÍtico & CRIativo | dez. 2010, edIçãO especIAl
O que tínhamos antes do SUS?
Para pensarmos a saúde no Brasil, devemos primeiramente considerar que a evolução do sistema
de saúde ao longo da história está diretamente ligada à evolução político-social e econômica da
sociedade brasileira. Assim, o contexto histórico determinou as formas de organização dos ser-
viços de saúde oferecido à população. Uma das grandes dificuldades da ESF é agir pensando no
melhor para a família e não ignorar os laços formados por ela. E claro, valendo frisar que, diante
de alguns casos, a equipe não sabe que decisão tomar. É necessários a cautela, pensar estrategi-
camente e tentar suprir ambas as vertentes que o trabalho exige: o dever cumprido e a melhor so-
lução para a família, que não implica necessariamente em decisões previamente estabelecidas.
Hoje temos a assistência em saúde oferecida através do Sistema Único de Saúde (SUS),
que foi legitimado pela Constituição Federal de 1988. Antes do SUS, a assistência médica
era oferecida de forma limitada pelo Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência
Social (INAMPS), criado em 1974 durante o regime militar, que restringia a oferta dos serviços
aos contribuintes da assistência social, ou seja, às pessoas que trabalhavam de carteira assina-
da. Nesse contexto, o Ministério da Saúde oferecia à população ações de prevenção e doenças
com, por exemplo, a vacinação, e de educação sanitária, com foco na mudança comportamen-
tal. Quem não era contribuinte tinha acesso restrito aos serviços de saúde.
A luta pela Saúde
Ao longo da década de 80 o INAMPS passou por várias mudanças com a universalização pro-
gressiva do atendimento, já numa transição para o SUS. A VIII Conferência Nacional de Saúde
ocorrida em 1986 foi um marco na história da saúde brasileira, principalmente ao defender a
saúde como um direito de todos e um dever do Estado.
Assim, a construção de um sistema universal de saúde aconteceu de forma gradual,
primeiramente com a instituição Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS) na
Constituição Federal de 1988, depois com a incorporação do INAMPS ao Ministério da Saúde
e em seguida com a Lei Orgânica da Saúde (Lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990) que
definiu as bases fundamentais do SUS.
Durante o regime militar, a “política de saúde da ditadura” fez emergir a grande insa-
tisfação da população, pois o sistema de saúde que vinha sendo implantado não só gastava
muitos recursos como também não atendia adequadamente a população. O momento era de
intensa repressão política e forte censura à imprensa, porém em meados da década 70 inicia-
se a reorganização dos movimentos sociais. Estes movimentos eram compostos por usuários
dos serviços de saúde, profissionais de saúde, professores, estudantes e pesquisadores desta
área que passaram a denunciar a situação caótica em que se encontrava a política de saúde
publica e dos serviços previdenciários de atenção médica, reivindicando soluções aos proble-
mas do modelo de saúde implantado. Assim surgiu o Movimento da Reforma Sanitária.
Dessa forma, em 1986, a VIII Conferencia Nacional de Saúde corre com grande partici-
pação popular, sendo o SUS fruto da luta a
favor da saúde como direito de cidadania,
nesse sentido enfrenta o modelo assisten-
cial hegemônico produzido historicamente
na área da saúde, o modelo biomédico, que
enfatiza apenas os fatores biológicos como
determinantes do processo saúde-doença
e que coloca o hospital no centro do sis-
tema.
Sobre o SUS
Para dar base a organização do SUS fo-
ram definidas as seguintes diretrizes no
artigo 198 da Constituição Federal de
1988: Descentralização, com o sistema
tendo direção única em cada esfera de
governo (Ministério da Saúde, Secreta-
rias Estaduais de Saúde e Secretarias Mu-
nicipais de saúde); Atendimento Integral,
prioridade para atividades preventivas,
sem prejuízo dos serviços assistenciais;
e Participação da comunidade, como for-
ma de garantir a efetividade das políticas
públicas de saúde e como via de exercício
do controle social, foram criados canais
de participação popular na gestão do
SUS, através dos Conselhos de Saúde e
das Conferências de Saúde (municipais,
estaduais e nacional).
Além disso, na Lei Orgânica da Saúde
(Lei n 8.080, de 19 de setembro de 1990),
no capítulo 2, artigo 7, foram definidos
os princípios que regem a organização do
SUS: entre eles Universalidade, integra-
lidade de assistência, descentralização,
participação da comunidade, regionali-
zação, hierarquização entre outros.
1
Confira o livro de Jairnilson Paim “O que é o SUS”. Bem prático e de fácil leitura você pode conhecer mais sobre o NOSSO sistema de saúde.
Para saber mais sobre a Lei Orgânica da SaúdeLei n 8.080, de 19 de setembro de 1990www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8080.htm
Para saber mais sobre Movimento da Reforma SanitáriaAcesse a biblioteca virtual de Sergio Aroucabvsarouca.icict.fiocruz.br/sanitarista05.html
Segundo o Ministério da Saúde (2002), a Saúde da família é
entendida como uma estratégia de reorientação do modelo as-
sistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes
multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes
são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido
de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As
equipes com ações de promoção da saúde, prevenção, recupe-
ração, reabilitação de doenças e agravos mais freqüentes, e na
manutenção da saúde da população.
As pessoas atendidas pela ESF moram em áreas adscritas, ou
seja, em territórios que são cobertos pelas unidades básicas de saú-
de. O conceito de território na ESF é importante para a atuação dos
profissionais de saúde. Vale ressaltar que o território não é apenas
a localização geográfica, mas, constituído por pessoas, histórias e
cultura, o que aponta que os profissionais da ESF devem ter cuidado
e consideração com esses aspectos ao trabalhar junto às famílias.
Cada equipe da ESF é composta, no mínimo, por um médico, um
enfermeiro, um técnico de enfermagem e de quatro a seis agentes
comunitários de saúde(ACS), há também equipes que contam com
um dentista e o auxiliar de saúde bucal.
Consideramos que o ACS representa a diferença da ESF
para os outros modelos assistenciais. Ele deve ser uma pes-
soa que mora na comunidade onde trabalha, assim ele melhor
do que qualquer outro profissional conhece a realidade local.
Sendo este profissional de saúde um morador da área assisti-
da, a população se abre mais aos serviços de saúde. Ele pode
agir diretamente nos problemas, junto à comunidade, atuando
na melhoria da qualidade de vida. O ACS é uma figura essen-
cial na ação de promoção da saúde.
O ACS também integra as equipes do Programa de Agentes
Comunitários de Saúde (PACS), esse sendo considerado parte
da Saúde da Família. Nos municípios onde há somente o PACS,
este pode ser considerado um programa de transição para a
Saúde da Família. No PACS, as ações dos agentes comunitários
de saúde são acompanhadas e orientadas por um enfermeiro /
supervisor de uma unidade básica de saúde que possui as prin-
cipais especialidades médicas.
Assim, o ACS, seja integrado ao PACS ou ao PSF, realiza ativi-
dades de prevenção de doenças e promoção da saúde, por meio de
ações educativas nos domicílios e comunidade, em conformidade
com as diretrizes do SUS, e estendendo o acesso às ações e serviços
de informação e promoção social e de proteção da cidadania.
O ACS atua no apoio aos cidadãos, identificando as situa-
ções mais comuns de riscos à saúde, participando da orientação,
acompanhamento e educação popular.
A visão da população sobre o SUS é distorcida, pois, de modo
geral, as pessoas consideram um bom atendimento aquele que no
final o médico entrega um remédio, quando já estiver com uma
doença grave. Porém o conceito de saúde defendido pelo SUS é
muito mais amplo do que a ausência de doença,é o de prevenção
e promoção da saúde levando em consideração os seus fatores
internos e externos.
Com o SUS, o Brasil obteve avanços na saúde em termos de
estrutura e processos, de desenvolvimento de programas e teve
uma grande contribuição para a melhoria dos níveis de saúde da
população. Porém ainda há uma longa jornada a ser percorrer e
desafios ainda terão de ser enfrentados para termos um Sistema
de Saúde que a população sonha em ter, por isso não podemos
negar que a população ainda sofre com assistência oferecida,
como quando enfrenta imensas filas para conseguir atendimento,
espera meses para voltar a ser atendida e encontra dificuldades
por falta de recursos financeiros e matérias indispensáveis para
um atendimento de qualidade.•
Uma nova cara para a Saúde: Estratégia Saúde da Família e Agente Comunitário de Saúde
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dez. 2010, edIçãO especIAl | CRÍtico & CRIativo
Mas o que é família?
Em seu conceito tradicional, a família é definida como um grupo so-
cial primário que influencia e é influenciado por outras pessoas e
instituições, e que é ligado por descendência. Já no conceito contem-
porâneo, família é o grupo de indivíduos que possuem laços afetivos,
capazes de mantê-los unidos.
Levando em conta o conceito de saúde, não como a ausência de
doença ou o perfeito funcionamento do organismo, e sim como ar físico,
mental e social, a família é peça-chave para uma pessoa ser saudável, já
que é com ela que vivemos e com quem nos relacionamos diariamente.
Se determinada pessoa desse grupo não mantém um bom re-
lacionamento com seus familiares, se no dia-a-dia tem inúmeras
brigas, discussões ou até mesmo relação de violência, as pessoas
não estarão saudáveis, porque de alguma maneira isso as atingirão,
deixando-as preocupadas ou até mesmo deprimidas.
A família deve ser a fonte inesgotável de amor para que pos-
samos sempre contar e manter sempre um relacionamento estável,
pois estaremos com ela sempre e nas mais importantes ocasiões.
Uma polêmica gerada em torno dos conceitos de família é a pa-
dronização. Com esse conceito, vem o preconceito, que passa por
cima do amor, da compreensão e do carinho, que são os verdadeiros
motivos da existência de uma família. Existe uma grande diversidade
nos tipos de família. Famílias com dois pais, duas mães, apenas mãe,
apenas pai, pai e mãe, entre outras composições. Por exemplo, uma
família de pais homossexuais que tem um filho adotivo.
Esse filho provavelmente sofrerá preconceito no colégio, por ter dois
pais. Mas se esses pais dão atenção e amor ao filho talvez isso não o afete
tanto, porque ele sabe que aquela é a família dele, e pode ser ‘melhor’ do
que uma com um pai e uma mãe que não dão carinho e atenção ao filho.
Mas independente de tudo isso o mais importante não é como a
família esta estruturada, e sim como a família cuida de si mesma. Se
os pais dão atenção aos filhos, se dialogam, se batem ou até se os
filhos tratam bem seus próprios pais, se obedecem ou se agridem.
FAMÍLIACRÍtico & CRIativo | dez. 2010, edIçãO especIAl
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O que difere a ESF das outras medidas de saúde em torno de cuidados?
A ESF se diferencia por estabelecer vínculos, por estimular a orga-
nização das comunidades para exercer o controle social das ações e
serviços de saúde, por utilizar sistemas de informação para o moni-
toramento e a tomada de decisões, por atuar de forma intersetorial,
por meio de parcerias com diferentes segmentos e instituições.
Uma das grandes dificuldades da ESF é agir pensando no melhor
para a família e não ignorar os laços formados por ela. E claro, valen-
do frisar que, diante de alguns casos, a equipe não sabe que decisão
tomar. É necessários a cautela, pensar estrategicamente e tentar su-
prir ambas as vertentes que o trabalho exige: o dever cumprido e a
melhor solução para a família, que não implica necessariamente em
decisões previamente estabelecidas.
Para isso, o trabalho em equipe é a peça-chave para a comunica-
ção permanente e para a troca de experiências e conhecimento entre
os diferentes ramos profissionais. A atuação das equipes ocorre nas
unidades básicas de saúde, nas residências e no território, por isso é
uma porta de entrada de um sistema hierarquizado e regionalizado
de saúde, isto significa que as ESF trabalham num território definido,
com uma população delimitada, sob sua responsabilidade; intervin-
do sobre fatores de risco aos quais a comunidade está exposta; pres-
tando assistência integral, permanente e de qualidade, realizando
atividades educativas e promovendo a saúde.•
O que é família?Como analisar e trabalhar com essa instituição de forma correta?isabella viard, isadora Mathias e rebeCCa leão
Tivemos o prazer de conversar com o psicólogo Celso Moraes Vergne, que mudou completamente o pensamento da turma como gestores. E é em cima
da temática dessa inesquecível conversa que vamos falar sobre o que se define como essencial em todos os senti-dos, tanto profissional como pessoal: A família.
A dica é conferir o filme brasileiro “Proibido Proibir”, que narra a estória de três jovens esCurta o som da banda paulista “Titãs” com sua mú-sica “Família”. Confira abaixo um trecho:
“Família! Família!Papai, mamãe, tit iaFamília! Família!Almoça junto todo dia”Compositores: Arnaldo Antunes e Tony Bellotto
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Conhecendo o GestorMariana araújo neves liMa
Tivemos em uma de nossas aulas de Trabalho de Integração (T.I) uma entrevista bastante interessante e
esclarecedora com o gestor Edson Menezes. Com uma breve apresentação ele nos contou um pouco sobre sua vida,
sua trajetória profissional e sua experiência com a Estratégia de Saúde da Família.
dez. 2010, edIçãO especIAl | CRÍtico & CRIativo
1. Porque o município é divido em Áreas Programáticas?Na verdade não são mais chamadas de áreas programáticas
na gestão na atual do Rio. Foi um momento importante no início
do SUS, que alavancou muitas ações importantes do país, mas
que hoje a gente já entende que as ações direcionadas ao cliente
(ser humano) não podem ser programáticas, não podem ser fa-
tiadas, por isso hoje a opção do Ministério da Saúde é trabalhar
pelas linhas de cuidado, onde o foco não é no ser humano (pessoa
única), mas sim mais voltado pra família, coletivo, pra comuni-
dade, o qual se diferencia muito do sistema de saúde europeu, o
qual é voltado muito para o indivíduo. Na verdade essa divisão
que hoje se chama Área de Planejamento em Saúde começa com
a lógica do distrito sanitário. O Rio de Janeiro é divido em 10
áreas de planejamento e cada área agora é subdividida e tem que
compreender um centro de vigilância em saúde, um hospital, uma
policlínica e as unidades básicas de saúde.
A diferença desta gestão é que toda rede está sendo mapeada
a partir de território e de referência.
2. Quais são as ações que um agente comunitário faz? e toda sua equipe?Dentro da Saúde da Família no município é o grande execu-
tor das ações da saúde e nenhum lugar no mundo dá essa liber-
dade a um agente, ele é uma espécie de guardião, pois é um
elemento que mora na comunidade sendo sua função basica-
mente esta, visitar os domicílios, criar vínculos e levar os pro-
blemas para a equipe de saúde para que esta possa resolvê-los.
A equipe tem função sanitária isso significa que ela é responsável
pelo o que acontece com a população de sua área. Ela trata a do-
ença, cuida do ser humano e atenta para as questões que oferecem
qualidade de vida para aqueles moradores.
3. Qual é a relação do PsF com as diretrizes do sus?As diretrizes são:Integralidade , a Hierarquização do Sistema e
Participação Popular. Com os princípios do SUS o PSF tem tudo a ver
já que ele existe para que se possam implementar os princípios do
SUS, principalmente a Universalidade (atendimento universal, para
todos) e Integralidade (que o atendimento seja integral,ou seja,que
garanta realmente uma atenção a saúde por toda vida). E a parti-
cipação social é fundamental para que a população se envolva nos
processos decisório , ajudando no funcionamento do sistema.
4. Como é ou foi a recepção do PsF pela população?A população não entende o PSF , pelo fato do SUS existir apenas
há 20 anos , por isso, não foi possível construir uma imagem com-
pleta do sistema , já que a população ainda está acostumada ao
modelo hospitalocêntrico , que tem como principal a cura da doença
através de um remédio receitado pelo médico, num hospital.Outro
motivo importante que justifica a população não ter o total conheci-
mento do PSF é a falta de propagando do SUS.
5. Como é ou foi a recepção do PsF pela população?A grande dificuldade hoje no PSF é a formação do profissional
de saúde no Brasil porque se construiu uma estratégia, mas se
esqueceu de “conversar” com o formador, que é a academia, a
universidade então durante muito tempo a universidade conti-
nuou e continua formando pro modelo hospitalar. Outra grande
barreira são os entreves políticos ,ou seja, a vontade do governo
de ter ou não ter PSF.
6. Como que o PsF transforma o modelo curativista?Isso vai depender muito da formação da equipe , do desempe-
nho dos profissionais.Porém , de modo geral , o PSF veio como um
plano muito mais preventivo do que curativista , renovando antigos
conceitos ligados à saúde.•
4
Com os princípios do sus o PsF tem tudo a ver, já que ele existe
para que se possam trabalhar os princípios do sus, principalmente
a universalidade e integralidade.
Édson Menezes, enfermeiro de formação
atuou na implementação da estratégia
saúde da Família no rio de janeiro
O T.I Estratégia Saúde da Família (ESF), juntamente
com as nossas preceptoras, elaboraram um roteiro
de entrevista para um representante da direção do Sin-
dicato dos Agentes Comunitários de Saúde (SINDACS). Nosso
roteiro, por sua vez, foi dividido em dois campos, o primeiro diz
respeito às relações e condições de trabalho do Agente Comuni-
tário de Saúde (ACS), e o segundo sobre a organização política.
Tivemos a oportunidade na aula do dia 18/09/2010 de saber
um pouco mais sobre como um ACS atua na área da saúde e seus
principais objetivos. Este ACS em questão, chama-se Kelson e é
integrante do SINDACS. Atua em uma unidade de ESF localizada
em Vila Aliança, RJ, e trabalha como ACS, há sete anos.
A entrevista consistiu nas seguintes questões:
Conhecendo o ACS (AGENTE COMUNITárIO DE SAÚDE)
andreza silva Pereira, Mariana araújo neves liMae railane Pereira de sant’ana
ENTREVISTACRÍtico & CRIativo | dez. 2010, edIçãO especIAl
1. Quais são as atribuições do aCs?2. Como é o cotidiano de trabalho do aCs? Por exemplo, no
dia a dia você chega na unidade de saúde da família e...?3. Como se estabelecem as relações aCs/equipe/gestor no
seu local de trabalho?4. Como está a garantia dos direitos associados ao
trabalho (salário em dia, ticket alimentação, dissídio anual da categoria, 13o.salário, férias, insalubridade, equipamento de proteção individual, etc.)?
5. Qual o papel de uma associação de trabalhadores?6. Quais as principais dificuldades enfrentadas para a
organização e associação dos aCs?7. Quais as principais pautas de luta dos aCs?8. o que você considera importante perguntarmos aos
aCs das unidades que iremos conhecer para saber mais sobre o processo de trabalho destes trabalhadores?
O entrevistado preferiu responder as perguntas de maneira sinteti-
zada como em uma conversa, se orientando pelas questões. O ACS nos
esclareceu que atualmente há o sindicato que exige que os direitos dos
agentes comunitários de saúde sejam cumpridos, este tem suas atribui-
ções fundamentadas de maneira jurídica e política.
Ele nos informou algumas atribuições deste profissional: Cadastrar
as famílias, dividir em micro áreas o território, anotar as informações dos
cadastrados numa ficha, entre outras atribuições, já que o ACS realiza
diversos trabalhos. O ACS tenta realizar o cuidado integral, com o ob-
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jetivo da prevenção de doenças e da promoção da saúde se utilizando
do vínculo com a comunidade. Exemplo deste fato: Se por acaso, o ACS
observar um foco de dengue na casa do usuário do serviço de saúde, ele
o informará sobre isto e fará os procedimentos corretos para tal.
Kelson focou bastante em sua fala as atividades que realiza de
orientação na comunidade, promoção e prevenção. Citou uma de
suas estratégias para a promoção da saúde em uma escola por meio
de uma peça teatral, em que aborda temas como: saúde bucal, infor-
mação sexual, boa alimentação dentre outros.
O agente comunitário realiza em média 8 visitas diárias e acom-
panha em torno de 150 famílias, estas compostas por aproximada-
mente 4 integrantes. Assim, atende em cada mês no mínimo 600
pessoas através da visita domiciliar.
O ACS nos disse que existe mobilização por parte da equipe de
saúde, e citou como exemplo o mapeamento de sintomas de dengue
em um certo território, no qual foram feitas campanhas de conscien-
tização e promoção, mobilizando assim, toda a equipe. Além disso,
a constatação do alto índice de casos desta doença fez com que a
equipe trabalhasse com intuito de conscientizar a comunidade a
adotar as medidas adequadas para combater a mesma.
Nosso entrevistado em relação ao Dia a dia de seu trabalho nos
afirmou que está muito envolvido com a comunidade, e que ao fazer
suas visitas, não só preocupa-se com a saúde física das pessoas, mas
A dica é conferir o livro “Educação e Trabalho em Disputa no SUS – a política de formação dos agen-tes comunitários de Saúde” da nossa vice-diretora Márcia Valéria Morosini que fala mais a fundo sobre os Agentes Comunitários de Saúde relacionando a sua tra-jetória e os serviços de saúde do SUS
Confira também o filme brasileiro “Proibido Proi-bir”, que narra a estória de três jovens estudantes Leon,Letícia e Paulo. Ao fazer um trabalho para a facul-dade Leon tem que viver a rotina de um agente de saúde da família,enquanto isso Paulo (estudante de medicina) conhece uma doente terminal e tenta ajudá-la. Diretor: Jorge Duran
o senso comum e a ciência são expressões da mesma necessi- dade básica, a necessidade de
compreender o mundo, a fim de
viver melhor e sobreviver.
rubem alves
dez. 2010, edIçãO especIAl | CRÍtico & CRIativo
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também procura ouvi-las, criando um verdadeiro vínculo e até mes-
mo um laço de amizade mesmo com a comunidade.
No seu trabalho,segundo ele, há muitas contradições também, por
exemplo, em campanhas educativas a respeito do câncer de pele os ACS
ficam embaixo do sol sem protetor solar ou boné, e no caso de cam-
panhas sobre a leptospirose eles caminham meio a lama e poças sem
utilizarem galochas (pois muitas vezes não ganham esse material).
Em relação ao fluxo e acesso dos usuários aos diversos níveis do
SUS na cidade do Rio de Janeiro, de acordo com Kelson, há ainda
muita falta de comunicação, o que gera perda de certas informações.
A falta de preenchimento do guia de referência é um dos exemplos
da elevada perda de informação sobre os pacientes.
Kelson nos informou que os direitos dos agentes comunitários
de saúde são garantidos através do sindicato, com mobilização dos
ACS e juntamente com os outros profissionais de saúde a fim de que
os seus direitos sejam cumpridos.Um dos direitos conquistados pe-
los ACS é a regulamentação da profissão de Agente Comunitário de
Saúde pela lei número 11.350 de outubro de 2006.
O ACS salientou que os motivos principais para não quererem reco-
nhecer a profissão no município do Rio de Janeiro são as questões polí-
ticas. Embora, a ESF esteja ganhando cada vez mais seu espaço, devido
às terceirizações e desvalorização do ACS, tem-se a intensa luta a fim
de garantir seus direitos, assim o sindicato torna-se o meio de luta. Kel-
son nos informou ainda do constante atraso dos salários e “omissão da
prefeitura” (SIC),a qual relata a responsabilidade dos atrasos serem da
empresa contratante dos profissionais e não dela. E finalizando, o ACS
falou que para ser um agente comunitário de saúde necessita de nível
fundamental completo e morar na comunidade onde se localiza a ESF.
Kelson nos informou que hoje pouquíssimos ACS conseguem fa-
zer um curso técnico referente a sua profissão, o que ocorre é um
pequeno curso, chamado curso introdutório, que ocorre quando o
ACS já está atuando na ESF, e quando necessitam de prestar um cer-
to serviço, eles fazem pequenos cursinhos que dizem respeito a tal
prática. Este modelo de capacitações e não de formação completa no
curso técnico ainda é reforçado por alguns gestores, alegando que
se um ACS fizer o curso técnico ele deixará de ser um vinculo com a
comunidade e terá que ganhar mais.•
A visita do Agente Comunitário de Saúde foi importantíssima para uma
melhor compreensão do trabalho, a relação com o sindicato no qual par-
ticipa e perspectivas sobre as lutas no âmbito de sua profissão. Foi funda-
mental também para conhecermos o processo de formação e contratação
dos mesmos ,o que fez com que chegássemos à conclusão de que estes
ainda são muito heterogêneos, variando de municípios para municípios,
o que gera um processo enfraquecimento da união de todos os ACS.
notas de reflexão
O que é Ciência?andreza silva Pereirarailane Pereira de sant’ana
Durante a primeira aula do T. I foi lido o texto ‘O que é ciência’ de Rubem Alves
que aborda a ciência de uma forma geral,
as suas concepções, crenças e saberes. Para os
alunos foi proposta a elaboração de uma redação
em que tivemos a oportunidade de expor as nos-
sas opiniões sobre o tema com base na discussão a
partir do texto e do debate realizado logo em segui-
da. Esta matéria é a síntese de todas as redações
elaboradas pelos alunos, com as suas opiniões e
reflexões sobre o assunto tratado.
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CIêNCIACRÍtico & CRIativo | dez. 2010, edIçãO especIAl
A ciência é vista muitas vezes como uma noção específica, como se
abrangesse somente uma área ou que compreendesse unicamente
uma disciplina. Mas ciência vai, além disso, pois compreende e é
compreendida por quaisquer áreas, exata ou humana. Já se esvai
um tabu da temida ciência. Quando pensamos em ciência logo asso-
ciamos à figura do cientista e, em nossa cabeça, se forma a imagem
de um gênio excêntrico que inventa coisas fantásticas, que fala o
tempo todo sobre fórmulas e que tem muito mais conhecimento que
as outras pessoas, logo ele deve ser ouvido e seguido.
A palavra Ciência, do Latim scientia, significa “conhecimento”.
Em seu sentido mais abrangente se refere a qualquer conhecimento
ou prática sistemática. Em um sentido mais restrito, ciência é um
tipo de sistema de adquirir conhecimento através de pesquisas. Se-
gundo Rubem Alves, a “aprendizagem da ciência é um processo de
desenvolvimento progressivo do senso comum”. Assim, a ciência é
a especialização de algo que é comum a todos e o senso comum é
a base, o início, o lugar de onde os cientistas partem. A ciência se
encontra em nossa vida, de certa forma todos nós somos cientistas
em nossas vidas. Quando escolhemos um caminho por ele ser curto
ou por conter mais recursos, utilizamos a ciência em nosso dia-a-
dia, seja com base num conhecimento especializado (e legitimado
pelas universidades e centros de pesquisa) ou não. Desta forma, ter
em mente que ciência é somente o que é testado em laboratórios,
o que provém de estudos mirabolantes e de fórmulas matemáti-
cas que fogem de qualquer capacidade humana, é um pensamento
muito limitado. Mas também não é possível dizer que tudo o que
acontece a nós é ciência.
De qualquer forma, não se pode negar que nossa sociedade tem
como base fundamental o conhecimento especializado, a ciência. Mas
o que vem a ser isso? Se comparada ao senso comum, quais seriam
suas diferenças e semelhanças principais? Na verdade a ciência busca
o que pode ser caracterizado como o caminho para a exatidão, a fim
de obter um padrão ou uma única verdade. Nesse sentido, ela origi-
nou-se a partir da modificação e da transformação do senso comum.
Este foi formado através das experiências dos indivíduos que não
buscavam comprovar tudo aquilo que pensavam e afirmavam e sim
possuir uma solução para as necessidades vividas. O senso comum é a
base do pensamento dos cientistas, ou seja, a base da ciência, e o que
difere sobretudo a ciência do senso comum é a precisão.
Certas afirmações presentes no senso comum são consideradas
crendices: como acreditar que certo número tem poder de trazer azar
ou sorte para alguém. Convém lembrar que algumas crendices não
podem ser comprovadas pela ciência, por isso são classificadas como
superstições. Não se pode esquecer que o conhecimento científico e
o conhecimento popular dependem um do outro continuamente. O
primeiro precisa que haja mitos e crenças para que ele possa com-
provar hipóteses. O segundo, por sua vez, para que tenha mais cre-
dibilidade precisa dessa comprovação. Menosprezar um deles desfaz
esse elo e torna estável o aprimoramento de ambos.
A ciência se transforma, muda a cada ano, a cada época. Ela
é justamente o ponto de encontro entre a pesquisa e o cotidiano.
Portanto é importante perceber que as coisas que julgamos simples
podem se igualar aos experimentos laboratoriais, pois partem de
princípios semelhantes. É importante perceber que, por um lado,
nem sempre o que está nos livros é o que realmente é necessário
para o nosso cotidiano e, por outro lado, que nem sempre o que se
tem no cotidiano pode ser útil, como aquilo que só com o conheci-
mento especializado se pode resolver.
Conclui-se então que a ciência é a manutenção e modificação dos co-
nhecimentos que a pessoa já tem, é, sobretudo um acúmulo histórico.•
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Avatar: O filme retrata a delicada relação entre homem/natureza e a influência da ciência em novas descober-tas que podem ocasionar destruições ambientais.Diretor: James Cameron
O Elo Perdido: Aborda a interferência do ser hu-mano em outro e as relações que um tem com o outro mesmo sendo tão diferentes.Diretor: Régis Wargnier
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Clínica da Família Victor Vallaandressa ribeiro da Cunha
A Clínica da Família Victor Valla foi inaugurada em abril de 2010 e está situada na Av. Dom Hélder Câmara 1390,
em anexo à UPA Manguinhos. É voltada para o atendimento dos moradores da região. Seu nome foi dado em home-
nagem ao pesquisador da ENSP, Victor Vincent Valla, cuja trajetória de mais de quarenta anos de engajamento político e de
trabalho junto aos pobres, atuando diretamente com os segmentos mais miseráveis da população, conciliou saber científico
e experiência popular.
O projeto busca a construção de redes e de um território integrado a partir da constituição da cobertura de 100% da saúde da
família. Dessa forma, é possível integrar as ações de promoção, prevenção e assistência à saúde no território de Manguinhos. Na
Clínica da Família Victor Valla estão alocadas cinco das 11 equipes de Saúde da Família”.
dez. 2010, edIçãO especIAl | CRÍtico & CRIativo
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Ao chegar à Clínica da Família Victor Valla (CFVV) fomos recebi-
dos pela ACS Fernanda, estudante do curso técnico da EPSJV, que
nos falou um pouco mais sobre as obras do PAC. O entorno da
clínica nos impressionou bastante, pois vimos o contraste entre
as obras do PAC que pareciam um condomínio fechado, com con-
forto e segurança e as casas humildes sem conforto algum. Com
as obras do PAC foram disponibilizados os acessos a uma escola
com boa estrutura, cursos gratuitos no CRJ, biblioteca, entre ou-
tros. Chegando mais perto da clínica percebemos que havia dois
containers, e a Fernanda nos explicou que um era a Clínica e o
outro uma UPA, mas que não tinham nenhuma ligação entre si.
Quando entramos na clínica notamos que o ambiente era lim-
po, pessoas esperavam o atendimento de forma que parecia orga-
nizada. Quando o morador entra na CFVV ele retira uma senha e é
atendido de acordo com seu local de moradia para assim facilitar
o atendimento. A senha é utilizada apenas para uma organização,
pois o sistema da clínica é por equidade, um dos princípios do
SUS, ou seja, nada impede que uma pessoa que estiver com a se-
nha de atendimento número 10 ultrapasse uma pessoa que esteja
com o número um se o caso desta for mais grave.
A Fernanda também nos explicou da divisão dos agentes
comunitários no território, sendo o território dividido em micro
áreas e cada equipe é responsável por uma. Nos mostrou tam-
bém a estrutura da clínica, que é muito bem organizada. Na CFVV
acontecem ações não só para manter como também para preve-
[...] é possível integrar as ações de promoção,
prevenção e assistência à saúde no território de Manguinhos.
nir, como no escovatório da clínica, que se aprende a prevenir e
cuidar da higiene bucal e nas campanhas de vacinação.
Entretanto nem tudo é perfeito, a clínica sofre com falta de ma-
teriais, e altos custos para até pequenas modificações como tomadas
e portas, o que dificulta fazer melhorias. Mesmo assim o objetivo é
sempre promover ações para melhorar a vida dos moradores, já que
em poucos meses desde que foi inaugurada a clínica atendeu vários
moradores e a tendência é que haja aumento cada vez maior no nú-
mero de moradores satisfeitos com o atendimento da clínica.•
A dica é curtir o bom funk dos Mc’s Cidinho e Doca. Eles cantam a música mundialmente co-nhecida e que já até virou hino das comunidades “Rap da Felicidade”.
foto
: T
I ES
F|EP
SJV
DO módulo de Saúde da Família Santa Maria, localizado na Taquara, foi fundado em 2007 com o objetivo de colocar
em prática o Programa Saúde da Família.
A equipe dessa unidade mapeou toda a comunidade, levando em conta o número de integrantes das famílias, para que poste-
riormente, o território fosse dividido em áreas menores. Foram destacadas as áreas mais críticas, e atribuídas a elas, através de
uma pontuação, o grau de risco em que a moradia se encontrava.
SAúDECRÍtico & CRIativo | dez. 2010, edIçãO especIAl
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Unidade ESF Santa Maria – Taquara, Jacarepaguá isadora Guterres azevedo Mathias, isabella viard CaMara,rebeCCa leão de Paula b. Madureira
A unidade é composta por duas equipes e as famílias são
atendidas por cada uma das equipes de acordo com a realida-
de local. Logo após o mapeamento, houve o cadastramento
das famílias, e também foi feita uma ação onde a história da
comunidade foi contada aos moradores.
Segundo relatos dos trabalhadores dessa unidade de saú-
de, a equipe da ESF foi muito bem recebida pelos moradores da
comunidade, pois eles logo compreenderam o papel da clinica
ali. Para a equipe, a boa recepção da clinica pela população,
foi muito importante.
A enfermeira nos contou que esta unidade é diferencia-
da, pois o atendimento se dá através de consultas agenda-
das. Qualquer membro da família poderá ir na hora marcada,
contribuindo para a desconstrução da lógica de ser necessário
madrugar para conseguir o atendimento.
Estrutura e problemas da clinica
O espaço da clínica é pequeno, ocorrem problemas no pa-
gamento dos funcionários, mas o maior problema que eles en-
frentam é a reposição de materiais de trabalho. Os materiais
que acabam não estão sendo repostos, e alguns atendimentos
por conseqüência, vão deixar de serem feitos quando não tiver
o material necessário para o atendimento. Além disso, o apare-
lho que a Clínica utiliza para esterilização está quebrado. Isso
significa que os materiais que foram usados e que deveriam ser
esterilizados, vão sendo deixados de lado.
Em relação aos salários, o atraso desestimula os profissionais
da equipe, o que pode comprometer o desempenho na comunidade.
Porém, mesmo com todos os problemas, podemos perceber
que a equipe trabalha com muita boa vontade, e que sua atenção
com os moradores é muito grande, além de gerar laços afetivos
com os usuários, tornando o trabalho mais gratificante.•