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Projeto de Conclusão de Curso

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REVISTA CLAQUETE

DIRETOR GERALMarcelo Jeremias

DIRETOR DE ARTELuis Nogueira

DIAGRAMAÇÃOLuis NogueiraMarcelo JeremiasMarília OliveiraMarina Barreiro

REDAÇÃOLuis NogueiraMichele Albuquerque

DESIGNGustavo BringelLuis NogueiraMarília OliveiraMarina BarreiroMarcelo JeremiasMichele Albuquerque

FOTOSGustavo BringelLuis NogueiraMarcelo Jeremias

ANO I - EDIÇÃO I - MAIO/2013

indústria cinematográfi ca em nosso país se desenvolveu através de diversos vieses. Vivemos tempos em que havia uma completa separação entre produtoras, distribuidoras e exibidores. Passamos anos nos baseando em fórmulas européias para conseguir alguma audiência. As pornochanchadas surgiram e o que a princípio atraiu o público para cinemas do centro da capital, depois teve efeito con-trário, graças em parte à marginalização e descaso com as salas de exibição. Produtores, distribuidores e exibidores se aproximaram. A fórmula hollywoo-diana para fi lmes e o novo sistema de instalação de cinemas em shoppings criaram uma explosão nas bilheterias e a população se aproximou novamente à sétima arte. Não sem um custo.

Brasil continua como um dos líderes de salas exibidoras dos chamados “fi lmes de arte” no mundo, entretanto, elas apenas existem por causa de grandes patrocínios e incentivos do governo. Sem poder de marketing, elas não contam com a bilheteria para a sobrevivência ou estariam fadadas ao fracasso. E é justamente visando mudar esse panorama que pretendemos atuar. Que através da criação de canais de mídia integrados, possamos divulgar gratuitamente os espaços de cinema de maneira a adicionar à população conteúdo diversifi cado, que não seja parte do entretenimento massifi cado hoje existente no mercado.

A

O

3

ÍNDICE

C i n e m a e D e s i g n

FILMES EM CARTAZ

NOUVELLE VAGUE

DOGMA 95

OS INCOMPREENDIDOS

ANNA KARENINA

41520

3026

a revolução da estética na arte de fazer cinema.

Informações e curiosidades

Informações e curiosidades

a essência do cinema

sinopses, trailers e salas

CLAQUETECLAQUETE

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O Sonho de WadjdaArábia Saudita (2012) – 98 minutos.Itaú cinema e Reserva Cultural13h45 – 15h40 – 17h30 – 19h25 – 21h20 - 23h10

Gênero: DramaCensura: livreDireção: Haifaa Al MansourElenco: Waad Mohammed, Reem Abdullah, Abdullrahman Al Gohani

SinopseWADJDA é uma menina de 12 anos que mora no subúrbio de Riade, ca-pital da Arábia Saudita. Embora ela viva em uma cultura conservadora, Wadjda é uma garota cheia de vida, que usa calça jeans, tênis, escuta rock’n roll e deseja apenas uma coi-sa: comprar uma bicicleta e disputar uma corrida com seu melhor amigo Abdallah. Mas em uma sociedade que diz que as bicicletas são apenas para os meninos porque podem ser perigosas para a virtude das meni-nas, ela enfrentará muitas difi culda-des para realizar seu sonho.

- Pwrimeiro longa-metragem pro-duzido dentro do Reino da Arábia Saudita;- O governo saudita proíbe o cinema e não há salas de exibição ofi ciais no país.- É o primeiro fi lme dirigido por uma mulher na Arábia Saudita.

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HojeBrasil (2011) – minutos.Itaú cinema13h00

Gênero: DramaCensura: a verifi carDireção: Tata AmaralElenco: Denise Fraga, César Troncoso, João Baldasserini, Cláudia Assunção

SinopseVera (Denise Fraga) é uma ex-mili-tante política que recebe uma indeni-zação do governo, em decorrência do desaparecimento do marido, vítima da repressão provocada pela ditadura militar. Com o dinheiro ela consegue comprar um apartamento próprio, além de enfi m poder ser reconheci-da como viúva. Só que, quando está prestes a se mudar, recebe uma visita que altera sua vida.

- Baseado no livro “Prova Contrária”, de Fernando Bonassi;- Do diretor Tata Amaral de: “Um Céu de Estrelas” (1996), “Através da Ja-nela” (2000) e “Antonia” (2006);- No Festival de Brasília de 2011, o longa foi vencedor dos prêmios de Melhor Atriz, Melhor Direção de Arte, Melhor Fotografi a, Melhor Filme, Melhor Roteiro.

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Depois de MaioFrança (2012) – 122 minutos.Itaú cinema, Cine Livraria Cultura e Reserva Cultural14h35 – 16h55 – 19h15 – 21h30

Gênero: DramaCensura: 16 anosDireção: Olivier AssayasElenco: Clément Métayer, Lola Creton, Félix Armand

SinopseNo início dos anos setenta, Gilles, um estudante do ensino médio que reside em Paris, é contagiado pela febre política da época. Ainda que es-teja engajado, seu verdadeiro sonho é pintar e fazer fi lmes, algo que seus amigos e até mesmo sua namorada não conseguem compreender. Para eles, a luta política é tudo e consome a todos. Porém, Gilles gradualmente se aproxima de seus desejos e se torna mais confortável em relação à suas escolhas de vida. Aos poucos ele aprende a conviver e se sentir à vontade nesta nova sociedade.

- Para trazer mais realismo a Depois de Maio, o diretor Olivier Assayas de-cidiu trabalhar apenas com não ato-res, escolhidos enquanto o cineasta passeava na rua. A única exceção foi Lola Creton.

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O Abismo PrateadoBrasil (2011) – 84 minutos.Itaú cinema20h15

Gênero: DramaCensura: a verifi carDireção: Karim AïnouzElenco: Alessandra Negrini, Milton Gon-çalves, Thiago Martins

SinopseVioleta (Alessandra Negrini) é uma dentista casada e com um fi lho, que tem um dia normal de trabalho. Ao ouvir uma mensagem deixada na secretária do celular ela entra em desespero. A mensagem foi gra-vada por seu marido, Djalma (Otto Jr.), que disse que estava deixando-a e partindo para Porto Alegre. Ele pede para que Violeta não o siga, mas ela não segue o conselho e tenta viajar, o quanto antes, para a capital do Rio Grande do Sul.

- Inspirado na canção “Olhos nos Olhos”, de Chico Buarque;- Vencedor FESTIVAL DO RIO 2011 / Melhor Diretor - Karim Aïnouz;- Exibido na Quinzena dos Realiza-dores no Festival de Cannes 2011.

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Meu Pé de Laranja LimaBrasil (2012) – 99 minutos.Itaú cinema e Cine Livraria Cultura13h00 - 17h45 - 21h35

Gênero: DramaCensura: a verifi carDireção: Marcos BernsteinElenco: João Guilherme Ávila, José de Abreu, Eduardo Dascar, Fernanda Vianna, Julia de Victa

SinopseZezé (João Guilherme de Ávila) é um garoto de oito anos que, apesar de levado, tem um bom coração. Ele leva uma vida bem modesta, devido ao fato de que seu pai está desempregado há bastante tempo, e tem o costume de ter longas conversas com um pé de laranja lima que fi ca no quintal de sua casa. Até que, um dia, conhece Portuga (José de Abreu), um senhor que passa a ajudá-lo e logo se torna seu melhor amigo.

- Baseado no Livro mais vendido do Brasil e traduzido para mais de 30 lin-guas;- 3° fi lme do diretor Marcos Bernstein, que ganhou fama no meio cinemato-gráfi co nacional graças ao roteiro de “Central do Brasil” (1998).

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O dia que durou 21 anosBrasil (2012) – 77 minutos.Itaú cinema16h45

Gênero: Documentário, HistóricoCensura: a verifi carDireção: Camilo TavaresElenco: Flávio TavaresB

SinopseEste documentário mostra a infl uên-cia do governo dos Estados Unidos no Golpe de Estado no Brasil em 1964. A ação militar que deu início a ditadura contou com a ativa parti-cipação de agências como CIA e a própria Casa Branca. Com documen-tos secretos e gravações originais da época, o fi lme mostra como os pre-sidentes John F. Kennedy e Lyndon Johnson se organizaram para tirar o presidente João Goulart do poder e apoiar o governo do marechal Hum-berto Castelo Branco.

- Prêmio Especial do Juri no Festival em New York;- “Contundente, contribui para a construção da história do país” Carta Maior;- “Excelente, emocionante história” The Hollywood Reporter - USA.

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Dentro da CasaFrança (2012) – 105 minutos.Itaú cinema e Reserva Cultural19h35

Gênero: SuspenseCensura: a verifi carDireção: François OzonElenco: Fabrice Luchini, Ernst Umhauer, Kristin Scott Thomas, Emmanuelle Seigner

SinopseUm rapaz de 16 anos consegue entrar na casa de um colega da sua aula de literatura e resolve escrever sobre o fato no seu trabalho de francês. Ani-mado com o dom natural do aluno e o progresso do seu trabalho, o professor volta a apreciar a função de educador dos jovens. Entretanto, a invasão do aluno vai desencadear uma série de eventos incontroláveis.

- Indicado a Melhor Filme no Festival de Londres em 2012;- Vencedor do prêmio de Melhor fi lme e Melhor Roteiro no Festival de San se-bástian em 2012.

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Thérèse DesqueyrouxFrança (2012) – 110 minutos.Itaú cinema e Reserva Cultural15h40

Gênero: DramaCensura: 14 anosDireção: Claude MillerElenco: Audrey Tautou, Gilles Lellouche, Anaïs Demoustier, Catherine ArditiT

SinopseEm uma época onde os casamentos eram feitos para unir as terras e aliar as famílias, Therese casa-se muito cedo e torna-se a senhora DESQUEYROUX. Mas essa jovem mulher inquieta, não cede às convenções da sociedade de sua época e para se libertar do destino que lhe foi imposto, ela será capaz de tudo.

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Confi ssões de um Jovem ApaixonadoCo-Produção - 125 minutos.Itaú cinema e Reserva Cultural19h - 21h30

Gênero: DramaClassifi cação Etária: a verifi carDireção: Sylvie VerheydeElenco: Peter Doherty, Charlotte Gains-bourg, August Diehl

SinopseEm 1830, na cidade de Paris, Octave vive depressivo, desde que foi aban-donado por sua amante. Quando seu pai morre, ele volta ao seu país de origem, onde encontra Brigitte, uma viúva dez anos mais velha do que ele. Octave se apaixona perdidamente, mas não consegue se entregar facil-mente a este amor.

- Em 2012, foi indicado ao “Un Cer-tain Regard Award” do Festival de Cannes;- Pete Doherty foi preso durante as fi lmagens na cidade de Regensburg, na Alemanha por supostamente rou-bar uma loja de discos.

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O Que Traz Boas NovasReserva CulturalCanadá (2011) – 94 minutos.

Gênero: Comédia dramáticaCensura: a verifi carDireção: Philippe FalardeauElenco: Mohamed Fellag, Sophie Nélisse, Émilien Néron

SinopseQuando a professora de uma escola primária sofre uma morte trágica, o substituto escolhido é Bachir Lazhar, um imigrante argelino. Enquanto as crianças passam por um longo pro-cesso de luto, ninguém suspeita do passado doloroso do professor, ou do grande risco que Lazhar seja de-portado a qualquer momento.

- Venceu o prêmio do júri nos festi-vais de Toronto, Sydney e Locarno;- Indicado ao Oscar de melhor fi lme estrangeiro em 2012.

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Anna KareninaReino Unido (2012) – 129 minutos.Itaú cinema e Reserva Cultural13h20

Gênero: DramaCensura: a defi nirDireção: Joe WrightElenco: Keira Knightley, Jude Law, Aaron Taylor-JohnsonT

SinopseSéculo XIX. Anna Karenina (Keira Knightley) é casada com Alexei Kare-nin (Jude Law), um rico funcionário do governo. Ao viajar para consolar a cunhada, que vive uma crise no casamento devido à infi delidade do marido, ela conhece o conde Vronsky (Aaron Johnson), que passa a cor-tejá-la. Apesar da atração que sente, Anna o repele e decide voltar para sua cidade. Entretanto, Vronsky a encon-tra na estação do trem, onde confessa seu amor. Anna resolve se separar de Karenin, só que o marido se recusa a lhe conceder o divórcio e ainda a impede de ver o fi lho deles.

- Baseado no clássico “Anna Kareni-na”, de Léon Tolstoï;- Vencedor do Oscar 2013 como Me-lhor Figurino.

Trailer

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Era início da década de cinquenta quando um grupo de críticos, co-

nhecidos como jovens turcos, discu-tiam o papel do autor de um fi lme, e a importância da individualização pelo estilo. O conceito que surgia observava os pensamentos do au-tor, e principalmente seu estilo. Os jovens turcos desenvolveriam a ideia do cinema de autor, do diretor como autor de um fi lme.

O incio do projeto crítico da politica de autores pelos jovens turcos, que seria base para o surgi-mento da Nouvelle Vague, causaria tumulto entre os cinéfi los franceses na primeira metade dos anos 50. Os jovens encontrariam na revista francesaCabiers du Cinema, editada

por André Bazin, importante teórico cinematográfi co, espaço para expor sua idéias, e iniciar um tímido mo-vimento cinematográfi co que se con-solidaria no fi m dos anos 50. O gru-po de críticos, autores da proposta que revolucionou o cinema Francês, se tornariam mais tarde realizadores famosos como Jean-Luc Godard, François Truffaut, Claude Chabrol, Eric Rohmer, Jacques Rivette, Jean Doniol - Valcroze.

Esta nova geração que surgia formada por jovens críticos da Ca-biers du Cinema, teve Truffaut como espécie de líder, sendo o diretor de Os Incompreendidos o primeiro a chocar com a publicação do ensaio “Uma certa tendência do cinema

a revolução estética na arte de fazer cinema

N O U V E L L Ea revolução estética

N O U V E L L EV

a revolução estética

N O U V E L L EA

a revolução estética

N O U V E L L EG

N O U V E L L EU

N O U V E L L EE

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condições para uma redefi ni-ção radical nos padrões e maneiras de fi lmar. O movimento da força gravitacional e da luz ofuscante, romperia defi nitivamente com as tradições estéticas consolidadas no período do cinema clássico. Se na construção clássica as técnicas devem apagar-se frente a história, pois o que importa é transmitir infor-mações de forma linear, orientando o telespectador a partir de narrativa continua, a Nouvelle Vague surge mediado pelos valores e conceitos da arte moderna: a desocontinuidade,

a incorporação do acaso e da reali-dade documental, a valorização da montagem, e a estética fragmentada.

A Nouvelle Vague foi um movi-mento da juventude, protagonizado por uma geração que começou a escrever e a fazer fi lmes quase ado-lescente, com a irresponsabilidade política dos vinte e poucos anos, mas com um raro acúmulo cultural para jovens dessa idade. Godard e Truf-faut, grandes amigos, e protagonistas deste período, começariam a fi lmar aproveitando o clima de renovação do fi nal dos anos 50, levando às

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telas o realismo da época, marcado por uma geração de jovens amadu-recidos na Guerra Fria, numa Europa pós -guerra sem inocência, massi-fi cada, e sufocada pela publicidade. A geração dos jovens turcos, que, da escrita cinematográfi ca, passa às ruas de Paris, é sobretudo herdeira de um pesado clima de discussão, rebelada contra a geração da guerra.Quando a nova forma de fazer cine-ma é reconhecida, duas obras primas marcariam para sempre a revolução estética do cinema, Os Incompreen-didos e O Acossado, consolidam em

defi nitivo Truffaut e Godard como os grandes expoentes do movimen-to que surgia. Como a França da época era conhecida pelo cinema de estúdio, considerar o museu, a cinemateca, as ruas de Paris, como locação privilegiado para o processo criativo de um fi lme foi uma ideia transformadora para um cinema, que até então, era pensando em re-partições (estúdios) e com base em uma noção de linguagem e tradição.Carro chefe da revolução estética da Nouvelle Vague, qual o roteiro tem cola

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humanista genial. O fi lme estarreceu a platéia em Cannes, e levou Truffaut ao triunfo. Mais tarde, o persona-gem principal Antoine Doinel, seu alter-ego, se tornaria uma triolo-gia com Beijos Roubados, Domi-cilio Conjugal, e Amor em Fuga, sempre vividos pelo mesmo ator.

Mesmo esteticamente semelhan-tes, os icones da Nouvelle Va-

gue, Godard e Truffaut, tinham suas difrenças, tanto na maneira de fi lmar e escrever suas histórias, quanto na suas biografi as. Godard, de pai

médico, teve uma infância burguesa, enquanto Truffaut teve uma infân-cia sofrida, cresceu renegado pela própria mãe, sendo inclusive visto como delinquente por ser enviado ao reformatório quando adolescente. Equanto Godard se destacava pela revolução da estética fi lme após fi l-me, Truffaut brilhava pela intensidade de suas histórias, sempre inserindo pitadas de sua vida aos roteiros, cen-trado em seu próprio cinema. Se Go-dard inventou um modo novo de fazer fi lmes, e foi mais infl uente quanto à forma, sendo infl uência em todo o

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O movimento Dogma 95 foi uma iniciativa dos cineastas dinamar-

queses Lars von Trier e Thomas Vin-terberg e é tratado como uma gran-de iniciativa da história do cinema. Surgido a partir de seu documento ofi cial, chamado O Manifesto, foi pu-blicado em 13 de março de 1995 na cidade dinamarquesa de Copenha-gue, sendo apresentado a toda co-munidade em um simpósio interna-cional sobre o centenário do cinema. A principal proposta do movimento era a criação de um cinema mais re-alista e menos comercial, que visava recuperar, na visão dos criadores, a essência do cinema.

O documentoO Manifesto assinado por Lars von Trier e por Thomas Vinterberg estava focado na crítica à superprodução de fi lmes, além do fato de considerá-los verdadeiras obras de arte. A ideia de colocar o cinema como uma tela de pintura, bem como o uso de uma gama de recursos que traziam um tom de artifi cialidade exagerada aos longas, era bastante repudiada por ambos os diretores. A argumentação de que o público não deve ser iludido e que as tecnologias tiravam o poder do diretor na qualidade de autor de sua própria obra também aparecem como ideias do Manifesto. A publi-cação trazia ainda o “Voto de Casti-dade”, que levantava dez princípios a serem seguidos de acordo com o movimento do Dogma 95. São eles:

Por Fernando Pivetti

95DOGMAE A ESSÊNCIA DO CINEMA

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1 As fi lmagens devem ser feitas em locais externos. Não podem ser usados acessórios ou cenografi a (se a trama requer um acessório particular, deve-se escolher um ambiente externo onde ele se encontre).

2 O som jamais deve ser produzido separadamente da imagem ou vice-versa. (A trilha sonora não poderá, portanto, ser utilizada).

3 câmera deve ser usada na mão. São consentidos todos os movimentos – ou a imobilidade – devidos aos mo-vimentos do corpo. (O fi lme não deve ser feito onde a câmera está colocada; são as tomadas que devem desenvol-ver-se onde o fi lme tem lugar).

4 O fi lme deve ser em cores. Não se aceita nenhuma ilumina-ção especial. (Se há luz demais, a cena deve ser cortada, ou en-tão, pode-se colocar uma única lâmpada sobre a câmera).

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5 São proibidos os truques fotográ-fi cos e fi ltros.

7 São vetados os deslocamentos temporais ou geográfi cos. (Isto signifi ca que o fi lme se desenvolve em tempo real).

9 O fi lme deve ser em 35 mm, standard.

6 O fi lme não deve conter nenhuma ação “superfi cial”. (Em nenhum caso homicídios, uso de armas ou outros).

8 São inaceitáveis os fi lmes de gênero.

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12 São vetados os desloca-mentos temporais ou geográfi cos. (Isto signifi ca que o fi lme se desenvolve em tempo real).

13 A gravação deve ser feita em formato digital.

14 As fi lmagens devem ocorrer na Escócia;

15 As fi lmagens não podem ultrapassar o prazo de 6 semanas;O custo total do fi lme não pode ultrapassar a quantia de um milhão de libras esterlinas.

10 O nome do diretor não deve fi gurar nos créditos.

11 Em 2005, foram adiciona-dos novos princípios ao Mani-festo, que valeriam para fi lmes lançados a partir do ano seguinte. Ele são: outros).

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Apesar de inovador, o Manifesto tam-bém é visto como controverso. Suas ideias e filmes divergem em alguns pontos e são quase impossíveis de serem cumpridas. Os próprios autores do documento não as seguiram estrita-mente. Um exemplo clássico é Dogville (Idem, 2003), dirigido por von Trier e que, embora tenha seguido muitas re-gras do documento, não foi reconhe-cido pelo Dogma 95.

A democratização do cinemaA criação da indústria hollywoodiana proporcionou uma nova era para o cinema mundial, submetendo-o cada vez mais ao monopólio das superpro-duções. O Dogma 95 propõe o res-gate da essência cinematográfica que, para os criadores do documento, foi perdida com chegada das tecnologias e da exploração comercial. Muitos dos elogios relativos ao documento estavam no reconhecimento da valo-rização da criatividade dos cineastas, pois o que marcaria o filme seria sua história.

FilmesHá cerca de 100 produções com o selo Dogma 95 e o primeiro deles foi o longa Festa de Família (Festen,

1998), de autoria de Vinterberg. O filme recebeu elogios dos críticos e obteve prêmios e indicações, como o Prêmio de Júri no Festival de Cannes de 98, e as nominações ao Globo de Ouro e ao César de melhor filme estrangeiro. No Brasil, o filme ganhou Menção Especial

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na Mostra de São Paulo. Von Trier foi o diretor responsável pelo lançamento do segundo filme que recebeu o certifi-cado do Dogma 95. O filme Os Idiotas (Idioterne, 1998) também foi ovaciona-do pela crítica e concorreu a prêmios no Festival de Cannes, o European

Film Awards, o London Film Festival e o Valladolid International Film Festival, todos de 1998, e Bodil Awards e Ro-bert Festival, ambos em 1999. Ambos os filmes tiveram custos baixos – infe-riores a um milhão de libras -, quando comparados a megaproduções, e não desfrutam de muitos recursos audio-visuais, o sucesso deles fica por conta dos enredos marcantes.O cinema brasileiro conta com um lon-ga dentro das propostas do Manifesto. Velório em família (Idem, 2010) é visto como “um marco na história do cinema nacional” segundo a diretora e produ-tora executiva do filme, Rosário Boyer, que o fez em parceria com Edgar Ro-mano.É recorrente nesses filmes característi-cas como a pouca qualidade do aúdio, muito tremor da câmera e cenas escu-ras.

ContradiçõesAo propor a representação do que é mais fiel à realidade, os criadores d´O Manifesto desconsideram que a reali-dade não é objetiva. O diretor de um filme, assim como qualquer outro ser humano, possui uma visão própria das coisas, ou seja, não é imparcial. Isso vai se refletir na maneira que o filme

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SinopseSéculo XIX, Anna Karenina (Keira Knightley) é casada com Alexei Kare-nin (Jude Law), um rico funcionário do governo. Ao viajar para consolar a cunhada, que vive uma crise no casamento devido à infi delidade do marido, ela conhece o conde Vronsky (Aaron Johnson), que passar a cor-tejá-la. Apesar da atração que sente, Anna o repele e decide voltar para sua cidade. Entretanto, Vronsky a encon-tra na estação do trem, onde confessa seu amor. Anna resolve se separar de Karenin, só que o marido se recusa a lhe ceder o divórcio e ainda a impe-de de ver o fi lho deles. Baseado no clássico “Anna Karenina”, de Léon Tolstoi.

Erros- O rótulo da garrafa de morfi na da qual Anna bebe, muda de A Mofi na para Morfi na entre as cenas. A ma-neira correta em francês seria sem o artigo. Ainda assim seguindo a idéia original, como o fi lme deveria se pas-sar no século 19 na Rússia, a palavra correta estaria em Latim.- Enquanto Anna está viajando de trem, ela lê um livro que deveria es-tar em Russo. Porém, a palavra que aparece na tela está em húngaro “olajfestmény” que signifi ca pintura a óleo.

ANNA KARENINA

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TrilhaA trilha de Anna Karenina foi com-posta pelo Italiano Dario Marianelli, compositor de músicas para piano, orquestra e que trabalha também com trilhas de fi lmes. Marianelli fez muito sucesso com trilhas anteriores de fi lmes do mesmo diretor, como Orgulho e Preconceito e Desejo e Reparação. Em 2008 ele ganhou o Oscar e o Globo de Ouro de melhor canção original para este último fi l-me, sendo indicado tantas outras para os mais variados prêmios mu-sicais no cinema.Neste fi lme ele se utilizou de uma composição russa folclórica adap-tada de Tchaikovsky em sua Quarta Sinfonia e que foi escrita no mesmo período que a novela de Tolstoi. Com a tática que deu certo em suas outras

canções, partindo de composições menores para um ritmo crescente, ele acerta mais uma vez na delica-deza das peças musicais para cada momento de grandes sentimentos retraídos, até faixas dançantes e ópe-ras que espelham a grandiosidade do ambiente que cerca os personagens.

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VOCÊ SABIA?- Que Robert Pattinson (que interpre-tou o vampiro adolescente na saga Crepúsculo) foi cogitado para o papel de Count Vronsky?- Que James McAvoy (Professor Xa-vier em X-men) foi cogitado para o papel de Levin?- James McAvoy, Saoirse Ronan, Cate Blanchett, Benedict Cumberba-tch e Andrea Riseborough, todos que já haviam trabalhado com Joe Wri-ght, recusaram papéis no filme. Eles foram substituídos, respectivamente por Domhnall Gleeson (Levin), Alicia Vikander (Kitty), Emily Watson (Ly-dia), David Wilmot (Nikolai) e Ruth Wilson (princesa Betsy)- Saoirse Ronan recusou o papel de Kitty no filme devido à produção muito longa do filme? Ele ocuparia sua agenda do inverno de 2011 até a primavera de 2012 em um papel de coadjuvante. Enquanto isso ela pôde ser protagonista em dois filmes, um deles A Hospedeira. - O diretor Joe Wright considerou na utilização de sotaque russo para os atores? Ele decidiu não faze-lo uma vez que ficaria difícil determiner quão

boas eram suas performances.- Praticamente todo o filme aconte-ceu dentro de um teatro fechado há tempos para se aproximar da essên-cia da história original?- Um dos objetivos mostrado diver-sas vezes no filme – a camisinha, mesmo na posição privilegiada de Anna Karenina, ainda era item reutili-zado? Elas eram lavadas e guardadas para reuso.

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SinopseO fi lme narra a história do jovem pa-risiense Antoine Doinel, um garoto de 14 anos que se rebela contra o autori-tarismo na escola e o desprezo de sua mãe e de padrasto (Gilberte e Julien Doinel). Rejeitado, Antoine passa a faltar as aulas para freqüentar cinema ou brincar com os amigos, principal-mente René. Com o passar do tempo, vivenciará algumas descobertas e cometerá pequenos delitos em busca de atenção até ser aprisionado em um reformatório, levado pelos próprios pais.

Erros- Após uma hora de fi lme, quando os dois garotos se dirigem às escadas da igreja Sagrado Coração e brincam com um padre, a jaqueta de René mudou. Ela está mais longa e agora é preta. Somente quando eles retornam para casa, ele está novamente com a jaqueta anterior.- Em alguns momentos: quando René vai visitar Antoine, enquanto Antoine conversa com sua mãe após o banho e enquanto ele carrega a máquina de escrever, há erros de continuidade, em que sua mão ou cabelo encon-tram-se diferentes da cena anterior.- Na cena em que Antoine se olha no espelho com seu pai ao fundo uma câmera é refl etida.- No fi nal do fi lme, quando Antoine se aproxima da água, as sombras bem como as pegadas da equipe de fi lma-gem aparecem na areia.

OS INCOMPREENDIDOS

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Você Sabia?- Quando René e Antoine estão sus-pensos na escola e caminham pela cidade, eles arrancam um pôster de uma moça da parede? Harriet Ander-son é esta mulher. Ela viveu a perso-nagem Monica no fi lme Monica e o Desejo de Ingmar Bergman, que tam-bém era sobre dois jovens que fogem para viver suas vidas de à sua própria maneira.- O fi lme foi dedicado ao teorista de cinema André Bazin?- Todas as quase todas as falas do fi lme foram re-dubladas pelos pró-prios atores após a gravação? Na maioria das cenas o ruído era mui-to alto no ambiente e para diminuir custos aparelhos de som de menor de qualidade foram utilizados. Isso fez do fi lme também mais rápido de ser fi nalizado.

- Todos os atores que não conseguiram o papel de Antoine foram utiliza-dos nas cenas da sala de aula?- O nome de um diretor de cinema – Leo Joannon – e um compositor – Tommy Desserre – para fi lmes apare-cem em teatros durante a fi lmagem.- O nome original do fi lme “Faire les quatre cents coups”, se distância muito do título em português e seria mais parecido com “viver uma vida selvagem”.- Foi o primeiro fi lme de Truffaut lan-çado em Blu-Ray.- O próprio diretor aparece em uma cena próximo a Antoine quando este se encontra no parque de diversões.

CLAQUETECLAQUETE