revista caixa empresas | julho 2015

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Empresas Caixa ENTREVISTA A FILIPE RAVARA: Diretor do Gabinete de Agronegócio da CGD exalta potencial do setor primário À LUPA: Gião Oliva, Herdade das Servas e Vale da Rosa BLUE WEEK: De olhos postos na Economia do Mar SETOR PRIMÁRIO Empreendedores regressam às origens JULHO 2015 Esta revista faz parte integrante do Diário Económico n.º 6227 de 31 de julho de 2015. Foto: © Jim Craigmyle / Corbis / VMI

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Page 1: Revista Caixa Empresas |  julho 2015

EmpresasCaixa

ENTREVISTA A FILIPE RAVARA:Diretor do Gabinete de Agronegócio da CGD exalta potencial do setor primário

À LUPA:Gião Oliva, Herdade das Servas e Vale da Rosa

BLUE WEEK:De olhos postos na Economia do Mar

SETOR PRIMÁRIOEmpreendedores regressam às origens

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Pág. 4 e 5ABERTURAENTREVISTA A FILIPE RAVARA, DIRETOR DO GABINETE DE AGRONEGÓCIO DA CGD

Pág. 6 e 7À LUPAVALE DA ROSA: AS PEDRAS QUE DERAM UVAS

Pág. 08 e 09À LUPAGIÃO OLIVA: DO SEQUEIRO SE FEZ AZEITE

Pág. 10 e 11À LUPAHERDADE DAS SERVAS: O ALENTEJO SOB A FORMA DE VINHO

Pág. 12 a 14EVENTOSBLUE BUSINESS FORUM: DEBATER UM MAR DE OPORTUNIDADES

Pág. 15SALDO POSITIVOPDR 2020: CONHEÇA OS APOIOS PARA OS AGRICULTORES

As emissões de gases com efeito de estufa associadas à produção desta publicação foram compensadas no âmbito da estratégia da CGD para as alterações climáticas.

Ago.21 a 30 . Lagoa FATACIL – Feira de Artesanato, Turismo, Agricultura, Comércio e IndústriaFATASUL Parque Municipal de Feiras e Exposições de Lagoawww.fatacil.com.ptContactos: 282 353 453;[email protected]

Set.23 e 24. Matosinhos Empack 2015 / Logistics 2015Easyfairs / Exponor www.easyfairs.comContacto: [email protected]

30 . Lisboa Workshop: Marca Pessoal para o Sucesso ProfissionalCulturgestwww.womenwinwin.comContactos: 213 225 490;[email protected]

Out.9 a 12. Batalha TECNIPÃO – Salão Profissional de Máquinas, Equipamentos e Matérias-primas para Panificação, Pastelaria e ConfeitariaExposalãowww.exposalao.pt Contactos: 244 769 480; [email protected]

23 a 25 . SernancelheFesta da CastanhaExposalão de Sernancelhewww.cm-sernancelhe.ptContactos: 254 594 140; [email protected]

Nov.21 a 23 . LisboaPortugal Agro – Feira Internacional das Regiões, da Agricultura e do Agro-alimentarFIL – Feira Internacional de LisboaParque das Nações portugalagro.fil.ptContactos: 218 921 541; [email protected]

índice

ALDEIAGLOBAL

06 08 10

Ago.até 29 . Porto Jef Cornelis: Obras para Televisão (1964-1997)www.culturgest.ptContactos: 222 098 116;[email protected]

Set.até 13 . LisboaHoney, I rearranged the collection... by artist –Cartazes da Coleção Lempertwww.culturgest.ptContactos: 217 905 155;[email protected]

24 e 25 . Lisboa Camané – Infinito Presentewww.culturgest.ptContactos: 217 905 155;[email protected]

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ABERTURA EVENTOS SALDO POSITIVOÀ LUPA

DIRETOR DO GABINETE DE AGRONEGÓCIO DA CGD

FR FILIPE

RAVARA

ENTREVISTA

CCaixa

“Apoiamos os bons projetos – com o desenvolvimento de competências setoriais”

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Filipe Ravara, diretor do Gabinete de Agronegócio da CGD, defende de modo assertivo esta fi leira em cres-cimento e de grande potencialidade para a Economia nacional. Há que rentabilizar a boa infl uência atlântica do País – com especialização, rigor técnico e marca.

Quais as grandes linhas de força da CGD para o Agronegócio?

Somos uma entidade de confiança para este setor. Entrosamo-nos diretamente com os principais agen-tes, empresários, associações, organismos do Estado, numa lógica de proximidade e alto reconhecimento. O objetivo é apoiar – entendendo em profundidade – os bons projetos.

Como o conseguem?Com a capilaridade da nossa rede comercial, junto dos empresários e das boas oportunidades. Temos equipas técnicas especializadas. Este entendimento minimiza o risco associado a cada projeto, com impacto funda-mental na taxa de sucesso dos projetos face a outros bancos, até mais agressivos. Articulamo-nos com as associações – fundamentais na profi ssionalização e comercialização. Potenciamos o crescimento das diferentes fileiras – desde a Agricultura, Pecuária, Florestas, Pescas e Aquacultura. Acompanhamos toda a indústria transformadora, projetos de lagares, adegas, matadouros, etc. O nosso papel é fi nanciar, promover o desenvolvimento de soluções fi nanceiras à medida dos projetos e seus contextos.

Qual o papel do Gabinete de Agronegó-cio?

Além do apoio à rede comercial – com uma equipa robusta e especialista no Agronegócio –, analisamos cada projeto, vamos ao terreno, recolhemos informação e mitigamos o risco. Somos muito solicitados para fóruns, mesas redondas, círculos profi ssionais, grupos de trabalho, pelo Ministério da Agricultura. A nossa credibilidade está a consolidar-se bem.

Como é que Portugal se pode afirmar no Setor Primário?

Portugal é um país grande em miniatura. Há diversidade geográfi ca, vários sistemas de agricultura e vantagens agroclimáticas únicas, como a infl uência atlântica e as horas de exposição solar. Produzimos diversidade e qualidade. Este deve ser o nosso pilar de afi rmação no mundo, potenciado por empresas de distribuição e transformação integradas a montante para gerarem altos padrões produtivos e comerciais e para ganharem escala. Como já acontece na indústria do tomate.

O que falta fazer?Diferenciamo-nos pela qualidade mas temos problemas de escala. Criar apetência do mercado para os nossos produtos implica ter possibilidade de lhe dar resposta. E há que trabalhar aqui. Trabalhar na marca Portugal

com as suas especifi cidades – qualidade e preço – e concentrar a produção. Falta algum poder de fogo ao marketing, por exemplo, do vinho português. A lógica de venda baseia-se em sensações com muitos rótulos e é preciso transformar estes rótulos em marcas. Aqui é preciso fazer um esforço. Tudo isto deve partir de uma ótima organização da produção e os produtores nacionais têm resistência à associação.

Como é que a CGD se posiciona face a este desafio?

Temos uma noção muito clara da nossa posição e res-ponsabilidade. Mostramos oportunidades, promovemos contactos entre agentes. Temos inúmeros exemplos desta intermediação entre investidores e agentes de mercado, à procura de oportunidades, e os nossos clientes, que apoiamos com crédito, que procuram parceiros e escoar a produção. O marketing de produtos alimentares passa pela degustação, pela experiência. Defendemos muito a possibilidade de visitas, com base na hospitalidade nacional, no clima e na geografi a. Muito além do apoio fi nanceiro, apostamos na promoção das fi leiras. Procuramos boas oportunidades e bons projetos. Apos-tamos fortemente na profi ssionalização de colaboradores nestas fi leiras, em competências setoriais.

Quais os setores de maior potencial?Existem várias frentes com interesse, a do vinho – onde temos conseguido uma afi rmação muito forte –; frutas e hortícolas, onde antecipamos a produção relativamente à generalidade dos países, com ganhos de margem. Começam a aparecer muitas iniciativas de promoção, como aquelas levadas a cabo pela PortugalFoods ou pela Orivárzea, por exemplo. No caso do pescado, produzimos cerca de dez mil toneladas de peixe de aquacultura, atividade que representa cerca de 50% da produção mundial de peixe e em Portugal apenas 1,5%. Temos ótimas condições para a área e têm-nos aparecido muitos projetos. Fala-se muito na Economia do Mar e há uma intenção forte de apostar. A Caixa está muito atenta e funciona como um agente ativo no seu desenvolvimento.

Como avalia o contexto atual face à Eco-nomia?

Vivemos um momento interessante para todos estes setores, de retoma de equilíbrio estratégico. A Agri-cultura e a Agroindústria, integradas e com circuitos adequados de comercialização nacional e internacional, têm uma projeção económica crítica. Servem para fi xar população e oportunidades económicas. Vejamos o exemplo de Beja, Ferreira do Alentejo – a zona central do perímetro do Alqueva, uma grande zona agrícola à escala europeia. Ou regiões já maduras no sul do País, Ribatejo e Oeste, com uma série de empresas rentáveis. Beja e Ferreira fervilham de atividade, com milhares de hectares de olival e outras culturas irrigadas. Temos 5% da quota mundial de azeite mas

20% da quota de nova procura. A qualidade do nosso produto é altamente reconhecida.

E as pescas?Requerem toda a atenção. Aguardemos o Programa Mar 2020, que substituiu o Programa Promar, e as medidas para desenvolvimento das pescas e da aquacultura. Aqui falta um detalhe que já apareceu na agricultura que é o efeito Alqueva. Mas para a Economia do Mar. Faltam algumas iniciativas estruturantes como o reequipamento dos portos.

Como conciliar Turismo e Agronegócio como duas faces da mesma moeda?

Como os investidores internacionais, também os turistas se conquistam com experiências positivas – ganham-se pelo estômago. Os produtos alimentares e os vinhos são uma arma muito poderosa e os nossos produtos sabem melhor consumidos no sítio e no contexto certos. Já vamos tendo rotas históricas e gastronómicas para cada região. É um casamento perfeito. Temos muito por desenvolver mas também bons exemplos, em todo o país. Sendo mais fácil canalizar turistas para o litoral do que para o interior, nota-se muita movimentação turística para zonas do interior.

E Portugal está preparado?Estamos no bom caminho. O nosso empresário agrí-cola não é um yuppie versado em grandes negócios internacionais, mas isso está a mudar. Há cerca de 16 universidades e escolas profi ssionais a formar novos técnicos em Ciências Agrárias. Os jovens recém-chega-dos já fi zeram Erasmus; têm exposição internacional; fundam projetos com escala empresarial. Há ainda exemplos de empresários muito dinâmicos, capazes de marcar a diferença. Empresários de referência que se congregam em associações. Temos ainda um quadro comunitário mais adequado, que valoriza a diversidade dos nossos sistemas produtivos e a consistência dos projetos. A entrada desta nova geração traz energia e melhor gestão à nossa Agricultura.

Que conselhos releva para esta nova ge-ração?

O gestor agrícola deve saber gerir a produção e dominar as áreas fi nanceiras, comercial e de market-ing. Ter visão empresarial é o seu ponto de partida. A agricultura é uma atividade difícil e exigente, longe da tradicional visão romântica. É muito importante ouvir e saber ouvir, integrar-se nas associações e obter os dados necessários para gerir melhor e antecipar as contingências. Dar toda a atenção à comercialização. Mas antes disto tudo, apostar sempre numa formação sólida ou, se não a tiver, apoiar-se em técnicos capazes.

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ABERTURA EVENTOS SALDO POSITIVOÀ LUPA

O que para muitos era uma loucura é hoje um projeto concretizado. De um terreno quase baldio a um campo de cultivo de uvas de mesa e outros produtos hortofrutícolas.

AS PEDRAS QUE DERAM UVAS

e a difi culdade aguça mesmo o engenho, Henrique Silvestre teve nas pedras o “adubo” para o seu negócio agrícola. Fi-lho do proprietário de uma prestigiada herdade de Ferreira do Alentejo (Vale da Rosa), recebeu em 2011, aos 22 anos, a Herdade do Vale Bom. Tratava-se de uma pequena parcela de terreno, com 75 hectares, contígua à propriedade paterna. Ao desejo de ser agricultor, de ter a sua própria plantação, o pai de Henrique respondeu-lhe com uma oferta, mas também com um desafi o: tornar viável, do ponto de vista de cultivo, um terreno irregular, repleto de pedregulhos, que serviam apenas para a pastagem de gado.

O objetivo inicial era cultivar seis hectares de vinha, um pro-pósito que parecia irrealizável às pessoas que conheciam a her-dade. Depois de contactadas várias empresas de remoção de pe-dras da região – que declinaram o serviço, alegando a impossi-bilidade da empreitada –, Henrique Silvestre conseguiu conven-

cer uma a pôr “mãos à obra”, ainda que com a advertência de que jamais seria possível remover a totalidade dos escolhos. Vá-rios meses após o início dos trabalhos, a pedreira dava mesmo lugar a um campo passível de cultivo.

Já se tinha entrado no inverno e 2011 deu lugar a 2012. O investimento avultado nestas obras e o longo tempo de ma-turação da videira (cujo arranque estava ainda dependente da aprovação do PRODER) levaram Henrique Silvestre a plantar também outras espécies. “Quando o primeiro hectare fi cou lim-po de pedregulhos, cultivámos o nosso mini-pomar, com árvo-res de diversos frutos. Tinha de conseguir uma cultura, de plan-tar algo imediato que me permitisse cobrir o investimento feito nestas obras”, afi rma Henrique Silvestre.

A propriedade agrícola nascia, assim, na sua plenitude. Ao mini-pomar suceder-se-iam 50 hectares de melão, melancia, abóbora, pimentos, brócolos e girassol. Na prática, apenas os

Henrique Silvestrerecebeu em 2013 o Prémio Jovem Agricultor Português pelo seu projeto.

Vale da Rosa

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EmpresasCaixa

TPA Netcaixa: cartões emitidos fora da zona Euro

Os TPA do serviço Netcaixa

da CGD já garantem a

funcionalidade Dynamic

Currency Conversion (DCC). A ideia

é assegurar que os pagamentos com

cartões emitidos fora da Zona Euro

tenham conversão imediata para a

moeda de origem. Um benefício bastante

útil para os setores do Comércio e

Turismo – nomeadamente hotéis,

rent-a-car, agências de viagem –, que

se deparam com uma comunidade de

clientes mais diversificada, de países

fora da Zona Euro.

Além de proporcionar maior comodidade

e confiança a estes clientes, utilizadores

pontuais da moeda europeia, dá-lhes a

possibilidade de controlo do câmbio, sem

a tradicional cobrança à posteriori de

comissões pelo banco emissor. Mediante

uma taxa de adesão de 25 euros,

esta funcionalidade tem associada uma

remuneração de 0,60%, calculada por

cada compra feita em loja via DCC.

Um valor a creditar mensalmente na

conta à ordem associada ao TPA.

O serviço Netcaixa integra um conjunto

de soluções de pagamento – em loja

(com TPA físico) ou on-line (com TPA

virtual) –, para Multibanco, Visa e

Mastercard, que aposta na diferenciação.

Com adesão gratuita, a sua Tarifa

de Serviço de Cliente (TSC) comporta

a possibilidade de devolução de parte

do valor, conforme os pagamentos com

cartão da Caixa.

Até 30 de setembro, as novas adesões ao

serviço Netcaixa habilitam-se a prémios.

Saiba mais em netcaixa.pt

Veja on-line o vídeo da Vale da Rosa.

A origem: Vale da RosaHenrique pertence à 4.ª geração da

família Silvestre Ferreira que se dedica

à uva de mesa. Hoje tem na Herdade

do Vale da Rosa – a 3 km de Ferreira do

Alentejo e 20 de Beja – o seu quartel-

-general. A marca com o mesmo nome

orgulha-se de ser o maior produtor

nacional de uva de mesa, com uma

área de produção de cerca de

250 hectares, 12 variedades (muitas

delas sem grainha) e mercados em

quatro continentes (América, Europa,

Ásia e África). António Silvestre Ferreira

(pai de Henrique) é o seu timoneiro.

seis hectares reservados à vinha não estavam ocupados por gé-neros hortofrutícolas.

Jovem agricultor vence desafioEntretanto, ainda em 2012, mas em fase mais adiantada do ano, a candidatura ao PRODER foi aprovada, arrancando aquele que é o ex-libris do projeto agrícola de Henrique Silvestre, a vinha para cultivo de uva de mesa (sem graínha). “Estou absoluta-mente convencido de que se não fosse este programa de apoio, muitos dos projetos existentes não tinham sido concretizados. Em algumas culturas, o investimento é muito grande e o retorno só se verifi ca no médio e longo prazo, como é o caso da produ-ção de uvas de mesa”, refere o agricultor-empresário. Os bons resultados conseguidos nas culturas de Henrique Silvestre não passaram despercebidos, e por isso foi eleito o melhor Jovem Agricultor Português de 2013, tendo o seu projeto representado Portugal no concurso homólogo à escala europeia.

As uvas de mesa são apresentadas ao público com a chan-cela Vale da Rosa e o empresário explica porquê: “Benefi ciei muito com a rede de contactos da Vale da Rosa. Por isso mes-mo, as uvas que produzo são exclusivamente comercializadas sob essa marca. O meu pai, pessoa que muito admiro, tem sido o meu grande inspirador. Agradeço-lhe o facto de herdar dele o amor que tenho pelas uvas.”

O principal mercado destes produtos criados em Ferreira do Alentejo é o nacional, com 65 por cento do volume de negócios. O principal destino internacional é Inglaterra, seguindo-se Es-panha, Angola, Noruega, França, Polónia, Suíça, Luxemburgo, Holanda, Alemanha e China.

Os projetos para o futuro passam pelo alargamento da área de vinha, para cultivo da uva de mesa, o tradicional negócio da família Silvestre. Este ano, as culturas seguidas no restante terreno têm sido de sequeiro (cevada, trigo e girassol). Porém, não há interdições quanto a novos hortofrutícolas, uma vez que “o Alqueva permite sonhar e sonhar muito”.

A inovação, essa, parece inseparável da Herdade do Vale Bom, como comprova Henrique Silvestre: “É essencial para a Agricultura. Temos que estar mais próximos dos centros de in-vestigação das universidades. O investimento que fazemos em tecnologia é sempre barato, pois permite-nos estar sempre na vanguarda da inovação. Por exemplo, a estrutura que hoje tenho na minha vinha permite que os plásticos sejam reciclados e assim amigos do ambiente.”

A relação com a Caixa foi – e é – essencial. “A CGD foi a entidade bancária que viabilizou o meu negócio, permitindo que concretizasse aquilo que muitos diziam ser apenas a lou-cura passageira de um jovem. Hoje é um parceiro”, refere o empresário alentejano.

DR

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ABERTURA EVENTOS SALDO POSITIVOÀ LUPA

GIÃO OLIVADO SEQUEIRO SE FEZ AZEITE A família Fialho Marques

substituiu a cultura de sequeiro e apostou no profundo conhecimento técnico sobre o olival. O sucesso da mudança já os levou a multiplicar a área de cultivo e a entrar nas amendoeiras.

m campo sem fi m de oliveiras neófi tas, com pouco mais de um metro de altura e cada uma delas envolta num plástico branco protetor, é o palco da atenção meticulosa de Joaquim, Pedro e Marta. Não é para menos. Aquelas são as suas terras, em ple-no Baixo Alentejo (Ferreira do Alentejo), com uma cultura nova que, simultaneamente, constitui o testemunho do crescimento do negócio familiar. Depois de certifi car-se que as cercas de metal não foram mexidas pelo vento e continuam à distância adequa-da das árvores que hão-de dar azeitona, Pedro Marques lembra, orgulhoso, que aquela plantação já é um “novo fi lho” da Gião Oliva.

O embrião de todo o projeto foi lançado na primavera de 2009, fruto da iniciativa e persistência de Pedro Marques, até porque o negócio envolve duas gerações da família Fialho Marques. Pedro, o fi lho mais velho e licenciado em Engenha-ria Agrónoma, começou a trabalhar em 2005, logo na área do azeite, e a pensar alargar os seus horizontes, conforme descreve: “A partir de 2007 comecei uma nova etapa, na qual apresenta-va o meu aconselhamento técnico em inúmeras propriedades. Fui aprendendo e pensei que poderia conciliar o dia-a-dia nesta empresa com a criação do meu próprio negócio.”

A propriedade do pai, Joaquim Fialho Marques, seria o ter-reno natural para esse arranque em solo próprio. Com um fator aliciante, estar já a ser irrigada pelo Alqueva. Mas a existência de água representava também um estímulo à mudança radical, o que acabou por se constituir o obstáculo mais difícil de ul-trapassar. “Demorei mais de um ano a convencer o meu pai a investir, trocando o regime intensivo de sequeiro (de cereais e pecuária) pelo olival intensivo de regadio”, recorda aquele dono e diretor fi nanceiro da Gião Oliva.

O “não” taxativo da primeira e seguintes conversas deu então lugar a um “sim”, que contou com uma ajuda preciosa, o apoio do PRODER na primeira plantação, que cobriu “uma

UUA família na origem da Gião Oliva:Pedro, Marta e Joaquim Fialho Marques.

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Giãonos frutos secosA cultura da amêndoa já é a segunda

aposta agrícola do Grupo Gião Oliva.

Lançada este ano, ainda é praticada em

valores residuais, mas estima-se que as

amendoeiras ocupem ¼ dos campos da

Gião Oliva em 2016.

“Trata-se de uma cultura que se concilia

bem com o olival pois são semelhantes,

apresentam épocas de colheita distintas,

têm uma manutenção e gestão idênticas

e ambas utilizam o mesmo parque de

máquinas”, explica Pedro Marques.

O fundador e diretor financeiro da

empresa realça a preparação que rodeou

esta aposta: “Levámos dois anos a

efetuar um estudo prévio, com inúmeras

viagens à Califórnia, Norte de Espanha

e Chile, de forma a podermos realizar os

nossos projetos.”

fração bastante interessante” dos 60 hectares de olival inten-sivo.

Dois anos mais tarde, em consequência do êxito do primei-ro investimento, surge o alargamento da área plantada (em 20 hectares). Mas é em 2012 que se dá o grande salto. Após um contrato de arrenda-mento a 25 anos, foi possível incluir mais 235 hectares de plantação de olival in-tensivo. É então que surge a Gião Oliva. A Pedro e a Joaquim juntava-se agora a irmã e fi lha Marta Fialho Marques, licen-ciada em Química – uma valência bastan-te útil para o negócio. Quanto ao nome da empresa, foi uma homenagem ao avô dos dois irmãos, cujo apelido Gião (para desgosto de Pedro) não passara para as gerações seguintes.

De olhos postos no crescimentoA Gião Oliva produz maioritariamente para mercados interna-cionais (70 por cento). Enquanto o trator atravessa um carreiro entre oliveiras, Pedro Marques explica que a exportação é mais uma contingência do que uma opção: “Grande parte do azeite vai para o mercado espanhol ou italiano, por uma questão estra-tégica de preço e valorização do azeite. Produzimos azeite em Portugal, no entanto, se o mercado nacional não nos paga o valor justo, recorremos a mercados externos.” Espanha (com 50 por cento do total de produção) e Itália (20 por cento) são assim os grandes destinos de um azeite que é vendido a granel a diversos tipos de compradores, sem marca própria. O que “não deixa de ser uma hipótese para o futuro”, conclui este responsável.

O crescimento da Gião Oliva tem sido acelerado, com o seu pico a acontecer em 2014. Do primeiro exercício, em 2010, para 2014, o volume de negócios quintuplicou, de 130 para 650 mil

euros. Neste período, o maior crescimento registou-se de 2013 para 2014 (86 por cento).

A “boa gestão agronómica” é essencial para o sucesso da empresa. “A Gião Oliva vive de uma profunda atualização de

conhecimentos no setor olivícola. Aperfeiçoamos a técni-ca, compramos máquinas o mais atualizadas possível e,

essencialmente, tentamos levar a nossa olivicultura como um ‘jardim’”, resume Pedro Marques.

Os próximos três anos vão ser determinantes para a nova dimensão que a família Fialho Mar-ques quer dar à Gião Oliva. Desde logo, pelo au-mento da área de cultivo. Este ano já houve um

reforço de 200 hectares, estando previsto que, até 2016, o valor total disponível ronde os 860. Depois,

pela expansão geográfi ca, com novas terras em outras áreas do Baixo Alentejo, e pelo crescimento societário asso-

ciado à internacionalização corporativa, com a passagem a Gru-po Gião Oliva após a criação, já em 2015, de uma empresa em Espanha. E, fi nalmente, pelo investimento numa nova cultura – as amendoeiras –, que poderá abrir a porta ao cultivo de outros frutos secos. A projeção de Pedro Marques aponta para que, até 2017, o futuro Grupo Gião Oliva atinja os três milhões de euros de volume de negócios.

Em toda esta caminhada, a Caixa tem tido “um papel pre-ponderante”. O diretor fi nanceiro da Gião Oliva explica porquê: “Podemos afi rmar que a Caixa Geral de Depósitos marca uma diferença muito importante em relação às outras entidades, isto é, além de se preocupar com o cliente em si, elabora, através de comerciais e técnicos, visitas extraordinárias às nossas ex-plorações. Dessa forma, a parceria do negócio não é apenas no papel, mas sim de um global de negócios. A estrutura da Caixa tem contato direto com a nossa empresa e conhece o nosso ne-gócio.”

dá o a-

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ref2016

pela exáreas do Ba

Até 2016, a área disponível para cultivo de azeitona deverá ascender a 860 hectares. A mudança do cultivo de cereais para olival

mostrou ser uma aposta com futuro. A Gião Oliva exporta 70% do que produz (para Espanha e Itália) e tem como meta de volume de negócios

para 2017 os três milhões de euros. Na calha está a diversificação do negócio para o cultivo de frutos secos.

Veja on-line o vídeo da Gião Oliva.

Caixa apoia Portugal 2020

O Caixa 2020 é uma solução

global de crédito para apoio

complementar às empresas

candidatas ao programa de fundos

comunitários Portugal 2020.

Empresas, empresários em nome

individual (ENI) e entidades com

contabilidade organizada podem contar

com cobertura financeira integral do

investimento das candidaturas aos

fundos comunitários; apoio financeiro no

curso da candidatura; aconselhamento

pela equipa da Caixa ou seus parceiros.

Destacam-se soluções de financiamento

(montantes ajustados a cada projeto,

com prazos até dez anos e carência de

dois), incluindo o complementar às linhas

de crédito governamentais protocoladas

pela Caixa (PME Crescimento, Investe

QREN, entre outras), para objetivos

não enquadráveis, e a antecipação de

incentivos incluídos em candidaturas

ao abrigo do Portugal 2020. E ainda,

garantias bancárias, declarações

de aprovação de financiamento

e declarações de intenção de

financiamento.

Saiba mais em cgd.pt/empresas

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ABERTURA EVENTOS SALDO POSITIVOÀ LUPA

HER

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O ALENTEJO SOB A FORMA DE VINHOA Herdade das Servas nasceu na concorrência. Dez anos depois, é o rosto de uma tradição familiar secular. O enoturismo é a aposta forte.

inte e dois graus, o termómetro da cuba gigante em inox não deixa dúvidas sobre o seu interior. Lá dentro está vinho (tinto), ao contrário da maioria das cerca de três dezenas restantes, pois a época ainda não é de fermentação.

A adega da Herdade das Servas é, seguramente, o local mais fresco de todo o complexo. Contrasta com a canícula da tarde do último dia de primavera, às portas de Estremoz. Luís Mira, rotinado, apresenta-a como se estivesse a conduzir um grupo de turistas, explicando a função de cada um daqueles depósitos metalizados e as etapas do processo de produção. Mais do que uma marca de vinhos, a Herdade das Servas assume-se como um espaço de culto desta bebida, concretizado na sua vertente de enoturismo – loja, restaurante e visita guiada ao complexo, com a adega em destaque.

O nascimento da chancela vinícola Herdade das Servas, em 1998, constituiu um ato de irreverência. Potenciando o conhe-cimento adquirido no universo do vinho e as suas diferentes formações académicas (Gestão e Agronomia), os irmãos Luís e Carlos Mira decidiram lançar-se no negócio. Nada de ex-traordinário, não fosse essa marca concorrer diretamente com a do pai e do tio, fi el depositária de uma tradição familiar de pelo menos quatro gerações (ver caixa), que inclusivamente ti-nha unifi cado dois ramos genealógicos – os Serrano, da parte da mãe, e os Mira, da parte do pai. “Não me identifi cava, na globalidade, com a empresa do meu pai, concretamente com a visão do negócio para o futuro”, refere Luís Mira, um dos dois administradores da Herdade das Servas. Apesar do choque da notícia, os irmãos Mira contaram com o apoio da família.

V

Luís Mira,um dos administradores da Herdade das Servas

Page 11: Revista Caixa Empresas |  julho 2015

11

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EmpresasCaixa

Gestor Caixa Empresas protagoniza oferta setorial

Uma oferta setorial completa

e integrada – com foco nas

reais necessidades de cada

negócio e com base na experiência de

uma equipa preparada de gestores – é o

grande argumento para a mais recente

campanha de comunicação dirigida aos

empresários nacionais. As soluções

e serviços Caixa Empresas para os

setores Primário, Turismo, Comércio e

Serviços, Internacionalização e Indústria

compõem o pacote de soluções setoriais

– onde a experiência e especialização

em cada atividade constituem a grande

mais-valia da equipa de gestores Caixa

Empresas. Saiba por que motivo aqui.

“O meu pai arrendou-me vinhas, o meu avô alugou-me terra para eu poder implantar a adega. Não despendi dinheiro para isso. Houve um grande desprendimento deles em ajudar-me, apesar de ser concorrente. Eles também acreditaram no proje-to”, recorda Luís Mira.

Três gamas da mesma cultura Em 2005, o pai vendeu a participação social na empresa. Seis anos depois da primeira colheita, a Herdade das Servas fi cava como a herdeira material e simbólica da maioria do patrimó-nio vinícola da família. Desde logo, a área de videira passava dos 75 para os 200 hectares.

A Herdade das Servas apresenta hoje três marcas de vinho – tinto, branco e rosé –, que correspondem a outros tantos patamares de qualidade e preço (varia entre três e 25 euros). Começou por produzir o Monte das Servas em 2000; mais tarde, em 2003, criou aquele que é o seu vinho topo de gama – o Herdade das Servas –; e fi nalmente, lançou o Vinha das Servas em 2004, que é a sua marca com o custo mais baixo para o consumidor. E o que caracteriza os vinhos da Herdade das Servas? Luís Mira fala de vinhos “com corpo e alma” e ilustra: “Com os olhos vendados, perceber que se está a beber um vinho alentejano. É esse o objetivo.”

A empresa está incluída numa sub-região vitivinícola (De-nominação de Origem Controlada de Borba) bastante concor-rida – só no concelho de Estremoz há 18 produtores. Essa realidade não assusta os administradores. O rigor em todo o processo de produção, desde a plantação ao engarrafamento,

e a abertura à inovação e ao conhecimento são os elementos--chave para que a Herdade das Servas e as suas marcas se imponham no mercado.

O enoturismo também é um fator de diferenciação, seja pelas visitas de 15 a 20 minutos à herdade, nas quais é expli-cado o passo-a-passo que leva a uva da vinha à garrafa; seja pela loja, onde a história familiar contextualiza os artigos para venda; seja ainda pelo restaurante, que se distingue pelas suas abóbadas e pé-direito.

“Isto é uma empresa que nasceu virada para o exterior. O enoturismo surge porque nós queremos que as pessoas in-terajam connosco, nos visitem, nos dêem inputs, porque esses inputs são fundamentais para a nossa existência”, explica o fundador da Herdade das Servas. De 2013 para 2014, o nú-mero de visitantes do espaço cresceu cerca de 1000 por cento, distribuído por turistas portugueses e estrangeiros.

A aquisição de conhecimento – quer pela via teórica, quer pela via empírica – é um elemento fundamental para o ne-gócio dos irmãos Mira. Luís diz que “volta e meia faz uma pós-graduação” e já visitou “mais de 500 adegas” em todo o mundo.

A CGD associou-se à Herdade das Servas em 2015, na última das três fases de expansão. “Aquilo em que as institui-ções fi nanceiras podem alavancar os projetos é no acreditar ou não acreditar neles. Eu não escolho instituições fi nanceiras, mas sim parceiros”, refere Luís Mira, que dá como exemplo principal desta parceria os aconselhamentos, o diálogo fre-quente com a Caixa.

Séculos de vinhoA família Serrano Mira transporta

consigo uma longa tradição vinícola.

A prova mais arcaica está na loja-museu

da Herdade das Servas, na talha de

barro, com a inscrição do ano 1667,

que era um dos recipientes usados pela

família Serrano para guardar o néctar

carmim. Mais tarde, o bisavô materno de

Luís e Carlos Mira fundou e foi o primeiro

presidente de uma adega cooperativa.

Nas duas gerações seguintes, agora na

linhagem paterna, novo pioneirismo na

região. O avô iniciou o negócio do vinho

engarrafado (em nome individual) e o pai

criou das primeiras empresas do setor.

Nos cinco continentes. As marcas da Herdade das Servas vendem-se em 24 destinos, dispersos pelos cinco continentes, sendo os vinhos topo de gama os mais procurados. A vertente

de exportação representa 15% a 20% do volume total de negócios (3,5 milhões de euros em 2014). Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Brasil e Macau são os principais mercados.

Veja on-line o vídeo da Herdade das Servas.

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Debater um Marde oportunidades

ABERTURA EVENTOS SALDO POSITIVOÀ LUPA

3 pontosa destacar

A Economia do Mar já possui enquadramento legislativo (Lei de Bases da Política de Ordenamento e de Gestão do Espaço Marítimo Nacional).

A redução da carga fiscal, em especial para as empresas em início de atividade, e a diminuição da burocracia são medidas prioritárias para atrair investimento ao setor.

Portugal deve competir pela qualidade e não pela quantidade, sendo o know-how nacional nesta área uma valência distintiva.

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BLUE BUSINESS FORUM

Geolocalização privilegiada, recursos humanos qualificados e quadro legislativo adequado. Estão reunidas as condições ideais para fazer florescer a Economia do Mar.

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“Portugal tem todas as condições para ser uma Silicon Valley dos recursos marítimos.” O desafi o de Filipe Ravara, diretor do Gabinete de Agronegócio da CGD, refl ete a importância que o mar assume para a generalidade dos presentes na conferência Como Fazer Negócio no Mar, integrada no Blue Business Fo-rum. Além de destacar a relevância central desta fi leira no posi-cionamento estratégico do banco, aquele responsável enalteceu a “mudança geracional” nas empresas da Economia do Mar, e sublinhou a capacidade de produção já atingida – “60 kg per ca-pita”. Um retrato a que a Caixa se mantém atenta com o cuidado dedicado a cada projeto de negócio – “vamos sempre visitar o projeto e fazemos todas as perguntas para percebê-lo”, concluiu Filipe Ravara.

O extraordinário campo de desenvolvimento empresarial do oceano para Portugal foi, justamente, o tema forte desta confe-rência, que a 5 de junho juntou alguns dos maiores especialistas em Economia do Mar e os principais responsáveis políticos do setor. O Blue Business Forum constituiu um dos três ramos da

Blue Week, um conjunto de eventos de alcance internacional (ver caixa na página seguinte).

A conferência Como Fazer Negócio no Mar foi dividida em duas mesas-redondas, ambas moderadas pelo jornalista Mário Crespo. A primeira foi dedicada ao tema “O Empreendedorismo no Mar”; a segunda foi dirigida pela pergunta “Num Mar de Oportunidades, Como Fazer Negócio?”.

Ambas convidaram ao debate sobre os obstáculos, os cons-trangimentos e as ações prioritárias para os ultrapassar, assim como sobre as razões para escolher Portugal como destino prioritário de investimento no setor marítimo. A questão da le-gislação (existente ou não; sufi ciente ou não) dividiu opiniões. Margarida Couto, sócia da Vieira de Almeida & Associados, sublinhou que um “poderoso obstáculo” foi recentemente re-movido, a ausência de legislação específi ca sobre a atividade marítima. A advogada referia-se à existência – desde Abril de 2014 – da Lei de Bases da Política de Ordenamento e Gestão do Espaço Marítimo Nacional. Ainda assim, e segundo Rui Pe-

Manuel Pinto de Abreu,

secretário de Estado do Mar

Portugal tem todas as condições para ser uma Silicon Valley dos recursos marítimos.Filipe Ravara, diretor do Gabinete de Agronegócio da CGD

Mesa redonda. Miguel Marques (PriceWaterhouseCoopers), Filipe Ravara (CGD), Manuel Santos Vítor (PLMJ), Pedro Ortigão Correia (AICEP) e Mário Crespo, que moderou o debate.

Assunção Cristas,ministra da Agricultura e do Mar

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ABERTURA EVENTOS SALDO POSITIVOÀ LUPA

Blue Week Portugal: capital mundial do marOrganizada pelo Ministério da Agricultura

e do Mar, em colaboração com o Fórum

Empresarial da Economia do Mar e a Oceano

XXI – Associação para o Conhecimento

e Economia do Mar, a Blue Week decorreu

entre 3 e 7 de junho, em Cascais e Lisboa,

e contou com o apoio da Caixa Geral

de Depósitos.

Os três eixos desta semana temática sobre

a Economia do Mar foram o World Ocean

Summit (organizado pelo The Economist, reunindo alguns dos mais importantes

stakeholders da área para discussão

e reflexão); a reunião interministerial

(com vários ministros europeus com

tutela do mar); e o Blue Business Forum

(também de carácter internacional,

organizado pela Fundação AIP, para apoio

ao empreendedorismo e negócios no setor

– quer através de conferências, quer

de exposições ou encontros bilaterais).

reira, diretor-executivo da ALGAplus, a “falta de regulamen-tação adequada” coloca difi culdades à atividade da sua empre-sa, que se dedica à investigação e produção de macroalgas e produtos derivados.

Já a carga fi scal congregou consenso. João Correia, diretor--geral da Flying Sharks, empresa de captura de animais mari-nhos vivos e respetivo transporte para aquários públicos de todo o mundo, apelou a uma menor carga fi scal, já que a atual “esma-ga as micro e pequenas empresas”. Tiago Aires, diretor-técnico do Grupo Soja Portugal (que se dedica à preparação de produtos derivados de soja), reclamou “para os portugueses as mesmas regras que são aplicadas aos produtores europeus”. Margarida Couto deixou mesmo uma advertência: “O legislador ainda não olha para o empreendedorismo com um olhar empreendedor, mas sim timorato.” E esboçou uma solução possível para o pro-blema – “fi scalidade específi ca, menos pesada, para as empresas que estão a começar”.

Como diferenciar-se pela qualidade?O secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, iniciou a segunda parte da conferência sublinhando as “novas valências do mar” e referiu que, apesar de ainda não haver grande negó-cio nas áreas não tradicionais do oceano, a Conta Satélite do Mar (projeto conjunto do Instituto Nacional de Estatística e da Direção Geral da Política do Mar) revela já uma evolução posi-tiva. Manuel Pinto de Abreu enalteceu a importância das pescas – “setor tradicional fundamental” para o País – e a qualidade dos nossos portos. Elegeu ainda dois agentes fundamentais de desenvolvimento, o direito marítimo, “para garantir um quadro de segurança e estabilidade que atraia futuros investimentos”, e os empreendedores e empresários que saibam do mar. Para estes últimos deixou a mensagem de que “é necessário haver algum deslumbramento”.

No segundo painel, centrado no que Portugal pode apresen-tar como vantagens competitivas relativamente a outros países, Pedro Ortigão Correia, membro do Conselho de Administração da AICEP, invocou cinco razões: história, territórios, empresas,

novas indústrias e o conjunto de apoios que foram sendo cria-dos. O dirigente da AICEP defendeu ainda que países como Por-tugal não podem competir pelo volume ou pelo preço, mas sim “pela qualidade do que produzem”.

Manuel Santos Vítor, líder da equipa de Corporate, Energia e Recursos Naturais da sociedade de advogados PLMJ, referiu o know-how nacional como fator distintivo nesta área, enquanto Filipe Ravara, da CGD, sublinhou as potencialidades que o Por-to de Sines apresenta em termos competitivos: “Podemos criar um Alqueva do mar.”

O aproveitamento da ligação intrínseca da população ao mar é o grande trunfo português, na opinião de Miguel Marques, da PriceWaterhouseCoopers. O responsável pela área de Econo-mia do Mar desta consultora considerou mesmo que, proporcio-nalmente, “Portugal é o país que mais tem investido nas áreas de novos usos do mar”.

“Sector marítimo vai explodir em Portugal”A sessão de encerramento coube ao presidente do Fórum Em-presarial da Economia do Mar, Bruno Bobone, e à ministra da Agricultura e do Mar, Assunção Cristas.

Bruno Bobone enfatizou “o enorme potencial do mar para a economia portuguesa” e referiu, a propósito do alargamento da nossa plataforma continental, que “agora é proibido dizer que Portugal é pequeno”.

Fazendo um balanço da semana de atividades ligadas à Eco-nomia do Mar, Assunção Cristas afi rmou que concretizar o Blue Business Forum (e a própria Blue Week) foi “muito arriscado”, devido à diversidade que comportava, mas que “valeu a pena”. A ministra da Agricultura e do Mar garantiu mesmo que esta é uma iniciativa para repetir todos os anos e que o objetivo é assumir-se também “como uma grande feira de negócios”.

Assunção Cristas afi ançou que o setor marítimo é uma área que “vai explodir” em Portugal, pelo contexto que está a ser constituído em termos de enquadramento legislativo (Lei de Bases), de fi nanciamento (PROMAR e Mar 2020) e de inves-timento do Estado.

Bruno Bobone,presidente do Fórum Empresarial

da Economia do Mar

Painel debruçou-se sobre a regulamentação no setor do mar. Margarida Couto (Vieira de Almeida & Associados), Rui Pereira (ALGAplus), Tiago Aires (Grupo Soja Portugal) e João Correia (Flying Sharks).

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SALDO POSITIVO

PDR 2020: Conheça os apoios para os agricultoresSão 4,2 mil milhões de euros que o Programa de Desenvolvimento Rural (PDR) tem disponíveis para a dinamização de projetos com potencial no setor agro-florestal.

O PDR 2020 é o novo programa opera-cional de apoio específi co aos agricul-tores portugueses, no âmbito do quadro de apoios comunitários Portugal 2020. No total, este programa tem uma dota-ção de 4,2 mil milhões de euros. Conhe-ça com mais detalhe as linhas mestras deste programa.

Quais os objetivos do PDR 2020?

O Programa de Desenvolvimento Rural tem como principal meta “o crescimen-to sustentável do setor agro-fl orestal em todo o território nacional” e assenta nos seguintes objetivos estratégicos: cresci-mento do setor agrofl orestal e rentabili-dade económica da agricultura; promo-ção de uma gestão efi ciente e proteção dos recursos; criação de condições para a dinamização económica e social do espaço rural.

As candidaturas podem ser apre-sentadas através do Balcão 2020 (em balcao.portugal2020.pt), mas também submetidas através do portal do PDR 2020 (www.pdr-2020.pt).

Que áreas serão apoiadas pelo novo Plano

de Desenvolvimento Rural?Para a concretização dos principais ob-jetivos do PDR 2020, destacam-se as seguintes áreas de apoio:

1Modernização e desenvolvimento do setor agrofl orestal. Investimento nas explorações, na transformação, na

comercialização e nas infraestruturas coletivas, com apoios superiores a 1 600 milhões de euros para modernizar e re-estruturar cerca de 8 000 explorações agrícolas.

2Apoios à inovação e à transferência de conhecimento. Apoio no valor de cerca de 100 milhões de euros que en-volve aproximadamente 80 projetos de cooperação e a aquisição de conheci-mentos no âmbito setorial, envolvendo cerca de 20 000 formandos.

3Melhoria da organização da produ-ção. Este apoio disponibiliza um valor superior a 100 milhões de euros para 30 novos agrupamentos ou criação de or-ganizações de produtores.

4Rejuvenescimento do setor. Com apoios específi cos superiores a 200 mi-lhões de euros, esta área visa contribuir para a primeira instalação de cerca de 5 000 jovens.

5Efi ciência na utilização de recursos (água, solo, energia). Engloba a con-servação da fl oresta e a manutenção da atividade agrícola em zonas desfavore-cidas, com um valor global superior a 1 900 milhões de euros.

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