revista business portugal | dezembro '13
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2 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | SEGUROS
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Editorial
dezembro 2013
futebol e pespi: do que se faz um país
por diana ferreira
COMUNIDADE DE LÍNGUA PORTUGUESA
05 - CPLP08 - UCCLA10 - AIDA
VIH, FERTILIDADEE MEDICINA NUCLEAR
18 - GAT22 - Gilead35 - Diaton
SANTAS CASAS DAMISERICÓRDIA
48 - SCM Meda50 - SCM Mangualde
52 - SCM Almeida
NANOTECNOLOGIA58 - Nanovalor
60 - Smart Inovation
Fui um dos portugueses que não pôde ficar agarrado à televisão para saber se Portugal rumava ao Brasil. A edição
especial dedicada ao Cluster da Aeronáutica (a sua Revista Negócios Portugal foi a revista oficial do Aerospace
Meeting) obrigou alguns membros desta equipa a assistirem ao encontro futebolístico mais importante dos últimos
tempos apenas com um olho no ecrã, enquanto o outro se focava no trabalho. Foram uns longos 90 minutos!
E a cada relato mais efusivo por parte de Nuno Matos, a nossa atenção era desviada por completo para os 22
em campo.
Foi sofrido... ainda mais sofrido por não lhe dedicarmos a atenção que consideramos necessária! Até parece que
o jogo não vai correr bem só porque não o estamos a ver devidamente. Não fica com essa sensação, às vezes?
Mas vencida a batalha na Suécia, foi outro campo de guerra que se instaurou nos portugueses. A lamentável
acção de marketing da Pepsi levou uma nação inteira à revolta, grande parte dela expressada através das redes
sociais, com aqueles que afirmam que nunca mais beberão Pepsi na vida, à portuguesa TAP ponderar deixar de
servir esta bebida nas suas viagens ou até mesmo ao proprietário de um restaurante que destruiu uma máquina
de venda de bebidas por esta fazer publicidade ao refrigerante (apesar de ter que pagar pelo estrago da mesma,
quase de certeza).
Acredito que haja quem considere exagero ou até mesmo ridículo esta ‘sede’ de revolta que assolou grande
parte de nós. Mas também acredito que é nestas atitudes que se vê o orgulho de um país. O mais provável é que
amanhã grande parte se tenha esquecido do incidente e que depois de uma quebra nas vendas, que creio que
se fará sentir, a Pepsi volte ao mercado e continue a ser uma das bebidas mais consumidas. Mas, neste preciso
momento, é uma nação que se defende, que se orgulha do que é e que está disposta em manter-se firme e unida.
Sim, é só futebol, mas leva-nos a revelar o verdadeiro português, não acha?
*Diana Ferreira não segue o novo acordo ortográfico
Ficha Técnica
DIRETORFernando Silva
EDITORADiana Ferreira
REDAÇÃOAriana Ferreira
Cátia Fernandes
COLABORADORESAndreia Lobo
Balolas Carvalho
Bárbara Silva
Sara Freixo
Teresa Soares
PROJETO GRÁFICO, PAGINAÇÃO E DESIGNTiago Rodrigues
SECRETARIADOPaula Assunção
GESTÃO DE COMUNICAÇÃOFernando Lopes
Filipe Amorim
Isabel Brandão
José Carneiro
Luís Silva
Manuel Fernando
Nuno Ferraria
Paulo Padilha
Pedro Paninho
EDIÇÃO, REDAÇÃO E PUBLICIDADERua Engº Adelino Amaro da Costa nº15 6ºandar sala 6.1/6.2
4400-134 - Mafamude
CONTACTOSTlf: 223 754 806 (Geral)
Tlf: 224 109 098 (Redação)
DISTRIBUIÇÃOGratuita no Jornal i - Dec. Regulamentar 8/99-9/6 Artº 12º nº. ID
Edição de dezembro
EDITORIAL | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 3
comunidades de língua
portuguesae Internacionalização
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa trata-se de uma organização internacional formada por países
lusófonos, criada a 17 de julho de 1996. Composta inicialmente por Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe, acolheu Timor-Leste como país integrante em 2002, após a conquista
da independência.
Com uma missão assente na integração e desenvolvimento dos países que têm como fator comum a língua
portuguesa, a CPLP procura convergir as nações que representa para a unidade, através da reunião de esforços em
prole de ideais e ideologias sóciopolíticas comuns.
A CPLP goza de personalidade jurídica e é dotada de autonomia financeira. Os objetivos gerais que pautam a
atuação desta instituição centram-se na concentração político-diplomática entre os estados membros, na cooperação
alastrada a todos os domínios e na materialização de projetos de promoção e difusão da língua portuguesa.
O atual Secretário Executivo desta instituição sediada em Lisboa, o moçambicano Murade Murargy, tomou posse a
20 de julho de 2012, durante a IX Conferência de Chefes de Estado e de Governo, realizada em Maputo.
4 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA
Há um certo orgulho patente quando o atual Secretário
Executivo da CPLP, Murade Murargy, relembra a história
dos Movimentos de Libertação Africanos como parte
integrante da própria biografia da entidade que hoje
representa. A união dos povos contra o colonialismo,
motivada pela óbvia necessidade em organizar e definir
estratégias, desembocou no afunilamento dos vários
movimentos em congregações, tais como o CONCP, que
partilhavam o mesmo intuito, para que se fortalecessem e
ganhassem, nas suas palavras, a ‘musculatura’ essencial
para suportar a luta pelas independências. Após a
conquista das mesmas, o espírito de solidariedade
prevaleceu e foi aproveitado em benefício de outras
vertentes de cooperação, de que são exemplo a política,
a economia e a diplomacia. No prolongamento desta
unidade entre nações, surgiu a institucionalização dos
CPLP para além da Língua Comunidade dos países de língua portuguesa
A herança histórica comum, o idioma, a cooperação em todos os domínios e a concertação político-diplomática estão na origem
da constituição da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). A desempenhar funções de Secretário Executivo desde
2012, o antigo embaixador de Moçambique no Brasil, Murade Murargy, empenha-se pela livre circulação entre os Estados membros
e pela passagem das palavras à ação.
COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 5
Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP),
que o nosso entrevistado não hesita em identificar como
o “embrião da CPLP”.
Ainda sobre a importância das nações africanas da CPLP
na disseminação da língua portuguesa, um dos ainda
propósitos chave desta comunidade, é-nos relembrada
a evolução interessante ocorrida durante o tempo da luta
armada e da libertação dos povos africanos. A estreita
cooperação mantida com países socialistas da Europa,
Ásia e Américas levou a que estes aprendessem a
língua, de modo a facilitar a comunicação entre todos.
É neste seguimento que Murargy afirma, taxativamente:
“os grandes precursores da língua portuguesa são,
justamente, os países africanos de expressão portuguesa
que durante a luta difundiram a língua pelos países que
os ajudavam”.
Criada a 17 de Julho de 1996, a comunidade conta
atualmente com oito países integrantes: Angola, Brasil,
Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São
Tomé e Príncipe e Timor-Leste, este último acolhido em
2002.
A união faz a força
Embora a Língua Portuguesa seja o foco unificador
mais evidente entre os países membros da comunidade,
entende-se que a mesma não se deva cingir a esta
questão, dada a existência de outros pontos comuns
capazes de tornar a CPLP mais dinâmica e mobilizadora.
Porém, como ressalva o Secretário Executivo, convém
não esquecer o enquadramento específico em que foi
criada, cujos contextos internos de cada país, como a
necessidade de recuperação dos estados em guerra
Murade Murargy Secretário Executivo
6 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA
ou saídos da guerra em África, a crise financeira vivida
no Brasil, ou mesmo a “euforia da entrada na União
Europeia”, por parte de Portugal, acabara por desviar
a atenção aos propósitos desta organização. “Ao
longo deste período, os nossos países, preocupados
com as suas situações internas, não tiveram muita
disponibilidade tanto em termos morais, políticos e
financeiros para porem esta máquina a funcionar com
toda a força pretendida”, lamenta, acrescentando, “a
CPLP tem de ser muito mais do que a língua, muito
mais do que política e diplomática”.
Sendo a língua “um instrumento de comunicação
essencial na negociação dos nossos compromissos, para
que estes sejam favoráveis e não se saia em prejuízo”,
e que se projeta em todas as dimensões inerentes
ao funcionamento dos Estados, a descontinuidade
geográfica da CPLP não pode ser entendida como um
obstáculo. “Estamos inseridos em blocos regionais. Se
uma empresa, se um consórcio de empresas de língua
portuguesa se instalar, por exemplo, em Moçambique
ou em Angola, precisamente por causa da língua a sua
produção terá um mercado vasto. Timor está situado
na Ásia, que é um mercado muito grande”, razões
pela qual a dispersão, no entender do diplomata, não
constitui problema. E, se com Portugal, por razões de
índole histórica, a relação de vê estreitada, o oposto
acontece do outro lado do Atlântico, onde o Brasil cultiva
relações com as Américas. “O Brasil está mais distante
mas precisa de estar mais próximo”, o que poderá ser
alcançado através das vertentes culturais, desportivas,
económicas e empresariais.
No que diz respeito à concertação político-diplomática
que se tem vindo a consolidar a nível das instâncias
internacionais, é seguro dizer que a vertente se encontra
de boa saúde, graças a uma estratégia de coordenação
de posições entre os assuntos de preocupação
comum. Um dos frutos mais recentes desta conjunção
de esforços foi a eleição do brasileiro José Graziano
para Diretor Geral da Organização das Nações
Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO). Outro
exemplo plausível, entre muitos outros, foi a eleição
do embaixador brasileiro Roberto Azevedo para Diretor
Geral da Organização Mundial do Comércio (OMC). A
colaboração entre os países que integram a comunidade
estende-se, no entanto, a outros planos.
Em relação à Segurança Alimentar e Nutricional, projeto
adotado na IX Conferência de Chefes de Estado e de
Governo da CPLP, em Maputo, pretende-se elaborar
“uma estratégia para garantir o direito à alimentação,
como direito humano fundamental das populações”. O
que passará, obrigatoriamente, por uma concentração
de “recursos para que os países mais necessitados
da nossa comunidade possam apoiar os pequenos
agricultores, para que vejam as suas produções e
produtividades aumentadas, de modo a que sejam auto-
suficientes na obtenção da sua dieta alimentar diária”.
Para tal, o incentivo da FAO, que instalou uma delegação
em Lisboa com o intuito de melhor acompanhar a CPLP
nesta demanda, é essencial. “Acabei de chegar de Cabo
Verde”, refere o embaixador Murargy, “onde participei
no «IV Simpósio sobre Segurança Alimentar na CPLP»
e na reunião de pontos focais desta área. Temos um
plano de trabalho a contemplar os eixos da Governança,
da melhoria das condições de vida de grupos mais
desfavoráveis e da Agricultura Familiar”. Brevemente,
“vamos ter uma campanha para a angariação de fundos
para a melhoria da situação alimentar e nutricional” e,
no final de novembro, “arrancamos com uma campanha
de sensibilização para a violência contra as mulheres
em todo o espaço da CPLP”, sublinha o embaixador
Murargy.
Nos campos da Ação e Proteção Social está prevista,
para breve, a assinatura de um acordo que permita aos
cidadãos que trabalhem noutros Estados membros,
com contribuições para a respetiva segurança social
beneficiar desses descontos no seu país de origem.
Um grande passo em frente, entendido como uma
“conquista extremamente importante”, com base na
noção de que a CPLP tem de servir “o cidadão. Ser uma
CPLP do cidadão e não apenas dos Governos”.
Contra a criminalidade, esta entidade implementou
em São Tomé o projeto ‘Meninos de Rua’ e o projeto
‘Capoeira’, que tem em vista a promoção da inserção
social de crianças de rua, através de atividades de
âmbito cultural. Direcionadas também para os mais
jovens, serão desenvolvidas ações com o intuito de
incutir cidadania nas escolas. A CPLP ambiciona um dia
poder criar uma cidadania própria, “mas é necessário
que a nível político não haja nem reservas, nem
desconfiança, nem complexos e queiramos um projeto
comum de comunidade. Porque hoje não temos uma
comunidade, temos uma organização. Comunidade
implica que comunguemos dos mesmos objetivos e
ideias. Para lá caminhamos... mas isso é muito mais do
que estamos a fazer até agora. Uma comunidade tem
de ser envolvente para que todos os cidadãos se sintam
envolvidos”.
Na área da Saúde, em Cabo Verde apostou-se na
formação de especialistas, “projeto que deixa a CPLP
muito satisfeita”, e na “relevância estruturante das Redes
das Escolas Nacionais de Saúde Pública, das Escolas
Técnicas em Saúde e dos Centros Técnicos de Instalação
e Manutenção de Equipamentos. Isto porque, a partilha
do conhecimento, da produção de conhecimento
em Saúde, vai fortalecer um sector fundamental do
desenvolvimento humano”, observa o Secretário
Executivo da CPLP. Outra aposta importante prende-
se com o reforço do ambiente de negócios favorável à
actividade empresarial entre os nossos países. Por isso,
“tenho dado muita atenção à cooperação económica
e empresarial como fonte de complementaridades e
sinergias, como fator de desenvolvimento”.
Motivações para o futuro
“Que comunidade é esta em que não podemos circular
sem restrições?”, questiona Murade Murargy perante o
maior desafio com que hoje se depara:“criar condições
para que o cidadão possa integrar e fazer parte da
COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 7
construção desta Comunidade”. Na sua opinião, urge
“harmonizar”, o que poderá passar pela criação de uma
regulação que contemple, em primeira instância, a livre-
circulação de determinados grupos que compõem a
nossa sociedade civil, como investigadores, académicos,
jornalistas, estudantes, desportistas e artistas para que
depois se possa caminhar para a abertura do espaço
comunitário ao cidadão comum. Inserida nesta
problemática da circulação, pesa também a necessidade
de criar condições para que os empresários possam
circular livremente. “Sem circulação estamos a enganar-
nos a nós próprios em relação à ideia de comunidade”,
garante. Daí que tenha sido peremtório no lançamento
de um debate sofre o futuro, agora que a CPLP se
aproxima do 18º aniversário. “Acredito que CPLP tem
um grande futuro”, reafirma, “mas para isso tem de
haver coragem para avançar”.
Naturalmente, há que apostar no capital humano. “O
Homem é o grande motor transformador, o grande
motor do desenvolvimento. Se o nosso cidadão não
estiver capacitado, não dominar o conhecimento,
não é possível caminhar para o desenvolvimento. A
CPLP enquanto organização tem todo o potencial de
se poder dedicar a esta área do desenvolvimento do
capital humano. Se nós conseguirmos que cada um dos
nossos países tenha zero por cento de analfabetismo,
que todos saibam ler e escrever, e se conseguirmos que
o desenvolvimento económico de cada um dos nossos
países se dê ao mesmo passo daríamos os nossos
objetivos como concretizados”.
A CPLP recebeu recentemente a delegação de uma
empresa de produção de petróleo de Timor-Leste,
que veio “lançar um desafio tremendo à comunidade”,
assente na proposta de uma associação com outras
empresas do setor presentes no espaço CPLP. “Uma
iniciativa para acarinhar e para se levar avante”, sendo
que “o nosso bloco é uma potência no que concerne
a petróleo e recursos energéticos. Temos imensos
recursos nesta área e na área da agricultura, mas falta-
nos o Homem”. Esta contínua dependência de mão de
obra estrangeira não se justifica, e a solução, de acordo
com o diplomata, está na abertura das universidades,
ou seja, mais uma vez, na circulação. “Não sou uma
pessoa de teorias, sou uma pessoa muito prática. Gosto
de ver as coisas acontecerem”, afirma, revoltado com
o impasse de toda esta situação, e remata, “não quero
que sejamos uma organização de discursos, mas sim
de atuação”.
Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP)
Como referido, a vontade da criação de uma entidade
que unificasse os povos que têm como característica
comum a língua portuguesa está na origem daquilo
a que mais tarde se veio a tornar na CPLP. Apesar
de idealizado no decorrer do primeiro encontro dos
Chefes de Estado e de Governo dos Países de Língua
Portuguesa (Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau,
Moçambique, Portugal e São Tomé e Príncipe),
promovido pelo então Presidente brasileiro José Sarney,
em São Luís do Maranhão, em novembro de 1989, o
IILP só viu a luz da sua concretização dez anos depois,
durante a VI Reunião Ordinária do Conselho de Ministros
da CPLP. Responsável por uma gestão supranacional
da língua, atua na defesa, no enriquecimento e na
difusão da língua portuguesa, enquanto veículo de
cultura, informação e como mecanismo indispensável à
obtenção de conhecimento científico, tecnológico e de
utilização oficial em fóruns internacionais.
Na perspetiva do Secretário Executivo da CPLP, muita
da importância atual do IILP reside no apoio prestado
aos ditos países observadores associados, ou seja, na
formulação de projetos que ajudem à integração dos
países que pretendam ser membros plenos da CPLP.
Embora seja indiscutível que este instrumento de alta
importância continue a ser uma “boa aposta”, Murade
Murargy mostra-se consciente das condicionantes
financeiras dos dias que correm, que atrapalham o
bom funcionamento da instituição, e aponta para a
reformulação como o caminho mais viável a seguir.
“Nesta fase em que os recursos são menores, talvez
o IILP necessite de uma reflexão – de sofrer uma
reorganização, e de se adaptar a um modelo mais
dinâmico, para que a sua força seja renovada e a sua
incisividade aumentada”, justifica.
Que motivações estão na origem da fundação da
UCCLA e que objetivos pautam a conduta desta
instituição?
A UCCLA foi criada antes da Comunidade dos Países
de Língua Portuguesa (CPLP), há 28 anos, pelo então
presidente da Câmara Municipal de Lisboa (CML), o
engenheiro Nuno Krus Abecassis. A motivação que está
na sua origem é simples: a UCCLA surge no resultado da
necessidade das cidades, na altura capitais dos países
de língua portuguesa, estreitarem relações, uma vez que
há um acervo muito grande de relações afetivas entre os
nossos povos, mas também conceções arquitetónicas
das próprias cidades e da localização das mesmas que
resultam deste encontro secular de culturas entre os
nossos povos e países. É uma organização que conta
já com 28 anos.
Os objetivos são exatamente esses de estreitarmos
relações entre as cidades, e nesse domínio há todo
Nuno Pereira da Cruz Agente Oficial
Uma aposta
União das cidades capitais de língua portuguesa
Criada a 28 de Junho de 1985, a União das Cidades Capitais de Língua Portuguesa (UCCLA) tem vindo a revelar-se essencial no
estreitamento de relações entre os países lusófonos. Uma missão que continua a orientar a conduta da instituição, como nos garantiu
Vitor Ramalho, Secretário-geral, em discurso direto para a Revista Negócios Portugal.
cultural e afetiva
8 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA
um conjunto de respostas que a UCCLA procura dar,
ao nível daquilo que são as chamadas redes temáticas
(interesses comuns das cidades), nomeadamente ao
nível da proteção civil e também no que respeita à
defesa dos centros históricos das cidades. Algumas
cidades são históricas e reconhecidas como património
mundial, como é o caso, por exemplo, da cidade Velha
de Cabo Verde, ou mesmo aquela que se encontra em
vias de apresentar uma candidatura à UNESCO, M’Banza
Kongo, em Angola. Portanto, para além destes dois
centros temáticos, há toda uma preocupação também
ao nível da própria sinistralidade. Num outro plano, há um
conjunto de ações que têm sido desenvolvidas do ponto
de vista da saúde, nomeadamente da prevenção dela,
concretamente no combate ao Dengue, onde têm sido
desenvolvidas ações muito meritórias em Moçambique e
em Cabo Verde, coroadas de êxito. No plano da cultura,
foi recentemente realizado, em Natal, o IV Encontro de
Escritores de Língua Portuguesa, integrado no Festival
Literário de Natal, onde levamos sempre muitos
escritores. Este ano, por exemplo, levámos 12 escritores
de vários países de língua portuguesa – de Angola, de
Moçambique, de Cabo Verde, e mesmo de Macau – e
também muitos portugueses, a dois dos quais (Afonso
Cruz e Nuno Camarneiro) foram recentemente atribuídos
dois prémios. Levámos, também, outros escritores de
nomeada, como o José Carlos Vasconcelos ou o
João de Melo, por exemplo, e até humoristas como o
Ricardo Araújo Pereira. Tudo isto no domínio da cultura,
para além da promoção de iniciativas culturais de outra
natureza que aqui se desenvolvem.
Paralelamente, desenvolvemos ações de formação
profissional e ações de formação dos próprios
empregadores nas cidades destinatárias dessas
necessidades, de modo a que se estabeleça todo um
conjunto de entreajuda entre as cidades em função das
prioridades que as próprias cidades determinam.
Como já foi referido, a UCCLA encontra-se a
caminho de completar o 29.º aniversário. Que
balanço pode ser feito destas quase três décadas
de trabalho?
O balanço é extremamente positivo e marcante. Timor
na sua requalificação é indissociável da existência
da UCCLA. Só para exemplificar, o Palácio do
Governo de Timor foi projetado na sua reconstrução
e requalificação através de iniciativa da UCCLA e em
concreto pelo arquiteto João Laplaine Guimarães. Os
próprios estabelecimentos de ensino de Díli e parques
desportivos para as crianças foram por nós projetados.
É uma marca que fica, como toda respeitante à cidade
da Praia onde a UCCLA deu um contributo idêntico ao
que se desenvolve aqui, em Portugal com os POLIS
(Programa de Requalificação Urbana e Valorização
Ambiental das Cidades). Mesmo os encontros de
escritores são determinantes, na medida em que são
abertas perspetivas sempre voltadas para o futuro,
permitindo que sejam criados laços de afetividade que
propiciam novos desenvolvimentos noutras paragens.
Toda a nossa atividade humana e toda a nossa atividade
COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 9
institucional ou coletiva funciona por ciclos, como é
evidente. Nós próprios o sentimos a cada passo, nas
nossas próprias vidas, que vamos encetar um novo ciclo
na UCCLA. Tenciono, a esse propósito, levar a efeito
uma homenagem àqueles jovens que, nos anos 60
do século passado, vieram estudar para Portugal e que
depois deram lugar a uma ação que acabou por levar
a uma descolonização dos territórios então colonizados
por Portugal. Jovens esses que vinham para cá estudar
porque não havia universidades nas suas terras de
origem. A Casa dos Estudantes do Império foi uma casa
criada pelo regime anterior onde esses jovens que, para
cá vinham estudar, convergiam na sua convivencialidade
e com objetivos que, a partir de determinada altura,
eram indissociáveis da noção que a sua própria terra
de origem podia ser também auto determinada. Eles
também tiveram um papel muito importante aqui, em
Portugal, e posteriormente nos territórios e países de
origem, depois libertados, como foi o caso do Amílcar
Cabral, do Agostinho Neto, do Pedro Pires, do Joaquim
Chissano. O mesmo acontece com escritores de
enorme nomeada como o Pepetela, a Alda de Espírito
Santo, o António Jacinto, entre outros. Toda essa gente
nasceu para a cultura e para a política nessa Casa dos
Estudantes do Império, e por isso tencionamos levar a
efeito, como disse, uma homenagem que acontecerá,
aliás, em cooperação com a CPLP. O senhor Secretário
Executivo já respondeu positivamente a esse propósito
que eu lhe manifestei.
No plano internacional, apostamos no estreitamento
das relações com a União das Cidades Capitais Ibero-
americanas (UCCI), o que é muito importante porque
o português e o castelhano são duas das línguas mais
faladas no ocidente, e com uma potencialidade enorme,
porque são línguas económicas e com um fator de
dinamização deste mundo global muito importante.
Nós não podemos perder isto de vista e, nesse sentido,
desloquei-me recentemente a Madrid onde participei
numa reunião de diretores da UCCI, exatamente nessa
lógica de estreitamento de relações, propiciando a
que no futuro haja uma nova base de apoio para este
domínio.
Tenciono, numa terceira vertente, reforçar a relação com
o mundo empresarial. Vamos outorgar um protocolo
com a Agência para o Investimento e Comércio Externo
de Portugal (AICEP), o que propiciará que este ramo
tão importante seja ligado à própria cultura e sejam
articuladas iniciativas entre o mundo empresarial e o
mundo cultural nas cidades que são nossas associadas.
Tudo isto envolverá, nos planos cultural e económico,
uma articulação que responderá a este novo ciclo em
que vamos entrar, num período muito difícil em que
a imaginação tem de ser fértil e cada vez mais fértil,
porque há constrangimentos de toda a natureza. Temos
que dar largas à imaginação para responder, sobretudo,
a preocupações que podem ser almofadas por verbas
que as próprias empresas sintam que lhes possam
trazer utilidade.
Concretamente, que mecanismo a UCCLA tem
à sua disposição que lhe permitam garantir o
cumprimento dos objetivos enunciados?
A UCCLA vive, fundamentalmente, das contribuições
dos associados. Mas essas verbas são naturalmente
insuficientes para o suporte de todas as ações a que
nos propomos. Fundamentalmente, os objetivos que
prosseguimos têm respostas em candidaturas que
apresentamos à União Europeia (UE) e ao Instituto
Camões, quando abertas. Para além das contribuições
próprias dos associados, a UCCLA beneficia também
de parcerias que estabelece com essas cidades e que
acabam também por mitigar um pouco as dificuldades.
A CML tem aqui também um papel determinante,
uma vez que há um conjunto muito significativo de
quadros, muito qualificados desse organismo, que estão
destacados na UCCLA, para que possamos contar com
essas pessoas em domínios que são fundamentais de
intervenção técnica. A maioria das pessoas que aqui
trabalham são, de facto, colaboradores da CML.
* Leia esta entrevista na íntegra em www.revistanegóciosportugal.com
Inicio esta entrevista perguntando-lhe, como
surge a Associação Industrial do Distrito de Aveiro
e qual o seu propósito.
A AIDA surgiu, em 1986, impulsionada por um
grupo de empresários que sentiu necessidade de
mobilizar o tecido empresarial da região no sentido
de o mesmo ganhar, junto do poder político, a força
e representatividade necessárias que lhe permitissem
reivindicar a criação de condições para o exercício da
sua atividade e a adoção de medidas que colmatassem
as necessidades sentidas pelas empresas.
Considerando o facto da região ser altamente
industrializada e dinâmica optou-se por constituir
uma associação de cariz multissetorial agregadora
dos variados setores de atividade, o que funcionou
também como forma de dar visibilidade à capacidade
empreendedora dos seus empresários.
Qual o vosso compromisso para com os vossos
associados?
O principal compromisso da AIDA sempre foi representar
os seus associados, assumindo o papel de interlocução
com os demais agentes económicos e, em simultâneo,
prestar um cada vez maior e melhor apoio às empresas,
Elisabete Rita Diretora Geral
Compromisso fiel com os
empresários aveirensesAssociação industrial do distrito de aveiro
10 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA
através de serviços relacionados com a sua atividade.
A atuação da AIDA tem sempre por base uma relação
de estreita proximidade com o tecido empresarial,
imprescindível para que a associação tenha uma noção
objetiva da realidade.
Nesse sentido, está em permanente diálogo com os
empresários, incentivando-os a dirigir-se à associação,
não só manifestando as dificuldades sentidas no dia a
dia como propondo sugestões de melhoria, o que tem
permitido manter uma especial relação de confiança no
trabalho desempenhado.
Qual a realidade da indústria e dos empresários
aveirenses atualmente? Como tem conseguido
ultrapassar as dificuldades que atravessam o
país?
O atual contexto económico é, como se sabe,
particularmente adverso para a indústria portuguesa e
os empresários aveirenses ressentem-se, naturalmente.
O tecido empresarial da região é, tal como no resto
do país, constituído por uma grande percentagem de
micro e pequenas empresas que, na sua maioria, estão
dimensionadas para atuar no mercado interno que está
claramente esgotado.
A esta circunstância acrescem problemas como a
complexidade do sistema fiscal, morosidade da justiça
e elevados custos da energia que em nada facilitam a
vida das empresas.
Felizmente, os empresários da região têm dado provas
da sua obstinação e resiliência. A aposta, a que se tem
vindo a assistir, na reestruturação e recapitalização das
empresas e na criação de valor pela diferenciação tem
sido decisiva para as empresas da região que, apesar
dos obstáculos, estão a conseguir afirmar-se nos
mercados externos.
Quais os serviços disponibilizados aos vossos
associados?
A AIDA tem vindo, aos longo dos anos, a alargar o leque
de serviços prestados adequando a sua estrutura e
equipa técnica às necessidades das empresas.
De entre esses serviços destacam-se a prestação
de informações sobre os Sistemas de Incentivo
em vigor, o apoio na elaboração de candidaturas, o
acompanhamento de processos de licenciamento
industrial e gestão da qualidade, formação profissional,
consultoria jurídica, consultoria técnica e económica,
promoção de seminários especializados e workshops.
A internacionalização, nomeadamente da vertente
das exportações, é uma das áreas na qual a AIDA se
especializou, tendo em vista a prospeção de novos
mercados e a potenciação de oportunidades de
negócios. De referir que a associação realiza anualmente
uma em média dez missões empresariais, que se têm
revelado extremamente profícuas.
A título de exemplo note-se que todas as empresas
que, em 1991, participaram na 1.ª missão empresarial
organizada pela AIDA, e que teve Angola como destino,
mantêm atualmente relações comerciais com aquele
país.
A preparação de missões de importadores é outra
vertente da internacionalização à qual a AIDA se
encontra a dar ênfase.
Subjacente a este trabalho, está a auscultação das
empresas sobre os mercados alvo preferenciais e o
estudo daqueles que, pelas suas características, lhes
possam oferecer oportunidades de negócio.
Essencial é, também, o trabalho de acompanhamento
dado pela AIDA aos processos de internacionalização
COMUNIDADES DE LÍNGUA PORTUGUESA | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 11
uma vez que, como se sabe, trata-se de algo moroso e
que exige, em regra, reforço dos contactos.
Ao nível do associativismo empresarial, a AIDA promove
iniciativas através das quais procura incrementar a
proximidade entre os empresários da região e restantes
players nacionais, dos quais são exemplos o Fórum
Empresarial da Região de Aveiro (que conta já com
três edições) e a recente constituição do CER- Aveiro –
Conselho Empresarial da Região de Aveiro.
Falemos do SIGAME. Qual o seu propósito e
objetivo?
Este projeto, que é promovido pela AIDA em parceria
com a ANEME, tem como principal objetivo estreitar
as relações entre os empresários portugueses e a
Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)
designadamente Angola, Cabo Verde, Moçambique, S.
Tomé e Príncipe e Brasil (estado do Ceará).
No seu âmbito foram já criadas redes de suporte de
apoio à cooperação empresarial (uma por país),
constituídas por várias entidades governamentais e
associativas, tendo em vista promover, apoiar e incentivar
as empresas a integrar mecanismos de cooperação
interempresarial, assim facilitando o estabelecimento
de relações comerciais entre os países de língua oficial
portuguesa (PALOP).
O SIGAME coloca ao dispor das empresas serviços
como o acesso a concursos públicos e oportunidades
de negócios, simulações de proximidade a clientes
e fornecedores, ferramentas de autodiagnóstico de
cooperação e de internacionalização.
Este projeto está suportado num Sistema de Informação
Georreferenciada, que permite interligar toda a
informação e dados relativos às empresas e território
onde estão inseridas.
Como tem corrido esta aposta?
Os trabalhos têm decorrido de forma muito positiva,
havendo um elevado interesse por parte dos diferentes
países parceiros e respetivas empresas, sendo cada vez
maior o número de manifestações de interesse para
integrar a plataforma.
Entre julho e outubro, a AIDA e a ANEME promoveram
sessões internacionais nos diferentes países, que
visaram dar a conhecer o projeto e suas potencialidades,
bem como validar, junto dos parceiros internacionais e
empresas presentes, as funcionalidades da plataforma e
suas virtualidades.
Esta plataforma foi reconhecida por todos como uma
excelente ferramenta para dinamizar as trocas comerciais
entre os vários países e explorar conjuntamente novas
oportunidades de negócio.
Que projetos futuros estão na carteira da AIDA?
A AIDA prepara o futuro em duas frentes, uma que
passa pela consolidação dos resultados do trabalho
desenvolvido até ao momento e outra que passa pelo
reforço da sua representatividade, capacidade de lobbie
e pela implementação de novos projetos.
Entre esses projetos podemos destacar o INTEX –
Internacionalizar para Exportar, o IREAM AVEIRO II, o
B2G- Business Intelligente para o Mercado Alemão,
o GLOBAL PME - que promovem a competitividade
internacional das empresas, o aumento das exportações
e a diversificação de mercados, este último também em
colaboração com a ANEME.
O incentivo ao empreendedorismo e inovação será
efetuado através do EMPREENDER+ e ao nível da
eficiência energética e ambiente o +SUSTENTABILIDADE
+COMPETITIVIDADE e o C MARKET, a desenvolver em
parceria com a ANEME.
De forma a reforçar a participação de empresas
portuguesas em candidaturas de cooperação
internacional europeias (7.º PQ I&DT – Cooperação e
Capacidades), a AIDA continuará a dinamizar os projetos
HORIZON20VIEW, ProPOR e GetFP7.
Será igualmente promovido, com parceiros europeus,
o projecto METAL-INNOVA que tem como objetivo
promover a inovação e a constituição de redes estáveis
de cooperação em matéria tecnológica, focalizando-se
no setor da metalurgia.
Sessões internacionais para a divulgação do projeto SIGAME
Ricardo Lopes Ferro Diretor
Explique-nos qual o papel, objetivo e missão da
Bureau Veritas.
O Bureau Veritas, fundado em 1828, é um grupo
internacional que atua nos domínios de avaliação
de conformidade e de certificação aplicados às
áreas da Qualidade, Ambiente, Saúde e Segurança e
Responsabilidade Social.
As atividades do grupo consistem em inspecionar, testar,
auditar ou certificar, produtos, ativos (infraestruturas
Líder mundial na avaliação de conformidade e
certificaçãoBureau veritas
Líder mundial na avaliação de conformidade e certificação, são um parceiro de confiança para os seus clientes, oferecendo serviços
e desenvolvendo soluções inovadoras para reduzir o risco, melhorar o desempenho e promover o desenvolvimento sustentável.
12 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | INTERNACIONALIZAÇÃO
industriais, equipamentos, navios e edifícios, etc..) e
sistemas de gestão, nomeadamente Normas ISO, em
conformidade com referenciais regulamentares ou
voluntários.
Cada um das 8 linhas de negócio – Marinha; Indústria;
Inspeção e Verificação em Serviço; Saúde, Segurança
e Ambiente; Construção; Certificação; Produtos de
Consumo e Comércio Internacional – estão relacionados
com um leque específico de necessidades. Cada uma
oferece um portfolio de serviços dirigidos nos domínios
da gestão de activos, certificação, classificação,
consultoria técnica, inspeção e auditoria, ensaios
e formação, desenvolvidas para solucionar as suas
necessidades.
Quais os vossos principais valores?
Os valores estão presentes, desde 1828, no simbolo da
nossa organização.
São líderes mundiais na avaliação de conformidade
e certificação. Como se alcança este estatuto?
Somos uma empresa que desde a origem, 1818, se
posicionou como entidade independente e ao longo
dos ano soube manter essa independência, aliada
a um enorme rigor técnico suportado por um quadro
de pessoal altamente qualificado e experiente que
tem crescido sempre de forma sustentável, permitindo
aos novos colaboradores apreenderem a cultura e
procedimentos da nossa Organização.
Atualmente, o Bureau Veritas está presente em 140
países, com cerca de 60 mil colaboradores, através da
sua rede de mais de 1330 escritórios e laboratórios
servem mais de 400 mil clientes a nível mundial.
O que vos diferencia das restantes empresas da
área?
O forte compromisso de, apesar de sermos uma
multinacional, atuarmos localmente tendo em conta as
necessidades de cada país e do seu tecido empresarial,
investindo fortemente na capacitação local ao nível de
pessoas e equipamentos.
INTERNACIONALIZAÇÃO | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 13
Em Portugal, nenhuma outra empresa multinacional
nossa concorrente investiu tanto na respetiva
capacitação local. Nos últimos 10 anos investimos
cerca de 10 milhões de euros e somos hoje mais de
250 colaboradores em Portugal com seis escritórios
e quatro laboratórios, que contrasta com os cerca 50
colaboradores e dois escritórios no final de 2002.
A atuação do Bureau Veritas fruto da globalização dos
negócios e a presença internacional dos vários parceiros,
obrigaram ao desenvolvimento de metodologias de
avaliação e controlo de fornecedores consistentes e
harmonizados, independentemente da parte do globo
aonde as mesmas sejam produzidas e a sua verificação
por parte de empresas como o Bureau Veritas tornou-se
incontornável.
Neste contexto, o Bureau Veritas auxilia as organizações
nacionais nos seus processos de internacionalização, de
melhoria da eficiência dos seus processos produtivos,
quer no auxílio à construção de um desempenho de
qualidade junto do cliente.
Atuam nas mais diversas áreas, nomeadamente
qualidade, segurança, proteção ambiental e
responsabilidade social. É um leque bastante
vasto… Que serviços disponibilizam?
A missão do Bureau Veritas consiste em inspecionar,
verificar e certificar bens, assim como, projetos, produtos
ou sistemas, de acordo com referenciais internos ou
externos, de forma a emitir um relatório de conformidade.
Dentro desta missão, estamos divididos em oito áreas
de negócio, sendo as áreas com maior expressão
em termos de volume de negócio a área de indústria
e inspecções e verificação em serviço com as
atividades de verificações de conformidade mandatória
a equipamentos e instalações industriais ou por
especificação do cliente, revisão de projetos, inspeção
na oficina (empreiteiro), inspeção da obra (estaleiro),
gestão de ativos, qualificação de pessoas, certificação
de equipamentos industriais e ensaios (ex. ensaios não
destrutivos).
Relativamente à Inspecção e Verificação em Serviço (IVS)
executamos inspeções periódicas de equipamentos e
instalações de acordo com regulamentos mandatórios
ou especificações do cliente e dispomos também de
serviços aplicados a instalações elétricas, sistemas de
segurança contra incêndio, equipamentos sob pressão e
de elevação e máquinas.
A terceira área em termos de faturação e número de
colaboradores é o Comércio Internacional representado
por serviços de Governo, tais como, inspeções pré e
pós-embarque, raio-x, verificação de conformidade de
bens importados e ainda verificação da conformidade
do produto em termos de construção e quantidade,
inspeção e controlo de mercadorias para importação e
exportação.
A área com maior exposição e notoriedade é a
Certificação, que atua na certificação de sistemas de
gestão, processos, produtos/serviços e pessoas nas
áreas da qualidade, saúde e segurança, ambiente e
responsabilidade social e auditorias de segunda parte
baseadas em especificações de clientes ou referenciais
desenvolvidos pelo BUREAU VERITAS Certification.
Na Construção, atuamos de forma a responder de forma
exaustiva a todas as exigências regulamentadas do setor
da construção, assim como, a todas as necessidades
de assessoria técnica. Operamos no controlo técnico
de qualidade, controlo técnico de caixilharia, gestão
do projeto, auditorias e peritagens, apoio técnico à
gestão do património, segurança durante a execução
da obra (coordenação de segurança e proteção da
saúde em obra, planos de prevenção e verificação de
conformidade durante a obra) e por último na assessoria
técnica na construção nas áreas da Qualidade, Ambiente
e Segurança.
No que diz respeito à Saúde, Segurança e Ambiente
(HSE) executamos inspecções, auditorias e medições
nas áreas de ambiente, saúde e segurança e
oferecemos assistência técnica para apoiar as
organizações a definirem estratégias para a gestão de
HSE, nomeadamente: Auditorias de aquisição “Due
Dilligence”, Prevenção de Riscos Laborais, Conselheiros
de Segurança, Avaliações de Conformidade Legal,
Planos Estratégicos, Planos de Gestão de Resíduos,
Estudos de Impacte Ambiental, Levantamentos
Ambientais e de Segurança, Avaliação de risco geral,
Avaliação de risco de incêndio, Planos de emergência e
de evacuação, Outsourcing Técnico.
Por último, refiro a atividade histórica do Bureau Veritas,
a Marinha com a classificação de Navios, certificação
de equipamentos, assessoria técnica e serviços de
outsourcing.
De forma transversal, somos entidade formadora em
todos os domínios e especialidades onde atuamos
tecnicamente.
A vossa aposta passa, essencialmente, pela
inovação. Esta é a vossa mais valia?
A possibilidade de trazer as mais inovadoras tecnicas,
metodologias e equipamentos, quando aplicável, na
verificação de conformidade, em sentido lato, é uma
mais valia que nós e as empresas nossas clientes têm
ao seu dispor para se colocarem nos lugares cimeiros
de qualidade e exigência a nível mundial nos respetivos
mercados.
Temos que fazer um esforço conjunto para por um
lado comunicar melhor e por outros que a sua adoção
seja mais generalizada. Este é um ponto de enorme
importância em que nós e os nossos clientes teremos
que dedicar mais atenção.
Nesta edição falamos de internacionalização
e da importância da certificação para a
internacionalização das empresas. Nota que
esta certificação torna mais fácil a entrada das
empresas portuguesas no mercado exterior?
A certificação permite evidenciar ao mercado, parceiros
e potenciais clientes que a empresa desenvolveu e
implementou um sistema de gestão com metodologias
de avaliação e controlo consistentes e harmonizados,
que garantem os cumprimentos legais. A certificação por
parte de um organismo internacional como o Bureau
Veritas Certification fornece um instrumento que garante
uma cadeia de fornecimento sólida e consistente com o
desiderato de estabelecimento de relações de parceria
que todos, de uma forma geral, pretendem.
E o futuro, como se avizinha?
O futuro para uma empresa como o Bureau Veritas
prevê-se, apesar de alguma reserva, otimista. Nós
estamos com as empresas que se internacionalizam,
com as que apostam na qualidade dos seus produtos
e na eficiência ambiental e para estas o mercado é
cada vez mais global e empresas como o Bureau
Veritas são naturalmente um parceiro incontornável para
esse futuro. Por isso, acredito que a transformação de
Portugal num país com maior peso exportador será
bom para o país e para o Bureau Veritas. Naturalmente
que o mercado nacional é para nós muito importante
e estamos a sofrer com este ajustamento, mas juntos
com as empresas nossas clientes estamos certos que
na medida nas nossas atividades vamos suportá-las
e auxiliá-las para serem mais eficientes e que o seu
bom desempenho e produtos sejam cada vez mais
reconhecidos internacionalmente.
14 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | MEDIAÇÃO
A mediaçãoLaranjeiro dos santos e associados
A mediação de conflitos é um meio alternativo
de resolução de conflitos, que de acordo com a
informação disponível no vosso sítio da internet,
privilegiam em todas as demandas que lhes são
confiadas. Porquê esta estratégia?
A primeira abordagem à Justiça (ou a um advogado)
é, regra geral, um recurso de última instância, as
pessoas preferem “automedicar-se” e apenas quando
já nenhum “receituário caseiro” parece fazer efeito
procuram um profissional do foro. A experiência diz-
nos que um dos motivos (senão o principal) deste
comportamento é a morosidade e complexidade do
sistema judicial. A mediação, enquanto mecanismo
alternativo é extremamente célere e simples, é por isso
uma excelente solução para um cliente que quer ver o
seu assunto resolvido em prazo relativamente curto e
de forma simples.
Nos Estados Unidos da América, no fim dos anos
60, surgiu a ideia do tribunal multiportas, em que os
cidadãos teriam ao seu dispor diversos serviços de
resolução de litígios, como a mediação, a conciliação,
a arbitragem – esta proposta atraiu várias pessoas, uns
que procuravam a solução para a falta de eficiência da
justiça, outros, acérrimos críticos do direito, buscavam
alternativas à resolução de litígios.
É neste contexto, de crítica e de crise do Direito, que
damos a conhecer a mediação ao cliente, como uma
das soluções possíveis.
Quais as diferenças e vantagens da mediação
de conflitos em relação a um processo normal,
digamos assim?
O princípio e fundamento da mediação é o empowerment,
i.e. o pleno domínio do processo pelas partes, num
processo judicial o domínio do processo compete ao
juiz, estando a parte numa posição subalternizada e
espartilhada pelos comandos processuais que permitem
(ou não) a sua intervenção e audição. Por exemplo, até
à reforma de setembro de 2013, em processo civil, as
partes apenas poderiam depor em Tribunal (i.e. serem
ouvidas de viva voz perante o juiz) para confessar factos
que lhes fossem desfavoráveis (depoimento de parte),
já se quisessem contar a sua versão dos factos estavam
impedidas de o fazer.
Na mediação são as partes e não um terceiro, que
controlam os procedimentos, desde o início até ao fim
do processo.
A grande vantagem da mediação é que assenta no
princípio “ganha-ganha” e não “ganha-perde”, ou seja,
a solução alcançada terá de satisfazer ambas as partes
em litígio. Acresce que é menos dispendiosa que um
processo judicial, mais célere e sigilosa.
Em nossa opinião, a mediação permite a preservar o
relacionamento entre as partes, por exemplo, no caso da
empresa X se o cliente Y tem uma dívida para com ela,
terão todo o interesse em resolver o assunto de forma
célere, sigilosa e de preferência extrajudicialmente, de
forma a preservar as relações comerciais, o mesmo
se passa com a situação empresa/fornecedor: pode
ter acontecido um problema com um fornecimento,
mas não é desejável que aquela situação contamine
toda a relação já estabelecida entre as partes – como
sabemos o recurso à via judicial a maioria das vezes
dificulta que assim seja.
Tem notado um aumento da mediação de
conflitos? Na sua opinião de profissional, o que
justifica essa realidade?
Os sistemas de mediação pública têm-se desenvolvido
de forma gradual em Portugal, iniciando-se com os
Julgados de Paz, seguiu-se em 2006 o sistema de
mediação laboral e, por último, em 2007, o sistema
de mediação penal e o alargamento do sistema de
mediação familiar a todo o território nacional (antes
apenas existia em Lisboa).
A diversificação das áreas de atuação da mediação
muito contribuiu para o aumento do número de casos
que recorrem à mediação. De igual forma a publicidade
do “boca a boca” é crescente. Conheço inúmeros casos
de pessoas que recorreram à mediação porque tinham
amigos ou familiares que já o tinham feito e solucionado
de forma muito satisfatória os seus problemas.
Acredita que a mediação de conflitos vai
continuar a merecer a preferência dos
portugueses?
Sim, sem dúvida, a recente reforma do processo civil,
com o desenvolvimento da conciliação é um reflexo
das intenções do legislador nesta área, cabe ao
cidadão (des)acreditá-la, mas estamos convictos que a
mediação já provou que é uma aposta segura e que
permite afirmar a Justiça!
Sandra Laranjeiro dos SantosAdvogada e Mediadora de conflitos
INTERNACIONALIZAÇÃO | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 15
Rigor e especializaçãolegal link | Cavaleiro e Associados
A LEGAL LINK | CAVALEIRO & ASSOCIADOS é uma “boutique jurídica” que pugna por um aconselhamento rigoroso e especializado.
O projeto nasceu de advogados oriundos das melhores estruturas em Portugal, conferindo agora a mesma expertise jurídica com
total focalização no cliente.
João Quintela CavaleiroManaging partner
Nesta edição em particular falamos da aposta na
exportação de serviços jurídicos. Esta é já uma
realidade presente na Legal Link?
A LEGAL LINK |CAVALEIRO & ASSOCIADOS conta
com uma intensa atividade na assessoria a empresas
numa advocacia de negócios, com incidência no
suporte à decisão das Administrações, bem como
na internacionalização e captação de investimento
estrangeiro. Assessoramos cada vez mais os nossos
clientes nos seus processos de internacionalização e,
como consequência desse crescimento, abrimos em
2012 em Paris, em associação com uma “boutique
jurídica” francesa.
Uma das vossas áreas de atuação passa pelo
Direito Internacional. Que serviços prestam nesta
área específica?
O acompanhamento de projetos internacionais é
transversal a várias áreas, impõe aos nossos advogados
capacidade de diálogo multidisciplinar. Serviços
jurídicos como a celebração de contratos internacionais,
assessoria de investimento estrangeiro em Portugal,
assessoria de empresas portuguesas e investidores
nacionais no estrangeiro, serviços de representação
legal, interações com Bancos e organismos públicos
são alguns dos mais frequentes.
A prestação de serviços jurídicos internacionais
deve assentar num bom entendimento técnico, com
conhecimentos locais – entre advogados, entidades
públicas e privadas - e experiência em operações
anteriores.
É também por aqui que passa esta exportação de
serviços?
O sucesso dos projetos que temos acompanhado
motivou-nos para reforçar ainda mais esta área.
O conhecimento das necessidades das empresas
portuguesas e dos mercados tem facilitado o trabalho.
A exportação de serviços jurídicos continuará a crescer
se a qualidade oferecida corresponder às necessidades.
A presença do advogado no seio de transações
internacionais é um sinal de segurança. Estamos, por
isso confiantes, pois conhecendo a qualidade dos
nossos advogados, a exportação dos nossos serviços
jurídicos continuará a crescer. O acompanhamento
sempre presencial dos nossos clientes além fronteiras
tem sido uma das chaves de sucesso.
Como funciona? A Legal Link | Cavaleiro &
Associados trabalha com empresas portuguesas
que querem ir além-fronteiras, com empresas
estrangeiras que se querem implementar em
Portugal ou ambos?
Temos assistido ambos os casos. Assistimos muitas
empresas portuguesas que expandem a sua atividade
para mercados estrangeiros, como o mercado Francês
e o mercado Alemão, assim como os mercados
emergentes da América do Sul (Brasil e outros),
Moçambique, Angola e outros países do Norte de
África. Mas também temos sido procurados por clientes
internacionais - europeus e não só - que procuram as
oportunidades de investimento oferecidas pelo país no
momento atual, sendo que uma grande parte da nossa
atividade se centra na assessoria a multinacionais.
É mais frequente esta procura de serviços?
Esta procura de serviços tem vindo a aumentar desde o
início da sociedade. Se por um lado sentimos um forte
crescimento por parte dos nossos clientes nacionais em
processos de internacionalização, por outro lado temos
sido procurados por empresas e mesmo investidores
estrangeiros que sentem, que no momento atual,
há uma oportunidade de investimento a condições
vantajosas no mercado português. Estamos a reforçar
a aposta para 2014.
Por onde passa o futuro da Legal Link | Cavaleiro
& Associados?
O futuro da Legal Link | Cavaleiro & Associados passa
por dar continuidade ao que tem sido feito desde o início
da sociedade. O conceito de boutique faz parte da nossa
estratégia e é uma escolha consciente. A atenção dada
ao cliente, estudo profundo e especializado dos dossiers,
assim como a proximidade e disponibilidade dos sócios,
são alguns dos pilares sobre os quais erguemos o
nosso crescimento. Mas será sempre um crescimento
orgânico e ponderado, pois não queremos perder o
cariz de sociedade especializada, que conhece cada
pormenor de quem assessora, num trabalho de valor
acrescentado.
VIHfertilidade
medicina nucleare mais saúde!
Em termos estatísticos, no que concerne à esperança média de vida, a taxas de natalidade e mortalidade, e na
generalização daquilo que entendemos como cuidados de saúde, temos caminhado ao mesmo passo da maioria
dos países desenvolvidos.
Consequentemente, há um aumento da longevidade que se traduz no aumento da esperança média de vida tanto
por altura do nascimento como ao longo da vida, e que se deve essencialmente aos avanços vários campos
da investigação científica, na melhoria progressiva dos cuidados de saúdes disponibilizados e pelos apoios e
incentivos de que auferem os cidadãos seniores, que lhes suportam e garantem a sua integração em comunidade. O
envelhecimento da população, por sua vez, tem origem na diminuição de nascimentos que se prendem a questões
de índole económica e à protelação da primeira gravidez em prole da carreira ou da obtenção de condições mais
favoráveis à constituição da família.
No que respeita à mortalidade, os cancros malignos, as doenças cerebrovasculares e as doenças isquémicas do
coração constituem as causas de mortalidade mais comuns em Portugal. Na base destas doenças encontram-se,
muitas das vezes, a relutância da maioria da população portuguesa em adotar um estilo de vida saudável. Ainda como
preocupações a não a descurar, encontram-se a diabetes e a obesidade.
Com o passar dos anos, os gastos em medicamentos têm acrescido, o que leva a que cada vez mais sejam
considerados os medicamentos genéricos e que o estigma inicial causado pela introdução desta alternativa no
mercado seja posto de parte.
Fonte: saude.sapo.pt
16 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | SAÚDE
ViiV HealthcareA ViiV Healthcare é uma companhia global especializada em VIH/SIDA, criada pela GlaxoSmithKline e Pfizer em Novembro de 2009, empenhada no desenvolvimento de novos medicamentos e na assistência às pessoas que vivem infetadas pelo VIH/SIDA.VIH - Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH)
VIIVHIV HEALTHCARE, Unipessoal Lda - R. Dr. António Loureiro Borges nº 3 Arquiparque-Miraflores - 1495-131 Algés Portugal Telef. 210940801 Fax. 210940901 NIF: 509117961Para mais informações fale com o seu médico. PR
T/IN
S/00
07/1
2(1)
VA
L:11
/201
4
ViiV HealthcareA ViiV Healthcare é uma companhia global especializada em VIH/SIDA, criada pela GlaxoSmithKline e Pfizer em Novembro de 2009, empenhada no desenvolvimento de novos medicamentos e na assistência às pessoas que vivem infetadas pelo VIH/SIDA.VIH - Vírus de Imunodeficiência Humana (VIH)
VIIVHIV HEALTHCARE, Unipessoal Lda - R. Dr. António Loureiro Borges nº 3 Arquiparque-Miraflores - 1495-131 Algés Portugal Telef. 210940801 Fax. 210940901 NIF: 509117961Para mais informações fale com o seu médico. PR
T/IN
S/00
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grupo português de ativistas sobre tratamentos de vih/sida
Comecemos por fazer uma breve apresentação do
GAT e a sua principal missão.
O GAT – Grupo Português de Activistas sobre
Tratamentos de VIH/SIDA – Pedro Santos é uma IPSS
formalmente constituída em 2003 que junta pessoas
que vivem ou afetadas pelo VIH. O GAT tem como
missão promover o acesso à prevenção, diagnóstico
e tratamentos de qualidade para todos. Este trabalho é
baseado no conhecimento e na promoção dos direitos
humanos e participação plena das pessoas e grupos
mais vulneráveis à infeção pelo VIH.
Os portugueses estão conscientes do que é o VIH
Sida?
Os portugueses ouviram falar do VIH/SIDA mas na nossa
opinião não conhecem a dimensão enorme da epidemia
em Portugal. Continuam a ter preconceitos sobre formas
de transmissão. O estigma e a discriminação, incluindo
o auto-estigma, continuam, o que explica porque tão
poucas pessoas vivem publicamente com a infeção.
Como tem evoluído a doença no nosso país?
Portugal continua a ser um dos países com uma das
taxas mais altas de novos diagnósticos. A mortalidade
tem diminuído mas muito menos rapidamente do que
nos outros países da Europa Ocidental. O diagnóstico
em mais de 60 por cento das pessoas é feito muito
tardiamente. É uma doença que pode atingir qualquer
pessoa mas que continua concentrada em grupos
específicos mais vulneráveis como pessoas nas prisões,
o acesso à prevenção18 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | SAÚDE
indocumentados, pessoas envolvidas em sexo comercial,
utilizadores de drogas, as mulheres transexuais e os
HSH (Homens que têm Sexo com Homens).
E no que diz respeitos às entidades competentes?
Sente que estas têm desempenhado o seu papel no
que concerne à prevenção e até desmistificação?
Na nossa opinião as entidades competentes têm tido
recursos humanos, técnicos e financeiros insuficientes
para uma prevenção à altura da dimensão da epidemia.
Note-se que o Estado português investe em medicação
mais de 200 milhões de euros/ano e o investimento
direto em prevenção tem sido inferior a 5 milhões de
euros/ano.
Ainda há muito para fazer neste âmbito…
Cremos que se pode dizer que se sabe o que deve
ser feito, como e com quem. No entanto, isso exige
recursos, sustentabilidade e monitorização da qualidade
e dimensão das respostas, que trabalhamos para que
venham a existir mas que temos de reconhecer ainda
não existem na qualidade e dimensão necessárias.
Os novos medicamentos, com avaliação prévia já
aprovada pelo INFARMED, estão disponíveis nos
hospitais?
Os novos medicamentos para o VIH e patologias
associadas, regra geral, demoram entre 18 meses a dois
anos entre a aprovação central Europeia e a aprovação
no INFARMED. Depois devem ainda passar pela inclusão
nas normas de orientação clínica, formulário hospitalar
e comissões hospitalares ou seja, geralmente estes
medicamentos chegam (quando chegam) aos doentes
em Portugal cerca de três anos depois.
Estás assegurada a equidade no acesso a estes
medicamentos em todo o SNS?
Na nossa perspetiva não está assegurada a equidade,
dado que pessoas em situações de saúde semelhantes
não têm o mesmo tipo de acesso nos diferentes centros.
O trabalho do GAT é também a favor da equidade e da
sustentabilidade do SNS.
Falemos de alguns projectos específicos do GAT. O
que têm feito junto das populações?
O GAT trabalha no acesso à literacia em saúde das
pessoas que vivem com VIH o que implica acesso a
formação e informação de qualidade. O GAT procura
aumentar a capacidade de ativismo, advocacia e
participação da comunidade, para políticas de saúde
baseadas na evidência. O GAT tem ainda projetos na área
da prevenção e rastreio em contextos comunitários para
as populações mais vulneráveis de que são exemplo o
CheckpointLX, o In-Mouraria PUD, In-Mouraria TS e o
In-Mouraria Migrantes. É parceiro fundador do Centro
Anti-Discriminação VIH/SIDA e trabalha em parceria
com organizações comunitárias e da sociedade civil
e instituições nacionais e europeias como o IHMT, O
ISPUP, INSA, IPO, ECDC, OMS e ONUSIDA entre outras.
SAÚDE | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 19
Como correu a A III ConferênciaVIH Portugal?
A III Conferência do VIH Portugal cujo tema foi Zero novas
infeções, Zero casos de discriminação e Zero mortes
por sida, foi secretariada pelo GAT e contribuiu, cremos,
para o trabalho em conjunto dos vários stakhoklders e
para colocar na agenda política, científica, do Sistema
de Saúde, as prioridades para o controlo da epidemia.
“Zero casos de discriminação”…. É possível?
Zero casos de discriminação é para onde temos de
caminhar.
Por onde passa o futuro do GAT?
A sustentabilidade do GAT, bem como de muitas outras
ONG nesta área, está em risco pela redução cega de
apoios estatais. Temos trabalhado com algum sucesso
para diversificar internacionalmente os apoios ao GAT
e ao nosso trabalho mas a continuação da política de
financiamento zero em conjunto com a situação de
crise económica e social vai levar a que os indicadores
de saúde nesta área piorem rapidamente com custos
elevados para todos.
“liga-te a nós”Liga portuguesa contra a sida
Para que possamos contextualizar os nossos
leitores, pedia-lhe que começássemos esta
entrevista por fazer uma breve apresentação da
LPCS e a sua principal missão.
A LPCS fundada em 1990, é uma IPSS sem fins
lucrativos, reconhecida como de utilidade pública e
como ONGD pelo IPAD, sendo, actualmente, a mais
antiga associação a actuar na área do VIH/SIDA.
Tem como principais objectivos o apoio às pessoas
infectadas e afectadas pelo VIH/SIDA e outras patologias
infecciosas e a promoção e educação para a saúde.
Os portugueses estão conscientes do que é o VIH
Sida?
Portugal continua a apresentar elevada incidência de
casos de infecção por VIH e de Sida. A situação do país
continua a ser preocupante. De facto, a nossa actuação
permite-nos perceber que embora muitas pessoas
estejam informadas sobre a infecção e conheçam
as suas formas de transmissão, continuam a ter
comportamentos sexuais de risco. Ou seja, informação
e conhecimento são necessários, mas por si só, são
insuficientes para mudar comportamentos. Continuam
a persistir muitos obstáculos quanto à utilização
consistente do preservativo e dificuldade em negociar
práticas sexuais mais seguras, quer devido à baixa
percepção de vulnerabilidade quer à subvalorização do
risco de contrair o VIH/SIDA.
É importante referir que o portador de VIH não
sofre apenas da infecção em si, certo? Há
outros problemas associados, como a solidão,
a marginalidade… Fale-nos um pouco desta
realidade subjacente…
Um diagnóstico positivo tem um grande impacto na
vida das pessoas, podendo, muitas vezes, conduzir a
sensações de incerteza e instabilidade. Não é apenas a
sua condição de saúde que se altera, com a necessidade
de apoio médico regular e tratamento contínuo, há
20 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | SAÚDE
Maria Eugénia Saraiva Presidente
também fortes implicações no âmbito relacional e social,
afectando as relações interpessoais e toda a dinâmica
social em que se insere. As pessoas que vivem com o
VIH continuam a ter de se confrontar com o estigma e
a recear a discriminação, a rejeição e a possibilidade de
virem a ser marginalizadas, o que conduz muitas vezes
ao isolamento.
E no que diz respeito às entidades competentes?
Sente que estas têm desempenhado o seu papel no
que concerne à prevenção e até desmistificação?
O Programa Nacional para a Infecção VIH/SIDA
constitui um dos programas prioritários da DGS. No
actual Programa, o desenvolvimento de estratégias
de prevenção e diagnóstico precoce, nomeadamente
nas populações mais vulneráveis, assume um carácter
prioritário. No entanto, a actual conjuntura económica
do país, com repercussões no poder de decisão e
autonomia financeira da direcção do Programa, a
escassez de recursos humanos, não tem sido favorável
a que mais e melhor se consiga fazer. O exemplo da
não abertura de candidaturas para novos projectos das
ONG desde 2011, é realmente uma preocupação de
todas as instituições, uma vez que reforçará o papel
das estruturas de base comunitárias e fortalecerá os
programas de prevenção, de diagnóstico precoce e
de luta contra o estigma e a discriminação. Queremos
acreditar que todos juntos contribuiremos para o lema
da UNAIDS - Zero novas infecções, Zero casos de
Discriminação e Zero mortes por SIDA.
Ainda há muito para fazer neste âmbito…
Sim, há ainda muito a fazer ao nível da prevenção. São
necessários mais programas de prevenção dirigidos a
populações específicas, com mensagens preventivas
adequadas. É preciso informar mais, mudar crenças,
influenciar atitudes, promover competências, envolver
pares, envolver a comunidade, envolver as pessoas
que vivem com o VIH. É importante promover a
responsabilidade nas escolhas e decisões sexuais.
Capacitar os técnicos e profissionais de saúde para
a importância da prevenção e diagnóstico precoce.
Generalizar o acesso aos testes de rastreio, não só do
VIH, como também de outras IST. Acabar com o vírus
social associado à infecção.
Disponibilizam vários serviços aos doentes que
a vocês recorrem. Pode elucidar-nos um pouco
sobre os mesmos?
A LPCS, desde a sua fundação, tem mantido e
desenvolvido um conjunto de acções numa perspectiva
de apoio integrado, procurando abranger áreas de
intervenção prioritárias nas diferentes problemáticas
relacionadas com o VIH/SIDA. Nestas acções incluem-
se sessões de prevenção e (in)formação, bancas de
prevenção e sensibilização, a Linha SOS SIDA 800 10
20 40, confidencial, anónima e gratuita, a funcionar
todos os dias das 17h30 às 21h30 e apoios técnicos
especializados (psicológico, social, jurídico, nutricional
e grupos de inter-ajuda). Todas as actividades são
disponibilizadas de forma gratuita e confidencial aos
utentes.
Quais os que nota terem mais procura? Porquê?
No contexto dos centros de atendimento e apoio
integrado, Espaço Liga-te, em Lisboa e Cuidar de Nós,
em Odivelas, são os apoios psicológico e social os
que têm maior procura por parte dos nossos utentes.
Atendendo ao impacto do diagnóstico de infecção por
VIH, em que é comum a vivência de choque emocional
e perturbação psicológica intensa, muitos dos nossos
utentes, procuram apoio a nível psicológico, que irá,
não só, fornecer suporte emocional, como também,
promover recursos internos que conduzam à integração
do diagnóstico, reforçando sentimentos de controlo
e esperança. O apoio social é muitas vezes solicitado
para obtenção de esclarecimentos e informação sobre
inserção social, direitos e benefícios sociais, bem como,
pedidos relacionados com bens de primeira necessidade
como alimentos, produtos de higiene e artigos para o lar,
em grande medida devido às dificuldades causadas pela
actual conjuntura socioeconómica. O acompanhamento
dos utentes aos hospitais, para consultas e apos
realizarem os rastreios ao VIH, Hepatites Víricas e a outras
IST, na Unidade Móvel de Rastreios “Saúde+Perto” da
LPCS, tem igualmente sido bastante solicitado.
Por onde passa o futuro da LPCS?
O futuro da LPCS passará, certamente, por manter o
compromisso na concretização dos seus objectivos,
em conformidade com as orientações e estratégias
nacionais e internacionais. É nossa intenção continuar
a contribuir para que um número cada vez maior
de pessoas conheça o seu estatuto serológico e
tenha acesso a prevenção, cuidados de saúde e
tratamento mais atempado, procurando inovar, com
respostas cada vez mais adequadas e fundamentadas
em evidência científica, indo ao encontro das
necessidades de populações específicas. Mas para
assegurar a continuidade dos serviços e actividades
que desenvolvemos e a sustentabilidade da LPCS,
precisamos da solidariedade de todos os portugueses.
* Créditos: NB
gilead Portugal
Começava esta nossa entrevista por lhe pedir
que nos falasse um pouco sobre a Gilead,
nomeadamente sobre a sua missão.
A Gilead foi fundada em Foster City, na Califórnia,
em 1987 e em apenas 26 anos, tornou-se uma das
empresas do setor biofarmacêutico com mais sucesso
em todo o mundo, com um portfólio de medicamentos
em rápida expansão e um forte investimento em
atividades de investigação e desenvolvimento.
Qual o vosso compromisso?
Investigar e desenvolver novos medicamentos ajustados
às melhores expectativas e necessidades dos doentes
e dos sistemas de saúde, contribuindo para A nossa
missão é desenvolver e tornar acessíveis aos doentes,
terapêuticas inovadoras em áreas onde existe
necessidade médica não preenchida.
Quando falamos na Gilead falamos em
terapêuticas bastante específicas e até mesmo
delicadas, como é o caso do VIH/Sida, tema que
abordamos nesta nossa edição…
Sim, a investigação de soluções terapêuticas na área
do VIH/sida tem sido, desde muito cedo, uma das
prioridades da Gilead. Centrando-se no indivíduo
infetado, a empresa tem apostado no desenvolvimento
de terapêuticas inovadoras possibilitando a administração
os padrões do futuro
22 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | SAÚDE
Cristina Bernardo Diretora geral
do regime terapêutico antirretroviral completo num só
comprimido, de toma única diária.
Temos naturalmente um grande orgulho em fazer parte
da história de sucesso da infeção por VIH/sida que, nas
últimas duas décadas, evoluiu de uma doença fatal para
uma doença crónica, com um incremento substancial,
não só da esperança de vida individual, como da
qualidade de vida das pessoas infetadas.
Existem ainda outras terapêuticas que merecem
a vossa atenção, como doenças do fígado,
cardiovasculares e respiratórias. Porquê a opção
por estas temáticas?
A prioridade da investigação da Gilead tem sido orientada
para o preenchimento de necessidades médicas ainda
não satisfeitas, onde as lacunas terapêuticas são
grandes. Globalmente, as áreas terapêuticas são seis:
infeção VIH/sida, hepatites virais crónicas B e C, infeções
fúngicas invasivas, fibrose quística e infeção pelo vírus
Influenza A e B, Oncologia e Inflamação, e as doenças
cardiovasculares em que se enquadra a hipertensão
arterial pulmonar e a cardiopatia isquémica.
Em Portugal, a Gilead comercializa cerca de 14
medicamentos em 4 áreas terapêuticas distintas: VIH/
sida, Hepatite crónica B, Infeções fúngicas invasivas e
Fibrose quística. Em breve contaremos ainda com um
medicamento destinado ao tratamento da hepatite C
crónica.
São áreas que requerem um know-how acrescido.
A inovação torna-se o vosso ponto forte nesta
matéria?
São efetivamente áreas muito específicas que, nalguns
casos, comportam também desafios significativos nas
áreas de produção pela complexidade dos processos
de fabrico. Atualmente, o desafio mais próximo para a
Gilead é a hepatite C, com um extenso programa de
desenvolvimento clínico.
Dizem criar padrões do futuro. Sentem mesmo que
a vossa presença e forma de estar no mercado são
capazes de determinar este futuro?
Quando se contribui significativamente para alterar
o percurso natural da história de uma doença, com
ganhos na esperança e qualidade de vida de tantas
pessoas afectadas por estas patologias, quando se actua
com responsabilidade ética e social centradas no doente
e na procura de uma gestão integrada da doença,
penso que poderemos afirmar que estamos a contribuir
positivamente para a criação desses padrões de futuro,
os quais é claro requerem os esforços de todos os atores
envolvidos – doentes, profissionais de saúde, órgãos de
decisão, indústria farmacêutica, entre outros.
Como é que se torna possível que os medicamentos
desenvolvidos pela Gilead possam estar acessíveis
a todos? Como conseguem tal abrangência?
Como líder no desenvolvimento de terapêuticas para o
tratamento da infeção por VIH/sida, é responsabilidade
da Gilead ajudar a garantir que os seus medicamentos
inovadores estejam disponíveis e acessíveis a todos os
que possam beneficiar deles e que deles necessitam.
Em 2003, foi criado um Programa de Acesso para
possibilitar a disponibilização dos medicamentos da
Gilead para o VIH, a preços substancialmente reduzidos
em cerca de 130 países, que representam dois terços
dos países do mundo e as regiões mais afetadas pela
epidemia VIH/sida.
Falemos agora um pouco do Programa Gilead
Génese. Em que consiste o mesmo?
O Programa Gilead GÉNESE é um programa Institucional
da Gilead em Portugal, criado com o objetivo de
incentivar, a nível nacional, a investigação e geração de
SAÚDE | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 23
dados, a promoção de conhecimento e a implementação
de boas práticas de acompanhamento dos doentes em
áreas terapêuticas como a infeção VIH/SIDA, hepatites
virais crónicas, infeções fúngicas invasivas e fibrose
quística.
Com o lançamento deste Programa de apoios
Institucional, os objetivos da Gilead Sciences Portugal
foram, essencialmente, três:
- Promover a divulgação do Programa junto de novos
Parceiros por forma a dinamizar o desenvolvimento de
novos projetos e iniciativas
- Incentivar a realização de estudos científicos e de
carácter comunitário possibilitando a geração de dados
- Imprimir um carácter independente ao Programa Gilead
GÉNESE através da constituição de uma Comissão
Externa de Avaliação, composta por 5 peritos, de
áreas diferentes e complementares, a quem competiu
a apreciação dos projetos candidatos quanto à sua
pertinência e carácter inovador, qualidade, organização
e metodologia.
Quais as áreas de projeto deste programa?
A 1ª edição do Programa Gilead GÉNESE, que
decorreu em 2013, teve um âmbito bastante alargado,
contemplando várias áreas relacionadas com a atividades
da Gilead Sciences . Aceitaram-se candidaturas em
áreas de Rastreio e diagnóstico precoce; Geração
de dados clínicos, epidemiológicos e de avaliação
económica em saúde; Projetos de investigação básica e
translacional e de intervenção comunitária direcionados
a pessoas que vivem com infeção por VIH/SIDA ou com
outras infeções virais crónicas.
E porque falamos este mês de VIH, que tipos de
projeto apoiará a Gilead neste âmbito?
Na área do VIH salientaria os projetos de Rastreio e
diagnóstico precoce, que se insere nas prioridades
do Programa Nacional para a Infecção VIH/sida, e os
estudos na área da adesão e persistência aos antivirais,
qualidade de vida e preferência dos doentes.
Quem se pode candidatar ao Programa Gilead
Génese?
Podem candidatar-se ao Programa Gilead GÉNESE
pessoas coletivas como Instituições Académicas,
Hospitalares ou outras que se dediquem à investigação
científica e/ou clínica; Organizações ou Associações
de Profissionais de Saúde e da Sociedade Civil, como
Associações de doentes.
Esta é uma forma de incentivo à investigação.
Quais as expectativas que têm para este
programa?
Posso dizer-lhe, com bastante orgulho, que a 1ª edição
do Programa Gilead GÉNESE, lançado a 20 de Abril
de 2013 foi muito bem-sucedida. Foram recebidas,
através da plataforma informática criada para a gestão
do Programa, 43 candidaturas, das quais 30 oriundas
de Instituições Académicas ou de investigação científica
e/ou clínica e 13 provenientes de Organizações da
Sociedade Civil, nomeadamente Associações de
doentes.
A Comissão externa de avaliação do Programa Gilead
GÉNESE apreciou as 43 candidaturas e, de acordo com
os critérios de avaliação previamente estabelecidos,
selecionou 14 projetos que foram financiados pela
Gilead.
Estamos convictos de que o Programa Gilead GÉNESE
já reúne o reconhecimento das Comunidades Científica
e Comunitária enquanto instrumento impulsionador do
conhecimento científico e promotor de boas práticas
de acompanhamento dos doentes. Esta iniciativa
traduz ainda o papel ativo da Gilead para a melhoria
da qualidade de vida das pessoas e dos resultados em
saúde.
O futuro da Gilead, por onde passa?
Pela consistente procura de terapêuticas inovadoras,
centradas no doente, que preencham necessidades
médicas não satisfeitas e contribuam positivamente
para o aumento da esperança e qualidade de vida dos
doentes. Passa também pela participação contínua, ativa
e responsável na discussão das políticas de saúde e de
acesso aos medicamentos, bem como pelo incentivo à
geração de dados e conhecimento científico no nosso
país, os quais nos parecerem fundamentais para melhor
suportar os processos de decisão.
Cláudia Delgado Diretora do Departamento Médico da Gilead
1º Congresso:objetivo cumprido
SOS Hepatites
Emília Rodrigues faz o balanço do primeiro Congresso SOS Hepatites. E já há data para o próximo ano.
No passado dia 9 de novembro realizou-se o 1º
Congresso Nacional SOS Hepatites. Que balanço
pode ser já feito desse incentivo ao diálogo e à
reflexão em torno desta doença?
O melhor possível! Em primeiro lugar, queremos
destacar que, pela primeira vez, a Ordem dos Médicos
abriu as suas portas a uma associação de doentes
para a realização de um Congresso. Este facto é
importantíssimo porque demonstra uma parceria efetiva
entre médicos e doentes no combate às hepatites.
Estiveram presentes o presidente da World Hepatitis
Alliance (WHA), Charles Gore, da presidente da
Associação Europeia dos Pacientes Hepáticos (ELPA),
Tatjana Reic, e do presidente do Grupo Otimismo (Brasil)
e representante da AIGA - Aliança Independente dos
Grupos de Apoio, Carlos Varaldo.
Contámos também com a presença dos nossos
parceiros sociais, salientando a representação de outras
associações de doentes como a ANDAR (Associação
Nacional Doentes Artrite Reumatoide), a Liga dos
Combatentes, vários laboratórios de análises clínicas,
médicos das mais variadas patologias e ainda, os
deputados Ricardo Baptista Leite (PSD), Maria Antónia
Almeida Santos (PS) e João Semedo (BE) estiveram
também presentes a discutir o futuro das hepatites.
Apresentámos um estudo económico realizado pelo
economista Albuquerque Dias, com o título “QUANTO
CUSTA NÃO TRATAR AS HEPATITES EM PORTUGAL?”,
e conseguimos demonstrar que não tratar a hepatite
C, em Portugal, vai resultar num custo maior para o
erário público, nos próximos anos. Este custo estimado
inclui os valores das consultas, exames, internamentos,
tratamento da cirrose e até transplantes de fígado.
A Presidente da Comissão Parlamentar da Saúde, Maria
Antónia Almeida Santos, propôs à SOS Hepatites uma
campanha na Assembleia da República que, a seu
devido tempo, será realizada.
A indústria também esteve presente, na qualidade de
parceiros sociais.
Mas mais importante! Foi a primeira vez que os doentes
apareceram e deram a cara sem ser numa reunião
“fechada” onde só eles estão presentes.
Em entrevista à Revista Negócios Portugal
afirmaram que as vossas expectativas se centram
nas necessidades de informação e alerta face
doença, “porque é altura de alertarmos a sério”.
Trata-se de um objetivo cumprido?
Foi, na realidade, um objetivo cumprido. Temos, neste
momento, mais parcerias, e mais portas abertas para
o futuro, pelo que, continuamos a acreditar que todos
juntos conseguiremos lançar um alerta sério para a
problemática das hepatites.
Que consequências práticas, no que diz respeito
à investigação das doenças hepáticas, resultaram
deste encontro?
Neste encontro, com a presença dos três presidentes das
maiores Associações Mundiais, quisemos demonstrar a
realidade de todos os países e a necessidade urgente
de tratar os doentes de hepatite que tenham indicação
médica para tal, pois cerca de 20 por cento deles irá
desenvolver cirrose e/ou cancro do fígado (carcinoma
hepatocelular).
Existem hoje, inibidores de protease que associados ao
interferão e a ribavirina (do tratamento convencional)
proporcionam ao doente 75 a 80 por cento de hipótese
de cura.
Contudo, aguardamos com grande expectativa que, no
início de 2014, estejam no mercado novas terapêuticas
que proporcionam 90 a 95 por cento de cura! Alguns
destes tratamentos sem interferão e/ou ribavirina,
contribuindo significativamente para uma melhoria da
qualidade de vida destes doentes.
Quais acreditam ser, a longo, médio e curto prazo,
as repercussões do evento?
Acreditamos que, a longo prazo, a maioria da comunidade
esteja envolvida na problemática das hepatites; que, a
médio prazo, todos os doentes, com indicação para tal,
estarão em tratamento; e a curto prazo acreditamos que
o Ministério da Saúde, na pessoa do Senhor Ministro,
nos apoiará proporcionando a equidade no acesso ao
tratamento a nível nacional.
Que questões ficaram por discutir?
Consideramos que as questões mais importantes neste
momento foram todas discutidas no âmbito deste
congresso.
Para quando um próximo congresso?
O próximo Congresso realizar-se-á em novembro de
2014.
24 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | SAÚDE
Emília Rodrigues Presidente
vamos reescrevera história da hepatite c
A AbbVie está empenhada em criarimpacto na vida das pessoas com Hepatite C
abbvie.pt
Siga-nos em:
AbbVie, Lda.Estrada de Alfragide, 67 Alfrapark - Edifício D | 2610-008 AmadoraTelf. 211 908 400 | Fax. 211 908 403Contribuinte e Matrícula na Conservatória do Reg. Com. da Amadora n.º 510 229 050 | Capital Social 4.000.000€
10/2
013/
/MI/
101
AF_Anuncio.indd 1 31/10/13 14:41
2013: Year of Commemoration of the 30th anniversary of
Ophtec BVOphtec
The Ophtec BV was founded in 1983 in Groningen in the Netherlands and is a private equity firm that develops and manufactures
medical devices for ophthalmology, including intraocular lenses and other devices in the areas of cataract, refractive (myopia, hyperopia
and astigmatism) and trauma.
The company distributes its products through an interna-
tional network of representatives and is involved directly
in some countries through subsidiaries located in the
United States , Portugal , Spain , Korea, Germany, South
Africa and Asia Pacific.
Everything starts in 1958 , when Prof. . Jan Worst in
partnership with other greats of the era of Ophthalmology
, among which stand out S. Fyodorov , C. Binkhorst ,
developed the first artificial lenses for cataract treatment
, and performed the first surgery to treat this disease ,
constituting this moment , a milestone in the history of
ophthalmology .
Subsequently , Prof. Worst developed a unique concept
that adapted to their cataract lenses - the concept of the
Claw or pincer ‘’ lobster ‘’ - and that has to do with a spe-
26 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | SAÚDE
Sandra Bayan General Manager
cific form of attachment to the patient’s eye , emerging
as the first Artisan lens ®. Again , we are witnessing a
revolution , which marks another major development in
the field of ophthalmology worldwide .
Later , Prof. . Worst , realizing that solutions / techniques
available at that time , to solve refractive errors were nei-
ther satisfactory nor predictíveis , develops the first lens
for the correction of myopia and born ® Artisan Myopia
lens ( at the time called lenses Worst Myopia Claw ) .
However, he had already been created by Ophtec BV
A.Worst , the wife of Prof. . Jan Worst in order to create
the necessary research and development structures
products devised by her husband .
The enterprise is born , with a strong research and de-
velopment which has always guided the guidelines for
SAÚDE | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 27
the study and development of innovative products and
premium , using , for its design and production, the latest
technology . All this work has been developed in partner-
ship with a selected group of surgeons internationally,
each of which range referenced as KOL ‘s ( Key Opinion
Leaders ) in their area of specialty.
Erik -Jan Worst , current President and CEO of the Group
, has transformed in recent years , the company one
of the leading international players in terms of Ophthal-
mology
This partnership has allowed over the last 25 years ,
watching the development of a range of products de-
rived from the evolution of the Artisan lens , and this time
7 versions of this product including the so-called folding
version - artiflex ® -
This range of products covers the entire area of refractive
surgery , and who have given all the evidence of its safe-
ty and effectiveness for users and allowed the company
to reach the global leadership of implantable devices as
an alternative to prescription glasses , has always been
the core business of the company
After 25 years of success in this area , and the recogni-
tion by the professionals , it was decided to redesign the
product portfolio of the company , by creating 2 main
Family : Artilens Precizon ™ and the latter correspond-
ing to a strong investment in the segment premium lens
( cataract lenses with specific characteristics that include
younger segments of the population ) .
The Familia Artilens integrates all artiflex and Artisan lens-
es and Family Precizon part premium lens for cataract ,
which was internationally presented last month during the
European Congress on Refractive Surgery and Cataract .
Erik -Jan Worst , current President and CEO of the Group
www.ophtec.com
FamilySTABLE PL ATFORM, PREMIUM OPTICS, MICRO INCISION
PROVEN STABILITY
UNIQUE ASPHERIC TORIC SURFACE MORE TOLERANT OF MISALIGNMENT
2.2 MM MICRO INCISION
PREMIUM TORIC - SET
EXPECTED
EW • NEW • NEW • NEW • NEW • NEW • NEW • NEW • NEW • NEW • NE, has transformed in recent years , the company one
of the leading international players in terms of Ophthal-
mology
In presentation of news , we are developing a com-
prehensive advertising campaign , directed primarily at
young , which includes an interactive website ( www.
artilens.nl ) where anyone can put their questions and
clarify any doubts regarding the surgery. There are also a
number of advertising materials and brochures for place-
ment in Hospitals and Clinics specialty .
The company is betting heavily on online communication
through the use of internet and social networks , Twitter
, Facebook , Youtube , eyetube . Thus , the company
intends to get closer to either of professionals or con-
sumers , who increasingly actively seeking information
about your eye problems and solutions available for
solving them .
Our main mission and driving force of our motivation is
the possibility, through the products we sell, can contrib-
ute significantly to improving the quality of life of many
thousands of people , enabling them to perform activities
they deemed impossible to implement .
Erik-Jan Worst Presidente e CEO
sta parceria, permitiu ao longo dos últimos 25 anos,
assistir ao desenvolvimento de um leque de produtos
que deriva da evolução das lentes Artisan, tendo
neste momento 7 versões deste produto incluindo
a versão dobrável denominada – Artiflex®
“E
“Prezamos muito a qualidade Clinimer
Margarida Silvestre e Ana Peixoto, diretora administrativa e financeira e diretora clínica, respetivamente, fizeram um balanço da
atividade desenvolvida na Clínica de Medicina da Reprodução, localizada no Centro Cirúrgico de Coimbra, um hospital privado.
Especialistas em Ginecologia-Obstetrícia, com a sub-especialidade em Medicina da Reprodução, garantem que “a disponibilidade
para o atendimento aos casais”, aliado à qualidade certificada dos serviços, são os fatores que distinguem a CLINIMER.
Que tipo de trabalho desenvolve a CLINIMER?
Ana Peixoto (AP): Dedicamo-nos ao estudo e
tratamento de casais com problemas de fertilidade,
desde a realização dos exames complementares de
diagnóstico até aos tratamentos médicos, cirúrgicos e
também os de procriação medicamente assistida (PMA).
Como enquadra o problema da reprodução
medicamente assistida em Portugal?
Margarida Silvestre (MS): A taxa de infertilidade em
Portugal ronda os 10 por cento, segundo um estudo feito
há dois anos. Mesmo assim estamos a falar de quase
300 mil casais com problemas de infertilidade. A nossa
unidade pode surgir como uma mais valia por termos
a vantagem de estarmos integrados num centro de
maior dimensão. No decurso do estudo, podemos fazer
os diversos exames complementares de diagnóstico:
ecografia, histeroscopia, histerossalpingografia no centro
de radiologia, sob radioscopia. Realizamos as cirurgias
do atendimento”
necessárias, algumas de
diagnóstico, outras de
tratamento no âmbito da
fertilidade também as
diversas técnicas de PMA:
inseminação artificial,
fecundação in vitro e micro-
injeção de espermatozóide
no óvulo.
AP: O que é importante
referir é sobretudo a
nossa disponibilidade
para o atendimento dos
casais. Conseguimos
“perder tempo” a ouvir o casal e ouvindo os seus
problemas conseguimos orientar noutros sentidos se
necessário, nomeadamente para apoio psicológico,
com a nossa psicóloga clínica, ou de colegas de
outras especialidades, que aqui trabalham e connosco
colaboram sempre que necessário. E prezamos muito
a qualidade do atendimento. É importante referir,
sobretudo a nossa disponibilidade para o atendimento
dos casais. Conseguimos ter tempo para ouvir e ajudar
a solucionar os problemas encaminhando-os muitas
vezes para outras áreas nomeadamente, para apoio
psicológico, com a nossa psicóloga clínica, ou para
colegas de outras especialidades, que aqui trabalham e
connosco colaboram sempre que necessário. Presamos
muito a qualidade do atendimento.
MS: Acompanhado da qualidade do desempenho a
nível laboratorial, porque só assim é que podemos obter
as boas taxas de sucesso que temos nos tratamentos.
É sublinhar que estamos a falar de taxas num centro
privado, que tem uma percentagem muito grande de
doentes com mais de 40 anos. Portanto, são aquelas
mulheres que já não têm idade para entrar nos centros
públicos. A fertilidade vai diminuindo significativamente
com a idade e ora se nós temos essa parcela importante
da nossa população que há partida tem probabilidades
de êxito menores e se globalmente isso dá uma
percentagem que fica acima da média, significa que a
qualidade do trabalho é boa.
Qualidade que está certificada?
AP: Na última auditoria à nossa organização não tivemos
uma única não conformidade. Estamos com um forte
sistema de gestão da qualidade que tem sido muito
elogiado nas diversas auditorias.
MS: Começámos em final de novembro de 2008,
no ano em que o Conselho Nacional de Procriação
Medicamente Assistida lançou as normas e requisitos
de funcionamento dos centros. Fomos o primeiro centro
que começou a exercer já autorizado pela Direção Geral
de Saúde, como tendo os requisitos necessários ao seu
funcionamento. Em 2009 começamos imediatamente
com o processo de certificação.
Que critérios devem presidir à escolha de um
Centro de Reprodução?
MS: Os casais sentem que perdem muito tempo a
encontrar um sítio que lhes resolva o problema. Nós,
além de ginecologistas e obstetras gerais, temos
formação e muita experiencia nesta área específica.
Não faz sentido perderem tempo, procurando ajuda não
especializada. E o problema é esse! Se aos 25 anos
o tempo pode não ser tão importante, a partir dos 35
pode fazer toda a diferença, porque se inicia um declínio
a pique da fertilidade e as pessoas estão a perder
oportunidades em termos daquilo que querem.*Pode ler este texto na íntegra em www.revistanegociosportugal.com
Margarida Silvestre e Ana Peixoto Diretora administrativa e financeira e diretora clínica
28 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | SAÚDE
30 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | SAÚDE
Qual o compromisso da APDIS para com os seus
associados?
O compromisso passa por garantir o papel insubstituível
dos bibliotecários das Ciências da Saúde, na
promoção do acesso à informação. A força da APDIS
reside no envolvimento e na participação dos seus
associados, pelo que angariação de novos associados
é fundamental, bem como a dinamização de canais e
redes de comunicação interna.
Falamos de um tema bastante específico, a saúde.
Isso torna o vosso trabalho mais minucioso?
Minucioso e cada vez mais especializado. Os
bibliotecários, pelas suas competências, são um elo
essencial para o desenvolvimento da investigação e da
educação na área das Ciências da Saúde, promovendo
a melhoria dos cuidados de saúde.
Têm também formação disponível aos vossos
“Promovendo a melhoria dos cuidados de saúde”APDIS
A APDIS - Associação Portuguesa de Documentação e Informação de Saúde, é uma associação sem fins lucrativos, constituída em
1991. Agrega os profissionais de informação da saúde, contribuindo para a investigação, educação e desenvolvimento de cuidados
de saúde em Portugal. Sendo uma associação pequena, que conta com o trabalho voluntário dos seus associados, tem um papel
importante junto dos profissionais da informação e na cooperação com instituições da área das ciências da saúde.
associados...
A formação é uma área muito importante. Tanto a
área da saúde como as tecnologias de informação
estão em constante evolução e por isso a formação
é indispensável. Apesar da conjetura socioeconómica
pouco favorável, a APDIS promoveu algumas acções
de formação interna e em parceria com instituições
congéneres.
Outra grande aposta são as Jornadas e
Conferências...
As Jornadas realizam-se de dois em dois anos, desde
1993. Promovem o encontro, a partilha de experiências,
a atualização e enriquecimento dos conhecimentos.
A APDIS organizou também, com sucesso, duas
Conferências da EAHIL - European Association for
Health Information and Libraries. A primeira, em Coimbra
(1996) e a outra, em Lisboa, na Fundação Calouste
Gulbenkian e no Centro de Congressos do Estoril
(2010).
Neste momento, estamos a organizar as XI Jornadas
APDIS, subordinadas ao tema “Bibliotecas das Ciências
da Saúde: Que futuro?”, a realizar na Faculdade de
Medicina da Universidade de Lisboa, nos dias 27 e
28 de março de 2014. Sendo um encontro nacional,
contamos com a presença de colegas de outros países,
como Espanha, Brasil e Países Africanos de Língua
Oficial Portuguesa (PALOPs). Nestas jornadas, que
contarão com comunicações, posters e exposição de
editores de revistas científicas, teremos uma sessão
dedicada à “Rede ePORTUGUÊSe”, desenvolvida pela
OMS, e que promove a informação de saúde, em língua
portuguesa.
O período para submissão de resumos de comunicações
e posters decorre até 20 de janeiro de 2014 e os temas
estão disponíveis em http://www.apdis.pt/jornadas
Por onde passa o futuro da APDIS?
A APDIS tem investido na modernização das suas
estruturas. Procurou-se uma maior eficiência dos
serviços administrativos através da informatização
dos serviços de contabilidade e da organização do
arquivo. O reforço da identidade da associação passou
pelo desenvolvimento de um website com uma nova
abordagem técnica e visual. Esta modernização está
patente também nos dois recursos disponibilizados pela
APDIS: a LAO - Lista APDIS Online, que permite localizar
e requisitar artigos de revistas científicas existentes
em instituições da saúde portuguesas, fundamental
para a satisfação das necessidades de informação de
investigadores, professores, estudantes e profissionais
de saúde; e o RBAS – Repertório das Bibliotecas da Área
da Saúde. Um marco importante foi o estabelecimento
de um protocolo com a Câmara Municipal de Lisboa,
para a cedência de um espaço para a sede da APDIS.
Este permitirá conservar todo o espólio da associação,
bem como criar condições para o desenvolvimento de
todas as atividades a que nos propomos.
* Agradecemos à Biblioteca da FF | ULisboa que gentilmente nos acolheu nas suas
instalações para a realização desta entrevista.
Susana Henriques, Sílvia Lopes, Margarida Meira, Sofia Amador e Teresa Martins Direção da APDIS
Todos os dias, todo o ano, mesmo através de vidro ou nuvens, os raios UV (UVR) podem danificar todas as camadas da pele, até as mais profundas. Isto pode levar até 90% do envelhecimento prematuro da pele.
Ao contrário da maioria dos produtos, as novas fórmulas dos cremes de dia SERUM7, SERUM7 LIFT e SERUM7 RENEW protegem a sua pele em profundidade* dos raios UV (UVR), atrasando o aparecimento dos sinais do envelhecimento prematuro da pele.
VÁ A UMA FARMÁCIA E TORNE A JUVENTUDE DA SUA PELE NUM FACTO.
OS FACTOS ESTÃO À VISTA:UMA PELE CUIDADA PRECISADE PROTEÇÃO UV TODOS OS DIAS.
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* atua na superfície para proteger até as camadas mais profundas da pele 2 8 - 4 0 A N O S 4 0 - 5 5 A N O S + 5 5 A N O S
Que produtos compõem a gama Serum7 Renew,
lançada recentemente?
A Serum7 Renew, nova gama antienvelhecimento da
Boots Laboratories, é composta por quatro produtos
para o cuidado diário do rosto: Serum7 Renew Serum
Inovador, Serum7 Renew Creme Dia Reestruturante
SPF15, Serum7 Renew Creme Noite Reparador e
Serum7 Renew Contorno Olhos Remodelador.
Como é devem ser aplicados estes produtos e
quais são os seus principais pontos de atuação?
Que resultados prometem?
A Serum7 Renew tem resultados comprovados na
reativação dos genes das células da pele madura,
deixando-a com uma aparência visivelmente mais
jovem.
A pele fica renovada, e para se conseguir o efeito
máximo, deverá ser seguido o seguinte regime diário:
- de manhã, há que aplicar na pele limpa o Serum7
Renovador. De seguida, aplicar o Creme de Dia
Anti-idade, Pró JuventudeBoots laboratories
Aos 55 anos, a mulher dos dias de hoje ainda se encontra em plena atividade ao conciliar a sua vida profissional, afetiva e familiar
numa existência sobrecarregada que se abate sobre a idade e, consequentemente, sobre a pele. Dos conhecimentos que advêm
da experiência de mais de 160 anos da Boots Laboratories chega Serum7 Renew, uma nova gama antienvelhecimento que visa
contrariar as marcas do tempo e conferir às suas utilizadoras uma aparência mais concordante com a atitude jovem e energética que
empregam.
Reestruturante e o Contorno de Olhos Remodelador;
- À noite, volta a aplicar na pele limpa o Serum7
Renovador. De seguida, aplicar o Creme Noite Reparador.
Que inovações tecnológicas ao dispor dos vossos
laboratórios estão na origem da elaboração da
gama Serum7 Renew?
A grande inovação tem a haver com a nova pesquisa
avançada feita pela Boots Laboratories, que revelou que
à medida que a mulher envelhece, os seus genes são
desativados, fazendo com que as células da sua pele
não se comportem da mesma forma como quando
esta era jovem. Com o passar dos anos, os níveis de
colagénio e fibrilina diminuem, originando linhas e rugas.
As alterações hormonais e o acumular da exposição
UVR também aceleram o processo de envelhecimento
das pele. Os queratinócitos e os fibroblastos de uma
pela madura não se comportam como os de uma pele
jovem.
Que aspetos merecem destaque na composição de
Serum7 Renew e de que forma esses compostos
contribuem para a obtenção dos resultados
esperados?
A nova pesquisa avançada feita pela Boots Laboratories
revelou que os Complexos Age Defense e Renewal
Complex reativam os genes das células da pela madura.
O Age Defense Complex, comum a todas as gamas
Serum7, ajuda a proteger os níveis de colagénio e
fibrilina, que suportam a derme, e logo ajuda a reduzir
a aparência das rugas e rídulas. O Renewal Complex
reativa a renovação celular à superfície, e logo reduz a
aparência de manchas cutâneas e dá luminosidade ao
rosto.
Que pesquisa e que motivação estão na origem da
criação deste produto?
A motivação que está por trás da criação deste produto
tem a haver com as necessidades da pele nas diferentes
etapas da vida. Com o passar dos anos, a pele do rosto
32 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | SAÚDE
fica mais seca, com mais rugas, menos firme e com
manchas cutâneas. O processo de envelhecimento da
pele decorre da passagem do tempo, mas é também
consequência de outros fatores como a exposição aos
raios UV (UVR). As alterações hormonais têm também
um efeito direto no envelhecimento cutâneo prematuro
e é aí que aparece o Serum7 Renew.
O que diferencia esta gama de outras semelhantes
à venda do mercado?
A Gama Serum7 Renew tem uma fórmula inovadora e
completa, como já referimos atrás. Para além da fórmula
e dos resultados cientificamente comprovados, temos
igualmente de referir a cosmeticidade dos produtos
Serum7. Uma só aplicação do Serum Renovador é
suficiente para se sentir um efeito imediato, ficando a
pele com uma textura melhorada.
Que cuidados complementares recomendam às
utilizadoras destes produtos?
É muito importante referir que a pele deve ser
devidamente limpa, antes da aplicação de qualquer
cuidado diário da pele. Nesse sentido, a gama Serum7
tem três produtos de limpeza disponível para as suas
consumidoras: leite de limpeza revigorante, água
tonificante luminosa e o exfoliante renovador.
A que tipo de mulher é que se dirige este produto?
A nova Gama do Serum7 Renew está indicada para o
cuidado antienvelhecimento de uma pele madura, ou
seja, a partir dos 55 anos.
Dedicada à dermocosmética, a Boots Laboratories,
conta já com uma experiência de 160 anos.
É o know-how adquirido que está na base da
satisfação dos vossos clientes?
Sem dúvida – com mais de 160 anos de experiência,
a Boots Laboratories orgulha-se pelo desenvolvimento
de produtos cientificamente avançados com qualidade e
eficácia cientificamente comprovadas. Todos os produtos
da Boots Laboratories são testados em situação real e
só saem para o mercado depois dos resultados desses
testes serem muito satisfatórios para os consumidores.
A satisfação dos nossos consumidores é a nossa
prioridade. Por outro lado, um dos princípios fundadores
da Boots Laboratories tem a haver com o preço – o
nosso objetivo é sempre ter produtos de excelente
qualidade acessíveis a todos.
Onde podemos encontrar a gama Serum7 Renew?
A gama Serum7 Renew está disponível em farmácias.
SAÚDE | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 33
Como nasce esta Sociedade e quais os seus
principais propósitos?
A Sociedade Portuguesa de Medicina Nuclear (SPMN)
é uma associação científica, voluntária e sem fins
lucrativos, que tem como objetivos estatutários “estimular
e promover a discussão, a divulgação de ideias,
experiências e resultados, no campo do diagnóstico,
do tratamento, da investigação e da prevenção, em
Medicina Nuclear, com vista a um benefício da saúde
pública e da humanidade”.
A SPMN integra, entre os seus associados, elementos de
diferentes grupos profissionais envolvidos no exercício
da Medicina Nuclear, maioritariamente médicos, físicos,
farmacêuticos e técnicos de diagnóstico e terapêutica.
A Sociedade Portuguesa de Medicina Nuclear foi
fundada em 1978, como membro da Sociedade de
Ciências Médicas de Lisboa (SCML), destacando-se,
na sua história mais recente, os seguintes marcos, por
ordem cronológica:
- Em 1992, elementos da SPMN participam na
organização, em Lisboa, do Congresso Anual da
Sociedade Europeia de Medicina Nuclear;
- Em 1995, são dados os primeiros passos na criação
de grupos de estudos, com o objetivo de promover e
facilitar a troca de experiências nas áreas mais relevantes
da Medicina Nuclear;
- Igualmente em 1995, surge o Boletim Informativo da
SPMN, que pretende divulgar aos sócios as iniciativas da
Direção e estabelecer um canal de informação sobre os
acontecimentos ligados à Medicina Nuclear em Portugal;
- Em 1998, a SPMN autonomiza-se da SCML,
adquirindo a estrutura jurídica e estatutária atual;
- Em 1999, surge a primeira página web da SPMN
e é igualmente reformulado o Boletim Informativo,
com inclusão de alguns textos científicos e uma nova
apresentação gráfica;
- Em 2000, a SPMN organizou no Porto, conjuntamente
com o seu Congresso Nacional, o Congresso Ibero-
Americano de Medicina Nuclear (XVII ALASBIMN);
- Em 2001, é oficializado o logotipo atual da SPMN e
surge o primeiro número da sua Revista Científica.
Afinal, o que é a Medicina Nuclear?
A Medicina Nuclear é uma especialidade médica, criada
a Medicina NuclearSociedade Portuguesa de Medicina Nuclear
34 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | SAÚDE
em Portugal em 1980, na qual se utilizam isótopos
radioativos, isoladamente ou ligados a fármacos,
com o objetivo de obter estudos de imagem da sua
biodistribuição através de imagens em câmara gama
ou tomógrafo de positrões (diagnóstico de imagem),
de estudos sem imagem (estudos funcionais) e de
tratamento (vertente de radioterapia metabólica).
Esta é cada vez mais importante na medicina, pelo
seu auxílio fundamental no diagnóstico...
Hoje sabemos que as alterações a nível da fisiologia
celular e a nível molecular precedem, claramente, as
alterações a nível de estrutura anatómica. Em Medicina
Nuclear são administradas moléculas marcadas com um
traçador radioativo e observada, através de aparelhagem
adequada, a respetiva biodistribuição. Assim sendo,
os diferentes exames de Medicina Nuclear equivalem
à observação in vivo das alterações fisiopatológicas
do metabolismo celular e dos tecidos que incorporam
os diferentes órgãos do corpo humano. Num certo
sentido, a Medicina Nuclear consegue visualizar os
processos patológicos a nível celular e tecidular. Pela
sua precocidade, o diagnóstico de diferentes patologias
a nível cerebral, cardíaco, oncológico, endocrinológico,
renal, ósseo e outras, torna-se cada vez mais necessário,
no que se refere ao custo-eficácia em medicina.
Acresce que algumas das moléculas utilizadas para
imagem, quando marcadas com isótopos emissores β
ou α, poderão ser utilizadas para a terapêutica.
Pergunto-lhe se os seus profissionais e também
pacientes correm algum risco por estarem
expostos à mesma.
Encontra-se claramente definida na legislação
portuguesa e europeia a utilização de substâncias
radioactivas em seres vivos. Nesta legislação encontram-
se definidos os limites anuais de exposição a radiações,
quer para as pessoas profissionalmente expostas,
quer para a população profissionalmente não exposta.
Todos os exames realizados num serviço de Medicina
Nuclear têm que estar requisitados por um médico e
têm que estar indicados para a utilização diagnóstica
ou terapêutica pretendida. Os serviços devem estar
certificados, fazendo parte do processo de certificação,
auditorias nas quais é observado o cumprimento de
todos os processos de funcionamento. Nos nossos
dias existe o cuidado, mas também, a desmistificação
do tema radiação. Por exemplo sabemos que, a nível
do mar, um ser vivo é submetido a uma radiação de
0,01µSv/h; que num avião é submetido a 0,10µSv/h
e que em altitude (p.e a 5000 metros) se submete a
0,5µSv/h; como tal, e aquando da realização de um
exame de Medicina Nuclear, é fácil de explicar ao doente
que o vai realizar, transformando a radiação a que vai ser
submetido em equivalentes da vida comum. A Medicina
Nuclear utiliza sempre, na sua atividade, o princípio
fundamental do ALARA (“As Low As Reasonably
Achievable”).
Como tem evoluído a Medicina Nuclear nos
últimos anos?
A evolução e crescimento da Medicina Nuclear deve-se
a dois fatores fundamentais: a investigação e a aplicação
clínica. Estes dois fatores têm sido observados nas áreas
da tecnologia e da farmacologia e química.
Quando comecei a dar os primeiros passos nesta
minha atividade (anos 80) utilizava-se aparelhagem
mais rudimentar, mas à data muito valiosa, tal como,
sondas de captação e aparelhos de gamagrafia linear,
Nos primórdios dos anos 80 surgiram em Portugal as
primeiras câmaras gama, as quais foram um enorme
avanço, com obtenção de estudos por imagem.
Nos anos 2000, em Portugal, surgem os primeiros
tomógrafos de positrões, com o subsequente acréscimo
de resolução das imagens obtidas.
No que respeita à farmacologia e à química, iniciou-se
todo um processo de investigação e aplicação clínica
de um maior número e variedade de moléculas que
permitem, na atualidade, pela sua especificidade, a
obtenção de exames quase equivalentes a uma biópsia
metabólica por imagem.
* Entrevista cedida por Jorge Gonçalves Pereira, presidente da SPMN
SAÚDE | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 35
Uma ferramenta essencial à medicinaDiaton
A história da DIATON – Centro de Tomografia Computorizada Lda - começou por ser uma empresa ligada apenas à tomografia
computadorizada (TAC) ainda na década de 70.
João FariaDiretor
Depois abarcou sucessivamente as valências da
Medicina Nuclear (MN) e da Ressonância Magnética
(RM). Estas constituem hoje o core da sua atividade, que
ainda se estende a outras valências diagnósticas, como
imagiologia geral e diagnóstico laboratorial, através de
empresas suas participadas. “Neste momento dispõe
assim de capacidade para a prestação de um leque
alargado de meios auxiliares de diagnóstico”, conclui o
médico Faria João, especialista e diretor clínico na área
de Medicina Nuclear, com quem a Revista Negócios
Portugal esteve à conversa sobre Medicina Nuclear.
Medicina Nuclear tem alguma coisa a haver com
energia nuclear?
Tira partido de alguns aspetos das ciências nucleares
aplicadas à medicina. As bases da física da radiação
estão naturalmente subjacentes a esta área da medicina,
tanto nas vertentes diagnóstica como terapêutica, aliada
também a outros ramos da ciência com destaque para
a fisiologia, a biofísica, a biologia, a bioquímica, e a
imunologia.
Nem toda a medicina molecular é nuclear nem
vice-versa. Pode-nos explicar melhor essas
distinções?
As ciências médicas têm evoluído essencialmente a
partir de uma base interdisciplinar com o universo das
biociências, conforme já referido. Pode dizer-se que a
Medicina Molecular se iniciou com a descoberta do ADN
e teve o seu desenvolvimento inicial com os estudos
genéticos. Hoje não se estuda só um determinado
órgão ou a sua estrutura celular. Os conhecimentos
atuais situam-se já ao nível das moléculas que intervêm
nos processos metabólicos e que estão alterados
muito antes de haver manifestação clínica da doença.
Assim começou a haver tendência para a designação
de Medicina Molecular, no âmbito da Medicina Nuclear,
quando esta passou a ter possibilidade de marcar
com um elemento radioativo substâncias cada vez
mais específicas (pequenas moléculas), ou seja em
linguagem mais percetível, a procurar tendencialmente
dispôr de um ‘marcador’ para cada doença.
Como métodos de obtenção de imagem molecular
no âmbito da Medicina Nuclear o destaque vai para a
tomografia por emissão de positrões (PET), que utiliza
câmaras de PET acopladas a CT ou a RM, aliando
assim a informação metabólica (PET) com a estrutural
(CT ou RM). É ainda possível realizar alguns estudos de
imagem molecular em equipamentos de gamagrafia
convencional com a técnica de SPECT (tomografia por
emissão de fotão simples).
Deve contudo salientar-se que a designação de
imagem molecular é ainda referida a outras tecnologias
diagnósticas, com destaque para a Ressonância
Magnética.
Entre algumas das principais aplicações médicas da
imagem molecular deve realçar-se, por exemplo o
contributo nas áreas da Oncologia e das Neurociências,
tanto na vertente diagnóstica como terapêutica. A título
de exemplo cita-se o estudo das doenças de Parkinson
e síndromas demenciais, nomeadamente de tipo
Alzheimer.
Como chegou a esta área da Medicina?
Tive na fase de pré-graduação a perceção de uma
ciência que estudava bastante a fisiologia e os
processos metabólicos, as bases bioquímicas da própria
medicina e não apenas uma ciência de imagiologia em
que a informação obtida era essencialmente de índole
estrutural.
São estas particularidades inerentes à Medicina Nuclear
que a distinguem da radiologia convencional, atendendo
a que existe naturalmente tendência para estabelecer
algum paralelismo entre as duas áreas médicas,
embora com alguma tendência atual no sentido da sua
convergência, embora polémica.
Acredita que a área imagiológica é o futuro da
medicina?
Por um lado, se é já uma das áreas de grande impacto,
este será progressivamente mais relevante na medida
em que a aplicação das ferramentas fornecidas pelas
ciências ligadas à Medicina Molecular se torne mais
acessível, tendo necessariamente uma base de melhor
relação de custo/eficiência, com especial destaque
para as aplicações em Oncologia, em Neurologia,
em Cardiologia e na generalidade das doenças
degenerativas.
E a nível internacional, em que posição se coloca a
nossa Medicina Nuclear?
Não há dúvidas de que na generalidade está
qualitativamente bem posicionada a nível internacional,
tendo nomeadamente recuperado de algum atraso no
início da implementação e disponibilização da valência
de PET. Por exemplo, decorreu cerca de uma década
desde a existência de PET em Espanha até a sua
implementação em Portugal. A taxa da sua utilização
ainda se encontra, contudo, significativamente abaixo da
média europeia.
Um trabalho à imagem do
Análises Clínicas Dr. Luís Aguiar Soares
Jurista de formação, com pós- graduação em gestão para licenciados em Direito, obtidos na Universidade Católica do Porto, Miguel
Aguiar Soares, é o administrador da Análises Clínicas Dr. Luís Aguiar Soares. Do Direito à Saúde, a viragem acontece por razões
familiares: “O meu pai era médico patologista e fundou este laboratório”.
fundador
36 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | SAÚDE
Chegou à empresa paterna em 2002, ano em que
atualizou a pós-graduação para um MBA na área da
gestão, tendo posteriormente frequentado outra de
Gestão de unidade de saúde e outra em marketing
da saúde. Frequentou a parte letiva do curso de
especialização em Administração Hospitalar, na Escola
Nacional de Saúde Pública.
“Por força da minha formação e a do meu irmão que
trabalha em engenharia eletrónica e telecomunicações,
desenvolvemos as competências de gestão,
começamos a gerir esta empresa e houve um novo
estímulo”, recorda Miguel Aguiar Soares.
Em S. João da Madeira, os Laboratórios Luis Aguiar
Soares, chegaram a representar uma percentagem
relevante da faturação do setor, assegura o administrador.
“É um negócio com uma particularidade, que nunca
pode ser esquecida, a de que lidamos com a saúde
das pessoas”.
Como se gere uma empresa, como diz, com
“padrões familiares”?
Maximizando o nosso bem-estar e o de quem trabalha
connosco e garantindo que o trabalho é feito com um
padrão de excelência. Não nos orientamos com o estrito
objetivo de maximização do lucro. Até porque há um
sócio que todos temos que só nos aparece nas alturas
em que corre bem, que é o Fisco (risos). As empresas
familiares gerem-se de duas maneiras: maximizando o
lucro pelo lucro em si, ou maximizando o bem estar da
empresa e de quem a rodeia e não propriamente o
lucro. Não investimos muito em publicidade. Fazemos
donativos e temos ofertas mensais em espécie, dos
nossos serviços a instituições de solidariedade, refiro-
me a Santas Casas da Misericórdia, e lares, só para dar
dois exemplos. Temos uma postura diferente. Fazemos
serviços externos ao domicílio com cinco viaturas e não
cobramos nada, ou seja, fazemos colheitas no sentido
de poupar aos utentes o tempo e algum incómodo de
virem até ao Laboratório.
O que o distingue dos concorrentes?
Somos um laboratório médico de análises clínicas e
gerimos as nossas estruturas sempre com parâmetros de
servir o melhor possível os doentes e quem nos procura.
Isto significa ajudá-los no diagnóstico o mais depressa
possível e proporcionar os tratamentos nas outras
estruturas. Mas onde temos excelência comprovada é
aqui. Somos o único laboratório médico de raiz entre
Arouca, Vale de Cambra, Oliveira de Azeméis e S.
João da Madeira. A nossa equipa de direção clínica é
composta por três médicos patologistas, e especialistas
farmacêuticos em análises clínicas que perfazem uma
diferença de monta. De modo que há atos médicos que
nos são permitidos, nomeadamente o da prescrição.
Para além do Laboratório que outras valências
têm?
O nosso grupo compreende cinco clínicas. Mas ainda
colaboramos em mais meia dúzia delas. Com uma
vantagem que, para nós, é mais confortável do que para
os outros: não somos concorrentes dos nossos clientes,
nem dos nossos parceiros. Oferecemos também o
nosso know-how. A sede do grupo, nestas instalações,
é exclusivamente dedicada à atividade laboratorial. E,
temos uma organização habitual: um laboratório central,
com postos de colheita espalhados por várias clínicas.
Qual a importância das análises clínicas no âmbito
da saúde pública?
Não sendo o setor mais caro no espectro dos tratamentos
é o que tem o maior potencial de diagnóstico. Para ter
uma ideia, representando 2 a 3 por cento do custo
hospitalar, quando representa, chega a ter 80 por
cento de informação relevante do processo clínico dos
doentes. Isto é muito importante. Mas não deixámos de
ser meios complementares de diagnóstico. O médico é
o principal interlocutor e um meio de atingir o objetivo
fundamental do doente, que é velar a sua doença e obter
a cura. Quando os sintomas não são evidentes, o médico
auxilia-se de outros meios auxiliares de diagnóstico,
onde nós nos incluímos como laboratório.
Recuando um pouco à história do Laboratório...
O meu pai foi o fundador. Era médico patologista
especialista em análises clínicas e cirurgia. Frequentou
um dos primeiros cursos de Medicina do Hospital de
São João, no Porto. Este laboratório ostenta com muito
orgulho o seu nome. A marca Análises Clínicas Luís
Aguiar Soares está registada e é propriedade da família.
Será cedida a uma fundação entretanto criada em 2010,
SAÚDE | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 37
também com o nome do pai: Fundação Doutor Luís
Aguiar Soares.
Inicialmente a empresa funcionou em Vale de Cambra,
depois transitou para S. João da Madeira em 1977. A
sua fundação acontece depois de o meu pai retornar de
Angola onde foi assistente de Daniel Serrão, professor
doutor. Curiosamente, muitos anos depois, também
eu fui aluno dele no curso de Direito onde lecionava
Medicina Legal. Fomos os dois alunos do mesmo
indivíduo em cursos completamente distintos. De resto,
a história do laboratório é pautada pela evolução normal
do setor.
Qual a missão da Fundação Doutor Luís Aguiar
Soares?
A Fundação foi criada para continuar uma postura
de benemerência que o meu pai tinha. Trabalhando
sobretudo em dois concelhos, Vale de Cambra e
Arouca (a origem do meu pai), visa atuar na área, muito
negligenciada, da Saúde Pública. Entendida segundo
a definição da Organização Mundial da Saúde (OMS),
não como mera ausência de doença, mas como um
completo estado de bem estar físico, psíquico e social.
Há várias dimensões onde isto se pode enquadrar. Já
nos apresentaram muitos projetos, alguns que faziam
muito sentido serem apoiados. Chegamos a apoiar
iniciativas na área da música, porque entendemos que a
cultura é a expressão de saúde do povo. Esta Fundação
não tem uma dimensão assistencial normal. Queremos
trabalhar de uma maneira diferente e em coisas nas
quais a maioria das pessoas não está habituada. Por
exemplo, fazer um rastreio, mas um que seja relevante,
de fundo, pensado, estudado, com um comité científico
a acompanhar e resultados que permitam perceber o
seu impacto na população.
Desafios para o futuro?
Tendo em conta o estado da economia e conhecendo
bem o negócio, como conheço, as perspetivas para o
futuro são boas, mas não necessariamente risonhas. Não
obstante, estarmos num setor muito contingente e frágil
a intervenções da tutela. Num ímpeto podem-nos baixar
a tabela do serviço nacional de saúde em 30 por cento.
Como aconteceu, sendo que a tabela representa uma
larga fatia do que fazemos aqui. Sabemos ainda que
vivemos num mercado fechado, porque a demografia
na nossa região não conhece aumentos extraordinários,
nem sequer um aumento normal. A população de S.
João da Madeira é na ordem dos 24 mil habitantes, a
de Vale de Cambra, igual, portanto, se há crescimento
num lado, há diminuição no outro e as coisas vão
estando constantes. Oliveira de Azeméis, Arouca e Sever
do Vouga também não crescem muito. O próprio Porto,
também tem a mesma dificuldade. Mas tudo isto, claro
é um problema geral do país. Mas sabendo de tudo isso
e da existência de uma limitação à prescrição por parte
dos médicos, dos centros de saúde e das administrações
para contenção de custos, se ainda assim temos um
aumento do número de pessoas a vir cá, significa que
estamos a trabalhar bem e a ser reconhecidos por isso.
Gostava de ver a descendência a tomar conta do
negócio da família?
Eu tenho um filho, com 11 anos. Um sobrinho que vai
fazer 3 anos, outro que entrou este ano para o Instituto
de Ciências Biomédicas Abel Salazar, no Porto, e mais
dois que manifestam já a vontade de seguir os passos
dos pais (ambos médicos) e do avô. A estrutura que
temos agora, no momento atual, está a ser gerida pela
minha mãe, pelos meus irmãos e por mim. Portanto,
não sucumbindo àquilo que é normal acontecer nas
empresas familiares em que a primeira geração cria,
a segunda aumenta e a terceira destrói, obviamente,
gostaria muito que a empresa continuasse na família,
como creio ser também a vontade dos restantes
membros.
“Aqui respira-se saúde”
O ar é puro. Ao redor, uma extensão de três hectares de natureza convida ao lazer. Na Casa Ribeira – Centro Geriátrico respira-se
saúde. A localização é excelente, pois permite conjugar os benefícios de estar a dez minutos do Porto e ainda assim estar rodeada de
uma envolvente desafogada e contactar com a natureza. Situada em Valongo, esta é a Casa que promete oferecer, quer aos clientes
do lar quer aos de centro de dia, atividades que os permitirão encarar a vida com otmismo e vitalidade até porque, para Inês e Filipa
Pereira, mentoras deste projeto, “as pessoas não devem sentir que vêm para aqui para passar os seus últimos dias de vida, mas sim
para serem felizes. É esta a nossa missão!”.
Como é que surge o projeto Casa Ribeira?
A ideia foi crescendo e se apoderando de nós,
queríamos um conceito diferenciador dos demais que
promovesse o envelhecimento ativo e feliz. E tudo foi-
se compondo através de trocas de ideias e também
conhecendo o que existe em Portugal, no que se
refere a lares para idosos. Somos uma equipa jovem
e motivada com uma atitude diferenciadora no que
concerne aos cuidados geriátricos. Com base nesse
conhecimento geral e olhando para as potencialidades
do local identificamos que este projeto de lar de idosos
e centro de dia fazia sentido. Fizemos visitas a alguns
lares e o que encontrávamos era pouco satisfatório e
que se tivéssemos 70 ou 80 anos não gostaríamos de
estar nesses espaços. E então pensámos: porque não
fazermos algo ao nosso gosto, algo que corresponda
às nossas expectativas, que corresponda ao que, como
idosos, nos fizesse feliz?
O que vos distingue dos demais?
As instalações são de altíssimo nível, estando equipadas
com os mais modernos equipamentos geriátricos,
proporcionando todo o conforto. Temos piscina interior
aquecida, biblioteca, espaço para cabeleireiro e estética,
salão polivalente, quartos amplos com WC privativo,
jardins e extensos espaços exteriores que convidam
ao passeio e descontração. Toda a prestação de
cuidados geriátricos está focalizada no nosso cliente
e nesse sentido desenvolvemos parcerias de forma
a subcontratar serviços que são acessórios à nossa
atividade.
Porquê?
Para nos libertar, para nos dedicarmos totalmente aos
nossos idosos. Temos uma equipa jovem e especializada
em cuidados geriátricos, totalmente imbuída na nossa
missão de proporcionar bem estar e momentos de
felicidade aos nossos clientes. Pensámos em atividades
diferenciadoras e integradoras.
E que atividades são essas?
As potencialidades que este espaço poderá proporcionar
aos nossos clientes são inúmeras e sempre focadas no
desenvolvimento do bem estar físico, psíquico e social.
Nesse sentido, pretendemos desenvolver diversas
acividades em diferentes domínios:
- atividades físicas e de promoção do bem-estar como
aulas de ginástica para seniores, hidroginástica (em
piscina interior na Casa Ribeira), yoga, tai-chi entre
outras;
- interação com a natureza como o cultivo de hortas,
cuidar de animais de quinta, passeios na natureza,
jardinagem, e outras.
- sociais como canto, yoga do riso, festas temáticas,
aulas de inglês e internet e leitura. O contacto com
os seus familiares poderá ser através do facebook ou
skype, de forma a promover a interação familiar e social.
- culturais: teremos as visitas a museus, idas a teatro,
cinema, visitas temáticas a centros históricos.
- estética: cabeleireiro, manicure, pedicure, sessões
fotográficas.
O que pretendemos é oferecer qualidade de vida,
recriando o gosto pela vivência quotidiana.
Possibilitamos ainda que o cliente traga o seu animal
de estimação, temos boxes preparadas para receber
os animais. Poderá continuar a conviver com o seu
animal de estimação, ter esta ocupação diária fá-los-á
sentirem-se úteis, promovendo a auto-estima.
Temos também um campo de futebol, de voleibol e
baloiços. E porquê? Para promover o convívio familiar,
partilhando momentos únicos de lazer. Esta interligação
geracional é fundamental para o equilíbrio emocional.
38 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | SAÚDE
CeNtro geriátrico - lar de idosos e centro de dia
Queremos criar todas as condições para os familiares
venham e estejam cá, comungando do prazer da
partilha de momentos com os nossos clientes.
Têm capacidade para ter quantos idosos na Casa
Ribeira?
Vamos iniciar com seis pessoas no lar de idosos e
15 no centro de dia. Podemos crescer de seis até
nove pessoas no que se refere ao lar, mas para já
queremos arrancar com este número porque queremos
acompanhar os idosos de uma forma muito humanizada
e próxima. No centro de dia disponibilizamos o serviço
de transporte de e para casa.
Temos uma equipa especializada para acompanhar os
nossos clientes em todas as suas necessidades.
Existem também vários protocolos assinados. Ao nível
da assistência médica, temos já protocolo firmado com
uma clínica privada que é uma referência na prestação
de cuidados médicos de excelência que permitirá ter
assistência integral em todas as valências médicas,
desde medicina oral a fisioterapia passando pela
psicologia, entre outras.
Temos ainda protocolos com algumas ordens
profissionais como a Ordem dos Advogados, a Ordem
dos Economistas e várias associações profissionais.
SAÚDE | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 39
Mediação Imobiliária
das casas de luxo às casas de retoma
Legalmente regulada, a mediação imobiliária é uma atividade que consiste na imputação a uma empresa, por parte
dos seus clientes, na procura de destinatários para a realização de negócio que contemplem a constituição ou
“aquisição de direitos reais sobre bens imóveis, bem como a permuta, o trespasse ou o arrendamento dos mesmos
ou a cessão de posições em contratos que tenham por objeto bens imóveis”.
Para que possa ser exercida, a mediação imobiliária requer uma atribuição de licença de validade limitada emitida
pelo Instituto da Construção e do Imobiliário.
A concessão e atribuição desta licença implicam que os requerentes aufiram de posse de idoneidade comercial e
que aufiram de seguro de responsabilidade civil ou garantia financeira ou instrumento equivalente que o substitua.
Fonte: Associação dos Profissionais e Empresas de Mediação Imobiliária de Portugal (APEMIP)
40 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA
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42 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA
“Questão de status”Aransa
Com uma sólida trajetória de mais de 35 anos no setor imobiliário, o Grupo Aransa é considerado como uma empresa de referência
pela sua experiência e profissionalismo.
O Grupo, com grande diversidade geográfica e linhas
de negócio, abarca praticamente todos os aspetos
do processo, destacando-se entre eles a promoção
e construção de imóveis de todo o tipo de tipologias,
em todos os segmentos de mercado. A sua experiência
e vocação de liderança faz com que sejam avaliados
como uma empresa de referência dentro do setor
imobiliário em Espanha e, fundamenta a sua solidez no
âmbito internacional.
Apostando desde sempre na qualidade, o
empreendimento Boss Luxury Towers, na Boavista,
uma das zonas mais luxuosas da cidade do Porto,
é o exemplo perfeito de um empreendimento com a
assinatura Aransa.
Boss Luxury Tower & Apartments
Este é um empreendimento exclusivo, com localização
privilegiada e excelente qualidade. Integra apartamentos
T2, T3 e T4. Estas diferentes distribuições permitem-lhe
escolher o ambiente mais adequado.
Aqui, o design atual e materiais topo de gama conjugam-
se na perfeição. Os acabamentos são cuidados e
os serviços exclusivos, porque de acordo com o
administrador-delegado da Aransa, Gonzalo Álvarez, “um
edifício deve sastisfazer as necessidades e expectativas
dos clientes porque trata-se da sua casa , que é um
investimento importante na nossa vida. Devemos otimizar
os espaços sem renunciar a qualidade, a modernidade e
a comodidade porque é o lugar que partilhamos com a
pessoas que mais queremos”.
Dividido em dois estilos, Urban e Classic, o
empreendimento Boss foi desenhado para permanecer
inalterado com o passar dos anos. Para que assim
seja, foram eleitos materiais nobres de reconhecidos
fabricantes, de alta resistência, com excelente
comportamento térmico e acústico. Reduzindo gastos
e emissões de CO2, respeitando o ambiente sem que
para tal a beleza e elegância das habitações e edifício
sejam comprometidas. Moderno, atrativo, funcional,
tanto no exterior como no interior e primando pela
qualidade.
Decididos a marcar a diferença, o Grupo Aransa
estipulou que “Boss é muito mais do que apenas uma
habitação, é um estilo de vida”. Por isso, foi criado o
Club Boss , um serviço exclusivo para os moradores do
edifício que lhe permitirá desfrutar de uma seleção de
serviços ao seu redor.
O serviço pós-venda é outro dos pontos fortes deste
grupo imobiliário. “Nós queremos fidelizar clientes para
a vida. Por isso mesmo, a nossa ligação não termina
quando entregamos a chave de uma casa. Estamos
sempre presentes”, finaliza Gonzalo Álvarez.
O Grupo Aransa encontra-se organizado através dos
seguintes departamentos:
Arquitetura e engenharia: A sua equipa desenvolve
os projetos conforme o gosto e necessidade do cliente
privado e instituições.
Construção civil: A Aransa conta com uma empresa
construtora própria que se encarrega da execução de
projetos próprios e de terceiros, desenhados pelo Grupo.
Serviços imobiliários: O Grupo conta com uma rede
de vendas própria em Espanha, Portugal , Brasil e no
México, o que lhes dá um conhecimento exaustivo
e de primeira mão do preço e das possibilidades de
comercialização de qualquer ativo imobiliário.
Promoção residencial: Desde a fundação do Grupo
até aos dias de hoje, o volume de promoções que
levou a cabo cifra -se em mais de 10 mil habitações,
todas elas canalizadas através de diferentes sociedades
mercantis do grupo.
Industrial e retalho: AransaIBD surge como resposta
do Grupo Imobiliário Aransa às necessidades de
desenvolvimento de projetos e instalações destinadas
ao tecido empresarial.
Consultoria urbanística e imobiliária: Aransa Gestão
Imobiliária nasce na sequência de novas circunstâncias
de mercado, do qual é essencial ter um conhecimento
global e do negócio imobiliário, que permita assessorar
as entidades financeiras na gestão dos ativos imobiliários
adquiridos, na área geográfica nacional e internacional.
“Questão de status”
Transparência e acompanhamento
Fracção exacta
A Fracção Exacta Imobiliária, sediada no Porto, opera nos distritos do Porto, Aveiro e Lisboa com um posicionamento e atitude original.
Perante o mercado tem como missão prestar um serviço de excelência. Com uma equipa jovem mas com bastante experiência no
mercado imobiliário, a Fracção Exacta assume como valores chave a transparência, orientação para o cliente e inovação.
Perante o número sempre crescente de crédito malparado
em Portugal, em 2008 nasce um projeto inovador, uma
rede imobiliária especializada na exploração de imóveis
de retoma, trabalhando exclusivamente para os bancos.
É sob este propósito que o Grupo Fracção Exacta criou
a marca Retoma de Bancos. “Esta é uma necessidade
cada vez mais presente no mercado, o escoar de
imóveis que foram entregues aos bancos, seja por
dações em pagamento, seja por ações judiciais”, revela
Jorge Fonseca, CEO do Grupo.
Este incumprimento bancário, fruto essencialmente da
subida de taxas de juro e consequente aumento das
prestações no crédito à habitação, levaram a que as
instituições bancárias ficassem com vários imóveis
em carteira. A Retoma de Bancos mostra-se, aqui,
a solução ideal para estas instituições e investidores. A
marca tem conseguido explorar com bastante sucesso
as necessidades que o mercado manifesta e aliá-las a
boas oportunidades de negócio.
Tratando-se de uma área com um perfil muito específico,
decidiu-se criar um departamento próprio, com um site
à medida e uma equipa dedicada.
Atualmente, a Retoma de Bancos, com sede em Vila
Nova de Gaia, opera nos distritos do Porto, Braga, Aveiro
e Lisboa, diferenciando o seu trabalho pela atitude
original e um serviço de excelência.
Com uma equipa jovem mas com bastante experiência
no mercado imobiliário, esta marca do Grupo Fracção
Exacta assume como valores chave a transparência,
orientação para o cliente e inovação.
Uma nova realidade
“Paralelamente ao que tem acontecido com os
imóveis avulso, ou seja imóveis de particulares que
deixaram de pagar a prestação das suas casas aos
bancos, estas entidades têm também ficado com
alguns empreendimentos, fruto de promotores que não
conseguiram cumprir com os seus compromissos”, diz
Jorge Fonseca.
Perante esta nova realidade, a Retoma de Bancos
torna a marcar pela diferença e a mostrar o seu valor,
ao ver-lhe confiada a promoção de um empreendimento
de luxo numa zona de destaque na cidade do Porto. “No
espaço de um ano já vendemos cerca de 80 por cento
dos imóveis”, revela.
Com condições especiais de financiamento e descontos
acima dos 40 por cento face ao valor do imóvel, a
Retoma de Bancos tem feito da Quinta dos Amieiros a
escolha de várias famílias portuguesas para viver.
Localizado junto a um dos mais importantes eixos
rodoviários da cidade do Porto, próximo do pólo
universitário e do Hospital S. João. Este empreendimento
classifica-se como um dos empreendimentos PRIME da
cidade.
A sua configuração em ‘U’ confere-lhe características de
segurança e comodidade exclusivas. Os apartamentos
apresentam elevados padrões de qualidade, com áreas
generosas, amplas varandas, cozinhas equipadas com
eletrodomésticos ‘De Dietrich” e uma extraordinária
garagem.
Se ficou curioso, aceda à página da internet da Retoma
de Bancos e conheça aquela que pode vir a ser a sua
casa de sonhos.
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44 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA
Sempre atenta às necessidades do mercado, como,
aliás, já habituou os seus clientes, o Grupo Fracção
Exacta torna a surpreender. Com o termo ‘low cost’
a ganhar cada vez mais importância na vida dos
portugueses, a agência de viagens Voo Exacto chega
como uma lufada de ar fresco ao mercado português
e torna acessível o incrível mundo das viagens a todas
as carteiras.
“Aqui garantimos o preço mais baixo. A concorrência
não conseguirá oferecer um preço abaixo do nosso.
Essa é a nossa garantia”, afirma Jorge Fonseca, mais
uma vez mentor de um projeto inovador e que traz várias
vantagens aos seus clientes.
Preço baixo, qualidade acima da média
“Com a conjuntura atual, cada vez mais as pessoas se
preocupam em terem os serviços pelo menor preço
possível. Tendo presente essa realidade, o Grupo
decidiu apostar numa agência de viagens low cost”. Este
novo conceito da Fracção Exacta pretende manter a
sua estratégia de qualidade, qualidade essa a que os
seus clientes já se habituaram com o setor imobiliário
desenvolvido pelo Grupo.
Jorge Fonseca faz questão de frisar que o facto de ser
low cost não significa que a qualidade vai ficar aquém
das expectativas. “O Voo Exacto irá disponibilizar
destinos premium, as viagens de sonho dos nossos
clientes, mas sempre ao preço mais baixo do mercado”.
E isso é possível, questionamos nós. A resposta não se
fez tardar. “Tudo é possível neste segmento e vamo-
nos empenhar para sermos os melhores e sem nunca
descurarmos na qualidade de serviço”.
Realizar sonhos
Disponível a partir de dezembro, a Voo Exacto começa
por abrir portas na rede de lojas Retoma de Bancos,
contando com pessoal especializado e com experiência
no ramo do turismo. “No fundo, vamos rentabilizar
recursos, o que também nos permite conseguir o
mercado mais baixo do mercado, e aproveitar o know-
how e os conhecimentos que já fomos criando enquanto
agência imobiliária com os nossos clientes”, explica o
CEO da empresa.
“Com esta nova vertente de negócio não pretendemos
vender o que há de mau no mercado, muito pelo
contrário. Pretendemos, isso sim, ter uma oferta
diversificada por todo o mundo, mas sempre com o
melhor preço de mercado. O nosso objetivo é garantir
aos nossos clientes que não vão encontrar aquela
viagem com aquelas características por nenhum valor
mais barato. Este é o nosso compromisso”.
Continuando a marcar pela diferença, as agências de
viagens low cost Voo Exacto não cobrarão taxas de
reserva, uma característica comum das empresas do
ramo.
Além disso, as novas agências farão uma busca
incessante por todos os operadores para cumprirem o
seu compromisso no que ao valor diz respeito. “Vamos
trabalhar com todas as companhias aéreas, incluindo as
low cost, algo a que a maioria dos operadores turísticos
colocam algumas reservas por não ser lucrativo. Mas
não estamos preocupados com isso”, confessa Jorge
Fonseca.
Viagem “chave na mão”
Sem colocarem impeditivos ou apresentarem planos
de viagem inalteráveis, os profissionais das agências
Voo Exacto permitirão aos seus clientes planear a
sua viagem de sonho, sem que nada seja deixado ao
acaso. E há várias formas de o fazer. “O cliente pode-
nos apresentar o que quer fazer, que locais visitar
ou, por outro lado, apresentar-nos o valor que pode
disponibilizar para essa viagem e, mediante o tipo de
destino que pretender, nós apresentar-mos um pacote à
sua medida e ao seu gosto”.
Jorge Fonseca acrescenta que “não há impossíveis. É
importante que os nossos clientes e potenciais clientes
saibam que tudo é possível, até mesmo ir ao Funchal
de carro”, graceja, “e que tudo faremos para que a sua
viagem de sonho se concretize ao pormenor. Sempre
com a garantia de que temos o preço mais baixo”.
Saiba mais em www.vooexacto.com
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novos voosFracção exacta
E depois do ramo imobiliário, o Grupo Fracção Exacta torna a revolucionar o mercado, desta vez na área do turismo. Mantendo-se
fiel ao seu conceito de inovação e serviço de excelência, a nova marca Voo Exacto trará ao seu cliente várias vantagens. A mais
significativa: a garantia do preço mais baixo do mercado.
MEDIAÇÃO IMOBILIÁRIA | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 45
Santas Casas da
Misericórdiae Ação Social
As Misericórdias desempenharam um papel determinante na história de Portugal, no que toca à organização da
assistência aos pobres e aos excluídos, motivo pelo qual é justificado o seu reconhecimento. Hoje em dia, ainda
sobre a alçada da prestação de auxílio aos mais necessitados, estas instituições de cariz religioso incidem sobre as
mais variadas áreas, que vão desde os cuidados de saúde, ao acolhimento e integração social, não descurando as
vertentes culturais e lúdicas da população.
A partir de 1498, as Misericórdias disseminaram-se por todo o território nacional, incluindo os arquipélagos da
Madeira e dos Açores, acabando, naturalmente, por se tornarem de um símbolo do povo português.
Mantendo fortes ligações ao Estado, estas entidades mantêm-se ativas com uma margem de atuação específica
e organizam-se autonomamente. Os rendimentos atuais das misericórdias, posteriormente aplicados às atividades
de âmbito solidário que executam, advêm essencialmente dos lucros da Lotaria Nacional, Totobola e Totoloto, entre
outros jogos licenciados pelo Estado.
46 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | MISERICÓRDIAS
Uma Casa jovem e de boa
saúdeSanta Casa da Misericórdia meda
É em Meda que encontramos uma das Misericórdias mais jovens de Portugal. Com uma história ainda pequena para contar mas
uma missão muito vasta, a Santa Casa da Misericórdia de Meda surge a 20 de Agosto de 1926 para fazer face às carências de uma
população maioritariamente idosa. Hoje orgulham-se de serem uma das poucas Instituições do país que consegue manter uma boa
saúde financeira.
48 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | MISERICÓRDIAS
Anselmo Antunes de SousaProvedor
Anselmo Antunes de Sousa, professor e presidente da
Câmara Municipal de Meda, está ligado à missão há vinte
anos, primeiro como membro da Mesa Administrativa e
atualmente como provedor. Conhece bem os cantos à
casa e orgulha-se do curto mas importante caminho
percorrido. Recorda que a instituição foi importante para
o concelho logo nos primeiros anos de existência mas
admite que foi a partir dos anos 80 que a Santa Casa da
Misericórdia de Meda se tornou numa referência para a
região. “Durante estes 15 anos acho que fizemos uma
excelente obra, criamos excelentes condições, neste
momento temos dois Lares de Idosos com capacidade
para 100 utentes o que para o nosso concelho é
muito bom. Além do lar temos a valência de Centro
de Dia, Apoio Domiciliário, Atividade de Tempos Livres
e Cantina Social”. Garante que estão sempre prontos
a atender a qualquer carência social no concelho
mas é nos idosos que encontramos a grande missão
desta instituição. “Infelizmente a nossa população está
bastante envelhecida e pelo contrário temos cada vez
menos crianças, a desertificação é o grande problema
do interior. Neste momento temos cerca de 100 utentes
e uma lista de espera enorme, estou convencido que
se tivéssemos mais vagas, teríamos utentes para
preencher”.
Em Meda, a Santa Casa assume a sua importância na
área da saúde mas também na economia. A instituição
é o maior empregador a seguir à Camara Municipal,
contam com 80 funcionários. “Temos a nossa instituição
dotada de um corpo técnico muito bom, temos
assistentes sociais, diretores técnicos, dois enfermeiros
a tempo inteiro e um médico”.
O Natal para os idosos de Meda
A poucos dias do Natal o provedor não deixa a data
passar em branco. “Temos agendado um convívio com
todos os idosos do concelho, é a nossa festa de Natal”
celebra, ”Não tenho dúvidas que uma tarde de convívio
com muita animação é uma boa terapia para o idoso,
pode até ser melhor do que uma consulta médica. Nas
nossas festas trazemos sempre um grupo de música e
até mesmo os idosos que têm mais dificuldades cantam
e dançam, vê-se que sentem uma alegria tremenda
nestes convívios”.
Anselmo Antunes de Sousa admite que nunca imaginou
vestir a farda de provedor e presidente de câmara
em simultâneo e até recordou que as eleições para
a provedoria da Santa Casa da Misericórdia de Meda
estão aí à porta. “Estou a ponderar se vou continuar ou
não à frente da instituição mas a verdade é que criei um
grande amor por esta Casa”.
O futuro: Unidade de Cuidados Continuados
Quanto ao futuro o provedor anuncia que o grande
projeto em cima da mesa é “uma Unidade de Cuidados
Continuados porque penso que aqui para o nosso
concelho é uma mais-valia. Neste momento temos uma
ameaça constante do encerramento do centro de saúde
e se assim for ficamos muito limitados. Neste momento
sempre que há algum caso mais grave os utentes têm de
fazer 70 km até a Guarda”. Garante que têm condições
para avançar com a construção até porque além de a
instituição estar bem consolidada ao nível financeiro o
provedor admite que “o governo está a voltar a apostar
fortemente nas misericórdias porque a saúde fica muito
mais barata nas instituições do que nos hospitais.” A
futura Unidade de Cuidados Continuados já tem destino
“em princípio será construído nas antigas instalações do
lar antigo”. O provedor estima que a unidade custará
à instituição um milhão e meio de euros mas finaliza
que não só será um investimento na população idosa
do concelho mas também uma forma de criar emprego.
400 anos a praticar o bemSanta Casa da Misericórdia de Mangualde
O lema diz tudo e é seguido à risca na Santa Casa da Misericórdia de Mangualde. Foi há 400 anos, em março de 1613, que dentro
da corrente assistencialista da época iniciado pela rainha Dª Leonor, surgiu um movimento local no sentido de levantar a Irmandade
da Santa Casa da Misericórdia em Mangualde. Não se sabe muito sobre os 100 anos que se seguiram mas foi com a família Pais
do Amaral que esta Santa Casa ganhou um novo fôlego quando construíram a Igreja da Misericórdia, a primeira sede oficial desta
instituição.
400 anos volvidos, o provedor Fernando D’Amleida
orgulha-se da obra feita. A mais recente é a Unidade
de Cuidados Continuados de Longa Duração inaugurada
em março de 2012. Representou um investimento de
2.7 milhões de euros. “Foi uma altura difícil, abrimos na
altura em que o Governo teve de parar para fazer contas”
conta o provedor que lamenta o sufoco financeiro que
a Misericórdia então viveu graças ao investimento na
Unidade de Cuidados Continuados. Atualmente a UCC
integrada na Rede Nacional de Cuidados Continuados
Integrados tem as 38 camas ocupadas e dá emprego
a uma equipa de 38 jovens e dinâmicos profissionais
da saúde. Apesar das dificuldades financeiras esta
misericórdia orgulha-se de estar num dos poucos
concelhos em Portugal onde o desemprego não toma
proporções devastadoras, Fernando D’Almeida diz que
“felizmente estamos numa zona onde o desemprego
50 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | MISERICÓRDIAS
não é tão gravoso devido a algumas empresas que
empregam grande parte da população”. A saúde é uma
tradição centenária nesta misericórdia que para além da
UCC dispõe ainda de dois lares com lotação para 140
utentes. O Lar Morgado do Cruzeiro é o mais antigo,
foi inaugurado em 1975 e sofreu obras de ampliação
em 1983. Já o Lar Nossa Senhora do Amparo foi
inaugurado em 1994. Ambos surgem na tentativa de
quebrar o isolamento dos mais velhos.
Para além da missão de cuidar dos idosos que estão
na Santa Casa da Misericórdia, o provedor mostrou-
se sobretudo preocupado com os que estão isolados
e não estão sinalizados. Fernando D’Almeida admitiu
que o Conselho Local de Ação Social (CLASM), do qual
também fazem parte todos os presidentes de junta do
concelho, irá reunir em breve para “os sensibilizar para a
existência destes casos isolados”.
“Cuidar com amor”
Mas não só para pessoas idosas se faz esta casa que em
março de 2007 inaugurou a Cresce Mariazinha Lemos
sob o lema “Cuidar com amor”. O provedor conta que
“a cresce foi construída com base num donativo” e
funciona no edifício do Lar Nossa Senhora do Amparo.
Foi pensada para acolher crianças dos quatro meses
aos três anos. Fernando D’Almeida lamenta no entanto
que a cresce se tenha tornado num problema devido à
perda de natalidade ao longo dos últimos anos, conta
que no início “a procura era bastante e depois caiu”.
Culpa sobretudo a “emigração por levar os jovens do
concelho e o desemprego que faz com que as mães
optem por cuidar das crianças em casa. A cresce já
obrigou mesmo à movimentação interna de pessoal,
ainda conseguimos fazer isso mas temos medo que as
coisas se agravem”, conta o provedor.
Melhorar as condições
Quanto ao futuro o provedor diz que “o apoio domiciliário
está na agenda dos Cuidados Continuados mas
idealizamos um apoio mais abrangente e que preste
um serviço completo à pessoa que dele necessite”.
Fernando D’Almeida admite no entanto que este será
um projeto a médio prazo sobretudo porque “exige
muito pessoal e neste momento não é comportável
mas temos em mente que isto possa passar para uma
próxima geração”. Quanto ao futuro próximo, o objetivo
do provedor é melhorar as condições existentes em
áreas como a segurança e a climatização.
Fernando D’Almeida Provedor
Resistir ao despovoamentoSanta Casa da Misericórdia de Almeida
Foi em dezembro de 1520 que um escudeiro real da Coroa de D. Manuel I propôs a criação de uma Misericórdia no concelho de
Almeida, uma terra distante do litoral populoso, mas central no que toca às rotas europeias. Nasce assim a Santa Casa da Misericórdia
de Almeida para fazer face à pobreza na região.
52 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | MISERICÓRDIAS
Carlos Pereira chegou a esta instituição como médico,
foi vice-provedor durante nove anos e em 2012
ascendeu a provedor após o falecimento de António
José de Sousa. Já conhece bem os cantos à casa e fala
com orgulho das valências em Almeida mas considera
que ainda tem muito para aprender. “Estou a fazer uma
aprendizagem, é muito diferente ser vice-provedor sem
grandes responsabilidades ou ser provedor e assumir
toda a responsabilidade desta instituição”.
“Se há interior, nós estamos no interior do interior”
A sede desta Misericórdia situa-se num dos mais antigos
edifícios desta terra, num antigo hospital concelhio
dentro da área muralhada de Almeida. O edifício sofreu
grandes obras nos últimos anos, da década de noventa,
hoje as antigas dependências são um Lar de Grandes
Dependentes com capacidade para 17 utentes. “Neste
Carlos Pereira Provedor
momento é a nossa sede por razões históricas mas
também porque aqui funciona um Lar de Grandes
Dependentes”. Também anexado ao antigo hospital
existe uma Igreja que recentemente sofreu obras de
renovação.
Fora da área muralhada foi construído de raiz um
complexo de dois hectares onde funciona um Lar de
Terceira Idade com capacidade para 60 utentes e que
está numa fase de conclusão de obras para a instalação
de um sistema de controlo de incêndios que inclui portas
e janelas corta-fogo. Um lar com condições acima da
média onde todas as casas de banho são acessíveis
a pessoas com mobilidade reduzida. “Aqui, apesar da
assistência prestada, dos todos os idosos podem ser
independentes e tomar banho na cadeira de rodas”,
diz o provedor orgulhoso das condições do lar. Desde
que adquiririam uma viatura adequada ao transporte de
alimentos esta Santa Casa faz ainda esta distribuição a
famílias carenciadas da comunidade, através do plano
anual da distribuição de géneros alimentícios.
Ainda dentro do complexo, num recente edifício
separado do lar, a Instituição dispõe das valências
creche e jardim de infância. “A creche é muito recente,
tem cinco anos”, conta o provedor que lamenta no
entanto que “no ano em que a inauguramos, foi criado
um jardim infantil oficial. Nós aqui já somos um concelho
tremendamente despovoado onde o envelhecimento é
visível mesmo para quem anda distraído, a população
estudantil está em queda abrupta e portanto se
tínhamos poucos, ficamos com ainda menos crianças,
fomos mesmo obrigados a dispensar uma educadora”.
Carlos Pereira diz-se um “apaixonado pela terra mas um
pessimista em relação ao futuro”, recorda o tempo em
que nasciam 120 crianças no concelho e lamenta que
no ano passado tenham nascido apenas 23. Apesar de
admitir que a creche e o jardim de infância não são um
bom negócio do ponto de vista financeiro, acredita que
a Santa Casa tem o dever de manter estas valências.
Para além destas valências, o provedor tem em
mãos uma obra muito maior que está em fase de
conclusão, a construção de uma Unidade de Cuidados
Continuados de Longa Duração que “se o cronograma
for cumprido estará concluída no fim deste ano”. A UCC
terá capacidade para 30 utentes e estará no auge da
modernidade de Cuidados Continuados. Entre outros
equipamentos e facilidades o provedor conta que “vamos
ter enfermagem, salas de apoio, sala de eletroterapia,
sala de fisioterapia, tanque de recuperação”.
Dar mérito a quem merece
Questionado sobre o empenho dos funcionários que
servem esta causa nobre, o provedor não hesitou em
admitir que alguns veem esta casa como uma empresa,
mas não quis deixar de destacar aquele que considera
ser “o motor da Instituição”. José Fareleira tem 80 anos,
é mesário e tesoureiro e diz o provedor que a ele se
deve muito do sucesso desta casa. “Há aqui algumas
pessoas que merecem um destaque diferente, o nosso
tesoureiro, é um homem que esta aqui há muitos anos,
é o melhor funcionário que cá temos sem ser funcionário
porque quando a casa abre ele já ca está e quando os
outros vão embora ele fica cá”, conclui o provedor.
54 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | MISERICÓRDIAS
56 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | NANOTECNOLOGIA
NanotecnologiaSempre presente
Nanotecnologia é o nome dado à ciência que estuda a manipulação da matéria em contexto de escalas anatómicas
e moleculares. Atua, portanto, em estruturas cujas medidas variam entre um a 100 nanómetros. Um nanómetro,
milimícron ou milimicro é a subunidade do metro correspondente a um milionésimo de milímetro, ou seja, a um
bilionésimo do metro.
Desenvolvida no Japão, esta área promissora tem como ideia base a construção de estruturas e de novos materiais
a partir dos átomos. Apesar de se encontrar ainda numa fase muito recente da sua história, os desenvolvimentos no
campo têm sido surpreendentes.
O debate, porém, está mais que estabelecido, e muitas são as questões que se colocam face às suas futuras
implicações, nomeadamente no que concerne à toxicidade e impacto ambiental dos nanomateriais, seja que haja
quem advirta cenários apocalípticos. Será seguro afirmar, portanto, que o futuro da nanotecnologia terá de passar,
obrigatoriamente, pela regulamentação.
Fonte: wikipedia
Nanotecnologia,
a aposta do futuroNanovalor
Quando lhe falamos em nanotecnologia, talvez o leitor associe de imediato a algo complexo e difícil de perceber. Não deixa de ser
verdade, é um facto. Afinal, estamos a falar de uma tecnologia que mexe partículas mil vezes mais pequenas que um milímetro. Mas
se lhe dissermos que lida com a mesma diariamente no seu telemóvel, no seu televisor LED, no seu computador, no seu automóvel,
nos seus cosméticos e nalguns casos até mesmo na sua roupa, talvez já sinta a nanotecnologia como algo mais familiar. A propósito
desta temática, a Revista Negócios Portugal conversou com Vasco Teixeira, um expert português em nanotecnologia.
Foi na cidade de Braga que Vasco Teixeira, professor,
investigador e coordenador do projeto NanoValor
nos recebeu simpaticamente para uma ‘aula’ de
nanotecnologia. Apaixonado por esta ciência, o nosso
interlocutor deixa à vista a sua dedicação e empenho
aos projetos que integra a cada simples explicação que
nós dá sobre nanotecnologia e suas aplicações.
Começamos esta nossa conversa com a pergunta da
praxe, obviamente. Afinal, o que é a nanotecnologia?
“A nanotecnologia não é mais do que a manipulação
a uma escala muito pequena de átomos, moléculas ou
nanopartículas para assim construirmos novos materiais,
alguns dos quais que lidamos no dia a dia. Podemos
considerar uma televisão com monitor OLED que apesar
de ter um ecrã muito grande foi construído com finas
camadas de nanomateriais, utilizando-se processos de
micro- e nanotecnologia, que ultimam naquela peça de
tamanho substancial. Outro exemplo é o da construção
de painéis fotovoltaicos com células fotovoltaicas à base
de filmes finos de silício amorfo”, explica-nos logo Vasco
Teixeira.
“Ultimamente vários jornais e outros meios
de comunicação têm dado alguma atenção à
nanotecnologia. E estamos aqui no Minho, que
se reconhece como a região da inovação, do
empreendedorismo e da nanotecnologia. Foi em 2005
que os governos de Portugal e Espanha decidiram
a criação e operação conjunta de um Instituto de
Investigação e Desenvolvimento em Nanotecnologia.
Foi assim aprovada a construção do maior laboratório
ibérico de nanotecnologia (o INL), que está sediado em
Braga. A primeira pedra foi lançada na XXIII Cimeira
Ibérica, que se realizou nos em janeiro de 2008 em
Braga”, começa por nos contar o professor. “Com
o INL, a Universidade do Minho que também detém
muitas competências científicas em nanotecnologia, o
CENTI e empresas da região que operam na área dos
nanomateriais, podemos considerar esta região com um
grande potencial e capacidade de promover projetos
neste domínio que aumentem a competitividade das
nossas empresas”, acrescenta.
“Há que perceber e encarar a nanotecnologia como
uma ciência que permite construir e desenhar novos
materiais, para dispositivos e componentes à nanoescala.
“Ou seja, é possível a partir de nanoestruturas efetuar-
se uma assemblagem para no final conseguirmos um
produto, e que às vezes nem nos apercebemos que foi
conseguido através de processos de nanofabrico”.
No que concerne à aplicabilidade destes produtos, a
variedade é imensa! “Atualmente, a nanotecnologia
está a despoletar como o domínio científico e
tecnológico de maior expansão de Investigação e
Desenvolvimento (I&D). Um dos principais objetivos é
que a nanotecnologia permita melhorar a segurança e
qualidade de vida das populações e também oferecer
soluções para problemas industriais através de técnicas
de nanofabricação resultantes”.
Sendo uma tecnologia em ascensão, a nanotecnologia
torna o impossível em realidade. Contudo “há ainda
muito caminho a percorrer no que diz respeito às
aplicações tecnológicas e industriais, pelo que a aposta
em investir em I&D no domínio da nanotecnologia tem
sido fundamental para acrescentar valor aos produtos”.
Assim, a nanotecnologia pretende tornar um produto
específico mais eficiente para apresentar funções
e capacidades extra, que seja produzido por uma
tecnologia limpa, de baixo consumo energético, com um
longo período de durabilidade e com um custo baixo.
NanoValor
São vários os projetos de I&DT que o nosso interlocutor
integra, todos eles tendo em vista a promoção e
divulgação da nanotecnologia e do trabalho de
investigação desenvolvido nesta área tão específica.
Assim nasceu, há sensivelmente três anos, o Projeto
NanoValor, que tem por propósito a criação de um
Vasco Teixeira Professor, invertigador e coordenador
58 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | NANOTECNOLOGIA
NANOTECNOLOGIA | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 59
pólo de competitividade para a nanotecnologia
para capitalização do potencial de investigação e
desenvolvimento tecnológico nas regiões do norte de
Portugal e Galiza. Este projeto POCTEP, co-financiado
pelo FEDER, pretende transformar o I&D desenvolvido
em novos produtos e serviços.
“O NanoValor tem permitido transferir o conhecimento
que é gerado nos laboratórios das universidades, nos
centros de investigação e centros tecnológicos para
as empresas, ou seja valorizar economicamente o
conhecimento em nanotecnologia”, revela.
Laboratório Ibérico Internacional de
Nanotecnologia - INL
Fruto de um memorando entre o Ministério da Ciência,
Tecnologia e Ensino Superior Português e o Ministério
da Educação e Ciência Espanhol, o Laboratório
Ibérico Internacional de Nanotecnologia é um pólo
de excelência e referência dedicado à investigação
aplicada em nanotecnologia. Sediado em Braga, o
Laboratório coloca à disposição da região infraestruturas
tecnológicas e também científicas internacionalmente
competitivas. “A Universidade do Minho já é reconhecida
há muito como uma instituição credível e reconhecida
internacionalmente pela qualidade da sua investigação
e cursos de pós-graduação ligados a nanociências
e nanotecnologia. Aliada ao Laboratório Ibérico
Internacional de Nanotecnologia, torna a região bastante
competitiva nesta índole”, conclui.
Nanotecnologia, o que é?
A nanotecnologia trata da manipulação de átomos e/ou
moléculas para a produção de materiais, de dispositivos
e até mesmo de máquinas.
Um nanómetro é a subunidade do metro, correspondente
a 1×10−9 metro, ou seja, um milionésimo de milímetro
ou um bilionésimo do metro. Tem como símbolo nm.
“para se ter uma ideia deste reduzido tamanho; por
exemplo nanopartículas com 10 nm de diâmetro
utilizadas pelos cientistas no fabrico novos materiais,
refira-se para comparação que o diâmetro de um fio
de cabelo tem cerca de 80 mil nanómetros”, esclarece
Vasco Teixeira.
Perfil
Vasco Teixeira é considerado por muitos um dos
mais conceituados investigadores e fomentador da
nanotecnologia em Portugal. Mas, depois de vermos o
seu curriculum, a distinção faz todo o sentido. O professor
foi Pró-Reitor para a Investigação na Universidade do
Minho (UM) entre outubro de 2009 e novembro de
2013, é docente na mesma instituição desde 1989.
Empreendedor e investigador em nanotecnologia,
nanomateriais, engenharia de superfícies e revestimentos
nanoestruturados, é também autor e co-autor de mais
de uma centena de artigos científicos publicados em
diversas revistas internacionais da especialidade, editor
de três volumes de revistas científicas ISI, cinco capítulos
de livros, quatro prémios de Mérito/Inovação Industrial e
Empreendedorismo Tecnológico e proferiu mais de 30
palestras convidadas em conferências internacionais.
A somar a esta já longa lista, Vasco Teixeira é ainda
Editor-in-Chief do Journal of Nano Research. Encabeçou
e participou em vários projetos nacionais e europeus
de I&D e Inovação, organizou e co-organizou várias
conferências nacionais e internacionais nas áreas
de nanotecnologia, nanomateriais, revestimentos,
transferência de tecnologia e empreendedorismo.
É ainda mentor tecnológico e sócio fundador de empresas
de base tecnológica na área de nanotecnologias,
engenharia de superfícies e revestimentos técnicos para
a indústria de moldes e injecção e metalomecânica.
Foi galardoado com três Prémios de Inovação/Melhor
Plano de Negócios e de Empreendedorismo e foi ainda
distinguido com o Prémio Janus em 2012 pelo Instituto
de Estudos Avançados da Universidade de S. Paulo,
Brasil.
Será o céu o limite?Smart inovation
É já no mês de dezembro que a Smart Inovation inaugura a Smart Factory, um espaço criado de raiz para produção de nanoparticulas
(100Ton/mês), um espaço de I&D com um laboratório de experimentação e outro de caracterização além de um espaço para
incubação de novos projetos. Pedro Pinto (CEO) e César Martins (CKO) são dois dos rostos deste projeto.
Pedro Pinto e César Martins CEO e CKO
A tecnologia desenvolvida pela Smart Inovation
é inovadora e única consistindo numa matriz de
nanopartículas que permite transportar substâncias
ativas e ligar-se a diversos materiais conferindo-lhes
assim novas propriedades e características.
“A nanotecnologia vai revolucionar o mundo industrial
e terá o mesmo impacto na vida das pessoas como
teve a luz, o telefone e até os computadores” diz
Pedro Pinto CEO da empresa. “Com a nanotecnologia
podemos tornar possível o impensável e aplica-la em
diversas áreas desde a construção civil, agricultura,
saúde, ambiente e desporto… a lista é interminável”,
acrescenta
Gostava de ter uma casa à prova de mosquitos? Pois
a Smart Inovation tornou o sonho realidade. Basta
adicionar as nanoparticulas “SI REPEL MOSQUITO” à
tinta que usa para pintar a casa e pronto poderá dormir
sossegado pois os insetos não o irão picar e incomodar.
“Estamos a falar de uma tecnologia amiga do ambiente,
www.smartinovation.com
versátil, fácil de utilizar e
acessível em termos de
custo”. Refira-se que as
tintas com inseticidas foram
proibidas recentemente
na Europa pela que o
“SI REPEL MOSQUITO”
sendo um repelente é
uma ótima alternativa para
os produtores de tintas
e utilizadores finais que
queiram proteger as suas
casas dos insetos.
Esta tecnologia também
poderá ser aplicada
em redes mosquiteiras,
uniformes escolares, fardamentos militares, toalhitas,
têxteis e vestuário, cortinas, etc.
Outra das potencialidades destas nanoparticulas passa
pela área da saúde. A Smart Inovation desenvolveu o
“SI BACTERICIDA” que é um produto eficaz e inovador
sem qualquer risco de utilização que pode minorar
substancialmente os custos provocados pelas infeções
nosocomiais como também em outro tipo de situações.
Pode ser utilizado na roupa hospitalar, uniformes para
médicos e enfermeiros, hospitais, clinicas, meias, roupa
interior, etc.
“O papel da prevenção é fundamental na área da saúde
não só pela redução de custos que o Estado pode
ter bem como na melhoria da qualidade de vida das
pessoas” diz Pedro Pinto.
Ainda aliada à temática da saúde a empresa conta na
sua equipa com dois médicos prestigiados com vasta
experiência como é Sousa Basto, dermatologista e
Afonso Inácio, especialista de medicina geral e familiar
que nos tem permitido desenvolver soluções altamente
inovadores e diferenciadores em relação ao que existe
no mercado como sejam o “SI PÉ DIABÉTICO”, “SI PÉ
DE ATLETA”, “SI FRIEIRAS” para aplicação em meias e
luvas.
Além-fronteiras
África e Mercosul são os destinos prioritários para Pedro
Pinto, pelo que os esforços de penetração nesses
mercados têm sido uma preocupação constante.
Internacionalizar a tecnologia através da criação de
parcerias nos diversos países para que ela chegue às
pessoas e organizações será por estes tempos o nosso
grande desígnio. “Temos produtos muito atraentes e as
negociações têm decorrido a bom ritmo” revela Pedro
Pinto.
Credibilidade e sustentabilidade
Como empresa de I&D é fundamental criarmos parcerias
duradouras com entidades de referência no SCT
como é o caso da Universidade Minho, Universidade
Coimbra, IHMT, CITEVE, etc. “É fundamental consolidar
o papel do Conselho Consultivo e Cientifico (CCC)
da Smart Inovation liderado pelo Prof. Vasco Teixeira
que tem o papel importante na vigilância tecnológica,
captação de novos projetos e divulgação da tecnologia
Smart Inovation mantendo-nos assim no topo do
desenvolvimento na área da nanotecnologia“, diz o
nosso interlocutor.
“Somos uma empresa de tecnologia, podemos criar
muito mais a partir do que já foi feito e iremos trabalhar
muito para sermos reconhecidos no mercado da
nanotecnologia. Queremos ser uma referência para os
empresários que querem mudar o paradigma do seu
negócio” finaliza Pedro Pinto CEO da Smart Inovation.
60 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | NANOTECNOLOGIA
Pelos ‘trilhos’ da inovaçãoThales
A Thales em Portugal iniciou a sua atividade no início de 1990, trabalhando na modernização da rede ferroviária portuguesa. O grupo
emergiu como líder no mercado de transporte integrado em Portugal com as suas soluções de comunicação e de sinalização a serem
utilizadas ao longo de mais de 1.200 quilómetros da linha ferroviária nacional.
Comecemos esta nossa entrevista por conhecer
um pouco da Thales Portugal. Como chega o
Grupo Thales ao nosso país?
A Thales Portugal é a subsidiária portuguesa do Grupo
Thales e foi criada em 2007, na sequência de uma
operação de transferência de atividades e ativos entre
os grupos Alcatel e Thales. Neste contexto, a equipa que
a Alcatel construiu desde o fim dos anos 80, dedicada
sobretudo aos transportes, autonomizou-se e constituiu-
se como Thales Portugal. Anteriormente, as atividades
do Grupo Thales em Portugal desenvolviam-se quase
exclusivamente no setor da defesa e eram resultado
de iniciativas com origem em diferentes unidades
estrangeiras da Thales, diretamente ou suportadas
por agentes locais. Desde a sua criação, a Thales
Portugal manteve o foco nas competências e atividades
principais da equipa que a integrou, os transportes, e
gradualmente alargou ao setor da proteção de infra-
estruturas críticas e ao setor da defesa.
São já líderes de mercado em sistemas de
transportes integrados em Portugal. Como se
alcança este marco e, principalmente, como se
preserva este estatuto?
A posição atual da Thales Portugal resulta da
concorrência de dois atores fundamentais: a existência
de um plano de modernização ferroviária no qual o
grupo teve um papel importante, e a vontade de com
esse plano assegurar a transferência das competências
do grupo para Portugal, aumentando assim o valor
local. Adicionalmente, o facto de o grupo ser o único
grupo industrial com capacidade e competências para
endereçar, com soluções próprias, os domínios das
telecomunicações e da sinalização ferroviária, permitiu
ter uma presença mais completa e endereçar de modo
integrado estes dois domínios que na prática são muito
interdependentes.
Assim, a existência de um plano de modernização da
rede ferroviária nacional permitiu que a equipa portuguesa
tivesse oportunidade de desenvolver e consolidar os
seus conhecimentos e experiência, levando a que o
grupo lhe reconhecesse estas capacidades ao ponto de
a tornar Centro de Competência Mundial desde 1996.
Como Centro de Competência competia à unidade
portuguesa a conceção, integração e implementação
de complexos projetos multidisciplinares de
telecomunicações e sinalização ferroviária.
Adicionalmente e a fim de complementar a oferta e
portfólio do grupo, a equipa portuguesa da Thales iniciou
na mesma altura a constituição de um centro de I&D
para o desenvolvimento de produtos que respondem
às necessidades dos setores ferroviário e security,
como sejam os sistemas de informação ao passageiro,
infotainment e as plataformas de gestão vídeo. Entretanto
estas atividades de I&D alargaram-se a outros domínios,
através de parcerias com Universidades e participação
de projetos de I&D, encontrando-se a Thales Portugal
em domínios de vanguarda em várias tecnologias e
soluções tecnológicas para os setores já mencionados.
Participam em todas as fases de vida de um
projeto. É possível elucidar os nossos leitores
sobre esta temática? Quais as várias fases de um
projeto desta índole e de que forma atuam nas
mesmas?
Os projetos que a Thales Portugal desenvolve e
onde melhor se destacam as suas competências e
valor acrescentado, apresentam uma complexidade,
multidisciplinaridade e duração significativa. A
implementação deste tipo de projetos desenrola-se
ao longo de etapas bem definidas, nas quais a Thales
Portugal aplica todas as suas competências e recursos.
As etapas/tarefas fundamentais que marcam o ciclo de
vida de um projeto deste género são:
- Interface único com o cliente e responsabilidade pelo
desempenho da solução integrada apresentada;
- Análise de requisitos e desenho/adaptação das
soluções aos requisitos do cliente;
- Integração e interface entre sistemas e entre as
diferentes entidades intervenientes no projeto;
- Elaboração dos projetos de detalhe para as fases de
João Araújo Presidente do Conselho de Administração
62 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | INOVAÇÃO
INOVAÇÃO | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 63
instalação, testes e colocação em serviço;
- Gestão global do projeto com vista ao cumprimento
das obrigações contratuais, boa execução dos trabalhos,
planeamento temporal, e orçamento;
- Suporte à operação e atividades de manutenção.
Em que áreas tecnológicas atuam?
Como já foi referido a Thales Portugal implementa
projetos nos seguintes domínios:
- Sistemas eletrónicos de regulação e controlo de
tráfego ferroviário, integrando as suas componentes de
equipamentos, software e serviços, sendo os produtos
predominantemente Thales, mas não limitados ao grupo;
- Sistemas integrados/multidisciplinares/multisserviços
de telecomunicações para o meio ferroviário;
- Sistemas integrados/multidisciplinares/multisserviços
de telecomunicações e controlo para a proteção de
infra-estruturas críticas;
- Desenvolvimento de produtos e soluções de
informação ao público bom como de plataformas de
gestão de vídeo.
Apesar de sediados em Portugal, esta célula do
grupo reflete-se em vários países. De que forma?
Tal como referido, após o reconhecimento das suas
competências pelo Grupo e a criação do Centro de
Competências, a atual equipa da Thales Portugal
iniciou as suas atividades de exportação de projetos,
inicialmente limitados aos sistemas de telecomunicações
e posteriormente alargado aos sistemas de sinalização
ferroviária e security. Assim, a Thales Portugal está hoje
presente em 18 países através de projetos integrados,
representando cerca de 80 por cento do seu volume
de negócios.
O grupo Thales é sinónimo de inovação?
Sim e de modo acentuado. O Grupo Thales promove
internamente a inovação, investindo nestas atividades
cerca de 20 por cento do seu volume de negócios. A
Thales Portugal é uma das unidades que contribui para
esta comunidade com uma equipa local.
Por onde passa o futuro do grupo em Portugal?
O futuro do Grupo em Portugal passa claramente pela
continuidade do seu papel líder no setor dos transportes,
estando atentos às iniciativas que se desenvolvem e
desenvolverão no futuro, de modo a contribuir na tarefa
que iniciou nos fins dos anos 80, a modernização da
rede ferroviária nacional.
Em termos de exportação a Thales Portugal mantém
continuamente uma pressão sobre os mercados
de exportação seja por iniciativas do grupo, seja
pela abordagem direta desses mercados, de modo
a aumentar a sua presença e a captura de novas
oportunidades.
Ao nível tecnológico, a Thales Portugal mantém
também uma atividade constante na aquisição de novas
competências, seja pela experiência que novos projetos
lhe trazem, seja pelas suas atividades de I&D. É também
foco da Thales Portugal, assumir um papel cada vez
mais preponderante no seio do grupo, no que respeita à
sua política e estratégia tecnológica e de produto.
O desenvolvimento do setor da defesa é já uma realidade
na Thales Portugal, com o objetivo que a sua intervenção
seja cada vez maior e com maior incorporação local,
tanto para as Forças Armadas nacionais como na
exportação.
Para tal, o reforço da posição acionista na EDISOFT
permitiu que o grupo Thales se dotasse em Portugal
de massa crítica e conhecimentos para de uma forma
consistente dar uma melhor e mais próxima resposta
aos diferentes ramos das Forças Armadas e da
Segurança Nacional.
Este investimento traduz, numa altura de dificuldades
económicas e de incerteza no país, o empenho,
reconhecimento e expectativa que o Grupo Thales
coloca sobre Portugal, sobre a capacidade da equipa
da Thales Portugal, sobre o setor da Defesa Nacional e
sobre as competências que a EDISOFT adquiriu, desde
há 25 anos quando a Thales assumiu um papel de
acionista na Edisoft.
Thales Portugal S.A
212 484 848
www.thalesgroup.com/portugal
No motivar é que está
o ganhoPolopique
Se dependesse da vontade política, de acordo com Luís Guimarães, diretor da Polopique, o setor da indústria têxtil, um dos mais
rentáveis em território nacional, “estaria morto há mais de 20 anos”. Um cenário contrariado pela empresa que gere, que tem na
motivação dos funcionários a sua principal estratégia.
Quando se trabalha por paixão e se vão aglomerando
vastos conhecimentos na área, voar sozinho é sinónimo
de seguir em frente. Assim o fez Luís Guimarães, cujo
percurso se inaugurou a bordo de uma empresa familiar,
e que há 17 anos se deixa desafiar pela Polopique,
Comércio e indústria de Confecções, S.A.
Detida pela Polopique SGPS (que detém também a
Polopique Tecidos e a Polopique Acabamentos), a
designação desta empresa, fundada em 1996, deve-
se ao facto de, inicialmente, comprar, transformar a
matéria-prima básica e executar o produto acabado em
regime de subcontratação, ou seja, “puro outsourcing”.
Contudo, há cerca de dez anos viram-se obrigados a
orientar a sua estratégia para a industrialização e hoje
são totalmente verticalizados, colhendo até o seu próprio
algodão. Uma escolha motivada pela dificuldade em
encontrar no mercado indústrias que pudessem prestar
o apoio adequado.
As razões que justificam a mudança de panorama no
contexto português e o encerramento de várias fábricas
passam pelos esforços que o poder político concentrou,
a partir dos anos 80, na promoção de indústrias
alternativas para região do Vale do Ave. O fator que mais
estará na origem desta opção cingir-se-á à reputação
do setor enquanto explorador de mão de obra barata.
Na opinião do empresário, que contabiliza 33 anos de
experiência, trata-se de um cenário que não tem razão
de ser, e sublinha, “o que se sabe da indústria têxtil é
aquilo que os sindicatos e que os políticos querem que
se saiba da indústria têxtil”. Será essa mesma falta de
noção face à realidade, por culpa da exposição dos
casos de fechos e despedimentos e da informação
veiculada por estas entidades, parte importante do
problema. Por outro lado, o abandono da indústria por
parte das entidades competentes e dos empresários
subsídio-dependentes, regidos por interesses, também
contribuiu.
O desapoio é notório, igualmente, por parte da banca,
uma situação irreal para com uma indústria que, para
além de exportadora, é responsável por 10 por cento do
PIB nacional. Luís Guimarães ressalva que o mesmo não
se passa no resto da Europa e refere a Alemanha e a
Áustria como países em franca ascensão têxtil. Também
em Espanha, a história é outra: “Espanha, ainda há bem
pouco tempo, tinha uma força laboral na área têxtil maior
que a nossa. Tentaram tudo por tudo para que a indústria
têxtil não fosse desmantelada. Facilitaram na contratação,
reduziram aos impostos... Tentaram reunir os industriais
à volta disso e só não puderam fazer mais porque têm o
mesmo problema que nós, são governados por políticos
que estão à distância da realidade das coisas”.
Atualmente, o maior obstáculo ao avanço têxtil são os
custos energéticos. Portugal tem das taxas de energia
mais elevadas e as despesas de luz e eletricidade
têm demasiado peso no orçamento das empresas.
Luís Guimarães acredita que esse é motivo pelo qual
“muitos empresários não têm a coragem de pagar mais
Luís Guimarães Diretor
64 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | INDÚSTRIA TÊXTIL
aos seus trabalhadores”. Os sucessivos aumentos
nesse sentido não podem ser traduzidos no aumento
de custo do produto, para que os negócios não sejam
inviabilizados. É também a este nível que descarta a
atuação das associações e fundações do setor que nada
parecem fazer para que as mesmas benesses de que
auferem outras instituições sejam aplicadas à indústria.
Em relação à banca, demonstra, mais uma vez, o
seu descrédito. Em contacto direto com a realidade
dos fornecedores, que procura ajudar na criação de
mecanismos para o que o dinheiro das encomendas
seja realizado rapidamente, conhece bem o resultado
da aplicação das taxas de juro elevadas. Apesar de
gozarem de boa saúde financeira, a Polopique, Tecidos
e a Polopique Acabamentos candidataram-se, pela
primeira vez, aos “Sistemas de Incentivo à Inovação”, no
âmbito do Quadro de Referência Estratégico Nacional.
Por amor à camisola foi comprada uma tecelagem em
vias de encerramento, e os investimentos avultados que
esta requereu motivaram as candidaturas, cujo resultado
é aguardado com algum ceticismo.
Condicionantes à parte, Luís Guimarães tem muita
confiança na empresa que gere, garantindo que o
percurso percorrido “foi baseado e alicerçado porque
sempre acreditei na indústria têxtil portuguesa. Tenho
a felicidade de fazer aquilo que gosto, o que é muito
importante”. O sentimento mantém-se face ao futuro
do setor. “Portugal tem um know-how invejável e não
estamos a saber tirar partido dele. Há quem diga que
não se deve ser otimista e nem é uma questão de
ser otimista, sou realista e penso muito nas coisas”,
confessa. Desde que haja visão, não há limites para
o crescimento da indústria têxtil. É, porém, essencial,
motivar a classe trabalhadora, o que passará, em
primeiro lugar, pela atribuição de salários condizentes.
A Polopique orgulha-se de privilegiar o pagamento
de bons salários e de destinar aos seus funcionários
parte do lucro da empresa, até porque compreende
a desmoralização de um operário mal pago e que
este se sinta mais aliciado pelas regalias do fundo de
desemprego quando não é devidamente valorizado.
Assegura também seguros de saúde e de vida e criou
um fundo destinado a melhorar a reforma de todos
os colaboradores. De salientar no estreitamento das
relações entre patronato e proletariado está também a
festa de Natal, organizada anualmente, que promove a
convivência entre todos.
“Temos bons profissionais e bons criativos”, e por isso
mesmo Luís Guimarães deita por terra a ameaça das
indústrias do Extremo Oriente. Crê, aliás, que acalentar
um clima de medo face às mesmas é contraproducente.
Continuamos a beneficiar de melhor localização e a
produção massiva deixou de ser uma vantagem numa
indústria que se renova criativamente a cada instante.
Para continuar competitivo, o país deveria apostar
na formação dos colaboradores. Estes não deveriam
estar dependentes “da nossa boa vontade e da nossa
necessidade, que faz com que façamos nós essa
formação. Criaram-se novos benefícios para quem
contrata desempregados, mas isso não chega. Estamos
a contratar alguém que nunca viu um tear à frente,
por exemplo e que são obrigados a aprender com a
paciência dos mais velhos. É uma pena porque temos
muito boa gente”.
Uma batalha desleal que terá de ser travada a “trabalhar
com muito brio, muito profissionalismo e muito rigor,
acreditando nas nossas capacidades e nas dos nossos
criadores, e acreditando, sobretudo, que sabemos fazer
melhor que os outros”.
Concorrência e clientes
Face à concorrência, a estratégia é simples: “não pensar
nela”. Na Polopique a ordem contraria a competição
desenfreada e estabelece uma relação salutar com os
colegas da área. Apesar das desconfianças que isso
possa suscitar, Luís Guimarães tem uma visão diferente,
que passa pela ajuda – “Eu sozinho não faço nada.
INDÚSTRIA TÊXTIL | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 65
Nada sobrevive dessa forma. Não estou bem se à minha
volta os outros não estiverem bem”. Uma atitude que
não negligencia, no entanto, a certeza de que há que
sobreviver no mercado. Nesse sentido, o investimento
constante em recursos humanos e técnicos é primordial.
“Não podemos jogar à defesa, temos de estar sempre
a jogar ao ataque”, reflete o diretor, numa altura em que
as inovações tecnológicas surgem com tanta frequência.
Como exemplo, refere a fiação com cerca de um ano
que montou com equipamento recente, e que, numa
parceria com os fornecedores, já alojou nova maquinaria
para ser testada. “, conclui.
Quando aos clientes, a aposta foca-se em prestar
um serviço cada vez melhor, tirando-lhes trabalho
e, sobretudo, fazendo com que não se esqueçam da
empresa, praticando para isso uma conduta de “bons
profissionais, que oferecem um serviço inovador e
de qualidade. Daí que o custo de investimento nesta
empresa seja muito alto. As áreas de desenho e de
desenvolvimento de produto têm pesos de custo
bastante altos e isso é importantíssimo”.
Desde 2002, no setor destinado ao vestuário, a
dedicação é feita em exclusivo para a distribuidora
Inditex. O que poderia ser uma decisão perigosa não o é,
tendo em conta a abrangência e a pluralidade de marcas
do grupo, que acaba também por impor uma exigência
que requer uma total disponibilidade de atenção. Para
além de todas as condicionantes a nível financeiro, “não
conseguia ser tão bom fornecedor tendo um leque de
clientes tão diferente. Preferi especializar-me e dar um
serviço melhor ao cliente e tirar partido da proximidade”,
justifica.
Responsabilidade Social
Manter os trabalhadores motivados é, como já se
verificou, uma prioridade, daí que as políticas de
responsabilidade social praticadas pela Polopique
passem, obrigatoriamente, por essa preocupação.
A este respeito está a ser criado um departamento
de Responsabilidade Social, com previsão de
funcionamento para 2014, que contemplará as mais
diversas valências e concentrará esforços na resolução
dos problemas dos colaboradores. Uma ideia que, de
acordo com Luís Guimarães, surge da necessidade de
colmatar as falta de resposta do Estado social.
Fora do contexto da empresa, a Polopique presta ainda
apoio a diferentes entidades sociais, de que são exemplo
organizações que se dediquem aos cuidados de idosos
e crianças. “Fazemos o que devia ser feito pelo Estado.
Temos uma fatia do nosso orçamento mensal destinada
a esses fins. As empresas e as indústrias não servem
apenas para ganhar dinheiro. Têm que o ganhar, mas
também de o saber distribuir”, defende o diretor.
Quanto a políticas ambientais, o empresário garante
que todos os requisitos são cumpridos, e que a atuação
nesse campo apenas não é maior devido aos custos
elevados que acarreta – “Ainda agora estamos a
reformar as empresas e a respeitar tudo o que nos é
pedido por lei”. Porém, a prioridade reside na “área
social, que é a maior lacuna do nosso país e onde
estamos a apostar fortemente”.
À margem da Política
Luís Guimarães é perentório: “Sou contra os políticos
do nosso país porque considero, infelizmente, que
tivemos e continuamos a ter políticos incompetentes”.
Ainda este ano o empresário foi agraciado com uma
medalha de ouro de mérito municipal concedida pela
autarquia de Vizela, que declinou imediatamente. Apesar
de considerar tratar-se de uma atribuição merecida, esta
rejeição acentua a postura de afastamento para com o
poder político que patenteia o seu discurso. “Chamarem-
me para ser condecorado por fazer aquilo que deveria
ser feito pelo Estado parece-me um perfeito disparate.
Não poderia, de forma alguma, compactuar com essa
situação”, remata.
A criação de postos de trabalho é o ponto forte do
impacto da Polopique na área circundante, mais
concretamente nos concelhos de Santo Tirso e Vizela. Ao
longo deste ano, empregou mais de 150 trabalhadores.
66 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | INDÚSTRIA TÊXTIL
Ação proativa pelo
ambienteApetro
A Apetro, Associação Portuguesa de Empresas Petrolíferas tem como missão “fomentar o estabelecimento e desenvolvimento de
condições envolventes apropriadas que facilitem uma operação responsável e lucrativa do setor petrolífero em Portugal”.
68 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | RESPONSABILIDADE AMBIENTAL
Que medidas estão na origem do cumprimento
deste objetivo e que lacunas vem a Apetro
preencher no contexto do setor petrolífero a nível
nacional?
O objetivo de qualquer associação setorial é a promoção
e a defesa de interesses comuns às empresas suas
associadas, no sentido de contribuir para a criação de
condições que possibilitem o desenvolvimento da sua
atividade.
No caso da indústria petrolífera, não falaríamos em
preenchimento de lacunas mas sem dúvida que a
criação da Apetro veio permitir uma ação mais proativa
no estabelecimento e desenvolvimento de condições
adequadas para que melhorem ou para que pelo menos
se mantenham níveis de rentabilidade e competitividade
aceitáveis, capazes de manter a atividade sustentada do
setor, e permitir o investimento.
Esta difícil e aliciante tarefa cobre áreas tão abrangentes
como a representação da indústria petrolífera ao nível
dos processos legislativos e regulamentares, as relações
públicas e a comunicação, as áreas de formação e de
desenvolvimento e a promoção de altos padrões de
qualidade, quer a nível da segurança, em todas as sua
vertentes, quer das operações e serviços.
Fundada em setembro de 1992, a Apetro
advoga uma postura de total independência
e isenção relativamente a interesses políticos
e institucionais. Por que (outros) valores de
índole ética se regem e de que forma pautam o
desenvolvimento da vossa atividade?
Os elevados padrões éticos de gestão e condução de
negócios que defendemos, incluem uma postura de
total independência e isenção relativamente a interesses
políticos e institucionais, a promoção de informação
clara e transparente aos consumidores no que respeita
à indústria petrolífera e o incentivo ao estabelecimento
de Normas e Boas Práticas de Procedimento e Conduta
nas áreas de segurança e proteção ambiental.
Num contexto económico de grande adversidade,
haverá despesas no que concerne a preocupações
de natureza ambiental que poderão ser encaradas
como fator de inibição para os vossos associados.
Como é assegurado o cumprimento das normas
ambientais? De que estratégias de incentivo neste
campo dispõem?
O contexto económico não pode inibir a contínua aposta
numa cultura de segurança e de respeito pelo ambiente.
O cumprimento das normas ambientais é essencial
numa indústria como a petrolífera, com os riscos
humanos, materiais e ambientais que esta envolve. Para
além das questões económicas, a sustentabilidade dos
nossos negócios está dependente de uma atuação
ambientalmente responsável, com enfoque na gestão
do risco e na minimização dos impactes ambientais
associados às atividades desenvolvidas.
Quais são, atualmente, as vossas maiores
preocupações ambientais e que iniciativas lhes
estão associadas?
Pela natureza das atividades desenvolvidas pelas nossas
associadas, as preocupações ambientais da Apetro são
muito diversificadas, incluem temas como a eficiência
energética, as emissões industrias, a responsabilidade
ambiental, para destacar apenas alguns.
Gostaríamos de salientar o trabalho desenvolvido no
âmbito da responsabilidade ambiental. Com a publicação
do Decreto-Lei n.º 147/2008, de 28 de junho, a
Apetro identificou algumas lacunas que punham em
causa a adequada implementação deste regime legal.
Proativamente, propusemos à Agência Portuguesa do
Ambiente (APA) a promoção da partilha de informação e
a elaboração de guias setoriais, aplicáveis às atividades
de armazenamento, distribuição e comercialização
de produtos petrolíferos, tendo sido estabelecido um
protocolo de colaboração entre as duas entidades.
Estes guias, disponibilizados no nosso site, tiveram
como objetivo definir uma a metodologia de avaliação
de riscos para cada atividade, selecionada em função
das características, do grau de heterogeneidade e do
potencial de risco de cada uma. Para a armazenagem,
foi definida uma metodologia de risco ad hoc já utilizada
no âmbito da prevenção de acidentes graves, tendo
apenas de ampliar a avaliação para todos os cenários
de acidente, uma vez que existem novos recetores
não considerados na Seveso. Para a distribuição e a
comercialização foram desenvolvidas ferramentas de
cálculo de ponderação do risco com base na avaliação
de parâmetros que se consideram representativos desse
risco (características técnicas e operacionais e envolvente
onde se realiza a atividade). Estas ferramentas estão
disponíveis, gratuitamente, no site da Apetro, permitindo
a todos os operadores interessados calcular o risco da
sua atividade.
Este projeto incluiu também a realização de sessões de
divulgação dos guias, com a participação da APA, aos
parceiros de negócio e outras entidades relevantes para
as atividades em causa.
Continuamos a apostar no desenvolvimento de
procedimentos e boas práticas de atuação na área
do ambiente para o setor petrolífero, em antecipação
aos novos requisitos legais. Um bom exemplo é o
novo protocolo de colaboração que estabelecemos
com a APA para desenvolvimento de um guia setorial
para proteção de solos e águas subterrâneas no setor
petrolífero.
RESPONSABILIDADE AMBIENTAL | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | 69
70 | REVISTA NEGÓCIOS PORTUGAL | ECONOMIA
15% das empresas em Portugal deslocalizaram atividade
15,3% das empresas em Portugal com mais de 100 colaboradores deslocalizaram atividades para o estrangeiro.
Esta deslocalização teve como destinos preferenciais a União Europeia e PALOP. Os dados divulgados pelo INE
apontam ainda que 12% das empresas em Portugal planeiam fazê-lo entre 2012 e 2015.
Segundo os dados do inquérito europeu às Cadeias de Valor Globais, Portugal surge no 4.º lugar entre os países
participantes com empresas a realizarem ‘sourcing’ internacional.
Face ao período 2001-2006, a percentagem de empresas que recorreram ao ‘sourcing’ internacional aumentou 3,1
pontos percentuais, nota o Instituto Nacional de Estatística (INE).
Entre as empresas que deslocalizaram atividades para o estrangeiro entre 2009 e 2011, 72% faziam parte de um
grupo económico.
275 horas para pagar impostos em Portugal
São 275 horas que demora, em média, por ano, uma empresa portuguesa no cumprimento das obrigações fiscais.
Oito pagamentos anuais para manter em dia as obrigações fiscais, que têm um peso de 42,3%.
A nível global, Portugal está classificado na 81ª posição entre 189 economias analisadas, tendo caído quatro
posições no espaço de apenas um ano, segundo o estudo “Paying taxes 2014” da autoria da consultora PwC do
Banco Mundial.
É nos países do Médio Oriente que é mais fácil pagar os impostos e onde a carga dos mesmos tem um peso menor
no balanço das empresas, com o pódio a ser ocupado pelos Emirados Árabes Unidos, Qatar e Arábia Saudita. O
top 10 do ranking fica completo com Hong Kong, Singapura, Irlanda, Bahrein, Canadá, Omã e Kiribati, na Polinésia.
O estudo indica, no entanto, que a queda de Portugal deveu-se à melhoria de outros países, que “introduziram
reformas fiscais e outras medidas que melhoraram os seus sistemas fiscais”, e não a uma degradação da situação
no país.
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