revista a lavoura 677
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Veículo oficial da Sociedade Nacional de Agricultura, com artigos técnicos e matérias do setor de agronegócios.TRANSCRIPT
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A Lavoura ABRIL/2010 3A L
avoura
A Lavoura
ANO 113 - NO 677DIRETOR RESPONSÁVEL
Octavio Mello Alvarenga
EDITOR
Antonio Mello Alvarenga Neto
EDITORA ASSISTENTE
Cristina Baran
ENDEREÇO
Av. General Justo, 171 - 7º andar
20021-130 - Rio de Janeiro - RJ
Tel.: (21) 3231-6350
Fax: (21) 2240-4189
ENDEREÇO ELETRÔNICO
www.sna.agr.br
e-mails: [email protected]
DIAGRAMAÇÃO / EDITORAÇÃO ELETRÔNICA
Paulo Américo Magalhães
Tel: (21) 2580-1235 / 8126-5837
e-mail: [email protected]
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO:
Antônio Cândido Cerqueira
Leite Ribeiro
Caio Albuquerque
Clarissa Lima Paes
Crébio José Ávila
Fabíola H. S. Fogaça
Guilherme Viana
Harley Nonato de Oliveira
Ibsen de Gusmão Câmara
Jacira Collaço
Joseani M. Antunes
Marcos Nogueira
Márcia Cristina de Azevedo Prata
Martha Z. de Miranda
Oriel Fajardo de Campos
Soraya Pereira
É proibida a reprodução parcial ou
total de qualquer forma, incluindo
os meios eletrônicos, sem prévia
autorização do editor.
ISSN 0023-9135
Os artigos assinados são de responsabi-
lidade exclusiva de seus autores, não tra-
duzindo necessariamente a opinião da
revista A Lavoura e/ou da Sociedade
Nacional de Agricultura
Capa: Foto: Quetila Ruiz
– Embrapa Rondônia
SNA 113 ANOS 06
PANORAMA 08
SOBRAPA 19
AGRONEGÓCIOS &
BIOTECNOLOGIA 27
ANIMAIS DE ESTIMAÇÃO 28
EMPRESAS 34
MEIO AMBIENTE
Controle racional de pragas da soja:
eficiência econômica e consciência
ecológica
A busca por formas alternativas de
controle de pragas visa minimizar a
utilização de agrotóxicos no
processo de produção
de alimentos 17
ALIMENTAÇÃO
A importância do manejo higiênico-
sanitário na qualidade do pescado
O baixo consumo de pescado no Brasil
é consequência da falta de políticas
públicas para o setor, além da
ausência de estabelecimentos
comerciais especializados 23
TRIGO
Nova variedade de trigo tem boas
características de uso industrial
Ótimo desempenho agronômico e
elevada produtividade de grãos são
algumas das características
da nova cultivar 30
PECUÁRIA LEITEIRA
Fases críticas na criação de
bezerras de rebanhos leiteiros 12
CASOS DE SUCESSO
Trilhando o caminho orgânico
sem desvios 34
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4 ABRIL/2010 A Lavoura
DIRETORIA TÉCNICA
LEOPOLDO GARCIA BRANDÃO
FRANCISCO JOSÉ V ILELA SANTOS
ROBERTO FERREIRA DA S ILVA P INTO
MARIA BEATRIZ BLEY MARTINS COSTA
ROSINA V ILLEMOR CORDEIRO GUERRA
SYLVIA WACHSNER
SYLVIA DE BOTTON BRAUTIGAM
RUY BARRETO
D ICK THOMPSON
JAIME ROTSTEIN
JOSÉ CARLOS DA FONSECA
ANTÔNIO DE ARAÚJO FREITAS JR .
DIRETORIA GERAL
P R E S I D E N T E
OCTAVIO MELLO ALVARENGA
1 ° V I C E - P R E S I D E N T E
ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO
2° V ICE-PRES IDENTE
ALMIRANTE IBSEN DE GUSMÃO
CÂMARA
3° V ICE-PRES IDENTE
OSANÁ SÓCRATES DE ARAÚJO
ALME IDA
4 ° V I C E - P R E S I D E N T E
JOEL NAEGELE
D I R E T O R E S
NESTOR JOST
RONALDO DE ALBUQUERQUE
SÉRGIO GOMES MALTA
LUIZ MARCUS SUPL ICY HAFERS
HÉL IO ME IRELLES CARDOSO
JOSÉ CARLOS A ZEVEDO DE MENEZES
COMISSÃO F ISCAL
ROBERTO PARA ÍSO ROCHA
CLAUDINE B I CHARA DE OL IVE IRA
PLÁC IDO MARCHON LEÃO
SOCIEDADE NACIONAL DE AGRICULTURA · Fundada em 16 de janeiro de 1897 · Reconhecida de Utilidade Pública pela Lei nº 3.459 de 16/10/1918Av. General Justo, 171 - 7º andar · Tel. (21) 3231-6350 · Fax: (21) 2240-4189 · Caixa Postal 1245 · CEP 20021-130 · Rio de Janeiro - Brasile-mail: [email protected] · http://www.sna.agr.brESCOLA WENCESLÁO BELLO / FAGRAM · Av. Brasil, 9727 - Penha CEP: 21030-000 - Rio de Janeiro / RJ · Tel. (21) 3977-9979
SNA - fundada em 1897
Sociedade Nacional
de Agricultura
Academia Nacional
de AgriculturaCADEIRA
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TITULAR
ROBERTO FERREIRA DA SILVA PINTO
JAIME ROTSTEIN
EDUARDO EUGÊNIO GOUVÊA VIEIRA
FRANCELINO PEREIRA
LUIZ MARCUS SUPLICY HAFERS
RONALDO DE ALBUQUERQUE
TITO BRUNO BANDEIRA RYFF
FLÁVIO MIRAGAIA PERRI
JOEL NAEGELE
MARCUS VINÍCIUS PRATINI DE MORAES
ROBERTO PAULO CÉZAR DE ANDRADE
RUBENS RICUPERO
PIERRE LANDOLT
ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES
ISRAEL KLABIN
SYLVIA WACHSNER
ANTONIO DELFIM NETTO
ROBERTO PARAÍSO ROCHA
JOÃO CARLOS FAVERET PORTO
NESTOR JOST
OCTAVIO MELLO ALVARENGA
ANTONIO CABRERA MANO FILHO
JÓRIO DAUSTER
ANTONIO CARREIRA
ANTONIO MELLO ALVARENGA NETO
IBSEN DE GUSMÃO CÂMARA
DICK THOMPSON
JOSÉ CARLOS AZEVEDO DE MENEZES
AFONSO ARINOS DE MELLO FRANCO
ROBERTO RODRIGUES
JOÃO CARLOS DE SOUZA MEIRELLES
FÁBIO DE SALLES MEIRELLES
LEOPOLDO GARCIA BRANDÃO
ALYSSON PAOLINELLI
OSANÁ SÓCRATES DE ARAÚJO ALMEIDA
DENISE FROSSARD
EDMUNDO BARBOSA DA SILVA
ERLING S. LORENTZEN
PATRONO
ENNES DE SOUZA
MOURA BRASIL
CAMPOS DA PAZ
BARÃO DE CAPANEMA
ANTONINO FIALHO
WENCESLÁO BELLO
SYLVIO RANGEL
PACHECO LEÃO
LAURO MULLER
MIGUEL CALMON
LYRA CASTRO
AUGUSTO RAMOS
SIMÕES LOPES
EDUARDO COTRIM
PEDRO OSÓRIO
TRAJANO DE MEDEIROS
PAULINO FERNANDES
FERNANDO COSTA
SÉRGIO DE CARVALHO
GUSTAVO DUTRA
JOSÉ AUGUSTO TRINDADE
IGNÁCIO TOSTA
JOSÉ SATURNINO BRITO
JOSÉ BONIFÁCIO
LUIZ DE QUEIROZ
CARLOS MOREIRA
ALBERTO SAMPAIO
EPAMINONDAS DE SOUZA
ALBERTO TORRES
CARLOS PEREIRA DE SÁ FORTES
THEODORO PECKOLT
RICARDO DE CARVALHO
BARBOSA RODRIGUES
GONZAGA DE CAMPOS
AMÉRICO BRAGA
NAVARRO DE ANDRADE
MELLO LEITÃO
ARISTIDES CAIRE
VITAL BRASIL
GETÚLIO VARGAS
EDGARD TEIXEIRA LEITE
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A Lavoura ABRIL/2010 5
Octavio Mello Alvarenga
SSSSSNANANANANACarta daCarta daCarta daCarta daCarta da
NNenhum programa de televisão
destinado à agricultura brasilei-
ra é mais amplo e mais bem
apresentado do que o dominical Globo
Rural. A SNA demonstrou isto publica-
mente quando, há 4 anos, durante o seu
8º Congresso de Agribusiness, entregou
um “Destaque A Lavoura” para o jorna-
lista Humberto Pereira, editor do pro-
grama, e seus competentes apresentado-
res, Nelson Araújo e Ellen Martins.
Neste número de A Lavoura a pecu-
ária leiteira merece um capítulo especi-
al abordando importantes aspectos da
criação de bezerras em rebanhos leitei-
ros. Como se sabe, a produção de leite no
Brasil envolve a participação de muitos
pequenos produtores que têm nessa ati-
vidade sua fonte de sobrevivência. É pre-
ciso que se realize mais investimentos
em pesquisas, melhorias genéticas e lo-
gística – da produção à comercialização
– para que nossa pecuária tome novo im-
pulso e venha a destacar-se no cenário
mundial, tal como acontece com outros
segmentos de nosso agronegócio.
Esta edição trata ainda da eficiência
econômica e consciência ecológica nos
controles racionais de pragas da soja. Há
também uma oportuna matéria sobre a
produção de uma nova variedade de tri-
go, desenvolvida pelo Instituto Agronô-
mico do Paraná e Fundação Meridional.
A anunciada retaliação do Brasil ao tri-
go americano pode abrir novas oportuni-
dades para o crescimento dessa cultura
no país.
Como sempre, trazemos as páginas,
sempre lúcidas, através das quais o al-
mirante Ibsen Gusmão Câmara, presi-
dente da Sobrapa, alerta e discorre sobre
a conservação do meio ambiente. Lem-
bramos que a seção Sobrapa é publicada
desde 1989. Foi em 1992 que se realizou,
no Rio de Janeiro, a Conferência das
Nações Unidas, a Eco 92, sob a coorde-
nação do conselheiro da SNA Flávio
Perri. Em 2012 realizar-se-á nesta cida-
de a Rio +20 e os temas sobre sustenta-
bilidade e conservação encartados em A
Lavoura continuam atuais e com impor-
tância cada vez maiores. Atualmente, e
cada vez mais, não pode haver discus-
sões sobre agronegócios desvinculados
da problemática ambiental.
Finalmente, esta edição A Lavoura
revive a trajetória do “Sítio do Moinho”,
um dos primeiros e mais ativos partici-
pantes do pioneiro projeto OrganicsNet,
da SNA. Com experiência acumulada
nos 21 anos de atuação no mercado de or-
gânicos, os proprietários, Angela e Dick
Thompson, continuam com o mesmo en-
tusiasmo de sempre, diversificando e
ampliando o leque de produtos do bem
sucedido negócio.
Boa leitura.
Nossa pecuária leiteira
merece mais atenção
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6 ABRIL/2010 A Lavoura
Mais uma vez, a diretora da SNA
e coordenadora do projeto Or-
ganicsNet, Sylvia Wachsner, esteve pre-
sente na edição alemã da BioFach. Realiza-
da de 17 a 20 de fevereiro, na cidade de
Nuremberg, a maior feira especializada em pro-
dutos e negócios orgânicos recebeu mais de 43 mil vi-
sitantes, compradores de 121 países e 2557 exibidores.
Além dos estandes, visitantes e empreendedores puderam
participar de 180 eventos extras, como fóruns e palestras.
Já o setor dedicado especialmente ao bem-estar e cuida-
dos pessoais, VivaNess, atraiu um público interessado em
produtos com valor agregado, além do comércio justo e sus-
tentabilidade. Em 2010, os empreendedores esperam fe-
char mais 85% de seus negócios, um crescimento médio de
14% em relação ao ano passado, revelando o otimismo do
setor em meio à crise econômica internacional.
Agreco, o mais novo integrante do OrganicsNet, parti-
cipou do estande do MDA. A empresa marcou presença
para avaliar o mercado internacional de orgânicos, sem es-
quecer de traçar estratégias para o mercado nacional. Já
Sylvia Wachsner foi palestrante do seminário organizado
pelo MDA e o Planeta Orgânico, no qual abordou as van-
tagens dos compradores ao adquirirem alimentos orgâni-
cos das cooperativas de agricultores familiares. Além des-
se tema, a coordenadora do OrganicsNet teceu observações
sobre outros produtos presentes na BioFach: “se for feita
uma comparação direta, os produtos brasileiros ainda têm
SNA presente na BioFach da Al
Membro fundador da Sociedade Nacional
da Agricultura, este gaúcho abraçou diversas
iniciativas em prol da lavoura nacional, sendo
lembrado como um dos pioneiros na introdução
do eucalipto no Brasil. Contudo, suas contribui-
ções foram muito além, sendo um dos precur-
sores do desenvolvimento da indústria viníco-
la, defendendo sua viabilidade em solo brasi-
leiro.
A convite de D. Pedro II, exerceu a função
de pesquisador na área de botânica no Museu
Nacional. Também foi membro ativo da Socie-
dade Nacional de Aclimatação, onde trabalhou
na adaptação climática de espécies úteis ao de-
senvolvimento industrial do Brasil. Por três
Dezembro de 2009:
170 anos de Frederico Guilherme de Albuquerque
anos, de 1876 a 1879, escreveu para a Revista
de Horticultura, divulgando conhecimentos
fundamentais para os agricultores brasileiros.
Albuquerque desempenhou também a função
de administrador dos Jardins públicos de São
Paulo ao fim da monarquia e começo da repú-
blica.
O cientista, naturalista e botânico faleceu
precocemente aos 58 anos, em 1897. À SNA
coube fazer uma justa homenagem a este ho-
mem que fez da lavoura o sentido de sua vida:
hoje seu retrato faz parte da galeria de brasi-
leiros ilustres do Centro Cultural da Justiça
Eleitoral no Rio de Janeiro.
(ADAPTADO DO TEXTO DE LUÍS SEVERIANO SOARES RODRIGUES)
SYLVIA
WA
CH
SN
ER
Estande do OrganicsBrasil, do Ministério da Agricultura
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A Lavoura ABRIL/2010 7
da Alemanha
Parabéns aos mais recentes forman-
dos da Fagram. A cerimônia de
colação de grau dos novos Zootecnis-
tas foi realizada em 22 de fevereiro
último, na sede da Sociedade Nacio-
nal de Agricultura, no Rio de Janei-
ro. Na foto, Guilherme Campello de
Oliveira da Silva, a coordenadora de
curso Christianne Perali, o professor
Airton Antonio Castagna, o vice-pre-
sidente da SNA, Antonio Mello Alva-
renga, Danielle Baia de Freitas, o
professor Otavio Cabral Neto, Bruno
José Cid de Souza Barcelos e Rosiane
Rodrigues de Oliveira. Na mesma
turma também se graduaram Ildecir
Rangel Sias, Júlia Clark Ribeiro,
Leonardo da Silva Gonçalves e
Rosiane Rodrigues de Oliveira.
dificuldades para competir no exteri-
or.”, lamentou. A diretora da SNA con-
sidera embalagem e preço itens críti-
cos: no primeiro caso, ela ressaltou que
alguns produtos deveriam trabalhar
melhor sua imagem, profissionalizan-
do a rotulagem. Além disso, valorizar
a sustentabilidade do meio ambiente
é uma ação com cada vez mais peso
nos produtos orgânicos.
Quanto à questão do preço, que de-
pende de vários outros componentes,
ela pondera ser um entrave ainda mai-
or. A consequência é que, por enquan-
MA
RIA
HELEN
A E
LG
UESA
BEL
Da esquerda para a direita: Ming Liu (Organics Brasil), Nelton Friedrich (Itaipu), Ambassador
Everton Vargas, Sylvia Wachsner (Organics Net), Maria Beatriz Martins Costa (Planeta
Orgânico), Arnoldo Campos (Ministério do Desenvolvimento Agrário), Claudia Calorio
(Ministério do Meio Ambiente)
Produtos do Projeto Água Boa da Itaipu
Binacional
Formandos
FAGRAM
to, o produto brasileiro dificilmente poderá competir com o europeu. “Nas pra-
teleiras dos supermercados observei barras de cereais, geleias, sucos orgâni-
cos custando consideravelmente menos do que os similares brasileiros. E ain-
da há a barreira dos sabores ‘desconhecidos’: apesar da ajuda dos surfistas, o
tropical açaí ainda não conquistou o consumidor do tradicional morango ale-
mão.”, lamenta.
Contudo, a diretora explica que mesmo as observações mais críticas podem
servir de sinal para mudanças e/ou aperfeiçoamento sejam implementados. Da
mesma forma, Sylvia Wachsner viu produtos brasileiros orgânicos, como o açú-
car Native, que recebeu investimentos pesados e um trabalho de longo prazo,
chegarem às mesas dos consumidores norte-americanos e europeus – e isso com
os mesmos envelopes verdes vendidos no mercado nacional.
SYLVIA
WA
CH
SN
ER
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8 ABRIL/2010 A Lavoura
As novas cultivares são alternativas para sistemas de pro-
dução de forragem com excelente produtividade, alto valor nu-
tritivo, melhor digestibilidade e com tolerância ao míldio, uma
das principais doenças que atacam a cultura. O diferencial do
BRS 810 é a presença de uma pigmentação amarronzada na
nervura das folhas e na medula do caule devido à característica
BMR, que confere às plantas menor teor de lignina, possibilitan-
do melhores digestibilidade e conversão alimentar, o que resul-
ta em maior produção de carne e leite.
Já o BRS 802 apresenta alto potencial de produção de maté-
ria seca em cortes ou rebrotas sucessivas. Apresenta fácil esta-
belecimento, rápido crescimento a partir do 20º dia de vida, ex-
traordinária capacidade de rebrota e perfilhamento, alto valor
nutritivo, excelente aceitação pelos animais, alta tolerância a
estresses hídricos e a temperaturas elevadas e excelente adap-
tação a sistemas de pastejo rotativo ou diferido e palha persis-
tente no solo para cobertura morta e plantio direto. Abaixo, co-
nheça outras características desses materiais.
BRS 810
Híbrido de sorgo de corte e pastejo, tem ciclo anual, desen-
volve-se durante a estação do verão e alcança de 1,5 m a 3,7 m
de altura. Apresenta alta capacidade de rebrota, excelente
palatabilidade e aceitação pelos animais, alto valor nutritivo,
sendo altamente resistente à seca e adaptado à produção de
biomassa sob condições de estresse ambiental. Cresce muito
Novos híbridos de sorgo
de corte e pastejo para
maior produção de
carne e leite
Dois novos híbridos de sorgo para corte e
pastejo foram lançadas pela Embrapa
Milho e Sorgo: o BRS 802 e o BRS 810
rapidamente. Entre 30 e 40 dias, já fornece um pasto de alta
qualidade. Seu uso preferencial como forrageira é corte verde e
pastejo direto. Apresenta alto potencial de produção de matéria
seca em cortes ou rebrotas sucessivas. Boa resistência às prin-
cipais doenças foliares além da resistência ao míldio. Possui fo-
lhas abundantes, longas e delgadas, colmos finos e suculentos e
grande capacidade de perfilhamento.
BRS 802
Híbrido simples de sorgo de pastejo. Seu uso preferencial
como forrageira é corte verde e pastejo direto. Apresenta alto
potencial de produção de matéria seca em cortes ou rebrotas
sucessivas, podendo alcançar produtividades superiores a 20
toneladas de matéria seca ou 100 toneladas de matéria verde por
hectare. Produto versátil, adaptando-se facilmente a diversos
sistemas de produção de forragem e agrosilvopastoril, sendo
muito útil para a produção de cobertura morta. Boa resistência
às principais doenças foliares além da resistência ao míldio.
GUILHERME VIANA – EMBRAPA MILHO E SORGO
Sorgo BRS 810: excelente aceitação pelos animais
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MIL
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O Governo definiu o apoio à destila-
ção de 40 milhões de litros de vinho da
safra 2009/2010. São 34 milhões de litros
de vinho de mesa e 6 milhões de vinífero.
A medida vai permitir a produção de 4,8
milhões de litros de destilado vinífero, que
serão destinados a corrigir o vinho da
próxima safra 2010/2011.
A operação terá o aporte de R$ 38
milhões de recursos da Política de Garan-
tia de Preços Mínimos (PGPM) e estima-
se a correção em dois graus (2º) de álcool
em substituição ao uso do álcool oriundo
do açúcar. Para isto, está previsto o pa-
gamento de aproximadamente R$ 0,16/
litro para o destilado oriundo do vinho de
mesa e R$ 0,33/litro para o destilado pro-
duzido a partir do vinho vinífero. “Com
isso, nós estimamos que 200 milhões de
litros de melhor qualidade da safra 2010/
11 serão corrigidos, o que fará com que o
governo federal enxugue parte significa-
tiva do excesso de estoque, além de qua-
lificar o vinho da próxima safra”, avalia
o diretor de Política Agrícola e Informa-
ções (Dipai) da Conab, Silvio Porto.
Destilação
O Brasil é um dos poucos países que
utiliza esse método de correção do vinho,
que melhora a sua qualidade e permite o
escoamento por meio da comercialização.
Selo fiscal
Está em discussão a implementação
ainda em 2010 do selo fiscal para os vi-
nhos nacionais e importados. Os vinicul-
tores que são favoráveis à medida susten-
tam que ela poderá facilitar a identifica-
ção dos produtos, o que irá contribuir para
um melhor combate à falsificação e mai-
or fiscalização do mercado.
MARCOS NOGUEIRA – CONAB
Conab vai apoiar destilação de 40 milhões de litros de vinho
Destilação de
vinhos terá apoio
governamental
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ESA
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A Lavoura ABRIL/2010 9
Hábitos de vida saudáveis e
uma dieta balanceada, aliados
ao alto consumo de frutas e ve-
getais, estão associados à redu-
ção do risco de doenças e à ma-
nutenção da saúde. Além disso,
o controle de doenças cardio-
vasculares, por exemplo, pode
ser feito com maior possibilida-
de de êxito se tiver o auxílio de
medicamentos ou por meio de
dieta que, segundo pesquisado-
res, consiste na melhor forma
de prevenção. O consumo de ve-
getais, grãos e frutas pode as-
sim prevenir essas doenças,
uma vez que, em sua composi-
ção é marcante a presença de
f ibras e a lguns compostos
fitoquímicos como os esteróis,
ácido fítico, taninos, inibidores
de enzimas, saponinas, entre
outros.
Estudo publicado na Revis-
ta Ciência e Tecnologia de Ali-
mentos, e conduzido pela pro-
fessora Jocelem Mastrodi Sal-
gado, do departamento de
Agroindústria, Alimentos e Nu-
trição (LAN), da Escola Superi-
or de Agricultura “Luiz de
Queiroz” (USP/ESALQ), anali-
sando o óleo de abacate como
matéria-prima para a indústria
alimentícia, deve despertar in-
teresse no setor produtivo e em
todos aqueles preocupados em
buscar alternativas naturais
para manter uma melhor qua-
lidade de vida. Segundo Joce-
Pesquisa
avalia óleo
de abacate
Estudo da ESALQ
observa viabilidade
da substância
como matéria-prima
para a indústria
alimentícia
lem, “o óleo de abacate possui,
em sua composição, substânci-
as bioativas capazes de preve-
nir e controlar as dislipidemias
e, como existem poucas pesqui-
sas científicas avaliando o po-
tencial deste óleo para o consu-
mo humano, buscamos avaliar
os processos de extração e refi-
no dessa substância”.
Variedade Margarida
Para executar a pesquisa,
procedeu-se à separação da pol-
pa das outras partes da fruta.
A polpa fresca foi seca em estu-
fa e , posteriormente, moída
para a obtenção de um farelo. O
óleo obtido do farelo foi extraí-
do e caracterizado. O experi-
mento foi realizado nos labora-
tórios de Bromatologia e Óleos
e Gorduras da ESALQ e foram
utilizados frutos de abacate da
variedade Margarida, proveni-
entes da região de Piracicaba.
“Os abacates foram colhidos no
seu estado de maturação quan-
do ainda se apresentavam fir-
mes. Logo após foram armaze-
nados à temperatura ambiente,
até at ingirem seu ponto de
maturação, ou seja, quando os
frutos amolecem e cedem à leve
pressão feita com os dedos”,
revela a pesquisadora. A vari-
edade Margarida foi seleciona-
da por encontrar-se facilmente
disponível no mercado brasilei-
ro e apresentar teor de matéria
graxa ao redor de 20%.
Os resultados mostraram
que os processos de extração e
refino do óleo a partir dessa
variedade do abacate são tecni-
camente viáveis, o que o torna
excelente matéria-prima para a
indústria de alimentos. Além
disso, possui um perfil de áci-
dos graxos e esteróis muito se-
melhante ao perfil do azeite de
ol iva, podendo desta forma,
substituir o óleo de soja e ser
uti l izado juntamente com o
azeite de oliva nos óleos mistos,
oferecendo ao consumidor bra-
sileiro um produto de qualida-
CRIS
TIN
A B
ARA
N
de superior e com menor custo.
Fonte de vitamina
Concluiu-se ainda que o óleo
de abacate, da variedade estu-
dada, é uma boa fonte de vita-
mina E, pois 30 ml deste óleo
atendem a 18% das necessida-
des diárias de um adulto. Se-
gundo a ANVISA, que estabele-
ce diretrizes para os alimentos
que utilizam informação nutri-
cional complementar, para ser
considerado alimento rico ou
com alto teor de uma determi-
nada vitamina, o mesmo preci-
sa oferecer no mínimo 15% do
valor correspondente ao previs-
to na tabela de Ingestão Diária
Recomendada (IDR). Portanto,
caso esse óleo venha ser comer-
cializado no varejo, é possível
utilizar essa alegação em sua
rotulagem.
Os resultados confirmam a
possibilidade de utilizar o óleo
de abacate em substituição ao
azeite de oliva ou como maté-
ria-prima para a indústria ali-
mentícia, pois suas composi-
ções nutricionais são muito se-
melhantes. “No entanto, são
necessários mais estudos para
melhorar o sabor e o aroma des-
te óleo”, pondera Jocelem.
CAIO ALBUQUERQUE – ESALQ/USP
Abacate: matéria-prima para indústria
alimentícia
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10 ABRIL/2010 A Lavoura
O Pará, maior produtor de pimenta-
do-reino do país, começa a substituir os
pimentais por cacaueiros. Bastante valo-
rizada pelo mercado internacional no
passado, a pimenta-do-reino foi uma va-
liosa fonte de renda para as famílias de
imigrantes japoneses que chegaram ao
estado há 80 anos. A partir da década de
70, entretanto, os pimentais começaram
a ser acometidos pela Fusariose, doença
que dizima a plantação e ainda não tem
cura.
Por conta disso, agricultores do Pará,
estão intercalando a lavoura de pimenta-
do-reino com o cultivo do cacau que tem
crescido expressivamente em todo o Pará.
Hoje, o Estado é um dos maiores produ-
tores de pimenta do Brasil, é também de
cacau.
Para ser cultivado, o cacau necessita
de sombreamento oferecido por espécies
de porte alto e de matéria orgânica, carac-
terísticas que fazem dele uma espécie
ecologicamente correta e possibilita o
plantio consorciado. Com isso, os agricul-
tores de Tomé-Açu puderam abandonar
a monocultura e implantar o Sistema
Pará substitui pimenta-do-reino
por cacau e vira exemplo de
agricultura sustentável
Agroflorestal, que combina o cultivo de es-
pécies frutíferas com espécies florestais,
proporcionando maior biodiversidade.
Isso os torna menos vulneráveis à
Fusariose que, instalada, compromete a
viabilidade econômica da propriedade.
A fazenda de Michinori Konagano
é um exemplo bem sucedido de plantio
consorciado. Ele tinha apenas dois
anos, quando chegou com sua família
do Japão, para plantar pimenta-do-
reino no Norte do país. A exemplo de
seu pai, Michinori ainda cultiva pi-
menta-do-reino, mas hoje a produção
de cacau de sua propriedade equivale
à da pimenta, 50 toneladas ao ano.
Além disso, ele introduziu o cultivo de
cupuaçu, laranja, coco, banana, mog-
no e castanheira. “A produção de cacau
deve ultrapassar à de pimenta-do-rei-
no no próximo ano e hoje já consigo
produzir mais de 20 espécies. Acho que
encontramos a solução para recuperar
as áreas alteradas pela agricultura”,
afirma Michinori com orgulho.
Essa forma de produzir, o chamado
Sistema Agroflorestal, ainda contribui
para a proteção dos recursos hídricos,
redução no uso de agrotóxico, aumento da
qualidade nutritiva dos alimentos e me-
nor erosão do solo. Quase todos os produ-
tores de Tomé-Açu já aderiram ao Siste-
ma Agroflorestal, tornando o município
referência internacional em termos de
agricultura sustentável.
MAIS INFORMAÇÕES: EX-LIBRIS COMUNICAÇÃO INTEGRADA
Pará substitui pimenta-do-reino
por cacau e vira exemplo de
agricultura sustentável
A Embrapa Agroindústria de Alimen-
tos e o CNPq (Conselho Nacional de De-
senvolvimento Científico e Tecnológico)
estão promovendo o II Simpósio Interna-
cional de Extrusão de Alimentos. A
extrusão é uma técnica de processamen-
to de matérias-primas que permite, entre
outras coisas, produzir alimentos sem
glúten como massas, doces e sopas instan-
tâneas. O tema interessa aos portadores
de doença celíaca (patologia que atrofia as
vilosidades da mucosa do intestino delga-
do prejudicando a absorção de nutrientes
e água). De acordo com a Associação de
Celíacos do Brasil , só no Brasil, existem
mais de 600 mil celíacos. O Simpósio será
de 23 a 25 de junho, no Rio de Janeiro, e
é dirigido a empresas de alimentos, téc-
nicos e pesquisadores ligados a nutrição,
engenharia de alimentos, química, biolo-
gia, agronomia e zootecnia.
Três grandes áreas agroindustriais
têm adotado a extrusão. A primeira visa
a produção de alimentos para consumo
humano como snacks, farinhas pré-
gelatinizadas, sopas instantâneas, mas-
Simpósio Internacional de
Extrusão de Alimentossas e bebidas de rápido preparo, sem
glúten, e elaboradas a partir da combina-
ção de cereais como milho, arroz, gerge-
lim, quinoa e soja.
Rações para animais
A segunda área tem foco na produção
de rações para animais de pequeno por-
te como cães, gatos, aves, suínos e peixes.
A Embrapa Agroindústria de Alimentos,
por exemplo, tem pesquisado a extrusão
da torta de mamona para suplementar a
dieta de caprinos. A extrusão elimina a
toxidez contida na semente da mamona
que, dependendo da concentração, pode
causar alergias e morte dos animais.
A terceira e mais recente área diz res-
peito à extrusão de alimentos com propri-
edades funcionais a partir de compostos
de amidos, pectinas e proteínas. “O
Simpósio será uma oportunidade para
atualizar conhecimentos técnicos e cien-
tíficos. Novas tecnologias precisam ser
incorporadas ao setor produtivo e o mer-
cado consumidor tem que conhecer as
vantagens desse processo em relação aos
tradicionais na agroindustrialização de
alimentos”, afirmou José Luis Ascheri,
pesquisador da Embrapa.
O Simpósio contará com palestrantes
da França, Estados Unidos e Brasil que
estarão divididos em sessões de debate
ligadas a produtos proteicos na indústria
de extrusão de alimentos, novos produtos
derivados da extrusão, automação na
indústria de alimentos e elaboração de in-
gredientes funcionais por extrusão
termoplástica. Detalhes da programação
estão em http://www.isfex.com.br/.
Outras informações: 21 3622 9796.
SORAYA PEREIRA – EMBRAPA AGROINDÚSTRIA DE ALIMENTOS
Cacau: crescimento expressivo no Pará
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Biscoitos sem glúten
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A Lavoura ABRIL/2010 11
Recuperação de pastos pode
ter influência em 76% da
redução de gases no BrasilAlém de gerar baixo desempenho
econômico para o pecuarista, as pasta-
gens degradadas se tornaram elemen-
to-chave em um mundo preocupado
com as mudanças climáticas. A recupe-
ração delas e a integração lavoura-pe-
cuária (ILP) – duas tecnologias dispo-
níveis que contribuem para a resolução
do problema – vão, juntas, responder
por cerca de 12% do compromisso vo-
luntário do governo brasileiro de redu-
zir em até 38,9% a emissão de gases de
efeito estufa até 2020, segundo propos-
ta do Ministério do Meio Ambiente
(MMA).
Na prática, a contribuição dessas
ações deverá ser ainda maior. É o que
avalia o pesquisador Geraldo Martha,
da Embrapa Cerrados – unidade da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-
cuária (Embrapa), vinculada ao Minis-
tério da Agricultura, Pecuária e Abaste-
cimento. Como atualmente a abertura
de novas áreas para pastagens é uma
das causas do desmatamento na Ama-
zônia e no Cerrado, a recuperação das
áreas de pecuária de baixa produtivida-
de já usadas atualmente vai ser fator
fundamental para liberar áreas para
acomodar a expansão de alimentos, fi-
bras e biocombustíveis sem a necessida-
de de novos desmatamentos.
Como a redução de desmatamento
na proposta do MMA vai ser responsá-
vel por 63,59% do compromisso de re-
dução na emissão de gases de efeito es-
tufa, a intensificação da produção ani-
mal em pastagens pode ser, direta ou
indiretamente, responsável por 76%
das ações de mitigação (NAMAs) pro-
postas pelo governo brasileiro para
2020. “Isso demonstra a importância e
urgência de investimentos em pesqui-
sa agrícola e em transferência de tecno-
logia para dar suporte a essas estraté-
gias de mitigação de gases de efeito es-
tufa, por um lado, e em linhas de finan-
ciamento adequadas e outros incenti-
vos para a adoção de boas práticas de
manejo em larga escala pelos produto-
res rurais, por outro”, ressalta Geraldo
Martha.
Com a integração lavoura-pecuária,
a ideia é que a intensificação do uso da
terra proporcione ganhos de produtivi-
dade. Isso deve evitar o deslocamento
direto ou indireto da pecuária para re-
giões de fronteira e liberar áreas já aber-
tas para aumentar a produção de ali-
mentos, fibras e biocombustíveis sem a
necessidade de novos desmatamentos.
De acordo com uma pesquisa realizada
pela Embrapa Cerrados, se um pasto de
baixa produtividade e com taxa de lota-
ção de 0,4 cabeça por hectare passa a
abrigar cinco animais na mesma unida-
de de área, cada hectare com essa taxa
de lotação que é recuperado pela inte-
gração lavoura-pecuária libera outros
oito para outros usos.
Além de contribuir na redução do
desmatamento, o crescimento de produ-
tividade em si redunda em benefícios
para o meio ambiente. “Um pasto pro-
dutivo pode ser tão eficiente na conser-
vação do solo e da água quanto uma flo-
resta”, explica Geraldo Martha. Segun-
do o pesquisador, a grande quantidade
de raízes no solo contribui para o au-
mento da matéria orgânica, o que
incrementa também a captura carbono
da atmosfera e melhora a eficiência de
uso da água e de nutrientes no sistema.
Outro grande problema da pecuária
relacionado ao efeito estufa é a emissão
de metano pela digestão dos bovinos,
que também é diminuída pela melhor
qualidade das forragens. Estudos da
Embrapa apontam que a emissão do
gás pelos animais pode cair pela meta-
de quando eles são criados em sistemas
com elevada disponibilidade e valor
nutritivo de forragem, como em siste-
mas de integração lavoura-pecuária
bem manejados. “E a boa notícia é que
o aumento no desempenho animal em
pastagens, além de reduzir o impacto
ambiental negativo da pecuária, geral-
mente aumenta o retorno econômico do
empreendimento”, acrescenta Martha.
Para o pesquisador da Embrapa
Cerrados Lourival Vilela, que coorde-
na os estudos de pesquisa em inte-
gração lavoura-pecuária na Embra-
pa (Prodesilp), pelo menos metade
das pastagens brasileiras estão em
algum grau de degradação. Nessas
condições, o solo é geralmente de
baixa fertilidade e assim há menor
produtividade do capim, o que au-
menta o custo de produção, especial-
mente em pequenas propriedades.
Esse quadro de baixa produtividade
das pastagens ainda causa perda de
matéria orgânica, erosão e compacta-
ção do solo. Por outro lado, a integra-
ção lavoura-pecuária, além de bene-
ficiar o meio ambiente, permite mai-
or eficiência no uso de fertilizantes,
redução de plantas invasoras e ga-
nhos de produtividade tanto nas la-
vouras quanto na pecuária.CLARISSA LIMA PAES – EMBRAPA CERRADOSIntegração lavoura-pecuária: ganhos de produtividade
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12 ABRIL/2010 A Lavoura
Pecuária leiteira
Fases críticas na criação de
bezerras de rebanhos leiteiros
Condições das instalações – limpas e secas –, fornecimento
adequado da alimentação, além de observações diárias e
cuidadosas de cada animal são sugestões de manejo que
minimizem problemas nesta fase da criação
ORIEL FAJARDO DE CAMPOS, MÁRCIA CRISTINA DE AZEVEDO PRATA E ANTÔNIO CÂNDIDO CERQUEIRA LEITE RIBEIRO
PESQUISADORES DA EMBRAPA GADO DE LEITE
A mão-de-obra encarregada de tratar dos bezerros tem que ser especialmente treinada
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A Lavoura ABRIL/2010 13
Pecuária leiteira
A criação de bezerras constitui-se
em importante segmento nos
sistemas de produção de leite.
Partindo-se do princípio que todo produ-
tor está sempre procurando melhorar ge-
neticamente seu rebanho, utilizando sê-
men ou cobrindo suas vacas com animais
melhoradores, é de se esperar que os ani-
mais nascidos tenham maior potencial
para a produção de leite. Assim, quanto
mais cedo estes animais entrarem em pro-
dução, substituindo os mais velhos e me-
nos produtivos, mais rapidamente o me-
lhoramento genético será incorporado ao
rebanho, resultando em maior produtivi-
dade. Disto depreende-se que, mais do que
custo, a criação de bezerras, e por exten-
são das novilhas, deve ser entendida como
um investimento.
Do nascimento até os três/quatro
meses de idade, as bezerras merecem
toda a atenção. A mão-de-obra encarrega-
da de tratar desses animais tem de ser
especialmente treinada com o objetivo de
propiciar todo um ambiente de conforto
para as bezerras. Isto significa principal-
mente: (a) observações diárias e cuidado-
sas de cada animal, para verificar se a
bezerra apresenta comportamento nor-
mal - qualquer mudança de comporta-
mento deve ser avaliada para a tomada
de medidas preventivas; (b) característi-
cas das fezes e possível presença de cor-
rimento nasal; (c) condições das instala-
ções, garantindo estarem limpas e secas;
(d) fornecimento da alimentação com cal-
ma e paciência, principalmente da ali-
mentação líquida; e (e) carinho no trato
com os animais.
Neste artigo são destacadas a seguir
as duas fases consideradas mais críticas
da criação de bezerras: as três primeiras
semanas de idade e aquela por ocasião do
desaleitamento, sendo sugeridas medidas
preventivas e de manejo que, se adotadas,
poderão minimizar os problemas mais
comumente observados. Vale ressaltar
que são enfocadas, principalmente, aque-
las propriedades que adotam o aleita-
mento artificial (dieta líquida fornecida
em baldes, mamadeiras ou bibeirões), de-
saleitamento precoce (por volta dos dois
meses de idade) e onde os bezerros são
mantidos em instalações individuais du-
rante a fase de aleitamento e depois do de-
saleitamento manejados em grupos.
As três primeiras semanas
de idade
As três primeiras semanas de vida
dos bezerros são críticas. Boa parte das
mortes e ocorrências de doenças, princi-
palmente diarreias e pneumonia, ocor-
rem neste período. O estresse do nasci-
mento e o fato dos anticorpos (proteção
contra os agentes causadores de doenças)
serem assimilados somente após o nasci-
mento, fazem com que os bezerros sejam
muito vulneráveis, e esta vulnerabilidade
aumenta com atitudes inadequadas de
manejo e alimentação.
Algumas sugestões para
minimizar os problemas nesta
fase:
• Local limpo e seco para o parto. O pi-
quete maternidade deve estar localiza-
do próximo a um estábulo ou residência,
ter alguma declividade para evitar
encharcamento, vegetação rasteira e do-
tar de sombra, bebedouro e cocho. No
caso de baias-maternidade, elas devem
ser limpas e desinfetadas entre um par-
to e outro.
• Imediatamente após o nascimento, de-
vem ser realizados o corte e a desinfecção
do umbigo, pois este é uma porta de en-
trada de micro-organismos causadores de
infecções que podem levar o animal à
morte. A desidratação do coto umbilical
por meio de massagens e de curativos com
álcool iodado nos primeiros quatro dias de
vida é o procedimento recomendado. O
uso de repelentes, principalmente nos
meses chuvosos, é importante para evitar
o estabelecimento de miíases.
• Fazer com que o bezerro mame o
colostro o mais cedo possível. O tratador
deve ser instruído para intervir, sempre
que necessário, assegurando-se que o be-
zerro mamou o colostro. Se ele presenciou
o parto, após aguardar alguns minutos,
e, assim que a vaca tiver lambido o bezer-
ro, colocar a boca do bezerro na teta, apoi-
ando o bezerro até que ele mame com in-
tensidade. Uma alternativa é ordenhar a
vaca e dar o colostro via mamadeira. O
bezerro deve mamar, no mínimo, dois
quilos de colostro logo após o nascimen-
to. O fornecimento de colostro deve ser es-
tendido o mais possível, uma vez ser
melhor alimento que o leite. O colostro
produzido deve ser dividido em dois reci-
pientes. Numa deve-se colocar o colostro
produzido por vacas paridas com no má-
ximo três dias (o mais rico em anticorpos),
e este deve ser fornecido aos bezerros com
até três dias de idade. O tratador deve se
empenhar para garantir a ingestão de
quantidades adequadas nas primeiras
24h e, principalmente, nas primeiras seis
horas de vida, quando o organismo ani-
mal tem mais capacidade de absorver os
anticorpos da mãe. O colostro produzido
pelas vacas com mais de três dias de pa-
ridas deve ser fornecido para os bezerros
com mais de três dias de nascidos.
• Manter os utensílios utilizados para
aleitar os bezerros (baldes, mamadeiras
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É aconselhável ter mais de um cocho, distanciado o suficiente para permitir que os bezerros
menos competitivos possam comer o concentrado com tranquilidade
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14 ABRIL/2010 A Lavoura
Pecuária leiteira
ou biberões) sempre limpos. Fornecer, no
mínimo, quatro litros de dieta líquida por
animal por dia.
• Concentrado inicial de boa qualidade
deve ser fornecido à vontade desde a se-
gunda semana de idade, renovando-o
frequentemente no cocho para permitir o
oferecimento de alimento fresco, de me-
lhor palatabilidade.
• Manter os bezerros em instalações in-
dividuais durante os dois/três primeiros
meses de vida. A instalação deve ser
mantida limpa e seca, desinfetando-a,
com creolina a 5%, entre seu uso por be-
zerros diferentes.
• Como mencionado anteriormente, ob-
servar diariamente cada animal para
verificar se está tudo bem e se ele man-
tém comportamento normal. Qualquer
mudança de comportamento indica des-
conforto do animal, devendo-se tomar
medidas corretivas antes que a situação
se agrave.
• Plano de vacinação: nesta fase de vida,
o organismo animal não tem condições de
produzir anticorpos contra agentes de
doenças e, portanto, não devem ser admi-
nistradas vacinas. A proteção destes ani-
mais até por volta dos três a quatro me-
ses de idade é proporcionada pelos
anticorpos da mãe, ingeridos através do
colostro. Daí a importância do forneci-
mento de colostro em quantidades ade-
quadas por 72h, com especial atenção
para as primeiras 24h e, principalmente,
as primeiras seis horas de vida do animal.
• Combate a endo e ectoparasitas: bezer-
ros filhos de mães vacinadas e vermifu-
gadas, mantidos em ambiente
higienizado e que tenham recebido
colostro adequadamente, têm condições
de se proteger contra endo e ectoparasi-
tas. Aliado a isto, estes animais ainda não
desenvolveram o hábito de ingerir pasta-
gens, onde estão as larvas de vermes gas-
trintestinais e pulmonares. Portanto, o
risco de adquirir verminoses por esta via
é praticamente inexistente em condições
normais. Em situações de confinamento,
no entanto, pode ocorrer contaminação
por vermes da espécie Strongyloides
papillosus, que penetram ativamente
pela pele íntegra do animal. Por isso são
fundamentais limpeza e desinfecção diá-
rias do ambiente, além do controle de
umidade, penetração de raios solares e
ventilação. O uso de vermífugos é reco-
mendado somente como medida curativa,
para animais que apresentem sinais clí-
nicos de verminose, como diarreia, pros-
tração e pelos arrepiados e sem brilho. O
fornecimento de soro caseiro (5l de água,
250 g de açúcar, 45g de sal) em substitui-
ção à água de bebida é fundamental para
evitar a morte por desidratação. No en-
tanto, mais importante do que a adminis-
tração de medicamentos é a investigação
e a correção das causas do problema, que
não ocorreria em condições de manejo
adequado. Outro cuidado importante
para animais nesta fase é permitir que es-
tes tenham acesso ao pasto com frequên-
cia para que, ao serem parasitados por
carrapatos enquanto protegidos pelos
anticorpos do colostro, tenham condições
de se defender dos micro-organismos dos
gêneros Babesia e Anaplasma, agentes do
complexo “tristeza parasitária bovina”,
transmitidos pelos carrapatos.
A época do desaleitamento
Os bezerros podem ser desaleitados
(corte no fornecimento da dieta líquida)
com seis/oito semanas de idade, se um
bom concentrado inicial está sendo ofere-
cido desde a segunda semana de idade. O
desaleitamento é fator de estresse para os
É necessário renovar frequentemente a alimentação no cocho, para permitir o oferecimento de alimento mais fresco
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A Lavoura ABRIL/2010 15
Pecuária leiteira
bezerros e coincide com o momen-
to de mudá-los de instalações in-
dividuais para o manejo em gru-
pos. Em muitas propriedades,
depois de desaleitados, os bezer-
ros passam a conviver em grupos
em piquetes, enfrentando proble-
mas de competição e tendo mai-
or contato com carrapatos. Nesta
fase, aumentam as ocorrências de
doenças relacionadas com o com-
plexo tristeza.
Algumas sugestões para
minimizar os problemas
nesta fase:
• Não promova mais de uma mu-
dança de manejo ao mesmo tem-
po. Assim, quando cortar o forne-
cimento de dieta líquida, mante-
nha os animais na mesma insta-
lação por duas semanas para ve-
rificar se estão bem e se ajusta-
ram à dieta só com concentrado.
• Se houver mudança de concen-
trado após o desaleitamento, du-
rante as duas semanas pós-desa-
leitamento, misture em partes
iguais o concentrado inicial com
aquele que os animais receberão
quando mudarem para a nova
instalação. Isto permitirá adapta-
ção ao novo concentrado.
• A instalação a ser adotada deve
ingeridos pelo colostro. No Brasil, os re-
banhos bovinos leiteiros são vacinados,
principalmente, contra febre aftosa, rai-
va, brucelose e manqueira (ou carbúnculo
sintomático). Contra a manqueira ou
carbúnculo são feitas revacinações a cada
seis meses, até o animal completar 24
meses de idade. Contra a raiva, bastam
reforços anuais. Para evitar a brucelose,
a recomendação é que se vacinem somen-
te as fêmeas entre o terceiro e o oitavo
meses de idade. Finalmente, as vacina-
ções contra a febre aftosa devem seguir o
calendário definido pela Secretaria de
Agricultura do Estado. É importante res-
saltar, no entanto, que em cada região
deve ser traçado um esquema de vacina-
ção específico, direcionado para o combate
às doenças mais prevalentes na área,
além das quatro já citadas. Mesmo em re-
banhos devidamente imuniza-
dos, devem ser realizadas provas
sorológicas semestrais para iden-
tificação de animais positivos
para brucelose e prova alérgica
para tuberculose.
• Combate a endo e ectoparasi-
tas: o contato gradual destes ani-
mais com carrapatos deve ser
proporcionado pelo acesso fre-
quente aos pastos, para que estes
desenvolvam o sistema de defesa
contra os agentes da tristeza pa-
rasitária bovina, uma vez esta-
rem prestes a perder a proteção
conferida pelos anticorpos da
mãe. A partir dos três aos quatro
meses de idade, estes animais já
podem ser submetidos ao contro-
le estratégico de carrapatos, me-
dida preventiva fundamentada
na administração de cinco banhos
carrapaticidas, um a cada 21
dias, nos meses mais quentes do
ano. Com a mudança do hábito
alimentar, os bezerros passam a
ingerir larvas de vermes gastrin-
testinais e pulmonares junta-
mente com a pastagem, mas a
proteção conferida pelos
anticorpos da mãe ainda está pre-
sente. Os riscos de verminose co-
meçam a surgir, portanto, por
volta dos três a quatro meses,
ser limpa e sem encharcamento. No caso
de piquetes, deve-se optar por um com as
mesmas condições já descritas para o pi-
quete maternidade.
• Animais dos dois aos seis meses de ida-
de devem ser mantidos em dois grupos
separados, homogêneos principalmente
por tamanho.
• Propiciar espaço suficiente para
minimizar os efeitos da competição natu-
ral entre animais, principalmente quan-
to ao acesso ao alimento. A área de cocho
deve ser suficiente para que todos te-
nham fácil acesso ao alimento. É aconse-
lhável ter mais de um cocho, distanciados
o suficiente para permitir que os bezerros
menos competitivos possam comer o con-
centrado com tranquilidade.
• Plano de vacinação: A maioria das va-
cinas é aplicada nos animais a partir do
quarto mês de idade, quando cessa a pro-
teção conferida pelos anticorpos da mãe,
quando cessa a proteção conferida pelo
colostro. A preocupação deve ser maior
com bezerros que atingem essa idade nos
meses mais frios. Nesta época, é grande
o risco de infecção por vermes pulmona-
res. Daí a importância de se iniciar a
vermifugação estratégica por volta do
terceiro ou quarto meses de idade, con-
centrando-se os tratamentos nos meses
de abril, julho e setembro, até a época da
primeira parição. Em rebanhos com mai-
or grau de sangue europeu, deve-se rea-
lizar um quarto tratamento anual no mês
de dezembro, devido à maior susceptibi-
lidade destes animais à contaminação por
vermes.
Ao seguir as recomendações mencio-
nadas, certamente o produtor terá menos
gastos com medicamentos, a mortalida-
de de animais jovens será minimizada e
a rentabilidade da atividade leiteira será
bem maior.
A instalação ser limpa e sem encharcamento
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16 ABRIL/2010 A Lavoura
Pecuária leiteira
Como prevenir a tristeza
parasitária, que reduz
a produtividade
do rebanho
O gado leiteiro costuma ser mais
acometido pela tristeza parasitária
do que o gado de corte
Transmitida principalmente por carrapatos, a tris-
teza parasitária bovina pode trazer grandes prejuízos
para os pecuaristas, reduzindo a produtividade do re-
banho. A anemia e a febre são um dos principais sin-
tomas da doença e, nos casos mais graves, o animal
chega a urinar sangue e pode morrer.
Na maioria das vezes, a doença surge em forma de
surtos, prejudicando todo o rebanho e não um único
animal. Pesquisas da Embrapa indicam que a melhor
forma de prevenir a tristeza parasitária bovina é re-
alizar o controle integrado do carrapato, onde se uti-
lizam várias estratégias de controle que possibilitam
manter os rebanhos com baixos níveis de infestação
durante todo o ano, sendo o controle estratégico, uma
das mais importantes práticas que deve ser adotada
nos rebanhos.
No Norte, por exemplo, o controle integrado do car-
rapato dos bovinos, onde o controle estratégico deve
ser realizado no período que antecede o início das
chuvas, entre os meses de agosto e setembro, no meio
deste período, e em seu final. “Utilizando uma série
de estratégias, como o controle estratégico, rotação de
pastagens e utilização de animais “aspiradores” de
larvas nas pastagens, assim como a utilização de car-
rapaticidas de alta eficiência para o controle das po-
pulações de carrapatos nas propriedades consegue-se
um bom controle desse ectoparasita nos rebanhos em
Rondônia, evitando que haja uma grande concentra-
ção de carrapatos nos animais e nas pastagens, per-
mitindo que se faça também um bom controle da tris-
teza parasitária”, conforme explica Luciana Gatto
Brito, pesquisadora da Embrapa Rondônia.
Controle integrado
O controle integrado do carrapato também é a me-
lhor forma de combater a tristeza parasitária porque
os rebanhos não podem ficar totalmente livres desses
parasitos, uma vez que eles funcionam como uma es-
pécie de vacina natural, ajudando o animal a desen-
volver resistência contra a doença. Em número redu-
zido, o carrapato ajuda na manutenção da circulação
dos agentes causais da tristeza parasitária nos reba-
nhos em níveis tão baixos que eles não chegam a ado-
ecer, uma vez que estarão com o sistema imunológico
do animal ativo contra a doença.
O gado leiteiro costuma ser mais acometido pela
tristeza parasitária do que o gado de corte. “A gente
sabe que os bovinos de leite têm uma infestação por
carrapatos muito maior do que os bovinos de corte”,
explica a pesquisadora da Embrapa Rondônia. “Eles
são muito mais susceptíveis à ocorrência da doença,
principalmente os animais mais jovens porque ainda
estão descobertos pela proteção do sistema imunoló-
gico”.
Os produtores devem ficar atentos aos sintomas da
tristeza parasitária e, em caso de suspeita de sua
ocorrência, procurar um especialista para que seja
dado o tratamento adequado, evitando maiores danos
ao rebanho e prejuízos à sua produção.Banho carrapaticida: uma das estratégias de controle
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O controle integrado do carrapato é a melhor forma de prevenir
a tristeza parasitária bovina
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A Lavoura ABRIL/2010 17
Meio ambiente
Hoje, é crescente a pre-
ocupação com rela-
ção à conservação
do ambiente, o que repercute di-
retamente no setor agropecuá-
rio, que busca formas alternativas
de controle de pragas visando
minimizar ou diminuir a utilização
de agrotóxicos no processo de produ-
ção de alimentos, fibras e matérias-pri-
mas dos diversos processos industriais,
com o objetivo de suprir as necessidades
humanas.
Para obter um sistema de produção que
contemple a sustentabilidade ambiental deve-
se adotar técnicas que promovam a agrobiodi-
versidade, a utilização dos processos biológicos
naturais e o uso racional de insumos externos.
Em resposta a essa busca, surgiu o Manejo Inte-
grado de Pragas (MIP), que consiste na utilização
inteligente de várias medidas de controle, visan-
do reduzir as populações de pragas nos agroecos-
sistemas com eficiência econômica e consciência
ecológica e social.
No entanto, apesar da grande disponibilidade de
técnicas disponíveis e das cobranças cada vez mais
crescentes por uma agricultura mais limpa, ainda se
utilizam agrotóxicos de amplo espectro, devido ao bai-
xo custo e facilidade de utilização. O uso
indiscriminado destes produtos nos cultivos pode oca-
sionar desequilíbrios biológicos, impedindo a atuação e
o desenvolvimento de inimigos naturais.
Justamente devido a essa atuação, pragas que anteri-
ormente eram consideradas de menor importância, passa-
ram a ter alta incidência, causando perdas nas lavouras,
como verificado com a cultura da soja nos Estados de Mato
Grosso do Sul, Goiás e Paraná com relação a lagarta fal-
sa-medideira, Pseudoplusia includens. Essa praga teve sua
população aumentada devido à utilização de inseticidas de
amplo espectro, os quais proporcionaram desequilíbrios bi-
ológicos no agroecossistema, impedindo ou prejudicando o
HARLEY NONATO DE OLIVEIRA E CRÉBIO JOSÉ ÁVILA
PESQUISADORES DA EMBRAPA AGROPECUÁRIA OESTE
EM
BRA
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GRO
PEC
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RIA
O
ESTE
Controle racional de pragas
da soja: eficiência econômica
e consciência ecológica
Controle racional de pragas
da soja: eficiência econômica
e consciência ecológica
H
Uma das alternativas para o
controle da lagarta falsa-medideira
é a utilização de predadores que
causam a mortalidade das lagartas
!ALAV677-17-18-MeioAmbiente.pmd 17/3/2010, 13:4217
18 ABRIL/2010 A Lavoura
EM
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PEC
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ESTE
Meio ambiente
estabelecimento de inimigos naturais. Aliado a isso, estudos recentes têm
evidenciado que a utilização de fungicidas, especialmente para a ferru-
gem asiática, estão também afetando negativamente o desenvolvimento
de fungos benéficos, como por exemplo o Nomuraea rileyi, conhecido como
fungo causador da doença branca na lagarta.
O Controle Biológico é uma importante estratégia que, através da li-
beração, incremento e conservação de parasitoides, predadores e micro-
organismos, pode impedir que os insetos-praga atinjam níveis capazes
de causar dano econômico. Essa estratégia de controle tem como princi-
pais vantagens o fato de não deixar resíduo, ser mais específico, assim
como permanente, entre outras. No entanto, para o seu sucesso a cultu-
ra deve ser manejada de forma integrada, buscando a associação entre
os diversos fatores e meios de controle.
Para o controle da lagarta falsa-medideira, deve-se não somente
minimizar a utilização de agrotóxicos, buscando a utilização de forma ra-
cional, mas também viabilizar outras formas de controle que possam man-
ter a população do inseto em níveis abaixo daqueles considerados dano-
sos à cultura. Sendo assim, pesquisas tem sido realizadas buscando al-
ternativas que possam ser utilizadas no controle desse inseto, entre as
quais pode-se destacar a utilização de espécies de Trichogramma que
atuam parasitando os ovos da praga, a utilização de Baculovirus sp. e de
predadores que causam a mortalidade das lagartas e de parasitoides de
pupas que ao ser parasitada evita a emergência de adultos da lagarta
falsa-medideira. A associação destes diferentes agentes de controle bio-
lógico nas diferentes fases do inseto pode manter a população de P.
includens abaixo dos níveis que causam redução na produtividade da soja.
Todavia, essas pesquisas estão ainda sendo avaliadas, mas o resultados
obtidos, até então, são promissores para a implementação do controle bi-
ológico da praga.
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Utilização do Baculovirus para o controle da lagarta falsa-medideira
... casulo...
... e adulto
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Lagarta falsa-medideira e suas fases de
desenvolvimento...
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.. pupa...
!ALAV677-17-18-MeioAmbiente.pmd 17/3/2010, 13:4218
A Lavoura FEVEREIRO/2010 19
Carta da S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
Ibsen de Gusmão Câmara
Presidente
A Organização das Nações Unidas declarou 2010
como o Ano Internacional da Biodiversidade, numa
tentativa de alertar a humanidade para o nível as-
sustador de extinção de espécies e as graves reper-
cussões desse fato sobre todos nós.
O homem, no que pese o crescimento incessan-
te da tecnologia e o avanço acelerado da urbani-
zação afastarem-no cada vez do convívio com a na-
tureza, continua totalmente dependente dos pro-
cessos naturais que vêm sustentando a vida na
Terra nos últimos dois e meio bilhões de anos. Os
ciclos naturais da água, do carbono, do nitrogênio,
o oxigênio da atmosfera, a vida microbiana nos
solos, tudo depende de tais processos vitais. Bas-
ta lembrar que sem a fotossíntese, pela qual as
plantas geram continuamente o oxigênio indispen-
sável às nossas vidas, esse elemento altamente
reativo, na sua forma molecular, desapareceria da
atmosfera em prazo geologicamente muito curto.
Essa dependência, no entanto, está sob risco.
Avalia-se que 60% dos serviços prestados pelos
ecossistemas naturais já foram degradados pelo
homem, em sua maior parte nos últimos 50 anos
e, embora faltem dados globais precisos, estima-
se que o ritmo de extinções de espécies chegue a
ser mil vezes maior do que seu valor médio antes
da existência humana.
Em face de tamanhos desequilíbrios ambien-
tais, na oportunidade do lançamento do Ano Inter-
nacional da Biodiversidade, a União Mundial para
a Conservação da Natureza – IUCN elaborou uma
relação de ações necessárias à defesa do
patrimônio genético e dos ecossistemas, adiante
resumidas, a serem efetivadas por todas as nações,
a sociedade em geral, instituições, empresários e
pessoas físicas que, nas esferas de suas atribuições
e atividades, possam contribuir para sua
efetivação:
• Aumentar e divulgar a informação científica so-
bre o verdadeiro valor, o status e as tendências
da biodiversidade, e as consequências de sua
perda.
• Incluir nos currículos escolares as informações
necessárias sobre o valor da biodiversidade, as
medidas para conservá-la e as suas repercussões
sobre o bem-estar humano.
2010, Ano Internacional
da Biodiversidade• Proteger de alguma forma pelo menos 50% das
terras e dos oceanos, incluindo as áreas críticas
para a biodiversidade.
• Estancar a perda e a redução dos habitats natu-
rais.
• Conter as pressões sobre os recursos marinhos
e eliminar a sobrepesca.
• Banir a exploração excessiva dos recursos terres-
tres.
• Salvaguardar ou restaurar os ecossistemas que
provêem serviços naturais críticos e que contri-
buem para a adaptação das espécies às mudan-
ças climáticas.
• Reduzir o impacto das mudanças climáticas so-
bre os ecossistemas e a acidificação dos oceanos.
• Impedir a extinção das espécies já ameaçadas e
coibir sua comercialização.
• Incentivar a eficiência na produção de todos os
bens e utilizar os recursos naturais dentro dos li-
mites impostos pelas necessidades ecológicas.
• Reconhecer que a agricultura e a exploração flo-
restal devem ser conduzidas sob critérios ecoló-
gicos.
• Não ultrapassar os limites críticos para os ecos-
sistemas da poluição causada pelo excesso de nu-
trientes, especialmente fósforo e nitrogênio.
• Deter a introdução de espécies exóticas e identi-
ficar as já existentes com o propósito de erradicá-
las ou controlá-las.
• Conservar a diversidade genética das espécies
domesticadas.
• Contribuir para o sequestro de carbono da at-
mosfera.
Esta relação, uma verdadeira análise dos pro-
blemas que levam à perda de biodiversidade, de-
monstra como são abrangentes e complexas as
ações necessárias para protegê-la e impedir que
continue a degradar-se o patrimônio biológico do
planeta, indispensável aos seres humanos.
Resta a esperança de que, para o bem de to-
dos, os apelos da ONU e da IUCN sejam compre-
endidos e acatados por todos aqueles que, de al-
gum modo, possam cooperar para a sua concre-
tização.
!ALAV677-19-22-Sobrapa.pmd 17/3/2010, 13:4419
20 FEVEREIRO/2010 A Lavoura
S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
Citações
Em reportagem publicada no jornal O Globo, em 4 de ju-nho de 2009, foi atribuída ao ex-ministro Gustavo Krause aseguinte frase:
A primeira grande dificuldade do Ministro do Meio Am-biente é que ele trata de uma questão central para a humani-dade e periférica para os governos.
Tem absoluta razão o ex-ministro, que bem teve vivênciado problema. Os governos, sempre preocupados com os pro-blemas imediatos e com as artimanhas da política, esquecem-se de que as continuadas agressões à natureza afetam, emlongo prazo, a própria habitabilidade do planeta, e de quemuitos dos desmandos hoje contra ela perpetrados a cada diacausam danos irreversíveis. É imprescindível que a corretagestão ambiental seja uma política de governo, a ser tratadade forma transversal por todos os agentes executivos, e nãorelegada a um escaninho administrativo com pouca influên-cia na esfera governamental e por alguns desavisados consi-derado um entrave ao “progresso”.Natureza em perigo
A jacutinga (hoje denominada Aburria jacutinga, em-bora o antigo nome científico – Pipile jacutinga - ainda sejausado) é um dos mais belos representantes da família doscracídeos, à qual pertencem também os mais conhecidosjacus e mutuns. É uma ave grande, com mais de 70 centí-metros e pesando até perto de 1,5 kg. Sua cor é preta, coma base do bico azulada e a região em torno dos olhos bran-ca. A característica mais marcante é uma barbela, verme-lha na parte posterior e azul ou lilás no restante, sendo essacoloração mais viva na época de reprodução. É uma aveendêmica da Mata Atlântica e foi amplamente distribuí-da e comum no passado, desde a Bahia até o Rio Grandedo Sul, penetrando para o interior nas Regiões Sul e Su-deste, e podendo ser encontrada até a 1.000 metros de al-titude. É essencialmente frugívora, sendo os frutos dopalmiteiro (Euterpe edulis) um dos seus alimentos favori-tos, e assim contribui para a dispersão dessa utilíssima pal-meira. Essencialmente arborícola, desce das árvores ape-nas para se alimentar ou beber água.
Nas últimas décadas, não são mais conhecidos registrosconfirmados de sua presença nos estados da Bahia, EspíritoSanto, Rio de Janeiro e Minas Gerais, sendo considerada ex-tinta na maioria dos outros locais em que habitava. A caça ea destruição da Mata Atlântica são as principais razões deseu extermínio parcial, havendo relatos em Santa Catarinade abates em tempos passados de até 50.000 indivíduos emuma só temporada de caça.
Felizmente, porém, encontra-se hoje abrigada, emboracom baixas populações, em diversas unidades de conserva-ção situadas em São Paulo, Paraná e Santa Catarina, ain-da que a caça ilegal continue dentro dessas áreas suposta-mente protegidas. Sem confirmação, há possibilidade queainda possa sobreviver em algumas unidades no Rio deJaneiro, Minas e Rio Grande do Sul. Tem havido tentativasde reintrodução em Minas Gerais e no Rio de Janeiro comexemplares nascidos em cativeiro, aparentemente bem su-cedidas.
A jacutinga é considerada “Ameaçada” na lista oficial bra-sileira e “Em Perigo” na da União Mundial para a Conserva-ção da Natureza– IUCN.Riqueza biológica das regiõesinsulares
O estudo da ocorrência de espécies endêmicas – ou seja,aquelas que somente existem em uma determinada região –permitiu comparar a riqueza biológica das regiões insularescom a do globo em geral.
Um estudo abrangendo plantas vasculares e vertebradosde todas as áreas terrestres do planeta, excetuada aAntártida, mostrou que o endemismo nas ilhas excede o exis-tente nas áreas continentais por um fator de aproximadamen-te 9,3 %, e que o de plantas e de vertebrados estão fortemen-te correlacionados.
Examinando-se o impacto humano presente e passadoem toda a Terra, verificou-se que o índice de perturbação nasregiões insulares é significativamente maior e que tende aincrementar no futuro. Considerando-se a maior diversidadebiológica nessas regiões, devido ao seu maior grau deendemismos, o estudo sugere que as medidas de conserva-ção das espécies deveriam ter nelas maior prioridade.
Fonte: Proceedings of National Academy of Sciences of the USA (2009).
O massacre dos elefantes
Admite-se que antes da colonização europeia da África,cerca de dez milhões de elefantes existiam nesse continente.No final dos anos 80 do século passado, este número haviasido reduzido para 600.000, em decorrência da ocupação pe-los humanos das áreas de ocorrência desses animais e adizimação pela caça, basicamente em busca do marfim. So-mente entre 1979 e 1989, 700.000 elefantes foram sacrifica-dos na África. Nem mesmo no interior das áreas supostamen-te protegidas, esses gigantes estavam a salvo. A ironia dasituação reside no fato de que o comércio do marfim, bárbaroe ilegal, destina-se apenas à produção de peças de adorno oupara a confecção de hankos, carimbos individuais com osquais os chineses e japoneses tradicionalmente validam seusdocumentos.
Em face da enorme mortandade e da ameaça deextinção do elefante africano, a Convenção sobre o Comér-cio Internacional das Espécies Ameaçadas da Fauna e Flo-ra Selvagens – CITES baniu o comércio internacional des-ses animais e de seus produtos, e durante algum tempo ainfame atividade reduziu-se significantemente, passandona prática a limitar-se à caça e ao comércio ilegais. Sob apressão de alguns países africanos, que desejavam venderseu marfim, e de algumas nações do Oriente, que visavamimportá-lo, a CITES permitiu a comercialização controla-da dos estoques já existentes provenientes de mortes na-turais ou de operações de controle populacional. A vigilân-cia, porém, mostrou-se insuficiente e, por volta de 2006, acaça ilegal se tornou ainda mais intensa do que antes dobanimento do comércio. Teme-se que as populações de ele-fantes estejam sendo dizimadas como nunca antes acon-teceu.
Agora, as investigações sobre quais regiões e países fa-zem vista grossa sobre a caça de elefantes estão sendo con-
!ALAV677-19-22-Sobrapa.pmd 17/3/2010, 13:4420
A Lavoura FEVEREIRO/2010 21
S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
duzidas com meios sofisticados de identificação de DNA, per-mitindo localizar de que populações selvagens provém o mar-fim ilegal, para que medidas corretivas possam vir a ser ado-tadas.
Fonte: Scientific American, 07-2009
Energia solar na Índia
O primeiro-ministro da Índia anunciou um plano no va-lor de dezenove bilhões de dólares para tornar o país um lí-der na energia solar. Anunciado em meados do ano findo, oprograma almeja aumentar a potência atualmente instala-da de cinco megawatts, para 20 megawatts em 2020, 100gigawatts em 2030 e 200 gigawatts em 2050, embora os pla-nos até agora existentes visem apenas à primeira etapa.
A ideia é criar um órgão especial para executar o progra-ma e expandir o atual centro de energia solar existente emNova Delhi para transformá-lo em um instituto que contro-lará as pesquisas e a colaboração com o exterior.
Visualiza-se para isto dar prioridade aos empréstimosbancários vinculados com projetos de energia solar e permi-tir a importação livre de impostos para os materiais neces-sários.
Fonte: Nature, 06-08-2009
Explosão populacional
O Bureau de Referência Populacional, com sede em Wa-shington, em comunicado publicado em agosto de 2009, pre-viu que as regiões do globo menos desenvolvidas, envolven-do 49 países, aumentarão suas populações de 828 milhõespara 1,66 bilhão até 2050. A África engloba 33 desses países.
As projeções feitas indicam que no mesmo período as na-ções mais desenvolvidas pouco incrementarão suas popula-ções, passando de 1,23 para apenas 1,32 bilhão, principalmen-te devido à imigração. Os EUA são, dentre os desenvolvidos,o país que tem as mais altas taxas de fertilidade.
A população mundial poderá atingir 9,4 bilhões em 2050,em comparação com os atuais 6,8 bilhões, que se tornarão setebilhões já em meados de 2011. Em 2050, a Índia deverá ultra-passar a China, tornando-se o país mais populoso do mundo.Desmatamento
O Google anunciou ter criado uma nova tecnologia quepermitirá o dimensionamento das áreas desmatadas, per-mitindo assim a redução das emissões de gases do efeitoestufa. Somente as emissões provenientes da destruiçãodas florestas tropicais equivalem às de toda a Europa e sãomaiores do que o total emitido por todos os carros, cami-nhões, aviões e navios do mundo.
Essa tecnologia tem potencial para facilitar o REED (Re-dução das Emissões por Desmatamento e Degradação Flores-tal em Países em Desenvolvimento), projeto das Nações Uni-das que se propõe a oferecer inventivos financeiros aos paí-ses em desenvolvimento que protejam suas florestas.
O sistema REED só poderá efetivar-se se cada nação ti-ver a possibilidade de monitorar a situação das respectivasflorestas ao longo do tempo e se for possível verificá-la inde-pendentemente.
A tecnologia desenvolvida se baseia na do Google Earthque exibe imagens de qualquer local do planeta. Qualquerpessoa poderá acessar por computador, em minutos, as infor-
mações relativas aos últimos 30 dias, esperando-se que o sis-tema se torne operativo em 2010.
Fonte: Embrapa Florestas
Ameaças para os peixes de água-doce
Estima-se que os peixes, em geral, totalizem cerca de32.500 espécies, das quais algo como 43% existem em ambi-entes de água-doce, um percentual extraordinário se consi-derarmos que eles englobam apenas 0,01% das áreas aquá-ticas do planeta, e que somente nos últimos 30 anos foramdescobertas 5.000 novas espécies neles residentes.
A razão dessa enorme diversidade de espécies é oferece-rem os hábitats de água-doce uma multiplicidade de nichosecológicos e os peixes terem-se mostrado capazes de bem ex-plorar este potencial. Contudo, muitos destes nichos se situ-am em ambientes muito restritos geograficamente, implican-do em populações reduzidas, ainda que diversificadas, e tor-nando-as mais vulneráveis à extinção. Há situações extremas,como o peixe mexicano “picote-de-tequila, que habita apenasum minúsculo “lago” de apenas quatro metros de diâmetro,com uma população total de poucas centenas de indivíduos.
Essas peculiaridades fazem com que muitos dos peixes deágua-doce estejam seriamente ameaçados. Não existem da-dos que permitam avaliar a situação no Brasil, de uma for-ma global, mas no continente norte-americano uma avalia-ção feita em 2008 indicou que 40% de seus peixes de água-doce podem estar em risco ou, mesmo, já extintos, significandoum aumento de 92% em relação a uma estimativa semelhanteelaborada em 1989. A degradação de hábitats emerge comouma das razões importantes dessa situação, bem como a in-trodução de espécies exóticas competidoras. As condiçõesprevalecentes na Europa são semelhantes.
Tudo isto está a indicar a necessidade de ser dada maioratenção às condições das faunas de água-doce.
Fonte: Science, 04-09-2009
Os efeitos benéficos das áreas de reservalegal e de preservação permanente
Tendo em vista as pressões que hoje ocorrem contra a exis-tência obrigatória de áreas com vegetação nativa nas propri-edades agrícolas, é oportuno divulgar informações publica-das pela Sociedade Brasileira de Silvicultura, em seu Infor-mativo datado de 10-02-2010, afirmando que não são apenascaprichos dos ambientalistas as determinações constantes doCódigo Florestal.
Segundo o prof. Paulo Kageyama, da Escola Superior deAgricultura Luiz de Queiroz (Ealq/USP), a biodiversidade na-tiva existente em tais áreas pode ser importante para o su-cesso das atividades agrícolas nas áreas próximas. Em expe-riência executada com a reposição de mata ciliar usando cemespécies diferentes por hectare, conseguiu-se evitar a ocorrên-cia de pragas e doenças. Para a pecuária, a recuperação dasÁreas de Preservação Permanente e as Reservas Legais tam-bém podem também ser benéficas, inclusive pela maior dis-ponibilidade de água.
A enga. Florestal Maria José Zakia comprovou, em sua tesede Doutorado na USP, que o Código Florestal acerta em deter-minar a existência de uma mata ciliar de 30 metros ao longodos rios com menos de 10 metros de largura, e que ela se mos-trou bastante eficiente na proteção do solo e da água; no en-
!ALAV677-19-22-Sobrapa.pmd 17/3/2010, 13:4421
22 FEVEREIRO/2010 A Lavoura
S O B R A PASOCIEDADE BRASILEIRA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL
SOBRAPA
Sociedade Brasileira de Proteção Ambiental
CONSELHO DIRETOR
PRESIDENTE
Ibsen de Gusmão Câmara
DIRETORES
Octavio Mello Alvarenga
Maria Colares Felipe da Conceição
Olympio Faissol Pinto
Cecília Beatriz Veiga Soares
Malena Barreto
Flávio Miragaia Perri
Elton Leme Filho
Rogério Marinho
CONSELHO FISCAL
Luiz Carlos dos Santos
Ricardo Cravo Albin
SUPLENTES
Jonathas do Rego Monteiro
Luiz Felipe Carvalho
Pedro Augusto Graña Drummond
tanto, defende que os proprietários sejam incentivados a man-ter as áreas verdes mediante o pagamento pelos serviços am-bientais por elas providos para a comunidade em geral.Custeio para adaptação àsmudanças climática
O custo global para enfrentar as adaptações indispensá-veis em razão das mudanças climática pode ser duas a trêsvezes maior do que antes foi avaliado. Em 2007, a ONU su-geriu que o custo anual dessas adaptações, a partir de 2030,deveria situar-se entre US$ 49 bilhões e US$ 171 bilhões.
Novas avaliações indicam que esses valores são totalmen-te insuficientes para as necessidades de alguns setores, taiscomo energia, indústria, turismo e ecossistemas. Somente asdespesas para a proteção dos ecossistemas e dos serviços poreles providos poderá exigir mais de US$ 350 bilhões anuais.A estimativa inicial de US$ 11 bilhões anuais para a área demanejo hídrico sequer considerou os gastos com inundaçõese a transferência de água para as áreas onde ela será escas-sa. Outras carências foram também apontadas, especialmen-te as relativas ao aumento de despesas com o setor de saúdenas regiões menos desenvolvidas, nas quais se espera o au-mento da desnutrição e da ocorrência de determinadas doen-ças que serão agravadas pelas mudanças climáticas.
O Instituto Internacional para o Meio Ambiente e o De-senvolvimento, de Londres, que divulgou as novas avaliaçõese as deficiências constatadas, no entanto não apresentou asnovas estimativas globais do que será necessário.Produtividade e lucros daagricultura mundial
Um recente levantamento da FAO indicou que hoje maisde um bilhão de pessoas sofrem de deficiência alimentar, ape-sar da queda de preços dos alimentos em 2008. O crescimentoda demanda por produtos agrícolas deriva do aumento da po-pulação mundial e do crescimento econômico, especialmentenos países da Ásia, agravado pela produção de biocombustí-veis. O atendimento a essa demanda aumentada tem sidodevido principalmente pelo crescimento de produtividade naagricultura, mas já se constatou que este aumento vem sendodesacelerado. Se tal tendência persistir, são previstas profun-das implicações no preço dos produtos agrícolas no futuro.
A produção global de milho, arroz, trigo e soja, por hecta-re, cresceu rapidamente entre 1961 e 2007. No entanto, emrelação e estes quatro produtos, e tanto nos países desenvol-vidos quanto nos em desenvolvimento, o ritmo de crescimen-to entre 1990 e 2007 foi menor do que entre 1961 e 1990. Alémdisto, a desaceleração foi maior em parte dos países respon-sáveis pelo maior volume de produção. Em paralelo com a pro-dução mundial, a produtividade da terra também cresceumais devagar entre 1990 e 2007, em comparação com o perí-odo de 1960 e 1990. Somente na China as tendências foraminversas; não considerando esse país, a desaceleração no restodo mundo seria ainda maior.
Muitos fatores contribuíram para a desaceleração do cres-cimento de produtividade, incluindo alterações no clima, de-gradação dos solos, mudanças dos cultivos para ambientesmais desfavoráveis, escassez ou aumento de preço nos insu-mos e aumento de pragas e doenças.
Um fator importante foi o arrefecimento dos investimen-tos em pesquisa e desenvolvimento (R&D). Como exemplo, osEUA, em 1975, aplicaram 66% dos recursos voltados para apesquisa agrícola somente em produtividade, percentual quecaiu para 57% em 2007. Coisa semelhante ocorreu no Japãoe, em menor grau, na Europa. A revitalização de R&D volta-da para o crescimento da produtividade poderá mitigar a fomee a pobreza, e reduzir as pressões sobre os recursos naturais.
Fonte: Science, 04-09-09.
Uma nova fonte de energia?
Em amplas áreas, nas profundezas dos oceanos, ocorremimensas quantidades de hidrato de metano, substância quese forma com água e metano, sob condições de baixas tempe-raturas e elevadas pressões. Dificuldades de exploração têmimpedido o aproveitamento econômico dessa possível novafonte de combustível. As estimativas quanto à quantidade dehidratos de metano existente nos mares atinge o monstruo-so volume de 20.000 trilhões de metros cúbicos; a título decomparação, o consumo anual de gás nos Estados Unidos éda ordem de “apenas” 600 bilhões de metros cúbicos.
As perspectivas de extração do hidrato de metano aumen-taram quando os japoneses, em 1999, verificaram a existên-cia de grandes quantidades da substância em areias na cos-ta do Japão, com a atrativa característica de se acumular emgrandes concentrações. Se demonstrada a viabilidade de ex-ploração comercial, o hidrato de metano poderá servir de “pon-te” entre o presente uso maciço de carvão e petróleo e o su-primento futuro de energias sustentáveis.
Fonte: Science, 21-08-2009
!ALAV677-19-22-Sobrapa.pmd 17/3/2010, 13:4422
A Lavoura ABRIL/2010 23
A importância do manejo
higiênico-sanitário
na qualidade do pescado
A importância do manejo
higiênico-sanitário
na qualidade do pescadoFABÍOLA H. S. FOGAÇA
PESQUISADORA EMBRAPA MEIO-NORTE/NÚCLEO DE AQUICULTURA
CRIS
TIN
A B
ARA
N
O setor pesqueiro brasileiro é
responsável por gerar um
milhão de empregos diretos e
uma renda anual de R$ 5 bilhões, segun-
do estatísticas da Secretaria Especial de
Aquicultura e Pesca (SEAP/PR, 2008). No
entanto, a ausência de assistência técni-
ca adequada e de políticas públicas vol-
tadas ao setor levou ao seu crescimento
desordenado, resultando em elevados ín-
dices de exclusão, empobrecimento da
pesca artesanal e esgotamento dos prin-
O
Alimentação
Por ser um alimento
de fácil decomposição,
o pescado exige
cuidados relacionados
à manipulação
e conservação
cipais estoques naturais de pescado. Além
disso, as precárias condições de manipu-
lação após a captura ou despesca, durante
o transporte e, principalmente, a falta de
higiene no processamento dos peixes, le-
vam à veiculação de inúmeras doenças
aos próprios manipuladores, pescadores
e consumidores desses produtos.
O baixo consumo de pescado brasilei-
ro, causado dentre outros fatores por ra-
zões culturais e socioeconômicas, também
é consequência da falta de políticas públi-
cas voltadas ao setor, ausência de estabe-
lecimentos comerciais especializados na
venda de pescado e falta de qualidade dos
produtos encontrados em feiras livres e
entrepostos.
O consumo de peixes é importante
devido ao seu alto valor nutritivo, pois
possuem elevados teores de vitamina A
e D, gordura insaturada, proteína de ex-
celente valor biológico, além de serem
fonte de cálcio e fósforo. A proteína de
pescado é considerada de excelente qua-
O
!ALAV677-23-25-Alimentação.pmd 17/3/2010, 13:4623
24 ABRIL/2010 A Lavoura
Alimentação
lidade por conter todos os aminoácidos
necessários ao desenvolvimento e manu-
tenção dos músculos, e ser de fácil diges-
tão. Os lipídios, em sua maioria, são
compostos por ácidos graxos insatura-
dos, conhecidos popularmente por
ômega três e seis, são importantes na
prevenção de doenças cardiovasculares
e circulatórios.
Problemas com manuseio
inapropriado
Apesar de conter nutrientes essenci-
ais para alimentação humana, o pescado
também pode veicular uma gama enorme
de micro-organismos patogênicos, a mai-
or parte deles fruto da contaminação do
ambiente ou pelo manuseio inapropriado.
Dentre os agentes transmitidos por pes-
cado encontram-se os endoparasitos, as
biotoxinas, os poluentes químicos e me-
tais tóxicos. Alguns contaminantes po-
dem causar uma pequena e passageira
intoxicação alimentar, enquanto outras
substâncias (como as biotoxinas) podem
provocar um problema neurológico grave.
O ideal seria apenas consumir pesca-
do de lugares com garantia de origem
comprovada, de produções ou extrativis-
mo livres de contaminantes e de águas
não poluídas. Porém, isso se torna qua-
se impossível no mundo atual. Assim, al-
gumas medidas poderiam minimizar a
contaminação do pescado, ou mesmo im-
pedir a veiculação de certas doenças, di-
minuindo o risco de ingestão de um pro-
duto contendo algum tipo de patógeno ou
toxina, como: cuidados na manipulação
do pescado desde sua captura ou
despesca, utilizando-se estruturas bem
higienizadas, funcionários asseados e
manejo dos peixes de forma a garantir o
mínimo de injúrias e cortes na pele, evi-
tando-se a contaminação do músculo; hi-
giene no recebimento do produto; todas
essas atividades devem ser realizadas
com o uso de gelo e o armazenamento
deve ser imediato, em temperaturas pró-
ximas de zero graus celsius, sob refrige-
ração constante.
Baixas temperaturas inibem a ação
prejudicial dos micro-organismos e de
suas enzimas proteolíticas (que degra-
dam a proteína). Porém, alguns tipos de
pescado podem sofrer alterações de sabor
e cor durante a estocagem congelada, por
isso mais estudos aplicados nessa área
devem ser realizados no intuito de garan-
tir não só segurança alimentar, mas tam-
bém qualidade sensorial do pescado refri-
gerados e congelados.
Fiscalização
A ingestão de pescado cru também
não é aconselhável, já que estão sujeitos
à contaminação pelos mais variados mi-
cro-organismos que podem ser inativados
pelo tratamento térmico ou cozimento. Do
mesmo modo, faz-se necessária maior fis-
calização na importação de produtos,
principalmente aqueles oriundos de paí-
ses onde existam doenças endêmicas vei-
culadas pela ingestão de organismos
aquáticos contaminados, e no abate e pro-
cessamento do pescado.
SEA
API
A manipulação, o processamento e a conservação do pescado exigem cuidados especiais
A higiene também é essencial na limpeza
do peixe no mercado especializado
O pescado exige cuidados relaciona-
dos à manipulação e conservação por ser
um alimento de fácil decomposição. Tal-
vez a conscientização dos consumidores
seja uma maneira de pressionar os mer-
cados a oferecer produtos de qualidade
e, assim, melhorar a higiene dos produ-
tos vendidos. Fiscalização sanitária e
educação alimentar também podem con-
tribuir para aumentar o consumo de
peixes de forma ordenada e segura, e aí
sim proporcionar mais saúde aos seus
consumidores.
CRIS
TIN
A B
ARA
N
!ALAV677-23-25-Alimentação.pmd 17/3/2010, 13:4624
A Lavoura ABRIL/2010 25
Alimentação
O interesse pelo pescado como alimento aumentou
após a expansão da ciência da nutrição, constatan-
do-se o seu importante valor nutritivo, principalmente
pelos altos teores de vitaminas A e D, cálcio e fósforo,
baixa quantidade e considerável qualidade dos lipídios,
bem como pela presença de proteínas de elevado valor
biológico. É o que aponta Cristiane Rodrigues Pinheiro
Neiva, pesquisadora e diretora da Unidade Laboratori-
al de Referência em Tecnologia do Pescado do Instituto
de Pesca, órgão ligado à Agência Paulista de Tecnolo-
gia dos Agronegócios da Secretaria de Agricultura e
Abastecimento do Estado (IB/Apta/SAA).
Em artigo, Cristiane explica que a composição do pes-
cado varia entre 60 e 85% de umidade, aproximadamen-
te 20% de proteína bruta, 1 a 2% de cinzas e 0,6 a 36%
de lipídios. Em relação aos aminoácidos essenciais, a com-
posição do pescado é completa, balanceada e bastante se-
melhante entre as espécies de água doce e do mar.
“A carne de pescado apresenta boa digestibilidade
por conter menos tecido conjuntivo (3%) em compara-
ção com a de mamíferos (17%). Apresenta ainda, em
média, 5% de gordura (cerca de 1/3 da apresentada por
mamíferos), 26% de proteína, todos os aminoácidos (1
a 5 mg de aminoácidos livres/grama de proteína), ele-
vados teores de vitaminas do complexo B e menos do que
1,5% de matéria mineral, embora seja excelente fonte
de cálcio e fósforo”, complementa.
A pesquisadora alerta, ainda, que o pescado tem ele-
vado teor de lisina, “sendo, por isso, necessário na die-
Cresce interesse
pelos aspectos nutricionais do pescadota brasileira, constituída basicamente de arroz”. A di-
gestibilidade é alta, acima de 95% conforme a espécie,
e maior que a das carnes em geral e do leite.
O teor de lipídios varia em função da espécie, tipo de
músculo, sexo, idade, época do ano, habitat e dieta. Eles
são importantes como fonte de energia, como constitu-
intes de membranas celulares, nutrientes essenciais,
substâncias controladoras do metabolismo, substânci-
as isolantes de temperatura e protetores contra danos
mecânicos externos. Podem estar associados, positiva ou
negativamente, a diversas propriedades como sabor, cor,
características emulsificantes e conteúdo calórico.
E o diferencial nos pescados é a presença de ácidos
graxos poli-insaturados, correlacionados à baixa inci-
dência de doenças cardiovasculares nos esquimós e ja-
poneses, povos com elevado consumo. “A partir da dé-
cada de 50, pesquisas começaram a demonstrar a influ-
ência dos ácidos graxos insaturados na redução das ta-
xas séricas do colesterol, enquanto outras demonstra-
ram que esses ácidos também reduziram o risco de do-
enças como artrite e câncer. Apesar de necessários para
inúmeras reações bioquímicas, o ser humano precisa
ingerir ácidos graxos essenciais, pois eles não são pro-
duzidos pelo organismo”.
Os ácidos graxos têm uma série de funções no orga-
nismo humano, como atuar na construção de células, de-
senvolvimento do cérebro e da retina, e a ausência cau-
sa uma série de anomalias fisiológicas e bioquímicas,
prejudicando o crescimento e a fertilidade, por exemplo.
Além de peixes, vários outros alimen-
tos disponibilizam esses ácidos graxos,
conforme Cristiane, como o óleo de linha-
ça, nozes, sementes de abóbora, semen-
tes de gergelim, abacate, óleo de canola
não-refinado e extraído a frio, mostarda
e alguns vegetais verde escuros, mas os
animais marinhos, especialmente peixes
como salmão, cavala, sardinha, anchova
e atum, são “campeões”.
Cristiane dá uma informação
preocupante: pesquisas de caracteriza-
ção da alimentação complementar para
o primeiro ano de vida da criança rela-
taram que o peixe foi um dos alimen-
tos mais rejeitado, sendo que 85,4%
das mães entrevistadas admitiram não
ter interesse na inclusão de peixe na
dieta infantil. Embora não haja con-
senso na literatura sobre o melhor pe-
ríodo da vida para a introdução do pei-
xe na dieta, segundo ela, é desejável
que ocorra gradualmente a partir do
sexto mês de vida.
Peixe é alimento de alto valor nutritivo e pode ser preparado de diversas e saborosas
maneiras
CRIS
TIN
A B
ARA
N
!ALAV677-23-25-Alimentação.pmd 17/3/2010, 13:4625
26 FEVEREIRO/2010 A Lavoura
!ALAV677-26-AN-OrganicsNet.pmd 17/3/2010, 13:4926
A Lavoura ABRIL/2010 27
POR JACIRA COLLAÇO
M É D I C A V E T E R I N Á R I A
A busca pela sustentabili-
dade tem atiçado a cria-
tividade (e muita pesquisa) em
diversas atividades, seja dimi-
nuindo o consumo de água nas
empresas ou reaproveitando
papéis. Com as embalagens,
coadjuvantes das “estrelas” –
os produtos –, não poderia ser
diferente.
Usando um ponto de vista
brasileiro, megaeventos como a
Copa do Mundo de 2014 e as
Olimpíadas de 2016 são a opor-
tunidade perfeita para colher
os frutos de sementes lançadas
agora. Não há tempo a perder
para implementar conceitos de
sustentabilidade em grande
escala, com materiais recicla-
dos, novos e, principalmente, com menos
desperdício.
O engenheiro holandês Anton
Steeman, atualmente residindo no Ama-
zonas, vem dedicando suas análises téc-
nicas a embalagens mais “verdes”. Entre
os fatores que ele destaca, há a possibili-
dade de reciclagem (que chega a 100% no
vidro), reutilização, conservação de subs-
tâncias ativas e, é claro, do produto em si.
Um exemplo é a iniciativa do laticínio
inglês Marybelle Dairy de adotar a
GreenBottle (Garrafa Verde, em tradução
literal), um revestimento rígido de papel
reciclado para revestir os saquinhos de
leite. Na Inglaterra, o leite é normalmen-
te vendido em garrafas plásticas de dois
litros, gerando 5 milhões de toneladas de
lixo não biodegradável por ano. Já a
GreenBottle, além de ser biodegradável
em semanas, consome 2/3 a menos de
energia para sua fabricação e tem uma
pegada de carbono 48% menor do que a
plástica.
Contudo, mesmo às vésperas de im-
plantar sua nova embalagem em 2008, a
Marybelle Dairy temia a rejeição dos con-
sumidores, acostumados à tradicional
garrafa. Mas a empresa teve uma agra-
dável surpresa com a ótima acolhida da
GreenBottle, afirmando que seus consu-
midores passaram a vê-la como uma al-
ternativa de consumo mais ecológica. Se-
guindo os passos dos ingleses, o laticínio
californiano orgânico Straus Organic
Dairy já elaborou sua versão de embala-
gem ecológica, de textura semelhante às
caixas de ovos, bem conhecidas dos bra-
sileiros. Vale lembrar que, se ambas em-
presas usam saquinhos plásticos, estes
podem ser feitos de amido de milho – um
material biodegradável – e até polipropi-
leno, que permite reciclagem. Infelizmen-
te, o laticínio Straus terá que enfrentar
um obstáculo concreto: o próprio consu-
midor americano, que em outras oportu-
nidades já rejeitou embalagens sustentá-
veis de leite. Algumas pesquisas apontam
que o público não vê o papelão como uma
embalagem compatível com o produto.
Não só o mercado do leite, internaci-
onal ou nacional, pode se aproveitar de
inovações mais simpáticas ao meio ambi-
ente. Anton Steeman acredita que a in-
dústria em 2010 deve se guiar pela men-
talidade dos 6 “R”s: repensar, redesenhar,
reduzir, reutilizar, (uso de) refil
e reciclar. Nesse sentido, o en-
genheiro comemora o projeto da
rede Wal Mart no Brasil, que
convidou nove fornecedores
para o seguinte desafio: anali-
sar e aprimorar a sustentabili-
dade de toda a cadeia de alguns
de seus produtos mais famosos.
Isso significou a participa-
ção de marcas líderes no merca-
do de chocolate em pó,
amaciantes, água, curativos,
desinfetantes, esponjas, fral-
das, óleo, mate orgânico e sabão
em pó. Dentre as diversas me-
didas, destacam-se: uma versão
mais concentrada do amacian-
te, com embalagem menor, re-
duziu em 37% o gasto em plás-
tico e em 63% o de papelão para as cai-
xas; a esponja, um lançamento, aumen-
tou em 198% o uso de materiais
recicláveis nas caixas (certificadas pelo
FSC) e reduziu 52% do consumo de ele-
tricidade no processo de fabricação. No
caso do óleo vegetal, a empresa aprimo-
rou seus processos industriais, diminuin-
do em 26% do consumo de água e 56% em
combustível, pois usou biomassa para
extrair energia.
Esses são apenas alguns dos ganhos
citados pelas empresas, cujos valores
completos para cada produto podem ser
conferidos, em inglês, em http://
bestinpackaging.wordpress.com/2010/01/
28/walmart-brasil’s-next-step-in-the-
”green-world”/#more-1479. Contudo, em
seu site, Steeman lamenta que o sabão
em pó de marca própria do Wal Mart não
tenha atingido boas cifras em embala-
gem. Apesar disso, ele espera que a inici-
ativa possa provocar ações semelhantes
de outras redes, e não só no Brasil. Con-
siderando apenas os ganhos econômicos,
o “efeito colateral” do ganho ecológico
para o planeta seria invejável.
Fonte: http://www.amsteeman.com/?tag=walmart-brasil
Um novo pensar nas embalagensUm novo pensar nas embalagens
Suco de limão em embalagem plástica biodegradável e tampa de
amido, apresentado na Biofach alemã
!ALAV677-27-Agroneg.pmd 17/3/2010, 13:5027
28 ABRIL/2010 A Lavoura
Depois de um dia longe de casa e da
saudade do seu companheiro de todas as
horas, a alegria extravasa. Mas se o cão
esteve em contato com outros animais, ain-
da que num passeio pela pracinha, é impor-
tante certificar-se de que ele está livre de do-
enças infecciosas. Muito comum, a tosse
canina, a erliquiose e a leptospirose são do-
enças transmissíveis, que põem a saúde do
animal, e às vezes a do dono, em risco.
Meu cachorro está com tosse
Este é o sintoma de uma infecção respi-
ratória bastante comum. Quando muitos
cães são mantidos em um mesmo espaço
físico, como canis, abrigos e mesmo lojas, a
transmissão é mais propícia. Conhecida
como tosse canina ou tosse dos canis, a
traqueobronquite prejudica o sistema res-
piratório, produzindo crises de tosse.
A infecção, cuja responsável é uma bac-
téria, a Bordetella bronchiseptica, acome-
te animais de todas as faixas etárias, prin-
cipalmente os filhotes recém desmamados
e adultos com baixa imunidade. Os sinto-
mas aparecem normalmente entre o quin-
to e o décimo dia após a transmissão e vão
de uma tosse seca e repetida a descarga de
secreções e a presença de febre.
Perigos das doenças infecciosas
para os pets e seus donosAmbientes frequentados por cães estão repletos de micro-organismos, agentes que se
aproveitam da queda do sistema de imunidade dos animais para se hospedarem e causarem
doenças infecciosas. Saiba identificar os sintomas da Leptospirose, Traqueobronquite e Erliquiose
para você e seu cão desfrutarem de uma vida saudável
Além da prevenção, que inclui uma di-
eta balanceada e vacina contra a gripe ca-
nina, o tratamento requer repouso e anti-
bióticos.
Tem carrapato no meu cão
Erliquiose é uma doença bastante co-
mum em cães e pode ser transmitida por
carrapatos. O carrapato Rhipicephalus
sanguineus é o transmissor do agente
Erhlichia canis, bactéria que afeta as célu-
las sanguíneas. A doença pode ocorrer du-
rante todo o ano, porém nas épocas mais
quentes observa-se uma incidência maior
da doença, devido a uma maior proliferação
dos carrapatos.
Dentre os principais sintomas nos cães
doentes estão falta de apetite, perda de
peso, febre, sangramentos e o desenvolvi-
mento de anemia grave, que pode ser
verificada pela palidez das mucosas do ani-
mal. O período de incubação varia entre
uma e três semanas e o diagnóstico se ba-
seia na suspeita clínica, confirmada por exa-
me de sangue.
O não tratamento da enfermidade pode
causar a morte do animal. Os casos clínicos,
devidamente monitorados pelo médico ve-
terinário, costumam ser bem-sucedidos e re-
sultar na cura dos cães, na maioria dos ca-
sos. A prevenção se dá pelo controle das
infestações de carrapatos no cachorro e pela
higienização do ambiente.
A campeã em popularidade
A leptospirose, uma doença infecciosa
bastante conhecida, é uma zoonose, isto é,
pode ser transmitida dos animais para aos
humanos. A transmissão se dá por meio do
contato com a urina de ratos infectados e
pela ingestão de água e alimentos contami-
nados. Os sintomas mais evidentes são ic-
terícia (mucosas amareladas), febre, dor
muscular, falta de ânimo e com a evolução
do processo, o cão pode apresentar diferen-
tes graus de comprometimento renal.
O tratamento da doença requer o uso de
antibióticos e a hospitalização do pet
infectado, inclusive como garantia de que
não haja transmissão para o homem. Mes-
mo depois de tratado, o cão pode ser porta-
dor da leptospirose por até um ano. Por isso
é indispensável o acompanhamento do
médico veterinário, inclusive para aconse-
lhamento no trato do animal para evitar
infecções posteriores à sua recuperação.
Cachorros de estimação podem colocar em risco saúde do dono
DIV
ULG
AÇ
ÃO
VETN
IL
DIV
ULG
AÇ
ÃO
VETN
IL
Cão debilitado por acometimento de doença
!ALAV677-28-29-Animais.pmd 17/3/2010, 13:5228
A Lavoura ABRIL/2010 29
A Vetnil, laboratório fabricante de
medicamentos e suplementos para ani-
mais de estimação, desenvolveu uma
nova fórmula especial para o Probiótico
Vetnil Cães e Gatos, que conta com qua-
tro diferentes bactérias benéficas natu-
ralmente presentes no trato intestinal
dos animais, além da adição de levedu-
ras vivas. Esses novos ingredientes dão
um reforço especial à ação do produto na
prevenção da colonização das bactérias
causadoras de doenças e, consequente-
mente, melhoram a absorção de nutri-
entes.
O Probiótico Vetnil Cães e Gatos é
muito eficiente para filhotes, em oca-
siões como o nascimento, para rápida
colonização da flora intestinal e desma-
me, em que a mudança repentina da ali-
mentação do leite para sólido causa um
grande desequilíbrio na flora intestinal.
“O produto também é indicado para pe-
ríodos de troca de rações, pois proporci-
ona uma rápida adaptação entre as mu-
danças da alimentação, gerando um
melhor aproveitamento nutricional”,
informa Cristiano de Sá, diretor de
marketing e veterinário da Vetnil.
Em casos de cirurgias, que geralmen-
te causam alterações metabólicas levan-
do o animal ao desequilíbrio da flora in-
testinal e prejudicando a recuperação, o
Probiótico Vetnil Cães e Gatos também
acelera o processo de recuperação. Ani-
mais debilitados, com diarreia ou estresse
decorrente de transportes, feiras, exposi-
ções, competições, mudança de ambiente,
vacinação, entre outros, também podem
se beneficiar da ação do produto.
O aditivo probiótico deve ser aplica-
do diretamente na boca do animal e uti-
lizado continuadamente ou a critério do
veterinário responsável. O produto está
disponível em apresentação de bisnaga
de 14g. Para mais informações, acesse
www.vetnil.com.br ou entre em contato
pelo SAC 0800 10 91 97.
Suplementação
alimentar evita
disfunções
intestinais
em pets
A Pet Society, empresa especializa-
da em produtos para higiene, em-
belezamento e saúde animal, lança o
Sistema Inteligente de Alimentação de-
senvolvido para acoplar ao já consagra-
do Bebedouro Inteligente – produto que
já é sucesso nos pet shops de todo Bra-
sil.
O grande diferencial do Comedouro
apresenta um divisor removível, que
possibilita disponibilizar dois tipos di-
ferentes de alimentos para o animal (ra-
ção seca, ração úmida, frutas e petis-
cos). Esta divisória também funciona
como moderador para animais ansiosos
e de apetite exagerado, pois limita o ta-
manho da bocada do animal.
Fabricado em material plástico re-
sistente e de fácil higienização, o Siste-
ma Inteligente de Alimentação possui
quatro ventosas que aderem ao piso,
evitando a sua movimentação enquan-
to o animal se alimenta. O comedouro
Sistema inteligente
de alimentação
PET SO
CIE
TY
Produto possibilita
disponibilizar dois tipos
diferentes de alimentos, além de ser acoplado
ao “Bebedouro Inteligent”
também possui um sistema antiformiga
que ao ser preenchido com água, evita
que o inseto tenha acesso ao alimento.
O Sistema Inteligente de Alimenta-
ção está disponível nas cores rosa e azul
e o preço sugerido ao consumidor final
é de aproximadamente R$ 30,00 – refe-
rente à base com comedouro, sendo que
o Bebedouro Inteligente deve ser adqui-
rido separadamente.
www.petsociety.com.br
Max Cat Sabores do Mar é o novo ali-
mento para gatos da Total Alimentos.
É preparado com atum, salmão e camarão,
proteínas de excelente digestibilidade.
Formulado com Taurina, aminoácido
importante para a saúde da visão e para o
bom funcionamento cardíaco, possui tam-
bém substâncias que controlam a acidez do
Atum, salmão
e camarão para
gatos
Probiótico Vetnil Cães e Gatos
DIVULGAÇÃO VETNIL
Max Cat: alimento...
TO
TA
L A
LIM
EN
TO
S bém com Yucca Shidigera, uma planta que rea-
ge com a amônia das fezes, diminuindo seu odor.
Max Cat Sabores do Mar é enriquecido com
azeite de oliva, fonte natural de tocoferol (vi-
tamina E). Juntamente com o selênio, esta
substância possui ação antioxidante e ajuda a
combater os radicais livres, evitando o envelhe-
cimento precoce.
www.totalalimentos.com.br
pH da urina. Para
manter a beleza da
pele e pelagem do
animal, possui óleo
de girassol e semen-
te de linhaça, fontes
de Ômegas 3 e 6.
É formulado tam-
CRIS
TIN
A B
ARA
N
... para manter a beleza da
pelagem em gatos
!ALAV677-28-29-Animais.pmd 17/3/2010, 13:5229
30 ABRIL/2010 A Lavoura
Trigo
Nova variedade de trigo
tem boas características
de uso industrial
A nova cultivar tem grãos do tipo duro e ótima força
de glúten, apropriada para a indústria panificadora
O Instituto Agronômico do Pa-
raná (IAPAR) e a Fundação
Meridional de Apoio à Pes-
quisa Agropecuárias lançaram a varie-
dade de trigo IPR 144, que terá semen-
tes à disposição dos produtores já na pró-
xima safra. Segundo o pesquisador
Carlos Roberto Riede, o novo material
apresenta ótimo desempenho agronômi-
co, elevada produtividade de grãos, boas
características de uso industrial, modera-
da resistência às principais doenças da
cultura e, ainda, grande amplitude de
adaptação, sendo indicada para os esta-
dos do Paraná, de São Paulo e do Mato
Grosso do Sul.
Riede explica que a IPR 144 tem por-
te baixo e ciclo precoce, ficando pronta para
colheita em cerca de 113 dias. O potencial
produtivo obtido em ensaios foi de 4 t/ha -
podendo chegar até a 5 t/ha nas melhores
condições de plantio e sob irrigação. É mo-
deradamente resistente ao acamamento e
à debulha natural, mas necessita atenção
devido à moderada suscetibilidade à ger-
minação na espiga e à baixa tolerância à
presença de alumínio no solo.
No quesito doenças, é moderadamen-
te resistente à brusone e apresenta mo-
derada suscetibilidade a manchas
foliares, ferrugem da folha e oídio.
Giberela exige um pouco mais de atenção
dos triticultores, já que a variedade é
suscetível à moléstia que, segundo o pes-
quisador, ocorre “em ambientes de climas
mais frios”.
OM
AN
OEL B
ASSO
I / E
MBRA
PA
SO
JA
Campo de melhoramento de linhagens, com várias cultivares de trigo para pesquisa
!ALAV677-30-33-Trigo.pmd 17/3/2010, 13:5430
A Lavoura ABRIL/2010 31
Riede acrescenta que, do ponto de vis-
ta industrial, IPR 144 tem características
da classe comercial “tipo pão”, apropria-
da para a indústria panificadora. “É uma
cultivar que tem grãos do tipo duro e óti-
ma força de glúten, com valor W médio de
287 e 18 minutos de estabilidade
farinográfica”, conclui.
A IPR 144 pode ser cultivada no Pa-
raná (regiões I, II e III), São Paulo (re-
giões II e III) e Mato Grosso do Sul (re-
gião III).
Faixas expositivas
Produtores rurais, engenheiros agrô-
nomos e técnicos agrícolas que desejam
conhecer outras variedades de trigo como
a BRS Tangará, BRS Pardela, IPR 130 e
IPR 136 - desenvolvidas pela parceria
Embrapa, Iapar e Fundação Meridional
- já contam com mais uma ferramenta de
acesso a estas cultivares: as Faixas
Expositivas.
Sete locais estratégicos foram defini-
dos em áreas de produtores atendidos
pelos colaboradores da Fundação Meri-
dional. “São faixas com muitas novida-
des para o cultivo do trigo e que devem
gerar boas expectativas nos produtores
rurais”, afirma Wanderley Jorge Olivei-
ra, técnico agropecuário e analista de de-
senvolvimento de mercado da Fundação
Meridional.
As faixas expositivas de trigo estão
localizadas nas seguintes regiões: Cam-
pos Novos e Xanxerê, em Santa
Catarina; Cascavel, Guarapuava,
Mamborê, Pato Branco, Ponta Grossa e
Tamarana, no Paraná; Dourados, no
Mato Grosso do Sul; e Itaberá em São
Paulo. Estes locais serão identificados
pela Fundação Meridional, facilitando o
acesso e a visualização para todos os
interessados.
As sementes da BRS Pardela e da
BRS Tangará também já estão disponí-
veis nesta safra para os produtores de
grãos do Paraná. “Nos experimentos, es-
tas cultivares alcançaram média de pro-
dutividade de 4mil Kg/ha. Isto quer dizer
que há potencial para aumentar a produ-
tividade no Paraná”, calcula o pesquisa-
dor Manoel Bassoi, da Embrapa Soja.
Pão francês
Segundo ele, a BRS Pardela é uma
opção para o mercado de farinha para o
fabrico de pão francês, porque possui ele-
vada força de glúten (capacidade de vo-
lume e qualidade industrial para produ-
ção de pão) e boa estabilidade de farinha.
Também pode ser utilizada na fabricação
de massas em geral e como mistura de
farinhas com menor força de glúten.
“Esta cultivar também destaca-se por
apresentar boa resistência ao oídio, à fer-
rugem da folha, com moderada resistên-
cia à brusone e às manchas foliares”, des-
taca Bassoi.
A BRS Tangará também se destaca
por suas características industriais
como boa qualidade para panificação.
“Associado a isto, apresenta boa sanida-
de, com destaque para resistência da
ferrugem da folha e oídio. Também tem
ampla adaptação geográfica, mas seu
pico de rendimento é em locais com tem-
peratura mais amenas”, enfatiza
Bassoi.
Unidades de Observação
Especial –UOE
Além das faixas expositivas de trigo,
ainda é feito um trabalho com Unidades
de Observação Especial (UOE). São oito
locais nos quais estão instaladas parcelas
com variedades em pré-lançamento. “O
objetivo é que os colaboradores da Fun-
dação Meridional fiquem conhecendo as
características agronômicas das varieda-
des antes do lançamento oficial e da dis-
tribuição de sementes básicas”, ressalta
Oliveira.
Informações sobre as localidades das
faixas expositivas com as variedades de
trigo podem ser obtidas junto à equipe
técnica da Fundação Meridional pelo te-
lefone: (43) 3323-7171 ou no site:
www.fundacaomeridional.com.br
FU
ND
AÇ
ÃO
M
ERID
ION
AL
Trigo
Cultivar de trigo IPR 144: elevada produtividade de grãos
!ALAV677-30-33-Trigo.pmd 17/3/2010, 13:5431
32 ABRIL/2010 A Lavoura
Trigo
MARTHA Z. DE MIRANDA
PESQUISADORA DA EMBRAPA TRIGO
CRIS
TIN
A B
ARA
N
Ingrediente funcional ou aditivo é qual-
quer substância sintética ou natural,
adicionada em pequenas quantidades
na produção de determinado alimento
para melhorar algum aspecto de pro-
cessamento (manipulação, maquinabi-
lidade, etc) ou para realçar caracterís-
ticas do produto final (cor, aroma, sa-
bor, textura, estrutura, vida de prate-
leira ou conservação e aspecto geral
dos alimentos). No caso da farinha de
trigo, pode-se usar esses produtos para
adequar determinada farinha ao pro-
duto final ou para melhorar a sua qua-
lidade tecnológica.
O ideal é que sempre fosse produzi-
da farinha semelhante pelos moinhos,
ou seja, com constância na sua qualida-
de, e esta, por sua vez, fosse adequada
para os diferentes produtos finais (pão,
bolo, biscoito, massas alimentícias, etc).
Porém, sabe-se que isso nem sempre
ocorre. Dependendo das variedades de
trigo plantadas, das condições edafocli-
máticas, de transporte e de armazena-
mento do trigo, em cada safra, farinhas
com qualidade bem distintas podem ser
obtidas. Assim, dependendo da qualida-
de do trigo, pode ser necessária a adição
de algum ingrediente funcional, que terá
impacto nas formulações e na eficiência
de produção.
Se a farinha de trigo apresentar
qualidade tecnológica inadequada
para determinado produto, não há
muito o que fazer, pois não se consegue
melhorar uma matéria-prima de qua-
lidade inadequada. Por exemplo, fari-
nha obtida de trigo altamente germi-
nado não poderá ser usada para pro-
duzir massas alimentícias e na pani-
ficação industrial, talvez em mesclas
para biscoitos ou para produtos alter-
nativos. Por outro lado, quando os pro-
blemas são funcionais, muitas vezes é
menos oneroso usar ingredientes fun-
cionais do que buscar outras soluções,
como importar trigo para fazer deter-
minadas mesclas. Tudo dependerá das
características da farinha e do produ-
to final em questão. Para cada situa-
ção será usado determinado tipo e
quantidade de ingrediente funcional (é
feito um estudo caso a caso).
Ingredientes funcionais
Os ingredientes funcionais poderão
ser adicionados no moinho que já produz
a farinha de trigo (com adição de ferro e
de ácido fólico, como exige a legislação
brasileira) pronta para uso, ou seja, ade-
quada para cada produto final; podem
ser adicionados pelo padeiro (pois são
vendidos prontos, sendo geralmente
uma combinação de enzima, maturador
e emulsificante) ou ser adicionado na
indústria de produto final, estudo caso
a caso.
Como exemplos destes ingredientes,
podemos citar, a enzima alfa-amilase,
que age sobre o amido produzindo
dextrinas e açúcares; a enzima lipoxige-
nase, que oxida pigmentos carotenoides
presentes na farinha, provocando o
clareamento da massa (enzima encon-
trada na farinha de soja enzimaticamen-
te ativa); os maturadores ácido ascórbico
(Vit. C) e azodicarbonamida, que refor-
çam a massa, aumentando a sua elasti-
cidade e melhorando a retenção de ga-
ses na fermentação - todos estes melho-
ram o volume, a textura, a cor (do miolo
e/ou crosta) e o sabor do produto final.
Enquanto que os emulsificantes, como
lecetina e estearoil lactato de sódio, pos-
sibilitam misturar gordura à água da
massa, permitindo a conservação do pão
por mais tempo.
Pré-mistura
Considera-se pré-mistura, a mistu-
ra da farinha de trigo com ingredientes
para panificação pronta para a venda.
Estas facilitam a padronização dos pro-
dutos finais, podendo facilitar o traba-
lho das donas de casa e dos padeiros,
uma vez que os ingredientes já estão
adicionados à farinha nas quantidades
ideais e pré-testadas pelos fabricantes.
Por exemplo, uma pré-mistura para
pães, além dos três grupos de ingredi-
entes citados, pode ser adicionada de
cloreto de sódio (sal de cozinha), de açú-
car e de lipídios. Em geral, a pré-mis-
tura deve permitir a elaboração do pro-
duto final (como pão francês, pão inte-
gral, pão de hambúrger, bolo, etc) com
a adição posterior somente de água e de
fermento.
Conceitos equivocados sobre o que
é pré-mistura foram detectados em no-
vembro de 2002, em fraude relaciona-
da à farinha de trigo importada da Ar-
gentina. A farinha de trigo pagava 20%
de imposto, enquanto que a “pré-mis-
tura” (considerada a farinha com adi-
ção somente de 0,3% de cloreto de
sódio) era tributada em apenas 5%.
Como consequência, as importações de
farinha de trigo da Argentina naque-
le ano foram reduzidas e, coincidente-
mente, as importações desta “pré-mis-
tura” saltaram algumas mil toneladas.
Isto ocorreu até outubro de 2006, quan-
do o governo argentino equiparou o
imposto de exportação em 10%, tanto
para a farinha como para a pré-mistu-
ra e a fiscalização da Receita Federal
no Brasil sobre a entrada de pré-mis-
tura da Argentina foi intensificada.
Ingredientes funcionais e pré-misturas
com farinha de trigo
Pães e biscoitos produzidos com farinha de trigo
!ALAV677-30-33-Trigo.pmd 17/3/2010, 13:5432
A Lavoura ABRIL/2010 33
Trigo
Um levantamento divulgado pela
Comissão Estadual de Sementes
e Mudas (CSM), junto com a Associa-
ção dos Produtores e Comerciantes de
Sementes e Mudas do RS (APASSUL)
mostra que, pela primeira vez na his-
tória da triticultura gaúcha, o produ-
tor conta com mais da metade do vo-
lume de sementes certificadas com
classe industrial de trigo pão. Para a
safra 2010 estão disponíveis mais de
107 mil toneladas de sementes de 29
cultivares. A BRS Guamirim, da Em-
brapa, foi a cultivar que conquistou a
maior área para sementes na última
safra, gerando um volume estimado
em 22.800 toneladas.
O número de cultivares em produ-
ção no Rio Grande do Sul diminuiu de
45 na safra 2006 para 29 na safra
2008. Reduziu em número, mas au-
mentou em qualidade com a maior
oferta de cultivares da classe comer-
cial pão, preferida pela indústria e
com maior valor no mercado. “Histo-
ricamente, o Rio Grande do Sul tem
se mostrado como produtor de trigo
brando, resultado de fatores como
ambiente e clima. O melhoramento
genético das empresas trabalha no
desenvolvimento de cultivares que
atendam as exigências da indústria,
mas continuem rentáveis ao produ-
tor. O aumento da oferta de semen-
tes de trigo pão mostra o esforço da
pesquisa para tornar o trigo gaúcho
mais competitivo”, avalia o pesquisa-
dor da Embrapa Trigo, Pedro
Scheeren.
O mercado de sementes de trigo
no Estado é abastecido por quatro
obtentores: Fundacep, OR-Sementes,
Embrapa e Coodetec, ligados a 125
produtores (média dos últimos três
anos). O volume de sementes certifi-
cadas tem ficado em torno de 100 mil
toneladas, com média de 38% da clas-
se comercial pão. Para a próxima sa-
fra, o produtor conta com 53% de tri-
go pão, 40% de trigo brando e 6% de
trigo melhorador. “Estima-se que
70% da área com trigo no RS usa se-
mente certificada, então o volume
RS vai
plantar mais
trigo pão
em 2010
disponível para esta safra é suficien-
te e pode até gerar algum excedente,
que poderá ser comercializado para
outros estados”, explica o gerente da
Embrapa Transferência de Tecnolo-
gia, Francisco Tenório Falcão, do es-
critório de negócios de Passo Fundo.
Escolha da cultivar
A grande oferta de cultivares
pode confundir o produtor no mo-
mento de definir a compra da semen-
te. A Embrapa Trigo orienta a impor-
tância de fazer escalonamento na se-
meadura, optando por cultivares
com ciclos diferentes. A estratégia
ajuda a evitar perdas maiores por
doenças, granizo ou chuva na colhei-
ta, além de permitir o planejamen-
to da semeadura de verão. O local de
cultivo também afeta a escolha, já
que lavouras de baixadas vão preci-
sar de cultivares resistentes à gea-
da, assim como regiões mais úmidas
vão exigir resistência a doenças.
“Como a geada causa maiores preju-
ízos na fase reprodutiva (principal-
mente no florescimento e formação
de grãos) do trigo, o produtor pode
verificar o histórico da região para
tentar escapar da geada adequando
melhor a época de semeadura”, ex-
plica o agrometeorologista da Em-
brapa Trigo, Gilberto Cunha.
A definição da cultivar precisa
considerar, ainda, o investimento
tecnológico que cada cultivar exige.
Algumas cultivares, como o BRS
Guamirim, respondem ao investi-
mento, com porte baixo que permi-
te aumentar o volume de N, garan-
tindo bom rendimento e deixando
residual do adubo para a lavoura de
verão. Mas se a capacidade de in-
vestimento for pequena, deve-se
optar por cultivares mais rústicas,
aptas a áreas de baixa fertilidade e
grande resistência a doenças, como
a BRS 208, BRS Umbu, BRS 276 ou
a nova cultivar de oferta pública
BRS 296.
Qualquer que seja a escolha, é
fundamental olhar para o mercado,
atendendo a quesitos como qualida-
de e estabilidade no trigo produzido.
“Uma planta pode apresentar exce-
lente porte agronômico, alta produti-
vidade, mas se apresentar baixo PH
e baixa força de glúten estará fora do
mercado”, conclui a analista de
marketing da Embrapa Trigo,
Lisandra Lunardi.
JOSEANI M. ANTUNES – EMBRAPA TRIGO
Escolha da cultivar precisa considerar as demandas do mercado
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!ALAV677-30-33-Trigo.pmd 17/3/2010, 13:5433
34 ABRIL/2010 A Lavoura
POR JACIRA COLLAÇO
M É D I C A V E T E R I N Á R I A
CASOSCASOSCASOSCASOSCASOSde Sucesso
Trilhando o caminho orFoi um longo caminho desde o primeiro
contato de A Lavoura com o Sítio do Moinho,
há sete anos. Depois de muitos produtos,
negócios, novidades, mudanças corajosas
e a participação no projeto OrganicsNet da
SNA, o empreendedor Dick Thompson conta
sua trajetória, marcada pela paixão sempre
renovada pelo mundo orgânico.
A pesquisa da diretora da SNA Sylvia
Wachsner por produtores dedica-
dos aos orgânicos levou A Lavoura até
Petrópolis, em 2003. Lá encontrou Dick
e Ângela Thompson, do Sítio do Moinho,
começando a firmar os primeiros passos
no fornecimento a supermercados, uma
tarefa bastante exigente para qualquer
empresa.
O Sítio já era conhecido, e crescia, com
a entrega em domicílio de hortaliças e
legumes. Outros alimentos, não produzi-
dos na fazenda, eram adquiridos de ter-
ceiros. Contudo, em sua visão, Thompson
acreditava que a empresa deveria abrir
um leque maior de opções ao consumidor
– e aos poucos preparou-se para isso.
Tanto que, em fins de 2004, se contava
com 30 produtos, hoje a oferta chega a
mais de 400. “Encaro o Sítio como um ‘su-
permercado virtual’, pois não quero que
o cliente fique restrito apenas aos
hortifrutis”, explica Thompson.
Outra decisão de grande porte foi a
inauguração da primeira panificadora
orgânica do Brasil, em 2004, a Molino
d’Oro. Foi um enorme passo empresari-
al, que contou com consultoria e padeiro
italianos, dois engenheiros e a dedicação
integral do casal Thompson. Manter a
panificadora envolveu até a importação
de máquinas específicas para duas linhas
de pães, assados e semi-assados. Mas
essa iniciativa significou outro trabalho
de base, como classifica Thompson, para
“nacionalizar” a panificadora em fases.
Ainda que toda a matéria-prima e maqui-
nário sejam importados, atualmente o
know-how da fabricação está em mãos de
um padeiro brasileiro, bem como o con-
trole administrativo, mantido pelo casal
Thompson. Apenas um detalhe que os
entusiastas da indústria nacional podem
lamentar: a qualidade da farinha brasi-
leira ainda não rivaliza com a italiana.
Brasileiro ou não, parafraseando a
piada, produzir pães de diversos sabores,
como integral de fibra e de passas, não é
biscoito. É preciso um esquema de entre-
ga eficiente e ágil, dadas as condições
particulares dos pães orgânicos, que não
têm conservantes nem aditivos em sua
fórmula. Sua validade chega apenas a
sete dias – exceto os semi-assados, cuja
refrigeração confere 25 dias de prazo –,
enquanto os pães comuns chegam a 15.
Desta empreitada, apenas saiu de linha
o pão de forma branco, por menor procu-
ra, mas continuam em plena produção os
semi-assados, baguetes, pães italianos di-
versos e outros 12 tipos.
SYLVIA
WA
CH
SN
ER
Presença do Sítio do Moinho na BioFach América Latina-SP no final do ano passado
SYLVIA
WA
CH
SN
ER
!ALAV677-34-35-Casos.pmd 17/3/2010, 13:5534
A Lavoura ABRIL/2010 35
CASOSCASOSCASOSCASOSCASOSde Sucesso
ho orgânico sem desvios
Em relação às importações, a empre-
sa mantém uma grande diversidade de
demandas. Aproveitando o contato com
o consórcio Bio Itália, num mesmo
contêiner de 20 toneladas de capacidade,
no qual metade é ocupada pela farinha
italiana, chegam ao Brasil caixas de azei-
te extra-virgem, óleo de girassol, massas,
azeitonas, molhos diversos, grãos, etc. De
novo, Thompson guia-se pela intenção de
aumentar a diversidade de produtos para
os clientes: “os grãos e sementes que im-
portamos da Europa nos permitiram cri-
ar uma linha de granola que está rece-
bendo boa aceitação”, comemora.
Grande mudança,
grandes efeitos
Em abril de 2006, Dick, Angela e
seu Sítio do Moinho, já fornecedores es-
táveis para supermercados, tomaram
uma decisão crítica: abandonar o gran-
de varejo, movidos pelo germe da insa-
tisfação. “Quisemos nos dirigir mais às
pessoas que entendessem um conceito
que vem mostrando os benefícios de
consumir um produto mais nobre, o que
justifica seu preço mais elevado, uma
vida nova”, revelou Thompson. De 110
empregados, chegaram a 60, concen-
trando-se na venda domiciliar, entregas
especializadas e algo maior: a idéia de
abrir uma loja própria.
De novo com muito planejamento, o
sonho se concretizou em dezembro de
2008 na forma de uma loja no Leblon,
bairro da Zona Sul do Rio de Janeiro.
“Para isso, considero que foi fundamen-
tal trabalhar no grande varejo. Foi uma
maneira do orgânico chegar ao conheci-
mento do grande público; talvez nem che-
gássemos ao que somos agora sem pas-
sar por esse estágio”, ressaltou.
Com essa bagagem de mercado, o Sí-
tio do Moinho olha para o presente, o ano
de 2010. Com o apoio do Sebrae e da SNA,
o gerente administrativo Cléber Miranda
foi enviado para negociar com mexicanos
que produzem agave, uma substância
extraída de um cacto local, mais famoso
por ser a matéria-prima da tequila. A
ótima surpresa é que sua cachopa, pro-
cessada, produz um xarope de baixa ca-
loria e reduzido índice glicêmico, provo-
cando sua lenta absorção pelo sangue.
Isso permite seu uso por pessoas diabé-
ticas ou para quem queira utilizar um
substituto realmente saudável do açúcar.
Thompson comemora a representação
exclusiva da empresa Endul no Brasil,
comercializando o xarope do agave em
garrafas plásticas: “o 2O contêiner está es-
perando a liberação na alfândega e já
pensamos em pedir o 3O.”
Agora, na mente de Dick Thompson,
o processo de fortalecer a imagem de “pro-
dutos Sítio do Moinho” ocupa cada vez
mais espaço. “Ainda estudamos esta pos-
sibilidade em alguns produtos, mas no
momento também nos dedicamos ao pro-
jeto de uma outra loja, no O2 Centro
Empresarial, na Barra da Tijuca, na
Zona Oeste do Rio.”, revela. O que
Thompson não revela é sua “carta na
manga” em termos de mercados saudá-
vel, que pretende lançar em seis meses.
Apesar da experiência acumulada
no mercado orgânico, Thompson tem
consciência de seu principal desafio,
ainda comum a todos os produtores: o
preço final do produto. “É óbvio que o
orgânico custa mais. Mas se o consumi-
dor não estiver a par de todas as van-
tagens que poderia ter ao consumir o
orgânico, não poderá compreender que,
na verdade, isso o torna barato em com-
paração”, alerta.
Curioso é saber que o entusiasmo que
Thompson mostra pelo setor hoje nem
existia em 1989, ano em que pediu um
estudo de viabilidade econômica de sua
área em Petrópolis para a empresa
Agrossuisse, do diretor Fábio Ramos.
Aposentado do mercado financeiro, não
pensava em parar de trabalhar, mas
plantar hortaliças e legumes em seu sí-
tio também não lhe parecia nada atraen-
te. Apenas depois que Ramos expôs os
conceitos e filosofia orgânica foi que sua
paixão se iniciou – ou mais duradouro
que isso, um amor de 21 anos.
Produtos
diversificados,
uma característica
da marca
O mais novo lançamento: o agave, adoçante
de baixa caloria e reduzido índice glicêmico
SÍT
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O M
OIN
HO
!ALAV677-34-35-Casos.pmd 17/3/2010, 13:5535
36 ABRIL/2010 A Lavoura
Ter à mão ferramentas adequadas faz toda a diferença na rotina de quem lida
com a colheita de flores e frutos na agricultura. Preocupada em oferecer as me-
lhores soluções para facilitar esse trabalho, a Bellota lança uma linha completa de
ferramentas exclusivas no mercado nacional, com diferenciais em design,
ergonomia e qualidade. As novidades incluem ferramentas compactas de fibra de
vidro e de alumínio, afiador para todos os tipos de ferramentas de poda e corte,
ferramentas com grip (sistema antideslizante), além de tesouras para colheita de
pomares e flores.
Os lançamentos Bellota aliam pesquisa e tecnologia de ponta às melhores maté-
rias-primas para produzir ferramentas duráveis e resistentes, primando pela se-
gurança de consumidores e ressaltando a excelência e a confiança de uma mar-
ca presente nos cinco continentes. A linha de tesouras é um exemplo disso: inclui
modelos de poda para uma e duas mãos, todas com avanços no sistema de ajuste.
Ergonômicas e com amortecedores, as tesouras requerem menor esforço no corte
e reduzem o cansaço pelo uso contínuo.
Além dos modelos de tesouras especialmente desenvolvidos para a colheita de
flores e frutos, a Bellota traz novidades para a linha de poda em geral, com tesou-
ras para poda de cerca viva, com afiamento preciso e poda de grama, com lâmi-
nas reafiáveis. As opções também incluem ferramentas para cortes de diâmetro
grande e para podas em áreas inacessíveis, como a tesoura de poda aérea de
longo alcance.
Colheita de frutos com tesoura especial
BELLO
TA
Perigo constante para o rebanho e
prejuízo certo para o pecuarista. É des-
sa forma que as clostridioses devem
ser encaradas. Conhecidas popular-
mente como “manqueira”, “morte sú-
bita”, “mal de ano”, “carbúnculo” en-
tre outras, as clostridioses causam
grandes perdas econômicas, muitas
vezes decorrentes de “surtos” no re-
banho. São infecções e intoxicações
causadas por bactérias anaeróbias do
gênero Clostridium chamadas clostri-
dioses e são altamente letais. Por te-
Ferramentas para poda de flores e
trabalho em pomares
desencadear as enfermidades. Justamente por isso que a prevenção
é tão importante. A Coopers Saúde Animal está disponibilizando ao pro-
dutor brasileiro o que há de mais eficaz e moderno no combate às clos-
tridioses: Vision 7.
Programa de vacinação
“A única garantia que o produtor pode ter sobre a sanidade de seus ani-
mais é a utilização de um programa de vacinação preventivo. A Vision 7
pode ser aplicada em todas as categorias de animais com toda a segu-
rança, dentro de um programa de vacinação”, esclarece Lineu Padovese,
gerente de mercado da companhia. A vacina Vision 7 traz algumas no-
vidades para o mercado brasileiro. A principal é o SPUR, adjuvante ex-
clusivo que substitui os adjuvantes atuais, como por exemplo, o hidróxido
de alumínio com muitas vantagens, tais como, menor dosagem (2 ml)
em relação às vacinas atuais de 5 ml, melhor homogeneidade da vaci-
na, melhor resposta imunológica, menor ocorrência de reações vacinais
indesejáveis, como as cicatrizes no local da injeção, reduzindo as per-
das de tecido no abate.
A outra novidade fica por conta do APS (Antigen Purge System), um
avançado processo de produção que garante altos níveis de pureza na
adição de antígenos ao adjuvante SPUR, e envolve três etapas impor-
tantes, concentração de antígenos, agrupamento e padronização de cada
antígeno e nova tecnologia de filtragem que reduz a dose sem diminuir
a concentração de antígenos.
Vacina contra clostridioses
Uma das empresas pioneiras em introduzir no mer-
cado brasileiro o conceito de palmito cultivado, a
Inaceres inovou e lançou a tampa para varejo com o
dispositivo “abre fácil - fecha fácil” em toda a sua Li-
nha de Palmitos GINI. Com o objetivo de facilitar a aber-
tura de seus frascos – proporcionando mais comodi-
Nova tampa é encontrada
nos frascos de palmitos
da tradicional Linha GINI
dade aos seus consumidores. A empresa havia impor-
tado da Espanha o dispositivo “abre fácil”, ou ring pull,
que permite arrancar a tampa de uma só vez, utilizado
no Palmito Premium GINI Rótulo Preto.
Segundo a empresa, a tampa metálica GINI ga-
nhou um lacre que ao ser levantado libera o ar, fa-
cilitando a sua aber tura. Como a tampa é de garra,
permite o fechamento adequado do frasco após
aber to, podendo, inclusive, ser reaproveitado pos-
teriormente.
www.inaceres.com.br
Tampa “abre fácil - fecha fácil”
INA
CERES
Vision 7: para combate à
“manqueira” de bovinos
CO
OPERS
rem a habilidade de se manter viáveis no meio ambiente na forma de
“esporo” se mantêm potencialmente infectantes no solo por longos
períodos, representando um risco significativo para a população ani-
mal e humana. Muitos micro-organismos deste grupo podem estar nor-
malmente presentes no trato intestinal destas espécies. O controle e a
profilaxia devem basear-se em medidas adequadas de manejo e vaci-
nações sistemáticas de todo o rebanho, já que os animais estão em
permanente contato com os agentes e com os fatores que poderão
Os lançamentos Bellota contam ainda com uma linha profissional de ferramen-
tas para cultivo com cabo de madeira, como enxadinhas e pás de camping, arcos
de serra e serrotes. Outra novidade é o afiador que permite ao profissional ou
hobbista amolar suas ferramentas de corte e poda sempre que achar necessário.
Mais informações: www.bellota.com.br
!ALAV677-36-37-Empresas.pmd 17/3/2010, 13:5736
A Lavoura ABRIL/2010 37
Aditivo orgânico
para vacas em lactação
A Premix Técnica em Suplementação lançou no mer-
cado o aditivo orgânico Premiphos Leite Premium,
núcleo mineral indicado para vacas leiteiras em perío-
do de lactação. Segundo o fabricante, o novo produto
é composto com vitaminas e minerais, acrescido de
biotina, virginiamicina, Fator Premium, cromo e zinco
orgânicos, elementos fundamentais para garantir bom
desempenho na produção de leite.
O fabricante esclarece que o Premiphos Leite
Premium é um produto rentável para o pecuarista que
pretende ampliar a produtividade na produção leiteira.
O fornecimento pode ser por ingestão diária de 250 a
300 g por vaca/dia ou misturado na formação de ra-
ções, em torno de 2% a 4%.
Informações adicionais: www.premix.com.br
Rebanho de fêmeas da raça Simental
PREM
IX
Sementes de milho para
solos de baixa fertilidade
O Grupo Matsuda, que produz e comercializa
sementes forrageiras tropicais, ampliou a sua li-
nha de produtos, lançando a semente de milho
Triton, do cultivar AL Bandeirante, recomendada
para solos de baixa e alta fertilidade. A semente
de milho Triton apresenta pequeno índice de plan-
tas acamadas e quebradas e, além disso, possui
rusticidade e adaptabilidade a diversos ambien-
tes. Ela tem resistência e tolerância à maior par-
te das doenças.
De acordo com a Matsuda, a variedade AL
Bandeirante possui também maior quantidade de
palha, fator que protege o milho da infiltração de
água e impossibilita o aparecimento de fungos.
Variedade AL Bandeirante: boa adaptação
a diversos ambientes
GRU
PO
M
ATSU
DA
Preocupada sempre em de-
senvolver produtos de alta
qualidade e valor agregado, a
Intervet/Schering-Plough Ani-
mal Health lançou o Gama
Horse. O produto auxilia no
desempenho dos cavalos em
esportes equestres, na repro-
dução, bem como daqueles
que vão a leilão e exposição.
Segundo o fabricante, na
primeira situação, o Gama
Horse aumenta a massa mus-
cular, preserva a condição
cardiovascular, reduz o
estresse oxidativo, sendo to-
talmente seguro e recomen-
dado aos animais de compe-
Produto melhora desempenho dos equinos
nal sempre é para melhorar o
desempenho do animal na ati-
vidade escolhida por seu cri-
ador”, conta Rui Vincenzi, ge-
rente de produto de pecuária
da Intervet/Schering-Plough
Animal Health.
Os componentes do pro-
duto são:
• Gama-Orizanol:
- Ação antioxidante (combate
radicais livres).
- Promove aumento de mas-
sa muscular (efeito ergogêni-
co).
- Sem efeitos colaterais.
• Vitamina E:
- Ação antioxidante (combate
tição. A suplementação com óleo de arroz na
dieta de equinos impede o aumento de lactato
após o exercício, aumentando a performance.
Já para os cavalos que vão a leilão ou exposi-
ção, o produto proporciona outras vantagens
como, melhora no brilho do pelo, escore cor-
poral, restabelecimento do metabolismo da
pele e redução do tempo de preparo dos ani-
mais para eventos.
O Gama Horse também proporciona me-
lhoras significativas no que diz respeito à re-
produção. Melhora as características
espermáticas em garanhões, “O produto pode
ser usado para fins diferentes, mas que no fi-
radicais livres).
- Óleo de arroz é a fonte de gordura vegetal que
fornece a maior concentração de vitamina E.
- O Gama Horse é fonte natural de vitamina
E .
• Ácidos graxos insaturados:
- Ômegas 3 - 6 - 9 (ácido linoleico, ácido
linolênico e ácido oleico).
- Ação imunomoduladora.
- Preserva o sistema cardiovascular (eicosa-
noides).
- Melhora condição de pele e pelos.
- O Gama Horse possui equilíbrio de ácidos
graxos de acordo com recomendação.
Gama Horse pode ser usado
para fins diferentes
INTERVET/SC
HERIN
G-PLO
UG
H A
NIM
AL H
EA
LTH
!ALAV677-36-37-Empresas.pmd 17/3/2010, 13:5737
38 OUTUBRO/2009 A Lavoura
!ALAV677-38-AssineALAVOURA.pmd 17/3/2010, 13:5838