revisão geral ciências humanas
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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO
CIÊNCIAS HUMANAS E
SUAS TECNOLOGIAS
– RESUMÃO
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O QUE VOCÊ VAI ENCONTRAR AQUI?
O Enem cobra 45 questões das disciplinas que integram a área de Ciências Humanas, no caso, História, Geografia, Sociologia e Filosofia.
FILOSOFIA E SOCIOLOGIA
Em Filosofia e Sociologia, a cobrança
tem sido feita um pouco além de
uma simples leitura e interpretação
de texto. "O Enem vem cobrando
conceitos fundamentais, o que
implica a exigência do domínio dos
temas".
HISTÓRIA
Em História, é notória a preocupação
do Enem em cobrar movimentos
sociais e movimentos por direitos
humanos. Deve ser dada atenção
especial às conquistas trabalhistas,
às conquistas das mulheres e a
períodos de ditadura no Brasil (tanto
a de Getúlio Vargas quanto a
militar). Além disso, conforme
ressaltado pelos professores, o Enem
tende a cobrar mais História do
Brasil do que História Geral.
Outro ponto importante que deve ser
destacado é que a prova de Ciências
Humanas, em geral, costuma pedir
comparação entre textos, análise de
imagens (charges, obras de arte,
fotos), além da relação entre texto e
imagem.
GEOGRAFIA
Em Geografia, o Enem costuma
cobrar interpretação de gráficos e
tabelas. Temas sociais também são
priorizados, mas aspectos físicos
como hidrografia ou vegetação
sempre aparecem. Importante focar
também em urbanização, indústria,
transportes e agricultura.
PRINCIPAIS MOVIMENTOS SOCIAIS
BIOÉTICA
CIDADANIA
PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS URBANOS
SITUAÇÃO RURAL NO BRASIL
IMPACTO DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE E NA POLÍTICA
QUESTÃO AMBIENTAL
OS TEMAS MAIS RECORRENTES
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 2
O conceito de movimento social se refere à ação coletiva de um grupo organizado que tem como objetivo alcançar mudanças sociais por meio do embate político, dentro de uma determinada sociedade e de um contexto específico. Fazem parte dos movimentos sociais, os movimentos populares, sindicais e a organizações não governamentais (ONGs).
Problema que ainda hoje nos aflige, a concentração de terras se apresentava como o principal ingrediente motivador das rebeliões que ocorreram nos campos brasileiros na passagem do século XIX para o XX. A exploração da mão de obra camponesa e as dificuldades de acesso à propriedade rural podem ser encontrados, assim, nas origens da “Revolta de Canudos”, da “Guerra do Contestado” e do movimento do “Cangaço”.
Ocorridos em locais distintos, a formação do arraial de Canudos (Bahia) e a Revolta do Contestado (região fronteiriça entre Paraná e Santa Catarina) fizeram-se a partir da luta dos mesmos atores sociais, ou seja, camponeses explorados em decorrência da expansão latifundiária. Do mesmo modo, possuíam a liderança de personagens entendidos por seus seguidores como verdadeiros “messias”. Antonio Conselheiro e José Maria representavam, portanto, um comando que era ao mesmo tempo político e religioso.
Os destinos dos dois movimentos foram igualmente semelhantes, com seus integrantes sendo ferozmente combatidos pelas tropas federais. E este foi o mesmo tratamento dado aos “cangaçeiros”.
Interpretados pela historiografia ora como “heróis” que roubavam dos ricos para dar aos pobres, ora como bandidos que corrompiam a ordem estabelecida, estes indivíduos se utilizavam de práticas não legais como forma de resistência à miséria que os afligia. O enfrentamento a tais movimentos correspondia, deste modo, tanto aos interesses das oligarquias latifundiárias, quanto aos de um governo que ainda almejava se consolidar em âmbito nacional e que, portanto, não poderia admitir tamanhas convulsões sociais.
MOVIMENTOS SOCIAIS
CANUDOS, CONTESTADO E CANGAÇO
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CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 3
REVOLTA DA ARMADA
Embora tivesse uma população majoritariamente camponesa, a sociedade brasileira não se limitou ao espaço rural para demonstrar suas insatisfações com a recém-proclamada república. Contrários ao centralismo político que marcou as gestões de Deodoro da Fonseca e Floriano Peixoto, rebeldes se levantaram no Rio de Janeiro e em cidades do sul através das “Revoltas da Armada”. Organizadas por setores da marinha, foram severamente reprimidas pelo governo, fato que valeu a Floriano a alcunha de “Marechal de Ferro”.
Em 1910, setores da marinha vieram novamente a se rebelar contra o governo. No entanto, dessa vez a revolta se fez a partir de marinheiros inconformados com as punições físicas que sofriam através da ação de seus superiores. A questão racial contribuiu igualmente à eclosão do movimento, já que a grande maioria dos castigados era constituída por marinheiros negros, muitos dos quais ex-escravos. Sob a liderança de João Cândido, o “Almirante Negro”, os revoltosos se confrontaram contra os militares fiéis ao governo, sendo derrotados após sangrentos embates.
REVOLTA DA VACINA
A cidade do Rio de Janeiro apresentava
grande centralidade nos movimentos sociais ocorridos durante a República
Oligárquica. Capital federal, foi palco de inúmeros levantes contra o governo,
inclusive da polêmica “Revolta da Vacina”. Tendo ocorrido durante a gestão
do prefeito Pereira Passos, o movimento se opôs à obrigatoriedade de vacinação
contra a varíola imposta pelo poder público. O que se contestava, na
verdade, não era apenas o autoritarismo do projeto, mas as reais intenções do
governo em estabelecer tal medida. A insatisfação da população carioca com
a administração do prefeito “Bota Abaixo” também se relacionava às reformas
urbanísticas então desenvolvidas na capital. Marco fundamental do projeto
“Paris Tropical”, a avenida Central foi aberta após a demolição de boa parte do
morro do Castelo, o que acarretou a saída compulsória de diversas famílias
que ali moravam. Muitas delas passaram a residir, então, em cortiços e nas
primeiras favelas formadas na cidade.
TENENTISMO
Ao longo da década de 1920 as críticas ao governo federal ficaram ainda mais
vorazes. Diversas revoltas colocavam em xeque a legitimidade das oligarquias que
então estavam no poder. Opunham-se, deste modo, às estruturas arcaicas que
perduravam no país, como a prática do voto de cabresto, as elevadas taxas de
analfabetismo e a debilidade de nossas incipientes indústrias. Nesse contexto, e lutando contra tais mazelas, é que serão organizadas a Semana de Arte Moderna (São Paulo) e o movimento “tenentista”. A “SAM”, além de sua grande importância em termos intelectuais e artísticos, foi vanguardista ao criticar claramente os desmandos das elites políticas brasileiras. O “Tenentismo”, idealizado por tenentes e outros jovens militares, uniu diversos setores das forças armadas contra esses mesmos poderosos. A “Revolta dos Dezoito do Forte de Copacabana” e a “Coluna Prestes” são dois exemplos de eventos mobilizados a partir das concepções tenentistas.
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 4
1968: O ANO QUE SACUDIU O MUNDO
Manifestações estudantis em Paris,
movimentos antiguerra nos Estados
Unidos, a utopia pela democracia em
Praga, a luta pelo fim da ditadura no
Brasil... Depois de 1968, o mundo
nunca mais foi o mesmo e, embora
nada tenha ocorrido da forma
esperada, seus efeitos são sentidos
até hoje
Se o século 20, o mais movimentado
da história, teve um ponto em torno
do qual transformações se
concentraram como um enxame,
esse momento foi certamente 1968.
Foram, acima de tudo, 12 meses de
ruptura. No planeta todo, muitos
estavam empolgados (outros,
horrorizados) com a perspectiva de
questionar heranças antigas e
sagradas: patriotismo, coragem
militar, estrutura social e familiar,
lealdades ideológicas e legados
culturais. Os que se deixaram levar
pelo entusiasmo daquele ano
sentiam que, enquanto um mundo
morria, outro estava nascendo. E
queriam de toda forma estar entre
os parteiros.
O que eles não perceberam de cara,
no entanto, é que nem todas as
mudanças radicais estavam ao
alcance da mão. Embora as relações
raciais e sexuais, a situação da
mulher, a cultura e a guerra nunca
mais fossem as mesmas depois de
1968, o saldo desse ano amalucado
não foi propriamente uma revolução,
mas uma divisão – um abismo que
talvez ainda separe as pessoas em
dois campos difíceis de reconciliar.
“O mundo inteiro está vendo!” A
chave para entender por que 1968
foi tão singular talvez apareça nesse
slogan, gritado pelos estudantes
americanos que apanhavam da
polícia de Chicago durante a
convenção do Partido Democrata na
cidade. O escritor americano Mark
Kurlansky, autor de 1968 – O Ano
Que Abalou o Mundo, aponta que,
pela primeira vez na história, os
meios de comunicação interligavam
o planeta inteiro via satélite, ao
vivo. Muitos governos viam a
sucessão de protestos e rebeliões
como prova de uma conspiração
internacional. A explicação
verdadeira para a sincronia, porém,
era bem mais simples: os
manifestantes tinham ficado sabendo
uns dos outros pela TV.
A televisão, no entanto, era só um
catalisador, diz Kurlansky. “Se eu
tivesse que escolher um único fator
como aquele que influenciou a
geração de 1968, seria a Segunda
Guerra Mundial, a qual, por sua vez,
gerou a Guerra Fria”, diz. “Minha
geração rejeitou a visão de um
mundo dividido por duas
superpotências armadas até os
dentes. Isso significa que 1968 foi
diferente de 1967 ou 1969 por
representar um crescendo dramático
de acontecimentos, que começaram
antes desse ano e continuaram
depois dele.” Sua geração era a dos
baby-boomers, jovens nascidos após
o fim da Segunda Guerra, na maior
explosão demográfica já ocorrida no
Ocidente (o baby boom). Seus filhos
– 75 milhões de pessoas só nos
Estados Unidos – beneficiaram-se da
prosperidade econômica nos Estados
Unidos e na Europa Ocidental,
tornando-se a geração mais bem
educada e rica de seus países natais.
Nunca tantos jovens tinham ido
parar na universidade de uma vez só.
Possuíam, portanto, condições ideais
para consumir novos tipos de cultura
de massa, formação para discutir
política e interesse em levar uma
vida diferente da de seus pais
Fatos que marcaram a cultura em 1968
• Jimi Hendrix lança, em 10 de
janeiro, seu segundo disco, Axis:
Bold as Love
• Na Índia, em fevereiro, os Beatles
encontram Maharishi Mahesh Yogi e
popularizam a técnica da meditação
• Em 6 de abril, Stanley Kubrick
lança o clássico da ficção científica
2001, Uma Odisséia no Espaço
• Também em abril estréia o musical
hippie Hair, na Brodway, com nudez
e apologia às drogas
• Em maio, estréia no Brasil O
Bandido da Luz Vermelha, marco do
cinema marginal
• Após recusar um roteiro da
feminista Valerie Solanas, Andy
Warhol leva um tiro dela e é
internado
• Em julho, radicais de direita
espancam atores da peça Roda Viva,
de Chico Buarque
• No mesmo mês, chega ao mercado
o disco Tropicália ou Panis et
Circensis, com uma mistura de
ritmos
• Em 7 de setembro, mulheres
protestam em pleno concurso de Miss
Estados Unidos
• Em setembro, Geraldo Vandré é
preso após cantar “Pra Não Dizer
Que Não Falei das Flores” no Festival
Internacional da Canção da TV Globo
• Ainda no mesmo mês, Caetano
Veloso é vaiado no Festival ao cantar
“É Proibido Proibir” e diz que o povo
não estava entendendo nada
• Estranhamente, os Beatles e seu
White Album, lançado em novembro,
pediam moderação
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 5
DIRETAS JÁ
Diretas Já foi um movimento político democrático que teve uma das maiores participações políticas da história do Brasil. Seu início aconteceu no ano de 1983, no governo de João Batista Figueiredo. Esse movimento apoiava a emenda do deputado Dante de Oliveira, que propunha eleições diretas para o cargo de Presidente da República em nosso país.
Os participantes
Esse movimento ganhou o apoio dos partidos PMDB e PDS. Com isso, diversos políticos da época como: Franco Montoro, Fernando Henrique Cardoso, Tancredo Neves, Ulysses Guimarães, José Serra, Mário Covas, Teotônio Vilela, Eduardo Suplicy, Leonel Brizola, Luis Inácio Lula da Silva, Miguel Arraes e muitos outros passaram a participar do Diretas Já.
Mas não foram apenas os políticos que fizeram parte desse movimento, alguns artistas, jogadores de futebol, cantores e religiosos também fizeram parte, além de uma grande parte da população.
As causas do movimento
A última eleição direta havia sido no ano de 1960, o Brasil estava sob regime militar desde 1964. A Ditadura já não iria perdurar por muito tempo. A inflação estava alta, a dívida externa em um valor exorbitante, o desemprego, e muitas outras coisas mostravam como o sistema estava em crise.
Os militares, que ainda estavam no poder, tentavam pregar uma transição democrática lenta, consequentemente passaram a perder o apoio da sociedade, que muito insatisfeita com a situação, queria o fim do regime militar o mais rápido possível.
A próxima eleição para a presidência iria acontecer em 1984, e seria realizada de
modo indireto, através do Colégio Eleitoral. E para que a eleição pudesse ocorrer de forma direta, na qual o voto popular valesse, seria necessária a aprovação da emenda constitucional que havia sido proposta pelo deputado do PMDB, Dante de Oliveira.
As manifestações
Foram realizadas inúmeras manifestações durante esse período, a cor amarela era a o símbolo dessa campanha. Os comícios que ocorriam eram marcados pela presença de pessoas que haviam sido perseguidas pela ditadura militar, membros da classe artística, intelectuais e representantes de outros movimentos lutavam pela aprovação do projeto de lei.
As lideranças estudantis como a UNE (União Nacional dos Estudantes) e sindicatos também reforçaram o movimento. Em janeiro de 1984, aproximadamente 300.000 pessoas se reuniram na Praça da Sé, em São Paulo. No dia 10 de abril, um milhão de cidadãos tomou conta do Rio de Janeiro e uma semana depois, cerca de 1,7 milhões de pessoas se mobilizaram novamente na Praça da Sé
A votação popular e as eleições indiretas
No dia 25 de abril de 1984, o Congresso Nacional se reuniu para votar a emenda que Dante de Oliveira havia proposto. Mesmo após os movimentos e pressão da população, muitos deputados não votaram a favor, por uma diferença de apenas 22 votos e algumas abstenções, o Brasil continuou com o sistema indireto para as eleições de 1985.
Para dar a impressão de que seria uma disputa democrática, o governo da época permitiu que civis concorressem ao pleito. Paulo Maluf (do PDS) e Tancredo Neves (do PMDB) foram os indicados e Tancredo venceu a disputa. Mas antes de assumir o cargo de presidente, ele faleceu devido a uma doença e quem assumiu o cargo foi o vice, José Sarney, que tornou-se o primeiro presidente civil depois do regime da Ditadura Militar.
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 6
BIOÉTICA
No termo bioética, bios representa o conhecimento biológico, a ciência dos sistemas viventes, enquanto ética, representa o conhecimento dos sistemas dos valores humanos.
O nascimento da bioética como
disciplina coincide, com um
retorno do interesse da parte da
ética filosófica pela ética prática;
um interesse motivado pela
urgência de fornecer um
adequado fundamento ao
debate público e as legislações
e de conduzir o diálogo no
contexto das sociedades
pluralistas e democráticas. A
bioética, atribui-se a função
fascinante de dar plenitude de
sentido aos conhecimentos no
campo das ciências, da vida e
da saúde e orientar a expansão
dos conhecimentos técnicos e
científicos para o bem autêntico
e integral da pessoa humana. A
definição mais aceita do termo
bioética é, sem duvida aquela
dada pela Enciclopédia da
Bioética: “É o estudo sistemático
do comportamento perspectivo a
luz dos valores e princípios
morais”.
Van Potter alarga o âmbito de
estudo da bioética ao fenômeno
ainda em toda a sua amplitude,
presente nas relações dos
viventes entre si e deles com o
ambiente. Podemos subdividir a
disciplina em 3 (três) âmbitos:
a bioética humana (bioética
medica ou ética biomédica), a
biomédica animal (que se
ocupa com temas próprios da
vida animal, tais como: direitos
dos animais, problemas éticos
relacionados com a
experimentação biomédica,
ética das intervenções sobre o
patrimônio genético das
espécies…) a bioética
ambiental, que se interessa
com as questões de valor
relacionados com o impacto do
homem sobre o ambiente
natural (ecologia e justiça,
desenvolvimento sustentável,
biodiversidade, alimentação
transgênica…).
FUNDAMENTOS HISTÓRICOS
A palavra bioética surgiu
recentemente. O primeiro a
usar o termo de modo
documentado foi o oncologista
americano, Van R. Potter, em
um artigo intitulado Bioethies.
The science of survival (1978).
Mesmo sendo recente, tal
disciplina tem uma história que
lança suas raízes no antigo
Egito. Entretanto, a contribuição
essencial para o nascimento da
ética médica, vem do grego
Hipocrates (460 – 370 A.C) e da
sua escola. Em seu famoso
juramento, Hipocrates
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 7
apresentou os traços do bom
médico.
Podemos afirmar também que a
partir de um horizonte espiritual
lentamente foi-se formulando
um modelo ético normativo que
passa pelos posicionamentos
dos Santos Padres, a
sistematização de São Tomás
de Aquino (Semana Theologico,
II – II), as reflexões de São
Afonso de Ligório (1696 – 1787).
Um grande impulso a ética
medica se deu ao magistério de
Pio XII que nos anos 40 e 50, se
mostrou muito atento as
questões morais surgidas em
função dos desenvolvimentos
das ciências biomédicas.
O contexto no qual surge a
biomédica na segunda metade
do século XX é a caracterização
por diversos fenômenos sociais
e culturais que podemos
sintetizar em quatro pontos: o
tumultuoso progresso das
ciências biomédicas e o
surgimento de novas
interrogações éticas sobre a
capacidade do homem de
administrar esse inédito e
enorme poder; a crescente
consciência que existem direitos
humanos inalienáveis, como o
objetivo a justiça, que estão
fundamentados sobre a
dignidade da pessoa humana
antes que ainda possam ser
reconhecidos pela legislação
civil; o abalo do mito da
neutralidade ética da ciência; a
necessidade de repensar a
relação da pessoa humana com
o seu planeta.
ÉTICA E CIÊNCIA
A ética é parte da filosofia:
considera concepções de fundo
acerca da vida, do universo, do
ser humano e de seu destino,
institui princípios e valores que
orientam pessoas e sociedades.
Uma pessoa é ética quando se
orienta por princípios e
convicções. Dizemos, então,
que tem caráter e boa índole.
A ciência baseia se em
pesquisas, investigações
metódicas e sistemáticas e nas
exigências de que as teorias
sejam internamente coerentes e
digam a verdade sobre a
realidade. A ciência é o
conhecimento que resulta de um
trabalho racional.
As experiências científicas são
realizadas apenas para verificar
e confirmar as demonstrações
teóricas e não para produzir o
conhecimento do objeto, pois
este é conhecido
exclusivamente pelo
pensamento. O objeto científico
é matemático, por quer a
realidade possui uma estrutura
matemática.
A concepção empirista afirma
que a ciência é uma
interpretação dos fatos baseada
em observações e experimentos
que permitem estabelecer
induções que ao serem
completadas oferecem a
definição do objeto, suas
propriedades e suas leis de
funcionamento.
ÉTICA A PARTIR DA PRÁTICA DA EUTANÁSIA
O sentido da vida e da morte –
um dos maiores especialistas
em bioética do país e membro
da pontifica Academia Pro Vida,
do Vaticano, Dalton Luiz de
Paula Ramos vê
a eutanásia como um mal da
sociedade.
É legitimo que alguém tenha o
direito de abreviar a vida de uma
pessoa que esta sofrendo?
O debate – que há décadas
permeia a mente de médicos,
filósofos, teólogos, juristas,
leigos e fiéis em todo mundo –
voltou a tona graças a dois
filmes ganhadores do Oscar que
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 8
abordaram o tema: Mar Adentro
e Menina de Ouro, lançam ai um
olhar sensível sobre pacientes
que buscam abreviar seu
sofrimento por meio da
antecipação da morte, a
chamada eutanásia. E esta
discussão não poderia deixar de
escapar do campo da bioética –
ou seja, a ciência da vida, como
prefere chamar o professor
Dalton Luiz, com mais de dez
anos de estudo nesta área, ele
tem uma opinião contundente:
“A eutanásia é um mal. Temos
que pensar na vida e não na
morte. Temos que promover a
vida”.
A pratica da eutanásia –
segundo revista veja setembro,
2002 – pode ser considerada
homicídio simples e passível de
pena de até 20 anos de prisão.
A esmagadora maioria dos
médicos é contra essa atitude, e
os familiares de doentes
terminais mesmo que cogitem
praticá-la muito raramente tem
coragem de fazê-la. Ao contrário
do que acontece diante da
hipótese de praticar a eutanásia,
ocorre com certa frequência a
decisão de retirar esses
chamados suportes de vida,
deixando a natureza cumprir se
curso.
Há muitas ações para justificar
essa decisão. A mais comum é
que se quer abreviar o
sofrimento do doente. Outra é
que a própria família não
aguenta mais o padecimento de
seu ente. Há também razões
práticas como abrir vagas na
UTI para alguém com mais
chances de sobreviver ou até a
falta de cobertura nos planos de
saúde.
O documento que coloca nas
mãos do pacientes a decisão
sobre o momento mais
adequado para deixar que a
natureza siga seu curso é aceito
na Dinamarca, no Canadá, no
Japão e em Cingapura.
No Brasil não há uma lei federal
que autorize o paciente a
recusar o auxílio de aparelhos
de suporte de vida. Pelo código
de ética médica brasileira, o
médico deve utilizar “todos os
meios de diagnostico e
tratamento a seu alcance em
favor do paciente”. No estado de
São Paulo, uma lei de 1999
garante aos pacientes terminais
o direito de recusar tratamentos
dolorosos ou extraordinários e
de escolher onde querem
morrer“.
“A grande vantagem da lei
paulista é que ao optar por
morrer em casa o paciente fica
livre da obrigação do médico de
usar todos os tratamentos de
prolongamento de vida que
estão ao seu alcance” , diz
Erickson Gavalla presidente da
comissão de Bioética da OAB.
ÉTICA NAS EXPERIÊNCIAS DE CÉLULAS-TRONCO
O projeto de lei biosegurança,
que prevê a liberação dos
transgênicos e o uso dos
embriões humanos nas
pesquisas científicas com
células-tronco embrionárias foi
aprovado pela câmara dos
deputados no dia 02/03/2005;
foram 366 votos favoráveis, 59
contrários e três abstenções.
São dois termos que
precisariam ter sidos mais
debatidos separadamente. Há
limites éticos a serem
respeitados.
Foi liberado para pesquisa
científica a utilização de células-
tronco embrionárias desde que
seja obtidos em fertilização in-
vitro e esteja congelados a mais
de três anos.
No ato da votação estavam
presentes membros da
Associação Brasileira de
Distrofia Muscular e do
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 9
Movimento em Prol da vida.
Compareceram também
pessoas que padecem de
degeneração progressiva do
tecido muscular, que
aguardaram com esperança a
cura para essas situações, e a
expectativa de novos
tratamentos para doenças
neurológicas como o mal de
Alzheimer e o mal de Parkinson
e para os diabetes.
É preciso, no entanto, atender
com exatidão aos dados
científicos e as exigências éticas
na avaliação do resultado da
votação. A questão é complexa
e requer esclarecimentos
importantes.
Temos que saudar as
conquistas recentes da ciência,
em especial as da genética, que
descobre cada vez melhor a
maravilha da vida humana, dom
do criador. É nessa perspectiva
eu se insere a descoberta do
uso das células-tronco, que
podem pele seu múltiplo
potencial, regenerar tecidos e
órgãos.
Mas temos de distinguir
as células tronco embrionárias,
que surgem com os primeiros
desdobramentos logo após a
fecundação do óvulo, das
células-tronco maduras, que
encontramos no organismo
desenvolvido e, em especial, na
medula óssea e no cordão
umbilical.
Quanto ao uso das células-
tronco maduras, os resultados
são promissores e etnicamente
válidos. A restrição está no
recurso das células-tronco
embrionárias, cujo uso implica
na destruição do embrião e por
isso é moralmente inaceitável,
uma vez que ao ser humano,
desde a sua concepção,
compete a sua inviolável
dignidade. Não é portanto
admissível, à luz dos princípios
éticos, o voto do senado e da
câmara dos deputados que
permite sacrificar o embrião
humano e reduzi-lo a material
de experimentação. Nenhum
progresso cientifico é verdadeiro
se elimina a vida humana em
qualquer fase.
As células-tronco maduras
abrem amplo horizonte para a
pesquisa cientifica e viabiliza a
tão desejada cura de muitas
enfermidades. Todos os
esforços devem, em nosso país,
ser empregados para que os
cientistas, respeitando a vida e
os princípios éticos, façam
novas conquistas para o bem da
humanidade.
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 10
CIDADANIA HOJE
Ser cidadão é ter a garantia de todos os direitos civis, políticos e sociais que asseguram a possibilidade de uma vida plena. Esses direitos não foram conferidos, mas exigidos, integrados e assumidos pelas leis, pelas autoridades e pela população em geral. A cidadania também não é dada, mas construída em um processo de organização, participação e intervenção social de indivíduos ou de grupos sociais. Só na constante vigilância dos atos cotidianos o cidadão pode apropriar-se desses direitos, fazendo-os valer de fato. Se não houver essa exigêngia, eles ficarão no papel.
As duas cidadanias. O conceito de cidadania foi gerado nas lutas que estruturaram os direitos universais do cidadão. Desde o século XVIII, muitas ações e movimentos foram necessários para que se ampliassem o conceito e prática de cidadania. Nesse sentido, pode-se afirmar que defender a cidadania é lutar pelos direitos e, portanto, pelo exercício da democracia, que é a constante criação de novos direitos.
T.H. Marshall propôs uma análise da evolução da cidadania vinculada a determinados direitos, com base na situação da Inglaterra. Na sociedade contemporânea, porém , há um grau de complexidade ee desigualdade tão grande que a divisão dos direitos do cidadão em
civis, políticos e sociais já não é suficiente para explicar sua dinâmica. Como alternativa a essa classificação, podemos pensar em dois tipos de cidadania: o formal e o real ( o substantivo).
A cidadania formal é aquela que está as leis, principalmente na constituição de cada país. É a que estabelece que todos são iguais perante a lei e garante ao indivíduo a possibilidade de lutar judicialmente por seus direitos. Tal garantia é muito importante: se não houvesse leis que para determinar nossos direitos, estaríamos nas mãos de uma minoria. Essa era a situação de escravos, que não tinham direito algum.
A cidadania Substantiva ou real, aquela que vivemos no dia a dia, mostra que não há igualdade fundamental entre todos os seres humanos – entre homens e mulheres, crianças, jovens e idosos, negros, pardos ou brancos.
O sociólogo português Boaventura de Souza Santos formula um pensamento importante: como ficam os direitos dos indivíduos que sofreram os efeitos das numerosas guerras que aconteceram depois de 1945, nas quais envolveram as nações que foram o berço dos documentos de direitos universais – Inglaterra, França e Estados Unidos ?
A defesa dos direitos humanos convive com sua violação. A coerência entre os princípios e a prática dos direitos humanos só será estabelecida se houver uma
luta constante pela sua vigência, travada por meio de ações políticas ou movimentos sociais . Direitos só se tornam efetivos e substantivos quando são exigidos e vividos cotidianamente.
Com a constituição de 1988,
chamada de constituição cidadã,
foi possível haver pela primeira
vez uma legislação democrática
garantindo a plenitude dos
direitos civis, político e sociais
no Brasil.
O aspecto mais marcante dessa
Carta é os direitos e garantias
dos poderes do Estado. Isso
significa que o Estado está a
serviço dos cidadãos e que
esses direitos não podem ser
abolidos por ninguém. Em
outras palavras, os direitos
humanos – civis, políticos e
sociais- estão acima do Estado
e legalmente definidos.
Os direitos humanos ganharam
tal posição na constituição
porque, os últimos anos da
ditadura militar, ocorreram
CIDADANIA
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 11
muitos movimentos sociais em
defesa deles . No entanto, para
que se tornem realidade, muita
luta ainda será necessária.
A questão dos direitos no
Brasil parece estar invertida com
o que se observou nos Estados
Unidos e nos países europeus.
Os direitos civis e políticos
foram restritos na maior parte da
nossa história, e as propostas
de direitos sociais tiveram
sempre o sentido de aplacar as
condições precárias de vida da
população. Só recentemente
podemos dizer que temos todos
os direitos estabelecidos nas
leis. Ainda assim, ainda há
muito por fazer para que as
pessoas possam de fato viver
dignamente com educação de
qualidade, sistema de saúde
eficiente, direitos trabalhistas
permanentes, terra para
trabalhar e habitação digna.
ff
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 12
A urbanização da sociedade
aconteceu de forma desigual em
todo mundo. Os países
considerados “centrais” assistiram
primeiramente aos seus processos
de urbanização, apesar de outras
civilizações antigas também
apresentarem o seu espaço urbano.
Com o processo de colonização e
o consequente
subdesenvolvimento, a
urbanização nos países periféricos
consolidou-se apenas em meados
do século XX, fruto da
industrialização tardia desses
países.
O fato é que os distintos processos
de urbanização estão diretamente
ligados à industrialização e todos
eles apresentam problemas tanto
de caráter social quanto de caráter
ambiental. Boa parte desses
problemas não está ligada somente
ao processo de urbanização em si,
mas também à má distribuição de
renda e às contradições sociais.
PROBLEMAS SOCIAIS URBANOS
Dentre os problemas sociais
urbanos, merece destaque a
questão dasegregação urbana,
fruto da concentração de renda no
espaço das cidades e da falta de
planejamento público que vise à
promoção de políticas de controle
ao crescimento desordenado das
cidades. A especulação imobiliária
favorece o encarecimento dos
locais mais próximos dos grandes
centros, tornando-os inacessíveis à
grande massa populacional. Além
disso, à medida que as cidades
crescem, áreas que antes eram
baratas e de fácil acesso tornam-se
mais caras, o que contribui para
que a grande maioria da população
pobre busque por moradias em
regiões ainda mais distantes.
Essas pessoas sofrem com as
grandes distâncias dos locais de
residência com os centros
comerciais e os locais onde
trabalham, uma vez que a
esmagadora maioria dos
habitantes que sofrem com esse
processo são trabalhadores com
baixos salários. Incluem-se a isso
as precárias condições
de transporte público e
a péssima infraestrutura dessas
zonas segregadas, que às vezes
não contam com saneamento
básico ou asfalto e apresentam
elevados índices de violência.
A especulação imobiliária também
acentua um problema cada vez
maior no espaço das grandes,
médias e até pequenas cidades: a
questão dos lotes vagos. Esse
problema acontece por dois
principais motivos: 1) falta de
poder aquisitivo da população que
possui terrenos, mas que não
possui condições de construir
neles e 2) a espera pela
valorização dos lotes para que
esses se tornem mais caros para
uma venda posterior. Esses lotes
vagos geralmente apresentam
problemas como o acúmulo de
lixo, mato alto, e acabam
tornando-se focos de doenças,
como a dengue.
Dentre os problemas sociais
urbanos, entretanto, o principal é o
processo defavelização. Esse se
associa também à concentração de
renda, ao desemprego e à falta de
planejamento urbano. Muitas
pessoas, por não disporem de
condições financeiras para custear
suas moradias, acabam não
encontrando outra saída senão
ocupar de forma irregular (através
de invasões) áreas que geralmente
não apresentam características
favoráveis à habitação, como os
morros com elevada declividade.
PROBLEMAS SOCIOAMBIENTAIS UBANOS
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 13
A formação e proliferação de
favelas é a principal denúncia das
desigualdades sociais no espaço
urbano e são elementos
característicos das grandes
metrópoles, como São Paulo, Rio de
Janeiro, Cidade do México e muitas
outras. Vale lembrar que esse não é
um fenômeno exclusivo dos países
pobres. A estimativa da ONU é de
que, até 2030, mais de 2 bilhões de
pessoas estarão morando em favelas
em todo mundo.
Problemas ambientais urbanos
Muitos dos problemas ambientais urbanos estão diretamente ligados aos problemas sociais. Por exemplo: o processo de favelização contribui para a agressão ao meio ambiente, visto que as ocupações irregulares geralmente ocorrem em zonas de preservação ou em locais próximos a rios e cursos d’água.
Ademais, sabe-se que os problemas ambientais, sejam eles urbanos ou não, são produtos da interferência do homem na natureza, transformando-a conforme seus interesses e explorando os seus recursos em busca de maximização dos lucros sem se preocupar com as consequências.
As zonas segregadas, locais mais pobres da cidade, costumam ser palco das consequências da ação
humana sobre o meio natural. Problemas como asenchentes são rotineiramente noticiados. E a culpa não é da chuva.
Em alguns casos, o processo de inundação de uma determinada região é natural, ou seja, aconteceria com ou sem a intervenção humana. O problema é que, muitas vezes, por falta de planejamento público, loteamentos e bairros são construídos em regiões que compõem áreas de risco. Em outras palavras, em tempos de seca, casas são construídas em locais que fazem parte dos leitos dos rios e, quando esses rios passam pelas cheias, acabam inundando essas casas.
Em outros casos, a formação de enchentes está ligada à poluição urbana ou às condições de infraestrutura, como a impermeabilização dos solos a partir da construção de ruas asfaltadas. A água, que normalmente infiltraria no solo, acaba não tendo para onde ir e deságua nos rios, que acumulam, transbordam e provocam enchentes.
Cidade de Brisbane, na Austrália, sofrendo com inundações em 2011
Outro problema ambiental urbano bastante comum é o fenômeno das ilhas de calor, que ocorre nas regiões centrais das grandes
cidades. Tal situação é consequência do processo de verticalização, ou seja, a formação de prédios que limitam a circulação do ar e, somada à retirada das árvores, contribui para a concentração do calor. É por isso que as regiões centrais ou muito urbanizadas estão sempre mais quentes que o restante da cidade.
Para somar às ilhas de calor, existe também a inversão térmica, um fenômeno climático que dificulta a dispersão dos poluentes emitidos pela ação humana. Em virtude disso, gases tóxicos pairam sobre a superfície das cidades, provocando doenças respiratórias e o aumento das temperaturas.
A falta de planejamento público e a ausência de uma maior consciência ambiental constituem os problemas ambientais urbanos, como a poluição das águas de rios, lagos e oceanos, o aumento das temperaturas, a ocorrência de chuvas ácidas (fruto da emissão de gases tóxicos na atmosfera), isso tudo somado às poluições visual e sonora.
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 14
O Brasil já foi um país tipicamente agrário, no qual a agricultura era a grande responsável pelo Produto Interno Bruto (PIB), contribuindo com a maior
das parcelas, empregando boa parte da População Economicamente Ativa (PEA). Contudo, atualmente a agricultura brasileira participa com apenas 7,75% do PIB nacional, empregando apenas 24% da PEA.
O que encontramos hoje é um país urbano-industrial, gerado através do processo ocorrido a partir do governo JK. Processo tal que se acelerou com a mecanização da agricultura, provocando a saída de muitos trabalhadores rurais do campo, devido à diminuição da mão-de-obra necessária, além da concentração de terra ocorrida, onde grandes agricultores englobaram as terras de pequenos produtores que faliram por não ter como se modernizar. Todo este processo gerou o que conhecemos por êxodo rural. Contraditoriamente, atualmente, o Brasil é um dos grandes exportadores agrícolas do mundo (soja, carne bovina, laranja, café, açúcar etc), devido a tal modernização, entretanto, ainda é problemática a questão da distribuição de terras, que a cada dia aumenta o número de conflitos no campo.
SITUAÇÃO RURAL NO BRASIL
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO
O IMPACTO DA TECNOLOGIA NA SOCIEDADE E NA POLÍTICA
Sem dúvida alguma a informática proporcionou a partir da segunda metade do século passado, uma das
transformações mais abrangentes que a tecnologia poderia engendrar, pois não se limitou a um campo estrito da
indústria, do comércio e das comunicações. A tecnologia da informação pode ser pensada como revolução
semelhante ao livro, que se tornou possível a partir da invenção da imprensa por Gutenberg no século 21. Até então,
como afirmou o historiador francês Lê Pen, um livro levava cerca de dois anos para ser transcrito, o que o tornava
objeto extremamente raro e inacessível na sociedade da época. O conhecimento, portanto, ficava restrito aos clérigos
e para pequena elite que podia comprar livros.
Com os livros passando a serem impressos em lotes de 200 ou mais exemplares e com custos significativamente
menores do que as obras transcritas manualmente ao longo de anos, o acesso à cultura e à informação se tornou
muito mais democrático, possibilitando aos estudantes e mesmo às poucas pessoas alfabetizadas na época a
aquisição de livros que abririam as portas para novo mundo.
Outro aspecto importante, é que os livros, não dependendo apenas da lenta transcrição que ocorria nos mosteiros,
estabeleciam, também, maior liberdade de expressão para as mais diversas tendências. Assim, o mundo presenciou
grande revolução na informação e na comunicação, que, guardadas as devidas proporções, foi de fato tão significativa
como o surgimento da Internet.
As transformações sociais, políticas e econômicas com a democratização do livro foram extremamente relevantes na
época. As universidades puderam, a partir daí, ter acesso a bibliotecas mais amplas e diversificadas. As bíblias
impressas e mais acessíveis, de certa forma, também criariam as condições para as dissidências no âmbito do
Cristianismo com o surgimento da pluralidade de interpretações das Escrituras. As pesquisas científicas, os textos
filosóficos e a literatura narrativa, em pouco tempo ganhavam o mundo abrindo as portas da cultura e do
conhecimento a classe social emergente, a burguesia, que seria protagonista de nova revolução social e política no
século 18. Dessa forma, não é exagero afirmar que a revolução da informática, guardadas as devidas proporções,
pode ser comparada à invenção da imprensa há quase cinco séculos.
Por sua vez, a informática no seu início, ficou limitada às operações administrativas das grandes empresas e
posteriormente de governos, mas suas possibilidades e campos de aplicações foram se tornando infinitos,
principalmente por ser capaz de processar milhões de dados ao mesmo tempo, tornando as pesquisas mais rápidas e
precisas. Temos aí o exemplo recente das pesquisas do genoma humano, cujos dados se tornaram acessíveis a todo
mundo científico, numa estratégia bem-sucedida, diga-se de passagem, ao se criar agentes multiplicadores no
processamento de bilhões de informações que seriam inviáveis para único centro de processamento de dados.
Se as suas vantagens foram múltiplas e expressivas para o desenvolvimento humano, não podemos esquecer que o
rápido progresso proporcionado pela informática, em descompasso com o de inclusão de grande parte da população
do terceiro mundo, gerou rapidamente novo tipo de analfabeto: o digital, cujo acesso ao mercado de trabalho e a
informação se tornou ainda mais restrito, pois os avanços da tecnologia com o emprego de processos informatizados
eliminam aqueles que são incapazes de operar máquinas e equipamentos sofisticados. Ainda, no campo social,
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 16
apesar dos avanços operados no que se referem à Medicina, envolvendo o controle de doenças, tecnologias
cirúrgicas, exames laboratoriais, parece ter tornado ainda mais distante a possibilidade de inserção dos mais pobres e
na nova sociedade.
A tecnologia da informação, pelas suas amplas possibilidades de utilização, pode, também, ter seu lado sombrio,
construindo novas formas de controle da sociedade por Estados autoritários. E seria realmente assustador imaginar o
nazismo ou outros tipos de totalitarismos controlando essas formas sofisticadas de controle social. Em contrapartida,
os mais otimistas podem visualizar sociedades mais democráticas no futuro, com sistemas políticos utilizando a
participação direta da população por meio da Internet, reduzindo a intermediação nas votações de projetos de
interesse geral. De qualquer forma, as redes sociais tenderão a ampliar seu papel nas diversas formas de intervenção
política na sociedade, inibindo a corrupção e despotismos de Estado, como já tivemos oportunidade de testemunhar
nos últimos acontecimentos no Oriente Médio
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 17
QUESTÃO AMBIENTAL
À medida que a humanidade aumenta sua capacidade de intervir
na natureza para satisfação de necessidades e desejos
crescentes, surgem tensões e conflitos quanto ao uso do espaço
e dos recursos em função da tecnologia disponível.
Nos últimos séculos, um modelo de civilização se impôs, trazendo
a industrialização, com sua forma de produção e organização do
trabalho, além da mecanização da agricultura, que inclui o uso
intenso de agrotóxicos, e a urbanização com um processo de
concentração populacional nas cidades.
A tecnologia empregada evoluiu rapidamente com consequências indesejáveis que se agravam com igual
rapidez. A exploração dos recursos naturais passou a ser feita de forma demasiadamente intensa. Recursos
não-renováveis, como o petróleo, ameaçam escassear. De onde se retirava uma árvore, agora retiram-se
centenas. Onde moravam algumas famílias, consumindo alguma água e produzindo poucos detritos, agora
moram milhões de famílias, exigindo imensos mananciais e gerando milhares de toneladas de lixo por dia.
Essas diferenças são determinantes para a degradação do meio onde se insere o homem. Sistemas inteiros
de vida vegetal e animal são tirados de seu equilíbrio. E a riqueza, gerada num modelo econômico que
propicia a concentração da renda, não impede o crescimento da miséria e da fome. Algumas das
consequências indesejáveis desse tipo de ação humana são, por exemplo, o esgotamento do solo, a
contaminação da água e a crescente violência nos centros urbanos.
À medida que tal modelo de desenvolvimento provocou efeitos negativos mais graves, surgiram
manifestações e movimentos que refletiam a consciência de parcelas da população sobre o perigo que a
humanidade corre ao afetar de forma tão violenta o seu meio ambiente. Em países como o Brasil,
preocupações com a preservação de espécies surgiram já há alguns séculos, como no caso do pau-brasil,
por exemplo, em função de seu valor econômico. No final do século passado iniciaram-se manifestações
pela preservação dos sistemas naturais que culminaram na criação de Parques Nacionais, como ocorreu
nos Estados Unidos.
É nesse contexto que, no final do século passado, surge a área do conhecimento que se chamou de
Ecologia. O termo foi proposto em 1866 pelo biólogo Haeckel, e deriva de duas palavras gregas: oikos, que
quer dizer “morada”, e logos, que significa “estudo”. A Ecologia começa como um novo ramo das Ciências
Naturais, e seu estudo passa a sugerir novos campos do conhecimento como, por exemplo, a ecologia
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS – RESUMÃO 18
humana e a economia ecológica. Mas só na década de 1970 o termo “ecologia” passa a ser conhecido do
grande público. Com frequência, porém, ele é usado com outros sentidos e até como sinônimo de meio
ambiente.
Nas nações mais industrializadas passa-se a constatar uma deterioração na qualidade de vida que afeta a
saúde tanto física quanto psicológica dos habitantes das grandes cidades. Por outro lado, os estudos
ecológicos começam a tornar evidente que a destruição — e até a simples alteração — de um único
elemento num ecossistema pode ser nociva e mesmo fatal para o sistema como um todo. Grandes
extensões de monocultura, por exemplo, podem determinar a extinção regional de algumas espécies e a
proliferação de outras. Vegetais e animais favorecidos pela plantação, ou cujos predadores foram
exterminados, reproduzem-se de modo desequilibrado, prejudicando a própria plantação. Eles passam a ser
considerados então uma “praga”. A indústria química oferece como solução o uso de praguicidas que
acabam, muitas vezes, envenenando as plantas, o solo e a água. Problemas como esse vêm confirmar a
hipótese, que já se levantava, de que poderia haver riscos sérios em se manter um alto ritmo de ocupação,
invadindo e destruindo a natureza sem conhecimento das implicações que isso traria para a vida no planeta.
Até por volta da metade do século XX, ao conhecimento científico da Ecologia somou-se um movimento
ecológico voltado no início principalmente para a preservação de grandes áreas de ecossistemas
“intocados” pelo homem, criando-se parques e reservas. Isso foi visto muitas vezes como uma preocupação
poética de visionários, uma vez que pregavam o afastamento do homem desses espaços, inviabilizando sua
exploração econômica.
Após a Segunda Guerra Mundial, principalmente a partir da década de 60, intensificou-se a percepção de
que a humanidade pode caminhar aceleradamente para o esgotamento ou a inviabilização de recursos
indispensáveis à sua própria sobrevivência. E, assim sendo, que algo deveria ser feito para alterar as
formas de ocupação do planeta estabelecidas pela cultura dominante. Esse tipo de constatação gerou o
movimento de defesa do meio ambiente que luta para diminuir o acelerado ritmo de destruição dos recursos
naturais ainda preservados e que busca alternativas que conciliem, na prática, a conservação da natureza
com a qualidade de vida das populações que dependem dessa natureza