rev abrati 31 · plano de reestruração ... o sistema de transporte rodoviário brasileiro ... vai...
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umárioS
10
Com o chassi K94 IB4x2 NB, a
Scania entra para valer nos
segmentos de fretamento,
linhas intermunicipais de curta
distância e receptivos de
turismo (transfer).
16
A Volkswagen ampliaa linha de chassis de ônibus,adota os motores eletrônicos e
lança seu primeiro rodoviário.
As primeiras unidades do
rodoviário, encarroçadas pela
Irizar, já estão rodando nas
linhas internacionais da Pluma
Conforto e Turismo.
26Aos 55 anos, a Planalto
transporta 4,8 milhões de
passageiros. Econtinua
investindo em novas
tecnologias para oferecer
sempre o melhor aos
seus passageiros.
Em Levy Gasparian-RJ,
o acervo do Museu Rodoviário
de Paraibuna guarda parte
importante da história das
estradas brasileiras. Mas
está ameaçado pela
burocracia e pela escassez
de recursos.
32
Alfredo Nascimento, ex-prefeito de
Manaus, é o novo Ministro dos
Transportes. Promete tentar
resolver a situação da malha viária
e é favorável à concessão de
subsídios para o transporte público.
29
Com boaaceitação pelo
usuário, a ViaçãoSanta Cruz vem
testando emalgumas de suas
linhas oMiduss, da
Busscar.
22 - Busscar Ônibus
Em conjunto com o
BNDES, a encarroçadora
de Joinville concluiu o
plano de reestruração
financeira. Agora, prepara
a retomada da produção e
a volta aos mercados
nacional e internacional.
A maior encarroçadora
brasileira inaugura nova
linha de montagem na
unidade Ana Rech e
reserva pelo menos R$ 50
milhões para investir no
desenvolvimento de
novos produtos em 2004.
30 - Marcopolo
36 - DaimlerChryslerCom faturamento 30%
maior em 2003, a líder do
mercado brasileiro de
ônibus fortalece ainda
mais sua posição.
E já anuncia
investimentos de R$ 440
milhões em dois anos.
40 - Volvo do Brasil
Seguindo a trajetória dos
anos anteriores, em 2003
a montadora voltou a ter
resultados expressivos,
principalmente no
segmento de caminhões.
E espera desempenho
ainda melhor em 2004.
Cartas ......................... 6
Carta do Presidente .... 7
Bagageiro ................... 8
Opinião ..................... 46
44Há um novo microônibus
no mercado: leva a marca
Iveco, chega com cinco
diferentes configurações e
muito conforto.
43
6 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
A Revista ABRATI é uma publicação da
Associação Brasileira das Empresas
de Transporte Terrestre
de Passageiros
Editor Responsável
Ciro Marcos Rosa
Produção, diagramação e editoração
eletrônica
Plá Comunicação – Brasília
Editor Executivo
Nélio Lima
Impressão
Gráfica e Editora Charbel
Foto da capa
Divulgação
Esta revista pode ser acessada via
Internet: http://www.abrati.org.br
Associação Brasileira das
Empresas de Transporte Terrestre
de Passageiros
Pioneiros I
Honrosamente participamos da so-
lenidade que premiou 14 pioneiros do
transporte rodoviário no Brasil. Mereci-
do reconhecimento àqueles que dedi-
caram parte de suas vidas ao desenvol-
vimento do setor, enfrentando dificul-
dades que suas histórias nos contam
ao longo dos anos. São realmente pio-
neiros e exemplos para as novas gera-
ções, que estão chegando e encontran-
do o transporte organizado e represen-
tativo, com instituições fortes e defen-
soras dos interesses da categoria.
Parabenizamos e aplaudimos a ini-
ciativa da ABRATI, por ter despertado
tanta emoção naqueles que viram suas
esperanças renderem frutos e ainda vi-
bram com suas empresas, sempre pron-
tos a enfrentar novos desafios.
Joel Fernandes Rodrigues
Diretor Executivo da Viação
Cidade do Aço Ltda.
Barra Mansa – RJ
Pioneiros II
Gostaria de lhes parabenizar pela
edição de dezembro de 2003, que está
excelente, principalmente o encarte
sobre os pioneiros, falando sobre a his-
tória e, também, com bastantes foto-
grafias de ônibus antigos, dos quais
tenho saudade de ver nas ruas.
Josiandro Finatto Rosa
Canoas – RS
Pioneiros III
Justa homenagem, o pôster dos pio-
neiros do transporte rodoviário. São
homens que têm história, que lutaram
e venceram.
Waldeci Cardoso Laureano
Pioneiros IV
Leio sempre a excelente Revista
ABRATI. Em dezembro, levei para ler
nas férias e me surpreendi com o alto
padrão, principalmente do suplemento
que fala da história de empresários pio-
neiros do setor. Li todas as matérias e
fiz uma viagem no tempo. Parabéns.
Kleber Sampaio
Brasília – DF
Pioneiros V
A importância do evento patrocina-
do por essa entidade de classe trans-
cende às homenagens que foram pres-
tadas aos empreendedores do transpor-
te rodoviário de passageiros, fazendo
com que o fato seja registrado na his-
tória de nossa sociedade, tornando in-
deléveis aquelas ações pioneiras. De
minha parte, reconheço nesse jovem
Presidente da ABRATI a virtude de ha-
ver enxergado, não somente em mim,
como também em meus pares, a di-
mensão de nosso feito. A capacidade
de perceber nos outros um valor e afe-
rir seu real significado é, antes de tudo,
uma demonstração de talento.
Dimas José da Silva
Viação Presidente Ltda.
Pioneiros VI
Agradeço terem terminado o ano
com a publicação, na Revista ABRATI,
de um pôster de pessoas que fazem o
nosso Brasil cada vez mais conhecido e
invejável aos olhos do mundo.
Francisco de Jesus
Belo Horizonte – MG
Pioneiros VII
Parabenizo a ABRATI e também a
Viação Salutaris pelos seus 59 anos
de organização, trabalho, respeito e
consideração a seus clientes, funcio-
nários e ex-funcionários. Um abraço aos
ex-diretores da Família Noel e à atual
Diretoria do Grupo Águia Branca.
Robério Ferraz
Tremedal – BA
artasC
Presidente
Sérgio Augusto de Almeida Braga
Diretor Administrativo-Financeiro
Cláudio Nelson Calhau R. Abreu
Diretores
Armando Ribeiro Prata, Francisco Tude
de Melo Neto, José Paulo Garcia
Pedriali, Letícia Sampaio Pineschi,
Odilon Santos Neto, Paulo Alencar
Porto Lima, Renan Chieppe, Ronaldo
Cézar Fassarella, Telmo Joaquim
Nunes e Washington Coura
Superintendente
José Luiz Santolin
Secretário-Geral
Carlos Augusto Faria Féres
Assessoria da Presidência
Ciro Marcos Rosa
SAS Quadra 6 - Bloco J - Lote 3
Edifício Camilo Cola, 5o andar
CEP 70070-916
Brasília - Distrito Federal
Telefone: (061) 322-2004
Fax: (061) 322-2058/322-2022
E-mail: [email protected]
Internet: http://www.abrati.org.br
REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 7
Há grande expectativa da parte de todos os brasileiros quanto a uma
retomada do desenvolvimento e do emprego no Brasil. O trabalho de ajuste
executado pela equipe econômica em 2003, com forte contenção do crédito e eleva-
ção da carga tributária, tinha como objetivo preparar o País para o crescimento.
Passado esse período de aperto, necessário a um bom desempenho futuro, a
classe produtiva volta a crer numa fase de crescimento, que se espera deverá ser
gradual e sustentável.
O aperto na economia reflete-se em todas as áreas produtivas e não poderia ser
diferente no segmento de transporte de passageiros.
Começamos a ver movimentos que indicam, pelo menos, uma retomada das
expectativas favoráveis, como é o caso das montadoras Scania e Volkswagen, que,
acreditando num incremento das encomendas de ônibus pelas empresas transporta-
doras, apressaram-se a lançar novidades no mercado.
O sistema de transporte rodoviário brasileiro é, reconhecidamente, um dos me-
lhores do mundo, e é intenção firme dos empresários que conduzem as empresas
nacionais manter esse alto padrão de qualidade, oferecendo transporte com preços
módicos, segurança e pontualidade – itens que são destaques no nosso sistema.
Aliás, mesmo com a guerra de tarifas movida pelas empresas aéreas, com caracte-
rísticas de “dumping”, que vez por outra o Brasil todo assiste, o ônibus ainda
permite ao viajante de menor poder aquisitivo fazer seus deslocamentos com meno-
res gastos. Sem se falar nos benefícios fiscais de que as empresas aéreas usufru-
em, como a isenção do ICMS – imposto que, no caso dos ônibus, chega a 17% da
tarifa.
Quanto à segurança, os ônibus oferecem elevados padrões, graças ao treina-
mento intensivo ministrado aos motoristas, às jornadas de trabalho compatíveis
com as normas internacionais e às estações de apoio ao profissional do volante ao
longo dos trechos, dotadas de elevado grau de conforto.
O objetivo perseguido pelas empresas é sempre o de aumentar a qualidade dos
serviços oferecidos, aproximando-se, cada vez mais, da perfeição na sua prestação.
É nessa linha que a ABRATI trabalha, com vistas ao alcance dessa meta, entenden-
do ser este um valor agregado para toda a cadeia produtiva, valorizando o homem na
geração de emprego e distribuição de renda, o que vai ao encontro dos objetivos
maiores de toda a Nação.
arta do PresidenteC
Sérgio Augusto de Almeida Braga
Presidente da ABRATI
O objetivoperseguido pelasempresas ésempre o deaumentar aqualidade dosserviçosoferecidos,aproximando-se,cada vez mais,da perfeição nasua prestação.É nessa linha quea ABRATItrabalha.
Expectativas favoráveis
Júli
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ern
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des
8 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
agageiroB
A Marcopolo lançou mais
um ônibus específico para
nicho de mercado: o Viale
Double Decker Sunny,
veículo com dois andares e
sem teto. Foi desenvolvido
especialmente para
utilização em transporte
turístico (city tour). O
ônibus não tem teto no piso
superior para que os
passageiros possam ter
vista panorâmica dos locais
visitados. Com plataforma
Low Entry (piso baixo para
Em parceria com o portal
www.railbuss.com, o site
www.deonibus.com divulga o
que de melhor existe na
indústria nacional de ônibus,
nas empresas de ônibus e
nas fábricas de insumos.
A memória do setor, fotos
de veículos antigos, e
personagens do transporte
rodoviário de passageiros,
contam com amplo
espaço. O site procura
destacar a importância do
ônibus como agente da
economia do país.
Preparando-se para a
chegada dos primeiros
ônibus Volkswagen
equipados com motores
eletrônicos, a ACAV –
Associação Brasileira dos
Distribuidores Volkswagen
Caminhões e Ônibus –
investiu forte no treinamento
de toda a rede de 115
concessionários. O
presidente da ACAV, Ênio
Sardagna, acredita que com
os ônibus eletrônicos a rede
vai continuar aumentando a
participação da marca
Volkswagen no mercado.
Caminhões Mercedes-
Benz têm novo visual
Lançamento: Viale Double Decker Sunny
Um site com tudo
sobre ônibus
ACAV investe na linha
eletrônica da Volks
A empresa alemã Continental, quarta maior fabricante mundial
de pneus, vai investir US$ 260 milhões na construção de uma
fábrica em Camaçari, na Grande Salvador-BA. A nova unidade
deverá empregar 1.200 pessoas, segundo informação do
diretor Renato Sarzano. Terá capacidade para produzir
anualmente 6,5 milhões de pneus para automóveis e
caminhões. As obras da nova unidade industrial devem
começar em julho deste ano.
Com US$ 11,34 bilhões de faturamento em 2002, a
Continental chega ao Brasil para concorrer com a Pirelli
(fábricas em Feira de Santana-BA e Santo André-SP), a
Bridgestone-Firestone (Santo André-SP), a Goodyear
(Americana-SP) e a Michelin (Rio de Janeiro-RJ).
A Malásia, a Lituânia e o México disputaram com a
Bahia a localização do projeto.
Continental (pneus) terá fábrica na Bahia
entrada e saída), tem
capacidade para transportar
74 pessoas. As poltronas
estão equipadas com cinto
de segurança. Microfone e
alto-falantes em toda a
extensão do veículo, câmera
interna no piso superior,
itinerário eletrônico, rampa
de acesso e espaço
reservado para deficientes
físicos são algumas de suas
características. Como itens
opcionais, monitor, video-
cassete e geladeira.
Desde o início de março,
os caminhões Mercedes-
Benz estão sendo
comercializados com
novo visual externo e
novo interior das cabinas.
Formada por cerca de 30
modelos básicos, nos
segmentos de leves,
médios, semipesados,
pesados e extrapesados,
toda a linha da marca
recebeu novas faixas
adesivas nas portas e
capô. Os caminhões com
cabina avançada
ganharam ainda novas
faixas adesivas sobre a
tampa frontal. O
acabamento interno dos
bancos, encostos e
assentos, e os
revestimentos laterais e
de teto dos caminhões,
ganharam nova identidade
visual, padronizada, com
logos e nomenclaturas de
tamanho maior e
grafismo que identifica o
modelo e aplicação.
Grafia moderna identifica
também alguns
dos equipamentos.
REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 9
O primeiro ônibus rodoviário
da Volkswagen, o 18.310
OT, recém-lançado, conta
com o motor Cummins da
Série C, que tem como
principais características
menor peso, menor
cilindrada e baixo consumo
de combustível. O item
consumo deverá atrair a
atenção e o interesse dos
empresários do ramo de
transporte de passageiros.
O motor Cummins tem
8.3 litros e desenvolve
potência de 300 HP.
As passagens para todas
as rotas da Viação
Itapemirim e da Empresa de
Ônibus Nossa Senhora da
Penha podem ser compradas
pela internet. É uma
facilidade a mais para os
usuários dos ônibus das
duas empresas e abrange
todas as localidades por elas
atendidas. As compras
devem ser feitas com o
cartão de crédito Visa e
podem ser pagas em até
três parcelas, sem juros.
José Antonio Fernandes Martins,
vice-presidente da Marcopolo
S.A., foi designado presidente do
Conselho Superior de Comércio
Exterior (COSCEX), com mandato
até o fim de setembro de 2004.
Ele anunciou que vai trabalhar
para fortalecer ainda mais as
exportações brasileiras. A indicação de seu nome para o cargo
teve respaldo na forte atuação da Marcopolo no mercado
externo. Nos últimos anos, além de contínuo crescimento
nas exportações, a empresa abriu unidades de produção na
Argentina, Colômbia, México, Portugal e África do Sul.
O Banco DaimlerChrysler, da
Mercedes-Benz do Brasil,
passou a oferecer mais um
serviço aos clientes da
região de São Paulo: a
integração do valor da
apólice do seguro aos
financiamentos realizados
pela instituição: CDC,
Leasing e Finame (CDC de
Serviços).
O seguro integrado também
já está disponível nas praças
do Rio Grande do Sul,
Paraná e Rio de Janeiro. Até
maio, Minas Gerais e
Pernambuco também
poderão contar com o
serviço, que abrange toda a
linha de automóveis e
veículos comerciais das
marcas Mercedes-Benz,
Chrysler, Dodge e Jeep.
Itapemirim e Penha vendem passagens pela
internet para todas as suas linhas
Se o usuário quiser comprar
em mais de três parcelas, o
financiamento é feito com
as taxas de juros normais
do cartão.
As passagens também
podem ser pagas com cartão
de débito Visanet, Banco do
Brasil e Bradesco. Para
efetuar a compra pela
internet, o interessado deve
se cadastrar no site da
respectiva empresa
(www.itapemirim.com.br ou
www.nspenha.com.br).
Seguro integrado ao
financiamento
José Martins passa a presidir o Coscex
A Volare expôs dois de seus
miniônibus na recente Festa
da Uva, em Caxias do Sul:
um A6, versão Executivo/
VIP, e um A8 Lotação
Caxias, este último
desenvolvido especialmente
para o transporte de lotação
da região. Os dois modelos
estão entre os mais
comercializados e
representam 58% das
vendas realizadas em todo o
país. O Volare A6 Executivo/
VIP exposto na Festa da Uva
foi preparado com pintura
especial alusiva ao evento.
Motor Cummins dasérie C no ônibus VW
A MWM pôs à disposição do
mercado seus motores
eletrônicos Série 12, com
quatro e seis cilindros. São
o MWM 4.12 TCAE e o
MWM 6.12 TCAE, com 4.8
litros e 7.2 litros de
cilindrada total. Na versão
quatro cilindros, eles
equipam o miniônibus VW
8.150 EOD, o microônibus
VW 9.150 EOD e o ônibus
médio VW 15.180 EOD. Na
versão seis cilindros, os
médios VW 17.210 EOD e
VW 17.260 EOT,
recém-lançados.
Volare em exposição
Motores eletrônicosMWM para omercado brasileiro
Fo
tos:
Div
ulg
ação
10 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
mpresaE
Planalto: pioneirismo equalidade nas estradas
Em novembro, a Planalto Transportes comemorou 55 anos
de atividades. As dimensões do grupo empresarial
gaúcho e sua expressiva performance nos dias de hoje
são o resultado do empreendedorismo e da persistência
do fundador da empresa, José Moacyr Teixeira.
REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 11
Ao longo dos anos, desde que criou
a Planalto, José Moacyr Teixeira en-
frentou inúmeros obstáculos, a come-
çar pelas péssimas condições das es-
tradas na primeira metade do século
passado, quando não havia asfalto, mas
muita poeira – ou lama, quando chovia.
Hoje, a companhia, que tem sede
em Santa Maria, a 292 km de Porto
Alegre, conta com 240 ônibus e trans-
porta 4,8 milhões de passageiros por
ano. Investe constantemente na busca
de novas tecnologias e foi a primeira
empresa do país a adquirir os ônibus
de 14 metros, em 1996, quando fo-
ram liberados para comercialização e
uso no país. Os veículos contam com
sistema antibloqueio das rodas (freios
ABS) e cinto de segurança individual.
Além desses itens, que aumentam
a garantia de segurança nas viagens, a
Planalto oferece, em algumas de suas
linhas, o sistema de Vendas Embar-
cadas (On Bord Vendig Machine), com
máquina automática instalada no inte-
rior do ônibus para a venda de produtos
como refrigerantes e salgadinhos. A im-
plantação do sistema foi motivada por
pedidos dos passageiros, principalmen-
te em viagens de longo percurso.
A empresa dispõe de oficinas pró-
prias e pessoal altamente qualificado
para a manutenção da frota, tanto pre-
ventiva como corretiva.
ESTRUTURA
A Planalto conta com o trabalho de
985 funcionários. Para o recrutamento
e seleção dos colaboradores, a empre-
sa mantém equipe multidisciplinar for-
mada por engenheiros, técnicos e ana-
listas de RH. Os investimentos em re-
cursos humanos objetivam incentivar o
autodesenvolvimento de todo o pessoal.
Adotando métodos gerenciais avança-
dos e modernas tecnologias de opera-
ção, a Planalto evolui sempre. Ela in-
veste em projetos que proporcionem
maior rapidez, agilidade e segurança nos
serviços. Exemplo disso é o Sistema
de Informatização e Telecomunicações,
que interliga suas bases, proporcionan-
do permanentemente informações on
line, o que dinamiza as decisões e pro-
cessos, além de customizar a transfe-
rência de dados.
Todo trabalho na Planalto Transpor-
tes está voltado à busca da excelência.
O esforço explica por que a empresa
está entre as marcas mais lembradas
do Rio Grande do Sul. O atendimento
ao passageiro, por exemplo, é uma das
suas características de qualidade mais
reconhecidas. Uma das inovações é a
formação de profissionais específicos,
como os Comissários (ou Comissárias)
de Embarque , treinados para oferecer
atenção especial aos passageiros nas
estações rodoviárias. Além desse
pioneirismo, a Planalto também foi a
primeira empresa do Rio Grande do Sul
a contratar mulheres para trabalhar
nessa área. Aliás, hoje, elas já são
maioria na equipe.
TREINAMENTO
Para chegar a dirigir um ônibus ou
caminhão da Planalto Transportes, o
motorista passa por intenso treinamen-
to, com duração mínima de 140 horas
e aulas teóricas e práticas. Na primei-
ra aula, recebe noções de oficina, com
abordagem específica do funcionamen-
to mecânico e elétrico do ônibus e do
ar-condicionado. Recebe, igualmente,
noções de borracharia. O processo pro-
porciona o conhecimento do veículo e
boa autonomia ao motorista em casos
de panes de pequenas proporções.
Em seguida, vêm as aulas teóricas
de Condução Econômica e Direção De-
fensiva. As instruções de Condução
Econômica abordam técnicas de ope-
ração, buscando aumentar a durabili-
Div
ulg
ação
12 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
dade do veículo, proporcionar maior
conforto aos passageiros e racionalizar
o consumo de combustível. Utilizando
tais técnicas, o motorista automatica-
mente estará conduzindo o veículo de
maneira segura. A Direção Defensiva
objetiva a conscientização do profissio-
nal, esclarecendo a importância da pre-
venção de acidentes, inclusive em face
da conduta incorreta de outros profissio-
nais ou veículos, e sob condições ad-
versas. Nas aulas, procede-se à análi-
se detalhada de diversas situações. O
treinamento tem o objetivo de formar
uma cultura voltada à segurança.
Para a fixação dos conceitos, são
utilizadas palavras-chaves. “Conheci-
mento e atenção”, por exemplo, repre-
sentam o que é mais necessário para
uma condução prudente. “Conhecimen-
to da estrada”, abrangendo as caracte-
rísticas físicas e de trafegabilidade da
rodovia, proporciona ao motorista mais
segurança, complementada pelo nível
de atenção que deve ser dada a ela.
São dados também esclarecimen-
tos sobre “Situação de Risco”. A ex-
pressão designa o momento em que o
motorista deve redobrar seus cuidados
porque a ocorrência ou não de algum
acidente depende somente do seu com-
portamento. Os aspectos técnicos,
como preparação para viagem e carac-
terísticas dos ônibus, também são abor-
dados nessa fase. Somente depois dis-
so, totalizadas 72 horas de envolvi-
mento, o motorista é encaminhado às
aulas práticas, nas quais vivencia as
situações estudadas anteriormente.
Mesmo após ser aprovado em to-
das as etapas, o motorista ainda não
irá trabalhar sozinho. Durante dez via-
gens, no mínimo, será acompanhado por
motoristas mais experientes, os
“Multiplicadores”. E para garantir que
os ensinamentos estão sendo seguidos,
um “Motorista Orientador” acompanha
os condutores em algumas das viagens.
A Planalto, porém, não busca so-
mente a instrução técnica. Os aspec-
tos psicológicos e motivacionais são
trabalhados, tomando como ponto de
partida o entendimento de que “quali-
dade se faz com pessoas”.
mpresaE
Pedro Antonio Teixeira, Diretor Presidente da Planalto Transportes.
REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 13
Nos primeiros tempos, muitos dos trajetos eram bastante difíceis de percorrer. A
transposição de rios, por exemplo, tinha de ser feita com o auxílio de balsas.
Pedro Antonio Teixeira (Diretor Presidente), Maria Consuelo Teixeira Dall Ponte
(Diretora Financeira), Jacob Antonello (Diretor Executivo), Reinaldo Herrmann
(Diretor Executivo) e Flávio Alberto Paskulin (Diretor de Cargas).
Diretoria
Faturamento em 2003 R$ 94.000.000,00
Km rodados 36 milhões
Passageiros transportados 4,8 milhões
Número de funcionários 985
Frota 240 ônibus
Veículos de carga 45
Número de conhecimentos 770.000
Número de volumes 3.000.000
Carga transportada 26.500.000 kg
Os números da empresa
CARGAS
Desde 1978, o grupo também atua
na área de cargas. As operações estão
focadas na velocidade e na qualidade
dos serviços de transporte de merca-
dorias. São utilizados 45 caminhões. A
malha de distribuição de cargas abran-
ge todas as cidades do Rio Grande do
Sul e de Santa Catarina, e também se
estende ao oeste do Estado do Paraná,
São Paulo, Minas Gerais, Goiânia,
Bahia, Tocantins e Distrito Federal.
ATUAÇÃO SOCIAL
A Planalto apóia várias entidades que
cuidam de pessoas carentes, em diver-
sas regiões do Rio Grande do Sul. En-
tende que essa forma de atuação é um
dos aspectos que distinguem as em-
presas socialmente responsáveis.
Desde junho de 2003, ciente de que
a identidade de um povo está em sua
cultura, a companhia utiliza o espaço
da parte traseira de seus ônibus para
divulgar trechos de músicas de compo-
sitores gaúchos. É o projeto Bus Door
Cultural, muito bem aceito pela socie-
dade e que, até agora, rodando perma-
nentemente pelo Estado, homenageou
mais de 80 autores e 60 obras.
Fo
tos:
Div
ulg
ação
14 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
Em 31 de agosto de 1944, em plena Segunda Guerra Mundial, José Moacyr
Teixeira, comerciante de secos e molhados, comprou um ônibus e passou a
transportar passageiros entre Vila Jóia e Tupanciretã, na região das Missões,
no Rio Grande do Sul. Com o mesmo veículo, operava também a linha entre
Vila Jóia e Santo Ângelo. Além de administrar o negócio, Seu José, como é
conhecido, dividia com os funcionários as tarefas de motorista e mecânico,
sempre contando com o apoio de sua esposa, Dona Norma. Trabalhou nisso
por dois anos e meio, agregando ao ramo ainda outras atividades, como o
transporte de encomendas, a compra e venda de produtos diversos e a presta-
ção de serviços de despachante.
Mais tarde, vendeu a empresa e dedicou-se a outros negócios. Porém, em
novembro de 1948 – portanto, há 55 anos –, junto com mais dois sócios,
criou uma nova empresa, a Planalto Transportes. Dois ônibus faziam o trajeto
entre Santo Ângelo e Santa Maria, em ambos os sentidos. A viagem durava no
mínimo dez horas, devido ao mau estado das estradas de terra da época.
Durante anos, além de ser o administrador da empresa, José Teixeira
dividiu com os funcionários as tarefas de motorista e mecânico. Com o pas-
sar do tempo, foram sendo abertas outras linhas, como a Santa Maria-Porto
Alegre e a Santa Maria-Cachoeira do Sul. Enquanto isso, a frota crescia.
O desenvolvimento da empresa também se deu pela aquisição de outras
operadoras, como a Expresso Panambi, em 1975; a Viação Vila Branca, em
1976, e a Empresa Barin, em 1981. Nesse ano, foi inaugurada a primeira
linha internacional, ligando Uruguaiana a Paysandu, no Uruguai. Outras linhas
para o Uruguai foram Santa Maria-Livramento e Santa Maria-Montevidéu.
Em 1989, o comando da empresa foi transferido para os filhos. Mas o
fundador não se aposentou. Além de manter as funções de conselheiro, José
Moacyr Teixeira passou a administrar sua empresa agropecuária, enquanto a
Planalto fazia novas aquisições, entre elas as da Expresso ABC, Expresso
Albatroz e Expresso Princesa.
Um pioneiro e sua obra
• JMT Administração e Participa-
ções Ltda.
Holding que administra as demais
empresas.
• Veísa
Concessionária Mercedes-Benz,
com três revendas que atendem
as áreas de Santa Maria, Passo
Fundo, Entre-Ijuís, Carazinho, San-
ta Rosa e Uruguaiana, no Rio Gran-
de do Sul, e inclui revenda de
pneus e recapagem Michelin.
• Planalto Turismo
Com sede em Santa Maria e filial
em Porto Alegre, atende aproxima-
damente 300 mil turistas por ano.
• Estações Rodoviárias
Nas cidades de Alegrete,
Uruguaiana, São Borja e Rio Gran-
de, todas no Rio Grande do Sul.
Outras empresas do grupo
O espaço da traseira dos ônibus é usado
pela Planalto para divulgar trechos de
músicas de compositores gaúchos.
mpresaE
Fo
tos:
Div
ulg
ação
16 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
hassiC
A Scania sacodeo mercado outra vez
Inspirada no
desempenho da marca
no ano passado e,
especialmente, no
sucesso do Projeto
Ponto a Ponto, a
Scania inicia uma nova
campanha itinerante
de vendas.
Agora é a vez do Projeto K 94, lan-
çado em São Bernardo do Campo
em janeiro e que, na sua primeira fase,
já foi apresentado às praças do Rio de
Janeiro, Belo Horizonte e Salvador. Em
seguida, atingirá outras 16 capitais
brasileiras, além de cidades médias
como Imperatriz (MA), Uberlândia
(MG), Ribeirão Preto (SP) e Londrina
(PR). O périplo se estenderá até o mês
de junho.
A idéia básica é a mesma: mostrar
o chassi Scania devidamente encar-
roçado aos potenciais compradores es-
palhados pelo Brasil, de modo que pos-
sa ser analisado e comparado com os
produtos concorrentes. Porém, ao con-
trário do Ponto a Ponto, o K94 está
voltado para um único modelo de chas-
si, o K94 IB4x2 NB. Com isso, a monta-
dora demonstra claramente sua inten-
ção de ingressar de modo definitivo no
mercado de ônibus rodoviário para cur-
tas distâncias. Leia-se: ônibus para fre-
tamento ou para linhas intermunicipais,
e receptivos de turismo (transfer).
Como se sabe, para operar nessas
situações os veículos devem ter potên-
cia normalmente inferior a 330 cv e
configuração 4x2, com capacidade para
o transporte de 46 passageiros ou me-
nos. As carroçarias são relativamente
despojadas, mas com toalete. No caso
do receptivo de turismo, devem dispor,
inclusive, de ar-condicionado.
A intenção confessada é conquis-
tar, até dezembro, 8% desse mercado,
o que significaria vender aproximada-
mente 75 unidades. Na realidade, a
meta é conservadora; embora a área
de vendas de ônibus não admita, tudo
indica que tentará, no mínimo, superar
a casa das 100 unidades comerciali-
zadas. “Estamos de volta, e com novo
fôlego. Vamos surpreender o mercado
outra vez”, avisa Wilson Pereira, dire-
tor de Vendas de Ônibus da Scania no
Brasil, com a confiança de quem levou
um projeto inédito como o Ponto a Ponto
a 24 cidades brasileiras e comercia-
lizou pelo menos 125 ônibus como con-
seqüência direta dessa ousadia.
Em comparação com o anterior, o
Projeto K94 é comercialmente mais
audacioso e agressivo: encara fron-
Div
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ação
18 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
hassiC
talmente a concorrência ao insistir
na comparação direta do preço e das
características do produto, que esta-
rão sendo minuciosamente disse-
cadas aos olhos do cliente. Vai mais
além ao assumir, claramente, que
está praticando uma redução no pre-
ço do chassi K94 4x2. Segundo Wil-
son Pereira, será um preço menor
que o chassi 0 500 da Mercedes-Benz
e pouco superior ao do chassi mais
barato do mercado, o 310 da
Volkswagen. É o que Pereira chama
de “adequação”, possibilitada pelos
ganhos de escala proporcionados prin-
cipalmente pelas exportações e pelo
sistema modular de produção. “Se-
guramente, vamos ser competitivos no
segmento”, acredita o diretor de Ven-
das de Ônibus da Scania.
SUPERIORIDADE
Antes do lançamento oficial, a
montadora reuniu em São Bernardo re-
presentantes de toda a sua rede de con-
cessionários para “vender” o
conceito da superio-
ridade do
chassi K94 em relação aos demais. Isso
implicou, entre outras coisas, em um
estudo meticuloso dos outros produtos
que disputam a preferência dos frotistas
no segmento.
Para concretizar a idéia, a Scania
está contando, mais uma vez, com a
participação das encarroçadoras. Dada
a característica mais “enxuta” do pro-
jeto, foram convidadas apenas três par-
ceiras, a Comil, a Marcopolo e a CAIO.
Cada uma encarroçou um chassi (sem-
pre o K94 IB4x2 NB), mas diversifi-
cando o tipo de aplicação.
Como a Scania produz outros tipos
de chassi em versões muito próximas
à do K94 IB4x2 NB, especulou-se so-
bre o risco de canibalização dos demais.
Wilson Pereira não concorda: “O que
pretendemos é inserir definitivamente
o K94 IB4x2 NB no mercado de curtas
distâncias, reforçando nossas vendas.
Para isso, adequamos o preço, man-
tendo, ao mesmo tempo, todas as prin-
cipais características do veículo. Não
haverá canibalização”.
Entre as características que foram
mantidas estão o motor de 310 cv, a
suspensão a ar e o câmbio de sete
marchas com Comfort Shift, dispositi-
vo que exige menos esforço do moto-
A Scania acredita que
tem o melhor chassi também para
o segmento de curtas distâncias e
decidiu mostrá-lo ao mercado.
18 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
Fo
tos:
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REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 19
O otimismo da Scania em relação às possibilidades
de 2004 também está sendo turbinado pela venda de
um lote de dez unidades do seu ônibus urbano de 15
metros, o L94 6x2*4, com capacidade para transportar
até 100 passageiros. Desde o lançamento desse mode-
lo, mais de dois anos atrás, a montadora vinha tentando
demonstrar suas vantagens em relação aos articulados.
Os argumentos finalmente seduziram a Viação Santa
Brígida, da cidade de São Paulo, que decidiu utilizar o 15
metros no recém-inaugurado corredor Pirituba-Centro. O
detalhe é que há mais de dez anos a Scania não vendia
ônibus urbanos para operadoras paulistanas.
A Scania está convencida de que outras vendas se
seguirão. “Com as novas diretrizes da Prefeitura de São
Paulo, que valorizam o conforto dos passageiros e visam
a dinamizar o transporte coletivo, os nossos chassis tor-
nam-se as melhores alternativas frente aos veículos de
baixa tecnologia que predominam na frota paulistana”,
acredita Wilson Pereira.
O executivo estima que, em conseqüência de tais
diretrizes, o mercado da capital paulista tenderá a ab-
sorver pelo menos 400 ônibus de grande capacidade,
entre articulados e veículos de 15 metros.
Nessa estimativa, entra a meta da Scania de colocar
na cidade de São Paulo pelo menos 50 unidades do ôni-
bus de 15 metros – único veículo que a companhia pro-
duz para o mercado de urbanos, depois de ter abdicado
definitivamente de participar do segmento de ônibus
médios leves.
Mais tecnologia nosegmento urbano
rista na condução. Dessas e de outras características decor-
rem vantagens como, por exemplo, o maior torque do seg-
mento (1.355 Nm a 1.350 rpm). Tal vantagem resulta, por
sua vez, em mais conforto e produtividade, e em menor con-
sumo de combustível. Pereira destaca ainda o fato de que o
motor atinge sua potência máxima (310 cv) a 2.000 rpm –
rotação que fica abaixo daquela exigida para os concorren-
tes. “Isso representa menor desgaste e maior durabilidade
dos componentes”, argumenta o diretor da Scania. Ele acres-
centa ainda dois dados interessantes: os cabeçotes são indi-
viduais, facilitando a manutenção. E a capacidade total de
carga dos eixos também é a maior da categoria: 19.500
quilos.
ESTÍMULO
A idéia de lançar um novo projeto itinerante foi estimula-
da pelos resultados de vendas alcançados no ano passado,
quando a montadora registrou crescimento equivalente a 62,6%
no segmento rodoviário, em comparação com o ano anterior.
Deve-se considerar que 2002 foi um ano ruim, ou “atípico”,
como preferem os executivos da montadora, mas o fato é
que em 2003 a Scania ocupou a segunda posição em ven-
das, com 35,1%. Ficou atrás somente da DaimlerChrysler,
cuja participação atingiu 47,1%.
Entre os principais negócios feitos pela Scania no ano
passado houve a venda de 105 chassis para a Gontijo e de
25 unidades para a Andorinha, que havia passado 15 anos
sem comprar ônibus da marca.
Com carroçarias Marcopolo, Comil
e CAIO, os ônibus viajaram
em caravana na primeira fase do projeto.
22 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
ncarroçadoraE
Busscar está prontapara voltar a produzir
O vice-presidente da Busscar Ônibus,
Cláudio Roberto Nielson, participa de reunião da
Diretoria da ABRATI, em Brasília, e faz explanação
sobre o atual estágio dos negócios da empresa e
os preparativos para retomada da produção e para a
volta aos mercados interno e externo.
A moderna unidade
industrial da Busscar
Ônibus, localizada em
Joinville-SC.
Div
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REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 23
O vice-presidente da Busscar Ônibus, Cláudio Roberto Nielson, fala a diretores da ABRATI.
Foi concluído o projeto de re-
engenharia financeira que permiti-
rá à Busscar Ônibus retomar sua pro-
dução em níveis normais e voltar ao
mercado. Em explanação aos diretores
da ABRATI, no início de março, o vice-
presidente da encarroçadora, Cláudio
Roberto Nielson, informou que foram
renegociados todos os débitos com cre-
dores e obtido importante aporte de
recursos do Banco Nacional de Desen-
volvimento Econômico e Social. Tais
recursos serão utilizados como capital
de giro.
Após quase dois anos fora do mer-
cado, a Busscar volta cerca de 35%
menor do que era antes da crise por
que passou, mas Cláudio Nielson esti-
ma que em três anos a empresa con-
seguirá retornar aos patamares anteri-
ores de produção e faturamento, vol-
tando a constituir-se em opção de qua-lidade para os empresários dos seto-
res de transporte urbano e rodoviário
de passageiros.
O vice-presidente da
Busscar relatou aos em-
presários da ABRATI as
medidas adotadas para
promover uma significa-
tiva redução dos custos
administrativos. Ele
também agradeceu a
confiança que o setor de
transporte de passagei-
ros sempre depositou na
tradicional companhia
catarinense.
O projeto de reestru-
turação financeira foi ar-
ticulado pelo Bacional de
Desenvolvimento Econô-
mico e Social, que en-
trou com uma parcela
de R$30 milhões desti-
nados a capital de giro,
com um ano de carên-
cia e quatro anos para
pagamento. Duas mon-
tadoras aportaram R$13 milhões, a se-
rem restituídos em 12 parcelas. As dí-
vidas com fornecedores, que somam
R$51 milhões, serão pagas em até 24
meses, com carências que vão a até
dois 2 meses. Finalmente, os bancos
credores concederam um ano de carên-
cia e quatro para o pagamento do mon-
tante de R$ 240 milhões.
A situação dos ex-acionistas da
empresa, que tiveram sua participação
adquirida pela família controladora, tam-
bém ficou equacionada. Após 20 me-
ses de carência, eles irão receber
R$140 milhões, em 102 parcelas men-
sais.
Com todas essas providências, a
empresa alongou sua dívida em cinco
anos.
A Busscar produziu 5.538 carro-
cerias em 2001, caindo para 951 uni-
dades no ano passado. A expectativa
do vice-presidente Cláudio Nielson é
fechar 2004 com 2.860 carroçarias
produzidas, sendo que 1.347 serão
destinadas ao mercado interno e 1.513
ao mercado externo.
REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 23
Júli
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ern
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des
26 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
ontadoraM
Volks amplia o conceito deônibus sob medida
A Volkswagen Caminhões e Ônibus apresenta sua linha
de ônibus eletrônicos e também seu primeiro chassi
rodoviário, que teve 100 unidades vendidas à
Pluma Conforto e Turismo, ainda antes do
lançamento oficial. Ao todo, oito modelos
estão sendo acrescentados à família
Volksbus, elevando para 13 as
opções oferecidas aos frotistas
e transportadores
autônomos.
REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 27
Roberto Cortes acha que
para a Volkswagen 2004 é
o ano dos eletrônicos.
Alista dos novos lançamentos da Volkswagen Caminhões e Ônibus é de fazer
inveja à indústria automobilística de qualquer país. Começa pelo minibus VW
8.150 EOD e pelo microônibus VW 9.150 EOD, ambos com opções de motores
MWM e Cummins. Passa pelos ônibus médios VW 15.180 EOD, VW 17.210 EOD
e VW 17.260 EOT e termina com o primeiro chassi rodoviário da marca, o VW
18.310 OT. “Quem tem um terço do mercado já pode investir em uma família”,
justifica Antonio Dadalti, Diretor de Vendas de Ônibus da Volkswagen.
Os chassis da nova linha estão chegando à rede de revendedores em mar-
ço e abril, mas desde fevereiro a Volkswagen não mais comercializa chas-
sis mecânicos para o segmento de transporte urbano. Ou seja: a partir de
agora toda a linha de urbanos da marca está equipada somente com
motores eletrônicos. Aliás, até o momento, mais de 50 ônibus eletrôni-
cos da linha 2004 já foram vendidos – metade deles antes do lança-
mento oficial, ocorrido no dia 15 de março. Quanto aos segmentos
rodoviário e de fretamento, o chassi VW 18.310 OT Titan continua
disponível somente na linha mecânica.
Roberto Cortes, Vice-Presidente da Volkswagen Caminhões e
Ônibus, explica que não foi feita uma simples substituição da
linha mecânica pela eletrônica. O que a montadora pretende é
proporcionar aos frotistas do transporte urbano a possibilida-
de de operação otimizada em cada situação ou itinerário.
“A eletrônica pode nos dar bem mais que a redução do
consumo de combustível”, ensina Antonio Dadalti, garan-
tindo que os ônibus eletrônicos VW viabilizam o sonho do
frotista de dispor de um veículo específico para cada
rota. Assim, a montadora buscou potencializar todas as
vantagens proporcionadas pelo sistema de gerenciamento
eletrônico, como flexibilidade de progra-
mação, ganhos de eficiência, durabilidade
e confiabilidade. Para tanto, criou um pacote ele-
trônico que permite programar em detalhes o desempe-
nho do carro. Nos testes, a economia global foi de 15%, em
média, em favor da linha eletrônica.
Roberto Cortes diz que está sendo atingido um novo patamar
na aplicação prática do conceito Tailor Made (sob medida), que
passa a abranger todas as etapas de atendimento ao consumidor
– da encomenda à fábrica até a satisfação de empresários e pas-
sageiros. Objetivo: obter a melhor relação custo-benefício, a exata
adequação do produto às necessidades do cliente, conforme o
slogan “menos você não quer, mais você não precisa”.
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28 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
Parte fundamental do pacote eletrô-
nico desenvolvido pela Volkswagen é a
ferramenta de diagnóstico VCO-950, que
está sendo utilizada pelos monitores de
Pós-Venda da companhia e pelas ofici-
nas de toda a rede de concessionários.
O VCO-950 lê e coleta dados de opera-
ção e depois oferece ao cliente todas
as alternativas de programação dos veí-
culos. O próprio cliente pode estabele-
cer as alternativas mais eficientes e
econômicas de programação, conside-
rando variações de rotas, troca de car-
ros, diferenças de horários, densidade
de tráfego nas estradas etc.
O equipamento permite ajustar o
desempenho do veículo, determinando
a máxima rotação por marcha, limitan-
do a velocidade e até atendendo a itens
de segurança como, por exemplo, im-
pedir o tráfego com portas abertas e
bloquear a ignição caso a marcha este-
ja engrenada. As alterações são facil-
mente reversíveis.
Movimentando-se apenas seis bo-
tões, pode-se acessar mais de 300 fun-
ções, em tempo real, entre elas a iden-
tificação do motor, sua velocidade, ro-
tação, temperatura do líquido de arre-
fecimento, pressão do turbocompres-
sor e do óleo, fator de carga,
posição do acelerador e
torque de saída.
Outro acessório disponível para veí-
culos Volkswagen com motorização ele-
trônica é o novo sistema de geren-
ciamento operacional, baseado em com-
putador de bordo que fornece dados ins-
tantâneos e acumulados sobre o veícu-
lo. Para o modelo VW 17.210 EOD, a
fábrica oferece também um sistema fle-
xível de rotas, com possibilidade de al-
terar as relações de eixo traseiro, de
acordo com as características da linha.
COMMOM RAIL
Os novos chassis para operação ur-
bana estão equipados com motores ele-
trônicos MWM X.12 TCAE e Cummins
Interact, que cumprem as exigências
Conama V (Euro III) e utilizam o siste-
ma de injeção de combustível denomi-
nado Common Rail. Uma bomba
pressuriza o combustível no Rail (reser-
vatório) que alimenta os bicos injetores.
Válvulas selenóides comandadas pela
Central Eletrônica (ECM) controlam a
dose exata de combustível em cada ci-
lindro, permitindo o melhor aproveita-
mento do torque e da potência.
ontadoraM
VCO-950, um dos segredos dos chassis VW
A fábrica da Irizar Brasil, em
Botucatu-SP, está concluindo o
encarroçamento dos 100 chassis
Wolkswagen 18.310 OT adquiridos
no fim do ano passado pela Pluma
Conforto e Turismo. Pintados com
nova e vistosa programação visual,
os ônibus – com carroçaria Century
– passam a fazer parte da bela pai-
sagem das rotas da empresa no
Brasil, na Argentina e no Chile.
A Pluma utilizava exclusiva-
mente ônibus de três eixos nas
suas linhas de longa distância,
mas, a partir de agora, os veícu-
los serão de dois eixos, com aca-
bamento luxuoso, suspensão pneu-
mática e motor traseiro de 303 cv.
A intenção é simplificar a planilha
de custos, facilitando as opera-
ções de manutenção, reduzindo as
despesas com pedágio e economi-
zando no combustível, sem deixar
de oferecer conforto e praticidade
aos usuários, já que quase to-
das as viagens são de lon-
ga duração.
Pluma troca de chassis
e opta pela carroçaria
Century Irizar
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REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 29
ransportesT
Novo Ministro promete“remover entraves”
As estradas, ferrovias e portos não podem ser entraves ao desenvolvimento do país, afirma o
novo Ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento, que assumiu o cargo no dia 14 de março,
em substituição ao titular anterior, Anderson Adauto.
Minha tarefa será tentar eliminar
os entraves e ajudar o Brasil a
saldar essa dívida com seu povo”, defi-
ne Alfredo Nascimento. Ele reconhece
a dificuldade e as dimensões do desa-
fio que lhe foi proposto pelo Presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, e diz estar
consciente de é que preciso construir
um caminho novo para o Brasil, elimi-
nando tais entraves. Acrescenta que,
em seu modo de ver, somente o desen-
volvimento, com a geração de empre-
gos e renda, será capaz de mudar a
situação do País.
Como prefeito de Manaus, Nasci-
mento desenvolveu projetos importan-
tes, entre eles a redução da alíquota
do ISS das empresas de transporte ur-
bano, medida que possibilitou a estabi-
lidade do preço das passagens.
Ao empossar o novo Ministro, o
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva lem-
brou as dificuldades de comandar o
Ministério dos Transportes, devido à fal-
ta de recursos, mas ressaltou: “O se-
tor de Transportes é vital e prioritário
para o Governo. A tarefa não é fácil. A
demanda é sempre maior que a quanti-
dade de recursos disponível”, disse.
Lembrou que o novo Ministro encon-
trará uma série de obras paralisadas e
que, agora, o grande desafio será reto-
mar o andamento dos trabalhos, desati-
vando os gargalos que impedem o cres-
cimento do País.
Natural de Martins (RN), Alfredo
Nascimento tem 51 anos. Foi vice-go-
vernador do Estado do Amazonas e Su-
perintendente da Zona Franca de
Manaus. Estava em seu segundo man-
dato como prefeito de Manaus ao ser
convidado para o Ministério dos Trans-
portes. Como Ministro, pretende pro-
mover, em nível nacional, uma ampla
discussão sobre a necessidade de sub-
sidiar o transporte público, viabilizando
o que chama de “tarifa social do trans-
porte coletivo”.
“
Agên
cia
Bra
sil
30 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
ncarroçadoramundialE
No mês passado, a Marcopolo con-
tou com a presença do Presiden-
te Lula para inaugurar as novas linhas
de montagem da sua principal unidade
de produção. Ana Rech, em Caxias do
Sul (RS), é também a maior entre suas
fábricas e, em grande parte, respon-
sável por todos os grandes avanços al-
cançados pela companhia no competi-
tivo setor da produção de carroçarias
para ônibus.
Os executivos da empresa estão
bastante otimistas com relação a 2004.
Acreditam em bom desempenho nos
mercados interno e externo. O diretor
de Relações com os Investidores, Carlos
Zignani, prevê crescimento de 12,5%
Marcopolo vê boasperspectivas para 2004
nas vendas e, melhor ainda, equilíbrio
entre exportação e comercialização no
mercado interno.
Na verdade, já em 2003 a Marco-
polo superou suas próprias expectati-
vas. Esperava obter uma receita líqui-
da de R$ 1,25 bilhão e acabou chegan-
do a R$ 1,29 bilhão. Para este ano, a
projeção é alcançar a receita líquida de
1,45 bilhão.
De novo, a empresa estará empe-
nhada em buscar novos mercados e con-
solidar os já existentes. Ela aposta nes-
sa estratégia como meio de tornar-se
menos vulnerável às oscilações da eco-
nomia brasileira.
Mas a encarroçadora também acre-
dita na evolução do mercado interno,
como conseqüência de vários fatores.
Um deles é o fato de 2004 ser ano de
eleições municipais, quando as admi-
nistrações interessadas em novos man-
datos costumam investir em transpor-
te coletivo. Outro fator, segundo Carlos
Zignani, é a demanda reprimida exis-
tente. Forçadas pela defasagem
tarifária, muitas empresas reduziram
suas compras de novos ônibus, mas
essa é uma situação que não pode se
se prolongar indefinidamente.
A relativa recuperação do volume de
passageiros observada no segundo se-
mestre do ano passado pode estimular
as transportadoras a rever seus progra-
No ano passado, a maior encarroçadora brasileira superou todas as suas suas metas de vendas.
Neste ano, inaugurou a nova linha de montagem da unidade Ana Rech, em Caxias do Sul, e
prepara-se para investir R$ 50 milhões no desenvolvimento de produtos e novas tecnologias.
REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 31
No ano passado, a produção total
de carroçarias de ônibus da Marcopolo
alcançou 14.362 unidades. A produção
saiu de suas duas fábricas em Caxias
do Sul, da fábrica Ciferal no Estado do
Rio de Janeiro e das cinco unidades ins-
taladas na Argentina, Colômbia, Méxi-
co, Portugal e África do Sul. Juntas,
elas fabricaram 1.271 unidades.
Os segmentos de maior crescimen-
to na produção da Marcopolo em 2003
foram o de microônibus (1.776
carroçarias fabricadas) e o de mini-
ônibus (3.512 unidades). Foram produ-
zidos 3.028 ônibus rodoviários e 4.775
urbanos. A companhia exportou 4.400
unidades.
As vendas internas asseguraram a
participação de 47% no mercado brasi-
leiro, confirmando sua liderança e a con-
dição de maior fabricante de ônibus do
país. As projeções para 2004 apontam
para uma produção total de 15.500
carroçarias.
As novas linhas de montagem inauguradas pelo Presidente da República na unidade
Ana Rech, em Caxias do Sul, fazem parte de um abrangente programa de investimentos
a ser implementado neste ano nas empresas do grupo. “As melhorias e mudanças
realizadas colocam a unidade de Ana Rech entre as de mais elevado padrão de qualida-
de na indústria mundial de ônibus”, destaca o diretor-geral da Marcopolo, José Rubens
De La Rosa.
Nas novas linhas serão produzidos modelos rodoviários e outros de tecnologia avan-
çada, como o projeto de ônibus híbridos, recentemente desenvolvido.
Inaugurado em fevereiro de 1981, o complexo industrial de Ana Rech é o maior da
Marcopolo e já passou por diversas ampliações.
Em Caxias do Sul, a mais modernalinha de montagem de ônibus
mas de renovação da frota. Além dis-
so, fabricantes e compradores de ôni-
bus esperam que o BNDES finalmente
se decida a implementar linhas de fi-
nanciamento mais favoráveis na com-
pra de bens.
O cenário externo apresenta boas
perspectivas para uma empresa global
como a Marcopolo. As importações de
ônibus por países do Oriente Médio
poderão ganhar impulso em 2004.
Mesmo países vizinhos, como a Argen-
tina, deverão retomar gradualmente
suas compras. Chile e Colômbia dão
sinais de um possível incremento nas
suas aquisições e até a economia dos
Estados Unidos – país onde a Marcopolo
já fincou pé – vive um momento favorá-
vel às pretensões dos fornecedores ex-
ternos de ônibus.
Ladeado por José Antônio Martins e Paulo Bellini, diretores da Marcopolo, o Presidente Lula
conheceu a unidade Ana Rech, em Caxias do Sul, e percorreu as novas linhas de montagem.
Juntamente com o governador do Rio Grande do Sul, Germano Rigoto, o Presidente da
República descerra a placa comemorativa do início de produção na nova linha.
Números refletem umano de boas conquistas
REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 31
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32 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
emóriaM
Falta de recursos ameaçaacervo histórico rodoviário
Lamentavelmente, a primeira coisa
que o visitante observa ao visitar o
Museu Rodoviário de Paraibuna, locali-
zado no município fluminense de Levy
Gasparian, é a inadequação das insta-
lações. Muitas peças simplesmente fi-
cam expostas ao tempo e correm o ris-
co de completa deterioração. A Prefei-
tura local ainda luta por verbas para não
deixar que se perca uma parte da me-
mória nacional. Trata-se de um acervo
do antigo Departamento Nacional de Es-
tradas de Rodagem – DNER – que in-
No município de Levy Gasparian, no Estado do Rio de Janeiro, e a apenas 50 quilômetros de Juiz
de Fora-MG, o Museu Rodoviário de Paraibuna resgata parte da história das estradas brasileiras.
clui veículos, máquinas, documentos,
artefatos, pinturas, motores, marca-
dores, equipamentos e todo tipo de
objetos empregados na construção e
manutenção de estradas no Brasil.
A importância histórica do museu
começa pelo próprio imóvel que ele
ocupa. Erguido em 1860 pela Compa-
nhia União Indústria, empresa que na
época foi encarregada da construção da
estrada que ligava Petrópolis a Juiz de
Fora, o prédio abrigava a 8ª Estação de
Muda. Existiam 12 dessas estações no
percurso. Eram locais de descanso e
de troca dos cavalos que puxavam as
diligências. Antes da 8ª Estação, fun-
cionou no local um posto fiscal deno-
minado Registro de Paraibuna. É a úni-
ca edificação que restou ao longo da
Estrada União Indústria, inaugurada em
1861 pelo Imperador D. Pedro II. Em
estilo de chalé francês, o prédio foi tom-
bado pelo Patrimônio Histórico Nacio-
nal, mas continua ameaçado, por falta
de recursos e, principalmente, por cau-
sa da burocracia oficial.
A carruagem que inaugurou a União
Indústria, primeira rodovia brasileira,
ainda nos tempos do Império.
REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 33
Na verdade, o museu não fica pro-
priamente na cidade, mas no distrito
de Mont Serrat, a 25 quilômetros de
Levy Gasparian. Esta, por sua vez, está
às margens da BR-040, que liga Belo
Horizonte ao Rio de Janeiro.
LOCOMOTIVA
Do lado de fora do prédio, expostos
às intempéries, estão um trator
Caterpillar 22 (conhecido como “cani-
vete”), que foi usado na construção da
estrada Rio-Bahia, em 1935, e depois
serviu como motor de arranque de gran-
des caminhões; um caminhão militar
Chevrolet produzido no fim da década
de 30 e com direção do lado direito,
equipado com motor diesel, tração 4x4
e único exemplar no Brasil; dois jipes
Willys, um de 1951 e outro de 1954;
um ônibus International ano 1960 e um
ônibus Ford tipo jardineira ano 1935,
usados no transporte de funcionários;
um rolo compressor de
granito, puxado por ani-
mais e utilizado nas obras de pavimen-
tação da primeira estrada brasileira; três
rolos compressores alemães a vapor,
construídos entre 1925 e 1927; uma
pequena locomotiva com dois vagonetes
utilizados para carregar brita, com 100
metros de trilho, e um rolo compressor
norte-americano da marca Buffalo-
Springfield, da década de 60.
EQUIPAMENTOS
Também na parte externa estão
espalhados britadores, polias, motores,
marcos de granito (com indicação de
distâncias em léguas), compressores,
arados, bebedouros, bomba de combus-
tível da década de 20, bebedouros para
animais, placas de inauguração de di-
versas rodovias e até mesmo um peda-
ço de piso de macadame. Ou seja, um
piso feito de uma mistura de pedras e
p i c h e ,
criado pelo
c a n a d e n s e
McAdams e bati-
zado com uma
derivação de seu
nome. Na década
de 20, só três países haviam utilizado
o macadame: Estados Unidos, Canadá
e Brasil. Completam o acervo exposto
ao tempo um equipamento completo de
escafandro, utilizado nas sondagens fei-
tas no Rio Doce para a construção de
pontes, e um compressor de ar ainda
do tipo manual.
No interior do prédio estão guarda-
Cadeirinha de arruar:
lembrança de uma
época de castas e
privilégios.
Antigos equipamentos
de construção de estradas
estão expostos
às intempéries.
Fo
tos:
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34 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
dos outros “tesouros”: uma motocicle-
ta Harley Davidson 1.200, de 1947,
com side-car e câmbio na mão esquer-
da; a carruagem Mazeppa, toda origi-
nal, fabricada em 1854, que inaugurou
a estrada União Indústria; um trole (es-
pécie de carruagem urbana); uma ca-
deirinha de arruar (na qual os escravos
transportavam pessoas); um rádio
Philco tipo “capelinha”; um rádio-
transmissor; uma coleção de chavei-
ros comemorativos; cerâmicas indíge-
nas desenterradas pelas máquinas
durante a construção de estradas; me-
dalhas, recortes e documentos impor-
tantíssimos, como a Carta Régia que
concedeu a Tiradentes a patente de
comandante das patrulhas das estra-
das, incumbidas de coibir o contraban-
do de ouro e diamantes. Data de 1871
e é assinada por Dona Maria I, mãe do
rei Dom João VI.
ACERVO AMEAÇADO
A Prefeitura de Levy Gasparian in-
forma que não dispõe de recursos para
promover a restauração do prédio e nem
para proteger a parte do acervo que fica
do lado de fora. O prefeito José Bento
Argon Sobrinho admite que tudo está
ameaçado de desaparecer se não fo-
rem providenciadas instalações adequa-
das. A Prefeitura mantém pessoas tra-
balhando como guias e guardas no lo-
cal, mas, mesmo que houvesse dinhei-
ro, o Departamento Nacional de Infra-
Estrutura de Transportes – DNIT – ain-
da não autorizou a restauração. O pre-
feito explica que o prédio foi tombado
como patrimônio histórico nacional,
mas o acervo ainda depende da conclu-
são do processo de tombamento pelo
Instituto do Patrimônio Histórico e Ar-
tístico Nacional – IPHAN. José Bento
Argon Sobrinho também está tentando
fazer com que a Fundação Roberto
Marinho se interesse em financiar a
restauração.
A chefe da Divisão de Análise de
Processo do Iphan, Alessandra Veloso,
informou que o processo do Museu está
em análise técnica desde 1998. Já a
Assessoria do DNIT diz que o contrato
que rege a administração do Museu ain-
da faz parte do processo de inventa-
riança do DNER. O Brasil não tem qual-
quer outro museu dessa natureza.
Ônibus Ford tipo jardineira, ano 1935, e
ônibus International, ano 1960: foram usados
no transporte de funcionários do DNER.
ServiçoLocalização: BR-040, município de
Levy Gasparian, distrito de Mont
Serrat, a 50 km de Juiz de Fora
Visitação: de 5ª a domingo, das
10 h às 17 h
Ingresso: gratuito
emóriaM
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36 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
ontadoraM
DaimlerChrysler vende mais100 Mercedes para BH
A DaimlerChrysler do Brasil está
comemorando a recente venda de mais 100
ônibus Mercedes-Benz para as operadoras
de transporte urbano de Belo Horizonte.
Enquanto isso, contabiliza o faturamento de
R$ 6 bilhões alcançado em 2003 e anuncia
para os próximos dois anos investimentos da
ordem de R$ 440 milhões em sua fábrica de
veículos comerciais.
As operadoras de transporte público urbano de Belo Hori-
zonte estão promovendo a renovação de suas frotas com a
aquisição de mais ônibus Mercedes-Benz. Até agora, 400 unida-
des já foram entregues. Em abril, estão sendo entregues outras
100 unidades.
O SetraBH, Sindicato das Empresas de Transporte de Belo
Horizonte, que representa as 50 empresas do transporte coleti-
vo de passageiros da cidade, adquiriu os chassis urbanos
Mercedes-Benz OF 1721, OF 1417 e OF 1418, com
encarroçamento feito pela Marcopolo. Cada veículo tem capaci-
dade para transportar até 43 passageiros sentados.
Segundo Iraci de Assis Cunha, presidente do SetraBH, os
novos veículos estão sendo integrados às frotas das empresas
de transporte público que operam nas linhas urbanas, sob a
Os rodoviários da série O 400
continuam sendo detentores de
importante fatia do mercado
brasileiro e latino-americano.
REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 37
coordenação do órgão gestor BHTrans.
“A nova resolução do poder público, que
liberou a compra de ônibus com moto-
rização frontal, alterando o perfil do
transporte público mineiro, foi um dos
incentivos para a renovação da frota”,
afirma.
Os ônibus estão operando nas linhas
centro-bairro e bairro-bairro da capital
de Minas Gerais, fazendo trechos de
topografia acidentada.
O chassi OF 1721 já teve mais de
22.000 unidades comercializadas no
País desde o seu lançamento. Foi com
ele que a Mercedes-Benz introduziu no
Brasil a motorização eletrônica para veí-
culos comerciais. O OF 1417 tem sido
o segundo modelo de ônibus mais ven-
dido pela marca no mercado brasileiro.
Finalmente, o outro modelo adquirido
pelas transportadoras mineiras, o chassi
urbano OF 1418, de motorização ele-
trônica, começou a ser comercializado
neste ano pela Mercedes-Benz. Atende
a nova legislação Proconve P 5, em vi-
gor desde janeiro deste ano para os ôni-
bus urbanos.
FATURAMENTO
No passado, o faturamento da
DaimlerChrysler no Brasil cresceu mais
de 30% em comparação com o resulta-
do de 2002. A montadora registrou sig-
nificativo crescimento também em
suas exportações de veículos comerci-
ais, tendo vendido 9.300 veículos para
mais de 40 mercados internacionais.
As vendas externas foram de 6.400
ônibus e 2.900 caminhões. Para poder
atender à demanda de exportações, a
montadora contratou mais 470 colabo-
radores.
Os principais países compradores
de veículos da DaimlerChrysler em 2003
foram Argentina, Chile, Egito, Nigéria
e Equador. Para 2004, a empresa pre-
vê novo incremento das vendas ao
mercado externo, com a colocação de
aproximadamente 6.200 ônibus e
3.800 caminhões. Os mercados que
mais deverão contribuir para esse au-
mento de 700 unidades são a Argenti-
na e o México.
COMPONENTES
Além de veículos comerciais, as
exportações de agregados da marca
(motores, câmbios, eixos e blocos) re-
gistraram em 2003 o volume total de
57.000 unidades.
Já as exportações de motores apre-
sentaram crescimento de 260%, atin-
gindo 26.500 unidades. O destaque fo-
ram as compras do mercado norte-ame-
ricano, que absorveu 18 mil unidades.
As exportações de eixos também ti-
veram considerável incremento, chegan-
do a 5.500 unidades.
Em 2003, a DaimlerChrysler expor-
tou 10.300 câmbios. Neste ano, se-
gundo prevê a montadora, o volume su-
A liberação do uso de chassis com
motorização dianteira está estimulando as
compras das operadoras de transporte
urbano de passageiros de Belo Horizonte.
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38 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
birá para 65.000 unidades, com aumen-
to de 531% nas vendas.
MERCADO DE ÔNIBUS
Em 2003, a participação da mon-
tadora no mercado brasileiro de ônibus
foi de 47,1%% e permitiu-lhe manter a
liderança no setor. No total, o mercado
absorveu 15.198 unidades no segmen-
to acima de oito toneladas. A marca
Mercedes-Benz comercializou 7.160
unidades. Como novidade, a empresa in-
troduziu o chassi OH-1417, equipado
com motorização eletrônica traseira. De
acordo com as projeções, em 2004 o
mercado de ônibus deverá ter crescimen-
to de 5%, absorvendo 16.000 unidades.
As vendas de caminhões e ônibus
da marca no mercado interno registra-
ram crescimento médio de 5,5%, so-
mando 30.000 unidades. Esse volume
correspondeu a uma participação de
33,6% da marca Mercedes-Benz no vo-
lume total de caminhões vendidos no
Brasil, que foi de 61.000 unidades.
A DaimlerChrysler deu seqüência ao
programa de renovação da sua linha de
veículos, desenvolvendo principalmente
produtos com maiores vantagens
operacionais para os usuários.
Entre as principais novidades esti-
veram os novos modelos leves Accelo
715 C e 915 C, equipados com
motorização eletrônica e conforto inter-
no semelhante ao de um automóvel.
Também foi lançado o pesado 1728, um
caminhão que pode ser implementado
nas versões 6x2 ou cavalo-mecânico. No
segmento dos extrapesados (do qual
assumiu a liderança), a empresa iniciou
a comercialização do modelo 1944 S,
nas versões 4x2 e 6x2, equipado com
motor eletrônico de 426 cavalos.
Para este ano, a DaimlerChrysler
acredita que o mercado de caminhões
continuará em expansão, alcançando a
demanda total de 61.500 unidades.
As exportações, inclusive para o Oriente
Médio, ajudaram a DaimlerChrysler a
fortalecer sua liderança no mercado
de ônibus.
Lançado em 2003, o caminhão Accelo
encontrou rápida aceitação.
A montadora também está exportando
motores.
Ela assumiu também a liderança em
caminhões pesados.
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40 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
olvo do BrasilV
Seqüência debons resultados
Em 2003, a Volvo teve, mais uma vez, um bom ano no
Brasil. Foi a continuação de uma série de resultados
positivos registrados anteriormente. O lançamento dos
novos veículos pesados e semipesados, bem como a
ênfase dada aos produtos de alta tecnologia e às
soluções para transporte, mostraram a força da marca.
REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 41
Comentando o desempenho da
montadora no ano passado no
país, o novo presidente da Volvo do Bra-
sil, Tommy Svensson, reiterou um com-
promisso: “Vamos continuar o nosso
esforço de prover os clientes com pro-
dutos avançados e com grande eficiên-
cia operacional, para que eles possam
ter competitividade”.
Competitividade poderia ser a pala-
vra certa para refletir o desempenho da
companhia no mercado brasileiro. Os
resultados positivos se repetiram em
todas as áreas. A Volvo faturou R$ 1,73
bilhão, cerca de 40% a mais que o re-
gistrado no ano anterior. Vendeu perto
de 5.500 caminhões (aproximadamen-
te 10% a mais que o volume obtido em
2002). Foram 5.158 veículos pesados
– 4.391 para o mercado doméstico e
767 para exportação. A linha de pesa-
dos da Volvo terminou o ano com prati-
camente 25% do mercado brasileiro.
“O bom desempenho mostra o re-
conhecimento do mercado aos nossos
produtos”, afirma Svensson. “É fruto
de um trabalho consistente e de longo
prazo que a Volvo tem feito, buscando
a satisfação dos clientes.” Segundo o
executivo, que assumiu o cargo em ou-
tubro passado, a boa performance deve
ser também atri-
buída à qualida-
de e à tecnolo-
gia dos produtos
e serviços da
marca, bem co-
mo ao trabalho
conjunto entre a
fábrica e a rede
de concessioná-
rios, que passou
por completa re-
est ru tu ração
nos últimos três anos.
Um momento importante na vida da
montadora no Brasil foi a renovação de
toda a linha de produto, implementada
no segundo semestre. Uma nova gera-
ção de Volvo FM, Volvo FH e Volvo NH
chegou ao mercado. Além disso, no
quarto trimestre, foram lançados os
novos semipesados Volvo VM17 e Vol-
vo VM23, com imediata acolhida pelo
mercado, tão favorável que foram
comercializadas 400 unidades ainda em
2003. O Volvo VM é o primeiro modelo
de caminhão médio/pesado da marca
desenvolvido e produzido fora da Euro-
pa. A unidade brasileira quer garantir
10% do mercado no curto prazo.
Tommy Svensson, presidente
da Volvo do Brasil.
Na área de ônibus, a companhia
produziu cerca de 600 unidades, sendo
que 195 foram colocadas no mercado
doméstico. Mais de 400 ônibus foram
exportados. O diretor da divisão de ôni-
bus da Volvo para a América do Sul,
Per Gabell, vê excelentes perspectivas
para o chassi B12R, outro lançamento
do ano passado. O chassi foi desenvol-
vido com vistas às aplicações rodoviá-
ria e de turismo de média e longa dis-
tâncias.
A Volvo do Brasil tem sob sua
responsabilidade o mercado da Améri-
Os caminhões da série VM logo se tornaram sucesso de vendas no mercado brasileiro.
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42 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
ca Latina, mas, em razão
da qualidade global dos pro-
dutos fabricados pela plan-
ta brasileira, também vem
conquistando espaço em
outros continentes, com a
exportação de veículos e
componentes para as de-
mais unidades do grupo. No
ano passado, a empresa
exportou 1.500 caminhões
e também enviou 2.900 ca-
bines para a Suécia, onde
está sua matriz. Neste ano, a Volvo
estará mandando para lá 7000 blocos
de motor. A unidade brasileira é deten-
tora do melhor índice de qualidade de
todo o grupo – algo que nem o mais
otimista executivo da matriz sueca se-
ria capaz de imaginar no fim da década
de 70, quando a montadora se instalou
em Curitiba.
OUTROS PRODUTOS
Além de novas linhas de caminhões,
no ano passado a Volvo brasileira tam-
bém inovou com o lançamento de ou-
Per Gabell, diretor da
divisão de ônibus Volvo
na América do Sul.
tros produtos, como é
o caso do Volvo Link, o
mais avançado e com-
pleto sistema de moni-
toração do uso, manu-
tenção e rastreamento
de caminhões do Bra-
sil. Ele está chegando
ao mercado agora em
março. Também em
2003, a empresa lan-
çou o Volvo Card, car-
tão de crédito dirigido
a caminhoneiros autônomos e a
frotistas do setor do transporte rodo-
viário.
A Volvo produz caminhões, ônibus
e equipamentos de construção, e
comercializa motores marítimos e in-
dustriais. Há 26 anos acreditando no
Brasil, a empresa é a base da marca
na América Latina. Vem conquistando
mercado não só pelos seus veículos
com alto grau de tecnologia embarcada,
mas também pelos seus valores essen-
ciais: qualidade, segurança e respeito
ao meio ambiente.
CAMINHÕES LIDERAM
AS VENDAS DA VOLVO TRUCK
Em termos globais, no ano pas-
sado, as vendas de caminhões da
Volvo Truck Corporation ultrapas-
saram a marca de 65.000 veícu-
los, com incremento de 8% sobre
o desempenho de 2002.
Na América Latina, a comer-
cialização de caminhões da marca
cresceu 12%, saltando de 4.739
para 5.307 veículos. O mercado
que mais cresceu foi o asiático,
com incremento de 37%.
O presidente da Volvo Truck,
Jorma Halonen, qualificou 2003 de
“um ano excelente”, destacando um
significativo aumento nos lucros da
companhia, em termos mundiais.
Os caminhões da série VN pos-
sibilitaram o aumento das vendas
na América do Norte, assegurando
à Volvo 9,7% de participação no mer-
cado dos Estados Unidos. A presen-
ça da marca aumentou também no
mercado da Rússia e foi assinado
um acordo para a produção de ca-
minhões Volvo na China.
olvo do BrasilV
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REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 43
ançamentoL
O quadro abaixo dá uma idéia das
proporções da queda do movimen-
to de passageiros. Alguns fatores, como
a atuação do transporte pirata, a queda
do poder aquisitivo da população, e até
a internet, ajudam a explicar o fenôme-
no. Mas o que importa, especificamen-
te para as linhas rodoviárias de curta
distância (até 150 km), é tentar ade-
quar oferta à procura, sem prejuízo da
freqüência, especialmente nos entre-pi-
cos. Acreditamos que uma das solu-
ções deva ser a utilização de um veícu-
lo maior que o microônibus e menor
que um ônibus, com relação custo x
benefício interessante: o midibus.
Com grande aceitação pelos passa-
geiros, a Viação Santa Cruz S.A. ini-
ciou recentemente, em algumas linhas
intermunicipais do Estado de São Pau-
Midibus Miduss, asolução brasileira
Sinal dos tempos: o transporte rodoviário coletivo de passageiros vem experimentando queda
continuada em seu movimento, levando as empresas a buscar explicações e soluções.
lo, testes com um protótipo. Denomi-
nado Miduss, é fabricado como mono-
bloco pela Busscar.
O Miduss é equipado com motor tra-
seiro, eletrônico, Euro III, de 250 cv de
potência, freios a ar e suspensão tam-
bém a ar, na frente e na traseira. Pos-
sui 32 poltronas reclináveis e ar-condi-
cionado.
É um veículo ágil e “amigável” para
o passageiro, já que são necessários
apenas dois degraus para entrar no ôni-
bus e mais um para sentar-se.
O midibus já é uma realidade na
Europa. A própria Mercedes-Benz aca-
bou lançando o seu, chamado Tourino,
em outubro do ano passado. Aliás, há
muitos pontos de semelhança entre o
Miduss e o Tourino, seja no comprimen-
to (9.385mm contra 9.350mm), lar-
gura (ambos têm 2.400mm) e altura
(3.307mm contra 3.300mm). Até na
potência são parecidos: 250 cv (motor
Cummins ISBe 250) contra 245 cv (ób-
vio, motor Mercedes-Benz OM-906 LA).
O Miduss, da Busscar: possível solução para adequar a oferta à procura em linhas curtas.
MÊS / ANO Tietê Bresser B.Funda Jabaquara TOTAL ÍNDICE
Janeiro de 1995 1.804.469 151.601 235.779 496.826 2.688.675 100,00
Janeiro de 1996 1.772.010 145.708 229.829 454.407 2.601.954 96,77
Janeiro de 1997 1.650.918 131.272 208.091 385.686 2.375.967 88,37
Janeiro de 1998 1.502.222 127.656 197.046 329.285 2.156.209 80,20
Janeiro de 1999 1.202.174 120.373 374.870 306.480 2.003.897 74,53
Janeiro de 2000 1.115.130 110.742 363.147 272.442 1.861.461 69,23
Janeiro de 2001 1.172.399 116.136 384.132 314.417 1.987.084 73,91
Janeiro de 2002 1.111.014 - 369.257 273.283 1.753.554 65,22
Janeiro de 2003 1.167.238 - 384.300 275.334 1.826.872 67,95
Janeiro de 2004 1.072.916 - 343.596 231.445 1.647.957 61,29
Janeiro de 2004 = último dado disponível. Fonte = Socicam.
Movimento de passageiros intermunicipais, interestaduais e internacionaisembarcados nos Terminais Rodoviários de São Paulo
Por Cláudio Nelson C. R. Abreu
44 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
ançamentoL
Onovo microônibus da Iveco Latin
América já vem completo e com
garantia de fábrica para o conjunto. Pro-
duzido integralmente pela montadora,
na fábrica de Sete Lagoas (MG), tem
design moderno e é fornecido nas ver-
sões Executivo, Turismo, Urbano,
Sptrans e Escolar. Todas elas já estão
disponíveis, a preços que variam de R$
85.000,00 a R$ 105.000,00.
De acordo com Vicente Lopes
Garcia Filho, da área de Marketing Pro-
duto da Iveco Latin América, serão pro-
duzidos nove modelos do novo microôni-
bus, como decorrência das duas opções
de distância entre-eixos oferecidas. Por
enquanto, está sendo comercializada
A Iveco apresenta seuprimeiro microônibus
Com cinco diferentes configurações, chega ao mercado o City Class, mais novo microônibus
brasileiro. Com ele, a Iveco inaugura nova fase no segmento de transporte de passageiros.
somente a distância entre-eixos de
3.600 mm, que dá ao City Class capa-
cidade para 25 passageiros na versão
Executivo e até 31 passageiros na ver-
são Escolar, tratando-se de crianças
com até 12 anos.
No modelo com distância entre-ei-
xos de 4.180 mm, a versão Urbano terá
capacidade para 29 passageiros; a Tu-
rismo, para 25 passageiros; a Executi-
vo, para 19 passageiros e a Escolar,
para 36 passageiros.
O novo micro foi desenvolvido so-
bre chassi Scudato 60.13. Está equi-
pado com motor diesel turbo-intercooler
Iveco 8140.43 S de quatro cilindros em
linha, com 125 cv de potência e
gerenciamento eletrônico. O sistema de
injeção, do tipo Common Rail, é com-
posto de um acumulador hidráulico úni-
co e comum de pressão para os quatro
eletroinjetores, o que permite elevadas
pressões de injeção nas mais variadas
condições de utilização. Com 2,8 litros,
o motor atende os níveis de emissão
do Conama Fase IV (Euro III), com po-
tencial para alcançar os níveis da nor-
ma Euro IV.
TECNOLOGIA
As soluções tecnológicas emprega-
das no novo microônibus aumentam a
segurança e o conforto para os usuá-
rios. É o caso da suspensão dianteira
REVISTA ABRATI, MARÇO 2004 45
independente com braços os-
cilantes e da suspensão traseira com
molas parabólicas, que diferenciam o
veículo dos demais existentes no mer-
cado. “A junção dessas características
técnicas confere ao veículo maior esta-
bilidade e conforto ao se operar nos
vários tipos de vias que há nos centros
e nos perímetros urbanos das cidades”,
acentua Vicente Lopes Garcia Filho.
A tração traseira com rodado duplo
possibilita maior eficiência, aliada a es-
tabilidade e segurança. O reduzido diâ-
metro de giro da direção hidráulica tor-
na mais ágeis e mais fáceis as mano-
bras do micro.
Os itens de conforto propriamente
ditos estão presentes em todas as ver-
sões. Espaço de trabalho mais amplo
para o motorista, corredor mais largo,
menores níveis de ruído e de calor são
outras características, permitidas pela
posição ocupada pelo motor, que não
invade o interior do veículo. Essa solu-
ção facilita a circulação, aumenta o es-
paço interno e permite ao motorista al-
cançar diretamente seu posto de con-
dução. Pelo lado de fora, o acesso para
manutenção do motor é facilitado pelo
capô dianteiro.
O design da carroçaria inclui ampla
área envidraçada, janelas panorâmicas
e opção de portas laterais.
Vários opcionais ampliam as possibili-
dades de personalização do veículo.
SENSORES
Uma central eletrônica (Electronic
Control Unit) processa os sinais ge-
rados pelos vários sensores, entre
eles: posição do acelerador, freio,
pressão/temperatura do ar, líquido de
refrigeração, pressão de combustível
no acumulador (Rail), rotação do mo-
tor, fase do motor e temperatura do
combustível.
Com as informações geradas pelos
sensores, a ECU reconhece e avalia a
condição instantânea de funcionamen-
O MOTOR
4 cilindros em linha
2,8 litros
Turbo-intercooler
Injeção direta “Common Rail” com gerenciamento eletrônico
Potência máxima: 125 cv a 3.600 rpm
Torque máximo: 29 mkgf a 1.800 rpm
Faixa econômica de rotação: 1.800 a 3.000 rpm
to do motor, assim
como a intenção do condutor, calcu-
lando com precisão a quantidade e o
tempo exato de injeção com a máxima
pressão possível. Também é controla-
da a atuação do regulador de pressão,
dos eletroinjetores, da bomba elétrica
de combustível, do pré-aquecedor de
combustível, da válvula de partida a frio
e do eletroventilador. Toda essa tecno-
logia assegura a redução das emissões
de gás de escape e dos níveis de ruído.
“Para o cliente, tudo isso se traduz
em melhor rendimento, maior elastici-
dade do motor, melhoria na dirigibi-
lidade, maior conforto de operação e
menor custo por quilômetro rodado”,
sintetiza Vicente Garcia Lopes Filho.
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46 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
piniãoO
46 REVISTA ABRATI, MARÇO 2004
Nova Cofins: mais um passo
A esde 1º de fevereiro as empre-
sas passaram a recolher a Contri-
buição para Financiamento da Seguri-
dade Social (Cofins) de acordo com a
Lei nº 10.833, originária da Medida
Provisória nº 135, da qual fui o relator
na Câmara dos Deputados.
A principal mudança introduzida no
sistema tributário nacional foi a trans-
formação da Cofins em contribuição não
cumulativa. Pretendeu-se, com isso,
atender a uma das principais deman-
das do setor produtivo no Brasil.
Até então, a cada fase do processo
produtivo, se cobrava a Cofins sobre todo
o valor do produto, à alíquota de 3%, ao
invés de se cobrar apenas sobre o valor
agregado em cada uma das fases do
processo produtivo. A Cofins era uma
contribuição em cascata.
Com a mudança, a alíquota de con-
tribuição paga pelas empresas que apu-
ram o imposto de renda pelo lucro real
foi majorada de 3% para 7,6%. Em
contrapartida, foi autorizado o descon-
to dos créditos correspondentes à apli-
cação da alíquota de 7,6% sobre os
gastos incorridos com a aquisição de
bens para revenda, aquisição de
insumos, consumo de energia elétrica,
despesas com aluguel e despesas fi-
nanceiras.
Foi autorizada, ainda, a exclusão da
base de cálculo da contribuição da re-
ceitas decorrentes da venda de bens
do ativo permanente. Foi autorizado tam-
bém o crédito do valor da armazena-
gem e frete nas operações de venda
quando o ônus for suportado pelo ven-
dedor. Para as empresas não financei-
ras foi concedido o crédito relativo às
para o Brasil voltar a crescertornando-se competitivos com os im-
portados.
O novo sistema corrigiu uma
distorção histórica no sistema tributá-
rio brasileiro, no qual os setores com
cadeia produtiva mais longa pagavam
muito mais do que os setores com ca-
deias mais curtas. Para a maioria das
empresas, esse conjunto de medidas
representa uma redução efetiva da car-
ga tributária.
Com a nova sistemática, as empre-
sas com cadeias produtivas muito cur-
tas, e que na sistemática anterior es-
tavam em situação mais favorável, dei-
xarão de se beneficiar daquela distor-
ção. De todo modo, visando minimizar
eventuais impactos negativos temporá-
rios, introduzi dispositivo que estabele-
ce o prazo de 120 dias contados da
publicação para encaminhamento ao
Congresso Nacional de um projeto de
lei prevendo a substituição parcial da
contribuição ao Instituto Nacional de
Seguridade Social (INSS) incidente so-
bre a folha de salários. Introduzi, tam-
bém, dispositivo que mantém na
alíquota de 3% as empresas prestadoras
de serviços de saúde, educação e trans-
porte coletivo de passageiros, urbano,
intermunicipal e interestadual, e as
empresas de informática com receita
bruta mensal de até R$ 100.000,00.
A nova sistemática da Cofins, es-
tou certo, concorrerá para o aumento
da eficiência da economia e para o au-
mento da competitividade das empre-
sas, contribuindo, assim, para a reto-
mada do crescimento da economia bra-
sileira e a geração de empregos, que é
o anseio de todos para 2004.
Jamil Murad é deputado federal por São
Paulo. Foi o relator da MP 135.
perdas decorrentes de operações de
hedge realizadas em bolsas de valores,
de mercadorias e de futuros ou ainda
no mercado de balcão, mediante a apli-
cação da alíquota de 4,6%.
Para evitar desequilíbrios financei-
ros nos contratos em curso manteve-
se a forma anterior de recolhimento
para as receitas decorrentes de contra-
tos celebrados anteriormente a 31 de
outubro de 2003 de planos de consór-
cio de bens móveis ou imóveis, de cons-
trução por empreitada e de fornecimen-
to, a preço pré-determinado, de bens e
serviços. O mesmo ocorre com as re-
ceitas vinculadas decorrentes de pro-
cessos licitatórios com proposta apre-
sentada até 31 de outubro de 2003.
O novo sistema diminui as dis-
torções entre o produto nacional e as
importações, colocando em pé de igual-
dade os insumos produzidos localmen-
te e aqueles importados. Agora, os
insumos produzidos no País, embora
sujeitos à incidência da contribuição,
terão os efeitos tributários da contri-
buição abatidas nas fases seguintes,
Div
ulg
ação