resumos: distribuiÇÃo batimÉtrica dos … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato...

113
II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 1 PERÍODO: 07 A 10 DE JUNHO DE 2010 RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL INTERNA E MÉDIA DA BACIA DE CAMPOS NA REGIÃO DA FOZ DO RIO PARAÍBA DO SUL Tardem A.S. 1 , Macedo I.M. 2 , Zalmon I.R 3 Lavrado H.P. 4 ; Falcão A.P.C. 5 1 UENF/Laboratório de Ciências Ambientais, [email protected] 2 UENF/ Laboratório de Ciências Ambientais, [email protected] 3 UENF/ Laboratório de Ciências Ambientais, [email protected] 4 UFRJ/Departamento de Biologia Marinha, [email protected] 5 CENPES/PDEDS/AMA, [email protected] Resumo - O objetivo desse estudo é avaliar a distribuição batimétrica da comunidade macrobentônica da endofauna em 31 estações de amostragem (03 réplicas cada) na plataforma continental interna e média da Bacia de Campos na região da Foz do Rio Paraíba do Sul. Informações do número de indivíduos, riqueza, diversidade de Shannon, dominância de Simpson e uma análise de agrupamento foram analisadas em relação ao gradiente batimétrico (12 a 97 metros). Considerando o mesmo número de estações (n = 8) nas três faixas de profundidade investigadas, naquela de 44-97m obteve-se o maior número de táxons e de indivíduos, seguida da faixa entre 21 e 33 m e daquela de 12-20m, respectivamente. Os valores da diversidade e dominância foram similares nas três faixas de profundidade. Os táxons que mais contribuíram para dissimilaridade de 50% entre as faixas de profundidade foram Paraonidae, Sabeliidae e Amphipoda. A análise de similaridade evidenciou diferenças significativas entre a faixa 12-20m e as demais faixas. Palavras-chave: Batimetria, comunidade macrobentônica, norte fluminense. Área do Conhecimento: Ciências Biológicas Introdução Estudos têm sido realizados a fim de se estabelecer padrões na distribuição da macrofauna bentônica ao longo de gradientes ambientais, destacando-se associações entre diversidade e profundidade (CAPÍTOLI et al., 2004; GAGE et al., 2000; PIEPENBURG et al., 2000; FLACH et al., 1999). Inúmeros fatores podem contribuir para a variabilidade das comunidades que vivem em substrato inconsolidado. Destaca-se, a associação entre a distribuição dos organismos, a hidrodinâmica ambiental e a dinâmica sedimentar (SNELGROVE & BUTMAN, 1994), que estão intimamente ligados ao transporte de sedimento, ao tamanho do grão e à topografia (CARTES et al., 2004). Este estudo faz parte do Projeto Habitats – Heterogeneidade Ambiental da Bacia de Campos coordenado pelo CENPES/ PETROBRAS e seu objetivo é avaliar a distribuição batimétrica da

Upload: others

Post on 27-Mar-2020

1 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 1

PERÍODO: 07 A 10 DE JUNHO DE 2010

RESUMOS:

DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS MACROINVERTEBRADOS BENTÔNICOS DA PLATAFORMA CONTINENTAL INTERNA E MÉDIA DA BACIA DE CAMPOS NA

REGIÃO DA FOZ DO RIO PARAÍBA DO SUL

Tardem A.S.1, Macedo I.M.2, Zalmon I.R3 Lavrado H.P.4; Falcão A.P.C.5

1UENF/Laboratório de Ciências Ambientais, [email protected] 2UENF/ Laboratório de Ciências Ambientais, [email protected]

3UENF/ Laboratório de Ciências Ambientais, [email protected] 4UFRJ/Departamento de Biologia Marinha, [email protected]

5CENPES/PDEDS/AMA, [email protected]

Resumo - O objetivo desse estudo é avaliar a distribuição batimétrica da comunidade macrobentônica da endofauna em 31 estações de amostragem (03 réplicas cada) na plataforma continental interna e média da Bacia de Campos na região da Foz do Rio Paraíba do Sul. Informações do número de indivíduos, riqueza, diversidade de Shannon, dominância de Simpson e uma análise de agrupamento foram analisadas em relação ao gradiente batimétrico (12 a 97 metros). Considerando o mesmo número de estações (n = 8) nas três faixas de profundidade investigadas, naquela de 44-97m obteve-se o maior número de táxons e de indivíduos, seguida da faixa entre 21 e 33 m e daquela de 12-20m, respectivamente. Os valores da diversidade e dominância foram similares nas três faixas de profundidade. Os táxons que mais contribuíram para dissimilaridade de 50% entre as faixas de profundidade foram Paraonidae, Sabeliidae e Amphipoda. A análise de similaridade evidenciou diferenças significativas entre a faixa 12-20m e as demais faixas. Palavras-chave: Batimetria, comunidade macrobentônica, norte fluminense. Área do Conhecimento: Ciências Biológicas

Introdução

Estudos têm sido realizados a fim de se estabelecer padrões na distribuição da macrofauna bentônica ao longo de gradientes ambientais, destacando-se associações entre diversidade e profundidade (CAPÍTOLI et al., 2004; GAGE et al., 2000; PIEPENBURG et al., 2000; FLACH et

al., 1999). Inúmeros fatores podem contribuir para a variabilidade das comunidades que vivem em substrato

inconsolidado. Destaca-se, a associação entre a distribuição dos organismos, a hidrodinâmica ambiental e a dinâmica sedimentar (SNELGROVE & BUTMAN, 1994), que estão intimamente ligados ao transporte de sedimento, ao tamanho do grão e à topografia (CARTES et al., 2004).

Este estudo faz parte do Projeto Habitats – Heterogeneidade Ambiental da Bacia de Campos coordenado pelo CENPES/ PETROBRAS e seu objetivo é avaliar a distribuição batimétrica da

Page 2: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 2

comunidade macrobentônica da endofauna na plataforma continental interna e média da Bacia de Campos próximo a Foz do Rio Paraíba do Sul.

Metodologia A área de estudo está localizada na plataforma continental interna e média da Bacia de Campos

situada próximo a Foz do Rio Paraíba do Sul (21º36’S, 41º00’O), norte do Estado do Rio de Janeiro (Figura 1).

Figura 1. Mapa com as 31 estações de amostragem na plataforma continental interna e média da Bacia de Campos na região da Foz do Rio Paraíba do Sul.

As coletas foram realizadas em 31 estações de amostragem, com três réplicas cada. O sedimento foi coletado com um amostrador do tipo Van Veen com auxílio de gabaritos (0,004m3 cada amostra) preenchidos com sedimento retirado do interior do amostrador. Cada amostra foi acondicionada em recipientes plásticos, fixada diretamente em formol 10% tamponada com bórax e devidamente etiquetada.

Em laboratório, o sedimento coletado foi lavado e peneirado em malha de 500µm. Para auxiliar a posterior triagem, malhas de 2 e 4mm também foram utilizadas para uma maior separação das frações do sedimento. Após a lavagem, o material foi triado sob microscópio estereoscópico ao nível taxonômico de Classe, Ordem ou Família e os organismos foram conservados em álcool 70%.

A partir dos dados coletados foram obtidas informações do número de indivíduos, riqueza de táxons, diversidade de Shannon e dominância de Simpson analisados em relação ao gradiente batimétrico, dividido em três faixas de profundidade (Faixa 1: 12-20m; Faixa 2: 21 – 33 m; Faixa 3: 44 - 97 m).

Uma análise de agrupamento (Coeficiente de Similaridade de Bray-Curtis) foi realizada entre as amostras da macrofauna e analisadas em relação à profundidade. O teste de permutação ANOSIM

Page 3: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 3

foi empregado a fim de avaliar a significância das diferenças entre os grupos pré-definidos a partir da análise de agrupamento.

Resultados Foram encontrados nas 31 estações de estudo, 68 táxons e 27.151 indivíduos. O número de

táxons foi crescente em relação à faixa batimétrica, registrando-se 59 táxons na faixa 1, 61 táxons na faixa 2 e 63 táxons na faixa 3 (Fig. 2A). O número total de indivíduos foi superior na faixa 2 (13380), seguido da faixa 3 (9299) e faixa 2 (4472) (Fig. 2B).

Figura 2. Número total e médio (± EP) de táxons (A) e de indivíduos (B) nas três faixas de profundidade das estações coletadas na plataforma interna e média na Bacia de Campos próximo a Foz do Rio Paraíba do Sul.

O maior número de indivíduos na faixa batimétrica 2 decorreu do maior número de amostras coletadas nessa faixa. Considerando o mesmo número de estações (n = 8) nas três faixas batimétricas investigadas, a faixa 3 obteve-se o maior número de táxons e de indivíduos (Figura 3 A,B).

A

B

Page 4: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 4

Figura 3. Número total de táxons (A) e de indivíduos (B) em relação a um número crescente de estações coletadas na plataforma interna e média na Bacia de Campos próximo a Foz do Rio Paraíba do Sul.

Os valores da diversidade e dominância foram similares nas três faixas batimétricas (Figura 4 a, b) principalmente pelo predomínio de um táxon em cada uma das faixas: Paraonidae (16m), Sabeliidae (28m) e Amphipoda (67m).

A

B

a

Page 5: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 5

Figura 4. Diversidade de Shannon (a) e Dominância de Simpson (b) nas três faixas de profundidade das estações coletadas na plataforma interna e média na Bacia de Campos próximo a Foz do Rio Paraíba do Sul.

A análise de agrupamento demonstrou que a comunidade macrobentônica das estações investigadas nas três faixas de profundidade foi dissimilar em cerca de 50% (Figura 5). Os táxons que mais contribuíram para tal dissimilaridade foram Paraonidae (predominante na faixa 1), Sabeliidae (predominante na faixa 2) e Amphipoda (predominante na faixa 3).

Figura 5. Análise de agrupamento da comunidade macrobentônica das estações coletadas em relação à profundidade na plataforma interna e média na Bacia de Campos próximo a Foz do Rio Paraíba do Sul.

Ao examinar a hipótese de diferença significativa entre as três faixas analisadas pode-se constatar que a faixa 1 diferiu significativamente das demais (Tabela 1).

Tabela 1. Resultado do teste ANOSIM pareado entre as faixas de profundidade (1 = 12 - 20 m; 2 = 21 – 33 m; 3 = 44 - 97 m).

Grupos R Estatístico Nível de Significância (P) %

1 vs 2 0,219 0,1*

1 vs 3 0,319 0,1*

2 vs 3 0,053 8,5 ns

* significativo (< 1%), ns = não significativo

b

Page 6: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 6

Discussão O menor número de táxons e indivíduos na faixa batimétrica 12-20m, pode estar relacionado

com a maior freqüência e intensidade de perturbações físicas decorrentes da ação das ondas que geram o revolvimento do sedimento no fundo (CAPÍTOLI et al., 2004).

Os resultados obtidos neste estudo mostram que a abundância (número de indivíduos) e a riqueza de táxons é crescente com o aumento da profundidade, corroborando com resultados observados por COLEMAN et al., 1997. Este estudo mostrou que as principais influências foram de profundidade, com média de tamanho de grão e tipo de sedimento.

As correlações entre os sedimentos e fauna são complexas e podem, em parte, refletir as influências de outros fatores, como a hidrodinâmica e os processos de transporte de sedimentos, que afetam tanto a distribuição de sedimentos e da fauna (Snelgrove & Butman, 1994).

Conclusão O gradiente crescente de profundidade investigado na plataforma interna e média da Bacia

Campos próximo à Foz do Rio Paraíba do Sul correspondeu ao aumento do número de táxons e indivíduos, e associações típicas de táxons em cada faixa de profundidade.

Referências

CAPÍTOLI, R. R; BEMVENUTI, C. Distribuição batimétrica e variações de diversidade dos macroinvertebrados bentônicos da plataforma continental e talude superior no extremo Sul do Brasil. Atlântica, Rio Grande, 26 (1): 27-43. 2004. CARTES E, J.; MAYNOU, F.; MORANTA, J.; MASSUTÍ, E.; LLORIS,D.; MORALES-NIN, B. Patterns of bathymetric distribution among deep-sea fauna at local spatial scale: comparison of mainland vs. insular areas. Progress in Oceanography, 60: 29-45, 2004. COLEMAN, N.; GASON, A. S. H.; POORE, G.C.B. High species richness in the shallow marine waters of south-east Australia. Marine Ecology Progress Series, 154: 17-27, 1997. FLACH, E. & BRUIN, W. Diversity patterns in macrobenthos across a continental slope in the NE Atlantic. Journal of Sea Research, 42: 303–323, 1999. GAGE, J.; LAMONT, P. A.; KROEGER, K.; PATERSON, G. L. J.; VECINO, J. L. G. Patterns in deep-sea macrobenthos at the continental margin: standing crop, diversity and faunal change on the continental slope off Scotland. Hydrobiologia 440: 261-271, 2000. PIEPENBURG, D.; BRANDT, A.; JUTERZENKA, K.; MAYER, M.; SCHNACK, K.; SEILER, D.; WITTE, U.; SPINDLE, M. Patterns and determinants of the distribution and structure of benthic faunal assemblages in the Northern North Atlantic. The Northern North Atlantic: A Changing Environment, 179-198, 2000. SNELGROVE, P. V. R.; BUTMAN, C. A. Animal-sediment relationships revisited: cause versus effect. Oceanography and Marine Biology, 32:111-177, 1994.

Page 7: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 7

ALPHA-GLUCOSIDASE DE Aedes aegypti E SEU POTENCIAL DE DETOXIFICAÇÃO DE HEME

Lugon M.D.

1, Mury F.B.

2, Dansa-Petretski M.

3

1UENF/Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos, [email protected]

2UENF/Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos, [email protected] 3UENF/Laboratório de Química e Função de Proteínas e Peptídeos, [email protected]

Resumo - Em Rhodnius prolixus, uma α-glucosidase da membrana perimicrovilar parece estar envolvida na formação de Hemozoína (Hz) que, neste inseto, ocorre em pH ácido. Em Aedes

aegypti a detoxificação de heme é realizada no intestino médio posterior, pela associação à matriz peritrófica, sendo o pH do intestino médio posterior de Ae. aegypti básico. O objetivo deste trabalho é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme in vitro e se esta atividade é dependente de pH. Nossos dados mostram que o extrato protéico de epitélios de intestinos médios de Ae. aegypti catalisa in vitro a formação de cristais de heme, que analisados por FTIR mostraram-se muito similares a Hz. Além disso, esta atividade de formação dos cristais de heme, a partir de extrato protéico de epitélios de intestinos médios, ocorre também em pH ácido, com pico em pH 4,5, sugerindo que o lúmen intestinal não apresenta condições fisiológicas compatíveis com essa atividade. Palavras-chave: hematofagia, pH, epitélio intestinal Área do Conhecimento: Bioquímica

Introdução Insetos hematófagos se alimentam do sangue de vertebrado, digerem a hemoglobina e

liberam heme no lúmen intestinal. A liberação de heme é tóxica por gerar espécies reativas de oxigênio que promovem a oxidação de ácidos nucléicos, proteínas e lipídios (Halliwell & Gutteridge, 1992). Por isso, os insetos apresentam mecanismos detoxificantes do heme, que em Ae.

aegypti caracteriza-se pela associação do mesmo à matriz peritrófica (Pascoa et al., 2002). Mury et al.(2009), mostraram que a α-glucosidase do epitélio intestinal de Rhodnius

prolixus atua na síntese de Hz, um cristal de heme que representa uma primeira barreira contra os efeitos tóxicos do grupamento heme neste inseto (Oliveira et al., 1999).

O objetivo deste trabalho foi investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae.

aegypti, são capazes de promover a cristalização de heme. Metodologia Ae. aegypti da linhagem Rockefeller foram obtidos de uma colônia presente no Laboratório de

Química e Função de Proteínas e Peptídeos (LQFPP), UENF. Os ovos foram espalhados em um recipiente com água e ração de camundongo moída. A ração foi adicionada até o estágio pupal, em que as pupas foram transferidas para uma gaiola para a emergência dos adultos. Estes foram mantidos nas gaiolas com solução aquosa de sacarose 10%. Os insetos foram alimentados com sangue de camundongo para postura de ovos ou para a realização dos experimentos.

Page 8: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 8

Epitélios de intestinos médios foram obtidos por dissecção dos insetos, homogeneizados com o auxílio de um homogeneizador do tipo “Potter Elvehjem”, seguido por repetidas sessões de lavagem em água destilada e congelamento e descongelamento em nitrogênio líquido. As proteínas foram extraídas por incubação das amostras com tampão fosfato de sódio 20 mM pH 7,4, NP-40, 0,1%, imidazol 5 mM, PMSF 1 mM e benzamidina 1 mM, overnight sob agitação a 4°C. Logo após, foram centrifugadas a 20000xg por 30 min, aproveitando-se somente o sobrenadante.

A concentração de proteínas foi determinada utilizando o método de dosagem por BCA (Smith, et

al.,1985). No ensaio de síntese de cristais de heme (Slater & Cerami, 1992, com modificações) as reações

foram realizadas para 1 mL de volume final do tampão acetato de sódio 0,5 M, pH 4,8. Foram utilizados 12 µg de proteínas. Em seguida, foram adicionados 10 µL da solução de hemina (SIGMA – USA) 10 mM em NaOH 0,1N. As amostras foram mantidas por 24h em uma estufa a 28ºC.

Baseado no método descrito por Sullivan et al. (1996), com modificações, o material obtido pela reação de síntese in vitro foi centrifugado a 15000xg, para extração dos cristais de heme. A extração foi realizada em 1 mL de tampão carbonato-bicarbonato 0,1 M (pH 9.2) + SDS 2,5 %. Após a extração, os cristais resultantes foram centrifugados, ressuspensos em 1 mL de NaOH 0,1 N e agitado por 20 minutos a temperatura ambiente. As leituras das absorbâncias foram feitas em espectrofotômetro MINI/UV-1240 (SHIMADZU) a 400 nm. As dosagens de heme foram feitas a partir de uma curva padrão com hemina bovina comercial diluída em NaOH 100mM.

As amostras submetidas à espectroscopia de infravermelho com transformada de Fourier (FTIR) foram secas no SpeedVac. Em seguida adicionou-se uma pequena quantidade de KBr, agitando por alguns segundos. O conteúdo desta mistura foi submetido a uma pressão de 10 toneladas para a formação das pastilhas em KBr. As amostras foram analisadas sob vácuo no espectrômetro Magna 550 Nicolet.

O extrato protéico obtido a partir de epitélios de intestinos médios foi incubado com o substrato da enzima α-glucosidase. A atividade da mesma foi medida indiretamente pela quantificação de ρ-nitrofenolato, resultante da hidrólise de ρ-nitrofenil αD-glicosídeo 5 mM em tampão citrato-fosfato 50 mM pH 5,5. O ρ-nitrofenolato absorve luz em 410 nm.

Resultados Extratos protéicos de epitélios de intestinos médios de fêmeas adultas alimentadas com

solução aquosa de sacarose 10% ou com sangue de camundongo foram submetidos ao ensaio de cristalização de heme. O resultado foi analisado através de FTIR. A análise mostrou os picos característicos de Hz, 1210 cm-1 e 1660 cm-1 (Figura 1 A e B).

Page 9: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 9

Figura 1 – Análise por FTIR dos cristais de heme formados in vitro a partir de extrato

protéico de epitélios de intestinos médios de fêmeas alimentadas com solução aquosa de sacarose (A) e de fêmeas alimentadas com sangue (B).

Foram realizados também ensaios de cristalização de heme in vitro com variações de pH, a

fim de verificar a faixa de pH em que ocorre formação de cristais de heme. Para isso, foram testados extratos protéicos de epitélios de intestinos médios de fêmeas de Ae. aegypti alimentadas com sangue. Foram utilizados extratos protéicos de epitélios intestinais de R. prolixus e de membranas de eritrócitos de coelho, como controle positivo e controle negativo, respectivamente. Foi observada uma maior atividade de cristalização de heme em Ae. aegypti em pH ácido (pH 4.0 – 5.6) (Figura 2).

A

B

Page 10: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 10

Figura 2: Formação de cristais de heme em diferentes valores de pH. Extratos protéicos de

membranas eritrocíticas, de intestinos médios posteriores de Ae. aegypti e de intestinos de R. prolixus foram incubados por 24h em diferentes condições de pH, juntamente com hemina.

Foram realizados ensaios comparativos de atividade da enzima e de cristalização de heme

com extratos protéicos de epitélios de intestinos médios de fêmeas alimentadas apenas com solução aquosa de sacarose, alimentadas com sangue de camundongo e em jejum, a fim de analisar o efeito da dieta na atividade de α-glucosidase e na síntese de cristais de heme (Figura 3 A e B).

Figura 3: Efeito da dieta na atividade de α-glucosidase (A) e na cristalização de heme (B).

Na atividade de cristalização de heme foram usados 12 µg de extrato protéico de epitélios de intestinos médios posteriores.

Discussão A análise por FTIR (Figura 1) mostrou que tanto extrato protéico de epitélios de intestinos

médios de fêmeas alimentadas com sangue quanto de fêmeas alimentadas com solução aquosa de sacarose, quando submetidos ao ensaio de cristalização de heme in vitro apresentam picos característicos de Hz (1210 cm-1 e 1670 cm-1), como já verificado para R. prolixus (Oliveira et al., 1999).

A

B

A

Page 11: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 11

Para a formação de Hz a partir de monômeros de heme, 50% dos grupamentos de ácido propiônico do heme devem estar desprotonados, o que ocorre em valores de pH iguais ao pKa dos propionatos, entre 4,8 – 5,0. Estes valores coincidem com a faixa de pH do vacúolo digestório de Plasmodium (Ridley et al., 1995), onde esta estrutura foi descrita pela primeira vez, e do intestino médio de R. prolixus (Oliveira et al., 1999). Em contrapartida, o lúmen do intestino médio posterior de Ae. aegypti, região em que ocorre formação de matriz peritrófica após alimentação sanguínea, apresenta pH básico (Corena et al., 2005). Com isso, buscamos analisar a influência do pH na formação de cristais de heme in vitro em Ae. aegypti. Foi possível observar que a cristalização de heme in vitro ocorre, preferencialmente, em pH ácido entre 4.0 e 5.6 (Figura 2), sugerindo que o lúmen intestinal deste inseto não apresenta condições fisiológicas compatíveis com a atividade de síntese de Hz.

Heme é uma molécula regulatória versátil e é conhecida por regular processos celulares como diferenciação, transcrição e processamento pós-traducional em diferentes sistemas (Thomas et al., 1984). Verificou-se em trabalhos anteriores que heme é capaz de aumentar a atividade e expressão da α-glucosidase em R. prolixus (Mury et al., 2009). Baseado nisso, extratos protéicos de epitélios de intestinos médios de fêmeas de Ae. aegypti em jejum, alimentadas com solução aquosa de sacarose e com sangue foram testados em ensaios de atividade de α-glucosidase e de síntese de cristais de heme in vitro. Como pode se analisado na figura 3, extratos protéicos de fêmeas alimentadas com sangue apresentaram maior atividade de α-glucosidase e de síntese de cristais de heme em relação aos extratos de fêmeas em jejum e alimentadas com solução aquosa de sacarose.

Conclusão Cristais de heme formados in vitro a partir de extratos protéicos de epitélios de intestinos

médios de fêmeas alimentadas com sangue de camundongo e de fêmeas alimentadas com solução aquosa de sacarose, quando analisados por FTIR apresentaram picos característicos de Hz (1210 cm-1 e 1660 cm-1). Entretanto, a cristalização de heme in vitro em Ae. aegypti ocorre principalmente em pH ácido entre 4.0 e 5.6, o que, a princípio, descarta a possibilidade de síntese de Hz in vivo neste sistema nos moldes observados para o R. prolixus.

Fêmeas alimentadas com sangue apresentam maior atividade da enzima α-glucosidase e maior potencial de cristalização de heme se comparadas às fêmeas em jejum e alimentadas com solução aquosa de sacarose.

Referências

CORENA, M., VANEKERIS L. ,SALAZAR M. I., BOWERS D., FIEDLER M. M., SILVERMAN D., TU C., LINSER P. Carbonic anhydrase in the adult mosquito midgut. The J. of Exp. Biol. v.208 p.3263-3273, 2005. HALLIWELL, B., GUTTERIDGE, J.M.C. Biologically relevant metal ion-dependent hydroxyl radical generation. FEBS. v.307 p.108-112, 1992. MURY F.B., SILVA J.R., FERREIRA L.S., SANTOS LF, SOUZA-FILHO G.A., SOUZA-NETO J.A., RIBOLLA P.E., SILVA C.P., NASCIMENTO V.V., MACHADO O.L., BERBERT-MOLINA M.A. e DANSA-PETRETSKY, M. Alpha-glucosidase promotes hemozoin formation in a blood-sucking bug: an evolutionary history. Plos One. 4(9):e6966, 2009.

Page 12: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 12

OLIVEIRA, M.F.; SILVA, J.R.; DANSA-PETRETSKY, M.; SOUZA, W.; LINS, U.; BRAGA, C.M.S.; MASSUDA, H. e OLIVEIRA, P. L. Haem detoxification by an insect. Nature. v.400 p.517-18, 1999. PASCOA, V., OLIVEIRA, P. L., DANSA-PETRETSKI, M., SILVA, J. R., ALVARENGA, P. H., JACOBS-LORENA, M., LEMOS, F. J. Aedes aegypti peritrophic matrix and its interaction with heme during blood digestion. Insect. Biochem. Mol. Biol. v.32 p.517-523, 2002. RYDLEY, R. G.; DORN, A.; MATILE, H. e KANSY, M. Haem polymerization in malaria – Reply. Nature. v.378 p. 138-139, 1995. SLATER, A. F. e CERAMI, A. Inhibition by choroquine of a novel haem polymerase enzyme activity in malaria trophozoites. Nature. V.355 p.167-169, 1992. SULLIVAN, J.R.D.J.; GLUZMAN, I. Y.; GOLDBERG, D. E. Haemozoin formation mediated by histidine-rich proteins. Science. v.271 p.219-221, 1996. TERRA, W. R.; FERREIRA, C.; GARCIA, E. S. Carbodiimide-reactive carboxil groups at the active site of na insect midgut trehalase. Biochim Biophys. Acta v.571 n.1 p.79-85,1979. THOMAS, NS; MATTS, RL; PETRYSHYN, R & LONDON, IM Distribution of reversing factor in reticulocyte lysates during active protein synthesis and on inhibition by heme deprivation or double-stranded RNA. PNAS 81(22): 6998-7002, 1984.

Page 13: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 13

CARACTERIZAÇÃO BIOLÓGICA DA ESPÉCIE Hoplias malabaricus (Bloch, 1764) DURANTE PERÍODO CHUVOSO NA LAGOA FEIA, RJ

Beliene, G.H.1, Silva, L.BQ.2, Rocha, A.R.M.3, Gomes-Jr, J.L.,4, Souza, C.M.M.5

1UENF/Laboratório de Ciências Ambientais, [email protected] 2UENF/Laboratório de Ciências Ambientais, [email protected]

3UENF/Laboratório de Ciências Ambientais, [email protected] 4UNICAMP/Instituto de Biologia/ Departamento de Biologia Animal, [email protected]

5UENF/Laboratório de Ciências Ambientais, [email protected] Resumo – Hoplias malabaricus é uma espécie de peixe membro da família Erytrinidae, de características alimentares bem amplas consumindo quase tudo o que encontra e de grande importância na alimentação humana devido ao sabor de sua carne e valor nutricional. Atualmente tem se discutido o papel da espécie na regulação de outras populações de peixes em função de sua classificação trófica como carnívora piscívora e topo de cadeia. O objetivo do presente trabalho foi caracterizar a população da espécie Hoplias malabaricus no período chuvoso na Lagoa Feia no Norte do Estado do Rio de Janeiro, por se tratar de um local onde pouco se conhece a respeito de sua ecologia, além de ser uma grande fonte pesqueira para alimentação humana na região, determinando-se parâmetros biométricos, índice de repleção estomacal (IRE), Índice Gonadossomático (IGS) e Índice Hepatossomático (IHS). Os resultados mostraram que aparentemente a espécie está vivendo harmonicamente com o ambiente e desenvolvendo suas atividades fisiológicas normalmente; além disso, foi observado um comportamento similar em relação a outras populações da mesma espécie já estudadas em outros locais. Palavras-chave: Traíra, Lagoa Continental, Characiformes, IRE, IGS, IHS Área do Conhecimento: Ecologia de Ecossistemas

Introdução Os peixes representam o grupo mais numeroso e diversificado entre os vertebrados com cerca de

25.000 espécies conhecidas (VAZ et. al., 2000), desempenhando papéis importantes nos ambientes em que vivem.

Desses destaca-se a traíra, Hoplias malabaricus (BLOCH, 1794), membro da família Erythrinidae, de grande valor ecológico estruturando assembléias de peixes em lagoas (PETRY, 2005). A maior parte dos estudos, porém, apresentam uma abordagem restrita a variáveis isoladas, como alimentação, comportamento e reprodução, em detrimento de um enfoque mais amplo, integralizando essas vertentes (MARTINS, 2009).

Tais estudos amplos acerca da biologia das populações são de grande importância, pois muitas respostas elucidativas sobre a ecologia das espécies podem ser obtidas (VAZOLLER, 1996; BENEDITO CECÍLIO & AGOSTINHO, 1997), assim como as relações entre morfologia, fisiologia e performance ecológica, que têm ajudado a entender o comportamento individual, as interações tróficas e a evolução da diversidade morfológica das espécies (PETTERSON & HEDENSTROM, 2000).

Page 14: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 14

O objetivo deste trabalho foi avaliar aspectos relevantes na caracterização da biologia de H. malabaricus (BLOCH, 1794), na Lagoa Feia, RJ.

Metodologia Os exemplares de Hoplias malabaricus (BLOCH, 1794) foram obtidos através de compras

mensais entre Novembro/09 e Março/10, com exceção do mês de Janeiro, caracterizando o período chuvoso na região. As compras foram feitas com os pescadores da região, em cuja atividade de captura utilizam redes de espera.

Vinte (20) exemplares de traíras foram comprados por mês, ao longo de 4 meses de coleta. A cada compra os exemplares eram levados ao Laboratório de Ciências Ambientais da UENF, a fim de serem devidamente identificados com o mês de coleta, e anotados os valores de CT = Comprimento Total (cm); PG = Peso de Gônada (g); PE = Peso do Estômago (g); PF = Peso do Fígado (g) e PC = Peso Corporal (PC = PT - PG ) (g).

A estrutura populacional foi avaliada através do N mensal dividido em classes de comprimento através das fórmulas 1 e 2, descritas por Vazoller (1996): k = 1 + 3,222.logN, onde k = Número de classe, N = Número total de indivíduos; e h = A/k, onde h = Intervalo da classe, A = Amplitude de variação do comprimento (maior comprimento obtido – o menor comprimento obtido).

A alimentação foi analisada nesse primeiro momento através do índice de repleção estomacal utilizando-se a fórmula 3 de Vazoller (1996): IRE = (PE/PT) x 100. Para a obtenção dos dados referentes à reprodução foi empregada a determinação do sexo através de análise visual da gônada e do estado de maturação gonadal, considerando-se caracteres macroscópicos dos ovários e testículos como tamanho, coloração, vascularização, flacidez, tamanho em relação à cavidade abdominal e a visualização dos ovócitos. Essa avaliação permitiu a distribuição desses em cinco estádios de maturação: Estádio 1- imaturo; Estádio 2A - maturação inicial; Estádio 2B - maturação final; Estádio 3 - maturo e Estádio 4 - esvaziado, adaptado de Vazoller (1996). Ainda no contexto reprodutivo foi determinado o índice gonadossomático, considerando-se IGS = Pg/PC x 100, e por fim calculado o índice hepatossomático IHS = Pf/PC x 100, seguindo as equações 4 e 5 de Vazoller (1996), respectivamente.

Resultados Os resultados biométricos do N total = 80 são apresentados na Tabela 1. Do início do estudo até o

último mês de coleta, observou-se uma diminuição do peso médio em torno de 27%, enquanto o comprimento médio apresentou valores praticamente constantes.

Page 15: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 15

Tabela 1: intervalos, Valores médios, desvio padrão e coeficiente de variação do peso total (g) e comprimento total (cm) para a população de Hoplias malabaricus analisada.

2009/1

0 BIOMETRIA (N = 80)

Comp. Total (cm) Peso Total (g)

NOV

32 – 39 (35 ± 2,3;cv =

6,5%)

330 – 800 ( 577±103 ; cv = 18

%) DEZ 31 – 39

( 34 ±2,2;cv = 6,5%)

350 – 800 ( 491 ±103 ; cv = 21

%) FEV 30 – 39

( 35 ±2,1;cv = 6,1%)

350 – 750 ( 477 ±113 ; cv = 24

%) MAR 24 – 36

( 32 ±3,4;cv = 11 %)

120 – 650 ( 416 ±146 ; cv =

45%) Considerando-se os indivíduos distribuídos em classes de peso e tamanho observa-se uma

predominância das classes intermediárias em ambos os casos (entre 312 e 599g e entre 31 e 36,9cm) e um decréscimo tanto das classes menores quanto as de valores maiores (Figuras 1A e1B).

Figura 1A. Número de indivíduos distribuídos em classes de comprimento total médio (intervalo de 2 cm); 1B. Número de indivíduos distribuídos em classes de peso total médio (intervalo de 96g).

Os índices de repleção estomacal (Figura 2A) apresentaram valores decrescentes desde o início das coletas no mês de novembro, exceto o mês de fevereiro com pequena elevação. O que resultou em uma queda média de 2% no período analisado, fato que veio acompanhado pela mesma diminuição dos estados de repleção dos estômagos cheio e semi cheio, como mostra a Figura 2B.

A.

B.

B

Page 16: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 16

Figura 2A. Índice médio de repleção estomacal dos exemplares de H. malabaricus referente ao período chuvoso de novembro a fevereiro (N=80).

Figura 2B. Percentual dos estados de repleção estomacal cheio e semi cheio no período de coleta para a população de H. malabaricus (N = 80).

A distribuição dos índices hepatossomático (IHS) e gonadossomático (IGS) (Figura 3) ao longo

do período amostral apresentou tendências semelhantes a partir do mês de dezembro, havendo pouca variação entre suas médias.

Figura 3. Relação entre índice gonadossomático e índice hepatossomático na população de Hoplias

malabaricus estudada.

A.

B.

A

Page 17: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 17

O mês de fevereiro mostrou uma elevação nas médias de peso de gônada e fígado dos espécimes analisados e uma diminuição dos mesmos no mês subseqüente. Essa variação refletiu diretamente nos índices calculados, levando a supor que exista alguma relação entre eles.

Na população estudada a proporção que caracteriza a diferença de sexo demonstra uma predominância em todos os meses de indivíduos machos (de 53% a 65%) (Tabela 2), porém as traíras do sexo feminino apresentaram maior quantidade de gônadas em maturação comparativamente aos machos (Figura 4). Na população de 80 indivíduos analisados, cinco não apresentaram condições estruturais da gônada para identificação do sexo.

Tabela 2. Número total mensal de fêmeas e machos da população coletada. (N = 75)

Nov Dez Fev Mar

Total Fêmea 8 6 9 7

Total Macho 12 12 10 13

Figura 4. Número mensal de fêmeas e machos da população de Hoplias malabaricus em estado de maturação (N = 75).

Discussão Os resultados biométricos revelaram indivíduos com valores médios de 33,8cm de comprimento e

490g de peso, sendo que da população amostrada 88,8% distribuídos entre os intervalos de 31cm ―I 39cm de comprimento e 85% entre 312g ―I 696g de peso. Esses valores quando comparados ao do estudo realizado por Souza (2006) na mesma lagoa e no período chuvoso, mostram um aumento superior a 5,1cm no comprimento médio e acima de 189,5g no peso médio. Além disso, os resultados também demonstram que 73,4% da população tinham entre 23cm e 33cm de comprimento e que 87% tinham entre 82g e 599g de peso, ambos abaixo do observado nesse trabalho. Esses valores sugerem um aumento de 15% na média de tamanho e de 8,0% na média de comprimento, desde o estudo realizado pela autora citada, além de uma maior distribuição de

Page 18: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 18

indivíduos em intervalos de classe de comprimento e peso maiores. Esses dados podem ser um indicativo de que o ambiente da Lagoa Feia poderia estar apresentando condições adequadas para o desenvolvimento biométrico da espécie H. malabaricus, sendo necessários, entretanto, estudos mais aprofundados a fim de estabelecer melhores avaliações.

O parâmetro alimentação analisado através dos índices de repleção e estados de repleção estomacal distribuídos entre os quatro meses de coletas. evidenciaram uma queda deste último desde o início do estudo em torno de 70% cheio e 10% semicheio, até o final com 30% cheio e 25% semicheio (Gráfico 2B). Esse comportamento evidencia a aproximação do período de seca, tendência essa observada por vários autores em diferentes épocas e locais (WINEMILLER, 1989; CARVALHO, et al 2002; SOUZA, 2006; CORRÊA, 2009), em oposição a uma maior oferta de alimentos nos períodos chuvosos. Além disso, durante estações quentes há a possibilidade do aumento da captura de presas relativas aos peixes piscívoros o que favorece a atividade de forrageamento (MENEZES, 1969), induzindo a uma queda na entrada das estações frias. Os índices de repleção estomacal oscilaram entre 6% e 4% reflexo dos estados de repleção, observando-se que apenas em fevereiro os valores foram relativamente elevados, provavelmente em função do índice hepatossomático (IHS). O gráfico 3 mostra uma mesma tendência entre os índices hepatossomático e gonadossomático, exceto para o mês de novembro, devido ao fato de que nesse mês grande parte dos indivíduos no momento da dissecação apresentaram um estado avançado de decomposição das vísceras, o que dificultou a retirada total das gônadas, levando a valores menores de peso para esse item. O mês de fevereiro apresentou um crescimento dos dois índices, seguido de uma queda no mês seguinte, tendência essa que relaciona a quantidade de lipídios depositados no fígado durante os primeiros 90 dias da maturação gonadal, para que posteriormente essa reserva seja transferida para as gônadas, que serão esvaziadas, diminuindo dessa forma os valores dos dois índices (Reidel et al., 2010).

Conclusão A partir desses resultados parciais é possível inferir que a população de Hoplias malabaricus da

Lagoa Feia, apresenta padrões parecidos com os de outras populações já estudadas em diversos locais e em várias épocas diferentes, de forma que demonstrou características bem marcantes para a espécie, o que sugere que não devem estar sofrendo ações antropogênicas que afetem seu modo de vida, além de levar a crer que exista um equilíbrio ecológico da lagoa em que vivem.

É necessário, porém, um aprofundamento nesses estudos ecológicos relativos à espécie na região a fim de se obter uma avaliação ampla do ecossistema lagunar e as inter-relações ali existentes.

Bibliografia

BENEDITO-CECÍLIO, E. & A.A. AGOSTINHO. Estrutura das populações de peixes do reservatório de Segredo, p. 113-139. In: A.A. Agostinho & L.C. Gomes. (Eds.). Reservatório de segredo: bases ecológicas para o manejo.Maringá: Eduem. 1997. CARVALHO,L.N.; VELASQUEZ, C.H.F.;MOREIRA,V.S.S. Alimentação de Hoplias

malabaricus (Bloch, 1794) (Osteichthyes, Erythrinidae) no rio Vermelho, Pantanal Sul Mato-Grossense. Rev. Bras. Zoociências. Juiz de ForaV. 4 Nº2. p. 215-226, dezembro de 2002.

Page 19: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 19

CORRÊA,F. & PIEDRAS,S.R.N. Alimentação de Hoplias aff. malabaricus (Bloch,1794) e Oligosarcus robustus Menezes, 1969 em uma lagoa sob influência estuarina, Pelotas, RS. Revista Biotemas, 22 (3), setembro de 2009. MARTINS, J. M. E. Biologia de Hoplias malabaricus (Bloch, 1794) (Characiformes, Erythrinidae) na Represa de Capim Branco I, Rio Araguari, MG / Tese (mestrado Universidade Federal de Uberlândia, Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação dos Recursos Naturais em Ciências Ambientais; 2009 MENEZES, N. A. The food of Brycon and three closely related genera of the tribe Acestrorhynchini. Papeis Avulsos Zoologia, 22 (20): 271-223, 1969. PETTERSSON, L. B. & HEDENSTRÖM, A. Energetics, cost reduction and functional consequences of fish morphology. Proceedings of the Royal Society of London B 267. 759-764, 2000. PETRY, Ana Cristina. A traíra Hoplias aff. malabaricus (Bloch, 1794) na planície de inundação do alto rio Paraná: influência sobre as assembléias de peixes e aspectos da auto-ecologia. Tese (Doutorado em Ciências Ambientais)- Fundação Universidade Estadual de Maringá,Maringá. 70pp, 2005. REIDEL, A.; ROMAGOZA, E.; SEIDEN, A.; BOSCOLO, W.R.; COLDEBELLA, A. e SIGNOR, A. A. Rendimento corporal e composição química de jundiás alimentados com diferentes níveis de proteína e energia na dieta, criados em tanques-rede. R. Bras. Zootec., v.39, n.2, p.233-240, 2010. SOUZA, M.C. Avaliação de variáveis biológicas relevantes na distribuição de metais pesados em tecido muscular de Hoplias malabaricus, (BLOCH, 1794) Lagoa do Campelo, RJ / dissertação de mestrado em Biociências e Biotecnologia – Lab. Ciências ambientais- Universidade Estadual do Norte Fluminense – RJ; 2006. VAZ, M.M. Companhia Energética de Minas Gerais. Belo Horizonte. Guia ilustrado de peixes da bacia do Rio Grande.: CEMIG/CETEC. 144p., 2000. VAZZOLER, A.E.A.M. Biologia da reprodução de peixes teleósteos:teoria e prática. Maringá: Eduem/SBI, Ed. da Universidade Estadual de Maringá e Sociedade Brasileira de Ictiologia. 169 p., 1996. WINEMILLER, K. O. Ontogenetic diet shifts and resource Portioning among piscivorous fishes in the Venezuelan ilanos. Environ. Biol. Fish., 26: 177-199, 1989.

Page 20: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 20

EFEITO DA NITAZOXANIDA NO TRATAMENTO DA CRIPTOSPORIDIOSE CANINA

Vieira, B.H.B.¹, Albernaz, A.P.2, Almeida, A.J. ³, Pimentel, F.F.4

¹UENF/Laboratório de Sanidade Animal, [email protected] ²UENF/Laboratório de Sanidade Animal, [email protected]

³UENF/Laboratório de Sanidade Animal, [email protected] 4UENF/Laboratório de Sanidade Animal, [email protected]

Resumo – O presente estudo teve como objetivo detectar a presença de protozoário do gênero Cryptosporidium, em fezes de cães no Município de Campos dos Goytacazes, Rio de Janeiro, e verificar a eficácia da nitazoxanida no tratamento da criptosporidiose, bem como as prováveis alterações na bioquímica das funções hepática e renal após a administração da droga. Para tanto, amostras fecais e sanguíneas de 11 animais foram coletadas e analisadas através da técnica de Ziehl Neelsen modificada, e os animais positivos divididos em grupo controle e grupo tratado. O grupo de animais tratados recebeu 10mg/Kg de nitazoxanida, a cada 12 horas, durante três dias consecutivos. O sangue para análise da bioquímica sérica foi coletado da veia cefálica antes e após a terapia. O tratamento realizado foi ineficaz no combate do protozoário e os animais não apresentaram alterações na bioquímica sérica após o protocolo terapêutico. Palavras-chave: Cães, Cryptosporidium, nitazoxanida. Área do conhecimento: Saúde

Introdução O contato íntimo entre os animais e seus proprietários traz muitos benefícios, porém, pode

oferecer alguns riscos a saúde do homem. Por este motivo, o estudo de zoonoses torna-se imprescindível.

A criptosporidiose é uma doença que pode ser transmitida entre pessoas, animais, pessoa-animal ou de forma indireta pelo consumo de água e alimentos contaminados (ROSE 1998, BARALDI 1999, FAYER 2004).

Apesar do progresso no conhecimento deste patógeno, há ainda muito que aprender, principalmente sobre a terapêutica para esta enfermidade (ANDRADE NETO; ASSEF, 1996). Várias drogas já foram testadas e usadas no tratamento da criptosporidiose, porém muitas não apresentaram cura clínica nem parasitológica.

A nitazoxanida (Annita®) se mostrou eficaz no tratamento em pacientes humanos. Porém, na dosagem preconizada para crianças não teve efeito no tratamento da criptosporidiose em cães (PIMENTEL, 2008).

O presente estudo teve como objetivo detectar a presença de protozoário do gênero Cryptosporidium, em fezes de cães em Campos dos Goytacazes, RJ, bem como verificar a eficácia da nitazoxanida no tratamento da criptosporidiose e a possibilidade de alterações bioquímicas séricas após a terapia.

Page 21: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 21

Metodologia O estudo foi realizado no período de junho de 2009 até abril de 2010 no Centro de Ciências e

Tecnologias Agropecuárias (CCTA) no Laboratório de Sanidade Animal (LSA), na Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Campos dos Goytacazes, RJ.

O estudo utilizou animais domiciliados em Campos dos Goytacazes, RJ. Foram coletadas fezes de 11 caninos, de diferentes sexos, idades e raças, independente do estado clínico e consistência de suas fezes.

As amostras fecais foram colhidas e armazenadas em coletores plásticos individuais, de primeiro uso, após a defecação natural dos cães. As mesmas foram identificadas, acondicionadas em caixa térmica, e encaminhadas ao Setor de Doenças Parasitárias do LSA, CCTA - UENF.

Foram coletados 5 ml de sangue da veia cefálica, com auxílio de agulhas hipodérmicas e seringas estéreis e descartáveis 25 x 0,7mm, após correta tricotomia e anti-sepsia da região com álcool iodado. O sangue coletado foi armazenado em tubos siliconizados para obtenção de soro. O material foi identificado e acondicionado em caixa isotérmica e encaminhado ao Setor de Patologia Clínica do LSA, CCTA - UENF.

As amostras fecais foram processadas pela técnica de Ritchie (1948) modificada por Allen e Ridley (1970) para concentração dos oocistos, e também pela técnica de Ziehl-Neelsen modificada (HERIKSEN e POHLENZ, 1981). As lâminas foram observadas em microscópio óptico, em objetiva de 100x (imersão).

Os animais positivos foram divididos em dois grupos: Grupo 1, tratados e Grupo 2, controle. Amostras de sangue sem anticoagulante foram coletadas de cada animal um dia antes e no 14º dia após o tratamento para a verificação da possibilidade de alterações bioquímicas após a administração da droga.

O Grupo 1 foi medicado com 10 mg/kg de nitazoxanida, duas vezes ao dia, durante 3 dias consecutivos, conforme posologia do fabricante. Foram coletadas fezes dos cães, nos dias 2, 3, 4, 11 e 18, para observação de oocistos e comparação entre os grupos, avaliando assim a eficácia do medicamento.

Os procedimentos que foram realizados podem ser visualizados no Quadro 1.

Page 22: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 22

Resultados Os resultados das análises fecais antes, durante e após o tratamento dos grupos 1 e 2 podem ser

visualizados no Quadro 2. Pode-se observar que não houve diferença entre a positividade de animais tratados e de animais não

tratados, ou seja, ambos os grupos eliminaram oocistos em suas fezes durante o período experimental de forma semelhante. Este fato sugere que o tratamento realizado com a nitazoxanida na dose de 10mg/Kg foi ineficaz no combate do protozoário.

Não foram observadas alterações dignas de nota na bioquímica sérica após o tratamento. A única alteração foi o aumento de uréia em apenas um animal tratado.

Discussão Esta droga é usada em crianças na dose de 7,5mg/Kg e em adultos na dose de 500 mg de 12/12

horas por três dias em imunocompetentes. Ela tem mostrado uma cura clínica satisfatória (CIMERMAN, 2006).

A mesma dose indicada para crianças foi testada por PIMENTEL (2008) no tratamento da criptosporidiose canina e se mostrou ineficaz. Da mesma forma, ao utilizar dose maior no protocolo, observou-se que a droga não foi capaz de combater o protozoário.

Os animais 1T e 2T (tratados) foram considerados negativos no dia três, todavia eles voltaram a eliminar oocistos nas coletas seguintes, corroborado com os resultados de Pimentel (2008). Também foram considerados negativos os animais 6C e 9C do grupo controle nos dias 11 e 2, respectivamente. Este fato deve ter ocorrido, pois a eliminação de Cryptosporidium é intermitente, e sua quantidade variável, dependendo da fase do ciclo em que se encontra (LALLO e BONDAN, 2006). Portanto a não eliminação de oocistos pelos animais 1T e 2T provavelmente não ocorreram pelo efeito do medicamento.

A alteração de uréia vista no animal 5T provavelmente não foi causada pelo medicamento visto que os outros animais nada apresentaram. Após o tratamento com nitazoxanida este animal foi submetido a um tratamento para erlichiose com doxiciclina, o que pode ter influenciado no resultado. Ambos os trabalhos mostraram que nessas doses a nitazoxanida não causou alterações na bioquímica sérica.

Page 23: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 23

Conclusão A nitazoxanida, na dose de 10mg/Kg, não teve efeito no tratamento da criptosporidiose canina, e

nesta dosagem não ocasionou alterações bioquímicas nas funções hepática e renal dos animais analisados.

Referências

ALLEN, A.V.H.; RIDLEY, D.S. Further observations on the formol ether concentration technique parasites. Journal of Clinical Pathology, v. 23, p. 545-546, 1970. ALMIRALL, P.; ESCOBEDO, A.; CIMERMAN, S. Giardíase, tratar ou não tratar?...E, se tratar, com qual giardicida? Revista Ação em Parasitoses, 1(1): 8-12, 2007. ANDRADE NETO, J.L.; ASSEF, M.C.V. Criptosporidiose e microsporidiose. In: Tratado de Infectologia. Veronesi, R., 8ª ed. São Paulo: Editora Ateneu, 1170-1172, 1996. BROEKHUYSEN, J.; STOCKIS, A.; LINS, R.L.; DE GRAEVE, J.; ROSSIGNOL, J.F. Nitazoxanide: pharmacokinetics and metabolism in man. Int J Clin Pharmacol; 38: 387- 394, 2000. CAPUANO, D.M., OKINO, M.H.T., BETTINI, M.J.C.B. Frequência de Cryptosporidium spp. E Isospora belli em pacientes soropositivos para o HIV na Região de Ribeirão Preto, SP/Brasil. Revista do Instituto Adolfo Lutz, 60(1): 11-15, 2001. CIMERMAN, S. Avanços em Criptosporidiose. Revista Panamericana de Infectologia, jul-set, v.8, n.3, 2006. DUBEY, J.P., SPEER, C.A., FAYER, R. Cryptosporidiosis on man and animals CRC Press Boston, 199p, 1990. EDERLI, B.B.; EDERLI, N.B.; OLIVEIRA, F.C.R. DE; QUIRINO, C.R.; CARVALHO, C.B. Fatores de risco associados à infecção por Cryptosporidium sp. em cães domiciliados na cidade de Campos dos Goytacazes, Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v.17, supl. 1, p. 260-266, 2008. FIGUEIREDO, H.C.P.; PEREIRA, D.J.; NOGUEIRA, R.B.; COSTA, P.R.S. Excreção de oocistos de Cryptosporidium parvum em cães saudáveis das cidades de Lavras e Viçosa, Estado de Minas Gerais, Brasil. Ciência Rural, v.34, n.5, set-out, 2004. FORTES, E. Parasitologia Veterinária. 4ª edição, revista ampliada e atualizada. São Paulo, Editora Ícone, 607p, 2004. GENNARI, S.M.; KASAI, N.;PENA, H.F.J.; CORTEZ, A. Ocorrência de protozoários e helmintos em amostras de fezes de cães e gatos da Cidade de São Paulo. Brasilian Journal of Veterinary Research Animal Science, 36(2): 10-14, 1999. HENRIKSEN, S.A.; POHLENZ, J.F.L. Staining of Cryptosporidia by a modified Ziehl-Neelsen technique. Acta Veterinaria Scandinavica, v. 22, n.3-4, p.594-596, 1981. LALLO, M.A. Criptosporidiose canina. Revista Clínica Veterinária, 2(1):20-22, 1996. 13 LALLO, M.A.; BONDAN, E.F. Prevalência de Cryptosporidium sp. Em cães de instituições da Cidade de São Paulo. Revista de Saúde Pública, 40(1): 120-125, 2006. MACKENZIE, W.R., HOXIE, N.; PROCTOR, M.E.; GRADUS, M.S.; BLAIR, A.K.; PETERSON, D.E.; KAZMIERCZAK, J.J.; ADDISS, D.G.; FOX, K.R.; ROSE, J.B.; DAVIS, J.P. A massive

Page 24: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 24

outbreak in Milwaukee of Cryptosporidium infection transmitted though the public water supply. New England Journal Medicine, 331: 161-167, 1994. MOURA, A.B.; TEIXEIRA, E.B.; SOUZA, A.P.; SARTOR, A.; BELLATO, V.; STALLIVIERE, F.M. Cryptosporidium spp. em cães domiciliados da cidade de Lages, SC. Revista de Ciências Agroveterinárias. Lages, v.8, n.2, p. 173-178, 2009 OLIVEIRA-SEQUEIRA, T.C.G.; AMARANTE, F.T. Parasitologia Animal. 1ª edição. Rio de Janeiro: EPVB, 149p, 2001. PANCIERA, R.J., THOMASSEN, R.W., GARNER, F.M. Cryptosporidial infection in a calf. Veterinary Pathology, 8: 479-484, 1971. PIMENTEL, F.F. Efeito do tratamento com nitazoxanida na criptosporidiose canina. Monografia. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro-UENF, Campos dos Goytacazes/ RJ, 28f., 2008. RAMIREZ, N.E.; WARD, L.A.; SREEVATSAN, S. A review of the biology and epidemiology of cryptosporidiosis in humans and animals. Microbiology Infection, 6: 773-785, 2004. REY, L. Parasitologia. 3ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 856p., 2001. ROMERO CABELLO, R.; GUERRERO, L.R..; MUNOZ GARCIA, M.R.; GEYNE CRUZ, A. Nitazoxanide for the treatment of intestinal protozoan and helminthic infections in México. Transactions of the Royal Society of Tropical Medicine and Hygiene 91, 701-3, 1997. SLAVIN, D. Crypstosporidium meleagridis (sp. Nov.). Journal Compendium Pathology, 65: 262-266, 1955. UNGAR, B.C.P. Cryptosporidium. In: Principles and practice of infectious diseases. 4ed Mandell, G.L.; Bennet, J.E.; Dohn, R. Churchill Livingstone, 2500-2510, 1995. WILSON, R.B. Cryptosporidiosis in a pup. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.183, n 9, p.10005-1006, 1983.

Page 25: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 25

MORFOLOGIA DE CÉLULAS SANGÜÍNEAS DE EMA, Rhea americana, CRIADAS EM CRIATÓRIO CONSERVACIONISTA

Gallo S.S.M.1, Oliveira F.C.R.2, Ederli N.B3, Boa-Morte M.O4

1UENF/Graduanda em Medicina Veterinária, [email protected]

2UENF/Professor Associado I, Laboratório de Clínica e Cirurgia Animal, [email protected] 3UENF/Doutoranda em Ciência Animal, [email protected]

4UFJF/Doutorando em Ciência Animal, [email protected]

Resumo - O estudo das células sanguíneas e conteúdo plasmático das aves é importante para uma correta avaliação clínica, logo, o presente trabalho objetiva descrever a morfologia e morfometria das células sanguíneas de emas, Rhea americana. Para tanto, foram colhidas amostras de sangue de 48 emas, adultas de ambos os sexos. Para a caracterização morfológica foram feitas microscopia dos esfregaços corados, com o auxílio de um microcomputador e do Software Zeiss AxionVision Sample Images os eritrócitos, heterófilos, linfócitos, monócitos, eosinófilos e trombócitos foram morfologicamente caracterizados, identificados e medidos seus comprimentos e larguras. Não foram observados basófilos nos esfregaços de sangue total em nenhuma das amostras examinadas. Para a análise de tendência central dos comprimentos e largura das células e trombócitos presentes no sangue das emas, utilizou-se o programa SAEG. Com exceção das hemácias as células presentes no sangue das emas apresentam pleomorfismo, no entanto, estas puderam ser diferenciadas caracterizando a importância do estudo destas células em sangue de ema o que pode contribuir no auxílio de diagnóstico nas avaliações clínicas destas aves. Palavras-chave: Hematologia, ratitas, eritrócito, leucócito, trombócito. Área do Conhecimento: Medicina Veterinária

Introdução

A hematologia aviária é um tema pouco explorado, no entanto, sua aplicação é usualmente utilizada no monitoramento da saúde geral dos animais, bem como na avaliação de sua capacidade para transportar oxigênio e defender-se contra os agentes infecciosos (VOIGT, 2003).

As células do sistema imunológico das aves são classificadas de acordo com a morfologia nuclear e dos grânulos. Os agranulócitos são constituídos por linfócitos, macrófagos, monócitos e trombócitos, enquanto os granulócitos são constituídos por heterófilos, eosinófilos, basófilos e mastócitos. Nesse sentido, a morfologia destas células varia de acordo com as espécies aviárias (NORIEGA, 2000; MORGULIS, 2002).

Para uma correta avaliação clínica é importante o estudo das células sanguíneas e conteúdo plasmático das aves, haja vista que são informações pouco encontradas na literatura. Logo, o presente trabalho objetiva descrever a morfologia e morfometria das células sanguíneas de emas, Rhea americana, uma ave silvestre com potencial como fonte de proteína para humanos, que vem sendo criada comercialmente em várias partes do mundo. (DEEMING, 2006).

Page 26: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 26

Metodologia Neste estudo foram utilizadas 48 emas, R. americana, adultas de ambos os sexos, criadas em

piquetes em um Criatório Conservacionista da cidade de Cachoeiro do Itapemirim-ES, Brasil. Estas aves são alimentadas com verduras, legumes e frutas frescas, misturado a ração comercial própria para ratitas que são fornecida duas vezes ao dia. Os piquetes não têm cobertura vegetal tendo os animais livre acesso a bebedouros automáticos que dispõem água ad libitum tratada fornecida pela concessionária municipal.

Embora tenha o criatório todos os animais registrados, sexados e chipados, estes são criados juntos com agrupamentos naturais em famílias, sem qualquer controle reprodutivo, apenas ovos são recolhidos e encubados artificialmente de acordo com as necessidades de manutenção do plantel.

As amostras de sangue foram colhidas por punção da veia braquial (veia da asa), após anti-sepsia local com solução de álcool iodado a 2% utilizando-se agulhas descartável de dimensão 40x12 acopladas a seringas plásticas de 10 mL, também descartáveis. O sangue foi acondicionado em tubos de vidro contendo ácido etileno aminotetracético (EDTA), identificados e mantidos em refrigeração até seu processamento.

Para a caracterização morfológica foram feitas microscopia dos esfregaços corados, captura de imagens em câmera digital e com o auxílio de um microcomputador e do Software Zeiss AxionVision Sample Images as células e trombócitos foram morfologicamente caracterizados, identificados e medidos seus comprimentos e larguras.

Para a análise de tendência central comparação dos comprimentos e largura das células e trombócitos presentes no sangue das emas, utilizou-se o programa SAEG.

Resultados Nos esfregaços observou-se eritrócitos com formato ovais à elípticos de tamanhos variados

(Tabela 1), com citoplasmas de coloração róseo-alaranjado e núcleo central de mesma forma da célula. Estes de coloração púrpura escuro com cromatina condensada (Figura 1A).

Os heterófilos (Figura 1B) apresentaram-se grandes (Tabela 1) arredondados com citoplasmas claros e presentes grânulos pleomórficos de tons eosinofílicos, núcleos basofílicos que quando maduros possuíam lobulações nucleares (Figura 1C).

Observou-se nos linfócitos (Figura 1A) das emas citoplasma azulados (Figura 1 C), alguns granulares e outros sem granulações de tamanhos variados (Tabela 1).

Quanto aos monócitos, estes foram caracterizados por células grandes (Tabela 1), de citoplasmas fracamente corados em azul com a presença em algumas células de pequenos vacúolos e núcleo arredondado, bilobulado, ou em forma de feijão (Figura 1D).

Os trombócitos presentes no sangue das emas eram, na maioria, ovais (Tabela 1) de citoplasma pouco corados contendo grânulos basofílicos e vacuolizações. O núcleo desta célula apresentava-se de arredondado a elipsóide (Figura 1E).

Eosinófilos foram caracterizados como células arredondadas de variados tamanhos (Tabela 1), com citoplasma pouco corado contendo grânulos brilhantes (Figura 1E), seu núcleo apresentava-se bilobulado e corados e basofilicamente (Figura 1F).

Page 27: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 27

Tabela 1. Morfometria de células sangüíneas de emas, Rhea americana, criadas em cativeiro na cidade de Cachoeiro do Itapemirim, Estado do Espírito Santo, Brasil.

Medidas em micrômetros Índice Células n

Comprimento Largura Morfométrico Eritrócitos 240 13,89±1,00 (11,15-

17,00) 8,51±0,94 (1,87-12,35) 1,66

Heterófilos 239 13,12±1,56 (9,73-20,24) 11,64±1,28 (7,92-15,15) 1,13 Linfócitos 240 8,87±2,00 (5,69-16,34) 7,53±1,74 (4,41-13,25) 1,19 Monócitos 223 16,19±2,41 (11,14-

24,47) 13,81±2,08 (9,06-21,20) 1,18

Eosinófilos 189 13,15±1,65 (8,95-19,29) 11,23±1,31 (7,73-15,22) 1,18 Trombócitos 240 8,55±1,53 (5,46-13,96) 6,75±1,33 (3,54-10,69) 1,29

Page 28: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 28

Figura 1: Esfregaços sanguíneos de ema, Rhea americana, criadas em um criatório conservacionista. Em

A hemácias jovens (*) e maduras; seta cheia sinaliza heterófilo; seta vazia linfócito e cabeça de seta trombócito. Em B seta destaca heterófilo com granulações pleomórficas no citoplasma. Em C seta cheia destaca linfócito com citoplasma azulado; seta vazia observa-se heterófilo com citoplasma com grânulos eosinofilicos. Em D seta cheia mostra grandes monócitos com citoplasma fracamente corado em azul e núcleo lobulado; seta vazia destaca heterófilo. Em E em destaque agrupamento de trombócitos com citoplasma pouco corado e núcleos arredondados eosinofilicos, destaca-se também (seta cheia), eosinófilo e linfócito (seta vazia). Em F seta cheia indica eosinófilos arredondados com citoplasma contendo grânulos brilhantes, observa-se também no canto inferior esquerdo (seta vazia) um heterófilo diferenciado pelo citoplasma com grânulos eosinofilicos. Barras de 10 µm.

Discussão Aves apresentam eritrócitos ovais ou elípticos com núcleo central acompanhando a

forma da célula, citoplasma de coloração róseo-alaranjado, semelhante a dos mamíferos (BOUNOUS & STEDMAN, 2000). Estas características foram também observadas nos eritrócitos das emas. Os resultados da morfologia destas células no sangue das emas (Tabela 1) corroboram com a grande variabilidade no tamanho destas células em outras espécies (BOUNOUS & STEDMAN, 2000).

Page 29: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 29

Heterófilos estão envolvidos na resposta inflamatória primária de aves (MAXWELL & ROBERTSON, 1998). Estes são redondos e maiores que as hemácias e que raramente variam de tamanho (CAMPBELL, 1995), característica não observada na morfometria no sangue de emas (Tabela 1). Não foi possível também identificar a forma de bastão dos grânulos como citado por JAIN et al. (2000) para heterófilos de aves. O núcleo basofílico com regiões mais escuras representando cromatina condensada também foi observado e em células maduras assim como lobulações nucleares como citado por LUCAS & JAMROZ (1961) e BONADIMAN et al. (2009).

Os linfócitos de emas tal como de outras ratitas apresentam citoplasma que se cora em tons azulados (GREEN & BLUE-MACLENDON, 2000). O núcleo possui cromatina densa e está ligeiramente de um dos lados ou bem no centro da célula (LUCAS & JAMROZ, 1961). O citoplasma, pode conter alguns grânulos eosinofílicos conforme descrito por RUPLEY (1999). São os linfócitos os responsáveis pela imunidade específica nas aves (POWELL, 1987; MORGULIS, 2002).

Semelhantes aos monócitos das aves, em emas ela deve ter capacidade de fagocitar partículas estranhas (MORGULIS, 2002). Os monócitos das emas são células grandes (Tabela 1), com quantidade moderada de citoplasma azul acinzentado, que eventualmente contém vacúolos pequenos e discretos. GREEN & BLUE-MACLENDON (2000) descreveram o núcleo de monócitos de ratitas como pleomórfico, com cromatina menos condensada que nos linfócitos variando de arredondado, bilobulado, ou em forma de feijão, estas características também pode ser observadas em monócitos de emas. Monócitos são ainda, geralmente, maiores que os linfócitos (BENEZ, 2001) o que foi observado também no sangue das emas.

Eosinófilos são células arredondadas que possuem grande variação de tamanho (LUCAS & JAMROZ, 1961). O citoplasma é azul pálido, com grânulos brilhantes arredondados de cor alaranjada (CAMPBELL & DEIN, 1984). O núcleo é bilobulado (RUPLEY, 1999) e basofilico com regiões mais escuras de heterocromatina (LUCAS & JAMROZ, 1961). Estas características corroboram as observadas nestas mesmas células nas emas. Em avestruzes, BONADIMAN et al. (2009) observou ultraestruturalmente que os grânulos presentes no citoplasma eram de formato variável e tamanhos iguais.

Nas emas, como nas aves, os trombócitos exercem função semelhante à das plaquetas dos mamíferos (FRYE, 1991; PELLIZON, 1996; APRILE et al., 2006), e apresentam características ovais e menores que as hemácias. O citoplasma é incolor de aparência reticulada, que freqüentemente contém vacuolizações ou grânulos basofílicos. O núcleo, redondo ou alongado, ocupa cerca de um terço do volume da célula (CAMPBELL & DEIN, 1984).

Conclusão Com exceção das hemácias as células presentes no sangue de emas apresentam

pleomorfismo, no entanto, estas podem ser diferenciadas ao serem observadas em

Page 30: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 30

esfregaços de sangue corados, importante na contagem diferencial das mesmas e diagnóstico de doenças nestas aves.

Referências

APRILE, G.; BELDOMENICO, P.; SOLÍS, G.; MARULL, C.; BEADE, M.; CARMINATI, A.; MORENO, D. Evaluation of the health of free-ranging greater rheas (Rhea americana) in Argentina. Veterinary Record 158: 297, 2006. BENEZ S.M. Aves: criação, clínica, teoria e prática. Silvestres, ornamentais, avinhados. 3. ed. Robe, São Paulo. 522pp, 2001. BONADIMAN S.F.; STRATIEVSKY, G.C.; MACHADO, J.A.; ALBERNAZ A.P.; RABELO, G.R.; DAMATTA, R.A. Leukocyte ultrastructure, hematological and serum biochemical profiles of ostriches (Struthio camelus), Poultry Science, BOUNOUS D.I.; STEDMAN N.L. Normal Avian hematology: Chicken and Turkey. In: FELDMAN, B.F.; ZINKL, J.G.; JAIN, N.C. Schalm’s Veterinary Hematology, 5.ed., Philadelphia, Lippincot, Williams & Wilkins, p. 1147-1154, 2009. CAMPBELL T.W. Common avian blood parasites. In Avian Hematology and Cytology, Ioma State Press, Ames, IA, p.30-34, 1995. CAMPBELL T.W., DEIN, F.J. Avian Hematology. The basics. Vet. Clin. North Am. Small Anim. Pract. 14:223-248, 1984. DEEMING D.C. Incubação de ovos de Avestruzes, ema, emú e casuar, Viçosa, 257pp., 2006. FRYE F.L. Biomedical and Surgical aspects of Captive Reptile Husbandry. 2.ed. Krieger Publishing Company, Melbourne, 635pp, 1991. GREEN R.A.; BLUE-MACLENDON A. Ratite hematology. In: FELDMAN B.F.; ZINKL J.G.; JAIN N.C.A. Schalm’s Veterinary Hematology, 5 ed. Lippincott Willians & Wilkins, Baltimore, p. 1201-1206, 2000. JAIN, N.C.; FELDMAN, B.F.; ZINKL, J.G. Schalm’s Veterinary Hematology, 5 ed., Philadelphia: Lea & Febiger, 538 p, 2000. LUCAS A.M., JAMROZ, C. Atlas of Avian Haematology. USDA, Washington, DC, 271 pp, 1961. MAXWELL, M.H.; ROBERTSON, G. W. The avian heterophil leucocyte: a review. World’s Poult. Sci. J. 54: 155-178, 1998. MORGULIS M.S. Imunologia aplicada. In: MACARI M.; FURLAN R.L.; GONZALES E. Fisiologia aviária aplicada a frangos de corte. FUNEP/UNESP, Jaboticabal, 375pp, 2002. NORIEGA M.L.V.C. Apuntes de hematologia aviar. Universidade Nacional Autônoma, México, 70pp, 2000. PELLIZON C.H. Participação de trombócitos de tartarugas em processos endocíticos. Uma análise ultra-estrutural e citoquímica. Dissertação de Mestrado. Escola Paulista de Medicina, 1996. POWELL P.C. Immunemechanisms in Infections of Poultry. Vet. Immunol. Immunopathol. 15: 87-113, 1987.

Page 31: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 31

RUPLEY A.E. Patologia Clínica. In: RUPLEY A.E. Manual de Clínica Aviária. Roca, São Paulo, p 364-430, 1999. VOIGT G.L. Conceptos y Técnicas Hematológicas para Técnicos Veterinarios. editorial ACRIBIA, Zaragoza, 144pp, 2003.

Page 32: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 32

AUMENTO NA TAXA DE BLASTOCISTOS BOVINOS CULTIVADOS EM ALBUMINA-ÁCIDO LINOLÊICO (LAA)

Detoni. D.1; Costa. F.Q.2; Paes de Carvalho, C.S.3; Dias. A.J.B.4

1 UENF/ Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal [email protected]

2 UENF/ Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal [email protected]

3 UENF/ Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal [email protected] 4 UENF/ Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal [email protected]

Resumo: O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da suplementação do meio de cultivo in vitro de embriões bovinos com a albumina-ácido linoléico (LAA), sobre a taxa de blastocistos. Os embriões foram cultivados in vitro em soluções suplementadas com LAA nas primeiras 72h (T1), nas últimas 72h (T2), ou durante todo o período de cultivo in vitro (T3). Como controle os embriões foram cultivados in vitro na mesma solução utilizada nos demais tratamentos, sem adição de LAA. Foram determinadas a taxa de clivagem nos períodos de 48, 72 e 96 horas pós-fecundação e a de blastocisto 192 horas pós-fecundação. Não foram identificadas diferenças entre as taxas de clivagem dos diferentes tratamentos, porém as taxas de blastocistos foram influenciadas pela presença do LAA (controle 32,14%; T1 55,55%, T2 14,81% e T3 29,63%). A adição do LAA nas primeiras 72h de cultivo in vitro promoveu uma elevação na taxa de blastocistos. Palavra-chave: cultivo in vitro, embriões, metabolismo energético. Área do conhecimento: Ciências Agrárias

Introdução Apesar dos avanços alcançados ultimamente, os resultados da produção in vitro (PIV) de

embriões bovinos ainda têm se mantido em torno de 30-40% (PEREIRA et al., 2007), o que pode estar relacionado às condições sub-ótimas de cultivo após a fecundação (LONERGAN et al., 2003). Concorrem para esse efeito, a constituição do meio de cultivo, sendo os substratos energéticos (lactato, piruvato e glicose), importantes componentes.

Embriões bovinos PIV utilizam predominantemente piruvato e lactato como substratos energéticos até 72-96h pós-fertilização (hpf), sendo a glicose o substrato preferencial nos estágios posteriores (KHURANA & NIEMAN, 2000).

O composto albumina-ácido linolêico (LAA) tem sido usado em cultivos embrionários, preferencialmente para promover a redução do conteúdo lipídico dos embriões produzidos in vitro e consequentemente melhorar sua congelabilidade (HOCHI et al., 1999).

Entretanto

Page 33: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 33

tem sido demonstrado que o LAA apresenta também um importante efeito sobre o metabolismo energético, promovendo uma redução na captação de glicose, além de estar envolvido em vários processos importantes do desenvolvimento embrionário (HAGGARTY et al., 2006).

Metodologia Foram utilizados ovócitos aspirados de ovários de fêmeas bovinas colhidos em

matadouro, e transportados em solução fisiológica estéril (NaCl 0,9%), acrescida de antibióticos (100UI/ml de penicilina e 100µg/ml de estreptomicina), a uma temperatura de 35º C. No laboratório os ovários foram lavados e colocados em solução fisiológica estéril acrescida de antibióticos para posterior punção folicular.

Folículos ovarianos com diâmetro de 3-8 mm foram puncionados e o conteúdo depositado em tubo cônico. Após 10 minutos de decantação, o sobrenadante foi descartado e ao precipitado foi adicionado 3-5 ml de meio de manipulação (TALP – HEPES). Este precipitado foi transferido para uma placa de Petri onde se procedeu a busca e recuperação dos oócitos e posterior avaliação e classificação dos mesmos.

Os complexos cumulus oophorus (COCs) selecionados foram lavados em meio de manipulação e em seguida transferidos para o meio de maturação comercial (Nutricell), em gotas de 100µL, sob óleo mineral em placa estéril, e colocados na estufa incubadora a 38,5 ºC, com 5% de CO2, em ar atmosférico e 95% de umidade, por 22 horas.

A fecundação in vitro (FIV), foi realizada com sêmen congelado de touro de raça nelore. Para a seleção dos espermatozóides viáveis foi utilizada a técnica do Percoll. Em um tubo tipo Falcon foram colocados 1000 µl de Percoll 90% e acima desse, formando outra camada, 1000 µL de Percoll 45%. Após acrescentar o sêmen, o tubo foi centrifugado a 600 x g, por 9 minutos. O sobrenadante foi retirado e o precipitado ressuspendido em 4,0 mL de meio de capacitação comercial (Nutricell). Foi realizada uma segunda centrifugação com 200 x g, por 3 minutos, sendo o sobrenadante novamente descartado.

Os COCs maturados foram lavados em meio de fecundação comercial (Nutricell) e transferidos para gotas de fecundação de 100 µL com o sêmen diluído, com concentração ajustada de forma a se obter dose fecundante de 2 x 106 espermatozóides/mL. A FIV foi, então, realizada por 18 horas em estufa incubadora, nas mesmas condições de maturação.

Após a incubação com os espermatozóides, os ovócitos foram desnudados parcialmente, lavados em meio SOF comercial, (Nutricell), e então cultivados por 8 dias em gotas de 100 µL desse meio suplementadas com LAA (0,1%) nas primeiras 72h (T1), nas últimas 72h (T2), ou durante todo o período de cultivo in vitro (T3). Como controle os embriões foram cultivados in vitro nas mesmas condições dos demais tratamentos, sem adição de LAA..

Durante os períodos de 48, 72 e 96 horas foram analisadas a taxa de clivagem, enquanto no período de 168 a 192 horas foi analisada a taxa de blastocistos. Os valores foram tabelados e analisados estatisticamente pelo teste do qui-quadrado.

Page 34: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 34

Resultados A suplementação de LAA no meio de cultivo não afetou as taxas de clivagem dos

embriões em nenhum dos tratamentos (Tabela 1). A suplementação do meio de cultivo com LAA nas primeiras 72h resultou em um aumento significativo da taxa de blastocistos (55,55%), enquanto que a suplementação nas últimas 72h promoveu a diminuição da taxa de blastocistos (14,81%). Quando os embriões foram mantidos durante todo o período de cultivo em presença do LAA (T3), a taxa de blastocistos não apresentou diferença significativa do controle (29,63 e 32,14%, respectivamente).

Discussão Lactato, piruvato e glicose são importantes componentes do fluido do oviduto bovino, e

por isso utilizados em meios de cultura de embriões bovinos (LEESE, 1988). Tem sido demonstrado que o desenvolvimento embrionário é reduzido na ausência desses substratos (TAKAHASHI & FIRST, 1992; KIM et al., 1993).

O piruvato é utilizado pelo embrião bovino ao longo do seu desenvolvimento (LEESE & BARTON, 1984; KHURANA & NIEMANN, 2000), com um aumento após a blastulação, sendo esse aumento essencial para a viabilidade do blastocisto (DORLAND et al., 1992). No entanto, RIEGER et al. (1992) mostraram que do piruvato captado pelo embrião, 44% são metabolizados no estádio de duas células e 17% pela mórula, quando a glicose passa a ser o substrato predominantemente utilizado, enquanto que em fases anteriores do desenvolvimento o consumo de glicose é mínimo.

Segundo EVANS et al. (2002) o ácido linoleico interfere no metabolismo de captação e utilização da glicose pelo embrião, o que está de acordo com os resultados do presente trabalho. A exposição dos embriões a condições de cultivo suplementado com LAA em diferentes fases do desenvolvimento embrionário, resultou em diferentes taxas de formação de blastocistos.

Quando o LAA foi adicionado ao meio de cultivo nas primeiras 72h (T1) houve um aumento no número médio de blastocistos. Sendo o piruvato e o lactato os substratos enérgicos predominantemente utilizados nessa fase embrionária, os embriões não tiveram seu metabolismo energético alterado pelo LAA. No entanto o aumento da taxa de blastocistos corrobora relatos da literatura sobre os efeitos benéficos do ácido linolêico no desenvolvimento embrionário (HAGGARTY et al., 2006).

No tratamento 2, o LAA foi adicionado nas últimas 72h de cultivo, o que reduziu quantitativamente a taxa de blastocistos. Esse período é caracterizado pelos processos de compactação e blastulação, o que apresenta um maior consumo de glicose, devido a um aumento considerável na demanda de ATP. Como o LAA reduz a captação de glicose, possivelmente reduziu o metabolismo glicolítico, interferindo na produção de ATP limitando o desenvolvimento embrionário. Já no tratamento 3 pode ter ocorrido uma compensação na produção de energia para o metabolismo do embrião, já que o LAA interferiu na fase final do desenvolvimento onde a glicose seria essencial, mas não afetou a

Page 35: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 35

produção de energia na fase inicial de desenvolvimento onde os substratos energéticos são o piruvato e lactato.

Resultado semelhante também foi descrito por HOCHI et al. (1999), quanto utilizou o LAA na mesma concentração e durante todo o período de cultivo embrionário.

Conclusão Os resultados obtidos demonstram que o LAA foi benéfico nas 72 horas iniciais do

cultivo in vitro; porém foi prejudicial à produção de blastocisto quando utilizado nas 72 horas finais do cultivo in vitro.

Tabela 1: Efeito do LAA sobre as taxas de clivagem e de blastocistos Tratamento Clivagem 48h

n(%) Clivagem 72h

n(%) Clivagem 96h

n(%) Blastocisto

192h n(%)

C 12/28 (42,86) a 13/28 (46,43) a 14/28 (50,00) a 9/28 (32,14) a

T1 17/27 (62,96) a 19/27 (70,37) a 17/27 (62,96) a 15/27 (55,55)ac

T2 15/27 (55,55) a 15/27 (55,55) a 17/27 (62,96) a 4/27 (14,81) ab

T3 15/27 (55,55) a 17/27 (62,96) a 16/27 (59,26) a 8/27 (29,63)abc

* Letras diferentes na mesma coluna diferem entre si. P<0,05 (Qui-Quadrado).

Page 36: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 36

Referências DORLAND, M.; KRUIP, T.A.M.; van der DONK, J.A.. Assessing day 7 bovine embryo viability by measuring the rate of nutrient uptake. Journal of Reproduction and Fertility 9: 27, 1992. EVANS, E. M.; BROWN, J. M.; MCLNTOSH, M. K. Isomer-specific effects of conjugated linoleic acid (CLA) on adiposity and lipid metabolism. Jornal of Nutritional Biochemistry 3: 508-516. 2002. HAGGARTY, P.; WOOD, M.; FERGUSON, E.; HOAD, G.; SRIKANTHARAJAH, A.; MILNE, E.; HAMILTON, M.; BHATTACHARYA, S. Fatty acid metabolism in human preimplantation embryos Human Reproduction 21(3): 766–773, 2006. HOCHI S.; KIMURA K.; HANADA A.Effect of linoleic acid-albumin in the culture medium on freezing sensitivity of in vitro-produced bovine morulae. Theriogenology 52(3): 497-504. 1999. KHURANA, N.K.; NIEMANN, H.. Energy metabolism in preimplantation bovine embryos derived in vitro or in vivo. Biology of reproduction 62: 847-856, 2000. KIM, J.H.; FUNAHASHI, H.; NIWA, K. et al. Glucose requirement at different developmental stages of in vitro fertilized bovine embryos cultured in semi defined medium. Theriogenology 39: 875-886, 1993. LEESE, H.J.. The formation and function of oviduct fluid. Journal of Reproduction and Fertility 82: 843-856, 1988. LEESE, H.J.; BARTON, A.M.. Pyruvate and glucose uptake by mouse ova and preimplantation embryos. Journal of Reproduction and Fertility 72: 9-13, 1984. LONERGAN, P. V.; RIZOS, D.; GUTIERREZ-ADAM, A.; FAIR, T,; BOLAND, M. P. Ooocytes and embryos quality: effect of origen, culture. Reprod. Dom. Animal 38: 259 – 267, 2003. PEREIRA, R.M.; BAPTISTA, M.C.; VASQUES, M.I.; HORTA, A.E.M.; PORTUGAL, P.V.; BESSA, R.J.B.; CHAGAS E SILVA, J.; SILVA PEREIRA, M.; MARQUES, C.C. Cryosurvival of bovine blastocysts is enhanced by culture with trans-10 cis-12 conjugated linoleic acid (10t,12c

CLA). Animal Reproduction Science 98: 293–301, 2007. RIEGER, D.; LOSKUTOFF, N.M.; BETTERIDGE, K.J.. Developmentally related changes in the uptake and metabolism of glucose, glutamine and pyruvate by cattle embryos produced in vitro. Reproduction, Fertility and Development 4: 547-557, 1992. TAKAHASHI, Y.; FIRST, N.L. In vitro development of bovine one-cell embryos: influence of glucose, lactate, pyruvate, amino acids and vitamins. Theriogenology 37: 963-978, 1992.

Page 37: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 37

PARÂMETROS PARA ELETROPORAÇÃO DE OVÓCITOS BOVINOS

MATURADOS IN VITRO PARA INTRODUÇÃO CITOPLASMÁTICA DE TREALOSE

Pereira, J.L1., Paes de Carvalho, C.S.2, Daher, R.F3., Dias,A.J.B4.

1UENF Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal, [email protected] 2UENF Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal, [email protected]

3UENF Laboratório de Engenharia Agrícola, [email protected] 4UENF Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético, [email protected]

Resumo - O presente trabalho teve como objetivo avaliar a eletroporação como ferramenta para introdução citoplasmática da trealose em ovócitos bovinos, visando sua utilização como crioprotetor intracelular. Inicialmente foram testados dois sistemas para a eletroporação (placa e cubeta) a fim de comparar a eficiência e praticidade de cada um deles. Em seguida foi avaliado o efeito da eletroporação utilizando 20 e 40 V, em meio com trealose. Posteriormente foi comparada a eletroporação com 40 e 130 V. A integridade da membrana plasmática após a eletroporação foi avaliada pela marcação com iodeto de propídio. Melhores resultados foram obtidos com a placa de eletroporação. No segundo experimento, a eletroporação com 40 V permitiu melhor permeabilização dos ovócitos que a de 20 V (86 e 60%, respectivamente). No último experimento, ovócitos eletroporados com 40 V e 130 V não apresentaram diferença significativa para reestruturação da membrana plasmática. A utilização da placa se mostrou de maior praticidade que a cubeta e a utilização de parâmetros com 40 V, pode ser mais adequada que com 130 V, para introdução citoplasmática da trealose , por impor os ovócitos a condições de menor estresse. Palavras-chave: criopreservação, poros transitórios, membranas. Área do Conhecimento: Ciências Agrárias

Introdução A criopreservação de ovócitos bovinos é uma biotécnica importante para a produção in vitro de

embriões e técnicas afins, porém os resultados obtidos são muito baixos (CHEN et al., 2003; HASTENREITER et al, 2006).

Recentemente a trealose vem sendo utilizada como crioprotetor extracelular para diversos tipos celulares. Porém, como as membranas celulares são impermeáveis a esse dissacarídeo de glicose, torna-se necessário desenvolver alternativas para sua introdução citoplasmática, visando potencializar sua ação.

A eletroporação permite a abertura de poros transitórios na membrana plasmática pela passagem de pulsos elétricos. Nesse processo vários ovócitos podem ser trabalhados ao mesmo tempo.

A intensidade do campo elétrico, medido em kV/cm é um dos parâmetros decisivos na indução da permeabilização da membrana e controla a extensão da superfície celular afetada pelo pulso elétrico, enquanto que o número de pulsos elétricos controla a taxa de permeabilização da membrana (ROLS et al,1998). Neste sentido, o presente trabalho teve como objetivo avaliar dois

Page 38: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 38

tipos de recipientes e diferentes parâmetros para eletroporação de ovócitos bovinos, utilizando a trealose como crioprotetor.

Metodologia Os ovários foram obtidos em matadouros da região de Campos dos Goytacazes. Os folículos com diâmetro de 2–6 mm foram aspirados e após 10 minutos de decantação, o

sobrenadante foi descartado e ao precipitado foram adicionados 3-5 mL de meio de manipulação [meio–199 com sais de Earle, acrescido de 25 mM de Hepes e antibióticos (100 UI/mL de penicilina e 100 µg/mL de estreptomicina), suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB)]. Somente ovócitos contendo três ou mais camadas de células do cumulus oophorus e citoplasma uniforme foram utilizados para os experimentos.

Os complexos cumulus oophorus selecionados foram transferidos para o meio de maturação [meio-199 com sais de Earle, acrescido de 20 mM de bicarbonato de sódio, 5,0 µg/mL de LH, 0,5 µg/mL de FSH e antibióticos) e mantidos em gotas de 100 µL (20-25 ovócitos por gota), sob óleo mineral, por um período de 22 horas, a 38,5ºC, em atmosfera de 5% de CO2.

Os ovócitos foram transferidos para o meio de desnudamento (0,01 mg/mL de PVA em 10 mL de PBS), e as células do cumulus oophorus foram retiradas mecanicamente com o auxílio de um micropipetador.

No primeiro experimento foi avaliado o efeito da eletroporação realizada em placa (modelo 450, BTX) ou em cubeta (modelo 620, BTX), sobre o grau de permeabilização e a integridade dos ovócitos. Os pulsos elétricos foram controlados pelo eletroporador (ECM 2001, BTX), utilizando 130 V e 5 pulsos de 60 µs cada, como parâmetros para eletroporação.

Para a eletroporação em placa os ovócitos foram colocados em 20 µl da solução de eletroporação (sulfato de magnésio 0,1 mM; trealose 150 mM e manitol 140 mM), e na cubeta em 400 µl da mesma solução.

Após a eletroporação os ovócitos foram incubados numa solução de iodeto de propídio (IP) (10 µg/mL, em PBS), a fim de verificar a abertura de poros transitórios da membrana, pela eletroporação. O iodeto de propídio é um marcador fluorescente que tem afinidade por ácidos nucléicos e que não atravessa membranas intactas. A marcação foi feita aos 5 e 30 minutos após a eletroporação, visto que aos cinco minutos as células deveriam apresentar poros na membrana e aos 30 minutos os poros deveriam já se encontrar fechados novamente. Os ovócitos foram avaliados com auxílio de um microscópio de fluorescência (TE 300, Nikon), sob aumento de 40x.

No segundo experimento foi realizada a comparação de diferentes voltagens para a eletroporação de ovócitos bovinos, ambos utilizando a placa de eletroporação (modelo 450, BTX) juntamente com 20 µl de solução trabalho (sulfato de magnésio 0,1 mM; trealose 150 mM e manitol 140 mM). Ovócitos foram eletroporados com 4 pulsos de 2 µs de duração cada, de 20 V (T1) ou 40 V (T2). No terceiro experimento foram comparados diferentes parâmetros de eletroporação [T2 (4 pulsos de 2 µs de duração cada, de 40 V) e T3 (130 V e 5 pulsos de 60 µs)].

Resultados No primeiro experimento foi comparada a utilização de placa ou cubeta para a eletroporação. Os

resultados foram analisados por análise de variância (ANOVA) e a comparação das médias feita

Page 39: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 39

pelo teste t-Student’s, com α = 0,05. Os resultados encontram-se especificados na Tabela 1. Não foram encontradas diferenças significativas entre os tratamentos.

Tabela 1: Valores médios de células lesadas e desvio padrão de ovócitos bovinos marcados pelo iodeto de propídio aos 5 e 30 minutos após a eletroporação em placa e cubeta.

Tratamentos n (%±DP) 5 min 30 min

Placa 40 80 ± 1,8 10 ± 0,5 Cubeta 40 70 ± 1,0 15 ± 0,8

No segundo experimento, as voltagens testadas (20 e 40 V) para a eletroporação apresentaram diferença significativa no percentual de ovócitos marcados pelo IP (60 e 86%, respectivamente). Os dados foram analisados por meio de intervalo de confiança para proporção com auxílio do programa computacional SAEG, versão 9.0(RIBEIRO JÚNIOR, 2001) , considerando o nível de significância α igual a 5%.

A utilização de diferentes parâmetros de eletroporação (T2 e T3) de ovócitos bovinos resultou em diferença significativa no percentual de ovócitos marcados pelo IP, aos 5 minutos após a eletroporação (75 e 100%, respectivamente), enquanto que aos 30 minutos os tratamentos não apresentaram resultados significativamente diferentes (15 e 35%, respectivamente) (Figura 1). A análise dos dados foi realizada conforme descrito para o segundo experimento

Figura 1: Porcentagem de ovócitos marcados pelo IP, após 5 e 30 minutos da eletroporação, com diferentes parâmetros (T2 e T3).

Discussão A eletroporação tem sido utilizada para transferência de genes e diversos tipos de moléculas

extracelulares (TEISSIE et al, 2005; CHEN et al, 2006), porém são escassas as informações sobre seu uso para ovócitos bovinos. Além disso os resultados podem variar grandemente, quando da variação de algum dos diferentes parâmetros utilizados (duração do pulso, voltagem, soluções, recipientes).

A comparação da eletroporação de ovócitos bovinos em placa ou em cubeta teve por objetivo determinar uma metodologia de maior eficiência e praticidade. Constatou-se que não houve diferença significativa entre os dois recipientes, porém foi verificado que a placa apresenta maior

Page 40: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 40

facilidade de trabalho, pois permite a observação dos ovócitos durante todo o procedimento, o que concorre para evitar a perda de ovócitos, como verificado no uso da cubeta. Dessa forma foi decidido continuar os demais experimentos utilizando a placa de eletroporação.

Sendo a voltagem um dos parâmetros que interfere fortemente no grau de permeabilização da membrana plasmática e na integridade celular (ROLS et al ,1998), foi desenvolvido um experimento visando determinar o efeito da voltagem sobre a permeabilidade da membrana plasmática. Para isso os ovócitos foram submetidos a tratamentos onde variou-se apenas a voltagem (20 e 40 V), analisando-se o percentual de ovócitos marcados pelo IP após 5 minutos da eletroporação. A maior voltagem (40 V) permitiu maior percentual de ovócitos marcados, enquanto que a eletroporação com 20 V permitiu a marcação de apenas 60% dos ovócitos eletroporados, valor inferior ao obtido no primeiro experimento, quando se utilizou uma voltagem mais elevada (130 V).

Dessa forma, foi realizada a comparação de parâmetros utilizados em experimentos anteriores. Os ovócitos foram submetidos a eletroporação seguindo os parâmetros utilizados em T2 e T3. Os resultados apresentados indicam uma maior taxa de permeabilização da membrana plasmática promovida pelo Tratamento 3. Porém torna-se necessário avaliar a viabilidade dos ovócitos em decorrência da elevada voltagem utilizada no referido tratamento (130 V).

Conclusão A utilização da placa se mostrou de maior praticidade que a cubeta e a utilização de parâmetros

com 130 V resultou em maior permeabilização da membrana plasmática. No entanto testes de viabilidade celular deverão ser realizados para definir o impacto dos tratamentos sobre o potencial de desenvolvimento dos ovócitos bovinos.

Referências

CHEN, S.U.; LIEN, Y.R.; CHAO, K.H.; Ho, H.N.; Yang, Y.S.; Lee, T.Y. Effect of cryopreservation on meiotic spindles of oocytes and its dynamics after thawing: clinical implications in oocytes freezing a review article. Molecular and Celular Endocrinology, v. 202, p. 101-107, 2003. EROGLU, A.; LAWITTS, J.A..; TORNER M.; TOTH, T.L. Beneficial effect of microinjected trehalose on the cryosurvival of human oocytes. Fertility and Sterility, v. 77, p. 152-158, 2002. HASTENREITER, G.P.; DIAS, A.J.B.; MATOS, L.F.; CARVALHO, C.S.P.; GEBER, S. (2008) Uso da trealose intracelular na vitrificação de ovócitos bovinos maturados. Jornal Brasileiro de

Reprodução Assistida v.12, n. 1, p. 32-39, 2008. RIBEIRO JÚNIOR, J.I. Análises estatísticas no SAEG. Viçosa: Editora UFV, 2001. 301 p.

Page 41: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 41

DEGENERAÇÃO MIXOMATOSA EM VALVAS ATRIOVENTRICULARES DE CÃES (Canis familiares)

Azeredo, M.V.1; Queiroz, F.F.2, Carvalho, A.P.M.3, Silveira, L.S.4

1Graduanda em Medicina Veterinária, Bolsista de IC/ Laboratório de Morfologia e Patologia

Animal – LMPA -UENF– [email protected] 2Mestrando em Ciência Animal - LMPA/CCTA/UENF - [email protected]

3Mestranda em Ciência Animal - LMPA/CCTA/UENF – [email protected] 4Professor Associado LMPA/CCTA/UENF- [email protected]

Reseumo - A degeneração mixomatosa é a principal cardiopatia adquirida em cães. Nesta enfermidade ocorre rearranjo das camadas que formam a estrutura valvular conferindo um aspecto de tecido mixomatoso. Neste estudo foram utilizados 30 corações de cães. Avaliou-se a presença de tecido mixomatoso em válvulas cardíacas atrioventriculares por meio de análise histopatológica e macroscópica. Em conclusão, foi observado que 26,6% das valvas mitrais e 56,6% das valvas tricúspides examinadas possuíam tecido mixomatoso. Palavras Chave: Cardiologia, Histopatologia, Valvulopatia Área de Conhecimento: Medicina Veterinária

Introdução Em cães a principal alteração valvular é a degeneração mixomatosa (BRIGHT & MEARS, 1997;

JUBB et al., 2007). As válvulas cardíacas consistem em um arcabouço central de tecido conjuntivo denso (contendo

colágeno e fibras elásticas), revestido em ambos os lados por endotélio. Estruturalmente são formadas por três camadas distintas, a fibrosa, a esponjosa e a ventricular. As camadas fibrosa e ventricular mantém a integridade estrutural da valva, enquanto a esponjosa tem papel importante na absorção de forças mecânicas de tensão e compressão (MAZON, 2004).

Do ponto de vista histológico a degeneração mixomatosa valvar se caracteriza por uma expansão da camada valvular esponjosa, que invade e produz uma ruptura focal da camada fibrosa, dando aparência de tecido mixomatoso (MUCHA, 2002). Este tecido é composto por células em formato de estrela ou fusiformes, em meio a uma matriz extracelular formada por mucopolissacarídeos (BANKS, 1992). Embora qualquer uma das valvas possa ser afetada pela degeneração mixomatosa, a mitral é a mais frequentemente acometida (JONES et al., 1997).

O objetivo deste trabalho é avaliar e relatar a ocorrência de degeneração mixomatosa em valvas atrioventriculares de cães (Canis familiares).

Metodologia Foram coletados corações de 30 cães jovens e adultos (com faixa etária entre um e cinco anos

aproximadamente), com escore corporal entre 1 e 4, numa escala de 1 a 9 (LAFLAMME, 1997), doados post-mortem pelo Centro de Controle de Zoonoses do município de Campos dos

Page 42: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 42

Goytacazes, RJ, provenientes de controle populacional por meio da eutanásia ética, independente de sexo e raça.

Efetuada a coleta, os corações foram acondicionados em caixa térmica com gelo e encaminhados para Laboratório de Morfologia e Patologia Animal (LMPA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF) e tiveram a parede de seus átrios retirada para visualização das valvas atrioventriculares.

Logo após, foram acondicionados em recipientes com solução fixadora de formol, para finalização do processo de fixação, por um período mínimo de 48 horas (Rodrigues, 1998).

Com o término do processo de fixação das peças de estudo, iniciou-se o processo de dissecação, onde se procedeu a retirada, com o auxilio de bisturi e tesoura, das paredes ventriculares esquerda e direita, de maneira que fossem preservados os elementos a serem estudados.

Em seguida as valvas atrioventriculares foram retiradas do coração para planificação, facilitando assim o estudo. Coletou-se uma amostra de cada valva, de aproximadamente um centímetro de largura. Os fragmentos foram retirados do folheto parietal, da valva bicúspide, e folheto angular, da valva tricúspide, em seu maior eixo longitudinal após o processo de planificação.

As amostras foram processadas por inclusão em parafina, cortadas em 5µm, coradas pela Hematoxilina e Eosina (HxE) e foram analisadas ao microscópio óptico (100x), para pesquisa de possíveis alterações celulares das valvas atrioventriculares.

Foram selecionadas as lâminas com lesões mais evidentes para que fosse realizada a coloração Tricrômica de Gomori com objetivo de evidenciar a presença de tecido conjuntivo nas válvulas. Fotografou-se (Nikon View 4 - Coolpix USA/Version 4.0.2.) as lâminas que representavam a melhor alteração microscópica nas válvulas e a que mostrava a estrutura valvular normal, além de algumas lâminas coradas pelo Tricrômico de Gomori.

Resultados e Discussão Observou-se pela análise histológica que a ocorrência de degeneração mixomatosa foi de 26,6%

(n=8) nas valvas mitrais analisadas, 56,6 % (n=17) na tricúspide e, 10% (n=03) em ambas valvas. Os resultados encontrados neste estudo discordam de JONES et al. (1997) a respeito da maior

freqüência de degeneração mixomatosa no lado esquerdo do coração, visto que a valva tricúspide foi a mais acometida neste estudo. ATKINS (1995) e HÄGGSTRÖM et al. (2005) citam que 62% dos casos de degeneração mixomatosa afetam apenas a valva mitral, 32,5% afetam simultaneamente as valvas tricúspide e mitral e apenas 1,3% dos animais apresentam somente lesão na valva tricúspide.

Dos trinta cães estudados, vinte e dois (73,3%) apresentavam a degeneração mixomatosa, em pelo menos uma valva cardíaca em uma ou ambas valvas atrioventriculares. A elevada incidência desta enfermidade observada neste estudo condiz com a literatura pesquisada (ABBOTT, 2001; MUCHA, 2002; HÄGGSTRÖM, et al., 2004).

MUCHA (2002) descreve macroscopicamente a degeneração mixomatosa como lesões iniciais do tipo puntiformes que, com o avanço da doença, se agrupam em pequenos nódulos, tornando o tecido valvular mais espesso e retraído. Kogure (1980) relata que nas fases iniciais da doença são achados comuns as cordas tendíneas alongadas e aumentadas, folhetos valvulares espessados apresentado áreas abauladas, balonizadas ou mesmo prolapsadas em direção ao átrio esquerdo. COBB (1998) acrescenta dizendo que as zonas afetadas apresentam coloração acinzentada a branca, de superfície macia e brilhante ou com espessamento do tipo placa de nódulos disseminados. No presente estudo

Page 43: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 43

encontramos folhetos valvulares espessados, de cor esbranquiçada, formações nodulares e retração valvular, o que condiz com o descrito pela literatura citada.

CONCLUSÃO A ocorrência de degeneração mixomatosa em valvas cardíacas foi elevada, principalmente na

valva tricúspide. REFERÊNCIAS

ABBOTT, J.A. Acquired Valvular Disease. In: TILLEY, L.P.; GOODWIN, J.K.. Manual of Canine and Feline Cardiology. Elsevier Saunders, 3ª ed., St Louis, pp. 113-129. 2001. ATKINS, C.E. Acquired valvular insufficiency. In: MILLER, M.; TILLEY, L.P. Manual of Canine and Feline Cardiology. Elsevier Saunders, 2°ed., St Louis, p.129–143. 1995. BANKS, W.J. Histologia Veterinária Aplicada. Manole, 2°ed., São Paulo, p.115. 1992. BRIGHT, J.M.; MEARS, E. Chronic heart disease and its management. Vet. Clin. N. Am.: Small Anim. Pract. 27: 1305-1329, 1997. COBB, M. A. Left heart failure. In: FUENTES, V.L.; SWIFT, S. British Small Animal Veterinary Association - Manual of Small Animal Cardiorespiratory Medicine and Surgery. BSAVA, Dorset, UK, 165-172. 1998. HÄGGSTRÖM, J.; PEDERSEN, H. D.; KVART, C. New insights into degenerative mitral valve disease in dogs. Vet. Clin. Sm. An. Pract. 34:1209- 1226, 2004. HÄGGSTRÖM, J.; KVART, C.; PEDERSEN, H.D. Acquired Valvular Heart Disease. In: S. J. Ettinger & E. C. Feldman. Textbook of Veterinary Internal Medicine – Diseases of Dog and Cat. Elsevier Saunders, 6°ed., St Louis, 2: 1022-1035. 2005. JONES, T.C.; HUNT, R.D.; KING, N.W. Patologia Veterinária. Editora Manole, 6° ed., São Paulo, 1997. JUBB, K.V.F.; KENNEDY, P.C.; PALMER, N.C. (2007) The Cardiovascular System, In:______ Pathology of Domestic Animals. Saunders Elsevier, 5°ed., New York, 3: 01-107. 2007. KOGURE, K. Pathology of chronic mitral valvular disease in the dog. Jap. J. Vet. Sc. 42: 323-335, 1980. LAFLAMME, D.P. Development and validation of a body condition score system for dogs. Can. Pract. 22:10-15, 1997. MAZON, J. Estudo estrutural e bioquímico do tecido conjuntivo da valva aórtica de Porco.

Universidade Estadual de Campinas. Tese de mestrado, 2004. MUCHA, C.J. Caracterização morfológica da valva mitral de cães normais e com degeneração valvar mixomatosa. Universidade Estadual de São Paulo (UNESP). Tese de Mestrado, 2002.

Page 44: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 44

TIPAGEM SANGUÍNEA E BIOQUÍMICA SÉRICA EM Felis catus domesticus (LINNAEUS, 1758) NO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES, RJ

Sasso A.1, Albernaz A.P.2, Pinto A.B.T.3, Medeiros M.A.S.4, Corrêa E.S.5

1UENF/Laboratório de Patologia Clínica, [email protected]

2UENF/Laboratório de Patologia Clínica, [email protected] 3UENF/Laboratório de Patologia Clínica, [email protected]

4UFF/Laboratório de Patologia Clínica, [email protected] 5 UENF/Laboratório de Patologia Clínica, [email protected]

Resumo - Como as análises laboratoriais de animais domésticos e exóticos na clínica estão se tornando cada vez mais comuns, necessita-se de uma fonte de informação confiável para o auxílio em testes diagnósticos, o que permite compreender a necessidade da criação de parâmetros bioquímicos séricos e a avaliação do comportamento destes componentes a cada grupo sanguíneo. Para isso, é imprescindível o conhecimento da freqüência da tipagem sanguínea na região. Tal informação também é indispensável nos casos onde a transfusão sanguínea é indicada, uma vez que podem ocorrer reações de incompatibilidade. Até o momento foram utilizados 24 gatos saudáveis, sendo coletado o sangue para a criação dos parâmetros de aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FA) e gama glutamiltransferase (GGT), uréia, creatinina, proteínas séricas totais (PTT) e albumina, através de reagentes bioquímicos Labtest® e espectofotômetro Bayer®/Express Plus. Até o momento, os parâmetros preliminares são: ALT (2-55 U/L), AST (2-59 U/L), FA (8-74 U/L), GGT (0,5-5,1 U/L), Uréia (34-70 mg/dL), Creatinina (0,7-1,6 mg/dL), PPT (2,8-11,0 g/dL) e Albumina (1,1-2,6 g/dL). Palavras-chave: Bioquímica clínica, felinos domésticos, parâmetros laboratoriais. Área do Conhecimento: Medicina Veterinária

Introdução

A avaliação bioquímica sérica vem sendo largamente utilizada em Medicina Veterinária para a avaliação clínica individual e de populações animais (PAYNE; PAYNE, 1987). A interpretação adequada do perfil bioquímico implica na utilização de valores de referência adaptados para as condições geográficas, de manejo, de raça e até do próprio laboratório que realiza as dosagens (HANDELMAN; BLUE, 1993; TRALL, 2007).

Os valores de ALT, AST, FA e GGT são indicados para avaliar a função hepática. Já os valores de uréia e creatinina são recomendados para a avaliação da função renal, fornecendo subsídios para o diagnóstico e prognóstico de inúmeras nefropatias. Muitos destes pacientes desenvolvem anemias pela deficiência na produção de eritropoietina (COLES, 1986; KANEKO et al., 2008), sendo indicada a transfusão sanguínea. Desta forma é imprescindível a tipagem sanguínea, uma vez que uma transfusão incompatível pode levar o animal à morte (HOHENHAUS, 2004).

Page 45: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 45

O presente trabalho tem por objetivos a criação de parâmetros bioquímicos séricos e comparação dos componentes bioquímicos entre os sexos e tipos sanguíneos em felinos domésticos no município de Campos dos Goytacazes, RJ.

Metodologia Até o momento foram utilizados 24 gatos saudáveis, de sexo, idade e raças variadas através de

atendimentos clínicos na cidade de Campos dos Goytacazes, RJ. Foram avaliados, através da amostra sangüínea, parâmetros através da realização do perfil

bioquímico sérico mensurando-se aspartato aminotransferase (AST), alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FA), gama glutamiltransferase (GGT), uréia, creatinina, proteínas séricas totais e albumina. Para coleta e processamento seguiu-se o seguinte protocolo:

-Contenção física dos animais e desinfecção do local a ser puncionado com polivinilpirrolidona-iodo a 10%;

-Flebocentese jugular utilizando-se agulhas hipodérmicas (25x7mm) estéreis e seringas de 5 ml para a obtenção da amostra sangüínea;

-Após a coleta de 5 ml de sangue total, este foi acondicionado em frasco siliconizado contendo gel separador de coágulo (Vacuette®) para realização das provas bioquímicas;

-Em seguida a amostra foi transportada para o Laboratório de Patologia Clínica Veterinária do Hospital Veterinário (CCTA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), onde os tubos com as amostras sangüíneas foram centrifugados a 3200 RPM, por cinco minutos para obtenção de soro e o congelamento deste a –20oC para realização dos testes bioquímicos que foram realizados através do espectrofotômetro Bayer®/Express Plus e reagentes Labtest®.

Os dados foram tabelados e foi realizada a estatística descritiva pelo programa SISVAR 5.1 (1999-2007) para obtenção dos valores de média, mínimo, máximo e as medidas de dispersão como desvio-padrão, erro-padrão e coeficiente de variação. Os intervalos de referência foram criados a partir da separatriz percentual de 95% (HORN; PESCE, 2003).

Nas etapas subseqüentes, ainda não realizadas, os resultados obtidos serão tabelados em dois grupos (machos e fêmeas) e posteriormente procederá o Teste T para duas médias ao nível de significância de 5% de probabilidade (p≤0,05) através do programa SISVAR 5.1 (1999-2007), comparando os variáveis bioquímicos séricos ALT, AST, GGT, FA, uréia, creatinina, PTT e albumina. Os dados de grupos sanguíneos dos gatos domésticos serão obtidos através de pesquisas ocorrentes no setor de Patologia Clínica do Hospital Veterinário da UENF. Posteriormente os dados bioquímicos previamente analisados serão separados entre os três grupos sanguíneos: gatos de tipagem sanguínea A, gatos de tipagem sanguínea B e gatos de tipagem sanguínea AB. Será realizado o Delineamento Inteiramente Casualizado (DIC) com 5% de significância para avaliar se haverá diferenças significativas quanto às variáveis bioquímicas entre os grupos sanguíneos. Se houver diferenças significativas entre os grupos em relação aos componentes bioquímicos, será realizado o teste Tukey com 5% de significância para determinar qual(is) grupo(s) sanguíneo(s) possuirá(ão) estas diferenças com o objetivo final de acompanhar se haverá diferenças significativas entre os dados bioquímicos séricos de cada grupo.

Page 46: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 46

Resultados

As tabelas 1 e 2 demonstram a estatística descritiva dos dados amostrais dos felinos sadios, evidenciando cada variável bioquímico com suas medidas de posição como média, valor mínimo, valor máximo e o intervalo de referência e com suas medidas de dispersão como erro padrão, desvio padrão e coeficiente de variação. Como utensílio, o parâmetro de literatura (KANEKO et al., 2008), utilizado na rotina laboratorial na cidade para cada variável estudada, foi confrontado com o intervalo obtido nesse presente trabalho. Tabela 1 – Valores das medidas de posição da estatística descritiva dos componentes bioquímicos séricos de gatos sadios em Campos dos Goytacazes, RJ (n = 24).

Variáveis Unidade Média Valor Mínimo

Valor Máximo

Intervalo de Referência

Parâmetro da Literatura*

ALT UI/L 25,9 2,45 55,2 2 - 55 6 - 83

AST UI/L 24,5 2,41 58,9 2 – 59 26 – 43

FA UI/L 48,2 8 74 8 -74 25 - 93

GGT UI/L 2,01 0,48 5,08 0,5 – 5,1 1,3 – 5,1

Uréia mg/d L 51,7 33,8 69,7 34 – 70 20 - 30

CREA mg/d L 1,22 0,74 1,64 0,7 – 1,6 0,8 – 1,8

PTT g/dL 7,16 2,76 10,93 2,8 – 11,0 5,4 – 7,8

Alb g/dL 2,03 1,10 2,56 1,1 – 2,6 2,1 - 3,3

ALT = alanina aminotransferase, AST = aspartato aminotransferase, FA = fofatase alcalina, GGT = gama glutamiltransferase, CREA = creatinina, PTT = proteínas totais, Alb = albumina. *Kaneko et al. (2008) Tabela 2 – Valores das medidas de dispersão da estatística descritiva dos componentes bioquímicos séricos de gatos sadios em Campos dos Goytacazes, RJ (n = 24).

Variáveis Unidade Erro padrão

Desvio padrão

Coeficiente de Variação

ALT UI/L 2,8 13,6 52,2

AST UI/L 2,9 14,2 57,9

FA UI/L 3,0 14,7 30,5

GGT UI/L 0,26 1,24 61,4

Uréia mg/dL 2,12 10,2 19,7

CREA mg/dL 0,05 0,25 20,6

PTT g/dL 0,44 2,09 29,2

Alb g/dL 0,08 0,41 20,1

ALT = alanina aminotransferase, AST = aspartato aminotransferase, FA = fofatase alcalina, GGT = gama glutamiltransferase, CREA = creatinina, PTT = proteínas totais, Alb = albumina.

Discussão Alguns parâmetros bioquímicos criados no presente trabalho apresentaram certas discrepâncias

quando comparados com os parâmetros da literatura (KANEKO et al., 2008) utilizada como referência na rotina laboratorial da região. Essas discrepâncias foram avaliadas nos componentes bioquímicos séricos ALT, AST, uréia e proteínas totais. No entanto, outros parâmetros bioquímicos

Page 47: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 47

não ficaram tão distintos quando confrontados com esses mesmos parâmetros da literatura. Estes dados bioquímicos correspondem aos componentes FA, GGT, creatinina e albumina, verificando-se similaridade com a literatura. As discrepâncias existentes nos componentes relatados devem-se, possivelmente, às diferenças geográficas que podem interferir no metabolismo hepático dos felinos, que provavelmente ocorre em diferentes populações de animais (HANDELMAN; BLUE, 1993; KANEKO et al., 2008).

Para a avaliação da confiabilidade dos parâmetros, foram realizadas também na estatística descritiva as medidas de dispersão. Dentre as variáveis bioquímicas que apresentaram maior uniformidade foram a FA, uréia, creatinina, proteínas totais e albumina, o que sugere uma maior confiabilidade dos resultados, onde apresentam medidas com valores muito baixos, principalmente no que diz respeito ao coeficiente de variação, que determina a homogeneidade do grupo. No entanto, as variáveis bioquímicas que se mostraram heterogêneas foram as enzimas ALT, AST e GGT, pois apresentaram valores aumentados das medidas de dispersão. No que corresponde à atividade enzimática, isso é comum ocorrer, pois a variação desta atividade ocorre entre indivíduos, bem como entre populações de animais. Por isso existe uma grande importância na criação dos parâmetros para cada laboratório, principalmente a estes testes enzimáticos, pois são os que sofrem maior variação de resultados entre metodologias (DUNCAN; PRASSE, 1982; COLES, 1986; LUMSDEN; JACOBS, 1989; HANDELMAN; BLUE, 1993).

A criação dos parâmetros bioquímicos séricos para felinos domésticos é de suma importância para a região de Campos dos Goytacazes, pois quando criados parâmetros séricos regionais isso permite ao clínico veterinário um valor no diagnóstico, no prognóstico e na terapêutica de alguma doença clínica quando são comparados os valores bioquímicos com parâmetros que refletem o perfil da sanidade animal constantemente encontrado na região.

Conclusão

É evidente a importância da criação dos parâmetros bioquímicos regionais para que o médico

veterinário possa fazer uma avaliação clínico-laboratorial mais fidedigna. Portanto, o primeiro objetivo do trabalho está sendo cumprido, no que corresponde à criação dos parâmetros bioquímicos séricos. Em relação aos outros objetivos, diferenças dos componentes bioquímicos entre sexos e entre grupos sanguíneos, ainda estão a serem cumpridas, quando aumentar o número amostral e quando realizar no laboratório a tipagem sanguínea, respectivamente.

Referências

COLES, E. H. Clinical chemistry. In: Veterinary Clinical Pathology. 4ªed., Philadelphia, W.B. Saunders, p. 114- 128, 1986. DUNCAN, J. R.; PRASSE, K. W. Aparelho digestivo. In: Patologia clínica veterinária. Rio de Janeiro: Editora Guanabara-Koogan, p. 108-114, 1982. HANDELMAN, C. T.; BLUE, J. Laboratory data: read beyond the numbers. In: Veterinary laboratory medicine: in practice. Trenton: Veterinary Learning Systems, p. 37-44, 1993. HOHENHAUS, A.E. Importance of blood groups and blood group antibodies in companion animals. Transfusion Medicine Reviews. V.18: p.117-126, 2004. HORN, P.S; PESCE, A.J. Reference intervals: na update. Clin Chim Acta, V.334, p.5-23, 2003.

Page 48: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 48

KANEKO, J.J.; HARVEY, J.W.; BRUSS, M.L. Clinical Biochemistry of Domestic Animals, 6ª ed. Elsevier Inc., 2008, 932 p. LUMSDEN J.H.; JACOBS R.M. Clinical chemistry: in-clinic analysis, quality control, references values and system selection. Veterinary Clinics of North America: Small Animal Pratice, 1989, V.19, p.875-897. PAYNE J.M.; PAYNE S. The Metabolic Profile Test. New York, Oxford University Press, 179p., 1987. THRALL, M. Hematologia e Bioquímica Clínica Veterinária. 1 ed. Roca: São Paulo, 592 p., 2007.

Page 49: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 49

DIAGNÓSTICO DE HIPOTIREOIDISMO POR DOSAGEM DE TETRAIODOT4 LIVRE E TOTAL, E TSH EM CÃES ATENDIDOS NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UENF

Prado O.1, Caldas-Bussiere M.C.2

1UENF/Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal, [email protected]

2UENF/Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal, [email protected]

Resumo – O hipotireoidismo canino é uma desordem endócrina caracterizada pela deficiência na produção de hormônios do eixo hipotálamo-hipófise-tireóide, afetando múltiplos sistemas. No presente trabalho, foram coletadas amostras de sete animais que apresentaram sinais clínicos sugestivos ao hipotireoidismo, onde seis foram positivos para tal desordem. Na avaliação bioquímica e no hemograma verificamos hipercolesterolemia (60%) e anemia normocítica normocrômica (33,3%), respectivamente. As alterações clínicas mais comuns foram alopécia bilateral (50%), alteração da pelagem (83,3%), "rabo de rato" (67%), ganho de peso sem aumento de apetite (67%), letargia (33,3%) e intolerância ao frio (83,3%). Também encontramos alterações neuromusculares como atrofia da musculatura da cabeça e problemas quanto à fonação. Todos animais com diagnóstico positivo para hipotireoidismo, apresentaram alguma alteração morfofisiológica que diminuiu sua qualidade de vida e bem-estar. Palavras-chave: Eixo hipófise-tireóide, tirosina, hormônio tireotrófico. Área do Conhecimento: Endocrinologia animal

Introdução O hipotireoidismo canino é uma desordem endócrina estrutural e/ou funcional caracterizada pela

deficiência na produção de hormônios tireoidianos. Pode ocorrer a partir de uma falha em qualquer ponto do eixo hipotálamo-hipófise-tireóide. Geralmente os sintomas aparecem durante a meia-vida do animal (FELDMAN & NELSON, 2004).

A deficiência desses hormônios afeta múltiplos funções, principalmente, metabólica, dermatológica, neurológica, reprodutiva. Dessa forma, irá influenciar a atividade de enzimas, vitaminas e minerais, e também na síntese, degradação e mobilização de proteínas, lipídeos, carboidratos e outros hormônios (FELDMAN & NELSON, 2004; CUNNINGHAM, 2008).

Os sinais mais característicos são obesidade e "rabo de rato" (NESBITT, et al., 1980). As alterações dermatológicas são mais freqüentes: alterações na qualidade ou cor da pelagem, alopecia uni ou bilateral, além de vários graus de hiperpigmentação. Também podem apresentar problemas musculares e neuropatias centrais e periféricas (GAGGY, 1994; FELDMAN & NLSON, 2004).

O presente trabalho tem como objetivo fazer diagnóstico dos animais suspeitos de hipotireoidismo antes que estes cheguem ao estágio avançado da doença.

Metodologia O diagnóstico do hipotireoidismo se fez a partir da anamnese utilizando uma ficha modelo

individual a qual continha os dados de resenha e histórico clínico do animal, acompanhada de

Page 50: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 50

exame clínico e laboratorial de rotina (hemograma e colesterol sérico) e dosagem hormonal (T4 livre e total e TSH).

A concentração do hormônio T4 livre e total foi determinada pelo sistema de quimioluminescência (Tecsa laboratórios, Belo Horizonte/MG), no qual utiliza um imunoensaio competitivo que usa a tecnologia de quimioluminescência direta e anticorpos monoclonais marcados com éster de acridiunium anti-T4. Já o hormônio estimulante da tireóide (TSH) foi determinado por radioimunoensaio (REA, Tecsa laboratórios, Belo Horizonte/MG). Todas as dosagens foram realizadas em duplicata.

Nos animais que apresentaram sintomas característicos de alterações no eixo hipófise-tireóide foram coletadas amostras de sangue da veia cefálica, jugular ou femural com seringas de 5 mL e colocadas em tubos com gel separador de soro (BD vacutainer, SST II Advance). As amostras foram centrifugadas (1500 g x 5 min) imediatamente para obtenção do soro e estocadas em microtubos a -20°C até o dia da dosagem de T4 livre e total e TSH. O soro também foi utilizado para verificar a concentração do colesterol sérico.

Para tais exames não houve restrições quanto à idade, sexo e raça dos animais. Resultados Foram coletadas amostras de sangue de sete animais suspeitos que apresentaram sinais clínicos

sugestivos ao hipotireoidismo. Deste total, seis animais (85,7%) foram positivos para tal desordem, sendo que um deste, também foi positivo para hiperadrenocorticismo.

O hemograma e colesterol sérico, não pôde ser realizado em todos os animais, porém naqueles em que foi feita a análise hematológica (66,7%), pode-se observar anemia normocítica normocrômica (50,0%) e 60% de animais hipotireoideos apresentaram hipercolesterolemia (Tabela 1).

Page 51: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 51

Tabela 1: Hipotiteoidismo canino:diagnóstico laboratorial (hemograma e bioquímica sérica)

- : exame não realizado; Valor de referência - (colesterol sérico) 125 – 270 mg/dL.

O critério para o diagnóstico hormonal foi à observação do T4 livre e total baixos e TSH alto

(tabela 2). Nos animais avaliados, as alterações dermatológicas mais comuns foram alopécia bilateral não

pruriginosa (50%), alteração da pelagem (83,3%) e "rabo de rato" (67%). Quanto às alterações metabólicas, as mais encontradas foram ganho de peso sem o aumento de apetite (67%), letargia (33,3%) e intolerância ao frio (83,3%). Um animal apresentou atrofia da musculatura da cabeça e problemas quanto à fonação.

Animal

Hemograma

Colesterol

sérico

Capitu

anemia normocítica

normocrômica

-

Spicke

anemia normocítica

normocrômica

165 mg/dL

Paola

-

237 mg/dL

Cherie

-

348 mg/dL

Rex

normal

506 mg/dL

Minie

anemia normocítica hipocrômica

-

Bambam

normal

296 mg/dL

Page 52: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 52

Tabela 2 – Diagnóstico por dosagem hormonal do hipotiroidismo dos cães atendidos no Hospital Veterinário da UENF

Animal

Raça

Idade (anos)

Resultado

Diagnóstico

Capitu

Teckel

5 T4 livre – 0,40 ng/dL

T4 total – 0,60 mcg/dL TSH – 0,76 ng/mL

Positivo

Spicke*

Boxer

11

T4 livre - 0,42 ng/dL T4 total - 0,70 mcg/dL

TSH – 0,67 ng/mL

Positivo

Paola

Boxer

11

T4 livre - 0,39 ng/dL T4 total - 0,70 mcg/dL

TSH – 0,64 ng/mL

Positivo

Cherie

SRD

5

T4 livre - 0,05 ng/dL T4 total - 0,42 mcg/dL

TSH - 0,78 ng/mL

Positivo

Rex

Pastor

Canadense

7

T4 livre – 0,05 ng/dL T4 total – 0,42 mcg/dL

TSH – 0,82 ng/mL

Positivo

Minie

Poodle

9

T4 livre – 0,71 ng/dL T4 total – 1,80 mcg/dL

TSH – 0,31 ng/mL

Negativo

Bambam

Poodle

8

T4 livre – 0,40 ng/dL T4 total – 0,50 mcg/dL

TSH – 0,63 ng/mL

Positivo

* animal com hipotireoidismo e hiperadrenocorticismo; valores de referência: T4 livre - 0,60 - 2 ng/dL; T4 total – 1,2 – 4 mcg/dL; TSH – 0,04 – 0,40 ng/mL.

Page 53: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica

Discussão Todos os animais positivos para hipotireoidismo seguiram um padrão: T4 livre e total

baixos e TSH alto. Isto se deve ao fato do T4 livre e total não atingirem concentração suficiente para exercer a retro-alimentação negativa na hipófise anterior. No entanto, observamos que dois animais que apresentaram a concentração mais baixa de T4 livre, também apresentaram para T4 total. Além disso, estes apresentaram os maiores valores para TSH. Isto demonstra que quanto menor for à concentração de T4, maior será a concentração de TSH no intuito de compensar a baixa síntese de T4 pela tireóide.

Na análise hematológica, pode-se observar anemia normocítica normocrômica em 50,0% dos casos, que segundo Pancieira (1994) pode atingir até 32% dos cães hipotireoideos. Em relação a principal alteração bioquímica sérica, hipercolesterolemia, esta pode estar presente em 75% dos casos de cães hipotireoideos (LAILA, 2004).

Os sintomas dermatológicos constituem alterações importantes nos animais com hipotireoidismo. A queda de pêlos, geralmente é o primeiro sintoma descoberto pelo proprietário. Com a evolução da doença, a alopecia localizada pode tornar-se generalizada, porque ocorre fácil epilação pela atrofia folicular, além de clareamento da cor da pelagem, tornando-a fosca, ressecada e quebradiça, uma vez que mantém os folículos pilosos na fase telogênica e inibe a fase anagênica (FELDMAN & NELSON, 2004; SCOTT et al., 2001).

No presente estudo, as alterações metabólicas, as mais encontradas foram ganho de peso sem o aumento de apetite, letargia e intolerância ao frio. Esse resultado vem de encontro com estudo realizado por FELDMAN & NELSON (2004), onde 35% eram letárgicos e 48% obesos, de um total de 100 cães hipotireoideos, enquanto que para Nesbitt (1980), em um estudo com 108 cães hipotireoideos, 11% apresentaram letargia e menos de 10% encontravam-se obesos e com intolerância ao frio.

Sinais clínicos neuromusculares também foram observados. Um animal apresentou atrofia da musculatura da cabeça e problemas quanto à fonação, o que pode ser sugestivo de paralisia laringeal (FELDMAN & NELSON, 2004).

Conclusão Concluímos que dos seis animais positivos para hipotireoidismo, todos apresentaram

alguma alteração morfofisiológica séria como letargia, ganho de peso e alopécia, diminuindo sua qualidade de vida e interferindo diretamente no seu bem-estar (fisiológico, mental e comportamental), como também nos membros da família na qual ele está inserido. Desta forma, se não fossem tratados e diagnosticados a tempo, isto poderia levar a diminuição de sua sobrevida.

Page 54: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica

Referências

CUNNINGHAM, J.G. & KLEIN, B.G. Tratado de Fisiologia Veterinária. Elsevier, Rio de Janeiro, p. 432-439, 2008. FELDMAN, E.C. & NELSON, R.W. Canine and Feline Endocrinology and reproduction. Saunders Company, Philadelphia, p. 68-165, 1996. FELDMAN, E.C. & NELSON, R.W. Canine e Femine Endocrinology and Reproduction. Inter-Médica, Buenos Aires, p. 629-642, 2004. JAGGY, A.; OLIVER, J.E.; FERGUSON, D.C.; MAHAFFEY, E.A. & GLAUS, T.Jr. Neurological manifestations of hypothyroidism: a retrospective study of 29 dogs. JVIM 8: 328, 1994. LALIA, J.C.; In: MUCHA, C.J.; SORRIBAS, C.E. & PELLEGRINO, F. Consulta rapida em la clinica diaria. Inter-Médica, Buenos Aires, p. 211-218, 2004. NESBITT, G.H.; IZZO, J.; PETERSON, L. & WILKINS, R.J. Canine hypothyroidism: a retrospective study of 108 cases. JAVMA 177: 1117, 1980. PANCIERA, D.L. Hypothyroidism in dogs: 66 cases (1987-1992). JAVMA 5 (204): 761-767, 1994. SCOTT, D.W.; MILLER, W.H. & GRIFFIN, C.E. Muller & Kirk’s - Small Animal Dermatology. Saunders, Philadelphia, p. 851-865, 2001.

Page 55: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica

CARACTERIZAÇÃO DO PROCESSO DE “Rigor mortis” DOS MÚSCULOS Longissimus dorsi E Triceps brachii DE OVINOS (Ovis vignei)

Pinto, J.C.C.

1; Henry F.C.

2; Costa, R S.

3; Henriques, L.S.V.

4; Alves, E.N.

5.

1UENF/ Laboratório de Tecnologia de Alimentos, [email protected]

2UENF/ Laboratório de Tecnologia de Alimentos, [email protected] 3UENF/ Laboratório de Tecnologia de Alimentos, [email protected] 4UENF/ Laboratório de Tecnologia de Alimentos, [email protected]

5 UENF/ Laboratório de Tecnologia de Alimentos, [email protected] Resumo - Este trabalho teve como objetivo determinar o valor de pH e temperatura dos músculos Triceps brachii e Longissimus Dorsi em carcaças frigorificadas de ovinos. Foram utilizados10 ovinos machos inteiros da raça Santa Inês e cruzados Santa Inês x Dorper abatidos em condições higiênico-sanitárias adequada. Após a sangria e inspeção as carcaças, devidamente identificadas, forma conduzidas para a câmara frigorífica e nos tempos de 4h; 6h; 8h; 10h; 12h e 24h post mortem, foram tomadas as temperaturas da câmara nos mesmos intervalos de tempo, dos músculos Triceps brachii e Longissimus

Dorci. Nos mesmos instantes supracitados foram coletadas e pesadas amostras de 10g dos músculos, para a determinação do pH. As comparações realizadas pelo teste de Tukey revelaram não existir diferença significativa (p>0,05) entre os valores médios de pH em ambos os músculos nos intervalos de tempo de 10 e 12 horas e nos intervalos 12 e 24 horas. O declínio da temperatura e do pH das carcaças dos ovinos durante o resfriamento industrial ocorreu dentro dos padrões que possibilitaram a adequada instalação e resolução do processo de rigor mortis; O valor do pH de ambos os músculos apresentou uma queda gradativa, estabelecendo-se em 10h após a sangria até às 24h. Palavras chave: carne ovina, temperatura, pH Área de conhecimento: Ciência e Tecnologia de Alimentos

Introdução No Brasil, a carne ovina é considerada um artigo de luxo, sendo consumida

principalmente em restaurantes de alto padrão ou em datas comemorativas, dificultando o acesso à população de baixa renda (MATURANO, 2003). Entretanto, tem-se observado um aumento significativo na demanda desta carne, principalmente nos grandes centros urbanos (FRANÇA, 2002), como reflexos das mudanças dos hábitos alimentares do consumidor, que tem buscado qualidade, palatabilidade, maciez e menores teores de gordura (NERES et al., 2001). Este fato vem contribuindo para a expansão da produção de ovinos (FRANÇA, 2002).

Page 56: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica

A velocidade do desenvolvimento do rigor mortis é controlada, principalmente, pelo nível de glicogênio, pH e temperatura do músculo (JOHNSON et al., 1989). Logo após o abate fatores podem afetar o processo de rigor mortis, refletindo na qualidade final da carne (Aberle et al., 2001). A queda do pH é uma das alterações post mortem mais significativas durante o período que compreende a transformação do músculo em carne. Este trabalho tem como objetivo determinar o valor de pH e temperatura dos músculos Triceps brachii (TB) e Longissimus dorsi (LD) em carcaças frigorificadas de ovinos.

Metodologia Animais

Foram escolhidos, aleatoriamente, 10 ovinos machos inteiros, cinco pertencentes à raça Santa Inês e cinco ½ sangue Santa Inês x Dorper.

Abate e caracterização do processo de rigor mortis

Os ovinos foram abatidos após os cuidados ante mortem que, neste caso, incluíram o período de repouso, jejum e dieta hídrica de vinte e quatro horas antes do abate. O início da sangria foi considerado como tempo zero para todos os animais. Após a sangria foi realizada a esfola (retirada da cabeça, das patas e da pele), evisceração, corte e lavagem da carcaça.

Aferição das temperaturas da câmara de resfriamento e dos músculos

As carcaças, devidamente identificadas, foram conduzidas à câmara frigorífica e nos tempos de 4h, 6h, 8h, 10h, 12h e 24h após a sangria foram tomadas às temperaturas da câmara e das carcaças. Para a mensuração, foi introduzida a haste de um termômetro digital a uma profundidade de 3 cm na massa muscular na altura do ísquio.

Determinação do pH

Nos mesmos instantes supracitados, foram coletadas e pesadas amostras de 10g dos músculos Triceps brachii e Longissimus dorsi, que foram homogeneizadas com 100 ml de água destilada, conforme o preconizado pela Instrução Normativa nº 20, de 21/07/99 (BRASIL, 1999), sendo o pHmetro previamente calibrado com soluções padrão de pH 4,0 e 7,0.

Forma de análise dos resultados

A análise estatística, referente ao processo de rigor mortis, do comportamento das medidas de temperatura da câmara de resfriamento, pH e temperatura dos músculos Triceps brachii e Longissimus dorsi, foi realizada através da Análise de Variância para medidas repetidas com nível de significância de 5% e comparação de médias através do Teste de Tukey (SAS, 1999).

Page 57: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica

Resultados e discussão A análise estatística revelou diferença significativa (p<0,05) quanto aos valores de

temperatura, em todos os intervalos de tempo. As comparações realizadas pelo teste de Tukey revelaram não existir diferença significativa (p>0,05) entre os valores médios de pH em ambos os músculos nos intervalos de tempo de 10 e 12 horas e nos intervalos 12 e 24 horas (Tabela 1).

Os valores de temperatura da câmara fria permitiram o desenvolvimento do processo de rigor mortis nas carcaças resfriadas da mesma forma que observado por Costa ET al. (2006). A diferença significativa (p<0,05) observada entre os valores médios das temperaturas das carcaças nos diferentes intervalos de tempo estudados (Tabela 1) demonstrou que ocorreu perda de calor para o ambiente de forma gradual e, conseqüentemente, uma diminuição gradual da temperatura dos músculos. Com isso, as enzimas proteolíticas, possivelmente, atuaram sem que se observasse o retardo do processo de rigor mortis com a diminuição da atividade enzimática, o que poderia acarretar o surgimento de características tecnológicas indesejáveis na carne congelada de imediato, como a dureza da carne após o preparo, decorrente do encurtamento pelo Frio, alterações de coloração e crescimento microbiano (Hwang et al., 2004).

Um dos fatores que exerce influência sobre o pH é a temperatura de resfriamento. Observa-se que em temperaturas mais elevadas o declínio do pH é maior, já que a glicólise ocorre mais rapidamente (Oliveira et al., 2004). Os resultados encontrados no presente trabalho estão de acordo com este fato, uma vez que foi observada uma queda acentuada do pH até 10h post mortem e não foram observadas diferenças significativas entre a 10ª e a 12ª hora e a 12ª e a 24ª hora em ambos os grupamentos musculares estudados, indicando que houve uma tendência à estabilização com o tempo (Figura 1). Oliveira et al. (2004), no entanto, não observaram diferenças significativas entre os valores médios de pH no músculo TB em todos os intervalos de tempo estudados

.

Page 58: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica

Tabela 1. Temperaturas da câmara frigorífica, das carcaças ovinas e pH dos músculos Triceps brachii (TB) e Longissimus dorsi (LD) em diferentes intervalos de tempo após a sangria, durante o resfriamento industrial.

Tempo após sangria (h) ANÁLISE 4 6 8 10 12 24

Câmara

12,2 10,5 7,3 5,6 2,8 -0,5 Temperatura

(°C) Carcaça

26,80a

± 1,87 17,90b

± 1,37 13,30c

± 1,71 10,00d

± 1,05 7,30e ±

0,95 -0,20f

± 0,42

TB 6,42a ±

0,10 6,22b ±

0,10 6,09c ±

0,10 5,66d ±

0,08 5,56de

± 0,09 5,44e ±

0,07

pH LD

6,32a ± 0,12

5,92b ± 0,06

5,77c ± 0,11

5,62d ± 0,11

5,55de

± 0,12 5,41e ±

0,11

a, b, c, d, e, f Médias na mesma linha seguidas de diferentes letras diferem significativamente (p<0,05)

Figura 1. Variação do pH dos músculos Tríceps brachii (TB) e Longissimus dorsi

(LD) nos diferentes intervalos de tempo após a sangria.

5,3

5,5

5,7

5,9

6,1

6,3

6,5

6,7

4 6 8 10 12 24

pH

TEMPO (h)

pH Longissimus dorsi

pH Triceps brachii

Page 59: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 59

MAPEAMENTO DE ABRIGOS DE MORCEGOS HEMATÓFAGOS (Desmodus rotundus e Diphylla ecaudata) NO NORTE FLUMINENSE E SUL DO ESPÍRITO SANTO

Bernardo-Pedro T.1, Vieira L.F.P.2, Gonçalves-Pereira S.R.F.3

1UENF Laboratório de Sanidade Animal, [email protected]

2UENF Laboratório de Sanidade Animal, [email protected] 3UENF Laboratório de Sanidade Animal, [email protected]

Resumo – A raiva, causada por um vírus RNA do gênero Lyssavirus e família Rhabdoviridae, é uma das viroses mais importantes para a pecuária e para a saúde pública no Brasil. Está distribuída em quase todo o mundo, tanto nos animais domésticos, quanto em animais silvestres que servem como reservatórios por longos períodos. No Brasil, a doença é transmitida aos herbívoros domésticos pelos morcegos hematófagos. Há três espécies de morcegos hematófagos, Desmodus

rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus youngi, dentre cerca de 150 espécies no país. Morcegos hematófagos alimentam-se exclusivamente de sangue, a preferência do D. rotundus é pelo sangue de mamíferos, enquanto D. ecaudata e Diaemus youngi alimentam-se basicamente de sangue de aves, mas podem alimentar-se também de sangue de mamíferos. Estima-se que a raiva no Brasil seja responsável por perdas anuais de 15 milhões de dólares. Este trabalho tem o objetivo de mapear os abrigos de morcegos hematófagos D. rotundus e D. ecaudata no Norte do Estado do Rio de Janeiro e Sul do Espírito Santo. Abrigos naturais e artificiais foram mapeados nos municípios de Bom Jesus do Norte (Espírito Santo), Cardoso Moreira, Italva e Miracema (Rio de Janeiro). Palavras-chave: Lyssavirus, raiva, controle epidemiológico. Área do Conhecimento: Ciências Agrárias

Page 60: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 60

Introdução

As enfermidades que acometem o sistema nervoso vêm se tornando cada vez mais importantes. A raiva é uma das mais importantes, devido à sua alta letalidade e ampla distribuição geográfica, além de prejudicar a pecuária e a saúde pública (SOUZA et al., 2009; ACHA & SZYFRES, 1986).

No Brasil, há cerca de 150 espécies de morcegos e três espécies hematófagas - Desmodus rotundus, Diphylla ecaudata e Diaemus youngi, classificados na subordem Microchiroptera associada à transmissão da raiva rural (Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, 2008).

Habitando abrigos naturais ou artificiais, para auxiliar na sua localização, a subordem

Microchiroptera utiliza um sistema chamado ecolocalização, Sistema que consiste em emitir ultrassons, ecoando no que estiver à sua frente. Esse eco é captado pelos seus ouvidos, que são muito sensíveis. Dessa forma, calculam a que distâncias estão os obstáculos e seus alimentos (Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, 2008).

O presente trabalho teve como objetivo mapear os abrigos de morcegos hematófagos em áreas rurais do Norte Fluminense e do Sul do Espírito Santo.

Metodologia

O estudo foi realizado no período de agosto de 2009 a abril de 2010 em áreas rurais de municípios pertencentes às regiões Norte e Noroeste Fluminense e ao polo Cachoeiro no Espírito Santo. As saídas a campo foram realizadas com o uso de automóveis da frota de veículos da

UENF e guiados por motoristas da instituição, ou com automóveis particulares de membros da equipe.

Foram realizadas quatro saídas, ao longo do desenvolvimento do estudo, todas eram munidas de certos materiais ou equipamentos, próprios do Setor de Virologia e Viroses – UENF: seis luvas do tipo “raspa de couro”, resistentes à mordedura de morcegos; um puçá (passaguá); duas gaiolas de transporte, confeccionadas em alumínio; duas “redes de neblina” (mist nets), nas dimensões de 2,5 x 7 m; um “facão para mato”; e um aparelho sensor geográfico de posição GPS (do tipo “12”, modelo “eTrex Vista C” e marca “GARMIN”), Em nenhum dos dias programados para as saídas choveu ou ventou excessivamente (na saída para Miracema houve uma chuva fraca).

Todo o procedimento a campo foi baseado na metodologia utilizada pela Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro (2008).

Foram levantadas as coordenadas nos locais com abrigos de morcegos hematófagos. Tais marcações foram realizadas com o aparelho GPS 12 eTrex Vista C – GARMIN. Após a conexão com os satélites, o aparelho GPS calcula a localização da unidade e a salva em um arquivo. Os dados podem ser armazenados como pontos, linhas ou polígonos, havendo a possibilidade de transferir esta informação para um computador.

Page 61: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 61

A precisão das coordenadas levantadas pelo GPS pode variar, na dependência do número de satélites localizados pelo sensor, da intensidade do sinal captado, do número de satélites no momento da leitura, da topografia do terreno e de condições atmosféricas. O GPS utilizado neste estudo, oferece a precisão ótima de 100 m.

Resultados Na primeira saída a campo, no dia 10/08/2009, para o município de Cardoso Moreira, na

região Norte Fluminense, encontrou-se um abrigo natural de pequenas dimensões. Localizado a S21º32'29,9'' e W041º36'31,8'', próximo à BR-356.

Na segunda saída, no dia 25/08/2009, para o município de Miracema, na região Noroeste Fluminense, encontrou-se um abrigo na localidade de Venda das Flores. Às margens da RJ-116, localizado a S21º19'29,1' e W042º07'49,1'. Os morcegos estavam alojados em abrigo artificial, em um túnel concretado (para escoamento de água) sob a rodovia.

Na terceira saída, no dia 15/09/2009, para o município de Bom Jesus do Norte, na região do polo Cachoeiro do Espírito Santo, encontrou-se um abrigo situado no trecho entre Bom Jesus do Norte e São José do Calçado. Os morcegos estavam em abrigo artificial, em um túnel concretado sob a rodovia ES-484, localizado a S21º06'45,8'' e W041º40'55,6''.

Nas quarta e quinta saídas, nos dias 19/10/2009, para o município de Italva, na região Noroeste do Estado do Rio de Janeiro, encontrou-se um abrigo natural que possuía em torno de 5m2, dentro de propriedade privada. O abrigo localizava-se a S21º27'06,4'' e W041º43'34,2''. Esse abrigo foi visitado duas vezes, por ser difícil a captura durante o dia nele, situação da primeira saída a campo. Na segunda saída, realizada à noite, foi possível capturar maior número de animais.

Na sexta saída a campo, para o município de Campos dos Goytacazes, foram inspecionados túneis por onde passam cursos d'água ou que servem de drenagem, localizados sob a BR-101. Foram inspecionados túneis em 45 km da BR-101, desde a saída do centro de Campos dos Goytacazes até a localidade de Morro do Coco. Nesta extensão não foram encontrados abrigos de morcegos hematófagos. Em dois túneis foram encontradas espécies de morcegos não hematófagos, com as respectivas localizações: Campos-1 (S21°32'14,7'' e W041°20'31,3') e Campos-2 (S21°28'13,1' e W041°20'06,4''). A média do número de morcegos observados em cada abrigo variou entre 30 e 40.

Constatou-se que havia um equilíbrio numérico entre machos e fêmeas. Todos os abrigos estavam localizados em áreas rurais, distantes de centros urbanos,

sendo o mais próximo o abrigo de Italva, que estava situado a 4 km de área urbana. Todos os abrigos situavam-se longe de habitações humanas, sendo o mais próximo o de Italva, em torno de 1 km distante de casa habitada. Metade dos abrigos era natural (Figura 1A) e a outra metade era artificial (Figura 1B).

Page 62: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 62

Figura 1: Abrigos de morcegos hematófagos. A. Abrigo natural. B. Abrigo artificial. (Acervo do Setor de Virologia e Viroses – LSA – CCTA / HV –UENF).

Em todos os abrigos foram encontrados morcegos Desmodus rotundus, e em um (Italva)

foram encontrados também morcegos Diphylla ecaudata, porém, os D. rotundus mostraram-se numericamente superiores aos D. ecaudata.

Todos os morcegos observados pareciam saudáveis e nenhum apresentava sinais de debilidade. Além disso, não havia cadáveres de morcegos próximo aos abrigos.

Discussão O morcego hematófago D. rotundus tem sido o principal reservatório do vírus da raiva

nas áreas rurais (Souza et al., 2009). As outras espécies hematófagas, D. ecaudata e Diaemus youngii, também podem transmitir a doença no Brasil (Franzo et al., 2007).

A preferência alimentar do D. rotundus é pelo sangue de mamíferos, enquanto D.

ecaudata e Diaemus youngi alimentam-se basicamente de sangue de aves. Em regiões de economia pecuária, o D. rotundus vive como sinantrópico, suas populações são grandes, a alimentação depende quase exclusivamente do gado, e os ataques aos humanos são raros. No ecossistema com escassa produção de gado, as populações de D. rotundus são muito menores, a alimentação depende de diferentes espécies animais e os ataques a humanos são mais freqüentes (Delpietro e Russo, 2002).

Os abrigos diurnos representam os locais onde os morcegos repousam durante o dia. Por passar metade de seu tempo diário nesses locais, os abrigos devem oferecer condições físicas mínimas que permitam a sobrevivência dos morcegos. Fatores como temperatura ambiente estável, umidade relativa do ar e luminosidade determinam a sua ocupação. Podem fazer uso de abrigos também durante períodos noturnos, sendo estes chamados abrigos noturnos, noturnos temporários, pouso noturno ou digestório (Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, 2008).

Page 63: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 63

Os resultados do presente trabalho mostram que, os morcegos hematófagos das espécies D. rotundus e D. ecaudata no Norte Fluminense e Sul Capixaba convivem em comunidades numerosas de forma harmônica, sendo os D. rotundus mais adaptados às condições ambientais das regiões pesquisadas, do que os D. ecaudata.

Morcegos hematófagos habitam abrigos tanto naturais como artificiais, sem que haja preferência ou predominância de um ou outro. No entanto, há uma clara preferência por abrigos distantes de centros urbanos ou comunidades humanas.

Três abrigos apresentavam-se próximos ou sob rodovias Estaduais ou Federais movimentadas (Cardoso Moreira, Miracema e Bom Jesus do Norte). A causa da preferência dos morcegos estudados por abrigos próximos a rodovias de tráfego constante, necessita de mais pesquisas. Porém, é possível observar que os túneis concretados, apesar de terem sido introduzidos no ambiente pelo homem, apresentam condições de vida ideais para os morcegos (pouca luminosidade, alto grau de umidade, etc.).

Nos 45 km inspecionados da BR-101 não foram encontrados abrigos de D. rotundus. Contudo, foram encontrados morcegos não hematófagos. O mapeamento dessas espécies não hematófagas também é importante, pois elas também transmitem a raiva e competem pelos mesmos tipos de abrigos do D. rotundus.

Portanto, morcegos hematófagos e não hematófagos podem entrar em confronto e nesses momentos transmitir o vírus da raiva. Logo, a dinâmica epidemiológica da raiva, transmitida aos herbívoros domésticos ou animais de produção, pode em algum momento envolver espécies não hematófagas de morcegos.

Conclusão Os morcegos Desmodus rotundus e Diphylla ecaudata da região Norte Fluminense e do

Sul do Espírito Santo convivem de forma saudável em abrigos naturais ou artificiais que sejam afastados de áreas urbanas ou comunidades humanas.

Apesar disso, D. rotundus e D. ecaudata preferem habitar locais próximos a rodovias movimentadas.

Há maior adaptação dos D. rotundus às regiões pesquisadas, do que outras espécies de morcegos hematófagos.

É preciso que haja mais estudos sobre mapeamento de abrigos de morcegos hematófagos nos Estados do Rio de Janeiro e Espírito Santo. Visto que, estes morcegos são os principais transmissores da raiva em áreas rurais.

Referências

_____Secretaria de Estado de Saúde – Governo do Estado do Rio de Janeiro. Manual para manejo de morcegos e controle da raiva, 2008. Disponível em http://portal.saude.rj.gov.br/Docs/cvas/MANUAL%20DE%20MORCEGO%20ATUALIZADO.pdf. Acesso em: 20 abr. 2010.

Page 64: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 64

ACHA, P.N.; SZYFRES, J.B. Zoonosis y enfermidades transmisibles comunes al hombre y a los animales. 2. ed. Organización Panamericana de la Salud – OPAS (Public. Científ. n. 503), Washington, 1986, 502-526. DELPIETRO, V.H.A.; RUSSO, R.G. Observations of the common vampire bat (Desmodus

rotundus) and the hairy-legged vampire bat (Diphylla ecaudata) in captivity. Mammalian Biology 67: 65-78, 2002. FRANZO, V.; SCHERMA, M.; DE OLIVEIRA, R.; ANDRIANI, S.; JÚNIOR, O. PIASENTIN, A.; TRALDI, A.; MIRANDA, V. Prevalência de ataques anual através da mordedura de animais com potencialidade de transmissão da raiva no município de Leme, Estado de São Paulo. Ensaios e Ciência 5(5): 91-95, 2007. SOUZA, T.; ROCHA, N.; COSTA, J.; ARAÚJO, B.; CARVALHO, V.; BATISTA, J. Raiva: relato de casos clínicos em ovinos. Ciência Animal Brasileira 119-120, 2009.

Page 65: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 65

AVALIAÇÃO MICROBIOLÓGICA DA CARNE OVINA (Ovis aries) OBTIDA EM

CAMPOS DOS GOYTACAZES-RJ

Alves, E.N.; Henriques, L.S.V.; Azevedo, H.S.; Pinto, J.C.C.; Henry, F.C.

Laboratório de Tecnologia de Alimentos – CCTA/UENF [email protected]

Resumo: O estudo da microbiologia da carne vem sendo cada dia mais difundido, tais estudos contribuem cada vez mais para a diminuição das DTA (Doenças Transmitidas por Alimentos), gerando produtos cárneos de melhor qualidade. Este trabalho teve como objetivo avaliar a contaminação bacteriológica da carne de ovinos da raça Santa Inês, abatidos em Campos dos Goytacazes-RJ. Foram escolhidas aleatoriamente 5 amostras de pernil ovino embaladas a vácuo. Antes das avaliações, as amostras foram mantidas a 2-4oC em geladeira durante 12 horas, para descongelamento lento. Foram realizadas análises de Clostridium Sulfito Redutor,Coliformes Fecais e Staphylococcus spp. A Analise microbiológica, para Clostridium Sulfito Redutor, realizada indicou ausência desses microrganismos em todas as amostras analisadas. Já para Coliformes Fecais, as análises indicaram presença altamente significativa desse microrganismo em quase todas as amostras analisadas e assim como para Staphylococcus spp. Conclui-se, portanto, que a carne ovina abatida em Campos dos Goytacazes-RJ, apresenta alta contaminação por microrganismos patogênicos. Palavras Chave: Carne, ovino, qualidade, bactérias. Área do Conhecimento: Ciências Agrárias Introdução O ovino foi domesticado a cerca de 6.000 anos, sendo encontrado em diferentes regiões do mundo. Sua carne é uma fonte de proteína de alto valor biológico e assim como a carne caprina ,está presente na dieta das populações de quase todos os países, tais como os do continente africano e europeu (KAMMLADE JR. e KAMMLADE, 1955). A criação de ovelhas foi reconhecida como a primeira indústria pastoril, havendo referências no antigo testamento, através da freqüente figura do pastor (ENSMINGUER, 1973). A carne e seus produtos derivados apresentam-se como substratos excelentes para o desenvolvimento microbiano, fato relacionado com sua rica composição química e com seus caracteres físico-químicos. Os microorganismos podem agir neste substrato, como agentes causadores de deterioração, diminuindo o valor nutritivo e/ou como potenciais vetores de processos patológicos (SILVA et al., 2004).

Page 66: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 66

Neste contexto, uma das grandes preocupações referentes à tecnologia de alimentos envolve a tentativa de diminuir a contaminação microbiana dos alimentos ,visando eliminar os riscos a saúde do consumidor. O ideal é a não proliferação dos microrganismos no produto consumido, mas tal fato é praticamente impossível de ocorrer, restando, portanto, as várias técnicas de controle da propagação desses microrganismos. Para tais técnicas serem empregadas com êxito é necessário que haja a identificação quantitativa e qualitativa, das contaminações microbianas mais comuns ocorridas nos alimentos. O estudo da microbiologia da carne vem sendo cada dia mais difundido, sempre buscando como objetivo maior, a diminuição da proliferação dos microrganismos patogênicos, que se desenvolvem nos alimentos. Tais estudos contribuem cada vez mais para a diminuição das DTA (Doenças Transmitidas por Alimentos), gerando produtos cárneos de melhor qualidade para o consumo da população. Metodologia As metodologias foram desenvolvidas no Setor de Microbiologia Industrial de Alimentos do Laboratório de Tecnologia de Alimentos (LTA), pertencente ao CCTA (Centro de Ciência e Tecnologias Agropecuárias) da UENF. Foram escolhidas aleatoriamente 5 amostras de pernil ovino embaladas a vácuo. Antes das avaliações, as amostras foram mantidas a 2-4oC em geladeira durante 12 horas, para descongelamento lento. Para a contagem de Clostridio Sulfito Redutor, foi adotada a metodologia preconizada por SWANSON et al. (2001). Foi realizada uma diluição de 25 gramas de carne para 225 gramas de água peptonada, sendo essa a diluição de 10-1. A partir da diluição 10-1 foi transferidas alíquotas de 1mL diluídas em “tubos de ensaio” com 9mL de solução salina peptonada a 0,1%, resultando na diluição 10-2 e assim sucessivamente até diluição 10-3. De cada diluição foi transferido 1mL em placas de Petri descartáveis e homogeneizadas com 20mL do meio de cultura TSA (Tryptic Soy Agar) e incubadas a 46°C por 24 horas em condição de anaerobiose. Para a detecção de Coliformes Fecais foi adotada a metodologia preconizada por SWANSON et al. (2001). Foi realizado uma diluição de 25 gramas de carne para 225 gramas de água peptonada, sendo essa a diluição de 10-1. A partir da diluição 10-1 foi transferidas alíquotas de 1mL diluídas em “tubos de ensaio” com 9mL de solução salina peptonada a 0,1%, resultando na diluição 10-2 e assim sucessivamente até diluição 10-3. De cada diluição foi transferido 1mL em três “tubos de ensaio” com 10 mL de meio LST (Lauril Sulfato Triptose). Os tubos foram incubados a 35°C por 48 horas. Após a identificação do turvamento do caldo, foi transferida uma alçada de cada tubo com LST para tubos com 6mL de caldo EC. Cada tubo de caldo EC foi incubado em Banho Maria por 24 horas a 45°C. Para a detecção de Staphylococcus spp. foi adotada a metodologia preconizada por Swanson et al. (2001). Foi realizada uma diluição de 25 gramas de carne para 225 gramas de água peptonada, sendo essa a diluição de 10-1. A partir da diluição 10-1 foram

Page 67: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 67

transferidas alíquotas de 1mL diluídas em “tubos de ensaio” com 9mL de solução salina peptonada a 0,1%, resultando na diluição 10-2 e assim sucessivamente até diluição 10-3 . Da diluição 10-1 foi transferido 0,3 mL para duas Placa de Petri com Ágar Baird Parker (BP) e 0,4 mL para uma outra placa com BP. Já para a diluição de 10-2 foi transferido 0,1 mL para uma Placa de Petri com Agar BP e na diluição de 10-3 também se transferiu 0,1 mL para uma Placa de Petri com Agar BP, totalizando cinco placas. As cinco placas foram incubadas a 35°C por 48 horas. Após as 48 horas colônias típicas se proliferaram e então cinco colônias típicas de cada placa foram transferidas para tubos com 5 mL de caldo Brain Heart Infusion (BHI), e do caldo BHI foi transferido uma alçada para um tubo com 10 mL de Tryptic Soy Agar (TSA) inclinado, após incubação de 35°C por 24 horas, foi feito o teste da catalase nos tubos de TSA, adicionando 1 mL de água oxigenada 3% em um tubo de cada amostra. O teste da coagulase dos tubos com caldo BHI foi realizado adicionando 0,2 ML de caldo BHI a 0,5 mL de plasma de coelho em tubos, que foram colocados em banho Maria a 37°C por 4 horas para verificar a possível coagulação da mesma. Resultados Foram realizadas avaliações microbiológicas nas amostras controle da carne ovina abatida onde foi indicada a ausência de Clostrídios Sulfito Redutor. Caso houvesse a presença de Clostrídios Sulfito Redutor, indicaria a existência de Clostridium perfringens e Clostridium

botulinum, bactérias altamente virulentas que podem, causar doenças transmitidas por alimentos. A Analise microbiológica, para Coliformes Fecais, realizada na carne ovina obtida na cidade de Campos dos Goytacazes-RJ, indicou presença altamente significativa desse microrganismo em quase todas as amostras analisadas. Na análise realizada com caldo LST (Lauril Sulfato Triptose), todas os tubos de ensaio apresentaram produção de gás, indicando dessa forma a presença de Coliformes Fecais em todas as amostras. Já nos tubos com caldo EC apenas uma amostra não apresentou produção de gás, indicando, portanto, alta contaminação de coliformes fecais também nesse meio de cultura. Na análise microbiológica, para Staphylococcus, realizada na carne, foi constatada em todas as amostras a presença altamente significativa desse microrganismo no Ágar BP (Baird Parker). Para as análises de catalase em Ágar TSA (Ágar Tripticase de Soja), todas as cinco repetições indicaram resultados positivos. Já os testes para coagulase em caldo BHI (Brain Heart Infusion Broth) indicaram em todas as repetições resultados negativos, isso indica que o genero é Staphylococcus epidermidis e não o Staphylococcus aureus, visto que o último se mostra como coagulase negativa. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) estabelece como tolerância de Staphylococcus coagulase positiva/grama 5 X 10³, para amostras de produtos cárneos embalados a vácuo, não maturados (Tabela 1).

Page 68: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 68

TABELA 1: Contagem média de bactérias Staphilococcus coagulase positivo (UFC/g) em cinco amostras e comparação com os valores estipulados pela ANVISA.

Amostras Staphylococcus positivo (UFC/g) ANVISA (UFC/g)

Amostra 1 1,4 X 10 4 5 X 10³ Amostra 2 3,0 X 10 4 5 X 10³

Amostra 3 1,2 X 10 4 5 X 10³

Amostra 4 2,1 X 10 4 5 X 10³ Amostra 5 1,3 X 10 4 5 X 10³ Discussão São vários os meios que podem levar a contaminação da carne desde o momento do abate; o ar, a manipulação da carne, utensílios e embalagens contaminados e o abate inadequado. Por esse motivo é de suma importância, seguir a risca as Boas Práticas de Fabricação, controlando o ambiente, os métodos nos momentos de: pré-abate,abate e pós-abate. Para que a carne que irá chegar ao consumidor, seja de boa qualidade e dessa forma agregue mais valor, gerando maior lucro ao produtor, assim como um produto mais adequado para o consumo da população. Apesar de algumas bactérias não serem patogênicas, ou seja, não causarem doenças, e serem usadas na indústria alimentícia na elaboração de certos alimentos, como o iogurte, leite fermentado, etc, os maiores casos de intoxicação alimentar são causados por bactérias ou pelas toxinas que elas liberam. Entre as bactérias patogênicas ou causadoras de doenças mais comuns estão os: Staphylococcus spp. e os Clostrídios (Perfringens, Botulinum, etc), que foram analisadas nesse trabalho. Além de bactérias indicadoras como: coliformes fecais. Existe a necessidade de compromissos com a produção sustentável e a promoção do bem-estar humano e animal, assegurando satisfação do consumidor e renda ao produtor, sem causar danos ao ambiente (COSTA, 2002). Porém para que isso ocorra deve haver uma conscientização do produtor, na base da cadeia produtiva, além de aumentar o investimento em técnicas e métodos que possibilitem uma redução drástica de microorganismos na carne de uma forma geral. A presença de microorganismos na carne tem relação direta com a intoxicação alimentar e a deterioração da mesma. A irradiação é um processo físico, que resulta na transferência de energia, com diversas utilidades práticas como a desinfestação de insetos, inibição do brotamento, controle microbiológico e etc. Em 1990, o Food and Drug Administration (FDA) autorizou o uso da irradiação da carne de frango em nível industrial para o controle de patógenos de origem alimentar.

Page 69: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 69

Conclusão

Nas análises realizadas nesse trabalho pode-se observar que a carne ovina obtida em Campos dos Goytacazes-RJ,apresenta alta contaminação por microrganismos indicadoras como: Coliformes Fecais e também contaminação com microrganismos patogênicos como: Staphylococcus spp. Isto indica que o uso da radiação será útil, pois poderá estender o tempo de prateleira da carne ovina, principalmente em regiões onde o abate ainda segue métodos não criteriosos com relação à higiene. Referências COSTA; M. J. R. P. Ambiência e qualidade de carne. Os mitos e a realidade da carne bovina. Anais p. 170-174 2002. ENSMINGER, M.E. Zootecnia geral. Buenos Aires: Pedro Garcia, 1973. 912p KAMMLADE JR, W. G. E KAMMLADE, W.G. Sheep Science. Chicago: J. B. Lippincott Co., 1955, 536p. SILVA, C. A.; SOUSA, E. L.; SOUSA, C. P. Estudo da qualidade sanitária da carne moída comercializada na cidade de João Pessoa, PB. Revista Higiene Alimentar. 18(121):90-94, jun. 2004. tab. SWANSON, K. M. J.; PETRAN, R. L.; HANLIN, J. H. Culture Methods for Enumeration of Microrganisms In: DOWNES, F. P.; ITO, K. Compendium of methods for the microbiological examination of foods. 4. ed. Washington: APHA, 2001. 676p. cap. 6, p.53-62.

Page 70: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 70

DOENÇAS RICKETTISIAIS EM FELINOS DOMESTICOS: ASPECTOS

HEMATOLÓGICOS, BIOQUÍMICOS E MOLECULARES

Lima A.C.Q.1, Corrêa E.S.2, Melo Junior O.A.3, Paludo G.R.4, Albernaz A.P.5

1UENF/ Hospital Veterinário, Laboratório de Sanidade Animal, [email protected] 2UENF/ Hospital Veterinário, Laboratório de Sanidade Animal, [email protected]

3UENF/ Hospital Veterinário, Laboratório de Sanidade Animal, [email protected] 4UnB/ Laboratório Pat. Clínica Veterinária, Faculdade de Agronomia e Veterinária, [email protected]

5 UENF/ Hospital Veterinário, Laboratório de Sanidade Animal, [email protected]

Resumo – Técnicas moleculares para detecção de bactérias da ordem Rickettsiales permitem diagnóstico rápido, sensível e específico pela identificação de sequências específicas do DNA dos microrganismos. Obtiveram-se esfregaços de sangue periférico de 55 gatos atendidos no Hospital Veterinário da UENF, corados com panótico e visualizados à microscopia óptica com objetiva de imersão, buscando corpúsculos elementares em leucócitos e plaquetas. Dos gatos positivos, foram coletadas amostras de sangue para realizar hemograma e bioquímica sérica. O DNA foi extraído a partir das amostras com EDTA, com a utilização de kits comerciais. Estimou-se que 10,9% dos gatos foram positivos para Rickettisiales na hematoscopia. Observaram-se mórulas apenas em plaquetas, elucidando a trombocitopenia em 100% dos gatos. Não se confirmou alterações eritrocitárias ou leucocitárias condizentes com doenças rickettsiais felina. Alterações da bioquímica sérica estavam relacionadas às patologias primárias dos gatos envolvidos neste estudo. Não houve evidência molecular de Ehrlichia canis nos gatos estudados. Tornam-se necessárias investigações moleculares para a caracterização da Rickettsiose felina. Palavras-chave: Rickettsiales, Ehrlichia canis, PCR Área do Conhecimento: Medicina Veterinária

Page 71: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 71

Introdução

São muitas as hemoparasitoses de gatos de importância médica e médica-veterinária devido ao seu potencial zoonótico. Destacam-se bactérias Gram-negativas da ordem Rickettsiales (ALMOSNY & MASSARD, 1999; BRENNER et al., 2004; DUMLER et al., 2001). A maioria dos gatos acometidos é assintomática, constituindo-se num risco maior por não serem identificados como portadores (ALMOSNY & MASSARD, 1999).

O diagnóstico presuntivo de doenças Rickettsiais é baseado num conjunto de alterações clínicas e hematológicas (ALMOSNY & MASSARD, 1999; DAGNONE et al., 2001). Para o diagnóstico definitivo, métodos de detecção do agente ou de anticorpos específicos estão atualmente disponíveis (DAGNONE et al., 2001; LAPPIN et al., 2004; AGUIAR et al., 2007; WEN et al., 1997; MURPHY et al., 1998).

As técnicas moleculares para detecção dos agentes permitem diagnóstico rápido, sensível e específico para a Rickettsiose em diferentes fases da doença. Assim, a técnica de Reação em Cadeia de Polimerase é capaz de identificar as espécies pela detecção de sequências específicas no DNA dos microrganismos (MACHADO, 2004; ALVES et al., 2005; MARSILIO et al., 2006; VINASCO et al., 2007).

O objetivo deste trabalho foi avaliar os aspectos hematológicos e bioquímicos, além de investigar a presença de Ehrlichia canis como agente causativo de doença riquetsial em gatos domésticos na cidade de Campos dos Goytacazes RJ, utilizando PCR.

Metodologia Foram examinados 55 gatos, independente de raça ou sexo, provenientes da clínica médica do

Hospital Veterinário da Universidade Estadual Norte Fluminense (UENF). Obtiveram-se esfregaços sanguíneos de sangue periférico da ponta de orelha de todos os animais, corados com panótico rápido e visualizados à microscopia óptica com objetiva de imersão, buscando corpúsculos elementares em leucócitos e plaquetas, caracterizando a positividade para Rickettsiales. Dos gatos com resultado positivo, foram coletados 5 mL de sangue venoso: 3 mL em tubos contendo EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético) a 10% para realizar o hemograma no equipamento automatizado da marca Mindray®, modelo BC 2800Vet; 2 mL em tubos sem anticoagulante visando obtenção de soro para realizar os testes bioquímicos, utilizando-se kits da marca Labtest®, em equipamento automatizado da marca Bayer®, modelo Express plus, mensurando-se proteínas totais, albumina, fosfatase alcalina, gamaglutamiltransferase, alanina aminotransferase, uréia e creatinina.

O DNA foi extraído a partir das amostras com EDTA, com a utilização de kits comerciais (Blood GenomicPrep Mini Spin Kit, GE healthcare®), seguindo as recomendações do fabricante. Em todas as Reações em Cadeia de Polimerase (PCR) utilizaram-se controles negativos e positivos para avaliar a ocorrência de contaminação de reagentes e a sensibilidade da reação, respectivamente. Como controle negativo, foi utilizado água e como controle positivo foi utilizado DNA de animal infectado por Ehrlichia canis.

Os primers EBR1 (5’-CCTCTGGCTATAGGAAATTG- 3’) e EBR5 (5’-GGAGTGCTTAACGCGTTAG- 3’) foram empregados para identificar sequências específicas do gene

Page 72: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 72

16S rRNA de Ehrlichia canis (ALVES et al., 2005). À mistura de PCR adicionou-se: 10pmol de cada primer, 10mM Tris – HCl (pH 8.3), 50mM KCl, 5mM MgCl2, 0,25µl dNTP (dATP, dCTP, dGTP, dTTP), 1,2U de Taq platinum DNA polymerase e 10µl do DNA da amostra, em um volume total de 50µl. Os ciclos de amplificação foram: desnaturação inicial a 94°C por 2 minutos, 40 ciclos de amplificação (desnaturação a 94°C por 30 segundos, anelamento a 53°C por 30 segundos, extensão a 72°C por 1 minuto) e extensão final a 72°C por 5 minutos. Produtos de PCR com 765 pb foram visualizados em gel de agarose a 1% corado com brometo de etídio, fotografados em transluminador sob luz UV. Todas as reações foram efetuadas no termociclador (Biorad®).

As amostras que se apresentaram negativas na PCR foram submetidas a uma segunda reação para testar a qualidade da extração do DNA e reduzir a quantidade de falsos negativos devido à presença de inibidores da PCR. Para isto foram utilizados os oligonucleotídeos GAPDH-F (5’-CCT TCA TTG ACC TCA ACT ACA T-3’) e GAPDH-R (5’-CCA AAG TTG TCA TGG ATGACC-3’) que anelam em uma sequência específica do gene da enzima gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase e resulta em um produto de 400 pb (BIRKENHEUER et al., 2003).

Resultados Foram utilizadas 55 amostras de sangue de gatos, todos sem raça definida, machos e fêmeas de

diferentes idades. Destes animais, 6 (10,9%) apresentaram inclusões basofílicas em plaquetas. No exame clinico realizado no momento da colheita das amostras de sangue, um animal apresentou ascite e carcinoma de glândula mamária com metástase esplênica confirmada por ultrassonografia. Outro animal evidenciou quadro diarréico e uma gata estava gestante. Os demais (50%) não apresentaram nenhuma alteração clinica aparente. Todos tinham acesso extradomiciliar e infestação por pulgas. Dois gatos (33,3%) não receberam nenhuma vacinação e os demais (66,7%) só foram imunizados contra raiva.

Quanto aos parâmetros hematológicos, não foram observadas alterações no eritrograma dos animais testados (Jain, 1993). Na leucometria, observou-se leucocitose apenas em uma amostra e leucopenia em duas amostras de sangue dos felinos com inclusões basofilicas em plaquetas (Jain, 1993).

Quanto a leucometria especifica, (em valores absolutos) um animal (17%) apresentou eosinofilia. Dois gatos (33,3%) com neutrofilia, sendo um com DNNE leve. Houve alterações linfocitárias em quatro gatos, sendo que três apresentaram linfocitopenia e um linfocitose. Todos os animais apresentaram trombocitopenia (Jain, 1993).

Na avaliação dos testes de biquimica sérica os valores para γ-glutamil transferase (GGT), alanina aminotransferase (ALT), fosfatase alcalina (FA) e creatinina se mantiveram dentro dos padrões de normalidade 16. Observaram-se hiperproteinemia com hiperglobulinemia em 50% gatos. Quatro animais apresentaram hipoalbuminemia. Todos os animais apresentaram uremia (Kaneko et al., 2008).

Na PCR, quando se utilizou os oligonucleotídeos EBR-1 e EBR-5 não foram observados produtos no tamanho de 765 pb, conforme o local de anelamento destes oligonucleotídeos no gene 16S rRNA de Ehrlichia canis.

Todas as amostras foram testadas com os oligonucleotídeos GAPDH-F e GAPDH-R, que amplificam uma parte do gene da enzima gliceraldeído 3-fosfato desidrogenase, apresentaram uma banda de 400 pb, indicando êxito nas extrações de DNA.

Page 73: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 73

Discussão Em pesquisa de hemocitozoários em esfregaços sanguíneos de gatos observa-se a presença de

inclusões basofílicas em plaquetas, neutrófilos, linfócitos e monócitos (ALMOSNY & MASSARD, 1999; ALMOSNY, 1998). No presente trabalho apenas foram observadas inclusões basofílicas em plaquetas, estando estes dados de acordo com resultados obtidos por ALMOSNY (1998) que observou presença de plaquetas gigantes contendo inclusões basofílicas na fase aguda da doença em esfregaço sanguíneo de gatos infectados experimentalmente (ALMOSNY, 1998).

As alterações bioquímicas observadas em 4 animais não parecem estar relacionadas a doenças riquetisiais dos felinos, mas sim às patologias primarias de cada animal. Em 2003, SOUZA et al. (2003) descreveram que animais naturalmente infectados por E. canis e E. granulocítica revelaram anemia normocítica e normocômica, leucopenia, trombocitopenia, hiperproteinemia com hiperglobulinemia (SOUZA, 2003). Dois animais assintomáticos do presente estudo apresentaram estas alterações, com exceção das alterações eritrocitárias. Mesmo que os animais estejam assintomáticos, eles são portadores da doença Rickettsial. As Rickettisioses não parecem produzir doença clinica grave nos gatos (LAPPIN et al., 2004; SOLANO-GALLEGO et al., 2006; SANTIAGO, 2010). Em nosso estudo, 100% dos gatos apresentaram trombocitopenia, como acontece nas riquetisioses caninas. Entretanto não podemos afirmar que este sinal seja de doença riquetsial felina, sendo necessárias maiores investigações (SANTIAGO, 2010).

O Protocolo de PCR usado nesse estudo, não identificou Ehrlichia sp. em nenhuma das amostras testadas (0%). As doenças causadas por Rickettisiales são menos comuns em felinos do que em cães, porém não menos importantes (ALMOSNY, 1998; BREITSCHWERDT et al., 2002; INOKUMA et al., 2001; OLIVEIRA, 2008).

Os oligonucleotídeos do Gene EBR aplificam o DNA da Ehrlichia canis, mas não de outros organismos rickettisiais incluindo Ehrlichia chaffeensis, Ehrlichia ewingii, Anaplasma platys,

Anaplasma phagocytophilum, Rickettsia conorii ou Rickettsia typhi que podem acometer tanto os cães como os gatos.

Estudos realizados em 168 gatos na Espanha em 2006, não identificaram por PCR nenhum gato positivo para E. canis (ALMOSNY & MASSARD, 1999). Foram investigados 680 gatos de 2005 a 2008, em Madrid e, em nenhum deles identificou-se DNA de E. canis em PCR (ALMOSNY, 1998). O que corrobora tanto com esse trabalho como com diversos outros que também não identificaram E.

canis por PCR23,24,25,26. Alguns autores identificaram E. canis em gatos (BREITSCHWERDT, 2002; BEAUFILS et al., 2002; BREITHSCHWERDT, 2003), porém, TABAR et al. (2008) observaram o DNA de E. canis/ Anaplasma spp em 1 % de gatos, m sem resultados conclusivos no sequenciamento (TABAR et al., 2008).

Conclusão Estima-se que 10,9% dos gatos atendidos no Hospital Veterinário da Universidade Estadual do Norte

Fluminense são positivos para Rickettisiales na hematoscopia. Só se observou mórulas em plaquetas. Não se confirma alterações eritrocitárias ou leucocitárias condizentes com doenças rickettsiais de

Page 74: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 74

felinos domésticos. As alterações observadas na bioquímica sérica estão relacionadas a patologias primárias dos gatos envolvidos neste estudo. Todos os animais apresentaram trombocitopenia, podendo ser uma evidência de rickettiose. Não existe evidência molecular de infecção por Ehrlichia canis nos gatos com inclusão basofilicas em plaquetas. Tornam-se necessárias maiores investigações moleculares para a caracterização da Rickettsiose felina.

Referências

AGUIAR, D.M.; SAITO, T.B.; HAGIWARA, M.K. Diagnóstico sorológico de erliquiose canina com antígeno brasileiro de Ehrlichia canis. Ciência Rural 37(3): 796-802, 2007. AGUIRRE, E.; TESOURO, M.A.; RODRIGUEZ-FRANCO, F.; SAINS, A. Assessment of feline ehrlichiosis in central Spain using serology and a polymerase chain reaction technique. Ann N Y Acad Sci 1026: 103-105. 2004. ALMOSNY, N. R. P. Ehrlichia canis (DONATIEN & LESTOQUARD,1935): Avaliação Parasitológica, hematológica e bioquímica sérica da fase adulta de cães e gatos experimentalmente infectados. 202p. Tese (Doutorado em Parasitologia) - Instituto de Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 1998. ALMOSNY, N.R.P.; MASSARD, C.L. Erliquiose felina – revisão. Clínica Veterinária 4(23): 30-32, 1999. ALVES, L. M.; LINHARES, G. F. C.; CHAVES, N. S. T.; MONTEIRO, L. C.; LINHARES, D. C. Avaliação de iniciadores e protocolo para o diagnóstico da Pancitopenia Tropical Canina por PCR. Ciência Animal Brasileira 6: 49-54, 2005. ALVES, L. M.; LINHARES, G. F. C.; CHAVES, N. S. T.; MONTEIRO, L. C.; LINHARES, D. C. Avaliação de iniciadores e protocolo para o diagnóstico da Pancitopenia Tropical Canina por PCR. Ciência Animal Brasileira 6: 49-54, 2005. BEAUFILS, J. P.; BREITSCHWERDT, E.B.; HANCOCK, S.I.; HEGARTY, B.C.; MARTIN-GRANEL, J. Ehrlichiose feline: identification genetique de l´agent chez deux chats. Pract Med Chir Anim Comp 37: 235-238. 2002. BIRKENHEUER A.J., LEVY M.G., BREITSCHWERDT E.B. Development and Evaluation of a Seminested PCR for Detection and Differentiation of Babesia gibsoni (Asian Genotype) and B. canis

DNA in Canine Blood Samples. J. Clin. Microbiol, 41: 4172–4177, 2003. BREITHSCHWERDT, E.B. Anine and feline ehrlichiosis: new developments. 19th Annual Congress of the ESVD-ECVD, Tenerife, Spain. 2003. BREITSCHWERDT, E.B.; ANTHONY, C.G.; ABRAMS-OGG, A.C.G. et al. Molecular evidence supporting Ehrlichia canis-like infection in cats. Journal of Veterinary Internal Medicine 16, 6: 642-649, 2002. BRENNER, D.J.; KRIEG N.R.; STALEY, J.T. Bergey’s Manual of Systematic Bacteriology, 2nd edition, 2004. DAGNONE, A.S.; MORAIS, H.S.A.; VIDOTTO, O. Erliquiose nos animais e no homem. Semina: Ci. Agrárias 22(2): 191-201, 2001. DUMLER, J.S.; BARBET, A.F.; BEKKER, C.P.J. Reorganization of genera in the families Rickettsiaceae and Anaplasmataceae in the order Rickettsiales: unification of some species of Ehrlichia

Page 75: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 75

with Anaplasma, Cowdria with Ehrlichia and Ehrlichia with Neorickettsia, descriptions of six news species combinations and designation of Ehrlichia equi and ‘HGE agent’ as subjective synonyms of Ehrlichia phagocytophila. International Journal of Systematic and Evolutionary Microbiology 51(6): 2145-2165, 2001. EBERHARDT, J.M.; NEAL, K.; SHACKELFORD, T.; LAPPIN, M.R. Prevalence of selected infectious disease agents in cats from Arizona. J Feline Med Surg 8(3): 164-168. 2006. INOKUMA, H.; PAROLA P.; RAOULT, D. Molecular survey of Ehrlichia infection in ticks from animals in Yamaguchi prefecture, Japan. Veterinary Parasitology 99(4):, 335-339, 2001. JAIN, N.C. Essentials of Veterinary Hematology. 1a ed., Lea and Febiger, Philadelphia, 417 p, 1993. KANEKO, J.J.; HARVEY, J.W.; BRUSS, M. L.Clinical biochemestry of domestic Animals, 6ª.ed. Academic Press, San Diego, 916p. 2008. LAPPIN, M.R.; BREITSCHWERDT, E.B.; JENSEN, W.A. Molecular and serologic evidence of Anaplasma phagocytophilum infection in cats of North America. Journal of the American Veterinary Medical Association 225(6): 893-896, 2004. MACHADO, R.Z. Ehrlichiose canina. Rev. Bras. Parasitol. Vet. 13: 53-57, 2004. MARSILIO, F.; MARTINO, B.; MERIDIANI, I.; BIANCIARDINI, P. Direct identification of Ehrlichia canis by a novel polymerase chain reaction method and molecular analysis of the citrate synthase (gltA) gene from various Italian strains. J. Vet. Diagn. Invest. 18: 215-217, 2006. MURPHY, G. L.; EWING, S. A.; WHITWORTH, L. C.; FOX, J. C.; KOCAN, A. A. A molecular and serologic survey of Ehrlichia canis, E. chaffeensis, and E. ewingii in dogs and ticks from Oklahoma. Vet. Parasitol. 79: 325-339,1998. OLIVEIRA, L.S. Investigação Molecular de Ehrlichia em uma população de cães e gatos em Viçosa/ MG. Viçosa – MG, 75p. 2008. Dissertação (mestrado) UFV ORTUNO, A.; GAUSS, C. B.; GARCIA, F.; GUTIERREZ, J.F. Serological evidence of Ehrlichia spp. exposure in cats from northeastern Spain. J Vet Med B Infect Dis Vet Public Health 52(5): 246-248. 2005. SANTIAGO, T.A. Enfermedades vectoriales en gatos de la comunidad de madrid: estúdio Serológico, molecular y Epidemiológico de la infección por Ehrlichia spp, Anaplasma spp, Neorickettsia spp, Leishmania spp y Bartonella spp. Madrid, Espanha. 319p. Tese (Doutorado). Universidad Complutense De Madrid. 2010 SOLANO-GALLEGO, L., HEGARTY, B.; ESPADA, Y. LLULL, J. BREITSCHWERDT, E. Serological and molecular evidence of exposure to arthropod-borne organisms in cats from northeastern Spain. Vet Microbiol 118(3-4): 274-277, 2006. SOUZA, H.J.M. Colétâneas em Medicina e Cirurgia Felina. 1a ed., L.F. Livros, Rio de Janeiro, 475 p, 2003. TABAR, M.D.; ALTET, L.; FRANCINO, O.; SANCHEZ, A.; FERRER, L. Vector-borne infections in cats: Molecular study in Barcelona area (Spain). Vet Parasitol 151(2-4): 332-336. 2008. VINASCO, J.; LI, O.; ALVARADO, A.; DIAZ, D. HOYOS, L.; TABACHI, L.; SIRIGIREDDY, K.; FERGUSON, C. MORO, M. H. Molecular Evidence of a New Strain of Ehrlichia canis from South America. J. Clin. Microbiol. 45: 2716–2719, 2007.

Page 76: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 76

VITA, S.; SANTORI, D.; AGUZZI, I.; PETROTTA, E.; LUCIANI, A. Feline leishmaniasis and ehrlichiosis: serological investigation in Abruzzo region. Vet Res Commun 29 Suppl 2: 319-321. 2005. WEN, B.; RIKIHISA, Y.; MOTT, J.M.; GREENE, R.; KIM, H.Y.; ZHI, N.; COUTO, G.C.; UNVER, A.; BARTSCH, R. Comparison of nested PCR with immunofluorescent-antibody assay for detection of Ehrlichia canis infection in dogs treated with doxycycline. J. Clin. Microbiol. 35: 1852–1855, 1997.

Page 77: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 77

EFEITO DO IBUPROFENO ADMINISTRADO UMA HORA ANTES DA INOVULAÇÃO DE EMBRIÕES BOVINOS

Narváez H.J.¹, Fontes R.S.², Costa R.L.D.³, Moreira L.Z.4, Micán G.M.5

1UENF/Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal, [email protected]

2UENF/Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal, [email protected] 3Pesquisador da APTA Regional Extremo Oeste, Andradina-SP, [email protected]

4UENF/Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal, [email protected] 5Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal, [email protected]

Resumo – Algumas pesquisas descrevem aumento nas taxas de prenhez em receptoras de embriões após a administração de antiinflamatórios, como estratégia para inibir a atividade da enzima ciclooxigenase e síntese de PGF2α, possivelmente desencadeado por um processo inflamatório local induzido pela manipulação do trato reprodutivo no momento da inovulação dos embriões. Avaliou-se o efeito do ibuprofeno administrado uma hora antes da inovulação de embriões bovinos, visando melhorar as taxas de prenhez. Após a avaliação da resposta ao protocolo de sincronização do estro, 76 fêmeas selecionadas como receptoras de embriões foram distribuídas em dois grupos (G) experimentais: G1 (n=25) receptoras usadas como controle, G2 (n=30) receptoras que receberam ibuprofeno 5mg/kg, I.M, uma hora antes da inovulação dos embriões. As taxas de prenhez foram de 16% (4/25) e 43,3% (13/30), para os grupos G1 e G2, respectivamente. Observou-se diferença estatística (P<0,024) na taxa de prenhez do G2 quando comparado ao G1. A administração do ibuprofeno por via intramuscular uma hora antes da inovulação dos embriões resultou em melhor taxa de prenhez em receptoras da raça Nelore. Palavras-chave: bovinos, transferência de embriões, antiinflamatórios não esteróides, prostaglandinas, taxa de prenhez. Área de Conhecimento: Medicina Veterinária Introdução

O ibuprofeno é um potente antiinflamatório não esteróide derivado do ácido propiônico e classificado como antiinflamatório não seletivo. Tem a capacidade de inibir a atividade das duas isoformas da enzima ciclooxigenase (COX 1 e 2) (ELLI et al., 2001), enzimas que têm como função catalisar e transformar o ácido araquidônico em prostaglandinas (RADI e KHAN, 2006).

Na reprodução de ruminantes, a prostaglandina F2α (PGF2α), tem um reconhecido mecanismo que

leva a regressão do corpo lúteo (CL) e conseqüentemente início de um novo ciclo estral (ODENSVIK et al., 1989). A administração de antiinflamatórios como substâncias inibidoras da síntese das prostaglandinas vem sendo amplamente utilizada no momento da inovulação dos embriões em fêmeas receptoras da espécie bovina, ovina e caprina, com a finalidade de proteger a funcionalidade do CL e o desenvolvimento do embrião, de uma possível liberação precoce de PGF2α, provocada pela

Page 78: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 78

manipulação do trato reprodutivo durante a inovulação dos embriões (ELLI et al., 2001). Dessa forma, o trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do ibuprofeno administrado uma hora antes da inovulação de embriões bovinos, visando melhorar as taxas de prenhez.

Metodologia O trabalho foi realizado na APTA, Regional Extremo Oeste - Andradina (SP), nos meses de

novembro de 2007 a fevereiro de 2008. Foram selecionadas para o estudo 70 vacas Nelore Padrão e 30 novilhas Nelore Mocho, de acordo com uma avaliação clinica geral, exame ginecológico (palpação via transretal dos órgãos genitais), peso e qualificação do escore corporal na escala de 1 a 9, de acordo com RICHARD et al. (1986). Para induzir a sincronização do estro, as fêmeas selecionadas foram submetidas a tratamento hormonal em dia aleatório do ciclo estral (dia 0) com a colocação de um dispositivo intravaginal de 1,9g de progesterona mais uma aplicação intramuscular (I.M) de 2ml de Cronibest® (2mg de Benzoato de estradiol). No Dia 8 o dispositivo intravaginal de progesterona foi removido e administrou-se uma dose (I.M) de 2ml de Cronibem® - PGF2α (150µg de D-cloprostenol). Após 24 horas a PGF2α (dia 9), todos os animais receberam uma dose de 1ml de Cronibest® (1mg de BE). No 6° dia do ciclo estral as receptoras foram submetidas a exame ultra-sonográfico utilizando transdutor linear 5.0/7.5 Mhz por via transretal, com a finalidade de avaliar a resposta das receptoras ao protocolo hormonal, com conseqüente formação de corpo lúteo (CL). Foram consideradas receptoras aptas para receber embrião, somente, aquelas que apresentaram CL ≥ a 13mm de diâmetro. Os embriões inovulados no presente trabalho pertenciam ao banco genético da APTA, Regional Extremo Oeste, que já haviam sido coletados e congelados em trabalhos anteriormente realizados, contendo os dados de qualidade e estádio de desenvolvimento para cada estrutura. Os embriões encontravam-se congelados em etilenoglicol, crioprotetor que permite a transferência direta das estruturas. No dia da inovulação (dia 7 do ciclo estral) todas as receptoras foram submetidas à anestesia epidural baixa, 4ml de cloridrato de lidocaína a 2% e realizada limpeza do reto e higienização da genitália externa com água e álcool 70%. A inovulação dos embriões foi realizada por procedimento não cirúrgico no corno uterino ipsilateral ao ovário com corpo lúteo.

Uma hora antes da inovulação dos embriões foram formados os dois grupos (G) experimentais, as receptoras e os embriões foram aleatoriamente alocados dentro de cada grupo, objetivando evitar efeitos individuais nos resultados: G1 – controle, que receberam 5ml de solução salina fisiológica por via I.M; G2 – ibuprofeno-IM que receberam 5 mg/kg de ibuprofeno® por peso vivo via I.M.

O diagnóstico da gestação foi realizado, 35 a 40 dias após a inovulação dos embriões, por meio ultra-sonográfico utilizando um transdutor linear 5.0/7.5 Mhz por via transretal.

Para o analise da taxa de prenhez e qualidade dos embriões, utilizou-se o teste exato de Fisher (CHISQ / Fisher, SAS, 1999).

Resultados Os resultados do presente estudo forneceram evidências que a sincronização do estro e da ovulação

em fêmeas da raça Nelore, utilizando um dispositivo intravaginal de progesterona associado ao

Page 79: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 79

benzoato de estradiol e PGF2α, proporcionou alta taxa da ovulação (90% e 83,3%, vacas e novilhas, respectivamente) determinada por ultra-sonografia através da formação de CL.

Em relação à taxa de prenhez observada no grupo G1 – controle e grupo G2 – ibuprofeno-IM, estas foram de 16% (4/25) e 43,3% (13/30), respectivamente. Foi possível determinar diferença (P<0,024) do G2 – ibuprofeno-IM, quando comparado o grupo G1 – controle (Figura 1).

Figura. 1. Taxa de prenhez do grupo G2 – ibuprofeno-IM de 27,3% em relação ao grupo G1 – controle. As porcentagens de prenhez para os embriões grau I do grupo G1 – controle e grupo G2 –

Ibuprofeno-IM foram de, 9,09 ± 0,90 e 40 ± 1,30 e para os embriões grau II foram de 20 ± 2,00 e 62,5 ± 1,82 e 0, respectivamente (Tabela 1). Houve diferença significativa (P<0,05) em relação às taxas de prenhez dos embriões grau I do grupo G2 – Ibuprofeno-IM quando comparado com o grupo G1 – controle, da mesma forma a tendência anterior se manteve nas taxas de prenhez dos dois grupos experimentais para os embriões classificados como grau II. A taxa de prenhez para os embriões grau III, para ambos os grupos experimentais foi de 0%, respectivamente.

Page 80: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 80

Discussão A melhora observada na taxa de prenhez do grupo tratado com ibuprofeno foi provavelmente, à

inibição da síntese de PGF2α pela ação do antiinflamatório na minimização dos efeitos deletérios de PGF2α no desenvolvimento embrionário, proporcionando assim, maior viabilidade ao embrião no mecanismo de implantação. É importante salientar que, neste trabalho não foram quantificados os metabolitos de PGF2α antes ou depois da inovulação dos embriões, o que poderia restringir a discussão dos dados, no entanto, baseado nos estudos realizados que demonstraram metabolitos de PGF2α antes e depois da inovulação dos embriões (SCENNA et al., 2005) e a evidência das propriedades farmacológicas do ibuprofeno em inibir a síntese das prostaglandinas (ELLI et al., 2001), é possível levar em consideração estas abordagens no entendimento dos resultados do presente estudo. Contudo, acredita-se que a utilização do ibuprofeno com a finalidade de melhorar as taxas de prenhez em programas de TE em bovinos, é feita com a aplicação do antiinflamatório uma única vez e no mínimo 30 minutos antes da inovulação dos embriões, considerando o tempo de absorção e a estabilização dos níveis sangüíneos requeridos.

Corroborando com os resultados deste trabalho, ELLI et al. (2001) avaliaram o efeito do ibuprofeno 5 mg/kg de peso vivo, (I.M) em novilhas da raça Holandesa, uma hora antes da inovulação dos embriões. Os embriões utilizados correspondiam a um programa de TE convencional e criopreservados. A taxa de prenhez do grupo tratado com ibuprofeno apresentou diferença (P<0,05) em relação ao grupo controle (82% vs 56%, respectivamente) demonstrando o efeito do ibuprofeno na melhora das taxas de prenhez em bovinos.

Tabela 1. Efeito da qualidade do embrião (média ± E.P.M) sobre as taxas de prenhez (%) para cada grupo experimental

Taxa de prenhez (%)

Qualidade dos embriões

Grupos de tratamento

Taxa de prenhez total (%)

Embriões grau I n/n

Embriões grau II n/n

Embriões grau III n/n

G1 – controle 16 9,09 ± 0,90b (1/11) 20 ± 2,00b (1/5) 0a (0/2)

G2 – ibuprofeno-IM 43,3 40 ± 1,30a (6/15) 62,50 ± 1,82a (5/8) 0a (0/3) IM = intramuscular. Médias seguidas por letras diferentes, na mesma coluna, diferem entre si pelo teste exato de Fisher (P<0,0)

Da mesma forma, SCENNA et al. (2005) conseguiram constatar o efeito (P<0,05) do flunixin

meglumine (FM) no acréscimo das taxas de prenhez em vacas e novilhas, utilizadas como receptoras de embriões de origem: a fresco ou congelado.

Entretanto, os resultados deste estudo diferem dos obtidos por MCNAUGHTAN (2004), o qual não encontrou efeito significativo na aplicação do FM antes da inovulação dos embriões, em novilhas Hereford x Angus. Embora, o presente trabalho tenha utilizado o ibuprofeno como ferramenta farmacológica

Quanto ao efeito da qualidade do embrião sobre as taxas de prenhez é possível considerar a utilização do ibuprofeno por via intramuscular para incrementar as taxas de prenhez de embriões grau I e II,

Page 81: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 81

principalmente. Tendo uma maior aplicação para embriões grau II, devido, a estes apresentarem maior susceptibilidade aos efeitos deletérios de PGF2α em relação aos embriões grau I.

Estes resultados são semelhantes aos descritos por SCENNA et al. (2005), que relataram melhores taxas de prenhez de embriões grau II do grupo tratado com FM em relação ao grupo controle (64,2% e 53,5%, respectivamente).

Em trabalhos anteriores, ELLI et al. (2001), observaram um aumento considerável nas taxas de prenhez para ambos os graus de qualidade (I e II) após a administração de ibuprofeno, o que concorda com os achados do presente estudo.

Conclusão A sincronização do estro e da ovulação com dispositivo intravaginal de progesterona (CIDR®)

associado ao benzoato de estradiol e PGF2α, proporcionou altas taxas da ovulação determinado através da formação de CL.

O Ibuprofeno administrado por via intramuscular teve efeito significativo no aumento das taxas de prenhez dos embriões grau I e II de qualidade e a administração do antiinflamatório uma hora antes da inovulação dos embriões melhorou as taxas de prenhez de receptoras da raça Nelore.

Referências

ELLI, M.; GAFFURI.; B.; FRIGERIO, A. et al. Effect of a single dose of ibuprofen lysinate before embryo transfer on pregnancy rates in cows. J. Reprod. Fertil., v.121, p.151-54, 2001. McNAUGHTAN, J. The effect of prostaglandin inhibitor on pregnancy rates of heifer embryo transfer

recipients. 38p. 2004. Master of Science. Department of Plant & Animal Sciences. Brigham Young University. Estados Unidos. ODENSVIK, K.; CORT, N.; BASU, S. et al. Effect of flunixin meglumine on prostaglandin F2α synthesis and metabolism in the pig. J. Vet. Pharm. Thera., v.12, p.307-311, 1989. RADI, Z.A.; KHAN, N.K. Effects of cyclooxygenase inhibition on the gastrointestinal tract. Exp. Toxicol. Pathol., v.58, p.163-173, 2006. RICHARDS, M.W.; SPITZER, J.C.; WARNER, M.B. Effect of varying levels postpartum nutrition body condition at calving on subsequent reproductive performance in beef cattle. J. Anim. Sci., v.62, p.301-306, 1986. SAS Institute Inc. SAS user's guide: statistic, version 8 Cary, N.C, 1999. SCENNA, F.N.; HOCKETT, M.E.; TOWNS, T.M. et al. Influence of a prostaglandin synthesis inhibitor administered at embryo transfer on pregnancy rates of recipient cows. Prost. Other Lipid Mediators., v.78, p.38-45, 2005.

Page 82: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 82

EFEITO DA ADIÇÃO DE CAFEÍNA E DA REDUÇÃO DO VOLUME DE MEIO DE FERTILIZAÇÃO IN VITRO SOBRE A TAXA DE CLIVAGEM E TAXA DE BLASTOCISTO

DE EMBRIÕES BOVINOS

Curcio, A.G.1, Micán, G.M2., Paes de Carvalho, C.S.3, Narváez, H.J..4, Fontes, R.S.5,

1UENF/ Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal, [email protected]

2UENF/ Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal, [email protected] 3UENF/ Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal [email protected] 4UENF/ Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal [email protected]

5UENF/ Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal [email protected]

Resumo – Avaliou-se o efeito da cafeína e da redução do volume de meio durante a fertilização in vitro de oócitos bovinos sobre a taxa de clivagem (D2) e de blastocisto no dia (D7). Oócitos maturados in

vitro (TCM-199+SFB+LH+FSH e penicilina/estreptomicina) foram fertilizado em gotas de 40µl e 100µl de Talp-fert, acrescido ou não com cafeína 2mM em 4 grupos experimentais: Controle, G1 (40µl de meio de FIV sem cafeína), G2 (40µl de meio de FIV com cafeína) e G3 (100µl de meio de FIV com cafeína). O cultivo foi realizado em grupos de 20 zigotos em 100µL de fluído sintético do oviduto (SOF) a uma temperatura de 38,5o C em atmosfera de 5% de CO2 por 7 dias. Para análise dos dados foi utilizado à análise de variância e comparação das médias pelo teste Duncan, com nível de significância de 5%. A taxa de clivagem dos grupos: controle, 1, 2 e 3 foram de 15,33±3,78, 13,67±2,7, 12,33 ±0,6, 10,67 ± 1,1, respectivamente. E a taxa de blastocisto para o grupo controle (5,33 ± 2,1), G1 (3,00 ± 0), G2 (2,33 ± 0,6) e G3 (4,00 ± 1,7). Conclui-se, que a adição de cafeína no meio de fertilização e a redução do volume da gota pode afetar as taxas de clivagem e blastocisto de embriões bovinos. Palavras-chave: Produção in vitro de embriões, fosfodiesterase, Mini-gradiente descontinuo de percoll. Área de conhecimento – Medicina Veterinária

Page 83: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 83

Introdução Desde sua criação em 1978 pelos ingleses Robert Edwards e Patrick Steptoe, a fertilização in vitro

(FIV) tem sido usada para estudar os processos de maturação, fertilização e desenvolvimento embrionário. Um dos obstáculos na produção in vitro de embriões (PIV) bovinos, está relacionado com o baixo número de oócitos fertilizados e o volume utilizado no meio de fertilização. Uma das ferramentas que estão sendo utilizadas para aumentar a taxa de fertilização está relacionado com a adição de cafeína no meio de FIV e redução do volume deste de modo que promova a concentração dos fatores de crescimento produzidos pelos gametas.

A cafeína é um inibidor da fosfodiesterase, substância que permite o aumento da concentração do AMP cíclico durante a capacitação espermática, modulando a adenilciclase e a reação acrossômica, induzindo a capacitação dos espermatozóides e a reação acrossômica, melhorando a penetração dos espermatozóides (NASCIMENTO, 2003).

O trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da cafeína e a redução do volume de meio de FIV sobre as taxas de clivagem e de blastocisto com a finalidade de estabelecer um novo protocolo para FIV.

Metodologia

O experimento foi realizado no Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal (LRMGA) da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF), Campos dos Goytacazes-RJ, no período de agosto de 2009 a abril de 2010. Os oócitos foram obtidos a partir de ovários de vacas de abatedouro da região de Campos, transportados até o laboratório em garrafas térmicas contendo solução fisiológica estéril (NaCl 0,9%), acrescida de antibióticos (100 UI/mL de penicilina e 100 µg/mL de estreptomicina).

Foram aspirados folículos com diâmetros entre 2 – 6 mm, com auxílio de uma seringa acoplada a uma agulha 19 “G” (40 x 1.2 mm). O líquido folicular recuperado foi colocado em tubos de 50 ml e após 10 minutos de decantação, o sobrenadante foi descartado e procedeu-se a seleção dos oócitos em meio de manipulação TCM-199 com sais de Earle, acrescido de 25 mM de Hepes e antibióticos (100 UI/mL de penicilina e 100 µg/mL de estreptomicina), suplementado com 10% de soro fetal bovino (SFB). Foram obtidos um total de 200 oócitos e classificados como grau I e II de qualidade, contendo três ou mais camadas de células do cúmulus e citoplasma uniforme. Todos os oócitos foram maturados em meio TCM-199 sem Hepes, suplementado com 10% de SFB, 10µg/ml de FSH, 10µg/ml de LH e antibióticos (penicilina/estreptomicina 1%, Nutricell®). Os oócitos foram mantidos em placas contendo gotas de 100µl de meio de maturação (20 ovócitos por gota), sob óleo mineral, por um período de 22 horas a 38,5ºC, em atmosfera de 5% de CO2.

Após 22 horas de maturação os CCO, foram separados aleatoriamente em 4 grupos experimentais. Para todos os grupos foi utilizado o meio de fertilização (Talp-fert, Nutricell®). O grupo controle

foi fertilizado em gota de 100µl sendo suplementado com heparina, o grupo 1 a FIV foi realizada em uma gota de 40µl de meio, o grupo 2 a FIV foi realizada em gota de 40µl sendo acrescida de 2mM de cafeína e o grupo 3 a FIV foi realizada em gota de 100µl com 2mM de cafeína. As gotas foram cobertas por óleo mineral em placa de Petri (35 x 10 mm). Foi utilizado sêmen congelado disponível comercialmente, de uma mesma partida, de reprodutores da raça Nelore, para todos os grupos experimentais. Os espermatozóides foram preparados segundo a técnica de mini-gradiente descontínuo de percoll (Nutricell®). A concentração espermática foi de 1 x106 espermatozóides/ml.

Page 84: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 84

Os supostos zigotos foram incubados a uma temperatura de 38,5o C em atmosfera de 5% de CO2 durante 18 h. A avaliação da taxa de clivagem foi procedida no segundo dia após a fertilização (D2) e a taxa de produção de blastócitos foram avaliadas no sétimo dia (D7) de cultivo (SOF)

Foram feitas 3 repetições para todos os grupos experimentais e para a análise dos dados foi utilizado a análise de variância (ANOVA) e a comparação das médias pelo teste Duncan, com nível de significância de 5%.

Resultados De acordo com a análise dos dados não houve diferença significativa na taxa de clivagem do

grupo controle (15,33±3,78) em relação aos grupos 1 e 2 (13,67±2,7, 12,33±0,6, respectivamente). E quando comparado o grupo controle (15,33±3,78) com o grupo 3, foi possível observar diferença significativa (10,67±1,1). Esta diferença entre o grupo controle e G3, demonstra uma redução da taxa de clivagem quando adicionada cafeína ao meio de fertilização (Tabela 1) em volume utilizado convencionalmente nos protocolos de FIV.

Tabela 1. Valores médios e desvio padrão da taxa de clivagem e produção de blastocistos,

fertilizados em volumes reduzidos de meio com e sem cafeína.

Em relação à taxa de blastocisto no dia 7, os resultados demonstraram maior taxa de blastocisto do grupo controle (5,33±2,1) quando comparado o grupo 2 (2,33±0,6). No entanto, não foi observado diferença entre o grupo controle (5,33±2,1) e os grupos 1 e 3 (3,00±0 e 4,00±1,7).

Discussão A obtenção de um maior número de embriões produzidos in vitro com melhor qualidade vem

sendo objetivo de inúmeras linhas de pesquisa. Porém, apesar do progresso realizado na otimização dos sistemas de cultura para maturação, fertilização e produção de embriões in vitro, apenas cerca de 40% dos oócitos obtidos de ovários de matadouros alcançam o estádio de desenvolvimento até blastocisto. Essas baixas taxas são influenciadas por vários fatores que atuam durante cada uma das etapas do processo in vitro (Viana, 2009).

Trat. Oócitos

avaliados

Clivagem (D2)

Blastocisto (D7)

C

G1

G2

G3

53

50

48

49

15,33±3,78ª

13,67±2,7a

b

12,33

±0,6ab

10,67 ± 1,1b

5,33 ± 2,1

a

3,00 ± 0 ab

2,33 ± 0,6

b

4,00 ± 1,7

ab

Page 85: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 85

A possibilidade da redução do volume de meio durante a fertilização in vitro, busca concentrar os diferentes fatores de crescimento produzidos pelos embriões nas horas iniciais após a FIV, além de reduzir o espaço físico entre os gametas, fato que seria importante, por exemplo, na FIV com sêmen sexado já que este tipo se sêmen já vêm com uma concentração reduzida de espermatozóides, otimizando o uso do material genético dos touros nos programas de produção in

vitro de embriões. Brum et al, 2004, observou que não houve efeito da interação entre o número de oócitos e volume de meio.

Miao et al., 2007, observaram que a adição de cafeína no meio de maturação de oócitos de camundongos, diminuiu significativamente as taxas de maturação, sendo os oócitos de camundongos susceptíveis aos efeitos deletérios da cafeína sobre a inibição da maturação.

Segundo, Momozawa et al., 2003, a cafeína não é essencial no meio de fertilização in vitro de oócitos bovinos, sendo recomendada como substância promotora da capacitação dos espermatozóides melhorando assim, a taxa de penetração espermática.

Tatham et al., 2003, concluíram que o efeito da cafeína está relacionado com a capacitação dos espermatozóides em programas de FIV na espécie bovina e bubalina, com decréscimo no desenvolvimento embrionário.

Estudo mais recente, observaram que a adição da cafeína em meio de fertilização de oócitos de ovinos reduz a polispermia e retém a habilidade para o desenvolvimento até o estádio de blastocisto (Maalouf, et al, 2009).

Conclusão O presente trabalho conclui que a adição de cafeína no meio de fertilização e a redução do volume

da gota podem afetar a taxa de clivagem e taxa de blastocisto de embriões bovinos produzidos in

vitro. A adição de cafeína ao meio de FIV, diminui as taxas de clivagem de embriões em D2, de igual modo a redução do volume de meio e a adição de cafeína diminuem significativamente as taxas de blastocitos no sétimo dia de desenvolvimento.

Referências

BRUM, D.S.; LEIVAS, F.G.; NOEBAUER, M.R.; BERNARDI, M.L.; SILVA, C.A.M.; RUBIN, M.I.B. Volume de meio e número de oócitos para a fecundação na produção in vitro de embriões bovinos. Veterinary Science v. 9, n. 2, p. 61-66, 2004. MAALOUF, W.E; Lee, J.-H, CAMPBELL, K.H.S. Effects of caffeine, cumulus cell removal and aging on polyspermy and embryo development on in vitro matured and fertilized ovine oocytes. Theriogenology 71 (2009) 1083–1092. Yi-Liang Miao a,b, Li-Hong Shi a,b, Zi-Li Lei a,b, Jun-Cheng Huang a,b, Ji-Wen Yang a,b, Ying-Chun OuYang a, Qing-Yuan Sun a,*, Da-Yuan Chen MIAO, Y.; SHI, L.; LEI, Z.;HUANG, J.; YANG, J.;, OUYANG, Y.; SUN, Q.; CHEN, D. Effects of caffeine on in vivo and in vitro oocyte maturation in mices. Theriogenology 68 (2007) 640–645. MOMOZAWA, KENJI E FUJUDA, YOSHINORI. Caffeine in Fertilization Medium Is Not Essential for Bovino IVF by Fully Capacitated Spermatozoa. Journal of reproduction and development, Vol 49, No. 6, 2003.

Page 86: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 86

NASCIMENTO, ANÍBAL BALLAAROTTI. Efeito da água de coco e BTS associados à cafeína na capacitação espermática in vitro em suínos. Fortaleza, 2003. (Mestrado em Ciências Veterinárias), Programa de Pós-Graduação em Ciências Veterinárias. Universidade Estadual do Ceará (UECE). TATHAM, B. G., FEEHAN, T., PASHEN, R. Buffalo and cattle hybrid embryo development is decreased by caffeine treatment during in vitro fertilization. Theriogenology 59 (2003) 709 – 717. VIANA, K. S. Morfologia e bioquímica dos efeitos do óxido nítrico na maturação de oócitos bovinos in vitro. Campos dos Goytacazes, 2009 (Doutorado em Ciência Anima, Cento de Ciências e Tecnologias Agropecuárias da Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro (UENF).

Page 87: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 87

AVALIAÇÃO DOS ADESIVOS N-BUTIL-CIANOACRILATO E ETIL-CIANOACRILATO NA FERIDA ESPLÊNICA EM RATOS: MODELO EXPERIMENTAL

Silveira G.R.1, Cruz M.C.2, Souza D.B.3, Mothé G.B.4, Abílio E.J.5

1UENF/ Laboratório de Clínica e Cirurgia Animal (LCCA), [email protected] 2UENF/ Laboratório de Clínica e Cirurgia Animal (LCCA), [email protected]

3UENF/ Laboratório de Clínica e Cirurgia Animal (LCCA), [email protected] 4UENF/ Laboratório de Clínica e Cirurgia Animal (LCCA), [email protected]

5UENF/ Laboratório de Clínica e Cirurgia Animal (LCCA), [email protected]

Resumo - Os adesivos cirúrgicos são uma alternativa às suturas convencionais tendo vantagens como a facilidade técnica de aplicação, diminuição do período trans-operatório, controle de hemorragias e lesões traumáticas. Foram usados 48 ratos Wistar pesando cerca de 400g distribuídos em três tratamentos sendo A (controle) com 12 animais, B (etil-cianoacrilato) com 18 animais e C (n-butil-cianoacrilato) com 18 animais. Foi realizada laparotomia mediana e a ferida do baço padronizadab em 4 mm de profundidade. Após a realização da ferida os três grupos receberam compressão digital por 1 minuto, recebendo os grupos B e C adesivo na fenda após a compressão. A metade dos animais de cada grupo sofreu eutanásia após 14 dias e o restante após 28 dias. A avaliação macroscópica revelou aderências, na histopatologia visualizou-se reação de células do tipo corpo estranho. A polimerização do adesivo n-butil-cianoacrilato foi mais eficiente que o adesivo etil-cianoacrilato, sendo o tempo do adesivo etil-cianoacrilato superior aos demais. A diferença na polimerização faz do adesivo n-butil-cianoacrilato ser o mais indicado na ferida de baço, embora ambos sejam compatíveis na cavidade abdominal em ratos. Palavras-chave: Baço, Adesivos, Hemostasia, Ratos, Cianoacrilato. Área do Conhecimento: Medicina Veterinária

Introdução

O baço é considerado um órgão linfóide secundário sendo responsável pelo início de resposta imune. Sendo um dos órgãos cavitários lesado com mais freqüência por contusões, geralmente a esplenectomia total tem sua indicação mais comum no paciente com trauma abdominal (BAHTEN et al., 2006).

Os adesivos cirúrgicos representam uma alternativa às suturas convencionais apresentando vantagens como facilidade técnica, diminuição do período trans operatório reduzindo, portanto, o risco de contaminação, já que o órgão ou região anatômica submetida à cirurgia fica menos exposto ao ambiente, além de diminuir o período de recuperação da ferida cirúrgica por facilitar a síntese tecidual (ANDRADE et al., 2001).

Os cianoacrilatos são adesivos cirúrgicos indicados no reparo de lesões renais, no sistema músculo esquelético, no sistema digestório, no sistema geniturinário, sistema respiratório, cirurgias oftalmológicas, são também recomendados em deiscência de suturas e estenoses intestinais (SILVA et al., 2007).

Page 88: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 88

Assim, o presente estudo teve como objetivo avaliar a eficácia dos adesivos n-butil-cianoacrilato e etil-cianoacrilato como tratamento em trauma aberto esplênico.

Metodologia Este estudo foi desenvolvido na Universidade Estadual do Norte Fluminense-Darcy Ribeiro

(UENF) localizada no município de Campos dos Goytacazes/RJ, no setor de cirurgia de Pequenos Animais e Laboratório de Morfologia e Anatomia Patológica sob a liberação do conselho de ética.

Foram utilizados 48 ratos Wistar, machos com peso entre 350 e 400g. Os animais foram confinados em gaiolas apropriadas, alimentados com ração peletizada própria e mantidos com água a vontade.

A distribuição dos animais ocorreu em três grupos, um grupo de doze ratos e dois de dezoito ratos. Os animais foram operados no tempo zero e receberam três tratamentos: doze animais no tratamento A (controle), dezoito animais no tratamento B com o adesivo etil-cianoacrilato (Super-bonder) e dezoito animais no tratamento C com o adesivo n-butil-cianoacrilato (Vetbond).

O fármaco anestésico foi aplicado por via intra-peritonial fazendo-se uma associação de cloridrato de S(+) cetamina a 5% na dose de 20 mg por quilo, xilazina 10% na dose de 5 mg por quilo.

Os indivíduos dos grupos A, B e C foram submetidos a uma laparotomia mediana de 3 cm de extensão a partir do processo xifóide. O baço foi localizado e isolado com gaze estéril fora da cavidade abdominal. A ferida cirúrgica no baço foi realizada na região média do órgão em sua face parietal, no sentido transversal ao órgão. A incisão foi padronizada com lâmina de bisturi número 15 limitada em 4 mm de profundidade por uma pinça hemostática. Nos tratamentos A, B e C foi realizada compressão digital da ferida cirúrgica por 1 minuto, em seguida B e C receberam os adesivos. Os três grupos foram encerrados por laparorrafia. O resumo do método utilizado está representado na tabela 1.

Quadro 1: Resumo do procedimento:

Tratamento N° de

Animais

Grupo A

Compressão digital (Grupo Controle)

12

Grupo B

Compressão digital + aplicação do adesivo etil-cianoacrilato (Super Bonder®)

18

Grupo C

Compressão digital + aplicação do adesivo n-butil-cianoacrilato (Vet Bond)

18

O tempo de polimerização dos adesivos foi cronometrado, assim como o tempo de sangramento da ferida em até 5 minutos na presença do adesivo.

No pós-operatório foi administrado cetoprofeno por via sub-cutânea na dose de 5 mg/kg e penicilina na dose de 20.000 UI por animal, ambos em uma única dose. O comportamento dos animais e o consumo de a água e ração também foram observados.

Metade dos animais de cada grupo (A, B e C) sofreu eutanásia aos quatorze dias de pós-operatórios e o restante aos vinte e oito dias. Foi realizada a retirada do baço. O órgão foi fixado em formol neutro tamponado a 10% e enviado ao Laboratório de Histopatologia da UENF.

Page 89: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 89

Resultados No pós-operatório os animais não apresentaram alteração de comportamento e mantiveram

normal o consumo de água e ração. Não houve óbito em nenhum dos tratamentos. Durante a necropsia não foram visualizados sinais de peritonites, abscessos e ou fístulas. Na

avaliação macroscópica no tratamento A somente um animal apresentou aderências, no tratamento B aos 14 dias todos os animais apresentaram aderência em algum órgão; em B 28 dias, C 14 dias e C 28 dias 8 dos animais de cada tratamento apresentaram aderência em alguns dos órgãos.

Foi observado quanto a utilização dos adesivos, que quanto maior o sangramento mais rápida era a polimerização, porém, em alguns baços formou-se uma película superficial de adesivo, que sem contato com o tecido não alcançou hemostasia imediata.

A histopatologia esplênica dos indivíduos dos grupos A, B e C na ferida cirúrgica o parênquima mostrou-se regenerado. Em nenhum indivíduo (tratamentos B e C), havia sinais de reparação (fibrocelular) subjacente aos achados capsulares. As alterações da cápsula estavam representadas por um “leito”, ocupado por restos da “cola cirúrgica”, contornado em toda sua extensão, por uma reação gigantocitária (células do tipo corpo estranho).

Houve efeito dos tratamentos na duração do sangramento nos animais com os diferentes adesivos. Os animais submetidos ao uso do adesivo n-butil-cianoaclilato apresentaram sangramento com duração similar a mensurada em ratos do grupo controle e estes valores são inferiores aos mensurados em animais em que utilizou-se o adesivo etil-cianoacrilato.

A média do tempo de polimerização do adesivo etil-cianoacrilato é maior que o do adesivo n-butil-cianoacrilato. Observou-se correlação negativa entre o tempo de sangramento, e o número de células gigantocitárias. Não houve efeito dos tratamentos sobre o número de células inflamatórias do tipo corpo estranho, mostrando não haver diferenças de histocompatibilidade entre elas e, sim possivelmente uma diferença individual em relação a resposta inflamatória, já que o mesmo tratamento promoveu reações variadas.

Discussão A coloração azulada, ao contrário relatado por Fagundes et al.,2002, não contribuiu para a

visualização do adesivo n-butil-cianoacrilato pela cor característica do baço. A hemostasia efetiva e imediata descrita por Blanco,1994; foi alcançada apenas pelo n-butil-

cianoacrilato em 61,11% dos casos, enquanto que com o adesivo etil-cianoacrilato o tempo mínimo de polimerização foi de 98 segundos.

Biondo-simões et al.,1993 cita que a polimerização não é influenciada por pequena quantidade de água, em nosso experimento durante a operação dos animais a polimerização foi influenciada mesmo em pequenas quantidades de sangue impedindo o contato do adesivo com o tecido dificultando ou impedindo a hemostasia.

A avaliação de compatibilidade biológica do adesivo etil-cianoacrilato realizada por Saska et al.,2004 não revelou reações teciduais ou inflamatórias na região operada, em nossos estudos encontramos uma reação de células gigantocitárias (tipo corpo estranho) na linha de contorno ao leito formado pelo adesivo.

Ueda et al., 2003; Barbosa, 2003 descreveram a esterilidade dos cianoacrilatos e um poder bactericida pela formação de uma película adesiva como barreira física, em nossas avaliações

Page 90: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 90

durante as necropsias não foram visualizados sinais de peritonites e abscessos reforçando as citações desses autores.

Fagundes et al., 2002 nos seus estudos com o metil-2-cianoacrilato, mencionou o produto como sendo tóxico, mas em função da quantidade usada no tecido ser mínima não surgiu efeitos tóxicos localizados. Em relação às análises microscópicas, nossos resultados corroboram com os de Fangundes et al., 2002.

No presente estudo, durante a avaliação macroscópica, apenas 14 dos 48 animais não apresentaram aderências a nenhum dos órgãos, concordando com Bahten et al., (2006).

Neto et al., 2008 avaliando a histocompatibilidade do n-butil-cianoacrilato e do etil-cianoacrilato no subcutâneo observaram uma reação inflamatória moderada. Em nossa avaliação histopatológica no baço também não se observou diferenças significativas na resposta inflamatória gigantocitária tipo corpo estranho em ambos os tratamentos. Mostrando, assim, que a histocompatibilidade de ambos os adesivos é semelhante.

Conclusão O adesivo não é um produto hemostático e sim proporciona a formação de coágulos sobre a

ferida cirúrgica por tamponamento, já que o adesivo não se mistura ao sangue. Embora não tenham ocorrido diferenças estatísticas significativas na avaliação de células

inflamatórias gigantocitárias entre os tratamentos B (etil-cianoacrilato) e C (n-butil-cianoacrilato), a média do tempo de polimerização menor no tratamento C faz do adesivo n-butil-cianoacrilato mais recomendável ao uso cirúrgico, embora na metodologia aplicada os dois adesivos sejam biocompatíveis; porém, não como único recurso para obtenção da hemostasia.

Referências

ANDRADE, J. N. B. M.; CUEVAS, S. E.; MANISCALCO, C. L.; STEFANES, S. A. Uso do etil-cianoacrilato na síntese da parede vascular em cães. Ars Veterinária, JABOTICABAL, V. 17, N. 3, P. 172-176. 2001. BAHTEN, L. C. V.; SILVEIRA, L. N. F.; NICOLLELLI, G.; LONGHI, P.; PANTANALI, C. A. R. Estudo da cicatrização nas lesões traumáticas esplênicas utilizando octil-2-cianoacrilato e fio de poliglecaprone 25. Rev. Col. Bras. Cir., v. 33, n. 3, p. 56-58. 2006. BARBOSA, C. M. Avaliação do efeito do adesivo n-butil cianoacrilato na técnica de gastropexia em cães. Brasília: monografia-graduação em medicina veterinária - Universidade de Brasília. 30p. 2003. BIONDO-SIMÕES, M. L. P.; VIVI, A. A. G.; FAGUNDES, D. J. Adesivos em anastomoses do trato digestivo. Acta Cirúrgica Brasileira, São Paulo, v. 8, n. 1, p. 41-44. 1993. BLANCO, L. P. LIP SUTURE WITH ISOBUTYL CYANOACRYLATE. ENDODONTICS and dental traumatology, Copenhagen, v. 10, n. 1, p. 15-18. 1994. FAGUNDES, D. J.; TAHA, M. O.; RIVOIRE, H. C. Adesivos cirúrgicos: revisão e atualização. Jornal Brasileiro de Medicina, Rio De Janeiro, v. 82, n. 3, p. 101-103. 2002. NETO, R. T. M.; MELLO, I.; MORETTI, A. B. S.; ROBAZZA, C. R. C.; PEREIRA, A. A. C. In vivo qualitative analysis of the biocompatibility of different cyanoacrylate-based adhesives. Braz Oral Res. v.22, n. 1, p. 43-47. 2008.

Page 91: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 91

SASKA, S.; ROSLINDO, E. B.; BOLINI, P. D. A.; MINARELLI-GASPAR, A. M. Uso do adesivo à base de etil-cianoacrilato na reparação óssea. Revista Brasileira de Ortopedia. v. 39, n. 8. 2004. SILVA, L. S.; FIGUEIRA NETO, J. B.; SANTOS, A. L. Q. Utilização de adesivos teciduais em cirurgias. Biosci. J., Uberlândia, v. 23, n. 4, p. 108-119. 2007. UEDA, E. L.; LIMA, A. L. H.; SOUZA, L. B.; TONGU, M. S.; ZORAT YU; M. C.; LIMA, A. A. S. Avaliação de um cianoacrilato quanto à esterilidade e atividade biocida. Arq Bras Oftalmologia. v. 67, n.3, p. 397-400. 2004.

Page 92: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 92

ATIVIDADE DE HETEROPOLIÁCIDOS SOBRE FUNGOS E BACTÉRIAS DE IMPORTÂNCIA VETERINÁRIA

Gossani C.M.D.1, Mathias L.S.2, Passoni L.C.,3 Vieira-da-Motta O.4

1UENF/Laboratório de Sanidade Animal, [email protected] 2UENF/Laboratório de Sanidade Animal, [email protected] 3UFJF/Laboratório de Ciências Química, [email protected]

4UENF/Laboratório de Sanidade Animal, [email protected]

Resumo - Doenças fúngicas causadas por Sporothrix schenckii e Candida spp. afetam humanos e animais de produção/estimação e representam um desafio na busca de novas terapias, principalmente devido ao fenômeno de resistência. Doenças bacterianas causadas por Staphylococcus aureus, Escherichia coli e Pseudomonas aeruginosa provocam graves infecções em animais e em humanos podendo ser causadoras de infecções hospitalares. Os heteropoliácidos (HPAs) são produtos sintéticos que apresentam atividade biológica sobre microrganismos de relevância humana e animal. Este trabalho visa à pesquisa de atividade biológica in vitro dos HPAs sobre S. schenckii, C. albicans, C. tropicalis, S.aureus, E. coli e P. aeruginosa como uma proposta terapêutica nas doenças animais e humanas causadas por estes microrganismos. Utilizando as técnicas de difusão em ágar e diluição em meio líquido, os agentes submetidos aos tratamentos com os HPAs (0,28µM) tiveram o crescimento inibido variando com a espécie. Efeitos significativos foram obtidos frente aos microrganismos testados, apresentando maior efeito inibitório sobre as bactérias do que sobre os fungos. Os resultados mostraram potencial atividade antimicrobiana dos HPAs. Palavras-chave: Heteropoliácidos, atividade, microrganismos, inibição. Área do Conhecimento: Medicina Vetrinária

Introdução Doenças fúngicas emergentes, como a esporotricose (S. schenckii) e a candidíase (Candida spp),

se encontram entre as principais patologias causadas por fungos tanto na medicina veterinária como na medicina humana (PERLROTH et al., 2007; RAMOS & SILVA et al., 2007). Além disso, as doenças bacterianas causadas por S. aureus (NOSKIN et al., 2007), E. coli (WU et al., 2006) e P.

aeruginosa (KOLA et al., 2010) são mundialmente conhecidas como patógenos nas infecções hospitalares, além de serem causadores de diversas infecções em animais de produção e de estimação e em humanos (AIRES-DE-SOUSA et al., 2007; VINCENT et al., 2010; SWINNEY et al., 2008). Heteropoliácidos foram eficazes na inibição do crescimento de M. pachydermatis (SILVA et al., 2005), cepas de Candida spp e S. aureus (DIAS et al., 2004 a,b). Os heteropoliácidos potencializaram o efeito de antibióticos - lactâmicos contra bactérias resistentes à meticilina (YAMASE, et al., 1996). A resistência à drogas entre os microrganismos tem crescido de forma preocupante no mundo (NOSKIN et al., 2005) e tais ocorrências suscitam novos estudos de princípios farmacológicos.

Page 93: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 93

Metodologia Síntese dos HPAs A partir da fórmula genérica Hn[XM12O40], os átomos H, X e M foram substituídos e obtidos

sais de HPAs. Os oxoânions Na2WO4.2H2O, Na2MoO4.2H2O, NaVO3.H2O, Na2SiO3.5H2O, Na2HPO4 foram utilizados nas reações para obtenção dos seguintes HPAS: Ag3[PMo12O40], Ag3[PW12O40], Ag4[SiW12O40] e Ag4[SiW10V2O40]. Para a obtenção dos sais de HPAs adicionou-se excesso de solução aquosa concentrada de AgNO3.

Ensaio de inibição em meio líquido Utilizou-se para o estudo da inibição de crescimento as cepas: C. albicans ATCC 10231, C.

tropicallis ATCC 28707, S. schenckii ATCC 0199, S. schenckii cepa clínica, S. aureus ATCC 25923, S. aureus cepa clínica (LSA 88), E. coli ATCC 25922, E. coli cepa clínica, P. aeruginosa

ATCC 29336, P. aeruginosa cepa clínica, na presença de Ag3[PMo12O40], Ag3[PW12O40], Ag4[SiW12O40] e Ag4[SiW10V2O40] na concentração de 0,28µM.

Preparou-se uma solução de inóculo com densidade óptica igual a 0,5 McFarland, segundo leitura realizada pelo espectrofotômetro Densimat (bioMérrieux, França) com feixe de 550nm. Com o auxílio de uma micropipeta, distribuiu-se um volume de 1900 µL de caldo Sabouraud dextrose quando Candida ou caldo BHI quando bactérias e S. schenckii a três tubos de ensaio, uma vez que os ensaios foram realizados em triplicata. Estes três tubos receberam os rótulos “controle”. Adicionou-se então 100 µL da solução de inóculo do microrganismo em cada tubo. Em outros três tubos, rotulados como “tratamento” adicionou-se 1800 µL de caldo Sabouraud ou BHI, 100 µL da solução de inoculo D.O. 0.5McF do microrganismo e 100 µL da suspensão dos HPAs testados.

Após estes procedimentos os tubos foram levados à estufa a 37ºC, e realizaram-se leituras periódicas de densidade óptica até que os controles sem tratamento atingissem a capacidade máxima de leitura do fotômetro.

Ensaio de difusão em ágar Utilizou-se para o ensaio de difusão em Agar Mueller-Hinton as cepas: S. aureus ATCC 25923,

S. aureus cepa clínica (LSA 88), Pseudomonas cepa clínica, E. coli ATCC 25922 na presença de Ag3[PMo12O40], Ag3[PW12O40], Ag4[SiW12O40] e Ag4[SiW10V2O40].

Preparou-se uma solução estoque de cada inóculo com densidade óptica igual a 0,5 McFarland, segundo leitura realizada pelo espectrofotômetro Densimat (bioMérrieux, França) com feixe de 550nm. Alíquotas de 100µL do inóculo dos fungos ou bactérias foram semeadas na superfície do meio de cultura, com o auxílio de um suabe estéril. Em cada placa semeada foram perfurados orifícios circulares, com perfurador, de 5,0 mm de diâmetro, onde foram preenchidos com 50µL (cada) dos HPAs na concentração de 0,28µM/mL e seus controles positivo e negativo. Após incubação das placas por 24h, em estufa tipo B.O.D. a 37ºC, os diâmetros dos halos de inibição foram medidos com o auxílio de um paquímetro.

Page 94: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 94

Resultados Observou-se que no ensaio de inibição em meio líquido, Ag3[PMo12O40] exibiu efeito inibitório

para o crescimento das cepas de Candida testadas, enquanto que o HPA Ag4[SiW10V2O40] apresentou moderada inibição em ambas cepas comparando-se com seus

respectivos controles. Os resultados estão apresentados na Figura 1. Figura 1: Curva de crescimento de C. albicans ATCC 10231 (gráfico A) e C. tropicallis ATCC 28707

(gráfico B) na presença de soluções dos sais de HPAs Ag3[PMo12O40] e Ag4[SiW10V2O40] nas concentrações de 30,04 µg e 45,60 µg, respectivamente, em meio Caldo Sabouraud.

O sal de HPA Ag3[PMo12O40] exibiu efeito inibitório para o crescimento das duas cepas de S.

schenckii testadas, enquanto que o Ag4[SiW10V2O40] não inibiu o crescimento da cepa clínica, mas inibiu moderadamente a cepa ATCC 0199. Os resultados estão apresentados na figura 2.

A

B

A

B

Page 95: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 95

Figura 2: Curva de crescimento de S. schenckii ATCC 0199 (gráfico A) e cepa clínica (gráfico B) na

presença de soluções dos sais de HPAs Ag3[PMo12O40] e Ag4[SiW10V2O40] nas concentrações de 30,04 µg e 45,60 µg, respectivamente, em meio Caldo BHI.

Observou-se que os sais de HPAs Ag3[PMo12O40], Ag3[PW12O40] e Ag4[SiW12O40] exibiram

efeito inibitório para o crescimento de todas as cepas de bactérias testadas, enquanto que o Ag4[SiW10V2O40] não apresentou inibição do crescimento em nenhuma das cepas. Os resultados estão apresentados nas Figuras 3,4 e 5.

Page 96: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 96

Figura 3: Curva de crescimento de S. aureus ATCC 25923 (gráfico A) e cepa clínica (gráfico B) na

presença de soluções dos sais de HPAs Ag3[PMo12O40], Ag3[PW12O40], Ag4[SiW12O40] e Ag4[SiW10V2O40] nas concentrações de 30,04 µg, 46,28 µg, 46,28 µg e 45,60 µg, respectivamente em meio caldo BHI.

Figura 4: Curva de crescimento de E. coli ATCC 25922 (gráfico A) e cepa clínica (gráfico B) na

presença de soluções dos sais de HPAs Ag3[PMo12O40], Ag3[PW12O40], Ag4[SiW12O40] e Ag4[SiW10V2O40] nas concentrações de 30,04 µg, 46,28 µg, 46,28 µg e 45,60 µg, respectivamente em meio caldo BHI.

A

B

A

B

Page 97: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 97

Figura 5: Curva de crescimento de P. aeruginosa ATCC 29336 (gráfico A) e cepa clínica (gráfico B)

na presença de soluções dos sais de HPAs Ag3[PMo12O40], Ag3[PW12O40], Ag4[SiW12O40] e Ag4[SiW10V2O40] nas concentrações de 30,04 µg, 46,28 µg, 46,28 µg e 45,60 µg, respectivamente em meio caldo BHI.

Na utilização dos sais de HPAs Ag3[PMo12O40], Ag3[PW12O40] e Ag4[SiW12O40] no ensaio de

inibição em ágar houve formação de halos em todas as cepas bacterianas testadas, comparando-se com os controles. Enquanto que o Ag4[SiW10V2O40] não apresentou inibição em nenhuma das cepas. Os resultados estão apresentados na Figura 6.

B

A

Page 98: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 98

Figura 6: Halo de inibição obtidos para os sais de HPAs Ag3[PMo12O40], Ag3[PW12O40],

Ag4[SiW12O40], Ag4[SiW10V2O40] e ND = Não detectável. Discussão SILVA et al. (2005) trabalharam com a levedura causadora de otite infecciosa em animais

domésticos e testaram a atividade inibitória de heteropoliácidos em meio sólido e líquido. Com um dos compostos, Ag3[PMo12O40], também utilizado neste trabalho, porém em concentração diferente, observaram o efeito inibitório deste sal de HPA. Os autores encontraram maior atividade no HPA com heteroátomo central fósforo do que com silício, enquanto que os resultados dos compostos com os mesmos heteroátomos neste trabalho apresentaram resultados divergentes. No presente trabalho, os fungos Candida albicans (Fig. 1 A), C. tropicalis (Fig. 1 B) e S. schenckii (Fig. 2) apresentaram respostas diferenciadas, onde o composto de silício inibiu discretamente as leveduras testadas, porém o composto de silício utilizado por Silva et al. (2005) contra a levedura Malassezia

pachydermatis apresentava composição diferente daquela utilizada neste trabalho. Bau (2006), também testou o HPA Ag3[PMo12O40] sobre diferentes espécies de Candida, com resultados de inibição que variaram de acordo com a espécie da levedura testada, mostrando que os fungos podem responder de forma diferenciada. Maiores investigações sobre a atividade do referido HPA nas diferentes concentrações são necessárias.

Os resultados da atividade dos HPAs ilustrados nos gráficos anteriores, contra as bactérias S.aureus LSA88 e ATCC 25923, mostraram que os dois novos compostos do metal de transição tungstênio (W) (Ag3[PW12O40], Ag4[SiW12O40]) inibiram o crescimento de ambas as cepas (Fig. 3), apresentando um perfil semelhante ao de outros autores (Dias et al., 2004).

Conclusão A análise dos resultados da aplicação dos sais de HPA Ag3[PMo12O40], Ag3[PW12O40],

Ag4[SiW12O40], provaram eficiência na inibição do crescimento de bactérias e fungos testados, enquanto que o sal de HPA Ag4[SiW10V2O40] não apresentou inibição significativa sobre as cepas testadas.

No ensaio de inibição em meio de cultura líquido, observou-se que os sais de HPA Ag3[PMo12O40], Ag3[PW12O40], Ag4[SiW12O40] tiveram efeito fungistático e bacteriostático sobre os cultivos de todas as cepas testadas.

Os ensaios de difusão em ágar demonstraram a sensibilidade dos microrganismos testados aos sais de HPA Ag3[PMo12O40], Ag3[PW12O40], Ag4[SiW12O40], pela formação de halos de inibição ao redor dos poços preenchidos com os mesmos.

Page 99: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 99

Referências

AIRES-DE-SOUSA M.; PARENTE C.E.S.R.; VIEIRA-DA-MOTTA O.; BONNA I.C.F.; SILVA D.A.; LENCASTRE H. Characterization of Staphylococcus aureus Isolates from Buffalo, Bovine, Ovine, and Caprine Milk Samples Collected in Rio de Janeiro State, Brazil. Applied And Environmental Microbiology 73(12): 3845–3849, 2007. BAU E.P.L. Atividade in vitro do sal Ag3[PMo12O40] sobre as leveduras Candida albicans e não-albicans. Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro, 2006. DIAS A.D.; VIEIRA-DA-MOTTA O.; PASSONI L.C. Atividade de heteropoliácidos sobre Candida albicans. In: 27ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química e XXVI Congresso Latino-americano de Química, Salvador,2004. DIAS A.D.; VIEIRA-DA-MOTTA O.; PASSONI L.C. Atividade de heteropoliácidos sobre Staphylococcus aureus. In: 27ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Química e XXVI Congresso Latinoamericano de Química, Salvador,2004. JANSEN R. J. J.; VAN VELDHUIZEN H. M.; VAN BEKKUM H. Heteropoly anion on carbon: characterization and use in 2,3,6- trimethylphenol oxidation. J. Molecular. Catalysis A: Chemical 107: 201- 246,1996. KOLA A.; SCHWAB F.; BA RWOLFF S.; ECKMANNS T.; WEIST K.; DINGER E.; KLARE I.; WITTE W.; RUDEN H.; GASTMEIER P. Is there association between nosocomial infestion rates and bacterial cross transmissions? Crit Care Med. 38: 46-50, 2010. NATIONAL COMMITTEE FOR CLINICAL LABORATORY STANDARDS Performance standards for antimicrobial disk susceptibility tests. Approved standard, 8th edition. National Committee for Clinical Laboratory Standards, Wayne, PA. 2003. NOSKIN G.A.; RUBIN R.J.; SCHENTAG J.J.; KLUYTMANS J.; HEDBLOM E.C.; JACOBSON C.; SMULDERS M.; LAPETINA E.; GEMMEN E. The Burden of Staphylococcus aureus Infections on Hospitals in the United States An Analysis of the 2000 and 2001 Nationwide Inpatient Sample Database. Arch Intern Med. 165: 1756-1761, 2005. NOSKIN G.A.; RUBIN R.J.; SCHENTAG J.J.; KLUYTMANS J.; HEDBLOM E.C.; JACOBSON C.; SMULDERS M.; GEMMEN E.; BHARMAL M. National Trends in Staphylococcus aureus Infection Rates: Impact on Economic Burden and Mortality over a 6-Year Period (1998–2003). Clinical Infectious Diseases. 45: 1132–40, 2007. PERLROTH J.; JHOIS B.; SPELLBERG B. Nosocomial fungal infections: epidemiology, diagnosis, and treatment. Medical Mycology 45: 321-346, 2007. RAMOS-E-SILVA M.; VASCONCELOS C.; CARNEIRO S.; CESTARI T. Sporotrichosis. Clinics in Dermatology 25: 181–187, 2007. SILVA M.J.R.; GONÇALVES D.S.; DEUS M.F.; SANTOS A.V.; PASSONI L.C.; SAMUELS R.I.; VIEIRA-DA-MOTTA O. Susceptibilidade de Malassezia pachydermatis a compostos naturais e sintéticos. XXII Congresso Brasileiro de Microbiologia, 2005, Santos. Anais do XXII Congresso Brasileiro de Microbiologia, 2005 SWINNEY A.; FAZAKERLEY J.; MCEWAN N.; NUTTALL T. Comparative in vitro antimicrobial efficacy of commercial ear cleaners. Journal Compilation ESVD and ACVD 19: 373–379, 2008. TSIGDINOS G.A. Heteropoly Compouds of Molybdenum and Tungsten. Top. Curr. 76, (1),1978. VINCENT C.; BOERLIN P.; DAIGNAULT D.; DOZOIS C. M.; DUTIL L.; GALANAKIS C.; REID-SMITH R. J.; TELLIER, P.; TELLIS P.A.; ZIEBELL K.; MANGES A.R. Food Reservoir

Page 100: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 100

for Escherichia coli Causing Urinary Tract Infections. Emerging Infectious Diseases 16: 1-18, 2010. WU C.; LEE H.; LEE N.; SHIH H.; KO N.; WANG L.; KO W. Predominance of Gram-negative bacilli and increasing antimicrobial resistence in nosocomial bloodstream infections at a university hospital in southern Taiwan, 1996-2003. J Microbiol Immunol Infect 39: 135-143, 2006. YAMASE T.; FUKUDA N.; TAJIMA Y. Synergistic Effect of Polyoxotunsgtates in Combination with - Lactam Antibiotcs on Antibacterial Activity against Methicillin- Resistant Staphylococcus

aureus. Biol. Pharm. 19(3): 459- 465, 1996.

Page 101: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 101

AVALIAÇÃO DE BEM-ESTAR EM MATRIZES DE SUÍNOS ALOJADAS EM BAIAS INDIVIDUAIS E PIQUETES COLETIVOS (SISCAL)

Gonçalves T.M.1, Bastos R.², Soares R.T.R.N.3, Torres D.S.4

1UENF/Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal, [email protected]

2UENF/Laboratório de Reprodução e Melhoramento Genético Animal, [email protected] 3UENF/Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal, [email protected]

4UENF/Laboratório Reprodução e Melhoramento Genético Animal, [email protected]

Resumo – A produção de suínos no agronegócio e mercado produtor no país tem obtido grande relevância e a preocupação com o bem-estar de animais de produção tem se tornado cada vez mais presente, havendo, portanto, exigências por parte da sociedade, de ações que melhorem a qualidade de vida destes animais. Este trabalho teve como objetivo avaliar o bem-estar em matrizes de suínos alojados em baias individuais e no SISCAL. Foram utilizadas 11 fêmeas suínas (Sus scrofa) adultas, sendo 03 da raça Landraçe e 08 hibridas. Os animais foram alojados em baias individuais (n= 06) e no SISCAL (n=05). As observações comportamentais foram realizadas de forma direta e continua sendo iniciada as 13:00 h e encerrada a 16:00 h durante seis dias, totalizando 18 horas de observações para cada animal, os comportamentos foram divididos em categorias: atividade, esterotipias, interações social e agressiva. A avaliação comportamental demonstrou que os animais em baias individuais obtiveram um total maior em porcentagem de estereotipias do que os animais no SISCAL, sugerindo que a restrição de espaço e o ambiente estéril podem influenciar no desenvolvimento destes comportamentos. . Palavras-chave: Bem–estar, comportamento, suíno. Área do Conhecimento: Ciências Agrárias

Introdução

Devido ao grande crescimento da suinocultura e a exigência do mercado consumidor, a preocupação com o bem-estar animal, principalmente nos países do primeiro mundo tem crescido cada vez mais. (BRAUM, 2000), havendo a exigência, por parte da sociedade de um número cada vez maior de ações que melhorem a qualidade de vida dos animais, o que obrigam os produtores a realizar investimentos em treinamento de pessoal, instalações e equipamentos (HOTZEL e FILHO, 2004).

As instalações tornaram-se ao longo dos anos um dos conceitos mais importantes no contexto da suinocultura moderna, pois elas representam e encerram a adaptação do animal que vivia em estado selvagem para viver em cativeiro, sem perder suas características básicas. (FERREIRA, 2005).

Contudo, a criação intensiva ou industrial, em que o animal permanece durante toda a sua vida em instalações fechadas, muitas vezes isolado dos outros suínos e em espaço reduzido, alterou drasticamente as suas formas normais de comportamento, criando diversas situações de estresse (SILVA et al. , 2008), interferindo diretamente no seu bem-estar.

Page 102: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica

2

Diante da importância da produção de suínos no agronegócio e mercado produtor no país, justifica-se o investimento em pesquisas para identificar os principais problemas enfrentados principalmente no manejo, trazendo desta forma possíveis soluções que possam contribuir com a melhoria da qualidade de vida do animal que refletirá na produção dos mesmos.

Desta forma, o objetivo principal deste trabalho foi avaliar o bem-estar em matrizes de suínos alojados em baias individuais e no SISCAL através da utilização de indicadores comportamentais.

Metodologia O experimento foi realizado na Escola Técnica Estadual Agrícola Antônio Sarlo no

Município de Campos dos Goytacazes - RJ. Foram utilizadas 11 fêmeas suínas (Sus scrofa) adultas, sendo 03 da raça Landrace e 08 hibridas, suas idades variavam de 02 á 04 anos.

Os animais foram alojados em baias individuais e no SISCAL que possuía dois piquetes sendo divididos da seguinte forma: 06 ficavam em baias individuais, 03 no primeiro piquete e 02 no segundo.

Os animais foram alimentos com ração (milho, farelo de soja, minerais e vitaminas) fornecida manualmente duas vezes ao dia e com livre acesso a água no bebedouro (chupeta). Dois dos animais que estavam nas baias estavam amamentando.

A temperatura e umidade relativa do ar nas baias e nos piquetes foram medidas pelo termohigrometro.

Após o período de adaptação de 03 semanas dos observadores com os animais iniciou-se o protocolo experimental de acordo com Silva et al, 2008.

As observações comportamentais foram realizadas de forma direta e continua (MARTIN & BATESON, 1986), sendo iniciada as 13:00 h e encerrada a 16:00 h durante seis dias, totalizando 18 horas de observações para cada animal, cada comportamento era anotado a hora que inicia e finalizava.

Após a coleta dos dados comportamentais, a frequência de cada categoria foi expressa como uma porcentagem do número total de observações.

Os dados foram transcritos em planilhas e a análise descritiva dos dados de comportamento foram realizados de acordo com Leite et al. (2006) para se obter a distribuição de freqüência para cada categoria: atividade, estereotipias, interações social e agressiva.

Resultados De acordo com a tabela 1 nota-se que tanto os animais que estavam alojados em baias

individuais ou piquetes coletivos (SISCAL) obtiveram alta frequência e porcentagem em relação a atividade: ativos - estado de alerta (baia: F: 357; 29,75% e piquete: F: 310; 25,83%) e beber água ( baia: F: 65; 5,42% e piquetes coletivos: F: 48; 4%), mas para a atividade de comer os animais no piquete obtiveram maior frequência (F: 35) e porcentagem (2,92%).

Page 103: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica

3

Em relação a estereotipias os animais nas baias individuais apresentaram maior porcentagem em relação aos animais no piquete nas seguintes estereotipias: movimentar a língua (0,58%), beber água excessivamente (1,5%), fuçar (7,92%) e salivar (0,92%).

A prática de fuçar o piso sem a existência de substratos evidencia a necessidade dos suínos em explorar o ambiente na busca por alimento, caracterizando-se também uma estereotipia.

Contudo para a estereotipia abrir e fechar a boca e lamber a cerca os animais no piquete obtiveram maior porcentagem (3,67 e 2,92%, respectivamente).

Nas observações não foram registradas interações sociais entre os animais no piquete e para as interações agressivas apenas foi observado o comportamento de empurrar (0,5%). Tabela 1 – Frequência e porcentagem média da variação comportamental, atividade, estereotipia, interação social e agressiva das matrizes em baias individuais e piquete coletivo (SISCAL).

Frequência %Frequência

%

Baias Piquetes

Atividade

Inativo 4 0,33 30 2,5

Ativo (alerta) 357 29,75 310 25,83 Cheirar 0 0 13 1,08 Beber 65 5,42 48 4,00 Brincar 0 0 9 0,75 Amamentar 28 2,33 0 0 Pastar 0 0 14 1,17 Comer 6 0,50 35 2,92 Cio 2 0,17 0 0 Coçar 3 0,25 6 0,50

Estereotipia

Movimentar a língua

7 0,58 2 0,17

Lamber 1 0,08 35 2,92

Abrir e fechar a boca

20 1,67 44 3,67

Morder 1 0,08 1 0,08 Beber excessivame

18 1,50 3 0,25

Page 104: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica

4

nte

Esticar o pescoço

0 0 0 0

Fuçar 95 7,92 23 1,92

Salivar 11 0,92 3 0,25

Interação Social

Lambiscar 0 0 0 0

Cheirar 0 0 0 0

Lamber 0 0 0 0 Interação agressiva

Empurrar 0 0 6 0,5 Morder 0 0 0 0 Brigar 0 0 0 0 Perseguir 0 0 0 0 Ameaçar 0 0 0 0

Total 618 51,5 582 48,5

Discussão Os resultados mostram que em relação a atividade total dos animais tanto os alojados

em baias individuais como os nos piquetes obtiveram a mesma porcentagem (38,75%). Além disso, alguns comportamentos como cheirar e brincar típico de suínos apenas foram observados nos animais no SISCAL (1,08 e 0,75%).

Contudo os animais em baias individuais obtiveram um total maior em porcentagem de estereotipias do que os animais do SISCAL, sendo 3,5% superior em relação aos animais neste sistema, provavelmente devido a restrição de espaço e por ser um ambiente estéril, o que pode levar estes animais a desenvolver comportamentos estereotípicos.

Estes resultados encontra-se de acordo com Silva et al. (2008) que também encontraram maior porcentagem total de estereotipias em matrizes suínas gestantes em baias individuais.

No entanto os animais do SISCAL também apresentaram estereotipias, o que pode sugerir que, embora os animais estejam em um espaço maior e em companhia de outros também existem a necessidade de um ambiente enriquecido para melhorar a sua qualidade de vida e, portanto interferir em seu bem- estar.

As interações agressivas não foram relevantes, provavelmente os animais alojados no SISCAL já haviam estabelecido uma hierarquia social durante o período de adaptação o

Page 105: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica

5

que pode explicar o fato destes comportamentos não terem sido acentuados (SPOOLDER et al., 1996, citado por SILVA et al., 2008).

Conclusão Os animais alojados em baias individuais e no SISCAL mostraram poucas diferenças

em porcentagem em relação às atividades desenvolvidas pelos animais. No entanto, os animais em baias individuais obtiveram um total maior em porcentagem de estereotipias do que os animais no SISCAL, sugerindo que a restrição de espaço e o ambiente estéril podem influenciar no desenvolvimento destes comportamentos.

Referências

BRAUM, J. A. O bem-estar na suinocultura. 1ª conferencia Internacional Virtual Sobre

Qualidade de Carne Suína p.1-4, 2000. HOTZEL, M.J. FILHO, L.C.P.M. Bem-estar Animal na Agricultura do século XXI. Revista de Etologia. 6 (1): 3-15, 2004. LEITE, D.M.G., SILVA, M.A., MEDEIROS R.B., SAIBRO, J.C., PAVAN, M.A., ZANELLA, J.A., BARREY, M.A.A. Comportamento de suínos submetidos a diferentes sistemas de partejo em pastagem de trevo-branco. Revista Brasileira de Zootecnia. 35(4): 1774-1779, 2006. MARTIN, P.; BATESON, P. Statistics and data analysis (1986) In: Martin, P.; Bateson, P. (eds.) Measuring behaviour: an introductory guide. Cambridge: Cambridge University Press, p. 1-200. SILVA, I.J.O.; PANDORFI, H.; PIEDADE, S.M.S. Influência do sistema de alojamento no comportamento e bem- estar de matrizes suínas em gestação. Revista Brasileira de Zootecnia. 37:(7):1319-1329, 2008. FERREIRA, R.A. Maior produção com melhor ambiente.1ºEdição. p.97- 162, 2005.

Page 106: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica

6

OTIMIZAÇÃO DE DIETAS PARA CABRITAS LEITEIRAS: PARA ANIMAIS EM MANTENÇA E EM GANHO DIÁRIO FIXO

Glória L.S1, Vieira R.A.M.2, Souza W.D.3

1Bolsista de IC, UENF/CCTA/LZNA. [email protected]

2UENF/CCTA/LZNA. [email protected] 3Bolsista de IC, UENF/CCTA/LZNA. [email protected]

Resumo - Objetivou-se realizar simulações de dietas para cabritas leiterias utilizando a ferramenta Solver do Microsoft Excel

® 2007, considerando-as como um problema de Programação Não Linear Geral (PNLG). Foi adaptada a estrutura de um modelo matemático central, o CNCPS (Cornell Net Carbohydrate and Protein System), com algumas adaptações quanto à dinâmica da fibra. Foi programado um algoritmo não linear constituído por equações de predição das exigências nutricionais e do valor nutritivo de alimentos, com vista à formulação e a avaliação simultâneas de rações de custo mínimo. Foram realizados dois grupos de simulações para observar o comportamento do modelo proposto. Para o primeiro grupo foi considerado o peso vivo (PV) do animal padrão em mantença e em intervalos de três kg, e para o segundo grupo foram acrescidos a estes intervalos ganhos diários de 100g de PV. Nos dois grupos os teores dietéticos de energia líquida ([EL]), proteína metabolizável ([PM]), assim como o custo da dieta reduziram com o aumento do PV e dos teores dietéticos de fibra fisicamente efetiva ([FE]). A ferramenta Solver é capaz de otimizar dietas para cabritas leiteiras em mantença e em ganho diário fixo. Palavras–chave: exigências nutricionais, modelos matemáticos, nutrientes Área do Conhecimento: Ciências Agrárias

Introdução A complexidade do problema da dieta para ruminantes estimulou o desenvolvimento de numerosas

pesquisas e ferramentas computacionais que auxiliassem a decidir quais combinações de alimentos atenderiam a demanda dos animais por nutrientes, a fim de reduzir custos para o produtor (Henrique, 2007). O perfeito conhecimento das exigências nutricionais da espécie e categoria explorada, e como prover a nutrição adequada é de fundamental importância para o sucesso da atividade pecuária. Com o avanço dos estudos sobre as exigências nutricionais, o conhecimento do valor nutritivo dos alimentos e de suas propriedades cinéticas no trato gastrintestinal dos animais, puderam ser elaborados modelos de predição das necessidades nutricionais visando o atendimento das mesmas por uma dieta específica. O objetivo estabelecido para o presente trabalho foi o de realizar simulações de otimização de dietas para cabritas leiterias em crescimento utilizando a

Page 107: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 7

ferramenta Solver do Microsoft Excel® 2007, considerando-as um Problema de Programação Não

Linear Geral (PNLG).

Metodologia No presente trabalho foi utilizada a convenção de acrônimos entre colchetes para indicar teor

nutricional de alimentos e acrônimos fora destes para denotar exigências nutricionais dos animais. Para execução do trabalho foi adaptada a estrutura de um modelo matemático central, o CNCPS (Cornell Net Carbohydrate and Protein System) (Fox et al., 2004), para tratar o problema nutricional. Algumas adaptações quanto à dinâmica da fibra (fibra em detergente neutro segundo Van Soest et al., 1991) foram introduzidas e o modelo foi resolvido considerando-o um Problema de Programação Não Linear Geral (PNLG). Com isso, foi programado em planilhas do Microsoft

Excel® 2007 um algoritmo não linear constituído por equações de predição das exigências

nutricionais e do valor nutritivo de alimentos, com vista à formulação e avaliação simultâneas de rações de custo mínimo para caprinos. Foram realizadas adaptações no modelo matemático central para os seguintes parâmetros (Henrique, 2007): cálculo da disponibilidade ruminal de compostos nitrogenados e carboidratos, escape de carboidratos do rúmen-retículo, crescimento microbiano no rúmen-retículo, balanço de nitrogênio amoniacal ruminal, absorção intestinal dos nutrientes, nutrientes contidos na biomassa microbiana, perdas fecais, total em nutrientes digestíveis, energia metabolizável da dieta, consumo em proteína metabolizável e a eficiência de utilização da energia metabolizável da dieta. Entretanto, na equação de Henrique (2007) para o cálculo do tempo médio de retenção da fibra (TMR), a ordem de dependência no tempo (N) foi definida segundo VIEIRA et al. (2008). As exigências nutricionais dos animais foram estimadas Segundo o NRC (2007). Após a

programação do modelo na planilha eletrônica foram realizadas simulações com o intuito de observar o comportamento do modelo proposto. Para tanto, foi considerada uma cabrita dita padrão com peso vivo (PV) inicial de 17 kg (após desmame aos 90 dias de vida) e final de 32 kg (antes da cobertura). Para a realização do primeiro grupo de simulações foi considerado o PV do animal padrão em mantença e em intervalos de três kg. O segundo grupo de simulações foi composto pelo referido animal padrão, nos mesmos intervalos de PV do primeiro grupo de simulações, no entanto foi considerado um ganho diário de PV de 100 g. Para os dois grupos de simulações foram analisadas as relações entre o PV e os teores dietéticos de fibra fisicamente efetiva ([FE]), energia líquida ([EL]) e proteína metabolizável ([PM]), assim como entre [EL] e [FE].

Resultados No primeiro grupo de simulações foi observado que [EL], [PM], assim como o custo da dieta

reduziram com aumento do PV e do [FE] na dieta (Figura 1abcd). O segundo grupo de simulações apresentou resultados similares aos obtidos para o primeiro grupo. Assim sendo, ocorreu aumento do teor de [FE] com o aumento da massa do animal, mantendo a resposta observada no primeiro grupo de simulações (Figura 1a). No entanto, destaca-se que neste segundo grupo de simulações, o teor máximo de [FE] na dieta foi de 24%, contra 33% no primeiro grupo.

Page 108: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 8

d

65

75

85

95

105

15 25 35PV (kg)

[PM

] (g

/kg

)

Figura 1 Relações entre o peso vivo do animal (PV) e os teores de fibra fisicamente efetiva ([FE]) (a),

energia líquida ([EL]) (b) e proteína metabolizável ([PM]) (d), assim como entre energia líquida ([EL]) e fibra fisicamente efetiva ([FE]) (c). Os símbolos ▲e ■ denotam as respectivas estimativas para o primeiro e segundo grupo de simulação. Discussão Os resultados demonstraram que para o primeiro grupo de simulações foi observado que [EL],

[PM], assim como o custo da dieta reduziram com aumento do PV e do [FE] na dieta (Figura 1abcd). Tal fato foi devido à menor necessidade de altos teores de nutrientes para compensar as maiores exigências dos animais mais jovens por unidade de massa, conforme salientado pelo NRC (1996), possibilitando o aumento da inclusão de [FE] na dieta e ocasionando a redução do custo. O segundo grupo de simulações apresentou o teor máximo de [FE] na dieta foi de 24%, esse resultado está de acordo com a máxima zootécnica que estabelece a tendência decrescente entre [FE] e [EL] (Figura 1c). Neste caso, como as exigências eram maiores, devido à entrada do ganho, o teor máximo de [FE] na dieta foi menor. De maneira semelhante ao estimado para a primeira simulação os teores de [EL], [PM], assim como o custo da dieta reduziram com aumento do [FE] (Figura 1abcd).

Page 109: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 9

Conclusões A ferramenta Solver é capaz de otimizar dietas para cabritas leiteiras em mantença e em ganho

diário fixo, podendo ser utilizada para formulação econômica de dietas para cabritas. Entretanto, destaca-se que são necessários novos estudos para a verificação da acurácia do modelo proposto. Referências

FOX, D.G.; TEDESCHI, L.O.; TYLUTKI, T.P. et al. The net carbohydrate and protein system for evaluating herd nutrition and nutrient excretion. Animal Feed Science and Technology, v.112, p.29-78, 2004. HENRIQUE, D.S. Desenvolvimento e avaliação de um modelo matemático para predição do valor nutricional de rações para bovinos sujeito às restrições da massa no rúmen. 2007. 89f. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, 2007. NRC - National Research Council. Nutrient Requirements of Beef Cattle. 7th Ed., National Academy Press, Washington D.C., 1996. 242p. NRC - National Research Council. Nutrient Requirements of Small Ruminants: sheep, goats, cervids and new world camelids. National Academies Press, Washington D.C., 2007. 384p. VAN SOEST, P.J.; ROBERTSON, J.B.; LEWIS, B.A. Methods for dietary fiber, neutral detergent fiber, and nonstarch polyssaccharides in relation to animal nutrition. Journal of Dairy Science, v.74, n.11, p.3583-3597, 1991. VIEIRA, R.A.M.; TEDESHI, L.O.; CANNAS, A. A generalized compartmental model to estimate the fibre mass in the ruminoreticulum: 2. Integrating digestion and passage. Journal of Theoretical Biology. v.255, p.357-368, 2008.

Page 110: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 10

UTILIZAÇÃO DE EXTRATO DE ALHO (Allium sativum) NA ALIMENTAÇÃO DE REPRODUTORES DE ACARÁ BANDEIRA (Pterophyllum scalare).

Manhães J.V. 1, Branco A.T.1, Vidal Junior M.V 2, Polese M.F. 3.

1UENF/Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal, [email protected]

1UENF/Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal, [email protected]

2 UENF/Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal, [email protected] 3UENF/Laboratório de Zootecnia e Nutrição Animal, [email protected]

Resumo - O experimento foi conduzido com o objetivo de avaliar a utilização do alho na alimentação na eficiência reprodutiva do acará bandeira. Foram utilizados 20 casais de peixes, distribuídos em cinco tratamentos (0,0%, 0,01%, 0,1%, 0,5% e 1,0% de extrato de alho na ração) com quatro repetições. Foram observados efeitos significativos dos tratamentos sobre o retorno ä ovoposição e a eclodibilidade dos ovos. Os peixes que consumiram extrato de alho apresentaram desempenho reprodutivo superior a aqueles que não consumiram, sugerindo que a utilização de extrato de alho durante o período reprodutivo tem efeito benéfico. Palavras Chave: Extrato de alho, reprodução, piscicultura. Area de Conhecimento: Zootecnia.

Introdução

A piscicultura brasileira vem crescendo de forma intensa. A produção de peixes ornamentais e de corte teve um incremento na ordem de 14 e 9,4% respectivamente (Lima 2004).

Para uma produção aquicola eficiênte, os aspectos reprodutivos e a sanidade do animal devem estar em boas condições.

Segundo Tavechio et al (2009). os principais produtos utilizados no controle de patógenos em peixes são passíveis de bioacumulação, na musculatura do peixe, o que pode trazer riscos ao consumidor, também, podem ocasionar impacto no ambiente onde os resíduos da piscicultura forem descartados

A utilização de antibióticos em pequenas doses e de forma continua na produção animal, tem como objetivo melhorar o desempenho zootecnico. No entanto o seu uso desta forma na nutrição animal foi banido na Europa no ano de 1999, sob a alegação de que sua utilização pode deixar resíduos na carcaça animal podendo gerar cepas resistentes (Laval, 1999 e Nonboe, 1999).

O alho (Allium sativum) é uma planta da família Liliácea utilizada desde o Antigo Egito na nutrição e medicina humana. De acordo com Kemper (2000) a sua função vai, desde estimulante de apetite, a até antibiótico.

Este experimento teve como objetivo avaliar as propriedades do alho na melhoria da eficiência reprodutiva de acará bandeira.

Page 111: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 11

Metodologia O experimento foi conduzido na Unidade de Apoio à Pesquisa em Zootecnia do Laboratório de

Zootecnia e Nutrição Animal (UENF), nos meses de fevereiro e março de 2010. O desenho experimental constou de cinco tratamentos com três repetições, e o delineamento foi

inteiramente casualizado. A Pterophyllum scalare, foi a espécie utilizada, por ser um peixe que no momento estava apresentando problemas reprodutivos. Os peixes utilizados no experimento pertenciam ao Setor de Aqüicultura da UENF.

A unidade experimental foi composta por um casal de peixes, alojados em um aquário retangular, com capacidade para 50 litros de água. Os aquários foram distribuídos em sistema de recirculação e dispostos em bancadas de alvenaria. Ao início do experimento os peixes espécie P.

Scalare foram selecionados e alojados cada casal em uma unidade experimental, todos os animais já haviam reproduzido na primavera anterior.

Os aquários permaneceram interligados em um mesmo sistema de recirculação com filtragem biológica da água. A circulação da água foi realizada por bombas submersas.

As rações experimentais foram preparadas a partir de uma ração comercial extrusada, para alevinos, com 36% de proteína bruta. O tamanho dos pellets da ração comercial era compatível com o tamanho da boca dos peixes utilizados no experimento.

Às rações foram adicionados diferentes níveis de extrato de alho, 0,0%, 0,01%, 0,1%, 0,5% e 1,0% da ração, correspondendo, aos tratamentos. O extrato de alho utilizado estava na forma de pó e foi diluído em 25 mL óleo de soja. As rações eram isoproteícas e isoenergéticas.

A incorporação das soluções diluídas com os diferentes níveis de extrato de alho foi realizada por aspersão destas sobre a ração.

As rações experimentais utilizadas no arraçoamento diário foram inicialmente pesadas, acondicionadas em frascos plásticos tampados, mantidos sob refrigeração, e ao final do experimento às sobras foram pesadas, para quantificar o consumo de ração pelos peixes.

O monitoramento das características físico-químicos da água ocorreu duas vezes por semana, tendo a temperatura sido regulada inicialmente para 26 ºC, o pH ajustado para 7,0 e os níveis de oxigênio dissolvido para concentrações superiores a 3,0 mg.L-1

O arraçoamento ad libitum, feito diariamente às 8, 13 e 18 horas ocorreu durante todo o experimento Resultados e Discussão Os valores médios de oxigênio dissolvido, pH e temperatura estão apresentados na tabela 1. A

temperatura da água oscilou entre 26,3 °C e 28,5 °C, considerada adequada de acordo com Pérez et

al. (2003). Os valores médios de pH variaram entre 6,7 e 7,5 , estando dentro do recomendado para a espécie.

Page 112: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 12

Tabela 1: Médias (± desvio padrão) das variáveis de qualidade da água dos aquários, obtidos durante o experimento: Variável Média Temperatura 6,85 ± 0,13 pH 28,25 ± 4,13

Os dados de desova são apresentados na tabela 2.

Tabela 2: Situação das desovas obtidas durante o período experimental:

Trat. Q V 0,0% 2 Não

Eclodiu 0,01% 0 Não Houve

Desovas 0,1% 3 Nasceu 0,5% 3 Nasceu 1,0% 2 Nasceu

Trat. = Tratamento, Q = Número de desovas e V = Viabilidade.

Todos os animais utilizados no experimento apresentavam parasitos internos desde a temporada reprodutiva anterior.

Os índices reprodutivos se mostravam muito baixo assim como o número de desovas, e as taxas de eclodibilidade.

Dentre os 20 casais distribuídos pelos cinco tratamentos oito deles, que se encontravam distribuídos pelos os tratamentos T3, T4 e T5 mostraram melhorias tanto no número de desovas como em suas taxas de eclodibilidade, os dois casais pertencentes ao tratamento controle, apesar de reproduzirem, não obtiveram taxas de eclodibilidade satisfatória, ficando estas em torno de 0%.

Os tratamentos com níves intermediários de alho se mostraram mais efetivos no tratamento de peixes com deficiência reprodutiva causada por parasitos internos.

A utilização de ração contendo extrato de alho elevou consideravelmente a proporção de casais que entraram em reprodução como também elevou a sobrevivência das larvas oriundas das desovas dos mesmos

Segundo Jukes (1949) e Heuser e Morris (1957), citados por CERCOS (1975), os animais livres de patógenos desenvolvem-se melhor que aqueles criados em ambientes contaminados. Estes últimos terão rendimentos semelhantes aos daqueles criados em ambientes livres de patógenos, caso seja usado em suas rações algum promotor de crescimento.

Conclusão O uso de extrato de alho nos nivés de 0,1% e 0,5% se mostrou mais efetivos na melhoria da

eficiência reprodutiva de acará bandeira.

Page 113: RESUMOS: DISTRIBUIÇÃO BATIMÉTRICA DOS … · é investigar se α-glucosidases presentes no trato digestivo de Ae. aegypti também apresentam atividade de cristalização de heme

II Congresso Fluminense de Iniciação Científica e Tecnológica 13

Bibliografia CERCOS, A.P. 1975. Los antibióticos y sus aplicacionesagropecuárias. s.1., Salvet. 475p. LIMA, A.O. Piscicultura Ornamental - Uma modalidade em plena expansão. In: Simpósio Mercosul deAqüicultura, 2004. Anais..., Vitória, 2004. TAVECHIO, W. L. G., GUIDELLI, G., PORTZ, L.-Alternativas para a prevenção e o controle de patogenos em piscicultura. B. Inst. Pesca, São Paulo, 35(2): 335-341, 2009. LAVAL, A. Use of antibiotics in swine production advantages an limits. The problem of antibioresustance. In: IX CONGRESSO BRASILEIRO DE VETERINÁRIOS ESPECIALISTAS EM SUÍNOS, 1999, Belo Horizonte. Anais ... Belo Horizonte, 1999. p. 119 - 130. NONBOE, U. Alternative to the use of antibiotic growth promoter in farm animal. In: SEMINÁRIO INTERNACIONAL DE SUINOCULTURA, 4, 1999, São Paulo. Anais… São Paulo, 1999. p. 46 - 47. KEMPER, K., J. Garlic (Allium sativum). 2000. Acessado em On line. Disponivel na internet http://www.ccp.edu/herbal/default.htm INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS – IBAMA 2004 Produção brasileira da aqüicultura e pesca, por Estado e espécie, para o ano de 2002. CEPENE. WALTON, J.R. 1990. Modo de acción de los promotores de crescimento. Ind. Porcina, 10(2):6-11.