resumo do cap i

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Resumo de TORRES QUEIRUGA, Andrés, Esperanza apesar del mal. La ressurrección como horizonte (= Presencia teológica 140) Sal Terrae, Santander2 2005, pp. 97-141.

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Resumo TORRES QUEIRUGA, Andrs, Esperanza apesar del mal. La ressurreccin como horizonte (= Presencia teolgica 140) Sal Terrae, Santander2 2005, pp. 97-141.

S. Duarte C. G.

Porto2013/2014Semestre de VeroA esperana encontra o seu fundamento ltimo e a sua realizao plena em Deus. Todavia, no hodierno criticismo cultural iniciado pela modernidade, torna-se necessrio mostrar que ela no aniquilada pelo mal, apesar da sua inevitabilidade. De contrrio, o anncio da esperana crist poder redundar num mero idealismo, pondo em causa a coerncia interna da prpria f crist. O problema do mal constitui precisamente o argumento mais forte do atesmo: Deus no bom, porque pode e no quer evitar o mal, ou no omnipotente, porque quer evit-lo, mas no pode. Perante um tal problema (dilema de Epicuro), no se pode procurar alcanar solues apodticas ou desenvolver esquemas teolgicos que mais no fazem do que ludibriar a questo, na qual se joga o fundamento da esperana crist. Por isso, necessrio demonstrar que o mal no contradiz a f em Deus.Com a modernidade, e com a conscincia da autonomia do mundo, emergiu esta contradio implcita ao problema do mal, tornando insuficientes as respostas piedosas das pocas anteriores, tal como demonstrou Pierre Bayle. Consequentemente, o atesmo ganhou direito de cidadania, como resposta alternativa a essa contradio. No entanto, tal como intuiu Leibniz, se as leis fsicas no comprovam a existncia do divino, tambm no se pode atribuir a Deus a responsabilidade pelos males deste mundo. Esta simples constatao exige, portanto, uma nova abordagem e uma reavaliao do dilema de Epicuro.Para tal, necessrio considerar dois pressupostos fundamentais: o problema do mal em si, como questo universal, deve ser assumido como problema do mundo (a ponerologia situa-se, portanto, antes de qualquer factor religioso); as respostas a tal questo sero sempre parciais e necessitaro de ser justificadas, independentemente de serem respostas religiosas ou no. Neste sentido, a teodiceia clssica dever assumir-se como pisteodiceia crist, isto , como resposta credvel perante o problema do mal, que se apoia na f em Deus amor, sem negar ou negligenciar a evidncia do mal no mundo.Alm disso, estes dois pressupostos permitem superar um mal-entendido que imperou na histria da reflexo acerca do mal: a possibilidade de um mundo-sem-mal. Se assim fosse, o dilema de Epicuro seria irrefutvel. Por outro lado, as solues oferecidas ou deus finito ou malvado; ou trata-se do mistrio de um deus que, querendo, podia evitar o mal, mas ama-o a tal ponto de dar o seu filho na cruz; ou o mal um problema prtico, que deve ser combatido e no compreendido revelam-se incoerentes. A secularidade exige uma reviso da questo, tanto para justificar a f num Deus amor, bondoso e todo-poderoso, apesar do mal, como para justificar o atesmo, pois, se se parte da autonomia do mundo, no faz sentido culpar Deus pelo mal que ele contm. Contudo, a questo permanece: ainda que a causa dos males concretos esteja no mundo, no poderia ser de outra forma? No seria possvel um mundo-sem-mal? Trata-se, portanto, de uma questo que reside agora no plano filosfico, porque questiona o todo do mundo, e no se apresenta mais como pressuposto, mas como questo principal. Mas um mundo assim no possvel, porque o fundamento ltimo do mal a finitude. E Deus no poderia criar um mundo infinito distinto de si, porque a infinitude prpria de Deus. Do mesmo modo, a liberdade humana, sendo finita, no pode ser absoluta. Ora, tal concluso assumida pela prpria modernidade, que considera o determinismo da realidade como necessria negao do seu contrrio, a tal ponto de Hegel considerar a negao como motor da prpria realizao do real. Portanto, o mal fsico e moral inevitvel, num mundo inevitavelmente finito. O dilema de Epicuro , hoje, anacrnico!Isto no significa, no entanto, que o problema esteja resolvido. Em contrapartida, eleva-se ao patamar das respostas ltimas acerca do sentido do mundo e da vida humana, onde se situa a pisteodiceia, quer seja filosfica, quer seja teolgica. precisamente aqui que a pisteodiceia crist tem de revelar a sua credibilidade. Porm, no basta confessar que Deus amor, ainda que isso seja suficiente para uma f viva e activa, mas necessrio justificar tal verdade intuda pela f, atravs de uma justa abordagem ponerolgica. S assim se alcanar uma hermenutica consequente, purificada de preconceitos que inquinavam o problema, tais como a lgica finalista, a eleio de vtimas privilegiadas, que poderiam ser consideradas melhores do que Deus, ou a limitao da prpria revelao, desconsiderando a ltima e definitiva palavra de Deus diante do mal, dada na morte e ressurreio de Cristo. Efectivamente, a cruz constitui o ltimo lugar da palavra de Deus perante o mal. Jesus Crucificado, vtima histrica e concreta do mal, experimenta a presena incondicional de Deus-Abba, isto , apesar da impossibilidade de evitar o mal, Deus no O abandonou. Atravs de Jesus Crucificado, os discpulos, apoiados pela ideia de ressurreio do AT e iluminados pela luz que emanava da vida de Jesus, descobrem a nova presena do Vivente/Ressuscitado, presente na comunidade, que os anima na misso. As consequncias desta ltima lio de Jesus foram pouco-a-pouco sendo assimiladas pelos discpulos, mais na experincia concreta que no plano terico: enquanto processo histrico, a crucificao (o mal) no podia ser evitada, mas, a partir de Jesus, revela a presena real e amorosa de Deus; a ressurreio, que sendo transcendente no altera as leis espcio-temporais, surge como resposta de Deus ao problema do mal. Por isso, a ressurreio torna-se o critrio hermenutico da vida de Jesus crucificado e de toda a histria da humanidade. Daqui, extraem-se trs concluses: 1) a aco salvfica de Deus revela-se como a mxima possvel nas condicionantes histricas: atravs do Crucificado, estamos seguros de que, perante o mal, Deus-Abba no nos abandona, mas acompanha-nos com todo o seu amor e toda a sua fora salvfica; 2) a Pscoa de Jesus revela-nos a presena salvfica e constante de Deus; 3) invertem-se as perspectivas: Deus o primeiro, antes de ns, a lutar contra o mal e pede a colaborao do homem. Extrair as consequncias desta inverso de perspectivas ser necessrio para uma teologia actual.A esperana crist, fundada na f em Deus amor, que se antecipa na luta contra o mal, exige e funda uma praxis consequente, conferindo ao cristo um realismo transcendente. Por um lado, a ponerologia, sem negligenciar a contingncia histrica, evita a contradio lgica e a desresponsabilizao da aco humana (da o realismo!); por outro, a ressurreio livra-nos do desespero prtico, mostrando-nos que a vida humana no se reduz s leis do mundo (da o carcter transcendente!). Por ser transcendente, impossvel uma verificao imediata da esperana crist, mas ao mesmo tempo exige aos cristos coerncia entre f e praxis. Alm disso, o realismo transcendente salvaguarda a efectiva dignidade das vtimas do mal na histria, assegurando a nossa responsabilidade perante elas e a sua plena vitria no futuro meta-histrico; funda uma esperana prxica, que no redunda na utopia de um paraso na terra nem se deixa aniquilar pelo desespero, porque alicerada no Amor infinito, maior que o mal. Porm, salvaguarde-se que, embora a ressurreio apele necessariamente para uma plenitude definitiva, o futuro no indissocivel do passado e do presente: a esperana crist realiza-se quando o cristo vive como o Ressuscitado. Assim sendo, a esperana crist no se reduz a um plano meramente futurista.Cultivar a virtude teologal da esperana simultaneamente necessrio e difcil, sobretudo numa cultura eivada pelos mestres da suspeita, cuja acusao de mera projeco ou de fuga realidade se proliferou. E como virtude teologal, isto , como virtude enraizada no prprio Deus, indissocivel da f e da caridade, as quais sustenta e nas quais se sustenta. Sustenta-as, porque se funda em Deus; por elas sustentada, porque a caridade garante o seu fundamento, Deus, e a f permite o acesso a Ele. Assim sendo, acolher e viver a f alimentar a esperana, pois coloca-nos em relao com Deus-Abba, numa atitude de confiana filial, apesar das perseguies e das injustias, da doena e da pobreza, da angstia e da morte. Assim como nos mostrou Jesus, tal relao no nos infantiliza, mas permite-nos uma esperana madura e lcida, perante a crueldade da realidade. Por sua vez, e como consequncia dessa relao, a orao no deve ser uma alienao da realidade, mas uma tomada de conscincia da presena amorosa e salvfica de Deus, que nos impele a assumirmos a nossa vida, em liberdade e com os nossos limites. S assim poderemos ser cristos autnticos, realistas e com verdadeira esperana.