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Instituto Tecnológico de Aeronáutica / Departamento de Matemática / 2o. Fund / 2007.
RESOLUÇÃO DE EDO�S POR SÉRIES
(RESUMO).
EXEMPLOS DE EDO�S IMPORTANTES NESSE CONTEXTO:
Equação de Bessel de ordem p:
x2y00 + xy0 + (x2 � p2)y = 0 ; p > 0
Equação de Legendre de grau p:
(1� x2)y00 � 2xy0 + p(p+ 1)y = 0
Equação de Hermite de ordem p:
y00 � 2xy0 + 2py = 0
Equação de Chebyshev:
(1� x2)y00 � xy0 +m2y = 0 ; m = 1; 2; : : :
Equação de Airy:y00 � xy = 0
Equação de Euler:
x2y00 + �xy0 + �y = 0 ; �; � constantes reais
Equação Hipergeométrica (ou de Gauss):
x(1� x)y00 + [ � (1 + �+ �)x] y0 + ��y = 0 ; �; �; constantes reais
Equação de Laguerre:
xy00 + (1� x)y0 +my = 0
Equação de Jacobi:
x(1� x)y00 + [a� (1 + b)x] y0 +m(b+m)y = 0
§. CLASSIFICAÇÃO DOS PONTOS DO DOMÍNIO DA EDO:
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Lembramos dos cursos de cálculo que dizemos que uma função f é analítica em umponto xo se existir um raio de convergência � > 0 tal que vale a convergência
f(x) =1Xn=0
an(x� xo)n =
1Xn=0
f (n)(xo)
n!(x� xo)
n ; jx� xoj < �
De�nição 1. Um ponto xo é ponto ordinário da equação
y00(x) + p(x)y0(x) + q(x)y(x) = 0
se p(.) e q(.) são funções analíticas em xo. Caso contrário, dizemos que xo é umponto singular.Além disto, xo é chamado de ponto singular regular se xo não é um ponto ordinárioe as funções dadas por (x � xo)p(x) e (x � xo)
2q(x) são analíticas em xo. Se xonão é um ponto ordinário e pelo menos uma destas funções não for analítica em xo,diremos que ele é um ponto singular irregular.
No caso da equação com coe�cientes polinomiais, esta de�nição pode ser reformuladade maneira mais especí�ca como:
De�nição 2.Considere
P (x)y00(x) +Q(x)y0(x) +R(x)y(x) = 0
onde P (:); Q(:) e R(:) são polinômios.(i) xo é um ponto singular da equação acima se P (xo) = 0:(ii) Um ponto singular xo é dito regular se existem os limites
limx!xo
(x� xo)Q(x)
P (x)e lim
x!xo(x� xo)
2 R(x)
P (x)
(iii) Se um ponto singular não é regular, dizemos que ele é um ponto singular irre-gular.
§. RESOLUÇÃO NA VIZINHANÇA DE UM PONTO ORDINÁRIO
Se os coe�cientes são analíticos, procurar solução analítica em torno de um pontoordinário xo, ou seja: Supor solução formalmente representada por uma série depotências
y(x) =
1Xn=0
an(x� xo)n
e tentar identi�car os coe�cientes an�s e validar o resultado.
Exemplo CB
Resolver a equação de Airy
y00 � xy = 0 ; x 2 Rfazendo expansão em série de potências na vizinhança de xo = 1:
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Temos:
y(x) =1Xn=0
an(x� 1)n
y0(x) =1Xn=1
nan(x� 1)n�1 =1Xn=0
(n+ 1)an+1(x� 1)n
y00(x) =
1Xn=2
n(n� 1)an(x� 1)n�2 =1Xn=0
(n+ 2)(n+ 1)an+2(x� 1)n
Substituindo na equação,
1Xn=0
(n+ 2)(n+ 1)an+2(x� 1)n � x
1Xn=0
an(x� 1)n = 0
Fazendo x = 1 + (x� 1), que é a série de Taylor de f(x) = x em torno de xo = 1,
1Xn=0
(n+ 2)(n+ 1)an+2(x� 1)n � [1 + (x� 1)]1Xn=0
an(x� 1)n = 0
1Xn=0
(n+ 2)(n+ 1)an+2(x� 1)n � 1Xn=0
an(x� 1)n +1Xn=0
an(x� 1)n+1!
= 0
1Xn=0
(n+ 2)(n+ 1)an+2(x� 1)n � 1Xn=0
an(x� 1)n +1Xn=1
an�1(x� 1)n!
= 0
Igualando os coe�cientes de mesma potência de (x� 1), obtemos
2a2 = ao
(3 � 2)a3 = a1 + ao
(4 � 3)a4 = a2 + a1
(5 � 4)a5 = a3 + a2...
o que fornece a seguinte fórmula de recorrência (equação indicial):
(n+ 2)(n+ 1)an+2 = an + an�1 ; n � 1
Resolvendo para os primeiros an em termos de ao e a1, resulta
y(x) = aoy1(x) + a1y2(x)
onde
y1(x) = 1 +(x� 1)22
+(x� 1)36
+(x� 1)424
+(x� 1)530
+ � � �
y2(x) = (x� 1) +(x� 1)36
+(x� 1)412
+(x� 1)5120
+ � � �
Único senão: estamos em di�culdade para estabelecer � através do critério da razão,por exemplo � a convergência das séries, pois não temos uma fórmula geral paraos an�s. Isto, porém, �ca resolvido por causa do chamado teorema de Fuchs.
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. CB
Teorema 1 (Teorema de existência, de Fuchs)Se p(.) e q(.) são funções analíticas em xo, então a solução geral de
y00(x) + p(x)y0(x) + q(x)y(x) = 0
é dada por
y =
1Xn=0
an(x� xo)n = aoy1(x) + a1y2(x) ;
onde ao e a1 são constantes arbitrárias e y1 = y1(x) e y2 = y2(x) são duas soluçõesem séries linearmente independentes que são analíticas em xo:Além disto, o raio de convergência para cada uma das soluções em séries y1 e y2 éno mínimo igual ao menor dos raios de convergência das séries de p(.) e q(.).
� Prova. (v. ref.).
Exercício 1 Analisar, sob o ponto de vista do teorema 2.1, a equação
y00 + (senx)y0 + (1 + x2)y = 0
Este teorema nos motiva a proceder à seguinte generalização da de�nição de pontosordinários e singulares:
Exercício 2 Analisar a equação
x2y00 � 2y = 0
§. RESOLUÇÃO NA VIZINHANÇA DE UM PONTO SINGULARREGULAR:
Conforme desenvolvida no curso MAT-31, a resolução de equação de Cauchy-Eulerpode ser assim resumida:
Para a resolução equação de Cauchy-Euler
x2y00 + �xy0 + �xy = 0
em qualquer intervalo que não contenha a origem, procuramos solução na formay = xr, para r conveniente. A�nal, não seria este o tipo de função que se poderiaesperar de maneira que a soma dela e suas derivadas, multiplicadas por polinômios,desse zero? Seguindo este procedimento, pudemos obter que a solução geral da EDOé determinada pelas raízes r1 e r2 da equação algébrica
r(r � 1) + �r + � = 0
Se as raízes são reais e distintas, então a solução geral é dada por
y = c1jxjr1 + c2jxjr2
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Se as raízes são reais iguais, então
y = (c1 + c2 ln jxj) jxjr1
Se as raízes são complexas, r1; r2 = �� i�, então
y = jxj� [c1 cos(� ln jxj) + c2sen (� ln jxj)]
Aqui, nada mais vamos fazer do que uma generalização deste procedimento. Assim,vamos supor que xo é um ponto de singularidade regular de
P (x)y00 +Q(x)y0 +R(x)y = 0
que pode ser escrita na forma normal
y00 + p(x)y0 + q(x)y = 0 (1)
fazendo
p(x) =Q(x)
P (x)e q(x) =
R(x)
P (x)
Como xo é ponto singular regular da equação, temos que pelo menos uma das funçõesp(:) e/ou q(:) não é analítica em xo, mas as funções dadas por
(x� xo)p(x) = (x� xo)Q(x)
P (x)e (x� xo)
2q(x) = (x� xo)2R(x)
P (x)
são analíticas em xo: Sem perda de generalidade, vamos supor que xo = 0 (a�nal, seeste não for o caso, basta fazer uma mudança de variáveis conveniente para termosa singularidade na origem). Assim, temos que xp(x) e x2q(x) são representadas porsuas séries de Taylor
xp(x) =P1
n=0 pnxn
x2q(x) =P1
n=0 qnxn (2)
Note que se multiplicarmos (1) por x2, �camos com
x2y00 + x(xp(x))y0 + x2q(x)y = 0 (3)
que, no caso particular de po; qo 6= 0 e pn = qn = 0 ; 8n � 1 ; recai na equação deCauchy-Euler
x2y00 + xpoy0 + qoy = 0
Esta particularização traz alguma luz sobre por que fazemos menção aos termosxp(x) e x2q(x) na classi�cação de um ponto singular regular.Vamos, agora, desenvolver um algoritmo para resolver (3) numa vizinhança do pontosingular regular xo = 0, conhecido como método de Frobenius. O método consisteem procurar solução na forma
y = xr1Xn=0
anxn =
1Xn=0
anxr+n ; ao 6= 0 (4)
Substituindo (4) e suas derivadas em (3), vemP1n=0(r + n)(r + n� 1)anxr+n (
P1n=0 pnx
n) (P1
n=0(r + n)anxr+n)+
+ (P1
n=0 qnxn) (P1
n=0 anxr+n) = 0
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Multiplicando as séries e separando os termos, obtemos
aoF (r)xr +
1Xn=1
(F (r + n)an +
nXk=0
ak [(r + k)pn�k + qn�k]
)xr+n = 0 (5)
ondeF (r) = r(r � 1) + por + qo
Como ao 6= 0, igualando a zero o coe�ciente de xr fornece a equação
r(r � 1) + por + qo = 0 (6)
a qual chamaremos de equação indicial. (Note que ela é exatamente a mesmaequação em r obtida no estudo da equação de Cauchy-Euler). As raízes de (6) sãochamadas de expoentes da equação na singularidade. Elas fornecem uma condiçãonecessária para a EDO possuir solução na forma (4), no sentido de que somentepara estas raízes podemos esperar encontrar soluções do tipo (4).
1. Se a equação indicial possui raízes reais r1 e r2 , r1 � r2 , procedemos como segue.Igualando a zero os coe�cientes de xr+n em (5) resulta na relação de recorrência
F (r + n)an +n�1Xk=0
ak [(r + k)pn�k + qn�k] = 0 ; n � 1 (7)
que fornece, em princípio, os valores de an em função do valor de r e de todos oscoe�cientes precedentes ao; a1; : : : ; an; : : : , desde que F (r + n) 6= 0 ; 8n � 1.Como as únicas possibilidades do trinômio do 2o. grau se anular é F (r1) = F (r2) = 0e como r1 � r2 , então r1 + n nunca é igual a r1 ou r2, para n � 1. Portanto,
F (r1 + n) 6= 0 ; 8n � 1 , e, consequentemente, sempre podemosdeterminar uma solução de (1) na forma
y = y1(x) = xr1
"1 +
1Xn=1
an(r1)xn
#; x > 0
Usamos a notação an(r1) para indicar que os coe�cientes an�s são obtidos de (7)com r = r1. Também, usamos 1 em vez de ao na expressão acima porque todos osan�s terão ao como fator em sua determinação, de forma que podemos colocá-lo emevidência e deixá-lo para a especi�cação da constante arbitrária na solução geral.Se r2 6= r1 e r1 � r2 não é um inteiro positivo, então r2 + n 6= r1 ; 8n � 1 ; eportanto F (r2 + n) 6= 0 ; 8n � 1 ; de forma que podemos também obter umasegunada solução
y = y2(x) = xr2
"1 +
1Xn=1
an(r2)xn
#; x > 0
Pode-se mostrar que as duas séries de potências que aparecem nas expressões dey1(:) e y2(:) convergem, no mínimo no intervalo jxj < � de convergência onde ambasas séries de xp(x) e x2q(x) convergem, e de�nem funções analíticas em xo = 0.Desta forma, qualquer eventual comportamento singular das soluções estará ligadoaos fatores xr1 e xr2.
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Para obter soluções reais para x < 0, basta fazer a substituição x = �� , com � > 0;obtendo os mesmos coe�cientes an(r1) e an(r2).
2. Se a equação indicial possui raízes complexas (conjugadas), então r1 � r2 nuncaé um inteiro positivo. Neste caso, sempre poderemos achar duas soluções do tipo(4), embora sejam funções complexas. Para obter soluções reais, basta tomar aspartes real e imaginária das soluções complexas. (Ummelhor desenvolvimento destasconsiderações �cam como sugestão para parte de um trabalhinho).
3. Se r1 = r2 = r 2 R, então um procedimento análogo ao que foi feito no estudoda equação de Cauchy-Euler fornece a segunda solução como sendo
y2(x) = y1(x) ln jxj+ jxjr1Xn=1
bn(r)xn
Os coe�cientes bn�s são calculados substituindo-se a expressão acima na EDO, sepa-rando os termos e igualando â zero os coe�cientes de cada potência de x. (Tambémvale como sugestão para parte de um trabalhinho desenvolver estas considerações).
4. Se r1 � r2 = N , um inteiro positivo, o caso é estudado em livros avançados enão veremos aqui. Mas podemos adiantar que a segunda solução vai ser da forma
y2(x) = ay1(x) ln jxj+ jxjr2"1 +
1Xn=1
cn(r2)xn
#
EXERCÍCIOS
1. Resolver a seguinte equação na vizinhança de xo = 0:
2x2y00 � xy0 + (1 + x)y = 0
(Soluções linearmente independentes:
y1(x) = x
"1 +
1Xn=1
(�1)nxn[3 � 5 � 7 � : : : � (2n+ 1)]n!
#; x > 0
y2(x) = x1=2
"1 +
1Xn=1
(�1)nxn[1 � 3 � 5 � : : : � (2n� 1)]n!
#; x > 0 )
2. Discuta a natureza das soluções da equação
2x(1 + x)y00 + (3 + x)y0 � xy = 0
perto dos pontos singulares.
§. EQUAÇÃO DE BESSEL:
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Friedrich Wilhelm Bessel (alemão, 1784-1846), matemático e astrônomo, introduziuem 1824 as agora chamadas funções de Bessel em seu trabalho sobre as perturbaçõesobservadas nos sistemas planetários. Estas funções, porém, aparecem numa amplavariedade de problemas físicos, tais como:
� separação da equação de Helmholtz ou da onda em coordenadas cilíndricascirculares;
� equação de Helmholtz em coordenadas polares.
Embora o estudo das funções de Bessel pode ser introduzido de maneira bastanteinstrutiva através do conceito de funções geradoras, vamos aqui priviligiar seu estudocomo soluções da equação diferencial
x2y00 + xy0 + (x2 � p2)y = 0 ; p � 0 (8)
chamada de equação de Bessel de ordem p, onde p é um número real não-negativo. Por simplicidade, vamos considerar apenas o intervalo x > 0.Note que
xp(x) = 1 e x2q(x) = �p2 + x2
de forma que xo = 0 é um ponto singular regular da equação de Bessel. Desta foma,o método de Frobenius visto no capítulo III, que consiste em procurar soluções daforma
y = xr1Xn=0
anxn =
1Xn=0
anxr+n ; ao 6= 0 ;
fornece a equação indicial
r(r � 1) + por + qo = 0
r(r � 1) + r � p2 = 0
r2 � p2 = 0
com os expoentes (raízes características) reais
r1 = p � 0 e r2 = �p � 0
Primeira solução da equação de Bessel. Função de Bessel de primeiraespécie.
Substituindo r1 = p na fórmula de recorrência
F (r + n)an +
n�1Xk=0
ak [(r + k)pn�k + qn�k] = 0 ; n � 1
obtemos, para n = 1;
((p+ 1)2 � p2)a1 + ao [(p+ 1)p1 + q1] = 0
(2p+ 1)a1 + ao [(p+ 1)� 0 + 0] = 0
a1(r1) = 0
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Para n = 2;�(p+ 2)2 � p2
�a2 + ao [(p+ 0)p2 + q2] + a1 [(p+ 1)p1 + q1] = 0
4(p+ 1)a2 + ao [p� 0 + 1] + a1 [(p+ 1)� 0 + 0] = 0
a2(r1) = �1
2(2p+ 2)ao
Para n = 3; �(p+ 3)2 � p2
�a3 + ao [(p+ 0)p3 + q3] +
+a1 [(p+ 1)p2 + q2] + a2 [(p+ 2)p1 + q1] = 0
3(2p+ 3)a3 + ao � 0 + a1 [0 + 1] + a2 � 0 = 0
a3(r1) = �1
3(2p+ 3)a1 = 0
Assim, sucessivamente, podemos chegar a a1 = a3 = � � � = a2n+1 = � � � = 0 e, paraos termos pares
an(r1) = �1
n(2p+ n)an�2 ; n � 1
o que fornece
a2n(r1) =(�1)nao
22n:n!(p+ 1)(p+ 2) � � � (p+ n); n = 1; 2; : : :
Assim, a primeira solução da equação de Bessel �ca sendo
y1(x) = aoxp
�1� x2
22(p+ 1)+
x4
242!(p+ 1)(p+ 2)� x6
263!(p+ 1)(p+ 2)(p+ 3)+ � � �
�o que pode ser reescrito numa forma compacta como
y1(x) = aoxp
"1 +
1Xn=1
(�1)nx2nn!22n(p+ 1)(p+ 2) � � � (p+ n)
#(9)
Vamos escolher ao como sendo
ao =1
2p�(p+ 1)(10)
onde �(:) denota a função gama de�nida por
�(p) =
Z 1
0
xp�1e�xdx ; p > 0
e
�(p) =�(p+ n)
p(p+ 1)(p+ 2) � � � (p+ n� 1) ; �n < p < 0 ; p 6= �1;�2; : : : ;�n+ 1
Lembrar do curso de integrais impróprias que a função gama aparece ocasionalmenteem problemas físicos tais como a normalização das funções de onda de Coulombe o cômputo de probabilidades em mecânica estatística, embora sua importância,na verdade, é derivada de sua utilidade no desenvolvimento de outras funções que
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apresentam aplicações físicas diretas, como a de Bessel. Além desta de�nição emtermos de integral imprópria, devida a Euler, temos no mínimo outras duas de�niçõesequivalentes da função gama, uma através de um limite in�nito (também devidaa Euler) e outra através de um produto in�nito (devida a Weierstrass) (ver, porexemplo, Arfken[4]). Muito da importância da função gama provem da seguintefórmula facilmente demonstrável usando-se integração por partes,
�(p) = (p� 1)�(p� 1)
Daí resulta que, quando p = n é um inteiro não-negativo,
�(n+ 1) = n! ;
de maneira que a função gama generaliza o fatorial de números inteirospositivos para valores reais. A �gura seguinte mostra o grá�co da função gama.
Figura . Grá�co da função gama.
Pode-se provar que, para qualquer N inteiro positivo,
limp!�N
1
�(p)= 0
Assim, a função dada por
f(p) =
�1 =�(p) ; se p 6= �N0 ; se p = �N
é de�nida e contínua, de forma que podemos adotar a seguinte fórmula:
1
�(�p) = 0 ; p = 0; 1; 2; : : : (11)
Voltemos à expressão da solução da equação de Bessel para a raiz característicar1 = p. Substituindo (10) em (9), temos �nalmente
y1(x) = Jp(x) =1Xn=0
(�1)nn!�(n+ p+ 1)
�x2
�2n+p(12)
que é chamada de função de Bessel de primeira espécie de ordem p, denotadaJp(:): Aplicando o teste da razão, é fácil ver que esta série converge absolutamente
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em toda a reta. Em particular, quando p é um inteiro positivo, a série representauma função analítica na origem.As funções de Bessel mais importantes são os casos particulares p = 0 e p = 1, quefornecem:
J0(x) = 1�x2
22+
x4
24(2!)2� x6
26(3!)2+ � � �
J1(x) =x
2� x3
23:2!+
x5
25:2!:3!� � � �
Notem a semelhança com as expansões em séries de Taylor de cosx e senx :
cosx = 1� x2
22+x4
4!� x6
6!+ � � �
senx = x� x3
3!+x5
5!� � � �
Assim, é de se esperar que estas funções de Bessel de 1aespécie compartilhem
algumas das propriedades destas funções trigonométricas. De fato, pode-se mostrar(ou, no mínimo, observar plotando-se os grá�cos) as seguintes propriedades dasfunções de Bessel de 1
aespécie de ordem p:
1. As funções Jp(:) possuem uma in�nidade de zeros. Além disso, cada zero deJp(:) situa-se entre dois zeros consecutivos de Jp+1(:):
2. J0(x) = 1 e Jp(x) = 0 ;8 p > 0 , de forma que toda Jp(:) é �nita na origempara p � 0.
3. Embora as funções Jp(:) não sejam periódicas, elas no entanto apresentamcomportamento oscilatório amortecido.
Figura .Grá�co das funções Jp(:) para p = 0 ; p = 1 e p = 2.
EXERCÍCIOS:
1. (Sugestão para trabalhinho) Prove que se y1(x) e y2(x) são duas soluções lin-earmente independentes de
y00 + P (x)y0 +Q(x)y = 0
11
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então os zeros destas funções são distintos e ocorrem alternativamente, nosentido de y1(x) se anula exatamente uma vez entre dois zeros consecutivos dey2(x) e reciprocamente.
(Sug.: Discuta o wronskiano W (y1; y2) = y1(x)y02(x)� y2(x)y
01(x)).
2. (Sugestão para trabalhinho) Mostre que qualquer equação da forma padrão
y00 + P (x)y0 +Q(x)y = 0
pode ser escrita na forma normal
u00 + q(x)u = 0
(Sug.: Fazer a mudança y(x) � u(x)v(x) e substituir na equação na formapadrão para obter
vu00 + (2v0 + Pv)u0 + (v00 + Pv0 +Qv)u = 0
e igualar o coe�ciente de u0 para obter v = e�12
RPdx ).
3. (Sugestão para trabalhinho) Prove que se q(x)<0 e u(x) é uma solução não-trivial de u�+q(x)u=0, então u(x) tem no máximo um zero.
4. (Sugestão para trabalhinho) Prove o seguinte resultado: Seja u(x) uma soluçãonão-trivial de u�+q(x)u=0, com q(x)>0 para todo x>0. SeZ 1
1
q(x)dx =1
então u(x) tem um número in�nito de zeros no eixo x>0.
5. (Sugestão para trabalhinho) Mostre que toda solução não-trivial da equação deBessel de ordem p tem um número in�nito de zeros positivos.
6. (Sugestão para trabalhinho) Seja y(x) uam solução não-trivial de u�+q(x)u=0num intervalo fechado [a,b]. Mostre que y(x) tem no máximo um número �nitode zeros neste intervalo.
7. (Sugestão para trabalhinho) Sejam y(x) e z(x) soluções não-triviais de
y00 + q(x)y = 0
ez00 + r(x)z = 0
onde q(x) e r(x) são funções positivas tais que q(x)>r(x). Mostre que y(x) seanula no mínimo uma vez entre quaisquer dois zeros sucessivos de z(x).
8. (Sugestão para trabalhinho) Seja yp(x) uma solução não-trivial da equação deBessel de ordem p em x>0. Mostre que
(i) Se 0 � p � 1=2 , então todo intervalo de comprimento � contém no mínimoum zero de yp(x):
(ii) Se p = 1=2 , então a distância entre zeros sucessivos de yp(x) é exatamente�:
(iii) Se p > 1=2 , então todo intervalo de comprimento � contém no máximoum zero de yp(x).
12
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9. (Sugestão para trabalhinho) Sejam x1 e x2 dois zeros consecutivos de umasolução não-trivial yp(x) da equação de Bessel de ordem p. Mostre que
(i) Se 0 � p < 1=2 , então x2 � x1 é menor do que � e tende a � quandox!1.(ii) Se p > 1=2 , então x2�x1 é maior do que � e tende a � quando x!1.
Segunda solução linearmente independente da equação de Bessel. Funçõesde Bessel de segunda espécie.
Nossa preocupação agora é encontrar uma outra solução y = y2(x) da equação deBessel de ordem p, que vamos chamar de função de Bessel de segunda espécie deordem p, tal que o conjunto de soluções fJp(:); y2(:)g seja linearmente independente,de forma que a solução geral da equação de Bessel seja dada por
y = c1Jp(x) + c2y2(x) ; c1; c2 constantes arbitrárias
A candidata natural é tomar
y2(x) = J�p(x) =1Xn=0
(�1)nn!�(n� p+ 1)
�x2
�2n�p;
uma vez que a outra raiz característica da equação indicial é r2 = �p. Em algunscasos, este procedimento irá mesmo resultar na segunda solução linearmente inde-pendente, como é o caso da equação de ordem 1=2 proposta no exercício seguinte.
Exercício Estude a equação de Bessel de ordem 1/2. Em particular, mostre quesua solução geral é dada por
y = c1J1=2(x) + c2J�1=2(x) ; x > 0
com
J1=2(x) =
�2
�x
�1=2senx ; x > 0
J�1=2(x) =
�2
�x
�1=2cos x ; x > 0
Porém, nem tudo é assim tão simples. Por exemplo, note que no caso de uma equaçãode Bessel de ordem N , com N sendo um inteiro positivo, temos que y2(x) = J�N(x)é solução, mas fJN(:); J�N(:)g é linearmente dependente. De fato, de (11) vem que
1
�(n�N + 1)= 0 para n = 0; 1; : : : ; N � 1
Daí, segue que
J�N(x) =1Xn=N
(�1)nn!�(n�N + 1)
�x2
�2n�N= (�1)N
1Xk=0
(�1)kk!�(k �N + 1)
�x2
�2k+N13
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onde �zemos a mudança k = n�N para obter a segunda igualdade. Conclusão:
J�N(x) = (�1)NJN(x)
ou seja, JN(:) e J�N(:) são soluções linearmente dependentes da equação de Bessel, deforma que ainda estamos em falta de uma segunda solução linearmente independentepara gerar o espaço de soluções.No que segue, veremos que J�p(:) poderá ser a procurada segunda solução linear-mente independente nos casos em que r1 � r2 = 2p for diferente de zero ou dequalquer inteiro positivo e quando 2p for um inteiro ímpar, mas que teremos queprocurar outra função para o papel de segunda solução l.i. no caso em que p forigual a zero ou um inteiro positivo. Analisemos, então, cada caso em detalhe.
I. Caso r1 � r2 = 2p =2 f0; 1; 2; 3; : : :g:
A fórmula de recorrência
F (r + n)an +n�1Xk=0
ak [(r + k)pn�k + qn�k] = 0 ; n � 1
fornece:para n = 1 :
(1� 2p)a1 + 0 = 0 ; de onde a1 = 0
para n = 2 :�(�p+ 2)2 � p2
�a2 + ao [(�p+ 0):0 + 1] + 0 = 0 ; de onde a2 = �
ao2(2� 2p)
e, de maneira geral, temos a fórmula de recorrência
a1 = 0 e an =�an�2
n(n� 2p) ; n = 2; 3; : : :
Note que para todos os índices ímpares temos a1 = a3 = a5 = � � � = 0: Assim,construimos a série
J�p(x) =1Xn=0
(�1)nn!�(n� p+ 1)
�x2
�2n�pque é absolutamente convergente em toda a reta e também é solução da equação deBessel de ordem p. Por outro lado, note que J�p(x) possui termos na forma x�p,de maneira que jJ�p(x)j ! 1 quando x ! 0+. Disto decorre que fJp(:); J�p(:)g élinearmente independente, pois se �; � 2 R são tais que
�Jp(:) + �J�p(:) = 0 ;
então �Jp(x) + �J�p(x) = 0 ; 8x > 0 ; e limx!0+ j�Jp(x) + �J�p(x)j = 0 se esomente se � = � = 0:Assim, a solução geral da equação de Bessel de ordem p no caso em que 2p 6=0; 1; 2; : : : é dada por
y = c1Jp(x) + c2J�p(x)
14
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com c1; c2 constantes arbitrárias.
II. Caso r1 � r2 = 2p = 2N + 1 ; N = 0; 1; 2; : : : :
Temos, para n = 1 :"�� 2N + 1
2+ 1
�2��2N + 1
2
�2#a1 + 0 = 0
o que resultaNa1 = 0
Para n = 2 : "�� 2N + 1
2+ 2
�2��2N + 1
2
�2#a1 + ao + a1:0 = 0
resultandoa2 = �
ao2(1� 2N)
De maneira geral, �camos com
Na1 = 0 e an = �an�2
n(n� 1� 2N) ; n = 2; 3; : : : ; n 6= 2N + 1 (13)
Assim, se N = 0, ou seja, p = 12, temos que a1 é arbitrário e podemos, então, tomar
a1 = 0. Isto acarretará a1 = a3 = a5 = � � � = 0:Se N = 1, temos que a1 = 0 necessariamente, e
n(n� 1� 2)an = �an�2n(n� 3)an = �an�2 ; n = 2; 3; : : :
2(�1)a2 = �ao ; portanto, a2 = ao=2
3� 0� a3 = 0 ; de forma que a3é arbitrário.
Tomemos a3 = 0. Com isto, todos os coe�cientes com índices ímpares são nulos eobtemos novamente J�p(:) como segunda solução l.i.Se N = 2, teremos que a1 = a3 = 0 necessariamente, e a5 é arbitrário. Tomandoa5 = 0, todos os coe�cientes com índices ímpares são nulos. Assim, sucessivamentetemos a solução geral
y = c1Jp(x) + c2J�p(x)
da equação de Bessel de ordem p, para qualquer p = 2N+12
; N = 0; 1; 2; 3; : : :
III. Caso r1 � r2 = 2N ; ou seja, p = N ; N = 0; 1; 2; : : : :
Aqui temos um problema porque, como já vimos, fJN(:); J�N(:)g forma um conjuntolinearmente dependente. Há no mínimo três maneiras de contornar este impasse.Vamos ver uma delas.Para isto, repare que a função dada por
Yp(x) :=Jp(x) cos p� � J�p(x)
sen p�;
15
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conhecida como função de Weber, também é uma solução da equação de Bessel deordem p quando p não é um número inteiro, pois neste caso ela está bem de�nidae é uma combinação linear de soluções de uma equação linear. É fácil ver quefJp(:); Yp(:)g é linearmente independente, de forma que a solução geral da equaçãode Bessel nesta caso também pode ser dada por
y = c1Jp(x) + c2Yp(x)
Quando p = N ; N = 0; 1; 2; : : : , de�nimos
YN(x) := limp!N ; p=2Z
Yp(x)
Pode-se mostrar que este limite existe e de�ne uma solução da equação de Bessel deordem N , linearmente independente a JN(:), de forma que a solução geral é dadapor
y = c1JN(x) + c2YN(x)
Esta demonstração é bastante trabalhosa. Para se ter uma idéia do procedimento,repare que no caso N = 0, usando a regra de L�Hospital, temos
YN(x) = limp!N
Jp(x) cos p� � J�p(x)
sen p�= lim
p!N
@Jp(x)
@pcos p� � �Jp(x) sen p� � @J�p(x)
@p
� cos p�
o que fornece
YN(x) =
@Jp(x)
@pjp=N � @J�p(x)
@pjp=N
�
A derivação de Jp e J�p com respeito a p implica na derivação com respeito aoparâmetro p da integral imprópria que de�ne a função gama. Assim, de�nimos afunção digama (x) como sendo
(p) :=d
dpln �(p+ 1) =
�0(p+ 1)
�(p+ 1)
de onde vem que
(p) =�0(p)
�(p)+1
p
Assim, de maneira geral, efetuando as derivações com respeito ao parâmetro p dafórmula de YN(x) e uma série de algebrismos, chegamos a
YN(x) =2
�
(JN(x)
� + ln
�x2
��� 12
N�1Xn=0
(N � n� 1)!n!
�x2
�2n�N�
�12
1Xn=0
(�1)n [�(n) + �(n+N)]
n!(n+N)!
�x2
�2n+N)onde
= limn!1
�1 +
1
2+ � � �+ 1
n� lnn
�= 0:5772156 : : :
é a constante de Euler-Mascheroni e
�(n) = (n) + = 1 +1
2+ � � �+ 1
n
16
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A �gura seguinte mostra os grá�cos de Yo(:) e Y1(:). Note que ambas tendem a �1quando x! 0+.
Propriedades das funções de Bessel
Nesta seção, estaremos desenvolvendo algumas propriedades das funções de Besselque são úteis em suas aplicações. Vamos começar com algumas identidades.Derivando em relação a x a identidade
xpJp(x) =1Xn=0
(�1)n22n+pn!�(n+ p+ 1)
x2n+2p
vemd
dx[xpJp(x)] =
1Xn=0
(�1)n(2n+ 2p)22n+pn!�(n+ p+ 1)
x2n+2p�1 =
=1Xn=0
(�1)n22n+p�1n!
:(n+ p)
�(n+ p+ 1)x2n+2p�1 =
=1Xn=0
(�1)n22n+p�1n!�(n+ p)
x2n+2p�1 =
= xp1Xn=0
(�1)nn!�(n+ p)
�x2
�2n+p�1= xpJp�1(x)
Assim, temos nossa primeira identidade:
d
dx[xpJp(x)] = xpJp�1(x) (14)
De modo análogo, obtemos
d
dx
�x�pJp(x)
�= �x�pJp+1(x) (15)
Expandindo as derivadas em (14) e (15), vem
J 0p(x) = Jp�1(x)�p
xJp(x) (16)
eJ 0p(x) =
p
xJp(x)� Jp+1(x) (17)
17
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Subtraindo (16) - (17) resulta na seguinte fórmula de recorrência
Jp+1(x) =2p
xJp(x)� Jp�1(x) (18)
Como ilustração, note que p = 0 em (14) fornece
J 0o(x) = J�1(x)
o que pode ser expresso comoZJ�1(x)dx = Jo(x) + c
Analogamente, para p = 1 e p = 2, temosZxJo(x)dx = xJ1(x) + cZx2J1(x)dx = x2J2(x) + c
Também, da fórmula de recorrênccia (18), podemos, por exemplo, expressar J3(x)em função de Jo(x) e J1(x) :
J3(x) =4
xJ2(x)� J1(x)
=4
x
�2
xJ1(x)� Jo(x)
�� J1(x)
resultando em
J3(x) = �4
xJo(x)�
�1� 8
x2
�J1(x)
Exercício. ObtenhaRxJ2(x)dx
Solução: De (15), temos queRx�1J2(x)dx = �x�1J1(x) + c: Assim, podemos usar
integração por partes:ZxJ2(x)dx =
Zx2�x�1J2(x)
�dx =
= �xJ1(x) + 2ZJ1(x)dxZ
xJ2(x)dx = �xJ1(x)� 2Jo(x) + c
Exercício Obtenha ZJ2(x)
x2dx
Solução: Não temos diretamente nenhuma informação sobreRx�2J2(x)dx, mas de
(14) temos qued
dx
�x2J2(x)
�= x2J1(x)
18
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Assim, podemos explorar esta identidade fazendoZJ2(x)
x2dx =
Z �x2J2(x)
� 1x4dx
e resolver por integração por partes para obterZJ2(x)
x2dx = � 1
3xJ2(x)�
1
3J1(x) +
1
3
ZJo(x)dx
Exercício Prove que entre cada par de zeros positivos consecutivos de Jp(x) existeuma raiz de Jp�1(x) e uma de Jp+1(x).(Sug.: Aplicar o teorema de Rolle a f(x) = xpJp(x)).
Função geradora das funções de Bessel
Temos que as seguintes expansões em séries de t (de Taylor e Laurent, respectiva-mente) convergem absolutamente:
exp
�x:t
2
�=
1Xj=0
1
j!:xj
2jtj
exp
�� x
2:1
t
�=
1Xk=0
(�1)kk!
:xk
2kt�k
Daí, multiplicando formalmente as duas séries,
exp
�x
2
�t� 1
t
��=
1Xj=0
1
j!:xj
2jtj
! 1Xk=0
(�1)kk!
:xk
2kt�k
!;
o resultado é uma chamada série dupla, cujos termos são todos os produtos possíveisde um termo da primeira série por um termo da segunda série. A convergência abso-luta de cada uma das séries garante que esta série dupla converge independentementeda ordem de seus termos. Pode-se provar que este produto fornece
exp
�x
2
�t� 1
t
��=
1Xn=0
'n(x) tn +
1Xn=1
n(x) t�n
onde
'n(x) =1Xk=0
1
(n+ k)!:xn+k
2n+k:(�1)kk!
:xk
2k= Jn(x)
n(x) =
1Xj=0
1
j!:xj
2j:(�1)n+j(n+ j)!
:xn+j
2n+j= (�1)nJn(x)
Daí, temos �nalmente
exp
�x
2
�t� 1
t
��= Jo(x) +
1Xn=1
Jn(x)�tn + (�1)nt�n
�=
1Xn=�1
Jn(x) tn (19)
19
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A partir daí, podemos deduzir a fórmula integral de Bessel. Para isto, fazendoa mudança t = ei�, o argumento de exp(.) em (19) �ca sendo
xei� � e�i�
2= ix sen �
de maneira que (19) passa a ser
cos (x sen �) + i sen (x sen �) =1X
n=�1Jn(x) e
in� =1X
n=�1Jn(x) ((cosn�) + isenn�)
Igualando as partes reais e imaginárias, �camos com
cos (x sen �) =1X
n=�1Jn(x) cosn� = Jo(x) + 2
1Xn=1
J2n(x) cos 2n� (20)
sen (x sen �) =1X
n=�1Jn(x) senn� = 2
1Xn=1
J2n�1(x) sen (2n� 1)� (21)
Multiplicando (20) por cosm� e (21) por senm� e somando o resultado membro amembro, vem
cos (m� � x sen �) =1X
n=�1Jn(x) cos (m� n) �
o que, integrando na variável � de 0 a �, resulta na seguinte importante representaçãointegral da função de Bessel
Jn(x) =1
�
Z �
0
cos (n� � x sen �) d� (22)
Foi na forma destas integrais que, em seus trabalhos de astronomia, Bessel encontrouas funções Jn(x) e a partir delas que ele estabeleceu muitas das suas propriedades.
CAPÍTULO VI
EQUAÇÃO DE LEGENDRE
Equação de Legendre de ordem p � 0:
(1� x2)y00 � 2xy0 + p(p+ 1)y = 0
Aparece na resolução da EDP do potencial (i.e., equação de Laplace) com simetriaesférica, tais como temperaturas em estado permanente (steady-state) numa esfera
20
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e o potencial eletrostático devido a duas cargas pontuais de mesma magnitude massinais opostos. Em geral, aparecem dissimuladas por meio de variáveis não �retan-gulares�.
Exercício 6.1 Mostre que a mudança de variáveis x = cos � ; jxj < 1; transformaa equação
1
sen �d
d�
�sen �
dy
d�
�+ n(n+ 1)y = 0
na equação de Legendre de ordem n.
6.1 Resolução em séries da equação de Legendre
Como xo = 0 é ponto ordinário da equação de Legendre, é natural procurarmos umasolução na forma
y =1Xn=0
anxn
Fazendo as substituições e os agrupamentos cabíveis, chegamos a
an+2 = �(p� n)(p+ n+ 1)
(n+ 2)(n+ 1)an ; n = 0; 1; 2; : : :
que resultam em duas soluções linearmente independentes (o wronskiano W (up; vp)é igual a 1 quando x = 0), que convergem em jxj < 1:
up(x) = 1�p(p+ 1)
2!x2 +
(p� 2)p(p+ 1)(p+ 3)4!
x4 � � � �
vp(x) = x� (p� 1)(p+ 2)3!
x3 +(p� 3)(p� 1)(p+ 2)(p+ 4)
5!x5 � � � �
Desta forma, de acordo com a teoria desenvolvida para expansão em séries na vi-zinhança de pontos ordinários, a solução geral da equação de Legendre de ordem pé
y(x) = aoup(x) + a1vp(x)
Note que, quando p = n, um número inteiro não-negativo, uma e só uma das sériesse reduz a um polinômio. Daí, temos a seguinte de�nição:
De�nição 6.1 Os polinômios de Legendre,denotados Pn(x), são de�nidos comosendo
Pn(x) =un(x)
un(1); se n é par
Pn(x) =vn(x)
vn(1); se n é ímpar
A escolha destes denominadores é para que os polinômios de Legendre apresentemvalor unitário quando x = 1. Os Pn(x) são polinômios de grua n que contêm apenas
21
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potências ímpares ou pares de x, dependendo de n se par ou ímpar. Também, ébom reparar que cada Pn(x) , com n � 0, é uma solução da equação de Legendrede ordem n, de forma que a solução geral é
y = aoPn(x) + a1Qn(x)
Assim, podemos também chamar cada polinômio de Legendre de função de Legendrede primeira espécie. Com respeito à solução l.i. correspondente, Qn(x), que podemoschamar de função de Legendre de segunda espécie, de�nimos como sendo
Qn(x) =
��vn(1)un(x) ; se né ímparun(1)vn(x) ; se né par
; jxj < 1
A razão dos fatores �vn(1) e un(1) é para que tanto y = Pn(x) quanto y = Qn(x)satisfaçam as relações de recorrências
(n+ 1)yn+1 = (2n+ 1)xyn � nyn�1
y0
n+1 � y0
n�1 = (2n+ 1)yn
válidas para n = 1; 2; : : :, e que serão provadas na seção 6.3.Note que as funções de Legendre de segunda espécie são séries convergentes emjxj < 1.
6.2 Fórmula de Rodrigues
Existe ma maneira alternativa e mais prática de encontrar os polinômios de Legen-dre. Para isto, observe que o polinômio vn de�nido por
vn(x) :=dn
dxn(x2 � 1)n
satisfaz
(1� x2)d2vndx2
� 2xdvndx
+ n(n+ 1)vn = 0
que é a equação de Legendre de ordem n: Consequentemente, devemos ter que vn(x)e Pn(x) devem ser linearmente dependentes, ou seja,
Pn(x) = Cdn
dxn(x2 � 1)n = C
dn
dxn[(x+ 1)n(x� 1)n]
Daí, segue que
Pn(x) = C(x+ 1)ndn
dxn(x� 1)n + termos com o fator (x� 1)
Como Pn(1) = 1 e levando-se em conta que
dn
dxn(x� 1)n = n! ;
temos facilmente que 1 = C:2n:n!. Desta forma, temos que o polinômio de Legendrede grau n satisfaz
Pn(x) =1
2nn!
dn
dxn(x2 � 1)n
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que é chamada de Fórmula de Rodrigues em homenagem ao matemático AlexandreRodrigues da ELE 04.
Exercício 6.2 Use a fórmula de Rodrigues para mostrar que
(i) P2(x) =1
2(3x2 � 1)
(ii) x2 =2
3P2(x) +
1
3Po(x)
(iii)Z 1
�1xmPn(x)dx = 0 ; se m < n
6.3 Função geradora
Propriedades importantes dos polinômios de Legendre podem ser estabelecidas us-ando a noção de função geradora. Para isto, considere uma carga elétrica q localizadano eixo z no ponto z = a: O potencial eletrostático desta carga num ponto P é
' =1
4�"o:q
r1
onde r1 é a distância de z = a até P . Usando a lei dos cossenos, podemos expressaro potencial eletrostático em termos das coordenadas polares esféricas r e � (a outracoordenada pode ser deixada de lado por causa da simetria em torno do eixo z)como sendo
' =q
4�"o:
1pr2 + a2 � 2ar cos �
=q
4�"or:
1q1 +
�ar
�2 � 2 �ar
�cos �
com r > a ou, mais precisamente, r2 > ja2 � 2ar cos �j.Esta ligeira digressão serve para motivar considerarmos a função de x e y dada por
F (x; z) =1p
1� 2xz + z2=
1p1� (2xz � z2)
; com j2xz � z2j < 1
e sua expansão em série de série de Taylor na variável z, na vizinhança de z = 0:
F (x; z) =
1Xn=0
An(x)zn (23)
Vamos mostrar que An(x) = Pn(x). Para isto, a�rmamos que:
1. An(x) é um polinômio de grau n:Isto segue do teorema binomial generalizado (cf. MAT-26),
(1 + v)p = 1 + pv +p(p� 1)2!
v2 +(p� 1)(p� 2)
3!v3 + � � � ; jvj < 1
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com
v = �z(2x� z)
p = �12
2. An(1) = 1 , para cada n.De fato,
F (1; z) =1
1� z= 1 + z + z2 + � � �+ zn + � � � ; jzj < 1
3. An(x) satisfaz a equação de Legendre de ordem n.Para mostrar isto, as derivadas @F
@ze @F@xfornecem as identidades
(1� 2xz + z2)@F
@z= (x� z)F (x; z) (24)
z@F
@z= (x� z)
@F
@x(25)
Substituindo (23) em (24) e igualando os coe�cientes de mesma potência de z, resulta
A1(x) = xAo(x) (26)
nAn(x)� (2n� 1)xAn�1(x) + (n� 1)An�2(x) = 0 ; n = 2; 3; : : : (27)
Analogamente, substituindo (23) em (25) e igualando os coe�cientes de mesmapotência de z, resulta
xA0
o(x) = 0 (28)
A0
n�1(x) = xA0
n(x)� nAn(x) ; n = 1; 2; : : : (29)
ou, trocando n por n� 1,
A0
n�2(x) = xA0
n�1(x)� (n� 1)An�1(x) ; n = 2; 3; : : : (30)
A0
n�2(x) = x(xA0
n(x)� nAn(x))� (n� 1)An�1(x) ; n = 2; 3; : : :
A0
n�2(x) = x2A0
n(x)� nxAn(x)� (n� 1)An�1(x) ; n = 2; 3; : : : (31)
Por outro lado, derivando (27) em relação a x, temos
nA0
n(x)� (2n� 1)xA0
n�1(x) + (n� 1)A0
n�2(x) = 0 ; n = 2; 3; : : : (32)
Finalmente, substituindo as expressões de A0n�1(x) de (29) e A
0n�2(x) de (31) em
(32) e fazendo as devidas simpli�cações, segue que
A0
n(x) = x2A0
n(x)� nxAn(x) + nAn�1(x) ; n = 2; 3; : : :
Derivando novamente esta expressão em relação a x e substituindo A0n�1(x) de (29),
chegamos �nalmente que
(1� x2)A00
n � 2xA0
n + n(n+ 1)An = 0 ; n = 2; 3; : : :
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de forma que An é uma solução polinomial da equação de Legendre para n = 2; 3; : : :Por outro lado, (28) fornece que Ao(x) = constante e, como An(1) = 1, vem que
Ao(x) = 1
e, usando (26),A1(x) = x
o que prova que An satisfaz a equação de Legendre de ordem n.
Desta forma, de acordo com o que foi mostrado nos ítens acima, segue que An � Pne, portanto, temos a seguinte relação geradora dos polinômios de Legendre:
1p1� 2xz + z2
=1Xn=0
Pn(x)zn (33)
que é válida para jxj � 1 e jzj < 1.Em particular, todas as fórmulas de recorrências obtidas acima para An também seaplicam para Pn. Por exemplo, temos a seguinte fórmula de recorrência
Pn+1(x) =2n+ 1
n+ 1xPn(x)�
n
n+ 1Pn�1(x) ; n = 1:2: : : : (34)
que permite determinar todos os Pn a partir do conhecimento de Po e P1.
Exercício 6.2 Determine P2(x) e P3(x).
6.4 Ortogonalidade dos polinômios de Legendre
Basicamente, nesta seção estaremos preocupados em calcular a integralR 1�1 Pm(x)Pn(x)dx.
De maneira geral, se f 2 Cn[�1; 1], temos que
I =
Z 1
�1f(x)Pn(x)dx =
Z 1
�1f(x)
1
2nn!
dn
dxn(x2 � 1)ndx
e, fazendo integrações por parte sucessivamente, chegamos a
I =(�1)n2nn!
Z 1
�1f (n)(x)(x2 � 1)ndx
No caso em que f(x) = Pm(x) , com m < n, temos que f (n)(x) = 0. Assim, semperda de generalidade, segue queZ 1
�1Pm(x)Pn(x)dx = 0 ; se m 6= n
Consideremos agora o caso m = n:
In =
Z 1
�1Pn(x)
2dx
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ComoPn(x) =
2n� 1n
xPn�1(x)�n� 1n
Pn�2(x)
temos que
In =
Z 1
�1Pn(x)
�2n� 1n
xPn�1(x)�n� 1n
Pn�2(x)
�dx
=2n� 1n
Z 1
�1xPn(x)Pn�1(x)dx + 0
Mas, como
xPn(x) =1
2n+ 1[nPn�1(x) + (n+ 1)Pn+1(x)] ; n � 1
podemos facilmente mostrar por indução a seguinte recorrência:
In =2n� 12n+ 1
In�1 ; n � 2
ou aindaIn =
2n� 12n+ 1
:2n� 32n� 1 :
2n� 52n� 3In�3
e
In =2n� (2n� 1)
2n+ 1Io ; n � 0
Como Io = 2, segue que
In =2
2n+ 1; n � 0
Daí, concluindo, temos que, para n = 0; 1; 2; : : : ;Z 1
�1Pm(x)Pn(x)dx =
8<:0 ; se m 6= n
22n+1
; se m = n
Muitos problemas da teoria do potencial dependem da possibilidade de se expandirum dada função numa série de polinômios de Legendre. É fácil ver que isto semprepode ser feito quando a função dada é ela mesma um polinômio (cf. o capítuloVIII, sobre polinômios ortogonais). O problema que surge é saber para que classede funções f(x) é válida (i.e., temos a convergência) a chamada expansão em sériede Legendre:
f(x) =
1Xn=0
anPn(x)
Embora não seja o objetivo deste curso apresentar uma demonstração, enunciamosabaixo o chamado teorema de expansão de Legendre, que apresenta uma condiçãosu�ciente para que uma função f = f(x) admita uma expansão em série de Legendre.
Teorema de expansão de Legendre.Se f(x) e f�(x) têm ambas no máximo um número �nito de descontinuidades do tiposalto no intervalo �1 � x � 1 , então os coe�cientes an�s existem e a série deLegendre converge nos seguintes termos
1Xn=0
anPn(x) =
8<:12[f(x�) + f(x+)] ; se � 1 < x < 1
f(�1+) ; se x = �1f(1�) ; se x = 1
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Em particular, a série converge para f(x) em todos os pontos de continuidade.
6.5 Função associada de Legendre
Chamamos de equação associada de Legendre à equação
(1� x2)v00 � 2xv0 +�n(n+ 1)� m2
1� x2
�v = 0 ; m; n inteiros não-negativos
(35)Sua relação com a equação de Legendre é que, através de uma mudança de variáveisconveniente, ela pode ser transformada numa nova equação que é obtida da equaçãode Legendre por derivações sucessivas. Mais precisamente, a aplicação direta daregra da cadeia fornece que a mudança de variáveis
v = (1� x2)m=2u
transforma (35) na equação
(1� x2)u00 � 2(m+ 1)xu0 + (n�m)(n+m+ 1)u = 0 (36)
Daí, temos o seguinte:
Proposição 6.1 A solução geral de (35) é
v = aPmn (x) + bQmn (x)
onde
Pmn (x) = (1� x2)m=2dm
dxmPn(x)
Qmn (x) = (1� x2)m=2dm
dxmQn(x)
(Estas funções são chamadas de função de Legendre associada de primeira e desegunda espécie, respectivamente).
� Prova. Derivando m vezes a equação de Legendre
(1� x2)y00 � 2xy0 + n(n+ 1)y = 0
resulta
(1� x2)d2
dx2y(m) � 2(m+ 1)x d
dxy(m) + (n�m)(n+m+ 1)y(m) = 0
onde
y(m) =dm
dxmy
Daí, u = y(m) é solução de (36), com y = aPn(x) + bQn(x). Portanto,
v = (1� x2)m=2u = (1� x2)m=2dm
dxm(aPn(x) + bQn(x))
e o resultado segue. �
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Exercício 6.3 Sabendo que
P2(x) =1
2(3x2 � 1)
Q1(x) =x
2ln1 + x
1� x+
x
1� x2
mostre que
P 12 (x) = 3xp1� x2
Q11(x) = (1� x2)1=2�1
2ln1 + x
1� x+
x
1� x2
�
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