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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
Nadia Luiza Rauen
RESOLUÇÃO TEMPORAL: ANÁLISE DAS HABILIDADES DE
PROCESSAR INFORMAÇÕES TEMPORAIS EM UM GRUPO DE PACIENTES
IDOSOS COM PERDA AUDITIVA.
CURITIBA
2011
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NADIA LUIZA RAUEN
RESOLUÇÃO TEMPORAL: ANALISE DAS HABILIDADES DE
PROCESSAR INFORMAÇÕES TEMPORAIS EM UM GRUPO DE PACIENTES
IDOSOS COM PERDA AUDITIVA.
Monografia apresentada ao Curso da
Especialização de Audiologia Clínica: Enfoque
Prático e Ocupacional, da Faculdade de
Ciências Biológicas e de Saúde, da
Universidades Tuiuti do Paraná, como requisito
parcial para obtenção do título de especialista.
Orientadora: Dra. Ângela Ribas.
CURITIBA
2011
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Resumo:
Objetivo: analisar as habilidades de processar informações temporais em um grupo de pacientes idosos com perda auditiva. Métodos: a pesquisa foi composta por 50 indivíduos idosos, com mais de 60 anos de idade, sendo 25 do gênero feminino e 25 do gênero masculino, todos portadores de perda auditiva até 50 dBA em ambas as orelhas, porém não protetizados. Os procedimentos da pesquisa foram: anamnese, otoscopia, avaliação audiológica (audiometria e imitanciometria) e testes de resolução temporal, o GIN (Gap-in-noise) e RGDT (Random Gap Detection Test). Estes testes aplicados a 50 dB NS sendo o primeiro monoaural e o segundo binaural. Resultados: na anamnese registrou-se um dado significativo, em que 50% dos indivíduos apresentaram queixa de memória e dificuldade em compreender a fala no ruído, no teste GIN não ocorreu alteração e no teste RGDT apresentaram respostas dentro no normal um total de 18 homens (72%) e 11 mulheres (44%). Conclusão: com os resultados desta pesquisa, pode-se concluir que o teste GIN não sofre influência do sexo, diferentemente do teste RGDT, pois este dado foi significativo, em que os homens apresentaram mais facilidade quando comparados às mulheres. Sendo assim, novos estudos devem ser produzidos nesta área para que, dessa forma, possa entender melhor as habilidades auditivas envolvidas nos testes, por perceber que a natureza de investigação destes dois testes (GIN e RGDT) é diferente, tendo em vista a diferença entre os limiares de detecção obtidos na mesma amostra.
Palavras-chave: Envelhecimento Auditivo, Testes Auditivos, Processamento Temporal.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 004
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ......................................................................... 006
2.1 PROCESSAMENTO AUDITIVO ..................................................................... 006
2.2 AUDIÇÃO DO IDOSO ..................................................................................... 009
2.3 PROCESSAMENTO TEMPORAL RGDT/GIN ................................................ 112
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .......................................................... 115
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ......................................................................... 118
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................... 225
REFERÊNCIAS .................................................................................................... 225
APÊNDICES E ANEXOS ...................................................................................... 227
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1 INTRODUÇÃO
O processamento auditivo se refere à série de processos que envolvem
predominantemente as estruturas auditivas do sistema nervoso. Neste sentido, o
processamento auditivo (central), segundo a definição da American Speech-
Language-Hearing Association (ASHA, 2005) refere-se à eficiência e eficácia com a
qual o sistema nervoso central utiliza a informação auditiva.
Machado, Pereira e Azevedo (2006) referem que o processamento auditivo
(central) diz respeito aos processos e mecanismos realizados pelo sistema nervoso
central ao lidar com as informações recebidas por meio do órgão sensorial da
audição. Sendo assim, é um conjunto de habilidades específicas que são
responsáveis pela compreensão do que é ouvido pelo indivíduo.
De acordo com ASHA (2005), dentre das habilidades auditivas fundamentais
para o indivíduo inclui-se: ordem e sequência temporal, resolução temporal,
mascaramento e integração temporal, estando estas envolvidas nos aspectos
temporais da audição.
O processamento temporal pode ser definido como a habilidade de perceber
ou diferenciar estímulos acústicos que são apresentados numa rápida sucessão
(SAMELLI, 2005).
Williott (1991) citado por Neves; Feitosa (2002) afirma que as perdas
auditivas neurossensoriais são frequentemente associadas a um desempenho
precário de tarefas de processamento temporal em sujeitos jovens;
consequentemente, a presbiacusia periférica poderia ser um dos elementos
determinantes de déficits de processamento temporal em idosos.
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Para tanto, na literatura Russo (1999) descreve que para o idoso a
incapacidade de comunicar-se com os outros devido à perda auditiva pode ser umas
das conseqüências mais frustrantes produzindo um impacto profundo e devastador
em sua vida psicossocial, sendo a perda da sensibilidade auditiva resultante do
envelhecimento conhecida como presbiacusia.
Neste sentido, o objetivo deste trabalho foi analisar as habilidades de
processar informações temporais em um grupo de pacientes idosos com perda
auditiva.
A seguir será apresentada a revisão da literatura, contendo dados sobre o
processamento auditivo central, audição de idosos e resolução temporal. Será
descrito o material e o método utilizados na pesquisa, seguido dos resultados e
discussão, finalizando com a conclusão do trabalho.
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 PROCESSAMENTO AUDITIVO
O processamento auditivo é um dos temas que vem ganhando espaço e
sendo cada vez mais discutido no âmbito da Fonoaudiologia. As curiosidades e os
mistérios que envolvem o sistema nervoso central são motivadores e intrigantes.
Concomitantemente, o processo do envelhecimento e suas influências na deficiência
auditiva acarretam inúmeras dúvidas a respeito das habilidades auditivas que ainda
não foram totalmente respondidas pela ciência (MACHADO, 2009).
A audição envolve a participação de redes neurais complexas que atuam de
maneira diferenciada no processo de sons ao longo das vias auditivas centrais.
Diferentes tipos de problemas, como diferentes tipos de localização, resultam em
diferentes tipos de alterações do processamento auditivo (PEREIRA; SCHOCHAT,
1997).
Lent (2001) descreve que a audição é a modalidade sensorial que permite
aos animais e ao homem perceber sons. Sons são certas vibrações do meio que
transmitem ao órgão receptor da audição e são transformadas em potenciais
bioelétricos para o processamento no sistema auditivo. Menciona também, que o
sistema auditivo é construído por receptores que transmitem a informação sonora,
essa informação é traduzida para neurônios que constituem o nervo auditivo, e esse
são encarregados pela codificação da informação. Em seguida a informação auditiva
entra no SNC passando por sucessivas sinapses até chegar ao córtex auditivo.
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Com relação ao sistema auditivo central, Balen (1997) refere que é
composto por vias aferente e vias eferentes, sendo consideradas vias aferentes as
responsáveis por levarem a informação ao córtex, e as vias eferentes responsáveis
pela inibição e excitação de algumas informações em estágios anteriores ao córtex.
Os principais estágios das vias auditivas centrais são: tronco cerebral, tálamo, córtex
auditivo e córtex de associação.
Pereira e Cavadas (1998) citam que o processamento auditivo se refere aos
processos envolvidos na detecção e na integração de eventos sonoros, envolvendo
a detecção de eventos acústicos; a capacidade de discriminá-los quanto ao local,
espectro, amplitude, tempo; a habilidade para agrupar componentes do sinal
acústico em figura-fundo; a habilidade para identificá-los, isto é, denominá-los em
termos verbais e ter acesso à sua associação semântica (significado), além de
presumivelmente também ter a capacidade de introspecção consciente a cerca de si
mesmo.
Acredita-se que o distúrbio de audição pode envolver dois aspectos, de
acordo com Pereira e Cavadas (1998), o primeiro é a perda auditiva, um
impedimento da capacidade de detectar energia sonora. A perda auditiva pode ser
classificada quanto ao grau: leve, moderada, severa ou profunda, dependendo do
nível de audição medido em decibel (dB), e quanto ao tipo: condutiva,
neurossensorial ou mista, dependendo do local da lesão auditiva. O segundo é a
desordem ou disfunção do processamento auditivo central, que se refere a um
distúrbio da audição em que há um impedimento da habilidade de analisar e/ou
interpretar padrões sonoros. Esta habilidade pode ser resultado de um prejuízo da
capacidade biológica inata do organismo de um indivíduo e/ou falta de
experienciação em um meio acústico. Tem como prováveis causas alterações
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neurológicas ou alterações sensoriais auditivas (perdas auditivas neurossensoriais e
condutivas, mesmo como transitórias, decorrentes de episódios de otite média na
infância).
Samelli (2005) refere que o processamento temporal pode ser definido como
a habilidade de perceber ou diferenciar estímulos acústicos que são apresentados
numa rápida sucessão. Muitas evidências sugerem que as habilidades do
processamento temporal são a base do processamento auditivo, especificamente no
que concerne à percepção da fala. O argumento que suporta esta proposição é que
muitas características da informação auditiva são, de alguma forma, influenciadas
pelo tempo.
Dentre as habilidades envolvidas no processamento temporal, tem-se a
habilidade auditiva de resolução temporal, que consiste no tempo mínimo requerido
para segregar ou resolver eventos acústicos (SAMELLI, 2005). A maneira mais
comum utilizada para investigar a resolução temporal é por meio de detecção de
gaps (intervalos de silêncio). Neste tipo de avaliação, são apresentados estímulos
sonoros que contêm breves períodos de silêncio e outros que não possuem nenhum
gap; a tarefa do sujeito é indicar os gaps percebidos.
Muitos padrões que distinguem os sons da fala baseiam-se em diferenças
temporais de poucos milissegundos. Este aspecto do funcionamento do sistema
auditivo, no qual mudanças acústicas transitórias podem ser acuradamente
identificadas, é fundamental para a compreensão da fala humana, constituindo-se
num pré-requisito para as habilidades linguísticas, bem como para a leitura
(SAMELLI, SCHOCHAT, 2008).
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2.2 AUDIÇÃO DO IDOSO
A audição é um ato fundamental para o ser humano ao longo da vida, sendo
primordial para o contato com nossos semelhantes e com a natureza, e é através
dela que o ser humano torna-se capaz de exercer a comunicação (QUINTERO et al,
2002, citado por BUSS, GRACIOLI, ROSSI, 2010).
Atualmente mais de 15 milhões de brasileiros têm problemas de audição, e
apenas 40% dos afetados reconhecem a doença. Dentre esses pacientes
encontram-se os idosos, aos quais destaca-se atenção especial neste trabalho, pois
o aumento da longevidade e a redução das taxas de mortalidade ocorridas nas
últimas décadas do século passado mudaram o perfil demográfico do Brasil –
estimativas afirmam que até o ano de 2020, espera-se alcançar um total de 32
milhões de pessoas com mais de 60 anos, fazendo com que o envelhecimento
populacional seja um dos maiores desafios da saúde pública contemporânea
(BUSS, GRACIOLI, ROSSI, 2010).
No processo de envelhecimento todas as estruturas do organismo se
modificam paulatinamente acarretando intercorrências na qualidade da audição e da
compreensão. De acordo com Azzolini, Ferreira (2010), a presbiacusia, perda
auditiva que ocorre em função desse processo, está associada à redução da função
comunicativa e, consequentemente, afastamento do convívio social.
Sabe-se que a comunicação corresponde a uma necessidade essencial do
ser humano; por meio dela a pessoa tem a possibilidade de adquirir novos
conhecimentos e experiências, ela faz com que a pessoa continue ativa no seu
convívio social e familiar, sendo assim, quando há uma redução desta capacidade
logo se percebe a frustração diante da falta de compreensão e, em seguida, o
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isolamento e a depressão (FERREIRA, SIGNOR 2006, citado por FIALHO et al,
2009).
Rosa e Ribas (2009) destacam que diversas ciências têm laços de afinidade
com a geriatria e a gerontologia, por investigarem, de maneira interdisciplinar, as
questões envolvidas com o envelhecimento humano. Uma delas, foco deste
trabalho, é a Fonoaudiologia, que estuda os aspectos relacionados à comunicação
humana, seus distúrbios e formas de tratamento, envolvendo a audição, o equilíbrio,
a fala, a linguagem oral e escrita e a voz. Um dos aspectos da comunicação
estudados pela Fonoaudiologia é a audição, tanto do ponto de vista periférico
(estruturas do ouvido) quanto central (vias auditivas e córtex auditivo).
De acordo com Machado (2009) paralelo a este fato pode-se considerar a
perda auditiva e as alterações no sistema nervoso auditivo central como alguns dos
problemas mais frustrantes do processo de envelhecimento, pois podem gerar
problemas de comunicação e, esses por sua vez, problemas sociais e econômicos.
Neste sentido, o interesse na relação do envelhecimento e o processamento
auditivo (central) existe devido às frequentes queixas de idosos a cerca das
dificuldades para compreender a fala. Muitas vezes, a avaliação audiológica não
justifica essas queixas relacionadas à fala, isto é, percebe-se que não há uma
ligação coerente entre os níveis de audibilidade e o reconhecimento da fala, o que
leva o idoso sem grandes dificuldades para detectar tom puro a queixar-se quanto à
compreensão dos sinais da fala (NEVES; FEITOSA, 2003).
No idoso, segundo Katz (1962) citado por Rosa e Ribas (2009), a
presbiacusia é o tipo de alteração auditiva mais comum. Trata-se de uma perda
auditiva bilateral para sons de altas frequências que pode gerar uma desordem do
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processamento auditivo por privação sensorial que afeta diretamente o mecanismo
cerebral. Por processamento auditivo entendem-se as habilidades auditivas relativas
à codificação, decodificação e interpretação dos estímulos em nível de sistema
nervoso central, e a desordem do processamento auditivo refere-se exatamente às
alterações ou dificuldades de processamento da informação auditiva.
Bess et al (2001) apontam a perda auditiva neurossensorial encontrada nos
idosos como uma consequência frequente no processo de envelhecimento, sendo
que a deficiência auditiva nesta população é uma das três condições crônicas mais
prevalentes, ficando atrás somente da artrite e da hipertensão. Referem também que
o sistema auditivo em envelhecimento geralmente apresenta uma perda na
sensibilidade do limiar e uma diminuição na habilidade de compreender a fala.
Desta forma, as diversas mudanças que ocorrem no sistema nervoso
auditivo do idoso possivelmente interferem na habilidade do mesmo para processar
eficientemente a fala que recebe, determinando com frequência sua dificuldade de
compreensão. O idoso frequentemente demonstra necessidade de maior tempo para
processar as informações que recebe e, a velocidade com que estes processos são
realizados, pode afetar as habilidades para seguir uma conversação normal
independente da sensibilidade auditiva (QUINTERO; MAROTTA; MARONE, 2002).
Parra et al (2004) mencionam que o envelhecimento pode levar a uma
progressiva assimetria do cérebro, resultando em uma diminuição da informação
auditiva. Acrescentam que muitos pacientes idosos, com mais de 65 anos,
apresentam dificuldade na compreensão da fala em situações de escuta não-ideais,
como na presença de ruído competitivo, ou quando há degradação do sinal da fala.
Isto caracteriza uma dificuldade de realizar o fechamento auditivo que se refere a
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habilidade de um ouvinte em utilizar redundância intrínseca para completar as
porções distorcidas ou a fala do sinal auditivo para reconhecer a mensagem.
2.3 PROCESSAMENTO TEMPORAL RGDT/GIN
A habilidade auditiva de resolução temporal refere-se ao mínimo tempo
requerido para segregar ou resolver eventos acústicos. O limiar para resolução
temporal é conhecido como acuidade auditiva ou o tempo mínimo de integração
temporal (SHINN, 2006, citado por SAMELLI; PEREIRA, 2008).
Resultados de pesquisas indicam a necessidade de incluir na avaliação do
processamento auditivo os testes que avaliam os aspectos temporais. Dentre esses
aspectos, para Balen (1997), se destaca a resolução temporal, que consiste no
intervalo de tempo mínimo no qual eventos acústicos diferentes podem ser
distinguidos. Esses intervalos auxiliam o indivíduo a identificar pequenas variações
acústicas que ocorrem no sinal de fala e que lhe permitirão realizar diferentes
distinções segmentais, silábicas e de palavras na fala contínua. Alterações na
resolução temporal podem resultar em dificuldades para identificar pequenas
variações acústicas na fala e, consequentemente, dificuldades em produzir de forma
correta sons da fala ou interpretar a mensagem ouvida.
A resolução temporal tem sido investigada em paradigmas psicoacústicos
desde a década de 70, porém os testes de resolução temporal tornaram-se
comercialmente disponível apenas no final da década de 90. No Brasil ainda são
recentes as pesquisas com protocolo de resolução temporal e, clinicamente, ainda
não são procedimentos utilizados na rotina de avaliação do processamento auditivo
central por todos os profissionais (BALEN et al, 2009).
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Segundo Keith (2000) citado por Balen et al (2009) um dos procedimento da
avaliação clínica da resolução temporal é o teste de detecção de intervalos de
silêncio ou detecção de gap (Random Gap Detection Teste – RGDT). Este
procedimento também utiliza além do tom, os clicks, sendo que a apresentação dos
intervalos é randonizada. A tarefa que o indivíduo tem que realizar nestes
procedimentos é identificar se ouviu um ou dois estímulos auditivos. Esses são tons
ou clicks com intervalos de silêncio que variam de 0 a 300ms entre os tons.
No RGDT, são apresentados em pares de tons puros nas frequências de
500, 1000, 2000 e 4000 Hz, com intervalos entre os dois tons que variam de 0 a 40
ms. O sujeito é orientado a ouvir dois sons muito parecidos e que deve levantar um
dedo quando escutar um som e dois dedos quando escutar dois. O resultado do
RGDT é medido por meio do menor intervalo a partir do qual o indivíduo passou a
identificar a presença de dois estímulos. O resultado foi feito um cálculo médio entre
os resultados das quatro frequências (MACHADO, 2009). O valor da normalidade
descrito por Keith (2000) é de 6.0 à 7.8 ms como sendo média, e o desvio padrão de
2.5 à 5.3 ms.
Em 2005, foi publicado outro protocolo de avaliação da resolução temporal
denominado Gaps-in-noise (GIN), isto é, teste de detecção do intervalo no ruído. O
teste consiste de 0 a 3 intervalos silenciosos que variam de 2 a 20ms. No primeiro
estudo do GIN, constatou-se que este teste pode ser sensível para detectar
alterações do sistema auditivo central (MUSIEK, 2005, citado por BALEN; LIEBEL;
BOENO; MOTTECY, 2009). No estudo de Samelli e Schochat (2008), que foi o
primeiro relato de estudo no Brasil, utilizado este protocolo de avaliação, foi
demonstrado que adultos normais tiveram limiar de detecção do gap em 3,98ms
(média).
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O teste GIN, consiste em estímulos de 6s de ruído branco (WN) intercalados
de silencio (gaps) apresentados aleatoriamente entre 2 a 20 ms de duração. Os
sujeitos foram orientados a ouvir um ruído contínuo monoaural e quando o mesmo
fosse interrompido, deveriam apertar o botão indicando que identificaram o intervalo
de silencio. O GIN compreende 10 segmentos de ruídos com gaps de 2 a 20 ms e
quatro testes alternativos empregando diferentes apresentações aleatórias do gap.
Cada um dos quatro testes consiste na apresentação de 10 gaps de duração
apresentados seis vezes a cada 35 segmentos de ruído para cada total de 60 gaps.
Para a análise do GIN, foi calculada a média de limiar de duração da amostra, a
partir da detecção de quatro ou seis apresentações de intervalos (MACHADO,
2009). O padrão de normalidade é de 5 ms, com desvio padrão de 1 ms (MUSIEK;
et al, 2005 citado por MACHADO, 2009).
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3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGOCOS
A casuística deste estudo foi composta por 50 indivíduos idosos, com mais
60 anos de idade, sendo 25 do gênero feminino e 25 do gênero masculino. Todos
portadores de perda auditiva de até 50dBA em ambas as orelhas, porém não
protetizados. A coleta de dados foi realizada no mês de abril de 2011, no Centro
Integral de Otorrinolaringologia de Mafra (CIOM).
Previamente à coleta de dados foram explicados aos participantes: sobre o
caráter voluntário da avaliação; sobre o objetivo da pesquisa; sobre os exames que
seriam realizados; e sobre a ausência de quaisquer riscos à saúde durante os
procedimentos, e após assinar o termo de consentimento (Apêndice 1), iniciou-se a
coleta dos dados.
Na sequência foi aplicada a anamnese (Apêndice 2), onde cada paciente
passou a ser identificado através de um número que consta na tabela geral dos
dados (Anexo 1). A anamnese visava obter informações básicas, como história
auditiva, sintomatologia, história médica, antecedentes familiares, e questão
envolvendo o processamento auditivo, como: memória, atenção, dificuldades para
perceber a fala na presença de ruído.
Após a anamnese foi realizada a otoscopia que consiste na inspeção do
meato acústico externo para exclusão da presença de corpo estranho, rolha de cera
ou qualquer outra alteração de orelha externa que impossibilitasse a realização dos
exames. Caso encontrasse alguma obstrução, foi contado com a colaboração dos
médicos otorrinolaringologistas da clinica em que foram coletados os dados.
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As avaliações audiológicas foram realizadas em salas com tratamento
acústico, sendo utilizado o audiômetro AD 227, com fones TDH 49 e o
Imitanciômetro AT 22, ambos da marca Audiotest. E para a avaliação do
processamento auditivo central, foi utilizado o equipamento PA-2004 da Acústica
Orlandi. Estes equipamentos devidamente calibrados com as normas ISO-389 e
IEC-649 (WILBER, 1999).
Russo e Santos (1993) mencionam que o objetivo imediato da audiometria
tonal é a determinação dos limiares auditivos, isto é, o estabelecimento do mínimo
de intensidade sonora necessária para provocar a sensação auditiva e a
comparação destes valores ao padrão da normalidade, usando-se como referência o
tom puro. Nesta pesquisa, foram determinados os limiares por via aérea nas
frequências de 250 a 8000 Hz e pesquisa de via óssea quando os limiares de via
aérea fosse maior que 25 dB.
A timpanometria, segundo Russo e Santos (1994) é uma medida dinâmica
que avalia a mobilidade do conjunto tímpano-ossicular em resposta a graduais
variações de pressão no meato acústico externo. O conceito fundamental da
timpanometria baseia-se no fato de que a transmissão do som através do
mecanismo do ouvido médio é máxima quando a pressão do ar é igualada nos dois
lados da membrana timpânica. O timpanograma é o gráfico que revela o grau da
mobilidade ou a complacência (admitância) do sistema do ouvido médio. Na
realização da Imitanciometria (Timpanometria e pesquisa dos reflexos acústicos) foi
verificada a mobilidade da membrana timpânica, mediante a colocação de uma
sonda, condizente com o tamanho do meato acústico externo de cada paciente,
buscou-se eliminar quaisquer comprometimentos de orelha externa e/ou média, os
quais poderiam influenciar os achados da pesquisa.
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Utilizou-se como norma para classificação dos achados da audiometria e
imitanciometria o Manual de Laudo Audiológico do Conselho Federal de
Fonoaudiologia (CFFa, 2009).
Após estas avaliações (audiometria e imitanciometria), os indivíduos foram
submetidos aos testes de resolução temporal, a saber GIN e RGDT.
O teste GIN, gravado em CD, foi aplicado por meio do audiômetro AD 227
acoplado a um CD player Sony, em cabine acústica, numa intensidade de 50 dBNS
(de acordo com a média tritonal). Este teste foi apresentado monoaural e todos os
resultados anotados em folha de registro específico (Anexo 2). Considerou-se como
padrão de normalidade 5 ms, com desvio padrão de 1 ms (MUSIEK; et al, 2005
citado por MACHADO, 2009).
O RGDT também foi realizado em cabine acústica, utilizando estímulos de
tone burst e para aplicação deste teste usou-se 50 dB acima da média tritonal e
apresentação binaural do teste, todos os resultados anotados em folha de registro
específico (Anexo 3). Utilizou-se como padrão de normalidade o valor descrito por
Keith (2000): 6.0 à 7.8 ms como sendo média, e o desvio padrão de 2.5 à 5.3 ms.
Nos dados coletados foram digitados em planilha eletrônica e analisados
qualitativamente, conforme relatamos a seguir.
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4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Neste capítulo serão descritos os resultados obtidos neste estudo, cujo
objetivo foi analisar as habilidades de processar informações temporais em um
grupo de pacientes idosos com perda auditiva.
A amostra foi composta por 50 indivíduos idosos, com mais 60 anos de
idade, sendo 25 do gênero feminino e 25 do gênero masculino, todos portadores
de perda auditiva de até 50dBA em ambas as orelhas, porém não protetizados.
Dos sujeitos estudados nesta pesquisa, 72% dos homens e 20% das
mulheres, possuem nível superior completo, ou seja, fato significativo para
compreensão dos testes GIN e RGDT.
Todos os sujeitos da pesquisa apresentaram perda auditiva na avaliação
audiológica básica. Apenas um paciente do sexo masculino apresentou perda
auditiva mista, sendo o restante com perda auditiva neurossensorial que não
ultrapassava a intensidade de 50dB na média tritonal. Em 52% da amostra do
sexo masculino e 64% do sexo feminino observou-se médias tritonais normais,
porém perda auditiva nas freqüências altas, ou seja, perdas auditivas
descendentes, característica da população idosa.
No quadro 1 apresentamos os resultados gerais da avaliação audiológica e
na tabela 1 apresentamos questões relacionadas à anamnese envolvendo o
processamento auditivo, como: memória, atenção, dificuldades para perceber a fala
na presença de ruído.
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TABELA1 – Número de sujeitos de acordo com queixas de percepção auditiva (N=50)
Gênero Memória Atenção Dificuldade no Ruído
N % n % n %
Masculino 11 44 0 0 13 52 Feminino 14 56 1 4 12 48 TOTAL 25 50 1 2 25 50
Observamos que 50% da amostra refere possuir dificuldades de memória e
de escuta na presença de ruído competitivo. Ambas as dificuldades podem estar
relacionadas com habilidades temporais de processamento auditivo.
Neste sentido, Parra et al (2004) referem que o indivíduo idoso pode
apresentar uma desordem do processamento auditivo, mesmo sem haver uma lesão
estrutural que a explique diretamente. Sedo assim, procurando caracterizar e
determinar as bases neurais da presbiacusia, demonstraram o efeito da idade
somando à perda auditiva periférica, o que implica em uma junção da disfunção
central, mesmo sem lesões estruturais, e a perda auditiva periférica na presbiacusia.
Estes dois fatores somados causam sérios problemas no dia-a-dia do idoso,
dificultando o reconhecimento de fala no silêncio e principalmente, no ruído.
Comparado ao estudo anterior, pode-se verificar a semelhança na
dificuldade de compreender a fala no ruído, e neste estudo, apresentou também,
significativamente a queixa da dificuldade de memória.
Sobre memória, Lent (2001) cita que é a capacidade que têm o homem e os
animais de armazenar informações que possam ser recuperadas e utilizadas
posteriormente. São vários os processos de memória. O primeiro deles é a aquisição
(aprendizagem), seguindo-se a retenção durante tempos variáveis. A retenção por
tempos curtos pode ser transformada em retenção de longa duração pelo processo
de consolidação da memória. Em ambos os casos, entretanto, pode haver evocação
(lembrança) ou esquecimento das informações memorizadas.
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De acordo com o estudo de Pereira e Schochat (1997) os resultados da
análise correlacional e de regressão, demonstraram que a dificuldade em
reconhecimento da fala dos sujeitos idosos está relacionada em primeiro lugar à
perda auditiva neurossensorial. Concluíram também que o grupo com idade
avançada teve desempenho pior que os grupos mais jovens, principalmente em
testes que envolviam aspectos do processo temporal.
Estas mesmas autoras citaram o estudo de Schum, Matthews e Lee (1991),
em que verificaram também, que o desempenho dos idosos em reconhecer fala no
silêncio parece ser o mesmo dos jovens, conquanto que o nível de audibilidade
fosse preservado e, que o índice poderia ser utilizado para prever o entendimento de
fala destes sujeitos. No entando, na testagem com ruído, os idosos tinham
desempenho bem abaixo dos jovens, mesmo preservando a audibilidade.
Como foi observada nesta pesquisa, a queixa da dificuldade de escutar em
ambientes ruidosos foi significativa, sendo assim, eles apresentam dificuldade na
atenção seletiva, que é processo pelo qual a pessoa tenta seguir a pista de um
estímulo e não prestar atenção ao outro.
No teste GIN, todos os participantes da pesquisa perceberam os estímulos
de 6s de ruído branco (WN) intercalados no silêncio (gaps) apresentados
aleatoriamente entre 2 a 20 ms de duração. Não apresentaram portanto, dificuldades
em compreender este teste, e nem alteração no mesmo.
Musiek et al (1990) citado por Samelli (2005) referem que o teste de duração
parece não ser afetado largamente por perdas auditivas cocleares leves e
moderadas, pois a pista de duração é mais resistente na disfunções cocleares que
as pistas de freqüência ou intensidade.
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A mesma autora menciona que existem evidências de que a resolução
temporal está diminuída em idosos, quando comparada com indivíduos mais jovens,
mesmo sem a presença de perdas auditivas. Mas, este dado não foi encontrado
nesta pesquisa, pois todos os idosos submetidos a este teste (GIN) com perdas
auditivas, perceberam todos os intervalos de silêncio (gap).
No estudo de Balen et al (2009) em relação ao teste GIN, em que verificou
desempenho de crianças escolares, observou o mesmo desempenho das crianças
nas listas 1 (OD) e 2 (OE), não evidenciando efeitos de aprendizagem ou de
cansaço nos resultados, concordando com a pesquisa em adultos. Quanto ao sexo
não houve diferenças estatisticamente significantes nem mesmo para análise
descritiva, o que concorda com as pesquisas realizadas em adultos. E que vem de
acordo com esta pesquisa em idosos, em que não apresentou diferenças entre
orelhas e nem gênero. Machado (2009) também refere que no teste GIN não houve
variação em ambas as orelhas.
A seguir, refere-se ao teste RGDT, tendo com resposta as médias das
freqüências de 500, 1000, 2000 e 4000 Hz, em que apresentaram respostas dentro
no normal um total de 18 homens (72%) e 11 mulheres (44%). Pode-se perceber
que os homens apresentaram mais facilidade em compreender o teste.
Assim, segundo Balen et al (2009), observaram neste estudo que os testes
de resolução temporal estudada, seja na pesquisa com o teste RGDT ou no GIN,
que os resultados não se assemelham, sendo os limiares no teste RGDT maiores do
que no teste GIN, da mesma forma que há mais variabilidade nos resultados do
teste RGDT do que no teste GIN.
23
Este dado foi verificado nesta pesquisa também, pois não ocorreu alteração
no teste GIN em comparação ao teste RGDT, o qual teve uma grande porcentagem
de alteração, sendo mais no gênero feminino.
Neves e Feitosa (2003) referem que nos testes de discriminação temporal,
tanto monoaurais quanto binaurais, costuma-se apresentar um par de estímulos aos
sujeitos para determinar qual o ponto de fusão. É aumentado e diminuído o tempo
de separação entre dois sons, para verificar qual intervalo necessário para que
sejam percebidos como um só som, ou com dois sons separados. A capacidade de
detectar-se intervalos pequenos de silêncio começa a diminuir durante a década dos
50 anos, deteriorando-se progressivamente com o envelhecimento.
Neste sentido, nesta pesquisa foi percebido esta dificuldade no teste
binaural, o qual a dificuldade foi significativamente maior, comparado ao teste
monaoaural.
24
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com base nos resultados desta pesquisa, pode-se concluir que o teste GIN
não sofre influência do sexo, diferentemente do teste RGDT, pois este dado foi
significativo, em que os homens apresentaram mais facilidade quando comparados
às mulheres. Não apresentou, portanto, diferença significativa entre as orelhas no
teste GIN, pois não ocorreu alteração neste teste.
A natureza de investigação destes dois testes (GIN e RGDT) é diferente,
tendo em vista a diferença entre os limiares de detecção obtidos na mesma amostra,
nos dois protocolos de testes, o que aponta para a hipótese de que estes testes não
estejam avaliando a mesma habilidade auditiva, como foi observado em outros
estudos.
Sendo assim, novos estudos devem ser produzidos nesta área para que,
dessa forma, possa entender melhor as habilidades auditivas envolvidas nos testes.
Neste sentido, instrumentos que avaliem esta habilidade auditiva são
fundamentais na prática clínica e, para que possam ser usadas, necessitam de
padronização e normatização quanto aos resultados esperados para a população
brasileira, envolvendo todas as faixas etárias.
25
REFERÊNCIAS
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26
OLIVEIRA, J.A.A.; AQUINO, A.M.C.M. de. Apresentação. In: PEREIRA, L.D.; SCHOCHAT, E. Processamento Auditivo Central: manual de avaliação. São Paulo: Lovise, 1997. PARRA, V. M. et al. Testes de padrão de frequencia e duração em idosos com sensibilidade auditiva normal. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. v.70, n.4, p.517-523, jul-ago, 2004. PEREIRA, L.D.; CAVADAS, M. Processamento Auditivo Central. In: FROTA, S. Fundamentos em Fonoaudiologia – Audiologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998. QUINTERO, S.M.; MAROTTA, R.M.B.; MARONE, S.A.M. Avaliação do processamento auditivo de indivíduos idosos com e sem presbiacusia por meio do teste de reconhecimento de dissílabos em tarefas dicótica – SSW. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 68, n.1, p.28-33, abr-mai, 2002. ROSA, M. R. D.; RIBAS, A. A relação entre o envelhecimento e a habilidade de escuta dicótica em indivíduos com mais de 50 anos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, v.12, n.3, 2009. RUSSO, I. C. P; SANTOS, T. M. M. A Prática da Audiologia Clinica. 4º Ed. Revisada e Aumentada. São Paulo: Cortez, 1993. _______. Audiologia Infantil. 4º ed. Revista e ampliada. São Paulo: Cortez, 1994. RUSSO, I.P. Distúrbios da Audição: a Presbiacusia. In: Intervenção Fonoaudiológica na Terceira Idade. Rio de Janeiro: Revinter, 1999. SAMELLI, A.G. O teste GIN (Gap in Noise): limiares de detecção de gap em adulto com audição normal. 2005. 198 f. Tese (Doutorado em Ciências) – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005. SAMELLI, A.G.; SCHOCHAT, E. Estudo da vantagem da orelha direita em teste de detecção de gap. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. v.74, n.2, p.235-240, 2008. _______. Processamento auditivo, resolução temporal e teste de detecção de gap: revisão da literatura. Revista CEFAC, São Paulo, v. 10, n. 3, p. 369-377, jul-set, 2008. WILBER, L.A. Calibração de tons puros, fala e ruído. In: KATZ, J. Tratado de Audiologia Clínica. São Paulo: Manole, 1999. Capitulo 6.
27
APÊNDICE 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Você está sendo convidado a participar de pesquisa do curso da Especialização de Audiologia Clínica: enfoque Prático e Ocupacional da Universidade TUIUTI do Paraná: “Avaliar os testes de resolução temporal”. O objetivo desta pesquisa será analisar as habilidades de processar informações temporais em um grupo de pacientes idosos com perda auditiva.
A avaliação audiológica é um procedimento simples, sem envolvimento de qualquer perigo e terá em média duração total de uma sessão de 60 minutos. As avaliações serão realizadas no Centro Integrado de Otorrinolaringologia de Mafra- CIOM.
Esta pesquisa será realizada pela Fonoaudióloga Nadia Luiza Rauen, tendo como orientadora a Professora Fonoaudióloga Angela Ribas .
Esclarecemos que os dados obtidos a partir da entrevista serão analisados apenas em caráter científico e, sendo assim, o nome do entrevistado jamais aparecerá quando apresentados os resultados da pesquisa. Para garantir que seja assim, os dados serão identificados através de números, para que ninguém além dos pesquisadores possa saber quem é a pessoa que foi entrevistada. Informamos ainda que o entrevistado não receberá qualquer pagamento por participar da pesquisa e que não sofrerá nenhum prejuízo mesmo se depois de começar a entrevista resolver parar ou não quiser responder algumas questões.
Assim, depois de ter recebido todas as informações acima, se desejar participar desta
pesquisa, por favor, assine este termo de consentimento.
__________________________
Nome
__________________________
Assinatura
________/________/_________
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APÊNDICE 2
ANAMNESE – ADULTO
Nome: ...................................................................................... Data:........................ Idade: ................ D.N.:.......................... Sexo: .................... Função:........................ Empresa: .................................................................................... RG:........................ Encaminhado por: ................................................................... Teste:........................ 1.QUEIXA:................................................................................................................. 2. AUDIÇÃO: 2.1 Tem perda auditiva: ............................................................................................. 2.2 Sente diferença de audição entre as duas orelhas?.........Qual a melhor? ......... 2.3 Apresenta dificuldade para ouvir?........................................................................ 3. SINTOMATOLOGIA (ATUAIS E PROGESSOS): 3.1 Otalgia: ................................................ 3.2 Supuração: ...................................... 3.3 Sensação de plenitude auricular:........ 3.4 Desconforto a sons intensos:........... 3.5 Zumbido: .............................................. 3.6 Tontura: .......................................... 4. HISTÓRIA MÉDICA: 4.1 Fez ou faz algum tratamento de saúde: .............................................................. 4.2 Toma ou tomou medicamentos: .......................................................................... 4.3 Já fez algum tipo de cirurgia: ............................................................................... 4.4 Já sofreu traumatismo crânio-encefálico: ............................................................ 4.5 Fumo: ................................................................................................................... 5. ANTECEDENTES FAMILIARES:......................................................................... 6. RELAÇÃO AO PROCESSAMENTO AUDITIVO: 6.1 Memória ............................................................................................................... 6.2 Atenção................................................................................................................. 6.3 Dificuldade de compreender a fala no ruído ........................................................ 7. HISTÓRIA AUDIOLÓGICA: 7.1 Já fez avaliação auditiva: ..................................................................................... 7.2 Resultados:........................................................................................................... 7.3 Uso de AASI: .......................................................................................................
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ANEXO 1
LEGENDA DA ANÁLISE DOS DADOS DA TABELA GERAL
TIPO DE PERDA AUDITIVA: NS- NEUROSESSORIAL
M- MISTA
C- CONDUTIVA
CONFIGURAÇÃO DA PERDA AUDITIVA: DL- DESCENDENTE LEVE
DA- DESCENDENTE ACENTUADA
DR- DESCENDENTE EM RAMPA
U- U INVERTIDO
H- HORIZONTAL
TIMPANOMETRIA: TIPO A
TIPO B
TIPO C
TIPO AS
TIPO AD
REFLEXOS ACÚSTICOS: COMP.- COMPATÍVEL
INCOMP. –INCOMPATÍVEL
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ANEXO 2
Gap Detection Score Sheet Practice 4/2003 Location (ms) Duration(ms) 1 1865.1 15 2838.1 5 3454.4 20 2 643.7 8 1871.2 8 4353.1 5 3 2961.4 5 4 2314.6 15 5 1205.5 5 4387.9 10 5436.2 10 6 1049.6 20 2925.7 8 4197.4 8 7 972.1 10 3729.8 10 8 9 1099.6 20 3698.4 15 4781.5 15 10 4250.0 20
31
Teste 1 12/2002 Location (ms) Duration (ms)
1 1337.3 15 3870.3 2 5277.3 5 2 1303.2 15 3 2862.4 6 4491.8 10 4 1145.4 6 3449.6 20 4319.3 6
5 4466.0 4 6 1389.5 12 7 2799.7 3 3421.8 4 8 1757.1 10 2875.5 10 9 2863.4 5 10 11 2727.5 6 4205.0 12 5011.1 12 12 4014.1 6 13 2304.8 15 14 1597.2 5 15 2032.1 3 4564.7 6 16 1000.8 2 2613.4 3 4190.7 20 17 18 1268.9 5 1977.2 4 19 1193.7 10
Location (ms) Duration (ms) 20 726.3 2 21 4595.4 5 22 4024.6 8 5174.2 20 23 500.5 12 4837.5 10 24 2196.3 8 25 2006.8 20 3349.4 2 26 1520.3 3 5491.9 2 27 1955.9 5 3194.0 15 28 1056.3 2 3190.6 20 4358.1 8 29 1338.3 3 3802.5 4 30 884.3 3 2150.3 15 3386.4 20 31 4199.3 4 32 3047.4 4 5322.9 10 33 1812.0 15 2793.5 8 34 1564.4 8 2255.5 8 35 1118.5 12 2613.0 12
32
Teste 2 12/2002 Location (ms) Duration (ms)
1 2230.0 2 3571.3 10 2 3 4380.2 15 4 1985.9 3 3014.2 6 3745.9 2 5 2433.6 12 5033.8 20 6 1308.9 12 1865.4 4 2681.0 12 7 1019.9 10 4179.4 15 5469.4 8 8 1275.5 10 2944.7 2 4918.3 10 9 872.4 10 1460.8 15 4869.5 15 10 3558.8 2 11 753.1 4 1298.7 3 12 2202.5 2 13 1546.5 15 2924.6 4 5014.3 4 14 718.7 10 2498.6 4 4546.5 20 15 820.5 6 1675.9 15 16 17 3726.3 3
Location (ms) Duration (ms) 18 1509.1 2 4759.5 3 19 1225.4 5 20 684.5 3 2673.1 12 3425.0 3 21 4238.4 8 22 3216.0 20 23 774.2 5 3276.4 12 4923.4 4 24 520.9 5 2799.5 5 25 1840.3 8 26 1209.1 5 5376.2 6 27 510.1 5 2549.9 20 4399.3 6 28 624.9 6 2737.8 12 4108.1 20 29 1319.7 20 30 711.7 8 4366.1 6 31 2698.9 8 32 1501.8 8
33
ANEXO 3
Teste de Detecção de Intervalos Aleatórios RGDT-EXP (Revised AFT-R)
Nome: ______________________________ Idade: ____________________
Interstimulus Interval (Gap) in msec - In order of presentation
TONES
Subtest 1: Screening/Pratice
0 2 5 10 15 20 25 30 40
Lowest Gap_________msec.
Subtest 2: Standard
10 40 15 5 0 25 20 2 30
500 Hz Lowest Gap ________msec
30 10 15 2 0 40 5 20 25
1000 Hz Lowest Gap_________msec
20 2 40 5 10 25 15 0 30
2000 Hz Lowest Gap_________msec
5 10 40 15 20 2 30 0 25
4000 Hz Lowest Gap_________msec