resenha - o que e o contemporâneo - giorgio agambem

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Resenha de O que é o Contemporâneo

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Resenha: AGAMBEM, Giorgio. O que o contemporneo? E outros ensaios. Chapec (SC): Argos, 2009.O ensaio O que o Contemporneo? de Giorgio Agambem1Trata-se de um seminrio do Curso de Filosofia Teortica da faculdade de Artes e Design do IUAV de Veneza.

traz em seu ttulo uma pergunta, e se inicia tambm com outra pergunta, De quem e de que somos contemporneos?. So essas perguntas que iro conduzir o autor. Seu texto dividido em sete partes, e em cada uma delas Agambem evoca um tema para em cima dele sugerir respostas s perguntas que quer responder. Vamos enumerar os temas e em seguida as respostas que encontra o autor, depois de reflet-las emaranhadas nesses temas (Filosofia, poesia, biologia, astrofsica, moda, histria)Num primeiro momento, a filosofia evocada, mas atravs de Roland Barthes, que apresenta o contemporneo segundo Nietszche com um dizer: O conemporneo intempestivo. O tema do intempestivo de Nietszche aparece como primeira resposta a definio do contemporneo. E para que seja contemporneo deve ser dissociado de seu tempo, incomodado, deslocado, porm, tambm conceb-lo, o que significa talvez saber estar nele, mas interrog-lo.Na segunda parte, a vez da poesia ser evocada. Atravs de uma poesia intitulada O Sculo, escrita em 1923 por Osip Mandel'stam, poeta russo que morreu em um campo de prisioneiros stalinista, e do fato de nela estar encrustada a relao do poeta e de seu tempo, segundo a leitura de Agambem, esse poeta imaginado a partir da leitura da poesia serve de ilustrao do contemporneo. Essa poesia traz dois temas que compem o quadro de respostas s perguntas do autor, o primeiro o paralelismo que existe entre o tempo da criatura e o tempo do sculo. O segundo tema - citamos aqui as mesmas metforas que usa o do poeta, que de uma s vez se coloca na fratura desse tempo ao qual pertence o contemporneo, que como j vimos que intempestivo o - impedindo a recomposio e serve para que a fratura se recomponha.Na parte trs do escrito, Agambem traz mais uma resposta sobre o que vem a ser o contemporneo. E que ao nosso ver, o que marca a leitura e reflexo sobre esse texto. O que que se percebe quanso se olha para o prprio tempo? Numa definio de contemporaneidade, em uma irrupo do que seria a percepo do tempo pela Aufklarung de Kant, percebe-se o escuro. O contemporneo intempestivo, traz um certo desconcerto naquele que a esse tempo pertence e tambm obscuro. Nessa terceira parte, para responder ao que seja o ver esse escuro de seu tempo, que mais uma resposta ao que o contemporneo, Agambem evoca a neurofisiologia da viso, a biologia. Ao ilustrar a sua reflexo atravs da descrio do funcionamento da viso, diz que o contemporneo, aquele que contemporneo, no se deixa cegar pela claridade, pelas luzes do sculo, que percebe e v na sobra a obscuridade do seu tempo. Depois de tantas luzes tradidas pela modernidade, perceber as sombras, e o escuro diante de todo esse claro seria algo da contemporaneidade.Na quarta parte, Agambem evoca a astrofsica. O pano de fundo dessa vez ir dar continuidade reflexo sobre o claro e o escuro no que seria, fazendo aluso ao texto de Foucault, O que so as luzes?, uma atitude contempornea. A aluso a astrofsica serve para remeter-nos s estrelas que esto muito distantes, anos-luz de distncia e no nos aparece se olharmos para o cu, mas que esto ali, no escuro com sua luz em direo a ns. Perceber esse escuro parte da atitude de ser contemporneo, e isso, segundo Agambem requer coragem, para experienciar a intempestividade do tempo ao qual se est atrelado.Na quinta parte ser evocado um outro tema, a moda. Como exemplo da experincia do tempo contemporneo, o autor utiliza as caracterstica da moda para responder mais um pouco a pergunta sobre o que o contemporneo, a descontinuidade, a diviso segundo a sua atualidade e inatualidade, a inapreensibilidade do agora, a relao particular com o passado, a possibilidade de apreenso nova de outros tempos que se foram.Na sexta parte do escrito, a vez da histria ser evocada. Estamos considerando a reflexo sobre o tema da histria visto que est sendo discutida a relao peculiar do tempo presente com o passado e de como uma sombra, ou uma sobra dessa relao compe a que seria um modo contemporneo de ver. O que Agambem est chamando de relao do tempo presente com a origem, compromisso entre o arcaico e o moderno pode ser colocado como pertencente ao tema da histria. Mais um pouco de resposta aparece quando Agambem solta: E ser contemporneo significa, nesse sentido, voltar a um presente em que jamais estivemos.A stima, e ltima parte do texto evoca a teologia; a meno ao apstolo Paulo e ao anncio aos seus irmo sobre o messias, passagem da qual Agambem extrair a noo de tempo messinico como exemplo de contemporaneidade por excelncia, para defender mais uma resposta sobre o que o contemporneo, um tempo cronologicamente indeterminado, mas sim uma atitude - tomando novamente de emprstimo o termo de Foucault quando se refere atitude de modernidade. O ltimo pargrafo do texto sintetiza todas as respostas dadas nas sete reflexes inseridas em diferentes temas que apoiam os questionamentos de Agambem.

(...)o contemporneo no apenas aquele que, percebendo o escuro do presente, nele apreende a resoluta luz; tambm aquele que, dividindo e interpolando o tempo, est a altura de transform-lo e de coloca-lo em relao com os outros tempos, de nele ler de modo indito a histria, de cit-la segundo uma necessidade que provm de maneira nenhuma do seu arbtrio, mas de uma exigncia qual ele no pode responder. como se aquela luz invisvel, que o escuro do presente, projetasse a sua sombra, adquirisse a capacidade de responder s trevas do agora.