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Resenha do Método Pedagógico dos JesuítasTRANSCRIPT
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RODOLFO RODRIGUES SALES
RESENHA: RATIO STUDIORUM – MÉTODO PEDAGÓGICO DOS JESUÍTAS
SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANOREV. JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO
TURMA – 3º ANO MATUTINOSÃO PAULO – SETEMBRO/2015
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RODOLFO RODRIGUES SALES
RESENHA: RATIO STUDIORUM – MÉTODO PEDAGÓGICO DOS JESUÍTAS
Trabalho apresentado em cumprimento às exigências avaliativas da disciplina de Educação Cristã. Prof. Rev. Wilson Santana Silva.
SEMINÁRIO TEOLÓGICO PRESBITERIANOREV. JOSÉ MANOEL DA CONCEIÇÃO
TURMA – 3º ANO MATUTINOSÃO PAULO – SETEMBRO/2015
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PEDRO MAIA, S.J. Ratio Studiorum: Método pedagócigo dos jesuítas. Org.
Pedro Maia S. J. São Paulo: Edições Loyola, 1986
O padre Pedro Américo Maia é Natural de Juiz de Fora (MG) e,
ingressou na Companhia de Jesus em 1944, e tornou-se sacerdote em 1957.
Mestre em Literatura Brasileira pela USP, em 1979, e doutor em História
Social, também pela USP, 1990.
Desde 1953 é estudioso e pesquisador da história dos jesuítas na
província jesuíta do Brasil Centro Leste (Minas Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro e Goiás). Durante muitos anos trabalhou na área de educação no
Colégio Loyola, de Belo Horizonte (MG) e no Colégio São Luís (SP)1.
A obra Ratio Studiorum: Método Pedagógico dos Jesuítas é
composto de blocos intitulados de Introdução: Educação e Contra-Reforma, O
Ratio Studiorum dos Jesuítas, Organização e Plano de Estudos da Companhia
de Jesus, O Ideal Pedagógico da Companhia, bem como de uma parte
conclusiva.
Na parte introdutória da obra, o autor busca delimitar a razão de ser
do Ratio Studiorum, informando-nos que a reforma educacional promovida pelo
catolicismo romano através da Companhia de Jesus, regulamentado através
deste código normativo, tinha como finalidade a construção desde a mais tenra
idade, de um cidadão impregnado com os valores do reino e das verdades
educacionais deste tempo. Ademais, esta é a finalidade pela qual a Companhia
de Jesus foi criada, formar cidadãos, ou como o autor mesmo diz, soldados
preparados não só fisicamente, mas principalmente, cidadãos com um intelecto
muito bem formado, a fim de combater as heresias e inverdades que se
levantavam naquele período. E a forma para se alcançar este objetivo era
através da educação, assim o Ratio Studiorum é uma forma de programa e
organização escolar cuja finalidade é aparelhar e armar intelectualmente o
cidadão a fim de que este além de um bom soldado, glorifique a Deus em tudo
1 LIMA, Héber Salvador. Caminhos buscando rumos. São Paulo: Edições Loyola, 2004. Disponível em: <https://books.google.com.br/books?id=wPYAujFsjcAC&pg=PA48&lpg=PA48&dq=padre+pedro+am%C3%A9rico+maia&source=bl&ots=y6kjyoMHSM&sig=sqXwxHh5YDjH_KR6fScxBGXvr1U&hl=pt-BR&sa=X&ved=0CBwQ6AEwAGoVChMIkMPsh5P-xwIVyRaQCh38zwIO#v=onepage&q=padre%20pedro%20am%C3%A9rico%20maia&f=false> Acesso em: 17 Set. 2015
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o que fizer. Entretanto, como o autor mesmo ressalta nesta parte introdutória, o
ensino ministrado pela Companhia de Jesus, embora gratuito, não era para as
classes baixas da sociedade, ou seja, só a aristocracia e os não analfabetos da
época é que tinham acesso a este programa de ensino e formação.
No tópico, O Ratio Studiorum dos Jesuítas, o Pe. Pedro Maia
destaca que o Ratio não foi concebido por um só indivíduo ou um grupo, mas
que este nasceu de processos didáticos experimentados pelos mais nobres e
cultos detentores do conhecimento da época que os revestiram de um “espírito
novo”. Entretanto, o próprio autor elucida que o Ratio é na verdade um simples
conjunto de regras e prescrições práticas a serem aplicadas no ensino das
crianças e adolescentes. Após estas considerações, o Pe. Pedro Maia passa a
descrever a estrutura administrativa da Companhia de Jesus no que tange à
sua esfera educacional, o currículo educacional a ser praticado, a metodologia
de transmissão e aprendizado do conhecimento e o seu ideal, que era a
formação educacional por completo do indivíduo. Em razão deste fato, seus
professores receberam a melhor e mais completa formação a fim de que estes
estivessem prontos e habilitados para tal tarefa.
Assim como dito anteriormente, o Ratio trata de um conjunto de
regras e prescrições práticas. Neste diapasão, o tópico Organização e Plano de
Estudos da Companhia de Jesus, trata das regras que aqueles, responsáveis
pela administração das escolas e colégios deveriam seguir, ou seja, este tópico
trata das diretrizes que cada cargo dentro da hierarquia da Companhia de
Jesus possui a fim de seu objetivo fosse alcançado, que é a excelente
formação intelectual, tanto religiosa quanto secular.
Após traçar os objetivos e incumbências de cada cargo dentro desta
hierarquia educacional, o Ratio passa a elucidar O Ideal Pedagógico da
Companhia. Para a Companhia de Jesus, somente a educação seria capaz de
formar um cidadão iminentemente cristão. Para isso, os membros da
Companhia acompanhavam de perto os alunos a fim de descobrirem neles,
seus potenciais e habilidades aplicando-os de forma proveitosa no processo de
ensino-aprendizagem para que a glória de Deus, acima de tudo, pudesse ser
resplandecida na vida dos educandos. Para que este objetivo então pudesse
ser alcançado, o Ratio é mais do que um conjunto de regras a respeito do que
se deve ministrar aos alunos, mas também, o modo pelo qual o conhecimento
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será compartilhado com eles, não só no tange a uma educação moral, mas
também e principalmente, no que tange a uma educação moral.
A obra Ratio Studiorum: Método Pedagógico dos Jesuítas encerra-
se elucidando que neste processo de ensino e aprendizagem ministrado pela
Companhia de Jesus visa acima de tudo treinar a virtude e o caráter de cada
indivíduo, pois creem que se estes atributos não forem moldados e trabalhados
através da criação, o homem não poderá e não conseguirá glorificar a Deus
naquilo que fizer, por isso o Ratio carrega em si, tantos os conceitos da
teologia da santificação, quanto da salvação, tendo como objetivo não só o
material, mas principalmente o sobrenatural. Por fim, o autor destaca que para
que esse objetivo educacional fosse alcançado, três qualidades deveriam estar
presentes nos jesuítas, as quais são: a qualidade apóstolo, de “shcolar” e de
“gentleman”, ou seja, o jesuíta deveria ter uma vocação (chamado divino),
deveria ter um profundo respeito pela arte de ensinar e tratar aqueles que
estavam sob sua tutela com cortesia e respeito.
Quanto ao conteúdo da obra, podemos observar que o autor
reservou ao direito de expô-lo de modo sintético e bem objetivo, não gastando-
se muito nas definições dos termos, bem como não delongando-se por demais
na apresentação das atribuições de cada cargo e ideais pedagógicos do Ratio
Studiorum. Embora seja uma obra de profundo valor, principalmente para a
ordem Jesuítica, bem como de um tratado de inúmeras regras, o autor não se
valeu de um vocabulário rebuscado para transmitir sua mensagem. Por isso, a
obra torna-se acessível a grande parte do público que deseja conhecer um
pouco mais do método jesuítico de ensino. Ademais, obra tratou-se também de
uma grande surpresa, pois até então, possuía uma imagem muito negativa
quanto ao método educacional jesuítico. Entretanto, ainda nos reservamos de
maiores elogios, pois este foi o primeiro e único contato que tivemos com
qualquer material da ordem jesuítica.
Recomendamos esta obra a todos que desejam enveredar-se pelo
mundo da educação, seja ela em suas igrejas, seja em escolas, colégios e ou
faculdades. Por isso, sugerimos o estudo desta obra não somente por de
pastores e quaisquer outros membros da igreja que trabalham com a sua parte
educacional, mas também para aqueles que fora dos arraiais da igreja,
esmeram-se no processo de ensino-aprendizagem.
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