renergy #13

84
NESTA EDIÇÃO ::: Maior poluidora do mundo, a China também é a que mais investe em fontes limpas O futuro da transmissão de energia nas smart grids Entrevista com Charles Tang ano 2 > # 13 > 2012 > www.renergybrasil.com.br 9 772178 573006 13 ISSN 2178-5732 A energia do dragão

Upload: renergy-brasil

Post on 28-Mar-2016

227 views

Category:

Documents


7 download

DESCRIPTION

Revista do setor de energias

TRANSCRIPT

Page 1: Renergy #13

N E S TA E D I Ç Ã O : : : M a i o r p o l u i d o r a d o m u n d o, a C h i n a t a m b é m

é a q u e m a i s i nve s t e e m fo n t e s l i m p a s O f u t u ro d a t ra n s m i s s ã o

d e e n e r g i a n a s s m a r t g r i d s E n t r e v i s t a c o m C h a r l e s T a n g

a no 2 > # 1 3 > 2 0 1 2 > w w w. re ne rg y b ra s i l .co m .b r

977

2178

5730

06

13

ISS

N 2

178-

5732

A energia do dragão

Page 2: Renergy #13

Av. Senador Virgílio Távora, 1701 - sala 808 - AldeotaFortaleza - CE - Brasil - CEP: 60170-251

Fone: + 55 85 3033.4450 | 3033.4455 - E-mail: [email protected]

11 • 12 • 13 | MAR • 2013Centro de Eventos • Fortaleza • Ceará • BrasilEvent Center • Fortaleza • Ceará • Brazil

O maior ever ever nto de energias rerer nováováov veis da América LatinaThe biggest renewable energy ergy ergy vent in Latin America

ExposiçãoExhibition

Visitas TécnicasTechnical Visits

Salão de Inovação TecnológicaTechnological Innovation Hall

ConferênciaConferences

www.allaboutenergy.com.brPatrocínio Host/Sponsorship Host

Patrocínio Kilowatt/Sponsorship KilowattPatrocínio Gigawatt/Sponsorship Gigawatt

Organização/OrganizationApoio Institucional/Institutional Support

Parceiros de Mídia/Media Partners

Patrocínio Megawatt/Sponsorship Megawatt Logística Internaional/International Logistics Seguradora Oficial/Official Insurer

50anos

AGEN

CIA

GA

S.CO

M

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

anuncio_allaboutenergy_Renergy_jmar_2013.pdf 1 01/03/2013 19:56:03

Page 3: Renergy #13

Av. Senador Virgílio Távora, 1701 - sala 808 - AldeotaFortaleza - CE - Brasil - CEP: 60170-251

Fone: + 55 85 3033.4450 | 3033.4455 - E-mail: [email protected]

11 • 12 • 13 | MAR • 2013Centro de Eventos • Fortaleza • Ceará • BrasilEvent Center • Fortaleza • Ceará • Brazil

ExposiçãoExhibition

Visitas TécnicasTechnical Visits

Salão de Inovação TecnológicaTechnological Innovation Hall

ConferênciaConferences

Faça sua inscriçãoatrarar vésvésv doés doés si do si do te.

WriWriW te a te a t registregistr registregist ationrationrththt roror ugugu h th th t e wewew bsibsib tetet .e.e

www.allaboutenergy.com.brPatrocínio Host/Sponsorship Host

Patrocínio Kilowatt/Sponsorship KilowattPatrocínio Gigawatt/Sponsorship Gigawatt

Organização/OrganizationApoio Institucional/Institutional Support

Parceiros de Mídia/Media Partners

Patrocínio Megawatt/Sponsorship Megawatt Logística Internaional/International Logistics Seguradora Oficial/Official Insurer

50anos

AGEN

CIA

GA

S.CO

M

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

anuncio_allaboutenergy_Renergy_jmar_2013.pdf 1 01/03/2013 19:56:03

Page 4: Renergy #13

índiceA relação direta do homem com o meio ambiente

Entrevistas, eficiência energética e energias alternativas e renováveis

Ações que colaboram com o desenvolvimento sustentável

Eco

Energia

Sustentável

Como navegar pelo conteúdoLocalize os temas do seu interesse através dos ícones abaixo relacionados:

O presidente da Câmara Brasil-China afi rma que o Brasil tem potencial para ser um dos grandes parceiros mundiais dos chineses na área de energias renováveis

50

CHARLES TANG

“entrevista

Page 5: Renergy #13

28

32

66Veja como dar o destino correto para o alumínio 76

Cuidados com os resíduos sólidos não orgânicos na tubulação de esgoto 78

Eventos, sites, campanhas ligados a energias renováveis e sustentabilidade 80

Baião Ilustrado inspira-se na seção “O Último Apaga a Luz” 82

Fossas verdes são alternativa para preservar os lençois freáticos 12

Edifícios de Londres terão jardins plantados nos terraços e nas paredes 16

Unesco nomeou 2013 como o Ano Internacional de Cooperação pela Água 18

Aquecimento global: medidas realistas e urgentes podem ser mais eficazes que metas de longo prazo 20

O economista Pavan Sukhdev defende a busca por uma economia sustentável como medida necessária para a sobrevivência dos mercados

China investe pesado para substituir sua matriz energética, hoje fortemente baseada em carvão, por fontes limpas e renováveis

Empresas e governos estudam as smart grids como alternativa para obter melhor rendimento dos sistemas elétricos e reduzir perdas

Aparelho desenvolvido por empresa de Portugal promete economia de até 25% no consumo elétrico 58

Governo francês lança plano para poupar energia em estabelecimentos comerciais 60

Empresa biotecnologia e Embrapa querem o pinhão manso como fonte de energia para veículos e aviões 62

Construtora japonesa desenvolveu técnica de demolição que polui menos e ainda gera energia 64

Page 6: Renergy #13

{ 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

editorial

Caminhando célere para se tornar a maior economia do planeta, a China baseou boa parte de seu impressionante crescimento na energia movida a carvão, uma fonte barata, mas que emite grande quantidade de partículas durante seu uso. Como resultado, o país enfrenta níveis alarmantes de po-luição principalmente em seus grandes centros urbanos. Mas a boa notícia, que abordamos nesta edição, é que está investindo em fontes renováveis para limpar sua matriz energética.

Como tudo o que refere à China, o esforço para aumentar a participa-ção das fontes limpas é gigantesco. O país, hoje, já é o primeiro do mundo em capacidade instalada de energia eólica: são mais de 60 GW. Segundo o presidente da Câmara Brasil-China, Charles Tang, que entrevistamos nesta edição, o estímulo à energia fotovoltaica do governo chinês foi tão grande que hoje já existe um excesso de fábricas de painéis. As empresas buscam,

agora, novas fronteiras para expandir sua produção e o mercado brasileiro é um focos dos asiáticos.

Também abordamos ou-tro tema de interesse para o mercado energético, não só do Brasil como de todo o mundo: o conceito de smart grids, que começa a ser estu-dado com mais atenção por governos e empresas. Elas permitem melhorar a efici-ência energética, reduzindo

perdas e racionalizando o uso – medidas cada vez mais importantes em um planeta que convive com o dilema de garantir o crescimento do consumo de eletricidade, para dar mais conforto aos seus habitantes, sem que isso represente um impacto ainda maior sobre o meio ambiente.

Empresas brasileiras de distribuição de energia estão avaliando, através de projetos pilotos, experiências de smart grids. Redução de perdas, inte-ração com os consumidores, modernização da infra-estrutura e prevenção contra panes estão entre os benefícios que as chamadas redes inteligentes podem trazer. Em 2013 e no próximo ano, muitas já devem começar a apre-sentar os primeiros resultados. São dados importantes a serem acompanha-dos. A rede elétrica do Brasil, frequentemente posta em cheque por causa dos riscos de apagões, precisa de modernização. E as smart grids podem ser uma boa oportunidade para isso.

Mais fontes limpas

expedienteDIREÇÃO GERALJoana [email protected]ÇÃOSilvio Mauro [email protected]ÇÃOSilvio Mauro [email protected] GRÁFICOGil DicelliEDITORAÇÃO ELETRÔNICAGerardo Jú[email protected]ÃOSilvio Mauro MonteiroCONSULTA TÉCNICAGustavo RodriguesIvonice CamposCOLABORARAM NESTA EDIÇÃOThyago/Assis/Wendel/Sandes e Julião - baião Ilustrado (ilustração)DEPARTAMENTO COMERCIALMeiry Benevides(85) 3033 [email protected] E ESTRATÉGIAFelipe [email protected]ÃOGráfica Santa MartaTIRAGEM10 mil exemplaresRENERGY BRASIL EDITORA Ltda.Av. Senador Virgílio Távora, 1701sala 808 - AldeotaCEP 60170-251 Fortaleza CE Brasilwww.renergybrasil.com.brJORNALISTA RESPONSÁVELSilvio Mauro MonteiroMtb 01448JPCAPAAgência Gáswww.sooma.agOs artigos assinados são de responsabilidade de seus autores e não refletem, necessaria-mente, a opinião da revista.É proibida a reprodução total ou parcial de textos, fotos ou ilustrações, por qualquer meio, sem a prévia autorização.

A China hoje, já é o primeiro do mun-do em capacidade instalada de energia eólica: são mais de 60 GW

Page 7: Renergy #13

Para mais informações, consulte seu corretor de seguros ou acesse www.rsaseguros.com.br

A RSA SEGUROS MANTÉM VOCÊ E SEUS NEGÓCIOS EM MOVIMENTO.

NOVOS VENTOS PARA OS SEUS NEGÓCIOS.SOLUÇÕES INOVADORAS E PIONEIRAS EM SEGUROS PARA ENERGIA RENOVÁVEL.

Há mais de 30 anos, a RSA Seguros é líder em seguros para Energia Renovável. Com três séculos de tradição, a companhia conta com presença global e uma equipe altamente especializada para gerenciamento de riscos desde o planejamento até a operação fi nal do projeto.

RS-0005-12 - Anuncio Brasil Energia2.indd 1 16/01/12 12:29

Page 8: Renergy #13

{ 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

educar

Brincadeira sériaJogo desenvolvido para ambiente corporativo tem como meta promover a reflexão sobre os impactos ambientais das atividades das empresas sobre o seu entorno e a necessidade de preservar o meio ambiente nas cidades

Page 9: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 9 }

AFundação Espaço Eco (FEE), mantida pela indús-

tria química alemã Basf, criou um jogo de educação corporativa que tem o objetivo de fazer com que cada participante entenda, de forma prática, conceitos como sustentabilidade e ecoeficiência. Batizada de “Cidades Sustentáveis - O Jogo da Socioecoeficiência”, a ferramenta é composta por um tabuleiro para até seis pessoas e propõe que o grupo cumpra a missão de recuperar cidades aban-donadas para que elas se tornem novamente habitáveis, seguindo um modelo ecoeficiente. Para isso, são apresentadas algumas di-ficuldades aos jogadores, que pre-cisam fazer escolhas baseadas em sustentabilidade.

De acordo com a fundação, o principal objetivo do jogo é apre-sentar o conceito de ecoeficiência (cujo fundamento é uma pro-dução mais limpa obtida através otimização de processos, melhor utilização de matéria-prima e menor geração de resíduos) para diversos públicos, principalmente o corporativo. Além disso, a ferra-menta pretende ajudar as empre-sas a aprimorar seus modelos de gestão. “Queremos que os partici-pantes reflitam sobre seu cotidia-no e como suas decisões podem

ser mais conscientes. Isso pode ser aplicado tanto no ambiente de negócio como no dia-a-dia, por meio da busca por produtos mais sustentáveis, por exemplo”, expli-ca Fernando Feitoza, gerente de Educação para a Sustentabilidade da FEE.

O jogo, que tem seis etapas, começa com uma carta convo-catória para formar a equipe que trabalhará para recuperar a cidade escolhida. Em seguida, um vídeo apresenta o desafio da missão. Um facilitador conduz a com-petição explicando as tarefas a serem cumpridas para recuperar a cidade de maneira sustentável. Na quinta etapa, as decisões são analisadas e resultam em índices ecoeficiência. Quanto maior for esse índice, maior também será a longevidade da cidade.

Para saber se as metas estipu-ladas no jogo foram atingidas, a sustentabilidade é analisada com parâmetros baseados no Seebalan-ce, um método desenvolvido pela Basf. Ele considera a sustentabili-dade como um conceito que en-volve meio ambiente, economia e sociedade e permite a avaliação não só do impacto ambiental e dos custos do processo produtivo, mas também dos impactos na so-ciedade.

A FEE informa que a ferramen-ta está disponível para aplicação no mercado brasileiro. O jogo tem duração média de duas horas e, além de um tabuleiro, é compos-to por dados, cartas convocatórias em diversas cores, dossiês de cada cidade abandonada e folhetos que trazem informações para as toma-das de decisão pautadas em aspec-tos ambientais, sociais e econômi-cos. De acordo com a fundação, estima-se que hoje existam mais de seis mil cidades abandonadas em todo o mundo. Algumas delas fazem parte do jogo com plantas fictícias. Entre elas estão Hashima (Japão), Balestrino (Itália) e São João Marcos (Brasil).

Para quem se interessou em levar o jogo para sua empresa, o preço, segundo a FEE, irá variar de acordo com o pedido, consideran-do fatores como total de unidades solicitadas e objetivos do seu uso dentro do ambiente corporativo. Mais informações podem ser ob-tidas pelo e-mail [email protected] ou através do telefone (11) 2349-3003.

Para sabermais sobre

www.espacoeco.org.br

Page 10: Renergy #13

{ 1 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

pesquisar

A ciência imita a vida

Pesquisadores desenvolveram um processo que garante 55% a mais de brilho para os LEDs. A descoberta pode garantir lâmpadas que gastam ainda menos energia que as atuais

Page 11: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 1 1 }

Estudando o mecanismo biológico que regula a luz

intermitente dos vagalumes, pes-quisadores da Bélgica, França e Canadá conseguiram desenvolver um tipo de LED uma vez e meia mais eficiente que o tradicional. Os cientistas identificaram parti-cularidades na estrutura de emis-são de luz do inseto, observaram que ele aumentava o brilho dessa luz e aplicaram o conhecimento ao design do LED para criar uma camada exterior que imita a for-ma da cobertura do abdômen do vagalume. De acordo com a equipe, essa camada exterior, que aumentou a emissão de luz em aproximadamente 55%, pode ser adaptada para projetos de diodo já existentes e ajudar na obtenção de equipamentos de iluminação que usam ainda menos energia que os LEDs comuns.

Os vagalumes conseguem emitir luz através de uma reação química que ocorre em células especializadas chamadas fotóci-tos. Ela é refletida por meio de uma parte do exoesqueleto do inseto denominada cutícula. A luz viaja através da cutícula mais lentamente do que se desloca através do ar e, por causa dessa

diferença, parte da luminosidade é refletida de volta para a lanterna, diminuindo o brilho. A geometria da superfície da cutícula de alguns vaga-lumes, no entanto, ajuda a minimizar as reflexões internas, fazendo com que escape mais luz. Usando microscópios eletrônicos de varredura, os cientistas con-seguiram descrever as estruturas complexas da cutícula e, a partir disso, mostrar como elas pode-riam ser reproduzidas artificial-mente para melhorar o desempe-nho das lâmpadas de LED. Annick Bay, uma das participantes do estudo, explica que as estruturas da cutícula são como o telhado de uma fábrica, com inclinações, e notaram que esse formato ajuda a liberação da luz. Ela lembra que no início do estudo, no entanto, a equipe achava que essa eficiência, percebida em uma estrutura mi-croscópica, não iria ter o mesmo comportamento em escala maior. “Surpreendentemente, no final, constatamos que ela funcionava ainda melhor com medidas mais elevadas”.

O princípio da pesquisa é sim-ples: como os LEDs apresentam o mesmo problema de reflexão que os mecanismos dos vagalumes,

com parte da luminosidade re-fletida de volta, os pesquisadores pensaram em um revestimento imitando a estrutura da cutícula, para aumentar o brilho das lâm-padas. Annick afirma que o me-lhor da nova técnica é que ela é um processo fácil de implementar e não é preciso modificar o pro-cesso de fabricação dos LEDs já existentes. “Com apenas alguns passos adicionais nós podemos revestir um LED convencional”, diz. Os pesquisadores estimam que como as modificações têm implantação viável dentro dos pa-drões atuais de produção de LEDs, será possível aplicar as melhorias em poucos anos.

As espécies de vagalumes que serviram de referência para o novo revestimento de LEDs são do gê-nero Photuris, que é comumente encontrado na América Latina e nos Estados Unidos. Annick Bay lembra que ela e seus colegas vão continuar a explorar a grande di-versidade da natureza, em busca de novas fontes de conhecimento e inspiração. “Os vagalumes Pho-turis são emissores de luz muito eficazes, mas estou certa de que há outras espécies ainda melhores. Este trabalho não acabou aqui”.

© F

erna

ndo

Gre

gory

| D

ream

stim

e.co

m

Page 12: Renergy #13

{ 1 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

água

Desde o dia em que teve opor-tunidade de conhecer, em

uma aula da faculdade, os bene-fícios do canteiro bio-séptico por evapotranspiração, alternativa ambientalmente sustentável para as fossas tradicionais em regiões que não têm cobertura de esgoto, o biólogo Lucas Oliveira resolveu construir o sistema na sua casa. Segundo ele, uma das coisas que mais chamou a atenção foi a sim-plicidade do método, que além de não poluir o solo, ainda permite criar um pequeno jardim alimen-tado e irrigado pela água usada pe-los moradores da residência.

O professor que apresentou o projeto da fossa ecológica, Jeo-

vah Meireles, é o coordenador científi co do projeto De Olho na Água (www.deolhonaagua.org.br), mantido pela ONG Fundação Brasil Cidadão. Além de implan-tar os canteiros bio-sépticos em comunidades do Ceará, a iniciati-va tem um site com informações que incluem um passo-a-passo para quem quiser construir seu próprio sistema. “Eu fi z pelo site. Parecia simples e foi, mesmo. Le-vou uma semana para fi car pron-ta”, lembra Lucas.

Maria Leinad, diretora execu-tiva do projeto De olho na água, informa que a ação já construiu, com fi nanciamento do Programa Petrobras Ambiental, construir

no Ceará 425 e 442 cisternas da captação de água pluvial – ela explica que as iniciativas são im-portantes para, ao mesmo tempo, evitar a poluição e o uso intensivo dos lençóis freáticos, principal-mente considerando o histórico de escassez de água no estado. O projeto benefi ciou três comunida-des do entorno do município de Icapuí: as praias da Requenguela, que tem mangue com um ecossis-tema delicado que precisa da pre-servação da água doce, Barrinha, que possui um banco de algas ma-rinhas, e Ponta Grossa, cujo lençol freático está quase esgotado.

Para quem ainda tem dúvida dos benefícios de uma fossa eco-lógica em casa, Lucas informa que a sua, já em uso há cerca de três anos, nunca deu problema, não exala qualquer odor desagradável e serve para manter algumas plan-tas como bananeiras e helicônias – estas últimas, decorativas. “Tem de ser vegetais com grandes fo-lhas, para facilitar a evaporação da água, e raízes pouco profundas”, explica o biólogo.

Imagens: pode ser as ilustra-ções que mandei junto, dando destaque para as imagens da fossa em si, com os componentes, ma-teriais e dimensões

O canteiro bio-séptico por evapotranspiração, que também pode ser chamado de fossa verde, é uma alternativa para proteger os lençóis freáticos e gerar adubo para um pequeno jardim

Simples e barato

Solo/composto

Suspiro(2m acimado solo)

Material âncora(ex. busca de coco)

Material poroso(ex. entulho)

Piramidede tijolosfurados

1,5 m

1 m

A vala é escavada e impermeabilizadacom alvenaria sobre um contra-pisode aproximadamente 5 cm.

Use compostoe plante bananeiras

e outras plantas quegostam de muita água.

Page 13: Renergy #13

Nem todas as graxas são iguais. Para dizer a verdade, as nossas graxas são mais inteligentes desde o começo, com uma formulação criada para garantir um desempenho completo e bem equilibrado, mesmo sob as duras condições que o seu equipamento enfrenta hoje em dia. Além disso, nossas graxas de alta tecnologia apresentam uma liberação controlada de óleo e aditivos. Elas sabem o momento certo para esta liberação, lubrificando para uma proteção mais duradoura. Elas aderem melhor, ficando exatamente onde são necessárias, e são mais fáceis de se usar, reduzindo os custos de manutenção e de reposição. Isto tudo se traduz em uma maior produtividade. Saiba mais sobre nossas graxas de engenharia avançada, criadas para uma produtividade também avançada, em mobilindustrial.com.

Se você está pensando em produtividade, mude para uma graxa inteligente.

TM Todas as marcas utilizadas neste material são marcas ou marcas registradas da Exxon Mobil Corporation ou uma de suas subsidiárias, utilizadas por Cosan Lubrificantes e Especialidades S.A., ou uma de suas subsidiárias, sob licença.© 2012 Exxon Mobil Corporation.

ESSO_0053_PG022_AN_MOBIL_GREASE_YELLOW_192x25.indd 1 11/13/12 11:11 AM

Page 14: Renergy #13

{ 14 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

planejar

Apequena Ann Arbor, cida-de universitária com pouco

mais 110 mil habitantes no esta-do de Michigan, nos Estados Uni-dos, decidiu dar sua contribuição para o meio ambiente e proteger o bem-estar dos seus cidadãos através de um planejamento sus-tentável. Para isso, foi elaborado um conjunto de metas a serem cumpridas no futuro próximo. Elas envolvem ações como redu-zir, nas atividades dos órgãos mu-nicipais, em até 50% a emissão de gases causadores do efeito-estufa e fazer com que pelo menos 30% da energia usada por esses órgãos venha de fontes renováveis.

Uma das medidas mais im-portantes foi estimular o uso da energia solar. Para isso, a ad-ministração da cidade se com-prometeu com um processo de implementação da fonte reno-vável simplificando o acesso aos equipamentos, fazendo as mu-danças necessárias na legislação municipal, integrando a geração fotovoltaica na infraestrutura já instalada e estimulando a criação de empregos e serviços ligados a energia solar.

Um fórum de discussão com-posto por moradores, professores

da Universidade de Michigan e representantes de organizações comunitárias foi criado para discutir conceitos de sustentabi-lidade e destacar os esforços de passado, presente e futuro para garantir as metas. Os resultados das discussões servem como refe-rências para o planejamento e as mudanças do espaço urbano. As reuniões são mensais. E contri-buições também podem ser feitas por e-mail a qualquer momento.

No plano habitacional, todas as novas unidades para as famí-lias de renda média ou baixa, seja para aquisição ou aluguel, devem ter equipamentos para garantir o uso eficiente de energia. Tam-bém foi estabelecido que as mo-radias já em uso deverão passar por reformas para garantir o mes-mo benefício. E um programa de incentivo foi criado para o uso da energia solar no aquecimento de água. A meta é instalar cinco mil aquecedores nos telhados das re-sidências até 2015.

A qualidade de vida da popu-lação também recebeu atenção do plano de sustentabilidade. Entre as medidas previstas estão fornecer serviços que atendam as necessidades básicas dos mora-

dores mais pobres, oferecer opor-tunidades culturais, recreativas e educacionais para todos os mem-bros da comunidade e desenvol-ver a economia local para criar empregos, reter e atrair talentos

Plano de longo prazoApesar da pequena população, a cidade americana de Ann Arbor já definiu um planejamento sustentável que procura preparar o município até para a demanda de água em 2050

Page 15: Renergy #13

e oferecer incentivos para quem investir na cidade. E apesar dos Estados Unidos serem conheci-dos como o país dos automóveis, o plano de Ann Arbor propõe o incentivo a vias seguras, confor-

táveis e eficientes para pedestres, ciclistas e usuários de transporte coletivo.

Segundo o último levanta-mento realizado pela cidade, já foram contatados mais de 20 representantes de outras cidades em busca de idéias e soluções e 200 metas foram estabelecidas em quatro áreas de planejamen-to (clima e energia, comunidade, uso e ocupação de solo e gestão de recursos). Também foi criado um comitê de sustentabilidade com representantes nas áreas de energia, ambiental, e assessoria para parques.

Para esse último tópico, inclu-sive, a cidade definiu muitas prio-ridades. Entre elas estão garantir recursos para a manutenção dos espaços verdes coletivos, assegu-rar a participação dos morado-res no processo de tomadas de decisões em relação a parques e áreas de recreação (incluindo o planejamento, aquisição e de-senvolvimento), fornecer um sistema eficiente de lazer público e acessível a todos e assegurar es-paço adequado para esses locais, de acordo com a necessidade da população.

Por fim, no campo de gestão

dos recursos hídricos, o plano propõe reduzir a demanda por meio do melhor aproveitamen-to da água, traçar uma estraté-gia para preparar a cidade para atender o consumo projetado até 2050 e melhorar a qualidade da água potável. E o rio Huron, clas-sificado pelo grupo de sustenta-bilidade como o recurso natural mais importante do município, também ganhou uma série de medidas para garantir seu ecos-sistema.

Entre as medidas estão o apoio e a melhoria das opções de lazer ligadas ao rio, o aproveitamento de outras alternativas para valo-rizá-lo, como restaurantes, equi-pamentos culturais e de geração de energia, proteger as áreas de várzea e os demais córregos que compõem sua bacia hidrográfica, minimizar o escoamento de águas pluviais, combater o assoreamen-to e identificar e proteger a mata nativa remanescente.

Para sabermais sobre

www.a2gov.org/sustainability/

Page 16: Renergy #13

{ 16 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

plantar

Um projeto piloto de uso de telhados verdes está em

andamento em Londres, capital da Inglaterra, para avaliar se eles podem reduzir as despesas de energia dos prédios onde estão instalados. Iniciado em dezembro último e com previsão de seis me-ses de duração, ele foi resultado de uma parceria entre o Greater London Authority, órgão admi-nistrativo do município, e da In-midtown, associação que repre-senta 570 empresas comerciais.

Com um investimento de 35 mil libras, foi feito o plantio de frutas e legumes nos telhados de quatro prédios de escritórios. Foi utilizado um sistema modular de vegetação, em que as plantas estão envoltas em um recipiente de material reciclado. Esse siste-ma, segundo os responsáveis pelo projeto, protege as plantas e faci-lita a irrigação e o transporte. Os vegetais cultivados nos telhados serão usados nos refeitórios das empresas e todos os resíduos de alimentos irão virar adubo para uso nas hortas. Além disso, cada telhado terá colméias para ajudar a polinizar as plantas.

A expectativa é obter uma eco-nomia entre três e 10% em custos

de aquecimento e ventilação. Se for bem sucedido, o modelo po-derá ser estendido a centenas de outros blocos de escritórios na

capital inglesa. Segundo a Inmi-dtown, a implantação de telhados verdes em todos os edifícios dos seus associados poderia econo-

Tetos verdesIniciativa em Londres está avaliando os benefí cios de jardins plantados no terraço de quatro edifí cios comerciais. A experiência, se for bem sucedida, pode se estender para outros imóveis da área central da cidade

Page 17: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 17 }

mizar cerca de 160 milhões de libras em custos de energia, além de melhorar a qualidade do ar e da biodiversidade na área central de Londres.

O apoio à iniciativa da Inmi-dtown faz parte de uma política da Greater London Authority, que está trabalhando para divul-gar os benefícios dos telhados e paredes verdes em todos os bairros de Londres. Segundo o órgão, eles não são bons apenas para o meio ambiente. Também podem melhorar a qualidade de vida da população em uma ci-dade que continua crescendo e vendo sua densidade demográfi -

ca aumentar. Outro motivador para o incen-

tivo aos telhados e paredes vivos é que eles podem ajudar a atingir a meta da prefeitura de aumentar a cobertura verde no centro de Londres em 5% até 2030. “Eles podem melhorar a capacidade de resistência de Londres aos im-pactos das mudanças climáticas através da redução da quantidade e da velocidade da água da chuva e ajudando a manter os edifícios e seu entorno mais frios durante os períodos de calor que estão cada vez mais freqüentes. E tam-bém oferecem espaços verdes ao ar livre, aumentando a beleza da

cidade”, explica o órgão.Para os cidadãos interessados

em colocar telhados ou paredes verdes em seus imóveis, a Grea-ter London Authority produziu um guia. Também foi elaborado um relatório com experiências já realizadas em alguns locais públi-cos, como estações de transportes coletivos e uma garagem. Por fi m, quem se interessa mais pelo tema é direcionado para o site do The Green Roof Centre (www.thegre-enroofcentre.co.uk) fundado pela Universidade de Sheffi eld. A en-tidade opera em todo o país divul-gando os benefícios dos telhados verdes.

A Alubar estápresente na construção dos maiores desafios.

MAIS QUE ENERGIA, CONDUZIMOS FUTURO.

• Cabos de Alumínio CA

• Cabos de Alumínio com Alma de Aço CAA

• Cabos de Liga de Alumínio CAL, ACAR e CALA

• Cabos Termorresistentes T-CAA

• Cabos de Alumínio cobertos de 15 kV, 25 kV e 35 kV

• Cabos Multiplexados XLPE/PE 0,6 - 1kV

Grupo Alubar - Zona Portuária de Barcarena - Pará • Brasil • Fone: (91) 3754.7156 • Fax: (91) 3754.7154 • [email protected]

ALUBAR ENERGIASoluções em Energia

A Alubar estápresente na construção dos maiores desafios.

Foto

: Galb

a San

dras

.

Page 18: Renergy #13

{ 1 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

cooperação pela água

Recurso vitalUnesco nomeou 2013 como o Ano Internacional de Cooperação pela Água. De acordo com a agência, 145 países compartilham pelo menos uma bacia hidrográfica com outra nação

Segundo a Organização das Nações Unidas para a Educa-

ção, Ciência e Cultura (Unesco), um estudo publicado em 2010 na revista científica Nature chamou a atenção para a relação entre o uso não sustentável de rios e as conseqüências danosas para a hu-manidade. Uma das conclusões da pesquisa foi o fato de que os impactos de ações como barra-gens, poluição, resíduos agrícolas e introdução de espécies exóticas têm levado a uma situação em que cerca de 80% da população mun-dial vive em áreas próximas de cursos d´água fortemente ame-açados. Grande parte do mundo industrializado, de acordo com a agência da ONU, enfrenta uma queda enorme na biodiversidade por causa da diminuição da quali-dade e da disponibilidade da água.

Outra pesquisa realizada pelo Programa de Meio Ambiente das Nações Unidas e o Centro WorldFish (organização sem fins lucrativos de segurança alimen-tar) demonstrou como a pesca de água doce é importante para garantir a alimentação de dezenas de milhões de pessoas. Em algu-mas regiões, ela é fonte primária de proteínas e outros nutrientes essenciais para a população. No entanto, as alterações climáticas e outras intervenções estão gerando

© L

im S

eng

Kui |

Dre

amst

ime.

com

Page 19: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 19 }

rápidas mudanças ambientaisnos sistemas de água doce do

mundo, e elas estão afetando a pro-dução de peixes de água doce.

Esses alarmes silenciosos leva-ram a Unesco a eleger 2013 como o Ano Internacional de Cooperação pela Água. A agência enfatiza “a im-portância da cooperação para o ma-nejo de recursos hídricos limitados em um mundo em que a demanda está em rápido crescimento”: 145 pa-íses do planeta compartilham uma grande bacia hidrográfica com pelo menos mais uma nação. Lançada oficialmente no dia 11 de feverei-ro, a iniciativa tem como objetivo conscientizar a população mundial sobre os múltiplos aspectos envol-vidos com a cooperação da água, como desenvolvimento sustentável e econômico, mudanças climáticas e segurança alimentar.

A programação envolve várias ati-vidades em todo o planeta. Estudan-tes de Fukushima, no Japão viajarão à França para encontrar colegas de escolas francesas e do Instituto para Educação sobre a Água, mantido pela Unesco na Holanda no Pavillon de l’eau (Pavilhão da Água), que a Pre-feitura de Paris disponibilizou para a ocasião. Eles trocarão experiências relacionadas ao tema e prepararão uma declaração da juventude sobre a cooperação pela água para ser apre-sentada aos outros participantes.

Uma exposição chamada Água no Coração da Ciência também será inaugurada na ocasião. Preparada para a celebração da Unesco, ela foi uma produção conjunta do Institut de recherche pour le développement (IRD) da França e uma das unidades do Centre de Culture Scientifique et Technique. ela será exibida ao longo de 2013 na rede de estabelecimen-tos culturais da França em todo o mundo.

Questões ligadas a cooperação também serão abordadas no Dia Mundial da Água, em 22 de março. Outros eventos que marcarão o Ano incluem a Semana Mundial da Água, em Estocolmo, na Suécia, de 1 a 6 de setembro, uma conferência sobre cooperação pela água em Dushanbe, Tajiquistão, também em setembro, e a Cúpula da Água, que ocorrerá em Budapeste, na Hungria, nos dias 10 e 11 de outubro.

A Unesco também quer aprovei-tar o ano de celebrações para divul-gar experiências positivas de coope-ração. Entre elas estão programas como o Projeto de Compartilhamen-to de Benefícios Socioeconômicos da Iniciativa da Bacia do Nilo (Nile Basin Initiative’s Socio-Economic Benefits Sharing Project), o acordo entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai pela conservação e prote-ção ambiental do Aquífero Guara-ni, o programa de manejo da bacia

do rio Mekong, envolvendo China, Laos, Mianmar e Tailândia e o trata-do entre a Moldávia e a Ucrânia para a conservação e o desenvolvimento sustentável da bacia do Dniester.

Além do Ano Internacional de Cooperação, a Assembleia Geral das Nações Unidas decidiu proclamar o período de 2005 a 2015 como a Década Internacional para Ação, “Água, fonte de vida”. Foi publicada uma resolução segundo a qual o objetivo principal da década deve ser um foco maior nas questões rela-cionadas à água em todos os níveis e na implementação de programas relacionados ao tema de para atingir as metas internacionais definidas na Agenda 21 (documento elaborado na Rio-92 que estabelece a importância de cada país no estudo de soluções para os problemas socioambientais), nos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio das Nações Unidas e no Plano de Implementação de Johannesburgo (elaborado a partir da Agenda 21 e dos acordos firma-dos pela Eco-92 para listar as novas prioridades do desenvolvimento sus-tentável).

Para sabermais sobre

http://bit.ly/156byDA

Page 20: Renergy #13

{ 2 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

Ao invés de planos de lon-go prazo para redução de

poluentes, o mundo deveria se esforçar para agir o quanto antes, mesmo com metas um pouco mais modestas. Segundo um es-tudo realizado por pesquisadores de oito instituições européias (sete inglesas e uma alemã), uma política de emissões que buscasse a redução da temperatura média em 2º C já seria suficiente para reduzir em até 65% os impactos da poluição no planeta até 2100. Além disso, os benefícios seriam estendidos por várias décadas.

O estudo toma como uma das referências a expectativa corren-te de que, se continuar o ritmo de expansão industrial e a emis-sões de poluentes, a temperatura média da Terra poderá subir até 4º C. Segundo o Banco Mundial, esse aumento traria ondas de ca-lor extremas que poderiam fazer os níveis dos oceanos subirem o suficiente para inundar cidades em países como Vietnã e Bangla-desh. Diante desse cenário, a pes-quisa destaca que medidas mais urgentes que tivessem como meta evitar o acréscimo em 2º C já seriam bastante eficientes. “Os impactos evitados até 2100 são mais fortemente influenciados

ações imediatas

A hora é agoraEstudo realizado por pesquisadores europeus mostra que medidas mais realistas e urgentes para reduzir a temperatura da Terra podem ser mais eficazes que metas mais ambiciosas

Mon

tage

m d

e G

erar

do Jú

nior

sobr

e im

agen

s da

inte

rnet

Page 21: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 2 1 }

pela data e o nível dos picos de emissões do que pela taxa de de-clínio delas”, ressalta a pesquisa.

Com as medidas para obter a redução de 2º C da temperatura média, efeitos adversos como a queda de produtividade na agri-cultura e o risco de enchentes dos rios poderiam ser reduzidos entre 40% e 65% até 2100. Além disso, o aumento do nível médio global do mar até aquele ano po-deria ser reduzido a 30 cm (caso nada seja feito, de acordo com os cientistas, esse aumento poderá ser de até 55 cm).

Nigel Arnell, diretor do Walker Institute for Climate

System Research, da University of Reading, e responsável pela pesquisa, explica que a meta mais urgente e menos ambiciosa iria trazer dar mais fôlego para o mundo se preparar. Segundo ele, a redução nas emissões de gases de efeito estufa não vai evitar os impactos da mudança no clima, mas daria tempo para projetar edifícios, sistemas de transporte

e uma agricultura mais resisten-tes às mudanças climáticas que estão por vir.

A pesquisa européia é um re-forço para a necessidade de de-fi nições mais urgentes em torno do Pacto Climático Global, acor-do que reúne 190 países e prevê metas obrigatórias de redução de emissões para todos. Ele deve ser defi nido até 2015 para entrar em vigor em 2020. Uma das princi-pais metas do pacto é evitar que a temperatura média do planeta suba em 2º C até 2100, mas mui-tos países ainda não defi niram medidas concretas para contri-buir para esse objetivo.

A íntegra do estudo, em inglês, está à venda no endereçohttp://bit.ly/StVl96

Page 22: Renergy #13

{ 2 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

financiamentos

CEF financia sustentabilidadeAtravés de parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento, instituição garantiu investimento de 100 milhões de dólares para o desenvolvimento de João Pessoa

A Caixa Econômica Federal, através de uma parceria

com o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), garan-tiu um investimento de 100 mi-lhões de dólares para João Pessoa, capital da Paraíba, que com isso tornou-se oficialmente o primei-ro município brasileiro beneficia-do com o programa Iniciativa de Cidades Emergentes e Sustentá-veis (ICES). Esse projeto, criado pelo BID para centros urbanos da América Latina, tem como um dos principais objetivos garantir um crescimento com base nos seguintes critérios: sustentabili-dade ambiental e fiscal, desen-volvimento urbano integrado e administração eficiente .

A compromisso entre as duas instituições integra um acordo de cooperação para a execução de programas e ações de desenvolvi-mento socioeconômico, firmado entre a Caixa e o BID durante a Conferência das Nações Unidas para o Desenvolvimento Susten-tável, Rio+20, em junho de 2012. O convênio prevê ações como fi-nanciamento imobiliário, acesso a crédito e previdência comple-mentar para o público de baixa renda, revitalização de centros

urbanos históricos e avaliação de riscos sócio-ambientais em temas como economia de baixo carbono, mudanças climáticas, saneamen-to, eficiência energética e mobili-dade urbana.

De acordo com o BID, o plano de ação será elaborado com base em três dimensões principais: ambiental e de mudança climá-tica, urbana (que compreende desenvolvimento integrado, mo-bilidade, desenvolvimento econô-mico e social e segurança) e fiscal e governabilidade. A metodologia permitirá a priorização de temas críticos e o desenvolvimento de soluções com participação dos cidadãos, do governo e de espe-cialistas em temas de interesse de toda a população.

As metas da ICES são amplas e estão relacionadas com pro-blemas recorrentes nas cidades sul-americanas. Envolvem temas como controle da poluição do ar e da água, gestão de resíduos sólidos, planejamento urbano, redução da desigualdade na distribuição dos serviços urbanos, eficiência dos sistemas de transportes coletivos, definição de prioridades para os investimentos públicos, controle de gastos e transparência.

Antes de João Pessoa, Goiânia, capital do estado de Goiás, havia sido escolhida para sediar um pro-jeto piloto da Plataforma Cidades Emergentes e Sustentáveis (CES). Técnicos e gestores da prefeitura local trabalharam com especialis-tas do BID no levantamento de dados e na análise das demandas da cidade, em colaboração com representantes da sociedade civil, do terceiro setor, das universida-des, da iniciativa privada e outros atores locais. A análise trouxe como resultado foi um plano de ações sustentáveis para a cidade.

A ICES deve ser implementada em quatro cidades-piloto do Brasil até o fim de 2014. Os requisitos para a escolha dos municípios a serem escolhidos se baseiam em premissas de crescimento econô-mico, população entre 200 mil e dois milhões de habitantes, e capa-cidade institucional. Na América Latina, além de Goiânia também foram feitas análises em Trujillo (Peru), Porto da Espanha (Trini-dad e Tobago), Santa Ana (El Sal-vador) e Montevidéu (Uruguai) e Goiânia (GO). A meta atual é de que 26 cidades da América Latina e Caribe sejam contempladas pela iniciativa até 2015.

Page 23: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 2 3 }

Page 24: Renergy #13

{ 2 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

QUA L I DA D E D E V I DA

cidade renovável

Exemplo para o

mundo

O crescimento econômico na Ásia tem sido obtido, muitas vezes, à custa de danos ambientais. Um grande centro urbano da Malásia quer reescrever essa história e se tornar uma referência de equilíbrio entre desenvolvimento e sustentabilidade

Page 25: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 2 5 }

AMalásia, conhecida como um dos tigres asiáticos, pa-

íses daquele continente que têm apresentado altas taxas de cresci-mento econômico e de desenvolvi-mento, quer ser destaque mundial na área de sustentabilidade. Para isso, elegeu a região de Iskandar, localizada no extremo sul do país como exemplo de planejamento urbano feito com respeito ao meio ambiente. Posicionado na área de rotas mundiais de navegação e com muitos recursos naturais, o centro urbano tem pouco mais de 2.200 km² (três vezes a área de Singapu-ra) e tem pouco mais de 1,3 milhão de habitantes. A economia é base-ada principalmente em torno da exploração de petróleo e de indús-trias de eletrônicos, logística, ali-mentação, turismo e petroquímica.

Para 2020, a expectativa é de que a população mais que dobre, sem que isso afete a proteção ao meio ambiente da cidade que tem, dentro do seu território, três im-portantes áreas alagadas com deli-cados ecossistemas. Por isso, foram defi nidas algumas metas: redução

Viena

Imag

ens:

Div

ulga

ção

Page 26: Renergy #13

{ 2 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

cidade renovável

QUA L I DA D E D E V I DA

do uso de petróleo e de carvão em favor de gás natural, biomassa, energia solar, aumento da efici-ência energética, construção de edifícios que exigem baixo consu-mo de energia e recursos naturais e produzem pouca ou nenhuma quantidade de gases causadores de efeito estufa, um sistema de trans-porte que concilie veículos públi-cos e privados de forma otimizada e planejamento urbano incluindo áreas de uso misto residenciais ou comerciais projetadas para maxi-mizar o acesso aos transportes co-letivos.

A cidade também pretende criar uma cultura de preservação ambiental na população. Entre as ações planejadas está ensinar, atra-vés da educação, as próximas ge-rações a crescerem como pessoas preocupadas em cuidar do plane-ta, aumentar a conscientização da comunidade e estimular práticas cotidianas ambientalmente res-ponsáveis . Mais de 600 iniciativas estão sendo executadas na cidade e abrangem aspectos como pla-nejamento ambiental, eficiência energética, uso do solo, habitação,

segurança, infraestrutura, educa-ção, turismo, comunicações, proje-to de estradas, transporte público, tratamento de resíduos sólidos e de águas pluviais e gestão da área litorânea.

Como parte do esforço para en-gajar a população e as empresas em torno do objetivo de tornar a me-trópole um exemplo de respeito ao meio ambiente, foi criado o Portal Sustentável Iskandar. Segundo os responsáveis pelo site, trata-se de uma plataforma para promover ações sustentáveis na comunidade. “Um esforço generalizado para ob-ter de todos o olhar para a mesma imagem: “sustentabilidade”, diz o portal.

No endereço virtual, que conta com o apoio do Iskandar Malaysia Development Authority, órgão do governo responsável pelo desen-volvimento da região, é possível en-contrar eventos, fóruns, comparti-lhamento de documentos úteis e boletim informativo sobre susten-tabilidade. Ele também ajudar a di-vulgar as ações de responsabilidade social das empresas.

Outros detalhes merecem des-

taque. A transformação de Iskan-dar em uma metrópole “amiga” do meio ambiente vem desde 2006. Além disso, o governo da Malásia instituiu o Global Science and Innovation Advisory Council (GSIAC, Conselho Global de As-sessoria em Ciência e Inovação), formado por especialistas nacio-nais e internacionais e que tem como principal objetivo apoiar o desenvolvimento sustentável do país.

O planejamento urbano da re-gião de Iskandar faz parte do pro-jeto “The Development of Low Carbon Scenarios for Asian Regions” (Desenvolvimento de Cenários de Baixo Carbono para Regiões da Ásia), que tem como meta ajudar o continente a redu-zir em 50% o nível de emissões de gases causadores de efeito estufa por unidade de produção até 2025 (tendo 2005 como ano inicial de referência). Esse projeto pretende tornar a Ásia, hoje muito conheci-da pelo problema da poluição em suas grandes metrópoles, como uma vitrine mundial de práticas ambientais.

Page 27: Renergy #13

Rua Dr. Fabrício Vampré, 277 - Vila Mariana | 04014.020 - São Paulo, SPFone: (11) 3807.8300 | Fax: (11) 3807.8400www.alfareal.com.br | [email protected]

Cada projeto demanda um programa de seguros específico. Por esse motivo, a Alfa Real oferece

soluções em seguros e gerenciamento de riscos para toda a cadeia produtiva do setor de energia.

A aliança com as principais empresas do setor financeiro e de seguros, a equipe especializada e a

experiência de 16 anos de mercado fazem da Alfa Real uma empresa de extrema confiança.

Assessoramos mais de 750MW com investimentos superiores a R$ 2,5 bilhões.

Proteja seu investimento. Contate a Alfa Real.

Sua receita ao sabor do vento.Seu investimento, não.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Page 28: Renergy #13

{ 2 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

P E R F I L

rg verde

Page 29: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 2 9 }

O economista Pavan Sukhdev defende que a busca por uma economia sustentável, além de não comprometer os lucros das empresas, é uma medida cada vez mais necessária para garantir a própria sobrevivência dos mercados

O risco do não fazer

Uma economia baseada na susten-tabilidade e no uso racional dos

recursos naturais tem potencial para alavancar o desenvolvimento e erra-dicar a pobreza em uma escala sem precedentes, com rapidez e eficácia. É o que defende o economista indiano Pavan Sukhdev. Ele é autor do relató-rio “Rumo a uma Economia Verde”, iniciativa do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnu-ma) e também foi responsável pelo estudo “A Economia dos Ecossistemas e da Biodiversidade”, encomendado pelo G8 +5 (grupo formado por Ca-nadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos mais África do Sul, Brasil, China, Índia e México).

Sukhdev faz um contraponto entre duas modalidades de economia: a “ver-de”, na qual há preocupação com meio ambiente e o bem-estar das pessoas, e a “marrom”, onde esses cuidados não são prioridade. E defende a transição, em todos os países, em direção à primeira alternativa. Para isso, sugere alguns pa-râmetros para avaliar o progresso das

mudanças. Entre os principais estão o acompanhamento dos níveis de emis-são de CO2 e do número de pessoas sem acesso a energia, as oportunida-des e o tamanho do mercado para as tecnologias limpas, a participação das energias renováveis na matriz e a taxa de reciclagem dos resíduos.

Com mais de 600 páginas, o rela-tório analisa os impactos positivos da economia verde em vários setores. Na agricultura, por exemplo, ele aponta que a atividade é uma alternativa para reduzir a pobreza e criar empregos. Na parte dedicada à indústria, o es-tudo defende que o investimento em processos de produção mais sustentá-veis pode, ao mesmo tempo, reduzir o impacto sobre o meio ambiente e aumentar a oferta de emprego sem comprometer o lucro. A análise, in-clusive, destaca que se nada for feito, é possível que a renda de todos, em-presas e governos, diminua. Em uma projeção para 2050, por exemplo, se não houver redução nos níveis de po-luentes lançados no ar, os custos com saúde da população causados apenas

Page 30: Renergy #13

{ 3 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

P E R F I L

rg verde

por esse problema podem chegar a 3% do PIB mundial.

Outro fator importante abordado pelo estudo do economista é o custo com a produção. “Os resultados das si-mulações indicam que o investimento em sustentabilidade por parte das in-dústrias ajuda a reduzir o consumo de energia, diminuindo a pressão sobre os preços dos combustíveis fósseis, que são importantes componentes dos custos de muitas empresas”, diz o documento. Além disso, o texto desta-ca que, assim como o petróleo, muitos outros recursos naturais do planeta são limitados. Sem o reaproveitamento e a diminuição do uso através de pro-cessos de produção mais modernos, a tendência é de que o preço deles suba à medida que forem escasseando.

Sobre a redução da pobreza, Sukh-dev acredita que a economia verde

é a única opção que pode resolver o problema. Ele cita casos em que solu-ções simples e de baixo custo podem ser adotadas. Um exemplo é o Banco Grameen, instituição de microcrédito que atua em Bangladesh. Ele criou uma linha de financiamento para mu-lheres em que elas adquirem painéis solares para obter energia em casa e podem vender o excedente de eletri-cidade para os vizinhos. Com a renda obtida, elas quitam a dívida. Além de melhorar a qualidade de vida das pes-soas, o sistema gera renda e evita o uso de querosene como combustível para os geradores.

No esforço conjunto em direção a uma economia verde global, o eco-nomista defende que os países têm papeis distintos, dependendo do seu nível de renda e desenvolvimento. Os mais pobres e emergentes, segundo

ele, precisam ter seu ritmo respeita-do, considerando as limitações e os objetivos viáveis a serem alcançados. Já as nações mais desenvolvidas têm um papel fundamental a desempe-nhar na criação de tecnologias e solu-ções, na consolidação de um mercado consumidor de produtos sustentáveis e da estrutura legal para regular esse mercado.

Por fim, Pavan Suhkdev reconhece que há muitos riscos e desafios ao lon-go do caminho rumo à nova economia e a iniciativa a participação de todos, incluindo líderes, sociedade civil e em-presas. “Ela exigirá um esforço con-tínuo por parte dos gestores políticos para repensar e redefinir os conceitos de prosperidade, riqueza e bem-estar. Mas o maior risco de todos é permane-cer na situação atual e não se envolver nessa transição”, alerta.

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Imag

ens:

Div

ulga

ção

Page 31: Renergy #13

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Page 32: Renergy #13

{ 3 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

UM PAÍSUM PAÍSUM PAÍScapa

E N E R G I A

{ Por Silvio Mauro

Maior poluidora do mundo, a China também é o país que mais contribui para o desenvolvimento de tecnologias ligadas a energias renováveis. Já é a principal produtora de energia eólica e tem muito potencial para ajudar a fazer um planeta movido a energias limpas

Page 33: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 3 3 }

NO SUPERLATIVOUM PAÍSUM PAÍSUM PAÍS ©

Cup

ertin

o10

| Dre

amst

ime.

com

Page 34: Renergy #13

{ 3 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

capa

Um dos destaques da edição de 29 de janeiro do Jornal

Nacional, da Rede Globo, foi a venda de latinhas com ar puro nas ruas de Pequim. A medida, longe de resolver os problemas respiratórios da população da cidade, foi mais para chamar a atenção para o grave problema de poluição ambiental que assola as grandes metrópoles da China. No dia da reportagem, o site www.aqicn.info, que fornece o grau de contaminação dos principais centros industriais do país, regis-trava níveis acima de 300 no ín-dice PM2,5 em Pequim, Shangai e Tianjin.

Esse índice é usado para par-tículas com diâmetro menor que 2.5 micrômetros. Elas têm entre as principais fontes combustão de motores, usinas de energia e cha-minés de fábricas. Para se ter idéia do que significa esse nível de po-luição, o próprio site explica que quando o índice está entre 251 e 300, a saúde das pessoas é seria-mente afetada. Quem tem proble-mas respiratórios ou de coração deve restringir suas atividades e ficar, preferencialmente, em casa.

Segunda maior economia do mundo, a China, segundo a Or-ganização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE), deve tomar a primeira posição dos Estados Unidos até 2016. A entidade também ressal-ta, no estudo “Looking to 2060: Long-term growth prospects for the world” (Olhando para 2060: expectativas de crescimento para o mundo a longo prazo), que o país, daqui a pouco menos de 50 anos, deverá responder sozinho por quase um terço do Produto Interno Bruto (PIB) do planeta.

Os indicadores de crescimento e da economia da China são conhe-cidos e impressionam o mundo inteiro: entre 2003 e 2010, a taxa média de crescimento do país fi-cou em, no mínimo, 10% ao ano. O PIB de 2012, informado no site oficial do governo, ficou em 8,28 trilhões de dólares.

Toda essa evolução veio à cus-ta de muita demanda por energia. De acordo com o governo chinês, entre 1981 e 2011 o consumo de eletricidade do país cresceu cerca de 6% ao ano. A capacidade total instalada, atualmente, é de mais de 1.140 GW. E o maior proble-ma, para o país, é que desse to-tal, aproximadamente 80% vem

de usinas de carvão, a principal fonte. Outros 16% vêm de hidre-létricas e o restante de centrais nucleares, energias renováveis como solar e eólica e outros tipos de geração menos expressivos.

De acordo com o Ministry of Environmental Protection (Minis-tério da Proteção Ambiental) chi-nês, somada à poluição das usinas de carvão do país, outro importan-te emissor de partículas é a frota de veículos. O órgão informa que o país se tornou, ao mesmo tem-po, o maior fabricante e o maior mercado do mundo. De 1980 a 2011, a frota cresceu 30 vezes, chegando a mais de 207 milhões.

Se tudo na China é gigantesco,

E N E R G I A

Page 35: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 3 5 }

inclusive os problemas ambien-tais, o esforço para mudar o qua-dro vem na mesma proporção. O país, hoje, já é o primeiro do mundo em capacidade instalada de energia eólica: são mais de 60 GW. Para efeito de comparação, a hidrelétrica de Itaipu, maior usina do Brasil, tem 14 GW de capacidade. O professor Maurício Aredes, pesquisador do Centro China-Brasil de Mudança Cli-mática e Tecnologias Inovadoras para Energia, ligado à Universi-dade Federal do Rio de Janeiro e um dos colaboradores de um es-tudo sobre a matriz energética do país asiático, lembra que esse es-forço foi obtido em tempo recor-

de. “Em 2005, eles começaram a comprar equipamentos de em-presas estrangeiras. E em 2010, já tinham desenvolvido muitas tec-nologias próprias”, afirma.

Winnie Chen, gerente co-mercial da HK Huizhan Inter-national, empresa especializada em promover os fabricantes e provedores de soluções chineses no mundo, ressalta que só nos últimos cinco anos, com a aten-ção especial que o governo do seu país tem dado para as energias renováveis, foram acrescentados à matriz energética 100 GW de capacidade em hidrelétricas, 5,8 GW em eólicas e 7 GW em so-lar. E durante a National Energy

Working Conference, evento do setor realizado no início de ja-neiro, as metas para 2013 foram anunciadas: mais 2,1 GW em hi-drelétricas, 1,8 GW de eólicas e 1 GW de eletricidade fotovoltaica. Um detalhe interessante é que a capacidade instalada eólica em apenas um ano, na China, equiva-le à soma de todos os parques em operação no Brasil.

Mirando o crescimento do mercado de energias renováveis dentro e fora do seu território, a China promete ser um dos prin-cipais responsáveis pelo acesso cada vez maior a tecnologias de

geração de eletricidade a partir de fontes limpas. “Nos últimos anos, temos negociado principal-mente com os Estados Unidos e países da Europa. Mas as empre-sas estão investindo cada vez mais nos mercados emergentes, como América Latina, África e Oriente Médio. E nosso foco será a ener-gia solar”, informa Winnie. Uma boa chance para o Brasil, que está conseguindo consolidar sua in-dústria eólica, e pode aproveitar a parceria para acrescentar mais uma fonte não poluente à matriz energética.

Em 2005, eles come-çaram a comprar equipamentos de empresas estrangeiras. E em 2010, já tinham desenvolvido muitas tecnologias próprias

© C

uper

tino1

0 | D

ream

stim

e.co

m

Page 36: Renergy #13

{ 3 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

capa

E N E R G I A

Das visitas que fez à China, o professor Maurício Aredes, pes-quisador do Centro China-Brasil de Mudança Climática e Tecno-logias Inovadoras para Energia, conta que uma das coisas que chamou sua atenção foi o pensa-mento corrente, estampado até em tapumes de construção que ele via nas ruas: “não queremos ser os segundos colocados em nada”Com enorme extensão ter-ritorial, muitos recursos naturais e graves deficiências de infra-estrutura, o Brasil teria muito a aprender com a China? Para o professor, a resposta é sim. Prin-cipalmente no que se refere a simplificação, eliminando a bu-rocracia. “O segredo chinês para aplicar no Brasil é acreditar na capacidade das pessoas. Aqui, vo-cê tem de provar que não é mau gestor. O chinês define as priori-dades, arrisca e tem metas ambi-ciosas”, diz ele.

Um exemplo do pragmatismo e da objetividade dos chineses na busca por seus objetivos foi uma medida tomada pelo governo em 2010. No esforço para facilitar o acesso a tecnologias modernas de energia eólica, ele eliminou uma exigência, existente na legislação, de que pelo menos 70% dos com-ponentes das turbinas fossem na-cionais. O fim da reserva de mer-cado, um procedimento que não é visto com bons olhos no Brasil, funcionou no país asiático.

“Para ficar na crista da onda, não temos de começar do co-meço. Temos de fazer o que eles fizeram: compraram tecnologia, estudaram”, acredita Maurício.

Segundo ele, essa política de abertura do mercado deu resulta-dos práticos. “Na indústria eólica mundial, dos 10 maiores fabri-cantes, quatro são empresas da China. Hoje, só a Westas, que é dinamarquesa, ganha dos chine-ses em fábricas de aerogeradores”, ressalta o professor.

Uma das principais medidas tomadas pelo governo chinês para garantir o desenvolvimen-to do país é o planejamento. São elaborados planos qüinqüenais (o último compreende o período 2011-2015) onde todas as metas são contempladas, por setor. Da-vid Rodrigues, diretor comercial da cearense Makro Engenharia, que viaja regularmente para a China (a empresa compra guin-dastes daquele país), destaca que essa política, na sua avaliação, é um dos motivos do sucesso do país asiático.

“Uma das coisas que admiro é o planejamento feito pelo go-verno, que propicia o crescimento em larga escala. Os investimentos em infraestrutura vêm sendo fei-tos há mais de 10 anos”, diz ele, acrescentando que “o Brasil, que tem uma estrutura logística de-ficitária, tem muito a aprender com essa metodologia de resulta-dos rápidos que é empregada na China”. Ele também lembra que esse pensamento de evolução é acompanhado pelo setor privado.

O professor João José Hiluy, do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal do Ceará, pôde acompanhar o au-mento expressivo da participação chinesa no ambiente acadêmi-

co através do destaque cada vez maior do país nos eventos cientí-ficos ligados a energias. Além dis-so, a instituição onde fez seu dou-torado, a Escola Central de Paris, decidiu abrir uma unidade em Pequim diante da importância cada vez maior do país nas áreas ligadas às engenharias.

Para ele, um fator decisivo para a rápida evolução chinesa, pelo menos na questão energéti-ca, foi o histórico de privações do país, associado à alta demanda de uma população que passa de 1,3 bilhão de pessoas. “A China preci-sa trabalhar dessa forma por cau-sa do contingente populacional. Acho que poderíamos aprender com essa agilidade”, afirma.

No esforço para fa-cilitar o acesso a tec-nologias modernas de energia eólica, o governo eliminou uma exigência de que pelo menos 70% dos com-ponentes das turbinas fossem nacionais

Muito a aprender

Page 37: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 3 7 }

Page 38: Renergy #13

{ 3 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

capa

Entre os principais instrumen-tos que a China usa para garantir suas metas de crescimento estão os planos qüinqüenais. Como o nome diz, eles estabelecem as diretrizes para o país durante o período de cinco anos e são bem abrangentes. O último deles, que compreende o período entre 2011 e 2015, tem 62 capítulos e envolve

do desenvolvimento de setores es-tratégicos da indústria a políticas de controle urbano.

As metas são divididas de acor-do com as responsabilidades. As que dependem do empenho do setor privado, em cada segmento, são classificadas como “espera-das”. Já as que ficam a cargo do governo são, como o plano define,

“compromissos com o povo”. Os indicadores assumidos pelo po-der público devem ser repassados para as autoridades competentes de todas as províncias, regiões autônomas e municípios do país. Para as metas esperadas, também há compromisso do setor público. “O Governo, em todos os níveis, deve criar um ambiente político

E N E R G I A

Planejamento rigoroso

Page 39: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 3 9 }

e legal, combater monopólios, es-timular a diversificação do merca-do, incentivar a criatividade dos agentes e orientá-los em busca dos objetivos estratégicos nacio-nais”, diz o documento.

Um dos capítulos mais impor-tantes do plano é o que trata das medidas necessárias para acelerar as mudanças no modo de produ-ção e utilização da energia. Dian-te do grave quadro de poluição ambiental do país, o resumo do capítulo destaca que a prioridade é garantir o desenvolvimento sem descuidar a proteção ambiental e “fortalecer a cooperação interna-cional, ajustar e otimizar a estru-tura de energia e construir uma indústria moderna, segura, está-vel, econômica e limpa”.

O carvão, principal fonte de energia da China, continua sendo uma das bases do desenvolvimen-to do país. Mas entre as metas do plano está o desenvolver grupos

geradores de grande capacidade mais limpos e eficientes. As me-tas também incluem hidrelétricas que respeitem a preservação do meio ambiente e a construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) adaptadas às condições dos locais onde irão funcionar.

A energia nuclear, apesar de polêmica, é considerada uma fon-te de geração limpa e é incluída no plano qüinqüenal. Segundo o do-cumento, entre os objetivos estão o de acelerar o desenvolvimento

desse tipo de geração nas provín-cias costeiras, promover a cons-trução sistemática de usinas nas províncias centrais para chegar a uma capacidade total instalada de 40 GW. No campo das fontes reno-váveis, os projetos de hidrelétricas de grande porte somam 120 GW de capacidade. O plano também inclui a construção de seis par-ques eólicos de grande potência no litoral e outros dois off shore, totalizando 70 GW. E para novas usinas solares, o total chega a 5 GW.

A eficiência energética tam-bém é contemplada no plane-jamento. Estão previstos novos canais inter-regionais de trans-missão de energia utilizando tec-nologia de ponta, mais de 200 mil km de novas linhas, informatiza-ção de subestações, novos pontos de carga para veículos elétricos, instalação de medidores inteli-gentes e implantação de projetos pilotos de smart grids.

Meta 2010 2015 Variação (%)Áreas de reserva natural (hectares) 121.260.600 121.260.600 0Diminuição do consumo de água por unidade de produção de valor acrescentado industrial (%)

30

Aumento do índice de eficiência do uso de água na irrigação 0,5 0,53 0,03Aumento do uso de combustíveis não-fósseis no consumo de energia (%)

8,3 11,4 3,1

Redução do consumo de energia por unidade do PIB (%) 16Redução da emissão de CO2 por unidade do PIB (%) 17

Redução total dos principais poluentes (%)

Demanda Química de Oxigênio (suspensão de compostos orgânicos nos reservatórios de água)

8

Dióxido de Enxofre (SO2) 8Amoníaco 10Óxidos Nitrosos 10

Aumento na cobertura vegetal

Taxa de cobertura de florestas (%) 20,36 21,66 1,3

Reservas (m³) 137 143 6

O plano também inclui a construção de seis parques eólicos de grande potência no litoral e outros dois off shore, totalizando 70 GW

Page 40: Renergy #13

{ 4 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

capa

Com tecnologia e recursos para investir no mercado de energias renováveis, a China tem procura-do parceiros em todo o mundo. E o Brasil, com tradição em geração a partir de fontes limpas, é uma das nações que tem despertado o inte-resse do gigante asiático. Mas os contatos são relativamente recen-tes. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, as discus-sões sobre temas de energia entre Brasil e China ocorrem através da

Comissão Sino-Brasileira de Alto Nível de Concertação e Coopera-ção (Cosban), criada em junho de 2006.

Em fevereiro de 2009, os dois países assinaram o Protocolo so-bre Cooperação em Energia e Mineração, que prevê fortalecer “a cooperação bilateral nas áreas de petróleo, gás natural, combus-tíveis renováveis, eletricidade, mineração e processamento de minérios”. No mesmo ano, foi

criado o Centro China - Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia. A insti-tuição reúne o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe), vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro, e a Universidade de Tsinghua.

A parceria se concentra nas áre-as de mudanças climáticas e tecno-logias voltadas para energia e tem quatro projetos em andamento:

E N E R G I A

Em busca de parcerias

Page 41: Renergy #13

Energia Eólica, Biocombustíveis, Captura e armazenamento de car-bono e Tecnologias para produção de petróleo em águas profundas. De acordo com o professor Mau-rício Aredes, um dos responsáveis pelo projeto ligado a energia eólica, está previsto, para esse ano, o início do intercâmbio acadêmico com o envio de dois alunos do Brasil, sendo um de doutorado e outro de graduação, para a China, onde passarão pelo menos 12 meses. Ele informa que um dos principais ob-jetivos do projeto era uma parce-ria com a Guodian United Power, fabricante de equipamentos para usinas eólicas, para transferên-cia de tecnologia, mas a empresa adiou seus planos de investimento no Brasil (veja quadro com os ou-tros projetos).

Segundo o Ministério das Rela-ções Exteriores do Brasil, também há projetos em comum no setor

de energia hidrelétrica. Algumas empresas chinesas fornecem e-quipamentos para as usinas brasi-leiras de Jirau e Belo Monte. E em setembro de 2011, foi firmado um convênio entre a Eletrobrás Furnas e a China Three Gorges Corpora-tion. O documento prevê troca

de informações e cooperação no setor de energias renováveis, prin-cipalmente hidrelétrica e eólica,

mas também em solar, biomassa e energia produzida a partir da reci-clagem do lixo.

Por fim, o órgão destaca o iní-cio das operações da State Grid Corporation of China no Brasil. “A empresa, responsável por con-trolar 88% da energia elétrica consumida naquele país, deverá investir na construção de linhas de transmissão para escoar a pro-dução da hidrelétrica de Teles Pires (Mato Grosso) e tornar-se a quarta empresa no mercado brasileiro de transmissão elétrica, com um total de 6.133 km de linhas”, informa o Ministério, acrescentando que a State Grid, “que anunciou recen-temente plano de investir USD 40 bilhões na América Latina até 2015, domina avançadas tecnolo-gias de ultra-alta tensão e indicou interesse em investir nas linhas de transmissão para a hidrelétrica de Belo Monte”.

A State Grid Corpo-ration of China deverá investir na construção de linhas de transmis-são e tornar-se a quarta empresa do mercado brasileiro no setor

Page 42: Renergy #13

{ 4 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

capa

BiocombustíveisA principal linha de atuação

do Projeto Bioenergia é a pesqui-sa experimental para obtenção de formas inovadoras de produ-ção de biocombustíveis. O pri-meiro passo é um levantamento do estado da arte das tecnologias chinesa e brasileira. Em segui-da, os pesquisadores buscarão identificar e desenvolver rotas e estratégias tecnológicas para o aproveitamento de biomassas de diferentes origens.

Também é objetivo do proje-to, com período de duração de 36 meses, formar recursos humanos

para pesquisa e desenvolvimento de processos no Brasil e na China e propor políticas públicas de co-operação bilateral na área.

Captura e armazenamento de carbono

O projeto visa realizar um le-vantamento das tecnologias dis-poníveis e em desenvolvimento para a captura e armazenamento de CO2 proveniente de usinas termelétricas (UTEs) a carvão, especialmente na China que é uma grande consumidora de car-vão. A partir desse levantamento, serão identificadas as tecnologias

mais promissoras para aplicação nos setores elétrico e de com-bustível no Brasil. Em seguida será feito um mapeamento que indicará:• as tecnologias de captura e ar-

mazenamento mais adequadas para pesquisa e desenvolvimen-to em UTEs a carvão no Brasil;

• as oportunidades para desenvol-vimento dessas tecnologias, in-cluindo os custos marginais de abatimento dos gases de efeito estufa emitidos por termelétri-cas a carvão;

• possíveis sumidouros para o di-óxido de carbono.

E N E R G I A

Projetos do Centro China - Brasil de Mudança Climática e Tecnologias Inovadoras para Energia

Page 43: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 4 3 }

Os consumidores brasileiros habituaram-se a ouvir o termo “xing ling” para definir produtos chineses (principalmente apare-lhos eletrônicos) de baixa qualida-de, geralmente falsificações, que inundam o mercado e são facil-mente encontrados nos camelôs. Muitas vezes, esse conceito pejo-rativo acaba se difundindo para outros manufaturados vindos do país asiático. No entanto, para brasileiros que tiveram oportuni-dade de conhecer o país, ouvidos por Renergy Brasil, a generaliza-ção não faz sentido.

A professora de inglês Viviane de Pádua, viveu quatro anos na China, onde trabalhou, montou uma casa e comprou um carro. Ela confessa que chegou ao país com o pensamento de que só iria encontrar produtos de má quali-dade para consumir, mas o tempo se encarregou de mudar isso. “To-das as maiores fábricas do mundo têm unidades na China. Se você

vai a um shopping center, encon-tra produtos originais, de grife”, explica.

Em casa, ela lembra que tinha eletrodomésticos de várias mar-cas, algumas mundiais e outras chinesas, e não viu diferença en-tre eles. “Tinha muitos produtos da Huawei, que aqui é conheci-da pelos celulares, mas lá fabri-ca várias outras coisas”, afirma. Ela também usou, por um ano, um veículo da marca BYD e não teve problemas. “Era um carro popular, mas tinha DVD, direção hidráulica e outros acessórios”, ressalta. Ela acrescenta que o que mais lhe chamou a atenção, em relação à China, foi a capacidade de evoluir rapidamente, com o esforço da população. “Freqüen-tei muitas fábricas de calçados, a trabalho. Os funcionários traba-lhavam muito e sempre de bom humor. Passei a ter muito respei-to por aquele país”, conclui.

David Rodrigues, diretor co-

mercial da cearense Makro En-genharia, que viaja regularmente para a China a trabalho, expressa opinião parecida em relação à qualidade dos produtos chine-ses. “Temos uma visão diferente do que o mercado propaga. “A Makro viaja anualmente para a China em busca de novas tecno-logias e o que vemos são produtos em contínuo processo de melho-ria, com qualidade cada vez mais semelhante à dos concorrentes de outras nacionalidades.

De acordo com os entrevis-tados, a dificuldade de enten-dimento entre chineses e bra-sileiros, para a entrada de mais produtos no mercado nacional, tem mais relação com as grandes diferenças culturais. “Essa é uma das maiores barreiras. E não ape-nas ela. Vemos também a questão do idioma. Apesar dos esforços usando o inglês, nossa legislação ainda é desconhecida por eles e isso acaba se transformando um empecilho durante o processo de negociação com a China. A ma-neira de negociação também é di-ferente”, diz David. Viviane desta-ca uma contradição que observou nos chineses e que pode causar certo estranhamento nos brasilei-ros: “Eles não gostam muito de fa-lar deles, são reservados. Mas, ao mesmo tempo, são amáveis e têm poder de negociação muito forte”.

Como a qualidade dos pro-dutos não seria problema, David conclui ressaltando que, apesar das diferenças culturais, o pro-cesso é relativamente simples e demanda apenas algum tempo para a adequação. “O que vejo é que tudo passa por um processo de aprendizagem, e ambos os paí-ses buscam isso”.

Mudando conceitos

Page 44: Renergy #13

{ 4 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

capa

E N E R G I A

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

AN_ORGANICCLEAN_RENERGY.pdf 1 14/06/12 14:58

Participação na demanda de energia mundial

20%

40%

60%

80%

100%

1975 2010 2035

Oriente Médio

India China OECD

Demais países

6 030 Mtoe 12 380 Mtoe 16 730 Mtoe

Page 45: Renergy #13

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

AN_ORGANICCLEAN_RENERGY.pdf 1 14/06/12 14:58

Page 46: Renergy #13

{ 4 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

especialistaE N T R E V I S TA A R M A N D O C A D I M A

Esperando a vezFabricante de sistemas fotovoltaicos, a alemã Schletter teria muito a contribuir para diversificar a matriz energética brasileira. Para isso, no entanto, o diretor da empresa para a América do Sul, Armando Cadima ressalta que é preciso que o Governo Federal crie incentivos, como a isenção de impostos sobre os equipamentos e a promoção de leilões para essa fonte

De olho no Brasil, mas com certa cautela. É assim que

o diretor para a América do Sul da Schletter, Armando Cadima, define a posição da empresa, atualmente. Fabricante de itens ligados a energias renováveis e sustentabilidade, como sistemas fotovoltaicas (para pequenas apli-cações ou uso em larga escala) e soluções de gestão de resíduos, a multinacional alemã está presen-te em 11 países, mas não tem filial no Brasil.

“Estamos estudando a pos-sibilidade de abrir um escritó-rio no País. Ainda não sabemos quando, pois estamos esperan-do o mercado amadurecer um pouco mais. Também queremos ver as medidas do governo para tomar a decisão final. Por agora nossos produtos são importados diretamente da Alemanha ou dos Estados Unidos”, informa ele, destacando que a energia so-lar teria muito a contribuir para o sistema energético brasileiro.

Segundo Armando, a fonte fotovoltaica é muito flexível e po-deria ser usada tanto para grandes

© P

edro

Ant

onio

Sal

aver

ría

Cal

ahor

ra |

Dre

amst

ime.

com

Page 47: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 47 }

parques como para consumidores residenciais ou pequenas comuni-dades. “Com um gerador off line e um sistema de baterias podería-mos prover eletricidade a peque-nas comunidades em regiões na Amazônia ou no Nordeste, por exemplo”, diz ele. Para isso, no entanto, o Brasil precisa reduzir a carga tributária sobre os equipa-mentos do sistema, que hoje são todos importados.

Renergy:: A energia solar não tem participação expressiva na matriz energética brasileira. Como o senhor vê o Brasil em relação a essa fonte? O país já enxerga o seu potencial?Armando Cadima:: Eu creio, sinceramente, que o Brasil tem um grande potencial nessa área. Infelizmente, ainda estamos en-gatinhando em comparação com outros países como Alemanha ou mesmo os Estados Unidos que, há algum tempo, não tinham sequer uma política energética verde. Precisamos de medidas mais am-biciosas para poder desenvolver essa oportunidade.

R:: A Alemanha, hoje, é uma referência mundial no uso de energia solar. O Brasil, com lu-minosidade forte durante prati-camente o ano inteiro, poderia ter avançado mais nessa área?AC:: Com toda certeza. A Ale-manha se destaca no mundo por ser pioneira nas chamadas tecnologias GreenTech. Em toda a Europa, não existe um país tão verde como Alemanha é hoje. Eu creio que o Brasil poderia, sim, ser mais avançado nessa área. Ainda que nosso governo se diga verde pelo fato de usarmos sobretudo

fontes hídricas para nosso forne-cimento de energia, também cau-samos muitos impactos no nosso ecossistema com a construção de grandes usinas como a de Belo Monte, por exemplo. E com a matriz energética baseada nas hi-drelétricas, dependemos muito da sazonalidade. Como vemos desde o ano passado, não temos tido chu-vas suficientes para aumentar os níveis dos reservatórios, o que leva o governo a colocar em operação o pior tipo de geração de energia, que é a vinda de usinas térmicas.

R:: Como a Europa vê, hoje, a energia solar? Os países estão trabalhando para fazer com que ela passe a ter expressiva parti-cipação na matriz energética do continente?AC:: Após um período de muito dinamismo, a energia solar na Eu-ropa entrou em um processo de estabilidade. Com o continente em crise, os governos retiraram os incentivos como Feed-in Tarif (mecanismo de estímulo ao inves-timento em tecnologias de ener-gias renováveis. Consiste na oferta de contratos de longo prazo para os produtores, normalmente com base no custo de geração). Por um lado isso foi negativo, porque não houve um processo gradativo na retirada dos incentivos e sim um corte radical que afetou a indús-tria local. Mas por outro lado, a retirada dos incentivos e a forte concorrência da China fizeram com que a energia solar deixasse de ser tão cara como era antes. Isso é positivo, pois agora os preços são acessíveis a todos e também se abriram outros mercados como o brasileiro, onde o poder de com-pra não se pode ainda comparar

ao europeu. Creio que tudo o que aconteceu representa uma gran-de oportunidade para fazer dessa energia uma realidade no Brasil e na América do Sul.

R:: Porque a energia solar ainda é tão pouco acessível no Brasil, em relação a outros países, prin-cipalmente para consumidores residenciais? O que é possível fazer para que isso mude?Até o ano passado não havia no País uma regulação, onde uma pessoa física pudesse ter sua pró-pria pequena usina. Por esse mo-tivo, não era possível ter acesso à energia solar para pequenas uni-dades de consumo. Hoje já temos uma legislação onde se permite a conexão de micro geração em re-sidências. Creio que estamos indo no caminho correto, mas tudo isso é só o começo.

R:: Alguns países subsidiam a energia solar, porque ela, em re-lação a outras fontes convencio-nais, ainda tem custo um pouco mais elevado. O Brasil não adota essa prática. Na sua avaliação, o país deveria criar incentivos para a energia fotovoltaica?AC:: Eu creio que não, o Brasil não deveria adotar essa prática de subsídios. Penso que isso foi bom na Europa, mas o Brasil pre-cisa de outro modelo. Precisamos, aqui, de uma reforma no sistema tributário, pois os impostos que pagamos sobre os produtos no Brasil são muito altos. E quando os produtos são importados (o que acontece, atualmente, com a qua-se totalidade das partes de uma usina solar), esse custo inviabiliza todos os projetos. Sem esses tribu-tos, creio que temos um preço de

Page 48: Renergy #13

{ 4 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

especialista

E N T R E V I S TA

energia na distribuição que faz a energia solar competitiva.

R:: Considerando toda a matriz energética, como o senhor ava-lia o desempenho do Brasil, em comparação com outros países com características territoriais semelhantes? Em que ele pode-ria avançar mais?AC:: Creio que o Brasil precisa de muita energia para crescer. E com a matriz atual ficamos reféns da hidrelétrica. É uma energia ba-rata, mas que demanda grandes investimentos iniciais e tem um custo alto para o meio ambiente. O Brasil precisa de energias como a solar e a eólica, onde o investi-mento é menor e as fontes são o sol e o vento, que nunca faltaram no nosso país.

R:: Depois da energia eólica, que cresceu no Brasil graças aos leilões realizados pelo Governo Federal, o senhor acredita que a solar será a próxima fonte alter-nativa a receber grandes investi-mentos no país?AC:: Essa é a nossa expectativa. Queremos ver o Governo promo-vendo leilões para energia solar, também. Seria uma prática muito bem aceita.O Brasil tem alguns desafios na questão energética. Ele precisa levar eletricidade para pequenas e distantes comunidades, precisa expandir sua matriz e carece de linhas de transmissão para levar a energia das fontes geradoras para os consumidores em um territó-rio com dimensões continentais. Como a energia solar poderia contribuir para ajudar nesses de-safios? A energia solar é muito flexível.

Pode-se tanto colocar o gerador fotovoltaico conectado à rede ou também estabelece-lo em sis-temas off-grid. Nesse segundo caso, seria como pequenas ilhas de geração destinadas a regiões onde linhas de transmissões não são viáveis. Com um gerador off line e um sistema de baterias po-deríamos prover eletricidade a pe-quenas comunidades em regiões na Amazônia ou no Nordeste, por exemplo.

R:: Qual a sua opinião sobre o atual momento do Brasil em relação à geração de energia? O senhor acredita que há algum risco de apagão?AC:: Eu creio que não, pois temos as usinas térmicas que por certo estão funcionando com 100% da capacidade, atualmente. Esse tipo de energia é caro e poluente, mas sem essas usinas térmicas eu creio que talvez tivéssemos um proble-ma de falta de eletricidade.

R:: A Schletter atua em 11 paí-ses. Como a empresa vê o Brasil enquanto mercado consumidor especificamente para os seus produtos e serviços?AC:: Vemos o Brasil como um país de muito potencial e ele é uma de nossas prioridades, atualmente. Temos acompanhado de perto como o Brasil se desenvolve, como sua nova classe média cresce e tem mais acesso ao consumo. Nossos produtos estão praticamente adaptados à realidade brasileira e temos trabalhado arduamente para ter produtos que possam sa-tisfazer os consumidores do País.

R:: E em relação à America Lati-na, como a empresa vê o merca-

do do continente para a energia solar?AC:: Como o mercado brasileiro, vemos a America Latina com um enorme potencial. Países como Chile, Equador, Peru e Colômbia, onde nos últimos anos a economia tem crescido acima da média re-gional, estão desenvolvendo me-didas para também diversificar sua matriz energética.

R:: Quais os planos de investi-mentos da Schletter no Brasil e na América Latina?AC:: Como já foi dito, atualmen-te a Schletter está presente em 11 países. E estamos estudando a possibilidade de abrir um escritó-rio no Brasil. Ainda não sabemos quando, pois estamos esperan-do o mercado amadurecer um pouco mais. Também queremos ver as medidas do governo para tomar a decisão final. Por agora nossos produtos são importados diretamente da Alemanha ou dos Estados Unidos.

R:: O que existe, hoje, de mais avançado em termos de apro-veitamento da luz solar? Os equipamentos estão ficando mais eficientes, baratos e durá-veis? Daria para adiantar algu-mas novidades que veremos no mercado, em um futuro próxi-mo?AC:: Só posso comentar da nossa parte como fabricante. Acabamos de colocar em funcionamento na Alemanha nosso novo tracking system de um eixo. Nele, através de um braço mecânico, a placa fotovoltaica poderá seguir o des-locamento do sol, obtendo 30% a mais de aproveitamento.

A R M A N D O C A D I M A

Page 49: Renergy #13
Page 50: Renergy #13

{ 5 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

personagemE N T R E V I S TA

“Só depende do Brasil”

C H A R L E S TA NG

O volume de comércio entre Brasil e China passou de 2,5 bilhões de dólares, em 2000, para 80 bilhões no ano passado. Para o presidente da Câmara Brasil-China, esse montante poderia ser muito maior, principalmente com mais parcerias nas áreas de energias renováveis e produção de alimentos Primeiras aspas

Page 51: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 5 1 }

Imag

ens:

Div

ulga

ção

Page 52: Renergy #13

{ 5 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

personagem

volume de comércio entre Brasil e China passou de 2,5 bilhões de dólares, em 2000, para 80 bilhões no ano passado. Parte desse crescimento se deve à ajuda da Câmara Brasil-China. Para o presidente da entidade, Charles Tang, esse montante poderia ter sido ainda maior, porque há muito interesse do país asiá-tico em atuar mais no mercado brasileiro. Para isso, no entanto, ele afirma que o país precisaria ser menos protecionista e mais aberto à entrada de tecnologias e produtos chineses. Criada em 1986 para promover pequenos, médios e grandes projetos entre os dois países, a Câmara tem, em seu histórico, ações como a vinda da montadora Jac Motors e a entrada da Embraer no mercado do país asiático. Atualmente, ela está ajudando em negociações conjuntas que chegam a mais de cinco bilhões de dólares e articula a chegada de quatro gigantes esta-tais chinesas para atuar na área de energia renovável.

Renergy:: A China é um país que precisa muito de energia e tem priorizado a mudança da sua matriz para fontes renová-veis. E para isso, está investindo em fontes como eólica e solar.

O Brasil tem uma tradição de uso de fontes renováveis, como hidrelétricas e o etanol e o biodiesel. O senhor acredita que o país poderia contribuir nesse esforço que a China está fazendo para limpar sua matriz energética?Charles Tang:: A China poderia se beneficiar muito com um programa como esse, em que o Brasil foi pioneiro, que é o do etanol. O problema é que ela não tem espaço agriculturável sufi-ciente, como o Brasil tem, para poder ter um programa como o Proálcool. Por outro lado, a China poderia ajudar muito o Brasil na área de energias renová-veis. O Brasil tem, por exemplo, carência de energia e necessidade de expansão da sua matriz. E a China, na última década, conse-guiu diminuir muito o custo de turbinas e pás eólicas e de equi-pamentos de energia solar. Hoje, um kit para residências, que vem com painel solar, cinco bocais de LED, um controle e uma bateria, custa somente 100 dólares. O Programa Luz Para Todos (inicia-tiva do Governo Federal para levar energia elétrica para pequenas comunidades não atendidas pelas concessionárias) gastou mais de 7 mil dólares para conectar cada casa. Outra aplicação possível seria a iluminação pública solar. Em muitas cidades chinesas, os prefeitos já não precisam mais pagar conta de luz, porque o sol é gratuito. A iluminação das ruas é feita com postes com uma lâmpada de LED, uma placa solar e uma bateria. Eles acendem automaticamente quando escu-rece e apagam quando fica claro. A China tem fábricas de placas

E N T R E V I S TA C H A R L E S TA NG

Hoje, um kit chinês para residências, que vem com painel solar, cinco bocais de LED, um controle e uma bateria, custa somente 100 dólares

Page 53: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 5 3 }

solares em excesso. E o Brasil, praticamente, não tem. Nossa Câmara está trabalhando para trazer ou até transferir algumas dessas fábricas de placas solares para o Brasil. Aqui, inclusive, tem muito mais sol que na própria China e em outros países. Outra questão é que o Brasil está quei-mando diesel para gerar energia em muitas áreas remotas em que não dá ou não vale a pena fazer linhas de transmissão. Como você vai, por exemplo, fazer uma linha através da Floresta Amazônica? Então, nada melhor que parques solares, residências com esse kit solar e iluminação pública solar.

R:: O senhor falou desses equi-pamentos, que são baratos na China. Mas eles chegam no Brasil a um custo muito alto. É uma questão ligada às tarifas de importação?CT:: Tudo depende do que o Brasil quer. A tarifa de importação sobre esses produtos depende do governo brasileiro. Se ele quiser resolver o problema de energia do país, é só baixar o imposto de importação. Ou estimular a implantação, no território nacional, de fábricas, ou mesmo montadoras, de placas solares. Agora, se o Brasil não quiser mais energia, é só aumentar o quanto quiser a taxação das placas solares que, em função desses impostos, elas ficarão inviáveis. Não depende da China. Depende da conveniência brasileira.

R:: O senhor falou de solu-ções que podem servir para pequenas comunidades.CT:: Não só as pequenas. Parques solares, estações de geração de

energia solar, que podem atender grandes comunidades.

R:: Indo para uma escala maior, o Brasil também tem deficiên-cias na sua infraestrutura, prin-cipalmente em relação às linhas de transmissão.CT:: Sobre isso, a State Grid (maior empresa de transmissão e distribuição de energia elétrica do mundo) investiu no Brasil quase 5 bilhões de dólares, nessas área de transmissão. A China poderia ajudar muito o país para resolver seus problemas de infraestrutura. No entanto, o Brasil precisa decidir o que quer. Porque sabemos que, no Brasil, não temos poupança suficiente para alavancar todos os investimentos em infraestrutura que precisamos para fazer crescer nossa economia. Nós depen-demos de recursos estrangeiros. Mas estamos sendo muito prote-cionistas e não estamos sendo suficientemente, como se diz, “investor friendly”, que é aquele que cria um clima amistoso para o investidor que vem aportar seu capital de risco para nosso país, gerar empregos para brasileiros, gerar riqueza para o Brasil e, muitas vezes, até divisas de exportação. Um exemplo desse problema é o dos investidores estrangeiros que querem comprar terra para agronegócio e agroindústrias. O Brasil não está permitindo isso. Não sei, talvez alguns achem que nós não precisamos crescer mais, não precisamos de geração de riqueza, nem de empregos ou de divisas de exportação. Estamos espantando investimentos. Esse é o problema. Existem muitos projetos de energia eólica, no país, que estão parados por falta

Nossa Câmara está trabalhando para trazer ou até transferir algumas fábricas de placas solares para o Brasil. Aqui, inclusive, tem muito mais sol que na própria China e em outros países

Wik

iped

ia

Page 54: Renergy #13

{ 5 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

de capital. Alguns vencedores de leilões não estão implantando seus projetos por falta de capital. A China tem excesso de capital, máquinas competitivas, finan-ciamento do Eximbank chinês, os bancos chineses estão em São Paulo – tanto o Bank of China quanto o ICBC, que é o maior banco do mundo – e, não sei por que, a gente não consegue. A Câmara Brasil-China está trazendo quatro grandes estatais para investir em energia no Brasil. Tivemos até uma reunião com a presidente da Abeeólica para discutir isso, fazer a ponte entre o dinheiro e os projetos parados.

R:: Falando sobre a competi-tividade dos equipamentos chineses, até há muito pouco tempo, o país não tinha tecno-logias próprias de geração de energias renováveis. Hoje, ela exporta tecnologia. O senhor acredita que o Brasil tem a aprender com a China, nesse aspecto?CT:: Esse processo foi muito simples. A Goldwind, por exemplo, começou usando tecnologia de uma empresa alemã que era refe-rência na área de turbinas. E, logo depois, a Goldwind comprou a empresa alemã e virou dona da tecnologia.

R:: Por que o Brasil não consegue implantar esse processo?CT:: Eu acho que o Brasil não precisava crescer apenas 1% em 2012. Estamos crescendo nesse ritmo porque nós queremos. Apenas com o fim da restrição aos investimentos estrangeiros no agronegócio, nós já teríamos atraído dezenas de bilhões de

dólares, criado dezenas ou até centenas de milhares de empregos e gerado muito mais riqueza. Se tivéssemos facilitado a entrada de investimentos na matriz energé-tica, não tivéssemos tanta taxação sobre os equipamentos ou estimu-lássemos a vinda de fábricas, terí-amos atraído bilhões de dólares a mais. Se tivéssemos feito leilões de campos de petróleo, teríamos muito mais capital e empregos no país. Cada vez que você vende um bloco para exploração de petróleo, o grupo, seja brasileiro ou estran-geiro, precisa investir. Por isso, nós poderíamos, perfeitamente, ter crescido 3% ou 4%.

R:: Então, na China não existe reserva de mercado ou limi-tação para investimentos estrangeiros?CT:: A China, há 25 anos, era um país muito pobre. Ela não podia sequer fazer importações, porque não tinha divisas. Não é como hoje, que tem 3,3 trilhões de dólares em divisas. Na época, ela só podia importar alguma coisa se vendesse alguma coisa, porque ela não tinha divisas. Por que a China saiu da pobreza total para ser a segunda potência e locomotiva econômica do mundo? Porque ela é muito pragmática. Deixou as políticas ideológicas para trás e colocou em primeiro lugar a busca por prosperidade. Ela desenvolveu sua indústria de energias renová-veis e mostrou que ela foi um exce-lente negócio, porque gerou muito capital, riqueza e empregos. E o principal fator responsável pela saída do país do estado de pobreza total em que se encontrava foi a atração de investimentos estran-geiros. A China lutou tanto para

O Brasil não precisava crescer apenas 1% em 2012. Apenas com o fim da restrição aos investimentos estrangeiros no agronegócio, já teríamos atraído dezenas de bilhões de dólares

personagem

E N T R E V I S TA C H A R L E S TA NG

Page 55: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 5 5 }

atrair investimentos estrangeiros, que durante três décadas – isso só terminou em 2008, por causa da crise financeira – as empresas de fora pagavam menos imposto de renda do que as chinesas. Todo chinês queria ter um sócio estran-geiro para pagar menos imposto de renda. Ou seja, não havia proteção para a indústria nacional. Havia a garantia para a atração da indús-tria estrangeira. Parece que aqui no Brasil não temos autocon-fiança na nossa soberania nem segurança em relação às nossas leis. Porque afinal de contas, o estrangeiro vem aqui, traz capital para o Brasil, cria emprego para brasileiros, gera riqueza e divisa para o país e tem de trabalhar sob a soberania das leis brasileiras. Qual o medo que pode causar o investimento estrangeiro?

R:: O volume de comércio entre Brasil e China passou de 2,5 bilhões de dólares, em 2000, para 80 bilhões no ano passado. Esse número poderia ser ainda maior?CT:: Sem dúvida. E com o pacote, lançado pela presidente Dilma, de estímulo às áreas de logística e infraestrutura, ele deve aumentar muito mais.

R:: Em relação à energia, qual o principal parceiro da China hoje, no mundo?CT:: A China comprou muita tecnologia da Europa e vende muitos dos seus produtos para o continente e para os Estados Unidos.

R:: Nessa área, o Brasil já tem alguma relevância para a China?CT:: No momento, não tem

nenhum projeto de relevância, à exceção da área de transmissão, onde a State Grid está atuando.

R:: Apesar dessa parceria na área de energia, ainda não ser muito forte, a China é bastante respeitada pelo Brasil no setor. Empresas brasileiras estão importando equipamentos do país, como painéis solares, aerogeradores e máquinas de construção. Porque para alguns outros produtos manufatu-rados, como carros e aparelhos eletrônicos, ainda existe um conceito diferente, principal-mente em relação a qualidade?CT:: Eu não acho que existe tanto questionamento. Você já viu a quantidade de carros da Jac Motors que tem nas ruas do Brasil? Foi a Câmara que trouxe a Jac Motors para o Brasil. Quantas outras marcas tradicionais, com excelência tecnológica, têm a coragem de oferecer seis anos de garantia? Se você perguntar para os proprietários de carros da Jac Motors que estão dirigindo seus automóveis pelo país, não acho que vai encontrar esse conceito de que carro chinês não é bom. Pelo contrário. Ficou comprovado que os carros chineses são exce-lentes. A China ajudou o Brasil a democratizar o consumo. Anti-gamente, os produtos eram tão caros que só estavam disponíveis para a elite brasileira. Hoje, qual-quer um pode comprar muitos desses produtos porque a compe-titividade e o custo baixo chineses proporcionaram essa redução de preço e os tornaram acessíveis para o povo.

R:: Existem grandes diferenças

A China ajudou o Brasil a democratizar o consumo. Antigamente, os produtos eram tão caros que só estavam disponíveis para a elite brasileira. Hoje, qualquer um pode comprar muitos desses produtos

SXC

.hu

Page 56: Renergy #13

{ 5 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

culturais entre Brasil e China. Essas diferenças podem difi-cultar as negociações entre os dois países?CT:: Para as empresas brasileiras que acham que conseguem resolver tudo e sabem tudo na China, dificulta. Do mesmo modo, para as empresas chinesas que acham que resolvem e sabem tudo do Brasil. Mas aqueles que procuram assessoria, seja da embaixada, do consulado ou da Câmara Brasil-China, já não é tão complicado.

R:: Então são diferenças perfei-tamente contornáveis.CT:: Sim, mas para aqueles que querem fazer a coisa correta-mente. Se, por exemplo, você quer importar alguma coisa da China e pedir a ajuda da Câmara, nós vamos lhe encaminhar para fornecedores confiáveis, nosso pessoal dos três escritórios que mantemos no país vai fazer inspeção de embarque e você não vai ter surpresa e vai ganhar dinheiro. Mas tem gente que importou três milhões de dólares em produtos químicos e recebeu água, comprou ventiladores com voltagem de China, que é dife-rente da brasileira, ou trouxe porcelanato com especificações completamente diferentes das esperadas. Depende do profissio-nalismo de cada empresa.

R:: O Brasil e a China têm em comum a grande extensão territorial. No Brasil, nós temos terras férteis, ventos e sol em abundância. A China tem esses aspectos em comum com nosso país.CT:: Ela só tem 140 milhões de

hectares para cultivo. E não tem como expandir isso, por causa da grande população, da expansão urbana e do crescimento dos parques industriais. Essa terra agriculturável, na verdade, está sendo reduzida. O Brasil, além de 80 milhões de hectares para plantio, hoje, tem 200 milhões de hectares para pastagem, mais 140 milhões disponíveis para cultivo que não estão sendo utilizados. Isso, já descontando as áreas de proteção ambiental. Por isso, a importância do Brasil está cres-cendo a cada dia, como um grande celeiro para um mundo que tem fome.

R:: Considerando esse potencial agrícola do Brasil e a demanda mundial, o senhor acredita, então, que no futuro Brasil e China se unam em um esforço por um mundo com mais ener-gias renováveis e sustentabili-dade?CT:: Sem dúvida. Os chineses querem vir para o Brasil. Querem instalar fábricas de placas solares e aerogeradores e implantar parques eólicos. Na África, os antigos países coloniais tiraram riquezas e a deixaram, por muitas décadas, como o continente perdido. A China investiu tanto na África, pagando preço de mercado e, às vezes, por ignorância, acima do preço de mercado, que trans-formou a África em um conti-nente de esperança. Em 2011, dos 20 países que mais cresceram no mundo, oito eram africanos que receberam muitos investimentos chineses. No Brasil, precisamos evitar um pouco as políticas econômicas ideológicas e tentar fazer o nosso país crescer.

O Brasil, além de 80 milhões de hectares para plantio, tem 200 milhões para pastagem, 140 milhões disponíveis para cultivo que não estão sendo utilizados. Por isso, a importância do País está crescendo a cada dia

personagem

E N T R E V I S TA C H A R L E S TA NG

Page 57: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 57 }

R:: O Brasil, hoje, está com um sério problema de atrasos nas obras de infraestrutura, prin-cipalmente as ligadas à Copa do Mundo e às Olimpíadas. E a China, pelo contrário, é um exemplo para o mundo de agilidade. Essa agilidade, na sua avaliação, tem relação com quais fatores?CT:: É a objetividade. Nós não temos, aqui no Brasil, uma polí-tica econômica isenta de ideo-logias ultrapassadas. Protecio-nismo não vai ajudar a indústria nacional. A única maneira de fortalecer a nossa indústria é dar a chance para que nossas empresas possam ter competitividade, sem o Custo Brasil. Sobre isso, eu ofereci a ajuda do ex-secretário--geral do Partido Comunista em Beijing, que foi o responsável pela organização das Olimpíadas na China, para ajudar nas nossas, aqui no Brasil. Conversei muito com o ex-ministro responsável por isso, no lado brasileiro, mas não houve muito interesse.

R:: A China tem feito crescer rapidamente a participação das energias renováveis na sua matriz. A energia eólica, por exemplo, tem crescido em níveis exponenciais.CT:: E agora vai crescer mais ainda. Como existe excesso de fábricas de placas solares no país, o governo está incentivando a ampliação dos parques solares.

R:: O senhor acredita na possibi-lidade da China chegar, a médio prazo, a uma matriz como a do Brasil, onde a participação das renováveis chega a aproximada-mente 80%?

CT:: Acho mais difícil. Mas se você considerar a energia nuclear, que também é não poluente, ela tem aumentando bastante a parti-cipação, com 33 novos projetos.

R:: Como o senhor vê, no futuro, a China em relação a produção sustentável e respeito ao meio ambiente? Mesmo com o crescimento acelerado, ela vai conseguir um equilíbrio?CT:: O governo chinês, nos últimos anos, fechou milhares de indústrias poluidoras e outras milhares que consomem eletrici-dade demais.

R:: Mesmo com as dificuldades existentes no nosso país, o senhor acredita que China e Brasil serão grandes parceiros na busca por um mundo mais limpo e sustentável?CT:: Eles já são grandes parceiros. A China já é o maior parceiro do Brasil, tanto na importação quanto na exportação. E também é o maior investidor no Brasil. Essa aliança estratégica entre os dois países, os gigantes da América do Sul e da Ásia, tende a crescer e prosperar cada vez mais. Mas, como eu disse, depende muito da política governamental brasileira, se o país quer ou não que a China venha investir, gerar riqueza e empregos aqui.

R:: Então isso depende bem mais do governo brasileiro.CT:: Sem dúvida. Vontade dos chineses, existe. Mas o Brasil não é o único lugar do mundo que está querendo o capital chinês. Há outros países que criaram políticas de atração, para não dificultar o trabalho dos investidores.

A China já é o maior parceiro do Brasil, tanto na importação quanto na exportação. E também é o maior investidor no Brasil. Essa aliança estratégica entre os dois países, tende a crescer e prosperar cada vez mais

SXC

.hu

Page 58: Renergy #13

{ 5 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

economizar

Eletricidade monitorada

O Cloogy, aparelho desenvolvido por uma empresa de Portugal para residências ou pequenos escritórios, promete uma economia de até 25% no consumo de energia

Page 59: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 59 }

A s redes inteligentes e seus benefícios ainda não são

uma realidade para a maioria dos consumidores de eletricidade, mas começam a surgir equipa-mentos para introduzir facili-dades na forma de lidar com o consumo. Um exemplo disso é o Cloogy, aparelho desenvolvido pela empresa portuguesa Isa, que atua nos mercados de transmis-são de energia e de telecomunica-ções e em gestão inteligente dos sistemas de tempo real.

De acordo com a empresa, o produto é uma solução de gestão energética que permite monito-rar e controlar o consumo total de uma casa ou um escritório. Ele oferece um sistema integra-do que combina dispositivos de coleta de dados com plataformas de visualização e controle que podem ser acessadas através do computador ou de smartphones e tablets.

Entre os serviços que o apare-lho disponibiliza estão o de mos-trar os locais do imóvel que são ineficientes no consumo e onde se pode poupar energia. Ele tam-bém ajudar a otimizar o uso dos equipamentos elétricos, elimi-nando os desperdícios, permite ao consumidor conhecer o seu perfil energético, acompanhar o consumo total e os gastos de cada uma das tomadas, controlar equipamentos elétricos (ligando-os e desligando-os à distância ou agendando o funcionamento deles), eliminar os consumos de

stand-by, obter análise da potên-cia contratada, receber relatórios periódicos com informação dos consumos registrados e integrar uma comunidade de consumido-res para analisar o desempenho de cada um dentro da rede.

Para residências, o aparelho está disponível em três kits: Go, Home e Premium. O primeiro já oferece a possibilidade de acessar todas as funções através do Portal Cloogy, disponível para compu-tadores, smartphones ou tablets. O Home adiciona um mostrador através do qual o cliente pode acompanhar o seu consumo em tempo real. Já o Cloogy Pre-mium, segundo o fabricante, “oferece uma experiência inte-rativa completa de poupança de energia”. Ele já inclui um tablet, para facilitar o acompanhamento das informações, e duas tomadas inteligentes. Cada tomada cria um ponto adicional de monito-ração e controle. Um medidor tem capacidade para gerenciar até onze tomadas inteligentes ao mesmo tempo.

Para escritórios, estão disponí-veis os kits Pro e Start. O Cloogy Start vem com três tomadas in-teligentes mas, da mesma forma que o Go, vendido para residên-cias, não vem com monitor. Por isso, o acompanhamento precisa ser feito através do portal na web, acessado por computador, tablet ou smartphone. Já o Pro inclui o monitor e cinco tomadas inteli-gentes, ao todo.

Segundo a Isa, o equipamento funciona da seguinte forma: um pequeno sensor é instalado no medidor do imóvel e passa a re-colher dados sobre o consumo. Já as tomadas inteligentes enviam informações sobre o gasto dos equipamentos ligados a elas. To-dos os dados são, posteriormente, enviados para um concentrador, que os remete para as várias plataformas de monitoramento. Através destas últimas, é possível ligar ou desligar os aparelhos elé-tricos à distância e agendar o seu funcionamento.

Quando adquire o produto, o consumidor passa a pagar para a empresa por uma série de ser-viços disponíveis. Eles incluem definição de objetivos do cliente, previsões e comparação de con-sumo, controle de equipamentos, agendamento das tomadas inteli-gentes, relatórios mensais sobre o desempenho energético e dicas de poupança.

Para funcionar, o Cloogy pre-cisa de um ponto de acesso fixo à Internet. Ele só está disponível para o mercado português e tem preço mínimo de 199 euros. A promessa do fabricante é de uma economia de até 25% na conta de eletricidade.

Para sabermais sobre

www.cloogy.com/pt/

Page 60: Renergy #13

{ 6 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

economizar

Uso racionalParis e outras cidades francesas ficarão menos iluminadas. O governo do país, em um esforço para poupar energia, irá proibir o uso de luzes nas empresas durante a noite

Page 61: Renergy #13

P aris é conhecida como a ci-dade-luz. Mas a realidade da

França, em meio a uma crise eco-nômica e com uma matriz ener-gética dependente, em sua maior parte, de usinas nucleares, deve fazer a capital perder um pouco do brilho que lhe fez ganhar esse título. Um decreto publicado pelo Ministério da Ecologia, Desenvol-vimento Sustentável e Energia irá restringir, a partir de 1º de julho, a iluminação de lojas e escritórios.

A restrição valerá entre uma e sete da manhã para vitrines e fachadas dos prédios. Já para as partes internas que podem ser vistas por quem está de fora, o desligamento das luzes deve ser feito até uma hora após o horá-rio oficial de encerramento das atividades. A iluminação poderá voltar a ser ligada uma hora an-tes do início das atividades do dia seguinte. A única exceção será a uma semana antes do Natal, para que os estabelecimentos possam mostrar sua decoração para as festas de fim de ano.

A penalidade para quem deso-bedecer a nova regra é uma multa de 750 euros por dia. A expectati-va do Ministério da Ecologia é que a medida resulte em uma econo-mia energia equivalente ao consu-mo anual de 750 mil residências

com aquecimento. Além disso, cerca de 250 mil toneladas de di-óxido de carbono deixarão de ser emitidas. A titular do órgão, Del-phine Batho, chama a iniciativa de “lógica da sobriedade energé-tica”. Para os comerciantes, além da economia, a mudança deverá colocar todos em pé de igualdade à noite, já que alguns investem mais que outros na divulgação dos seus estabelecimentos no período noturno.

A lei de restrição para ilumina-ção noturna dos prédios comer-ciais faz parte de uma iniciativa maior do Ministério da Ecologia francês sobre a transição energéti-ca do país, umas das promessas de campanha do presidente François Hollande. Algumas metas concre-tas já foram definidas: redução da participação da energia nuclear na matriz energética, que hoje é de 75% e deve cair para 50% em 2025, e o fechamento, até 2016, da central nuclear de Fessenheim, a mais antiga do país. Sobre essa última operação, o governo pro-mete que será um exemplo para o mundo, em termos de segurança.

Para mobilizar a sociedade em torno das mudanças na ma-triz energética, está sendo or-ganizado na França um grande debate político. Contribuições de

todas as origens serão reunidas em um Conselho Nacional que funcionará como uma espécie de parlamento composto por 112 membros entre represen-tantes de sindicatos e de órgãos governamentais e de entidades de defesa do meio ambiente, entre outros. Esse conselho será supervisionado por um comitê reunindo nomes de peso das áre-as envolvidas com o tema, como Anne Lauvergeon, ex-presidente da Areva (multinacional do setor de energia) e Rebelle Bruno, ex--diretor do Greenpeace. Também fará parte do grupo de discussão uma comissão de cientistas, para ajudar a avaliar diferentes cená-rios do futuro energético do país.

O ano de 2013 será o período chave para estabelecer as mudan-ças. Após o ciclo de debates, ini-ciado em janeiro, foi programado o trabalho dos membros do Con-selho Nacional na “fase da infor-mação”, com duração prevista até o final de fevereiro, para definir vários cenários energéticos. De-pois, os participantes terão até o verão do Hemisfério Norte, no meio do ano, para propor reco-mendações ao governo. Por fim, as propostas serão transformadas em uma lei que irá regulamentar a transição.

© M

icha

l Ada

mcz

yk |

Dre

amst

ime.

com

Page 62: Renergy #13

{ 6 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

urbanizar

Combustível do futuroEmpresa americana de biotecnologia e Embrapa formalizam parceria para desenvolver o pinhão-manso como fonte de energia para veículos e aviões

Aamericana SG Biofuels (SGB), fornecedora de solu-

ções de bioenergia, e a Empresa Brasileira de Pesquisa Agrope-cuária (Embrapa) firmaram um acordo de pesquisa conjunta para promover o desenvolvimento do pinhão-manso como fonte de energia renovável no Brasil. As duas empresas já vêm estudando o vegetal em estudos próprios e agora decidiram unir os esforços com o objetivo de obter, princi-palmente, biodiesel e combustí-vel para uso na aviação.

A SGB vem trabalhando no desenvolvimento da cultura de pi-nhão-manso há cinco anos, com-binando plataformas de melhora-mento e modificação genética. A Embrapa, por meio da unidade Agroenergia, situada em Brasília (DF), lidera uma rede com mais de 20 instituições de pesquisa brasileiras e mantém o maior banco ativo de germoplasma da oleaginosa do País. Os cientistas da instituição estão desenvolven-do estudos que vão desde a gené-tica das espécies catalogadas até a produção de biocombustíveis e o aproveitamento de produtos deri-

vados e resíduos.De acordo com a Embrapa,

avanços já foram obtidos no co-nhecimento sobre espaçamento de plantas, sistema de poda, pro-dução de sementes, consórcio

com outras culturas e controle de pragas e doenças. Na área de pro-cessos, os pesquisadores já estão obtendo resultados dos trabalhos para fabricação de biodiesel e eli-minação da toxicidade da torta

Page 63: Renergy #13

(composto resultante da extração do óleo das sementes).

“Nós identificamos o pinhão--manso como uma espécie ve-getal bastante promissora para a produção de óleo a ser utilizado na fabricação de biodiesel e bio-combustível de aviação no Brasil”, afirma Manoel Souza, chefe-geral da Embrapa Agroenergia. Se-gundo ele, os primeiros esforços para implantar o pinhão-manso no País foram prejudicados pela falta de sistemas de produção. “Estamos confiantes de que a pesquisa em parceria com a SGB vai nos ajudar a superar mais rapi-damente esse desafio”.

A SGB mantem plataformas de melhoramento e modificação genética de plantas na Guatema-la, no Brasil e na Índia. Já produziu centenas de híbridos comerciais de pinhão-manso, que têm de-monstrado alto desempenho em termos de vigor da planta, consis-tência no florescimento, tolerân-cia ao estresse, quantidade de se-mentes e rendimento de óleo. No Brasil, a empresa implantou três centros de desenvolvimento, nos quais são feitos ensaios por meio de desenho experimental e análi-se estatística para avaliar seus hí-bridos em uma série de condições ambientais e agronômicas.

Recentemente, a SGB estabe-leceu um projeto com a Fiagril, produtora de biodiesel localizada em em Lucas do Rio Verde, no Es-tado do Mato Grosso, para avaliar híbridos de pinhão-manso e de-senvolver práticas agronômicas que permitam implementação de plantações em grande escala na região. “Ao juntar nossos esforços às iniciativas da Embrapa, temos potencial para posicionar o Bra-sil como o país preferencial para desenvolvimento e implantação do pinhão-manso como uma das culturas energéticas da nova ge-ração”, destaca Kirk Haney, presi-dente e CEO da SGB.

Page 64: Renergy #13

{ 6 4 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

reaproveitar

Page 65: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 6 5 }

Tudo se aproveitaConstrutora japonesa desenvolveu técnica de demolição de grandes edifícios que emite menos ruído e poeira e ainda aproveita parte do processo para gerar energia

As demolições de prédios cos-tumam mobilizar boa parte

do entorno onde vão acontecer e resultam em uma grande quanti-dade de entulhos e partículas emi-tidas para a atmosfera. Para evitar esses transtornos, a construtora japonesa Taisei Corporation está usando um método diferente e ambientalmente correto para fazer a demolição de um prédio. A técnica, batizada Ecological Reproduction System (Sistema de Reprodução Ecológica), per-mite a desmontagem gradual de arranha-céus e a reutilização dos materiais de construção obtidos na operação. Além disso, é obtida energia no processo de descida dos materiais ao nível do solo e essa energia é usada para compensar as emissões de CO2 da obra.

O prédio que está sendo “des-montado” pela construtora é o do Grand Prince Hotel Akasaka, de Tóquio, que tem 140 metros de al-tura. Um dos principais benefícios do método, estudado desde 2008 pela Taisei Corporation, é que para edifícios com mais de 100 metros de altura a alternativa mais viável

é a implosão, que causa muito im-pacto ambiental. Prédios menores podem ser destruídos por máqui-nas de demolição, mas o processo também não pode ser considerado ecologicamente correto, porque resulta em muita poeira e entulho.

Na técnica da construtora japo-nesa, a primeira fase é de retirada de tudo que está dentro do edifí-cio - só são mantidos os elementos estruturais da construção. Os pisos são trabalhados de cima para baixo e cada um que é esvaziado tem o acesso interrompido para a equi-pe de operários. Na remoção das vigas de concreto, um guindaste no interior do edifício aproveita o movimento de descida ao solo impulsionado pela gravidade para gerar eletricidade, que depois é usada por outros equipamentos. A idéia da empresa é que tudo pode ser reutilizado durante a opera-ção. Com esse reaproveitamento, a emissão de carbono total, se-gundo a Taisei, é reduzida em cer-ca de 85% em relação ao processo convencional.

A desmontagem dos pisos, um dos processos mais complicados

da demolição, é feita com colunas temporárias e macacos gigantes. Vale ressaltar que, mesmo com a retirada das lajes, o teto e a estru-tura externa do edifício são man-tidos até a retirada total das partes internas. Segundo a construtora, outra vantagem do método é a redução no nível de ruído de 17 a 23 decibeis em relação às técnicas de demolição tradicionais e a di-minuição da emissão de poeira em 90%. Além disso, a operação pode ser feita a qualquer momento, in-dependentemente das condições meteorológicas.

A Taisei já havia usado a técnica de desmontagem em outro edifí-cio, mas o processo ganhou mais notoriedade com o Grand Prince Hotel Akasaka que, segundo a empresa é um “marco da cidade” de Tóquio. A expectativa, agora é poder usar a tecnologia em um grande número de demolições, nos próximos anos. Os prédios da capital japonesa com mais de 100 metros de altura usualmente são demolidos após 30 ou 40 anos de ano. E até 2020, muitos deles en-trarão nessa etapa.

Page 66: Renergy #13

{ 6 6 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

As redes de eletricidade inteligentes começam a ser estudadas no Brasil e nos principais mercados de energia do mundo e apontam para um futuro em que os consumidores irão interagir cada vez mais com as concessionárias

Ainformação por um

fio

destaqueE F I C I Ê NC I A

Page 67: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 67 }

SXC

.hu

Page 68: Renergy #13

{ 6 8 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

O s consumidores de telefonia móvel estão habituados a re-

ceber mensagens da prestadora. Algumas, inclusive, fornecendo informações sobre o uso que eles estão fazendo dos seus serviços ou informando o saldo disponível. Mas a maioria dos usuários de eletrici-dade, provavelmente nunca pensou em receber avisos da concessionária, dizendo, por exemplo, que sua gela-deira está gastando energia demais ou existe um curto-circuito nas ins-talações da casa ou do apartamento.

Esse tipo de comodidade, no en-tanto, é possível através de um con-ceito que começa a ser cada vez mais

estudado pelo setor de energia elétri-ca: as smart grids. Em português, o termo pode ser definido como “redes inteligentes”. Através da Tecnologia da Informação, o que acontece nos equipamentos que formam uma rede eletricidade (desde grandes transfor-madores de uma estação de energia até as tomadas de uma residência) é monitorado em tempo real. E as in-formações, repassadas por qualquer meio virtual disponível seja para a concessionária ou para o usuário.

Segundo especialistas entrevista-dos por Renergy Brasil, um esclare-cimento importante sobre as smart grids é que elas não formam um con-

junto de tecnologias específicas ou equipamentos a serem instalados. “O elemento chave da smart grid é a in-formação. Existem camadas diferen-tes de gerenciamento da rede. E em cada um desses um desses patama-res, a informação tem foco diferente”, explica a professora Ruth Pastora Sa-raiva, professora do departamento de Engenharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará (UFC) e integrante, há dois anos e meio, de um grupo de estudo sobre smart grids.

No nível dos consumidores resi-denciais, que formam o grupo mais numeroso de usuários, o primeiro contato com o conceito de smart

destaque

E F I C I Ê NC I A

Page 69: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 69 }

grid é através dos chamados medi-dores inteligentes. Em agosto do ano passado, a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) aprovou uma resolução que regulamenta os requisitos básicos para os sistemas de medição eletrônica para pequenas unidades. Diferentemente dos tradi-cionais, que apenas registram ana-logicamente o consumo e precisam ser periodicamente acompanhados (mensalmente, um funcionário da companhia elétrica vai até o imóvel fazer a medição e emitir a fatura), os medidores inteligentes podem guar-dar, processar e até enviar automati-camente algumas informações.

“Eles funcionam como se fossem pequenos computadores”, afirma o professor Tomaz Nunes Cavalcante, mestre em distribuição de energia elétrica e especialista em eficiência energética do Departamento de En-genharia Elétrica da Universidade Federal do Ceará. Entre os benefícios desse tipo de equipamento para o consumidor, segundo ele, está a pos-sibilidade de gerenciar melhor seu próprio gasto, com as informações disponíveis.

A medição eletrônica permitirá, de acordo com a Aneel, que os consu-midores saibam mais sobre seu perfil (horas de maior e menor demanda de energia, por exemplo) e oferta de novos serviços. As distribuidoras terão 18 meses, a contar da data da resolução (agosto do ano passado) para oferecer os medidores eletrôni-cos aos consumidores. A proposta da Aneel estabelece dois tipos de equi-pamentos. O mais simples, deve ser instalado gratuitamente para quem aderir a um novo modelo, também definido pela agência, de tarifas dife-renciadas por horários. Esse tipo de medidor irá fornecer, através de um mostrador, o consumo de energia elétrica detalhado para cada horário, com o custo de cada um.

Quem não quiser aderir ao siste-ma de tarifas diferenciadas por horá-rios pode ter um medidor inteligente, mas terá que pagar o equipamento. De acordo com a Aneel, esse modelo, mais completo que o primeiro deverá fornecer, obrigatoriamente, valores de tensão e de corrente, informações sobre a energia consumida, data e ho-rário de início e fim das interrupções de curta e de longa duração ocorridas nos últimos três meses e um resumo com todos esses indicadores dos últi-mos 12 meses.

Uma das mudanças mais significa-

tivas trazidas pelo conceito de smart grids está na resolução da Aneel: o es-tímulo à participação mais efetiva do consumidor, que hoje recebe a conta em casa e não entende muito bem como funciona a medição da energia que consome. “A principal caracterís-tica de um sistema com esse recurso é que o consumidor passa de uma atuação passiva para ativa”, ressalta o professor Tomaz Nunes. Ele destaca, inclusive, que será preciso treina-mento, para que todos se adaptem à nova realidade. “As pessoas, hoje, não sabem ler a fatura da energia”.

Indo além dos novos medidores, as smart grids também envolvem in-teresses das concessionárias de ener-gia, porque podem significar redução de custos. Nesse aspecto, segundo a professora Ruth, ela ainda estão em estudo em todo os grandes merca-dos, porque demandam muitos in-vestimentos e a descoberta de novos nichos de negócios. As motivações também dependem da realidade de cada mercado. “Nos Estados Unidos, elas representam uma oportunidade para renovar a rede, trocando-a por uma mais moderna. Na Europa, a motivação é segurança energética, integração de fontes renováveis e re-dução da emissão de CO2. Já o Brasil quer diminuição de perdas”, explica ela.

Entre os benefícios apontados pela pesquisadora para um sistema elétrico gerenciado com o auxílio de smart grids é que ele poderia diver-sificar melhor a matriz, integrando todas as fontes (renováveis ou não) e tornar a rede mais preparada para falhas. A informação em tempo real poderia evitar (ou pelo menos prever com antecedência), por exemplo, os apagões, que estão entre os proble-mas mais críticos do sistema elétrico brasileiro.

ww

w.s

iem

ens.c

om.b

r

Page 70: Renergy #13

{ 7 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

Com a microgeração de energia e a introdução dos primeiros conceitos ligados a smart grids, muitas con-cessionárias de energia do Brasil co-meçaram a realizar estudos para ava-liar o funcionamento e as possíveis vantagens do novo conceito. Vários projetos pilotos estão sendo desen-volvidos em todo o país, avaliando principalmente como os consumido-res interagem com a disponibilização de informações e como a informação pode ajudar na redução de custos ope-racionais das empresas.

A Companhia Energética de Mi-nas Gerais (Cemig) iniciou, em no-vembro de 2010, o projeto Cidades do Futuro, que irá durar até o fim do ano. No município de Sete Lagoas, a cerca de 60 km de Belo Horizonte, aproxi-madamente cinco mil medidores in-teligentes serão instalados até dezem-bro. Segundo Denys Cláudio Cruz de Souza, superintendente de Desenvol-vimento e Engenharia da Distribui-ção da empresa, a metade dos equipa-mentos já está em operação.

A expectativa é de que os resulta-dos sejam obtidos a partir do fim do ano e as conclusões em 2014. Denys acrescenta que o projeto pretende analisar vários aspectos relacionados com as funcionalidades das smart grids. Entre eles estão medição da eficiência operacional do sistema, redução de custos, automação da distribuição e relacionamento com os consumidores, através do forneci-mento de ferramentas para que eles possam controlar melhor o gasto de eletricidade.

Na AES Eletropaulo, um proje-to piloto foi iniciado em 2011, com dois mil consumidores (residenciais

e industriais) no bairro de Ipiranga, em São Paulo. Através da instalação de medidores inteligentes, foi testa-do o funcionamento integrado dos processos de medição, operação e automação. Segundo Paulo Pimen-tel, gerente de projeto de smart grid da empresa, a experiência serviu para entender melhor o conceito e fazer as primeiras avaliações.

Ele explica que como a concessio-nária tem quase milhões de clientes, o universo com apenas dois mil clientes serviu apenas para fornecer subsídios para um novo projeto, que vai ser mais abrangente e tem previsão de lançamento esse ano, com duração mínima de três anos. Paulo destaca que o projeto inicial, no entanto, já serviu para mostrar que a smart grid poderia ajudar a empresa na redução de perdas.

A meta, agora, no próximo proje-to, é aproveitar não só os medidores inteligentes, mas outras estruturas de automação já existentes ou que estão sendo implantadas na rede da Eletro-paulo. Até o fim de 2013, por exem-plo, a empresa irá instalar um sistema de automação da rede subterrânea em 1.274 transformadores. A tecnolo-gia foi desenvolvida pela Landis+Gyr, empresa especializada em equipa-mentos para smart grids, e possibilita o controle dos equipamentos via sinal de rádio. O gerenciamento permitirá a localização de possíveis falhas antes mesmo da interrupção de energia. Outro benefício será a supervisão de abertura das tampas. Sensores acu-sam qualquer movimentação, o que pode evitar o furto de cabos.

Já a Eletrobrás, através da Amazo-nas Energia, uma das suas subsidiá-

destaque

Primeiros testes

E F I C I Ê NC I A

Page 71: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 7 1 }

© H

ongq

i Zha

ng |

Dre

amst

ime.

com

Page 72: Renergy #13

{ 72 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

destaque

rias, lançou em 2011 o ‘Projeto Parin-tins’. Na cidade de mesmo nome, foi implantado um sistema inteligente que, por meio de sensores colocados na rede de distribuição, passou a per-mitir o acompanhamento e a inter-venção imediata em caso de falhas. Também foram instalados medidores inteligentes que evitam a necessidade de leituristas e permitem o monitora-mento dos dados fornecidos pelos medidores, como consumo por ho-rário e custo do kWh em diferentes períodos do dia.

A escolha do município de Pa-rintins se deu pelo fato da ilha ser abastecida por um sistema isolado, o que permite o acompanhamento do desempenho das novas tecnologias

desde a geração até a unidade con-sumidora. Mais de 14 mil clientes residenciais e comerciais foram en-volvidos na experiência. A previsão é de término de instalação de todos os medidores até o fim de 2013, se-gundo informações obtidas no site da Amazonas Energia.

Procurada por Renergy Brasil, a Coelce, distribuidora de energia no Ceará, informou, através da assessoria de imprensa, que a empresa não tem projetos de avaliação de smart grid no Estado. No entanto, a Endesa Brasil, controladora da Coelce, mantém na cidade de Búzios, no Rio de Janeiro, o Cidade Inteligente. Iniciado em 2012, com duração de três anos, o es-tudo tem entre os benefícios previsto

incentivo à eficiência energética nos edifícios, possibilitando o controle do consumo por ambiente e por apare-lho, o acompanhamento em tempo real, por parte do consumidores, dos gastos com energia elétrica e ajustes automáticos em tempo real na rede de distribuição, através de sistemas de controle remoto permitirão para uma nova forma de gestão da energia e um melhor serviço.

Desenvolvida pela Ampla, ou-tra filial da Endesa, a smart grid de Búzios se baseia na experiência de outras iniciativas desenvolvidas pela empresa no mundo, como em Mála-ga e Barcelona, na Espanha, Turim, Gênova e Bari, na Itália, e Santiago do Chile

E F I C I Ê NC I A

Page 73: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 7 3 }

Para ajudar a divulgar melhor o con-ceito da automação nas redes elétri-cas, no Brasil, foi criado, em 2008, o Fórum Latino-Americano de Smart Grid. Anual, o evento reúne um con-gresso e uma exposição sobre o tema e tem como objetivo principal, segundo seus organizadores, monitorar o pro-gresso tecnológico mundial na área de smart grid, sintetizar os resultados e articular ações envolvendo provedo-res de soluções de tecnologia, empre-sas de energia, agentes de regulação e de política governamental, investido-res e consumidores.

Cyro Boccuzzy, presidente do fó-rum, ressaltou, em documento elabo-rado para o último fórum, realizado em novembro do ano passado que o Brasil registrou avanços na política regulatória ligada às redes inteligen-tes. Entre as mudanças positivas, ele destacou a discussão, por parte da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), em torno da padronização

dos medidores, a permissão para companhias de eletricidade explora-rem serviços de telecomunicações e as regras para microgeração (consu-midores gerando a própria energia e negociando o excedente com as con-cessionárias).

Ele lembrou, no entanto, que no país ainda há necessidade de expan-são da rede e do consumo, o que tem deixado a busca pela eficiência e pela automação das redes em segundo plano nas políticas governamentais. Segundo o executivo, o gasto médio residencial do país fica em 150 kW/hora por mês, enquanto na Europa o valor é 800 e nos Estados Unidos ele chega a 1.100. Outra característica do mercado do país que obriga as empre-sas a mudar suas prioridades é o alto índice de perdas causados por furtos e fraudes na medição. Nos países do Primeiro Mundo, a média é de 7% a 8%. Aqui, ela é de 17%.

Da parte das concessionárias, no

entanto, segundo o presidente do fórum, todas têm buscado incluir as smart grids em seus planos de expan-são. “Para as empresas, apesar dos in-centivos insuficientes, se modernizar é fundamental”, explicou Cyro. Por fim, ele ressaltou que por conta das mudanças propostas pela Aneel e o esforço do setor privado, “a chegada das smart grids é inevitável”.

Segundo Júlio Rodrigues, diretor executivo do fórum, em várias partes do mundo já está surgindo uma nova geração de redes de serviço público de distribuição de energia, que viabi-lizará benefícios como o aumento na eficiência do uso de energia (permi-tindo aos clientes gerenciamento de equipamentos em suas casas ou escri-tórios e redução de custos), redução de perdas de energia, uso de geração distribuída (os clientes podem, por exemplo, integrar em casa placas de aquecimento solar, fotovoltaicas ou pequenas turbinas de geração eólica sem necessidade de conhecimento técnico) e redução de interrupções e de problemas de qualidade. “Sistemas com essas funcionalidades já estão em implantação em várias cidades nos Es-tados Unidos, Europa, Ásia e Oriente Médio. Em cerca de 3 a 5 anos esta será a plataforma comumente usada na área de distribuição e uso final de eletricidade”, afirma ele.

Para Cyro Boccuzzy, o medo dos apagões de energia pode servir como um bom argumento para a busca pe-las redes inteligentes no Brasil. As imensas usinas e as longas linhas de transmissão do país, na sua avaliação, trazem grande exposição a agentes ex-ternos e fatores climáticos, tornando a operação do sistema cada vez mais complexa, causando o risco de cortes

Idéias e propostas

© B

elop

ez |

Dre

amst

ime.

com

© B

urne

dflow

ers |

Dre

amst

ime.

com

Page 74: Renergy #13

{ 74 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

As smart grids nos principais mercados do mundo

destaque

Estados UnidosUma força-tarefa federal foi estabelecida

pelo Energy Independence and Security

Act of 2007, uma iniciativa do Congresso

Americano realizada naquele ano para

definir as políticas energéticas do país.

Essa força-tarefa inclui especialistas de 11

agências federais e tem como principal

missão garantir a coordenação, conscien-

tização e integração de todas as ações do

governo que sejam relacionadas com as

tecnologias de redes inteligentes, práticas

e serviços.

Um pacote de investimentos chamado

American Recovery and Reinvestment

Act of 2009 destinou US$ 3,4 bilhões em

subsídios federais para 99 concessio-

nárias de energia, operadoras de linhas

de transmissão e cooperativas do setor

elétrico. Com recursos de contrapartida

dos beneficiados, o investimento total

chega a US$ 7,8 bilhões para implantar

tecnologias de redes inteligentes em todo

o sistema. A previsão de conclusão dos

projetos é 2015.

EuropaA Comissão Européia criou, em 2009, a

Smart Grids Task Force (SGTF, Força-

-Tarefa para Smart Grids). A entidade

procurou traçar um conjunto de objetivos

comuns em torno das políticas e marcos

regulatórios dos países do bloco que já

haviam sido implantados no período de

dois anos antes da sua criação. E também

definiu regras básicas para padronização

das informações dos consumidores e

garantir sua privacidade e segurança.

Com base nos resultados obtidos pela

força-tarefa, em 2011 a Comissão Européia

estabeleceu um conjunto de medi-

das para orientar o desenvolvimento

tecnológico das redes elétricas, definiu

padrões de equipamentos e realizou um

inventário de todos os projetos de smart

grids realizados no continente. Além

disso, foram especificações técnicas para

a implantação de sistemas automatiza-

dos de medição e projetos de análise de

custo-benefício das smart grids.

ÁsiaDe acordo com a Greentch Media, consul-

toria especializada no mercado mundial

de energias renováveis, o volume de

negócios do mercado de smart grids de

China, Japão e Coréia do Sul somava mais

de 8,5 bilhões de dólares no ano passado

e há expectativa de que chegue a US$ 19

bilhões até 2016. A China representa 70%

do total. Japão e Coréia do Sul represen-

tam 20% e 10%, respectivamente.

A consultoria informa que maioria dos

investimentos na China deverá ser

direcionada para transmissão, automação

de distribuição e medição automática.

No Japão, principalmente por causa do

último incidente com a usina nuclear

de Fukushima, que causou sérios danos

ambientais, a necessidade mais urgente

passou a ser gerenciamento de energia.

Além disso, o país tem priorizado a im-

plantação de medidores inteligentes. Já a

Coréia do Sul, segundo a Greentch Media,

possui a rede mais confiável do mundo e

está em um estágio posterior, procuran-

do desenvolver a próxima geração das

tecnologias de redes inteligentes e tendo

como um dos objetivos exportar esse

conhecimento.

de grandes proporções. “O planeja-mento energético brasileiro precisa passar a focar no incentivo ao uso de padrões tecnológicos que privile-giem o uso racional e a conservação de energia, ao emprego de fontes renová-veis de geração em pequena escala e em empreendimentos de menor im-pacto ambiental e localização junto aos centros consumidores”, defende. Tudo isso, ressalta ele, aliado a siste-mas avançados de sensoriamento, controle e medição “para proporcio-

nar precificação e retorno adequado aos investimentos realizados e para que a energia seja acessível a todos”.

O tema da edição de 2013 do Fó-rum Latino-Americano de Smart Grid (previsto para novembro), segundo os organizadores, ainda não foi definido. Poderão participar do evento profis-sionais, entidades públicas ou priva-das ligadas aos segmentos de smart grid, energia, regulação e finanças e empresas fornecedoras de produtos, serviços e tecnologias.

Para sabermais sobre

www.smartgrid.com.br

E F I C I Ê NC I A

Page 75: Renergy #13

C

M

Y

CM

MY

CY

CMY

K

Page 76: Renergy #13

{ 76 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

3r’s reduzir, reutilizar, reciclar

Com ele, nada se perdeAs características do alumínio permitem que ele tenha uma diversa gama de aplicações. Por isso, o metal é um dos mais utilizados no mundo todo. Para o setor de alimentos, por exemplo, ele reduz o peso das embalagens. Também é bom condutor elétrico e apresenta grande durabilidade. A sua desvantagem é a alta toxicidade, mas como ele também é 100% reciclável, basta dar o destino adequado que ele não oferece riscos para o meio ambiente.

R E S Í D U O S S Ó L I D O S

REDUZIRO alumínio tem várias aplicações, mas por causa da sua toxicidade não é aconselhável o uso em panelas e outros utensílios que cozinham a comida. Uma boa alternativa é subs-tituir os itens por panelas de ferro ou vidro. Além de ser mais saudável, essa medida simples contribui para a redução no uso do material em processos industriais.

REUTILIZARUtensílios domésticos, latas de bebidas, esquadrias de janelas, com-ponentes automotivos, entre outros, podem ser fundidos e empregados novamente na fabricação de novos produtos. Pelo seu valor de mercado, a sucata de alumínio permite a gera-ção de renda para milhares de famí-lias brasileiras envolvidas da coleta à transformação final da sucata.

RECICLARA capacidade de reciclagem é um dos principais atributos do alumínio. Ele pode ser reaproveitado infinitas vezes, sem perder suas caracterís-ticas. Esse processo pode ser feito tanto a partir de sucatas geradas por produtos de vida útil esgotada como de sobras do processo produtivo. Uma das principais vantagens da reciclagem é a economia de energia. Ela representa um consumo de ape-nas 5% da energia necessária para produção do material primário.

Page 77: Renergy #13

Faça sua inscrição gratuita para este evento

Mais informações: (55 11) [email protected]

Painel Energia Eólica

+Construção Civil

www.tecnologiademateriais.com.br

No dia 24 abril de 2013, em Fortaleza - CE,

será realizado o Painel Energia Eólica +

Painel Construção Civil, seminários

técnicos com o objetivo de apresentar

soluções em composites, poliuretano e

plásticos de engenharia

Energia Eólica:

• Fabricação de pás eólicas

• Fabricação de peças utilizadas na geração de energia eólica

• Fabricação de equipamentos movidos a energia eólica

• Versatilidade destes materiais

Construção Civil:

• Exemplos de aplicações de peças em composites, poliuretano, e plásticos de engenharia

• Tecnologias para fabricação de peças

• Versatilidade destes materiais

Energia Eólica

Construçã

Local: Hotel Blue TreeR. Dr. Atualpa Barbosa Lima, 500Meireles, Fortaleza - CETelefone:(85) 4008-4008www.bluetree.com.br

Apoio:

24 DE ABRIL FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL

Anuncio Eolica+Contrs Civil 2013.indd 1 2/22/13 9:06 AM

Page 78: Renergy #13

{ 78 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

Como?SANEAMENTO

guia verde

Ajude a manter as redes fluviais e de esgoto

2

3

1

Um dos problemas das companhias de esgotamento sanitário é o acúmulo de resíduos sólidos não orgânicos na tubulação, que se acumulam ao longo do ano e causam entupimentos e outros problemas no processo de tratamento. Além disso, a rede fl uvial, feita para escoar apenas a água da chuva, muitas vezes recebe dejetos de fossas e lixo, o que também causa problemas pelo uso inadequado. Para fazer a sua parte, siga alguns passos, sugeridos pela Companhia de Água e Esgoto do Ceará (Cagece):

Óleo de cozinha não deve ser despejado na rede de esgoto. Devido a sua característica gordurosa, ele gruda nas tubulações de esgoto formando uma crosta pegajosa que vai, ao longo dos dias, obstruindo a passagem dos efl uentes. Este material deve ser armazenado e descartado em locais próprios. Atualmente, existem programas em supermercados, padarias e algumas empresas, que recebem o óleo de cozinha para a destinação correta.

Lugar de lixo é no lixo. Quando resíduos sólidos se acumulam nas tubulações podem causar entupimento e transbordamento do esgoto nas vias públicas. A prática muitas vezes é comum, pessoas jogam papel, resto de comida e outros objetos, direto no vaso sanitário ou abrem o ralo de quintais para despejarem detritos não desejáveis. Porém, o que não sabem é que além do mau cheiro, problemas de saúde pública podem ocorrer e trazer consequências mais sérias para a população quando esta situação acontece.

Esgotamento sanitário e drenagem urbana são sistemas diferentes, ou seja, cada um é pensado e dimensionado para um determinado tipo de função. De fato, grande parte da população não sabe, mas o sistema de esgoto no Brasil é chamado de separador absoluto. Assim, as tubulações de esgoto devem receber apenas as águas servidas e os dejetos advindos dos banheiros, já o sistema de drenagem recolhe as águas de chuva dos quintais e das ruas e deságua nos mananciais sem precisar de tratamento. Confundir esgoto e drenagem prejudica o meio ambiente, além de diminuir a qualidade de vida.

Page 79: Renergy #13

www.feicon.com.br

FEICON BATIMAT,referência para quem pensa em construção.

FAÇA SEU CREDENCIAMENTO ONLINE GRATUITO E PARTICIPE!DISPONÍVEL ATÉ 08/03/2013.

ACOMPANHE AS NOVIDADES DA FEICON BATIMATE DO SETOR ACESSANDO O SITE OU AS MÍDIAS SOCIAIS:

A Feicon Batimat é o maior e o mais conceituado salão da construção da América Latina. Com 21 anos de existência, surpreendendo a cada edição

seus milhares de visitantes, a Feicon Batimat apresenta em primeira mão os principais lançamentos e tendências da arquitetura contemporânea nesta

exclusiva exposição de produtos e serviços voltados à construção civil.

Proibida a entrada de menores de 16 anos, mesmo que acompanhados. Evento exclusivo e gratuito para profissionais do setor que fizerem o seu pré-credenciamento por meio do site ou apresentarem o convite do evento no local. Caso contrário, será cobrada a entrada no valor de R$ 55,00 no balcão de atendimento.

Organização e Promoção:Filiada à: Apoio:

PENSANDO EM INOVAÇÕESPARA SEUS PROJETOS?

www.facebook.com/feiconbatimat

www.twitter.com/feiconbatimat

Apoio Institucional:

RAM293-12 Feicon Anuncio arquiteta 19,2x25cm.pdf 1 12/6/12 11:21 AM

www.feicon.com.br

FEICON BATIMAT,referência para quem pensa em construção.

FAÇA SEU CREDENCIAMENTO ONLINE GRATUITO E PARTICIPE!DISPONÍVEL ATÉ 08/03/2013.

ACOMPANHE AS NOVIDADES DA FEICON BATIMATE DO SETOR ACESSANDO O SITE OU AS MÍDIAS SOCIAIS:

A Feicon Batimat é o maior e o mais conceituado salão da construção da América Latina. Com 21 anos de existência, surpreendendo a cada edição

seus milhares de visitantes, a Feicon Batimat apresenta em primeira mão os principais lançamentos e tendências da arquitetura contemporânea nesta

exclusiva exposição de produtos e serviços voltados à construção civil.

Proibida a entrada de menores de 16 anos, mesmo que acompanhados. Evento exclusivo e gratuito para profissionais do setor que fizerem o seu pré-credenciamento por meio do site ou apresentarem o convite do evento no local. Caso contrário, será cobrada a entrada no valor de R$ 55,00 no balcão de atendimento.

Organização e Promoção:Filiada à: Apoio:

PENSANDO EM INOVAÇÕESPARA SEUS PROJETOS?

www.facebook.com/feiconbatimat

www.twitter.com/feiconbatimat

Apoio Institucional:

RAM293-12 Feicon Anuncio arquiteta 19,2x25cm.pdf 1 12/6/12 11:21 AM

Page 80: Renergy #13

{ 8 0 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

se ligueagenda DICAS DE LIVROS, SITES, FILMES E MUITO MAIS

EncontroO All About Energy estabeleceu-se como o maior evento de Energias Renováveis na América Latina. Em

sua 7ª edição, vem com programação baseada em temas relevantes para o setor de energias limpas, como financiamento, política tributária e incentivos, mercado de comercialização e contratos, logística e competitividade, sustentabilidade, eco-nomia de carbono, eficiência energética, novas tecnologias, Smart Grid e Geração Distribuída. De 11 a 13 de Março de 2013, no Centro de Eventos do Ceará

FeiraEntre 12 e 16 de março, no Pavilhão de Exposições do Anhembi, em São Paulo, acontece a A Feicon Batimat, um dos maiores eventos

de construção da América Latina. Com 21 anos de existência, o encontro reúne os grandes líderes do segmento em uma exposição de produtos

e serviços para todos os setores. Além disso, a feira conta com a conferência Núcleo de Conteúdo Feicon Bati-mat, com palestras e debates trazendo tendências do mercado e profissionais nacionais e internacionais. Mais informações: www.feicon.com.br.

LivroFundamentos de Energia Eólica é uma obra detalhada que surge em um período de crescimento da importância desta fonte de energia. Resulta-

do de uma pesquisa minuciosa, o livro tem como objetivo suprir a demanda da literatura técnica por registros sistematizados de informação sobre questões históricas, técnicas, operacionais e econômicas desta indústria em expansão. Seu conteúdo é indicado para estudantes e profissionais do setor, uma vez que oferece desde capítulos sobre a física e as distribuições estatísticas abrangidas no vento a temas como equipamentos e parques elétricos. Número de páginas: 392. Preço: R$ 60,30. Mais informações: http://bit.ly/Wuiquk

CriatividadeO conceito de “caldeira de vidro” foi lança-do pelos inventores Arne Moberg e Peter

Kjaersboe, doutorados pela Escola Real Politécnica (Suécia), que desejavam utilizar a energia solar de modo elegante. O desenvolvimento ficou a cargo da empresa Soltech Energy. Com a ajuda de simples telhas de vidro, uma casa pode se transfor-mar em um captador solar. Sob as telhas, nem tubulação, nem água, somente um captador solar negro, feito de um material sólido e, praticamente, quase impossível de se estragar, que serve para absorver a energia solar, a fim de reaquecer o ar do

canal situado entre as telhas e o absorvedor. Mais informações: http://bit.ly/YQuh42

Page 81: Renergy #13

r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011 { 8 1 }

27 a 29 de Agosto de 2013Transamérica Expo CenterSão Paulo - Brasil

Medição e Redes Inteligentes

www.meteringlatinamerica.com.br

Organização

Page 82: Renergy #13

{ 8 2 } r e n e rg y. ano 2 > # 13 > 2011

o último apaga a luzNegócios da China. Ilustração: Thyago Cabral

Vis

ite

pro

jeto

s d

os

arti

stas

do

Co

leti

vo B

ase

/ Bai

ão Il

ust

rad

o: w

ww

.bai

aoilu

stra

do.

com

.br

NOVA G114-2.0 MW

SIM, OBTEMOS MAIS ENERGIA DOS LUGARES COM VENTOS FRACOS

> Sim, alcança a mais elevada efi ciência & rentabilidade em lugares com vento fraco

> Sim, oferece a menor densidade de energia do mercado

> Sim, tem a confi ança na tecnologia comprovada: plataforma Gamesa 2.0 MW

> Sim, desenvolvemos tecnologia específi ca para diminuir o Custo da Energia (CoE)

YESWE DO

@Gamesa_O� cial/gamesao� cial

1204_G114_renergy_192x250_port.indd 1 17/08/2012 9:50:20

Page 83: Renergy #13

NOVA G114-2.0 MW

SIM, OBTEMOS MAIS ENERGIA DOS LUGARES COM VENTOS FRACOS

> Sim, alcança a mais elevada efi ciência & rentabilidade em lugares com vento fraco

> Sim, oferece a menor densidade de energia do mercado

> Sim, tem a confi ança na tecnologia comprovada: plataforma Gamesa 2.0 MW

> Sim, desenvolvemos tecnologia específi ca para diminuir o Custo da Energia (CoE)

YESWE DO

@Gamesa_O� cial/gamesao� cial

1204_G114_renergy_192x250_port.indd 1 17/08/2012 9:50:20

Page 84: Renergy #13

Performance em projetos e pessoas mais sustentáveis

para semear um planeta mais consciente.

Nossa energia vem de quem mais nos motiva. Pessoas. Em 2012, a BRASELCO comemora 15 anos de energias, projetos, valores e pessoas mais sustentáveis. Para que façamos um trabalho diferencial, apostamos na difusão de valores que estimulam a criação de um mundo melhor. É assim que chegamos a grandes resultados e transformamos o futuro.

+55 85 3261.2014 / www.braselco.com.br anos

Consultoria, assessoria técnica e desenvolvimento deprojetos de engenharia para grandes empreendimentos na área de energias renováveis.