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RELATÓRIO DE ESTÁGIO
JOANA RITA MARTINS SILVESTRE
RELATÓRIO PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE LICENCIADO
EM SECRETARIADO E ASSESSORIA DE DIREÇÃO
dezembro/2012
Escola Superior de Tecnologia e Gestão
Instituto Politécnico da Guarda
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Ficha de identificação
Estagiária
Nome: Joana Rita Martins Silvestre
Número de aluna: 1009431
Curso frequentado: Secretariado e Assessoria de Direção
Estabelecimento de ensino
Escola Superior de Tecnologia e Gestão do
Instituto Politécnico da Guarda
Av. Dr. Francisco Sá Carneiro, nº 50 6300-559 Guarda
Tel.: 271 220 110 Fax: 271 222 690 www.ipg.pt
Professora Orientadora
Elisabete Batoco Constante de Brito
Mestre – Docente do IPG
Período de estágio
De 04 de junho a 13 de agosto de 2012
Horário: 8h00-12h30 / 13h30-17h00
Duração: 400 horas
Instituição de Acolhimento
TORRE – Sociedade de Confeções, S.A.
6250 – 151 Colmeal da Torre Belmonte
Tel.: 275 910 060 Fax: 275 912 108 www.torre.pt
Coordenador de estágio
Acácio Bernardo Nunes Dias
Técnico Oficial de Contas Chefe dos Serviços Administrativos
iv
“O sucesso é ir de fracasso em fracasso sem perder o entusiasmo”
(Winston Churchill)
Relatório de Estágio
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Resumo
Sendo parte fundamental da conclusão da licenciatura de Secretariado e Assessoria de
Direção, no 3.º ano, serve este relatório para expor as minhas atividades no estágio
curricular efetuado na empresa TORRE, Sociedade de Confeções, S.A., entre os meses
de junho e agosto de 2012.
Os conhecimentos adquiridos nas unidades curriculares do curso foram muito
importantes uma vez que desempenhei funções concordantes com os mesmos:
atendimento telefónico e ao público, utilização de diversos conhecimentos linguísticos,
como inglês, espanhol e francês, mas especialmente a língua portuguesa (falada e
escrita), cortesia e educação, noções de contabilidade, técnicas de arquivo, gestão do
tempo, aplicações informáticas, protocolo, entre outras.
Considero o estágio curricular uma etapa de extrema relevância, pois possibilita aos
alunos um contacto com o verdadeiro mundo laboral, permitindo colocar em prática
toda a aprendizagem exercida durante os três anos do curso.
Palavras-chave: Estágio Curricular, Relatório de Estágio, Secretariado e Assessoria de
Direção, TORRE – Sociedade de Confeções, S.A.
Relatório de Estágio
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Agradecimentos
É chegada a tão aguardada fase de finalização da licenciatura e do fecho de um ciclo,
que, como sempre, dará início a outro. Estas páginas são dedicadas, sobretudo, àquelas
pessoas que sei que me acompanharão daqui para a frente, mas também que se
mantiveram sempre presentes, mesmo antes de ter iniciado este projeto.
Em primeiro lugar, agradeço do fundo do meu coração à minha mãe, Beatriz, e ao meu
pai, Carlos, pela confiança depositada, pela força incondicional, pela cumplicidade e por
todo o apoio financeiro que, pelo esforço que lhes implicou, tentei sempre nunca
desperdiçar e converter em motivo de orgulho.
À minha irmã, Sandra, cunhado, João, e sobrinhos, David e Inês, que infelizmente nem
sempre puderam estar presentes, mas que sempre estiveram no meu coração nos
momentos mais importantes.
À Ana Daniela, amiga desde a infância. Não se tornou apenas num apoio fundamental,
mas sim no fator propulsor de toda esta caminhada. Obrigada por aquela longa conversa
com a mãe Beatriz!
Ao tal “grupinho”, que me proporcionou os melhores e verdadeiros momentos de
alegria, folia e companheirismo desde o início, e porque os melhores amigos que
fazemos na faculdade não têm de ser da mesma turma; Soraia, Rosa, Marco, João,
Bruno, André, Marisa, Zé, e outros que, sendo amigos de amigos, foram sendo
acrescentados.
Às meninas da Egitúnica, por tão bem me terem aceitado, e também pelas noites de
cantorias, praxes, fados e desgarradas. Deste grupo, destaco com grande carinho a
minha madrinha de tuna, Joana.
Às companheiras de quarto, Daniela e Andreia pelos serões bem passados e pela
entreajuda. Às co-residentes Vera e Jacky. Criámos entre todas uma imprevisível
amizade e, por isso, muito obrigada pelo apoio incondicional!
Às colegas e amigas de turma: Margarete, Elisabete e Graça, pelo companheirismo e
dedicação ao longo destes três anos. À Elsa em especial, a quem agradeço por toda a
compreensão e amizade.
Relatório de Estágio
vii
À minha orientadora de estágio, professora Elisabete Brito, por ter prontamente aceitado
o meu pedido.
Ao Instituto Politécnico da Guarda em geral, por me ter recebido como aluna, à Escola
Superior de Tecnologia e Gestão e aos professores do curso de Secretariado e
Assessoria de Direção, pela sua partilha de conhecimento e experiência.
À Associação Académica da Guarda, pelo acolhimento e integração.
À Comissão de Praxe e Conselho de Veteranos, pelas divertidas e, por vezes, duras
noites de rondas e praxes, no ano de caloira.
Por último, mas sempre em primeiro, o meu namorado, Henrique. Por tudo,
simplesmente, por ter estado sempre lá, pelo apoio absoluto, pelo amor e amizade.
A todos que de uma forma ou de outra, deram o seu contributo para que a minha
passagem pela Guarda fosse inesquecível, me fizeram uma pessoa mais forte, mais
confiante e crente em mim mesma.
Obrigada!
Relatório de Estágio
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Índice Geral Ficha de Identificação ............................................................................................................................................ iii
Resumo .................................................................................................................................................................. v
Agradecimentos..................................................................................................................................................... vi
Índice Geral......................................................................................................................................................... viii
Índice de Figuras .................................................................................................................................................... x
Índice de Gráficos ................................................................................................................................................ xii
Glossário de Siglas .............................................................................................................................................. xiii
INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 1
CAPÍTULO 1 – A INDÚSTRIA TÊXTIL E DO VESTUÁRIO – DO PASSADO AO PRESENTE .. 2
1.1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................... 3 1.2. ENQUADRAMENTO SETORIAL ........................................................................................................ 3
1.2.1. Caracterização da Indústria Têxtil e do Vestuário em Portugal ............................................... 4 1.2.2. Evolução da ITV – do passado ao presente ............................................................................ 7
1.3. ANÁLISE SWOT DA ITV............................................................................................................... 9 1.4. TENDÊNCIAS FUTURAS ................................................................................................................ 12
CAPÍTULO 2 – A EMPRESA TORRE – SOCIEDADE DE CONFEÇÕES, S.A............................. 14
2.1. APRESENTAÇÃO DA EMPRESA ..................................................................................................... 15 2.2. LOCALIZAÇÃO ............................................................................................................................ 16 2.3. BREVE HISTORIAL DA EMPRESA ................................................................................................... 17 2.4. A MARCA TORRE ...................................................................................................................... 19 2.5. ORGANIGRAMA .......................................................................................................................... 21 2.6. CLIENTES ................................................................................................................................... 22 2.7. ESTRATÉGIA DA TORRE ............................................................................................................ 23 2.8. PROJETOS FUTUROS .................................................................................................................... 24 2.9. O GRUPO TORRE ...................................................................................................................... 24
2.9.1. Empresas pertencentes ao grupo TORRE ............................................................................ 26 2.9.1.1. A Torfal, Ld.ª ............................................................................................................................. 26
2.9.1.1.1. Áreas de atuação ................................................................................................................. 28 2.9.1.1.2. Visão e Missão .................................................................................................................... 28 2.9.1.1.3. Organigrama ....................................................................................................................... 28 2.9.1.1.4. Clientes............................................................................................................................... 29 2.9.1.1.5. Certificação de Qualidade .................................................................................................... 30 2.9.1.1.6. Filosofia de atuação ............................................................................................................. 30
2.9.1.2. A Torfal Torre, ACE................................................................................................................... 31 2.9.1.3. A Centum Cellas, Ld.ª ................................................................................................................ 32
CAPÍTULO 3 – O ESTÁGIO ............................................................................................................. 33
3.1. O DEPARTAMENTO FINANCEIRO/CONTABILÍSTICO E ADMINISTRATIVO ......................................... 34 3.2. PLANO DE ESTÁGIO ..................................................................................................................... 35 3.3. INTEGRAÇÃO NA EMPRESA .......................................................................................................... 36 3.4. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ..................................................................................................... 37
Relatório de Estágio
ix
3.4.1. Tarefas diárias .................................................................................................................... 37 3.4.1.1. Tratamento da correspondência recebida ................................................................................. 37 3.4.1.2. Arquivo ................................................................................................................................. 39 3.4.1.3. Atendimento telefónico .......................................................................................................... 43 3.4.1.4. Expedição de correio .............................................................................................................. 44 3.4.1.5. Depósito de cheques ............................................................................................................... 45 3.4.1.6. Fotocópias ............................................................................................................................. 52 3.4.1.7. Atendimento ao público ......................................................................................................... 52 3.4.1.8. Separação de documentos ....................................................................................................... 47
3.4.2. Tarefas pontuais ................................................................................................................. 47 3.4.2.1. Recolha de assinaturas............................................................................................................ 47 3.4.2.2. Entrega de correio aos diversos setores ................................................................................... 48 3.4.2.3. Preenchimento de cheques ...................................................................................................... 49 3.4.2.4. Envio de fax........................................................................................................................... 49 3.4.2.5. Redação de cartas ................................................................................................................... 50 3.4.2.6. Realização de chamadas para o exterior .................................................................................. 50 3.4.2.7. Digitalização de documentos .................................................................................................. 51 3.4.2.8. Conferência de faturas com guias de transporte ....................................................................... 51 3.4.2.9. Correção ortográfica de documentos ....................................................................................... 51 3.4.2.10. Colocação de selos em envelopes .......................................................................................... 51 3.4.2.11. Organização e arrumação do arquivo (expurgação de arquivo passivo) ................................... 52 3.4.2.12. Picagem de extratos conta-corrente ....................................................................................... 52 3.4.2.13. Reconciliação de contas........................................................................................................ 53 3.4.2.14. Criação e impressão de lombadas .......................................................................................... 53 3.4.2.15. Inquérito Mensal à Produção Industrial – Instituto Nacional de Estatística (INE) .................... 54 3.4.2.16. Requisição de selos aos CTT e consequente conferência ........................................................ 54 3.4.2.17. Operações no Vanguarda ...................................................................................................... 55
3.5. CRONOGRAMA DE ATIVIDADES ................................................................................................... 59 3.6. INICIATIVAS ............................................................................................................................... 61
3.6.1. Arrumação das três salas de arquivo .......................................................................................... 61 3.6.2. Criação de uma tabela-esquema da atual disposição da sala de arquivo n.º 1 ............................... 63 3.6.3. Separação da correspondência em categorias ............................................................................. 64 3.6.4. Criação de uma página da empresa no Facebook ........................................................................ 64 3.6.5. Etiquetagem de variados assuntos para mais fácil e rápido acesso ............................................... 65
3.7. SUGESTÕES ................................................................................................................................ 65 3.7.1. Colocação de uma nova seta de sinalização da empresa .............................................................. 65 3.7.2. Gestão do economato em base de dados ..................................................................................... 66 3.7.3. Digitalização do arquivo ........................................................................................................... 67 3.7.4. Reciclagem das folhas de papel e cartões ................................................................................... 68 3.7.5. Aumentar o número de prateleiras nas salas de arquivo .............................................................. 68 3.7.6. Aquisição de uma máquina de café para a “sala da fotocopiadora”.............................................. 68
CONCLUSÃO .................................................................................................................................... 69
BIBLIOGRAFIA ................................................................................................................................ 71
ÍNDICE DE ANEXOS ........................................................................................................................ 73
ANEXOS............................................................................................................................................. 74
Relatório de Estágio
x
Índice de Figuras
Figura 1 – Atual logótipo da TORRE ...................................................................................... 15 Figura 2 – Localização da TORRE, Sociedade de Confeções, S.A. .......................................... 16 Figura 3 – Torre Centum Cellas .............................................................................................. 17 Figura 4 – Evolução temporal da TORRE ............................................................................... 17 Figura 5 – Instalações da TORRE ........................................................................................... 18 Figura 6 – Estrutura organizacional do grupo TORRE ............................................................. 26 Figura 7 – Organigrama da TORRE ........................................................................................ 22 Figura 8 – Clientes da TORRE ................................................................................................ 23 Figura 9 – Atual logótipo da Torfal ......................................................................................... 27 Figura 10 – Áreas de atuação da Torfal e respetivos serviços de destaque ................................ 28 Figura 11 – Organigrama da Torfal ......................................................................................... 29 Figura 12 – Ilustração com os logos dos clientes da Torfal ...................................................... 30 Figura 13 – Logo da TUV Rheinland ...................................................................................... 30 Figura 14 – Filosofia de atuação da Torfal ............................................................................... 31 Figura 15 – Logo da Torfal Torre ACE ................................................................................... 31 Figura 16 – Atual logo da Centum Cellas ................................................................................ 32 Figura 17 – Organigrama do gabinete Financeiro/Contabilístico da TORRE ............................ 34 Figura 18 – Destinatários da correspondência recebida e respetivas pessoas a quem se
destinam .............................................................................................................. 38 Figura 19 – Pasta exemplificativa do arquivo existente na Sala de Arquivo n.º 1 ...................... 40 Figura 20 – Sala da Fotocopiadora .......................................................................................... 40 Figura 21 – Terceira sala que contém Arquivo......................................................................... 41 Figura 22 – Armário contendo Arquivo de Contabilidade ........................................................ 41 Figura 23 – Prateleira contendo Arquivo de Contabilidade ...................................................... 41 Figura 24 – Cesto contendo o correio a expedir ....................................................................... 45 Figura 25 – Cheque preenchido juntamente com o talão de depósito ........................................ 45 Figura 26 – Guichet de atendimento - vista de fora do gabinete ............................................... 52 Figura 27 – Empresas do grupo e pessoas a quem se destina a assinatura dos documentos ....... 48 Figura 28 – Envelopes das empresas com selos previamente colados ....................................... 52 Figura 29 – Lombadas de pastas criadas – uma escrita a lápis e a outra no computador ............ 53 Figura 30 – Imagem de abertura do software Vanguarda ......................................................... 55 Figura 31 – Menu inicial do programa Vanguarda ................................................................... 55 Figura 32 – Lançamento de faturas de fornecedores (2º passo) ................................................ 57 Figura 33 – Lançamento de faturas de fornecedores (3º passo) ................................................ 57 Figura 34 – Lançamento de faturas de fornecedores (último passo).......................................... 57 Figura 35 – Lançamento de recebimentos de clientes no banco (2º passo) ................................ 58 Figura 36 – Lançamento de recebimentos de clientes no banco (último passo) ......................... 58 Figura 37 – Lançamento de recebimentos de clientes e emissão do respetivo recibo ................ 59 Figura 38 – Cronograma de atividades desempenhadas na TORRE ......................................... 60 Figura 39 – Sala de Arquivo n.º 1 desorganizada ..................................................................... 61 Figura 40 – Sala de Arquivo n.º 1 organizada .......................................................................... 61 Figura 41 – "Sala da fotocopiadora" desorganizada ................................................................. 63 Figura 42 – "Sala da fotocopiadora" organizada ...................................................................... 63 Figura 43 – Terceira sala de arquivo desorganizada ................................................................. 63 Figura 44 – Terceira sala de arquivo organizada ...................................................................... 63
Relatório de Estágio
xi
Figura 45 – Separadores de folhas timbradas com etiquetas ..................................................... 65 Figura 46 – Seta sinalizadora da TORRE ................................................................................ 66 Figura 47 – Seta de sinalização criada ..................................................................................... 66 Figura 48 – Sugestão de base de dados, referente ao Economato .............................................. 67
Relatório de Estágio
xii
Índice de Gráficos Gráfico 1 – Valores da Produção, Volume de Negócios, Exportação e Importação em Portugal
no ano de 2009 ...................................................................................................... 4 Gráfico 2 – Evolução anual do número de empresas do setor Têxtil ........................................... 8 Gráfico 3 – Evolução anual do número de empresas do setor Têxtil ........................................... 9
Relatório de Estágio
xiii
Glossário de Siglas
CAE Código das Atividades Comerciais
CEE Comunidade Económica Europeia
CTT Correios, Telégrafos e Telefones (Correios de Portugal, S.A.)
EFTA European Free Trade Association (em português: Associação Europeia de
Comércio Livre)
INE Instituto Nacional de Estatística
ITV Indústria Têxtil e do Vestuário
OMC Organização Mundial do Comércio
SWOT Strengths, Weaknesses, Opportunities & Threats (em português: Forças,
Fraquezas, Oportunidades e Ameaças)
TOC Técnico Oficial de Contas
UE União Europeia
Relatório de Estágio
1
Introdução
O estágio é a componente mais prática do curso de Secretariado e Assessoria de
Direção, e também a única que não implica o acompanhamento direto por parte do
docente. Sendo assim, serve para uma aproximação à realidade laboral, mas também
para uma oportunidade de o aluno, no mundo do trabalho, saber tomar decisões sozinho
e aprender a lidar com as diferentes situações e pessoas, imediata e objetivamente.
Este trabalho consiste no relato das atividades decorridas no estágio por mim realizado,
entre 4 de junho e 13 de agosto de 2012, na empresa TORRE, S.A., em Colmeal da
Torre. O estágio curricular faz parte integrante do segundo semestre e insere-se no
último ano da licenciatura em Secretariado e Assessoria de Direção, do Instituto
Politécnico da Guarda.
A elaboração deste documento permite fazer um balanço do que foi desenvolvido ao
longo do estágio e tem como principais objetivos levar a cabo um relato pormenorizado
das atividades realizadas ao longo das dez semanas de estágio, avaliar o seu
desenvolvimento de acordo com o plano de estágio proposto, refletir sobre o modo
como as atividades foram desenvolvidas e servir como instrumento de avaliação do
estágio.
Desta forma, dividi o relatório em três partes: a primeira corresponde ao capítulo 1 e
apresenta uma abordagem histórica da indústria dos têxteis e vestuário, em Portugal. O
capítulo 2 conta a história e dá a conhecer a atividade da TORRE – Sociedade de
Confeções, S.A., a entidade que me recebeu como estagiária. O terceiro capítulo
descreve detalhadamente os meus passos no estágio, enumerando todas as tarefas
desenvolvidas no gabinete de contabilidade e finanças da TORRE, bem como as
iniciativas tomadas e as sugestões feitas por mim à empresa.
Finalmente, como este relatório será objeto de avaliação, espero conseguir elaborá-lo da
melhor forma possível e conseguir transmitir coerentemente todas as informações e
experiências que fui recolhendo e vivendo ao longo destas dez semanas, mesmo estando
consciente que num documento desta natureza é difícil transmitir todo o conteúdo
inerente ao estágio.
Relatório de Estágio
2
Capítulo 1 A Indústria Têxtil e do Vestuário –
do passado ao presente
Relatório de Estágio
3
1.1. Introdução
Este capítulo pretende dar a conhecer resumidamente o setor dos têxteis e do vestuário a
nível nacional. A razão pela qual escolhi inclui-lo no Relatório de Estágio explica-se
pelo facto de o meu estágio ter decorrido numa empresa de confeções e, também, por
sentir a necessidade de aprofundar os meus conhecimentos sobre a área.
O setor têxtil e do vestuário, sendo um dos que mais se tem destacado nas últimas
décadas pela sua representatividade na estrutura industrial portuguesa, desde sempre
assumiu um papel de relevo relativamente à empregabilidade e peso na economia.
Contudo, tem sofrido algum decréscimo em termos de desenvolvimento e concorrência,
nomeadamente internacional. Atravessa, assim, uma fase de reestruturação, de que
resulta a eliminação de milhares de postos de trabalho, devido às consequências da crise
no setor, conjugadas com as dificuldades económicas que o nosso país atravessa
presentemente.
Desta forma, recorrendo a pesquisas na web, reuni informação relevante para cumprir o
meu objetivo, que passa por prestar um contributo na perceção do comportamento deste
setor, expor oportunidades e ameaças, fraquezas e forças e delinear um panorama para o
futuro.
1.2. Enquadramento setorial
De acordo com o código de classificação das atividades económicas (CAE), a Indústria
Têxtil e do Vestuário (ITV) enquadra-se na secção das Indústrias Transformadoras e
abrange a Fabricação de Têxteis (CAE 17) e a Indústria do Vestuário, Preparação,
Tingimento e Fabricação de Artigos de Peles com Pelo (CAE 18)1.
Dentro na indústria têxtil distinguem-se dois setores fundamentais: o setor têxtil e o
setor do vestuário. Apesar de se encontrarem conjugados na denominação de uma
indústria, são setores distintos e com especificidades próprias, ainda que estejam ligados
verticalmente, pois os têxteis são a principal componente para os produtos de vestuário.
O setor têxtil compreende o conjunto de processos de transformação que permitem a
partir da matéria-prima de base, obter um produto acabado – o tecido. O setor de 1 EDIT VALUE Empresa Júnior N.º 2, “Análise da Indústria têxtil e do Vestuário”, 2006, disponível em http://foreigners.textovirtual.com/edit-value/analise-da-industria-textil-do-vestuario.pdf, acedido em 29 de agosto de 2012
Relatório de Estágio
4
vestuário está associado às atividades de transformação dos materiais têxteis em
vestuário, englobando atividades como o corte, a confeção e o acabamento de peças de
vestuário. Nem toda a produção têxtil é destinada ao setor do vestuário, pois uma parte
vai para a distribuição (têxteis-lar), e outra é utilizada por outras indústrias (têxteis
técnicos e artigos de revestimento).
1.2.1. Caracterização da Indústria Têxtil e do Vestuário em
Portugal
A ITV é uma das indústrias com maior representatividade na estrutura industrial
portuguesa e desde sempre assumiu um papel de relevo em termos de emprego e peso
na economia nacional. Concentrada sobretudo no norte de Portugal, esta indústria é
maioritariamente constituída por pequenas e médias empresas.
Na atualidade este setor representa cerca de 11% do total das exportações, 22% do
emprego da indústria transformadora e 8% da produção na mesma indústria2.
O gráfico que se segue demonstra os valores pelos quais se mede a importância da ITV
em Portugal, no ano de 2009.
Gráfico 1 – Valores da Produção, Volume de Negócios, Exportação e Importação em Portugal no ano de 2009
Fonte: CIP, “Estudo de caracterização dos recursos humanos do setor têxtil e vestuário”, (s.d.)
Como nos mostra o gráfico apresentado, no ano de 2009, Portugal obteve mais de 5700
milhões de euros em produção, na Indústria Têxtil e do Vestuário. No que toca às
2 CIP – Confederação Empresarial de Portugal, “Estudo de caracterização dos recursos humanos do setor têxtil e vestuário”, disponível em http://www.cip.org.pt/irj/servlet/prt/portal/prtroot/com.sap.km.cm.docs/ cip/documentos/centrodocumentacao/Assuntos%20Sociais/Sa%C3%BAde%20e%20Seguran%C3%A7a/Estudo%20sobre%20os%20%20RH%20da%20ITV.pdf, acedido em 1 de outubro de 2012
5704 5769
34482889
0
1000200030004000500060007000
Produção Volume de Negócios
Exportação Importação
Milh
óes d
e Eu
ro
Relatório de Estágio
5
importações e exportações, verificamos que naquele período, os valores de exportação
se revelaram mais elevados do que os da importação, o que significa um saldo da
balança comercial positivo.
A Produção de Têxteis e Vestuário caracteriza-se por ser um setor maduro,
fragmentado, caracterizado pela mão-de-obra intensiva e com baixos requisitos a nível
do investimento de capital. É uma das atividades mais expostas à concorrência
internacional, com um elevado grau de abertura e que, por isso, experimenta em
primeira mão os efeitos positivos e negativos do que sucede em termos globais no setor.
Este setor tem constituído o sustento de muitos agregados familiares, tendo
proporcionado estabilidade ao longo de várias décadas, o que permitiu a aquisição de
novas e diferentes oportunidades. A par disso, ocorreu a adaptação de algumas empresas
ao mercado, tendo havido especialização em produção de fio, malhas e confeção de
tecidos. Embora tenha ocorrido uma expansão do setor do vestuário até meados dos
anos 90, seguiu-se um declínio acentuado até ao presente. Por sua vez, o setor têxtil
apresentou um declínio progressivo desde os anos 80. Daí a importância relativa destes
dois setores ter vindo a diminuir na economia portuguesa. O atual contexto de
liberalização do comércio mundial confronta a ITV portuguesa com consideráveis
desafios.
Relativamente ao subsetor da confeção, Portugal está a perder quota de mercado a favor
de países pertencentes à própria União Europeia (UE), mas sobretudo em relação a
países de mão-de-obra mais barata que, devido a este fator, se tornam mais competitivos
em termos de preços, e que têm feito aumentar, de forma visível, a sua presença no
mercado mundial.
São de salientar, essencialmente, duas debilidades do setor: por um lado, a fraca
presença de marcas próprias com projeção no estrangeiro, pois, de facto, a maioria dos
produtos portugueses circula sob marcas estrangeiras, o que impossibilita a criação de
uma imagem de marca; por outro lado, a escassa presença de filiais das empresas
portuguesas no estrangeiro, que permitam o rápido acesso aos mercados e a obtenção de
informação acerca dos mesmos, fatores decisivos no novo contexto da concorrência
internacional. Para além disso, tem aumentado a dependência dos produtores nacionais
face às grandes cadeias internacionais de vestuário, o que tem provocado mudanças
profundas no mercado da distribuição.
Relatório de Estágio
6
Os fatores que têm contribuído para aumentar as dificuldades do setor têxtil são,
sobretudo, três: abrandamento económico da União Europeia e dos seus principais
mercados de exportação, a evolução da taxa de câmbio do dólar norte-americano e do
euro que continua a afetar negativamente a competitividade de vários tipos de produtos;
e a abertura da Organização Mundial do Comércio (OMC) a países como a China e a
Índia, cuja competitividade assenta nos baixos custos da sua mão-de-obra3.
Por essa razão, tem-se verificado uma tendência de deslocalização da produção para
países que beneficiam de vantagens competitivas em termos de custos de produção.
Circunstância que leva as empresas portuguesas a instalar nesses países as suas próprias
unidades produtivas ou a subcontratar a produção, o que se reflete, posteriormente, no
fecho de muitas fábricas em Portugal e no aumento do desemprego nacional.
Apesar de tudo, o setor tem vindo a registar em Portugal comportamentos dinâmicos e
competitivos em determinados subsectores e empresas, aproveitando alguns dos seus
pontos fortes como a proximidade geográfica e cultural face ao mercado europeu, a
tradição e o saber-fazer acumulados, custos salariais moderados face aos níveis
europeus, reconhecimento internacional crescente dos produtos, realização de elevados
investimentos de modernização tecnológica, desenvolvimento progressivo de uma
cultura de qualidade e de resposta rápida.
A ITV portuguesa transformou-se radicalmente ao longo das últimas décadas. Passou de
uma indústria transformadora, caracterizada pela massificação da produção e pela venda
de capacidades produtivas, ou seja apenas competitiva pelos baixos custos operativos,
mais concretamente pelos baixos salários, para uma atividade mais sofisticada,
informada fortemente pelos fatores críticos de competitividade, como a moda, a
inovação tecnológica e a intensidade de serviço.
Neste contexto de mudança, embora nas duas últimas décadas se tenha verificado o
desaparecimento de um elevado número de empresas, a indústria do têxtil e do vestuário
soube reinventar-se, inovando e crescendo, e tendo criado atualmente três caminhos
para empresas do sector: marca e distribuição de moda, têxteis técnicos e funcionais e
3 I Edição Revista GeoPlanUM I, Guimarães, “Inovação e Desenvolvimento no setor Têxtil e Vestuário”, 2010, disponível em http://www.geoplanum.pt/web1/uploads/catalogo/publicados/upload-1820-0.pdf, acedido em 29 de agosto de 2012
Relatório de Estágio
7
private label4 sofisticado. Efetivamente, modernidade, flexibilidade, dinamismo,
tecnologia, inovação, qualidade, design e criatividade são algumas das características
que distinguem a ITV.
1.2.2. Evolução da ITV – do passado ao presente
Apesar da tardia industrialização portuguesa, que se iniciou nos finais do século XVIII,
Portugal sempre teve uma forte tradição têxtil. Nessa época predominavam as pequenas
oficinas e o trabalho mal remunerado.
Entretanto, com a Revolução Industrial inglesa apareceram novos produtos, como o
algodão, verificando-se uma redução acentuada dos preços. Estes produtos fizeram
concorrência direta com os têxteis portugueses, o que inviabilizou a produção interna.
Contudo, a indústria têxtil moderna estabelece-se e progride em Portugal entre 1840 e
1860, sobretudo com o fim das lutas liberais, graças a investimentos privados que
apostaram na aquisição de máquinas a vapor e na divisão técnica do trabalho. Estas
inovações verificaram-se principalmente na indústria algodoeira e de lanifícios. No
entanto, a maior parte da produção era ainda obtida de forma artesanal, resistindo à
inovação e à modernização.
Durante muito tempo, as exportações portuguesas de têxteis tiveram pouca relevância,
dado que só em períodos de conflito externo – 1ª Guerra Mundial (1914-1918), Guerra
civil de Espanha (1936-1939) e a 2ª Guerra Mundial (1939-1944) – ganhavam difusão.
No século XIX assiste-se a um desenvolvimento significativo da indústria têxtil,
particularmente no Vale do Ave, potenciado pela introdução de taxas aduaneiras, de
modo a encarecer os produtos importados, salvaguardando os produtos nacionais, pela
consolidação dos mercados coloniais e pelo reconhecimento das vantagens da
localização das indústrias nas áreas rurais.
Em 1931 foi instituído, pelo Estado Novo, o regime de condicionamento industrial,
incluindo a indústria algodoeira, com o objetivo de disciplinar, coordenar e proteger a
indústria. O algodão provinha das colónias, mas a sua produção era insuficiente e a
importação era dificultada, o que obrigava as indústrias a trabalhar abaixo da sua
4 As empresas que atuam no mercado de Private Label são aquelas que produzem mercadorias para marcas de terceiros, atendendo todas as exigências e especificações de cada cliente. Fonte: http://www.villatextil.com.br/novo/private/index, acedido em 16 de outubro de 2012
Relatório de Estágio
8
capacidade. Esta situação foi resolvida nos anos 50/60, com o aparecimento das fibras
sintéticas.
Em 1960, a adesão de Portugal à Associação Europeia de Comércio Livre (EFTA)
permitiu a abertura ao exterior, o que tornou Portugal num dos maiores exportadores
mundiais de têxteis e de vestuário, reconhecido nos mercados pela sua excelente relação
qualidade/preço.
Os anos 80 e 90 ficaram marcados pela adesão de Portugal à Comunidade Económica
Europeia (CEE) (1986) e por uma forte aposta na modernização do setor, através de
apoios do Estado e da União Europeia, associados ao investimento em novas
tecnologias, o que veio a revelar-se fundamental para o seu desenvolvimento.
De seguida apresento dois gráficos que mostram a evolução do número de empresas
Têxteis e de Vestuário, por todo o país, no período compreendido entre 2000 e 2007.
Gráfico 2 – Evolução anual do número de empresas do setor Têxtil
Fonte: CENIT – Centro de Inteligência Têxtil (2009), “Análise da Indústria Têxtil e Vestuário no Norte de Portugal e Galiza: Consolidação da Complementaridade do «Cluster» Transfronteiriço na Euroregião”
O gráfico acima representado, referente à evolução anual do setor têxtil. Exibe de forma
acentuada que esta indústria está presente maioritariamente no norte do país, enquanto
que mostra valores muito baixos no sul e nas regiões autónomas. Neste gráfico é
também possível notar o facto de que, na maior parte das regiões, o ano 2005 foi o que
0500
100015002000250030003500400045005000
Norte Centro Lisboa/Vale Tejo
Alentejo Algarve Açores Madeira
Setor Têxtil2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
Relatório de Estágio
9
revelou maior crescimento do número de empresas, nomeadamente no Norte, Centro e
Lisboa/Vale do Tejo.
Gráfico 3 – Evolução anual do número de empresas do setor Têxtil
Fonte: CENIT – Centro de Inteligência Têxtil (2009), “Análise da Indústria Têxtil e Vestuário no Norte de Portugal e Galiza: Consolidação da Complementaridade do «Cluster» Transfronteiriço na Euroregião”
O gráfico acima mostra novamente que a região Norte é a que detém maior presença da
indústria de vestuário, revelando valores muito próximos das 9000 empresas. Pelo
contrário, nas regiões do Algarve, Açores e Madeira a presença desta indústria é quase
inexistente.
De uma forma geral, verifica-se um crescimento deste setor em Portugal desde 2000 até
2003/2004, seguido de uma descida a partir desse período.
1.3. Análise SWOT da ITV
Tendo em conta as oscilações de que o setor tem sido alvo nas últimas décadas, é
possível definir forças e debilidades no setor têxtil, bem como oportunidades e ameaças
a considerar. A análise SWOT (normalmente aplicada às organizações) permite fazer a
avaliação de um setor económico, pelas suas forças e fraquezas relativamente à sua
forma de ser/atuar e, também, segundo as oportunidades e ameaças, em relação ao
ambiente que o rodeia.
Este setor, como já havia sido referido, representou um grande papel na economia
portuguesa e, apesar de ter sido o maior gerador de emprego numa dada época, enfrenta
0100020003000400050006000700080009000
10000
Norte Centro Lisboa/Vale Tejo
Alentejo Algarve Açores Madeira
Setor Vestuário2007
2006
2005
2004
2003
2002
2001
2000
Relatório de Estágio
10
hoje grandes dificuldades a nível de concorrência e expansão. Contudo, este continua a
ser um setor com imenso potencial de desenvolvimento e renovação, pelo que passo a
descrever sucintamente uma análise SWOT do mesmo.
Principais Pontos Fortes:
► Forte know-how técnico (o saber-fazer), que se traduz no vasto conhecimento da
produção, processos, produtos e mercados;
► Tradição têxtil;
► Qualidade nacional que se destaca dos produtos de outros países;
► Proximidade geográfica e cultural dos grandes mercados europeus;
► Equipamentos e tecnologias recentes;
► Flexibilidade;
► Fileira apoiada em consistentes e desenvolvidos centros de competência –
associações, universidades, centros de formação, centros tecnológicos;
► Adaptabilidade;
► Grande reatividade.
Principais Pontos Fracos:
► Falta de iniciativa e fraco empreendedorismo das empresas, que leva a que estas
se tornem demasiado dependentes de apoios do Estado e da UE;
► Custo de mão-de-obra superior ao praticado nos países emergentes (China,
Índia, etc.);
► Mão-de-obra pouco qualificada;
► Reduzida dimensão das empresas e dificuldade de acesso a crédito por parte das
mesmas;
► Elevado peso na indústria têxtil e do vestuário na economia portuguesa, o que
leva a um significativo aumento de desemprego em tempos de crise no setor;
► Forte dependência de grandes grupos, nomeadamente pertencentes ao mercado
espanhol;
► Fraca aposta na criação de marcas próprias;
► Investigação e Desenvolvimento reduzidos;
► Baixa produtividade da mão-de-obra;
► Gestão empresarial pouco eficiente (mau planeamento, falhas no cumprimento
dos prazos, organizações demasiado hierarquizadas).
Relatório de Estágio
11
Oportunidades:
► Nichos de mercado para determinados tipos de produtos e mercados emergentes;
► Produção de artigos mais difíceis das gamas das grandes marcas, que se
massificam, via Europa de Leste, Á sai ou Norte de África, dois a três anos mais
tarde;
► Controlar outros elementos da cadeia de valor, nomeadamente o design, a
inovação, a distribuição e redefinição do modelo de negócio e gestão;
► Desenvolvimento de novas aplicações para produtos têxteis, os chamados
“têxteis do futuro”;
► Aposta nos produtos têxteis com valor acrescentado;
► Especialização industrial;
► A emergência de novos mercados com baixos custos de produção poderá
constituir um incentivo à ITV portuguesa, numa via para reforçar os seus fatores
de competitividade;
► Promover a investigação de novos têxteis de elevado valor acrescentado, nas
empresas, de modo a que esta não seja um ato exclusivo das universidades;
► Ganhar dimensão crítica, via fusões, aquisições ou redes de cooperação, para
maior competitividade e significado no mercado europeu e mundial;
► Moda, marcas e distribuição “Made in Portugal”.
Ameaças:
► Emergência de países com custos de mão-de-obra mais baixos, um dos motivos
que tem levado à deslocalização das empresas;
► Efeitos da liberalização do comércio têxtil mundial dos têxteis e vestuário e
ascensão de países como a China e a Índia;
► Concentração da ITV portuguesa no norte do país sugere uma ameaça, pois
quando o setor entra em crise, afetará fortemente a região;
► Falta de atratividade do setor para jovens profissionais, que optam por outras
atividades;
► Endurecimento da concorrência internacional nos produtos básicos, mas também
em gamas de maior valor acrescentado;
► Fecho de cursos superiores e declínio da formação profissional especializada
► Risco de desestruturação da fileira têxtil e do vestuário;
Relatório de Estágio
12
► Fim dos fundos comunitários e consequente agravamento do défice de
investimento no setor;
► Concorrência acrescida das marcas e cadeias de lojas estrangeiras no mercado
interno;
► Estagnação do consumo nos mercados tradicionais.
1.4. Tendências futuras
Nesta última parte teço algumas notas conclusivas, relativamente à situação do setor dos
têxteis e vestuário, relacionando as características anteriormente descritas com a análise
de forças, fraquezas, potencialidades e ameaças da ITV. Apresento, assim, um cenário
futuro, referindo as estratégias que as empresas têxteis e de vestuário devem adotar,
numa via de elevação, regeneração e sobrevivência neste contexto tão competitivo com
que se depara o setor.
Muitas foram as causas que contribuíram para que o panorama de crise na ITV se
adensasse, pelo que daqui para a frente se exige às empresas têxteis e do vestuário
portuguesas que não se cinjam à simples excelência e eficiência produtiva, mas que
adotem um novo grau de capacidade concorrencial e de flexibilidade, tanto no que
respeita aos produtos, como aos processos produtivos e às estruturas de gestão.
Um dos pontos fortes da indústria é o facto de os fabricantes de tecido e os
confecionadores nacionais terem uma grande proximidade dos mercados e dos
retalhistas. Torna-se então importante a necessidade de conhecer as exigências dos
consumidores, o que se consegue através de um relacionamento direto e de um trabalho
cooperante com os retalhistas.
No contexto internacional, o conhecimento dos mercados de destino da produção torna-
se fundamental, na medida em que constitui a via mais adequada para a criação de
fatores competitivos e dinâmicos que assegurem a sustentabilidade das empresas no
mercado.
Um modo de ultrapassar, de forma sustentada, a concorrência dos países de baixos
custos de produção seria a diferenciação do produto e a aposta na modernização da
Relatório de Estágio
13
indústria e nos métodos baseados em tecnologias avançadas. Assim, a ITV poderia
colocar no mercado produtos de valor acrescentado, visando os segmentos médio-alto.
De modo a evitar o declínio da indústria nacional do vestuário é necessário que as
empresas do setor reformulem as suas orientações estratégicas, no sentido da
internacionalização através da presença direta nos mercados externos.
Para a concretização deste objetivo, e uma vez que se tornou impossível para as
empresas portuguesas concorrer com os fabricantes asiáticos, partindo de idênticos
fatores de competitividade, é fundamental, a par da incorporação dos chamados fatores
críticos de competitividade, desenvolver canais de distribuição dirigidos às grandes
cadeias nacionais e internacionais de retalho, aumentando a flexibilidade e a focalização
nos maiores e mais sofisticados mercados de consumo.
Aproveitando as vantagens competitivas, os fabricantes nacionais devem oferecer um
superior serviço a clientes, aliando-o a uma logística inatingível pelos concorrentes
asiáticos. São iniciativas difíceis, mas que as empresas não podem deixar de realizar
para garantir, não apenas o seu desenvolvimento, mas até a sua sobrevivência. Com isto,
poderão ou não permanecer no mercado. Se não abraçarem estas estratégias, serão
certamente ultrapassadas.
Relatório de Estágio
14
Capítulo 2 A empresa TORRE – Sociedade de Confeções, S.A.
Relatório de Estágio
15
O presente capítulo é referente à empresa que me acolheu como estagiária, a TORRE.
Esta empresa faz parte de um grupo, que é constituído por mais 3 empresas: a Torfal, a
Centum Cellas e a Torfal Torre ACE. Existe, além destas, uma outra empresa industrial,
a Fundatex, na cidade do Fundão, que pertence também aos proprietários da TORRE.
Pelo facto de eu no estágio não ter tido contacto com documentação respeitante a essa
empresa, apresentarei apenas uma informação resumida relativa à mesma.
Numa perspetiva de melhor compreensão do funcionamento deste grupo empresarial,
descrevo neste capítulo cada uma das empresas a ele pertencentes, indicando a sua
atividade e o objetivo com que foram constituídas. Comecei pela TORRE e Torfal, as
duas empresas industriais, referindo depois a Torfal Torre ACE e a Centum Cellas,
empresas do grupo exclusivamente comerciais.
2.1. Apresentação da empresa
A TORRE – Sociedade de Confeções, SA5 cujo logótipo se encontra na figura 1, é uma
empresa industrial que produz e comercializa vestuário, tendo adquirido nestes seus 31
anos de existência uma larga e longa experiência no Sector das Confeções de Homem,
Senhora e Uniformes.
Figura 1 – Atual logótipo da TORRE
Fonte: Documentação cedida pela empresa
A TORRE pertence ao ramo de Produção de Vestuário Exterior em Série e é
considerada uma Grande Empresa, dado que possui acima de 250 colaboradores.
A Administração é exercida pelos três principais acionistas e fundadores da empresa:
Luís Alexandre Pina Soares (Presidente do Conselho de Administração), João Luís
Tomás Pina e José Ferreira Pereira (Vice-presidentes do Conselho de Administração). A
Administração é assessorada por quatro Direções: Direção de Recursos Humanos,
5 Informação relativa à empresa foi adaptada do site www.torre.pt, acedido em 29 de agosto de 2012, resultando também de documentação cedida pelo Gestor de Recursos Humanos da TORRE, Dr. Fausto Pinto
Relatório de Estágio
16
Direção de Produção, Direção de Marketing e Vendas e Direção Financeira. O Capital
Social desta empresa é de 3 742 200.00 € e o seu volume de negócios no último ano foi
de 10 218 333.25 €.
2.2. Localização
A TORRE – Sociedade de confeções, S.A. situa-se na aldeia de Colmeal da Torre, rua
Centum Cellas (figura 2).
Figura 2 – Localização da TORRE, Sociedade de Confeções, S.A.
Fonte: Adaptado de https://maps.google.pt/maps?hl=pt-PT
O Colmeal da Torre ocupa uma área de 7.31 km2, é uma freguesia com cerca de 873
habitantes6, situada no Concelho de Belmonte, Distrito de Castelo Branco.
Nesta aldeia localiza-se um monumento emblemático, a Torre “Centum Cellas”, cuja
proximidade da empresa TORRE se pode verificar no mapa disponibilizado na figura 2.
A Torre (figura 3), composta por 2 andares e com cerca de 12 metros de altura, tornou-
se destino turístico, despertando atenções e curiosidade por se acreditar, entre outras
teorias, que o edifício fosse, outrora, uma prisão, o que teria dado origem ao nome
“Centum Cellas” (cem celas).
6 Informação retirada do site http://www.cm-belmonte.pt/Concelho/colmeal.html, em 14 de outubro de 2012
Relatório de Estágio
17
Figura 3 – Torre Centum Cellas Fonte: http://viagenstravel.com/portugal/serra-estrela/belmonte-locais-percursos-festas-e-monumentos/
Contudo, após terem sido efetuados estudos científicos, provenientes de escavações
arqueológicas, entre 1993 e 1995, concluiu-se que se tratava de uma vila romana, cujo
proprietário estaria ligado à exploração de estanho, para lá das normais atividades
agrícolas.
A 29 de setembro de 1977, a torre foi classificada como Monumento Nacional.
2.3. Breve historial da empresa
De seguida apresento um esquema ilustrativo da evolução histórica da TORRE, desde a
sua criação.
Figura 4 – Evolução temporal da TORRE
Fonte: Elaboração própria
Relatório de Estágio
18
A leitura da figura permite aferir que a fundação da empresa TORRE ocorreu em 1975.
O modelo de subcontratação como forma de trabalho exclusivo, que caracterizou o
arranque da empresa, rapidamente foi abandonado, iniciando-se em 1977 a produção
própria com a confeção de uma coleção de vestuário de senhora.
Em 1980 a empresa possuía já uma rede de vendedores que cobria integralmente o
território português. Na figura 5 apresento as instalações da TORRE, nas quais se
encontram o armazém e os escritórios.
Figura 5 – Instalações da TORRE Fonte: Elaboração própria
No início da década de 80 a empresa iniciou uma nova lógica orientadora, baseada em
dois objetivos: diversificação de produtos e de mercados.
Na prossecução do primeiro objetivo, a TORRE aposta no mercado de Uniformes.
Assim, a partir de 1983 apresenta candidaturas em diversos concursos públicos e
privados para fornecimento de uniformes de média e grande dimensão.
No que respeita ao segundo objetivo, já na década de 90, a empresa aposta na
internacionalização, alargando o seu mercado externo a vários países (França, Itália,
Inglaterra, Espanha). Esta estratégia tem o objetivo claro de organizar redes comerciais
com estruturas próprias que lhe permitam o controlo dos canais de distribuição e, assim,
poder consolidar a sua marca nesses países.
Em 1993, a empresa constitui uma filial comercial em Espanha – a TORRE -
CONFECCIONES, S.L. – com estruturas físicas próprias e uma rede de vendedores que
lhe permite a cobertura integral do país.
Relatório de Estágio
19
Em 1994 é a vez do mercado do Reino Unido assistir à instalação de mais uma filial: a
TORRE U.K, LTD, com as mesmas características e objetivos.
Se o propósito inicial da constituição destas filiais era essencialmente o de comercializar
vestuário masculino, de marca própria, segmento onde se concentra a produção da
empresa, rapidamente se optou por alargar também a ação ao segmento dos uniformes,
aproveitando o know-how adquirido em Portugal neste segmento. Assim se deu a
criação da Torfal – Vestuário Corporativo, em 1995 que, apresentando candidaturas a
concursos públicos e privados, nacional e internacionalmente, foi selecionada para
fornecer diversos clientes de uniformes.
Impulsionada pelo sucesso da primeira fase da internacionalização, inicia-se, em 1999, a
segunda fase, com a expansão das estruturas físicas das filiais existentes e em
simultâneo a constituição de uma terceira filial em França, a TORRE FRANCE, SARL,
tendo também como principal objetivo o desenvolvimento de uma rede comercial
própria que lhe permitisse cobrir comercialmente a totalidade do país.
Foi em 2001 que a empresa deu início à implementação do projeto de modernização
empresarial, com a aquisição de uma segunda unidade industrial, a Fundatex, localizada
no Fundão, com o objetivo de, como foi referido, colmatar a insuficiência produtiva da
TORRE.
2.4. A marca TORRE
A TORRE – Sociedade de Confeções, S.A., é uma empresa industrial de confeção de
vestuário, constituída em 1975. Atualmente materializa-se no desenvolvimento de duas
áreas de negócio distintas:
► Afirmação no “Private Label”, tendo como principal alvo cadeias especializadas
de gama média-alta, como seja, a Massimo Dutti, Caramelo, entre outros;
► Desenvolvimento de “Marca Própria” e sua comercialização direta, detendo
neste momento uma carteira de aproximadamente 900 Clientes retalhistas, entre
Espanha, Portugal, França, Reino Unido e Irlanda.
Relatório de Estágio
20
A marca TORRE tem como objetivo apresentar soluções de imagem, conforto e bem-
estar, que estimulem e proporcionem prazer a quem as use, apresentando sempre a
melhor relação qualidade/preço aos seus clientes.
Todas as estações, a TORRE apresenta novas coleções de moda sempre atualizadas e
renovadas, que conjugam novos materiais e estilos-tendência, desde o fato executivo
para o trabalho diário, até ao fato de cerimónia para uma ocasião especial.
Complementarmente à coleção, a TORRE oferece todo um conjunto de serviços de
suporte à atividade retalhista.
Eis os serviços7 que a empresa coloca ao dispor:
► Stock Service
O stock service caracteriza-se por uma gestão eficiente do stock de produtos
destinados a clientes específicos. Este oferece um apoio contínuo aos clientes ao
longo de todo o ano, com entregas imediatas em artigos cuidadosamente
selecionados e de grande consumo, evitando assim, a necessidade de stocks
exagerados ao cliente;
► Fashion Service
Este serviço possui o objetivo de antecipação às solicitações dos clientes e, ao
longo do ano, coloca à sua disposição artigos de moda para entrega imediata em
séries limitadas, com vista a permitir a constante atualização da oferta dos seus
clientes nos respetivos pontos de venda.
Este serviço permite ao cliente efetuar correções e ajustamentos durante o
período de venda, em função dos resultados obtidos e da informação de
mercado;
► Quick Service
O quick service foi disponibilizado para permitir ao cliente a possibilidade de, a
qualquer momento, proceder a um pedido especial, de acordo com as suas
necessidades de mercado específicas.
7 Informação retirada do site da empresa, www.torre.pt, acedido em 29 de agosto de 2012
Relatório de Estágio
21
Para este efeito, foi selecionado um conjunto de tecidos que se encontram
disponíveis, os quais são renovados periodicamente de acordo com a evolução
do mercado;
► Su misura
O su misura é um serviço de confeção à medida, baseado em tecidos e matérias
de alta qualidade, disponibilizado pela TORRE, com o objetivo de
complementar a oferta de serviços e garantir ao cliente a satisfação de
necessidades específicas.
O serviço desenvolvido não só oferece ao cliente um vasto leque de escolha na
construção do produto final, possibilitando também a personalização do mesmo
em múltiplos detalhes.
A TORRE dispõe de agentes comerciais por toda a Europa, que são suportados por
infraestruturas logísticas e comerciais próprias em Portugal, Espanha, França e Reino
Unido, com equipas de trabalho autónomas que efetuam a gestão dos mercados locais e
de outros, como a Irlanda, Bélgica, etc. Esta estratégia permite à TORRE estar mais
próxima dos seus clientes e assim garantir uma melhor resposta às suas necessidades.
É com todas estas variáveis: Moda, Serviços, Infraestruturas de Apoio e equipas de
trabalho motivadas, que a TORRE consegue fidelizar os seus clientes e ser um parceiro
de negócios credível.
2.5. Organigrama
A estrutura da empresa foi sendo alterada ao longo dos anos, resultado das alterações
dimensionais ocorridas, consequentes do crescimento da mesma, da necessidade de
corresponder cada vez mais às exigências dos clientes, otimizando tanto os recursos
humanos como a disposição física, mesmo as das linhas de produção.
É também de salientar que, devido à criação da Torfal, em 1995, houve uma
necessidade de proceder a modificações hierárquicas, o que contribuiu também para a
adoção de um novo organigrama (figura 6).
Relatório de Estágio
22
Figura 6 – Organigrama da TORRE
Fonte: Elaboração própria
A “Direção Geral” corresponde aos órgãos da administração, que são três, e que serão
explicados adiante neste relatório. Sob a Gestão encontram-se os sete departamentos:
Sistemas de Informação, Produção, Recursos Humanos, Administração/Finanças,
Logística, Comercial e Compras, tendo sido no departamento da
Administração/Finanças que desenvolvi as minhas atividades como estagiária.
2.6. Clientes
Os clientes da TORRE (figura 7) são nacionais e estrangeiros. Como se irá verificar, a
empresa fornece clientes que se mantêm fiéis a esta marca pela alta qualidade
comprovada a preços compatíveis com a mesma.
Relatório de Estágio
23
Figura 7 – Clientes da TORRE Fonte: Elaboração própria
Como mostra a figura 7, existem três distintos tipos de clientes da TORRE:
► As lojas que vendem o vestuário sob a sua marca própria “TORRE”,
comercializado pela empresa Centum Cellas, com clientes por todo o país;
► As empresas do grupo, para as quais a TORRE fabrica produtos conforme a
necessidade dos clientes dessas mesmas empresas;
► Os clientes que encomendam roupa à TORRE e que a vendem sob a sua marca –
Private Label.
2.7. Estratégia da TORRE
O plano da TORRE é manter a linha de orientação, que lhe proporciona o desejável
crescimento de mercado. Assim, a estratégia da empresa assenta em vários
pressupostos:
► Consolidação dos canais próprios de comercialização (filiais nacionais e
estrangeiras) por crescimento orgânico, reforço das equipas comerciais e
eventuais aquisições que se proporcionem;
► Aposta firme no segmento de vestuário corporativo/de imagem, no qual o grupo
tem uma posição de liderança, fruto de um know-how acumulado de mais de 30
anos de experiência;
► A produção própria é orientada cada vez mais para o artigo de gama média/alta,
cerimónia e su misura;
Relatório de Estágio
24
► Manutenção dos grandes clientes numa perspetiva de complemento da utilização
da capacidade produtiva.
2.8. Projetos futuros
A TORRE procura estar sempre em crescimento nos mercados nacional e internacional,
e nos seus planos para o futuro faz questão de incluir projetos realizáveis e que
permitam a sua evolução. É desejo da empresa adotar sempre uma estratégia que lhe
permita concretizar os seus objetivos, melhorar o seu serviço ao cliente e,
subsequentemente, a sua imagem. O projeto de aquisição de novas lojas próprias
encontra-se também nas aspirações da TORRE.
Este projeto de desenvolvimento passa pelos seguintes objetivos:
► Implementação de solução logística global, com vista à satisfação urgente dos
pedidos dos clientes, nomeadamente no que diz respeito às pequenas ordens de
maior valor acrescentado – enfoque no serviço ao cliente;
► Nova abordagem, a longo prazo, do projeto de lojas próprias;
► Reforço da capacidade comercial das filiais: eventualmente por aquisição
estratégica de concorrentes em Inglaterra, através da TORRE U.K. (filial com
excelente situação económico-financeira que viabiliza o acesso rápido ao
crédito) e por via da expansão da força de vendas nas outras filiais.
2.9. O Grupo TORRE
A TORRE é um grupo especializado no desenvolvimento, fabricação e comercialização
de vestuário para homem e senhora, a nível europeu. É uma empresa que possui
colaboradores qualificados e motivados, devidamente organizados em equipas de
trabalho.
A sua vantagem competitiva reside nas unidades industriais próprias que dispõe em
Portugal e que funcionam como uma mais-valia na criação e desenvolvimento de
produto e no serviço ao cliente. O slogan utilizado pela empresa é “Conte connosco.
Estamos aqui para o vestir”.
Relatório de Estágio
25
Em consequência da recente expansão, e como forma de aumentar a eficiência da sua
atuação nos vários segmentos da Empresa, a TORRE optou por autonomizar algumas
áreas de intervenção, de que resultou a criação de outras empresas. Nessa sequência, a
empresa apresenta assim a seguinte estrutura:
► A TORRE – SOCIEDADE DE CONFEÇÕES, S.A., mantendo a liderança, é a
responsável pela produção e pelo abastecimento das filiais, quer internas quer
externas;
► A TORFAL – ARTIGOS DE PRONTO A VESTIR, LDA, é criada em 1995,
com o intuito de autonomizar o subsetor dos Uniformes;
► A CENTUM CELLAS – ARTIGOS DE PRONTO A VESTIR, LDA, é
constituída em 1998 para assegurar a comercialização interna do produto de
marca – TORRE;
► A FUNDATEX, LDA, adquirida em 2001, na cidade do Fundão, é uma empresa
industrial que produz calças, tendo vindo colmatar uma insuficiência produtiva
da TORRE, industrial.
Em resultado da estratégia seguida, apresenta-se em seguida a atual estrutura
organizacional do Grupo TORRE.
Relatório de Estágio
26
Figura 8 – Estrutura organizacional do grupo TORRE
Fonte: Elaboração própria
2.9.1. Empresas pertencentes ao grupo TORRE
2.9.1.1. A Torfal, Ld.ª
Em 1995, a TORRE – Sociedade de Confeções, SA., constituiu a Torfal – Vestuário
Corporativo, Lda. 8, com objetivo exclusivo de comercializar os produtos de vestuário
fabricados na TORRE e em outras empresas industriais associadas, com o intuito de
autonomizar o subsetor dos Uniformes e liderar o crescimento no sector do vestuário
corporativo. Esta linha estratégica de especialização tem em vista o alargamento da
carteira de clientes bem como de produtos diferentes a oferecer para melhorar o serviço
prestado. Na figura 9 pode observar-se o logótipo da Torfal.
8 Informação cedida pelo Gestor de Recursos Humanos da Torre, Dr. Fausto Pinto
Relatório de Estágio
27
Figura 9 – Atual logótipo da Torfal Fonte: Documentação cedida pela empresa
Com a criação da Torfal, foram realizados fortes investimentos ao nível humano,
logístico e de sistemas de informação, que permitem prestar ao variado leque de clientes
da empresa um serviço global integrado – diferenciando-se a sua oferta da maioria dos
operadores de mercado.
A Torfal caracteriza-se juridicamente por ser uma Sociedade por Quotas, cujo Capital
Social é de 997 595.80€ e cujo volume de negócios foi 997 595.80 € em 2011.
O slogan criado para a marca é simples e direto: “Vestimos a camisola”, expressão
conhecida pelo público, significando que se defende uma coisa em concreto e foi
aproveitado pela empresa para jogar com a palavra “vestir”, devido à sua área de
atividade – a confeção de vestuário.
O desenvolvimento desta política de gestão, aliado às competências criadas através de
uma extensa colaboração com os seus Clientes, permitem desenvolver um outsourcing9
global de fardamento, responsabilizando-se a empresa potencialmente por todo o
processo de gestão do fornecimento.
Através da figura que se segue é possível ter uma ideia da amplitude dos serviços
Torfal.
9 Processo através do qual uma organização (contratante), em linha com a sua estratégia, contrata outra (subcontratado), na perspetiva de um relacionamento mutuamente benéfico, de médio ou longo prazo, para desempenho de uma ou várias atividades que a primeira não pode ou não lhe convém desempenhar, e na execução das quais a segunda é tida como especialista. Fonte: http://www.pmelink.pt/article/pmelink_public/EC/0,1655,1005_5051-3_41097--View_429,00.html, acedido em 24 de novembro de 2012
Relatório de Estágio
28
2.9.1.1.1. Áreas de atuação
10
Figura 10 – Áreas de atuação da Torfal e respetivos serviços de destaque
Fonte: Documentação cedida pela empresa
A Torfal presta um serviço global e integrado, cobrindo todo o processo de gestão do
respetivo fornecimento. Assim, a empresa tem reunidas as competências para a
prestação de um outsourcing global de fardamento, cabendo apenas ao cliente a
definição das suas necessidades.
Sob as áreas de atuação representadas no esquema acima, encontram-se os serviços de
destaque que a empresa realiza.
2.9.1.1.2. Visão e Missão
A Torfal visa a imagem corporativa, o compromisso com a qualidade, a moda e o
design.
A missão da empresa é sintetizada da seguinte forma:
“Exceder as expectativas dos clientes através da excelência no serviço. Aliando a nossa
experiência e as boas práticas de prossecução da qualidade, ao desenvolvimento de
soluções, tendo por objetivo ajudar o cliente a criar uma imagem corporativa forte
reforçando a sua marca.”11
2.9.1.1.3. Organigrama
O esquema que a seguir descrevo é o organigrama da Torfal, Ldª, empresa que tem na
sua Gestão três gerentes, todos pertencentes ao quadro da TORRE. Sob a Gestão
10 Em português: “Cliente Mistério”. Um Mystery Shopper é enviado a uma ponto de venda com o intuito de adquirir determinados artigos ou observar aspetos específicos sobre um produto ou oferta de serviços de uma empresa. Fonte: http://www.internationalservicecheck.com/pt/10/service-checker/, acedido em 24 de novembro de 2012 11 Informação cedida pelo Gestor de Recursos Humanos da TORRE, Dr. Fausto Pinto
Relatório de Estágio
29
encontram-se os Departamentos Financeiro e da Qualidade, precedidos pelos restantes
setores: Marketing & Vendas, Técnica/Produto, Compras e Gestão de contas dos vários
clientes da empresa.12
Figura 11 – Organigrama da Torfal
Fonte: Elaboração própria
2.9.1.1.4. Clientes
Tendo inicialmente fornecido neste segmento de uniformes apenas os artigos da sua
especialização, a Torfal tem nos últimos anos apostado nos Fornecimentos Globais, em
regime de outsourcing, passando a fornecer a gama completa de artigos que fazem parte
dos uniformes de cada Cliente que, em alguns casos, ultrapassa a centena de itens
diferentes: Casacos, Calças, Saias, Camisas, Blusas, Anoraks, Gabardinas, Sobretudos,
Impermeáveis, Casacões, Casacos de Malha, Pulloveres, Batas, T-Shirts, Sweatshirts,
Fatos de Treino, Fatos-macaco, Fatos de Trabalho, Collants, Meias, Gravatas, Lenços,
Laçadas, Cintos, Malas, Botas, Sapatos, Luvas, Bonés, Chapéus, Divisas, Braçadeiras,
Capacetes, etc.
Em alguns casos, para além do Fornecimento dos Uniformes é ainda oferecido um
serviço de Gestão de Stocks com entrega personalizada dos uniformes aos funcionários
do Cliente.
12 Os serviços partilhados, como o nome indica, são serviços comuns à TORRE e à Torfal
Relatório de Estágio
30
A manutenção do trinómio preço-serviço-qualidade tem permitido à empresa trabalhar
com clientes do mais alto nível e de servir as mais prestigiadas empresas e organizações
nos mais variados sectores, a nível nacional e internacional.
Eis os clientes mais representativos da Torfal:
Figura 12 – Ilustração com os logos dos clientes da Torfal Fonte: Documentação cedida pela empresa
2.9.1.1.5. Certificação de Qualidade
Presentemente a Torfal trabalha segundo um Sistema de Gestão da
Qualidade certificado de acordo com a ISO 9001 pela TÜV
Rheinland Portugal, o qual comprova a consistência e a qualidade
do serviço e permite trabalhar num contexto de excelência no
serviço.
2.9.1.1.6. Filosofia de atuação
Trabalhando sistematicamente num contexto de excelência, a Torfal rege-se sob
princípios de integridade; competência e valorização profissional; empreendedorismo,
criatividade e inovação permanente; dedicação e atenção ao cliente.
Na figura seguinte descrevo a filosofia de atuação da Torfal, apoiada sob variantes de
Valorização no serviço e Políticas operacionais.
Figura 13 – Logo da TUV Rheinland Fonte: http://www.artebel.pt/?page=empresa&id=3
Relatório de Estágio
31
Figura 14 – Filosofia de atuação da Torfal Fonte: Documentação cedida pela empresa
2.9.1.2. A Torfal Torre, ACE
Com o objetivo de se candidatar ao concurso para fornecimento de fardamento à
empresa CTT – Correios de Portugal, por parte da Torfal, e não preenchendo os
requisitos necessários para tal (capital próprio), a TORRE procedeu à criação de uma
outra empresa – a Torfal Torre, ACE – de modo a possibilitar esta participação. Desta
forma, a empresa acabou por ganhar o concurso e, ainda hoje, a Torfal Torre ACE veste
os colaboradores dos CTT de todo o país.
Figura 15 – Logo da Torfal Torre ACE
Fonte: Elaboração própria
A figura 15 mostra o logótipo desta empresa, a qual, sendo o resultado da junção de
outras duas, não criou um logótipo próprio. Utiliza apenas as imagens associadas de
ambas as empresas que lhe deram origem.
Valorização
no serviço
Políticas
operacionais
•Resposta eficaz e personalizada aos clientes•Seleção criteriosa dos fornecedores•Garantia de qualidade e conformidade do produto•Gestão ativa das expectativas dos clientes•Garantia do cumprimento e controlo dos
processos•Serviço sob contínuo processo de melhoria
•Política de interlocutor único•Sistema de avaliação de fornecedores•Processo de análise e controlo do produto•Monitorização anual da satisfação do cliente•Sistema de auditoria interna e externa•Atuação focada na identificação e monitorização
das oportunidades e iniciativas de melhoria de processos
Relatório de Estágio
32
O termo ACE13 era, até então, novo para mim. A sigla significa “Agrupamento
Complementar de Empresas” e, como a designação indica, surge quando existe a
necessidade e “unir” duas ou mais empresas, com um objetivo definido. Neste caso, as
empresas que se complementaram foram a TORRE e a Torfal.
2.9.1.3. A Centum Cellas, Ld.ª
A Centum Cellas foi concebida para assegurar a comercialização interna do produto da
marca TORRE. A imagem seguinte mostra o logótipo da empresa em questão.
Figura 16 – Atual logo da Centum Cellas Fonte: Documentação cedida pela empresa
A loja encontra-se junto às instalações da sede da TORRE e é por parte desta empresa
que é efetuado o fornecimento dos comerciantes multimarca, pelo país inteiro.
13 Agrupamento Complementar de Empresas (ACE): Contrato pelo qual duas ou mais pessoas singulares ou coletivas ou sociedades se agrupam, sem prejuízo da personalidade jurídica de cada uma, com vista a melhorar as condições de exercício ou de resultado das suas atividades económicas. Fonte: http://www.pmelink.pt/article/pmelink_public/EC/0,1655,1005_39749-3_41100--View_429,00.html, acedido em 30 de agosto de 2012
Relatório de Estágio
33
Capítulo 3 O Estágio
Relatório de Estágio
34
O capítulo que agora apresento refere-se às minhas funções como estagiária na TORRE.
Como citei anteriormente, o local destinado para realização do estágio foi o escritório
dos serviços administrativos, contíguo à Direção Financeira e onde se realiza a
contabilidade da empresa. Durante todo o tempo de estágio estive sempre acompanhada
pelo Sr. Acácio Dias, o meu coordenador de estágio, pois o seu local de trabalho era
próximo da secretária onde me instalei.
No escritório, o espaço de trabalho era dividido com mais três pessoas – o contabilista, a
assistente administrativa e a assessora financeira. Penso que a escolha de me inserir
naquele escritório foi acertada, pois tive oportunidade de pôr em prática muitos dos
conhecimentos adquiridos no curso de licenciatura, e também de realizar funções
suplementares que me permitiram alargar a minha experiência laboral.
3.1. O Departamento Financeiro/Contabilístico e
Administrativo
Dado que o estágio se realizou neste departamento, passo a expor algumas
características do mesmo, incluindo a sua estrutura organizacional, por meio de um
organigrama (figura 17), com vista à melhor compreensão da estrutura da empresa.
Figura 17 – Organigrama do gabinete Financeiro/Contabilístico da TORRE Fonte: Elaboração própria
Relatório de Estágio
35
A opção de apresentar o organigrama sob esta forma prende-se com o facto de ter
sentido algumas dificuldades no momento de estruturar num esquema a complexa
estrutura do Departamento no qual se realizou o meu estágio, pelo que optei por fazer
uma pequena separação entre ambos (Contabilidade e Direção Financeira). Em termos
de instalações físicas, o gabinete de Contabilidade (Escritório) inclui todas as partes
constituintes no organigrama descrito e também a Assessoria Financeira.
O departamento de Contabilidade e o departamento Financeiro, embora com funções
distintas, encontram-se dependentes um do outro. Assim, as minhas funções enquanto
estagiária na TORRE passavam por ambos.
O gabinete do Diretor Financeiro localiza-se ao lado do Escritório, mas separado por
paredes envidraçadas, possuindo uma porta que lhe dá acesso direto.
3.2. Plano de estágio
De seguida exponho o plano de estágio proposto pelo meu supervisor na empresa, o Sr.
Acácio Dias.
► Apoio à Gestão
Preparação e execução de expediente
Recolha e verificação de assinaturas
Separação, preparação e envio de correspondência
► Apoio aos Serviços Administrativos
Receção do correio
Abertura a registo de correspondência
Distribuição da correspondência aos vários setores da empresa
Preparação e envio de correio
Arquivo de correspondência
Atendimento e distribuição de chamadas telefónicas
► Apoio ao serviço de Contabilidade
Arquivo de documentos
Consulta de documentos
Conferência e conciliação de contas
Relatório de Estágio
36
3.3. Integração na empresa
Os primeiros dias de adaptação a um novo lugar são, em regra, sempre um pouco
invulgares e desconfortáveis e o meu caso não foi exceção. No início, porque não sabia
ao certo onde se localizava o gabinete onde iria realizar o estágio, passei algum tempo à
entrada do edifício aguardando pelo meu supervisor, o Sr. Acácio Dias. Felizmente uma
colaboradora passou por mim e indicou-me onde me devia dirigir. Subi então as
escadas, na direção que me foi indicada e entrei no local onde iria passar as próximas
dez semanas. Fui recebida pelo meu supervisor, que já se encontrava a trabalhar e ele
procedeu às apresentações dos colegas de escritório.
Outro dos aspetos importantes foi o de ter de decorar o nome dos meus colegas de
gabinete. Para ser mais fácil, escrevi-os num papel que estaria sempre à vista quando
precisasse de os solicitar.
Aos poucos, e com a ajuda de todos os colegas de gabinete, fui desempenhando tarefas
e aprendendo o ritmo de trabalho do escritório.
Por vezes encontrava-me sem nenhuma tarefa em mãos e, no início, não sabia bem
como “pedir para me darem coisas para fazer”, por isso falava com a assistente do
escritório para que me permitisse sentar-me junto à sua secretária para ver como as
coisas funcionavam, quando ela estava a fazer operações no programa contabilístico
Vanguarda14.
Não queria sentir-me um “peso morto” no escritório, por isso, ao longo das semanas, fui
tomando a iniciativa de procurar coisas que necessitassem de ser arquivadas, ou
otimizadas em relação à arrumação, sempre com o objetivo de me tornar útil.
Senti-me muito bem integrada pelos meus colegas e supervisor, e senti que, pouco a
pouco, deixava de ser uma estranha, a quem não sabiam o que podiam delegar ou
confiar, e passava a ser uma colega, que os libertava de muitas funções, e que,
rotineiramente, realizava autonomamente essas tarefas.
14 Software de gestão utilizado na Torre. Permite soluções empresariais em diversas vertentes
Relatório de Estágio
37
3.4. Atividades desenvolvidas
Como vai poder verificar-se no desenrolar deste capítulo, o plano de estágio sugerido
era restrito quanto às atividades que me foram destinadas, porque desempenhei mais
funções do que as que este descrevia. Era também um objetivo meu não ficar
circunscrita a uma planificação e poder evoluir enquanto estive envolvida no grupo.
Seguidamente irei descrever as tarefas que desempenhei ao longo das dez semanas de
estágio na TORRE. Farei, para isso, uma separação por categorias, desde as tarefas que
realizava diariamente às que ia efetuando pontualmente, apresentando também as
operações no software Vanguarda. Para melhor ilustrar o período de estágio,
apresentarei também um cronograma de atividades.
3.4.1. Tarefas diárias
As tarefas diárias no escritório são realizadas regularmente, todos os dias e
normalmente em horário específico. Uma grande maioria destas tarefas foram-me
delegadas à medida que ia aumentando a minha perceção sobre o funcionamento da
empresa. Outras, foram realizadas apenas esporadicamente, por exemplo, quando
determinada colega se encontrava em período de férias e os meus superiores entendiam
que eu teria capacidade para as concretizar.
3.4.1.1. Tratamento da correspondência recebida
A receção, a triagem, a abertura, a seleção e a distribuição do correio foram das minhas
primeiras tarefas no estágio. Todos os dias, entre as 09h30 e as 11h00 passava na
empresa o carteiro a entregar o correio. Era necessário assinar uma folha e os avisos de
receção das cartas mais importantes.
No início era a minha colega que executava esta primeira parte e eu apenas procedia à
abertura e distribuição da correspondência. Mas com a sua ausência, devido ao período
de férias, comecei a ficar responsável por essa tarefa.
Após a receção do correio, entregava-o ao Sr. Dias, que retirava sobretudo as cartas de
clientes, as quais normalmente traziam cheques para liquidar pagamentos, a fim de
proceder ao seu depósito. Depois, era-me entregue a restante correspondência, para
passar à triagem e abertura da mesma.
Relatório de Estágio
38
Na triagem do correio, tinha que ter em conta os vários destinatários (empresas do
grupo), e as pessoas a quem devia distribuir essa correspondência. Desse modo,
apresento o seguinte esquema, para uma melhor compreensão.
Figura 18 – Destinatários da correspondência recebida e respetivas pessoas a quem se destinam
Fonte: Elaboração própria
Após realizar a triagem da correspondência, tinha de abrir os envelopes, alisar bem as
folhas, agrafá-las ou colocar-lhes um clip, para que as folhas que viessem dentro do
mesmo envelope não se confundissem com outras. De seguida era necessário colocar-
lhes o carimbo “RECEBIDO” com a data do dia em que a mesma havia sido
rececionada.
Quando recebia cartas destinadas ou “ao cuidado” de uma pessoa em concreto, dentro
da empresa, não abria a correspondência, mas carimbava o envelope. Era uma forma de
a pessoa saber em que data tinha rececionado essa correspondência, caso estivesse
ausente ou de férias.
Durante o período de estágio surgiram muitas situações como esta, pois o mesmo
coincidiu, em grande parte, com o período de férias do pessoal. Então, quando o
destinatário não se encontrava, por duas ou mais semanas, colocava-se a
correspondência numa pasta própria ou delegava-se a outra pessoa que estivesse a fazer
a substituição do cargo.
Quando se recebiam envelopes registados, era imperativo que se juntassem os mesmos à
respetiva carta, agrafando-os, para assim serem arquivados.
Relatório de Estágio
39
3.4.1.2. Arquivo
O arquivo fez parte integrante das tarefas do estágio, pelo que o utilizava muitas vezes
diariamente. Tudo o que é documento numa empresa precisa de ser arquivado em local
próprio em função da tipologia do documento. O arquivo na TORRE divide-se em duas
categorias.
► Diários contabilísticos – o arquivo dos Diários é realizado de uma forma
corrida, por isso contém pastas separadas para cada tipo de documento.
Eis os Diários existentes:
11 – Diário de Caixa;
12 – Diário de Faturas a clientes;
14 – Diário de Faturas de fornecedores;
15 – Diário de Letras;
21 – Diário de Bancos;
22 – Diário de Operações diversas.
► Outros assuntos – referentes a documentação que não é relevante para a
contabilidade. Normalmente, este arquivo é composto por
correspondência com informação diversa concernente à empresa,
nomeadamente, a correspondência de: Fornecedores, Clientes, Bancos,
Advogado, IVA, INE e outros.
No primeiro dia foi-me dada uma explicação acerca de como funcionava o arquivo,
foram-me mostradas as salas de arquivo existentes no edifício e começaram a ensinar-
me como fazer a separação, a organização e onde havia de guardar cada documento.
Na TORRE existem três salas com pastas de arquivo: uma delas existe somente para
esse fim, enquanto que as outras duas salas possuem, juntamente com o arquivo, outras
utilizações.
A sala de arquivo n.º1 envolve sobretudo o arquivo da documentação contabilística (os
Diários) e outras pastas referentes à constituição das diversas empresas. A figura abaixo
mostra a lombada de uma pasta existente no arquivo desta sala.
Relatório de Estágio
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Figura 19 – Pasta exemplificativa do arquivo existente na Sala de Arquivo n.º 1
Fonte: Elaboração própria
Uma das outras salas que também abrange o arquivo é a comummente designada por
“sala da fotocopiadora” (figura 20). Nela encontra-se, além da fotocopiadora, o scanner,
o fax, a impressora geral, material informático, o frigorífico para usufruto dos
colaboradores, a máquina de furar e encadernar folhas, uma mesa e cadeiras para
pequenas reuniões, entre outros. Esta sala contém o arquivo ativo referente a faturas e
notas de crédito (Diário 12) das empresas TORRE e Centum Cellas, pastas de bancos,
clientes e fornecedores da Torfal, do advogado e comunicações internas.
Figura 20 – Sala da Fotocopiadora
Fonte: Elaboração própria
A terceira sala contingente ao arquivo (figura 21) situa-se no piso inferior ao do
escritório e inclui também algum material de escritório arrumado, como envelopes,
pastas de arquivo por estrear, entre outros.
Nela encontram-se as pastas ordenadas por ordem alfabética referentes a clientes e
fornecedores da TORRE e da Centum Cellas e dos vendedores comissionistas, entre
outras entidades referentes a estas duas empresas.
Relatório de Estágio
41
Figura 21 – Terceira sala que contém Arquivo
Fonte: Elaboração própria
Nesta sala, além do arquivo, é costume alojar algumas caixas de cartão e outro material
já sem utilidade, entre outras coisas.
A par destas salas, existem outros locais onde se guarda o arquivo ativo (figuras 22 e
23), que se encontra em armários, móveis e caixas no escritório dos serviços
administrativos, junto das secretárias onde são mais requeridos, de forma a tornar mais
rápido o seu acesso.
Figura 22 – Armário contendo Arquivo de Contabilidade Fonte: Elaboração própria
Figura 23 – Prateleira contendo Arquivo de Contabilidade Fonte: Elaboração própria
Relatório de Estágio
42
Os Diários correspondem aos documentos contabilísticos. Cada tema pertence a um
Diário e são todos numerados (digitalmente ou à mão) para serem arquivados por ordem
crescente, com o número mais recente sempre à frente. De seguida exemplifico como é
colocado o número nestes documentos, para ficarem organizados da melhor forma:
Pelo exemplo, podemos perceber que o documento que tenha este código pertence ao
mês de junho do ano 2012, faz parte do Diário “Bancos” e tem o n.º 1.
Tive alguma dificuldade, no início, em decorar a posição dos números, mas com a
prática fui-me acostumando e então adquiri a capacidade de cumprir mais rapidamente e
de modo mais eficiente as tarefas inerentes ao arquivo.
Para além dos documentos contabilísticos, existe também correspondência relativa a
outros assuntos igualmente importantes, tratando-se de correspondência (enviada ou
recebida) de ordem diversa, como a seguir se expõe.
► Fornecedores
Pagamentos
Reforma de letras
Liquidações
Recibos
► Clientes
Pedidos de pagamento (anexo 1)
Recibos
Posição de conta-corrente
Outros assuntos
► Bancos
Extratos
21 – 12 – 06 - 01
Diário
Ano Mês
Número de documento
Relatório de Estágio
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Faturas por factoring
Dados das contas
► Advogado
Contencioso
Penhoras a clientes
► IVA
Declarações periódicas
► INE
Inquéritos
Os documentos desta categoria são provisoriamente colocados no interior de uma caixa
de cartão, junto à secretária do chefe dos serviços administrativos, para posteriormente
serem arrumados no arquivo correspondente. Quanto aos documentos de natureza
contabilística, após tratados pelo contabilista, permaneciam sobre a sua secretária,
aguardando também a sua posterior arrumação.
3.4.1.3. Atendimento telefónico
O atendimento de chamadas telefónicas fez parte de um processo de evolução, pois no
início, enquanto não me sentia à vontade dentro da empresa e não conhecia a maior
parte dos colaboradores, não atendia as chamadas que vinham ter ao telefone que se
encontrava na minha secretária.
Com o passar do tempo e a minha crescente adaptação às rotinas da empresa, comecei a
receber essas chamadas. Foi também um meio de começar a conhecer melhor os outros
setores e os cargos de quem neles trabalhava.
No decorrer do atendimento de uma chamada, dizia o nome da empresa e
cumprimentava quem estava do outro lado. As palavras que pronunciava sempre eram:
“TORRE, bom dia.”
Depois de ouvir o meu interlocutor, dava encaminhamento à chamada, consoante o
assunto. A maior parte das vezes tinha de reencaminhar a chamada para outra pessoa,
tendo de marcar a extensão dessa pessoa (anexo 2), dizer-lhe quem estava ao telefone, e
perguntar se podia passar-lhe a chamada. Uma coisa muito importante que esta prática
Relatório de Estágio
44
me permitiu aprender foi nunca passar automaticamente a chamada à pessoa desejada.
Por vezes, e dependendo da pessoa que telefona, a pessoa em questão pode ou não estar
disponível para responder à chamada, mesmo encontrando-se na empresa.
Outras vezes, as pessoas telefonavam para pedir informações ou saber contatos dos
administradores ou diretores. Com a prática fui sendo capaz de responder a esses
pedidos sem ter de solicitar a ajuda dos meus colegas, assim como resolver certos
problemas que se colocavam, sobre assuntos importantes, como por exemplo
encomendas a fornecedores ou reuniões previamente marcadas.
3.4.1.4. Expedição de correio
A hora da expedição do correio é pelas 13h30, a seguir à pausa para almoço. O correio
expedido normalmente refere-se às operações realizadas nessa manhã, sejam:
Pagamentos a fornecedores (anexos 3 e 4);
Emissão de recibos aos clientes (anexo 5);
Letras (anexo 6);
Faturas a clientes (anexo 7);
Ordens de pagamentos aos bancos;
Outros assuntos.
Nesse horário colocam-se as cartas dentro dos envelopes e se selam os mesmos.
Dependendo do peso da carta e do seu caráter urgente ou não (correio normal ou azul),
assim se colocam os selos (anexo 8).
Normalmente oferecia sempre ajuda à colega assistente administrativa, ajudando-a a
dobrar as folhas e a introduzi-las nos envelopes. Por vezes também selava as cartas, o
que acontecia poucas vezes, pois há sempre uma quantidade considerável de envelopes
pré-selados, para tornar esta função mais rápida.
Na imagem abaixo podemos ver o cesto do expediente, cuja gaveta superior serve para
alojar todo o correio a expedir, cheques a depositar nos bancos, entre outras coisas,
referentes ao dia.
Relatório de Estágio
45
Figura 24 – Cesto contendo o correio a expedir
Fonte: Elaboração própria
Por volta das 14h00 o estafeta passa no gabinete a recolher estes documentos para
posterior expedição. Ele dirige-se aos CTT a entregar a correspondência enviada e vai
aos bancos fazer os depósitos dos cheques. Na maioria dos casos, esta tarefa é feita em
Belmonte, mas existem ocasiões em que tem de se dirigir à Covilhã, quando o banco em
causa não tem agência em Belmonte, por exemplo.
3.4.1.5. Depósito de cheques
Quando, no correio, chegam cartas de clientes com cheques para liquidar faturas, é
necessário depositar esses cheques. Nessas situações era-me entregue o cheque e
também a informação acerca do banco no qual iria fazer o depósito. Normalmente era o
Dr. José Paulo (Torfal) ou o Sr. Dias (TORRE e Centum Cellas) que me entregavam os
cheques para depositar. Antes dos respetivos depósitos, consultava o Dr. Nelson, que
inseria a operação no computador, numa folha de Excel onde tem registados todos os
depósitos em bancos, e me dizia em qual os deveria depositar.
Depois dirigia-me ao armário onde se guardam os talões de depósito, retirava um (ou
mais do que um, dependendo do número de cheques) relativo ao banco em questão, e
escrevia nele os dados. Depois do cheque preenchido, tirava fotocópia deste e do talão
respetivo, para colocar no arquivo e agrafava o cheque ao talão original (figura 25).
Figura 25 – Cheque preenchido juntamente com o talão de depósito Fonte: Elaboração própria
Relatório de Estágio
52
Posteriormente, e depois de assinado, o cheque é levado ao banco pelo estafeta.
3.4.1.6. Fotocópias
Outra tarefa inerente ao estágio foi a fotocópia de documentos. Sempre que me era
pedido, dirigia-me à sala da fotocopiadora e realizava essa função.
Mais uma vez, e porque todas as máquinas necessitam que se saiba como manuseá-las,
levei algum tempo a assimilar todas as suas funcionalidades e a colocação correta das
folhas de papel. Para isso, tive a ajuda dos meus colegas de escritório, bem como, por
vezes, do Eng. Jorge ou do Sr. Paulo Marçalo, do setor da informática.
3.4.1.7. Atendimento ao público
O atendimento ao público é uma função de secretariado que exige um cuidado
redobrado pois, ao receber uma pessoa pessoalmente, estamos a dar a conhecer a nossa
imagem e, ao mesmo tempo, a representar a empresa. Por essa razão, é essencial ter
uma imagem impecável, cuidada, sóbria e rigorosa. Esse cuidado não passa apenas pela
roupa, mas também pela pele, cabelo, unhas, mãos, expressão facial, e sobretudo pela
forma educada de falar.
A figura 26 mostra o guichet, que é onde se recebem as pessoas que se dirigem à
empresa, o qual se situa junto à minha secretária, pelo que pude desenvolver as técnicas
de atendimento ao público, que assimilei durante o curso.
Normalmente, quando chegava alguém, batia levemente no vidro do guichet. Eu
levantava-me da cadeira, abria-o e cumprimentava a pessoa que estava do outro lado.
Depois dava o devido encaminhamento ao assunto solicitado.
Figura 26 – Guichet de atendimento - vista de fora do gabinete Fonte: Elaboração própria
Relatório de Estágio
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Muitas vezes, as pessoas vinham para reuniões, ou eram fornecedores que iam entregar
encomendas. Outras vezes, tinha de ir chamar a pessoa com quem desejavam falar e
pedia que aguardassem um momento.
Quando era necessário conduzir a pessoa a outro setor ou divisão da empresa, era eu que
a acompanhava pessoalmente.
3.4.1.8. Separação de documentos
A tarefa de separar documentos e de os agrupar segundo categorias era-me delegada
quando o contabilista, o diretor financeiro ou mesmo o chefe dos serviços tinha um
grande número de documentos a tratar em cima da secretária. Então, para facilitar a
tarefa, pediam-me para o fazer. Assim evitava-lhes confusões na hora de dar
encaminhamento aos assuntos, evitando potenciais enganos que daí pudessem advir.
3.4.2. Tarefas pontuais
Durante o meu tempo de estágio realizei também algumas tarefas de forma ocasional.
Passo agora a uma sucinta caracterização das mesmas.
3.4.2.1. Recolha de assinaturas
Todas as operações administrativas que se efetuam no escritório carecem de assinaturas
dos gestores ou administradores correspondentes a cada empresa. Assim, apresento na
figura seguinte, as pessoas a quem pertence assinar os documentos, pertencentes às
diferentes empresas.
Todos os dias, antes da saída para a hora de almoço, levava documentos a assinar.
Colocava-os dentro de capas plásticas, para evitar que as folhas se dobrassem ou
ficassem com vincos, levava uma esferográfica e dirigia-me aos gabinetes das pessoas
que deviam assinar os documentos (figura 27).
Relatório de Estágio
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Figura 27 – Empresas do grupo e pessoas a quem se destina a assinatura dos documentos
Fonte: Elaboração própria
Esta é a forma de os gerentes e administradores terem conhecimento de todas as
operações que são efetuadas nas empresas. Por vezes, quando ia recolher assinaturas, o
assinante perguntava qual o propósito de certos documentos, e eu não sabia responder,
pelo que, a partir daí, passei a examinar bem todos os documentos que levava a assinar e
perguntava sempre para que fim era cada um, para saber responder, caso o assinante me
questionasse acerca do teor dos mesmos.
3.4.2.2. Entrega de correio aos diversos setores
Quando comecei a conhecer melhor os outros setores da empresa, comecei a efetuar
autonomamente a entrega do correio aos mesmos. No início, quando alguém precisava
que entregasse um documento ou uma encomenda a alguém em outro gabinete, tinham
sempre de me explicar quem era a pessoa, pelo seu nome ou por outros atributos,
nomeadamente, físicos. Embora pareça desapropriado, foi uma ótima forma de começar
a decorar nomes.
Sendo assim, passei a ser a responsável pela entrega do correio interno, o qual se divide
em dois tipos:
Relatório de Estágio
49
1. Correspondência recebida ou encomendas destinadas a uma pessoa/setor em
concreto;
2. Documentos recebidos (faturas, amostras de têxteis ou outros materiais,
entre outros) que necessitavam de ser distribuídos por diferentes gabinetes.
3.4.2.3. Preenchimento de cheques
Esta tarefa exige grande responsabilidade e atenção, por isso senti que estavam a
depositar em mim um voto de confiança ao me solicitarem que preenchesse os cheques.
Normalmente, quando é necessário enviar cheques a fornecedores e outras entidades, é
o diretor financeiro que emite uma comunicação interna (anexo 9) com todos os dados a
preencher no cheque: nome do beneficiário, valor, data e o banco correspondente.
Após o preenchimento, os cheques, juntamente com outros documentos a enviar, são
assinados, conforme a empresa a que pertencem, pelas pessoas mencionadas na figura
27.
3.4.2.4. Envio de fax
O fax foi para mim um aparelho completamente novo, pois nunca havia trabalhado com
este tipo de comunicação. Penso que, de uma forma geral, o fax foi um meio de
comunicação que não passou muito pelos lares dos consumidores, sendo
maioritariamente utilizados com fins empresariais.
Apesar de tudo, foi de fácil aprendizagem manusear o fax, pois é necessário apenas
colocar a folha com a informação a enviar na parte superior, digitar o número de fax do
destinatário e o documento é enviado.
Quando me era pedido para enviar um fax, fazia sempre questão, por questões de
segurança, de imprimir o relatório de receção (anexo 10), pois com este tipo de
instrumentos, nunca se tem a certeza se a informação alcançou o destinatário.
Relatório de Estágio
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3.4.2.5. Redação de cartas
A redação de cartas era uma das minhas tarefas de eleição. Embora todas as cartas que
escrevesse, viessem já manuscritas pelo Sr. Dias, sendo apenas necessário passá-las a
computador.
Essas cartas eram todas escritas em Word, respeitando uma formatação, tipo de letra e
tamanho razoáveis e ajustados à correspondência institucional.
Desde a primeira carta que redigi, tentei aperfeiçoar a escrita deste tipo de documentos,
nomeadamente na fórmula de saudação, na fórmula de despedida, na adoção do novo
acordo ortográfico, na própria formatação do documento, evitando sempre cometer
certos erros ortográficos comuns, as cartas escritas por mim foram, assim, sendo
melhoradas ao longo do tempo (anexo 11).
Por não possuir uma impressora individual na minha secretária, as cartas que eu redigia,
entre outros documentos, eram sempre impressos na impressora que se encontra na
“sala da fotocopiadora”.
Aquando da impressão das cartas, é sempre necessário duas cópias: a primeira, em
papel timbrado (anexo 12), que seria aquela que se iria enviar, depois de carimbada e
assinada; e a segunda, em papel branco, que iria para o respetivo arquivo, em função do
assunto a que se referia.
3.4.2.6. Realização de chamadas para o exterior
A par do atendimento telefónico, também efetuava, pontualmente, chamadas para o
exterior, na sua maioria, para outras empresas. Uma das vezes o Sr. Dias pediu-me para
estabelecer uma ligação com o fornecedor de material de escritório. Utilizando uma lista
em Excel com números de telefone, que me foi cedida, realizei a chamada e quando
atenderam do outro lado, identifiquei a empresa e disse que o Sr. Dias iria falar com a
pessoa. Agradeci e passei a chamada.
Em outra circunstância, foi-me solicitado que realizasse uma chamada para um dos
bancos e pedia para falar com uma pessoa em concreto. Procedi da mesma forma, mas
acrescentei ao diálogo que o Dr. x desejava falar com o Senhor y, e se ele se encontrava
disponível de momento.
Relatório de Estágio
51
3.4.2.7. Digitalização de documentos
A digitalização de documentos foi uma das tarefas que realizei com menos frequência.
O aparelho de digitalização tem já os e-mails dos colaboradores da empresa gravados no
seu sistema para assim poder enviar o material digitalizado.
3.4.2.8. Conferência de faturas com guias de transporte
Quando uma mercadoria é recebida, tem de vir acompanhada da respetiva guia de
transporte, que, por conseguinte, se referirá a uma fatura, que será obrigatório conferir
com as guias de transporte.
Para confirmação de que tudo o que estava faturado se encontrava efetivamente no
carregamento, eu assinalava sempre com um sinal “” quando terminava de conferir, e
de seguida agrafava a guia de transporte à respetiva fatura e devolvia-a a quem me tinha
incumbido da função.
3.4.2.9. Correção ortográfica de documentos
Durante o estágio tive a oportunidade de corrigir a ortografia de um documento.
Tratava-se do relatório de contas da TORRE, o qual corrigi e adequei à grafia do novo
acordo ortográfico, apesar de na TORRE este ainda não ter sido adotado inteiramente.
Procedia à correção de documentos igualmente no caso das cartas que me pediam para
redigir no computador. Por vezes traziam erros, ora ortográficos, ora de concordância, e
eu tratava sempre de as escrever da maneira correta.
3.4.2.10. Colocação de selos em envelopes
A colocação de selos em envelopes era uma das missões que realizava nos momentos
em que não tinha nenhuma tarefa em mãos. Para adiantar serviço e para maior rapidez
na hora de expedir o correio, selava os envelopes, já timbrados, das várias empresas,
conforme os preços que eram mais utilizados. Por exemplo, os envelopes de correio e
peso normal (0.32€), o envelope de correio azul (0.47€), etc.
Relatório de Estágio
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Figura 28 – Envelopes das empresas com selos previamente colados Fonte: Elaboração própria
Esses envelopes eram colocados em camadas em cima do armário (figura 28),
organizados por empresa e nível de frequência de utilização dos mesmos.
3.4.2.11. Organização e arrumação do arquivo (expurgação de arquivo
passivo)
Quando as pastas de arquivo são demasiadas e/ou de anos anteriores, convém serem
transportadas para o arquivo semi-ativo ou passivo, conforme a data dos documentos e a
maior ou menor probabilidade de estes virem a ser consultados. Abre-se, assim, espaço
nas prateleiras para as novas pastas, processo que se denomina de expurgação do
arquivo que é já considerado passivo.
Tive a oportunidade de ajudar nesta função, colocando essas pastas em caixas
identificadas com o nome da empresa, o Diário, o mês e ano correspondentes, que
posteriormente seriam transportadas para o sótão da empresa. Cada caixa tinha
capacidade para aproximadamente sete a oito pastas.
3.4.2.12. Picagem de extratos conta-corrente
A tarefa da picagem15 de extratos conta-corrente foi-me delegada algumas vezes, pois é
necessária quando se conferem extratos de conta corrente da empresa com os de clientes
ou fornecedores. Tal como nos extratos bancários, é imperativo confirmar as
movimentações nos registos da empresa e nos da outra entidade (cliente ou fornecedor),
para evitar desacertos contabilísticos.
15 A “picagem”, termo frequentemente utilizado na linguagem contabilística, consiste no processo de acerto de movimentos registados em dois extratos, por meio de símbolos escritos, nomeadamente o “”.
Relatório de Estágio
53
3.4.2.13. Reconciliação de contas
A reconciliação de contas é um processo que passa pela conferência dos extratos
bancários mensais (anexo 13) com os extratos contabilísticos da empresa. O objetivo é
confirmar se os movimentos de um coincidem com os movimentos constantes do outro.
Como aprendi na disciplina de Fundamentos de Contabilidade e Fiscalidade, colocava o
sinal “” em todos os valores comuns a ambos os documentos. Realizava esta operação
com a ajuda de uma régua, para evitar possíveis enganos. Por vezes encontrava dois ou
mais valores iguais, por isso, recorria à confirmação pelas datas dos movimentos.
No final da reconciliação, o saldo tinha de ser igual. Caso isso não se confirmasse, era
necessário procurar os valores que estivessem em falta.
3.4.2.14. Criação e impressão de lombadas
A criação e impressão de lombadas era uma tarefa realizada sempre que se começava
uma nova pasta para o arquivo (anexo 14), ou seja, quando era necessário substituir as
pastas já completas por outras novas e vazias.
Normalmente as lombadas eram sempre escritas a computador, mas dependendo do
material de que eram feitas as pastas, era mais ou menos aconselhável fazê-lo
manualmente. Na figura 29 podemos verificar que uma das pastas era plastificada por
fora, por isso, não era possível escrever nela, daí ser mais apropriado imprimir e colar-
lhe uma lombada feita no Word. No caso da outra pasta, que já é de cartão simples,
podia simplesmente escrever na lombada os dados de abertura e fecho, a lápis, o que
tornava esta tarefa mais económica e, por sua vez, mais rápida.
Figura 29 – Lombadas de pastas criadas – uma escrita a lápis e a outra no computador
Fonte: Elaboração própria
Relatório de Estágio
54
Nesta figura mostro duas pastas: a que se encontra do lado esquerdo é de cartão simples,
enquanto que a do lado direito é de cartão plastificado.
3.4.2.15. Inquérito Mensal à Produção Industrial – Instituto Nacional
de Estatística (INE)
Todos os meses é imposto às empresas, para efeitos de estatística, um conjunto de
inquéritos referentes a vários aspetos da sua atividade. No decorrer do estágio coube-me
a responsabilidade de proceder aos cálculos referentes à produção industrial da empresa
e preencher os campos relativos a cada mês do primeiro semestre no respetivo inquérito
(anexo 15). Após isso, preenchia, com esses resultados, uma tabela em que constavam
todos os dados referentes ao ano em questão.
3.4.2.16. Requisição de selos aos CTT e consequente conferência
Dado que a pasta dos selos se encontrava em cima da minha secretária, passei a
voluntariar-me para realizar os pedidos dos mesmos aos CTT, sempre que era
necessário.
Cada empresa tem uma pasta de plástico (mica) com o respetivo nome onde se colocam
os selos correspondentes. Na altura de requerer os selos, tarefa realizada pelo estafeta,
também é escrito um ofício, destinado aos CTT, respeitante a cada empresa (TORRE,
Centum Cellas e Torfal).
Nesse ofício coloca-se o logótipo da empresa, seguido de uma tabela em Excel com a
designação dos selos a pedir, o seu valor, a respetiva soma e o total, a entregar pela
tesoureira. No final do ofício são escritos o local e a data (anexo 16).
Aquando da receção de selos, era eu quem conferia a remessa. Após a confirmação,
colocava-os organizados por empresa dentro das respetivas pastas, pertencentes às
diferentes empresas do grupo.
Relatório de Estágio
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3.4.2.17. Operações no Vanguarda
O programa contabilístico utilizado pela TORRE é o Vanguarda (figura 30). Este
software permite realizar todas as operações contabilísticas e fez igualmente parte da
minha aprendizagem ao longo do estágio.
Figura 30 – Imagem de abertura do software Vanguarda
Fonte: Captura de ecrã
Cada colaborador tem uma palavra-passe única para aceder ao programa. Eu não tinha
uma, por isso, introduzia as palavras-passe dos meus colegas, sempre com o seu
consentimento. Além de não permitir o uso a pessoas indevidas, este sistema permite
saber quem realizou determinada tarefa.
Comecei por realizar as tarefas mais simples e com o tempo e a experiência, foi-me
sendo ensinado a proceder a movimentos mais complexos e de maior responsabilidade
pois, muitas vezes, se se cometesse um erro no programa, seria complicado de o
corrigir.
Assim, cada vez que aprendia uma nova operação, registava-a sempre no meu caderno
de notas, para quando, mais tarde, me fosse solicitado outra vez o mesmo trabalho, o
soubesse realizar sem precisar de auxílio. O menu inicial (figura 31) inclui todas as
operações possíveis.
Figura 31 – Menu inicial do programa Vanguarda
Fonte: Captura de ecrã
Relatório de Estágio
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Eis as diversas operações que realizei no Vanguarda, por ordem de aprendizagem:
► Reconciliação de contas;
► Pesquisa de documentos na contabilidade;
► Procura de faturas dos vendedores (comissões);
► Procura de condições de pagamento de notas de crédito;
► Confirmação de documentos (códigos de diários que podem estar errados);
► Lançamento de faturas;
► Lançamento de faturas de fornecedores;
► Lançamento de cobranças factoring;
► Impressão de faturas em falta;
► Lançamento de recebimentos de clientes no banco;
► Lançamento de recebimentos de clientes por factoring;
► Ordem para transferências bancárias;
► Ordem para cheques;
► Recebimentos de clientes e emissão do respetivo recibo;
► Procura de faturas por número;
► Procura de faturas de fornecedores.
Das tarefas mencionadas, descrevo três das que realizei mais frequentemente, e que se
encontram destacadas a negrito na lista acima.
Lançamento de faturas de fornecedores
O lançamento de faturas de fornecedores processo refere-se ao lançamento, no sistema
da empresa em questão, das faturas emitidas de fornecedores. Num primeiro passo,
seleciona-se a opção “Fornecedores e Pagamentos” no menu inicial, seguido de
“Pagamentos” e, dentro desta opção, “Lançamento de Faturas”.
Seguidamente, como apresenta a figura 32, escreve-se o nome do fornecedor (1), o tipo
de movimento (2), o número de documento (3), a data relativa a esse movimento (4) e o
valor do documento (5). Após a colocação destes dados, clica-se no botão “” e
procede-se ao passo seguinte.
Relatório de Estágio
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Figura 32 – Lançamento de faturas de fornecedores (2º passo)
Fonte: Captura de ecrã
Nesta etapa (figura 33) seleciona-se o separador “Contabilidade”, confirma-se o
descritivo desse lançamento e clicar novamente no botão “”.
Figura 33 – Lançamento de faturas de fornecedores (3º passo)
Fonte: Captura de ecrã
Após finalização do lançamento, aparece um código relativo ao sistema contabilístico
no ecrã, que será registado no documento, que é a fatura do fornecedor (figura 34). Essa
fatura será depois arquivada, no Diário referente às faturas de fornecedores, o Diário 14.
Figura 34 – Lançamento de faturas de fornecedores (último passo)
Fonte: Captura de ecrã
Relatório de Estágio
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Lançamento de recebimentos de clientes no banco
O lançamento de recebimentos de clientes no banco é um procedimento a efetuar
quando um cliente regulariza um pagamento e esse tem de ser registado no sistema
contabilístico.
Dependendo do tipo de pagamento, que pode ser feito por depósito na conta ou por
transferência bancária, opera-se da seguinte forma:
Para efetuar esta função, seleciona-se “Bancos e Caixas” no menu inicial, seguido de
“Bancos” e por fim, “Movimentos”.
Na segunda etapa (figura 35), é necessário selecionar o tipo de pagamento efetuado pelo
cliente – Depósito ou Transferência (1), colocando depois a data do documento do
banco (2), o nome do cliente (3), inserir o valor do pagamento (4), “Enter” e depois,
confirmar, clicando no botão “”.
Figura 35 – Lançamento de recebimentos de clientes no banco (2º passo)
Fonte: Captura de ecrã Neste último passo, como apresenta a figura 36, aparece no ecrã um código
contabilístico que será registado no respetivo documento, para posterior arrumação no
arquivo do Diário 21, referente aos Bancos.
Figura 36 – Lançamento de recebimentos de clientes no banco (último passo)
Fonte: Captura de ecrã
Relatório de Estágio
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Recebimentos de clientes e emissão do respetivo recibo
A operação de recebimentos de clientes e emissão do respetivo recibo é realizada
sempre que são recebidos pagamentos provenientes de clientes. Como habitual, é
necessário inserir o movimento no sistema e emitir o recibo para enviar posteriormente
ao cliente.
Para realizar esta operação no sistema Vanguarda, seleciona-se no menu inicial, a opção
“Clientes e Recebimentos”, seguido de “Recebimentos” e “Recebimentos Individuais”.
No passo seguinte, como é visível na figura 37, é necessário escrever o nome do cliente
em questão (1), selecionar a opção “Recibo” – para posteriormente ser emitido o recibo
ao cliente – (2), registar o valor do pagamento em “Valor Moe” (3) e, por último, clicar
no botão “”.
Figura 37 – Lançamento de recebimentos de clientes e emissão do respetivo recibo
Fonte: Captura de ecrã
3.5. Cronograma de Atividades
O cronograma de atividades (figura 38) apresenta a súmula de todas as tarefas que
realizei durante o estágio na TORRE. Essas atividades encontram-se ordenadas
cronologicamente.
O motivo pelo qual o cronograma é apresentado neste ponto explica-se pelo facto de
pretender resumir esquematicamente as atividades já referenciadas e apresentar a
frequência de contacto com as mesmas, representada pelas barras a azul.
Relatório de Estágio
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Semanas de estágio Atividades realizadas 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Inserção Arquivo Correio
Depósito de cheques
Correção ortográfica de
documentos
Redação de cartas Fotocópias Recolha de assinaturas
Distribuição de correio
Operações no Vanguarda
Reconciliação de contas
Picagem de extratos conta-
corrente Atendimento
telefónico Realização de
chamadas Envio de fax
Atendimento ao público
Preenchimento de cheques
Conferência de faturas e guias de
transporte Digitalização de
documentos
Figura 38 – Cronograma de atividades desempenhadas na TORRE Fonte: Elaboração própria
A leitura do cronograma mostra, pelas barras azuis, o período durante o qual executei
cada uma das tarefas. Pode verificar-se que as tarefas mais frequentemente realizadas
foram o arquivo, o tratamento de correspondência recebida, o depósito de cheques, a
redação de cartas, a fotocópia de documentos e a recolha de assinaturas.
Relatório de Estágio
61
3.6. Iniciativas
3.6.1. Arrumação das três salas de arquivo
Fruto de muitos momentos sem nenhuma atividade em curso no estágio, muito por
causa de o mesmo ter ocorrido, em parte, no período de férias, comecei a procurar
coisas que necessitassem de ser arrumadas ou compartimentos que eu pudesse otimizar,
organizando-os de uma forma melhor.
Uma das tarefas que realizei foi proceder à arrumação da sala de arquivo n.º 1, que
continha pastas colocadas no chão, algumas sobrepostas indevidamente e outras já em
mau estado e cobertas de pó, devido ao tempo em que se lá encontravam.
Recolhi todas as pastas que estavam colocadas na vertical, procurei a sequência de
pastas correspondente às mesmas e agrupei-as. Retirei também as pastas que se
encontravam no chão, procurei espaço nas prateleiras e dispu-las em sequências de
datas e diários, para não se confundirem. As figuras 39 e 40 mostram a sala de arquivo
n.º 1 antes e após a arrumação.
Sala de Arquivo n.º 1
Figura 39 – Sala de Arquivo n.º 1 desorganizada
Fonte: Elaboração própria
Figura 40 – Sala de Arquivo n.º 1 organizada Fonte: Elaboração própria
Realizei o mesmo procedimento nas outras duas salas de arquivo.
Sala da fotocopiadora
Realizado o mesmo processo de organização da sala da fotocopiadora, apresento as
imagens da mesma (figuras 41 e 42).
Relatório de Estágio
63
Figura 41 – "Sala da fotocopiadora" desorganizada
Fonte: Elaboração própria Figura 42 – "Sala da fotocopiadora" organizada
Fonte: Elaboração própria
Terceira sala de arquivo
Depois de arrumada a terceira sala, apresento, na figura 43 o seu aspeto desorganizado
e, na figura 44, as pastas arrumadas.
Figura 43 – Terceira sala de arquivo desorganizada
Fonte: Elaboração própria
Figura 44 – Terceira sala de arquivo organizada
Fonte: Elaboração própria
3.6.2. Criação de uma tabela-esquema da atual disposição da sala de
arquivo n.º 1
A tabela com a nova disposição apresenta-se como um mapa das estantes onde indico,
detalhadamente e em cada prateleira, as posições das pastas referentes a cada assunto
específico. Por meio de cores, que associei às diferentes empresas (TORRE, Torfal,
Centum Cellas, Torfal Torre ACE, entre outras, das quais uma está já extinta – TORRE
RETAIL – e outra que, embora não fazendo parte do grupo, pertence aos mesmos
proprietários – SARV).
Relatório de Estágio
64
A criação desta tabela foi consequência de ter organizado e arrumado a sala de arquivo
n.º1, pois ao fazê-lo, alterei a localização de certas pastas e assuntos (principalmente as
pastas que se encontravam no chão).
Como estagiária, sabia que as minhas funções na empresa tinham um prazo, pelo que
decidi elaborar um esquema (anexo 17) que certamente ajudaria os meus colegas, no
futuro, a encontrar o que procuravam, na minha ausência.
3.6.3. Separação da correspondência em categorias
Outra das minhas iniciativas foi, aquando da abertura de correio, e depois de o mesmo
se encontrar separado por empresas, agrupar a correspondência por assuntos. Colocava
em primeiro lugar as cartas de clientes; depois, as faturas e/ou recibos de fornecedores;
seguidamente, tudo o que pertencesse aos bancos. No fim, colocava a correspondência
referente a outros assuntos.
Realizei esta tarefa para que os recetores da correspondência não tivessem de a separar
por assuntos. Era uma forma de poupar algum tempo e facilitar a tarefa aos
destinatários.
3.6.4. Criação de uma página da empresa no Facebook
Com a evolução e popularidade das redes sociais nas nossas vidas, e o aumento da sua
utilidade, hoje em dia é quase imperativo ter uma página online que conte um pouco da
atividade da empresa, para uma maior divulgação dos seus produtos e serviços.
Assim, tomei a iniciativa de propor aos administradores da empresa a criação de uma
página no Facebook, pois apenas existe o site da TORRE na internet. Igualmente me
voluntariei para desenvolvê-la.
Esta proposta acabou, contudo, por ser declinada pois, naquela empresa, o segredo
ainda é considerado a “alma do sucesso”. Enquanto que muitas empresas do mesmo
setor publicam informações na internet e em outros canais de comunicação, revelando,
por exemplo, os seus principais clientes, a TORRE opta pela discrição quanto a este
assunto, acreditando que pode tornar-se prejudicial à empresa a revelação deste e outros
aspetos de carácter interno. No site da TORRE são mencionadas apenas informações
relativas ao grupo, às empresas existentes e aos serviços prestados.
Relatório de Estágio
65
3.6.5. Etiquetagem de variados assuntos para mais fácil e rápido
acesso
A etiquetagem de variados assuntos para mais fácil e rápido acesso surgiu da
necessidade de diferenciar as folhas timbradas das variadas empresas pertencentes ao
grupo, presentes em uma das gavetas metálicas na minha secretária. Assim, coloquei
folhas de cor vermelha para as separar e colei nelas pequenas etiquetas para melhor as
distinguir (figura 45), pois muitas vezes os meus superiores pediam-me que lhes levasse
folhas timbradas e tinha de responder depressa e eficientemente às suas solicitações.
Figura 45 – Separadores de folhas timbradas com etiquetas
Fonte: Elaboração própria
3.7. Sugestões
Seguidamente, exponho algumas ideias que foram surgindo durante o meu tempo de
estágio na TORRE. Estas sugestões não foram comunicadas aos órgãos
hierarquicamente competentes da empresa, logo, nenhuma delas foi implementada. No
entanto, achei útil e interessante incluí-las neste relatório, pois, apesar de não
comunicadas, fazem parte das minhas realizações no estágio. O objetivo foi sempre o
melhoramento e otimização de certos aspetos da empresa.
3.7.1. Colocação de uma nova seta de sinalização da empresa
Reparei que a seta de sinalização da empresa (figura 46), colocada junto à estrada se
encontrava um pouco danificada, consequência do passar dos anos, e exibe um logótipo
já antigo e em desuso.
Relatório de Estágio
66
Por isso, sugeria que fosse implantada uma nova sinalização, com o novo logótipo e que
indicasse também as empresas constituintes do grupo TORRE.
Figura 46 – Seta sinalizadora da TORRE
Fonte: Elaboração própria
Procedi então à criação de uma nova seta sinalizadora, presente na figura 47:
Figura 47 – Seta de sinalização criada
Fonte: Elaboração própria
3.7.2. Gestão do economato em base de dados
A gestão do economato em base de dados foi uma ideia que surgiu com a necessidade
de contabilizar o material de escritório, pois acontecia por vezes faltarem esferográficas,
lápis ou tubos de fita-cola, por exemplo, sem que isso fosse notado pela responsável
desse material. Então, sugeria que existisse uma base de dados com todos esses
materiais de modo a que fosse reduzida a quantidade, à medida que estes eram retirados.
A base de dados, criada numa folha de Excel, teria um aspeto semelhante ao que
apresento abaixo na figura 48.
Relatório de Estágio
67
Quantidade
existente
Quantidade
retiradaRestante Estado
Esferográfica azul 20 5 15 OKEsferográfica preta 30 6 24 OK
Corretor 20 19 1 !Caneta de feltro vermelha 20 7 13 OK
Caneta de feltro preta 30 14 16 OKLápis carvão 50 35 15 OK
Borracha 50 46 4 !Bastão de cola 50 13 37 OK
Rolo de fita-cola 12 6 6 OKAgrafos (caixa) 20 17 3 !
Clips (caixa) 50 25 25 OK
Economato
Figura 48 – Sugestão de base de dados, referente ao Economato
Fonte: Elaboração própria
Na coluna “Quantidade existente” é colocada a quantidade inicial de cada item; na
coluna “Quantidade retirada” regista-se o número de unidades retiradas, o que, através
de uma fórmula do Excel, mostra automaticamente, na coluna “Restante”, a quantidade
que resta. A coluna “Estado” tem duas opções: “OK” e “!”, respeitante à necessidade ou
não de voltar a encomendar o material em questão. Por meio de uma fórmula que
introduzi, esta coluna indica “OK” enquanto o número de itens for superior a 5. Caso
não se verifique essa quantidade, o campo exibe um “!”. Significa então que a
quantidade existente é inferior e há necessidade de adquirir mais.
3.7.3. Digitalização do arquivo
Este é um procedimento necessário na maioria das empresas e instituições, pois o
arquivo é um aspeto muito importante da documentação que deve ser protegido, além de
bem acondicionado e arrumado.
Dependendo da qualidade, tipo de papel, das condições das instalações, da humidade e
da tinta com que é escrito, o arquivo pode sofrer uma deterioração com o tempo, o que
resulta muitas vezes em folhas que perdem a cor, que rasgam ou amarelecem. Daí a
importância de digitalizar o arquivo, de forma a guardá-lo em vários suportes, para o
caso de sucederem as eventualidades que referi acima.
Relatório de Estágio
68
Torna-se num processo moroso mas cauteloso, e pode facilitar em muito o
funcionamento da empresa, por exemplo em caso de necessidade de procura de um
documento, em vez de se procurar no arquivo em papel, pesquisa-se no arquivo em
formato digital, o que poupa muito tempo a quem realiza esta tarefa.
3.7.4. Reciclagem das folhas de papel e cartões
Um dos aspetos que me chamou a atenção foi a enorme quantidade de papel inutilizado
que é deitado ao lixo. Seria uma boa medida implantar a reciclagem, sobretudo, desse
papel e do cartão.
3.7.5. Aumentar o número de prateleiras nas salas de arquivo
Este é um problema que deveria ser tratado com alguma urgência, pois, de acordo com
o que foi lecionado na disciplina de Técnicas de Arquivo e Documentação, o arquivo
não deve ser colocado no chão, pois pode ocorrer uma inundação, ou simplesmente
entrar água na sala e, ao entrar em contacto com o papel, torna ilegível a informação que
este contém. É o que acontece em algumas salas de arquivo na empresa, por falta de
espaço nas estantes.
3.7.6. Aquisição de uma máquina de café para a “sala da
fotocopiadora”
Esta sugestão pode ser encarada como algo arrojada, mas na minha opinião é uma forma
de os colaboradores poderem fazer uma pequena pausa durante o trabalho para tomar
um café ou outra bebida, e também para incitar ao convívio entre os colegas. Outra
função desta ação seria o aumento da motivação dos trabalhadores, que desde sempre
assumiu uma grande relevância nas empresas modernas.
Relatório de Estágio
69
Conclusão
A etapa da realização do estágio, além de permitir uma aproximação ao mundo laboral,
possibilita ao estagiário, através da experiência, um crescimento, não só a nível
profissional, mas também pessoal.
Ao estagiar na TORRE pude comprovar a importância da hierarquia, do trabalho em
equipa, do respeito pelos colegas e superiores, da responsabilidade e também da gestão
do tempo, entre outros. Tive também a oportunidade de colocar em prática muitos dos
conhecimentos que obtive nos três anos da licenciatura em Secretariado e Assessoria de
Direção.
Estando integrada na área da Contabilidade e Finanças, tive contato com diversos
procedimentos, tanto de forma manual como informática, os quais descrevi
sucintamente ao longo do presente relatório. As noções apreendidas na unidade
curricular de Fundamentos de Contabilidade e Fiscalidade tornaram-se muito úteis no
desenrolar de certas funções.
É de realçar que não são só os conhecimentos curriculares que formam um bom
profissional, mas também aqueles que fazem parte da educação adquirida em casa. Por
isso, muitos dos valores inerentes a uma Secretária/Assistente de Direção, como o
diálogo, a compreensão, o saber ser e o saber estar, a boa educação e a cordialidade, são
constituídos pela instrução trazida do lar.
Dado o facto de atender diariamente chamadas telefónicas e também o público que se
dirigia à empresa, tive sempre uma preocupação de apresentar uma imagem exemplar e
o mais formal possível, bem como um cuidado especial com o tom de voz ao telefone, a
expressão linguística e o interesse em resolver problemas que pudessem surgir. Para
este e outros comportamentos, a disciplina de Técnicas Administrativas e de Assessoria
revelou-se fundamental. Um dos maiores desafios foi, sem dúvida, receber chamadas de
clientes e fornecedores de nacionalidade espanhola, francesa e inglesa. Destaco aqui a
utilidade da aprendizagem das línguas estrangeiras durante o curso.
A escrita de cartas comerciais, a par da comunicação com colegas, superiores e nas
chamadas telefónicas, justifica a importância da disciplina de Português Empresarial I,
II e III.
Relatório de Estágio
70
Em suma, considero que as unidades curriculares lecionadas no curso assumem uma
grande utilidade no futuro dos profissionais da área de Secretariado, e além de
proporcionarem aos alunos conhecimentos essenciais à prática desta profissão, também
os formam com outras técnicas que complementam a importância das suas funções.
Relatório de Estágio
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Bibliografia
► AEP – Associação Empresarial de Portugal (2008). “Caracterização do Sector, Indústria Têxtil e do Vestuário, Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho”, disponível em http://www.prevenirparainovar.com/documentos/ EstudoSectorialTextil.pdf, consultado em 06 de outubro de 2012.
► ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (s.d.). “A Indústria Têxtil e Vestuário Portuguesa”, disponível em http://www.socgeografialisboa.pt/wp/wp-content/uploads/2010/01/ITV-Portuguesa_-12-04-2010.pdf, consultado em 29 de agosto de 2012.
► ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (2008). “A Indústria Têxtil e Vestuário Portuguesa no quadro da Regeneração Industrial Europeia”, disponível em http://seeds3.sima.org.pt/files/Dr%20Paulo%20Vaz%20%20-%20ATP.pdf, consultado em 29 de agosto de 2012.
► ATP – Associação Têxtil e Vestuário de Portugal (s.d.). “Contributo para um Plano Estratégico para a Indústria Têxtil e do Vestuário Portuguesa”, disponível em http://www.atp.pt/fotos/editor2/Plano%20Estrategico.pdf, consultado em 06 de outubro de 2012.
► CENIT – Centro de Inteligência Têxtil (2009). “Análise da Indústria Têxtil e Vestuário no Norte de Portugal e Galiza: Consolidação da Complementaridade do «Cluster» Transfronteiriço na Euroregião”, disponível em http://www.euroclustex.eu/fotos/editor2/analise_da_industria_textil_e_vesturario_de_portugal_e_galiza.pdf, consultado em 29 de agosto de 2012.
► CITEVE – Centro Tecnológico das Indústrias Têxtil e do Vestuário de Portugal (2004). “Estudo Sectorial”, disponível em http://www.iapmei. pt/resources/download/bbp-estudo_sectorial_textil.pdf?PHPSESSID=5e9f8dfc0af f65bf36bfb125ba4db683, consultado em 06 de outubro de 2012.
► Ramos, A. F. (2004). “O movimento de internacionalização empresarial na
indústria do vestuário – o caso português”, disponível em http://repositorio.ucp.pt/bitstream/10400.14/9053/1/gestaodesenvolvimento12_47.pdf, consultado em 06 de outubro de 2012.
Relatório de Estágio
72
Pesquisa eletrónica:
► A crise na indústria têxtil, disponível em http://www.25abril.org /a25abril/get_document.php?id=168, consultado em 29 de agosto de 2012.
► A Indústria têxtil e do vestuário, disponível em http://textile industry.ning.com/forum/topics/textil-e-vestuario-perdeu-metade-das-empresas-portugal, consultado em 29 de agosto de 2012.
► Análise do setor têxtil e de confeções nos principais mercados europeus, disponível
em http://www.al-invest4.eu/minisite/ textil_port/europa/europa1 .html, consultado em 29 de agosto de 2012.
► História do têxtil em Portugal, disponível em http://www.det.uminho.pt/pt-
PT/geral/historia/, consultado em 24 de setembro de 2012.
► Indústria têxtil, disponível em http://www.infopedia.pt/$industria-textil, consultado em 24 de setembro de 2012.
► Indústria têxtil em Portugal, disponível em http://restosdecoleccao.
blogspot.pt/2012/09/industria-textil-em-portugal-e-fnil.html, consultado em 24 de setembro de 2012.
► O futuro do setor têxtil em Portugal, disponível em
http://www.google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=14&ved=0CDYQFjADOAo&url=http%3A%2F%2Fwww.eurofound.europa.eu%2Feiro%2F2002%2F12%2Ffeature%2Fpt0212106fpt.doc&ei=Th4-UMnZHcjMhAfqroHwBA& usg=AFQjCNHYPVublt3VvlI1T0FE2vWExVVK5A&sig2=LSrNw2Ja7-xyg8oW UV8JuQ&cad=rja, consultado em 29 de agosto de 2012.
► Origem da Indústria têxtil, disponível em http://negocios.maiadigital.pt/hst/
sector_actividade/textil_vestuario/caracterizacao/esboco, consultado em 24 de setembro de 2012.
► Panorama da Indústria têxtil em Portugal, disponível em http://www. google.com/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=56&ved=0CEEQFjAFODI&url=http%3A%2F%2Frepositorio-aberto.up.pt%2Fbitstream%2F10216%2F5 8585%2F1%2F000058371.pdf&ei=lm1wULHOGIa7hAePp4GgBw&usg=AFQjCNFHSiv5kMk2rCabbHpEyQuv064coA&sig2=7tqfOlE8ALY79Y1xmN7uqw&cad=rja, consultado em 06 de outubro de 2012.
► Ruínas de Centum Cellas, disponível em http://www.guiadacidade.pt/pt/poi-ruinas-romanas-de-centum-cellas-16979, consultado em 14 de outubro de 2012.
Relatório de Estágio
73
Índice de Anexos
Anexo 1 – Pedido de pagamento ............................................................................................. 75
Anexo 2 – Informação das extensões telefónicas da empresa ................................................... 77
Anexo 3 – Aviso de pagamento ............................................................................................... 79
Anexo 4 – Nossa liquidação .................................................................................................... 81
Anexo 5 – Recibo ................................................................................................................... 83
Anexo 6 – Exemplo de uma letra............................................................................................. 85
Anexo 7 – Faturas a clientes .................................................................................................... 87
Anexo 8 – Informação com pesos das cartas e preços dos selos ............................................... 91
Anexo 9 – Folha de comunicação interna ................................................................................ 93
Anexo 10 – Folha de relatório do fax ....................................................................................... 95
Anexo 11 – Cartas................................................................................................................... 97
Anexo 12 – Folhas timbradas das quatro empresas do grupo.................................................. 101
Anexo 13 – Extrato bancário ................................................................................................. 106
Anexo 14 – Folha contendo lombadas ................................................................................... 109
Anexo 15 – Tabela INE......................................................................................................... 111
Anexo 16 – Folha de requisição de selos ............................................................................... 113
Anexo 17 – Tabela-esquema da disposição da sala de arquivo ............................................... 115
Relatório de Estágio
74
ANEXOS
Relatório de Estágio
75
Anexo 1
Pedido de Pagamento
Relatório de Estágio
76
Relatório de Estágio
77
Anexo 2
Informação das extensões telefónicas da empresa
Relatório de Estágio
78
Relatório de Estágio
79
Anexo 3
Aviso de Pagamento
Relatório de Estágio
80
Relatório de Estágio
81
Anexo 4
Nossa Liquidação
Relatório de Estágio
82
Relatório de Estágio
83
Anexo 5
Recibo
Relatório de Estágio
84
Relatório de Estágio
85
Anexo 6
Exemplo de uma Letra
Relatório de Estágio
86
Relatório de Estágio
87
Anexo 7
Faturas a clientes
Relatório de Estágio
88
Relatório de Estágio
89
Relatório de Estágio
90
Relatório de Estágio
91
Anexo 8
Informação com pesos das cartas e preços dos selos
Relatório de Estágio
92
Relatório de Estágio
93
Anexo 9
Folha de comunicação interna
Relatório de Estágio
94
Relatório de Estágio
95
Anexo 10
Folha de relatório do fax
Relatório de Estágio
96
Relatório de Estágio
97
Anexo 11
Cartas
Relatório de Estágio
98
Relatório de Estágio
99
Relatório de Estágio
100
Relatório de Estágio
101
Anexo 12
Folhas timbradas das 4 empresas do grupo
Relatório de Estágio
102
Relatório de Estágio
103
Relatório de Estágio
104
Relatório de Estágio
105
Relatório de Estágio
106
Anexo 13
Extrato bancário
Relatório de Estágio
107
Relatório de Estágio
108
Relatório de Estágio
109
Anexo 14
Folha contendo lombadas
Relatório de Estágio
110
Relatório de Estágio
111
Anexo 15
Tabela INE
Relatório de Estágio
112
Relatório de Estágio
113
Anexo 16
Folha de requisição de selos
Relatório de Estágio
114
Relatório de Estágio
115
Anexo 17
Tabela-esquema da disposição da sala de arquivo
Relatório de Estágio
116