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FUNDAÇÃO AGRISUS - Agricultura Sustentável
2º RELATÓRIO PARCIAL
Projeto: 2516/18
Título: Nematoides da soja em ILP
Sub-título: Efeito da intensidade do pastejo sobre os nematoides da soja em
sistema ILP com sucessão de culturas de longa duração
Coordenador: Dr. Rodrigo Josemar Seminoti Jacques - Professor do
Departamento de Solos/UFSM
Instituição: Departamento de Solos – Centro de Ciências Rurais –
Universidade Federal de Santa Maria - Prédio 42 - Avenida Roraima, 1000 -
Camobi, Santa Maria - RS, CEP 97105-900
Fone (55) 3220-8108 ramal 206 – [email protected]
Local da Pesquisa:
Experimento de campo: Fazenda do Espinilho, São Miguel das Missões, RS.
Análises laboratoriais: Departamento de Solos/UFSM
Valor financiado pela Fundação Agrisus: R$ 20.000,00
Vigência do Projeto: 25/07/2018 a 01/07/2020.
Abrangência do Relatório: junho de 2019 a novembro de 2019.
Santa Maria/RS, novembro de 2019.
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1. INTRODUÇÃO
Um dos grandes desafios dos sistemas produtivos é o de combinar maior produção de
alimentos por área com menor impacto ambiental (GARRETT et al., 2017). Os sistemas
integrados de produção agropecuária (SIPA), como a integração lavoura-pecuária (ILP),
associam cultivos agrícolas com a pecuária e, se manejados de forma correta, resultam na
intensificação sustentável do uso das terras, maior produção vegetal e animal, diversificação
e aumento da renda dos produtores rurais, e melhoria da qualidade do ambiente (CARVALHO
et al., 2018; PONTES et al., 2018).
Na região sul do Brasil, as áreas cultivadas no verão com soja (Glycine max (L.) Merr.)
e milho (Zea mays L.) atingem, aproximadamente, 13,5 milhões de hectares, enquanto que as
áreas cultivadas no inverno com trigo (Triticum aestivum L.) aveia (Avena sativa L.), cevada
(Hordeum vulgare L.), canola (Brassica napus L.), triticale (X Triticosecale Wittimack) e centeio
(Secale cereale L.) atingem somente 2,6 milhões de hectares (CONAB, 2019). Isto indica que
aproximadamente de 11 milhões tem potencial para serem utilizados pela integração lavoura-
pecuária, pois podem ser cultivados com plantas forrageiras de inverno, como aveia preta
(Avena strigosa Schreb) e o azevém anual (Lolium multiflorum Lam.) para a alimentação
animal, e ainda produzir suficiente acúmulo de palha e cobertura do solo para o plantio direto
no verão (MORAES et al., 2014).
Como resultado do forte fomento das instituições governamentais e privadas, a ILP já
é utilizada em aproximadamente 2,5 milhões de hectares na região sul do Brasil (EMBRAPA,
2019). Na maioria das propriedades o sistema adotado alterna culturas para a produção de
grãos no verão, especialmente a soja, com pastagens anuais de inverno, como aveia preta +
azevém anual para o pastejo contínuo dos bovinos. Devido aos excelentes resultados técnicos
e econômicos, o número de produtores rurais que adotam a ILP vem crescendo a cada ano
(PETERSON et al., 2018). Porém, dois aspectos têm posto a prova à sustentabilidade da ILP
na região subtropical do Brasil: o cultivo continuado da sucessão soja/aveia e o excesso de
carga animal na pastagem.
O sistema plantio direto é utilizado pela quase totalidade dos produtores rurais, por
apresentar muitos benefícios em comparação ao sistema convencional de preparo do solo.
Um dos princípios fundamentais do plantio direto é a rotação de culturas, porém devido a
valorização da cultura da soja esta prática tem sido negligenciada. Em aproximadamente 12
milhões de hectares e há aproximadamente 20 anos têm sido cultivado ano após ano a
sucessão de soja no verão e aveia preta no inverno, em mistura ou não com o azevém
(CONAB, 2019). A falta de rotação de cultura tem resultado em diversos problemas, dentre os
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quais destaca-se o aumento da ocorrência ou o surgimento de novas pragas, doenças e
plantas daninhas, tanto na soja quanto na aveia. Um dos problemas mais graves é o aumento
das áreas infestadas por nematoides parasitas de plantas, especialmente devido ao uso de
cultivares de soja suscetíveis (SILVA et al., 2018). Entre os fitoparasitas de grande importância
econômica destacam-se os formadores de galhas (Meloidogyne spp. Goelgi), o reniforme
(Rotylenchulus reniformis Linford & Oliveira, 1940), o das lesões radiculares (Pratylenchus
brachyurus (Godfrey, 1929) Filipjev & Schuurmans Stekhoven, 1941) e o do cisto da soja
(Heterodera glycines Ichinohe, 1915) (DIAS et al., 2010).
Outro problema observado com frequência nas propriedades que adotam a ILP é o
excesso de carga animal na pastagem, o que pode trazer prejuízos ao solo e suplantar os
benefícios advindos do aumento da renda (KUNRATH et al., 2015). A redução da biomassa
das plantas forrageiras pelo pastejo intenso resulta em compactação e exposição do solo,
menor infiltração de água e aeração, maior erosão, alteração da temperatura e da umidade,
redução do teor de matéria orgânica, da ciclagem de nutrientes, etc. Tudo isto causa elevado
estresse às plantas forrageiras e às plantas produtoras de grãos cultivadas em sucessão. Já
foi comprovado que as plantas cultivadas em condições de estresses ambientais são mais
suscetíveis a incidência de fitoparasitas (SILVA et al., 2018). Em função disto, é possível que
o pastejo realizado com excesso de carga animal reduza a qualidade química, física e
biológica do solo, ocasione significativo estresse às plantas e aumente a incidência de
fitoparasitas.
Por outro lado, as características ambientais da ILP tendem a contrapor o aumento
populacional dos fitoparasitas no solo. A deposição do esterco e da urina sobre o solo aumenta
abundância, a diversidade e a atividade biológica do solo em comparação às áreas
exclusivamente agrícolas (MILLS; ADL, 2011). Com isto, a predação, o parasitismo e as
demais interações biológicas negativas aos nematoides fitoparasistas podem ocorrer em
maior magnitude. A deposição da urina e a degradação do esterco animal no solo resulta na
liberação de amônia, uma substância com efeito nematicida. Além disto, o cultivo anual da
aveia preta e do azevém pode consistir em uma forma de supressão das populações dos
nematoides fitoparasitas, uma vez que estas plantas são más hospedeiras de Meloidgyne spp.
e Pratylenchus spp. (DIAS-ARIEIRA et al., 2003; BORGES et al., 2009; LIMA et al., 2009;
BORGES et al., 2010; NEVES, 2013). Entretanto, outros trabalhos contradizem esses
resultados, demostrando que cultivares de aveia-preta e azevém apresentam suscetibilidade
aos nematoides de galhas e lesões (BORGES et al., 2003; ASMUS et al., 2005; INOMOTO;
ASMUS, 2010; UESUGI et al., 2018).
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Os nematoides são excelentes bioindicadores da qualidade dos agroecossistemas e
desta forma constituem-se em uma valiosa ferramenta para atestar a sustentabilidade da ILP.
Além disto, apesar da importância econômica, social e ambiental da ILP, até o momento
nenhuma pesquisa avaliou a ocorrência de nematoides fitoparasitas neste sistema na região
subtropical do Brasil. Por isto, esta pesquisa busca-se responder a três importantes perguntas
diretamente vinculadas aos sistemas produtivos do Sul do Brasil: 1) a conversão da pastagem
natural em cultivo agrícola prejudica a comunidade de nematoides do solo? 2) a introdução da
ILP na área agrícola favorece a comunidade de nematoides do solo? 3) o aumento da
intensidade do pastejo na ILP prejudica a comunidade de nematoides do solo?
3. OBJETIVOS
Objetivo Geral O objetivo do presente trabalho é avaliar o efeito de quatro intensidades de pastejo
sobre as populações de nematoides fitoparasitas da soja, após 15 anos de um sistema de
integração lavoura-pecuária constituído pela sucessão soja-pastagem.
Objetivos Específicos
1. Comparar a comunidade de nematoides fitoparasitas de uma pastagem natural com a
de uma sucessão de culturas constituída por soja no verão e aveia preta+azevém no inverno;
2. Comparar a comunidade de nematoides fitoparasitas de um cultivo exclusivamente
agrícola com a de uma ILP, em uma sucessão de culturas constituída por soja no verão e
aveia preta+azevém no inverno de longa duração;
3. Conhecer a influência da intensidade do pastejo dos bovinos em uma pastagem de
aveia preta+azevém na comunidade de nematoides fitoparasitas do solo e do sistema
radicular das plantas de soja cultivadas em sucessão;
4. Correlacionar propriedades químicas e físicas do solo (dados já coletados) e de
cobertura vegetal com a comunidade de nematoides fitoparasitas do solo e do sistema
radicular das plantas.
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4. MATERIAL E MÉTODOS Este relatório abrange as atividades realizadas no período entre 01 de junho de 2019 e
22 de novembro de 2019, que foram: determinação do crescimento vegetal e da serapilheira
da pastagem de aveia preta + azevém anual, coleta do solo da pastagem, extração dos
nematoides do solo da pastagem e preparo das lâminas dos nematoides. A identificação dos
gêneros de nematoides e a identificação das espécies de nematoides tanto da soja quanto da
pastagem está em andamento e serão apresentadas no relatório final, a ser enviado até o dia
01 de julho de 2020.
Sítio experimental e condução do experimento
O sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) está localizado em São Miguel das
Missões, no estado do Rio Grande do Sul, Brasil (28º56’18”S 54º20’55”O, 465 m), em uma
área de 22 ha (Figura 1). O clima é do tipo Cfa, com verão quente e úmido, com médias anuais
de 19 °C e 1.850 mm de precipitação bem distribuídas ao longo do ano. O solo é classificado
como um Latossolo Vermelho Distroférrico típico (Hapludox Rodic; Soil Survey Staff, 1999)
profundo, bem drenado e de textura argilosa (540, 270 e 190 g kg-1 de argila, silte e areia,
respectivamente).
Figura 1. (A) Localização da área experimental no município de São Miguel das Missões, estado do Rio Grande do Sul, Brasil. (B) Disposição dos tratamentos com áreas de (esquerda
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para direita): 2,19 ha; 1,60 ha; 0,90 ha; 0,86 ha; 2,87 ha; 2,10 ha; 0,10 ha; 1,89 ha; 1,07 ha e 3,53 ha. (C) Esquema amostral com a disposição dos pontos de coleta nos tratamentos com pastejo (esquerda) e nas áreas sem pastejo (direita). Os círculos pretos são os locais de coleta das nove sub-amostras que formaram cada uma das amostras compostas. A pastagem natural está localizada a 920 m da área experimental e não aparece na figura.
A área originalmente era coberta por pastagem natural e durante décadas foi utilizada
para a criação extensiva de bovinos de corte. Em 1993 foi convertida em lavoura de plantio
direto para o cultivo da soja [Glycine max (L.) Merr.] no verão e de aveia preta (Avena strigosa
Schreb) no inverno, como planta de cobertura do solo para a produção de palha para o plantio
direto do verão. Em 2001, foi instalada a ILP e desde então a área é cultivada continuamente
sob o sistema de plantio direto em uma sucessão de culturas de soja no verão (novembro a
abril) para a produção de grãos, e aveia preta + azevém (Lolium multiflorum Lam .) no inverno
(maio a outubro) para o pastejo contínuo dos bovinos.
O delineamento experimental foi em blocos ao acaso, com seis tratamentos e três
repetições. Os tratamentos consistiram de uma pastagem natural (PN), uma área agrícola
(sem pastejo - SP) e a ILP com alturas de pasto de 10, 20, 30 e 40 cm (KUNRATH et al.,
2015). A área agrícola (SP) foi cultivada com as mesmas plantas da ILP, porém sem pastejo
no inverno e a aveia + azevém somente produzia palha para o plantio direto do verão (Figura
1). Três animais-teste (peso vivo inicial médio de 200 kg) pastejaram continuamente durante
o inverno nas parcelas de ILP, com áreas variando de 0,90 a 3,53 ha, resultando nas diferentes
alturas de pasto. Quando necessário, foram feitos ajustes na altura de pasto com uso de
animais reguladores. A pastagem natural (PN) localizada a 920 m do experimento de ILP, com
mesmo tipo de solo, pastejada continuamente por bovinos, apresentando degradação
moderada e massa seca próxima a 4.000 kg ha-1 durante todo o ano. A participação das
espécies vegetais na biomassa da pastagem natural foi: Paspalum notatum Flüggé (40%),
Aristida jubata (Arechav.) Herter (19%), Eragrostis plana Nees (11%), Baccharis trimera
(Less.) DC (10%), Eryngium horridum Malme (9%), Schizachyrium microstachyum (Desv. ex
Ham.) Roseng (4%), Sporobolus indicus (L.) R. Br. (4%), Cyperus brevifolius (Rottb.) Hassk.
(1%) e Panicum hians Elliott (1%). Outras 19 espécies contribuem com menos de 0,5% da
massa de forragem.
Coleta e análise nematológica
As coletas de solo foram realizadas no florescimento da aveia preta, cultivar BRS 139.
O azevém germinou espontaneamente na área e apresentou florescimento irregular. Em cada
parcela foram coletadas cinco amostras compostas, nos ângulos e no centro de um quadrado
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virtual de 36 x 60 m posicionado no centro da parcela (Figura 1). Na pastagem natural as
amostras foram coletadas da mesma forma e nas áreas sem pastejo a coleta foi realizada em
um único transecto com sete pontos, distantes 15m entre si, em função das menores
dimensões destas parcelas. Em um metro no entorno de cada ponto de coleta foram retiradas
9 subamostras com auxílio de um trado calador, até 20 cm de profundidade. As subamostras
foram misturadas em um balde para formar uma amostra composta de aproximadamente 900
cm3 de solo (CARES;HUANG, 2008). Os pontos de coleta no verão e no inverno foram
alocados nas mesmas coordenadas, determinadas pelo GPS de precisão. As amostras de
solo foram acondicionadas em sacos plásticos e em caixas de isopor com gelo para transporte
ao laboratório, onde foram armazenadas a 4°C por no máximo uma semana até sua utilização.
Os nematoides foram extraídos de 300 cm3 de solo pelo método de flotação centrífuga
em solução de sacarose (JENKINS, 1964), posteriormente mortos em banho-maria a 55ºC por
um minuto e após fixados em solução de formalina a 4% (v/v) e concentradas em frascos de
30 mL. A abundância total de nematoides foi determinada com auxílio de um microscópio
composto, em três alíquotas de 1 mL, perfazendo 15% do volume original. Após a contagem
as suspensões foram infiltradas com glicerina (SEINHORST, 1959) e 100 espécimes de cada
amostra, tomadas ao acaso, foram utilizadas para montagem das lâminas de microscopia para
identificação em nível de gênero, conforme a chave para identificação de fitoparasitas descrita
por Mai;Mullin (1996).
Identificação das espécies de fitoparasitas
Para a identificação das espécies de Meloidogyne spp. será realizado um bioteste. As
amostras de solo coletadas no experimento serão utilizadas para o cultivo de plantas
suscetíveis de tomateiro (Solanum lycopersicum L. cv. Santa Cruz) em vasos, em casa de
vegetação, a 25°C e fotoperíodo natural. Após 60 dias de cultivo poderão ser obtidas fêmeas
adultas de Meloidogyne spp. das raízes do tomateiro para caracterização bioquímica das
espécies pela técnica de eletroforese da isoenzima esterase (CARNEIRO; ALMEIDA, 2001).
Para a identificação das espécies de Helicotylenchus Steiner, 1945, fêmeas adultas de
cada amostra de solo serão caracterizadas morfológica e morfometricamente em microscópio
óptico, com uso da Chave Ilustrativa de Uzma et al. (2015) e de Subbotin et al. (2014). As
mensurações das imagens foram realizadas com auxílio do software SPOT Advanced (2004).
Análise químicas e físicas do solo
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As propriedades físicas e químicas do solo já foram obtidas em outras pesquisas
realizadas na mesma área experimental em meses anteriores (Tabela 2). Para a avaliação
das propriedades químicas do solo foram coletadas amostras com trado calador e
determinados o carbono orgânico total (Walkley–Black), pH (água 1:1), P e K disponíveis
(Mehlich-1), Ca, Mg e Al trocáveis (KCl 1 mol L-1) e V (% saturação de bases). Para a avaliação
das propriedades físicas do solo foram coletadas amostras indeformadas com anéis
volumétricos e determinada a porosidade total, a macroporosidade e a microporosidade em
mesa de tensão (EMBRAPA, 1997); a densidade do solo (BLAKE; HARTGE, 1986) e a
umidade gravimétrica.
Análise estatística As variáveis físicas e químicas analisadas serão submetidas a uma análise de
correlação de Pearson (com p
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manejo inadequado, com excesso de carga animal, baixa biomassa de plantas e de
serapilheira, áreas com solo descoberto, baixa fertilidade, baixo teor de matéria orgânica, etc
(Tabela 1). Nestas condições há redução da qualidade física, química e biológica do solo, da
diversidade vegetal, etc, e um provável desequilíbrio na população de nematoides
fitoparasitas. Além disto, nestas condições ambientais há maior estresse das plantas, o que
aumenta sua suscetibilidade ao ataque dos nematoides (SILVA et al., 2018).
Figura 2. Abundância de nematoides fitoparasitas em 300 cm3 de solo encontrados em uma pastagem natural (PN) e na pastagem de aveia preta + azevém, em sistema de integração lavoura-pecuária constituído pela sucessão de soja no verão e pastagem no inverno, e que há 15 anos não é pastejada (SP) ou é pastejada (ILP) por bovinos no inverno com as alturas de pasto de 10, 20, 30 e 40 cm.
Na comparação entre os tratamentos do sistema integrado de produção agropecuária
pastejados (ILP) e não pastejado (SP) (Figura 2), observa-se o elevado número de nematoides
fitoparasitas na área sem pastejo e no tratamento pastejado a 40 cm de altura da pastagem.
Além disto, observa-se que quanto maior a altura do pastejo maior a incidência de nematoides
fitoparasitas. O gradiente de altura de pastejo determina também um gradiente de quantidade
de esterco depositada na superfície do solo. Segundo Silva (2015), a produção de massa seca
de esterco durante um ciclo de pastagem neste experimento foi de 668,75; 478,03; 366,09 e
212,98 Kg ha-1 nas alturas de pastejo de 10, 20, 30 e 40 cm, respectivamente. A deposição
do esterco e da urina sobre o solo aumenta abundância, a diversidade e a atividade biológica
do solo em comparação às áreas exclusivamente agrícolas (MILLS; ADL, 2011). Com isto, a
predação, o parasitismo e as demais interações biológicas negativas aos nematoides
fitoparasistas podem ocorrer em maior magnitude. Além disto, a deposição da urina e a
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
PN SP ILP10 ILP20 ILP30 ILP40
Nº
de
ne
ma
toid
es
(30
0 c
m³)
Tratamentos
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degradação do esterco animal no solo resulta na liberação de amônia, uma substância com
efeito nematicida. Isto também poderia explicar o elevado número de nematoides fitoparasitas
no solo não pastejado, o qual não recebe a deposição de esterco e urina.
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Tabela 1. Propriedades químicas, físicas e de cobertura vegetal do solo na camada de 0-20 cm em uma pastagem natural (PN) e em um
sistema de integração lavoura-pecuária constituído pela sucessão de soja no verão e pastagem de aveia preta + azevém no inverno, e que
há 15 anos não é pastejada (SP) ou é pastejada (ILP) por bovinos no inverno com as alturas de pasto de 10, 20, 30 e 40 cm. Os dados são
médias de cinco repetições por tratamento.
Trat. Pt1 Ma2 Mi3 DS4 Umidade pH MO5 P K CTC6 Al Ca Mg H+Al MSSE7 MSPA8
m3 m-3 g cm-3 % g kg-1 mg dm-3 cmolc dm-3 Mg ha-1
PN 0,51 0,11 0,39 1,35 19,84 4,90 25,50 1,90 125,86 12,76 1,49 2,04 1,15 9,60 0,93 2,10
SP 0,53 0,11 0,42 1,29 21,16 4,32 34,30 12,62 183,00 16,14 1,47 3,39 1,43 10,86 5,85 5,95
ILP10 0,61 0,11 0,40 1,37 19,98 4,65 32,20 6,58 120,14 13,83 1,25 3,97 1,85 7,72 1,15 1,35
ILP20 0,52 0,09 0,41 1,36 22,60 4,83 33,10 7,68 161,74 14,03 0,89 4,63 2,20 6,79 2,40 2,95
ILP30 0,51 0,09 0,41 1,32 21,93 4,92 33,90 6,42 119,87 12,80 0,64 4,59 2,13 5,79 2,60 3,35
ILP40 0,52 0,10 0,42 1,41 20,47 4,75 33,75 8,68 145,30 14,04 0,79 4,26 1,85 7,56 3,75 4,45
1Porosidade total do solo; 2Macroporisade; 3Microporosidade; 4Densidade do solo; 5Matéria orgânica; 6Capacidade de troca de cátions; 7Massa seca de serrapilheira;
8Massa seca de parte área.
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Como ainda não foram feitas as identificações do nematoides fitoparasitas, não é
possível afirmar se as abundâncias estão acima ou abaixo dos níveis de danos econômicos,
isto porque densidades populacionais de até 5.000 espécimes por 100 cm³ de solo do
nematoide fitoparasita do gênero Helicotylenchus não causaram danos econômicos na soja,
conforme relatado por Machado (2014). Nas próximas etapas do projeto, estes nematoides
serão identificados e com isto será possível informar se há abundâncias acima do nível de
dano econômico.
A média de produtividade da soja em 15 anos desta integração lavoura-pecuária
apresenta pouca variação entre os tratamentos, sendo de 2,85, 2,78; 2,71; 2,64; 2,81 t ha-1 no
SP e nas alturas de pastejo de 10, 20, 30 e 40 cm, respectivamente. Porém, a produtividade
de carne varia bastante entre os tratamentos, sendo de aproximadamente 680, 550, 400 e
200 kg ha-1 nestes tratamentos, respectivamente. Nossos resultados indicam que nas
menores alturas de pastejo as populações de nematoides fitoparasitas são menores no solo
da pastagem. Porém, a altura de pastejo de 10 cm conduz a perda da biodiversidade de outros
grupos de organismos do solo (FREIBERG et al. 2019) e a degradação química e física do
solo (Tabela 1), e não deve ser adotada. A altura de pastejo de 40 cm resulta em maior
abundância de nematoides fitoparasitas, menor produção de carne por área e apresenta baixa
viabilidade econômica (MARTINS et al., 2015). Preliminarmente é possível informar que
quando o pastejo é realizado a 20 cm ou 30 cm de altura, há menor abundância de nematoides
fitoparasitas na pastagem e maior produção de carne.
6. CONCLUSÕES PRELIMINARES
Os resultados indicam que quando este sistema ILP é pastejado com alturas
moderadas (20 e 30 cm) são conciliados dois aspectos fundamentais para a sustentabilidade
desta sucessão constituída por baixa diversidade vegetal: menor desenvolvimento das
populações de nematoides fitoparasitas e maior produção de carne. Informações mais
precisas serão obtidas quando a identificação de todos os nematoides fitoparasitas for
realizada e quando forem integrados os dados da soja com os da pastagem, o que será feito
no relatório final.
7. DESCRIÇÃO DAS DIFICULDADES E MEDIDAS CORRETIVAS
Todas as atividades de pesquisa previstas no projeto foram desenvolvidas plenamente
até agora e no tempo previsto. A previsão é de realizar todas as atividades conforme o
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cronograma. A relação com a Fundação Agrisus tem sido muito eficiente, rápida e fácil, o que
tem auxiliado no desenvolvimento do projeto.
Solicita-se a alteração de orçamento. No projeto original submetido à Fundação Agrisus
foi solicitado R$ 2.000,00 para aquisição de combustíveis para as viagens de coleta de solo e
raízes. Tendo em vista que os veículos utilizados nas viagens pertencem ao Departamento de
Solos/UFSM, os recursos financeiros para a aquisição dos combustíveis foram
disponibilizados por este Departamento em reconhecimento à importância do projeto. Desta
forma, solicita-se que os R$ 2.000,00 previstos para aquisição de combustíveis sejam
transferidos para o item “Reagentes químicos - Sais, ácidos, bases... para análises
nematológicas do solo e das raízes”, sem que ocorra alteração do valor total do projeto.
8. PRÓXIMAS ATIVIDADES
Atualmente está sendo realizada a identificação dos nematoides coletados na soja e na
pastagem. Nos próximos meses serão concluídas as identificações e serão realizadas as
análises estatísticas. Por fim, serão elaborados os relatórios, artigos e a prestação de contas.
9. CRONOGRAMA
Atividades do projeto já realizadas estão sublinhadas.
Atividades
Ano/Trimestre
2018 2019 2020
4º 1º 2º 3º 4º 1º 2º
Revisão bibliográfica x x x x x x x
Aquisição e preparo de reagentes e materiais para coleta x
Definição das coordenadas geográficas do grid amostral x
Determinação do crescimento vegetal e da serrapilheira s p
Coleta do solo s p
Extração dos nematoides s p
Preparo das lâminas dos nematoides s s p p
Identificação dos gêneros de nematoides s p
Identificação das espécies de nematoides s p
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Estudos da diversidade de nematoides no solo x
Análises estatísticas x
Elaboração dos relatórios semestrais x x x
Elaboração do relatório final, artigo e prestação de contas x x
x = atividades relacionadas à soja e à pastagem;
s = atividades relacionadas à soja;
p = atividades relacionadas à pastagem.
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ASMUS G.L. et al. Reação de algumas culturas de coberturas utilizadas no sistema plantio
direto a Meloidogyne incognita. Nematologia Brasileira, p. 29-47-52, 2005.
BLAKE, G.R; HARTGE, K.H. Bulk density. In: Klute A (ed) Methods of Soil Analysis, Part 1.
Physical and Mineralogical Methods.. ASA/SSSA, Madison, pp 363–382, 1986.
BORGES, D. C. et al. Host suitability of Avena spp. genotypes to Meloidogyne incognita race
4. Tropical Plant Pathology, v. 34, p. 24–28, 2009.
BORGES, D.C. et al. Reação de aveias a Pratylenchus brachyurus. Tropical Plant
Pathology, v.35, p 17-22, 2010.
BORGES, D.C. et al. Reação de genótipos de Avenna spp. a Meloidogyne incognita raça 4.
Tropical Plant Pathology, Piracicaba, v. 34, n. 1, p. 24-28, 2009.
BORGES, D.C. et al. Susceptibilidade de algumas coberturas vegetais a Pratylenchus
brachyurus. Nematologia Brasileira, Piracicaba, v. 27, p. 238-239, 2003.
CARES J.E.; HUANG, S.P. Soil nematodes. In: Moreira, F.M.S., Huising, E.J., Bignell, D.E.
(eds). Sampling and Characterization of Below ground Biodiversity. Earthscan, London,
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