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FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
RELATÓRIO FINAL DE
PRÁTICA PEDAGÓGICA SUPERVISIONADA
Relatório de Avaliação Final
Núcleo de Estágio de Português
Ano lectivo 2005/2006
18 de Maio de 2006
Aluna Estagiária
Ana Patrícia Vicente
Professora Orientadora
Dr.ª Fernanda Jordão
Professora Formadora
Dr.ª Conceição Anastácio
Agrupamento de Escolas da Guia
Rua dos Fundadores do Colégio • Guia • 3100-863 Guia PBL Tele fone: 236 959 340 • Fax: 236 952 643
E-mail: in [email protected] cts.pt • WWW: www.eb23s-guia.rcts.pt
Relatório Final de Prática Pedagógica Supervisionada
Ana Patrícia Vicente
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FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DE COIMBRA
RELATÓRIO FINAL DE
PRÁTICA PEDAGÓGICA SUPERVISIONADA
Relatório de Avaliação Final
Ana Patrícia Vicente
Guia
18 de Maio de 2006
Relatório Final de Prática Pedagógica Supervisionada
Ana Patrícia Vicente
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DEDICATÓRIA
Dedico todo o meu trabalho
À minha família, a quem devo a oportunidade de realizar este estágio,
Ao meu companheiro, que sempre me apoiou e que, pacientemente, me
auxiliou em todos os momentos deste percurso,
A todas as minhas colegas do núcleo, Ana, Joana e Vanda, que muito me
ajudaram a transpor barreiras e a derrubar obstáculos,
À nossa orientadora, a professora Fernanda Jordão, pela disponibilidade e
dedicação que sempre demonstrou e por toda a paciência e compreensão
com que sempre nos brindou,
A todos os meus amigos que nunca me abandonaram.
Relatório Final de Prática Pedagógica Supervisionada
Ana Patrícia Vicente
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AGRADECIMENTOS
Agradeço
a todos aqueles que me acompanharam, em particular,
à professora orientadora Fernanda Jordão, pelos conselhos e
ensinamentos que, benevolentemente, soube proporcionar.
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Ana Patrícia Vicente
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ÍNDICE
PÁGINA
DEDICATÓRIA____________________________________________________________________3
AGRADECIMENTOS_______________________________________________________________4
ÍNDICE___________________________________________________________________________5
INTRODUÇÃO (CARACTERIZAÇÃO DO NÚCLEO) ___________________________________6
ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS E ALGUMAS REFLEXÕES___________________________7
AVALIAÇÃO PESSOAL DO DESEMPENHO__________________________________________13
1. ÁREA DO SABER_______________________________________________________________13
2. ÁREA DO FAZER_______________________________________________________________14
3. ÁREA DO SER__________________________________________________________________16
CONCLUSÃO_____________________________________________________________________17
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INTRODUÇÃO
(CARACTERIZAÇÃO DO NÚCLEO)
onforme foi descrito no último relatório apresentado, a orientação deste núcleo
de estágio de Português pertenceu à professora Fernanda Jordão. O núcleo é formado por
quatro alunas estagiárias, Ana, Joana, Patrícia e Vanda. Todas as alunas ficaram afectas à
turma de 7º ano, desenvolvendo, em simultâneo, prática pedagógica na turma de 11º ano.
O horário do núcleo compreendeu o horário das turmas de 7º e 11º ano, bem como cinco
horas semanais de seminário. As alunas estagiárias acompanharam, colaboraram e
auxiliaram a professora orientadora em todos os assuntos da sua competência, incluindo a
direcção de turma (7ºano), reuniões, actividades curriculares e outras, conforme estava
contemplado nas indicações de funcionamento distribuídas aos núcleos.
Esta Prática Pedagógica Supervisionada teve início em Setembro de 2005, com todas
as contrariedades e incertezas que lhe foram inerentes, devido às alterações aplicadas, pelo
governo, aos moldes em que, até à data, vinham decorrendo os estágios pedagógicos. No
dia 8 de Setembro reuni com as restantes colegas e com a orientadora, no sentido de nos
conhecermos e recebermos algumas directrizes quanto à prática pedagógica. A
convivência entre todas nós (alunas estagiárias e professora orientadora) foi sempre
bastante fácil e agradável, tendo-se criado entre o grupo uma relação salutar de constante
amizade, respeito e cooperação.
Todos os membros do núcleo se mostraram bastante empenhados no espaço da sala
de aula e se disponibilizaram, desde o início, para colaborar com a professora Fernanda em
qualquer acção ou tarefa. Pessoalmente, considero que esta atitude, bem como a
capacidade de iniciativa, facilitou a aquisição de uma maior informação acerca de todas as
indicações/regras legalmente contempladas, possibilitou também um conhecimento mais
vasto relativamente às exigências que uma escola encerra e, principalmente, uma
experiência mais ampla e profunda no que se refere aos métodos, processos e
procedimentos que devemos ter no exercício da nossa profissão.
Neste relatório pretende-se evidenciar e descrever todo o processo de prática
pedagógica desenvolvido. Nesse sentido, apresentar-se-ão as actividades dinamizadas pelo
núcleo, as inquietações e problemas suscitados, as aprendizagens e experiências mais
significativas.
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ACTIVIDADES DESENVOLVIDAS
E ALGUMAS REFLEXÕES
as primeiras reuniões do núcleo em seminário, pude compreender os
objectivos gerais que deveriam ser atingidos a longo prazo. Assim, elaborei e organizei
alguns dossiers pessoais que mantenho sempre actualizados. Nestes dossiers arquivei os
documentos de caracterização das turmas em que realizei prática pedagógica, os registo e
comentários de todas as aulas a que assistimos e seminários realizados, as actas redigidas,
todas as planificações de unidades e subunidades leccionadas, bem como os planos de
aulas supervisionadas (com todos os materiais em anexo), os documentos das reuniões
para as quais fomos convidadas, toda a documentação legal pertinente, todos os materiais
elaborados pelo núcleo e outros facultados pela professora orientadora. Além disto, nos
meus dossiers podem encontrar-se os registos/documentos inerentes à direcção de turma,
os relatórios elaborados, os contributos que dei para o jornal da escola, as descrições das
actividades dinamizadas pelo núcleo, as reflexões que elaborei relativamente ao meu
trabalho, e ainda outros artigos/testemunhos que considerei interessante contemplar (por
exemplo, caracterização e breve história da escola).
No dia 13 de Setembro, após a Reunião Geral, que decorreu de manhã e à qual
assistimos como convidadas, fomos recebidas com um afectuoso almoço-sardinhada. Este
primeiro contacto, sendo estabelecido de um modo mais informal, possibilitou uma
aproximação amistosa entre o núcleo e todos os professores e funcionários da escola.
Desde logo me senti bem enquadrada no meio escolar e com muita vontade de trabalhar,
de ter um papel dinâmico na escola, de aprender mais e de dar tudo o que de melhor tinha.
Todos se mostraram receptivos, acolhedores e, até ao final desta experiência, confirmo a
enorme simpatia que toda a comunidade escolar sempre nos dedicou.
No dia 14 de Setembro, após ter comparecido, no dia anterior, à Reunião de Área
Disciplinar de Língua Portuguesa, o núcleo assistiu à reunião de Directores de Turma. Ainda
neste dia, foi aprovado em reunião (à qual também compareceu o núcleo de estágio) o
Regimento do Conselho de Coordenação Pedagógica do 3º Ciclo, tendo sido ainda
apresentado o Regimento da Coordenação da Área Disciplinar de Língua Portuguesa.
Desde a primeira actividade dinamizada pelo núcleo, que foi a actividade de
recepção aos alunos do 2º ciclo realizada no dia 15 de Setembro, o ambiente entre todas
nós foi sempre de grande expectativa e algum alvoroço, primeiro porque a ansiedade era
extraordinária, e depois, porque sempre tivemos muita vontade de interagir com os alunos.
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O desejo de participar, de todas as formas, da vida escolar foi sempre inadiável. A
princípio, o núcleo era constantemente invadido de incertezas e inseguranças que, mesmo
assim, não impedia uma atitude de pró-actividade e de motivação. No entanto, com o
acompanhamento da professora Fernanda, que sempre procurou motivar-nos, mostrando-
nos técnicas, recursos e procedimentos mais adequados ao progresso da aprendizagem,
todas as hesitações e dificuldades iniciais se foram esbatendo ao longo do tempo.
A dinamização daquela primeira actividade consistiu em vários jogos didácticos,
sendo que, posteriormente, no Dia Internacional da Biblioteca Escolar, foi distribuído um
prémio aos alunos vencedores. O núcleo apresentou/dramatizou diversas histórias e contos
populares recolhidos e trabalhados no sentido de facilitar a interacção com os alunos. Da
mesma maneira, acompanhámos e auxiliámos as outras professoras na concretização dos
jogos que estavam já preparados pelas mesmas. Considero que esta actividade foi
extremamente motivadora e rica, não só por ter sido o primeiro convívio com os alunos,
mas também devido ao imaginário que idealizei e às impressões que pude retirar deste
contacto mais directo com a comunidade escolar.
Tudo aquilo que anotei ao longo deste estágio foi bastante marcante, pude perceber
que a orgânica da escola é bastante bem orientada e que, generalizadamente, todos os
professores e funcionários se esforçaram para conseguir que tudo funcionasse
correctamente e de acordo com determinados princípios. Isto agradou-me imenso. Notei
uma grande capacidade de organização! Devo dizer que estou bastante satisfeita com o
resultado desta experiência e ansiosa por exercer a profissão que escolhi.
Através da observação das aulas pude perceber qual a postura que se deve ter (deve
ser flexível, adequada à situação, cuidada), qual o tom de voz apropriado, que tipo de
atitude se deve favorecer conforme o nível de ensino que se lecciona (o docente deve tratar
os alunos consoante o seu nível de desenvolvimento, não devendo, nunca, infantilizar o
seu discurso). Com o decorrer das aulas, as minhas apreensões, curiosidades, questões,
inquietações foram mudando de perspectiva. Já começava a ter algum cuidado em
observar, por exemplo, as técnicas de questionário usadas pela orientadora, tentando
desmontá-las para poder treiná-las e pôr em prática nas minhas aulas. Contudo, devo
confessar que esta tarefa se verificou mais difícil do que me parecia no início. É preciso
bastante experiência, e uma sólida capacidade de construção de esquemas mentais,
devidamente estruturados, que nos forneçam respostas/questões com enorme rapidez e
naturalidade, de forma a criar um fio condutor, com coesão e coerência, que nos possibilite
a materialização dos objectivos traçados. Ao longo do tempo, fui tomando mais atenção à
forma como os conteúdos devem ser abordados, que tipo de conhecimentos já estão
adquiridos pelos alunos e quais aqueles cuja compreensão ainda oferece maior dificuldade.
Reparei, com satisfação, que a professora procurava, muitas vezes e com grande sucesso,
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remeter os alunos para a realidade empírica de cada um, de maneira a que eles
apreendessem com maior rapidez certas ideias/conteúdos.
À medida que o tempo passou, fui também tomando nota das atitudes dos alunos,
de certos sinais que me ajudaram a entender as suas personalidades, e a perceber como
poderia trabalhar com a turma. Talvez procurasse respostas à pergunta: como estabelecer
uma relação pedagógica eficaz e produtiva? Fui percebendo que não existem respostas
instantâneas, contudo acabei por melhorar e evoluir e, no final, consegui aperfeiçoar a
forma como transmitia os conhecimentos aos alunos, fazendo-o de uma forma cada vez
mais eficaz e motivadora.
Na leitura que procurei fazer do meio escolar e, particularmente, do processo ensino-
aprendizagem decorrido em sala de aula (não só daquele a que assisti, mas também do
qual me vi directa e intimamente envolvida), considero que a resposta àquela questão é
fornecida por uma série de factores/agentes/condições conjugados entre si de forma, mais
ou menos, equilibrada. Assim, devemos ter em conta a definição das expressões afectivas
consideradas tanto pelo docente como pelos alunos, a determinação e influência das
condições sociológicas e culturais dos alunos, e seu estatuto, o estatuto e autoridade do
professor e a comunicação entre este e aqueles, e ainda, o desmembrar, por parte do
professor, de certos mecanismos inconscientes que podem condicionar, deveras, a boa
comunicação/relação educativa, e a própria dinâmica do grupo-turma.
Em Outubro, após termos auxiliado na elaboração de um marcador alusivo ao Dia
Internacional da Biblioteca Escolar, e no âmbito da primeira actividade, de recepção aos
alunos do 2º ciclo, participámos, em conjunto com a professora Graça (responsável pela
biblioteca da escola), na distribuição de alguns livros aos alunos, nos quais inserimos os
marcadores. Ainda antes das férias de Natal, assistimos às reuniões de Avaliação e Direcção
de Turma (7ºA), sendo que nesta última se procedeu à elaboração de três planos de
recuperação de alunos com três ou mais níveis negativos, conforme obriga a legislação em
vigor.
No 1º Período, leccionei, tanto no 7º como no 11º ano, os blocos de aulas previstas
no calendário. No 7º ano, as aulas planificadas começaram por incidir sobre o Texto
Narrativo, nomeadamente o conto Arroz do Céu. No 11º ano, as aulas foram leccionadas e
planificadas no âmbito do texto argumentativo (O Sermão de Santo António aos Peixes).
Relativamente às aulas que planifiquei e leccionei as primeiras dúvidas/complicações
que senti foram ao nível da planificação. No princípio, em conjunto com as minhas colegas
do núcleo, planifiquei a subunidade relativa ao conto Arroz do Céu e, aqui, surgiram
imensas dúvidas porque nenhuma de nós tinha noções sólidas acerca do modo de elaborar
planificações. Só com alguma paciência e esforço por parte da nossa orientadora pudemos
apreender efectivamente este processo. No que concerne à leccionação das minhas aulas,
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senti algumas dificuldades ao nível da gestão do tempo, da técnica de questionário, e
também, mas não tanto, no que respeita ao controlo do nervosismo. No entanto,
compreendi, aceitei e procurei minimizar os obstáculos, tentando melhorar em todas as
áreas.
Nos primeiros seminários, tínhamos já traçado algumas possibilidades de actividades
a desenvolver, ao longo do ano, na área de Português (por exemplo, no Natal, no Dia dos
Namorados, Almoço Queirosiano, Visita de Estudo). Assim, no final do mês de Novembro,
após ter terminado a primeira fase de práticas pedagógicas supervisionadas, o núcleo
aproveitou três seminários para a preparação da actividade de Natal, o que funcionou
também como uma forma de confraternização e descontracção, um libertar das tensões
acumuladas. Com a ajuda da orientadora, produzimos todos os ornamentos para a
decoração da sala de professores e cartões de boas festas que oferecemos aos professores,
às nossas turmas de 7º e 11º anos e, também, aos funcionários. No dia 14 de Dezembro,
decorámos a sala, aplicando os enfeites natalícios, e expusemos também algumas
cartolinas, que tínhamos elaborado, onde se apresentavam vários assuntos relacionados
com a época festiva. Na manhã do dia seguinte, o núcleo dirigiu-se ao Conselho Executivo
e à Secretaria, convidando todos os membros e funcionários a tomarem um chá,
acompanhado de doces da época, na sala de professores. Todo o processo de preparação
desta actividade foi muito agradável, e melhor ainda foi termos recebido o reconhecimento
e apreço de todos pelo trabalho desenvolvido. Apreciei imenso o momento de convívio que
se criou na sala e fiquei muito contente porque foi deveras gratificante. Todas nós ficámos
bastante orgulhosas, até mesmo porque percebemos que tínhamos correspondido às
expectativas da nossa orientadora Fernanda Jordão.
Nas férias de Natal o núcleo reuniu-se para elaborar a planificação de subunidade
relativa ao conto O Cavaleiro da Dinamarca que leccionámos no mês de Janeiro (e ainda no
mês de Fevereiro).
Assim, no início do 2º Período, começou mais uma fase de prática pedagógica
supervisionada, sendo todas as aulas do 7º ano leccionadas pelas alunas estagiárias (cada
uma de nós planificou e leccionou as sequências de aulas previstas na calendarização). No
11º ano, leccionei e planifiquei, igualmente, as aulas previstas, no âmbito do texto
dramático (Frei Luís de Sousa).
Ainda em Fevereiro realizámos, com os alunos de 11º ano, uma visita de estudo, à
Figueira da Foz, no sentido de assistirmos ao espectáculo Episódios da Vida Romântica, no
âmbito do estudo da obra Os Maias. Esta viagem decorreu bastante bem, sem qualquer
contratempo, tendo os alunos ficado motivados com o momento agradável e descontraído
que lhes foi proporcionado. No dia da viagem, o núcleo de estágio terminou os trabalhos
de preparação da actividade do Dia dos Namorados. Esta actividade consistiu na decoração
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de vários espaços da escola, e na audição de música romântica no intervalo das aulas, de
acordo com o tema da festividade, bem como na exposição de vários trabalhos que
realizámos a propósito do tema do Amor.
Nesta altura, iniciámos, com a turma do 7º ano, o estudo do Texto Dramático que se
prolongou até finais de Março. Todas as alunas do núcleo foram vistas pela Dr.ª Conceição
na leccionação daquela unidade didáctica, na turma do 7º ano. As principais dificuldades
que senti neste momento específico, e contrariamente ao que se vinha verificando até ali,
foram ao nível da execução, da gestão do tempo e de alguns materiais, e ainda na selecção
da informação. Na verdade, esse terá sido o pior momento de toda a experiência
pedagógica que desenvolvi até agora. Ainda que tenha sabido até ali controlar o tempo,
explorar os conteúdos com destreza, adoptar as estratégias mais adequadas e rentabilizar
apropriadamente os materiais, nesta aula presenciada pela Dr.ª Conceição não consegui
mostrar tudo o que tinha aprendido nem o que sabia fazer. Os planos e os materiais que
elaborei foram muito bons, contudo a ansiedade e nervosismo sentidos, devido às
circunstâncias, deitaram tudo a perder. Senti-me verdadeiramente defraudada pela minha
actuação. Até porque, nas aulas que leccionei posteriormente, nada do que aconteceu
naquele dia se verificou, o percurso didáctico-pedagógico que escolhi foi cumprido e
confirmou-se bastante apropriado. Tenho a destacar os conselhos e comentários que me
foram dirigidos naquela circunstância de avaliação, especialmente as palavras da Dr.ª
Conceição que muito me ensinaram e ajudaram.
Em finais de Fevereiro, o núcleo iniciou os preparativos para a actividade do Almoço
Queirosiano que teve lugar no dia 30 de Março. Para esta actividade, organizámos um
almoço tipicamente queirosiano, na cantina da escola. Para tal, foi sugerida uma ementa
específica e elaborámos um panfleto acerca da gastronomia queirosiana que distribuímos
no decurso da refeição, momento em que, simultaneamente, se ouvia fado. Esta foi uma
actividade bastante divertida e didáctica, toda a comunidade escolar ficou agradada com a
organização do evento e com a particularidade de poder escutar música enquanto tomava
uma refeição tão especial.
Ainda no mês de Março, recta final do 2º Período, participámos da Feira do Livro,
organizada pela professora Maria José, dinamizando as actividades para o 1º Ciclo.
No final do 2º Período as aulas previstas no calendário para todas as alunas
estagiárias tinham sido dadas e estas puderam assistir a todas as reuniões para as quais
foram convidadas.
No 3º Período, o núcleo recebeu, na turma de 7º ano, um aluno estrangeiro de treze
anos, o Maarten, vindo da Holanda. Desde logo, passámos algumas horas com ele
ensinando-lhe determinadas palavras em português, formas de tratamento, locuções que
lhe pudessem ser úteis na sua integração escolar. E disponibilizámo-nos para o ajudar a
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integrar-se na escola, o que tem sido até relativamente fácil, uma vez que este aluno só
falava a sua língua materna e inglês.
Neste 3º Período as alunas estagiárias iniciaram o estudo da Literatura Oral
Tradicional e do Texto Poético, na turma do 7º ano, tendo sido dadas todas as aulas
previstas na calendarização. As minhas aulas foram leccionadas no âmbito do Conto
Tradicional. Gostei particularmente desta fase, visto que, ao contrário do que aconteceu
com o estudo do Texto Dramático (aula em que a Dr.ª Conceição esteve presente), consegui
demonstrar que sabia executar os meus planos com desenvoltura e concretizar os
objectivos a que me propunha. Comprovei as minhas aptidões, competências e
capacidades, e isso é o fundamental para mim. Acredito que a consciência de um trabalho
honesto e dedicado é a melhor recompensa.
Para a próxima semana, temos planeado um grande concurso de leitura, ao ar livre,
com a turma do 7º ano. Para tal, todos irão ler um texto do seu agrado, incluindo as alunas
estagiárias, e no final, após as votações, haverá prémios simbólicos para oferecer aos
alunos. Esta foi uma forma descontraída que encontrámos para concluir as nossas funções
e preparar a nossa despedida.
Ainda que esteja a ser bastante melancólico e difícil, devido à consciência de que
está a acabar o nosso tempo na escola, com os alunos, e ao facto de sabermos o quanto é
difícil entrar no mercado de trabalho, esta etapa é a mais esplendorosa, a mais branda e
terna.
O tempo que ficou para trás possibilitou um aperfeiçoamento do nosso trabalho e,
portanto, nesta fase, a nossa postura é de agradecimento e satisfação por tudo o que nos
foi proporcionado. Limámos algumas arestas, redefinimos posições/estratégias,
aperfeiçoámos posturas e linguagens e, por fim, vemo-nos agradavelmente forçados a
considerar que houve uma melhoria considerável ao nível do desempenho. Continuamos a
sentir, incontestavelmente, algumas dificuldades inerentes à nossa condição, à falta de
uma experiência mais alargada e profunda, contudo, as orientações e sugestões sagazes, os
constantes conselhos e estímulos da professora Fernanda estarão sempre no nosso
horizonte.
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AVALIAÇÃO PESSOAL DO DESEMPENHO
1. ÁREA DO SABER
A competência pedagógica e a motivação é fundamental para um professor, é
igualmente essencial que saiba transmitir aos seus alunos alguma afectividade e
sensibilidade.
No que concerne à área do saber, e no âmbito da Didáctica do Português, considero
que possuo alguma desenvoltura no domínio de metalinguagens, teorias linguísticas e
modelos de análise diversos. No campo dos vários domínios, evidencio uma boa
capacidade de transposição didáctica, pondo em prática diversas metodologias. Também
não tenho qualquer problema ou dificuldade em conceber estratégias e actividades
adequadas que conduzam ao desenvolvimento das competências linguísticas e
comunicativas do aluno. Devo ainda referir que é com a máxima preocupação e
honestidade que procuro criar, geralmente com bastante sucesso, situações e instrumentos
didácticos propícios ao enriquecimento cultural e cognitivo dos alunos.
No que respeita ao conhecimento da Língua Portuguesa, não sinto dificuldades, pois,
a nível do desempenho, aplico correctamente a flexão verbal e nominal, sendo que pauto o
meu discurso pela correcção ortográfica, usando a pontuação de forma adequada. De igual
modo, relativamente à construção frásica não cometo incorrecções, sabendo utilizar
nitidamente estruturas sintácticas complexas e conseguindo dominar um léxico
diversificado. Relativamente ao conhecimento explícito da Língua Portuguesa, identifico e
defino, com facilidade, as categorias e funções gramaticais, com recurso a metalinguagem
adequada, mostrando perfeito à-vontade na explicitação das regras de sintaxe.
Relativamente à Literatura Portuguesa, o meu primeiro passo é, quase sempre, a
investigação, um trabalho de pesquisa que me proporcione uma perspectiva alargada
acerca dos temas e dos textos. Neste sentido, não tenho qualquer dificuldade em revelar
uma visão diacrónica da literatura portuguesa, bem como das suas épocas e períodos
literários. Também não sinto dificuldades ao nível do estudo de autores e obras
representativos dos principais movimentos estéticos.
Quanto à Didáctica da Literatura Portuguesa, utilizo a metalinguagem dos estudos
literários com desembaraço e de forma apropriada; adquiri capacidade de trabalhar com
uma tipologia textual diversificada; sou capaz de conceber, com facilidade, estratégias
didácticas de leitura literária, de acordo com diversas teorias da leitura e suas referências
metodológicas; possuo boas competências estratégicas no domínio da leitura integral da
obra literária, de modo a considerar, na sua análise, o contexto histórico-literário, as
referências temáticas e ideológicas e outros tópicos a ela inerentes.
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2. ÁREA DO FAZER
De acordo com o que se verificou no início do ano lectivo, continuo bastante
motivada, facto que se reflectiu na preparação e elaboração dos meus planos de aula, os
quais apresentaram sempre estratégias e actividades bastante criativas, diversificadas e
funcionais, sendo preparados atempadamente.
Neste campo, relativamente à planificação a longo, médio e curto prazo, executo os
planos com bastante rigor e coerência, de acordo com a definição de objectivos; sou capaz
de uma boa adequação dos objectivos aos conteúdos seleccionados; ao nível da selecção
de conteúdos e estratégias, tenho sempre em atenção o factor equilíbrio; considero que
demonstro bastante criatividade e originalidade na concepção de estratégias, sendo que,
no âmbito da construção de materiais, elaboro sempre uma exaustiva pesquisa,
concretizando esta tarefa de forma criteriosa.
Sempre procurei adoptar uma postura muito correcta em aula, e uma atitude de
muita firmeza, objectivo que fui conseguindo ao longo de todo o ano lectivo. Desde o
primeiro momento, a minha atitude de receptividade relativamente a críticas e sugestões
permitiu-me avançar e evoluir, o que se revelou na desenvoltura com que seleccionava os
conteúdos, as estratégias e actividades, de acordo com o nível etário e o comportamento
dos alunos.
Na execução dos planos, os quais revelavam o apoio documental e o rigor que
ininterruptamente nortearam o meu trabalho, procurei sempre organizar com coerência as
várias etapas, conseguindo sempre uma passagem muito harmoniosa entre os vários
momentos da aula, e um domínio cada vez maior da técnica do questionário.
Relativamente às técnicas de questionário, o que sentia, por vezes, é que, ainda que
treinasse intensamente, a falta de experiência, e algumas falhas ocasionais na
diversificação do vocabulário, impediam-me de expor certas ideias de forma imediata. No
entanto, penso que este é um tópico já bastante melhorado. No que respeita à
temporização da aula, encontrei algumas dificuldades iniciais, tendo conseguido
ultrapassar esse obstáculo. Ao nível da fundamentação do processo didáctico-pedagógico,
não tenho qualquer dificuldade, desempenhando esta tarefa com grande facilidade.
No espaço da realização, considero que possuo uma boa expressividade
comunicativa; sou capaz de gerir situações imprevistas de forma eficaz e de imprimir
flexibilidade no cumprimento do plano, quando as situações o exigem.
Em todos os momentos do meu desempenho, o meu esforço maior prendeu-se com a
explicação dos vários conteúdos, preocupando-me sempre em fazê-lo com a profundidade
e rigor obrigatórios, usando as estratégias mais eficazes que pude conceber. Empenhei-me,
desde o início, em aplicar metodologias activas e recorrer à utilização contextualizada de
estratégias de motivação. Na concretização das aulas, recorri muitas vezes à elaboração de
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sínteses, esquemas e sistematizações que considero necessários para uma melhor
transmissão de determinados conteúdos. Devo sublinhar que, desde sempre, tive muito
cuidado no tratamento dos conteúdos, mostrando profundidade e rigor na sua articulação
lógica; utilizo de forma bastante favorável estratégias de aprendizagem adequadas, tendo
a percepção de situações diferenciadas de aprendizagem; sei utilizar adequadamente os
meios audiovisuais e as tecnologias de informação e comunicação, conseguindo explorar
os recursos de acordo com a sua rentabilidade e funcionalidade. Considero que possuo
uma boa capacidade de gestão do espaço de aula e do tempo.
Relativamente à avaliação dos alunos, aprendi a construir instrumentos de avaliação
de diagnóstico, formativa e sumativa, procurando reflectir acerca do processo e dos
métodos de ensino-aprendizagem.
Tendo em conta a interacção professor/alunos, o seu desenvolvimento psico-afectivo
e as relações disciplinares na aula, avalio de forma bastante benéfica a relação pedagógica
que estabeleci com os alunos e considero-a equilibrada.
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3. ÁREA DO SER
O professor deve ser uma pessoa bastante criativa, a fim de despertar a atenção
necessária junto dos seus alunos. Para tal, é preciso ser uma pessoa muito atenta às
necessidades dos alunos a fim de não quebrar expectativas e permitir o melhor
desenvolvimento dos mesmos; é necessário estar-se aberto às novas tecnologias e ao
ensino diversificado. No meu desempenho procurei seguir esta conduta e, geralmente,
consegui fazê-lo. Sou incapaz de ter atitudes de intolerância ou desrespeito, procuro
melhorar sempre mais a minha capacidade de negociação, promovendo boas relações de
trabalho, quer entre os alunos, quer entre colegas, desenvolvendo ao mesmo tempo o
espírito de equipa. Sou uma pessoa com grande capacidade de iniciativa e abertura à
mudança, e procurei sempre que possível dar a palavra aos alunos, para que estes
pudessem revelar abertamente as suas opiniões, os seus anseios e sentimentos.
Sempre me preocupei com a imagem que transmitia junto dos alunos e desde logo
procurei mostrar uma grande estabilidade emocional. Preocupo-me com o bom
funcionamento do horário escolar, demonstrando ser sempre uma pessoa assídua e
pontual. Desde o primeiro dia, fiz questão de estabelecer um bom relacionamento com
toda a comunidade escolar, o que se tem verificado até hoje. Considero-me uma pessoa
bastante sociável e generosa e, perante o núcleo, adoptei sempre uma postura de
compreensão, disponibilidade, empenhamento e entre-ajuda. Considero-me uma pessoa
humilde e bastante sincera e, apesar de ter sentido, em alguns momentos mais pessoais,
pequenas falhas no meu autodomínio emocional, penso que evoluí imenso enquanto ser
humano, tendo conquistado uma crescente autonomia e capacidade de relacionamento.
A concretização das aulas foi sempre o meu maior prazer, senti-me bem no meu
papel e penso que isso transpareceu em todas as etapas.
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CONCLUSÃO
or tudo o que ficou exposto considero que atingi as competências necessárias,
conseguindo um bom desempenho na minha prática pedagógica e não possuindo
quaisquer deficiências que coloquem em causa as áreas científicas ou psico-pedagógicas.
Progredi, gradualmente, procurando superar as falhas que senti no início e apresentando
sempre um trabalho regular.
No que diz respeito às críticas, não só as que me foram apontadas, mas também as
que teci com base na observação das aulas das minhas colegas, funcionaram como um
grande apoio na identificação dos meus erros e na tomada de consciência da minha
postura na sala de aula, a qual considero favorável e adequada. As aprendizagens que
procurei desenvolver, e que guardo desta experiência, prendem-se, de uma forma geral,
com competências ligadas à técnica de questionário, à flexibilidade e adequação da
postura, à clareza do discurso e ao tipo linguagem usada, à capacidade de transposição
didáctica e gestão do tempo e do espaço da sala de aula, ao domínio dos conteúdos, à
atenção dispensada aos alunos. Demonstrei sempre empenhamento e trabalho intenso, o
que se reflectiu na crescente eficácia com que concretizei os meus planos de aula. Na
planificação, revelo bastante autonomia e segurança, executando o plano com perfeito à-
vontade. Tenho o cuidado de propor actividades adequadas, não sentindo qualquer
dificuldade em implementar novas estratégias e elaborando materiais originais e
apropriados. Simultaneamente, desfruto de uma óptima relação com toda a comunidade
escolar e, particularmente, com os alunos, factor que me dá imenso prazer.
Por tudo isto, e por todo o trabalho desenvolvido, considero que progredi
positivamente e que o meu desempenho se enquadra no nível Bom e, por isso, proponho
que me seja atribuída a nota de quinze valores. Relativamente às minhas colegas, considero
que a Joana e a Ana atingiram igualmente o nível Bom, proponho para elas a nota de
quinze valores. Em relação à Vanda, penso que ela não conseguiu progredir com facilidade
e apresenta algumas lacunas, daí que eu considere o seu desempenho Suficiente,
propondo para esta colega a nota de treze valores.
P
Guia, 18 Maio de 2006
A aluna estagiária
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