relatÓrio de formaÇÃo em contexto de trabalho - Óleos usados
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ÓLEOS USADOS
RELATÓRIO DE FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE
TRABALHO
INSTITUTO POLITÉCNICO DE LEIRIA
Centro para Cursos de Especialização Tecnológica (FOR.CET)
L A U R E N T I N O R O D R I G U E S A N S E L M O
N º 7 1 0 0 9 3 9
G E S T Ã O A M B I E N T A L
S U P E R V I S O R : S Ó N I A P E R E I R A
J U L H O D E 2 0 1 2
ii
Relatório de Estágio apresentado para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do Curso de Especialização Tecnológica de Gestão Ambiental realizado sob a orientação
pedagógica de Sónia Pereira
DECLARAÇÃO
Declaro que este Relatório se encontra em condições de ser apreciada (o) pelo júri a
designar.
O formando,
____________________
Leiria, 23 de Julho de 2012
iii
Resumo
Neste relatório aborda-se essencialmente a importância dos óleos lubrificantes usados e as diversas etapas pelas quais estão sujeitos.
Os óleos lubrificantes usados são considerados resíduos industriais muito perigosos, e têm como objetivo regenerar estes resíduos noutras formas de valorização. Para retificar a falta de informação e atualização referente aos sistemas de gestão de óleos usados, é necessário recorrer a Análise do Ciclo de Vida (ACV), esta permite conhecer os impactos ambientais dos diversos processos de tratamento e valorização.
Assim, este trabalho tem como principal objetivo fazer uma análise aos óleos usados, abordando também a sua classificação. Posteriormente é descrita e comentada a SOGILUB, que é a empresa que está a cargo do território nacional da gestão, recolha, transporte, armazenamento e valorização dos óleos usados.
A descrição das novas tecnologias de tratamento e valorização de óleos usados em Portugal é sem dúvida um dos tópicos mais importantes neste trabalho, analisando caso a caso cada etapa que os óleos usados atravessam, começando pela recolha e transporte, depois armazenagem e por fim o tratamento prévio. Após a descrição destas etapas o último passo é o destino final a que ele se destine, colocando neste trabalho a relação entre a reciclagem, valorização energética e a regeneração.
PALAVRAS-CHAVE: Óleos Usados, SOGILUB, Recolha e Transporte, Armazenagem,
Tratamento Prévio, Reciclagem, Valorização Energética e Regeneração.
iv
Índice
RESUMO ........................................................................................................................................... III
ÍNDICE ...............................................................................................................................................IV
ÍNDICE DE FIGURAS ............................................................................................................................V
ÍNDICE DE TABELAS ............................................................................................................................V
ÍNDICE DE GRÁFICOS ..........................................................................................................................V
INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 1
ASPECTOS GERAIS ..................................................................................................................................... 1 BREVE HISTÓRIA DOS ÓLEOS LUBRIFICANTES .................................................................................................. 2
1. ÓLEOS USADOS .......................................................................................................................... 3
ASPECTOS GERAIS ...................................................................................................................................... 3 CLASSIFICAÇÃO DOS ÓLEOS USADOS .............................................................................................................. 4
Óleos Usados de Motor .................................................................................................................... 4 Óleos Usados Industriais .................................................................................................................. 4
2. SOGILUB .................................................................................................................................... 5
3. DESCRIÇÃO DAS TECNOLOGIAS DE TRATAMENTO E VALORIZAÇÃO DE ÓLEOS USADOS EM PORTUGAL ......................................................................................................................................... 7
3.1 RECOLHA E TRANSPORTE ............................................................................................................... 9 3.2 ARMAZENAGEM ......................................................................................................................... 10 3.3 TRATAMENTO PRÉVIO ................................................................................................................. 12
4. DESTINOS FINAIS ..................................................................................................................... 14
4.1 RECICLAGEM ............................................................................................................................. 15 4.2 VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA .......................................................................................................... 15 4.3 REGENERAÇÃO .......................................................................................................................... 15
5. RELATÓRIOS DE ATIVIDADE - O BALANÇO ENTRE 2008 E 2010................................................. 16
BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................................. 19
v
Índice de Figuras
Figura 1- Óleos Usados ................................................................................................................................ 1
Figura 2 – Logótipo da ECOLUB .............................................................................................................. 2
Figura 3- A empresa Vaccum Oil Company ............................................................................................. 2
Figura 4 – Sistema ECOLUB (2012).......................................................................................................... 6
Figura 5- Mapa de Portugal com as diversas empresas espalhadas pelo território ............................. 8
Figura 6 - Conjunto de 2 centrífugas (SISAV 2008) .............................................................................. 13
Figura 7 – Destino dos Óleos Usados ..................................................................................................... 14
Índice de Tabelas
Tabela 1- Especificações Técnicas para a recolha de Óleos Usados (ECOLUB 2012) ..................... 9
Tabela 2 – Critérios definidos pela SOGILUB na recolha e transporte .............................................. 9
Tabela 3 – Principais diferenças entre a construção de reservatórios superficiais e subterrâneos . 12
Tabela 4 – Análise de Relatórios de Atividade entre o ano 2008 e 2010............................................ 16
Índice de Gráficos
Gráfico 1 – Balanço entre 2006 a 2010 relativamente aos destinos finais dos óleos usados .......... 14
Gráfico 2 – Destinos finais nos óleos usados ......................................................................................... 17
1
Introdução
A realização deste relatório tem por base mostrar os conhecimentos adquiridos ao
longo do curso, sendo proposto diretamente pelo regulamento do FOR.CET.
O relatório aqui apresentado tem como finalidade a análise de óleos usados
industriais, como é o caso dos lubrificantes utilizados nos motores de combustão dos
automóveis e em máquinas industrias.
Este trabalho tem como objetivo aprofundar a Análise do Ciclo de Vida (ACV), isto
é, trata-se de uma ferramenta que permite quantificar as emissões ambientais ou uma
análise do impacto ambiental de um determinado produto, que neste relatório destina-se
aos óleos usados.
ASPECTOS GERAIS
Os óleos usados são considerados resíduos industriais perigosos, deste modo a
legislação europeia teve como principal prioridade a prevenção da produção destes
mesmos resíduos, seguindo a regeneração e de outras formas de valorização.
Para colmatar a falta e a de informação que existe relativamente aos sistemas de
gestão dos óleos usados, é essencial recorrer a uma ACV, que permite conhecer os
impactos ambientais dos diversos processos de tratamento e valorização.
Os óleos usados necessitam
de uma gestão adequada de
forma a minimizar os danos
causados no ambiente. Em 2003,
só a União Europeia consumiu
cerca de 4,4 milhões de toneladas
de óleo, no entanto, o uso de
óleos lubrificantes perdem as
suas propriedades e ficam
contaminados, deixando de ser
apropriados para a utilização
inicialmente prevista. Apenas
Figura 1- Óleos Usados
2
50% dos óleos adquiridos no mercado se transformam em óleos usados, sendo a restante
percentagem perdida com o uso e consumo do lubrificante nos processos necessários.
Em Portugal a gestão, recolha, transporte, armazenamento e valorização dos óleos
lubrificantes usados, nomeadamente, a regeneração, reciclagem e valorização energética,
estão a cargo da Sociedade de Gestão Integrada de Óleos Lubrificantes Usados, Lda
(SOGILUB) que tem como marca a ECOLUB. Esta sociedade foi constituída ao abrigo
do Decreto-Lei 153/2003, de 11 de Julho.
Figura 2 – Logótipo da ECOLUB
BREVE HISTÓRIA DOS ÓLEOS LUBRIFICANTES
A primeira empresa dedicada à comercialização de óleos lubrificantes sugeriu em
1896, designava-se por Vacuum Oil Company. Durante cerca de 50 anos esta foi a
empresa líder no mercado em Portugal.
Em 1910, começam a ser distribuídos combustíveis e lubrificantes com a marca Shell,
por outra empresa com o nome The Lisbon Coal na Oil Fuel, passado quatro anos, a
Shell instala-se em Portugal.
Figura 3- A empresa Vaccum Oil Company
3
1. Óleos Usados
ASPECTOS GERAIS
São considerados Óleos Usados, todos os óleos industriais lubrificantes de base
mineral, os óleos dos motores de combustão e dos sistemas de transmissão, e os óleos
minerais para máquinas, turbinas e sistemas hidráulicos, e outros óleos, que pelas suas
características, lhe possam ser equiparados, que já não sirvam para o uso a que estavam
inicialmente destinados.
O óleo usado é considerado um resíduo perigoso porque apresenta elevados níveis de
metais que são nocivos para o ambiente e para todos os seres vivos. O óleo pode ser
enviado para o meio hídrico, para a rede de esgotos, para o solo, ou quando a sua queima
acontece sem controlo, provocando graves problemas de poluição das águas, do solo, e/
ou do ar.
No solo:
Quando o óleo usado é enviado para o solo, para além de contaminar o solo,
contamina lençóis freáticos, ou seja, contamina a superfície que restringe a zona de
saturação da zona de aeração, onde logo de seguida a água subterrânea preenche todos os
espaços mais permeáveis.
Rede Esgotos:
No caso da rede de esgotos, quando o óleo entra na rede de esgotos, danifica e
prejudica o funcionamento das estações de tratamento de águas residuais.
Queima do óleo:
Ao ser queimado sem controlo, o óleo liberta substâncias tóxicas, metais pesados e
compostos orgânicos para a atmosfera.
No meio Hídrico:
Por fim, o óleo em meio hídrico pode formar uma fina película á superfície,
impedindo desta forma a oxigenação da água. Devido à escassez da oxigenação a morte
dos peixes e das plantas aumenta substancialmente.
4
CLASSIFICAÇÃO DOS ÓLEOS USADOS
Os óleos usados, de acordo com o “Critical review of existing studies and life cycle analysis on
the regeneration and incineration of waste oils”, de Monier e Labouze1 em 2001, são
classificados da seguinte maneira:
• Óleos de motor (óleos negros) – Representam cerca de 65% dos óleos
usados;
• Óleos industriais leves – Representam 25% dos óleos usados;
• Óleos industriais negros – Representam cerca de 10% dos óleos usados.
(Dados gerados em 1999: Adaptado de Monier e Labouze, 2001)
ÓLEOS USADOS DE MOTOR
Neste tipo de óleos, tanto os níveis de aditivação como os níveis de contaminantes e
de degradação do óleo básico são muito mais elevados do que nas aplicações industriais.
Este tipo de óleos encontra-se em motores a gasolina, a diesel e em fontes geradoras.
ÓLEOS USADOS INDUSTRIAIS
Os óleos industriais possuem, de um modo geral, uma baixo nível de aditivação, e
são utilizados em turbinas, sistemas hidráulicos e engrenagens. Aqui os níveis de
contaminação ou de degradação são, também, mais baixos que os definidos pelos óleos
de motor.
1 Monier e Labouze são os autores do “Critical review of existing studies and life cycle analysis on the regeneration and incineration of waste oils”
5
2. SOGILUB
Na sequência do Decreto-Lei nº 153/ 2003, foi constituída a SOGILUB, Sociedade
de Gestão Integrada de Óleos Lubrificantes Usados, Lda.
Como já foi referido anteriormente, a gestão, recolha, transporte, armazenamento e
valorização dos óleos lubrificantes usados estão a cargo da SOGILUB (Sociedade de
Gestão Integrada de Óleos Lubrificantes Usados, Lda). Em 2006, entrou em
funcionamento o Sistema Integrado de Gestão de Óleos Usados (SIGOU). Um ano
depois, em 2007, foi implantada a marca ECOLUB com o objetivo de promover uma
nova imagem para a entidade e para a SIGOU.
A ECOLUB esforça-se por cumprir a sua missão, gerindo eficazmente e
eficientemente os óleos lubrificantes usados e garantir o cumprimento dos requisitos por
parte das empresas unidas ao sistema. A ECOLUB dá valor a compromissos em relação
ao ambiente, a eficiência, a representatividade e o conhecimento.
Compromisso para com o ambiente:
A proteção do meio ambiente está sempre presente em todas as ações da SOGILUB,
trata-se de um compromisso que honra e respeita as gerações passadas e fortalece o
vínculo das gerações futuras.
Compromisso para com a eficiência:
Ao ter um compromisso com o meio ambiente, a SOGILUB tem práticas e critérios
de gestão muito rigorosos tendo como principal objetivo a otimização dos custos e do
valor acrescentado.
Compromisso para com a representatividade:
Devido á sua importância, a SOGILUB, tem o encargo de cumprir a licença que lhe
foi atribuída, estando disponível à participação de diversas empresas abrangidas pelo
regulamento dos óleos lubrificantes usados que queiram cumprir com as obrigações
através de diversos critérios e processos.
6
Compromisso para com o conhecimento:
A SOGILUB é uma empresa sem fins lucrativos que investe em ações de
comunicação e sensibilização com objetivo de desenvolver o conhecimento social,
preservando sempre o meio ambiente.
O SIGOU engloba todas as empresas de gestão e reciclagem de óleos usados,
tornando-se assim mais fácil de cumprir a legislação em vigor para óleos usados. O seu
financiamento é assegurado pelo pagamento de um ecovalor efetuado pelos produtores
de óleos novos. Este ecovalor serve para que seja possível a recolha de óleos usados, a
sua armazenagem, o seu tratamento e o envio para destino final que é a regeneração,
reciclagem e/ ou valorização energética. A figura que se segue, mostra o funcionamento
do SIGOU.
Figura 4 – Sistema ECOLUB (2012)
7
3. Descrição das tecnologias de tratamento e valorização de óleos usados em Portugal
Os óleos usados devido às suas propriedades e devido às suas elevadas quantidades,
são divididos em três modos, recolha e transporte, armazenagem e tratamento prévio.
De acordo com o Decreto-Lei nº 153/2003, as operações de recolha, transporte,
armazenagem e tratamento são definidas pelo seguinte:
- Recolha e transporte – Combinado de intervenções que permitem transferir os
óleos usados de titulares para empresas autorizadas para a sua gestão;
- Armazenagem – Trata-se da depositação temporária e controlada de óleos
usados, prevenido o seu tratamento e valorização;
- Tratamento prévio – Nesta etapa a principal preocupação é modificar as
características físicas e/ ou químicas dos óleos usados, tendo como finalidade a sua
valorização.
Em Portugal, a recolha dos óleos usados é feita por um conjunto de sete empresas
que se preocupam com a totalidade do território nacional. Essas sete empresas são
Bansaude, SA; Carmona, SA; Correia & Correia, Lda; Safetykleen, SA; SIVAV, SA e
Valor ambiente, SA. Distribuindo-se graficamente da seguinte maneira:
8
Figura 5- Mapa de Portugal com as diversas empresas espalhadas pelo território
É de mencionar que a SISAV, SA; Carmona, SA e a Correia & Correia, Lda executam
a recolha, transporte, armazenamento e tratamento dos óleos usados, enquanto que as
outras empresas efetuam apenas operações de recolha, transporte e/ ou armazenamento.
9
3.1 RECOLHA E TRANSPORTE
Os óleos usados têm origem em várias atividades, como é o caso das oficinas de reparação e
manutenção de máquinas e veículos. Estes produtores de óleos usados devem ter alguns cuidados
nomeadamente com a correta armazenagem, que ser feita em recipientes adequados, estando
sempre acessíveis.
O cuidado em não misturar os óleos com outro tipo de produtos é sem dúvida um dos
maiores cuidados a ter. Devem facilitar a recolha de amostras e respeitar as especificações
técnicas, conforme se pode visualizar na tabela 1, para que possam ser recolhidos no âmbito do
sistema integrado.
Tabela 1- Especificações Técnicas para a recolha de Óleos Usados (ECOLUB 2012)
Características Unidades de Medida Valor Máximo
PCB's ppm 50
Cloro ppm 2000
Água e Sedimentos % em peso 8
Sedimentos % em peso 3
Quando os óleos usados não cumprirem estas especificações acima referidas, os produtores
devem contactar uma empresa licenciada para o tratamento de óleos usados.
Relativamente à recolha e ao transporte propriamente dita, estes são efetuados por
operadores de gestão de óleos usados. Estes devem obedecer a vários critérios definidos pela
SOGILUB, conforme se pode verificar na tabela abaixo.
Tabela 2 – Critérios definidos pela SOGILUB na recolha e transporte
10
3.2 ARMAZENAGEM
A armazenagem de óleos usados é um reservatório que possuí a capacidade superior a 1000
litros e tem como objetivo uma posterior análise e tratamento dos óleos. Tal como na recolha e
transporte, a armazenagem tem de ser efetuada por operadores de gestão de resíduos e têm de
cumprir alguns requisitos gerais que são apresentados já de seguida.
Requisitos gerais para armazenagem de óleos usados:
1. Não é permitida a construção e funcionamento de instalações de armazenagem de
óleos usados nos seguintes locais:
a. Em áreas sujeitas a inundação. Neste local só é permitido a construção caso
sejam adotadas medidas fortemente eficazes impeditivas para os efeitos em
causa;
b. Em terrenos cujas dimensões correspondam com todas a normas agora
indicadas.
2. A armazenagem de óleos usados deverá ser efetuada de forma a não provocar
qualquer dano ambiental nem por em causa a saúde do ser humano;
3. Os óleos usados devem ser devidamente armazenados, colocando os óleos em
diversos depósitos, impedindo contaminações, nomeadamente por água ou poeiras,
e ter um fácil acesso;
4. Os óleos devem ser armazenados por forma a que seja possível detetar a qualquer
altura eventuais derrames ou fugas;
11
5. Todos os locais com armazenagem de óleos usados devem ser equipados com
material absorvente para prevenir pequenos derrames;
6. A identificação dos óleos usados deverá ser efetuada de acordo com as normas em
vigor, e identificado com toda a clareza o código da Lista Europeia de Resíduos
(Portaria nº209/2004, 3 de Março);
7. A ventilação no local de armazenagem temporária deve ser adequada; Este sistema
de ventilação deverá ser dimensionado de forma a impedir a acumulação de gases
inflamáveis em concentrações suscetíveis de causar danos à saúde humana e
ambiental;
8. Os depósitos ou reservatórios utilizadas na armazenagem de óleos usados devem
estar em excelentes condições, não apresentando qualquer sinal de deterioração,
enferrujamento, ou possibilidade de fugas;
9. Todos os locais de acesso aos óleos usados devem ter avisos relativos à proibição de
fumar, atear fogo ou qualquer equipamento que possa provocar faíscas ou calor;
10. No local de armazenagem devem existir extintores ou outros meios de combate a
incêndios. Este tipo de equipamento deverá ser equivalente ao máximo de óleos
possíveis armazenados.
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Poderão existir reservatórios subterrâneos e/ ou reservatórios superficiais. Para a construção
de cada um existem determinadas disposições como podemos verificar na tabela seguinte:
Tabela 3 – Principais diferenças entre a construção de reservatórios superficiais e subterrâneos
Construção de Reservatórios Superficiais
Construção de Reservatórios Subterrâneos
Materiais utilizados na construção devem ser resistentes e totalmente impermeáveis.
Os reservatórios deverão ter uma parede dupla ou uma bacia única com bacia de contenção com, pelo menos, 50% de capacidade máxima do reservatório.
Os reservatórios devem ser colocados dentro de uma bacia de contenção da qual deverá possuir, pelo menos 50% da capacidade máxima do reservatório, e encontrar-se totalmente coberto.
No material de construção, deverá existir uma proteção adequada e resistente a danos físicos.
A base e as paredes não devem ser trespassadas por qualquer dispositivo.
Deverá ter dispositivos com deteção de fugas.
Qualquer válvula, filtro ou qualquer outro equipamento auxiliar, deve estar contido numa bacia de contenção secundária.
Caso a entrada de enchimento não esteja numa bacia de contenção secundária, deverá ser utilizado um tabuleiro para prevenir durante o processo de enchimento do reservatório.
3.3 TRATAMENTO PRÉVIO
Este tratamento dos óleos usados baseia-se num processo de decantação e consiste
basicamente na redução do teor de sedimentos, metais pesados e água, por forma a que seja
possível a sua posterior valorização.
A remoção da água e dos sedimentos do óleo usado é através de um simples tratamento
físico-mecânico. As principais técnicas usadas neste processo são a sedimentação, filtração e
centrifugação ou destilação. Assim que é recebido o óleo no tratamento, este é encaminhado para
tanques onde permanece até formar três camadas, a camada superior do óleo, a camada de água e
a camada inferior de lamas. A sedimentação é utilizada para remover a água e as lamas
provenientes do óleo usado. A filtração, que é um processo de separação entre um sólido e um
líquido. Nos óleos usados, a filtração funciona então como um filtro ou um coador. A
centrifugação é um processo em que a força centrífuga relativa gerada pela rotação da amostra é
usada para separar líquidos imiscíveis de diferentes densidades e para sedimentar sólidos em
líquidos. Por fim, a destilação é o modo de separação baseado no fenómeno de equilíbrio líquido-
13
vapor de misturas. No caso dos óleos usados, este método pode ser utilizado para remover a
água.
Na última parte do tratamento procede-se a uma última limpeza a diferentes etapas
produzidas no tratamento do óleo de forma a obter um produto com determinadas
especificações, como pode ser o caso da melhoria da cor, do cheiro, estabilidade térmica e da
oxidação.
Para obter estas especificações existem cinco técnicas alternativas, que são as seguintes:
• Tratamento alcalino – Utiliza hidróxido de potássio e hidróxido de sódio para
melhorar as propriedades da cor;
• Tratamento com terra descorante – É um tratamento para remover a coloração
negra do óleo para que possa ser comparada visualmente ao óleo base;
• Polimento de argila – Processo em que é utilizado bentonite como argila. A argila é
separada do óleo utilizando um filtro;
• Hidrotratamento – É removido cloro e enxofre do óleo usado através de altas
temperaturas numa atmosfera de hidrogénio. Neste mesmo processo são também
removidos fósforo, chumbo e zinco;
• Extração por solvente – Esta técnica melhora o índice de cor e de viscosidade.
Figura 6 - Conjunto de 2 centrífugas (SISAV 2008)
14
4. Destinos Finais
Após o tratamento prévio dos óleos usados, segue-se os vários destinos finais, sendo eles a
reciclagem, valorização energética e regeneração. Estes destinos são definidos em Portugal
segundo o Decreto-Lei nº 153/2003.
Comparado o ano 2006 com o ano 2010 presente no gráfico 1 podemos verificar que a
regeneração e reciclagem tiveram um aumento e a valorização energética uma diminuição drástica
devido às novas normas impostas.
Figura 7 – Destino dos Óleos Usados
Gráfico 1 – Balanço entre 2006 a 2010 relativamente aos destinos finais dos óleos usados
15
4.1 RECICLAGEM
O processo de reciclagem é definido no Decreto-Lei nº 153/2003 como a operação de
reaproveitamento de óleos usados para o fim original ou para outros fins, como por exemplo na
produção de argila expandida.
A reciclagem está assegurada em Portugal pelas empresas ENVIROIL, Resíduos e Energia,
Lda e a ARGEX, Argila Expandida, S.A.
4.2 VALORIZAÇÃO ENERGÉTICA
Este destino é definido como a utilização de óleos usados como meio de produção de
energia através de processos de queima controlada.
A valorização energética é assegurada pela empresa MAXIT, Argilas Expandidas, S.A. e
GAUAR, Gestión de Aceites Usados de Aragon, S.L.U, situada esta última em Espanha.
4.3 REGENERAÇÃO
Por fim, a regeneração constitui o destino prioritário na hierarquia do tratamento e
valorização dos óleos usados. O seu objetivo é a obtenção de óleos base de forma a voltar a ser
usado para o mesmo fim.
O processo de regeneração de óleos tratados passa por diversas etapas que são as seguintes:
tratamento químico; extração do hidrocarboneto com propano líquido; recuperação do solvente
utilizado e destilação em vácuo para obtenção de bases lubrificantes.
É de salientar que não existe nenhuma unidade de regeneração em Portugal, tendo o
SOGILUB de enviar para Espanha, sendo as empresas responsáveis a AURECAN, Aceites
Usados y Recuperación Energética de Andalucia e a GAUAR, Gestión de Aceites Usados de
Aragon, S.L.U.
16
5. Relatórios de Atividade - O balanço entre 2008 e 2010
A ECOLUB todos os anos faz um relatório de atividade que visa recolher toda a
informação relevante desse mesmo ano. Neste trabalho são comparados e analisados os
relatórios relativos aos anos de 2008 e 2010, como se pode observar na tabela 1.
Tabela 4 – Análise de Relatórios de Atividade entre o ano 2008 e 2010
É de ter em conta que segundo os dados fornecidos pela ECOLUB, o ano 2008 teve
um maior número de óleos comercializados, cerca de 7 000 toneladas a mais que o ano
de 2010, o que significa que muito provavelmente 2008 foi um ano melhor que 2010.
Para a recolha destes dados, em ambos os anos tiveram em conta as 3 principais
etapas, que são a recolha, armazenagem e transporte e por fim o tratamento. Nos óleos
Toneladas
2008 Percentagem 2010 Percentagem
Óleos novos e usados gerados
Óleos novos colocados no mercado (pagam Ecovalor) 77 135 82,44% 70 302 81,23%
Óleos novos colocados no mercado (isentos de Ecovalor) 14 044 15,01% 13 364 15,44%
Massas colocadas no mercado (isentas de Ecovalor) 2 388 2,55% 2 878 3,33%
Total de óleos comercializados 93 567 100% 86 545 100%
Óleos usados gerados 41 169 44% 38 080 44%
Recolhidos
Total 31 695 100% 30 096 100%
Armazenagem e Transporte para Tratamento
Stock 1 56 0,18% -49 -0,16%
Enviados para Tratamento 31 639 99,82% 30 145 100,16%
Total 31 695 100% 30 096 100%
Tratados
Stock 2 229 0,72% 301 1,00%
Regeneração 10 444 33,01% 8 983 29,85%
Reciclagem 17 809 56,29% 17 854 59,32%
Valorização energética 0 0% 0 0%
Água 2 331 7% 2 456 8%
Sedimentos 826 2,61% 502 1,67%
Total 31 639 100% 30 096 100%
17
recolhidos, o ano de 2008 foi o ano em que a recolha foi mais notória, recolhendo cerca
de 32 000 toneladas de óleo.
Relativamente à armazenagem e transporte, como é de esperar o ano 2008 superou o
ano 2010, o que é perfeitamente normal, só podemos armazenar e transportar aquilo que
se recolhe, daí os valores totais serem iguais tanto na recolha como posteriormente na
armazenagem e transporte.
Para finalizar, passou-se à recolha de dados na etapa a que se destina o tratamento
do óleo. Para uma melhor perceção e análise genérica relativamente ao tratamento,
efetuou-se um gráfico que abrange todos os tópicos referentes ao tratamento, podendo
assim visualizar no gráfico 2 os resultados que comparam os dois anos.
0
1000
2000
3000
4000
5000
6000
7000
8000
9000
10000
11000
12000
13000
14000
15000
16000
17000
18000
Stock Regeneração Reciclagem Valorizaçãoenergética
Água Sedimentos
Óleos Tratados
2008
2010
Gráfico 2 – Destinos finais nos óleos usados
18
Nesta análise, podemos verificar que o Stock, a reciclagem e a água são superiores no
ano 2010 do que em 2008. Já a valorização energética é nula em ambos os anos devidos
às regras impostas no ano 2008.
Para concluir esta análise, pode-se verificar que apesar de o ano 2008 ter tido uma
maior recolha, o tratamento de 2010 foi muito mais eficiente que em 2008, o que
significa que os recursos usados em 2010 foram muito mais proveitosos e eficazes que
2008. No entanto a regeneração não foi a bem sucedida em 2010, ficando
aproximadamente 3% abaixo que em 2008.
19
Bibliografia
• www.valorpneu.pt;
• www.ecolub.pt;
• http://www.slideshare.net/boaera/reciclagem-e-reutilizao-de-leos-usados;
• http://www.ehsportugal.com/temas.php?cat=14&scat=310;
• Desenvolvimento de um modelo conceptual para Análise do Ciclo de Vida
(ACV) de tecnologias de tratamento e valorização de óleos usados –
Universidade Nova Lisboa;