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DIRECÇÃO DE SERVIÇOS DE AGRICULTURA E PESCAS
DIVISÃO DA PROTECÇÃO E QUALIDADE DA PRODUÇÃO
RELATÓRIO DE ACTIVIDADES E BALANÇO FITOSSANITÁRIO
ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO
ANO 2011
Viseu
ÍNDICE
1 ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO 1
1.1 Localização 1
1.2 Recursos humanos 1
1.3 Instalações e equipamento 1
1.4 Postos de observação 1
1.4.1 Postos meteorológicos 1
1.4.2 Postos de observação fenológica e biológica (POB’s) 2
1.5 Utentes 4
2 ACTIVIDADES DA ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO 5
2.1 Emissão de boletins fitossanitários 5
2.2 Ensaios realizados e divulgação 5
2.3 Outras actividades 6
3 RESULTADOS OBTIDOS EM 2011 E SUA ANÁLISE 8
3.1 Vinha 8
3.1.1 Estados fenológicos 8
3.1.2 Míldio (Plasmopara viticola Berl & de Toni) 9
3.1.3 Escoriose (Phomopsis vitícola Sacc.) 15
3.1.4 Oídio (Uncinula cinerea Pers.) 16
3.1.5 Podridão Cinzenta (Botrytis cinerea Pers.) 17
3.1.6 Podridão negra 17
3.1.7 Esca da Videira 18
3.1.8 Traças da uva 18
3.1.9 Cigarrinha Verde (Empoasca vitis Gothe) 20
3.1.10 Cicadelideo vector do fitoplasma da Flavescência Dourada 22
Quadro resumo dos avisos emitidos para a vinha 23
3.2 Macieira 24
3.2.1 Estados fenológicos 24
3.2.2 Pedrado (Venturia ineaqualis Cke.) 25
3.2.3 Bichado (Cydia pomonella L.) 29
3.2.4 Lagartas mineiras (Phyllonorycter blancardella F. e Leucoptera malifoliella
Costa) 32
3.2.5 Cochonilha de São José (Quadraspidiotus perniciosus Comstock) 33
3.2.6 Aranhiço vermelho (Panonychus ulmi Koch) 35
3.2.7 Piolhos Verde (Aphis pomi Pass.), Cinzento (Dysaphis plantaginea Fonsc.)
e Pulgão Lanígero (Erisoma lanigerum) 36
3.2.8 Mosca da fruta (Ceratitis capitata Wied.) 37
3.2.9 Sésia (Synanthedon myopaeformis) 41
Quadro resumo dos avisos emitidos para a macieira 42
3.3 Olival 43
3.3.1 Estados fenológicos 43
3.3.2 Traça da Oliveira (Prays olea Bernard) 44
3.3.3 Mosca da azeitona (Dacus olea Gmelin) 48
3.3.4 Euzophera pinguins Haw. 52
3.3.5 Olho Pavão (Spilocea oleagina Cast.) e Gafa (Colletotrichum spp.) 53
Quadro resumo dos avisos emitidos para o olival 58
3.4 Outras culturas 55
3.4.1 Pessegueiro (Taphrina deformans) 55
3.4.2 Cerejeira (Rhagoletis cerasi) 55
Quadro resumo dos avisos emitidos para o pessegueiro e cerejeira 56
Quadro geral dos avisos e recomendações culturais emitidos por inimigo e cultura -
2011 57
Prospecção de Scaphoideus titanus Ball., insecto vector da Flavescência Dourada 59
Aplicação de Alginure e sua eficácia no controlo do pedrado das pomóideas 69
A confusão sexual no controlo de bichado da fruta 73
Aplicação de diferentes estratégias no controlo de afídeos verde e cinzento 80
Aplicação de diferentes estratégias no controlo da mosca da azeitona 83
1
ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO
1.1 Localização
A Estação de Avisos do Dão é uma das cinco estações de avisos da Direcção
Regional de Agricultura e Pescas do Centro inserida na Direcção de Serviços de
Agricultura e Pescas e na Divisão de Protecção e Qualidade da Produção,
encontrando-se localizada na Estação Agrária de Viseu.
1.2 Recursos humanos
Em 2011, o grupo de trabalho foi o seguinte:
Maria Helena Cortês Pinto Marques – Eng.ª Agrícola (Chefe de Divisão)
Jorge Manuel Esteves Carvalho Sofia – Eng.º Agrícola
Manuel Salazar – Eng.º Técnico Agrário
Vanda Cristina Azevedo da Costa Batista - Eng.º Agrícola
Fernanda Jesus Lopes Rodrigues – Assistente Administrativo
1.3 Instalações e equipamento
A Estação de Avisos do Dão está instalada no edifício principal da Estação Agrária de
Viseu, ocupando 2 gabinetes e um pequeno laboratório de apoio.
1.4 Postos de observação
1.4.1. Postos Meteorológicos
De forma a aplicar as metodologias de previsão baseadas nos dados meteorológicos
da região, a Estação de Avisos do Dão dispõe de postos meteorológicos tradicionais
(2 principais e 6 secundários) e 8 postos meteorológicos automáticos (). Os postos
principais estão localizados em Viseu e Foz de Arouce e os secundários em Luzinde,
Mangualde, Campo de Besteiros, Treixedo, Travanca de Lagos e Oliveira de Frades.
2
Os postos principais são constituídos por um pluviómetro e um abrigo do tipo
“Stevenson” equipado com um termómetro de máxima, um termómetro de mínima, um
psicrómetro e um termohigrógrafo “Richard” de rotação semanal. Os postos
secundários estão equipados com um pluviómetro e um abrigo do tipo Stevenson
equipado com um termómetro de máxima e de mínima.
As estações meteorológicas automáticas localizadas em Oliveira do Hospital, Tábua,
Lousã, Nelas, Penalva do Castelo, Tondela, S. Pedro do Sul e Viseu registam os
dados horários e diários da temperatura, humidade relativa, precipitação, número de
horas de folha molhada, velocidade e direcção do vento. Nos postos meteorológicos
tradicionais as leituras são feitas diariamente, pelos leitores responsáveis. As leituras
são enviadas diariamente à estação de Avisos, via postal de Março a Setembro.
Durante o resto do ano, o envio passa a semanal para os postos principais, e mensal
para os postos secundários. Os dados dos postos automáticos são recolhidos via
GSM.
Figura 1 - Localização das estações meteorológicas automáticas e tradicionais
1.4.2. Postos de observação fenológica e biológica (POB)
As observações da fenologia das culturas da vinha, pomar e olival e da biologia dos
seus principais inimigos, foram efectuadas pelos técnicos da Estação de Avisos do
Dão nos locais onde estão instalados os Postos de Observação Biológica (POBs).
3
No caso da oliveira foram instalados mais dois postos em duas zonas representativas
da cultura – Nelas e Penalva do Castelo.
Os POB’s, localizados em Viseu, Foz de Arouce (Lousã), Canas de Santa Maria
(Tondela), S. Paio (Gouveia), Várzea (S. Pedro do Sul), Penalva do Castelo e Nelas,
são acompanhados semanalmente e para cada cultura são monitorizados os estados
fenológicos das culturas e as pragas e doenças referenciadas no .
Quadro 1 – Principais pragas e doenças acompanhados nos POB
Vinha
Pragas Pragas de quarentena Doenças
Traças da uva
Cigarrinha verde
Scaphoideus titanus
Doenças do lenho (Escoriose Esca)
Míldio
Oídio
Podridão cinzenta
Podridão negra/Black Rot
Macieira
Bichado da fruta
Aranhiço vermelho
Piolhos verde e cinzento
Lagartas mineiras
Cochonilha de S. José
Mosca da fruta
Sésia
Pulgão lanígero
Pedrado
Cancro
Olival
Traça da oliveira
Mosca da azeitona
Euzophera pingüis
Gafa
Olho de Pavão
Cercosporiose
4
1.5 Utentes
Em 2011 registaram-se 501 inscrições, de agricultores, Cooperativas Agrícolas,
Associações e outros particulares. Cumulativamente há ainda 37 inscrições
permanentes não pagas, para organismos do Ministério da Agricultura, leitores dos
postos meteorológicos tradicionais e demais colaboradores.
5
2. ACTIVIDADES DA ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO
2.1 Emissão de boletins fitossanitários
Em 2011 foram enviadas 16 circulares com avisos e informações para tratamento das
principais pragas e doenças de pomóideas, prunóideas, vinha e olival. Foram ainda
enviados quatro SMS, para pedrado, míldio e bichado.
2.2 Ensaios realizados e divulgação
A Estação de Avisos do Dão realizou os seguintes ensaios:
Confusão sexual no controlo do bichado da fruta na Estação Agrária de Viseu;
Estudo comparativo da aplicação de diferentes estratégias no controlo de
afídeos;
Aplicação de Alginure e sua eficácia no controlo do pedrado;
Aplicação do método captura em massa para o controlo de mosca da fruta;
Dispersão de esporos de Phaeomoniella chlamydospora, principal agente da
Esca, em três vinhas da região do Dão, para compreensão do seu ciclo de
vida;
Instalação inicial de ensaio para determinação de possível ocorrência e épocas
de ocorrência de libertação de ascósporos de Guinardia bidwelli;
Aplicação de diferentes estratégias no controlo da mosca da azeitona.
Durante o ano de 2011 os técnicos realizaram e participaram em várias acções de
divulgação que tiveram como público-alvo agricultores, associações, técnicos, entre
outros:
Duas palestras a convite da empresa Syngenta crop protection e inseridas na
iniciativa ”Encontrus de culturas-vinha”, que decorreu na Curia, com os temas
“Doenças do Lenho da Videira” e “Míldio da Videira na região do Dão em 2010”
a 17 e 18 de Março;
Participação no Workshop de Fruticultura realizado no Hotel Montebelo em
Viseu a 14 de Junho;
Palestra sobre a Flavescência Dourada e seu vector Scaphoideus titanus, que
decorreu na Estação Agrária de Viseu a 16 de Junho;
6
Palestra sobre o Pedrado das Pomóideas que decorreu na Estação Agrária de
Viseu a 17 de Junho;
Dia de Campo dedicado à demonstração de resultados da estratégia
fitossanitária adoptada na Estação Agrária de Viseu a 20 de Julho;
Palestra sobre a Flavescência Dourada e seu vector Scaphoideus titanus, que
decorreu em Pinhel a 21 de Julho;
Colaboração nas apresentações do “Dia Aberto da Estação Agrária de Viseu” a
30 de Junho;
Publicação de uma brochura ilustrada sobre doenças do lenho da videira;
Palestra sobre Gafa, Mosca da Azeitona e estratégia de luta adoptada pela
Estação de Avisos do Dão, na Estação Agrária de Viseu a 3 de Novembro;
Participação e apresentação de um poster no 9º Encontro Nacional de
Protecção Integrada, em Viseu a 17 e 18 de Novembro sobre a problemática
do Black Rot;
Colaboração na organização dos eventos comemorativos dos 75 anos da
Estação Agrária de Viseu.
2.3 Outras actividades
Além das acções atrás referidas, os técnicos dos Serviços de Avisos desempenharam
outras actividades nomeadamente:
Emissão de pareceres relativos a fitossanidade;
Assistência técnica aos agricultores no domínio da Sanidade Vegetal em
gabinete e no campo;
Apoio à exploração da Estação Agrária de Viseu nas seguintes actividades:
o Observações biológicas e realização dos tratamentos fitossanitários
efectuados durante 2011;
o Apoio na programação de rega;
o Transporte interno e externo dos produtos da exploração;
o Colheita, podas, trabalhos mecânicos e outras operações culturais.
Emissão de pareceres para isenção de análise de pesticidas em águas
destinadas a consumo humano;
Apoio em projectos da DRAPC no que se refere à protecção fitossanitária das
culturas;
7
Prospecção de Scaphoideus titanus, insecto vector da Flavescência Dourada,
na área de influência da Estação de Avisos do Dão;
Recepção e acompanhamento de grupos de formandos de cursos de
formação, escolas e politécnicos (visita à exploração e estação meteorológica);
Elaboração de listas de produtos homologados para posterior distribuição pelos
utentes do serviço;
Manutenção de Estações Meteorológicas Tradicionais e Estações
Meteorológicas Automáticas;
Participação em controlos de Eco-condicionalidade;
Participação em controlos de projectos de investimento florestais;
Elaboração de relatórios semanais, intercalares e final de actividades.
8
3. RESULTADOS OBTIDOS EM 2011 E SUA ANÁLISE
3.1 Vinha
3.1.1. Estados fenológicos
O , abaixo, indica as datas de ocorrência dos diferentes estados fenológicos da vinha
nos vários Postos de Observação Biológica acompanhados pelos técnicos da Estação
de Avisos do Dão no decurso de 2011. A mostra a evolução comparativa desses
estados nos diferentes POB.
Quadro 2 – Evolução fenológica da cultura da vinha no ano de 2011
Tondela Foz de Arouce Viseu S.Pedro do Sul Gouveia
A 02-03-2011 02-03-2011 02-03-2011 09-03-2011 02-03-2011
A/B 05-03-2011 04-03-2011 09-03-2011 15-03-2011 09-03-2011
B 07-03-2011 07-03-2011 10-03-2011 19-03-2011 10-03-2011
B/C 14-03-2011 09-03-2011 22-03-2011 22-03-2011 22-03-2011
C 21-03-2011 12-03-2011 30-03-2011 26-03-2011 27-03-2011
C/D 24-03-2011 14-03-2011 01-04-2011 30-03-2011 30-03-2011
D 28-03-2011 22-03-2011 03-04-2011 02-04-2011 02-04-2011
D/E 04-04-2011 25-03-2011 05-04-2011 05-04-2011 07-04-2011
E 05-04-2011 28-03-2011 08-04-2011 10-04-2011 08-04-2011
E/F 07-04-2011 01-04-2011 12-04-2011 12-04-2011 09-04-2011
F 09-04-2011 04-04-2011 13-04-2011 14-04-2011 10-04-2011
F/G 10-04-2011 09-04-2011 15-04-2011 16-04-2011 12-04-2011
G 12-04-2011 11-04-2011 18-04-2011 18-04-2011 14-04-2011
G/H 18-04-2011 18-04-2011 28-04-2011 28-04-2011 20-04-2011
H 27-04-2011 27-04-2011 02-05-2011 02-05-2011 28-04-2011
H/I 11-05-2011 02-05-2011 12-05-2011 10-05-2011 09-05-2011
I 16-05-2011 11-05-2011 20-05-2011 19-05-2011 19-05-2011
I/J 21-05-2011 16-05-2011 22-05-2011 22-05-2011 21-05-2011
J 25-05-2011 21-05-2011 24-05-2011 24-05-2011 26-05-2011
J/K 02-06-2011 25-05-2011 27-05-2011 29-05-2011 31-05-2011
K 07-06-2011 30-05-2011 31-05-2011 31-05-2011 02-06-2011
K/L 11-06-2011 03-06-2011 15-06-2011 12-06-2011 16-06-2011
L 14-06-2011 07-06-2011 21-06-2011 21-06-2011 22-06-2011
L/M 06-07-2011 27-06-2011 06-07-2011 06-07-2011 15-07-2011
M 13-07-2011 13-07-2011 13-07-2011 13-07-2011 21-07-2011
Evolução fenológica da vinha durante o ano de 2011
9
Figura 2 - Evolução comparativa dos estados fenológicos da vinha no decurso de 2011.
3.1.2. Míldio (Plasmopara viticola Berl & de Toni)
A metodologia utilizada para verificação da maturação dos oósporos de míldio, adiante
sumariamente descrita, permite verificar o seu estado de maturação, através do tempo
que demoram a germinar. Quando esta ocorre em menos de 24 horas, há indicação
de que os oósporos se encontram maduros e em condições de iniciar infecções.
Os fragmentos, colocados em condições de campo no Outono de 2010, começaram a
ser recolhidos semanalmente a partir de final de Fevereiro de 2011 para serem
colocados a incubar, em câmara húmida, a uma temperatura de aproximadamente
22ºC.
A germinação dos oósporos em menos de 24 horas foi detectada primeiro nos Postos
de Observação Biológica de Foz de Arouce (Lousã) e Viseu, ambos a 22 de Março,
seguindo-se Canas de Santa Maria (Tondela) a 28 de Março e Várzea (S. Pedro do
Sul)a a 30 de Março (). No posto de S. Paio (Gouveia) não se verificou germinação de
ósporos 24 horas após a colocação de qualquer fragmento.
10
Quadro 3 - Evolução da germinação dos oósporos (a vermelho, germinação em menos de 24 horas.). S-Sábado; D- Domingo; F-Feriado; C-Colocação; Tolerância de Ponto.
Data
M T M T M T M T M T M T M T M T M T M T
01-Mar C 0 0 0 0 0 0 4 S S D D 64 10 8 1 11 1 0 0
09-Mar C 0 0 0 0 0 S S D D 0 14 0 3 0 0 0 0 0 0
15-Mar 0 C 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 2 0 0 0 0
22-Mar C 0 18 0 25 42 99 15 S S D D 12 1 0 2 0 0 0 0
30-Mar C 0 109 20 40 18 S S D D 0 1 0 0 0 0 0 0 0 0
05-Abr C 0 0 7 0 0 0 31 S S D D 3 0 2 0 0 0 0 0
12-Abr C 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0
15-Abr C 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 T F F S S D D
19-Abr C 0 0 0 0 T F F S S D D F F 0 0 0 0 0 2
28-Abr 0 C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S
02-Mai C 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0
28-Fev 0 C 0 0 18 0 173 40 130 61 S S D D 59 20 F F 14 1
07-Mar 0 C F F 0 0 47 5 30 11 S S D D 14 0 0 1 0 0
14-Mar 0 C 0 16 21 34 1 0 0 0 S S D D 2 2 5 0 0 0
22-Mar 0 C 5 0 10 7 19 6 S S D D 38 0 2 1 2 0 0 0
28-Mar 0 C 17 1 12 35 2 5 1 9 S S D D 1 0 1 0 0 0
04-Abr 0 C 0 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0
11-Abr 0 C 0 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0
18-Abr 0 C 0 0 0 0 0 T F F S S D D F F 0 0 0 0
27-Abr 0 C 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
02-Mai 0 C 0 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0
28-Fev 0 C 0 0 0 0 0 0 0 1 S S D D 70 20 F F 0 0
07-Mar 0 C F F 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 2 0 0 0 0
14-Mar 0 C 0 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 4 0 0 0 1 0
21-Mar 0 C 0 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0
28-Mar 0 C 4 6 12 5 1 0 6 0 S S D D 0 0 0 0 0 0
04-Abr 0 C 0 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0
11-Abr 0 C 0 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0
18-Abr 0 C 0 0 0 0 0 T F F S S D D F F 0 0 0 0
27-Abr 0 C 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
02-Mai 0 C 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0
02-Mar C 0 0 0 0 0 S S D D 462 90 F F 616 9 42 6 24 2
09-Mar C 0 0 0 0 0 S S D D 24 7 0 0 21 54 0 0 0 0
16-Mar C 0 0 0 0 0 S S D D 176 21 81 0 18 0 0 1 0 0
22-Mar C 0 0 0 0 0 5 0 S S D D 18 0 0 0 3 0 1 0
30-Mar C 0 9 0 0 11 S S D D 13 0 0 4 0 0 0 0 0 0
05-Abr C 0 0 8 4 0 33 3 S S D D 10 0 3 0 0 0 0 1
12-Abr 0 C 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 1
19-Abr 0 C 0 0 0 T F F S S D D F F 0 0 0 0 0 0
03-Mai 0 C 0 T F F S S D D F F 0 0 0 0 0 0 0 0
03-Mar C 0 0 0 S S D D 0 0 F F 0 0 0 0 0 0 S S
10-Mar C 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S
17-Mar 0 C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S
25-Mar C 0 0 0 S S D D 0 2 0 0 0 0 0 0 0 0 S S
31-Mar 0 C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S
07-Abr 0 C 0 0 S S D D 2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S
14-Abr 0 C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 T F F S S
28-Abr C 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S
4
S.
Pa
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8 9
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e A
rou
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bã
o d
a B
eir
a
Postos
Nº de dias de permanência dos fragmentos em estufa
5 6 7 10
Vis
eu
Colocação
em estufa
1 2 3
Vá
rzea
11
Após os oósporos maduros, existem condições para surgimento de manchas primárias
de míldio. A regra dos 3 dez - estado fenológico, temperatura média e precipitação,
verificou-se com a precipitação acumulada a partir de 19 de Abril ().
0
5
10
15
20
25
30
35
0
5
10
15
20
25
30
11
.04
.04
11
.04
.05
11
.04
.06
11
.04
.07
11
.04
.08
11
.04
.09
11
.04
.10
11
.04
.11
11
.04
.12
11
.04
.13
11
.04
.14
11
.04
.15
11
.04
.16
11
.04
.17
11
.04
.18
11
.04
.19
11
.04
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Figura 3 - Precipitação e temperatura média registadas nas diversas Estações meteorológicas Automáticas.(Foz de Arouce, Várzea, Tondela, Viseu, Nelas, Seia, Gouveia e Oliveira do Hospital). Na legenda P significa precipitação e T temperatura média diária
A previsão posicionou o aparecimento dessas manchas para os dias 30 de Abril no
POB de Foz de Arouce, 1 de Maio para a zona de Tondela, 3 de Maio para S. Pedro
do Sul e 4 de Maio para as demais zonas da região. As primeiras manchas foram
detectadas, já esporuladas, no POB de Foz de Arouce e no POB de Tondela a 2 de
Maio, data da primeira visita aos postos após o fim-de-semana em que se tinha
previsto o aparecimento das manchas. Face à data prevista de aparecimento das
manchas primárias e à previsão de precipitação a partir de dia 29 de Abril, foi emitido o
primeiro aviso para o míldio, a 26 de Abril, na Circular de Aviso nº 6/11. Tendo em
atenção o forte crescimento da vinha que se fazia sentir, a precipitação prevista e a
necessidade de proteger os novos lançamentos, foi recomendada a aplicação de um
produto sistémico e curativo a efectuar antes das chuvas previstas. Atendendo à
urgência de fazer chegar atempadamente a mensagem aos produtores o aviso foi
reforçado com o envio de um SMS. Com esta circular foi também enviada a lista dos
fungicidas homologados para combate ao míldio.
12
Na Circular de Aviso nº 7/11 de 9 de Maio, tendo em conta a previsão de ocorrência
de precipitação a partir de 11 do mesmo mês, foi aconselhado novo tratamento com
recurso a um produto de natureza sistémica.
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Condições para míldio na região do Dão durante o mês de Maio
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Figura 4 - Precipitação e temperatura média durante o mês de Maio de 2011, registadas nas diversas Estações meteorológicas Automáticas.(Foz de Arouce, Várzea, Tondela, Viseu, Nelas, Seia, Gouveia e Oliveira do Hospital). Na legenda P significa precipitação e T temperatura média diária
Embora ainda dentro do período coberto pelo último tratamento, face à instabilidade
meteorológica sentida (Figura4) e à previsão de continuação da mesma, a 19 de Maio
foi emitida a Circular de Aviso nº 8/11 alertando para a necessidade de continuar a
proteger a vinha para esta doença.
No dia 30 de Maio, face à previsão de precipitação para o início do mês seguinte (), foi
emitida a circular nº 9/11 onde se fez referência ao posicionamento do tratamento
coincidindo com o final da persistência do tratamento recomendado a 19 de Maio.
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Data
Condições para míldio na região do Dão durante o mês de Junho
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Figura 5 - Precipitação e temperatura média durante o mês de Junho de 2011, registadas nas diversas Estações meteorológicas Automáticas (Foz de Arouce, Várzea, Tondela, Viseu, Nelas, Seia, Gouveia e Oliveira do Hospital). Na legenda P significa precipitação e T temperatura média diária
A 15 de Junho, atendendo ao elevado número de manchas de míldio presentes na
região, à forte humidade que se fazia sentir, permanecendo as folhas húmidas até
meio da manhã e à ocorrência de períodos de fraca precipitação (Figura 5), foi emitida
a Circular de Aviso nº 10/11 aconselhando a renovação de tratamento para o míldio.
Face à persistência de um elevado número de manchas da doença nas folhas e a
episódios localizados de precipitação nos dias 26 e 28 de Junho (Figura 5) foi emitida
a 29 de Junho a Circular de Aviso nº 11/11, recomendando a renovação do
tratamento, particularmente naquelas zonas, com um fungicida com cobre, fazendo
referência à mais-valia deste tratamento para minimizar o risco de contaminação das
folhas mais velhas, promover o endurecimento da película e o atempamento das
varas.
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Datas
Condições para míldio na região do Dão durante o mês de Julho
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Figura 6 - Precipitação e temperatura média durante o mês de Julho de 2011, registadas nas diversas Estações meteorológicas Automáticas.(Foz de Arouce, Várzea, Tondela, Viseu, Nelas, Seia, Gouveia e Oliveira do Hospital). Na legenda P significa precipitação e T temperatura média diária
As elevadas temperaturas e baixa humidade sentidas durante o mês de Julho
conduziram a cultura a uma situação de stress hídrico extremo, que não foi mitigada
pela pouca precipitação sentida, nomeadamente a 8 e 9 e de 17 a 19, apenas em
Oliveira do Hospital, o que provocou nalgumas vinhas uma desfolha intensa,
apresentando-se as sebes bastante desprovidas, pelo que face às previsões de tempo
instável para o mês de Agosto se fez a última referência a míldio na Circular de Aviso
nº 13/11 emitida a 2 de Agosto, e apenas para as vinhas onde tivesse ocorrido
precipitação e/ou fortes orvalhadas face ao número de manchas de míldio presentes e
à previsão de chuva, que veio a ocorrer (Figura 7). Dado o estado fenológico foi
recomendada a aplicação de um produto contendo cobre. Esta última recomendação
surgiu para prevenir uma ainda maior desfolha que poderia afectar a maturação.
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Datas
Condições para míldio na região do Dão para o mês de Agosto
Pviseu
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Pgouveia
Pnelas
Poliveira
Pvárzea
Pseia
Ptondela
Tviseu
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Tgouveia
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Figura 7 - Precipitação e temperatura média durante o mês de Agosto de 2011, registadas nas diversas Estações meteorológicas Automáticas.(Foz de Arouce, Várzea, Tondela, Viseu, Nelas, Seia, Gouveia e Oliveira do Hospital). Na legenda P significa precipitação e T temperatura média diária.
3.1.3. Escoriose (Phomopsis viticola Sacc.)
Na sequência do esforço envidado pela Estação de Avisos do Dão, em anos
anteriores, para controlo da escoriose., foram emitidas, em 2011, recomendações para
escoriose em duas Circulares de Aviso:
A Circular de Aviso nº 01/11 de 29 de Janeiro aproveitou a época de poda para
alertar os viticultores para os sintomas da doença e medidas profiláticas
passíveis de minorar a sua acção;
A Circular de Aviso nº 3 de 21 de Março foi emitida por a maior parte das
vinhas da região se preparar para entrar no estado fenológico C/D (Quadro1),
altura indicada para aplicação dos tratamentos de Primavera homologados
para a escoriose. Nessa circular foram resumidas as diferentes opções e
estratégias que poderiam ser adoptadas pelos vitivinicultores:
Opção 1, efectuar duas aplicações recorrendo às substâncias activas:
enxofre, azoxistrobina, azoxistrobina + folpete, folpete, mancozebe,
metirame, metirame + piraclostrobina, propinebe ou fosetil de alumínio +
mancozebe;
A 1ª aplicação com 30 – 40% dos gomos no estado fenológico D.
A 2ª aplicação com 40% dos gomos no estado fenológico E.
16
Opção 2, efectuar uma única aplicação ao estado fenológico D
recorrendo a um produto contendo fosetil de alumínio + folpete;
Opção 3, se a vinha se encontrar pouco afectada, efectuar uma única
aplicação entre os estados C a E recorrendo a um produto contendo
metirame + piraclostrobina.
O início do ciclo vegetativo da vinha foi precoce e o desenvolvimento dos lançamentos
extremamente rápido, fruto das elevadas temperaturas sentidas em Março e Abril, sem
precipitação (que só se fez sentir em finais de Abril) e baixa humidade relativa, as
condições não foram favoráveis ao desenvolvimento desta doença, pelo que os seus
sintomas no decurso de 2011 foram praticamente inexistentes no geral das vinhas da
região. Para um melhor conhecimento e visualização dos sintomas vulgarmente
associados a esta doença, foi publicada uma brochura ilustrativa das diversas doenças
do lenho.
3.1.4. Oídio (Erysiphe necator Schwein)
O primeiro aviso para o oídio foi emitido com a circular nº 04/11, no dia 4 de Abril,
quando algumas vinhas da região do Dão. Foi recomendada a realização de um
tratamento à medida que o desenvolvimento das vinhas se posicionava entre os
estados fenológicos “E” - Folhas livres e “F” – Cachos visíveis aconselhando-se o
recurso ao enxofre em pó. Com esta Circular de Aviso foi enviada a lista de
substâncias activas homologadas para o oídio da videira.
A 26 de Abril, face à humidade que se fazia sentir e ao facto de muitas vinhas da
região se encontrarem no estado de botões florais separados, foi recomendado novo
tratamento através da Circular de Aviso nº 06/11.
Encontrando-se a maior parte das vinhas da região em floração, fase de grande
sensibilidade à doença, havendo fortes condições de humidade e previsão de
precipitação, foi recomendado na Circular de Aviso nº 08/11 de 19 de Maio a
realização de um tratamento para o oídio. Nesta circular recomendou-se a utilização
de um fungicida sistémico, não só pelo facto de haver previsão de chuva que tornaria
menos eficaz este tratamento, como pelo facto de se estar a observar um aumento de
podridão negra a nível foliar e ser conhecida a acção destes fungicidas,
nomeadamente os triazóis, no controlo desta doença.
17
A última recomendação foi efectuada a 15 de Junho, com a Circular de Aviso nº 10/11,
pelo facto de a vinha se encontrar no estado fenológico fecho do cacho.
3.1.5. Podridão Cinzenta (Botrytis cinerea Pers.)
A 26 de Abril, nas vinhas da região mais vigorosas e localizadas em zonas húmidas,
terem surgido focos de podridão cinzenta, foi enviada uma recomendação na Circular
de Aviso nº 06/11 alertando o viticultor para a necessidade de observar as suas vinhas
em busca de manchas de podridão cinzenta, devendo realizar um tratamento caso as
encontrasse. Com esta circular foi enviada a lista de substâncias activas homologadas
para combate a esta doença na vinha.
À floração/alimpa e atendendo à previsão de instabilidade meteorológica foi incluída
na Circular de Aviso nº 08/11 de 19 de Maio a recomendação de um tratamento. Com
o estado fenológico de “Fecho do cacho” a iniciar-se na região, a 15 de Junho foi
recomendado novo tratamento para esta doença.
A última recomendação de tratamento contra a Podridão Cinzenta foi efectuada na
Circular de Aviso nº12 /11 de 20 de Julho, por a maior parte das vinha se encontrar no
estado de “Pintor” e haver previsão de chuva para o início do mês de Agosto.
3.1.6. Podridão negra/Black Rot (Guignardia bidwellii (Ellis) Viala & Ravaz)
À semelhança dos dois últimos anos foram verificados bastantes estragos, nas vinhas
da região, por acção do fungo Phyllosticta ampelicida (teleom. Guinardia bidwellii
(Ellis) Viala & Ravaz) responsável pela doença designada por Podridão Negra ou
“Black Rot”. Os primeiros sintomas com alguma gravidade surgiram sobre folhas de
videira por volta de 12 de Maio, na sequência de contaminações ocorridas na
sequência da forte precipitação que se fez sentir de 19 de Abril até quase ao final do
mês. Com a forte pressão de inoculo que se fazia sentir e a previsão de um mês de
Maio chuvoso, receou-se o avanço desta doença ao cacho que se encontrava em
plena floração. Este temor veio a ser confirmado no início de Junho, em consequência
da forte precipitação decorrida durante a segunda quinzena de Maio, observando-se
nesta altura em muitas vinhas da região os sintomas consequentes das infecções
causadas por essas chuvas, Resultante de uma análise “à vol d’oiseaux” da situação,
parece-nos que a casta Tinta Roriz, foi a que demonstrou maiores prejuízos
consequentes desta doença.
18
A Estação de Avisos do Dão, estando atenta ao desenvolvimento desta doença
decidiu enviar, a 19 de Maio com a Circular de Aviso nº 08/11, uma recomendação
com indicações de tratamento para esta doença. No texto foi descrita, de forma
sumária, a sintomatologia da doença, sendo também feita referência à acção de
alguns fungicidas sistémicos anti-oídio sobre esta doença. Com esta Circular foi
enviada a lista de produtos fitofarmacêuticos homologados para combate à podridão
negra.
3.1.7. Esca da Videira (Phaeomoniella spp., Phaeoacremonium spp. e
Fomitiporia mediterranea)
Dada a importância que esta doença tem vindo a alcançar na região do Dão foi
elaborada uma brochura sobre doenças do lenho em geral e esca em particular, de
carácter ilustrativo e destinada a dar a conhecer os sintomas associados a essas
doenças. Tendo-se procurado dar a máxima divulgação a esse trabalho.
A Circular nº 11/11 de 29 de Junho, fez a primeira referência de 2011 a Esca,
aproveitando as primeiras manifestações da doença, alertando para a sua
sintomatologia, sua importância e medidas profiláticas para melhorar as condições
sanitárias da vinha. Esta recomendação, de carácter pedagógico, foi acompanhada
nos avisos emitidos por e-mail de uma cópia da brochura atrás referida.
A 17 de Setembro, com a Circular de Aviso nº 16/11 surge nova recomendação para
esta doença, desta feita indicando medidas profiláticas para o seu controlo.
3.1.8. Traças da uva
Eudemis (Lobesia botrana Den & Schiff)
No início do mês de Março, foram colocadas armadilhas sexuais para a traça da uva
(Lobesia botrana) nos vários postos biológicos.
Como se pode observar no gráfico seguinte (), Lobesia botrana teve três gerações
bem definidas, a 1ª com pico entre meados e 26 de Abril, a 2ª entre 21 de Junho e
princípio de Julho e a terceira no período entre 2 e 16 de Agosto. À semelhança dos
anos anteriores foi no posto de Tondela que se verificou o maior número de capturas.
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Datas das observações
Capturas de traça-da-uva em 2011
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F. Arouce
Várzea
Figura 8 - Curva de voo de Lobesia botrana
Cochilis (Eupoecilia ambiguella Hb.)
À semelhança de anos anteriores, manteve-se uma armadilha para esta espécie no
Posto de Observação Biológica de S. Paio. Os adultos de Eupoecilia interceptados
foram em menor quantidade quando comparadas com as capturas de Lobesia
botrana, notando-se, na curva de voo um pico correspondente à primeira geração de
meados de Abril até ao final do mês (), seguindo-se novo pico de 21 de Junho a 5
Julho e um pico mais forte durante o mês de Agosto, correspondente a uma 3ª
geração.
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Datas das observações
Capturas de Eupoecilia ambigüella no POB de S. Paio
Figura 9 - Curva de voo de Eupoecilia ambiguella
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No dia 21 de Março, em função das primeiras capturas de traça foi dada a indicação
para a colocação dos difusores da confusão sexual, divulgada pela Circular de Aviso
nº 03/10. Note-se que a antecipação destas capturas face ao verificado no ano
transacto foi de praticamente um mês (2010 emitido a 16 de Abril).
Na observação efectuada aos cachos ao longo do ciclo vegetativo não se detectou
estragos correspondentes à 1ª geração (ninhos) tendo-se detectado poucos sinais da
2ª geração (Figura 8), sempre com valores muito abaixo do NEA e em apenas 2 dos
POB (Foz de Arouce e Tondela)
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-Ago
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Tondela Foz de Arouce S. Paio Viseu
nú
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ob
serv
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Observações da presença de traça da uva em 100 cachos/semana
ovos
larvas
perfurações
Figura 10 - Nº de cachos com estragos da 2ª geração de traça em 100 cachos observados
Quanto à 3ª geração o mês de Agosto, extremamente quente e seco, não favoreceu o
desenvolvimento de posturas, tendo-se detectado três ovos no início de Agosto,
apenas no POB de Tondela.
3.1.9. Cigarrinha Verde (Empoasca vitis Gothe)
O voo da cigarrinha verde foi acompanhado com o auxílio de placas cromotrópicas
amarelas instaladas em todos os postos. Registou-se um aumento de capturas com
dois picos diferenciáveis, um de 10 a 24 de Junho, correspondendo a uma primeira
geração e outro de 22 de Julho a 19 de Agosto correspondendo a uma segunda
geração ().
21
Figura 11 - Curva de voo da cigarrinha verde
De acordo com o protocolo, foram realizadas observações semanais em 100 folhas de
videira da casta Tinta Roriz nos vários POB. Como se depreende da , não foi atingido
o nível económico de ataque em qualquer um dos POB acompanhados, pelo que não
se justificou nenhuma recomendação para tratar contra esta praga. O pico de ninfas
observadas deu-se no período imediatamente anterior à 2ª geração.
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Datas das observações
Observações de cigarrinha em 100 folhas
Tondela
Foz de Arouce
S. Paio
Viseu
Várzea
Figura 12 - Contagem semanal de ninfas de cigarrinha verde em 100 folhas nos Postos de Observação Biológicos
22
3.1.10. Cicadelídeo vector do fitoplasma da flavescência dourada (FD)
(Scaphoideus titanus Ball)
A monitorização de Scaphoideus titanus foi efectuada em toda a região com recurso a
armadilhas cromotrópicas, distribuídas pelas freguesias onde havia sido detectado em
anos anteriores e nas freguesias que com essas confinassem. Simultaneamente em
locais onde se confirmara a presença de S. titanus nos dois anos anteriores recorreu-
se à técnica das pancadas para detecção precoce de ninfas do insecto.
A primeira referência a S. titanus surgiu na Circular de Aviso nº 01/11 emitida a 26 de
Janeiro, recomendando a todos os viticultores com vinhas nas freguesias onde o
insecto tinha sido detectado a queima de madeira de poda com dois anos como
medida profilática para eliminação de posturas eventualmente presentes.
A circular nº 10/11 de 15 de Junho, face à detecção pela técnica das pancadas de
ninfas do insecto recomendava o tratamento a todos os viticultores nas freguesias de
Silgueiros do concelho de Viseu, Alcafache do concelho de Mangualde, Moreira,
Santar e Carvalhal Redondo pertencentes ao concelho de Nelas e das freguesias de
Várzea, Baiões e Serrazes pertencentes ao concelho de S. Pedro do Sul por nelas ter
sido detectado o referido vector, pese a FD apenas ter sido detectada na freguesia de
Várzea, em 2009. Juntamente com esta circular foi enviada a lista de substâncias
activas homologadas para combate a S. titanus.
A Circular de Aviso nº 12/11, a 20 de Julho, voltava a fazer referência a este
cicadelídeo indicando a necessidade de efectuar de imediato um tratamento, devido à
captura de adultos em algumas das vinhas acompanhadas.
23
Quadro 4 - Recomendações referentes a vinha emitidas com as Circulares de Aviso no ano de
2011
Nº 1
26 de
Janeiro
Nº 2
2 de Março
Nº 3
21 de Março
Nº 4
4 de Abril
Nº5
13 de Abril
Nº 6
26 de Abril
Nº 7
09 de Maio
Nº 8
19 de Maio
Nº 9
30 de Maio
Nº 10
15 de Junho
Nº 11
29 de Junho
Nº 12
20 de Julho
Nº 13
2 de Agosto
Nº 14
29 de Agosto
Nº 15
28 de
Setembro
Nº 16
17 de
setembro
Circulares
emitidasMíldio Oídio
Podridão
CinzentaEscoriose
Traça da
Uva
Cigarrinha
verde
Doenças
do lenho-
esca
Scaphoideus
titanus
Podridão
Negra
24
3.2. MACIEIRA
3.2.1. Estados fenológicos
Estados
Fenológicos
Lobão da Beira Várzea S. Paio Viseu Foz de Arouce
Gold. Stark. Gold. Stark. Gold. Stark. Gold. Stark. Gold. Stark.
9/3 4/3 9/3 4/3 3/3 3/3 9/3 4/3 4/3 1/3
14/3 9/3 15/3 9/3 14/3 9/3 15/3 9/3 14/3 9/3
21/3 14/3 22/3 15/3 22/3 14/3 22/3 15/3 21/3 14/3
28/3 21/3 30/3 22/3 31/3 22/3 30/3 22/3 28/3 21/3
4/4 30/3 4/4 30/3 7/4 31/3 4/4 30/3 4/4 30/3
4/4 4/4 5/4 2/4 09/4 7/4 5/4 2/4 12/4 4/4
12/4 9/4 12/4 5/4 12/4 10/4 12/4 5/4 15/4 12/4
12/4 12/4 12/4 12/4 21/4 12/4 12/4 12/4 18/4 15/4
18/4 18/4 18/4 18/4 28/4 18/4 18/4 18/4 20/4 18/4
27/4 27/4 27/4 27/4 2/5 21/4 27/4 27/4 25/4 20/4
2/5 2/5 2/5 2/5 12/5 12/5 2/5 2/5 27/4 27/4
25
3.2.2. Pedrado (Venturia ineaqualis Cke.)
De forma a monitorizar a projecção dos ascósporos foram colocadas folhas de
macieira provenientes de pomares atacados por pedrado e colocadas em condições
de campo. A partir de Março e antes da ocorrência de precipitação foram colocadas 2
lâminas com vaselina, com objectivo de contabilizar os ascósporos projectados.
Também foram observadas semanalmente ao microcópio as peritecas provenientes de
cada POB com a finalidade de acompanhar a sua maturação. As primeiras peritecas
maduras, com alguns ascos e ascósporos formados no seu interior, foram observadas
no dia 1 de Março nos POB´s da Várzea e Tondela. Posteriormente, a 16 de Março,
registou-se a sua maturação nos POB´s de Viseu e Foz de Arouce. Esta situação
aliada à precipitação prevista para o dia 23 de Março e ao facto de algumas cultivares
se encontrarem no estado fenológico sensível C3-D, conduziu à emissão da 1ª circular
(Aviso nº 3) para a doença no dia 21 de Março. O número de projecções foi reduzido
(7) atendendo que se registaram temperaturas de 10.5ºC. Juntamente com o aviso
seguiu a lista de produtos homologados para o pedrado da macieira e pereira.
Figura 13 – Ilustração da estratégia adoptada em Março
As manchas resultantes destas infecções surgiram a 9 de Abril. Considerando que
alguns produtores não realizaram o primeiro tratamento e que ocorreu precipitação,
em alguns locais da região, no dia 2 de Abril foi emitida uma nova circular (Aviso nº 4)
a 4 de Abril, recomendando o posicionamento de tratamento preventivo ao
aparecimento das manchas.
Figura 14 – Ilustração da estratégia adoptada no início de Abril
26
Após essa data e nas semanas seguintes verificou-se a ausência de precipitação pelo
que não houve necessidade de renovar tratamento até ao dia 13 de Abril. Nesta data
foi emitido o 3º aviso pois estava prevista a ocorrência de precipitação e as peritecas
tinham atingido a maturação em todos os POB´s.
Figura 15 – Evolução da maturação das peritecas nos POB´s
Considerando que as chuvas previstas seriam intensas foi feito o alerta relativamente
ao perigo de lavagem do produto e à necessidade de repetir tratamento. A situação
veio a verificar-se e de 18 a 22 de Abril ocorreram infecções médias a graves,
segundo a tabela de Mills e Laplace. Nessa semana estiveram reunidas diversas
condições que potenciaram a gravidade das infecções, nomeadamente:
Elevada quantidade de peritecas maduras, com ascos e ascósporos bem
formados;
90% dos ascósporos maduros libertados nas primeiras 6 horas de um período
chuvoso;
Semana com 95% das horas com folha molhada e um total de projecções de
335 ascósporos
27
A figura seguinte demonstra o número de projecções registadas nos períodos de
precipitação. A precipitação do mês de Março causou um reduzido número de
projecções. O número de projecções aumentou significativamente durante os meses
de Abril e Maio. À semelhança do observado em anos anteriores o número de
projecções diminuiu de intensidade no mês de Junho.
Figura 16 – Precipitação e projecções
Atendendo à gravidade da situação foi emitido no dia 21 de Abril um SMS a preconizar
um tratamento imediato com um produto de acção curativa. Apenas alguns
fruticultores realizaram tratamento no dia 23 de Abril (sábado).
Figura 17 – Ilustração da estratégia adoptada a meados de Abril
O Aviso nº 6, emitido a 26 de Abril, alertava para a previsão de ocorrência de
precipitação para dia 29 de Abril e foi aconselhado um produto de acção sistémica
visto que se previa chuva moderada e o aparecimento das manchas resultantes das
infecções anteriores.
28
Figura 18 – Ilustração da estratégia adoptada em finais de Abril
No período de 2 a 6 de Maio verificou-se o aparecimento intensivo de manchas aliado
a orvalhos fortes e precipitação. Foi emitido um novo aviso no dia 9 de Maio pois a
previsão era de tempo instável (Aviso nº 7).
Figura 19 – Ilustração da estratégia adoptada no inicio de Maio
A 19 de Maio foi difundido um novo aviso pois as chuvas ocorridas tinham provocado a
lavagem de produto. No mesmo dia foi emitido um SMS a todos os fruticultores a
aconselhar renovação imediata.
Figura 20 – Ilustração da estratégia adoptada a meados de Maio
Situação idêntica ocorreu na semana seguinte tendo sido emitido o Aviso nº 9 no dia
30 de Maio.
Figura 21 – Ilustração da estratégia adoptada em finais de Maio
29
O mês de Maio revelou ser atípico o que potenciou as infecções de pedrado. Muitos
pomares da região foram severamente atacados pela doença que encontrou durante
este mês condições excepcionais para o seu desenvolvimento:
Presença de ascósporos e conídeos - Contaminações primárias e secundárias
Temperatura média mensal – 18 ºC
Lavagens sucessivas de produtos
Orvalhos matinais
Chuvas localizadas
Períodos de humectação - 41 % de horas mensais com folha molhada
Germinação sucessiva (até 3 vezes) dos ascósporos
Durante o mês de Junho a circular do dia 15 (Aviso nº 11/11) referia a necessidade de
renovar tratamento, pois as condições meteorológicas (neblinas e nevoeiros) eram
extremamente favoráveis à doença, em especial nos pomares com manchas. Também
nos dias 29 de Junho (Aviso nº 12/11) e 2 de Agosto (Aviso 13/11), foi aconselhado
novo tratamento nos pomares com manchas, pois ocorreu precipitação em alguns
locais da região. Após essa data as condições meteorológicas não foram favoráveis ao
desenvolvimento da doença não havendo necessidade de recomendar tratamento.
No dia 29 de Setembro foi enviado a última circular (Aviso nº 15/11) que continha
informações sobre a aplicação de ureia.
3.2.3. Bichado (Cydia pomonella L.)
Os primeiros adultos de bichado da fruta foram interceptados a 7 de Abril no POB de
S. Paio. Na semana seguinte foram interceptados adultos em todos os POB´s. No dia
13 de Abril a Circular nº 5/2011 recomendava a instalação dos difusores da confusão
sexual.
A emergência dos adultos em insectário ocorreu a 12 de Abril. No dia 14 de Abril foi
colocado o primeiro casal na manga de postura e os primeiros ovos foram observados
a 17 de Abril.
30
Figura 22 – Inicio das emergências e primeiras posturas
O gráfico seguinte ilustra o número de emergências registadas no insectário.
Figura 23 – Evolução das emergências em insectário
Na Circular nº 06/2011, de 26 de Abril, foi recomendado a aplicação de produtos com
acção ovicida-larvicida. O posicionamento dos produtos com acção ovicida já não era
oportuno pois verificou-se um desenvolvimento repentino da praga. O
acompanhamento diário das posturas permitiu determinar as datas precisas do estado
“cabeça negra” observado a 2 de Maio e das primeiras perfurações a 4 de Maio.
Estas observações conduziram à emissão da Circular nº 07/11 a 9 de Maio onde se
aconselhou a aplicação de produtos com acção larvicida. No dia 30 de Maio e após
observação de frutos com perfurações recomendou-se na Circular nº 09/2011 a
renovação de tratamento.
31
Figura 24 – Evolução das posturas (Fotos: Vanda Batista)
Figura 25 – Posturas no estado “cabeça negra” e primeiras perfurações (Fotos: Vanda Batista)
No dia 29 de Junho, após terminar a eclosão de adultos no insectário e registar-se o
inicio do voo dos adultos da 2ª geração, foi difundida a Circular nº 11/2011 a
recomendar tratamento. A renovação do tratamento foi mencionada na Circular nº
12/2011, enviada a 20 de Julho. O voo dos adultos manteve-se intenso durante a 2ª
quinzena de Julho e, antevendo ataques nas variedades mais tardias, foi mencionado
na Circular nº 13/2011 de 2 de Agosto a necessidade de realizar uma observação a
200 frutos e renovação caso se observasse 1 a 2 frutos com perfurações.
No dia 19 de Agosto foram observados frutos com perfurações recentes no POB de S.
Pedro do Sul, facto que justificou este aviso.
Analisando a curva do voo observa-se um voo intenso da 1ª geração no POB de S.
Paio, tendo-se atingido o pico de voo a 19 de Abril com 46 adultos. Na semana
seguinte o máximo de capturas foi registado no POB de S. Pedro do Sul com 13. A 2ª
geração foi mais proeminente no POB de Tondela, com um máximo de 36 adultos no
dia 28 de Julho.
32
Figura 26 – Curva de voo de bichado da fruta
3.2.4. Lagartas mineiras (Phyllonorycter blancardella F. e Leucoptera
malifoliella Costa)
A Estação de Avisos do Dão acompanha duas espécies de lagartas mineiras, a
mineira pontuada (Phyllonorycter blancardella) e mineira circular (Leucoptera
malifoliella). Estas não são consideradas pragas-chave visto os estragos que causam
serem muito reduzidos. No presente ano apenas foram colocadas armadilhas sexuais
no POB de S. Pedro do Sul.
À semelhança de anos anteriores o voo da lagarta mineira pontuada teve inicio mais
cedo e foi mais intenso ao longo da campanha. Conforme se pode observar na figura o
voo da lagarta mineira pontuada, é intenso com capturas semanais muito elevadas.
Apesar da população de adultos ser intensa os estragos provocados por esta espécie
não foram representativos.
Relativamente à lagarta mineira circular os primeiros adultos surgiram no dia 13 de
Abril. O número de capturas foi menor e tendo-se registado 3 picos nos dias 29 de
Junho, 10 de Agosto e 25 de Setembro.
33
Figura 27 – Curva de voo da lagarta mineira pontuada e lagarta mineira circular
3.2.5. Cochonilha de S. José (Quadraspidiotus perniciosus Comstock)
Em meados do mês de Março foram instaladas as armadilhas cromotrópicas brancas
com feromona sexual nos postos de Viseu, Tondela, Foz de Arouce e S. Pedro do Sul.
Os primeiros adultos foram interceptados no dia 28 de Março no POB de Foz de
Arouce. À semelhança de anos anteriores foi neste posto de observação onde se
verificou um maior número de capturas. Em todos os POB´s monitorizados observou-
se um aumento do número de adultos em Setembro e Agosto, facto que coincidiu com
as elevadas temperaturas registadas naquela altura.
Figura 28 – Curva de voo dos machos da cochonilha de S. José
34
Recorrendo à utilização de cintas adesivas bi-facetadas constatou-se que o
aparecimento das ninfas ocorreu no dia 18 de Abril no POB da Foz de Arouce. Nos
restantes postos a intercepção das ninfas foi muito heterogénea. No POB de Viseu
apenas se interceptou ninfas esporadicamente, nos meses de Maio e Agosto, sendo o
seu número muito reduzido. No POB de S. Pedro do Sul as primeiras cintas apenas
foram coladas em finais de Maio, pois foi necessário encetar uma prospecção de um
novo local o que não se revelou fácil. Contudo o número de ninfas interceptado
também não foi relevante, tendo sido registada a presença de ninfas em finais de
Junho e inícios de Julho e, posteriormente, na primeira quinzena de Setembro.
Na Figura 28 encontra-se o gráfico que representa o número de ninfas interceptadas
no POB da Foz de Arouce.
Figura 29 – Curva de eclosão das ninfas de cochonilha de S. José
O número de dias que intercalou o aparecimento de adultos e ninfas foi menor ao
verificado em anos anteriores. Este facto pode estar relacionado com as condições
meteorológicas ocorridas que favoreceram o desenvolvimento da praga.
Quadro 4 – Datas relativas ao aparecimento das ninfas
POB Adultos Ninfas Dias
Viseu 13 de Abril 11 de Maio 29
Tondela 4 de Maio - -
Foz de Arouce 29 de Março 18 de Abril 21
S. Pedro do Sul 7 de Abril - -
35
Estes dados foram essenciais para emissão das circulares de aviso. O primeiro aviso
foi emitido a 2 de Março e visava a aplicação de óleo de Verão a 4% para controlo das
formas hibernantes. Nesta altura foi feita referência à utilização da substância activa
piriproxifena, pois foi concedida autorização para a sua utilização até 3 de Junho.
No dia 9 de Maio foi emitido aviso a aconselhar tratamento para as formas móveis.
Esta decisão teve como fundamento dois factores: o somatório de temperaturas para o
aparecimento das ninfas e a sua intercepção nas cintas da POB de Foz de Arouce. As
ninfas da 2ª geração surgiram em finais de Junho razão pela qual foi emitida a circular
nº 11/2011 no dia 29 de Junho (o tiro foi ao lado). O pico das eclosões registou-se a 2
de Agosto no POB da Foz de Arouce.
No quadro seguinte estão relacionadas as datas e o somatório de temperaturas
registadas para o aparecimento dos adultos da geração hibernante, ninfas da 1ª e 2ª
gerações. Apenas estão em análise os POB´s de Viseu e Foz de Arouce pois nos
restantes não houve capturas que permitissem estabelecer relação.
Quadro 5 – Somatório de temperaturas para adultos e ninfas da 1ª e 2ª geração
POB Adultos Somatório
Temp. Ninfas
1ª Geração Somatório
Temp. Ninfas
2ª Geração Somatório
Temp.
Viseu 13 de
Abril 524.85 11 de Maio 746.15 - -
Foz de
Arouce
29 de
Março 304.60 18 de Abril 507.90
27 de
Junho 1310.90
3.2.6. Aranhiço vermelho (Panonychus ulmi Koch)
Para determinar o início das primeiras eclosões dos ovos de Inverno colocaram-se,
nos diferentes postos biológicos, duas tábuas de eclosão, com dois fragmentos de
ramo de macieira. Cada fragmento continha ovos de Inverno de aranhiço vermelho e,
para impedir a fuga das larvas, foi colocada vaselina no perímetro da tábua.
O inicio da eclosão verificou-se a 2 de Março em todos os POB´s, com excepção de S.
Paio. Esta situação conduziu à emissão da circular nº 02/2011 a 2 de Março com a
recomendação da aplicação de óleo de Verão a 4% a alto volume e alta pressão de
forma a molhar bem as árvores, o mais próximo possível da rebentação (Inchamento
do gomo).
36
O gráfico seguinte ilustra a evolução da eclosão das larvas. O pico da eclosão foi
registado no dia 6 de Abril em todos os POB´s com excepção de S. Paio que se
verificou a 13 de Abril. Tendo em conta este facto foi recomendado tratamento na
circular nº 05/2011, enviada a 13 de Abril.
Figura 30 – Curva de eclosão de aranhiço vermelho
Foram emitidos mais 2 avisos para o controlo da praga (15 de Junho e 28 de
Setembro). No primeiro recomendava-se a observação de 100 folhas e a realização de
tratamento caso se observassem 50 a 75% folhas ocupadas. Condições atípicas no
decorrer de Setembro potenciaram o desenvolvimento da praga. Atendendo ao
elevado grau de ataque observado nalguns pomares da região recomendou-se, a 28
de Setembro, um tratamento pós-colheita.
3.2.7. Piolhos Verde (Aphis pomi P.), Cinzento (Dysaphis plantaginea F.) e
Pulgão lanígero (Eriosoma lanigerum)
O primeiro tratamento para formas hibernantes destas pragas foi emitido a 2 de Março.
O tratamento deveria ser posicionado, o mais próximo possível da rebentação
(Inchamento do gomo), com óleo de Verão a 4%, a alto volume e alta pressão, de
forma a molhar bem as árvores. No dia 13 de Abril foi emitido um aviso para ambas as
pragas recomendando a observação de 100 rebentos e a realização de tratamento
caso fosse observado 10 a 15% ou 2 a 5% de rebentos infestados para o piolho verde
e cinzento, respectivamente.
37
Relativamente ao pulgão-lanígero observou-se um aumento da população da praga
em alguns pomares da região. Atendendo que as práticas culturais são determinantes
para o seu controlo foi veiculada no Aviso nº 1 práticas que visavam a limpeza dos
tumores provocados pela praga.
3.2.8. Mosca da fruta (Ceratitis capitata Wied.)
Para monitorizar o voo da mosca da fruta foi utilizada a garrafa mosqueira com
trimedlure e fosfato Di-amónio a 5%, colocadas nos POB´s na primeira semana de
Julho. No dia 21 de Julho foi capturado 1 adulto no POB de S. Pedro do Sul e no dia
27 de Julho surgiram os primeiros adultos nos POB´s de Viseu e Foz de Arouce.
No dia 2 de Agosto foi emitida a primeira circular a recomendar tratamento para a
praga (Circular nº 13/2011), realçando a importância de posicionar o tratamento
considerando a maturação das cultivares. Atendendo à intensificação do voo nos finais
do mês de Agosto foi emitida nova circular a 29 desse mês, visando apenas a
protecção das cultivares mais tardias. Esta recomendação assumiu especial
importância visto, durante o mês de Setembro, se ter observado uma intensificação da
praga e muitas cultivares ainda se encontravam em fase final de maturação.
Figura 31 – Curva de voo de mosca da fruta
38
Fazendo a análise do climatograma do mês de Julho verificamos que na maioria dos
dias as condições não foram favoráveis ao desenvolvimento da praga, situando-se na
zona não favorável.
Figura 32 – Climatograma do mês de Julho
No mês de Agosto a situação altera-se um pouco e alguns a distribuição dos dias
manteve-se na zona não favorável e favorável, verificando-se a existência de dias
óptimos para a praga.
Figura 33 – Climatograma do mês de Agosto
39
No mês de Setembro também se registaram condições não favoráveis mas na maioria
dos dias muito próximo das condições favoráveis. Também se registaram dias com
condições óptimas para o desenvolvimento da praga.
Figura 34 – Climatograma do mês de Setembro
No mês seguinte os dias não favoráveis também se localizaram muito próximo da
zona favorável.
Figura 35 – Climatograma do mês de Outubro
40
A evolução da praga foi acompanhada nos pomares da Estação Agrária de Viseu com
instalação de garrafas mosqueiras nas parcelas F4, F3 e F2.
Os primeiros adultos foram interceptados no dia 25 de Agosto com a presença de 1
mancho na armadilha instalada na F2. No dia 6 de Setembro foram observados 4
adultos na armadilha instalada na F3 e nas restantes não foi observado nenhum
adulto. Nas semanas seguintes observou-se uma intensificação no número de
capturas, sendo interceptados 26 adultos na F2, 2 adultos na F4 e 17 adultos na F3.
Nesta altura as variedades comerciais já tinham sido colhidas sendo visíveis picadas
nos frutos que ainda ficaram nas árvores. No mês de Outubro registou-se um forte
aumento da população. No dia 12 foram observados 133 adultos na F4, 42 na F3 e
apenas 3 na F2.
Também se procedeu à implementação do método da captura em massa no pomar
em Modo de Produção Biológica, utilizando garrafas de plástico com solução do
produto Bioprotex que contém uma proteína hidrolisada concentrada. Foram
instaladas a 1 de Agosto 68 garrafas na parcela com uma solução de 300 ml, com 200
ml de água e 100 ml de Bioprotex. Na renovação, realizada a 6 de Setembro, a
proporção utilizada foi de 250 ml de água e 50 ml de Bioprotex.
As primeiras picadas foram detectadas na variedade Pêro Pipo a 26 de Setembro. À
semelhança de anos anteriores esta variedade revelou ser a mais sensível ao ataque
da praga, precisamente onde se verificou um maior número de capturas nas garrafas
(Figura 36).
No mês de Dezembro as garrafas foram retiradas do pomar e contabilizado o número
de machos e fêmeas presentes em cada. Esta avaliação permitiu observar que o
número de fêmeas é largamente superior ao dos machos, tendo sido contabilizados
398 machos e 1864 fêmeas. Também foi possível identificar os locais onde a
incidência da praga foi maior o que está directamente relacionado com
susceptibilidade das variedades, nomeadamente, 505 TF, Malápios e Pêro Pipo.
41
Figura 36 – Machos e fêmeas interceptados nas garrafas
3.2.9. Sésia (Synanthedon myopaeformis)
No pomar da Estação Agrária de Viseu foi colocada uma armadilha para monitorizar o
voo dos adultos de sésia. O pico do voo registou-se no dia 26 de Maio, com 17
capturas, registando-se um decréscimo na semana seguinte seguido de um aumento a
8 de Junho, com 16 capturas.
Figura 37 – Curva de voo da sésia
42
Circulares emitidas Pedrado Cancro Bichado Cochonilha
de São José
Piolhos
Verde e
Cinzento
Aranhiço
vermelho
Mosca da
fruta
Nº 1
26 de Janeiro
Nº 2
2 de Março
Nº 3
21 de Março
Nº4
4 de Abril
Nº 5
13 de Abril
Nº 6
26 de Abril
Nº 7
9 de Maio
Nº 8
19 de Maio
Nº 9
30 de Maio
Nº 10
15 de Junho
Nº 11
29 de Junho
Nº 12
20 de Julho
Nº 13
2 de Agosto
Nº 14
29 de Agosto
Nº 15
28 de Setembro
Total de Recomendações
11 2 6 4 3 4 3
43
3.3. OLIVAL
3.3.1. Estados fenológicos
Estados
Fenológicos
Lobão da
Beira S. Paio Viseu Várzea
Foz de
Arouce Penalva
A
20/2 20/2 20/2 20/2 20/2 20/2
A/B 2/3 a 21/3 10/3 15/3 9/3 2/3 3/3
B 28/3 a 4/4 31/3 a 7/4 30/3 a 8/4 30/3
22/3 a
28/3 24/3 a 7/4
C 11/4 14/4 16/4 18/4 4/4 14/4
D 18/4 a
27/4 21/4 27/4 27/4 27/4
14/4 a
27/4
D/E 2/5 a 11/5 12/5 11/5 10/5 2/5 12/5
E 13/5 14/5 15/5 14/5 7/5 14/5
F 16/5 16/8 19/5 17/5 11/5 18/5
F1 20/5 19/5 22/5 22/5 21/5 24/5
G 25/5 26/5 31/5 31/5 27/6 30/5
H 13/7 22/6 5/7 5/7 13/7 22/6
I 15/9 15/9 15/9 15/9 8/9 15/9
J 1/11 1/11 1/11 1/11 20/10 1/11
44
3.3.2. Traça da oliveira (Prays olea Bernard)
Esta praga teve três gerações anuais distintas conforme figura seguinte.
Figura 38 – Curva de voo dos adultos de traça da oliveira
Nos postos de observação biológica de Penalva do Castelo e S. Paio foram realizadas
observações semanais para as diferentes gerações da traça da oliveira. Para a 1ª
geração, ou geração filófaga, observaram-se 100 rebentos, 2 por árvore em 50
árvores. Foi registado o nº de galerias, rebentos roídos e larvas vivas.
Em ambos os POB´s observaram-se as primeiras galerias no dia 3 de Março. Foi
contabilizado um maior nº de galerias no olival de Penalva do Castelo.
O NEA referenciado para esta geração é de 10% de rebentos roídos. Este valor foi
alcançado, no POB de Penalva do Castelo, a 31 de Março com 14 rebentos roídos. No
dia 22 de Abril atingiu-se um valor máximo de 16 rebentos roídos. No POB de S. Paio
o número de rebentos roídos ficou aquém do Nível Económico de Ataque (Figuras 39
e 40).
Esta geração não provocou estragos significativos pelo que não foi necessário
efectuar recomendação para tratamento de árvores jovens.
45
Figura 39 – Evolução da geração filófaga no posto de Penalva do Castelo
Figura 40 – Evolução da geração filófaga no posto de S. Paio
Também não foram observados estragos da geração antófaga. A intensa precipitação
ocorrida durante o mês de Maio e Junho poderá ter contribuído para a minimização
dos estragos. No POB de Penalva do Castelo observaram-se 4 ninhos a 22 de Junho
e em S. Paio 5 ninhos na mesma data e 3 ninhos na semana seguinte (Figuras 41 e
42).
46
Figura 41 – Evolução da geração antófaga no posto de Penalva do Castelo
Figura 42 – Evolução da geração antófaga no posto de S. Paio
As primeiras posturas (12) foram observadas no dia 8 de Junho na variedade Galega
do olival da Estação Agrária de Viseu. No dia seguinte observaram-se 11 posturas no
POB de Penalva do Castelo e 7 no POB de S. Paio. Estas observações sustentaram o
tratamento aconselhado na Circular nº 10/11.
Nas observações seguintes registou-se uma redução do número de posturas como se
observa na Figura 43.
47
Figura 43 – Evolução do número de posturas
No dia 15 de Setembro foi observado o primeiro fruto com orifício de saída no POB de
Penalva do Castelo e no dia 22 de Setembro em S. Paio. A 15 de Outubro foram
observadas 3 azeitonas com orifícios de saída no POB de Penalva do Castelo.
No olival varietal da Estação Agrária de Viseu só foi possível fazer observações da
geração filófaga em algumas variedades, nomeadamente na Verdeal, Arbequina,
Picual, Cobrançosa e Galega, pois nas restantes os sintomas de carência e as
desfoliações intensas não permitiram fazer observações. Numa fase posterior apenas
foi possível avaliar as variedades Galega e Cobrançosa, pois nas restantes a taxa de
vingamento foi praticamente nula. O olival em questão foi alvo de diversas
intervenções, nomeadamente podas severas, que contribuíram para o desequilíbrio
vegetativo, que se traduziu num fraco vingamento.
Deste modo foi possível observar um maior número de galerias nas variedades
Arbequina, Cobrançosa e Galega. Nas restantes foram visíveis alguns estragos mas
menos relevantes. De uma forma transversal a todas as variedades foi observado um
número reduzido de larvas vivas e de rebentos roídos.
Na geração antófaga não foram observados estragos. As primeiras posturas (6) foram
observadas a dia 8 de Junho na variedade Galega.
48
Figura 44 – Evolução da praga no olival varietal da Estação Agrária de Viseu
3.3.3. Mosca da azeitona (Dacus olea Gmelin)
Foi realizada, em todos os postos biológicos, a contagem semanal do nº de moscas
capturadas na placa cromotrópica amarela com feromona. A captura de adultos teve
início na primeira semana Julho nos postos de Viseu, S. Paio e Penalva do Castelo.
Figura 45 – Curva de voo dos adultos
49
Relativamente aos estragos foram visíveis as primeiras picadas no dia 14 de Julho
com 3 azeitonas picadas sem nada em S. Paio e 4 azeitonas picadas em Penalva do
Castelo com 3 ovos e 1 picada sem nada.
A partir desta data registou-se, semanalmente, a evolução da praga que foi causando
alguns estragos mas sempre abaixo do NEA. No final do mês de Agosto os estragos
passaram a prejuízos tendo sido registado um número de frutos com larva viva dentro
dos limites estabelecidos para a praga, 8 a 12% dos frutos com larva viva. No POB de
Penalva do Castelo foram encontrados 9 frutos com larva viva e 7 ovos. No POB de S.
Paio o número de larvas vivas foi inferior ao NEA (4) mas o número de posturas
observado (6) fazia prever um desenvolvimento da praga ao ponto de causar
prejuízos. Em Viseu também se registou um nº de larvas vivas dentro do NEA, com 10
larvas vivas na variedade Galega.
Estas observações conduziram à emissão do primeiro aviso para a praga no dia 29 de
Agosto. Neste aviso foi incluída a lista de produtos e substâncias activas homologadas
para o controlo da praga e uma chamada de atenção relativamente aos cuidados a ter
no caso da cultura se encontrar consociada com outras culturas, como a vinha.
Este aviso veio a revelar-se fundamental pois a praga evoluiu de forma abrupta o que
se traduziu num ataque severo. No dia 7 de Setembro foram registadas 21 larvas vivas
e 18 ovos em Penalva do Castelo, 32 larvas vivas e 3 ovos em S. Paio e 12 larvas
vivas em Viseu. De realçar que o olival de Viseu foi alvo de tratamento o que explica o
número reduzido de larvas vivas comparativamente com os restantes postos.
Ao longo do mês de Setembro a pressão da praga foi intensa o que se reflectiu numa
intensidade de estragos muito severa, essencialmente nos olivais não tratados. Os
proprietários dos POB´s de Viseu e Penalva do Castelo realizaram os tratamentos
preconizados sendo obtido em ambos os casos uma percentagem de ataque abaixo
do NEA. Contudo no POB de S. Paio os tratamentos não foram realizados e os
estragos foram elevados.
No dia 28 de Setembro foi emitida nova recomendação que se revelou oportuna pois a
4 de Outubro foram contabilizadas 19 larvas vivas em S. Paio. No dia 17 de Outubro
foi renovada a recomendação pois os valores continuavam acima do NEA.
Constatou-se que muitos olivicultores não realizaram o primeiro tratamento
recomendado a 28 de Agosto devido ao período de colheita e vindimas. Essa situação
agravou o ataque de mosca da azeitona que encontrou no mês de Setembro e
Outubro condições propícias ao seu desenvolvimento.
50
Figura 46 – Evolução da mosca da azeitona nos POB de Penalva do Castelo e S. Paio
Figura 47 – Evolução da mosca da azeitona nos POB de Penalva do Castelo e S. Paio
51
O gráfico seguinte ilustra as condições que inibem a actividade da praga verificadas
durante o mês de Julho e Agosto. Nos finais de Agosto até Outubro as temperaturas
mantiveram-se em valores superiores ao normal mas que não condicionaram o
desenvolvimento da praga. Este factor associado, em alguns casos, à não realização
de tratamento despoletou o ataque intenso registado na presente campanha.
Figura 48 – Factores limitantes da praga
Na Estação Agrária de Viseu foram observadas as primeiras picadas (2) no dia 18 de
Julho na variedade Galega. Devido à sua susceptibilidade esta registou um ataque
superior à Cobrançosa. A Figura 49 elucida sobre a evolução da praga em ambas as
variedades, sendo visível um maior número de ovos na Galega bem como a
antecipação no aparecimento de frutos com larva viva. A susceptibilidade varietal é
notada no número de picadas sem nada com especial relevância no dia 12 de
Outubro.
52
Figura 49 – Evolução do ataque de mosca da azeitona na EAViseu
3.3.4. Euzophera pinguins Haw.
Esta praga não tem grande expressão na região sendo acompanhada somente no
olival varietal da Estação Agrária de Viseu. Os primeiros adultos surgiram no dia 4 de
Maio. O gráfico seguinte ilustra o voo dos adultos que teve o seu pico a 24 de Junho
com a intercepção de 11 adultos. A partir desta data houve um decréscimo no número
de capturas, registando-se um novo pico a 15 de Agosto com 6 adultos.
Figura 50 – Curva de voo da Euzophera pinguins Haw.
53
3.3.5. Olho Pavão (Spilocea oleagina Cast.) e Gafa (Colletotrichum spp.)
No dia 26 de Janeiro, foi emitido um aviso a aconselhar um tratamento para o Olho
Pavão, com um produto à base de cobre. A 2 de Março foi recomendada a protecção
do olival desde o estado fenológico B até ao aparecimento dos botões florais sempre
que ocorressem chuvas.
Relativamente à gafa foi emitido o primeiro aviso a 2 de Agosto pois estavam previstas
chuvas que vieram a ocorrer em períodos espaçados ao longo do mês. Nos dias 1 e 2
de Setembro ocorreram precipitações intensas e antevendo esta situação foi
recomendado no dia 29 de Agosto a renovação de tratamento. Embora a intensidade
da precipitação fosse significativa (52 mm) as infecções daí resultantes não
provocaram estragos significativos.
Na terceira semana de Setembro foram observados frutos com sintomas de gafa cujas
infecções foram inviabilizadas pelas temperaturas altas registadas naquele período.
No dia 28 de Setembro ocorreu precipitação o que levou a emissão de nova
recomendação. A 17 de Outubro foi emitido o aviso nº 16/11 a recomendar a
realização de tratamento derivado do facto de estar prevista a ocorrência de
precipitação a partir do dia 23. Esta situação confirmou-se e nos dias compreendidos
de 22 a 27 de Outubro foram registados 74,5 mm de chuva acumulada.
As infecções provocadas por estas chuvas acabaram por não ser visíveis pois o
período de colheitas foi antecipado.
54
Circulares emitidas Olho
Pavão Gafa
Traça da
Oliveira
Mosca da
Azeitona
Nº 1
26 de Janeiro
Nº 2
2 de Março
Nº 3
21 de Março
Nº4
4 de Abril
Nº 5
16 de Abril
Nº 6
26 de Abril
Nº 7
9 de Maio
Nº 8
19 de Maio
Nº 9
30 de Maio
Nº 10
15 de Junho
Nº 11
29 de Junho
Nº 12
20 de Julho
Nº 13
2 de Agosto
Nº 14
29 de Agosto
Nº 15
28 de Setembro
Nº 16
17 de Outubro
Total de Recomendações 2 4 1 3
55
3.4. Outras culturas
3.4.1. Pessegueiro
Lepra (Taphrina deformans)
A informação para a realização de tratamentos contra a lepra do pessegueiro foi
enviada no dia 26 de Janeiro aconselhou-se um tratamento, após a poda e próximo do
abrolhamento, com um produto à base de cobre. No dia 2 de Março foi emitida uma
nova circular a recomendar a renovação de tratamento para a lepra. Nesta altura a
cultura já se encontrava no inicio da floração, pelo que foi realçada a não utilização de
cobre devido ao risco de fitoxicidade. Paralelamente foi aconselhada a sua renovação
até ao vingamento do fruto sempre que se previsse a ocorrência de precipitação.
Relativamente à mosca da fruta foi aconselhado o posicionamento de um tratamento
de acordo com a maturação das variedades no dia 20 de Julho. Também se alertou
para o intervalo de segurança e a necessidade de respeitar o número de dias que
decorre entre a aplicação e a colheita.
3.4.2. Cerejeira
Mosca da cereja (Rhagoletis cerasi)
No final de Abril foi instalada a armadilha monitorização da mosca da cereja nas
cerejeiras da Estação Agrária de Viseu. No dia 4 de Maio foram interceptados 4
adultos e a 9 de Maio, 16 adultos. No mesmo dia foi emitida a recomendação para a
realizar de tratamento para a praga integrada na Circular nº 07/2011.
Esta recomendação foi oportuna visto o número de capturas ter aumentado nas duas
semanas seguintes com 48 adultos e 27 adultos.
56
Circulares emitidas Lepra do
pessegueiro
Pessegueiros
Mosca da Fruta
Mosca da
cereja
Nº 1
26 de Janeiro
Nº 2
2 de Março
Nº 3
21 de Março
Nº4
4 de Abril
Nº 5
13 de Abril
Nº 6
26 de Abril
Nº 7
9 de Maio
Nº 8
19 de Maio
Nº 9
30 de Maio
Nº 10
15 de Junho
Nº 11
29 de Junho
Nº 12
20 de Julho
Nº 13
2 de Agosto
Nº 14
29 de Agosto
Nº 15
28 de Setembro
Nº 16
17 de Outubro
Total de Recomendações 2 1 1
57
Quadro geral dos avisos e recomendações culturais emitidos por inimigo e
cultura - 2011
Inimigo/
Cultura
Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez N.º TOTAL
VINHA
Míldio 13/4
26/4
9/5
19/5
30/5
15/6
29/6
2/8 8
Escoriose 26/1 21/3 2
Esca 29/6 17/10 2
Botrytis 26/4 19/5 15/6 20/7 4
Oídio 4/4
26/4
19/5 15/6 4
Podridão negra
19/5 17/10 2
S. titanus 26/1 15/6 20/7 3
POMÓIDEAS
Cancro 26/1 28/9 2
Formas hibernantes
2/3 1
Pedrado 21/3 4/4
13/4
26/4
9/5
19/5
30/5
15/6
29/6
2/8 28/9 11
Piolho verde
13/4 30/5 2
Piolho cinzento
13/4 1
Aranhiço vermelho
13/4 15/6 28/9 3
Bichado da fruta
13/4
26/4
9/5
30/5
29/6 20/7 2/8 7
Cochonilha de S. José
9/5 29/6 2
Mosca da fruta
2/8
29/8
28/9 3
58
OLIVAL
Olho Pavão 26/1 2/3 2
Tuberculose 26/1 1
Traça 15/6 1
Gafa 2/8
29/8
28/9 17/10 4
Mosca da azeitona
29/8 28/9 17/10 3
PESSEGUEIRO
Mosca da fruta
20/7 1
Lepra 26/1 2/3 2
CEREJEIRA
Cancro 26/1 1
Mosca 9/5 1
59
PROSPECÇÃO DE SCAPHOIDEUS TITANUS BALL., INSECTO
VECTOR DA FLAVESCÊNCIA DOURADA
1. INTRODUÇÃO
A Flavescência Dourada (FD), é uma doença provocada pelo fitoplasma Grapevine
flavescence dorée MLO, o qual é transmitido de forma epidémica na vinha pelo
cicadelídeo Scaphoideus titanus Ball (ST) durante o seu processo de alimentação.
Embora Scaphoideus titanus Ball. não seja uma das pragas usualmente
acompanhadas pelo Serviço de Avisos, a sua presença na região e os riscos
associados, implicaram uma monitorização constante da situação deste insecto, a par
com a prospecção desenvolvida pelo Controlo Fitossanitário. À semelhança do ano
passado, esta monitorização foi efectuada em toda a região com recurso a armadilhas
cromotrópicas. O cicadelideo da S. titanus Ball. é vector de uma doença designada por
Flavescência Dourada. Esta doença foi detectada, em 2009, no POB da Várzea em S.
Pedro do Sul.
2. REGIÃO DEMARCADA DO DÃO
No corrente ano, a prospecção do insecto vector da Flavescência Dourada, o
cicadelideo Scaphoideus titanus, na região do Dão recaiu sobre 47 locais, distribuídos
por 12 concelhos dos seguintes distritos: 2 concelhos do distrito da Guarda, 9 do
distrito de Viseu e 1 do distrito de Coimbra.
Quadro 1. Concelhos e freguesias alvo de trabalhos de prospecção S. titanus. Dão, 2011.
Distrito Concelho alvo de
prospecção ST
Freguesias alvo de
prospecção FD
Nº de locais de
prospecção
Viseu
Viseu
Ranhados 1
Silgueiros 3
S. João de Lourosa 1
Carregal do Sal Beijós (viveiro) 4
S. Pedro do Sul
Baiões 1
S. Pedro do Sul 1
Serrazes 1
60
A prospecção de 2011 teve início, com carácter semanal, numa propriedade sita no
lugar de Casal Sancho, freguesia de Santar, concelho de Nelas e numa vinha
localizada na freguesia de Baiões, concelho de S. Pedro do Sul. Foram escolhidas
estas parcelas por terem um histórico significativo de presença do insecto nos anos
anteriores. Para a prospecção inicial recorreu-se à observação visual de ninfas em 100
folhas de videira, escolhidas ao acaso.
Várzea 1
Bordonhos 1
S. Cristovão de
Lafões/Sta. Cruz da
Trapa
1
Vouzela
Fataunços 1
Nelas
Nelas 4
Aguieira 1
Santar 1
Vilar Seco 2
Carvalhal Redondo 1
Moreira 1
Canas de Senhorim 1
Senhorim 1
Mangualde
Alcafache 2
Abrunhosa do Mato 2
Lobelhe do Mato 1
Fornos Maceira Dão 1
Moimenta Maceira Dão 1
Cunha Baixa 2
Sátão Abrunhosa 2
Penalva do Castelo Sezures 1
Tondela
Santiago de Besteiros 1
Parada de Gonta 1
Lajeosa do Dão 1
Canas de Santa Maria 1
Coimbra Lousã Foz de Arouce 1
Guarda Gouveia Nabais 1
Seia Paranhos da Beira 1
61
Atendendo à necessidade de determinar a altura oportuna para a colocação das
placas cromotrópicas e para a emissão dos avisos fitossanitários, recorreu-se também
à técnica das pancadas para monitorização da presença do insecto. Esta metodologia,
realizada semanalmente, permitiu identificar os diferentes estados ninfais, cujos
primeiros exemplares foram observados no dia 7 de Junho em Baiões e no dia 24 de
Junho em Casal Sancho (Quadro 2 e 3). A mesma metodologia foi implementada na
vinha de Aldeia de Carvalho, freguesia de Alcafache, concelho de Mangualde, não se
tendo obtidos quaisquer resultados.
A 15 de Junho, face à captura de uma ninfa, foram colocadas duas placas
cromotrópicas para detecção de adultos na propriedade de Casal Sancho, uma na
casta Tinta roriz situada numa zona mais baixa e fresca e outra na casta Tinto cão
situada numa zona mais alta.
Conforme referido, em S. Pedro do Sul, após a execução da técnica das pancadas, a
primeira ninfa foi interceptada no dia 7 de Junho. A observação visual de ninfas de S.
titanus nas 100 folhas revelou-se dificultada pela mobilidade do insecto, sendo apenas
possível contabilizar ninfas de cigarrinha verde. A técnica das pancadas revelou ser a
metodologia mais eficaz para o acompanhamento do vector, sendo possível a
obtenção de diversos exemplares em diferentes estados ninfais (Figura 1).
Quadro 2: Resultados da pesquisa de Scaphoideus titanus Ball por observação semanal de
100 folhas de videira e técnica das pancadas em Casal Sancho, Santar, Nelas.
Observação visual de 100 folhas em Quinta do Abrunhal
Data das observações Ninfas de cicadelídeos Das quais S. titanus
11/05/2011 1 0
16/05/2011 0 0
26/05/2011 5 0
03/06/2011 12 0
08/06/2011 3 0
15/06/2011 4 0
24/06/2011 6 1*
*Ninfa N1/N2 capturada pelo método das pancadas
62
Quadro 3: Resultados da pesquisa de Scaphoideus titanus Ball por observação semanal de
100 folhas de videira e técnica das pancadas em Baiões, S. Pedro do Sul.
Data das observações Ninfas de cicadelídeos Das quais S. titanus
31/05/2011 1 0
07/06/2011 2 1*
13/06/2011 8 5*
28/06/2011 3 7*
05/07/2011 0 15**
*Ninfas capturadas pelo método das pancadas
** Ninfas do último instar
Figura 1 – Diferentes estados ninfais do S. titanus (Fotos: Vanda Batista)
Estes registos conduziram à emissão do 2º aviso para o controlo do insecto a 15 de
Junho. Neste aviso foram referidos os concelhos e freguesias onde já tinha sido
identificado o insecto no ano de 2010 e também as substâncias activas homologadas
de acordo com a Circular 03/DSPFSV/2011, emitida pela DGADR, datada de 11 de
Maio.
Os concelhos e freguesias referidos foram os seguintes:
Concelhos Freguesias
Mangualde Alcafache
Nelas Carvalhal Redondo, Moreira e Santar
S. Pedro do Sul Baiões, Várzea e Serrazes
Viseu Silgueiros
Durante a primeira quinzena do mês Julho, quando foram identificadas as ninfas do
último instar, foram instaladas placas cromotrópicas em todos os pontos de
prospecção, indicados no Quadro 1. A 19 de Julho foram interceptados os primeiros
adultos nas armadilhas cromotrópicas nas freguesias da Várzea e Baiões, e a 20 de
Julho foi emitido o 3º aviso, contendo as informações referidas no anterior.
63
Nos dias 16, 19 e 20 de Setembro procedeu-se à colheita de material vegetal para
análise e identificação da presença do fitoplasma da Flavescência Dourada nas vinhas
e viveiros prospectados (Figura 2). Foram colhidas 25 amostras, as quais foram
devidamente identificadas e remetidas para o INRB - Instituto Nacional de Recursos
Biológicos.
Figura 2 – Distribuição das amostras colhidas em 2011
3. RESULTADOS
No concelho de S. Pedro do Sul as primeiras capturas do cicadelídeo S. titanus Ball.,
foram registadas no dia 19 de Julho, nas freguesias de Baiões e Várzea. Os últimos
adultos foram interceptados na última semana de Agosto. O gráfico seguinte elucida
sobre o desenvolvimento do insecto em cada uma das freguesias prospectadas. A
freguesia onde se observou um maior número de insectos foi claramente Serrazes
seguida da Várzea. O pico de capturas ocorreu no dia 2 de Agosto com 165 adultos
em Serrazes. É de salientar que na freguesia de Baiões, foi realizada a mudança de
local no dia 22 de Julho facto que contribui para diferença de resultados (Figura 3).
64
Figura 3 - Evolução do vector nas freguesias de S. Pedro do Sul
Em todas as vinhas onde foi detectada a presença do insecto foi dada a indicação aos
proprietários para a realização de tratamento. No dia 19 de Agosto foi interceptado 1
adulto na armadilha colocada na freguesia de S. Pedro do Sul, sendo este o único
caso positivo a registar, no presente ano.
No concelho de Mangualde foi detectada, pela primeira vez, a presença do vector na
freguesia de Lobelhe do Mato, para além da freguesia de Alcafache assinalada em
2010. Esta situação levou a colocação de placas na freguesia limítrofe Moimenta
Maceira Dão no dia 4 de Agosto, na qual não se observou nenhum insecto até ao final
da campanha.
O voo dos adultos encontra-se representado nas figuras seguintes, sendo de referir
que os primeiros insectos foram interceptados no dia 29 de Julho. Nas vinhas
localizadas na freguesia de Alcafache (Figura 4 e Figura 5), verificou-se uma
antecipação no aparecimento de adultos no ponto localizado na Figura 5, a 15 de
Julho. O número máximo de adultos foi registado a 22 de Agosto com 16 adultos na
vinha de Lobelhe do Mato e 3 de Agosto na vinha de Alcafache.
65
Figura 4 - Evolução do vector nas freguesias de Mangualde
Figura 5 - Evolução do vector numa vinha localizada na freguesia de Alcafache
Nas freguesias prospectadas no concelho de Nelas o primeiro sinal da presença do
insecto foi uma ninfa capturada a 24 de Junho pelo método das pancadas, na
propriedade prospectada em Casal Sancho, tendo os primeiros adultos sido
capturados a 3 de Agosto (a prospecção teve periodicidade quinzenal) e os últimos em
meados de Outubro. O pico de capturas ocorreu entre 26 de Agosto e 16 de
Setembro, conforme se pode observar no gráfico constante da Figura 6. O número de
capturas, relativamente baixo face aos anos anteriores, foi maior na freguesia de
Moreira, seguindo-se por ordem, Carvalhal Redondo e Santar.
66
Figura 6 – Evolução do vector nas freguesias de Nelas
Em todas as vinhas onde foi detectada a presença do insecto foi comunicado aos
proprietários e encarregados a necessidade de realização de tratamento. É de chamar
a atenção para o facto de a vinha de Carvalhal Redondo se encontrar em Modo de
Produção Biológico, não se podendo, portanto, ali efectuar os tratamentos insecticidas
preconizados. Este tipo de situação permite a continuidade de focos do vector no
interior de uma importante zona vitícola.
Nas freguesias de Fataunços (Vouzela), Ranhados (Viseu) e Nabais (Gouveia) não se
registou a presença do vector. Na freguesia de Silgueiros (Viseu), onde no ano
transacto tinha sido capturado um exemplar adulto, pese embora o aumento de pontos
de prospecção (foram acrescentados dois, dada a dimensão da freguesia e a sua
importância vitivinícola), não foi capturado nenhum exemplar de S. titanus no decurso
da campanha de 2011. Também nos viveiros prospectados não se registou a presença
de nenhum insecto nas armadilhas.
Deste modo e após conclusão dos trabalhos de prospecção foram assinaladas mais
duas freguesias positivas, Lobelhe do Mato e S. Pedro do Sul, localizadas nas
freguesias de Mangualde e S. Pedro do Sul, respectivamente.
67
Quadro 4 - Concelhos e freguesias alvo de trabalhos de prospecção ST com
indicação dos casos positivos
Distrito Concelho alvo de
prospecção ST
Freguesias alvo de
prospecção FD
Nº de locais
de
prospecção
Presença
de ST
Viseu
Viseu
Ranhados 1 Não
Silgueiros 3 Não
S. João de Lourosa 1 Não
Carregal do Sal Beijós (viveiro) 4 Não
S. Pedro do Sul
Baiões 1 Sim
S. Pedro do Sul 1 Sim
Serrazes 1 Sim
Várzea 1 Sim
Bordonhos 1 Não
S. Cristovão de
Lafões/Sta. Cruz da
Trapa
1 Não
Vouzela
Fataunços 1 Não
Nelas
Nelas 4 Não
Aguieira 1 Não
Santar 1 Sim
Vilar Seco 2 Não
Carvalhal Redondo 1 Sim
Moreira 1 Sim
Canas de Senhorim 1 Não
Senhorim 1 Não
Mangualde
Alcafache 2 Sim
Abrunhosa do Mato 2 Não
Lobelhe do Mato 1 Sim
68
Legenda: 2010 2010 e 2011 2011
4. INTERVENÇÃO DA ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO
A 26 de Janeiro de 2011 foi emitida a primeira recomendação cultural que visava a
eliminação e queima da madeira de poda com dois anos nas vinhas localizadas nas
freguesias assinaladas no ano anterior.
A segunda referência surgiu na Circular de Aviso nº 10/11, emitida a 15 de Junho. A
circular recomendava o tratamento a todos os viticultores nas freguesias de Santar,
Carvalhal Redondo e Moreira (concelho de Nelas), freguesia de Alcafache
(Mangualde), freguesia de Silgueiros (Viseu) e freguesias de Várzea, Baiões e
Serrazes (concelho de S. Pedro do Sul). Juntamente com esta circular foi enviada a
lista de substâncias activas homologadas para combate a S. titanus.
A Circular de Aviso nº 12/11 de 20 de Julho voltou a mencionar este cicadelídeo
indicando a necessidade de renovar o tratamento. Já numa fase posterior à emissão
do Aviso foi detectada a presença do vector nas freguesias de Lobelhe do Mato,
concelho de Mangualde e freguesia de S. Pedro do Sul, concelho de S. Pedro do Sul.
Fornos Maceira Dão 1 Não
Moimenta Maceira Dão 1 Não
Cunha Baixa 2 Não
Sátão Abrunhosa 2 Não
Penalva do Castelo Sezures 1 Não
Tondela
Sant. de Besteiros 1 Não
Parada de Gonta 1 Não
Lajeosa do Dão 1 Não
Canas de Santa Maria 1 Não
Coimbra Lousã Foz de Arouce 1 Não
Guarda
Gouveia Nabais 1 Não
Seia Paranhos da Beira 1 Não
69
APLICAÇÃO DE ALGINURE E SUA EFICÁCIA NO CONTROLO DO
PEDRADO DAS POMÓIDEAS
1 – Introdução
No ano 2011 foi testado o produto Alginure da empresa Biosani que tem como modo
de acção potenciar o desenvolvimento de anticorpos que são naturalmente
sintetizados pelas plantas quando estas são alvo de infecções. O objectivo do ensaio
foi testar a eficácia deste produto no controlo do pedrado das pomóideas. O produto
foi testado a diferentes doses e aplicado em mistura com os produtos químicos
utilizados no controlo da doença, comparando com modalidade padrão. Nesta última
foram utilizados os produtos comerciais usualmente aplicados na Estação Agrária de
Viseu.
2 – Material e Métodos
O presente ensaio foi instalado na parcela F4, com 0,5 ha, constituída pelas cultivares
Golden Delicious, Reineta, Fuji e Granny Smith. As 4 modalidades em ensaio foram
instaladas na cultivar Golden Delicious, distribuídas de forma aleatória.
Figura 1 – Localização da parcela em ensaio
70
Foi seguida a estratégia de tratamentos adoptada para a restante área de pomar da
exploração. Deste modo foram definidas as seguintes modalidades:
1 – Produto comercial + Alginure 2,5 l/ha
2 – Produto comercial + Alginure 5 l/ha
3 – Produto comercial
4 – Testemunha
Os produtos comerciais foram idênticos em todas as modalidades tratadas, diferindo
apenas a quantidade de Alginure (2,5 litros/ha e 5 litros/ha) e a sua não inclusão na
modalidade 3. As aplicações foram realizadas com um pulverizador de dorso
motorizado e, numa fase posterior, com um pulverizador de dorso. Este facto deveu-se
à avaria do equipamento e condicionou as aplicações.
3 – Resultados e Discussão
A primeira aplicação foi realizada no dia 24 de Março com mancozebe. A 28 de Março
ocorreu lavagem de produto e no dia 30 foi necessário proceder à renovação do
tratamento, com trifloxistrobina. Devido à ausência de precipitação apenas foi
renovado tratamento a 15 de Abril pois estava prevista a ocorrência de precipitação a
partir do dia 18 de Abril. Foi realizada a aplicação de trifloxistrobina + captana
respeitando o definido em cada uma das modalidades. Na semana seguinte ocorreu a
lavagem de produto devido à intensa precipitação que provocou infecções graves de
pedrado. No dia 23 de Março foi repetido o tratamento com tebuconazol. Neste
tratamento registámos alguns problemas na aplicação devido às constantes falhas do
equipamento.
Como estava previsto o aparecimento de manchas a partir do dia 5 de Maio foi
realizado nesta data um tratamento com trifloxistrobina + captana. Devido à avaria do
equipamento esta aplicação foi efectuada pelo tractorista da Estação Agrária de Viseu,
não sendo possível implementar o definido nas modalidades.
No dia 12 de Maio verificou-se o aparecimento das primeiras manchas esporuladas
nas folhas. Foram contabilizadas 100 folhas por repetição e registado o número de
folhas infectadas. A intensidade das infecções foi superior na modalidade testemunha
(76 folhas infectadas), seguida da modalidade padrão (17 folhas infectadas).
71
Nas modalidades onde se adicionou Alginure obteve-se um número inferior de folhas
infectadas com 3 na modalidade 2 e 1 na modalidade 1.
No dia 13 de Abril foi efectuada nova aplicação com mancozebe, utilizando o
pulverizador de dorso. Esta aplicação revelou-se desajustada pelo facto de o
equipamento não permitir uma distribuição uniforme da calda. Dado que no dia 17 de
Maio se observou um intenso aparecimento de manchas (não esporuladas) em todas
as modalidades, com especial incidência na testemunha e de modo a evitar a
contaminação de outras áreas da exploração, foi realizado um tratamento
generalizado com ditianão com pulverizador rebocável. Este tratamento permitiu
controlar as infecções. Foi realizada uma avaliação final no dia 30 de Maio sendo
observado 290 folhas com sintomas no total das 4 repetições, o que significa um
ataque de 72,5% na modalidade testemunha. Na modalidade padrão um ataque de
10,3%, com um total de 41 folhas infectadas, nas modalidades 1 e 2 registou-se a
presença de 1,5% e 0,5% folhas atacadas, respectivamente. Para além dos resultados
também foi possível observar que as macieiras tratadas com Alginure apresentavam
coloração verde mais intensa e uma folhagem mais resistente ao toque. Nesta
observação apenas foram observados frutos infectados na modalidade testemunha,
num total de 23.
Devido às condicionantes registadas o ensaio foi terminado, sendo necessário aferir
determinados parâmetros em futuras situações.
4 – Conclusões
A doença manifestou-se de forma severa na presente campanha. Esta situação foi
claramente confirmada pelos resultados obtidos na modalidade testemunha.
Relativamente às modalidades tratadas registaram-se diferenças entre a modalidade
padrão e a restantes. Esta manifestou um grau de ataque superior às tratadas com
Alginure, embora com um ataque visivelmente inferior ao registado na testemunha.
Entre as modalidades 1 e 2 observou-se um maior número de folhas infectadas na
modalidade 1. No entanto será importante analisar os custos de aplicação do produto
por ha e avaliar se a quantidade máxima 5 litros/ha será financeiramente
compensatória visto a diferença de resultados não se revelar significativa.
72
A principal condicionante do ensaio foi o material de aplicação, pelas razões atrás
mencionadas. Este será um factor a ter em conta em próximos ensaios visto ser um
parâmetro fundamental para a obtenção de resultados.
73
A CONFUSÃO SEXUAL NO CONTROLO DO BICHADO DA FRUTA
1 – Introdução
O bichado da fruta (Laspeyresia pomonella L.) é a principal praga das pomóideas. Nos
últimos anos começaram a verificar-se fenómenos de resistência a algumas
substâncias activas, aumentando assim o número de aplicações por ano. Existem
métodos de combate alternativos à luta química que têm como objectivo evitar
fenómenos de resistência e reduzir os resíduos no produto final, nomeadamente, a
confusão sexual.
A confusão sexual é um método que pretende reduzir a incidência da praga,
modificando o comportamento dos machos adultos mediante a saturação da atmosfera
com feromona sexual sintética da fêmea. A saturação da atmosfera provoca a
desorientação dos machos o que os impede de localizar as fêmeas, dificultando o
processo de acasalamento e, consequentemente, a reprodução da espécie.
Em 2004, foi instalado pela primeira vez o método da confusão sexual nos pomares de
macieira da Estação Agrária de Viseu (EAV). Os resultados obtidos em 2004 e 2005
revelaram que o ataque foi superior no ano 2005, provavelmente devido às elevadas
temperaturas que se fizeram sentir, obrigando à realização de tratamentos. As zonas
mais problemáticas foram as parcelas isoladas com áreas reduzidas.
Em 2007 e 2008, foi adoptada uma nova estratégia onde foram instalados difusores
apenas nas parcelas F2, F8, F9 e Biológico, as restantes foram sujeitas a tratamento
químico. Também se optou por colocar difusores Isomate OFM para controlo da Cydia
molesta.
Em 2009 não se verificaram estragos significativos não sendo necessário efectuar
tratamentos nas parcelas sujeitas à confusão sexual. Em 2010 o ataque de bichado foi
intenso e foi necessário efectuar 3 tratamentos na parcela F8 e 2 tratamentos nas
restantes parcelas.
O presente relatório visa analisar os resultados obtidos, no ano 2011, com a aplicação
do método da confusão sexual nos pomares da Estação Agrária de Viseu.
74
2 – Material e Métodos
Na Estação Agrária de Viseu estão implementadas diversas parcelas de pomar que
possuem características distintas em função do porta-enxerto, área, variedade e
compasso de plantação com a seguinte descrição e localização (Figura 1).
F8
F9
F2
F3AF4
F3
F12/15
Figura 1 – Distribuição das parcelas de pomar da Estação Agrária de Viseu
Folha 2 (0.8 ha)
Gala Brookfield
Pomar Demonstrativo II: Gala Schniga, Fuji Fubrax, Golden Parsie Rose e
Golden Chief
Variedades Regionais
Folha 3 (0,5 ha)
Pomar Demonstrativo I: Gala (Brookfield, Galaxy Evolution, Buckey e Anaglo);
Golden (Reinders e Clone B); Fuji (Toshiro, Kiku 8, Raku Raku e Spike Spur);
Red Delicious (Jeromine e Itred)
Bravo de Esmolfe
75
Folha 3 A (0,4 ha)
Bravo de Esmolfe
Folha 4 (0,5 ha)
Golden Delicious
Reineta
Fuji Nagafu
Granny Smith
Folha 8 (0,8 ha)
Bravo de Esmolfe
Golden Reinders
Folha 9 (1,0 ha)
Bravo de Esmolfe
Folha 12/15 (0,4 ha)
Bravo de Esmolfe
No presente ano a estratégia de colocação foi idêntica ao ano 2010. As parcelas alvo
foram a F8, F2 e F9, sendo aplicado o produto Coragen sempre que se justificasse.
Esta situação baseou-se nos resultados obtidos desde o ano 2004 que revelaram a
ineficácia do método nas parcelas mais elevadas da exploração. Deste modo os
difusores foram instalados no dia 13 de Abril, um dia após o inicio da emergência dos
adultos no insectário (Figura 2). Nas restantes foram efectuadas as aplicações com
insecticidas seguindo o protocolo estabelecido com a Bayer.
Folhas 3 A e 4:
1ª Geração: Coragen ► Coragen
2ª Geração: Calypso ► Calypso
Folhas 3 e 12/15:
1ª Geração: Calypso ► Calypso
2ª Geração: Coragen ► Coragen
76
13 de Abril
Figura 2 – Colocação dos difusores nas parcelas F2, F8 e F9
3 – Resultados e Discussão
A monitorização da praga é realizada com recurso a um conjunto de metodologias que
nos permitem avaliar os períodos de risco e acompanhar o seu desenvolvimento
(Figura 3).
As cintas de cartão canelado possibilitam interceptar as lagartas hibernantes para
posterior colocação em insectário. A emergência dos adultos é acompanhada
diariamente tendo-se verificado as primeiras eclosões de adultos no dia 12 de Abril. O
primeiro casal foi colocado na manga de postura a 14 de Abril e as primeiras posturas
foram detectadas no dia 17 de Abril, um mês mais cedo que no ano anterior. Após a
observação das primeiras perfurações nos frutos da manga de postura, a 4 de Maio,
foram realizadas observações semanais em todas as parcelas.
77
Monitorização
Curva de voo
Emergência de
adultos no
insectário
Observação de
posturas e
perfurações
Figura 3 – Metodologias de monitorização da praga
Na semana seguinte não se observaram quaisquer perfurações. No dia 19 de Maio
apenas na parcela em Modo de Produção Biológica é que se registaram 2
perfurações. Saliente-se que esta parcela não foi acompanhada pelos técnicos da
Estação Agrária, facto que explica a não inclusão dos dados no presente relatório.
No dia 23 de Maio apenas a F9 apresentou 3 perfurações com lagarta, 1 no interior e 2
na bordadura. Esta observação despoletou a realização do 1º tratamento nas parcelas
sujeitas à confusão sexual, no dia 31 de Maio. Devido à experiência adquirida em anos
anteriores optou-se por realizar tratamentos antes de atingirmos o NEA, estratégia que
se revelou acertada visto no dia 3 de Junho não se ter observado nenhum fruto
bichado.
Na semana seguinte, a 6 de Junho, foram observados 2 frutos bichados sem lagarta
na bordadura das parcelas F9 e F2. Nas duas semanas seguintes não se registaram
frutos bichados.
No entanto, no final do mês de Junho ocorreu o inicio do voo da 2ª geração de
bichado. Os primeiros estragos foram observados no dia 6 de Julho com a presença
de frutos bichados, apenas na bordadura, em todas as parcelas sujeitas ao método da
confusão sexual. Na F2 com 6 frutos bichados, sendo 4 perfurações recentes nas
variedades regionais, na F8 com 3 perfurações, sendo 1 recente com lagarta viva, e a
F9 com 3 perfurações sem lagarta na bordadura.
A evolução das perfurações foi acompanhada e na semana seguinte a situação
evoluiu nas parcelas F9 e F8, com a observação de 6 frutos com larva viva (4 na
78
bordadura e 2 no interior) e 3 frutos bichados sem nada, respectivamente. Na F8, na
variedade Bravo, foram observados 5 frutos bichados com larva viva (4 na bordadura e
1 no interior). À semelhança da observação anterior, não foram observados frutos
bichados na parte nova da F2 apenas nas variedades regionais (3 frutos com larva
viva).
Deste modo, foi realizada a 2ª aplicação no dia 19 de Julho com Coragen nas parcelas
F8 e F9. Na parcela F2 apenas foi realizada na bordadura da parte nova e as regionais
não foram tratadas, pois algumas variedades já se encontravam próximo da colheita.
Este tratamento revelou eficácia pois na observação antes da colheita foram
observadas 3 perfurações sem lagarta na F9 (2 na bordadura e 1 no interior) e 1
perfuração com lagarta na F8 na bordadura.
A figura 4 representa a evolução dos frutos bichados ao longo da campanha.
Nas parcelas sujeitas ao tratamento químico foram realizados 4 tratamentos nos dias 5
de Maio, 31 de Maio, 1 de Julho e 21 de Julho.
Figura 4 – Evolução do ataque da praga nas diferentes parcelas
79
4 - Conclusões
Relativamente ao ano 2011 podemos concluir que o método da confusão sexual:
Destacou-se pela importância que tem no combate a pragas com importância
económica como o bichado da fruta;
Revelou ser economicamente viável pelo facto de se realizar apenas 1
aplicação generalizada na parcela F2 e duas aplicações nas parcelas F8 e F9;
Este método revela mais-valias ecológicas e na saúde do consumidor pois não
interfere no ecossistema do pomar e não deposita resíduos nos frutos.
80
APLICAÇÃO DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS NO CONTROLO DOS
AFÍDEOS VERDE E CINZENTO
1 – Introdução
No ano 2011 foi implementado na variedade Golden da parcela F4 da Estação Agrária
de Viseu um ensaio visando a implementação de diferentes estratégias no controlo
dos afídeos verde e cinzento. Este ensaio teve como produto referência o Teppeki da
empresa Lusosem. Este produto possui uma acção sistémica e translaminar e actua
por contacto e ingestão, em larvas e adultos. Os afídeos deixam de se alimentar uma
hora após o tratamento, deixando de causar danos na cultura.
2 – Material e Métodos
O presente ensaio foi instalado na parcela F4, com 0,5 ha, localizada na conforme
figura e constituída pelas cultivares Golden Delicious, Reineta, Fuji e Granny Smith. As
4 modalidades em ensaio foram instaladas na cultivar Golden Delicious.
Figura 1 – Localização da parcela em ensaio
Pretendeu-se observar a eficácia das seguintes estratégias, diferindo nos produtos e
na época de aplicação. Foi utilizado como padrão o tratamento ao abrolhamento com
óleo de verão e clorpirifos.
81
Modalidades em ensaio:
1 – Teppeki + Óleo de verão (2 litros) – mistura aplicada ao botão rosa
2 – Óleo de verão aplicado ao abrolhamento (4 litros) e Teppeki aplicado ao botão
rosa
3 – Óleo de Verão (4 litros) + clorpirifos – mistura aplicada ao abrolhamento
4 – Testemunha
Os tratamentos ao abrolhamento foram realizados com um pulverizador de dorso
motorizado, no dia 21 de Março e os restantes foram posicionados no dia 6 de Abril ao
botão rosa.
3 – Resultados e Discussão
Foram realizadas 4 observações nos dias 12, 18 e 28 de Abril e 12 de Maio. Foi
aplicada a metodologia de observação preconizada, sendo observado por repetição
100 rebentos e registado o número de rebentos infestados por afideo verde e afídeo
cinzento.
Na observação de 12 de Abril apenas foram observadas formas aladas. No dia 18 de
Abril já eram visíveis os primeiros rebentos infestados, sendo predominante o afídeo
verde. A modalidade com maior número foi a testemunha (31%), seguida da
modalidade 3 (10%) e modalidade 2 (4%). Na modalidade 1 não se observou nenhum
rebento atacado. Apenas se observou um rebento atacado por piolho cinzento na
modalidade testemunha não se voltando a registar até ao final do ensaio.
A 28 de Abril registou-se um aumento da população de afídeos, mantendo-se a
testemunha num nível mais elevado (52%). Foram observados os primeiros rebentos
atacados na modalidade 1 (12%), no entanto, inferior às modalidades 2 (15%) e
modalidade 3 (26%).
No dia 12 de Maio foi realizada a última observação. Registou-se um aumento da
praga pois as condições meteorológicas favoreceram o seu desenvolvimento. As
modalidades 1 (19%) e 2 (21%) mantiveram-se a um nível mais baixo
comparativamente à modalidade padrão (36%) e testemunha (55%). Os ataques nas
modalidades 1 e 2 centravam-se essencialmente na rebentação nova, enquanto nas
restantes os sintomas eram generalizados em toda a copa.
82
A partir desta data assistiu-se a um aumento da população de afídeo verde e foi
realizado um tratamento em toda a parcela.
Figura 2 – Resultados das observações efectuados
4 – Conclusões
No ano 2011 verificou-se uma maior incidência de afídeo verde. Os primeiros rebentos
infestados foram observados a 18 de Abril.
Relativamente às modalidades em ensaio observou-se uma maior número de frutos
infestados na modalidade testemunha, seguida da modalidade 3 onde foi aplicado em
mistura de clorpirifos e óleo de Verão.
Na primeira avaliação a modalidade 1, sujeita à aplicação de Teppeki com óleo de
Verão ao botão rosa, não apresentou nenhum rebento infestado. Esta modalidade foi a
que apresentou um menor número de rebentos infestados ao longo do ensaio. Nos
dias 28 de Abril e 12 de Maio não se observaram diferenças significativas entre as
modalidades 1 e 2.
83
APLICAÇÃO DE DIFERENTES ESTRATÉGIAS NO CONTROLO
DA MOSCA DA AZEITONA
1 – Introdução
Na presente campanha a mosca da azeitona assumiu especial relevância devido aos
estragos causados nos olivais da região. As condições meteorológicas favoráveis
verificadas no mês de Setembro e Outubro foram determinantes. A Estação de Avisos
do Dão emitiu 3 avisos para a praga nos dias 29 de Agosto, 28 de Setembro e 17 de
Outubro. No entanto a maioria dos olivicultores realizou o primeiro tratamento
tardiamente o que se traduziu num ataque severo e elevados prejuízos.
2 – Material e Métodos
Na Estação Agrária de Viseu foram adoptadas 3 estratégias de controlo distintas
instaladas nas parcelas de olival existentes na exploração (Figura 1).
Figura 1 – Distribuição das estratégias nas parcelas de olival
84
Na parcela F15 N foi utilizado o produto Spintor C que é específico para o controlo de
dípteros, cuja substância activa (spinosad) revela elevada actividade insecticida se
obtém de forma natural por fermentação do microorganismo do solo
Saccharopolyspora spinosa. Possui 6 atractivos para mosca com diferentes
velocidades de libertação e poder de atracção.
À semelhança de anos anteriores a aplicação do produto seria determinada em função
do número de capturas nas armadilhas de monitorização e das observações visuais
realizadas semanalmente. A aplicação obedece a uma metodologia específica,
direccionando um esguicho direccionada à parte superior da copa.
Na parcela F1S foi utilizado o produto Bioprotex que contém uma proteína hidrolisada
concentrada concebida para ser utilizada sob o método captura em massa. A empresa
recomenda a sua utilização numa solução de 300 ml, com 200 ml de água e 100 ml de
Bioprotex. Na renovação a proporção a utilizar é de 250 ml de água e 50 ml de
Bioprotex.
Foram utilizadas garrafas de plástico com orifícios na parte superior para permitir a
entrada dos adultos (Figura 2). A única alteração prendeu-se com o número de
garrafas instaladas, que quando utilizadas com fosfato di-amónio procede-se a
colocação de 1 a 2 garrafas por árvore com 1,5 litros de solução e, neste caso, foram
colocadas 22 garrafas em 0,35 ha com 300 ml de solução. As garrafas foram
instaladas no dia 18 de Julho e o reenchimento foi realizado no dia 26 de Agosto.
Figura 2 – Preparação das garrafas
Na parcela F17S foram realizados tratamentos químicos com os produtos Karate Zeon
e Dafenil.
85
3 – Resultados e Discussão
Os primeiros adultos foram interceptados nas armadilhas cromotrópicas amarelas no
mês de Julho, mas os primeiros estragos foram registados no 25 de Agosto com a
presença de 10 larvas vivas e 3 ovos na variedade Galega na F17S, 6 larvas vivas na
parcela F15N e 7 larvas vivas e 1 ovo na parcela F1S.
Deste modo foi recomendada a realização de tratamento nas parcelas F15N, com
Spintor e F17S com Karate Zeon. Embora o número de larvas vivas na parcela F15N
não se encontrar próximo do NEA (8 a 12% de larvas vivas) foi recomendada a sua
aplicação pela especificidade de actuação do produto. O tratamento nas parcelas
F15N e F17S apenas foi realizado no dia 6 de Setembro. Na parcela F1S, embora o
número de larvas vivas estar próximo do NEA não foi efectuada qualquer aplicação
complementar.
No dia 26 de Setembro observou-se presença de 16 azeitonas picadas na parcela
F15N mas apenas 5 apresentavam larva viva e 2 ovos. Na parcela F1S foram
observados 19 picadas mas apenas foram encontrados 5 ovos. Na parcela F17S
contabilizaram-se 12 larvas vivas na variedade Galega, razão que levou à realização
da 2ª aplicação com Dafenil no dia 29 de Setembro. Na semana seguinte foram
observadas 3 larvas vivas e 4 ovos na variedade Galega. Estes dados revelaram
eficácia nas estratégias adoptadas.
No dia 12 de Outubro voltou a registar-se uma intensificação no ataque da praga. Na
parcela F1S foram registados 30 picadas, sendo 11 com ovos e 5 com larva viva e na
parcela F17S registaram-se 43 picadas, com 10 ovos, 2 larvas vivas e as restantes
sem nada. Na parcela em modo de produção biológico foram observadas 16 azeitonas
picadas com 5 larvas vivas e 10 ovos.
Perante estas observações foi realizada a 3ª aplicação na parcela F17S com o produto
Karate Zeon. Nas parcelas F15N e F1S foi aplicado o Spintor.
86
Figura 3 – Distribuição das estratégias de controlo e datas de intervenção
No mês de Dezembro as garrafas foram retiradas do olival e contabilizados o número
de adultos existentes no seu interior como machos e fêmeas. Dessa avaliação resulta
o gráfico seguinte que demonstra existir um maior número de fêmeas em todas as
garrafas. Verificou-se um maior número de capturas nas garrafas 1, 2, 10 e 13. Foi
observado um menor número de adultos nas garrafas 4, 6, 11, 19, 20 e 21 pois estas
encontravam-se caídas no chão.
Figura 4 – Distribuição de machos e fêmeas nas garrafas
87
No croqui está assinalada a localização das garrafas na parcela. Verifica-se um maior
número de adultos nas bordaduras sul, este e oeste. A bordadura norte e interior da
parcela apresentou um menor número de adultos.
Figura 5 – Distribuição da praga de acordo com a intensidade das capturas nas garrafas
4 – Conclusões
De acordo com os dados obtidos são referidas as seguintes conclusões:
A presença de adultos no olival no mês de Julho não se traduziu em estragos.
Apenas no final do mês de Agosto foram observados as primeiras azeitonas com ovos
e larvas vivas, sendo abaixo do NEA nas parcelas F15N e F1S.
Foi realizada a primeira aplicação química na parcela F17S no dia 6 de Setembro com
Karate Zeon.
88
Paralelamente foi realizada a 1ª aplicação de Spintor na parcela F15N que embora
manifestasse um número de larvas vivas inferior ao NEA, foi tido em conta o modo de
acção do produto.
O segundo tratamento químico foi realizado no final do mês de Setembro com base na
observação de 26 de Setembro onde foi registada a presença de 12 larvas vivas. Nas
restantes parcelas o número de larvas vivas foi visivelmente inferior pelo que não foi
realizada qualquer intervenção.
A meados de Outubro o ataque da praga intensificou-se e o número total de picadas
foi elevado. A parcela com um maior número de picadas foi a F17S, seguida da F1S e
da F15N.
Foi observado um maior número de ovos que iriam evoluir pois as condições
meteorológicas decorriam favoráveis ao seu desenvolvimento.
No dia 19 de Outubro foi aplicado Spintor nas parcelas F1S e F15N e Karate Zeon na
parcela F17S.
O método da captura em massa (garrafas com Bioprotex) não actuou isoladamente,
tendo sido necessário recorrer à aplicação de Spintor na fase final.
Este método assume especial importância pois captura de adultos mantêm-se após a
colheita.
No ano 2011 a pressão da praga foi intensa o que explica a necessidade de realizar 3
tratamentos na parcela convencional.
A aplicação de Spintor revelou eficácia no controlo da praga sendo apenas necessária
a realização de duas aplicações.