relatorio baosteel
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diagnostico social e estudo de impactos socioambientaisTRANSCRIPT
3
ÍNDICEI. APRESENTAÇÃO 5II. TERRITÓRIO 9
1. Perfil socioeconômico (Anchieta, Guarapari e Piúma) 4 1.1 Área territorial e densidade demográfica 4 1.2 Crescimento populacional 5 1.3 Escolaridade 6 1.4 Atividades econômicas 6 1.5 PIB e PIB per capita 7 1.6 Taxa de Urbanização 9 1.7 Índice de desenvolvimento humano municipal (IDH –M) 9
1.8 Índice de Gini (Índice de desigualdade de renda) 10
III. PESQUISA ESTRATÉGICA 171. Perfil da amostra 112. Dados da amostra (percepções) 12 2.1. Entrevistas Individuais 13 2.1.1. Bloco 1: Percepção sobre o Pólo Industrial e Baosteel CSV 13 2.1.2. Bloco 2: Papel da Baosteel CSV no território 14 2.2. Grupos Focais 15 2.2.1. Bloco 1 - Linha do tempo 15 2.2.2. Bloco 2 - Modelos de desenvolvimento 18
2.1.3. Bloco 3 Canais de comunicação 23
IV. FATOS GERADORES DE IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS 261. Percepção das comunidades sobre os fatos geradores 26 1.1 Fatos Geradores Positivos 27 1.2 Fato gerador positivo não percebido 29 1.3 Fatos negativos percebidos 29 1.4 Fatos geradores negativos não percebidos 31 1.5 Impactos Percebidos Não Reais - Imaginário China 32 1.6 Condicionantes 33
V. ATORES ESTRATÉGICOS 341. Mapeamento dos Atores Estratégicos – Baosteel CSV 34 1.1 A natureza do ator estratégico 34 1.1.1 Atores Globais 35 1.1.2. Atores Locais 36 1.2 Densidade e centralidade da Rede 37 1.1.2. Atores Globais 37 1.2.3. Atores Locais 38 1.3 Rede de influência 382. Relatório de prioridades 39 2.1. Atores Globais 39 2.2. Atores Locais 42
7
Para subsidiar a instalação de uma
usina siderúrgica na região destina-
da ao Pólo Industrial e de Serviços do
município de Anchieta, ES, a Baoste-
el CSV – Companhia Siderúrgica Vi-
tória - encomendou, a Agência 21, a
realização de um Diagnóstico Social.
O objetivo desse trabalho foi gerar
informações estratégicas sobre o ter-
ritório para auxiliar a empresa na im-
plantação do seu empreendimento.
Foi realizado um intenso levanta-
mento de informações (sociais, eco-
nômicas e ambientais) através de
pesquisas por dados secundários e
trabalhos de campo; e, uma capta-
ção de percepções das comunidades
e dos atores estratégicos envolvidos,
através de reuniões, abordagens indi-
viduais e grupos focais.
O cruzamento dessas informações
culminou neste diagnóstico apre-
sentado nas páginas a seguir.
10
Com base na pré-determinação das áreas dire-
tamente impactadas, a Agência 21 focou o tra-
balho nas comunidades localizadas no entorno
imediato da área do empreendimento - Belo
Horizonte, Castelhanos, Chapada do Á, Goêmbe,
Guanabara, Mãe-bá, Monteiro, Parati, Recanto
do Sol, Ubu, Condados, Meaípe e Porto Grande
– entretanto, as sedes administrativas dos muni-
cípios em questão também foram pesquisadas.
Para a obtenção das informações a seguir foram
realizadas pesquisas via dados secundários, a
fim de se elaborar o perfil sócio-econômico da
região, e, quando necessário, atividades de cam-
po para complementação da pesquisa. Todas as
informações obtidas são decorrentes de pesqui-
sas e estudos técnicos de instituições oficiais.
1. Perfil socioeconômico (Anchieta, Guarapari e Piúma)
1.1 Área territorial e densidade demográfica
Dos três municípios estudados, Guarapari se des-
taca por ter uma população muito superior aos
outros. Esta diferença pode ser atribuída a um in-
tenso processo de crescimento populacional e de
ocupação desordenada que transformou a reali-
dade deste município nos últimos 30 anos. Neste
contexto, os municípios de Anchieta e Piúma, por
possuírem uma população muito inferior, têm em
Guarapari um ponto de referência para a contra-
tação de serviços e oportunidades de trabalho.
A tabela abaixo apresenta a estimativa da atual
população, área territorial e a densidade demo-
gráfica (razão entre população residente total e a
área) dos municípios em questão.
(tabela1)População Total / Territorial
Unidade Territorial
População total (estimativa)¹
- n° de habitantes -
Área2
- km2 -
Densidade demográfica³
- hab./km2 -
Anchieta/ES 22.786 404,9 45,87Guarapari/ES 111.098 592,2 152,02Piúma/ES 19.715 73,5 205,28
Fontes: ¹IBGE²IBGE - Censo Demográfico
³PNUD - Atlas do Desenvolvimento Humano no BrasilMuniNet - Rede Brasileira para o Desenvolvimento Municipal
1.2 Crescimento populacional
Todos os municípios estudados apresentam
crescimento populacional nos últimos anos.
Destaque para o município de Piúma que apre-
sentou um crescimento de 20,5% em seis anos,
Guarapari e Anchieta cresceram 17,6% e 13,8%
respectivamente.
Apesar de Anchieta ter a menor taxa de cresci-
mento da região, é de se esperar uma forte ele-
vação nessa taxa nos próximos anos. Essa esti-
mativa leva em consideração as oportunidades
de trabalho que podem ser geradas durante as
fases de implantação e operação dos empreendi-
mentos no local, caso seja confirmada a instala-
ção do Pólo Industrial e de Serviços. Além disso,
existe a possibilidade de instalação/ampliação
de outros dois empreendimentos (Quarta Usina
de Pelotização da Samarco, Terminal de Gás da
Petrobrás e Porto de Ubu).
Cabe ressaltar, que essa especulação de
crescimento populacional de Anchieta, não
pretende afirmar que os demais municípios
(Vitória, Guarapari e Piúma) não terão suas
taxas de crescimento elevadas. A expectativa
é que, como sede dos empreendimentos, An-
chieta deixe de ser o município com menor
taxa de crescimento.
11
1.3 Escolaridade
A taxa de escolaridade avalia o número de pes-
soas em idade escolar que freqüentam escolas
ou creches do município. No gráfico abaixo,
Fonte: IBGEMuniNet - Rede Brasileira para o Desenvolvimento Municipal
Somando a população que freqüenta escola ou
creches em idade escolar, o município de An-
chieta se destaca com 63,5% de taxa de esco-
pode-se verificar que Anchieta apresenta as
melhores taxas, tanto na faixa etária de 0 a 14,
quanto na faixa de 15 a 25.
laridade, seguido dos municípios de Guarapari
57,1% e Piúma 56,6% , respectivamente.
0 50.000 100.000 150.000 200.000 250.000 300.000 350.000
Uni
dade
terr
itor
ial
habitantes
Vitória
Guarapari
Piúma
Anchieta2007
2001
320.824
111.098
22.78619.460
0,6920,789
91.469
296.012
POPULAÇÃO TOTAL (estimativa)
Gráfico 1
TAXA DE ESCOLARIDADE, SEGUNDO FAIXA ETÁRIA
Municípios Faixa etária
Nº de pessoas
População que freqüenta escola ou
creche
Taxa de Escolaridade
%
AnchietaPessoas de 0 a 14 anos 5.490 4.133 75,3
Pessoas de 15 a 24 anos 3.955 1.866 47,1
GuarapariPessoas de 0 a 14 anos 25.423 16.931 66,6
Pessoas de 15 a 24 anos 18.290 8.049 44
PiúmaPessoas de 0 a 14 anos 4.568 3.155 69,9
Pessoas de 15 a 24 anos 3.032 1.150 38
Fonte: IBGE. Microdados Censo 2000
Tabela 2
12
1.4 Atividades econômicas
Conforme podemos observar no gráfico abaixo,
as atividades econômicas, mais relevantes, nos
municípios estudados estão distribuídas nos se-
tores de serviços, indústria e agricultura.
Gráfico 2
No município de Guarapari as atividades econô-
micas se baseiam principalmente no turismo, o
que faz do setor de serviços o mais importante
da economia local. Em Piúma a principal fonte
de arrecadação também é decorrente do setor
de serviços, contudo essa atividade não é supor-
tada pelo turismo, e sim pelo fato da prefeitura,
grande responsável pela contratação de mão-
de-obra, estar incluída no setor de serviços.
O setor industrial é destaque na economia de
Anchieta, a maior receita do município vem das
empresas situadas na região. A Samarco Mine-
ração é responsável pelo maior repasse prove-
niente de ICMS (Imposto sobre circulação de
Mercadorias e Serviços), o restante se dá de for-
ma indireta através de empresas por ela terceiri-
zadas, recursos provenientes do ISSQN (Imposto
sobre Serviço de Qualquer Natureza).
%
26
72
2
82
144
82
12 60
102030405060708090
Anchieta Guarapari Piúma
Fonte: IBGE, 2007
ATIVIDADES ECONÔMICAS
Serviços Indústria Agricultura
A agricultura é pouco explorada na região, em
nenhum dos três municípios pesquisados esse
setor chega a representar 10% da economia lo-
cal. A produção agrícola da região está baseada
na agricultura familiar, que aparece como princi-
pal fonte de renda da população do campo dos
municípios estudados. Entre as principais cultu-
ras destacam-se a banana, a mandioca, o milho,
o arroz, o café e o feijão.
1.5 PIB e PIB per capita
Em relação ao Produto Interno Bruno (PIB),
percebe-se uma discrepância entre a soma dos
bens e serviços produzidos nestes municípios.
Conforme apresentado na tabela a seguir:
Gráfico 3
Essa discrepância pode ser compreendida
pela vocação econômica de cada municí-
pio. Em Piúma, menor PIB dentre os três
municípios, existem poucas prestadoras de
serviços, enquanto em Guarapari, conforme
descrito anteriormente, existe uma ampla
rede de serviços, além de forte apelo turísti-
co. Ademais, Anchieta possui uma base in-
dustrial que é responsável pelo elevado PIB
do município.
PIB TOTAL61
3.34
9
92.1351.35
3.48
1
50.000150.000250.000350.000450.000550.000650.000750.000850.000950.000
1.050.0001.150.0001.250.0001.350.000
Anchieta Guarapari Piúma
Fonte: IBGE Cidades, 2005
Uni
dade
- R
$ Gráfico 3
13
0
20
40
60
80
100
AnchietaES Guarapari Piúma
Fonte: IBGE, 2007
% u
rban
izaç
ão Brasil73,6
TAXA DE URBANIZAÇÃO
Quando considerado o PIB per Capita (Valor total
do PIB divido pelo número total de habitantes), no-
ta-se uma aproximação dos valores entre os muni-
cípios de Guarapari e Piúma, pois apesar de Piúma
ter uma geração de bens e serviços muito inferior,
esta é proporcional à quantidade de habitantes e a
vocação econômica de seu território. A importân-
cia desse dado e as análises que podem ser feitas
com base nele, serão melhores compreendidas
após a observação dos demais indicadores.
1.6 Taxa de Urbanização
A taxa de urbanização avalia o processo de de-
senvolvimento de uma cidade, sua infra-estrutu-
ra em geral e seu crescimento populacional.
Observando o gráfico abaixo, percebe-se que
a taxa de urbanização do Estado do Espírito
Santo está acima da média nacional. Porém, o
fato que merece maior destaque é o município
de Anchieta apresentar uma taxa abaixo da de
Guarapari, Piúma e da média nacional. Levando
em consideração as informações apresentadas
PIB PER CAPITA
49.521
,62
4.88
7,52
4.08
7,10
0,005.000,00
10.000,0015.000,0020.000,0025.000,0030.000,0035.000,0040.000,0045.000,0050.000,00
Anchieta Guarapari Piúma
Fonte: IBGE
Uni
dade
- R
$
nos gráficos vistos anteriormente, percebe-se
que, apesar elevado valor do PIB, em Anchieta
não existe uma relação direta entre as riquezas
geradas e a urbanização do município.
1.7 Índice de desenvolvimento humano municipal (IDH –M)
O índice de desenvolvimento humano (IDH) é
um indicador elaborado para servir de contra-
ponto ao PIB per capita. Enquanto o PIB per
capita considera apenas o desenvolvimento
econômico da região, o IDH pretende fazer uma
comparação entre o PIB per capita e mais dois
indicadores: Longevidade (calculado a partir da
expectativa de vida ao nascer) e Educação (cal-
culado com base na taxa de analfabetismo e na
taxa de matrícula em todos os níveis de ensino).
O resultado dessa comparação é um valor entre
0 e 1, sendo que, valores entre 0 e 0,499 indicam
um índice de desenvolvimento humano baixo;
valores entre 0,500 e 0,799 indicam um médio
desenvolvimento humano; e valores maiores
Gráfico 4
Gráfico 5
14
que 0,800 são considerados alto. Cabe ressaltar
que o IDH não pretende indicar o melhor lugar
para se viver e, tampouco, o nível de satisfação
das pessoas com o território. A proposta do IDH
é gerar um índice comparativo que leve em con-
ta questões sociais, culturais e políticas que in-
fluenciam diretamente na qualidade de vida da
população.
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
0,90
Índi
ce
Fonte: IBGE, 2007
Vitória
Brasil 2007
Brasil 1991
ES 2005
ES 1991
Guarapari PiúmaAnchieta
1991
2005
0,79
7
0,68
6
0,68
5 0,77
6
0,69
20,78
9
0,78
50,85
6
IDH-M
Com base nos números apresentados no gráfico
do IDH-M, destacam-se os valores atribuídos ao
município de Anchieta que estão abaixo da mé-
dia do estado do Espírito Santo e do Brasil no ano
de 2005. A impressão de prosperidade levantada
pelos elevados valores apresentados no PIB e PIB
per capita de Anchieta, é duramente confrontada
ao se analisar o IDH- M do município.
Gráfico 6
15
1.8 Índice de Gini (Índice de desigualdade de renda)
O Índice de Gini mede o grau de desigualdade
existente entre os indivíduos segundo a renda
domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quan-
do não há desigualdade (a renda de todos os in-
0,55
0,51
0,55
0,60
0,54
0,59
0,580,61
0,46
0,48
0,50
0,52
0,54
0,56
0,58
0,60
0,62
Anchieta Guarapari Piúma Vitória
Fonte: PNUD - Atlas do desenvolvimento Humano no Brasil
ÍNDICE DE GINI
Índi
ce
1991
2000
A Análise do gráfico do índice de Gini demons-
tra que entre os anos de 1991 e 2000, houve uma
elevação na concentração de renda na região,
divíduos é a mesma), a 1, quando a desigualdade
é máxima (apenas um indivíduo detém toda a
renda da sociedade e a renda de todos os outros
indivíduos é nula).
caracterizando, conseqüentemente, uma desi-
gualdade maior entre seus indivíduos.
Gráfico 7
18
1. Perfil da amostra
As informações que serão apresentadas a se-
guir foram organizadas a partir da interseção
de duas técnicas qualitativas: Grupo Focal e
Entrevistas Individuais. Esta parte da pesquisa
foi aplicada nos meses de agosto e setembro
de 2008 e teve como público alvo as lideran-
ças comunitárias, religiosas, empresariais, de
organizações não-governamentais, moradores
PARTICIPAÇÃO POR COMUNIDADES
AMOSTRA EM NÚMEROS
Total de entrevistas individuais: 22 entrevistas
Total de presentes nos Grupos Focais: 227 participantes
Total de participantes: 249 pessoas
residentes há mais de 20 anos na região e re-
presentantes do poder público municipal.
17%
9% 13%
9%8%9%9%
8%
11%7%
Mãe-Bá
Guanabara
Chapada do Á / Monteiro
Parati
Anchieta - Sede
Belo Horizonte
Castelhanos
Ubu
Recanto do Sol
Atores Estratégicos
ANCHIETAGráfico 8
GUARAPARI
31%29%
12%7% 31%
29%12%
7%
21%
Porto Grande
Condados
Meaípe
Atores estratégicos
Guarapari - Sede
Gráfico 9
19
Na comunidade de Goêmbe não houve reali-
zação de Grupo Focal, devido às fortes chuvas
que impossibilitaram o acesso ao local. Tam-
bém não foi realizado o Grupo Focal na sede do
município de Piúma devido às dificuldades de
agenda do poder público municipal local. Em
ambos os lugares, caso haja necessidade, será
agendada uma nova pesquisa e o seu relatório
será entregue separadamente.
A aplicação das entrevistas individuais (EI) ti-
nha como principal objetivo identificar a per-
cepção das lideranças, sobre o Pólo Industrial e
a instalação da Baosteel CSV. Com a realização
dos Grupos Focais (GF) pretendia-se entrevis-
tar e analisar coletivamente representantes de
vários segmentos da região.
Gráfico 10
Poder Público
Privado
Sociedade Civil
193
3125
SETOR DE ATUAÇÃO DOS PARTICIPANTES
0
30
20
10
50
40
60
70
80
90
Assoc
. de m
orad
ores
Outros
Insti
tuiçã
o reli
giosa
Comer
ciais
e industr
ial
Insti
tuiçã
o de s
aúde
Organ
izaçã
o de p
esca
Orgão
Público
Mov
imes
e/ou
org.
juvenil
Mov
imes
e/ou
org.
de açã
o loc
al
Insti
tuiçã
o de e
nsino
Mov
imes
e/ou
org.
cultu
ral
Ong
Conse
lhos
Cooper
ativa
Sindica
to
TIPO DE ATUAÇÃO DOS PARTICIPANTES
Gráfico 11
20
2. Dados da amostra
(percepções)
Após a fase de coleta de dados, via entrevis-
tas individuais e grupos focais, as informações
foram sobrepostas, com o intuito de identificar
os dados que se repetiam. Iniciou-se a quantifi-
cação dos dados qualitativos e seus resultados
foram tabulados e descritos.
Nas Entrevistas Individuais as informações fo-
ram divididas em dois blocos:
Bloco 1 – Percepção sobre o Pólo Industrial
e Baosteel CSV
Bloco 2 – O papel da empresa no território.
Nos Grupos Focais as informações foram divi-
didas em três blocos:
Bloco 1 – Linha do tempo
Bloco 2 – Modelos de desenvolvimento
Bloco 3 – Canais de comunicação.
2.1 Entrevistas Individuais
2.1.1 Bloco 1: Percepção sobre o Pólo
Industrial e Baosteel CSV
O objetivo desse bloco foi obter a percepção
dos entrevistados sobre a diferença entre pólo
industrial e a Baosteel CSV.
Não soube opinar
Existe diferença
Não existe diferença
86%
PÓLO X BAOSTEEL CSV
9% 5%
Gráfico 12
Negativa
Positiva
28%
72%
PERCEPÇÕES
Gráfico 13
21
As lideranças entrevistadas estabeleceram uma
ligação intrínseca entre Pólo Industrial e a Ba-
osteel CSV, afirmando que o pólo foi criado para
atender as ações do “plano de desenvolvimento
2025” do governo do estado e para facilitar a en-
trada da Baosteel CSV na região. Entretanto, as
lideranças que dissociaram o Pólo da Baosteel
CSV argumentaram que o Pólo é de responsabi-
lidade do estado e a Baosteel CSV é uma iniciati-
va de interesses privados, enfatizando que pode
existir Pólo com ou sem a Baosteel CSV.
Os entrevistados, em sua maioria, avaliaram que
a entrada de uma grande empresa na região é
preocupante, haja vista os passivos socioam-
bientais da Mineradora Samarco. Essas preocu-
pações recorreram das idéias sobre os impactos
ambientais e as mudanças culturais que ocorre-
rão na região, além da especulação imobiliária.
DEPOIMENTOS
“O desenvolvimento é inevitável para o
mundo globalizado”.
(Representante do poder público)
“Criou um decreto e nem apresentou
numa audiência pública para esclarecer
o povo. Teve um morador, o seu Salinas,
que enfartou quando soube da notícia
do pólo”.
(Líder comunitário)
22
2.1.2 Bloco 2: Papel da Baosteel CSV no território
As informações levantadas foram organizadas em
três grupos – Geração de riqueza, Preservação e
Oportunidades – e apresentadas na tabela a seguir.
Esse bloco tinha por objetivo captar a percepção
da comunidade sobre o papel da CSV e do Estado
(poder público) no desenvolvimento da região.
Tabela 3
Papel da empresa no território Papel da empresa no território Papel da empresa no território
Geração de riqueza Preservação Oportunidades
Criar parcerias com empresas e Prefeitura.
Acolher como mantenedora as reservas ambientais de comuni-dades impactadas.
Capacitar à comunidade de Anchie-ta na qualificação profissional.
Gerar demandas no setor de serviços.
Buscar parceria para recupera-ção de nascentes e Rio Bene-vente.
Considerar a participação das repre-sentações locais nas discussões.
Gerar arrecadação municipal.Buscar parcerias para Projetos na área de Educação Ambiental.
Contribuir para capacitação de ado-lescentes, afirmando que algumas empresas já atuam nesta área em Anchieta.
Controlar a emissão de poluen-tes e preservar Cinturões Verdes.
Facilitar seleção de projetos do município.
Cumprir as Medidas compensa-tórias nas comunidades impac-tadas;
Garantir a utilização de projetos pró-prios da secretaria e da Associação de Pescadores.
Desenvolver indicadores para monitorar a qualidade do meio ambiente.
Garantir um Programa Básico de Saúde (Diabetes e Hipertensão) para os funcionários.
Gerar medidas compensatórias, devido desmatamento na área industrial.
Implantar um Plano de Saúde Total para os funcionários, utilizando a própria política de saúde.
Minimizar impactos de insta-lações das indústrias em áreas rurais e turísticas.
Dialogar com a comunidade.
Respeitar a Agenda 21 e normas do PDM.
Priorizar os moradores na contrata-ção de mão-de-obra local.
Respeitar as leis brasileiras sobre preservação ambiental.
23
“Se a Baosteel CSV não vier aberta acabará
atraindo desemprego e miséria para região”.
“Porque esse nome? Ela não vai se instalar
em Vitória”.
“Vocês estão trazendo os problemas”.
“Baosteel CSV fez 18 perfurações na área
da pesca, sem consenso dos pescadores”.
“Não somos contra a vinda das empresas,
mas queremos trabalho, senão cercaremos
o mar e não haverá construção de porto”.
“O ICMS vai para Anchieta e Guarapari fica
com a poluição”.
(Representantes Poder Público)
2.2 Grupos Focais
2.2.1 Bloco 1 - Linha do tempo
O objetivo desse bloco foi reunir informações
sobre o perfil da região com os acontecimentos
mais marcantes nos últimos 30 anos. Esse res-
gate histórico se propôs a esclarecer as trans-
formações ocorridas no território e, conseqüen-
temente, os impactos já presentes na região.
As informações do resgate histórico foram di-
vididas em grupos – Anchieta e Guarapari – e,
em cada um deles, separadas novamente em
três momentos diferentes – Anos 80, Anos 90
e Anos 2000.
A seguir serão apresentadas as informações e
depoimentos sobre a região.
DEPOIMENTOS
24
Na discrição da década de 80 os entrevistados
fizeram um resgate histórico bastante bucólico
do município. Por muitas vezes a região foi ci-
tada como uma área sem degradação, livre dos
impactos da atividade industrial e promissora,
com a geração de empregos e de oportunida-
des oriundas da instalação da Samarco.
ANCHIETA
Anos 80 Anos 90 Anos 2000
Chegada da Samarco;
Crescimento populacional;
Geração de emprego pela Sa-marco;
Surgimento da ponte ligando o centro a Iriri;
Asfaltamento da Rodovia do Sol;
Plantio de eucalipto;
Expansão da rede elétrica;
Pouca atividade econômica;
Construção da 2º Usina da Sa-marco;
Surgimento da comunidade de Recanto do Sol;
Assoreamento da Lagoa de Mãe-bá;
Surgimento do Grupo de Apoio Ambiental (GAMA);
Projeto Tamar;
Ampliação da BR 101;
Melhoria nos serviços públicos (escola, transporte, água e esgo-to);
Aumento do turismo;
Construção da 3ª Usina Samarco;
Aumento do consumo e tráfico de drogas;
Crescimento populacional;
Surgimento de bolsões de pobreza;
Surgimento da prostituição;
Aumento da violência ;
Realização do PDM;
Extinção dos eucaliptos (2500 hectares);
Criação do Comitê da Bacia Hi-drográfica Benevente;
Criação da Agenda21;
Aumento das doenças alérgicas;
Premiação do artesanato local (Projeto Taboa Lagoa);
Ampliação dos serviços públicos;
Chegada da Petrobrás;
Aumento do tráfego viário;
DEPOIMENTO
“As ruas não eram calçadas e a praia
era tomada por frutas (castanheiras) por
todo o lado. Também se via a grande
movimentação de pescadores e a popu-
lação era pequena e só se via mais gente
no Verão. Não tinha supermercado, so-
mente umas pequenas mercearia, uma
farmácia e um posto de saúde (onde hoje
é o PSF3). Hospital e compras eram to-
das feitas em Guarapari”.
(Grupo focal de Anchieta-SEDE)
tabela 4 - Linha do Tempo - Anchieta
25
Ao comentar os anos 2000, os entrevistados di-
recionaram seus questionamentos aos impactos
causados pela operação da Samarco e destaca-
ram o início de mobilização da sociedade civil.
Neste momento ficou clara a relação direta, feita
Falando sobre a década de 90, os participantes
relataram o início das mudanças na região, a
migração de pessoas e aumento da procura
pelo turismo local. Ainda sob efeito da nostal-
gia da discrição dos anos 80, os participantes
relataram um período crescimento, “com o
desenvolvimento presente na região” e com o
surgimento da consciência ambiental através
do aparecimento das ONGs. Todavia, foi nesse
período que eles identificaram os primeiro si-
nais de degradação ambiental.
DEPOIMENTO
“Nós preservamos muito este lugar. O tu-
rismo aumentou, queremos que venham
turistas, mas não qualquer um. Não gos-
tamos de algazarra. Nem botequins acha-
mos interessante que tenha aqui”.
(Grupo focal de Castelhanos)
DEPOIMENTOS
“Aqui era muito tranqüilo. Mas como
vem muito trabalhador temporário, sen-
timos a necessidade de ter uma segu-
rança complementar. Por isso decidimos
contratar serviços de vigilância”.
(Grupo focal de Castelhanos)
pelos entrevistados, da degradação da qualidade
de vida com a atividade industrial, o que acarre-
tou uma maior mobilização da sociedade civil e
uma transformação nos hábitos dos moradores.
“Há três anos, a Samarco resolveu capa-
citar os moradores da região. Mas ela já
está aqui há trinta anos. Por que ela já
não fez isso antes? Agora que a Prefeitu-
ra está ‘batendo de frente’, eles estão, aos
poucos, promovendo essas capacitações.
Dentro das nossas possibilidades, procu-
ramos estudar mas eles trazem o pessoal
de fora para trabalhar. E não é fácil estu-
dar. Por exemplo, um pai de família que
tem uma renda de R$500,00 como vai
pagar um curso de R$200,00?”
(Grupo focal de Chapada do á e Monteiro)
“Falta um vereador eleito pela comuni-
dade que brigue por ela na prefeitura”.
(Grupo focal de Parati)
GUARAPARI
Anos 80 Anos 90 Anos 2000
Chegada da Samarco
Fundação da Escola Rural
Construção do Porto de Ubu
Crescimento populacional
Desenvolvimento comercial
Ruas sem calçamento
Chegada da energia elétrica
Turismo abalado
Criação de Eco-bairro
Crescimento urbano desordena-do
Expansão da Samarco
Surgimento da boate MAIS
Turismo de negócios
Referencial gastronômico
Na descrição da década de 80, os entrevista-
dos destacaram o crescimento populacional
decorrente da migração em função das obras
de instalação e das oportunidades de empre-
go geradas com as indústrias. No relato desse
período, não foram apresentados problemas,
apenas um momento de crescimento impulsio-
nado pelo turismo e pelas atividades industriais
da região.
Sobre a década de 90, foram destacados a
consolidação do município com balneário, a
“explosão” turística, o inchaço populacional, a
ocupação desordenada e o descaso do poder
público. Nesse momento da atividade, perce-
beu-se que os entrevistados, em sua maioria,
identificam nos anos 90 o início da degradação
de Guarapari.
DEPOIMENTO
“Só tinha mato e moravam poucas fa-
mílias. Hoje agradeço à Guarapari pelo
pouco que temos, mas somos esqueci-
dos por Anchieta e vivemos como dá.
Antigamente todos os moradores se
conheciam e muitas pessoas vieram de
fora para morar aqui”.
(Grupo focal de Porto Grande)
DEPOIMENTO
“A poluição do rio afastou as pessoas
com mais dinheiro. O padrão dos clien-
tes daqui mudou. E pouco antes do ve-
rão, é publicada uma nota no jornal Ga-
zeta sobre a poluição do rio que é para as
pessoas não virem para cá.”
(Grupo focal de Meaípe)
DEPOIMENTO
“O crescimento desordenado sobrecar-
regou o saneamento básico e esgoto (a
implantação de esgoto pela Cesan não
é suficiente).”
(Grupo focal de Meaípe)
DEPOIMENTO
Comentando sobre os anos 2000, os partici-
pantes destacaram precariedade dos serviços
públicos que, segundo eles, é decorrente do
abandono do poder público durante os anos 90.
Por se tratar de um município de médio porte
e de melhor aparelhagem urbana, Guarapari
se transformou em um centro de referência na
região e a qualidade dos serviços públicos não
conseguiu acompanhar o crescimento popula-
cional descontrolado e a demanda de serviços
dos residentes dos municípios vizinhos.
tabela 5 - Linha do Tempo Guarapari
27
No anexo XXXX, a Linha do tempo por comu-
nidades.
O processo de industrialização do município de
Anchieta, capitaneado pela instalação da Samar-
co, marcou profundamente o cotidiano das co-
munidades do seu entorno. Todas as comunida-
des entrevistadas citaram a Samarco como um
divisor de águas na região, associando sua insta-
lação aos problemas socioambientais da região.
Durante as entrevistas ficou explícita a preocu-
pação de que a entrada da Baosteel CSV na re-
gião poderia gerar um novo ciclo de problemas
socioambientais. Entretanto, a própria comuni-
dade se julga melhor preparada para lidar com
os problemas e para cobrar da empresa medi-
das que impeçam a degradação do meio am-
biente e que compensem os males causados.
2.2.2 Bloco 2 - Modelos de desenvolvimento
Este bloco tinha por objetivo obter informa-
ções sobre o entendimento da comunidade a
respeito dos princípios do Desenvolvimento
Sustentável.
Preservação Ambiental
O tema apareceu muitas vezes durante o tra-
balho da Agência 21, e os pontos mais citados
e definidos como de maior preocupação, foram
qualidade do ar e utilização da água.
DEPOIMENTOS
“(...) preocupação com a qualidade do ar
e que as empresas da região, principal-
mente a Samarco, não segue as condi-
cionantes e os moradores também não
buscam seus direitos”.
(Grupo Focal MÃE-BÁ)
“(...) relatou que às vezes tira um carri-
nho de mão cheio de pó de minério”.
(Grupo Focal de Parati)
“Também trouxeram a debate a grande
quantidade de minério que invade as re-
sidências.”
(Grupo Focal GUANABARA)
Qualidade do Ar
Na maioria das vezes em que foi citado, o termo
qualidade do ar, se remeteu à dificuldade em li-
dar com a poeira do minério de ferro manipulado
na Samarco. Segundo as lideranças da região,
essa poeira é responsável por danos à população
local, sobretudo, doenças respiratórias.
28
Qualidade da Agua
Ter uma boa qualidade da água dos ecossiste-
mas de Anchieta foi colocado como o principal
desejo entre as lideranças locais. Segundo eles,
a cidade possui uma comunidade de pescado-
res reconhecidamente importante no Espíri-
to Santo e, além disso, o município possui um
grande número de lagos e lagoas, que servem,
DEPOIMENTOS
“Reclamaram da mortandade de peixes na
lagoa por conta da poluição da Samarco”.
“Também se criticou que os peixes do
projeto de piscicultura são contamina-
dos com metais pesados”.
(Grupo Focal MÃE-BÁ)
“O representante da pesca demonstrou
muita preocupação com o assoreamen-
to dos rios da região e com as lagoas de
Mãe-Bá e Ubú”.
“O representante do Comitê da Bacia Hi-
drográfica do Rio Benevente disse que foi
feito um levantamento que constatou que
a poluição, em termos de metais pesados,
era insignificante e que a Lagoa de Ubú
que está em estado de emergência”.
(Grupo Focal ANCHIETA)
“Destacaram que as Lagoas de Icaraí e de
Tanharu estão totalmente abandonadas”.
(Grupo Focal GUANABARA)
“Citaram a degradação ambiental como
o principal problema, fruto do desenvol-
vimento, a diminuição da pesca e a não
execução da proposta de preservação da
lagoa Samarco/Estado TAMAR”.
(Grupo Focal UBU)
“Foram mencionados como necessida-
des de preservação a pesca, o silêncio, a
tranqüilidade, a lagoa Mãe Ba, que já está
poluída, o mar de Meaípe, causa principal
do turismo e onde moradores de Conda-
dos trabalham em hotéis e restaurantes”
(Grupo Focal Condados)
muitas vezes, de subsistência para os morado-
res. Quanto maior é o nível de poluição de água,
menor é a capacidade de produção econômica
de parte da cidade, que, se não vivem da pesca,
vivem do turismo de veraneio, já que a cidade
atrai turistas de várias regiões do Estado e da
região Sudeste.
29
As lideranças da região de Anchieta possuem
múltiplas percepções sobre os temas de pre-
servação local e, todos eles, de alguma forma,
transpareceram um desejo de fortalecimento
e preservação do meio ambiente.
Percebe-se um ponto convergente nas percep-
ções dos moradores, que é uma memória histó-
rica recente de degradação ambiental gerada
pela Samarco, o que impulsionou uma forma-
ção social sólida em torno da produção de di-
reitos e da proteção ambiental.
Nos grupos focais, os participantes apresen-
taram percepção clara da associação entre
instalação de indústria de base e o passivo
a ser gerado no meio ambiente. Não se nota,
em nenhuma das falas acordadas nos grupos,
qualquer desconhecimento sobre essa relação.
Tal fato reforça o comportamento receoso das
lideranças quanto à instalação de qualquer em-
preendimento industrial na região.
Afirmativas pedindo “maior controle”, “maior
fiscalização” e “maior monitoramento” das ati-
vidades industriais que geram passivos no meio
ambiente foram recorrentes durante a pesquisa.
Geração de riqueza
As lideranças têm a percepção que a principal
riqueza da cidade é extraída do setor industrial
(principalmente das atividades diretas e indire-
tas geradas pela Samarco), da pesca, da agri-
cultura familiar e do turismo.
“Falta fiscalização ambiental na região”.
(Grupo Focal GUANABARA)
“Destacou-se a falta de monitoramento da
poluição na lagoa por parte da Samarco”
(Grupo Focal CASTELHANOS)
“Os principais geradores de renda são as
terceirizadas da Samarco, o turismo de
veraneio, o turismo de negócio (os hotéis
estão se equipando de auditório, inter-
net, etc.) e a gastronomia que é conside-
rada a melhor do Espírito Santo.”
(Grupo focal MEAIPE)
“A Samarco prometeu que colocaria um
filtro para minimizar a poluição. Parece
que os filtros são desligados à noite. Não
existe nenhum tipo de fiscalização”
(Grupo Focal PARATI)
“Disseram faltar fiscalização das barra-
gens novas da Samarco que são abertas
mais vezes que o permitido pela legisla-
ção e o alto índice de poluição à noite”.
“Para eles, a maior preocupação no momen-
to é com o pólo industrial. De onde será re-
tirada a água para o processo de produção?
E os rejeitos onde serão lançados?”
(Grupo Focal MÃE-BÁ)
DEPOIMENTOS
DEPOIMENTO
30
Pesca
É importante destacar que as lideranças não
percebem a pesca como uma atividade cen-
tral na mobilização de riquezas na cidade,
mas uma atividade tradicional que precisa ser
mantida, mas não massificada. A pesca dimi-
nuiu de tamanho, segundo a percepção dos
entrevistados, derivado, principalmente, pelas
atividades industriais na região, que ora po-
luiu parte dos rios, ora provocou a redução de
peixes, por conta de tecnologias usadas, como
plataformas, que atraem peixes que acabam
sendo dragados. As lideranças sugeriram que
a Baosteel apóie uma estruturação da cadeia
produtiva da pesca na cidade, como uma for-
ma de contribuir para o desenvolvimento sus-
tentável da cidade.
Qualidade da Agua
Em relação à questão industrial, os moradores
desejam uma maior inserção da mão-de-obra
local nas atividades industriais. Para isso, de-
sejam que os agentes econômicos locais
desenvolvam um forte programa de quali-
ficação técnica do trabalho que esteja ade-
quada à demanda local por trabalho. Muitos
reclamam que as experiências de qualificação
técnica que existem na região, não são absorvi-
das pelas atividades empresariais locais.
O representante da pesca se mostrou
preocupado com a área do porto que vai
ser da Baosteel e a situação dos pesca-
dores, principalmente porque as plata-
formas da Petrobrás, por exemplo, atra-
em muitos peixes que são dragados.
(Grupo focal ANCHIETA)
“Citaram como oportunidade a oferta de
cursos preparatórios para pescadores”
(morador, Parati).
DEPOIMENTOS
“Mas se o governo não ficar atento não
adianta contar com eles porque eles não
vão fazer nada. Uma vez, criaram uma
unidade do Senai que preparou bastante
pessoas para a Samarco. Mas foi apenas
para a manutenção básica, como pe-
dreiro. Todos os funcionários com outras
qualificações vieram de fora. Acho que
essas capacitações devem ser voltadas
para formação em todos os níveis.”
“O certo é que seja aproveitada a mão de
obra local tanto no processo de instala-
ção quanto no funcionamento.”
(Grupo Focal CASTELHANOS)
DEPOIMENTOS
31
Agricultura Familiar
As lideranças apontaram à agricultura fami-
liar como importante atividade econômica das
áreas rurais, destacando que sua geração de
riqueza é basicamente vinculada a prática. En-
tretanto, avaliam que a implantação de progra-
mas de desenvolvimento sustentável ligadas
à exploração do ecoturismo, pode diversificar
essa atividade. Para isso, desejam um progra-
ma de capacitação para o aproveitamento
dos parques ambientais como fonte de ren-
da e de preservação.
“Houve um aumento da agricultura fa-
miliar. Antes, produzíamos muita man-
dioca, arroz, feijão, café, milho e rapadu-
ra para comercialização. Não tínhamos
muito recurso, era tudo na base da en-
xada. Hoje temos trator, não temos tanto
sacrifício, mas produzimos menos”
(Grupo focal BELO HORIZONTE)
DEPOIMENTO
DEPOIMENTOS
A principal fonte geradora de riqueza
é o turismo durante o verão, que gera
empregos temporários. Eles informa-
ram que existe uma grande especulação
imobiliária de grandes corretoras e 90%
dos imóveis são veranistas.
(Grupo focal UBU)
Foram destacados o turismo familiar, histó-
rico e religioso, a pesca e a culinária típica.
(Grupo focal CASTELHANOS)
Turismo
As lideranças vislumbram no turismo a ati-
vidade mais importante a ser investida para
alavancar o desenvolvimento local. O turismo
se resume nas atividades realizadas no litoral
e nas áreas de proteção ambiental da cidade.
Para isso desejam um programa permanente
de ações turísticas para que a cidade encon-
tre formas de atrair os turistas para todas as
estações do ano. As lideranças vêem o turismo
como uma via para a criação de novos empre-
endimentos (hotéis, pousadas, etc.) e, também,
de agregação de valores nas atividades de hos-
pedagem já criadas, como aluguel de casas e
apartamentos para temporadas.
32
Outras atividades que poderiam ser in-
centivadas são os esportes náuticos, a
pesca esportiva com barcos em alto mar
e a construção de uma marina na Boca
da Baleia, que dizem ser ideal para uma
de grande porte.
(Grupo focal Castelhanos)
“A maior fonte de geração de renda é a praia,
que é o maior atrativo e riqueza do lugar”.
“Para eles, a criação do Parque de Preser-
vação da Guanabara seria uma ótima fon-
te de renda e de preservação do local”.
(Grupo focal GUANABARA)
“Eles citaram como as maiores fontes de
geração de riqueza a hotelaria e o turismo,
estes deveriam ser o carro-chefe de An-
chieta. Mas com eminência de vir a Baos-
teel tudo isso fica mais prejudicado. “
(Grupo focal ANCHIETA -SEDE)
“O município tem grande potencial tu-
rístico, mas não é estruturado para isso”.
Quando está em alta temporada, gera ren-
da para as casas que são alugadas, hotéis e
pousadas, mas em baixa temporada não.
(Grupo focal Chapada do Á/ Monteiro)
33
Oportunidades
No trabalho dos grupos focais, a melhoria da
qualidade da mão de obra local se tornou o
maior desejo das lideranças de Anchieta. Há
um desejo intenso por um programa de desenvol-
vimento de competências locais para fomentar a
melhoria da qualidade das forças produtivas (tanto
do pequeno empresário, quanto do trabalhador).
“Não existem muitas oportunidades
para os jovens”
“A maioria das vagas é preenchida por
pessoas de fora”.
(Grupo Focal PARATI)
“Investimento em escolas técnicas e
profissionalizantes para o aproveita-
mento de mão-de-obra local. Citaram-se
também os cursos profissionalizantes
oferecidos pela prefeitura como mecâni-
ca, soldador que tinham ajuda de custo”
(Grupo Focal MÃE-BÁ).
“Tem que haver uma preparação técnica
dos nossos jovens. Se uma empresa vem
se instalar aqui não é justo que ela traga
apenas os funcionários dela e não apro-
veite os nossos jovens.”
(Grupo Focal CASTELHANOS)
DEPOIMENTOS
34
“Informaram que se sentiram muito va-
lorizados com cursos oferecidos como o
de confeiteiro que estimularam o empre-
endedorismo informal, como a venda de
tortas e doces, e também ajudaram mui-
tos a serem contratados pela rede hote-
leira da região”.
(Morador MÃE-BÁ)
“Fazemos cursos de capacitação e não
somos aproveitados pelas empresas”,
informou um dos participantes.
(Grupo Focal PARATI)
“Um grande desafio é a baixa tempora-
da. Precisamos ter uma boa divulgação
em regiões com habitantes que tenham
potencial turístico, tanto no Brasil quan-
to no exterior. Aqui é um ótimo lugar
para o turismo histórico e religioso. O
padre Anchieta faz parte da história do
nosso país e nosso município é tão anti-
go quanto São Paulo”.
(Grupo Focal CASTELHANOS)
DEPOIMENTOS
As lideranças não estabeleceram, de forma ma-
joritária, os setores onde há a necessidade de
qualificação da mão de obra e/ou do desenvol-
vimento de novos negócios. Questões ligadas
ao mundo do trabalho não foram suscitadas
com profundidade nos grupos focais. Contudo,
houve – em todos os grupos – uma remissão do
setor turístico como uma atividade que com-
porta um conjunto diversificado de oportunida-
des de negócio e trabalho. Mais umas vez, as
lideranças colocaram à necessidade de um
projeto de desenvolvimento sustentável
que instaure uma dinamização de negócios
nesse setor, que priorize a juventude.
35
2.1.3 Bloco 3 Canais de comunicação
O objetivo desse bloco foi buscar informações
sobre a relação entre o poder público, iniciati-
va privada e sociedade civil, descobrindo entre
as lideranças comunitárias, representantes dos
órgãos públicos, de empresas ou da sociedade
civil indivíduos e/ou instituições capazes de
melhorar os canais de comunicação entre co-
munidade e a Baosteel CSV.
Na tabela a seguir, apresentaremos, através dos
setores de atuação, as instituições e indivíduos
identificados, a partir dos Grupos Focais, como
canais de comunicação capazes de multiplicar
as informações na região.
PODER PÚBLICO
Escolas
IEMA
Postos de Saúde
Secretaria de meio ambientes de Anchieta
Secretaria de planejamento de Anchieta
INICIATIVA PRIVADA
Carro de som
Fábrica de vassouras
Rádio SIM FM 97.9
Samarco
SOCIEDADE CIVIL – ORGANIZAÇÕES
APPC - Castelhanos
Associação de moradores de Belo Horizonte
Associação de moradores de Castelhanos
Associação de moradores de Condados
Associação de moradores de Guanabara
Associação de moradores de Mãe-bá
Associação de moradores de Meaípe
Associação de moradores de Parati
Associação de moradores de Porto Grande
Associação de moradores de Ubu
Associação de pescadores de Ubu e Parati
Fórum de entidades do sul
Igrejas
Ong GAMA
Ong Pró-gaia
SAC - Farol
TAMAR
SOCIEDADE CIVIL – INDIVÍDUOS
Alan Delon
Alcebidis
Alvimar (Mazinho)
Danielle
Grande Cosme
José Dutra
José Gonçalves
José
Maria Alice
Ostério
Samarone
Sebastião
Shirley
Shirmerly (Professora)
Thiago
Tina
Vanessa
Wanderson
A percepção da “falta de comunicação”, “falta
de informação”, “falta de transparência”, “falta
de contato”, “falta de diálogo”, enfim de todo
tipo de incomunicabilidade da empresa com as
comunidades impactadas reside no receio de a
Baosteel CSV estar incluída num processo de
instalação industrial baseado no “nada a decla-
rar”, típico da experiência brasileira de expansão
industrial dos anos anteriores à década de 1990.
Sendo assim, há uma urgência de desenvolvi-
mento de políticas de comunicação eficazes,
que viabilizem o diálogo com os atores estra-
tégicos e, sobretudo, que dissocie a imagem da
Baosteel CSV da empresa Samarco.
“A Baosteel CSV deve procurar agir ao
contrário da Samarco que não se integra
ao município e não fixa metas de polí-
tica com a cidade. Por exemplo, você
não vê o pessoal de Anchieta freqüen-
tar o comércio daqui. Acho que poderia
ser construída uma boa vila residencial
aliada a uma política de fixação dos fun-
cionários mais graduados para que seja
impulsionado o desenvolvimento do co-
mercio local.”
(Grupo focal Mãe-bá)
DEPOIMENTO
38
Foram realizadas pesquisas em campo com o
objetivo de captar a percepção da população
do entorno do empreendimento sobre os fatos
geradores de impactos mapeados.
Esses fatos geradores foram mapeados pelos
consultores da Agência 21 com a contribuição
dos especialistas da Baosteel CSV que foram en-
trevistados nos dias 19 e 20 de junho de 2008.
Para facilitar a compreensão, definiu-se:
• Fatos Geradores: Comportamentos ou carac-
terísticas da operação de uma empresa que ge-
ram impactos no território e/ou na população.
• Impactos: Influência significativa sobre o meio
natural e social que provoque um desequilíbrio
das relações constitutivas desses meios. Re-
sultam em danos percebidos e/ou mensuráveis
para as partes interessadas.
Uma lista completa dos fatos geradores e im-
pactos mapeados pode ser encontrada no docu-
mento “Mapeamento de impactos” em anexo.
1. Percepção das
comunidades sobre
os fatos geradores
As pesquisas foram realizadas através de en-
trevistas com lideres comunitários, membros
do poder público e grupos focais. A metodo-
logia utilizada pela Agência 21 reúne grupos,
de diferentes setores de uma localidade para
verificar a percepção da população sobre um
determinado tema.
Os fatos geradores foram separados da seguin-
te forma:
• Positivos:
Percebidos
Reais
Não percebidos
• Negativos
Percebidos
Reais;
Não percebidos.
• Impactos Percebidos Não Reais
A partir da análise do gráfico abaixo, nota-se
que, num primeiro momento, as comunidades
do entorno do empreendimento tendem a atri-
buir mais pontos negativos do que positivos a
chegada da Baosteel CSV. Com base nessa in-
formação, deve-se intensificar a comunicação
dos fatos positivos para provocar uma mudan-
ça neste cenário.
Fatos geradores negativos
Fatos geradores positivos
Fonte: pesquisa agência 21
28%
72%
FATOS GERADORES
Gráfico 14
39
1.1 Fatos Geradores Positivos
A percepção de fatos geradores positivos é
consideravelmente inferior comparado aos fa-
tos negativos. Isso se deve, principalmente, ao
histórico de atuação das empresas já instaladas
no entorno. A insatisfação com a atuação e com
os ganhos proporcionados com a instalação e a
operação de empresas como a Samarco é quase
um consenso entre os participantes do estudo.
Os participantes consideram que os ganhos
obtidos foram pequenos e que os impactos
negativos superaram os positivos por uma lar-
ga escala. Desta forma, é compreensível que a
maioria não vislumbre muitos fatos positivos.
Outro fator que colabora para a diminuição de
uma visão positiva é o fato de que a Baosteel
CSV ser voltada para a exportação, o que dimi-
nui a margem de aumento em arrecadação da
prefeitura local devido à lei Kandir.
FATOS POSITIVOS PERCEBIDOS
Melhoria de Infra-Estrutura
Geração de Renda e Emprego
Tributação
Fator multiplicador renda e consumo (cadeia siderúrgica)
Áreas Ambientalmente protegidas
38%11%7%3%
41%
Segundo a pesquisa, o principal fato percebido
é na questão da melhoria da infra-estrutura, se-
guido pela geração de renda e emprego.
O fato positivo, melhoria da infra-estrutura,
deve ser analisado com cautela, parte dos par-
ticipantes afirmou que a melhoria da infra-es-
trutura não faz parte de um fato positivo e na
verdade se configura em uma condicionante
para a instalação da Baosteel CSV.
Neste momento deve-se repensar em até que
ponto vai o papel e a responsabilidade da em-
presa. É fundamental que a empresa não assu-
ma a função do estado. Uma vez assumida essa
função, é de se esperar que a cobrança da co-
munidade sobre a empresa seja constante.
A geração de renda e emprego é o segundo
ponto mais citado pela comunidade local. Ape-
sar de ser visto com otimismo, esse fato tam-
bém teve ressalvas colocadas. O medo de que
a população local não seja aproveitada, seja por
falta de interesse da empresa ou por falta de
qualificação da mão de obra, é a maior preocu-
pação dos participantes. Dessa forma, os parti-
cipantes pediram que fossem disponibilizados
curso de formação de mão-de-obra, que pode-
rão ser oferecidos pelo estado em parceria com
a Baosteel CSV. Ademais, pediram ainda que a
empresa assumisse o compromisso de privile-
giar a contratação de moradores locais.
O terceiro fato mais citado é a tributação. Este,
como já foi mencionado anteriormente, também
possui um aspecto restritivo devido à existência
da Lei Kandir e das características do empreen-
dimento. Assim, a tributação ficará mais restrita
ao ciclo econômico que será gerado pela Baos-
teel CSV do que pela tributação da própria.
Gráfico 15
40
O quarto ponto positivo percebido pela popula-
ção é o potencial multiplicador de renda e con-
sumo. A expectativa de aumento da renda, por
conseqüência do consumo, se dá em virtude da
empregabilidade que será gerada com a entra-
da da empresa na região. Os empregos indire-
tos abrangerão diversos setores da economia
local. Estas oportunidades demandarão mão
de obra qualificada para alguns serviços e para
outros não será exigida qualificação. Espera-se
que assim, diferentes camadas sócio-econômi-
cas serão contempladas.
O quinto e último fator positivo percebido é
a proteção das áreas ambientalmente prote-
gidas. Existe uma constante preocupação da
população em manter essas áreas. Acredita-se
que a Baosteel CSV incentivará projetos que
visem à proteção, manutenção e recuperação
das áreas ambientais como o Monte Urubu e a
lagoa Mãe-bá.
1.2 Fato gerador positivo não percebido
É desconhecido pela sociedade local o fato da
Baosteel CSV poder contribuir com o forne-
cimento de energia para a região. A empresa
pretende construir sua própria termoelétrica a
gás. Desta maneira, a termoelétrica produzirá
energia para a produção da siderúrgica e o ex-
cedente a Baosteel CSV venderá para o sistema
de energia da região. É importante mencionar
que a situação do Brasil referente à escassez de
energia no é alarmente, porém inspira cuidados.
Portanto a contribuição que a empresa poderia
trazer para o local é bastante relevante.
GERAÇÃO DE ENERGIA
1.3 Fatos negativos percebidos
No gráfico apresentado, pode-se identificar que
dentre os principais fatos geradores negativos
percebidos pela população destacam-se a mi-
gração de mão de obra, o uso dos recursos hí-
dricos e a emissão dos poluentes.
As comunidades locais prevêem um aumento
expressivo na taxa de migração, sendo este o
fato gerador negativo mais percebido. De acordo
com experiências anteriores das comunidades,
esta mudança no cenário populacional tem um
desdobramento sócio-econômico negativo.
FATOS NEGATIVOS PERCEBIDOS
46%
19% 16%
4%11%
Migração de mão-de-obra
Recursos Hídricos
Emissão de poluentes da Atividade IndustrialPoluição Sonora da Atividade Industrial
Tráfego Viário aumentando
Remoção
Supressão de APP
Emissão de particulados da Atiovidade Industrial (poeira)
1%2%2%
Gráfico 16
41
A construção de uma infra-estrutura adequada
para os trabalhadores da Baosteel CSV é uma
necessidade primordial para minimizar a ocor-
rência dos impactos do fluxo migratório. Assim
como a contratação do maior número possível
de mão-de-obra local para minimizar a chega-
da de novos moradores.
O segundo fato gerador negativo mais citado
pela população é a utilização dos recursos hí-
dricos de maneira não sustentável. A possibi-
lidade de escassez de água ou a má utilização
dos rios e lagoas preocupa a população local
devido ao grande número de atividades locais
dependerem do Rio Benevente. Dessa forma, a
divulgação de plano de manejo correto, propos-
tas alternativas de captação de água e ações
em conjunto com a comunidade podem ser
importantes para evitar problemas no forne-
cimento de água e no relacionamento com as
comunidades do local.
Outro fato gerador relevante que foi destacado
pela população é a possibilidade de aumento
da emissão de poluentes com a chegada da Ba-
osteel CSV. Um aumento dessas emissões pode
acarretar em danos ao meio ambiente e tam-
bém a saúde e a qualidade de vida da popu-
lação local. Essa questão, principalmente nas
proximidades da Samarco, empresa apontada
como a grande poluidora do ar na região, deve
ser vista com bastante cuidado, não só devido
a uma possível repercussão negativa, mas tam-
bém pela falta de credibilidade das indústrias
siderúrgicas e da cultura chinesa quanto ao
cuidado com o meio ambiente.
A poluição sonora aparece como a quarta maior
preocupação dos moradores locais. De acordo
com os depoimentos, o histórico da Mineradora
Samarco na região, mostra que a insatisfação
da comunidade é decorrente do som que pro-
vem das operações das máquinas e do aumen-
to do tráfego viário.
Conforme mencionado no parágrafo acima, o au-
mento do tráfego viário é um representativo fator
impactante na sociedade. O crescimento do nú-
mero de veículos nas ruas e estradas pode afetar
não só os negócios locais como também a quali-
dade de vida local. Assim, é importante que a Ba-
osteel CSV assuma a sua parcela de responsabili-
dade nesse aumento e tome as medidas cabíveis.
Em sexto lugar na listagem dos tópicos mais im-
pactados negativamente, encontramos a remo-
ção. Atualmente a população não tem consciên-
cia da remoção das comunidades Chapada do A
e Monteiro. Boatos sobre áreas que serão desa-
propriadas para a construção da siderúrgica são
comuns, porém está informação não está clara
para eles. Devido à sensibilidade dessa questão
e ao fato da responsabilidade sobre os procedi-
mentos da remoção ainda serem dúbios, a ques-
tão tem potencial de grande risco para a Baosteel
CSV e seu relacionamento com a comunidade.
Em última posição no gráfico dos impactos ne-
gativos, encontramos a questão da emissão de
particulado da atividade industrial. Apesar de
existirem algumas diferenças com a da emis-
são de poluentes, seus impactos e seus proble-
mas são semelhantes.
42
1.4 Fatos geradores negativos percebidos
Dentre os principais fatos geradores não per-
cebidos pela comunidade, destacamos na fi-
gura abaixo:
O descarte de resíduos líquidos e o descarte de
lama têm impactos ambientais e sociais, princi-
palmente referentes à saúde e ao ecossistema
onde o descarte é realizado.
As comunidades locais não têm conhecimento
da descoberta de sítios arqueológicos na re-
gião, desta maneira, os impactos da supressão
desses sítios não são vislumbrados.
1.5 Impactos Percebidos Não Reais - Imaginário China
Alguns impactos destacados pelas comunida-
des não correspondem à realidade. O fato de a
Baosteel CSV ser uma empresa de um grupo
chinês, desperta no imaginário das pessoas
percepções distorcidas.
Dentre os impactos não reais observados pela
população, destacamos:
Na primeira posição encontramos a questão da
poluição. É fato, que a poluição na China cresce
na mesma proporção de seu boom econômico,
porém uma vez que uma empresa se instala em
território brasileiro ela deve seguir as leis am-
bientais que aqui vigoram.
Na segunda posição, destacamos a questão da
China ser um país de cultura oriental. Decor-
rente deste referencial oriental, as pessoas ima-
ginam e temem que os chineses que se estabe-
lecerem na região não conseguirão se adaptar
a cultura e ao modo de vida local e introduzirão
os seus costumes e tradições.
A terceira e última manifestação da população
foi referente à questão dos direitos humanos.
A grande divulgação na mídia mundial e bra-
sileira e o histórico de desrespeito dos direitos
humanos na China fazem com que a população
transfira essa preocupação para a Baosteel CSV
e sua atuação local.
DESCARTE DE RESÍDUOS LÍQUIDOS
DESCARTE DE LAMA
SÍTIOS ARQUEOLÓGICOS
Grandes Poluidores
Conflitos Culturais - costumes
Desrespeito aos Direitos Humanos
23%31%
46%
Gráfico 17
43
1.6 Condicionantes
Algumas comunidades não perceberam os im-
pactos positivos que a Baosteel CSV pode agre-
gar à região. A única maneira de ganho que a
população visualiza é com realização das con-
dicionantes determinadas por eles próprios.
Abaixo seguem as condicionantes estipuladas
pelas comunidades:
Infra-estrutura
Alojamento
Mão-de-obra
Construção de Hospital;Construção de Escolas;Investimentos em Rodovias;Serviços de saúde;
Destinação adequada do lixo;Saneamento;Monitoramento da qualidade do ar;
Alojamento e alimentação;Oficina de máquinas e manutenção nos alojamentos;Vila residencial para funcionários graduados;
Limitação de mão-de-obra estrangeira;Qualificação para todos os níveis de escolaridade;Capacitação e aproveitamento da juventude local;Aproveitamento de instrutores locais;
Para se ter um maior entendimento sobre os
impactos gerados, intensificados e/ou não re-
lacionados com a instalação da Baosteel CSV,
recomendamos a análise do “Relatório de indi-
cadores de impactos” (em anexo) desenvolvido
pela a Agência 21. Esse relatório apresenta in-
dicadores que têm por função acompanhar os
índices de evolução dos impactos gerados pelo
empreendimento em suas fases de instalação
e operação.
Gráfico 18
A metodologia de mapeamento de atores es-
tratégicos da Agência 21 leva em consideração
as disposições dos atores estratégicos e o seu
posicionamento em relação ao projeto da Ba-
osteel CSV.
O resultado final permitirá vislumbrar a impor-
tância desses atores, sua capacidade de realizar
ações baseadas em seus destacados recursos
de reivindicação e sua agilidade de articulação.
Compreendendo assim as ações com grande po-
tencial de interferência ao projeto da empresa.
A seguir será apresentado resultado da clas-
sificação dos principais atores estratégicos do
processo de instalação da Baosteel CSV. Um
cadastro completo, com todos os atores mape-
ados pela Agência 21, pode ser encontrado no
anexo desse diagnóstico.
1. Mapeamento dos Atores
Estratégicos – Baosteel CSV
Para avaliar as disposições e o posicionamento
dos atores estratégicos, a análise é dividida em
três partes: Natureza do ator, Densidade e
centralidade da rede, Rede de influência;
de acordo com os níveis de atuação: Global e/
ou Local.
O conteúdo das informações foi trabalhado
através dados obtidos nas abordagens estraté-
gicas e nos grupos focais, no período de julho a
outubro de 2008.
1.1 A natureza do ator estratégico
A natureza do ator analisa as características
individuais e as ações que demonstrem poten-
cialidade de organização. Para obter uma aná-
lise mais constante da natureza do ator estra-
tégico foram considerados os níveis de Poder,
Legitimidade, Urgência e suas interseções. Es-
tes níveis foram subsidiados a partir de alguns
indicadores que são os seguintes:
• Poder
Coercitivo - baseado a partir da força física
e violência;
Utilitarista - baseado a partir do recurso
financeiro;
Normativo – baseado a partir da capacida-
de de comandar a atenção dos meios de comu-
nicação;
• Legitimidade
Formal – baseado no respaldo político;
Informal – baseado no respaldo popular.
• Urgência
Sensibilidade ao tempo – o grau que deter-
mina a gerência à reivindicação;
Criticidade – o grau da importância da
reivindicação.
Nas figuras a seguir, pode-se observar a nature-
za dos atores mapeados:
47
1.1.1 Atores Globais
Discreto
Definitivo
DependenteDominante
Perigoso DemandanteAdormecido
Legitimidade
IEMAADERES
PoderUrgência
Ministério do Trabalho e EmpregoProcuradoria de Justiça
GreenpeaceIBAMA
1.1.2 Atores Locais
Discreto
Definitivo
DependenteDominante
Perigoso DemandanteAdormecido
Legitimidade
APRAM - Núcleo de Psicultores da Lagoa de Mãe-BáAssociação Comunitária de Belo HorizonteAssociação Comunitária de Mãe-BáAssociação de Moradores de CondadosAssociação de Pescadores de Ubu-ParatiAssociação dos AmbulantesConselho Municipal de Saúde
PoderUrgência
MepesSecretaria Municipal de Meio Ambiente de Anchieta
Secretaria Municipal de Pesca de Anchieta
Projeto TAMARPromotoria de Justiça
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano, Econômico e Trabalho de Anchieta
Tadeu Schneider - Emp. Imobiliários
Associação de Esportes de Recanto do Sol; Associação de Moradores de Castelhanos; Associação de Moradores de Chapada do Á; Associação de Moradores de Guanabara; Associação de Moradores de Meaípe; Associação de Moradores de Parati; Associação de Moradores de Ubu; Associação Pró-Melhoramento da Praia de Castelhanos; Colônia de Pescadores de Piúma; Fetranspor; FINDES; Igreja Batista; Igreja Católica; Pousada da Tina; Pró-Gaia; Secretaria Municipal de Assistência e desenvolvimento Social de Anchieta; Secretaria Municipal de Fazenda de Anchieta; Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Guarapari; Secretaria Municipal de Obras de Anchieta; Secretaria Municipal de Planejamento de Anchieta; Secretaria Municipal de Trabalho, Assistência e Cidadania de Guarapari;Vice-prefeitura de Anchieta.
Naboa (Núcleo de Artesanato em Fibra de Táboa)Pousada Corais de Ubu
48
1.2 Densidade e centralidade da Rede
A densidade e centralidade da rede analisam a
influência que cada ator pode exercer durante
todo o processo de relacionamento com a em-
presa. Dado o caráter estratégico dos atores en-
volvidos, espera-se que eles possuam redes de
articulações que podem atuar a favor ou contra
a empresa, variando de acordo com o relacio-
namento dela com cada um deles.
Nas figuras a seguir pode-se observar como os
atores foram qualificados nos quadrantes de
Densidade da Rede e Centralidade.
SUBORDINADO
SOLITÁRIO
COMPROMETIDO
COMANDANTE
IBAMAMinistério do Trabalho e Emprego
IEMAADERESProcuradoria de Justiça Secretaria de Estado de DesenvolvimentoSecretaria de Estado do Meio Ambiente e Recur-sos HídricosGreenpeace
Den
sid
ade
da
Red
e
1.2.1 Atores Globais
Centralidade do Ator
49
Associação de Esportes de Recanto do SolAssociação de Moradores de GuanabaraColônia de Pescadores de Piúma
SUBORDINADO
SOLITÁRIO
COMPROMETIDO
COMANDANTE
APRAM - Núcleo de Piscicultores da Lagoa de Mãe-BáAssociação de Moradores de ParatiAssociação dos AmbulantesFetransporPousada da TinaSecretaria Municipal de Assistência e desenvolvi-mento Social de AnchietaSecretaria Municipal de Desenvolvimento Huma-no, Econômico e Trabalho de AnchietaSecretaria Municipal de Fazenda de AnchietaSecretaria Municipal de Meio Ambiente de Gua-rapariSecretaria Municipal de Obras de AnchietaSecretaria Municipal de Planejamento de AnchietaSecretaria Municipal de Trabalho, Assistência e Cidadania de Guarapari
Associação Comunitária de Belo HorizonteAssociação Comunitária de Mãe-BáAssociação de Moradores de CastelhanosAssociação de Moradores de CondadosAssociação de Moradores de MeaípeAssociação de Pescadores de Ubu-ParatiAssociação Pró-Melhoramento da Praia de CastelhanosConselho Municipal de SaúdeFINDESIgreja CatólicaMepesNaboa (Núcleo de Artesanato em Fibra de Táboa)Pró-GaiaPromotoria de JustiçaSecretaria Municipal de Meio Ambiente de AnchietaSecretaria Municipal de Pesca de Anchieta
Associação de Moradores de Chapada do Á
Associação de Moradores de Guanabara
Associação de Moradores de Ubu
Pousada Corais de Ubu
Projeto TAMAR
Tadeu Schneider - Emp. Imobiliários
Vice-prefeitura
Den
sid
ade
da
Red
e
Centralidade do Ator
1.2.2 Atores Locais
50
1.3 Rede de influência
A rede de influência analisa os vínculos entre ato-
res, grupos e organizações construídos ao longo
do tempo. Esses vínculos têm diversas naturezas,
e podem ter sido construídos intencionalmente,
embora a sua maioria tenha origem em relações
herdadas de outros contextos. Todas elas encon-
tram-se em constante interação e transformação,
embora o peso relativo das relações herdadas
torne essa dinâmica desenvolvida.
A figura a seguir ilustra as redes de influência
dos principais atores estratégicos envolvidos
no processo de licenciamento da Baosteel CSV.
Os atores posicionados mais ao centro da figu-
ra tendem a ter uma posição de destaque em
relação aos demais atores e, por isso, merecem
um maior grau de atenção e monitoramento.
51
2. Relatório de prioridades
A partir do mapeamento dos atores estratégi-
cos, é gerado um Relatório de Prioridades que
definirá o modelo de abordagens estratégicas
que deverá ser adotado pela empresa. Desta-
cando que há variações de acordo com as aná-
lises e percepções construídas no decorrer do
trabalho.
2.1 Atores Estratégicos Globais
ADERESIEMA
Ministério do Trabalho e EmpregoProcuradoria de Justiça Estadual
Sec. De Estado de DesenvolvimentoSec. De Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
GreenpeaceIBAMA
Pri
orid
ade P
rioridad
e
DEFINITIVO
DEPENDENTEDOMINANTE PERIGOSO
PODER ADORMECIDODISCRETO DEMANDANTE
IRRELEVANTE
52
A atuação dos atores globais mapeados para
o processo de licenciamento da Baosteel CSV,
fica restrita as atribuições de cada instituição.
Porém, é importante entender que existem ar-
ticulações políticas de acordo com o represen-
tante adjacente de cada instituição. Sendo as-
sim prudente acompanhar e entender o ponto
de vista de cada um.
A seguir, apresentaremos percepções dos ato-
res mapeados acima:
Atores Estratégicos Globais
Instituição Indivíduo Observações
ADERES Cristina Vellozo
Presidente da ADERES. É a responsável por todas as deci-sões e pelas articulações políticas com as demais institui-ções públicas e privadas. Apresenta uma interação com o secretário de desenvolvimento Guilherme Dias.Procura sempre evitar as discussões técnicas passando essas questões para a funcionária Ana Márcia.
ADERES Ana Márcia
Funcionária responsável pelas avaliações técnicas. Dentro da instituição assume uma posição de conflito diante das decisões políticas se colocando, muitas vezes, contra a presidente Cristina Vellozo. Defende que todos os custos decorrentes da instalação da Baosteel, inclusive os custos com infra-estrutura (estradas; rede elétrica; Avaliações ambientais...) devem ser pagos pela empresa.
GreenpeaceNão possui base de atuação na região do ES. Porém, sua atuação é pautada com temas de apelo midiático.
IEMA - Instituto Esta-dual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos
Sueli Passoni
Presidente do IEMA. Foi apresentada como o ponto de apoio para amparar todas as decisões técnicas do Estado.Apresentas uma ligação muito forte com a secretária de meio ambiente Maria da Glória e com a Presidente da Ade-res Cristina Vellozo.Tende a se apoiar nas organizações e lideranças locais para assumir posições contrárias ao Pólo e à CSV.
IBAMARoberto Messias Franco
Não tem se posicionado acerca do empreendimento, uma vez que, este processo de licenciamento é de responsabili-dade do IEMA.
Ministério Público Marco Antônio Nogueira
Promotor de Justiça e coordenador da 1ª Microrregião do Espírito Santo. Apesar de não ter o poder de oferecer de-núncias, o Dr. Marco Antônio exerce influência direta sobre os demais promotores de justiça dos municípios do entorno do empreendimento.È o responsável pela organização do fórum de UBU que reúne diversas organizações para discutir as questões socioambientais da região.
Secretaria de Estado de Desenvolvimento – SEDES
Guilherme DiasO Governo do Estado do ES definiu sua política de desen-volvimento industrial – siderurgia - e não aparenta ter um bom alinhamento interno com os órgãos regulamentadores.
Secretaria de Estado do Meio Ambiente e Recursos Hídricos - SEAMA
Maria da Glória
Secretária de meio Ambiente. Formalmente não está diretamente ligada ao licenciamento do empreendimento. Entretanto, sua forte relação com o IEMA (a mesma já foi presidente do órgão) e com a presidente Sueli Passoni faz com que a secretária tenha influência direta nessa questão.
53
2.1 Atores Estratégicos Locais
Pri
orid
ade P
rioridad
e
DEFINITIVO
DEPENDENTEDOMINANTE PERIGOSO
PODER ADORMECIDODISCRETO
DEMANDANTE
IRRELEVANTE
A atuação dos atores locais mapeados para o
processo de licenciamento da Baosteel CSV,
fica restrita as atribuições de cada instituição.
Porém, é importante entender que existem ar-
ticulações políticas de acordo com o represen-
tante adjacente de cada instituição. Sendo as-
sim prudente acompanhar e entender o ponto
de vista de cada um.
A seguir, apresentaremos percepções dos ato-
res mapeados acima:
ADERESIEMA
Projeto TAMARPromotoria de Justiça
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano, Econômico e Trabalho de
Anchieta
Tadeu Schneider - Emp. Imobiliários
Sec. De Estado de DesenvolvimentoSec. De Estado do Meio Ambiente e
Recursos
Associação de Esportes de Recanto do Sol; Associação de Moradores de Castelhanos; Associação de Moradores de Chapada do Á; Associação de Moradores de Guanabara; Associação de Moradores de Meaípe; Associação de Moradores de Parati; Associação de Moradores de Ubu; Associação Pró-Melhoramento da Praia de Castelhanos; Colônia de Pescadores de Piúma; Fetranspor; FINDES; Igreja Batista; Igreja Católica; Pousada da Tina; Pró-Gaia; Secretaria Municipal de Assistência e desenvolvimento Social de Anchieta; Secretaria Municipal de Fazenda de Anchieta; Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Guarapari; Secretaria Municipal de Obras de Anchieta; Secretaria Municipal de Planejamento de Anchieta; Secretaria Municipal de Trabalho, Assistência e Cidadania de Guarapari;Vice-prefeitura de Anchieta.
APRAM - Núcleo de Psicultores da Lagoa de Mãe-BáAssociação Comunitária de Belo HorizonteAssociação Comunitária de Mãe-BáAssociação de Moradores de CondadosAssociação de Pescadores de Ubu-ParatiAssociação dos AmbulantesConselho Municipal de Saúde
Naboa (Núcleo de Artesanato em Fibra de Táboa)Pousada Corais de Ubu
54
2.2 Grupos Focais
A atuação dos atores locais mapeados para o
processo de licenciamento da Baosteel CSV,
fica restrita as atribuições de cada instituição.
Porém, é importante entender que existem ar-
ticulações políticas de acordo com o represen-
tante adjacente de cada instituição. Sendo as
56
Instituição Indivíduo Observações
APRAM - Núcleo de Psicultores da Lagoa de Mãe-Bá
JuscelinoRepresentante bastante envolvido e reconhecido na comunidade; Além da APRAM, atua no grupo de teatro da comunidade.
Associação Comunitária de Belo Horizonte
José Maria
Exerce forte influência na comunidade; Se comunica constantemente com as associações de moradores de Anchieta e é membro fundador do Fórum das Entidades do Sul.
Associação Comunitária de Mãe-Bá
Peninha
Seu cargo de presidente na associação de moradores foi questionado por moradores da comunidade; Possui uma pousada na região e defende interesses próprios.
Professor Roberto
Bastante articulado, porém, mal quisto pela comunidade; Procura demonstrar conhecimento, participou de vários grupos focais. Muitas vezes se contradiz, sendo questionado pela população; Participou da fundação do Fórum das Entidades do Sul;
Associação de Esportes de Recanto do Sol
Ednaldo (Grande)
Foi candidato a vereador e recebeu 50 votos; Posiciona-se a favor da comunidade, porém não tem o reconhecimento disso. Participou da fundação do Fórum de Entidades do Sul.
GP
Irmão do Ednaldo; Estudante de turismo; Fez duras críticas a Baosteel CSV por conta da falta de informação oficial.
Associação de Moradores de Castelhanos
Júlio Inexpressivo;
Associação de Morado-res de Chapada do Á e Monteiro
Ostério Santos
Motorista da secretaria de educação; Construiu um campo de futebol em frente a sua casa e disponibilizou aos moradores; Solicitou informações sobre a “possível” remoção dos mo-radores e acrescentou que na secretaria eles o informa-ram que a baosteel csv está próxima à comunidade.
Associação de Moradores de Condados
Domingos Maciel
Eleito vereador de Guarapari na última eleição; Posicionou-se contrário à vinda da baosteel, destacando os problemas oriundos da samarco; Bastante articulado e presente na comunidade.
Associação de Moradores de Guanabara
Valdecir Lopes Disperso e desarticulado;
Sebastião
Ativo; Demonstrou segurança na defesa da comunidade; Posicionou-se contra a Dona Ilda, dizendo que ela não responde pela comunidade.
Associação de Moradores de Meaípe
RaulArticulado, porém, não é bem visto na comunidade; Ultimamente tem participado de reuniões com o IEMA para reflorestar a ponta de Meaípe;
Augusto
Médico e morador antigo de Meaípe; Seu pai foi considerado um dos maiores lideres comuni-tários da região; Sua esposa possui uma farmácia em Meaípe; Ele é articulado e possui uma memória sobre o licencia-mento da samarco muito recente. Os moradores confiam bastante nele.
57
Instituição Indivíduo Observações
Associação de Moradores de Parati
Fernando
Foi candidato a vereador e teve votação inexpressiva; Os moradores da comunidade na o reconhecem como liderança; Participa do Fórum de Entidades do Sul.
Associação de Moradores de Ubu
Willis
Introspectivo, analítico e observador; Fez duras críticas ao ex vice-prefeito que tentou inviabili-zar grupo focal de Ubu; Demonstrou interesse em participar das reuniões de diálogo.
Associação de Pescadores de Ubu-Parati
Russo
Bastante articulado e reconhecido como liderança; Participou dos processos de licenciamento da samarco; Seus argumentos são baseados em informações coeren-tes; Se diz a disposição para dialogar.
Associação Pró-Melhora-mento da Praia de Caste-lhanos
José OlímpioAposentado do judiciário e dono do hotel Tanharu; Muito crítico a instalação da baosteel csv;
Admário
Presidente da associação e aposentado da Petrobrás; A associação presta serviços à comunidade de distribui-ção d água e segurança; Suas críticas são voltadas para o tema segurança.
Conselho Municipal de Saúde
HelgaMuito crítica ao empreendimento; Articula-se com dona Ilda.
Fetranspor - Federação das empresas de transporte decargas do Estado do Espírito Santo
Luiz Vagner
FINDES – Federação das Indústrias do Estado do Espírito Santo
Lucas Izoton Vieira
Igreja Batista Não houve declarações.
Igreja Católica Bispo D. LuizSuas declarações sobre o investimento em Anchieta foram arraigadas de críticas aos Chineses e sua cultura.
Mepes - Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo
Joel Duarte Benísio
Eles administram o único hospital pronto-socorro de Anchieta; Aplicam a pedagogia de alternância na Escola Técnica Agrícola; Possuem vínculos com o MST; Participam do Comitê da Bacia Hidrográfica do Benevente; Não houve pronunciamento oficial sobre o empreendimento.
Naboa (Núcleo de Artesa-nato em Fibra de Táboa)
César Weslley
Brigou com o Peninha e se desligou da associação de moradores de Mãe-bá; É o responsável pelo Naboa; É questionado por alguns moradores uma vez que o ma-terial usado no projeto é considerado “uma peste” para a lagoa de Mãe-bá; Demonstrou bastante interesse em ajudar no diálogo da baosteel csv.
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Instituição Indivíduo Observações
Pousada da Tina Tina
Moradora da comunidade Guanabara; Construiu a primeira pousada na praia; Individualista, falante e em alguns momentos preconcei-tuosa; Inexpressiva frente à comunidade.
Pró-Gaia Ilda Freitas
Presidente da ONG e fundadora do Fórum das Entidades do Sul; Exerce influência no fórum, porém não aglutina os mora-dores da comunidade de Guanabara; Articulada e culta; Participa dos fóruns da samarco e dos conselhos da cidade; Faz duras críticas ao governo municipal e estadual; Se articula diretamente com o professor Roberto e Bruno do GAMA.
Pró-GaiaCarlos Hum-berto
Vice-presidente da Ong. Acompanha sempre presidente Ilda Freitas nas reuniões e encontros. É declaradamente contra o empreendimento e se posiciona de forma agressi-va toda vez que fala sobre a Baosteel e seus fornecedores.
Projeto TAMAR Maria FerreiraNascida e criada na comunidade Guanabara; Trabalha na base do projeto Tamar; Demonstrou preocupação com a instalação da baosteel.
Secretaria Municipal de Assistência e desenvolvi-mento Social de Anchieta
Sheila Mulinari
Postura assistencialista e paternalista frente à instalação da Baosteel CSV, visão bairrista e conservadora. Desarticulada com interesses da Prefeitura, desconheci-mento completo sobre Baosteel CSV.
Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano, Econômico e Trabalho de Anchieta
Adson Nogueira Contato não realizado.
Secretaria Municipal de Fazenda de Anchieta
Robinson Jorge Antunes
Interesse no acréscimo da arrecadação, justificada como morador por medidas compensatórias de meio ambiente e escassez de água. Já atuou enquanto Secretário Municipal de Meio Ambiente e Secretario Municipal de Desenvolvimento Econômico; prestador de serviços para Samarco como Engenheiro de Segurança do Trabalho.
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de An-chieta
Herman Da-mázio (Paizinho)
Vislumbra o crescimento da arrecadação. Riqueza gerada deve ser compartilhada para compensar uma possível degradação; Postura desenvolvimentista; Viés favorável a instalação do empreendimento; Populismo loca,l e sociabilidade, longa trajetória política com atual prefeito.
Secretaria Municipal de Meio Ambiente de Gua-rapari
Antônio Telles Zimerer
Visão favorável à instalação do empreendimento no município de Anchieta, assumindo postura de morador, baixa desenvoltura política. Interesse no desenvolvimen-to de projetos municipais pela Baosteel CSV. Secretário Engenheiro Agrônomo com discurso ambien-talista para medidas compensatórias.
59
Instituição Indivíduo Observações
Secretaria Municipal de Obras de Anchieta
Renato Loren-cini
Contato não realizado.
Secretaria Municipal de Pesca de Anchieta
Adair José Marchiori
Agressividade de contato e ameaça de incentivo dos pes-cadores pela para cercamento do mar na construção do porto. Postura autoritária e ameaçadora de utilização de projetos próprios desenvolvidos pela secretaria. Exigên-cia de contato formal e direto com a Baosteel CSV.
Secretaria Municipal de Planejamento de Anchieta
Sandro Azeve-do Alpoin
Secretário (licenciado do cargo) enquanto chefe de cam-panha do prefeito. Entrevista com Secretário Interino há um mês com visão extremamente bairrista (morador do Balneário de Iriri).
Secretaria Municipal de Trabalho, Assistência e Cidadania de Guarapari
Andréia Ramos Gante
Secretária Interina, com baixa articulação política, porém vasta experiência na área social dentro da Prefeitura. Visão favorável à instalação do empreendimento. Postura paternalista e assistencialista sobre papel da Baosteel CSV no desenvolvimento de projetos sociais. Desapontamento sobre a não instalação da Baosteel CSV em Guarapari.
Tadeu Schneider - Emp. Imobiliários
Tadeu Interessado no crescimento da especulação imobiliária.