relatório 3 - embalagens
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1. Introdução:
As embalagens metálicas em suas partes internas, na maioria das
vezes, são protegidas por uma película orgânica (vernizes). As de alumínio
e de aço cromado necessitam serem envernizadas em ambas as faces. Já
as latas de flandres não necessitam de envernizamento, porém, devido à
preocupação referente à migração dos componentes metálicos ao produto
alimentício são poucos os produtos que ainda são acondicionados em lata
de folha de flandres não envernizadas ou parcialmente envernizadas
(EMBALAGENS...,[200-?]).
Os vernizes que entram em contato direto com o alimento são
compostos macromoleculares, constituídos por uma resina base, resinas
modificadoras, aditivos e solventes. As resinas de maior utilização são as
que pertencem à família das oleorresinosas, fenólicas, epoxifenólicas,
epoxianidridos, organossóis, poliésteres, vinílicos e acrílicos. Dessas, as
três primeiras são as mais empregadas e, em particular, as epoxifenólicas
(EMBALAGENS..., [200-?]).
Os vernizes são empregados para evitar a oxidação atmosférica e o
contato direto de metal com o produto alimentício ou para fins estéticos. O
bom desempenho do verniz aplicado está relacionado à espessura da
camada aplicada, à aderência sobre a folha, ao grau de cozimento e à
porosidade do filme. Os vernizes apresentam como característica a
elasticidade, acompanhando as deformações sofridas no processo de
fabricação das latas de aço, bem como, deformações ocorridas durante o
seu manuseio, fazendo com que latas amassadas não comprometam a
integridade do produto.
A camada e o tipo de verniz devem ser especificados de acordo com o
produto a ser acondicionado e com os processos mecânicos que o material
envernizado estará sujeito na fabricação da lata.
A utilização do revestimento orgânico permite o uso de folhas metálicas
com menor revestimento de estanho, e quando aplicados internamente nas
embalagens evita o contato da folha de flandres com o produto
acondicionado, minimizando de certa forma o processo corrosivo da
embalagem (BERNARDO, 2003).
Os vernizes quando aplicados sobre a superfície da folha metálica
secam em fornos com temperatura de aproximadamente 200ºC o que
acarreta na evaporação do solvente e consequentemente na polimerização
do verniz (CURA) formando uma camada fina e lisa, podendo ser
pigmentada ou transparente. Quando este entra em contato com os
alimentos não deve possuir nenhum risco tóxico, nem alterar as
características sensoriais como a cor, o sabor e o odor do alimento.
Os problemas relacionados à cura do verniz são: Evaporação incompleta
do solvente, na qual o solvente não é completamente evaporado e então
migra para o alimento, alterando o sabor, provocando contaminação e
facilitando o processo de corrosão; e evaporação excessiva, que é
caracterizada quando o verniz seca muito e se torna quebradiço, facilitando
a corrosão, devido à perda de elasticidade.
Para se determinar a eficiência do verniz aplicado em embalagens
metálicas são realizados alguns testes, dentre eles podemos destacar os
seguintes: Teste de camada ou massa seca que determina
gravimetricamente a quantidade de verniz na sua forma natural (curada);
teste de aderência que avalia a aderência dos vernizes utilizados no
revestimento interno e externo de latas de folhas de flandres; teste de
cozimento que avalia o grau de cozimento dos vernizes; teste de
porosidade que determina a porosidade do verniz pelo método de
coloração; e teste de identificação.
O objetivo da prática consistiu em determinar a eficiência do verniz
aplicado na embalagem metálica do Doce de Leite Viçosa através da
realização dos seguintes testes: camada ou peso seco, aderência,
cozimento, e porosidade.
2. Material e Métodos:
2.1. Material:
Teste de Determinação da massa seca:
Balança analítica (0,1 mg);
Gabarito de 12 cm2;
Folhas da lata de Doce de Leite Viçosa envernizada;
Solvente (Clorofórmio, acetona, tetracloreto de carbono);
Algodão;
Esponja de aço;
Tesoura;
Vidraria (bécker, pipeta, placas de petri, bastão de vidro);
Teste de aderência:
Folhas da lata de Doce de Leite Viçosa envernizada;
Tesoura;
Estilete;
Régua;
Algodão;
Fita adesiva;
Lupa;
Teste de cozimento:
Algodão;
Metil-etil-cetona;
Tesoura;
Folhas da lata de Doce de Leite Viçosa envernizada;
Vidraria (placa de petri);
Teste de porosidade:
Tesoura;
Folhas da lata de Doce de Leite Viçosa envernizada;
Solução ácida de sulfato de cobre;
Vidraria: placa de Petri;
Cronômetro;
Lupa;
2.2. Métodos:
Teste de Determinação da massa seca:
Com o auxilio do gabarito e da tesoura obteve-se uma amostra da
folha metálica da embalagem do Doce de Leite Viçosa com
aproximadamente 12 cm2 (3x4). A amostra foi pesada obtendo assim o
valor do peso inicial (P1). Com a esponja de aço juntamente com o
algodão e a solução de álcool metílico e clorofórmio o verniz foi
removido. Após a completa remoção do verniz a amostra foi novamente
pesada obtendo-se assim o peso final (P2).
A quantidade de verniz foi calculada por diferença das massas
obtidas dividida pela área da amostra, através da equação representada
na Figura 1:
Qverniz=P1−P2A (m2)
Figura 1 – Equação utilizada para determinar a quantidade total de
verniz presente na folha de flandres
Teste de aderência:
Novamente cortou-se um pedaço da folha do Doce de Leite Viçosa
com o auxilio da tesoura obtendo-se, então, a amostra. Utilizando o
estilete e uma régua riscou-se a superfície envernizada da amostra até
sua base, com riscos cruzados em ângulo reto e com espaçamento de
aproximadamente 2 mm formando uma grade, com cuidado para não
afetar a folha. Depois, o algodão seco foi passado na superfície da
amostra para retirar pequenos fragmentos de verniz desprendidos
durante o processo. Cobriu-se a área quadriculada da amostra no
sentido diagonal com uma fita adesiva de forma que esta ficasse bem
aderida, logo em seguida a fita foi puxada para cima, rapidamente, em
ângulo reto.
Por fim, com o auxílio da lupa visualizou-se os fragmentos de verniz
que ficaram aderidos na fita, e classificou-se a aderência do verniz de
acordo com a Figura 2.
Figura 2 – Escala descritiva para avaliação da aderência de vernizes por
meio de ensaio de fita adesiva
Teste de cozimento:
Com o auxílio da tesoura obteve-se novamente uma amostra da
folha envernizada da embalagem de Doce de Leite Viçosa, desta vez
sem utilizar caneta para determinar a área a ser cortada, pois a tinta da
mesma poderia mascarar o resultado da análise. Foi utilizado metil-etil-
cetona para umedecer o algodão, que posteriormente foi passado sobre
o verniz da amostra, num único sentido, por um tempo entre 15 a 20
segundos. Depois de decorrido o tempo analisou-se a cor do algodão
para determinar a eficiência da cura.
Teste de porosidade:
Cortou-se novamente a embalagem de Doce de Leite Viçosa com a
ajuda da tesoura. Em uma placa de Petri verteu-se um pouco da solução
ácida de sulfato de cobre e em seguida o corpo de prova foi imerso nela
por aproximadamente 2 minutos. Com o auxilio de uma pinça removeu-
se a amostra da solução, e posteriormente verificou-se, com a ajuda da
lupa, a ocorrência de pontos da reação do cobre com o estanho (pontos
vermelhos).
A classificação se deu pela comparação do corpo de prova com a
Figura 3, que determina a escala de porosidade de latas envernizadas.
Figura 3 – Escala de porosidade de latas envernizadas
3. Resultados e Discussão:
Teste de Determinação da massa seca:
Os valores encontrados em cada uma das pesagens da amostra da
Lata de Doce de Leite Viçosa foram os seguintes:
P1 = 1,864 g
P2 = 1,862 g
De posse destes valores foi possível, com o auxílio da equação da
Figura 1, determinar a massa seca de verniz presente na amostra de 12 cm2
(0,0012 m2) da lata de doce. O valor encontrado foi de 1,667 g/m2, o que é
considerado um valor baixo. Este fato pode ser explicado pelo fato do doce
de leite não ser um alimento ácido e ter baixa atividade de água, o que o
torna menos corrosivo que uma série de alimentos, desta forma não exige
uma camada muito espessa de verniz.
Teste de aderência:
Após a remoção da fita adesiva da amostra e visualização da mesma na
lupa, verificamos que não havia fragmentos do verniz colado nela, devido a
isso ao comparar a fita com a Figura 1, chegamos à conclusão de que a
aderência do verniz se enquadra melhor no grau zero (Gr 0), que descreve que
os cantos dos cortes em grade estão retos e que não há nenhuma parte
destacada. Isto indica que o verniz estava bem aderido à embalagem do Doce
de Leite Viçosa e, portanto apto à utilização em corpo de latas.
Teste de cozimento:
Analisando o algodão, apôs tê-lo friccionado na superfície da amostra da
Lata de Doce de Leite Viçosa percebemos que sua cor não foi alterada, ou
seja, não ficou amarelo, o que evidencia que o cozimento foi satisfatório e a
ausência da adição de verniz vinílico (solúvel em metil-etil-cetona).
Teste de porosidade:
Ao analisar o corpo de prova na lupa foi possível observar pouquíssimos
pontos vermelhos ao longo do mesmo, o que indica que havia poucos poros os
quais permitiram que o cobre reagisse com o estanho.
Comparando o resultado que obtivemos na aula prática com a Figura 3,
classificamos a porosidade do verniz em grau 1. O ideal é a não existência de
poros, no entanto como a incidência foi muito baixa podemos considerar que a
classificação quanto à porosidade também foi satisfatória.
4. Conclusão:
Após a realização dos testes para o controle de qualidade do verniz
podemos concluir que o verniz aplicado na embalagem do Doce de Leite
Viçosa estava apto para sua aplicação nas latas, pois os resultados obtidos
estavam dentro dos padrões exigidos e satisfaziam todos os critérios de
excelência quanto à massa seca, aderência, cozimento e porosidade.
5. Referências Bibliográficas:
Bernardo, P. E. M. Avaliação da influência do sistema de recravação da tampa e do verniz interno do corpo na migração de ferro em latas de duas peças para o acondicionamento de refrigerante. 2003. Dissertação submetida à Universidade Federal de Itajubá para a obtenção do Título de Mestre em Ciências em Materiais para a Engenharia. Disponível em < http://juno.unifei.edu.br/bim/0031221.pdf> Acesso em 25/nov/2013.
EMBALAGENS metálicas. In: ESCOLA SUPERIOR DE BIOTECNOLOGIA. A embalagem para produtos alimentares. Porto: ESB/UCP, [200-?]. cap. 3.
Roteiro de Aula prática disponibilizado no PVAnet