relações amorosas no ambiente de trabalho

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 Revista do Centro Universitário Barão de Mauá, v.1, n.2, jul/dez 2001 OS CASOS AMOROSOS ENTRE FUNCIONÁRIOS NO AMBIENTE DE TRABALHO*  Alessandra de Arantes Passetti¹ Janaína Gamboni² Miriã Avelino Prado³  Nilza Teresa Rotter Pelá 4  RESUMO:  Através de entrevistas feitas com casais que trabalham num mesmo setor de u ma empresa, rocurou-se identificar os fatores que interferem quando há relacinamentos amorosos, bem como esses relacionamentos podem determinar alterações psicoemocionais nos profissionais. Os dados nos permite concluir que não há mudanças drásticas nas ati vidades de trabalho, somente ocorre uma grande dificuldade no relacionamento com colegas de trabalho, devido fofocas e críticas a respeito de seus r elacionamentos. Unitermos: Ambiente de Trabalho; Amor; Relações interprofissionais; Sentimento; Sexualidade. Segundo GIKOVAT (s/d) o ser humano "nunca" está plenamente satisfeito, ou seja, sempre falta algo  para comple tar sua existência e consequente mente atingir sua felicid ade. Poucas são as pessoas que consegue m chegar à plena realização do amor. As razões são muitas e em linhas gerais associados à interrupção do processo evolutivo em alguma etapa do desenvolvimento na infância. A evolução do ser humano levou-o a atingir um patamar onde é capaz de desenvolver a capacidade de devolução do sentimento e afeto recebido. A forma de amar animalesca deu lugar ao sentimento. Pessoas se enamoram, se apaixonam olhando nos olhos umas das outras. Para o mesmo autor, o processo humano fundamen tal é a tentativa de harmonizar duas tendências opostas quais sejam a individuação e a reconstrução dial. Pode-se dizer então, que os homens chegam na sexualidade adulta com uma atitude racional a individualização. Ao contrário dos homens as mulheres, principalmente aquelas que superam perdas amorosas da infância, vêem com melhores olhos o envolvimento amoroso, são mais sonhadoras. A partir daí ocorrerá a vinculação da sexualidade ao processo de individualização, reforço importante da auto-estima através da conquista, tanto para as mulheres quanto para os homens. De acordo com Freud apud LEMGRUBER et al. (1987), o amor é constituído pela união de duas correntes libidinais que são conhecidas como sensual e terna. Por libido entende-se a energia quantitativa embora imensurável, das pulsões sexuais.  Na literatura contempo rânea, o amo r é freqüentemente visto como uma fus ão da satisfação genital com a ternura. Em tempos modernos a opinião predominante quanto à capacidade de amor maduro, é a de que o indivíduo tenha atingido um sentido de identidade, uma capacidad e de aceitar a separação; uma aceitação  parcial das limitaç ões do outro. Para Madel apud LEMGRUBER et al. (1987), o amante cria do amado uma imagem que nasce de seu mundo interior, ou seja, trata-se de uma projeção de uma parte de si mesmo, um processo recíproco por parte do amado tendo a participação de substâncias psíquicas que o amante atribui ao amado. Werman e Jacobs, apud LEMGRUBER et al. (1987), descrevem as características do apaixonamento como experiência intensa irracional e semelhante a um sonho; o ser amado é atraente, enfeitiçador, belo e senhor de si. O apaixonamento é precipitado por um traço do objeto, geralmente físico, experimentado como objeto parcial; o apaixonamento traz em si as sementes de sua ambivalência através de uma busca

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relações amorosas no ambiente de trabalhoartigo.

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  • Revista do Centro Universitrio Baro de Mau, v.1, n.2, jul/dez 2001

    OS CASOS AMOROSOS ENTRE FUNCIONRIOS NO AMBIENTE DE TRABALHO*

    Alessandra de Arantes Passetti

    Janana Gamboni

    Miri Avelino Prado

    Nilza Teresa Rotter Pel4

    RESUMO: Atravs de entrevistas feitas com casais que trabalham num mesmo setor de uma empresa,

    procurou-se identificar os fatores que interferem quando h relacinamentos amorosos, bem como esses

    relacionamentos podem determinar alteraes psicoemocionais nos profissionais. Os dados nos permite

    concluir que no h mudanas drsticas nas atividades de trabalho, somente ocorre uma grande dificuldade

    no relacionamento com colegas de trabalho, devido fofocas e crticas a respeito de seus relacionamentos.

    Unitermos: Ambiente de Trabalho; Amor; Relaes interprofissionais; Sentimento; Sexualidade.

    Segundo GIKOVAT (s/d) o ser humano "nunca" est plenamente satisfeito, ou seja, sempre falta algo

    para completar sua existncia e consequentemente atingir sua felicidade. Poucas so as pessoas que

    conseguem chegar plena realizao do amor.

    As razes so muitas e em linhas gerais associados interrupo do processo evolutivo em alguma

    etapa do desenvolvimento na infncia.

    A evoluo do ser humano levou-o a atingir um patamar onde capaz de desenvolver a capacidade de

    devoluo do sentimento e afeto recebido. A forma de amar animalesca deu lugar ao sentimento. Pessoas se

    enamoram, se apaixonam olhando nos olhos umas das outras.

    Para o mesmo autor, o processo humano fundamental a tentativa de harmonizar duas tendncias

    opostas quais sejam a individuao e a reconstruo dial.

    Pode-se dizer ento, que os homens chegam na sexualidade adulta com uma atitude racional a

    individualizao. Ao contrrio dos homens as mulheres, principalmente aquelas que superam perdas

    amorosas da infncia, vem com melhores olhos o envolvimento amoroso, so mais sonhadoras.

    A partir da ocorrer a vinculao da sexualidade ao processo de individualizao, reforo importante

    da auto-estima atravs da conquista, tanto para as mulheres quanto para os homens.

    De acordo com Freud apud LEMGRUBER et al. (1987), o amor constitudo pela unio de duas

    correntes libidinais que so conhecidas como sensual e terna. Por libido entende-se a energia quantitativa

    embora imensurvel, das pulses sexuais.

    Na literatura contempornea, o amor freqentemente visto como uma fuso da satisfao genital com

    a ternura. Em tempos modernos a opinio predominante quanto capacidade de amor maduro, a de que o

    indivduo tenha atingido um sentido de identidade, uma capacidade de aceitar a separao; uma aceitao

    parcial das limitaes do outro.

    Para Madel apud LEMGRUBER et al. (1987), o amante cria do amado uma imagem que nasce de seu

    mundo interior, ou seja, trata-se de uma projeo de uma parte de si mesmo, um processo recproco por parte

    do amado tendo a participao de substncias psquicas que o amante atribui ao amado.

    Werman e Jacobs, apud LEMGRUBER et al. (1987), descrevem as caractersticas do apaixonamento

    como experincia intensa irracional e semelhante a um sonho; o ser amado atraente, enfeitiador, belo e

    senhor de si. O apaixonamento precipitado por um trao do objeto, geralmente fsico, experimentado como

    objeto parcial; o apaixonamento traz em si as sementes de sua ambivalncia atravs de uma busca

  • inconsciente e freqentemente hostil de uma falha intolervel no ser amado; o apaixonamento uma viso

    intoxicante na medida em que tenta realizar uma fantasia dolorosa por procurar evitar essa realizao. Outros

    autores relatam que o fenmeno do apaixonar-se tem suas razes nas fases prvias do desenvolvimento da

    criana quanto a formao de constncia objetival.

    CASADEI (1998) relata os estudos de Silva que em sete anos de pesquisa sobre relacionamentos

    amorosos, identificou algumas pistas de como o brasileiro se relaciona amorosamente so elas:

    transformao de uma amizade ou relacionamento profissional em um caso amoroso; a ajuda de uma pessoa

    que amigo em comum de dois desconhecidos e serve como avalista para ambos e isto ser fundamental

    para o final de um feliz encontro.

    De acordo com o mesmo autor algumas alteraes corporais e expresses no verbais so fceis de

    serem detectadas e so utilizadas inconscientemente pelas pessoas quando esto atradas por algum, como

    por exemplo: na mesa do bar, a mania de conversar com o parceiro tocando-o casualmente nos braos ou

    joelhos pode ser sinal de atrao, tanto quanto sorrir e olhar constantemente para a pessoa; a fala tambm

    fica animada, as pupilas se dilatam e quem est apaixonado mostra-se prestativo e interessado em continuar a

    conversa.

    Foi observado por CHARDIN (1995), que tanto homens como mulheres se diferem nas estratgias

    sexuais, mas que o jogo da seduo que d a essncia para o namoro, o amor e o casamento, se inicia de

    forma sutil, mas com padro universal para todos.

    O olhar do desejo pode ser um dos instrumentos mais importante no enamoramento. Ele parece

    despertar efeito imediato e levar estmulo de aceitao ou rejeio ao crebro. Dificilmente possvel

    ignorar o olhar fixo de uma pessoa em ns.

    O reconhecimento inicia-se quando os olhares se encontram; nesse instante um dos dois aceita o jogo e

    corresponde com um sorriso, mudana de posio, mexe nos cabelos e o casal comea a conversar.

    A conversa da seduo um dos estgios considerados mais difceis de todos; ocorre uma conversa

    ftil e sem sentido, caracterizada pela mudana de voz, que fica mais alta, suave e musical demonstrando

    carinho e tranqilidade.

    O contato fsico comea com atitudes de inteno; um dos enamorados aproxima-se, podendo colocar

    o brao ou a mo perto do outro sobre a mesa, tambm ocorre a aproximao dos ps, um dos dois acaricia o

    seu prprio brao ou cabelo, como se estivesse acariciando o do outro.

    No ritual do namoro a sincronia dos corpos o componente final, a medida que os enamorados ficam

    mais vontade, movimentam-se normalmente at seus corpos ficarem alinhados e frente a frente. O

    movimento normalmente comea antes da conversa ou aps, mas com o tempo ambos se movimentam

    juntos no cruzar de pernas, inclinao do corpo, no alisar dos cabelos.

    O olhar, o sorriso, o toque carinhoso, a universalidade da sincronia corporal, parecem ser em toda

    parte, componentes do jogo da seduo.

    Para MALUF (1997), sentir interesse por algum no ambiente de trabalho algo normal e pode

    acontecer a qualquer um.

    No ambiente de trabalho encontram-se pessoas com os mesmos interesses e preocupaes parecidas,

    dentre o clima de cumplicidade de quem vive no mesmo ambiente. Com toda esta situao, as pessoas tero

    mais chances de observar e avaliar os comportamentos e atitudes do outro, vivencia-se como uma pessoa

    atua durante os bons e maus momentos, se responsvel, sincero e divertido. Em um encontro formal nada

    disso acontece.

    Mesmo envoltos em um clima de bons sentimentos, compreenso, respeito, poder ocorrer a

    competio entre os enamorados o que impulsionar a carreira dos dois.

    O relacionamento amoroso nas empresas so descritos, por PASTORI (1998), em vrias fases como

    relatado a seguir.

    De olho na mesa do lado

    O perodo do flerte ou do namoro costuma ser o mais excitante, nada falado, apenas sugerido, as

    atenes esto voltadas para um nico foco, e isto um motivo a mais para aumentar a criatividade nas

  • tarefas. As desculpas para estarem juntos so freqentes e a conversa sempre um assunto que no diga

    respeito aos dois.

    nesse clima escondido ou proibido que faz o enamoramento ser sedutor no incio.

    Segredo de estado

    A maioria dos casos no trabalho comea "meio clandestino". Para comear, nenhum dos dois tem de

    entrada a certeza de at onde a histria pode chegar e tambm no so claros os riscos que essa situao pode

    trazer. Pode acontecer ainda, de um dos dois no querer "abrir a situao" para evitar a exposio da vida

    ntima aos colegas, pessoas com quem no busca mais do que uma ligao profissional.

    A posio da empresa

    Cada empresa d um peso diferente ao envolvimento entre funcionrios, no existe uma regra. Em

    geral, as empresas no tm nada contra o namoro entre funcionrios de sees diferentes, s interferem

    quando o rendimento afetado. Mais isso ocorreria de qualquer forma se a performance "casse" por algum

    outro motivo.

    Segundo PASTORI (1998), as paixes de funcionrios dentro do trabalho sempre existiram, mas a

    maioria das empresas eram contra este tipo de relao. A mudana comeou entre as dcadas de oitenta e

    noventa quando as relaes hierrquicas nas empresas tornaram-se mais tnues, quando a figura to temida

    do chefe desapareceu e surgiu o lder. Foi ento que se processou a valorizao do trabalho em equipe, o

    resultados. Desde ento as empresas planejam, executam e incentivam programas de convivncia, de

    integrao com seus funcionrios, com a famlia e com o local de trabalho.

    Para a mesma autora, o local de trabalho torna-se o lugar mais seguro para conhecer pessoas, sendo

    que um quarto dos funcionrios j tiveram casos com colegas de trabalho, s vezes namoros, flertes,

    casamentos, at assdio sexual. So os seguintes os caminhos que levam ao romance na empresa: o

    casamento adiado, a presena feminina (participao maior nas empresas),a proximidade fsica (valorizao

    do trabalho em equipe), o aumento da jornada de trabalho (maior convvio com os colegas de trabalho).

    Os relacionamentos amorosos entre colegas de trabalho obedecem a um ritual com etapas bastante

    definidas quais sejam: fantasia, a "lua de mel", a estabilidade e a consolidao

    Na fase de fantasia o objeto de desejo alvo de minuciosa ateno - o perfume, o modo de andar, falar

    ou atender o telefone. Os apaixonados ainda que platnicos aparecem no escritrio mais bem vestidos e

    exibem-se.

    Quando os dois percebem atrao mtua entram na fase de "lua de mel" ento, conversam assuntos

    pessoais e tm o primeiro, o segundo convite para sair e quando percebem j esto namorando. Como um

    tem olhos para o outro, podem distrair-se no trabalho.

    Aps esta fase surge o perodo de segurana no relacionamento e esse faz com que ocorra o retorno

    rotina normal do trabalho. Com medo de serem acusados por improdutividade por causa do romance,

    esforam-se mais.

    No estgio de consolidao ningum tem de provar mais nada para ningum e a produtividade volta

    aos patamares originais. Quando o romance ganha ares eternos, o casal j pensa em morar junto ou casar

    Aps a descrio destas fase PASTORI ( 1998), lembra que possvel namorar no ambiente de

    trabalho sem perder a compostura. Prope alguns procedimentos, relatados a seguir, que visam preservar os

    enamorados de comentrios maldosos:

    - por mais que estejam apaixonados, os enamorados devem controlar-se, pois na empresa no lugar

    para juras de amor que poder atrapalhar o trabalho, considerando que o chefe poder ficar desconfiado da

    capacidade de concentrao;

    - mesmo no ptio ou corredor da empresa evita-se at os mais singelos beijos, pois podero ser

    flagrados e sero objeto de comentrio na empresa;

    - no comentar assuntos de noites passadas por e-mail, pois algum poder violar o correio eletrnico;

    - fazer de tudo para serem vistos como profissionais independentes com opinio prpria, pois apelidos

    carinhosos como "docinho", "tigro" s em casa;

  • - querendo ficar perto da pessoa amada dentro da empresa s na presena do grupo. O trabalho em

    equipe mais valorizado;

    - se o romance acontece de bom tom avisar o chefe de imediato, pois assim evitar falatrios pelos

    corredores;

    - no esconder o romance, se o "fofoqueiro" quiser saber diga "sim" e corte a conversa;

    - os ingredientes do trabalho so a competncia e o senso de profissionalismo e isso no combina com

    o cime;

    - nunca comentar com ningum da empresa confidncias ou intimidades do companheiro, pois os

    amigos de um so tambm amigos do outro;

    - ocorrendo apaixonar-se pelo chefe o funcionrio no deve relaxar no servio, ou se o chefe se

    apaixonar pela funcionria no deve concordar com o relaxamento no servio, pois sua liderana ficar

    defasada e haver problemas.

    Motivadas pela temtica e interessados em aprofundar conhecimentos sobre um

    assunto to pouco explorado o presente trabalho tem os seguintes objetivos:

    - Identificar como se d o relacionamento entre colegas de uma mesma empresa que se relacionam

    afetivamente.

    - Identificar as repercusses deste relacionamento afetivo-amoroso no processo de trabalho entre

    trabalhadores de uma mesma empresa durante o expediente de trabalho.

    - Descrever como os trabalhadores dentro de uma mesma empresa se vem frente a experincia de

    vivenciar um relacionamento afetivo com um colega de trabalho.

    Metodologia

    O presente estudo foi desenvolvido em trs hospitais, uma escola e um escritrio .

    A populao foi composta por casais que trabalhavam em uma mesma empresa.

    Excluiu-se da amostra casais que no vivenciassem a infidelidade conjugal e casais homossexuais.

    Assim a amostra foi constituda de trabalhadores que atuavam na mesma empresa e que predispuseram a

    participar do desenvolvimento desta investigao, ficando composta por 09 casais .

    Esta investigao foi operacionalizada a partir de entrevistas semi-diretivas gravadas a buscou de

    dados relevantes compreenso do fenmeno estudado e utilizou o roteiro de entrevista apresentado no

    AnexoA.

    Os provveis entrevistados assim como suas chefias imediatas foram comunicados verbalmente antes

    da entrevista e aquiesceram com a realizao da mesma

    A anlise de prosa ( ANDR,1983) foi utilizada como, alternativa de anlise de dados das falas dos

    sujeitos obtidos da transcrio do contedo das fitas gravadas e das impresses do investigado, frente ao

    comportamento verbal dos entrevistados. como: cortar as frases pela metade, medo de falar algo demais.

    Resultados

    Foram entrevistados 09 casais com relacionamento afetivo-amoroso dentro de uma mesma empresa.

    Os casais foram caracterizados quanto a idade, escolaridade, cargo ou funo, o tempo em que esto juntos e

    o tipo de relacionamento.

    CASO 1

    Idade

    Escolaridade

    MASC.

    29 anos

    3 grau incompleto

    FEM.

    27 anos

    2 grau completo

  • Cargo ou funo

    A quanto tempo juntos

    Tipo de relacionamento

    Aux. Enfermagem

    1 ano e 6 meses

    Namorados

    Aux. Enfermagem

    1 ano e 6 meses

    Namorados

    CASO 2

    Idade

    Escolaridade

    Cargo ou funo

    A quanto tempo

    Tipo de relacionamento

    MASC.

    34 anos

    2 grau completo

    Ofic. Administrativo

    +- 2 anos

    Namorados

    FEM.

    38 anos

    1 grau completo

    Aux. Enfermagem

    1 ano e 8 meses

    Namorados

    CASO 3

    Idade

    Escolaridade

    Cargo ou funo

    A quanto tempo

    Tipo de relacionamento

    MASC.

    25 anos

    2 grau incompleto

    Aux. Enfermagem

    +- 2 anos

    Namorados

    FEM.

    22 anos

    2 grau incompleto

    Aux. Enfermagem

    2 anos

    Namorados

    CASO 4

    Idade

    Escolaridade

    Cargo ou funo

    A quanto tempo

    Tipo de relacionamento

    MASC.

    28 anos

    2 grau completo

    Prof. Msica

    4 anos

    Casados

    FEM.

    21 anos

    2 grau completo

    Prof. Msica

    4 anos

    Casados

    CASO 5

    Idade

    Escolaridade

    Cargo ou funo

    A quanto tempo

    Tipo de relacionamento

    MASC.

    24 anos

    2 grau completo

    Tc. Gesso

    10 meses

    Ficantes

    FEM.

    23 anos

    2 grau completo

    Tc. Enfermagem

    10 meses

    Ficantes

    CASO 6

    Idade

    Escolaridade

    Cargo ou funo

    A quanto tempo

    Tipo de relacionamento

    MASC.

    30 anos

    1 grau completo

    Tc. Raio - x e Instrumentador

    3 anos e 6 meses

    Casados

    FEM.

    26 anos

    2 grau completo

    Atendente de Enfermagem

    3 anos e 6 meses

    Casados

    CASO 7

    Idade

    Escolaridade

    Cargo ou funo

    MASC.

    23 anos

    2 grau incompleto

    Atendente de Enfermagem

    FEM.

    28 anos

    2 grau completo

    Atendente de Enfermagem

  • A quanto tempo

    Tipo de relacionamento

    4 meses

    Namorados

    4 meses

    Namorados

    CASO 8

    Idade

    Escolaridade

    Cargo ou funo

    A quanto tempo

    Tipo de relacionamento

    MASC.

    32 anos

    3 grau completo

    Mdico

    1 ano e 3 meses

    Namorados

    FEM.

    21 anos

    3 grau completo

    Recepcionista

    1 ano e 3 meses

    Namorados

    CASO 9

    Idade

    Escolaridade

    Cargo ou funo

    A quanto tempo

    Tipo de relacionamento

    MASC.

    28 anos

    3 grau completo

    Mdico

    4 anos e 6 meses

    Casados

    FEM.

    27 anos

    3 grau completo

    Mdica

    4 anos e 6 meses

    Casados

    Uma vez transcrito e analisado o contedo da fala dos casais emergiram seis Temas e dezenove

    Tpicos que esto apresentados no Quadro1

    Quadro1 - Temas e Tpicos gerados das falas dos casais

    TEMA

    TPICOS

    Diferentes modalidades de paquera - Paquera bilateral no local de trabalho

    - Paquera no local de trabalho de um

    - Carona

    Atitudes dos colegas - Fofocas

    - Apoio

    - Crticas

    - Indiferena

    Reao da chefia - Observao

    - Indiferena

    - Repreenso

    Reaes importantes a situaes vividas - Crticas e fofocas

    - Indiferena

    - Cime

    Influncia do namoro no trabalho - Aumento da produtividade

    - Indiferente

    - Negativa

    - Positiva

  • Tratamento no ambiente de trabalho - Profissional

    - Amoroso

    A seguir apresenta-se cada Tema com seus Tpicos apontando o nmero de casais em que o tpico

    ocorreu. Cada tpico seguido de recorte das falas de casais, entre aspas para manter fidedignidade das

    expresses verbais dos entrevistados.

    Tema - Diferentes modalidades de paquera

    Paquera bilateral no local de trabalho ( 7 casais)

    "Quando eu entrei no hospital ela foi a primeira pessoa a quem me apresentaram, logo ficamos amigos

    e comeamos a cruzar os olhares."

    "Tudo comeou como uma troca de olhares, depois duas trocas de olhares, ai um olhar ficou no outro

    durante muito tempo."

    "Eu estava saindo de um relacionamento de oito anos, estava noivo, ela tambm estava largando do

    namorado, ento os olhares se cruzaram e nos apaixonamos."

    Paquera no local de trabalho de um ( 1 casal)

    "Nos conhecemos em um barzinho, quando eu trabalhava tocando em finais de semana, no momento

    trabalho com ela em uma escola de msica, eu dou aula de violo e ela de teclado."

    "Conheci ele num barzinho cujo qual ele tocava, na poca parecia 'rolinho' passageiro", mas tudo ficou

    muito mais srio do que pensvamos."

    Carona ( 1 casal)

    "Tudo comeou quando fizemos o curso de Auxiliar de Enfermagem, nos tornamos grandes amigos,

    saiamos juntos e sempre tinha uma paquera, um olho no olho, mas tudo concretizou quando fomos trabalhar

    junto no mesmo hospital. Eu comecei a trabalhar, da dez dias ele comeou e sempre me dava carona na hora

    de ir embora, quando percebemos j estvamos namorando."

    Tema - Atitude dos colegas

    A repercusso junto aos colegas variou conforme as amizades, uns fizeram fofocas, outros apoiaram,

    outros criticaram e a minoria, se opuseram com indiferena:

    Fofocas (2 casais)

    "Alguns colegas diziam que eu estava louca, pois ele no prestava, at tentamos esconder o namoro,

    mas acabou sendo pior, pois os colegas vinham a me dizer que ele estava saindo ou dando carona para

    algum, s para observarem as minhas atitudes. Observei que se escondido ou do conhecimento de todos,

    falariam do mesmo jeito, ento assumimos o namoro."

    ".Perdi at a amizade de uma pessoa por ter inventado fofoca de mais ao nosso respeito."

    Apoio ( 2 casais)

    "De um lado quem me conhecia achou muito legal, pois eu era muito sozinha, e as pessoas viviam

    dizendo para eu arrumar um namorado e as pessoas que conheciam ele falou: que legal, vocs formam um

    casal ideal, portanto, nunca tivemos problemas com amigos."

    "Quando nossos colegas descobriram deram o maior apoio, pois achavam que tnhamos tudo haver um

    com o outro."

    Crticas (3 casais)

  • "Tentamos esconder o namoro, mais j havia muitos comentrios pelo fato de estarmos juntos em

    horrio de caf, janta e irmos embora juntos, ento acabamos assumindo o namoro. Todos fizeram os

    comentrios mais maldosos que puderam."

    "As pessoas ficaram espantadas quando souberam, meus amigos no acreditaram que eu estava

    largando da minha noiva de oito anos, houve mais crticas do que elogios."

    Indiferena (1 casal)

    "A repercusso no foi to grande, no meu modo de ver, pois os encontros eram escondidos, mas

    aqueles colegas que ficaram sabendo no ficaram surpresos."

    Tema - Reao da chefia

    Pode-se detectar que hoje em dia as chefias se tornaram indiferentes frente ao relacionamento dos seus

    funcionrios, isto quando estes no prejudicam as suas tarefas.

    Observao (2 casais)

    "A chefia s observou nossas atitudes mas nunca interferiu em nada."

    "Notei que comearam a nos observar, principalmente a mim, chamavam minha ateno sem motivo

    algum."

    Indiferena (6 casais)

    "No comentaram nada, no entanto quando descobriram j fazia tempo que estvamos namorando,

    ningum chegou para mim e disse se era no ou sim, no houve nenhum comentrio da chefia direta ou

    indireta."

    "Nenhuma eu era o chefe."

    Repreenso (2 casais)

    "Acabaram nos chamando a ateno porque houve comentrios de colegas que ns namorvamos em

    horrio de trabalho e ameaaram a nos mandar embora se o namoro no terminasse."

    "A chefia tentava ignorar o nosso relacionamento e ao mesmo tempo distancivamos colocando-nos

    em perodos diferentes de aula."

    Tema - Reaes importantes a situaes vividas

    Ocorreram muitas reaes frente ao que vivem ou viveram os casais que foram entrevistados que a

    vezes acabaram prejudicando o incio do seu namoro devido muitas crticas, fofocas, falatrios maldosos e

    at mesmo por cimes de um dos dois; somente alguns no sofreram interferncia no seu relacionamento.

    Crticas e fofocas (4 casais)

    "Falatrios e fofocas que inventaram sobre ns."

    "Acho que o fato das pessoas falarem e inventarem algo que no lhe dizem respeito"

    Indiferena ( 4 casais)

    "Diretamente no houve nada que nos incomodou."

    "A pouca divulgao do nosso relacionamento no me trouxe reaes apenas troca de gentileza entre

    ambos."

    Cime (1 casal)

    "O fato dela ser muito ciumenta prejudicou nas minhas amizades."

  • Tema - Influncia do namoro no trabalho

    Entre os entrevistados foi observado que para alguns o namoro no apresentou influncias no seu

    comportamento frente ao trabalho; mas tambm foi detectado colocaes positivas e negativas dos prprios

    casais frente a repercusso do namoro nas atividades de trabalho.

    Aumento da produtividade (1 casal)

    "No incio tentamos fazer mais do que ns ramos capazes, para ningum comentar que ns s

    namorvamos e no fazamos o servio."

    Indiferente (4 casais)

    "Creio que no influenciou em nada, pois sempre desempenhei minhas atividades profissionais na hora

    certa e corretamente."

    "O namoro no influenciou em nada no meu trabalho, continua a mesma coisa."

    Negativa (1 casal)

    "Influenciou muito negativamente, ela sempre acha que desprezo suas opinies, tem cimes das outras

    professoras e fica na minha cola."

    Positiva ( 3 casais)

    "O namoro influenciou muito positivamente, pois a partir do momento que voc sente alguma coisa

    por algum, voc passa a executar suas atividades com mais vontade, voc comea a ter mais disposio

    inclusive na hora que voc est indo para o trabalho."

    "Influenciou em algumas partes porque nos comunicamos mais e comentamos mais sobre assuntos

    profissionais."

    Tema - Tratamento no ambiente de trabalho

    Foi observado maturidade e profissionalismo nos casais estudados, somente um casal declarou que seu

    tratamento amoroso.

    Profissional (8 casais)

    "Nos tratamos normais, como dois profissionais."

    "No ambiente de trabalho temos que separar o lado afetivo que existe, mas no deixamos de ter um

    contato carinhoso."

    " lgico que o meu modo de trata-la diferente dos demais, mas nunca lhe chamo de meu amor na

    frente dos demais colegas, quando preciso lhe dizer algo no horrio de trabalho, falo como se estivesse

    falando com outro colega."

    Amoroso (1 casal)

    "Ela me chama de amor, pelo nome e as vezes de "benzinho"."

    Concluso:

    A respeito das dificuldades que envolvem a abordagem do tema, os resultados obtidos, atravs dos

    dados coletados, indicam que:

    - houve dificuldade de encontrar casais que quisessem participar e que tivessem o seu namoro

    assumido; por medo de perderem seus empregos nos dificultando a coleta de dados;

    - o namoro inicia-se de vrias formas, muitas vezes inesperada at para ambos, podendo ocorrer

    atravs de uma paquera bilateral no local de trabalho, caronas, paquera no local de trabalho de cada um;

  • - o olhar apresenta-se no incio de todos os casos, e devido o fato do local de trabalho aproximar mais

    as pessoas, ocorre com mais freqncia a paquera bilateral no mesmo;

    - muitos casais sofrem com a manifestao dos colegas quando ficam sabendo que esto namorando;

    inventam fofocas, fazem crticas, outros at apoiam e ainda h os que se comportam com indiferena;

    - as fofocas e crticas acabam gerando um ambiente de trabalho desagradvel, levando muitos at

    perderem amizades;

    - hoje em dia a maioria das chefias se tornaram indiferentes frente ao relacionamento dos seus

    funcionrios; isto quando estes no prejudicam o desenvolvimento de suas tarefas;

    - ainda h chefes que observam o relacionamento podendo interferir ou no, de alguma forma; e os

    repreendedores, que mesmo no sabendo o que est ocorrendo, repreendem os casais por qualquer motivo;

    - ocorrem reaes importantes com relao s situaes que os casais vivem ou viveram, quanto as

    crticas, fofocas, cimes de um dos dois, tais reaes acabam prejudicando o incio de alguns namoros e

    acabam afetando as amizades;

    - h casais que relataram no terem sofrido nenhuma interferncia no seu namoro, no tendo ocorrido

    reaes que os poderiam afetar;

    - entre a maior parte dos casais entrevistados foi observado que o namoro no apresenta influncia no

    seu comportamento frente ao trabalho, mantendo suas atividades sem alteraes;

    - ocorrem atitudes positivas e negativas no trabalho dos casais que esto namorando;

    - um dos casais relatou o aumento de produtividade para no ocorrer comentrios maldosos dos

    colegas;

    - o tratamento entre os casais no ambiente de trabalho profissional, tendo somente um casal

    demonstrado tratamento amoroso mesmo no trabalho.

    Foi percebido atravs dos dados analisados que as pessoas que se relacionam com companheiros de

    trabalho sofrem muitas alteraes emocionais devido ao fato de terem sempre algum interferindo no seu

    namoro, por estar escutando crticas, fofocas;tambm por um dos dois demonstrar cimes e tudo isso pode

    afetar vnculos de amizades e at mesmo por algumas vezes trabalhar mais do que do conta para a chefia ou

    os colegas no os repreender.

    ABSTRACT: Through interviews with couples who work in the same sector of a company, the purpose of

    this study was to identify the factors that influence in love relationships, as well as these relationships may

    determine psychoemotional alterations in these professionals. Data enabled authors to concluded that there

    are no drastic changes in work activities. However, the relationship with the colleagues at work is impaired

    due to talks and critics regarding the relationships.

    Key words: work environment; love; interprofessional relationships, feeling, sexuality

    ANEXO A

    Roteiro para Entrevista:

    1 - Identificao do casal

    - Idade:

    - Escolaridade:

    MASC

    ________

    ________

    FEM.

    ________

    ________

  • - Cargo ou funo:

    - A quanto tempo juntos:

    ________

    ________

    ________

    ________

    2 - Vocs so namorados, casados ou companheiros que trabalham no mesmo local? Falem um pouco como

    isso comeou.

    3 - Vocs se lembram como foi a repercusso de seus encontros quando os colegas ficaram sabendo? Falem

    um pouco sobre isto.

    4 - Como foi a reao da chefia?

    5 - Falem de outras reaes que vocs consideram importantes com relao a situaes que vocs vivem ou

    viveram.

    6 - Como o namoro influenciou em suas atividades profissionais? Falem um pouco sobre isso.

    7 - Como vocs se tratam no ambiente de trabalho? Comente.

    REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS

    ANDR, M.E.D.A.de. Texto, contexto e significado: algumas questes na anlise de dados qualitativos.Cad.

    Pesq., v.45, p.66-71,1983.

    CASADEI, J.O. Namoro ou amizade? Ensino superior, v. 1, n. 1, p. 6, 1998.

    CHARDIN, T. de. O namoro - Os jogos de seduo. In: FISHER, H.E. (ed.). Anatomia do amor: a histria

    natural da monogamia, do adultrio e do divrcio. Rio de Janeiro Eureka,, 1995. cap.1, p. 17-38.

    GIKOVAT, F. O instinto do amor. 5 ed. s.n.t., cap. 10, p. 103-115: O amor na vida adulta.

    LEMGRUBER, C.M.; AGUIAR, M.M.M. Um estudo preliminar do amor: uma viso psicanaltica. Jornal

    Brasileiro de Psiquiatria, v. 36, n. 2, p. 67-134, 1987.

    MALUF, K. Amor no escritrio. ELLE, v. 10, n. 11, p. 92-94, 1997.

    PASTORI, K. Na cama com o colega. VEJA, v. 31, n. 20, p. 100-106, 1998.

    * Parte da monografia apresentada ao curso de Especializao Enfermagem do Trabalho do Centro Universitrio Baro de Mau,

    1998

    Enfermeira graduada no Centro Universitrio Baro de Mau, 1997. Especialista em Enfermagem do Trabalho no Centro

    Universitrio Baro de Mau, 1998. Atuando como Enfermeira no CTI Neonatal do HC de Ribeiro Preto.

    Enfermeira graduada no Centro Universitrio Baro de Mau, 1997. Especialista em Enfermagem do Trabalho no Centro

    Universitrio Baro de Mau, 1998. Atuando como Enfermeira do Trabalho na Andrade Acar e lcool e coordenadora do

    Pronto Atendimento da Unimed de Pitangueiras-SP.

    Enfermeira graduada no Centro Universitrio Baro de Mau, 1997. Especialista em Enfermagem do Trabalho no Centro

    Universitrio Baro de Mau, 1998. Atuando como Enfermeira no Centro Mdico Social Comunitrio de Vila Lobato da

    Faculdade de Medicina de Ribeiro Preto-USP e supervisora do Servio Terceirizado de Enfermagem do Sistema 192 da

    Prefeitura de Ribeiro Preto. 4 Prof. Titular Escola de Enfermagem de Ribeiro Preto/ USP (aposentada) e orientadora desse trabalho

    Editorial

    Caracterizao e mensurao de atos e atitudes abusivas na prtica de enfermagem gerontolgica

    Os casos amorosos entre funcionrios no ambiente de trabalho

    Conhecimento das purperas sobre aleitamento cruzado

    Prisioneiro do servio e da faculdade: o modo de vida do estudante de enfermagem trabalhador da enfermagem

    A qualidade no servio pblico: um estudo de caso sobre a implantao e a continuidade de programa de

    gesto pela qualidade total

    A vivncia dos formandos em enfermagem e obstetrcia na elaborao de sua monografia

    Terapias alternativas sob o olhar dos alunos graduandos em enfermagem

    A roupa infantil da literatura

    O profissional de enfermagem perante uma questo de sexualidade