reformas religiosas

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Reformas Religiosas Professor José Knust Lutero na Dieta de Worms, Anton von Werner (1877)

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Page 1: Reformas religiosas

Reformas ReligiosasProfessor José Knust

Lutero na Dieta de Worms, Anton von Werner (1877)

Page 2: Reformas religiosas

As origens da Reforma

Pieter Bruegel, O triunfo da morte (c.1562)

Page 3: Reformas religiosas

Por que aconteceu a Reforma?

“A questão das causas da Reforma é complexa. Para tentar resolvê-la é preciso ir direto ao essencial. O Protestantismo dá ênfase a três doutrinas principais: a justificação pela fé, o sacerdócio universal, a infalibilidade apenas da Bíblia. Esta teologia respondia certamente às necessidades religiosas do tempo, sem o que ela não teria conhecido o sucesso que foi o seu.

A tese segundo a qual os Reformadores teriam deixado a Igreja romana porque ela estava repleta de devassidões e impureza é insuficiente.”

Jean Delumeau, Nascimento e Afirmação da Reforma, p.59

Page 4: Reformas religiosas

A Igreja e a religiosidade popular na Idade Média

Apesar da imagem de toda poderosa da Idade Média, a Igreja nunca foi capaz de controlar por completo a religiosidade popular.

Cristianização sincretista. Práticas cotidianas “desviantes”. Organização de comunidades ou

grupos de cultos distintos dos católicos. (“Heresias”).

Ulrich Molitor, De Lamiis et Pythonicis Mulieribus (1489)

Page 5: Reformas religiosas

Transformações

na religiosidade

Crise do século XIV e grande mortandade.

Preocupação com a vida após a morte, com o juízo final e com a salvação das

almas.

O Juízo final, Rogier van der Weyden (1433). Musée de l’Hôtel Dieu, Beaune.

Hans Holbein, gravuras de Dança Macabra (1549)

Page 6: Reformas religiosas

Dança Macabra, Bernt Notke (c. 1463)Originalmente na Catedral de Lübeck (destruida em 1943 em um bombardeio da Segunda

Guerra Mundial).Trecho atualmente na Igreja de São Nicolau, em Tallin, Estonia

Page 7: Reformas religiosas

Transformações

na religiosidade

Novos grupos sociais, novas

relações sociais, novas mentalidades.

Burguesia, mundo urbano e

novas práticas religiosas.

O usurário e sua esposa, Quentin Massys (1514)Museu do Louvre

Page 8: Reformas religiosas

A Igreja e os poderes seculares

A hierarquia católica pela Europa: a influência dos poderes laicos contra o controle por Roma.

A questão das Investiduras. Ascensão das Monarquias Medievais. Autonomia regional na estrutura da

Igreja.

O Papado no quadro geopolítico italiano.

Page 9: Reformas religiosas

Crise de representatividade da Igreja Católica

O Grande Cisma do Ocidente: o papado de Avignon.

Page 10: Reformas religiosas

Crise de representatividade da Igreja Católica

Condutas polêmicas do Clero:

• Clérigos com famílias (nicolaísmo).

• Venda de cargos eclesiásticos (simonia).

• Venda de indulgências.

A Question to a Mintmaker, Jörg Breu, o velho (c.1530)

Page 11: Reformas religiosas

“Toda a Igreja ocidental estava envolvida de alto a baixo numa crise de confiança. (...) De qualquer modo (...) o fracasso mais fundamental da Igreja não residia na sua riqueza, no seu mundanismo, na sua imoralidade um tanto exagerada (...) residia sim na sua total incapacidade de proporcionar paz e consolação a gerações conturbadas numa era de incerteza. A peste, a guerra, o declínio econômico marcavam o fim da Idade Média com inequívoco mal-estar espiritual. (...)

O misticismo e o milenarismo ameaçavam o controle da Igreja sobre as almas; entre os cultos, o humanismo minava o respeito pela sua autoridade e saber.”

G.R. Elton, A Europa durante a Reforma, p.23-25.

Crise de representatividade da Igreja Católica

Page 12: Reformas religiosas

Lideranças religiosas críticas à Igreja

John Wycliffe (1328-1384): Teólogo inglês Crítico da interferência da Igreja sobre assuntos seculares.Tradutor da Bíblia para o Inglês.

Jan Huss (1369-1415)Clérigo tcheco Entusiasta das ideias de Wycliff.Defensor do sacerdócio universal, deu origem a um movimento contestador à Igreja no sul da Alemanha.

Concílio de Constança

(1414–1418)Convocado para

pôr fim ao cisma, também combateu as ideias de Wycliffe e Huss.

Page 13: Reformas religiosas

Crítica humanista à Igreja

Thomas More (1478-1535)

Erasmo de Roterdã (1466-

1536)

Busca por purificação das estruturas da Igreja e de um cristianismo próximo às origens.Estudo das edições da Bíblia

Humanismo contra Protestantismo

A visão de mundo humanista sobre a humanidade era positiva.Pretendiam reformar a Igreja pelo uso da Razão.Não tinham pretensão de romper com a Igreja nem de mudar a Teologia nem a Hierarquia da Igreja.

Page 14: Reformas religiosas

A Ruptura

Page 15: Reformas religiosas

As ideias de Lutero

Lutero e a questão da Salvação Justificação pela Fé.

Sacerdócio Universal.

Infalibilidade apenas da Bíblia.

“1.  Ao dizer: "Fazei penitência", etc, o nosso Senhor e Mestre Jesus Cristo quis que toda a vida dos fiéis fosse penitência. (...)

6. O papa não tem o poder de perdoar culpa a não ser declarando ou confirmando que ela foi perdoada por Deus (...).”

95 teses de Lutero (1517)

Page 16: Reformas religiosas

Frente à pressão da Igreja, Lutero radicaliza suas críticas à Igreja.

Excomungado pela Igreja, Lutero conta com apoio de parte da Nobreza Alemã.

A ruptura com a Igreja e a expansão da Reforma

Os ideias de reforma e ruptura começam a se difundir.

Zuínglio e Calvino na Suíça e França.

John Knox na Escócia.

Importância da imprensa para difusão das ideias protestantes.

Page 17: Reformas religiosas

Reforma radical e a guerra camponesa

Insatisfação de lideranças com o conservadorismo de Lutero.

Defesa de mudanças sociais (fim do dízimo e da servidão) em conjunto com as mudanças religiosas.

Milenarismo.

Repressão da nobreza alemã (com apoio de Lutero).

“Eis, pois, o auge da avareza, do sonho e da pilhagem de nossos Príncipes e senhores: apossam-se de toda criatura, sejam peixes n’água, aves no céu ou plantas na terra; tudo deve ser seu. Em seguida espalham o mandamento de Deus entre os pobres, e dizem: Deus ordenou que não roubeis! Contudo, não acharam uso deste mandamento para si mesmos. (...) Assim, quem quer que agarre o menos que seja, deve ser enforcado, e o Doutor mentiroso diz logo amém! (...) E se falo assim, sou classificado como subversivo.”

Thomas Muntzer

Page 18: Reformas religiosas

Calvinismo

Justificação pela Predestinação

Senso de comunidade religiosa e povo escolhido. O Ascetismo

“Ninguém que queira ser chamado religioso ousa negar diretamente a predestinação pela qual Deus escolhe alguns para a esperança da vida e condena outros à morte eterna. (...)

Por predestinação entendemos o eterno decreto de Deus pelo qual decidiu em seu próprio espírito o que deseja que aconteça a cada indivíduo em particular, pois nenhum homem é criado nas mesmas condições, mas para alguns é preordenada a vida eterna e para outros a eterna condenação (...).”

João Calvino, Instituições da religião Cristã, Livro III, Cap.XXI.

Uma perfeita puritana litografia de E. Percy Moran: as religiões de origem calvinistas

(como a Puritana) têm uma grande preocupação com o ascetismo religioso.

Page 19: Reformas religiosas

Reforma e as Monarquias europeias“O rei é o chefe supremo da Igreja na Inglaterra (...) Nesta qualidade, o rei tem todo o poder de examinar, reprimir, corrigir tais erros, heresias, abusos, ofensas e irregularidade que sejam ou possam ser reformados legalmente por autoridade (...) espiritual (...) a fim de conservar a paz, a unidade e a tranquilidade do reino, não obstante todos os usos, costumes e leis estrangeiras, toda autoridade estrangeira.”

Ato de Supremacia de 1534, Rei Henrique VIII da Inglaterra

Religião como elemento fundamental do jogo político europeu.

Interesse no confisco das terras e bens da Igreja.

Poder internacional do Papa e o problema da Soberania real.

A Igreja Anglicana Ruptura com o

Papa: Rei inglês chefe da Igreja Inglesa.

Manutenção dos ritos e da estrutura eclesiástica católica.

A Igreja Luterana na Escandinávia: Conversão dos reis

ao luteranismo e formação de Igrejas Nacionais.

Page 20: Reformas religiosas

A Contrarreforma Católica

Confirmação dos principais dogmas católicos.

Reestruturação da Inquisição.

Estreitamento da aliança com os reinos católicos (sobretudo Espanha e Portugal)

Criação do Index Librorum Prohibitorum (censura às publicações).

Repressão às “heresias”

Reforma da Igreja

Concílio de Trento (1545-63)

Criação dos seminários (melhor formação para os padres).

Reorganização da estrutura eclesiástica (maior poder para os bispos).

Apoio à ação das ordens religiosas.

Catequização nas novas terras descobertas.• Importância da Companhia de

Jesus

Inácio de Loyola,

fundador da Companhia

de Jesus

Page 21: Reformas religiosas

Igrejas Bíblia Salvação Ritos

Católica Interpretada pela Igreja. Fonte de fé junto com a tradição Católica.

Fé em Deus e boas obras.

Missas em Latim, liturgia luxuosa.

Luterana Interpretada pelos fiéis. Única fonte de fé.

Fé em Deus e graça Divina.

Cultos simples na língua local.

Anglicana Interpretada pela Igreja Anglicana, mas os fiéis podem examiná-la.

Fé em Deus e graça Divina.

Manutenção da liturgia católica, mas em língua inglesa.

Calvinista Interpretada pelos fiéis. Única fonte de fé.

Predestinação.

Cultos simples na língua local.

Síntese dos principais elementos dogmáticos das denominações Cristãs da época

Page 22: Reformas religiosas

Conflitos religiosos na Europa Moderna

Page 23: Reformas religiosas

Repressão e intolerância religiosa

Divisão da “Cristandade” e aumento da intolerância religiosa.

O fator religioso nos conflitos políticos.

Page 24: Reformas religiosas

Inquisição Ibérica

O “Padroado” e a Inquisição nos reinos Ibéricos.

Expulsão dos Muçulmanos e dos Judeus.

Perseguição aos “judaizantes”.

A Inquisição nas colônias.

Os processos inquisitoriais O estímulo à delação. A investigação. A Tortura. As penas.

“Antonio Correa era bufarinheiro ou vendedor de miudezas no Peru. Acusaram-no de apóstata porque, tendo sido batizado, praticava a lei de Moisés. (...) preparava-se já a Inquisição para lançá-lo à fogueira, quando o réu se manifestou tão contrito que o Tribunal dele se apiedou, limitando-se a condená-lo ao uso de sambenito por três anos, com a obrigação, de nos dias de festa, ouvir missa solene na catedral de Lima, além de outras práticas piedosas.”Ricardo Palma, relatando processo do século

XVII em Lima, citado por José Antonio Lavalle.

Page 25: Reformas religiosas

As guerras religiosas na França

Expansão do calvinismo na França: os Huguenotes.

Os poderes locais e o protestantismo.

Acirramento dos conflitos.• A Noite de São Bartolomeu

(1572)

Henrique IV e o Edito de Nantes (1598)

François Dubois, A noite de São Bartolomeu

Page 26: Reformas religiosas

Guerra dos Trinta Anos

1618-1648

Revolta de principados protestantes contra o Império Habsburgo (Católico).• A Suécia Luterana.

• A Espanha Habsburga Católica.

A França Católica contra os Habsburgo.

Consequências da guerra:• Declínio da Espanha e ascensão

da França como maior potência.

• A Paz de Westfália e o princípio da soberania.

Page 27: Reformas religiosas

As guerras religiosas na Inglaterra

Os conflitos entre Protestantes e Católicos.

A tentativa de uniformização dos rituais religiosos no padrão anglicano e a Revolução Puritana.