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ALBANO SOARES FILHO RACIONALIZAÇÃO DO USO DA ÁGUA POTÁVEL E REUSO DE EFLUENTES LÍQUIDOS EM PLANTAS SIDERÚRGICAS DE FERRO LIGAS: O CASO DA RIO DOCE MANGANÊS Dissertação apresentada ao curso de Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, em cumprimento às exigências para obtenção do grau de mestre. Orientador: Prof. Dr. Emerson Andrade Sales Co-orientadora: Profª. Dra. Karla Oliveira Esquerre Salvador 2008

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ALBANO SOARES FILHO

RACIONALIZAÇÃO DO USO DA ÁGUA POTÁVEL E REUSO DE EFLUENTES LÍQUIDOS EM PLANTAS SIDERÚRGICAS

DE FERRO LIGAS: O CASO DA RIO DOCE MANGANÊS

Dissertação apresentada ao curso de Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo, Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, em cumprimento às exigências para obtenção do grau de mestre. Orientador: Prof. Dr. Emerson Andrade Sales Co-orientadora: Profª. Dra. Karla Oliveira Esquerre

Salvador

2008

S676 Soares Filho, Albano

Racionalização do uso da água e reuso de efluentes líquidos em plantas siderúrgicas de ferro ligas: o caso da Rio Doce Manganês / Albano Soares – Salvador,BA, 2008.

136p.; il. color.

Orientador: Prof. Dr. Emerson Andrade Sales Co-orientadora: Profª. Drª. Karla Patricia Santos Oliveira Rodríguez

Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia, Escola Politécnica, 2008.

Referências e Anexos.

1. Recursos hídricos 2. Balanço hidrológico 3. Água Potável 4. Águas residuais. I. Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica. II. Sales, Emerson Andrade. III. Esquerre, Karla Patricia Santos Oliveira Rodríguez. IV. Título.

CDD: 628.19

Folha de aprovação ver original teclim

Dedico este trabalho a meus pais Albano e Alvany, por toda uma vida dedicada a

minha formação e a minha esposa e filha por permearem a minha existência.

AGRADECIMENTOS

Ao meu pai e minha mãe, pelo cidadão que hoje sou. À minha esposa e filha pelas horas de compreensão. A Rio Doce Manganês – RDM na pessoa de Gil Albano Andrade pelo incentivo e apoio, sem os quais não seria possível esta Dissertação. Ao Domingos, supervisor de serviços gerais da MOOP, pela colaboração e sugestões que tornaram possíveis as intervenções necessárias à malha hidráulica da RDM. A FH engenharia pelas informações e colaboração técnica. Ao Sérgio Aquino pela sua inestimável colaboração técnica. Aos professores do curso de Mestrado. Um especial agradecimento ao meu orientador, Professor Emerson Andrade Sales, e a minha co-orientadora Professora Karla Oliveira Esquerre pela paciência e horas dispensadas a revisão deste trabalho. Ao Professor Asher pela colaboração na revisão. A todos os demais que contribuíram para este trabalho.

“Ontem foi embora. Amanhã ainda não veio.

Temos somente hoje, Comecemos.”

(Madre Teresa de Calcutá)

SOARES FILHO, Albano. Racionalização do uso da água potável e reuso de efluentes líquidos em plantas siderúrgicas de ferro ligas: o caso da Rio Doce Manganês. 2008. 131f. Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo) -- Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

RESUMO O objetivo principal deste trabalho consistiu na redução do consumo de água potável por pessoa de forma permanente na empresa Rio Doce Manganês – RDM e substituição de parte da água bruta utilizada no processo por efluente tratado. Para consecução dos objetivos, abordou-se inicialmente a situação dos recursos hídricos, sua distribuição e demandas no Brasil e no mundo, a crescente conscientização da sociedade e segmento industrial, e a evolução do cabedal de leis que regem e disciplinam o uso do recurso no Brasil. Abordou-se também de forma resumida o processo de produção, atividades de apoio e características gerais da empresa siderúrgica RDM. Na etapa metodológica desenvolveu-se e implantou-se uma política abrangente de racionalização do uso da água na RDM tendo como instrumento norteador um Balanço Hídrico do consumo de água potável. Foram destacadas e enfatizadas as quantificações de consumo por áreas e setores, juntamente com o cadastramento hidráulico das instalações industriais, introdução de intervenções voltadas para a redução do consumo, através da aplicação de variáveis educacionais, intervenções sobre o sistema de distribuição e consumo, reaproveitamento de efluentes e modificação de projetos. Com a aplicação da metodologia, obteve-se um diagnóstico do consumo de água potável por áreas da empresa, possibilitando a intervenção nos pontos mais críticos, reduzindo-se o índice de consumo médio diário por pessoa no ano de 2006, de 123 litros para 60 litros no primeiro semestre de 2007. Como recomendação, propôs-se a instituição de um Programa de Gestão de Recursos Hídricos, o qual possuirá como elemento referencial, uma série de medidas a serem implementadas e mantidas em curto prazo, e o aprimoramento do balanço hídrico da água bruta utilizada pela empresa. Palavras-chave: Recursos hídricos; Balanço hídrico; Água potável; Diagnóstico; Política de gestão de recursos hídricos.

SOARES FILHO, Albano. Racionalização do uso da água potável e reuso de efluentes líquidos em plantas siderúrgicas de ferro ligas: o caso da Rio Doce Manganês. 2008. 131f. Dissertação (Mestrado em Gerenciamento e Tecnologia Ambiental no Processo Produtivo) -- Escola Politécnica, Universidade Federal da Bahia, Salvador.

ABSTRACT

The main objective of this work was to reduce the consumption of drinking water per person on a permanent basis in the company Rio Doce Manganese - RDM and the replacement of the water used in the process by gross treated effluent. To achieve these goals it was originally addressed the situation of water resources, its distribution and demands in Brazil and in the world, the growing awareness of society and industries, and the development of the leather of laws that and discipline the use of the resource in Brazil. It was also addressed, briefly the production process, activities of support and general characteristics of the steel company RDM. In the methodology step it was developed and implemented a wide policy of rationalization of the use of water in RDM having as a guiding tool the water Balance consumption of drinking water. It was highlighted and emphasized the quantifications of consumption in areas and sectors, together with the hydraulic registration of the industrial installations, introduction of interventions aimed at reducing consumption through the application of educational varying, interventions on the system for distribution and consumption, reuse of effluents and projects modification. As a result of the methodology, it was obtained a diagnosis of drinking water consumption in the areas of the company, enabling the intervention on the most critical points, reducing the index of the average daily consumption per person in 2006 from 123 liters to 60 liters in the first half of 2007. As proposed recommendations, it was sugested the establishment of a Water Resources Management Program which will have referential, a series of measures to be implemented and maintained in the short term, and the improvement of the water balance of the gross water used by the company. Keywords: Water Demands; Use of the resource; Drinking water Balance; Water Diagnosis; water resources management Policy.

LISTA DE FIGURAS

Figura 1: Localização da Rio Doce Manganês - RDM 19

Figura 2: Corrida da liga 22

Figura 3: Reservatório de água para abastecimento industrial 23

Figura 4: Bacias hidrográficas 26

Figura 5: Fluxo metodológico 46

Figura 6: Torneira temporizada instalada no prédio ADM 68

Figura 7: Sistema de osmose reversa do laboratório 68

Figura 8: Detalhamento esquemático do sistema hidráulico para abastecimento das descargas sanitárias do vestiário central e prédio administrativo com águas pluviais e bruta. 81

Figura 9: Instalação da tubulação para captação de águas pluviais 82

Figura 10: Tanques intermediários acumuladores de águas pluviais 82

Figura 11: Introdução de novas instalações hidráulicas nas bacias sanitárias 83

Figura 12 : Efluente bruto da sinterização 91

Figura 13: Efluente da sinterização tratado com 10, 15 e 20 ml de sulfato de alumínio e 5 ml de polímero 92 Figura 14: Teste com 10 ml de cloreto férrico(a) e 100(b) e 125 ml(c) de sulfato de alumínio 92 Figura 15: Mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA- Captação (adição de 5 (a), 10 (b) e 15 (c) ml de cloreto férrico) 30 minutos após sedimentação 98 Figura 16: Mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA- Captação (adição de 5(a), 10(b) e 15(c) ml de sulfato de alumínio) 30 minutos após sedimentação 99

Figura 17: Mistura do efluente bruto da sinterização com afluente da ETA- Captação (adição de 20(a) e 30(b) ml de sulfato de alumínio)

100

Figura 18: Mistura do efluente bruto da sinterização com afluente da ETA- Captação (adição de 15 ml de sulfato de alumínio)

100

Figura 19: Tratamento do efluente da sinterização na ETA 108

LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Mão-de-obra utilizada na RDM 20

Tabela 2: Principais pontos consumidores de água potável na RDM 50

Tabela 3: Determinação da vazão de chuveiros da RDM 51

Tabelas 4: Determinação da vazão em torneiras da RDM 51

Tabela 5: Consumo de água potável em 2004 e 2005 53

Tabela 6: Registro dos consumos na primeira e segunda medição 59

Tabela 7: Consumidores acima de 1 m3/dia 62

Tabela 8: Consumidores abaixo de 1 m3/dia 63

Tabela 9: Áreas priorizadas para intervenção 65

Tabela 10: Índices pluviométricos dos últimos 25 anos em Salvador 80

Tabela 11: Parâmetros e pontos de amostragem das análises

89

Tabela 12: Ensaios com efluente da sinterização utilizando-se sulfato de alumínio (Al2SO4)3, cloreto férrico e polímero 93 Tabela 13: Resultados das análises de laboratório do efluente bruto e tratado da sinterização

94 Tabela 14: Ensaios da mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA-Captação, utilizando-se cloreto férrico (FeCl3)

101 Tabela 15: Ensaios da mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA-Captação utilizando sulfato de alumínio

102 Tabela 16: Resultados físico-químicos do efluente bruto e tratado da mistura do efluente da sinterização e afluente da ETA- Captação 103 Tabela 17: Resultado de análise de lodos

105

Tabela 18: Volume de efluente da sinterização tratados

109

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 : Consumo mensal de água potável nos anos de 2004 e 2005 53

Gráfico 2: Primeira medição do consumo de água potável 57

Gráfico 3: Segunda medição do consumo de água potável 59

Gráfico 4: Comparativo entre os consumos das medições 1 e 2 59

Gráfico 5: Consumidores acima de 1 m3/dia 63

Gráfico 6: Consumidores abaixo de 1 m3/dia 64

Gráfico 7 : Comparativo entre o consumo médio diário do ano de 2006, com o consumo médio diário do primeiro semestre de 2007 no prédio administrativo 69 Gráfico 8: Consumo médio diário observado nas medições 1 e 2, média total do ano de 2006 incluindo-se as modificações introduzidas, e a média diária após a intervenção (11m3/dia)

72

Gráfico 9: Média diária do consumo de água potável de janeiro de 2006 à maio de 2007 nos vestiários da Planta- I

73

Gráfico10: Consumo de água no refeitório, comparando-se as médias diárias da primeira e segunda medição com a média diária de consumo em 2006

74

Gráfico 11: Média do consumo diário de água no refeitório em 2006 e 2007 75

Gráfico 12: Média do consumo diário de água no refeitório por refeição preparada na medição 1, medição 2 , 2006, 2006/2007(janeiro a maio) e primeiros 5 meses de 2007

76

Gráfico 13: Consumo médio diário de água potável na Metastec 78

Gráfico 14: Comparativo do consumo total entre os anos de 2004, 2005 2006 e primeiro semestre de 2007 (m³/mês)

85

Gráfico 15: Indicador de consumo (litros/pessoa/dia) 85

Gráfico 16: Comparação entre o efluente bruto e tratado (Cu/ Mg/ Mo/ Ca/ P/ N/ As)

96

Gráfico 17: Comparação entre o efluente bruto e tratado. (Cor/ DBO/ DQO) 96

Gráfico 18: Volume de efluente da sinterização tratado em 2006 109

LISTA ABREVIATURAS E SIGLAS

ADM Administrativo

ANA Agência Nacional de águas

CETREL Central de Tratamento de Efluentes Líquidos

CHESF Companhia Hidro Elétrica do São Francisco

CIA Centro Industrial de Aratu

CMMAD Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

DBO Demanda Bioquímica de Oxigênio

DQO Demanda Química de Oxigênio

DSS Diálogos de Saúde e Segurança

EMBASA Empresa Baiana de Saneamento

ETA Estação de tratamento de água

ETALGÁS Estação de Tratamento de Gás

FAO Food and Agriculture Organization

LDM Limite de Detecção do Método

Mw Megawhat

OMS Organização Mundial de Saúde

ONU Organização das Nações Unidas

PERH-BA Plano Estadual de Recursos Hídricos – Bahia

PNDCA Plano Nacional de Combate ao Desperdício de Água

PNUMA Plano das Nações Unidas para o Meio Ambiente

PURA Plano de Utilização e Reuso da Água

PVC Policloreto de Vinila

RDM Rio Doce Manganês.

SABESP Serviço de águas e Esgotos de São Paulo.

SSd Sólidos Sedimentáveis

TECLIM Rede de Tecnologias Limpas

VL Volume de Lodo

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 14 1.2. OBJETIVOS 15 1.2.1 Objetivo geral 15 1.2.2 Objetivos específicos 15 2. CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 15 2.1 LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO E CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL 15

2.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO 19 2.3 SISTEMA DE UTILIDADES 21 2.4 UNIDADES AUXILIARES E DE APOIO 22 3 . CONSERVAÇÃO DA ÁGUA 22 3.1 HISTÓRICO 22 3.2 DISPONIBILIDADE HÍDRICA DOS RECURSOS SUPERFICIAIS E ESCASSEZ DE ÁGUA 24

3.3 GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS 26 3.4 CONSERVAÇÃO DE ÁGUA 31 4. METODOLOGIA ADOTADA 40 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 45 5.1 LEVANTAMENTO E CARACTERIZAÇÃO DAS INSTALAÇÕES CONSUMIDORAS DE ÁGUA POTÁVEL 45

5.2 LEVANTAMENTO DO CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL EM ANOS ANTERIORES 51

5.3 USOS DA ÁGUA NA RDM 52 5.4 ESCOLHA DO SISTEMA DE MEDIÇÃO DO CONSUMO E DIMENSIONAMENTO DE EQUIPAMENTOS MEDIDORES DE VAZÃO E INSTALAÇÃO EM PONTOS DE MAIOR REPRESENTATIVIDADE, NA REDE CONSUMIDORA DE ÁGUA BRUTA E POTÁVEL

53

5.5 IMPLEMENTAÇÃO DE CAMPANHA PRELIMINAR DE MEDIÇÃO DE CONSUMO DE ÁGUA BRUTA E POTÁVEL 54

5.6 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL APÓS CAMPANHA PRELIMINAR DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE OS USOS DA ÁGUA, CORREÇÃO DE VAZAMENTOS E SUBSTITUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE ALTO CONSUMO POR EQUIPAMENTOS ECONOMIZADORES DE ÁGUA.

56

5.7 ANÁLISE DO CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL 59

5.8 PRIORIZAÇÃO DE ÁREAS PARA INTERVENÇÃO 63 5.9 PLANO DE INTERVENÇÃO 64

5.9.1 Correção de vazamentos 65

5.9.2 Campanhas de conscientização 65

5.9.3 Substituição de componentes convencionais por economizadores de água.

66

5.10 INTERVENÇÕES, MODIFICAÇÕES HIDRÁULICAS E DE ABASTECIMENTO EM PONTOS DE MAIOR REPRESENTATIVIDADE E SUBSTITUIÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL EM DESCARGAS SANITÁRIAS.

67

5.10.1 Detalhamento de intervenções nas áreas prioritárias 68 5.10.1.1 Vestiários Planta – I 68 5.10.1.2 Refeitório 71 5.10.1.3 Empreiteira Metastec 74 5.11 SUBSTITUIÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL EM DESCARGAS SANITÁRIA POR ÁGUAS PLUVIAIS E ÁGUA BRUTA

78

5.11.1 Uso de águas pluviais na área do prédio administrativo 78 5.11.2 Abastecimento de descargas sanitárias por água bruta 83 5.12 ESTABELECIMENTO DE UM INDICADOR DE CONSUMO PARA ÁGUA POTÁVEL

84

5.13 TRATAMENTO E REAPROVEITAMENTO DE EFLUENTES, EM SUBSTITUIÇÃO A PARTE DA ÁGUA INDUSTRIAL CONSUMIDA NO PROCESSO PRODUTIVO.

86

5.13.1 Tratamento e reuso de efluentes da antiga sinterização 86

5.13.2 Campanha de amostragem e medição de vazão 88 5.13.3 Ensaios de tratabilidade e teste do jarro 89 5.13.4 Ensaio com o efluente da sinterização 90 5.13.5 Resultados físico-químicos e biológicos de laboratório do efluente da sinterização 94

5.13.6 Ensaios com o efluente misturado da sinterização e do afluente da ETA-Captação

97

5.13.7 Resultados Físico-Químicos e Biológicos de laboratório da mistura do efluente bruto da Sinterização e do Afluente da ETA-Captação

103

5.13.8 Resíduos sólidos (lodos) gerados nos tratamentos 104

5.14 AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS DE TRATAMENTO DO EFLUENTE DA SINTERIZAÇÃO SOB O ASPECTO HIDRÁULICO

106

5.14.1 ETA-Captação recebendo o efluente da sinterização 106 5.15 TRATAMENTO EM ESCALA REAL 109 6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 110 6.1 CONCLUSÕES 110 6.2 RECOMENDAÇÕES 111

REFERÊNCIAS

113

ANEXOS

ANEXOS 1 - Sugestão de programa de gestão de recursos hídricos 117 ANEXO 2 - Fotos dos hidrômetros 127 ANEXO 3 – Planilhas de controle para medição do consumo de água potável nos hidrômetros

128

ANEXO 4 – Planilhas de controle para medição do volume de efluente Tratado

130

15

1 INTRODUÇÃO

De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), a água doce poderá

ter neste século importância similar a que o petróleo teve no século XX (UNESCO,

2003). Para muitos pode parecer exagero, no entanto, do total de água doce

disponível no planeta, 70% é utilizada na agricultura para produção de alimentos e,

de acordo com a Food and Drug Administration (FAO) a produção de alimentos está

cada vez mais dependente da agricultura irrigada, e a necessidade de alimentar uma

população crescente deverá pressionar também em escala crescente os recursos

hídricos (REBOUÇAS, C, A).

Neste contexto, o Brasil conta com uma disponibilidade por habitante de

33.000 litros (CORDEIRO, 2005) de água, o que segundo os padrões da ONU nos

deixaria em posição confortável. No entanto, o que se percebe é que ocorre uma

distribuição de toda esta água de forma bastante desigual em todo o território,

ficando a região Amazônica com cerca de 80% do total, contando com apenas 5%

da população Brasileira e os restantes 20% sendo distribuídos para 95% da

população. Neste cenário, considerando-se ainda regiões com baixíssimas

precipitações pluviométricas, como é o caso do Nordeste, podemos concluir que a

abundância é segmentada e que a disponibilidade atribuída é representativa apenas

na escala (SETTI e outros, 2000).

Desta forma, para enfrentar os enormes desafios que se impõem com as

crescentes demandas futuras, as ferramentas com que se pode contar atualmente

são o uso cada vez mais eficiente e integrado de todo e qualquer tipo de água,

privilegiando-se também o reuso de efluentes.

No setor industrial, percebe-se um movimento no sentido da utilização de forma

mais racional a água disponível, seja de rios, subterrânea e de reuso não potável,

esta última de forma mais intensa nos últimos tempos, com ganhos de imagem

perante a sociedade, e redução de impactos sobre o meio ambiente.

Neste contexto, a Rio Doce Manganês (RDM), indústria siderúrgica do ramo

de ferro ligas com um contingente de colaboradores em torno de 750 pessoas,

desconhecia a dinâmica de seu consumo, e apresentava no início do diagnóstico

16

elaborado neste trabalho, um consumo médio de aproximadamente 140 litros por

pessoa por dia de água potável, o equivalente ao consumo diário

por habitante do Estado de Minas Gerais. (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS

PARA O DESENVOLVIMENTO, 2006)

A partir do conhecimento da realidade da empresa, foi possível elaborar uma série

de intervenções focadas na redução do consumo da água potável, redução e

reutilização de efluentes, utilizados para suprimento de parte da demanda industrial

da Rio Doce Manganês - RDM.

1.2 OBJETIVOS 1.2.1 Objetivo geral

Este trabalho apresenta como objetivo geral, a racionalização do uso da água

potável na empresa Rio Doce Manganês, incluindo-se o tratamento e utilização de

efluentes e captação de águas pluviais e proposição de um Programa de Gestão de

Recursos Hídricos.

1.2.2 Objetivos específicos Como objetivos específicos têm-se:

• Estabelecimento do controle sistemático do consumo, com ênfase na

metodologia de quantificação das vazões.

• Implementação de ações voltadas para redução do consumo de água.

• Estabelecimento de indicadores de consumo para água potável.

17

2 CARACTERIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO 2.1 LOCALIZAÇÃO DO EMPREENDIMENTO E CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL

A RDM foi criada em 1965 para a produção de ligas de ferro manganês.

Atualmente, através das Unidades I e II a empresa detém um total de 153 MVA de

potência elétrica instalada e uma capacidade nominal de produção de 280 mil t/ano,

de ligas de Ferro ligas de Manganês.

O parque industrial está localizado no município de Simões Filho - BA, dentro

da área do Centro Industrial de Aratu (CIA), em área sob influência da Baía de Aratu.

O parque produtivo é formado por três unidades distintas, denominadas plantas

I/II/III.

As principais referências do empreendimento são as divisas com a Rodovia

Federal BR-324 e sede do município de Simões Filho à leste, e com a Baia de Aratu

a noroeste, localiza-se a uma distância de aproximadamente 25 km de Salvador

(BA), que fica em direção sul. A oeste localiza-se o distrito de

Cotegipe, cujos limites praticamente se confundem com os muros da RDM,

conforme mostrado na Figura 1.

O parque industrial é cortado por um pequeno riacho denominado Paramirim,

no sentido sul-norte, que tem aporte na represa de abastecimento industrial da

RDM. Em épocas de alta pluviosidade, período que vai dos meses de abril à

setembro, a represa extravasa por vertedouros em direção à Baía de Aratu e

manguezais circundantes.

A RDM está localizada em bacia hídrica vertente para a Baía de Aratu em uma

sub-bacia de solo argiloso com pequena área e recursos hídricos muito limitados.

Como pode-se observar na figura 1 a contribuição de água superficial dessa sub-

bacia está limitada pela BR 324, estrada para Cotegipe e Mapele e parte da cidade

de Simões Filho.

Em termos hidrogeológicos, o sítio da RDM e seus arredores imediatos é

dominado por solos argilosos, configurando um aqüífero freático pobre, com

condutividades hidráulicas baixas e velocidade de fluxo média inferior a 10 m/ano

18

(CENTRAL DE TRATAMENTO DE EFLUENTES, 2005). O mapa potenciométrico

revela que o sítio da RDM atua como receptor geral das águas subterrâneas das

áreas circunvizinhas à leste, sul e oeste, descarregando este influxo hidráulico na

Baía de Aratú.

Quando a indústria foi implantada construiu para acumulação de água, um

barramento (lagoa) para abastecimento industrial que serviria tanto para captação e

acumulação de água como para retenção de efluentes para reutilização no processo

produtivo, tendo em vista que a carência de água na região é grande. A bacia

hidráulica inundável é de 12,3 hectares, perímetro de 1,6 km, profundidade máxima

de 6,4 metros e uma capacidade de acumulação de 436.000 m³.

Como pode ser observado nas figuras 1 e 3, a lagoa da RDM está situada no fundo

do vale entre as cotas de 0,0 m a 6,4 m, onde seu entorno é formado por encostas

muito íngremes que estão nas cotas 45,0 m a 90,0 m sendo a recarga hidráulica da

lagoa realizada pelas águas superficiais durante o período do inverno e água de

exudação da encostas coletadas por um córrego, estreito e curto (750m),

denominado Paramirim, durante todo ano. O Paramirim está no limite da área

urbana recebendo contribuições de esgoto sanitário. Em épocas de estiagem mais

prolongadas, a lagoa da RDM é recarregada com água captada em um barramento

da CHESF, que servia a uma usina atualmente desativada.

Balanço Hídrico Resumido

A água industrial consumida na RDM é proveniente de um reservatório de

acumulação (lagoa) alimentado pelas águas superficiais e a água de exudação de

encostas, sendo principal condutor o riacho Paramirim citado anteriormente. A RDM

utiliza ainda água potável fornecida pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento

(EMBASA).

A partir da água proveniente do reservatório de acumulação (lagoa) e do

Paramirim é produzida água clarificada para usos no processo industrial.

A água potável proveniente da EMBASA, atende aos escritórios, sanitários,

refeitório e outros prédios da área administrativa. A precipitação anual de águas

pluviais na sub-bacia totaliza um volume de 1.520.000 m³ = 176 m³/h considerando a

área de contribuição de 80 ha e precipitação média anual de 1900 mm. Para as

19

atividades industriais realiza-se a captação de 28,67 m³/h na lagoa, mas como a

chuva se concentra num período de 6 meses, o nível do reservatório varia,

extravasando nos períodos chuvosos. Existe uma captação de 14,43 m³/h

diretamente no Paramirim e recebe-se 4,75 m³/h da EMBASA (média de consumo

diário no ano de 2005). No processo produtivo são gerados 27,69 m³/h de efluente e

a evaporação atinge 20,08 m³/h.

Existe um barramento vizinho de maior capacidade que o da Rio Doce

Manganês, de propriedade de uma antiga subestação da Chesf, que pode ser

utilizado pela RDM em períodos de longas estiagens.

Figura 1: Vista aérea da RDM.

3.2 Características gerais da fábrica

A RDM foi criada em 1965 para a produção de ligas de ferro mangan

Figura 1 – Localização da Rio Doce Manganês - RDM

Os principais clientes nacionais são a Usiminas, Cosipa, e Grupo Gerdau. A

empresa exporta também para Argentina, Chile, Holanda, Alemanha e Turquia.

Na Tabela 1 é mostrado o número de empregados subdivididos em próprios e

terceirizados.

BR-324

BAÍA DE ARATU

COTEGIPE

Planta -III

Planta -II

Planta -I

SALVADOR

BR-324

COTEGIPE BAÍA DE ARATU

Sinterização

ETA - Captação Planta -III

Planta -II

Planta -I

Barramento

20

Tabela 1: Mão-de-obra utilizada na RDM.

Número de Empregados

Próprios 310 Terceirizados 438 Total 748

2.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO

- Preparação das matérias-primas, redutores e fundentes

As matérias-primas utilizadas no processo de produção de ligas consistem em:

Minério de manganês: O minério de manganês é proveniente do próprio estado

da Bahia e de outros estados (minério de Carajás (PA) e Urucum (MT). Os minérios

regionais são transportados via rodoviária ou ferroviária. Já os minérios dos outros

estados são transportados via marítima até os portos de Aratu, Salvador e USIBA

(distantes cerca de 20 km), e daí por caminhões até as instalações da RDM

Fundentes: quartzo, calcário e dolomita. Estes materiais são provenientes de minas

do próprio Estado da Bahia, distantes aproximadamente 500 km da RDM. O

transporte é feito por via rodoviária até as instalações da RDM

Redutores: carvão vegetal e coque. O carvão vegetal consumido é proveniente da

área de plantação de eucalipto da empresa e das fazendas de terceiros

transportados respectivamente, via ferroviária e rodoviária. O coque utilizado tem as

procedências do Japão, China, Austrália ou África.

Outra fonte de matéria-prima que substitui parte do minério de manganês no

processo é o sinter de alta resistência mecânica, insumo produzido pela

aglomeração de finos de minérios de manganês e finos de carvão.

A área de estocagem de matérias-primas possui 7.500 m² sendo 80% coberta,

com espaços separados por divisórias móveis destinadas a segregação dos

diferentes tipos de minérios e insumos.

- Produção de ligas de FeMn e Fe-Si-Mn

A produção de ligas de FeMn e Fe-Si-Mn baseia-se no processo

termodinâmico de redução à forma metálica dos óxidos de manganês, silício e ferro

21

através do carbono suprido pelo carvão vegetal, coque metalúrgico e pela parcela de

pasta eletrolítica contida nos eletrodos. Trata-se do processo convencional de

redução em fornos elétricos, onde o calor é fornecido pela

corrente elétrica através dos eletrodos que entram em contato com a mistura. As

transformações do minério de manganês começam a ocorrer a cerca de 500°C

podendo atingir até 1500°C.

Parte dos óxidos de manganês, ferro e silício, bem como algumas impurezas

são reduzidos à forma metálica constituindo a liga. Parte desses óxidos como de

outros elementos constituintes da carga dão origem à escória. Outra parte dos

constituintes da carga é arrastada pelos gases no processo ou ainda volatilizados.

A potência de trabalho do forno pode ser regulada através da mudança de

voltagem até se conseguir a tensão necessária, a fim de obter as condições ideais

de trabalho.

- Corrida do forno

Transcorrido o tempo de reação da mistura das matérias-primas, redutores e

fundentes em ligas metálicas, procede-se a abertura dos furos de corrida, havendo a

descarga da escória e da liga.

O metal líquido escorre em canais para dentro das piscinas ou é vertido para

dentro de panelas. No caso das corridas em panelas, as mesmas são manuseadas

através de ponte rolante até a área de piscinas onde o metal é vertido pelo

basculamento da panela. A escória escorre em canais próprios para a baia de

escória.

As piscinas são previamente preparadas com o auxílio de pá-carregadeira,

havendo a cobertura das células com camadas de finos de minérios.

Após a solidificação, a liga sólida é recolhida por pá-carregadeira e

descarregada em caçambas, transportada por caminhões até a área de preparação

de produtos.

A escória rica proveniente da produção de ferro manganês alto carbono é

transportada para a área de recuperação de escória, e a escória pobre originada na

produção de ferro sílico manganês, é enviada para a área de estocagem de

subprodutos para posterior comercialização.

22

FIGURA 2 – Corrida da liga

2.3 SISTEMAS DE UTILIDADES

O abastecimento de água potável é feito pela EMBASA e a água industrial

pelo represamento do córrego Paramirim, conforme detalhado na Tabela 2. Na

Figura 2 é apresentada uma foto aérea do reservatório de água para abastecimento

industrial da RDM.

23

FIGURA 3: Reservatório de água para abastecimento industrial da RDM

2.4 UNIDADES AUXILIARES E DE APOIO

A RDM possui as seguintes unidades auxiliares e de apoio subdivididos em:

escritórios em geral (financeiro, recursos humanos, administrativos e técnicos),

vestiários, portarias, laboratório químico, oficinas de manutenção, ambulatório

médico, almoxarifado, cozinha/restaurante.

Vertedouro

24

3 CONSERVAÇÃO DA ÁGUA

Foram enfatizados os aspectos mais relevantes para o objeto proposto neste

trabalho, tais como: disponibilidade hídrica dos recursos superficiais e escassez de

água, conservação de água e reuso, aspectos regionais dos recursos hídricos.

3.1 HISTÓRICO

O uso de água na agricultura e o consumo industrial e residencial são os

principais fatores de pressão para a demanda crescente de água doce em todo o

planeta. As perspectivas que sinalizam cada vez mais para um cenário de escassez,

e ruptura com as práticas de desperdício, fazem com que se verifique com maior

freqüência, a necessidade da busca de alternativas para um problema que afeta a

todos indiscriminadamente. De uma forma geral, a legislação cada vez mais

restritiva, a pressão de consumidores cada vez mais exigentes quanto a práticas de

conservação ambiental e a necessidade de adaptação a um mundo sem fronteiras,

fazem com que sociedade e setor produtivo invistam de forma crescente em práticas

de conservação de recursos hídricos e energia, como forma de reduzir custos,

ganhar produtividade e agregar valor à imagem.

Recentemente novas informações sobre o uso de energia e emissão de CO2

implicando no aumento da temperatura do planeta foram apresentadas pela

comunidade cientifica internacional através do Painel intergovernamental para

mudanças climáticas. O cenário traçado prevê um quadro preocupante para a

economia mundial, em função das crescentes demandas por energia, com o

consumo de água associado, podendo dobrar dentro de algumas décadas o número

de países classificados como carentes de recursos hídricos (BAIRD, 2002).

No contexto histórico brasileiro, os marcos legais básicos referentes ao uso

da água são, a Constituição Federal de 1988, a Lei 9.433, de 08/01/1997 e o Código

de Águas, estabelecido pelo Decreto Federal 24.643, de 10/07/1934.

Historicamente, a administração dos problemas de recursos hídricos, levando-

se em conta os limites de uma bacia hidrográfica, não é uma tradição no Brasil. Até

os anos 70, as questões de recursos hídricos eram sistematicamente consideradas

25

a partir de políticas específicas de combate aos efeitos das secas e das inundações,

ou tratadas a nível regional, de forma setorizada (TUCCI e outros, 2003).

Em pesquisa, SCARE (2003) estudou a evolução do ambiente institucional

internacional buscando entendimento para mudanças ocorridas no Brasil e sua

evolução até chegar ao sistema atual de gestão de recursos hídricos, efetuando

também análise quantitativa da influência da escassez sobre a velocidade de

tramitação e promulgação de leis estaduais.

O quadro para um futuro próximo, com relação a práticas de conservação de

recursos hídricos, indica uma evolução positiva, com uma forte tendência para o uso

racional e para o reuso da água. O panorama justifica-se principalmente para as

regiões altamente urbanizadas e industrializadas, pelo fato da legislação ambiental

de forma geral estar se tornado mais restritiva.

Em épocas recentes, a principal preocupação do setor produtivo com relação

aos seus efluentes referia-se apenas ao atendimento aos padrões estabelecidos

pela legislação ambiental. Atualmente, devido ao cenário de escassez de água, e

incorporação por parte da indústria dos Sistemas de Gestão Ambiental e a adoção

de Tecnologias Limpas, surgiram inúmeras iniciativas – amplamente divulgadas,

relacionadas à conservação da água.

3.2 DISPONIBILIDADE HÍDRICA DOS RECURSOS SUPERFICIAIS E ESCASSEZ DE ÁGUA.

De acordo com a divisão adotada pela Secretaria de Recursos Hídricos do

Ministério do Meio Ambiente, são doze as grandes bacias hidrográficas no País:

Amazonas, Tocantins/Araguaia, Atlântico Sul, Atlântico Sudeste Atlântico Nordeste

Ocidental, Atlântico Nordeste Oriental, Parnaíba, São Francisco, Atlântico Leste,

Paraná, Uruguai e Paraguai. (ver Figura 4).

Apesar de estar inserido no rol dos países considerados ricos em água doce,

o Brasil apresenta uma distribuição desta água extremamente desigual, com

cenários regionais extremos.

26

A constatação de tais cenários traduz-se quando se compara a

disponibilidade hídrica das bacias regionais, cabendo à Amazônica o percentual de

71,1%, enquanto que a do Atlântico Leste, com apenas 0,4% (TUCCI e outros,

2003).

No que tange ao valor de escoamento superficial (relação entre vazão e

precipitação) a bacia Amazônica apresenta um índice de 0,44, enquanto que as

vazões do Atlântico Leste, apresentam 0,10, devido à pequena precipitação e ao alto

potencial de evapotranspiração.

Portanto, a distribuição desses recursos não é uniforme,

destacando-se os extremos do excesso de água na Amazônia e as limitações de

disponibilidade no Nordeste (TUCCI e outros, 2003).

Figura 4: Bacias hidrográficas.

Fonte: AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2001.

Em termos de disponibilidade hídrica per capta, classificação utilizada pela

Organização das Nações Unidas, para classificação das ocupações humanas, o

27

Brasil apresenta uma disponibilidade de 33.000 m³/hab/ano, para usos múltiplos,

caracterizando aparentemente certa abundância em água.

Com a estratificação regional por bacias, este índice reduz-se para 3362

m³/hab/ano, aproximadamente 10% do índice geral para o país na bacia do Atlântico

Leste e 1145 m³/hab/ano na bacia do Atlântico Nordeste. Esta é a menor

disponibilidade dentre as bacias hidrográficas brasileiras, índice próximo ao de

países pobres em recursos hídricos (disponibilidade hídrica entre 500 e 1000

m³/hab/ano), caracterizando-se cenários fortemente dispares (AGÊNCIA NACIONAL

DE ÁGUAS, 2005).

Sob o ponto de vista de consumo, o gasto médio de água no Brasil é bem

menor que os 575 litros diários utilizados por americanos e os 365 litros consumidos

a cada dia pelos mexicanos (PROGRAMA DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O

DESENVOLVIMENTO, 2006). O país, porém, gasta mais água que o Reino Unido

(150 litros por dia) estando à frente dos dois países mais populosos do mundo:

China (85 litros diários por habitante) e Índia (135 litros diários por habitante.

Segundo o Relatório de Desenvolvimento Humano de 2006, elaborado pelo

Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PROGRAMA DAS NAÇÕES

UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO, 2006), o brasileiro consome, em média,

185 litros de água por dia, excluídos o volume desperdiçado e utilizado na

indústria e na agricultura. Esse valor representa uma posição intermediária em

relação a outros países, no entanto, considerando a oferta e disponibilidade de água

no país, o consumo por exemplo de 150 litros por habitante por dia observado no

Reino Unido pode ser muito mais significativo do que o consumo brasileiro.

Na comparação com os parâmetros de oferta diária de água estabelecidos

pelas Nações Unidas, o Brasil também ocupa uma posição mediana (PROGRAMA

DAS NAÇÕES UNIDAS PARA O DESENVOLVIMENTO, 2006). A Organização

Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef)

definem que 50 litros por dia são suficientes para suprir a sede e atender às

necessidades de higiene pessoal e de lavagem de roupas. Para assegurar um

mínimo de conforto, no entanto, esse limite pode ser estendido para 200 litros,

segundo a Organização das Nações Unidas (ONU).

28

De acordo com a Agência Nacional de Águas (ANA), o consumo médio de

água no Brasil está dentro do "tolerável". No entanto, a ANA reconhece que esse

número está longe de afastar a possibilidade de escassez. Isso porque a distribuição

da água é desigual no país, e que essa média de consumo, na verdade, mascara os

contrastes entre as regiões.

O exemplo vem de bacias com altas densidades populacionais como é o caso da

Região Metropolitana de São Paulo em associação a baixa disponibilidade hídrica,

configurando um cenário de escassez e uma realidade preocupante, considerando-

se que as retiradas superam a disponibilidade hídrica, obrigando a busca de fontes

externas, que neste caso, provém principalmente da bacia do rio Piracicaba

(CONEJO e outros; AGÊNCIA NACIONAL DE ÁGUAS, 2001)

3.3 GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

As águas superficiais constituem um recurso natural de grande importância

cuja qualidade deve ser preservada tendo em vista sua rentabilidade econômica e

suas principais utilizações: abastecimento público, irrigação, lazer e aqüicultura.

É grave e preocupante a redução na disponibilidade de água com qualidade

compatível com as necessidades do ser humano e também com características que

suportem a biodiversidade natural da fauna e flora aquáticas. Dentre os vários

processos poluidores, a crescente entrada e acúmulo de poluentes nos sistemas

aquáticos têm aumentado de forma crescente (ESPINDOLA e outros, 2000).

O crescimento acelerado de grandes centros urbanos, as dificuldades para

obtenção de financiamentos para obras de abastecimento e saneamento, o

crescimento de áreas irrigadas e o uso industrial, dentre outros usos, vêm

provocando conflitos que convergem para a adoção de medidas pelo poder público

que objetivam disciplinar o uso da água.

De forma geral, em nível nacional, os principais impactos sobre recursos

hídricos implicando em conflitos sobre gestão e uso são (TUCCI e outros, 2003):

29

• Despejos de efluentes domésticos e industriais nos rios;

• Contaminação difusa pelo uso de fertilizantes e pesticidas de áreas

agrícolas;

• Degradação do solo rural pelo desmatamento e práticas agrícolas

inadequadas, contribuindo para aumento de “run of” (arraste de sólidos

por chuvas ) e assoreamento de bacias;

• Construção de obras hidráulicas;

• Operação de aterros sanitários;

• Contaminação de aqüíferos;

• mineração.

Neste contexto, um dos maiores problemas de ordem ambiental com reflexos

diretos sobre a qualidade de recursos hídricos são os despejos de poluentes em

rios. Segundo Water Resources Institute ([199-]), nos Países em desenvolvimento,

95% dos esgotos urbanos são despejados sem tratamento nos rios (TUCCI e outros,

2003).

Segundo publicação da Agência Nacional de Águas em 2005, intitulado

Panorama da Qualidade das Águas Superficiais no Brasil, é freqüente a presença de

cianobactérias nos mananciais de abastecimento de água em muitas das cidades

brasileiras, como ocorre no Sistema Guandu, que abastece a cidade do Rio de

Janeiro. No Nordeste é comum a eutrofização dos açudes, que comprometem o

abastecimento público e demais usos. Nas áreas rurais, a expansão da fronteira

agrícola e a migração interna nas décadas de 70 e 80 contribuíram para a criação de

um passivo ambiental caracterizado pelo desmatamento, processos erosivos

intensificados e contaminação e assoreamento de recursos hídricos.

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (Arts. 20 e Arts.

26), define duas dominialidades dos lagos, rios e quaisquer correntes de água:

• Federal, quando banha mais de um Estado, sirvam de limites com

outros países, ou se estendam a território estrangeiro ou dele

provenham, bem como os terrenos marginais e as praias fluviais;

• Estadual, quando se localiza somente dentro do Estado. As águas

subterrâneas se incluem entre os bens dos Estados. Nos itens XIX e

30

XX do Art. 21, a Constituição define como competência da União

instituir o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos e

definir critérios de outorga de direitos de seu uso, instituir diretrizes

para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, saneamento

básico e transportes urbanos. (BRASIL, 1988)

A Lei Federal nº 9.433, de 08/01/1997 (BRASIL, 1997), institui a Política

Nacional de Recursos Hídricos e cria o Sistema Nacional de Gerenciamento de

Recursos Hídricos. Essa Lei estabelece que a Política Nacional de Recursos

Hídricos baseia-se nos seguintes fundamentos:

• a água é um bem de domínio público;

• a água é um recurso natural limitado, dotado de valor econômico;

• em situações de escassez, o uso prioritário dos recursos hídricos é

para o consumo humano e de animais;

• a gestão dos recursos hídricos deve sempre proporcionar o uso

múltiplo das águas;

• a bacia hidrográfica é a unidade territorial para implementação da

Política Nacional de Recursos Hídricos e atuação do Sistema Nacional

de Gerenciamento de Recursos Hídricos;

• a gestão dos recursos hídricos deve ser descentralizada e contar com

a participação do Poder Público, dos usuários e das comunidades.

• Estabelece ainda como diretrizes gerais, a gestão sistemática dos

recursos hídricos, sem dissociação dos aspectos de quantidade e

qualidade;

• a adequação da gestão de recursos hídricos às diversidades físicas,

bióticas, demográficas, econômicas, sociais e culturais das diversas

regiões do País;

• a integração da gestão de recursos hídricos com a gestão ambiental;

• a articulação do planejamento de recursos hídricos com o dos setores

usuários e com os planejamentos regional, estadual e nacional; a

articulação da gestão de recursos hídricos com a do uso do solo;

• a integração da gestão das bacias hidrográficas com a dos sistemas

estuarinos e zonas costeiras.

31

Como principais instrumentos de gerenciamento de recursos hídricos, a lei

define também :

• Os Planos de Recursos Hídricos;

• O enquadramento dos corpos de água em classes, segundo os usos

preponderantes da água;

• A outorga dos direitos de uso de recursos hídricos;

• A cobrança pelo uso de recursos hídricos;

• O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos.

Os Planos de Recursos Hídricos visam fundamentar e orientar a

implementação da Política Nacional de Recursos Hídricos e o gerenciamento dos

recursos hídricos, de longo prazo, com horizonte de planejamento compatível com o

período de implantação de seus programas e projetos.

O enquadramento dos cursos d'água em parâmetros de qualidade visa:

assegurar às águas qualidade compatível com os usos mais exigentes a que forem

destinadas; diminuir os custos de combate à poluição das águas, mediante ações

preventivas permanentes.

Os objetivos da outorga são: assegurar o controle quantitativo e qualitativo

dos usos da água e o efetivo exercício dos direitos de acesso à água. Estão sujeitos

à outorga as diferentes derivações, captações, lançamentos, aproveitamentos e

outros usos que alterem o regime das águas superficiais e subterrâneas.

Os objetivos da cobrança são: reconhecer a água como bem econômico e dar

ao usuário uma indicação de seu real valor; incentivar o uso sustentável da água;

obter recursos financeiros para o financiamento dos programas e intervenções

contemplados nos planos de recursos hídricos.

O Sistema de Informações sobre Recursos Hídricos é um sistema de coleta,

tratamento, armazenamento e recuperação de informações sobre recursos hídricos,

bem como sobre fatores intervenientes em sua gestão, com dados gerados pelos

órgãos integrantes do Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos -

SNGRH.

32

Seus objetivos estão assim definidos: Reunir, dar consistência e divulgar os

dados e informações sobre a situação qualitativa e quantitativa dos recursos hídricos

no Brasil; atualizar permanentemente as informações sobre disponibilidade e

demanda de recursos hídricos em todo território nacional, e fornecer subsídios para

a elaboração dos Planos de Recursos Hídricos.

A Lei Federal nº 9.984, de 17 de julho de 2000, cria a Agência Nacional de

Águas (ANA), com atribuições de implementar a Política Nacional, compor o

Conselho Nacional, coordenar o Sistema Nacional, implementar a realização do

Plano Nacional e arrecadar, distribuir e aplicar as receitas originadas da cobrança

pelo uso dos recursos hídricos.

A nível estadual, em 12 de Maio de 1995 foi aprovada a lei Estadual № 6855,

dividindo o Estado da Bahia em 13 bacias hidrográficas e 10 Regiões

Administrativas da Água (RAA) (BAHIA,1996).

Dez anos depois, em Março de 2005 o Governo do Estado lançou o Plano

Estadual de Recursos Hídricos (PERH), instrumento criado para o planejamento da

gestão das águas no Estado da Bahia, focando como objeto principal o

planejamento das demandas socioeconômicas e a realidade dos recursos naturais,

analisando o crescimento demográfico, a evolução das atividades produtivas e as

alterações ocorridas nos ecossistemas do Estado.

No modelo do PERH-BA, adotou-se Regiões de Planejamento e Gestão das

Águas (RPGA´s) como unidades de atuação do órgão gestor de recursos hídricos no

planejamento e exercício de suas atribuições no Estado. Para efeito de avaliação

das disponibilidades e demandas hídricas, o PERH/BA dividiu o Estado em 77

Unidades de Balanço (UB).

Uma UB é uma região hidrográfica com características relativamente

homogêneas onde as disponibilidades e demandas hídricas são conhecidas e

suficientes para efetuar o balanço hídrico (CONEJO e outros, 2006).

33

3.4 CONSERVAÇÃO DE ÁGUA

Sob o ponto de vista histórico, a preocupação com a redução da produção de

bens de consumo e a conservação de água e energia, surge com as teses de limite

do crescimento defendida pelo Clube de Roma no final da década de 60 e a

conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente, ocorrida em 1972, como

principais eventos catalisadores de conscientização ambiental em passado recente,

contribuindo para o surgimento do conceito de desenvolvimento sustentável.

O conceito em questão ganha contornos a partir dos trabalhos desenvolvidos

pela ONU mediante a criação do Programa das Nações Unidas para o Meio

Ambiente (PNUMA), que deu origem à Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento (CMMAD). Liderada pela primeira ministra da Noruega, Gro

Harlem Brundtland, em 1987, resultou no relatório Brundtland, intitulado Nosso

Futuro Comun sugerindo em linhas gerais, que o “desenvolvimento deve ser

promovido de forma a garantir as necessidades das presentes e futuras gerações

(SANTOS, 2001). Tal conceito hoje é amplamente utilizado e absorvido por parte da

sociedade e utilizado em documentos oficiais sobre assuntos referentes à

manutenção da qualidade ambiental.

Diante do contexto de desenvolvimento sustentável, a utilização de recursos

hídricos, passando pela racionalização de seus usos e a conservação dos sistemas

naturais constituem um desafio para a sociedade brasileira e passa por vários

aspectos, relacionados às condições sociais e econômicas.

O governo federal, através da Agência Nacional de Águas (ANA), está

contribuindo para a conservação e utilização mais racional da água, através da

implantação de cobrança pelo uso, prática comum também em outros países,

cobrando não só pelo uso, mas também pelo lançamento de efluentes em corpos

d’água.

Desta forma, mesmo com as dificuldades naturais, inerentes a uma prática

ambiental nova, a conservação, a racionalização e o reuso de água passaram a

despertar interesse entre usuários e, de forma lenta e gradual, começam a gerar os

primeiros casos de sucesso na indústria e sociedade em geral, principalmente a

34

partir da incorporação do conceito de Tecnologias Limpas, por parte do setor

produtivo.

Há alguns anos o assunto se limitava ao universo das consultas e estudos

técnicos e comerciais, e apenas projetos isolados serviam como referência de

aplicação de tecnologias limpas, voltadas para redução do consumo e recuperação

de água. Uma análise retrospectiva das ações registradas e amplamente divulgadas

em bibliografia mostra que houve uma mudança substancial no enfoque.

Inicialmente, a ênfase era o atendimento à legislação, entretanto, com os

custos crescentes, de abastecimento de água, e de disposição adequada de

efluentes, levaram a uma avaliação mais criteriosa sobre recursos hídricos e

produção, permitindo a identificação de oportunidades de otimização de sistemas

hídricos, sobretudo pela introdução das práticas de conservação e reuso. Hoje já se

torna mais comum encontrar exemplos de programas de redução e de reuso. A

SABESP, concessionária estatal de águas do Estado de São Paulo, é pioneira na

técnica do reuso, fornecendo água industrial a partir de efluentes tratados, para usos

em lavagens de ruas, caminhões e desentupimento de bocas de lobo. A companhia

Paulista também desenvolve, desde dezembro de 1995, um programa de economia

de água denominado PURA – Programa de Uso Racional da Água. Trata-se de uma

iniciativa voltada para instituições públicas e privada, funcionando através de um

contrato de bonificação que implica um desconto de 25% na conta, além de

assistência para consertos, detecção de vazamentos e introdução de equipamentos

economizadores.

No caso específico de indústrias com instalações prediais de água fria, com

restaurante, a Associação Brasileira de Normas Técnicas (1982) estabelece um

consumo de água potável que varia de 70 a 80 litros por operário por dia.

Em 1999 o governo federal lançou o Programa Nacional de Combate ao

Desperdício de Água (PNCDA), desenvolvido pela Secretaria Especial de

Desenvolvimento Urbano da Presidência da República, por intermédio de Convênio

firmado com a Fundação para a Pesquisa Ambiental da Universidade de São Paulo.

O Programa tem por objetivo específico definir e implementar um conjunto de ações

35

e instrumentos tecnológicos, normativos, econômicos e institucionais, concorrentes,

para uma efetiva economia de águas demandadas para consumo em áreas urbanas.

A Agência Nacional de águas (ANA 2005), juntamente com a Federação das

Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP) e do Sindicato da Indústria da

Construção Civil do Estado de São Paulo (Sinduscon-SP) lançaram um manual

dedicado à conservação e reuso da água em edificações. Ressalta o referido

manual que para a ampliação da oferta de água, como são necessárias ações para

a eficiente gestão da demanda, reduzindo os índices de perdas e desperdícios,

sendo de fundamental relevância que tais práticas sejam adotadas de forma

criteriosa, resguardando-se a saúde pública e observando-se os cuidados

necessários para a preservação do patrimônio, equipamentos e segurança dos

produtos e serviços oferecidos aos usuários. A publicação também enfatiza a

necessidade de esforços conjuntos das entidades públicas e privadas, para

promover uma ampla divulgação sobre a importância da conservação de água e

consumo conscientes, maximizando a produtividade da água disponível, tanto nos

processos produtivos quanto nos padrões de consumo da população.

A publicação traz orientações para a implantação de programas de

conservação de água em edificações comerciais, residenciais e industriais.

Inserido na linha de combate ao desperdício de água Silva (2003) avaliou, segundo

uma abordagem sistêmica, as atividades contempladas na implementação de

Programas Permanentes de Uso Racional da Água, em campi universitários, e seus

potenciais resultados. Foram avaliadas, atividades de planejamento, pré

implantação, implantação e pós-implantação, assim como atividades de gestão da

demanda de água do Programa. Como resultado desta implementação estruturada,

foram propostas alterações no sistema de suprimento de água fria, em rotinas

administrativas e de manutenção predial, e em parâmetros de projeto de instalações,

desenvolvimento tecnológico dos equipamentos, despertar para a conservação da

água e mudanças comportamentais dos usuários.

Silveira (2008) em estudo de caso apresenta trabalho sobre o

reaproveitamento da água de chuva em uma residência, demonstrando o uso em

uma área significativa de irrigação, ressaltando também que o investimento se torna

36

financeiramente viável em um menor prazo, uma vez que este uso não demanda

nenhum tipo de tratamento à água coletada, evitando maiores despesas.

May (2004) elaborou trabalho que trata da avaliação da qualidade da água da

chuva, juntamente com o estudo da viabilidade econômica da utilização de um

sistema de coleta e aproveitamento. A partir de um sistema experimental, análises

da composição física, química e bacteriológica da água da chuva foram realizadas

para caracterizar a água e verificar a necessidade de tratamento, diminuindo riscos à

saúde de seus usuários.

Silva (1998) efetuou levantamento de informações básicas para a construção

de indicadores aplicáveis na avaliação dos serviços de saneamento quanto à sua

eficiência no aproveitamento da água, concluindo pela necessidade de se trabalhar

os conceitos de eficiência no uso da água a partir de referências e procedimentos

comuns, ficando expressa a preocupação de associar cada indicador recomendado

a partes específicas do sistema de abastecimento de água, assim como de definir os

requisitos de controle e confiabilidade necessários à validação de cada um deles.

Andreoli e outros (1999) estudou situações futuras apresentando potenciais

versus demandas de diferentes cenários, como forma de embasar tecnicamente

decisões políticas, sobre usos que estão previstos para áreas de mananciais,

avaliando as conseqüências de diferentes cenários de usos para o desenvolvimento

da Região Metropolitana de Curitiba.

Cárdia (1998) desenvolveu estudo com recomendações de princípios,

diretrizes e estratégias para campanhas de educação pública voltadas à economia

de água, resumindo as principais conclusões extraídas da literatura especializada,

seguida de revisão bibliográfica desta literatura, com enfoque em psicologia social,

examinando a evolução prática e conceitual destas campanhas, a partir de estudos

e pesquisas concentrados principalmente na experiência norte-americana das

últimas décadas.

Mierzwa (2002) por meio de um estudo de caso desenvolvido na Empresa

KODAK Brasileira – Industria e Comércio Ltda, efetuou análise dos principais

processos produtivos, para a identificação da demanda de água e,

conseqüentemente, das áreas com maior potencial para a aplicação de alternativas

37

para o uso racional e para o reúso da água. Os resultados obtidos, dentro desses

conceitos, foram satisfatórios em relação à redução do consumo de água e melhoria

da produtividade. Os dados obtidos por meio do desenvolvimento deste trabalho

permitiram ao autor concluir que o uso racional e reúso são ferramentas básicas

para os programas de gerenciamento de águas e efluentes na indústria, mas que as

mesmas devem ser cuidadosamente avaliadas, pois podem apresentar limitações de

ordem técnica ou econômica.

Rocha (1998) estudou para o Plano Nacional de Combate ao Desperdício de

Água (PNDCA), métodos aplicáveis para fins de caracterização e monitoramento do

consumo predial, com descrição de metodologia e dos equipamentos para

caracterização do consumo de água, monitoramento piloto de consumo, criando

subsídio importante para o gerenciamento de capacitação laboratorial e

instrumentação, entre as atribuições da Coordenação Nacional do PNCDA. Obteve

resultados de monitoração piloto, fundamental na detecção de padrões de

distribuição interna do consumo predial, identificando grande variabilidade das

condições de consumo interno segundo diferentes usuários e diferentes tipos de

domicílios, constatação essencial para o apoio à previsão de demanda.

Com relação a equipamentos economizadores de água, Sharma (1980)

demonstrou em estudo que bacias sanitárias com área reduzida de fecho hídrico

dão resultados satisfatórios com caixas de descarga com capacidade de até 6,5

litros. Este trabalho mostra uma maneira considerável de se economizar água

tratada utilizando-se caixas de descarga de baixa capacidade com bacias sanitárias

projetadas racionalmente.

Montenegro (1986) apresenta uma análise das linhas de ação que compõem

os diferentes programas de economia de água, à luz das necessidades brasileiras. A

redução do consumo é enfocada como alternativa à expansão imediata da oferta,

minimizando e adiando os investimentos geometricamente crescentes de captação

de água em mananciais cada vez mais distantes. Analisa também as diferentes

implicações de cada linha de ação, segundo pontos de vista do interesse público,

das companhias de saneamento e dos usuários individuais.

38

Ballanco (1994) apresenta estudo sobre as vantagens dos arejadores na

redução do consumo de água e também na melhoria de desempenho destes na

realização das atividades dos usuários.

Schutte (1996) descreve em artigo um estudo de caso de gestão de

desperdício de água na África do Sul. Além do controle de vazamentos, vários

outros fatores são abordados, tais como uma comunicação eficaz com os

consumidores e com a coletividade, transferência de informações e implicação de

problemas que afetam o abastecimento de água. Isto exige uma cultura de serviço e

organização de distribuição para que a companhia de água ganhe credibilidade da

comunidade e obtenha apoio para combater o vandalismo.

Chan (1997) descreve em artigo a conservação de água, em Hong Kong, ilha

que teve um rápido crescimento nos últimos 45 anos, o que resultou em aumento da

demanda de água. Considerando-se que possui reservas naturais de água limitadas,

Hong Kong tem explorado novas fontes e tem procurado aumentar

os índices de conservação de água simultaneamente. Como formas de contenção

de desperdício, destacam-se: medição individualizada, estrutura tarifária, controle de

vazamento, conservação de água mandatória, atividades de relações públicas e,

como nova fonte de água, tem sido utilizada a água do mar para uso em bacias

sanitárias.

Oliveira (2002) apresenta estudo sobre índice de perdas por vazamentos

provenientes de componentes de utilização e sistemas de reservação de água de

cinco edifícios residenciais multifamiliares de Goiânia, através de auditorias do

consumo de água, concluindo que as bacias sanitárias com caixas de descarga

podem ser responsáveis por cerca de 30% do desperdício de água em edifícios.

Em publicação versando sobre racionalização do uso da água em hospitais,

dentro do II PROÁGUA/UNICAMP, Salermo e outros (2003) apresenta metodologia

empregada no desenvolvimento do Programa de Conservação de Água do Hospital

das Clínicas da Universidade Estadual de Campinas, bem como resultados relativos

ao perfil de abastecimento de água e ao levantamento cadastral e de patologias

realizados. A metodologia empregada focou no levantamento documental,

levantamento do histórico do número de agentes consumidores, auditoria do

39

consumo de água, levantamento cadastral e de patologias dos pontos de consumo

de água e proposição de intervenções a serem realizadas (conserto dos

vazamentos, estudo de tecnologias economizadoras, sensibilização dos usuários

para a conservação de água, entre outras).

Hamzo (2005) desenvolveu trabalho de pesquisa em laboratório e campo

abordando o problema da redução do consumo de água potável em edificações. As

medições em campo foram feitas em quatro bacias sanitárias instaladas em dois

banheiros no Campus da Universidade de São Paulo (USP) em São Paulo, durante

um período de onze meses. A pesquisa concentrou-se na aplicação de tecnologia,

utilizando dispositivo seletivo de descarga, que permite a seleção do volume de

água a ser despejado em função do tipo de detrito a ser carreado, diferente dos

dispositivos atuais que descarregam o volume total da água contida na caixa

acoplada da bacia. Através de um modelo importado, desenvolveu-se um protótipo

que viabiliza a avaliação da redução de consumo, obtendo-se uma redução média

de 44,2% do consumo de água. A pesquisa conclui pela eficácia da utilização dos

dispositivos seletivos, tanto em instalações de novas bacias sanitárias como em

adaptações nas bacias antigas.

Ferreira e outros (2007) avaliaram o sistema de abastecimento interno de água

do CEFET-PE, contando à época com 4.794 alunos e 820 funcionários (503

docentes, 252 técnicos administrativos e 65 prestadores de serviços de limpeza e

manutenção) apresentando propostas de adequação para o uso eficiente da água,

através de vistorias no sistema, análise documental e entrevistas com os

responsáveis pela manutenção da estrutura de distribuição de água, apresentou

também análise de economia de água conseguida com reformas em sanitários e

outras instalações. O projeto foi dividido em 4 etapas: diagnóstico do sistema interno

de abastecimento de água, propostas de adequação para o uso eficiente da água,

aplicação dos questionários para aferir o grau de informação quanto ao tema uso

racional da água e por fim, sensibilização da comunidade.

A nível regional, a Universidade Federal da Bahia (UFBA), mantém através do

Departamento de Engenharia Ambiental um núcleo de pós-graduação e mestrado

voltado para desenvolvimento de tecnologias limpas, contabilizando diversas

experiências bem sucedidas no campo da racionalização do uso da água, a exemplo

40

da Caraíba Metais, empresa siderúrgica do ramo de beneficiamento de Cobre, que

lançou mão de metodologias específicas, reaproveitando água de chuva nas

unidades de laminação e laboratório para reuso em torres de resfriamento e

treinando o pessoal envolvido nas operações industriais visando ganhos de

conscientização sobre formas racionais do uso da água e avaliação da possibilidade

de tratamento de parte do efluente do processo de decapagem na área de

laminação (BRAVO, 2003).

Dantas e outros (2005) realizou pesquisa em 79 edifícios residenciais de

alguns bairros da orla da cidade de Salvador, Bahia, correspondendo a 1.982

apartamentos. Verificou-se em todos os edifícios visitados, a existência de

vazamentos nas instalações hidráulicas, tanto da área comum do edifício como

internamente nos apartamentos, constatando-se a necessidade do envolvimento dos

moradores visando a economia de água, e a eliminação dos desperdícios.

Na UFBA, Escola Politécnica, registrou-se projeto no âmbito do Programa de

Tecnologias Limpas e Minimização de Resíduos (TECLIM), voltado para reuso de

água em vasos sanitários, através da implantação de uma estação biológica

compacta para tratamento de efluentes sanitários (ORNELAS, 2004). Na mesma

linha, o TECLIM mantém em andamento o projeto ÁGUA-PURA, com alcance mais

extensivo, difundindo no meio universitário, conceitos sobre o uso racional da água

em associação à implantação de tecnologias limpas.

A Rede de Tecnologias Limpas (TECLIM) mantém projetos em andamento

versando sobre o objeto deste trabalho, resumidos nos parágrafos posteriores

(REDE DE TECNOLOGIAS LIMPAS, [200-]).

Com o projeto AGUAERO, em andamento no Aeroporto Internacional de

Salvador, espera-se minimizar o consumo de água e da produção de efluentes

associado a redução de custos operacionais, assim como despertar na sociedade

em geral o respeito ao meio ambiente e a importância do uso racional dos recursos

hídricos, através de uma estratégia de envolvimento dos funcionários da

INFRAERO; das empresas concessionárias e terceirizadas; bem como dos

passageiros e seus acompanhantes e visitantes.

41

Martins e Almeida (1999) estudaram a qualidade das águas residuárias de uma

planta de produção de Dióxido de titânio, com o intuito de detectar pontos de

desperdício e formas de reutilização dessa água residuária na própria fábrica,

avaliando e oferecendo alternativas de reuso da água residuária. Concluiram que

toda água residuária da unidade pode ser reutilizada, sem prévio tratamento, em

todas as etapas do processo, podendo ser utilizada ainda em outras unidades da

fábrica, onde a viabilidade técnica quanto à qualidade da água requerida para sua

utilização seja atendida.

Mustafa (1998), em estudo de caso na Petroquímica do Nordeste S.A. (COPENE),

atual BRASKEM, empresa localizada no Pólo Petroquímico de Camaçari propôs um

programa de reutilização de efluentes líquidos para ser aplicado à indústria

petroquímica tendo como meta a eliminação total de efluentes, através da

Identificação, quantificação e qualificação de todos os efluentes líquidos gerados

pelos processos, eliminação de vazamentos e desperdícios, melhorias em

procedimentos operacionais e alterações nos processos, reaproveitamento de água

sem prévio condicionamento para uso menos nobre, aplicação de processos de

tratamento para purificação de efluentes, de forma que a água recuperada possa ser

reaproveitada à sua utilização original ou para outro uso mais nobre .

Com o Projeto ECOSANEAMENTO, o objetivo da Rede de Tecnologias Limpas

da UFBA é a implantação de um sistema de saneamento voltado para a

racionalização da água, tendo como objetivos específicos conhecer o padrão de

consumo de água da população alvo através da medição dos diversos pontos de

consumo, avaliar a contribuição do aproveitamento das águas pluviais de telhado na

redução do consumo de água do sistema público, avaliar o potencial de

aproveitamento das águas cinzas (provenientes do chuveiro e lavatório) na redução

do consumo de água do sistema público, avaliar a filtração como forma de

tratamento das águas cinzas, visando o reuso doméstico, dentre outros, assim

como treinar famílias para a utilização de tecnologias sustentáveis de saneamento

urbano.

O Projeto REFILIM objetiva a otimização do uso e reuso da água em

residências e prédios públicos por intermédio de alternativas para a racionalização

42

do uso da água e o seu reuso em residências e edifícios públicos. O projeto é

composto de dois subprojetos denominados SP 1 e SP 2:

O SP 1, USO RACIONAL D’ÁGUA EM BANHEIROS PÚBLICOS, será

desenvolvido nas dependências da Escola Politécnica da UFBA.

O SP 2, ALTERNATIVAS PARA O USO RACIONAL D’ÁGUA EM

RESIDÊNCIAS POPULARES, será desenvolvido no conjunto habitacional

construído pela Fundação CRE no município de Simões Filho na Região

Metropolitana de Salvador.

43

4 METODOLOGIA ADOTADA

A metodologia aplicada para o desenvolvimento do trabalho foi focada

prioritariamente na proposta de uso racional de água potável, avaliação e

quantificação do consumo de água industrial e substituição de parte da água bruta

utilizada no processo produtivo da RDM, por efluentes tratados, culminando com a

proposta da adoção de Plano de Gestão de Recursos Hídricos.

Para consolidação da proposta do trabalho houve a necessidade de

desenvolvimento de uma série de atividades, estruturadas de maneira lógica e

racional, onde se procurou abordar os fatores determinantes para o desenvolvimento

das diversas ações componentes do objeto do trabalho.

Inicialmente, efetuou-se o mapeamento e avaliação das instalações

consumidoras de água potável e industrial, através de inspeções em campo

abrangendo todo o parque industrial, e registro de equipamentos, tubulações,

tanques, pontos de captação de água, estações de tratamento de água e efluentes.

Posteriormente, realizou-se levantamento de documentação e cadastro de

instalações, detecção de vazamentos em pontos de consumo por inspeção visual e

verificação do consumo de água potável em anos anteriores, através de consumos

registrados pela EMBASA.

Na etapa subseqüente identificou-se os usos e atividades com maior potencial

consumidor. Nesta etapa foram analisadas informações sobre número de

consumidores através de informações do departamento de pessoal da RDM,

equipamentos como pias, chuveiros, vasos sanitários, lavabos e instalações

improvisadas,(torneiras artesanais) e hábitos de consumo, através de entrevistas

com funcionários responsáveis pela limpeza.

Para a quantificação dos volumes consumidos, dimensionou-se os

hidrômetros para as quantificações de vazão, sendo estes instalados em pontos de

maior representatividade (baseado no número de usuários) da rede consumidora de

44

água bruta e potável. Nesta etapa foram adquiridos e instalados hidrômetros com

características distintas, necessários ao registro de vazões diferenciadas.

A medição da vazão de pias e chuveiros foi efetuada utilizando-se um

“Becker” graduado com volume de dois litros e um cronômetro de precisão. A

atividade em questão foi implementada com o objetivo de se diagnosticar o perfil de

vazão das torneiras de pias e chuveiros, com vistas a prováveis substituições,

considerando-se a idade das instalações da RDM, e a verificação das características

gerais de tais equipamentos durante a inspeção inicial de áreas, levada a efeito no

início do trabalho.

Em seguida, implementou-se campanha preliminar de medição de consumo

de água potável. As medições do consumo foram efetuadas em períodos semanais,

para todos os pontos e obtida a média diária de consumo do período. Esta primeira

campanha teve como objetivo verificar a condição original quanto ao consumo, de

forma a se obter um referencial para comparações futuras.

Após a primeira campanha de medição, divulgou-se as atividades de avaliação

de consumo de água potável aos colaboradores da empresa, ao tempo em que se

iníciou um programa voltado á conscientização sobre o consumo. Foram utilizados

canais de comunicação internos como boletins informativos diários e murais.

Uma segunda campanha de medição foi efetuada logo após a primeira,

destinada a verificar a eficácia de campanhas de conscientização, focando o porquê

da economia de água, a redução de gastos com as contas de água, e a

economia de energia sob forma de menor volume bombeado. Nesta etapa também

foram identificadas as áreas com maior consumo.

Após as primeiras quantificações, procedeu-se a substituição de

equipamentos de alto consumo por equipamentos economizadores de água e novas

campanhas de conscientização através de palestras nas reuniões para Dialogos de

Saúde e Segurança (DSS), uso de murais, e o jornal informativo impresso

Manganews, direcionado mensalmente a todo o quadro funcional.

Em seguida, procederam-se Intervenções estruturais, através de

modificações hidráulicas e de abastecimento em pontos de maior representatividade

45

e substituição de água potável em 18 descargas sanitárias por águas pluviais e água

bruta captada na represa de abastecimento industrial. A sistemática de

abastecimento das descargas consistiu em utilização de água bruta em períodos de

estiagem e, conseqüentemente, águas pluviais em períodos de precipitações.

Com relação à água bruta, desenvolveu-se estudo para tratamento e

reaproveitamento de efluentes, em substituição à parte da água industrial

consumida no processo produtivo. Nesta etapa efetuou-se a substituição de parte do

consumo de água industrial por efluentes que foram adequados ao uso através

métodos clássicos de tratamento de água e efluentes, envolvendo técnicas de

coagulação, floculação, filtração e distribuição.

Baseou-se em caracterização físico-química do efluente, através da coleta de

amostras e análises laboratoriais de elementos químicos identificados na matéria

prima utilizada pela RDM, juntamente com outras determinações necessárias ao

estabelecimento de um programa de tratamento nos moldes pretendidos. Para

verificação da eficiência da dosagem de produtos químicos a ser recomendada para

o tratamento em escala também foram efetuadas análises químicas específicas,

indicadoras da evolução dos testes, necessário para o tratamento em escala real.

Para fins de verificação da eficácia das medidas implementadas estabeleceu-

se de um indicador de consumo para água potável, concebido com base no número

de consumidores, expresso em litros por pessoa por dia.

Por fim, elaborou-se uma proposta para implantação de um Programa de

Gestão de Recursos Hídricos (Anexo 1), destinado a nortear as ações da RDM

quanto a economia de água e energia em seu parque industrial.

Abaixo, registrou-se o fluxo metodológico através de diagrama de blocos

(Figura 4).

46

1 - Ma pe am ento eavaliaçã o dasi nstala ções

cons um idoras deá gua potável.

2 - Levanta me ntod e docum enta ção ,

cad astro ed etecção d evaza me nto s

3 - Id entifica çãode usos e

ativida de s co mm aior potenci al

consum idor.

5 - M ed ição devazão em p ias e

chuveiros.

6 - Cam panhapre lim in ar dem edição de

consum o de águapotá ve l.

7 - D ivu lgaçã o deatividades e iní ciode c am pa nha deconscie ntização .

8 - Se gundacam p anha de

m ediçã o.

9 - S ubstitu ição deequ ipam entos

a ntigos porequ ipam entos

econ omi zadoresde água potá ve l.

10 - In tervençõesestru tur ais,

m odificaçõeshi drá ul icas, e

substitu ição deág ua potável e m

desca rgas.

11 - T ratam ento ere utilização de

efluentes .

1 2 - Es tabe le cim entode um indica dor dec ons um o de água

potá vel.

13 - Propos ição deum pro gr am a de

ge stã o derecursos hídric os .

4 - Especi fica ção einstalaçã o de

equ ipam entos equantif icação de

vo lum es.

Figura 5 – Fluxo metodológico

47

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 LEVANTAMENTO E CARACTERÍSTICAS DAS INSTALAÇÕES

CONSUMIDORAS DE ÁGUA POTÁVEL.

Iniciou-se o trabalho efetuando-se o cadastramento das principais instalações

passíveis de investigação quanto ao consumo, descritas na relação abaixo:

• Prédio ADM – É o principal prédio de escritórios da RDM, alojando o

quadro da gerência geral, contabilidade e financeiro, meio ambiente,

comunicação, dentre outros. Apresenta um quadro fixo de

aproximadamente 85 pessoas, na sua grande maioria com grau de

escolaridade superior. Por se tratar de instalação administrativa, há

uma grande circulação de pessoas não alocadas na mesma.

• Banheiros do laboratório – As instalações são específicas para o

laboratório, contando com instalações femininas e masculinas, dotadas

de chuveiros, lavatórios e bacias sanitárias.

• Laboratório- Pias/destilador - Ponto de alimentação de uma das pias

do laboratório e do destilador.

• Laboratório- Pias/resfriamento equipamento – Pias utilizadas para

lavagem de vidraria e outros usos.

• Prédios da balança, manutenção, almoxarifado, portaria principal

e lanchonete – Constituem-se em instalações dotadas de lavatórios e

bacias sanitárias.

• Vestiário central – É a principal instalação sanitária da RDM, utilizada

pelos 3 turnos da empresa, sendo utilizada também por parte do

quadro administrativo que trabalha na produção e em empresas

terceirizadas.

• Recepção – Instalação dotada de banheiros femininos e masculinos,

contando com bacias sanitárias e lavatórios. O consumo de água é

fortemente influenciado pela flutuação da população usuária.

• Refeitório – Instalações constituídas por cozinha, salão para refeições,

área de lavagem de bandejas e utensílios, escritório, vestiários e

sanitários. Serve uma média de 580 refeições por dia para empregados

48

da RDM e terceiros. Nesta área foram instalados dois hidrômetros,

sendo um deles específico para a área de lavagens de bandejas e

utensílios.

• Posto médico – Instalações médicas e ambulatoriais destinadas a

atendimento do contingente total da RDM (empregados e terceiros).

Conta com sanitários dotados de lavatórios, bacias sanitárias e

chuveiros.

• Pia entrada no refeitório – Instalações dotadas de estruturas de pias

localizada na entrada do refeitório.

• Consultório dentista – Localiza-se no posto médico, conta com pia e

instalações consumidoras de água utilizadas durante o atendimento

odontológico.

• Vestiário de empreiteiras – Instalações sanitárias destinadas a

empresas terceirizadas, dotadas de instalações sanitárias, lavatórios,

bacias sanitárias e chuveiros.

• Vestiário central da Planta-I, bebedouros e sanitários do

conversor – A planta-I é a unidade produtiva mais antiga da RDM. As

instalações sanitárias contam com chuveiros, lavatórios, bacias

sanitárias e bebedouros, utilizados pelo contingente do regime

produtivo de turno, regime administrativo e por uma população

flutuante representada por empregados de empresas terceiras.

• Instalações do pátio de matérias primas – Instalações constituídas

por vestiários, oficinas dotadas de lavatórios e pia de higienização de

EPI.

• Oficina da Urbtrans – Instalações da oficina de máquinas e

equipamentos, dotada de vestiário com lavatórios, bacias sanitárias e

chuveiros.

• Prédio ADM antigo, sala de descanso planta-II, sala de controle

pátio de matérias primas – Instalações localizadas entre as plantas-

I/II. As instalações sanitárias são dotadas apenas de lavatórios e

bacias sanitárias.

49

• Instalações sanitárias da oficina do forno 9 – Instalações compostas

por lavatórios e bacias sanitárias. Utilizada por população flutuante

significativa, considerando-se a localização central.

• Banheiro utilidades – Instalações sanitárias dotadas de lavatórios,

bacias sanitárias e chuveiros utilizadas basicamente pelo contingente

da área de utilidades e empresas terceirizadas que eventualmente

executam atividades no local.

• Pia da área de utilidades – Lavatório localizado dentro da área de

utilidades, utilizada para fins diversos, pelo quadro da área de

utilidades e terceiros.

• Empreiteira MCE – Instalações provisórias, destinadas a construção

da unidade de sinterização, dotada estrutura administrativa própria,

contando com lavatórios, chuveiros e bacias sanitárias.

• Empreiteira Metastec – Instalações destinadas especificamente a

produção de sinter de alta resistência mecânica, contando com

estrutura administativa própria, e contingente de produção, dotada de

lavatórios, chuveiros e bacias sanitárias. O processo produtivo do

sinter e descrição do insumo serão detalhados no item 5.10.1.3.

Na Tabela 3, a seguir é apresentada a identificação dos principais pontos

consumidores de potável, as características de tubulações, pressão de

bombeamento e temperatura, dados fornecidos pelo departamento de utilidades da

RDM.

50

Tabela 2: Principais pontos consumidores de água potável na RDM

Local Diametro Tubulação

(Polegadas)

Pressão Água

(kg/cm2)

Temperatura Média (0

C)

Prédio ADM 1,5" 6 25 Laboratório- Banheiros 1/2 6 25 Laboratório- Pias/destilador 1/2 6 25

Laboratório- Pias/resfriamento equipamento

1,5 6 25

Prédios balança manutenção almoxarifado portaria principal lanchonete

1 6 25

Vestiário central 4 8 25 Recepção 3/4 6 25 Refeitório 1,5 5 25 Posto médico 2 3 25

Vestiário refeitório/lavagem bandejas

2 5 25

Pia entrada no refeitório 2 5 25 Consultório dentista 0,5 6 25 Vestiário empreiteiras 1,5 5 25 Planta-I - Sanitário central, bebedouro, conversor

1,5 6 25

Pátio de matérias primas - Banheiro oficina, pia de higienização

1 e 1/4 6 25

Urbtrans 1 e 1/4 6 25 Prédio ADM antigo, sala de descanso planta-II, sala de controle pátio de matérias primas

1,5 6 25

Planta -II - Banheiro sala de controle, Bebedouro, pia higienização

1 6 25

Banheiro e pia oficina forno 9

1 6 25

Banheiro utilidades 1 6 25 Pia utilidades 1/5 6 25

Empreiteira MCE - 6 25

Metastec 1,5 6 25

Fonte: Gerência de Produção/Departamento de utilidades

A medição da vazão em chuveiros e pias mostrada nas Tabelas 3 e 4,

respectivamente, foi efetuada durante o mês de novembro de 2005, utilizando-se

um Becker graduado com volume de dois litros e um cronômetro de precisão. A

51

medição foi unitária, sendo efetuada em apenas uma unidade de cada instalação. A

atividade foi implementada com o objetivo de se diagnosticar o perfil de demanda

das torneiras de pias e chuveiros, com vistas a prováveis substituições,

considerando-se a idade das instalações da RDM, e a verificação das características

gerais de tais equipamentos durante a inspeção inicial de áreas, levada a efeito no

início do trabalho.

TABELA 3: Determinação da vazão de chuveiros da RDM.

LOCAL DEMANDA (L/minuto) Vestiário central 12

Refeitório 10,9 Posto Médico 10,4

Vestiários empreiteiras 9,2

Pátio de matérias primas 1,0 Urbtrans 13,3

Empreiteira MCE 17,2 Manutenção 12,0 Almoxarifado 17,2

Metastec 13,3

Tabelas 4: Determinação da vazão de torneiras da RDM.

LOCAL DESCRIÇÃO EQUIPAMENTO DEMANDA (L/minuto)

Almoxarifado Torneira do sanitário 6 Balança Torneira do sanitário 10

Empreiteira MCE Torneiras dos sanitários 5,2 Escritório PASA Torneira pia sanitário 5

Escritório segurança Torneira pia sanitário 13,3 Forno 9 Torneira da pia 9,6

Laboratório Torneira da pia de lavagem 6,2 Laboratório Torneira pia sanitário 6,7 Mestastec Torneiras dos sanitários 10

Manutenção Torneira do lavabo 10,9 Pátio de matérias primas Torneira Pia sanitário 7,7

Planta-I Torneira Pia dos Sanitários 9,2 Planta-III Torneira da pia do sanitário da unidade 13,3

Portaria Principal Torneira do sanitário 6,5 Posto Médico Torneira da pia Central 5,7 Posto Médico Torneira pia sanitário 13,3 Prédio ADM Torneiras pias sanitários 9,6

Prédio ADM antigo Torneiras dos sanitários 9,6 Recepção Torneiras dos sanitários 6,9 Refeitório Torneira pia das cozinhas 7,7 Refeitório Lavabo próximo ao banco 4,6 Refeitório Lavabo próximo escadas 4

52

LOCAL DESCRIÇÃO EQUIPAMENTO DEMANDA (L/minuto) Refeitório Torneira pia sanitários 7,1

Sala de controle da P-III Torneira do sanitário 6,7 Sanitário de empreiteiras Torneiras das pias externas 5,5

Serviços Gerais Torneiras pias Sanitário 6,3 Urbtrans Torneira da Pia dos sanitários 7,3 Utilidades Torneira da pia 10

As determinações, juntamente com inspeções visuais, mostraram que os

equipamentos instalados na RDM não se enquadravam na categoria de produtos

oferecidos atualmente pelo mercado, que apresentam como característica principal

baixa demanda em termos de vazão (em torno de 5 à 6 litros por minuto). Percebeu-

se nas inspeções, que os equipamentos instalados eram dos mais variados tipos,

incluindo-se em determinados pontos, improvisações com tubos dotados de válvulas

substituindo o mecanismo abre/fecha de torneiras e chuveiros.

5.2 LEVANTAMENTO DO CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL EM ANOS

ANTERIORES

Para a obtenção de parâmetros comparativos, efetuou-se levantamento de

consumo em anos anteriores através de consulta a contas pagas à EMBASA,

especificamente nos anos de 2004 e 2005 , conforme registrado na Tabela 4 e

Gráfico 1, dispostos a seguir. Em termos monetários a RDM gastava em média em

torno de R$ 27.000,00 mensais com o fornecimento de água potável (R$ 7,90/m³).

53

TABELA 5: Consumo de água potável em 2004 e 2005.

Gráfico 1 : Consumo mensal de água potável nos anos de 2004 e 2005.

54

Pela observação dos gráficos 1 e da Tabela 4, percebeu-se que praticamente

não ocorreu redução de consumo entre os anos de 2004 e 2005. O valor discrepante

registrado em Janeiro de 2004, provavelmente deve ter sido influenciado por

vazamentos, fato comum e constatado em diversas ocasiões, considerando-se não

há comprometimento da RDM com atividades de manutenção em equipamentos de

apoio, resultando em intervenções lentas, programadas com baixo nível de

prioridade, tanto para correção de vazamentos de água potável quanto industrial.

5.3 USOS DA ÁGUA NA RDM

A água consumida na RDM tem origem em duas fontes. A primeira é

proveniente de um reservatório de acumulação, formado por águas pluviais e pelo

barramento do riacho Paramirim que tem parte do seu curso localizado dentro da

área da empresa. A segunda fonte é a Empresa Baiana de Águas e Saneamento

(EMBASA).

Parte da água proveniente do reservatório de acumulação é utilizada na forma

bruta, e parte é tratada e produzida água clarificada. A primeira atende a atividades

como lavagens de máquinas, jardinagem e umidificação de escórias, ao passo que a

segunda atende aos outros fins industriais, como refrigeração dos fornos – o

principal deles - e lavagem de piso do refeitório e portarias.

A água potável proveniente da EMBASA, atende aos fins mais nobres, como

asseio corporal nos sanitários, pias e lavabos espalhados pelo parque industrial,

preparo de refeições no refeitório, atividades laboratoriais e copas de prédios da

área administrativa.

Percebeu-se no levantamento inicial que o consumo de água potável, com

valores em torno de 150 litros/pessoa/dia encontrava-se muito acima dos padrões

recomendados pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) através da

norma NBR 5626, que estabelece para indústrias com restaurante de 70 a 80 litros

por operário por dia, ou mesmo quando comparado com os padrões estabelecidos

pela Organização Mundial de Saúde (OMS), de 110 litros por habitante por dia.

55

Ressalte-se que os usos na RDM são preponderantemente restritos a higiene

pessoal/sanitário, e para o preparo de refeições, ou seja do ponto de vista

comparativo a norma da ABNT deve ser a referência comparativa.

5.4 ESCOLHA DO SISTEMA DE MEDIÇÃO DO CONSUMO E DIMENSIONAMENTO DE EQUIPAMENTOS MEDIDORES DE VAZÃO E INSTALAÇÃO EM PONTOS DE MAIOR REPRESENTATIVIDADE NA REDE CONSUMIDORA DE ÁGUA BRUTA E POTÁVEL.

De forma geral, os sistemas de medição podem ser classificados em macro

medição e micro medição. Em função de ser uma instalação industrial, a forma de

quantificação do consumo na RDM foi a micro medição que consiste na medição do

consumo realizada no ponto de abastecimento de um determinado usuário,

independentemente de sua categoria ou faixa de consumo. Para a

Basicamente, a micro medição compreende a medição permanente do

volume de água consumido e que é registrado periodicamente por meio da indicação

propiciada pelos hidrômetros.

A escolha da medição do consumo efetuada através de hidrômetros na RDM

tem especial importância considerando-se as vantagens obtidas em programas de

conservação. Entre as diversas características e conseqüências positivas que

poderiam ser obtidas, podemos destacar as seguintes:

• Induz redução do consumo e do eventual desperdício;

• Permite a determinação das perdas de água no sistema de distribuição;

• Materializa elementos para avaliação da evolução de comportamentos e

tendências dos usuários ao longo do tempo, permitindo estabelecer projeções

e formular cenários visando à otimização da utilização.

Na etapa de dimensionamento dos hidrômetros, tubulações e bombas, foram

consultados fabricantes, fornecedores e técnicos da área de engenharia de

manutenção da RDM, com o objetivo de se identificar os equipamentos adequados a

cada um dos pontos de medição e se efetuar os cálculos hidráulicos necessários a

obtenção de um padrão de eficiência aceitável. Os locais escolhidos para instalação

56

foram identificados no item 5.1, em função da maior representatividade quanto ao

consumo, baseado no número de consumidores.

5.5 IMPLEMENTAÇÃO DE CAMPANHA PRELIMINAR DE MEDIÇÃO DE CONSUMO DE ÁGUA BRUTA E POTÁVEL.

Após a instalação dos hidrômetros, iniciou-se a fase de medições do consumo de

água potável, através de uma primeira campanha de 30 dias (Medição 1), efetuada

no mês de Setembro de 2005. Esta campanha tinha a finalidade de se conhecer a

dinâmica do consumo por áreas. O consumo médio diário total nesta primeira

campanha foi de 111,3 m³/dia. A atividade foi caracterizada pela ausência de

qualquer tipo de divulgação.

A água potável é fornecida pela Empresa Baiana de Saneamento (EMBASA), e

distribuída para as áreas consumidoras da RDM. No Gráfico 3, a seguir, agrupou-se

os consumos de algumas área com mais de um hidrômetro, a exemplo do

laboratório e refeitório, e expressou-se tais consumos em percentuais, de forma a se

obter uma visão relativa do consumo.

57

Gráfico 2: Primeira medição do consumo de água potável (%).

O diagnóstico inicial demonstrou que o ponto de maior consumo localizava-se na

planta – I e conversor, com 34% de todo o consumo de água potável, conforme

observado no Gráfico 2 acima .

58

5.6 AVALIAÇÃO DO CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL APÓS CAMPANHA PRELIMINAR DE CONSCIENTIZAÇÃO SOBRE OS USOS DA ÁGUA, CORREÇÃO DE VAZAMENTOS E SUBSTITUIÇÃO DE EQUIPAMENTOS DE ALTO CONSUMO POR EQUIPAMENTOS ECONOMIZADORES DE ÁGUA.

Após a primeira campanha de avaliação do consumo, efetuou-se uma

segunda (Medição 2), mais longa, efetuada de Outubro a dezembro de 2005.

Paralelamente à divulgação do início das medições, foi realizado treinamento

inicial de alguns colaboradores no mês de setembro, com explanações rotineiras nas

reuniões de Diálogos de Saúde e Segurança (DSS) sobre a necessidade de se

reduzir o consumo de água.

Constatou-se que ocorreram reduções significativas em algumas áreas,

principalmente aquelas onde foram substituídos equipamentos, a exemplo do

laboratório, que teve uma redução da ordem de 76% no consumo, conforme pode

ser observado pela comparação dos consumos registrados nos gráficos 4 e 5.

No entanto, de forma geral o resultado pode ser considerado como aquém do

esperado, com uma redução da ordem de 5,5%. Percebeu-se também que existem

áreas com excesso de consumo, e passíveis de intervenções mais criteriosas e que,

conseqüentemente, demandam mais tempo para reversão do quadro de consumo.

O consumo médio diário na segunda medição somando-se o consumo de todas as

áreas situou-se em 105,2 m³/dia.

No Gráfico 3 mostrado na página a seguir, apresenta-se os consumos de

água potável registrados na segunda medição em termos percentuais.

59

Gráfico 3: Segunda medição do consumo de água potável (%).

Na Tabela 5 e no Gráfico 4 visualiza-se os volumes diários consumidos em

metros cúbicos, média de 30 dias.

Tabela 6: Registro dos consumos na primeira e segunda medição, médias de 30 dias.

LOCAL MEDIÇÃO 1 (m³/dia)

MEDIÇÃO 2 (m³/dia)

Planta - I 37,8 39,7 Balança 25,9 11,0

Refeitório 9,4 8,2 Vestiário central 9,0 6,4

Metastec (*) 7,6

Lavagem bandejas 5,5 2,5 Vestiário das empreiteiras 4,7 3,5

Pátio matérias primas 3,3 7,2

Urbtrans 3,3 4,5 Prédio adm 2,9 2,5

Sanitário do laboratório 2,5 0,3

Empreiteira MCE * 1,7 Prédio adm antigo 1,2 2,5

60

LOCAL MEDIÇÃO 1 (m³/dia)

MEDIÇÃO 2 (m³/dia)

Posto médico 1,2 4,9 Destilador 1,1 0,4

Planta-II 0,9 0,5 Lavabo refeitório 0,6 0,6

Recepção 0,6 0,5

Pia forno-9 0,3 0,5 Pia utilidades 0,3 0,2

Consultório dentário 0,1 0,1 Pia laboratório 0,1 0,1

(*) Hidrômetro inexistente na época da medição.

Fatores passíveis de Interferências sobre os padrões de consumo, tais como

sazonalidade ou alteração do quadro funcional não foram identificados e portanto,

considerou-se neste trabalho, que não tiveram influência sobre os resultados

obtidos.

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

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tiár

ios

Pla

nta

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Bal

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Ref

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Pia

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Pia

utilid

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Consu

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rio

Pia

labora

tório

(m³⁄d

ia)

MEDIÇÃO 1 (m³/dia) MEDIÇÃO 2 (m³/dia)

Gráfico 4: Comparativo entre os consumos das medições 1 e 2.

61

Após esta primeira etapa, continuou-se a monitorar o consumo semanalmente

de janeiro a dezembro de 2006, em todas as áreas referenciadas, identificando o

perfil de cada uma delas e priorizando as intervenções.

Antes do trabalho em questão, a única quantificação do volume total de água

consumida pela empresa restringia-se ao hidrômetro da concessionária de água, o

que impossibilitava a identificação de quais áreas eram as maiores consumidoras e,

conseqüentemente, passíveis de intervenções. Outra vantagem advinda da medição

do consumo setorizado, refere-se à possibilidade de identificação de vazamentos de

forma mais rápida, em função da alteração do perfil de consumo do local onde o

hidrômetro encontra-se instalado, reduzindo-se o desperdício.

5.7 ANÁLISE DO CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL

Após o diagnóstico do consumo, a introdução da análise sobre os volumes

consumidos por área, fez-se necessária, tendo em vista que a demanda por água

potável, fornecida pela concessionária, é extremamente suscetível a variações que

não são observadas para o consumo de água bruta (em função da divulgação da

implementação do balanço hídrico, com a mudança de hábitos, substituições de

equipamentos, redução de pessoal, instalações com flutuação de populações, etc..).

Conforme exposto no item anterior, para verificação dos consumos foram

realizadas duas campanhas de medição, que serão analisadas a seguir. Como dito

anteriormente as medições por área ou setores teve como principal objetivo a

identificação de pontos prioritários para intervenção.

Não foi possível estabelecer um índice de consumo setorizado por pessoa,

considerando-se que as áreas monitoradas não possuem efetivos fixos. O índice de

consumo por pessoa considerando-se o efetivo total da RDM foi elaborado com

base no consumo total, medido no hidrômetro da EMBASA durante o ano de 2006 e

parte de 2007, e será apreciado em item posterior. Com relação ao refeitório

estabelecemos um indicador baseado no número de litros consumidos por refeições

preparadas diariamente.

62

Baseado no exposto, para que haja uma visualização estratificada dos

consumos, dividiu-se as áreas consumidoras de água potável em duas categorias,

uma com consumos acima de 1 m³/dia, e a outra, com consumos abaixo , conforme

visualizado nas Tabelas 6 e 7 e os Gráficos 5 e 6.

Tabela 7: Consumidores acima de 1 m3/dia.

ÁREAS

CONSUMO DIÁRIO (m³⁄dia)

Medição 1 (m³⁄dia)

Medição 2 (m³⁄dia)

Vestiários da Planta-I 37,8 39,7

Balança/ Almoxarifado/ manutenção 25,9 11,0

Refeitório 9,4 8,2

Vestiários 9,0 6,4 Metastec * 7,6

Lavagem de bandeja 5,5 2,5

Vestiário de empreiteiras 4,7 3,5

Pátio de matérias primas 3,3 7,2

Urbtrans 3,3 4,5 Prédio ADM 2,9 2,5

Empreiteira MCE * 1,7 Posto médico 1,2 4,9 Prédio antigo 1,2 2,5

* - Hidrômetro inexistente na época da medição

63

05

1015202530354045

Ves

tiár

ios

da

Pla

nta

-I

Bal

ança

/Alm

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Pré

dio

an

tig

o

(m³⁄d

ia)

Medição 1(m³⁄dia) Medição 2 (m³⁄dia)

Gráfico 5: Consumidores acima de 1 m3/dia

Tabela 8 : Consumidores abaixo de 1 m3/dia

LOCAL CONSUMO DIÁRIO (m3)

Medição 1 (m³⁄dia)

Medição 2 (m³⁄dia)

Planta – II 0,9 0,5

Lavabo do refeitório 0,6 0,6

Portaria da recepção 0,6 0,5

Pia forno 9 0,3 0,5

Pia utilidades 0,3 0,2

Dentista 0,1 0,1

Pia laboratório 0,1 0,1

64

Gráfico 6: Consumidores abaixo de 1 m3/dia

Constatou-se que ocorreu aumento de consumo no posto médico, vestiário de

empreiteiras, Planta-I, Urbtrans, pátio de matérias primas e prédio ADM antigo, sem

causas identificadas nas inspeções efetuadas.

Para o grupo de consumidores abaixo de um metro cúbico por dia (ver

Gráfico 6), percebeu-se que o consumo em geral foi reduzido.

Para fins de confrontação com as medições da EMBASA, e certificação de

que o universo de quantificação setorizado era representativo, efetuou-se medição

do consumo durante 62 dias no hidrômetro pertencente à referida empresa,

obtendo-se a média diária de consumo de 112 m³. Comparou-se com a média diária

do somatório dos 22 hidrômetros instalados nas áreas consumidoras, obtendo-se

um consumo médio diário de 108 m³, o que representa a quantificação em termos

relativos, de, aproximadamente, 95% do volume de entrada de água potável no

parque industrial. A diferença pode ser atribuída a pequenos vazamentos da rede,

pontos de menor representatividade não monitorados e imprecisões inerentes às

medições.

00,10,20,30,40,50,60,70,80,9

1

Pla

nta

– II

Lav

abo

do

refe

itó

rio

Po

rtar

ia d

are

cep

ção

Pia

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9

Pia

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Pia

lab

ora

tóri

o

m³⁄d

iaMedição 1(m³⁄dia) Medição 2(m³⁄dia)

65

5.8 PRIORIZAÇÃO DE ÁREAS PARA INTERVENÇÃO

A partir do levantamento inicial do consumo por áreas, foram selecionados os

pontos com maior significância em termos de consumo, com o objetivo de

intervenções voltadas para minimização de gastos e eliminação de perdas. Na

Tabela 8 registrou-se a relação das áreas escolhidas com base no diagnóstico

inicial.

Tabela 9: Áreas priorizadas para intervenção.

LOCAL CONSUMO MÉDIO DIÁRIO (m3) CONSUMO

MENSAL (m3) Medição 1 (m3) Medição 2 (m3)

Vestiário da planta-I / conversores 37,8 39,65 1189,5

Balança/Almoxarifado manutenção 25,9 10,96 328,8 Refeitório e lavagem de bandejas 14,85 10,69 245,7

Vestiário Central 9,04 6,41 192,5 Metastec - 7,56 226,8

Empreiteiras 4,7 3,49 104,7 Pátio de matérias primas 3,29 7,18 215,4

Urbtrans 3,29 4,52 135,6 Prédio ADM 2,85 2,5 75

Posto médico 1,24 4,88 146,4

Prédio ADM antigo 1,17 2,47 74,1

Pela observação da Tabela 8, percebeu-se que o consumo conjunto de tais

áreas representa aproximadamente 91% da média obtida para o ano de 2005 e que

individualmente, os vestiários e as instalações sanitárias da planta-I e conversores

com um contingente fixo de aproximadamente 85 pessoas consomem

aproximadamente 35% (1190 m³/mês) de toda a água potável fornecida pela

EMBASA à RDM, representando um consumo individual de aproximadamente 467

litros por pessoa por dia, sendo conseqüentemente, a área priorizada neste estudo.

5.9 PLANO DE INTERVENÇÃO

O plano em questão foi concebido com base em um programa clássico de

intervenção em sistemas de abastecimento de água, baseado em correção de

66

vazamentos, campanhas de conscientização e substituição de componentes

convencionais por economizadores de água. Em alguns pontos como descargas

sanitárias, foi substituída a água potável por águas pluviais e água bruta captada na

represa da RDM. Uma outra medida também utilizada foi a redução de vazão de

abastecimento através da instalação de válvulas de regulagem de vazão em alguns

pontos, reduzindo a pressão da água em torneiras e chuveiros.

5.9.1 Correção de vazamentos

A partir do diagnóstico realizado, foi elaborado um plano de intervenção

priorizando inicialmente o levantamento de vazamentos e a conseqüente correção

dos mesmos. Percebeu-se que com a instalação setorizada de hidrômetros os

vazamentos foram identificados com maior facilidade, em função na maioria das

vezes, da observação de desvios no consumo que em algumas situações chegavam

a dobrar o padrão da área observada.

Esta é considerada uma das ações mais eficientes na redução do consumo

de água em um sistema. É de fundamental importância a correção de vazamentos

antes da substituição de componentes convencionais por economizadores de água,

como forma de evitar resultados enganosos. Como a grande maioria das

canalizações da RDM é antiga e distribuída por via subterrânea (enterrada), a

atividade ficou prejudicada em determinados pontos de consumo, por falta de

condições de avaliação da estrutura de abastecimento. Em etapas posteriores

sugere-se que tais tubulações sejam substituídas por estruturadas passíveis de

intervenções e inspeções.

6.9.2 Campanha de conscientização

Campanhas de conscientização devem ter comunicação mais abrangente

possível, tanto do ponto de vista de informação como do tipo de usuário. Neste

trabalho foram abordados:

• O porquê do uso racional da água;

67

• As vantagens da redução de volume de água;

• Redução do volume de esgoto e suas conseqüências ambientais;

• Redução de gastos com as contas de água.

Nesta etapa foram realizadas palestras dirigidas aos funcionários da cozinha,

do laboratório, da limpeza, produção, manutenção e a outros grupos de usuários

consumidores de água no sistema. A estratégia da campanha educativa utilizada se

baseou na disseminação de informações através dos veículos internos de

comunicação (boletins, murais, jornais eletrônicos) para divulgação de ações

voltadas para combate ao desperdício de água, tendo em vista que tais instrumentos

atingem praticamente todo o contingente da empresa, e colaboradores de empresas

terceirizadas.

Um outro instrumento utilizado foram os Diálogos de Saúde e Segurança

(DSS), realizados diariamente antes da jornada de trabalho, com o auxílio de alguns

colaboradores, que utilizam tais reuniões para disseminação de procedimentos mais

adequados e eficientes na realização de atividades, contemplando sempre a

economia de água.

5.9.3 Substituição de componentes convencionais por economizadores de água

O objetivo desta ação foi reduzir o consumo de água independentemente da

ação do usuário ou da sua disposição em mudar de comportamento para reduzir o

consumo de água. Foi implementada inicialmente no prédio administrativo,

laboratório e vestiário central, após a estabilização da rede abastecedora. Foram

substituídas torneiras e instalados constritores de vazão em alguns chuveiros do

vestiário central e substituição de um destilador no laboratório de controle de

qualidade.

A substituição constou basicamente da troca de 18 torneiras convencionais

por torneiras temporizadas e de um destilador do laboratório por um sistema de

osmose reversa com capacidade para 10 L/h, conforme Figuras 6 e 7. O principal

68

aspecto relacionado ao excesso de consumo do destilador refere-se a água utilizada

para resfriamento da resistência.

Figura 6: Torneira temporizada instalada no prédio ADM.

Figura 7: Sistema de osmose reversa do laboratório.

5.10 INTERVENÇÕES, MODIFICAÇÕES HIDRÁULICAS E DE ABASTECIMENTO EM PONTOS DE MAIOR REPRESENTATIVIDADE E SUBSTITUIÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL EM DESCARGAS SANITÁRIAS

A abordagem neste item ficou restrita as intervenções físicas e de

conscientização nas áreas da Planta I, refeitório, metastec e prédio administrativo

que juntas somavam mais de 50% do consumo de água potável da RDM. A

substituição de água potável em descargas sanitárias e torneiras foi realizada nas

instalações do prédio administrativo em fins do ano de 2006, apresentando no

primeiro semestre de 2007 uma redução do consumo da ordem de 30%, em

comparação com o ano de 2006 conforme registrado no Gráfico 7 .

69

Consumo médio diário no prédio administrato

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

1,8

2

1° e 2° semestres de 2006 1° semestre de 2007

(m3/

dia

)

Gráfico 7 : Comparativo entre o consumo médio diário do ano de 2006, com o consumo médio diário do primeiro semestre de 2007 no prédio administrativo.

5.10.1 Detalhamento de intervenções nas áreas prioritárias 5.10.1.1 Vestiários da planta – I

Conforme explicitado no item 5.8, o vestiário da Planta- I foi identificado como

a área de maior significância em termos de consumo, respondendo por cerca de

35% de toda a água potável fornecida pela EMBASA à RDM. Considerando-se a

influência deste ponto sobre a totalidade do consumo, optou-se por detalhar o

sistema, que apesar de ter uma população flutuante e de difícil quantificação, em

função de ser uma área aberta e freqüentada pelo contingente de colaboradores

terceirizados, apresenta um quadro fixo de apenas 85 pessoas, em média,

trabalhando em regime de turno, contando com apenas um sanitário central dotado

de três lavatórios, quatro chuveiros, dois mictórios e quatros bacias sanitárias, o que

por si só não justifica o quadro de desperdícios observado.

Janeiro a maio

administrativo

70

O abastecimento local era efetuado em tubulação de ferro galvanizado,

subterrânea, e chegava ao ponto de consumo através de bombeamento direto do

tanque central de estocagem de água potável, a uma pressão de 6 kgf/cm2.

Considerando-se que o consumo por pessoa era extremamente alto, em torno

de 467 litros diários por pessoa, índice muito acima do que é preconizado na norma

ABNT NBR 5626, que estabelece para indústrias com restaurante de 70 a 80 litros

por operário por dia. Pelas características das instalações descritas (tubulação

antiga, construída em ferro galvanizado e enterrada) acima e comparando-se o

consumo com o estabelecido em norma, concluiu-se que certamente poderiam

existir vazamentos de grandes dimensões na referida área.

A inspeção do sistema hidráulico revelou que a tubulação era quase toda

enterrada e sem proteção. Em função da complexidade para avaliação do estado de

conservação das tubulações, com o agravante do abastecimento sob pressão, e o

alto custo com os desperdícios (o consumo total da Planta – I equivalia a

aproximadamente R$ 9.200,00 por mês), optou-se por refazer todo o sistema,

mudando a concepção original.

As principais modificações introduzidas foram a construção de uma nova rede

hidráulica principal com diâmetro de três polegadas, similar em diâmetro à original,

em PVC rígido e a instalação de um tanque de 5000 litros, próximo ao sanitário

central, abastecido por bombeamento. O abastecimento passou a ser feito através

das novas instalações por gravidade, eliminando-se prováveis

vazamentos decorrentes da tubulação enterrada e a eliminação de desperdícios em

função da pressão de saída em torneiras e chuveiros.

Na etapa de quantificação foi observada uma redução do consumo da ordem

de 39 m³/dia para 11 m³/dia, que apesar de significativa ainda pode ser considerado

um consumo elevado, considerando-se apenas o contingente fixo do local (85

pessoas). Os novos números apontavam para um consumo de 129 litros por pessoa

por dia.

Analisou-se o quadro do consumo comparando-se com a Associação Brasileira

de Normas Técnicas (1982) e Companhia de Saneamento Básico do Estado de São

71

Paulo ([200-]), que indica para prédios públicos e comerciais um consumo em torno

de 50 litros por funcionário por dia.

Concluiu-se, a princípio, que o consumo era excessivo, no entanto as

condições observadas no regime e local de trabalho são completamente diversos do

trabalho em um escritório convencional. Os trabalhadores da planta-I da RDM

executam em sua grande maioria atividades braçais, submetidos a um ambiente

laboral com temperaturas muito acima da temperatura ambiente, o que exige maior

consumo de água de forma geral (banhos, ingestão, atenuação do calor no rosto,

braços e cabeça). Considerou-se também a existência de população flutuante

estimada em aproximadamente 30% do contingente da área, (informação obtida em

entrevistas com coordenadores da área e trabalhadores) mascarando o consumo

real. Inferiu-se neste trabalho, que caso a população flutuante tivesse o mesmo

padrão de consumo o indicador determinaria um consumo de 99 litros por pessoa

por dia. No entanto observou-se que os hábitos de consumo deste contingente

flutuante é muito diferente dos da população local, pelas razões já descritas

anteriormente, restringindo-se na maioria das vezes a dessedentação em

bebedouros, ou utilização esporádica de sanitários.

Tentou-se estabelecer a representatividade da população flutuante neste

caso, inferindo-se que o impacto seria de 23 litros por pessoa por dia no consumo

diário de água potável dos vestiários da Planta-I, distribuídos da seguinte forma:

• Utilização de sanitário = 12 litros por pessoa por dia.

• Lavagem das mãos = 3 litros por pessoa por dia.

• Utilização do mictório = 3 litros por pessoa por dia.

• Dessedentação = 1 litro por pessoa por dia.

• Lavagem de braços e rosto = 4 litros por pessoa por dia.

Para melhor entendimento do impacto das medidas adotadas na referida

área, no Gráfico 8 é mostrado o consumo médio diário observado nas medições 1 e

2, média total do ano de 2006 incluindo-se as modificações introduzidas, e a média

diária após a intervenção. No Gráfico 9, registrou-se a curva do consumo médio

mensal ao longo do ano de 2006, e primeiros cinco meses de 2007, onde observa-

72

se nitidamente uma significativa redução do consumo a partir do mês de setembro

de 2006, quando entrou em operação a nova rede hidráulica e o novo tanque de

abastecimento por gravidade.

Gráfico 9: Média diária do consumo de água potável de janeiro de 2006 à maio de 2007 nos

vestiários da Planta- I. Gráfico 8: Consumo médio diário observado nas medições 1 e 2, média total do ano de 2006 incluindo-se as modificações introduzidas, e a média diária após a intervenção(11m³/dia). 5.10.1.2 Refeitório

O refeitório da RDM é terceirizado com relação a mão de obra, sendo os

insumos água e energia fornecidos pela própria RDM, oferecendo em média 580

refeições ao dia.

Foram realizadas observações da rotina de trabalho, constatando-se

desperdício acentuado, com um consumo médio de 14,9 m³⁄dia na primeira medição

e 10,7 m³⁄dia na segunda, observados no gráfico 10, perfazendo uma média de 25

litros por refeição na primeira medição e 18,5 litros na segunda. De acordo com o

Consumo diário de água potável nos vestiários da Planta-I

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Medição 1 Medição 2 Média 2006 Média apósintervenção

Consu

mo(m

3/dia

)

Setembro/2005 Outubro à

Dezembro/2005

73

Programa de Uso Racional da Água – PURA da Sabesp, restaurantes de prédios

públicos gastam em média 25 litros/refeição/dia (COMPANHIA DE SANEAMENTO

BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO, [200-]).

Foram feitas substituições de apenas duas torneiras, ficando a intervenção

mais focada em treinamentos e palestras sobre preservação da água e

recomendações à direção da empresa sobre a necessidade de se manter os

colaboradores em permanente sintonia com a racionalização do uso da água na

execução das atividades diárias. No início do mês de dezembro de 2006, ocorreu

mudança da empresa fornecedora de alimentação, registrando-se aumento de

consumo na primeira semana, em função de novo quadro funcional. O desvio foi

identificado e sanado através de treinamentos e conscientização dos novos

colaboradores. Um fato que merece ressalvas diz respeito ao consumo nos

primeiros meses de 2007, considerando-se que houve um aumento do contingente

de trabalhadores utilizando o refeitório em função da reforma do forno 07, conforme

pode ser observado no gráfico 11.

O consumo médio diário, registrado em 2006 e primeiros cinco meses de 2007, foi

obtido pela média das leituras efetuadas nos hidrômetros a cada sete dias. Obteve-

se um consumo de 7,0 m³⁄dia para o ano de 2006, o que proporcionou um indicador

de 12 litros por refeição ao dia. Para o período total (2006 e primeiros cinco meses

de 2007) a média foi de 6,6 m³⁄dia, obtendo-se um indicador de 11 litros por refeição

ao dia. Para os primeiros cinco meses de 2007 a média foi 6,0 m³⁄dia, apresentando

um indicador de 10 litros por refeição por dia apresentada no Gráfico 12, juntamente

com a média de 2006.

A redução do consumo foi considerada satisfatória, conforme registrado nos

Gráficos 10, 11 e 12, mostrados a seguir.

74

Consumo diário de água potável no refeitório

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Medição 1 Medição 2 Média 2006

Co

nsu

mo

(m³⁄d

ia)

Gráfico10: Consumo de água no refeitório, comparando-se as médias diárias da primeira e segunda medição com a média diária de consumo em 2006.

75

Gráfico 11: Média do consumo diário de água no refeitório em 2006 e 2007.

76

Indicador de consumo de água por refeição

20072006/200720060

5

10

15

20

25

30

Litr

os/r

efe

içã

o/di

a

Medição 1 Medição 2

Gráfico 12: Média do consumo diário de água no refeitório por refeição preparada na

medição 1, medição 2 , 2006, 2006/2007(janeiro a maio) e primeiros 5 meses de 2007 . 5.10.1.3 Empreiteira Metastec

A empreiteira Metastec detinha contrato com a RDM para produção de 6 000

toneladas por mês de sinter de alta resistência mecânica.

O processo produtivo deste insumo consiste na formação de montes cônicos

de camadas intercaladas de finos de minérios com finos de carvão vegetal ou coque,

diretamente sobre uma base ranhurada no solo, interligada a um insuflador de ar.

Antes da formação dos montes, são dispostos pedaços de madeira em brasa

(tições) diretamente sobre a base onde serão formados os montes. Em seguida, o

insuflador de ar é ligado, dando início à ignição da pilha por 48 horas

aproximadamente. Na etapa posterior, o monte de sinter é resfriado com água e

desmontado com a ajuda de pás carregadeiras, para em seguida ser direcionado

para britagem e posterior alimentação dos fornos, já na granulometria requerida pelo

processo produtivo.

Janeiro a Maio

Janeiro a Maio

Janeiro a Maio

Janeiro a Maio

Janeiro a Maio

77

O processo químico de produção deste insumo consiste na união de duas ou

mais partículas sólidas que se aglutinam pelo efeito do aquecimento a uma

temperatura inferior à de fusão, mas suficientemente alta para possibilitar a difusão

dos átomos das redes cristalinas.

A empresa Metastec possuía instalações administrativas independentes,

dentro do parque industrial. As atividades desenvolvidas eram preponderantemente

braçais, com alta exposição ao calor e material particulado.

Os insumos água e energia eram fornecidos pela própria RDM. A empresa

contava até novembro de 2006 com um contingente de 65 colaboradores, sendo

cinco em regime administrativo e 60 distribuídos em dois turnos de 12 horas,

consumindo em média 7,56 metros cúbicos diários de água potável, registrados na

Medição 2. A partir do mês de novembro, o efetivo foi sendo paulatinamente

reduzido com a entrada em operação da nova planta industrial de sinterização. A

partir de janeiro de 2007 a unidade contava com 20 colaboradores distribuídos em

regime de turno e administrativo, sendo a unidade totalmente desmobilizada em

setembro de 2007. Toda a água potável consumida era utilizada basicamente para

fins sanitários e higiênicos.

Assim como no refeitório, não se identificou problemas de ordem física nas

instalações e a intervenção ficou restrita a treinamentos e palestras sobre

preservação da água, efetuados no mês de janeiro de 2006 e recomendações à

direção da empresa sobre a necessidade de se manter os colaboradores

permanentemente informados sobre a necessidade da racionalização do uso da

água.

Apesar das medidas terem surtido o efeito esperado com uma redução

significativa, como pode ser observado no Gráfico 14, que registrou média total do

período medido (2006 e primeiros cinco meses de 2007), de 1,38 m³/ dia, percebeu-

se que as instalações sanitárias eram fechadas a chave e liberadas apenas no início

e final dos turnos. Tais medidas só foram percebidas ao final de 2006.

Os indicadores mostraram um perfil de consumo completamente atípico para

as atividades desenvolvidas no local, registrando um consumo inicial de 116 litros

por pessoa por dia, e na segunda fase, registrando uma queda acentuada, para 21

78

litros por pessoa por dia, representando uma diferença de 95 litros por pessoa por

dia.

Apesar da redução acentuada do consumo de água potável como pode ser

observado no gráfico 13, nesta área concluiu-se que os resultados obtidos foram

influenciados pelo impedimento de acesso dos colaboradores as instalações

sanitárias durante o decorrer do turno laboral, considerando-se que as instalações

só poderiam ser acessadas pelos trabalhadores no início e final do expediente de

trabalho.

Gráfico 13: Consumo médio diário de água potável na Metastec. 5.11 SUBSTITUIÇÃO DE ÁGUA POTÁVEL EM DESCARGAS SANITÁRIAS POR ÁGUAS PLUVIAIS E ÁGUA BRUTA.

5.11.1 Uso de águas pluviais na área do prédio ADM

Em função de suas características físico-químicas, a água de chuva não deve

ser utilizada diretamente para o consumo humano, necessitando de tratamento

79

adequado a fim de garantir o que estabelece a Portaria Nº 518/04 do Ministério da

Saúde. De acordo com Associação Brasileira de Normas Técnicas (2007), a água

captada em telhados de áreas urbanas, para fins não potáveis, deverá ser utilizada

em descarga de bacias sanitárias, irrigação de gramados, lavagem de veículos

limpeza de calçadas e ruas, limpeza de pátios e usos industriais.

A captação e aproveitamento da águas pluviais é uma alternativa viável que

contribui para a preservação ambiental dos recursos hídricos, reduz os custos com a

água tratada e previne enchentes e alagamentos, principalmente em regiões com

grandes áreas impermeabilizadas, como é o caso da região metropolitana de

Salvador.

A água proveniente das chuvas que caem sobre os telhados do parque

industrial da RDM podem ser captadas e armazenadas para posterior utilização

após a segregação de sólidos como folhas e pequenos galhos, para posterior

utilização em descargas sanitárias e outros usos menos nobres, em substituição a

água potável fornecida pela EMBASA, com ganhos diretos com a economia da água

comprada à concessionária, e ganhos indiretos, intangíveis, reportados diretamente

à imagem da empresa, a preservação do recurso natural água, e os insumos

necessários ao tratamento da mesma.

Desta forma, foi desenvolvido um projeto que objetiva o reaproveitamento de

águas pluviais precipitadas sobre parte das instalações da RDM, para utilização em

descargas sanitárias, jardinagem e lavagem de pisos industriais.

O projeto justificou-se considerando-se que nesta primeira fase, que pode ser

caracterizada como uma fase piloto, precipitava-se sobre o telhado do

prédio ADM, com uma área de 379 m2, em torno de 576 m³ de água por ano. Numa

segunda fase, o projeto poderá ser estendido para outras instalações da empresa. O

volume médio mensal aproveitável das águas pluviais foi calculado utilizando-se a

equação:

V = C X P X A

Onde:

V = volume médio de águas pluviais (m³)

80

C = coeficiente de escoamento superficial da área de coleta (C=0,80)

P = Precipitação pluviométrica total média (m)

A = área de coleta das águas pluviais (m²)

O valor do coeficiente de escoamento, C= 0,80, foi adotado em função do material

da cobertura, construído com telhas de fibrocimento.

Estudos hidrológicos voltados para a elaboração de projetos de

dimensionamento são realizados a partir de registros históricos das medições das

precipitações pluviométricas. De acordo com as séries históricas da Defesa Civil de

Salvador para os últimos 25 anos, mostradas na Tabela 9, na região metropolitana

de Salvador, a precipitação pluviométrica média situa-se em torno dos 1900 mm

anuais.

Tabela 10: Índices pluviométricos dos últimos 25 anos em Salvador (mm)

ANO JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ TOTAL 1984 44,5 26,7 217,3 889,8 356,3 219,3 130,6 134,0 206,6 111,3 37,2 27,0 2403,6

1985 119,3 99,1 71,0 869 381,1 167,4 223,4 157,4 66,2 111,5 252 183,2 2700,6

1986 93,1 30,8 274,4 428,5 249,0 194,4 140,4 153,8 234,0 272,3 163,5 83,5 2317,7

1987 21,0 61,9 130,0 147,2 218,9 227,5 238,7 63,5 102,3 14,8 181,6 44,7 1452,1

1988 169,8 80,6 330,6 272 179,1 236,6 295,8 132,4 50,6 77,3 111,4 145,4 2081,6

1989 190,3 28,6 153,9 412,7 662,7 265,8 183,3 1925 249,3 125,4 149,3 446,7 4793

1990 51,1 34 70,6 52,6 326,1 211,7 277,5 206,7 134,3 396,9 32,1 247,9 2041,5

1991 188,4 86,8 113,8 304,4 294,4 315,5 100,2 126,2 73,9 30,9 96,6 31 1762,1

1992 76,7 217,5 92,7 128,5 107 197 196,1 102,5 93,3 23,8 207,7 132,7 1575,5

1993 12,7 5,5 12,3 107,9 386,8 180,8 117,4 164,6 72,7 110 48,9 13,6 1233,2

1994 30 85,2 240,3 424,9 197,6 477,8 336,5 196,5 101 120,9 49,2 44,9 2304,8

1995 18,9 35 81,8 286,2 473,5 245,3 178 78,3 67,3 16,5 156,4 41,9 1679,1

1996 55,9 101,9 59,9 757,8 187,5 178,5 202,4 124 206,4 111,1 228,6 228,6 2442,6

1997 38,3 225,6 277,6 346,9 165,4 168,7 183,1 52 30 130,1 26,8 24,9 1669,4

1998 63,6 55,6 117,2 206 249,7 358,3 306,5 155,4 63,9 111,8 62,3 34,5 1538,1

1999 99,3 102,9 313,9 376,6 376,9 185 225 323,5 141,2 163,9 275,5 94,2 2677,9

2000 29,5 85,5 191,9 365,4 241,3 310,5 201,1 136,2 161,6 15,9 74,3 88 1901,2

2001 95,2 28,6 264,1 103,5 199,2 195,8 220,3 149,7 190,3 202,3 30,3 112,1 1791,9

2002 252,4 102,8 98,7 69,3 351,6 209,2 254,8 162,8 258,8 18 25,2 22,7 1826,3

2003 26,7 97,3 206,3 186,8 550,5 237,5 186,5 136,7 168,7 69,2 132,8 15,2 2014,2

2004 319,4 165,3 122,3 278,4 158,3 327 218,4 129,5 40 82 167,6 10,8 2019

2005 42,9 256,7 349,4 415 198,2 421,1 204,1 117,1 50,6 32,9 72,8 75,5 2236,3

2006 40,1 7,1 35 587,4 397,1 401,4 91,7 117,7 126,9 258,9 220 30,3 2313,6

2007 20 282,6 86,8 139,8 211,2 134 130,4 109 86,7 78,9 19,1 12,9 1311,4

MÉDIA 85,8 108,2 151,9 285,4 281,8 264,2 201,7 143,8 114,9 109,7 107,2 68,8 1907,7

Fonte: SALVADOR, [200-].

81

O sistema foi construído aproveitando-se as instalações hidráulicas de

escoamento de águas pluviais já existentes no prédio administrativo, e construindo-

se uma nova rede para redirecionamento das águas captadas para os tanques

intermediários de acumulação, com capacidade para 1500 litros.

Dos tanques intermediários de acumulação, a água é bombeada para um

tanque pulmão de 10.000 litros, com auxílio de uma bomba centrífuga de 1 CV de

potência. Os cálculos foram efetuados com auxílio da área de engenharia de

manutenção. Do tanque pulmão, a água escoa por gravidade para abastecimento de

18 descargas sanitárias do prédio administrativo e vestiário central.

Todas as tubulações são independentes e foram identificadas evitando-se o

risco de contaminação da água potável.

A figura 8 detalha esquematicamente o sistema hidráulico descrito

anteriormente. As Figuras 9, 10 e 11 mostram detalhes das etapas construtivas do

sistema.

Figura 8: Detalhamento esquemático do sistema hidráulico para abastecimento das

descargas sanitárias do vestiário central e prédio administrativo com águas pluviais e bruta.

82

Figura 9: Instalação da tubulação para captação de águas pluviais.

Figura 10: Tanques intermediários acumuladores de águas pluviais.

83

Figura 11: Introdução de novas instalações hidráulicas nas bacias sanitárias

5.11.2 Abastecimento de descargas sanitárias por água bruta

A água bruta captada na represa foi utilizada nas descargas sanitárias, em

paralelo ao sistema de águas pluviais, de forma que na ausência de águas pluviais,

as descargas sanitárias são abastecidas por água bruta, que tem origem no tanque

principal que abastece os pontos utilizadores de água bruta, como resfriamento de

escórias, lavagem de pátios e rega de jardins. O tanque em questão tem volume de

150 m³, instalado a uma altura de 25 metros, permitindo o abastecimento por

gravidade em qualquer ponto do parque industrial, inclusive o tanque pulmão do

sistema de descargas sanitárias.

A derivação para o tanque pulmão foi efetuada através da instalação de uma

rede tendo como ponto de captação uma torneira próxima ao referido tanque,

destinada à rega de jardins. A rede de distribuição para as descargas sanitárias é a

mesma que distribui as águas pluviais mencionadas no item anterior.

84

Como resultado, até o final de junho de 2007, contabilizou-se um consumo

total nas descargas de 245 metros cúbicos de água, sendo 70 destes originários de

precipitações pluviométricas (aproximadamente 29%).

5.12 ESTABELECIMENTO DE UM INDICADOR DE CONSUMO PARA ÁGUA POTÁVEL

O plano de intervenção teve início em 2006, sendo implementado ao longo de

todo o ano. O Gráfico 14 retrata o consumo mensal durante os anos de 2004, 2005,

2006 e primeiro semestre de 2007, consumo médio mensal para os referidos anos.

O Gráfico 15 mostra a evolução do indicador de consumo adotado, em termos

de litros por pessoa ao dia.

Ressaltamos mais uma vez que o quadro de vazamentos no parque industrial

da RDM assume uma dimensão rotineira, preocupante quanto a preservação de um

recurso natural cada dia mais valorizado. Considera-se ainda como agravante o fato

de que tais rotinas estão associadas a intervenções extremamente lentas e

demoradas, visualizadas no comportamento do consumo ao longo do período

analisado neste estudo.

85

Gráfico 14: Comparativo do consumo total entre os anos de 2004, 2005 2006 e primeiro semestre de 2007 (m³/mês).

Gráfico 15: Indicador de consumo (litros/pessoa/dia).

Meses do ano

86

Percebeu-se claramente a partir da análise dos dois gráficos que as medidas

adotadas surtiram os efeitos desejados, chegando-se ao índice de consumo de 60

litros por pessoa por dia no mês de Julho/2007. O índice obtido encontra-se abaixo

da faixa de consumo estabelecida na Associação Brasileira de Normas Técnicas

(1982), que trata sobre as instalações prediais de água fria, estabelecendo para

indústrias com restaurante de 70 a 80 litros por operário por dia.

Vale ressaltar que apesar do esforço despendido para eliminação de

vazamentos, em função da idade da rede de abastecimento, em diversas ocasiões

foram registrados por longos períodos vazamentos diversos, na linha de

abastecimento do pátio de matérias primas, oficina de máquinas, e área de

manutenção e balança, como os ocorridos nos meses de agosto de 2006 (161 litros

por pessoa), dezembro de 2006 (140 litros por pessoa) e janeiro de 2007 (110 litros

por pessoa), associados a dinâmicas de intervenções extremamente lentas,

ocasionadas por falta de estrutura de manutenção, e baixo nível de priorização de

ações corretivas em sistemas não ligados diretamente ao processo produtivo.

Recomendou-se a criação de uma estrutura de apoio para manutenção e

intervenção para eliminação de vazamentos e interpretações diárias da medição do

consumo.

5.13 TRATAMENTO E REAPROVEITAMENTO DE EFLUENTES, EM SUBSTITUIÇÃO A PARTE DA ÁGUA INDUSTRIAL CONSUMIDA NO PROCESSO PRODUTIVO. 5.13.1 Tratamento e reuso de efluentes da antiga sinterização

O processo de sinterização de alta resistência mecânica adotado inicialmente

na RDM, utilizava material particulado retido nos filtros de mangas e finos de

minérios de manganês. As etapas produtivas envolviam aglomeração, redução e

fusão de partículas minerais, combustíveis sólidos - carvão ou coque - com

insuflamento de ar, suprido por ventiladores.

O sinter, insumo produtivo que substitui o minério no processo produtivo de

Ferro ligas de Manganês, era obtido a partir da formação de pilhas cônicas com

87

camadas intercaladas de finos de carvão vegetal e de minério, diretamente sobre o

solo, com 3 metros de altura por 12 de diâmetro na base.

Após a ignição da pilha, com auxílio de insuflamento de ar no sentido da base

para o topo, iniciava-se o processo de sinterização através de queima durante 40

horas. Após este período, o fornecimento de ar era suspenso, aguardava-se o

resfriamento, para o desmonte posterior e encaminhamento do material para a

britagem em granulometrias específicas.

O local onde funcionava a referida unidade foi formado por aterros em épocas

anteriores, propiciando em função da porosidade, a geração de efluentes, em função

de infiltração de águas pluviais e águas de resfriamento das pilhas de sinter, no solo,

lixiviando materiais depositados no local.

O efluente é coletado em canaletas e conduzido para um sistema de bacias

de contenção, de onde era recalcado para disposição na represa de abastecimento

formada pelo barramento do Riacho Paramirim, em ponto próximo à estação de

tratamento de água localizada às margens da represa de abastecimento. Esta

instalação é denominada internamente como Estação de Tratamento de Efluentes

(ETA), precisamente ETA- Captação.

Efetuou-se investigações sobre a composição química, e execução de testes

de jarro com o objetivo de se averiguar a possibilidade de tratamento através de

coagulação, sedimentação e filtração. Considerando-se a proximidade do ponto de

aporte do efluente ao lado da estação de tratamento da captação, optou-se pelo

desenvolvimento de um estudo voltado para o seu reaproveitamento através do

tratamento na referida ETA.

Após a verificação preliminar da possibilidade de tratamento e

reaproveitamento do efluente e com o objetivo de obter dados consistentes para

elaboração de relatório sobre avaliação da melhor opção de manejo do efluente,

foram conduzidos estudos de tratabilidade.

88

5.13.2 Campanha de Amostragem e Medição de Vazão

Foram realizadas campanhas com o objetivo de levantar dados e informações

referentes ao trabalho desenvolvido, durante as quais coletou-se o afluente da ETA -

captação e o efluente da sinterização para análise em laboratório das

características, propriedades e ensaios de tratabilidade.

A vazão média do efluente da Sinterização medida em campo foi 17,4 m3/h,

obtida durante o período de maior intensidade de chuvas, direcionando-se o efluente

para um tanque retangular com volume de 4,5 m3, medindo-se paralelamente o

tempo necessário para o enchimento do mesmo com cronômetro de precisão. A

vazão média foi obtida a partir de três determinações.

A vazão para o afluente da ETA - Captação (16,0 m3/h) foi, obtida através de

calha Parshal instalada na estação de tratamento.

Para a análise das características dos efluentes brutos e tratados, como

também dos lodos gerados nos ensaios de coagulação, floculação e sedimentação,

foi elaborado um plano de amostragem e análises, no qual foram definidos 4 pontos

de coleta das amostras de efluentes e lodos apresentados a seguir, e os parâmetros

analisados em cada ponto mostrados na Tabela 11:

• Ponto 1 – Efluente bruto do lixiviado da Sinterização;

• Ponto 2 – Efluente tratado do ensaio de coagulação/floculação do lixiviado da

Sinterização do ensaio;

• Ponto 3 – Lodo gerado no ensaio de coagulação/floculação do lixiviado da

Sinterização;

• Ponto 4 – Lodo gerado na ETA - Captação

89

Tabela 11: Parâmetros e pontos de amostragem das análises.

Parâmetro

Efluente bruto do

lixiviado da sinterização

Efluente tratado do ensaio do

lixiviado da sinterização

Lodo gerado no ensaio do

lixiviado da sinterização

Lodo gerado na

ETA-CAPTAÇÃO

DBO (mg/L) X X DQO (mg/L) X X

Óleos e Graxa X X

Sólidos Suspensos

(mg/L) X X X X

Sólidos totais

dissolvidos (mg/L)

X X X X

Temperatura (oC) X X

Cloretos X X Arsênio X X X X Cádmio X X X X Cromo

trivalente X X X X

Cromo hexavalente X X X X

Cobre X X X X Níquel X X X X Zinco X X X X

magnesio X X Vanádio X X X X

Molibdênio X X X X Calcio X X

Alumínio X X X X Fósforo total X X Nitrogênio

Total X X

Cor X X Turbidez X X

5.13.3 Ensaios de tratabilidade e Teste do jarro

O principal objetivo dos ensaios de tratabilidade realizados foi o de avaliar a

qualidade final do efluente tratado como também investigar as melhores condições

de coagulação/floculação/sedimentação. Utilizou-se cloreto férrico e sulfato de

alumínio como coagulantes e polímero sintético, POLYFLOC, fabricado pela GE-

BETZ, como auxiliar na coagulação/floculação dos diferentes efluentes.

90

Foram realizados vários ensaios utilizando-se floco/decantação, através de

teste de jarros. Tal ensaio é o método mais empregado para a determinação das

condições ótimas de coagulação/floculação do processo, considerando-se que os

resultados obtidos podem ser utilizados em escala real.

Em todos os ensaios foram adicionados 1000 ml de efluente da sinterização

em cada cuba. Para os seis primeiros ensaios foi utilizado sulfato de alumínio como

coagulante e polímero POLYFLOC como auxiliar na floculação. Na Tabela 13 são

apresentados os resultados obtidos utilizando-se o efluente bruto da Sinterização.

Na figura 9 vizualiza-se amostras do efluente bruto.

A primeira bateria de ensaios foi realizada adicionando-se 10, 15 e 20 ml de

sulfato de alumínio e 5 ml de polímero, respectivamente em cada cuba. Como pode-

se observar na Tabela 12 e na Figura 13 os efluentes resultantes do ensaio não

apresentaram boa qualidade. Prosseguindo-se na pesquisa, foram efetuados

diversos ensaios, variando-se sempre a quantidade de reagentes, na busca da

condição ótima de tratabilidade.

a

5.13.4 Ensaio com o efluente da Sinterização

A Figura 13 mostra o efluente bruto da Sinterização após a adição de sulfato de

alumínio: 10 (a), 15 (b) e 20 (c) mg/L e 5 ml de Polímero. Com as dosagens

especificadas não se obteve efluentes de boa qualidade.

A segunda bateria de ensaios foi realizada com 40, 60 e 80 ml de Sulfato de

Alumínio e 7,5 de polímero. Observou-se a formação de flocos muito grandes,

dificultando a etapa seguinte, de sedimentação. O efluente gerado após a

sedimentação não apresentou boa qualidade.

A figura 14 mostra o resultado da terceira bateria de ensaios onde foram

adicionados 10 ml, de cloreto férrico (a) na primeira cuba e 100 (b) e 125 ml (c) de

sulfato de alumínio respectivamente na segunda e terceira cuba e como auxiliar de

floculação, 5 ml de polímero em cada uma das três cubas.

91

Após sedimentação de 30 minutos, percebeu-se que o volume de 10 ml de

cloreto férrico e 5ml de polímero, adicionados a primeira cuba, proporcionou o

melhor resultado e qualidade do efluente tratado da sinterização. Apesar da boa

condição de tratabilidade, a expressiva geração de lodo, poderia ser uma condição

restritiva ao projeto.

A Figura 12: Efluente bruto da sinterização

b c a

92

Figura 13: Efluente da sinterização tratado com 10, 15 e 20 ml de sulfato de alumínio e 5 ml de polímero

Figura 14:Teste com 10 ml de cloreto férrico(a) e 100(b) e 125 ml(c) de sulfato de alumínio

LODO SEDIMENTADO

b c a

100 ml de Al2(SO4)3 e 5

ml de polímero

125 ml de Al2(SO4)3 e 5 ml

de polímero

10 ml de Al2(SO4)3 e 5

ml de polímero

15 ml de Al2(SO4)3 e 5

ml de polímero

20 ml de Al2(SO4)3 e 5

ml de polímero

a b c

10 ml de FeCl3

e 5 ml de polímero

93

Tabela 12: Ensaios com efluente da sinterização utilizando-se sulfato de alumínio (Al2SO4)3, cloreto férrico e polímero.

Teste Condutividade Natural

Temp. (ºC)

pH Natural Reagente

Vol. Reagente

(ml)

Condutividade Final

pH Final

Vol. Lodo (ml/l)

Sólidos Sed. (ml/l)

Clarificação do

sobrenadante

01 NR 26,5 7,3 Sulf. de Alumínio Polímero

10,0

5,0 NR 7,7 NR NR TURVO

02 NR 27,1 7,7 Sulf. de Alumínio Polímero

15,0

5,0 NR 7,9 NR NR TURVO

03 NR 27,5 7,8 Sulf. de Alumínio Polímero

20,0

5,0 NR 7,7 NR NR TURVO

04 NR 27,9 8,9 Sulf. de Alumínio Polímero

40,0

7,5 NR 7,7 NR NR TURVO

05 NR 28,2 8,9 Sulf. de Alumínio Polímero

60,0

7,5 NR 7,1 NR NR TURVO

06 NR 28,2 8,9 Sulf. de Alumínio Polímero

80,0

7,5 NR 6,8 NR NR TURVO

07 10,4µs 28,1 8,8 Cloreto Férrico Polímero

10,0

5,0 10,1µs 5,8 850 750 Clarificado

08 NR 27,8 8,9 Sulf. de Alumínio Polímero

100

5,0 NR 6,4 NR NR TURVO

09 NR 27,7 8,8 Sulf. de Alumínio Polímero

125,0

5,0 NR 6,2 NR NR TURVO

Condições de ensaio: Tempo de mistura rápida de (Tmr) de 15 segundos, Gmr de 850 s -1

, Tf = 20 min., Gf = 100 s-1

NR: Não Registrado

94

5.13.5 Resultados físico-químicos e biológicos de laboratório do efluente da sinterização

Após os ensaios em bancada encaminhou-se amostras de afluentes brutos e

tratado para análises físico-químicas e biológica no laboratório do Senai Cetind em

Lauro de Freitas

Na tabela 13 são mostrados os resultados das análises de laboratório dos

parâmetros do efluente bruto da sinterização após ensaio de tratabilidade utilizando

um volume de 10 ml de cloreto férrico e 5 ml de polímero. Ainda no mesmo quadro

são apresentados os valores máximos dos parâmetros contidos na resolução

CONAMA 357/2005, para efeito de comparações. Nos gráficos 16 e 17 são

registrados comparativamente os elementos de maior interesse nos efluentes bruto

e tratado. Observou-se que o efluente tratado apresentou 99,99% de remoção de

Arsênio total, 99,5% de cor aparente, mas uma baixa eficiência de remoção de

carga orgânica, sendo 44,28% de remoção de DBO e 56,46% de DQO. Quando

comparado os valores físico-químicos do efluente tratado com os padrões do

CONAMA 357/2005, todos os resultados ficaram abaixo do padrão máximo

estabelecido. (BRASIL, 2005)

Tabela 13: Resultados das análises de laboratório do efluente bruto e tratado da sinterização.

Ensaio UNIDADE Método LDM

Efluente Sinterização

Bruto

Efluente Sinterização

Tratado RESOLUÇÃO

CONAMA 357/2005

Resultado Resultado

Cromo III mg/L ASTM D1687-92 0,05 ND ND NR

Arsênio(As) total µg/L MESP

001(SM3500 As) 10 1570 ND 0,5 mg/L

Cádmio(Cd) total µg/L

MESP 030(ASTM D

3559-02)

5 ND ND 0,2 mg/L

Cobre(Cu) total mg/L MESP

005(ASTM D 1688-02)

0,05 0,05J ND 1,0 mg/L

Níquel(Ni) total mg/l MESP

008(ASTM D 1886-03)

0,08 ND ND 2,0 mg/L

Zinco(Zn) total mg/L MESP 010(ASTM D-02)

0,05 0,07J 2 5,0 mg/L

Magnésio (Mg) total mg/L MESP 020 0,3 7,7 6,7 NR

Vanádio(V) total mg/L MESP

017(SM3500 V) 2 ND ND NR

95

Ensaio UNIDADE Método LDM

Efluente Sinterização

Bruto

Efluente Sinterização

Tratado RESOLUÇÃO

CONAMA 357/2005

Resultado Resultado

Molibidênio (Mo) total mg/L

MESP 018(SM3500 Mo

C) 0,3 2,3 ND NR

Cálcio(Ca) total mg/L MESP 019 0,3 30 10 NR

Aluminio(Al) total mg/L

MESP 013(ASTM D

857/02)

0,5 0,9J 2,3 NR

DBO mgO2/L MQGI 056(SM 5210 B)

1 822 458 NR

DQO mgO2/L MQGI 027(SM 5220 D 20 th) 6 2940 1280 NR

Óleos e graxas mg/L MQGI 032(SM 5520 C) 1 (a) 46 20mg/L

Sólidos em Suspensão mg/L MQGI 025(SM

2540 D) 10 21 35 NR

Cloretos mg/L MQGI 007(SM 4500 CI-B) 2 2190 2790 NR

Fósforo total mgP/L MQGI 013(SM 4500 P) 0,023 4,15 0,061J NR

Nitrogênio total mg N/L MQGI 040(SM 4500 NC)

1 18 3J 20mg/L N

Cor aparente mgPt-Co/L MQGI

011(SMEWW 2120 A/B)

5 1000 5 NR

Turbidez NTU MQGI 021(SM 2130 B) 0,02 10,5 30,4 NR

Temperatura 0C MQGI 110(SM 2550 A/B) - 30,7 Ambiente < 400C

Sólidos Totais Dissolvidos mg/L MQGI 024(SM

2540 C) 1,3 3520 4680 NR

Legenda ND: Não Detectado. SM: Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20th. Edition. J: Analito detectado, mas abaixo do Limite de Quantificação do Método (3,3 LDMs). LDM: Limite de Detecção do Método. (a): Ensaio não realizado devido a interferência de cor; NR: Não Regulamentado.

96

Gráfico 16: Comparação entre o efluente bruto e tratado. (Cu – Mg – Mo – Ca – P – N - As)

Gráfico 17: Comparação entre o efluente bruto e tratado. (Cor – DBO - DQO)

97

5.13.6 Ensaios com o efluente misturado da sinterização e do afluente da ETA - Captação

Prevendo-se o tratamento do efluente na ETA-Captação os ensaios foram

realizados em proporções similares ao que pode ocorrer em escala real, misturando-

se a água bruta com o efluente.

Para a realização dos ensaios, foram adicionadas em cada cuba, as

proporções equivalentes às vazões dos sistemas estudados, ou seja, foram

misturados 520 ml do efluente da sinterização (relativos à vazão de 17,4 m3/h), e

480ml do afluente da ETA-Captação (relativos à vazão de 16 m3/h).

São apresentados, nas tabelas 14 e 15, os resultados dos ensaios realizados

com a mistura do efluente bruto da sinterização (520 ml) e do afluente da ETA-

Captação (480 ml).

Nos três primeiros ensaios, adicionou-se cloreto férrico como coagulante e

polímero como auxiliar de floculação. Foram utilizados 5 ml de cloreto férrico e 3 ml

de polímero na primeira cuba, 10 ml de cloreto férrico e 5 ml de polímero na

segunda cuba e 15 ml de cloreto férrico e 7,5 ml de polímero na terceira cuba.

Observou-se que a formação de flocos não proporcionou boa sedimentabilidade e os

efluentes resultantes não apresentaram qualidade satisfatória.

Nos ensaios seguintes, resolveu-se adicionar somente cloreto férrico ao

tratamento, utilizando-se respectivamente 5(a),10(b) e 15(c) ml em cada cuba. Após

sedimentação de 30 minutos, notou-se que o volume de 5 ml de cloreto férrico

adicionados à primeira cuba, proporcionou o melhor resultado de sedimentação,

porém com baixa qualidade do efluente tratado, ver figura 15.

98

Figura 15: Mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA- Captação (adição

de 5 (a), 10 (b) e 15 (c) ml de cloreto férrico) 30 minutos após sedimentação.

A bateria de ensaios seguinte foi realizada adicionando-se 5 (a), 10 (b) e 15

(c) ml de sulfato de alumínio na primeira, segunda e terceira cubas respectivamente.

Os efluentes tratados com 10 e 15 ml de sulfato de alumínio apresentaram

visualmente, efluente mais clarificado e de melhor qualidade, sendo que a dosagem

de 15 ml de sulfato de alumínio apresentou resultado ligeiramente melhor, ver Figura

16.

5 ml de FeCl3

(a)

15 ml de FeCl3

(c)

10 ml de FeCl3

(b)

99

Figura 16: Mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA- Captação (adição

de 5(a), 10(b) e 15(c) ml de sulfato de alumínio) 30 minutos após sedimentação.

Como a adição de sulfato de alumínio no tratamento da mistura do efluente

bruto da Sinterização e do afluente da ETA- Captação proporcionou os melhores

resultados, foram realizados mais dois ensaios, utilizando-se 20 ml (a) e 30ml (b) de

sulfato de alumínio, obtendo-se resultados satisfatórios, com sedimentabilidade e

transparência bastante semelhantes (Figura 17).

Para fins de minimização do uso de insumos e otimização econômica do

processo conduziu-se ensaios com 15 ml de sulfato de alumínio, obtendo-se os

melhores resultados (Figura 18). A sedimentação e transparência foram aceitáveis e

a média de volume de lodo (V.L.) e de sólidos suspensos sedimentáveis foram

respectivamente (SSd) 220 ml/l e de 160 ml/l respectivamente.

5 ml Al2(SO3

(a)

10 ml Al2(SO4)3

(b)

15 ml Al2(SO4)3

(c)

100

Figura 17: Mistura do efluente bruto da sinterização com afluente da ETA- Captação (adição de 20(a) e 30(b) ml de sulfato de alumínio).

Figura 18: Mistura do efluente bruto da sinterização com afluente da ETA- Captação (adição de 15 ml de sulfato de alumínio).

15 ml Al2(SO4)3

30 ml Al2(SO4)3

15 ml Al2(SO4)3

15 ml Al2(SO4)3

(b)

(a) (b) (c)

20 ml Al2(SO4)3

(a)

101

Tabela 14: Ensaios da mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA-Captação, utilizando-se cloreto férrico (FeCl3)

Teste Conduti-vidade Natural

Temp. (ºC)

pH Natural Reagente

Vol. Reagente (ml)

Conduti-vidade Final

pH Final

Vol. Lodo (ml/l)

SólidosSed. (ml/l)

Clarificação do sobrenadante

01 NR 27,8 8,73 Cloreto Férrico Polímero

5,0 3,0

NR 5,7 NR NR TURVO

02 NR 27,3 8,69 Cloreto Férrico Polímero

10,0 5,0

NR 2,6 NR NR TURVO

03 NR 27,5 8,7 Cloreto Férrico Polímero

15,0 7,5

NR 2,3 NR NR TURVO

04 NR 26,1 8,57 Cloreto Férrico Polímero

5,0 -

NR NR NR NR Clarificado

05 NR 26,2 8,52 Cloreto Férrico Polímero

10,0 -

NR NR NR NR TURVO

06 NR 28,1 8,50 Cloreto Férrico Polímero

15,0 -

NR NR NR NR TURVO

Condições de ensaio: Tempo de mistura rápida de (Tmr) de 15 segundos, Gmr de 850 s -1, Tf = 20 min., Gf = 100 s-1

NR: Não Registrado. Testes realizados em 26/04/05

102

Tabela 15: Ensaios da mistura do efluente bruto da sinterização e afluente da ETA-Captação, utilizando-se sulfato de alumínio (Al2SO4)3.

Teste Conduti-vidade Natural

Temp. (ºC)

pH Natural Reagente

Vol. reagente

(ml)

Condutividade Final

pH Final

Vol. Lodo (ml/l)

SólidosSed. (ml/l)

Clarificação do sobrenadante

01 NR 27,8 8,47 Sulf. de Alumínio Polímero

5,0 -

NR 5,7 NR NR TURVO

02 NR 27,3 8,48 Sulf. de Alumínio Polímero

10,0 -

NR 2,6 NR NR TURVO

03(*) 2684µs 27,5 8,48 Sulf. de Alumínio Polímero

15,0 -

2440µs 2,3 200 150 Clarificado

04 NR 26,1 8,39 Sulf. de Alumínio Polímero

15,0

1,0 NR 5,2 NR NR TURVO

05 NR 26,2 8,45 Sulf. de Alumínio Polímero

10,0

2,5 NR 7,1 NR NR TURVO

06 NR 28,1 8,48 Sulf. de Alumínio Polímero

15,0

5,0 NR 6,8 NR NR TURVO

07 2657µs 26,1 8,49 Sulf. de Alumínio Polímero

20,0

1,0 2608µs 5,2 230 175 Clarificado

08 2556µs 26,2 8,51 Sulf. de Alumínio Polímero

30,0 -

2642µs 7,1 260 200 Clarificado

103

5.13.7 Resultados físico-químicos de laboratório da mistura do efluente bruto da sinterização e do afluente da ETA- Captação

Na tabela 16 são apresentados os resultados obtidos no ensaio realizado em

que foi estudado o tratamento da mistura do efluente bruto da sinterização com o

afluente da ETA-Captação utilizando-se 15 ml de sulfato de alumínio. Os ensaios

proporcionaram as seguintes eficiências de remoção:

• Arsênio de 99,99%;

• DBO de 89,86%;

• DQO de 86,96%;

• Cor aparente de 99,00% e

• Turbidez de 82,57%.

Todos os resultados ficaram abaixo dos padrões estabelecidos pela

Resolução CONAMA 357. Não foi detectada presença de Cádmio no efluente bruto,

entretanto no efluente tratado observou-se uma concentração de 19 mg/L,

provavelmente devido à impureza do coagulante. Em função dos resultados obtidos

optou-se pela adoção das dosagens identificadas em escala real, de 15 ml de sulfato

de alumínio por litro.

Tabela 16: Resultados físico-químicos do efluente bruto e tratado da mistura do efluente da sinterização com o afluente da ETA- Captação.

Ensaio Unidade Método LDM

Efluente (Sinterização +

ETA CAPTÇÃO)

Efluente tratado

(Sinterização + ETA

CAPTAÇÃO)

Resolução Conama 357/2005

Resultado Resultado

Cromo III mg/L ASTM D1687-92 0,05 ND ND NR

Arsênio(As) total µg/l MESP 001(SM3500 As) 10 1010 ND 0,5 mg/L

Cádmio(Cd) total µg/l MESP 030(ASTM D

3559-02) 5 ND 19 0,2 mg/ Cobre(Cu)

total mg/L MESP 005(ASTM D

1688-02) 0,05 ND ND 1,0 mg/ Níquel(Ni)

total mg/L MESP 008(ASTM D 1886-03) 0,08 ND ND 2,0 mg/

Zinco(Zn) total mg/L MESP 010(ASTM D-

02) 0,05 0,07J ND 5,0 mg/

104

Ensaio Unidade Método LDM

Efluente (Sinterização +

ETA CAPTÇÃO)

Efluente tratado

(Sinterização + ETA

CAPTAÇÃO)

Resolução Conama 357/2005

Resultado Resultado Magnésio (Mg) total mg/L MESP 020 0,3 9,3 6,4 NR

Vanádio(V) total mg/L MESP 017(SM3500 V) 2 ND ND NR

Molibidênio (Mo) total mg/L MESP 018(SM3500 Mo

C) 0,3 1,2 0,5J NR Cálcio(Ca)

total mg/L MESP 019 0,3 43 16

NR Aluminio(Al)

total mg/L MESP 013(ASTM D 857/02) 0,5 1,2J 2,1 NR

DBO mgO2/l MQGI 056(SM 5210 B) 1 801 80,4 NR

DQO mgO2/l MQGI 027(SM 5220 D

20 th) 6 920 120 NR Óleos e graxas mg/L MQGI 032(SM 5520 C) 1 (a) ND 20mg/L

Sólidos em Suspensão mg/L MQGI 025(SM 2540 D) 10 13 16 NR

Cloretos mg/L MQGI 007(SM 4500 CI-

B) 2 2150 1100 NR

Fósforo total mgP/l MQGI 013(SM 4500 P) 0,023 2,22 0,0099 NR Nitrogênio

total mg N/l MQGI 040(SM 4500 NC) 1 8 2J 20mg/L N

Cor aparente

mgPt-Co/l

MQGI 011(SMEWW 2120 A/B) 5 1000 10 NR

Turbidez NTU MQGI 021(SM 2130 B) 0,02 13,6 2,37 NR

Temperatura 0C MQGI 110(SM 2550 A/B) - 38,5 25 < 400C

Sólidos Totais

Dissolvidos mg/L MQGI 024(SM 2540 C) 1,3 2230 1230

NR

Legenda ND: Não Detectado. SM: Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20th. Edition. J: Analito detectado, mas abaixo do Limite de Quantificação do Método (3,3 LDMs). LDM: Limite de Detecção do Método. (a): Ensaio não realizado devido a interferência de cor; NR: Não Regulamentado.

5.13.8 Resíduos Sólidos (Lodos) Gerados nos Tratamentos

São apresentados a seguir os resultados das análises de laboratório dos

lodos gerados nos ensaios de coagulação/floculação, utilizando o efluente da

sinterização, lodo da mistura entre o efluente e o afluente da ETA- Captação.

Foram coletadas e encaminhadas para análise em laboratório, as seguintes

amostras de lodo:

• Lodo gerado no ensaio de coagulação/floculação do lixiviado da Sinterização;

• Lodo do Efluente tratado (Sinterização + ETA- Captação);

105

• Lodo da ETA- Captação.

A Tabela 17 apresenta o resultado das análises de laboratório de cada lodo e

compara com os limites máximos estabelecidos pela Associação Brasileira de

Normas Técnicas (2004) para lixiviado (Anexo F), e solubilizado (Anexo G). A

referida norma classifica os resíduos sólidos quanto aos seus riscos potenciais ao

meio ambiente e à saúde pública, para que possam ser gerenciados

adequadamente.

Observou-se que todos os resultados ficaram abaixo dos padrões

estabelecidos pelo anexo F da norma NBR 10004 , com isso classificou-se os lodos

gerados nos ensaios como Resíduos Classe IIB, significando que o resíduo é não

perigoso, em função de não terem sidos violados os padrões dos elementos

constantes do anexo F da referida norma.

Tabela 17: Resultado de análise de lodos.

Ensaio Unidade Método LDM

Lodo do Efluente

Sinterização tratado

Lodo do Efluente tratado

(Sinterização + ETA

Captação)

Lodo gerado na

ETA Captação

NBR - 10004 Limite

máximo no lixiviado (mg/L)

NBR - 10004 Limite

máximo no Solubilizado

(mg/L)

Resultado Resultado Resultado

Cromo III mg/L ASTM D1687-92 0,05 ND (a) 5 5 0,05

Arsênio(As) total µg/l

MESP 001(SM3500

As) 10 19J 313 68 1 0,01

Cádmio(Cd) total µg/l

MESP 030(ASTM D

3559-02) 5 ND ND ND 0,5 0,005

Cobre(Cu) total mg/L MESP

005(ASTM D 1688-02)

0,05 0,23 0,17 0,82 NR 2

Níquel(Ni) total mg/L MESP

008(ASTM D 1886-03)

0,08 0,19J 0,09J 0,23J NR NR

Zinco(Zn) total mg/L MESP

010(ASTM D-02)

0,05 5,4 0,37 3 NR 5

Magnésio (Mg) total

mg/L MESP 020 0,3 - - - NR NR

Vanádio(V) total mg/L

MESP 017(SM3500

V) 2 ND ND ND NR NR

Molibidênio (Mo) total mg/L

MESP 018(SM3500

Mo C) 0,3 5,5 0,6J 0,3 NR NR

Cálcio(Ca) total mg/L MESP 019 0,3 - - - NR NR

Aluminio(Al) total mg/L

MESP 013(ASTM D

857/02) 0,5 4,9 180 1460 NR 0,2

DBO mgO2/l MQGI 056(SM

5210 B) 1 - - - NR NR

106

Ensaio Unidade Método LDM

Lodo do Efluente

Sinterização tratado

Lodo do Efluente tratado

(Sinterização + ETA

Captação)

Lodo gerado na

ETA Captação

NBR - 10004 Limite

máximo no lixiviado (mg/L)

NBR - 10004 Limite

máximo no Solubilizado

(mg/L)

Resultado Resultado Resultado

DQO mgO2/l MQGI 027(SM 5220 D 20 th)

6 - - - NR NR

Óleos e graxas mg/L MQGI 032(SM 5520 C) 1 - - - NR NR

Cloretos mg/L MQGI 007(SM 4500 CI-B)

2 - - - NR NR

Fósforo total mgP/l MQGI 013(SM 4500 P) 0,02 - - - NR NR

Nitrogênio total mg N/l MQGI 040(SM 4500 NC)

1 - - - NR Como N 10,0

Cor aparente mgPt-Co/l

MQGI 011(SMEWW

2120 A/B) 5 - - - NR NR

Turbidez NTU MQGI 021(SM 2130 B) 0,02 - - - NR NR

Temperatura 0C MQGI 110(SM 2550 A/B)

- - - - NR NR

Sólidos Totais Dissolvidos mg/L MQGI 024(SM

2540 C) 1,3 3403 1190 789 NR NR

Legenda ND: Não Detectado. SM: Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater, 20th. Edition. J: Analito detectado, mas abaixo do Limite de Quantificação do Método (3,3 LDMs). LDM: Limite de Detecção do Método. (a): Ensaio não realizado devido a interferência de cor; NR: Não Regulamentado.

5.14 AVALIAÇÃO DAS ALTERNATIVAS DE TRATAMENTO DO EFLUENTE DA SINTERIZAÇÃO SOB O ASPECTO HIDRÁULICO 5.14.1 ETA- Captação recebendo o efluente da sinterização

Após a etapa de verificação da viabilidade do tratamento avaliou-se o sistema

hidráulico, com o objetivo de se diagnosticar a necessidade de modificações

estruturais e de equipamentos, caso necessário.

A ETA- Captação tem a finalidade de tratar parte da água utilizada no

processo industrial, ou seja, suprir parte do sistema de abastecimento de água não

potável da RDM.

O tratamento da água é realizado através de processo físico-químico,

formado por estações elevatórias, unidade de preparação de produtos químicos,

floculador, decantador, reservatório de lodo e reservatório para água clarificada. O

fluxograma do processo que pode ser descrito a seguir.

107

Ao chegar a ETA, são adicionados ao afluente bruto peróxido de hidrogênio,

sulfato de alumínio e Polieletrólito (agentes floculantes), com a função de reduzir a

carga orgânica. Em seguida ocorrem os processos de mistura rápida, floculação e

decantação.

O efluente clarificado é conduzido por gravidade para o reservatório e

posteriormente será utilizado no processo.

Os sólidos sedimentados são removidos por gravidade para o reservatório de

lodo e em seguida encaminhados para tratamento na ETALGÁS.

O sistema de tratamento de água da ETA- Captação foi projetado para tratar

uma vazão máxima de 80 m3/h, porém a vazão atual de água bruta tratada é de 16,0

m3/h. Como a vazão máxima do efluente gerado no processo de sinterização é 17,4

m3/h, conclui-se, com base nos ensaios físico-químicos e na capacidade hidráulica,

que a ETA- Captação poderia tratar o efluente da Sinterização. Na figura 19

vizualiza-se o fluxo do tratamento na ETA- Captação.

108

PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO

RESERVATÓRIO DE ÁGUA TRATADA

MISTURA RÁPIDA

SINTERIZAÇÃO

Chegada de água bruta

SULFATO DE ALUMÍNIO

PERÓXIDO DE HIDROGÊNIO

POLÍMERO

Vazão de projeto 80 m3/h

Vazão atual 16 m3/h

0,8 m3/h

ETALGAS

17,4 m3/h

FLOCULADOR

DECANTADOR

Reservatório de água tratada

MISTURA RÁPIDA

Figura 19 - Tratamento do efluente da sinterização na ETA Fonte: FH Engenharia Ambiental (2006)

109

5.15 TRATAMENTO EM ESCALA REAL

Após a avaliação e comprovação da possibilidade de tratamento e

reaproveitamento do efluente, procedeu-se as modificações hidráulicas necessárias

à canalização do efluente, iniciando-se o tratamento e reuso a partir do final do mês

de Julho de 2006. Na Tabela 18 e no Gráfico 18 registrou-se o volume de efluente

tratado e reutilizado.

Em épocas de alta pluviosidade, quando a vazão do efluente aumenta, o

operador da estação altera a rotina de tratamento, modificando as dosagens de

produtos químicos, com base nas quantidades obtidas através dos testes do jarro.

As variações observadas no gráfico 18 ocorrem em função da geração do efluente

ser influenciada por fatores como sazonalidade, produção e o tratamento ser

processado em bateladas.

Gráfico 18: Volume de efluente da sinterização tratado em 2006.

Tabela 18: Volumes de efluente da sinterização tratados.

Mês Volume tratado (m³) Julho/2006 44

Agosto/2006 329 Outubro/2006 386

Novembro/2006 125

110

6 CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES 6.1 CONCLUSÕES

Neste trabalho desenvolveu-se e implantou-se uma política abrangente de

racionalização do uso da água potável na RDM tendo como instrumento norteador

um Balanço Hídrico do consumo de água potável. Foram destacadas e enfatizadas

as quantificações de consumo por áreas e setores, juntamente com o

Cadastramento Hidráulico das instalações industriais, introdução de intervenções

voltadas para a redução do consumo, através de atividades de conscientização do

quadro de colaboradores, intervenções sobre o sistema de distribuição e consumo,

reaproveitamento de efluentes e modificação de projetos.

Para obtenção de maior eficiência das ações a serem tomadas na busca do

objetivo do trabalho, adotou-se como base metodológica a divisão do sistema de

abastecimento de água da RDM em duas partes: Um subsistema de água potável e

um subsistema de água bruta.

Como resultado, obteve-se um diagnóstico do consumo de água potável por

áreas da empresa, possibilitando a intervenção nos pontos mais críticos, reduzindo-

se o índice de consumo médio diário por pessoa no ano de 2006, de 123 litros para

60 litros e substituição de parte da água utilizada no processo industrial por efluentes

tratados, através do aproveitamento de efluentes com alto potencial poluidor,

eliminando-se um passivo ambiental para a empresa.

Proporcionou-se também com este trabalho a formação de um contingente de

colaboradores da RDM comprometidos com a gestão de recursos hídricos de uma

forma geral, criando-se uma consciência ambiental sólida, com implicações

comportamentais que extrapolam o ambiente laboral.

Do ponto de vista econômico, a direção da empresa pôde perceber que o

quadro anterior relativo ao consumo de água potável era de desperdício acentuado,

tomando consciência sobre a real necessidade da mudança de paradigmas internos,

ligados a gestão de recursos hídricos na empresa. Os gastos com água potável

111

foram reduzidos em média em torno de 51%, variando de R$ 972,00 por dia, para

R$ 474,00, proporcionando uma economia anual de R$ 181.770,00.

Proporcionou-se também ganhos para a imagem da RDM, a partir da

divulgação e premiação do trabalho em seminários do Círculo de Controle da

Qualidade (CCQ) para outras empresas do grupo Vale do Rio Doce.

Um outro ganho direto do ponto de vista econômico pela economia de água

potável, e intangível pelo que agrega de positivo a imagem da RDM como empresa

responsável, diz respeito ao reaproveitamento de água de chuva em uma de suas

edificações, possibilitando em etapa posterior, a aplicação do modelo em outras

instalações do parque industrial.

6.2 RECOMENDAÇÕES

Propõe-se a continuidade de ações voltadas para o uso racional de recursos

hídricos através da instituição de uma Política de Gestão, abrangente e respalda

pela alta administração da empresa. No anexo 1 sugeriu-se um modelo de plano de

gestão de recursos hídricos, que poderá ser um instrumento executivo para

instituição da política de gestão de recursos hídricos da RDM.

Recomenda-se também o aprimoramento do balanço de água bruta,

considerando-se que além de servir como um dado importante para o controle

operacional, servirá de orientação para a adoção de medidas mais focadas na

redução do consumo de água.

Sugere-se também a adoção de indicadores básicos que permitiram se avaliar

com clareza para onde e em que quantidade é destinada a água, em cada segmento

do processo de produção e distribuição. A seguir são recomendados alguns itens

como medidas para avaliação e geração de subsídios destinados a futuras ações de

intervenção e estabelecimento de um Programa de gestão de recursos hídricos:

112

• Efetuar micromedição sistemática como instrumento de controle e subsídio

para intervenções;

• Estabelecer indicador de consumo para água bruta, em termos de metros

cúbicos de água consumida por tonelada de liga produzida;

• Manter a eficiência do sistema de escoamento e contenção de águas

pluviais como forma manter a qualidade da água captada para tratamento;

• Estabelecer rotina diária de comparação do consumo versus volume

outorgado;

• Implantar rotinas para análise dos indicadores.

• Dispor de equipe dedicada e treinada, monitorando e analisando a

situação, e acionando as demais áreas da empresa em atividades de

redução de perdas de água;

• Manter medidores de boa qualidade e resolução, adequadamente

dimensionados, instalados e aferidos, com manutenção preventiva e

corretiva;

• Assegurar a confiabilidade nos processos de leitura dos hidrômetros,

através de padronização de rotinas;

• Buscar melhoria contínua quanto ao refinamento do processo de medição

de toda a água consumida na empresa;

• Diagnosticar desvios de consumo, através de rotinas de análise do volume

apurado com base no índice de variação de consumo dos períodos

anteriores;

• Manter as informações em bancos de dados sempre atualizadas e

coerentes com a realidade;

• Estabelecer rotinas de manutenção corretiva e preventiva, englobando a

troca de hidrômetros quebrados, violados, embaçados e parados.

113

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117

118

ANEXO 1 – Programa de Gestão de Recursos Hídricos

PROGRAMA DE GESTÃO DE RECURSOS HÍDRICOS

SUMÁRIO

Página

1 - Objetivos 116 2 - Aplicação 116 3 - Caracterização da área de abrangência 116 3.1 - Áreas operacionais utilizadoras de água bruta aduzida da represa 116 3.2 – Áreas administrativas utilizadoras de água potável 116 3.3 - Mananciais de abastecimento 116 3.4 - Sistemas de tratamento, lavagem de gases e refrigeração de fornos 116 3.5 - Pontos de monitoramento de águas superficiais e efluentes 117 3.6 - Pontos de monitoramento de águas subterrâneas 117 3.7 - Freqüência de Monitoramento 118 3.8 - Tanques reservatórios 118 3.8.1 – Planta I 118 3.8.2 – Captação 118 3.8.3 – Planta III 119 3.9 - Sistema de tratamento de esgotos sanitários 119 3.10 - Sistema de distribuição de água potável e controle de qualidade. 120 3.11 - Sistema de distribuição de água industrial 120 4 - ações para atinjir metas 120 5 - documentos referenciados 121 6 - atribuições 121 6.1- Atribuição da Diretoria de Manganês 121 6.2 - Atribuição da comissão 121 6.3 - Atribuições do coordenador da comissão de recursos hídricos 122 6.4 - Atribuições do membro da comissão 122 6.5 - Atribuição das gerencias 122 6.6 - Atribuições específicas da Gerência de Meio Ambiente 122 7 - Documentação 123 7.1- Lista de documentos 123 7.2 - Controle de documentos 123 8 - Programa de capacitação e treinamento 123 9 - Análise crítica 123 10 - Auditorias 124 11 - Inspeções da comissão de recursos hídricos 124 12 - Considerações gerais 124 1 - Objetivos

Definir os procedimentos básicos para a gestão dos recursos hídricos utilizados pela

Rio Doce Manganês-RDM.

119

2 - Aplicação

Este Programa de Gestão aplica-se a todas as instalações da planta produtora de

Ferro Ligas da RDM-BA.

3 - Caracterização da área de abrangência

3.1- Áreas operacionais utilizadoras de água bruta aduzida da represa:

▪ Descarga de vagão,

▪ Britagem de escória ,

▪ Torre de resfriamento ,

▪ Resfriamento de sinter e escória,

▪ Caminhão pipa,

▪ Reposição para lavagem de gases

▪ Jardins

3.2- Áreas administrativas e operacionais utilizadoras de água potável:

▪ Prédio ADM,

▪ Escritórios da balança, almoxarifado, manutenção e sinterização,

▪ Portaria principal e lanchonete.

▪ Sanitários e lavatórios das salas de controle dos fornos das plantas – I/II/III.

▪ Vestiários da RDM e contratadas,

▪ Refeitório, posto médico e consultório odontológico.

▪ Sanitários das plantas I/II/III e prédio ADM antigo.

▪ Sanitarios e lavatórios das oficinas.

3.3 - Mananciais de abastecimento

▪ Represa de abastecimento industrial: Manancial destinado ao abastecimento

industrial geral e atividades de apoio como resfriamento de escória, umectação de

vias e resfriamento de sinter.

▪ Riacho Paramirim:Principal tributário da represa de abastecimento industrial.

3.4- Sistemas de tratamento, lavagem de gases e refrigeração de fornos

▪ Sistema de lavagem de gases dos fornos: Sistema de abatimento de material

particulado dos fornos fechados da planta-II, do tipo Venturi.

120

▪ Sistema de tratamento da lama dos Venturis: Sistema projetado para tratar os

efluentes originados na lavagem de gases dos fornos.

▪ Estação de tratamento de água das torres: Sistema de tratamento de água

convencional através de processos de floculação, sedimentação e filtragem.Trata

água da represa e riacho Paramirim.

▪ Estação de tratamento de água das captação: Sistema de tratamento de água

convencional através de processos de floculação, sedimentação e filtragem.Trata

água da represa e efluente da antiga sinterização.

▪ Sistema de refrigeração dos fornos - Formado por torres de refrigeração, bombas

e tubulações. Destina-se a reduzir a temperatura da água responsável pela

refrigeração dos fornos das plantas - I/II/III.Opera em circuito fechado, sendo

necessário a reposição de água perdida por evaporação, respingos e

vazamentos.

Todos os sistemas devem ser operados a partir de instruções operacionais

específicas, elaboradas pela área de utilidades da RDM.

3.5- Pontos de monitoramento de águas superficiais e efluentes.

▪ PRM-01 - Ponto de referência (“background”).

▪ PRM-02 - Ponto onde ocorre a mistura entre o Paramirim e efluentes da área da

torres e canaletas.

▪ PRM-03 - Ponto de entrada na represa.

▪ PT-01 - Ponto de extravasamento no vertedouro da represa

▪ Separadores de água e óleo da Urbtrans, Metastec e Purga dos compressores

3.6- Pontos de monitoramento de águas subterrâneas.

▪ Poço profundo - Localiza-se à montante da planta-II.

▪ PZ-03 - Localiza-se à jusante do pátio de matérias primas.

▪ PZ-04 – Localiza-se à Jusante do antigo Bota Fora-I

▪ PZ-05 - Localiza-se à montante da oficina de máquinas.

▪ PZ-06 – Localiza-se próximo a nascente da portaria principal.

▪ PMA - 0 - Localiza-se à montante do aterro.

▪ PMA -1 – Localiza-se a jusante do aterro.

▪ PMA -2 – Localiza-se a jusante do aterro.

121

3.7 Freqüência de monitoramento e parâmetros monitorados

PONTO PARÂMETROS FREQUÊNCIA

PRM-01 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal

PRM-02 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal

PRM-03 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal

PT-01 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal

PSA Dureza-Cr-Fe-Zn-Ni-Ph-Fenol-Condut-

óleos e graxas-S-SO4- P-NO3- DQO

Mensal

SÃO da Urbtrans

Óleos e Graxas e Sólidos Sed. Semanal

SÃO Compressores Óleos e Graxas Semanal

Poço Profundo Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal

PZ-03 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal

PZ-04 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal

PZ-05 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal

PZ-06 Pb-Zn-Hg-Cu-As Mensal

PMA-0 / PMA –1 / PMA-2 Dureza-Cr-Fe-Zn-Ni-Ph-Fenol-Condut-

óleos e graxas-S-SO4- P-NO3- DQO Mensal

SAO – Separador água – óleo. PMA – Poço de Monitoramento do Aterro.

3.8 - Tanques reservatórios

3.8.1 - Planta - I

▪ TQ1 - Recebe a água da torre I para refrigeração dos fornos da planta-I

e conversor em caso de emergência (falta de tensão), retornando para o TQC01.

▪ TQC 1 - Recebe a água após a refrigeração dos fornos da planta-I e conversor,

acumulando-a para retorno as torres.

3.8.2 - Captação

▪ TQ 5 e 6 água clarificada oriunda do TQ 1 captação enviando água para o TQ 10

da Planta III.

▪ TQ 1 captação recebe água clarificada da ETA capitação.

▪ TQ 2 - Recebe a água clarificada destinada a funções de apoio.- Planta-II.

122

▪ TQ 4 - Recebe a água após a refrigeração dos fornos da planta-II, acumulando-a

para retorno as torres.

3.8.3 - Planta - III

▪ TQ 10 -Recebe a água clarificada na captação que será utilizada na planta-III.

▪ TQ principal de água potável - Recebe água potável da EMBASA e atua como

pulmão.

▪ TQ secundário de água potável - Recebe água do TQ principal e distribui para a

fábrica.

3.9 - Sistemas de tratamento de esgotos sanitários

▪ Portaria Principal - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 01 sumidouro.

▪ Lanchonete - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01 sumidouro.

▪ Laboratório - 02 caixas de passagem.

▪ Prédio Administrativo - 01 fossa capacidade 70 pessoas - 02 caixas de passagem.

▪ Balança Rodoviária - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 02 caixas de passagem.

▪ Almoxarifado + Serviços Administrativos - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01

sumidouro - 03 caixas de passagem.

▪ Refeitório - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 01 fossa capacidade 20 pessoas -

06 caixas de passagem - 06 caixas de gordura.

▪ Serviço Médico - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 07 caixas de passagem

▪ Canteiro das Empreiteiras - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01 sumidouro - 01

caixa de passagem.

▪ Sanitário Central - 02 fossas capacidade 30 pessoas cada - 05 caixas de

passagem.

▪ Conversor - 01 caixa de passagem.

▪ Briquetagem - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 06 caixas de passagem.

▪ Captação - 01 fossa capacidade 20 pessoas.

▪ Torre - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01 sumidouro.

▪ Antigo Prédio Administrativo - 02 caixas de passagem.

▪ Pátio de Matéria Prima - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01 sumidouro - 02

caixas de passagem.

▪ Sala de Controle do PMP - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 01 sumidouro.

123

▪ Planta II - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01 sumidouro.

▪ Planta III (Sanitário) - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 06 caixas de passagem.

▪ Utilidade Planta III - 02 caixas de passagem.

▪ Recepção - 01 fossa capacidade 30 pessoas - 01 sumidouro.

▪ Vestiário Central Masculino - 04 caixas de passagem.

▪ Vestiário Feminino - 01 caixa de passagem.

▪ Manutenção - 01 fossa capacidade 50 pessoas - 01 sumidouro - 02 caixas de

passagem.

Todas as fossas, sumidouros e caixas de gordura deverão ser limpas com

freqüência mínima trimestral.

3.10 - Sistema de distribuição de água potável e controle de qualidade

Consiste na distribuição direta de água adquirida pela EMBASA. A água é

bombeada diretamente para instalações consumidoras com pressão de 6kg/cm2.

O controle de qualidade da água potável fornecida pela EMBASA à RDM deverá ser

efetuado por laboratório independente, responsável pela coleta e análise da água,

observando-se as recomendações da Portaria MS-518 do Ministério da Saúde.

3.11- Sistema de distribuição de água industrial

É constituído por dois sistemas de captação. Um localizado na represa e outro no

riacho Paramirim. O recalque total para os dois pontos é de 1180 m3/dia. Após o

tratamento convencional para atendimento aos requisitos de refrigeração dos fornos

a água é bombeada para os fornos das planta-I/II/III.

3.11 - Sistema de abatimento de poeiras: Consiste na umectação diária das

principais vias de circulação da usina, com água bruta, através de caminhão-pipa.

4- Ações para atingir metas .

As metas devem ser estabelecidas anualmente e passíveis de serem auditadas.

Abaixo seguem alguns exemplos de metas a serem estabelecidas.

124

• Água potável

AÇÃO DESCRIÇÃO PRAZO Conscientização sobre uso da água

Difundir conceitos de economia de água utilizando-se veículos de comunicação interna, DDS, palestras, etc...

Ação contínua

Substituição de equipamentos

Troca de torneiras, chuveiros, adoção de dispositivos em geral para redução de consumo.

Aproveitamento de águas de chuva

Implantação de sistema de coleta e distribuição de água pluviais precipitadas sobre o telhado do prédio ADM

• Água bruta

AÇÃO DESCRIÇÃO PRAZO Reuso de efluentes da antiga sinterização

Tratamento e reutilização de aproximadamente 200 m3/mês

Todas as atividades deverão ser desdobradas em planos de ação.

5 - Documentos referenciados

▪ Diretriz de diretoria executiva - 044

▪ Conama 0357/ 2005

▪ Portaria MS-518 do ministério da saúde.

▪ Lei 6938/81.

6 - Atribuições:

6.1- Atribuição da Diretoria de Manganês

▪ Criação de uma Comissão para Gestão de Recursos Hídricos na RDM.

▪ Disponibilizar recursos para a gestão de recursos hídricos de forma a garantir

atendimento à legislação e normas aplicáveis e a busca de boas práticas

ambientais.

6.2 - Atribuições da comissão

▪ Promover campanhas de conscientização sobre o uso racional de

recursos hídricos.

▪ Participar sempre que solicitado de discussões sobre novos projetos.

▪ Manter, através de seus membros, o corpo gerencial informado das

125

ações da comissão

▪ Atualização do programa de gestão de recursos hídricos

▪ Definir objetivos e metas anuais focando o uso racional de recursos

hídricos.

6.3- Atribuições do coordenador da comissão de recursos hídricos

▪ Fazer o planejamento e programação anual das reuniões da comissão;

▪ Convocar membros para as reuniões da comissão,

▪ Propor pauta mínima para as reuniões;

▪ Manter os membros informados sobre quaisquer alterações da gestão de

recursos hídricos.

6.4- Atribuições do membro da comissão

▪ Participar de forma efetiva dos trabalhos da comissão.

▪ Efetuar balanço hídrico anual.

▪ Adotar medidas comportamentais exemplares na utilização dos recursos

hídricos

▪ Representar frente a comissão as suas áreas de atuação.

▪ Difundir na sua área de atuação as ações definidas na comissão.

▪ Auxiliar na elaboração, implantação e manutenção dos procedimentos

operacionais necessários à gestão dos recursos hídricos das tarefas das suas

áreas.

6.5- Atribuição das gerencias:

▪ Indicar representantes para compor a comissão de recursos hídricos.

▪ Liberar seus empregados para participar da reuniões programadas ou

extraordinárias, bem como de outros eventos da comissão de recursos

hídricos.

▪ Garantir condições para o uso racional dos recursos hídricos.

▪ Adotar campanhas educacionais para o uso racional dos recursos hídricos

pelos seus empregados e contratadas.

▪ Apresentar, sempre que solicitado pela comissão, o andamento dos trabalhos

referentes a recursos hídricos realizados dentro da gerencia.

▪ Implementar e manter o Programa de Gestão de Recursos Hídricos.

126

6.6- Atribuições Especificas da Gerencia de meio ambiente

▪ Monitoramento da qualidade da água e orientação técnica.

▪ Obtenção de concessões para uso da água.

7 - Documentação

7.1- Lista de documentos

- Instruções operacionais

▪ Sistema de emergência para refrigeração dos fornos.

▪ Operação do filtro prensa.

▪ Alimentação das bacias das torres de refrigeração.

▪ Equalização da torre 01.

▪ Equalização da torre 02.

▪ Controle de perda de água por falta de energia.

▪ Operação da planta da etalgás.

▪ Cloração da água potável.

▪ Limpeza, manutenção e inspeção de fossas e caixas de gordura.

7.2 - Controle de documentos

O controle de documentos será efetuado pelas áreas envolvidas nas atividades

mencionadas.

Todos os relatórios e estudos gerados pela comissão ou de conhecimento desta

comissão devem ser arquivados na Gerencia de Meio Ambiente.

8 - Programa de capacitação e treinamento

O programa de capacitação e treinamento será efetuado de acordo com a

deliberação da própria Comissão de Recursos Hídricos com apoio da Gerência

Geral da RDM.

9 - Análise crítica

Analise critica do Programa de Gestão de Recursos Hídricos deve ser realizada pela

comissão tendo como base o atendimento a este programa em todos os seus

requisitos.

127

A análise deve avaliar se o programa encontra-se adequado a realidade da

empresa, se está dando resultados positivos, atingindo os objetivos e metas

estabelecidos, e se a forma de Gestão está atendendo aos propósitos e trazendo

benefícios à unidade operacional da RDM com relação ao uso racional de água na

empresa.

Os instrumento básicos para realização da análise, devem ser as inspeções e

auditorias, os resultados de monitoramento e atendimento a legislação.

Devem ser propostas melhorias para aperfeiçoamento do sistema. Os objetivos e

metas devem ser revistos anualmente e modificados caso necessário, com base na

análise consistente, de fatos, dados e relatórios de auditorias e inspeções.

10 - Auditorias

As auditorias podem ser efetuadas internamente por auditores do quadro funcional

ou ser de caráter externo efetuadas outras diretorias da CVRD. Estas auditorias

poderão ser realizadas por empregados da CVRD ou empresas contratadas.

11 - Inspeções da comissão de recursos hídricos

A comissão deve realizar no mínimo duas inspeções anuais nas áreas integrantes

do parque industrial da RDM. As inspeções devem ser conduzidas pelos integrantes

da comissão, podendo ter a participação de convidados, consistindo em observação

e análise do sistema, verificações em equipamentos, e vistorias em áreas

específicas do parque industrial, como represa, riacho Paramirim, vistoria em poços

de monitoramento, etc.

12 - Considerações Gerais

▪ Este programa deve ser validado pela Gerência Geral da usina;

▪ Qualquer alteração neste programa deve ser objeto de discussão na reunião

da comissão de recursos hídricos, e somente aceita após parecer de seus

integrantes e validadas pela Gerência Geral.

128

Anexo 2 – Fotos dos hidrômetros

Hidrômetro do refeitório Hidrômetro da captação

Hidrômetro do laboratório Hidrômetro da metastec

Hidrômetro do posto médico Hidrômetro da ETA-Captação

108

Anexo 3 – Planilhas de controle para medição do consumo de água potável nos hidrômetros

BANCO DE DADOS - CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL LOCAL DATA INICIAL DATA FINAL DIAS AMOSTRADOS HIDROMETRO - I HIDROMETRO - F CONSUMO DIÁRIO

Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor

20/1/2006 27/1/2006 7 6078,80 6352,40 39,09

Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor

27/1/2006 3/2/2006 7 6352,40 6622,80 38,63

Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor

3/2/2006 10/2/2006 7 6622,80 6916,70 41,99

Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor

10/2/2006 17/2/2006 7 6916,70 7212,10 42,20

Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor

17/2/2006 24/2/2006 7 7212,10 7500,60 41,21

Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor

24/2/2006 3/3/2006 7 7500,60 7789,50 41,27

Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor

3/3/2006 10/3/2006 7 7789,50 8065,30 39,40

Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor

10/3/2006 17/3/2006 7 8065,30 8332,20 38,13

Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor

17/3/2006 24/3/2006 7 8332,20 8623,20 41,57

Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor

24/3/2006 31/3/2006 7 8623,20 8914,40 41,60

Planta I - sanitário central / bebedouro / conversor

31/3/2006 7/4/2006 7 8914,40 9187,60 39,03

129

BANCO DE DADOS - CONSUMO DE ÁGUA POTÁVEL LOCAL DATA INICIAL DATA FINAL DIAS AMOSTRADOS HIDROMETRO - I HIDROMETRO - F CONSUMO DIÁRIO

PRÉDIO ADM 27/1/2006 3/2/2006 7 381,40 391,20 1,40

PRÉDIO ADM 3/2/2006 10/2/2006 7 391,20 405,60 2,06

PRÉDIO ADM 10/2/2006 17/2/2006 7 405,60 417,60 1,71

PRÉDIO ADM 17/2/2006 24/2/2006 7 417,60 430,20 1,80

PRÉDIO ADM 24/2/2006 3/3/2006 7 430,20 435,10 0,70

PRÉDIO ADM 3/3/2006 10/3/2006 7 435,10 447,20 1,73

PRÉDIO ADM 10/3/2006 17/3/2006 7 447,20 458,40 1,60

PRÉDIO ADM 17/3/2006 24/3/2006 7 458,40 471,80 1,91

PRÉDIO ADM 24/3/2006 31/3/2006 7 471,80 484,70 1,84

PRÉDIO ADM 31/3/2006 7/4/2006 7 484,70 496,70 1,71

PRÉDIO ADM 7/4/2006 13/4/2006 7 496,70 507,20 1,50

PRÉDIO ADM 13/4/2006 27/4/2006 14 507,20 526,20 1,36

PRÉDIO ADM 27/4/2006 4/5/2006 7 526,20 540,60 2,06

PRÉDIO ADM 4/5/2006 11/5/2006 7 540,60 552,90 1,76

PRÉDIO ADM 11/5/2006 19/5/2006 8 552,90 566,30 1,68

130

Anexo 4 – Planilhas de controle para medição do volume de efluente tratado

TRATAMENTO DE EFLUENTES DA SINTERIZAÇÃO

Data Hora início tratamento Hora final tratamento Tempo total tratamento Hidrômetro inicial Hidrômetro final total (m³)

28/7/2006 13:24 16:16 02:52 39715 39759 44

1/8/2006 10:53 15:39 04:46 40247 40336 89

7/8/2006 10:19 15:19 05:00 40714 40783 69

14/8/2006 09:55 13:38 03:43 41204 41267 63

21/8/2006 15:04 16:10 01:06 41803 41824 21

28/8/2006 10:03 16:03 06:00 42471 42558 87

3/10/2006 10:30 16:40 06:10 46440 46544 104

5/10/2006 14:53 17:10 02:17 46856 46889 32

6/10/2006 10:55 16:30 05:35 47000 47014 14

23/10/2006 14:50 16:50 02:00 49102 49133 31

26/10/2006 10:00 16:50 06:50 49511 49623 112

27/10/2006 11:30 16:50 05:20 49700 49793 93

28/12/2006 10:00 14:00 04:00 61636 61734 98

29/12/2006 15:20 16:45 01:25 62051 62078 27

TOTAL TRATADO EM 2006 (m³) 887