quadras diferentes pdf
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i
1982
Guilhermina Vieira Mota
Vila do Paço
01-01-1982
Quadras diferentes da Sociedade e seus Dirigentes
Quadras Diferentes
Sobre a Sociedade e
seus Dirigentes
1982
Guilhermina Vieira Mota
I
Alguém me pediu á tempo
Para um relato arranjar
Pontificou-se que me pagava
Para o caso melhor constar…
II
Aida estou para ver
Aquelas coroas a saltar
Ficou em águas de bacalhau
Depois de eu trabalhar…
III
Quem me pediu foi Abílio
Que pertence aos Vieiras
Que habita em Vargos
Que também tem laranjeiras…
IV
Eu não espero nada
Eu ainda sou bairrista
Ofereço o interesse á Sociedade
Para ter boa vista…
V
Peço a todos muita coragem
Para não haver despedimentos
A crise é muito grande
De que eu tenho conhecimento…
VI
Aqueles que não nomeio
Peço a todos paciência
Nós sabemos que ajudaram
E que ainda tem existência…
VII
Consta que António Matreno
Alguma coisa também fez
Foi membro da Sociedade
E foi membro mais que uma vez.
VIII
Não esqueçam o José Amaro
Que mais prestável não há
Para festas e para bailes
José Amaro sempre cá está.
IX
Foi membro da Sociedade
Juntou-se com amigo seu
Era o amigo que fazia a escrita
Era o senhor Mário Pompeu…
X
Esteve antes seu cunhado Luiz
Que deu a tudo muita atenção
Melhor na terra não havia
Em muita ocasião…
XI
Para tudo era o Luiz
Mesmo assim mesmo é que é
Para arruinar a Sociedade
Estabeleceu-se com novo café…
XII
Pois esteve na Sociedade
Fez ele o que pôde fazer
Entendeu que devia sair
E ainda poderá pertencer…
XIII
Aida esteve outro homem
Que era de algum respeito
Era o Manuel Dias Gonçalves
Que queria tudo com bom jeito…
XIV
Há pois vivos e mortos
Que estão na nomeada
O senhor José sapateiro
Na filarmónica e teatro
executava.
XV
Não esqueçam pois o Mota
Que era da mesma condição
Era para tudo chamado
Com boa disposição…
XVI
Pois então o senhor Estevam
E os seus familiares
Era de grande valor
Para ajudar era aos pares…
XVII
Tudo se vai acabando
É pois de grande pano
Não esqueçam um influente
O senhor Felicíssimo Caetano.
XVIII
Ainda houve boa gente
Que gostava de cerveja
Era chamada para tudo
Para teatro e obras de Igreja…
IXX
Foi o senhor Abílio Martins
Homem de grande consideração
Para tudo era o senhor Abílio
Em muita ocasião…
XX
Tudo tem o seu fim
E tudo tem que acabar
O senhor Abílio no final
Estava para desnortear.
XXI
Teve cá ele um irmão
Que a todos estimava
Era chamado sempre
Porque ao povo ele amava.
XXII
Era o senhor Carlos Martins
Um homem de grande valor
Foi bom para todos
Porque tinha ao seu grande povo grande amor.
XXIII
Não esqueçam agora
O que um amigo praticou
O senhor Manuel Correia
Boa música executou.
XXIV
Eram todos uns bons homens
e não foram pois á carqueja
faleceu o senhor António Mota
era para tudo ir para a Igreja…
XXV
Também esteve Manuel Matreno
Que foi um incansável
Hoje ele já não pode
Era um coração amorável.
XXVI
Esteve também José Martins
Que era um pouco acanhado
Fez também o que pôde
Apesar de não ser desembaraçado.
XXVII
Agora a nova gerência
O senhor Ferreira e Abílio Vieira
Vão fazendo o que podem
Pela melhor maneira…
XXVIII
Há também uns rapazes novos
Que na Sociedade vão trabalhar
É José Fernando e Artur
Para a Sociedade conservar…
IXXX
Há também Victor Coelho e Júlio
É alguma coisa ajudarão
Todos fazem a diligência
Porque tem bom coração.
XXX
Ainda pois esteve outro
Na colectividade passava
Era o senhor Francisco Páscoa
Que algum serviço executava.
XXXI
Todos se estão a enfadar
E gora para tudo seguir
O José ferreira e Luís Vieira
Nenhum deles se deixa despedir…
XXXII
E a d. Maria Estela
Também com sua cunhada
Carlos e José Luís
Para a casa ser equilibrada.
XXXIII
Todos fazem o que podem
Com mais ou menos vontade
Os antigos estão velhos
Venha toda a mocidade.
XXXIV
Haja coragem e alegria
Mesmo que apareça um tomante
Para tudo seguir em bem
Nem que apareça um tratante.
XXXV
Todos têm direito á vida
Mas nunca a prejudicar
Haja bom coração
Para a nossa casa não fechar…
XXXVI
Julgo não esquecer nada
Mesmo o pessoal do teatro
E rapazes e raparigas
Que merecem um bom trato.
XXXVII
Pois causa grande tristeza
Este grande arrefecimento
Era bom não desanimar
Porque á gente com conhecimento.
XXXVIII
Deixem-se pois de partidas
E haja muita coragem
Vão com diligência
Para não haver uma aragem.
IXL
Também algumas vezes
Valério e Humberta vão ajudar
Para manter a casa aberta
E algum café se empinar.
XL
Aida a pouco aqui veio
De uma certa maneira
Um bom teatro foi apresentado
Pelo pessoal da ribeira.
XLI
Foi teatro e filarmónica
Para uma grande garotada
Fizeram todos bom serviço
E sua arte foi apresentada…
XLII
Ponham os olhos naqueles rapazes
E vejam o que todos fizeram
Vinham belas raparigas
E da ribeira todos vieram.
XLIII
Foram todos bem recebidos
Era tudo com satisfação
Era a grande alegria
De tarde e serão…
XLIV
Também um grande amigo
Vinha com satisfação
Era o nosso conterrâneo
O senhor padre João.
XLV
Agradecera ao senhor Luís
Que foi amigo do coração
Foi ele da iniciativa
De trazer o pessoal na ocasião.
XLVI
Tudo precisa de sacrifícios
Tudo precisa de condição
Haja coragem e amizade
Para melhor disposição.
XLVII
Há cousas que merecem atenção
E falo desta maneira
Trabalhava ali com coragem
Sua mulher e José M. ferreira.
XLVIII
Desempenharam ali o seu lugar
É ele e foi seu irmão
O Luís ganhão também ali ajudou
Em muita ocasião…
IL
Na altura se pouco ajudava
Tem que se desculpar
Tinha a vida ocupada
Porque era militar…
L
Para tudo se quer coragem
E um bom andamento
O Luís fez o que pôde
do que tinha conhecimento.
LI
Portanto mãos á obra
Não devem deixar morrer
Tudo tem sacrifícios
Para todos se entender.
LII
Seja Manuel ou José
António ou José Fernando
Victor Coelho, Artur e Júlio
E que haja gente de mando.
LIII
Portanto não se arrependam
Vão todos para a frente
Rapazes e raparigas
Pois é tudo boa gente.
LIV
Se a rapariga é boa
E alguém é artista
Também veio o Silvério
E o Júlio Tractorista.
LV
Também está o senhor Isidro
Que alguma cousa vai fazendo
Para entreter o pagode
Para melhores dias se ir vivendo
LVI
Cinismo e resignação
Pouco disto é preciso
Auxiliem a Sociedade
É tudo o que eu lhe digo.
LVII
Há terras que muito fazem
E com menos auxiliares
A nossa com coragem
Muito faziam sem azares.
LVIII
Dizem que vão começar obras
Oi que grande alegria
Com a ajuda de todos
Muita cousa se fazia.
ILX
Vamos pois ajudar
A quem tiver cabimento
Para melhor se passar
Da Sociedade para dentro.
LX
Eu não sou poetisa
E disso não pesco nada
Faço quadras quando calha
Mas não sou mais estimada.
LXI
Pois eu já estou velha
Já pouco posso ajudar
Não gosto de ser desconsiderada
E isto tudo tem que acabar…
LXII
As quadras é uma queda
Que vão sempre aparecendo
Ajuda a passar o tempo
Para melhores dias ir vivendo.
LXIII
Mostrando isto a alguém
Mas isto não são tretas
Disseram que eu merecia
Por estas boas gorjetas.
LXIV
Deiem-me pois atenção
E façam o que entender
Peço muita coragem
Para a gente poder viver.
LXV
Também esta na sociedade
Um homem de talento
Para substituir o pai
E não da importância ao seu tempo.
LXVI
Dai por ele esteja pouco tempo
Vai sempre ajudando
É o senhor Valério Mota
Que apresenta o seu mando.
LXVII
Esteve também na Sociedade
Um homem que muito fazia
Era o senhor Silvério
Que nos dava alegria.
LXVIII
Já me ia a esquecer
E falo mesmo assim
Foi Manuel Mendes no teatro
E o velhote Valentim.
ILXX
O senhor Silvério era recto
Queria ali algum respeito
Tratava a todos bem
Falo assim deste jeito.
LXX
Houve muito mais pessoal
Que na casa trabalhara
Não os posso nomear a todos
Porque agora não me lembrara.
LXXI
Foram rapazes e raparigas
Que bom serviço executaram
Desempenharam sua missão
E na casa trabalharam.
LXXII
Eu peço desculpa a todos
E a todos em geral
Por eu fazer quadras
A ninguém deve parecer mal.
LXXIII
Vi pessoas muito antigas
Que me chegam as lágrimas aos olhos
Por se lembrarem do pouco feno
E das horas gastas faziam molhos.
LXXIV
Tudo tem a sua crise
E tudo quer animação
Haja coragem e paciência
Para na casa se passar um bom serão.
LXXV
Se todos se unissem
Era uma grande alegria
Com coragem e disposição
Muita coisa se fazia.
LXXVI
Sou comerciante de á anos
Até me causa pavor
A mim não me ligam meia
É essa a maior dor.
LXXVII
Esteve também outro sujeito
Com certa atenção
Foi o senhor José melro
Que alguma cousa fez com distinção.
LXXVIII
Agora vieram novos rapazes
Para ajudar a sociedade
É tudo malta nova
É da nossa mocidade.
ILXXX
É um filho do Luís Matreno
Que gosta de passar o tempo
Mas pouco tempo esteve na Sociedade
De portas para dentro…
LXXX
Tudo quer animação
Não foi só no tempo dos Costas
Os sócios querem boa gerência
Para novamente pagar as cotas.
LXXXI
Não esqueçam ainda outro
Que também é artista
É um rapaz muito sério
Que é o filho do tractorista.
LXXXII
Não ficam pois por aqui
O que estou a relatar
Apareceu outro mais revolucionário
Que também quer ajudar.
LXXXIII
Não digo que seja mau rapaz
Esta sempre a fazer chacota
É o Victor do José Amaro
Que gosta de jogar a batota.
LXXXIV
Tudo quer atenção
E o respeito devem apresentar
Porque quem vai á sociedade
Alguma cousa vai ajudar.
LXXXV
Não é só brincadeira
E as vezes a chacotear
Porque á pessoas que lá vão
Que se costumaram a chatear.
LXXXVI
Vi ali algumas meninas
E alguma rapaziada
Quando fregueses lá vão
Começam logo na risada.
LXXXVII
Tenham pois paciência
Não façam mangação
Ninguém precisa de se chatear
Em nenhuma ocasião.
LXXXVIII
A Sociedade precisa sempre
De bons rapazes e de coragem
Que tratem todos com amor
E com boa camaradagem.
IXC
Dizem que eu faço quadras
E quadras costumo a fazer
Não esqueçam Clarinha Vieira
Que muito tem ajudado a entreter.
XC
Para tudo se precisa de sorte
E muita amabilidade
Não devem atentar os idosos
Deve haver caridade.
XCI
A caridade é uma jóia
Que sempre se deve usar
Quem não quer ter caridade
Deste mundo pode marchar.
XCII
Tudo quer atenção
E tudo quer respeito
Deixamos pois a brincadeira
Andem sempre com respeito.
XCIII
Pois a gente ser pobre
É um azar que aparece
Poderá haver respeito
Porque a pessoa também merece.
XCIV
Não devem esquecer
A mocidade nova do teatro
Eduarda, Teresa, Margarida e Amaro
Fazerem com alegria e bom trato.
XCV
Por agora já chega
Para minha ideia apresentar
Trabalharam com amor
Para bom serviço executar.
XCVI
Falo assim com mágoa
E falo assim deste jeito
Á também alguns de fora
Que deviam usar respeito.
XCVII
Já fui nova hoje sou velha
Merecia mais consideração
Olham-me com desapreço
Em muita ocasião.
XCVIII
Eu se entro na casa
Sempre vou auxiliar
Pois se lá não me querem
Devem-me participar.
IC
A malta nova não é má
São ás vezes atenciosos
Não devia haver reinação
Mas também são zelosos.
C
Desculpem o meu desafogo
Queiram desculpar a minha condição
Pois todos os fregueses
Merecem muita atenção.
CI
Vi pois muitas donzelas
Que á casa tem muita atenção
Clotilde josezinha e mais
E a Maria da Conceição.
CII
Agora o pessoal novo
Que já esta presente
Não esqueçam Lui Bento
Que é filho de boa gente.
CIII
José Carlos e Margarida
Victor Coelho e Clara Vieira
Peralta e Carlos Vieira
E Clara Santos com boa maneira.
CIV
A irmã do Luís não fica atrás
O Artur e José M. Ferreira
A Estela e a Fernanda
Dão atenção de boa maneira.
CV
Todos fazem o que podem
De dia e serão
Haja muita vontade
E a boa condição.
CVI
É pois muito triste
Não haver boa vontade
Ganhem ânimo e coragem
Os velhos e a mocidade.
CVII
Vão pedindo pois a deus
E a todos os Santinhos
Que dêem a todos coragem
Para serem melhorzinhos.
CVIII
Que haja animação
E muita paciência
E todos mãos á obra
Com grande resistência.
CIX
O principal me esqueceu de nomear
E sem nenhum azar
Devia nomear um grande amigo
Que nos anda a ajudar.
CX
Tem sido um incansável
É o Abílio Vieira mesmo sempre
Dêem-lhe muita coragem
E ajudem porque o povo ainda não sente.
CXI
É um homem que faz falta
Que á nossa terra convém
Vejam se o animam
Que é dos melhores que a gente tem.
CXII
Muita coragem e ânimo
Para ele não desanimar
O senhor Abílio faz falta
E deve continuar.
CXIII
Vejam se ele não sai
Vila do Paço fica sem valor
Não á pessoa fixe
Que vá falar com um doutor.
CXIV
Conservem as caras antigas
Que conhecem o andamento
Para não meter caras novas
De portas para dentro.
CXV
Os rapazes que se reúnam
E vão pedir ao Abílio Vieira
Para não voltar as costas
Todos têm inimigos e não é brincadeira.
CXVI
Não o deixem sair
Haja coragem e consideração
O Abílio é cá preciso
Em toda a ocasião.
CXVII
Para hoje já chega
A dar minha opinião
Tenho frequentado pouco a casa
Porque não é minha condição.
CXVIII
Coragem é que é preciso
Para tudo andar pra frente
Acabem com as obras
Para haver boa gente…
i Este livro foi copilado por mim Fausto Manuel Martins Mota de um livro que minha prima Guilhermina Vieira Mota me deixou e que foi escrito a pedido do Sr. Abílio Vieira que era residente em Vargos. Trata-se pois de várias quadras que contam um pouco da vida de Dirigentes e pessoas que passaram pela Sociedade Filarmónica e Recreativa de Vila do Paço. Os meus agradecimentos a ela por nos ter deixado estas lindas quadras. A publicação pública ou cópia não esta autorizada por mim assim como a divulgação da mesma em público.