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Colegiado de Desenvolvimento Territorial do Alto Paraguai
PLANO TERRITORIAL DE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL
Território Rural de Identidade do Alto Paraguai
Trabalho resultante da elaboração do Plano Territorial de
Desenvolvimento Rural Sustentável assumido como referencial
do desenvolvimento territorial, realizado pelo Instituto
Samaritano de Políticas Públicas Albert Schweitzer (ISPP), com
o apoio do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA),
Através da Secretaria De Desenvolvimento Territorial (SDT).
CUIABÁ MATO GROSSO
2010
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REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO SECRETARIA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL
PRESIDENTE DA REPÚBLICA
Luís Inácio Lula Da Silva
MINISTRO DE ESTADO DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO
Guilherme Cassel
SECRETÁRIO DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL
Humberto Oliveira
DEPARTAMENTO DE AÇÕES DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL
Fernanda Costa Corezola
DELEGADO FEDERAL DO DESENVOLVIMENTO AGRÁRIO
EM MATO GROSSO
Dieter Metzner
ARTICULADORA REGIONAL SDT/MDA
Ervanda Timm
ARTICULADOR ESTADUAL SDT/MDA
Vitor Hugo Garbin
ASSESSORA TERRITORIAL DO ALTO PARAGUAI
Vanessa de Souza Ribeiro
INSTITUTO SAMARITANO DE POLÍTICAS PÚBLICAS ALBERT SCHWEITZER
Márcia Andrades dos Anjos
ACÁCIA CONSULTORIA EM AGRICULTURA FAMILIAR
Medson Janer da Silva
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RESUMO
O PTDRS apresentado neste documento está referenciado nas diretrizes gerais
da estratégia de intervenção territorial concebida pela SDT, que tem como pressuposto a
gestão social dos Territórios com vista o alcance das seguintes áreas de resultados:
Fortalecimento da Gestão Social, Fortalecimento das redes Sociais de Cooperação,
Dinamização Econômica nos Territórios Rurais e Articulação de Políticas Públicas.
Estes resultados estão preconizados em três grandes momentos, a saber, a
Sensibilização, Mobilização e Articulação; Gestão e Planejamento do Desenvolvimento
Territorial e a Implementação de Projetos, Controle e Avaliação. Os trabalhos para
construção do PTDRS tiveram inicio em julho de 2010, com uma Oficina de
Nivelamento Conceitual, seguida de outras Oficinas, encontros técnicos, reuniões e
visitas a campo. O Território é composto por 14 municípios com suas identidades
semelhantes, no que tange ao perfil da agricultura familiar. Sendo concluído em sua
primeira versão em novembro de 2010. O Colegiado do Território foi constituído em
julho de 2009 e conta com 40 conselheiros, sendo 20 da sociedade civil organizada e 20
conselheiros dos órgãos governamentais, com as câmaras técnicas e Núcleo Diretivo,
além das entidades parceiras que contam em número de 11 instituições. Durante o
período de julho a dezembro de 2010, foram trabalhados os diagnósticos participativos
junto ao colegiado e se estendeu através dele as comunidades rurais do Território.
Também foram construídos os eixos de desenvolvimento e programas e projetos para o
Território do Alto Paraguai.
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GLOSSÁRIO
AMM - Associação Mato-Grossense dos Municípios
BR – Rodovia Federal
CIDES-ARP – Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico e Social
CIRETRAN – Circunscisão Regional de Trânsito
CONDRAF – Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável
DDD – Discagem Direta a Distância
DDI – Discagem Direta Internacional
DRP – Diagnóstico Rápido Participativo
DT – Desenvolvimento Territorial
EMATER - Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMPAER – Empresa Mato-grossense de Pesquisa e extenção Rural
FLV – Frutas, Legumes e Verduras
FOFA – Fortalezas, Oportunidades, Fraquezas e Ameaças
FUNAI – Fundação Nacional do Índio
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS – Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IDH – Índice de Desenvolvimento Humano
INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INDEA – Instituto de Defesa Agropecuária
INTERMAT – Instituto de Terras do Mato Grosso
ISAMU - Inland South American Missionary Union
ISPP - Instituto Samaritano de Políticas Públicas Albert Schweitzer
MDA –Ministério do Desenvolvimento Agrário
MT – Mato Grosso
ND – Núcleo Diretivo
NT - Núcleo Técnico
PA – Projeto de Assentamento
PROBOR – Programa de Incentivo à Produção de Borracha Natural
PRONAT – Programa Nacional de Desenvolvimento dos Territórios Rurais
PTDRS – Plano Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentado
SDT - Secretaria de Desenvolvimento Territorial
SECITEC – Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia
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SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente
SEPLAN-MT – Secretaria de Estado do Planejamento de Mato Grosso
SIR – Sistemas de Informações Rurais do INCRA
SIT – Sistema de Informações Territoriais
SITA- Sociedade Imobiliária Tupã
SP – São Paulo
SPI - Serviço de Proteção ao Índio
STTR – Sindicato dos Trabalhadores Rurais
SUDAM - Superintendência de Desenvolvimento da Amazônia
UNEMAT - Universidade Estadual de Mato Grosso
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LISTA DE QUADROS Quadro 1. Estratégia Metodológica de Apoio à Elaboração do PTDRS. Quadro 2. Pontos Fortes e Oportunidades do Território do Alto Paraguai (2010) Quadro 3. Pontos Fracos e Ameaças do Território do Alto Paraguai (2010). Quadro 4. Visão de Futuro do Território do Alto Paraguai – Programas e as Ações
Propositivas. Quadro 5. Visão de Futuro do Território do Alto Paraguai – Projetos Quadro 6. Composição do Colegiado Territorial do Alto Paraguai em Julho 2009. Quadro 7. Composição do Núcleo Diretivo do Alto Paraguai (2010). Quadro 8. Composição do Núcleo Técnico (2010). Quadro 9. Entidades Parceiras (2010).
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Ano de Fundação e Distância da Capital Matogrossense nos Municípios que
formam o Território do Alto Paraguai. Tabela 2. Evolução populacional nos Municípios que formam o Território do Alto
Paraguai entre 2000 e 2009. Tabela 3. Índice de Desenvolvimento Humano de Educação e Renda de 1991 e 2000
nos Municípios que formam o Território do Alto Paraguai. Tabela 4. Índice de Desenvolvimento Humano de Longevidade e Municipal de 1991 e
2000 nos Municípios que formam o Território do Alto Paraguai. Tabela 5. Alunos Matriculados na Educação Infantil no nos Municípios que formam o
Território do Alto Paraguai. Tabela 6. Alunos Matriculados no Ensino Fundamental nos Municípios que formam o
Território do Alto Paraguai. Tabela 7. Alunos Matriculados no Ensino Médio nos Municípios que formam o
Território do Alto Paraguai. Tabela 8. Distribuição populacional entre as zonas Rural e Urbana nos Municípios
que formam o Território do Alto Paraguai. Tabela 9. Percentual de Urbanização e Ruralidade nos Municípios que formam o
Território Alto Paraguai. Tabela 10. Relação entre a População Urbana e o número de Trabalhadores nas
Empresas Formais nos Municípios que formam o Território de Alto Paraguai.
Tabela 11. Produção das principais atividades pecuárias do Território do Alto Paraguai.`
Tabela 12. Produção das principais atividades agrícolas e extrativistas permanentes do Território do Alto Paraguai.
Tabela 13. Produção das principais atividades agrícolas temporárias do Território do Alto Paraguai.
Tabela 14. Valores das Receitas Orçamentárias e Transferências de Capital da União e do Governo do Estado para os Municípios que formam o Território do Alto Paraguai.
Tabela 15. Capacidade de Famílias e Famílias assentadas por Projeto de Assentamento nos Municípios que formam o Território do Alto Paraguai.
Tabela 16. Comunidades Quilombolas nos Municípios que formam o Território do Alto Paraguai.
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Tabela 17. Nome, área, etnia, população e situação jurídica atual dos Territórios Indígenas nos Municípios que formam o Território Alto Paraguai.
LISTA DE FIGURA
Figura 1. Metodologia e Fluxograma da Gestão Social do Desenvolvimento
Territorial Figura 2. Mapa do Território de Identidade do Alto Paraguai
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SUMÁRIO
1. APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 10
3.1 CONFIGURAÇÃO ESPACIAL ........................................................................... 13
3.2. HISTÓRICO TERRITORIAL ............................................................................. 14
3.3. LEVANTAMENTO DE DADOS SECUNDÁRIOS .......................................... 17
3.3.1. Histórico dos Municípios do Território do Alto Paraguai. ........................... 17
3.3.2. Dados Populacionais do Território do Alto Paraguai. .................................. 36
3.3.3. Análise da Arrecadação, Receita em Relação a sua Transferência do Território do Alto Paraguai. ......................................................................... 42
3.3.4. Análise sistêmica dos principais subsistemas produtivos ............................. 46
3.3.5. Assentamentos Rurais do Território do Alto Paraguai. ................................ 55
3.3.6. Comunidades Quilombolas do Território do Alto Paraguai. ........................ 56
3.3.7. Comunidades Índigenas do Território do Alto Paraguai. ............................. 57
3.4. LEVANTAMENTO DE DADOS PRIMÁRIOS ................................................ 59
4. VISÃO DE FUTURO ................................................................................................. 61
5. EIXOS AGLUTINADORES, PROGRAMAS E PROJETOS ................................... 64
6. PROPOSTA DE GESTÃO DO PLANO TERRITORIAL ......................................... 68
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 71
8. BIBLIOGRAFIA REFERENCIAL ............................................................................ 74
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1. APRESENTAÇÃO
O presente documento é resultado do processo de qualificação do Plano
Territorial de Desenvolvimento Rural Sustentável do Território de Identidade do Alto
Paraguai realizado no segundo semestre de 2010. Este processo foi alicerçado em ampla
participação dos atores sociais populares e institucionais, através de eventos territoriais
do colegiado e de grupos temáticos (jovens e dinamização econômica).
Além dos dados secundários do diagnóstico, sistematizaram-se informações
primárias coletadas a partir dos atores sociais. Partindo de uma visão de futuro
compartilhada, o PTDRS aborda diversos eixos aglutinadores, alicerçado em elementos
de contexto atual, propõem estratégias e aponta possíveis ações articuladas (programas e
projetos).
A qualificação operacional e a coordenação da execução do PTDRS cabem ao
Colegiado Territorial do Alto Paraguai em apoio à gestão social do Programa de
Desenvolvimento Sustentável dos Territórios Rurais do Mato Grosso.
A maneira como a metodologia da gestão social será implementada está
descrita na figura abaixo, destacando os principais momentos e espaços da estratégia
definida pelo Colegiado Territorial.
Figura 1. Metodologia e Fluxograma da Gestão Social do Desenvolvimento Territorial
PLANEJAMENTO PARTICIPATIVO
COORDENAÇÃO DEMOCRÁTICA
CONTROLE SOCIAL TRANSPARENTE
EXECUÇÃO E MONITORAMENTO
AVALIAÇÃO E REPLANEJAMENTO
VISÃO DE FUTURO COMPARTILHADA
DIAGNÓSTICO DA REALIDADE
PLANIFICAÇÃO DO PTDRS
PLENÁRIA TERRITORIAL, NÚCLEO DIRETIVO E TÉNICO,
CÂMARAS TEMÁTICAS
IMPLEMENTAÇÃO DE PARCERIAS PARA EXECUÇÃO
DE PROJETOS
ARTICULAÇÃO DE PROGRAMAS, PROJETOS E AÇÕES CONJUNTAS.
SOCIALIZAÇÃO DAS INFORMAÇÕES
GESTÃO SOCIAL DO DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL PELO
COLEGIADO TERRITORIAL
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2. INTRODUÇÃO
O Governo Federal ao propor uma política de desenvolvimento rural sustentável
com enfoque na estratégia territorial tem como embasamento as reivindicações
históricas das organizações da sociedade civil e setores públicos por um modelo de
desenvolvimento que correspondam às diversas necessidades da realidade brasileira,
haja vista que o modelo de desenvolvimento prevalecente não tem atendido as
expectativas da execução eficaz das políticas públicas. Assim sendo, criou-se a SDT no
âmbito do MDA, para coordenar o processo de desenvolvimento territorial.
Na realização das ações de fortalecimento do desenvolvimento sustentável,
tendo os Territórios rurais como espaço de protagonismo, planejamento e gestão social
de políticas públicas foi concebido o Programa Nacional de Desenvolvimento
Sustentável de Territórios Rurais (PRONAT) que dentre outros aspectos apóia o
processo de construção da ferramenta norteadora da gestão compartilhada de políticas
públicas e interação planejada dos diversos atores públicos, sociais e econômicos do
Território. O PTDRS contempla as vocações e estratégias priorizadas pelos atores
territoriais, com vista a promover alterações significativas na realidade local.
O PTDRS apresentado neste documento está referenciado nas diretrizes gerais
da estratégia de intervenção territorial concebida pela SDT, que tem como pressuposto
básico a gestão social do Território com ênfase no alcance dos seguintes resultados:
a) Fortalecimento da Gestão Social – ampliação da capacidade dos atores sociais
em gerirem de forma pactuada os rumos do desenvolvimento territorial,
construindo mecanismos participativos de controle social;
b) Fortalecimento das redes Sociais de Cooperação - ampliação do nível de
organização, confiança e cooperação da sociedade, fortalecendo a identidade
territorial;
c) Dinamização Econômica nos Territórios Rurais – fortalecimento dos
sistemas e redes produtivas locais formadas por agricultores familiares,
ampliando a agregação de valor nos Territórios;
d) Articulação de Políticas Públicas – integrar políticas e programas públicos
com foco na realidade territorial, fortalecendo as institucionalidades territoriais.
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Estes componentes têm como principais objetivos desenvolver, entre os atores
sociais do Território, a visão estratégica e sistêmica fundamental ao fortalecimento da
capacidade de coordenar os processos de gestão participativa no Território.
O desafio do processo de planejamento do desenvolvimento territorial rural
sustentável é possibilitar que as ações propostas possam, a cada ciclo, torná-lo cada vez
mais participativo, integrado e sistêmico.
A estratégia metodológica de apoio à elaboração do PTDRS (Quadro 1) foi
precedida por um ciclo de eventos visando à sensibilização e mobilização dos atores
sociais para a implementação do desenvolvimento territorial. A SDT/MDA propiciou
momentos de discussão didático-pedagógicos no Território, que culminaram com a
constituição do Conselho Territorial, Núcleo Diretivo e Núcleo Técnico. Além de ter
possibilitado a sensibilização, mobilização e articulação de atores públicos e sociais no
processo de construção participativo do PTDRS.
Quadro 1. Estratégia metodológica de apoio à elaboração do PTDRS.
MOMENTOS I – PREPARAÇÃO DA AMBIÊNCIA DE PLANEJAMENTO
II – CONSTRUÇÃO DO DIAGNÓSTICO TERRITORIAL
III- ELABORAÇÃO DO PTDRS (EIXOS, PROGRAMAS,
PROJETOS E GESTÃO)
PERÍODO JULHO A AGOSTO DE 2010
AGOSTO A SETEMBRO DE 2010
AGOSTO A NOVEMBRO DE 2010
ATIVIDADES a) Sensibilização e Mobilização dos atores estaduais e territoriais; b) Preparação de equipe técnica territorial de apoio.
a) Debate no Colegiado Territorial; b) Levantamento de dados primários; c) Levantamento de dados secundários; d) Sistematização das contribuições e Preparação do Planejamento.
a) Debate Territorial para conclusão da Versão preliminar do PTDRS; b) Finalização do PTDRS.
MECANISMOS DE EXECUÇÃO
a) Oficina Estadual; b) Reuniões, Rede de Comunicação.
a) Evento de Diagnóstico Territorial; b) Aplicação do FOFA e DRP; c) Trabalho de escritório.
a) Evento Territorial de Validação do PTDRS; b) Trabalho de escritório.
PRODUTOS a) Acordos e agendas territoriais estabelecidas; b) Grupos de Trabalho Territorial de apoio ao PTDRS nivelados e formados; c) Atores sociais sensibilizados e mobilizados para o planejamento territorial.
a) 1ª versão do Diagnóstico Territorial Participativo; b) Relatório das informações da realidade territorial; c) Versão preliminar do Diagnóstico dos dados secundários; d) Versão da síntese do Diagnóstico Final para o Colegiado.
a) Documento validado pelo Colegiado; b) Versão final PTDRS e entrega à SDT/MDA.
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3. DIAGNÓSTICO TERRITORIAL
3.1 CONFIGURAÇÃO ESPACIAL
O Território do Alto Paraguai é formado por 14 municípios, a maioria situado
na cabeceira do Rio Paraguai que está na microrregião Centro-Oeste do Mato Grosso.
No conjunto do Território vivem cerca de 240 mil habitantes ou cerca de 8% da
população total do Mato Grosso. O Território Rural do Alto Paraguai tem sua
polarização em dois municípios - Tangará da Serra e Diamantino. O Território foi
largamente palmilhado por garimpeiros à procura de pedras preciosas e ouro. Sua
história está ligada a Diamantino desde 1728. Terminado o ciclo do ouro e do diamante
no século passado, restaram apenas sítios e fazendas que exploravam principalmente a
poaia e a seringueira, além de culturas de subsistência. Novo ciclo garimpeiro se iniciou
em 1938, com o Garimpo do Gatinho, entre outros.
A Tabela 1 apresenta todos os municípios, bem como a distância para a capital e
o seu ano de fundação/emancipação e a Figura 2 o mapa onde situa o Território e seus
municípios no Estado do Mato Grosso.
Tabela 1. Ano de Fundação e Distância da Capital Mato-grossense nos Municípios que formam o Território do Alto Paraguai.
Município Ano de Fundação/ Emancipação
Distância para Cuiabá (Km)
1 – Alto Paraguai 1953 219
2 – Arenápolis 1953 251 3 – Barra do Bugres 1943 169 4 - Campo Novo do Parecis 1988 397 5 – Denise 1982 208 6 – Diamantino 1728 193 7 – Nortelândia 1953 254 8 – Nova Marilândia 1991 274 9 – Nova Maringá 1991 377 10 – Nova Olímpia 1986 207 11 – Porto Estrela 1991 198 12 – Santo Afonso 1991 266 13 – São José do Rio Claro 1981 300 14 – Tangará da Serra 1976 242 Fonte: Associação Matogrossense dos Municípios – AMM, 2007.
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Figura 2 - Mapa do Território de Identidade do Alto Paraguai
3.2. HISTÓRICO TERRITORIAL
Inicialmente o interesse dos bandeirantes paulistas que adentraram na região
era exatamente a captura de índios e mercadorias abundante na região, para sua
posterior comercialização nos mercados de São Paulo. Ocorreu que, em 1719, membros
da expedição de Pascoal Moreira Cabral, ao descobrirem algumas pepitas de ouro nas
denominadas Minas de Cuiabá, pertencentes na época à Capitania de São Paulo e Minas
de Ouro, iniciaram o ciclo de exploração das minas no Território mato-grossense.
Posteriormente, a grande divulgação da descoberta das "Lavras do Sutil", em
1722, efetuada pela bandeira de Miguel Sutil, que aportara em Cuiabá com o objetivo de
se dedicar à agricultura, fez com que a migração oriunda de todas as partes da colônia se
tornasse muito intensa, fato que tornaria Cuiabá, no período de 1722 a 1726, uma das
cidades mais populosas do País.
A ocupação do Território, que fora iniciada no século XVIII na porção Sul do
Estado, em decorrência das descobertas e do desenvolvimento das atividades de
mineração de ouro e diamante, durante o século XIX instalou-se, preferencialmente, nas
áreas do Pantanal Mato-grossense e nas Depressões do Alto Paraguai, Cuiabana e
Guaporé, regiões no domínio do Cerrado com presença expressiva da Floresta
Estacional e de ambientes transicionais (SEPLAN-MT, 2002).
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Embora existam significativas discrepâncias relacionadas às datas de criação
dos municípios mais antigos, foi no período que se estende pelos séculos XVIII e XIX,
que ocorreu a criação de povoados como Cuiabá (1719), Vila Bela da Santíssima
Trindade (1737), Diamantino (1728), Cáceres (1778) e Poconé (1778). Além do
garimpo, a exploração da poaia (Cephaelis ipecacuanha A. Rich), planta possuidora de
propriedades eméticas, que ocorria em ambientes da Floresta Estacional, entre os rios
Paraguai e Guaporé, propiciou o desenvolvimento de Cáceres, além de condicionar o
surgimento de Barra do Bugres, às margens do Rio Paraguai (SEPLAN-MT, 2002).
Entretanto, esta região, além de fugaz mineração no alto Arinos no século
XVIII, só foi novamente atingida pelas frentes de expansão com o ciclo seringueiro da
segunda metade do século XIX. Mas até o início do século XX nada se sabia sobre a
região e os Manoki, que viviam em uma região que era ainda praticamente indevassada.
Entretanto, em 1907 o interesse governamental de defesa das fronteiras nacionais abriu
outra frente de penetração com a construção de uma linha telegráfica, projetada para
propiciar a comunicação de Cuiabá, Santo Antonio do Madeira (hoje Porto Velho), Acre
e Manaus com o restante do país.
A Linha Telegráfica Estratégica de Mato Grosso ao Amazonas, sob direção do
então Coronel Cândido Mariano Rondon, em 1907 já percorria o Território Pareci,
ultrapassando a cidade de Diamantino, norteando a linha pelos seringais que
começavam a pontilhar a região. Os trabalhos da linha foram acompanhados em 1910
pela criação do Serviço de Proteção aos Índios e Localização de Trabalhadores
Nacionais (SPI). O objetivo era promover a atração e pacificação dos índios hostis, sua
paulatina aculturação e integração na sociedade nacional através das colônias agrícolas,
onde seriam instalados junto aos sertanejos como trabalhadores braçais. É nesse
contexto regional que se iniciam as relações dos Manoki com a sociedade nacional.
Simultaneamente, ocorre também a partir da década de 70 uma mudança
radical nas atividades agrícolas, motivada, sobretudo pelo desenvolvimento das
pesquisas de culturas agrícolas adaptadas aos solos de Cerrado e, em especial, à criação
de cultivares de soja adaptados às condições climáticas do Estado. A cultura da soja e de
outros grãos, com moldes de manejo altamente mecanizados, ocupa hoje grande parte
do Território da região de Rondonópolis e Primavera do Leste (Planaltos Taquari/Alto
Araguaia e dos Guimarães), a Chapada e Planalto dos Parecis (Tangará da Serra,
Campos de Júlio, Sapezal, Campo Novo dos Parecis, Diamantino) e ao longo da rodovia
BR-163 (Sorriso, Tapurah, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum, Sinop), transformando
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radicalmente ambientes de Cerrado e de formações transicionais, avançando além dos
limites dos domínios florestais.
Outro ponto a ser considerado na ocupação deste Território foi à fundação da
Prelazia Diamantina em 1930, com sede na cidade de Diamantino, os jesuítas já faziam
incursões ao interior voltadas para a catequese indígena e sertaneja. Em 1946,
instalaram a Missão em Utiariti, na margem esquerda do rio Papagaio, com uma área de
8.200 hectares cedida à Prelazia Diamantina pelo Governo Estadual. Passaram a
disputar a atuação catequética com os missionários da ISAMU (Inland South American
Missionary Union, ali desde 1937).
Até então, os jesuítas encontravam pouca receptividade por parte dos índios e
mesmo dos empregados da linha telegráfica, que eram a maioria da população das
cercanias. Porém, a fase inaugurada com a mudança para Utiariti propiciou a
consolidação e expansão da missão indígena.
O sucesso que se observa no Posto Missionário relaciona-se diretamente o
terceiro ciclo da borracha do Mato Grosso. A segunda Guerra Mundial acarretou um
aumento da demanda por borracha no mercado internacional, estimulando a migração
de milhares de homens empobrecidos em sua região de origem, sobretudo do Nordeste,
os quais invadiram a floresta amazônica, pelo norte e pelo sul, atingindo locais antes
nunca explorados, como as matas equatoriais das bacias dos rios Papagaio, Sacre,
Sangue, Arinos, Juruena, Aripuanã, Roosevelt.
Atingindo os Territórios de grupos indígenas antes só marginal e
esporadicamente alcançados, essas frentes de expansão provocaram inúmeros pontos de
tensão e choques armados com os índios. As escaramuças genocidas e a difusão de
doenças letais, além de promover a crescente despopulação indígena, acentuaram os
conflitos inter-tribais, alguns pré-existentes, na medida em que as crescentes invasões
tendiam a deslocar os grupos para os Territórios de outros. Destaca-se a importância da
missão jesuítica na pacificação e no processo de inclusão social do índio das diversas
etnias na sociedade branca.
Segundo informações atuais do colegiado do Território, esta região tem uma
forte influência da monocultura de cana-de-açúcar e soja, presença de muitas usinas no
Território. Entretanto também possui um elevado número de assentamentos e
agricultores familiares, além da presença forte de etnias indígenas na região. Destaca de
que precisa uma presença mais ativa do Estado, com políticas públicas para setor da
agricultura familiar, reconhecem que devido à presença desta agricultura empresarial
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com uma ação muito ativa no Território, existem vantagens a ser consideradas, tais
como, de terem uma rede elétrica em condições de colocar agroindústria na maioria das
comunidades rurais, as estradas estão em condições de escoar as safras da agricultura
familiar. Destaca ainda, que necessita de uma aproximação mais efetiva da UNEMAT
para atender as necessidades de formação de técnicos mais contextualizados com as
necessidades da agricultura familiar, um sistema de saúde que atenda as necessidades
básicas das famílias de agricultores familiares no campo. Investir na organização da
produção local e um investimento no capital humano em capacitação de suas cadeias
produtivas. Destacando também, que um dos problemas do Território é a questão da
regularização ambiental dos assentamentos, o que tem inviabilizado o acesso ao crédito.
3.3. LEVANTAMENTO DE DADOS SECUNDÁRIOS O diagnóstico preliminar foi desenvolvido a partir de dados secundários junto a
órgãos oficiais estaduais e federais, como Instituto Brasileiro de Geográfica e Estatística
(IBGE), Ministério da Saúde, Ministério da Fazenda e Secretarias de Governo do
Estado de Mato Grosso. Consta de informações sobre o perfil demográfico do Território
do Alto Paraguai, indicadores socioeconômicos, aspectos quantitativos da produção
agropecuária e da agricultura familiar, além de informações sobre as demandas e ofertas
de políticas públicas orientadas para o desenvolvimento rural sustentável. A coleta de
dados secundários foi complementada pela análise de documentos e diagnósticos já
realizados sobre o Território com uma análise individual dos municípios.
3.3.1. Histórico dos Municípios do Território do Alto Paraguai.
A região que compreende o Território de Alto Paraguai foi largamente
palmilhada por garimpeiros à procura de pedras preciosas e ouro. Sua história está
ligada à Diamantino desde 1728. Terminado o ciclo do ouro e do diamante no século
passado, restaram sítios e fazendas apenas. Novo ciclo garimpeiro se iniciou em 1938,
com o Garimpo do Gatinho e outros mais. A corrutela garimpeira do Gatinho ganhou
esse apelido devido às freqüentes visitas de um pequeno felino (onça ou jaguatirica),
junto ao córrego trabalhado pelos garimpeiros. Em torno do garimpo do Gatinho ficava
a Fazenda Velha de Teodomiro Agripino, a fazenda da família Mendes e o garimpo do
Come Feito. Gatinho cresceu mais ainda com a descoberta dos ricos monchões de
Espinhal, Várzea Bonita, Afonsinho e São Pedro. O Decreto Lei nº 687, de setembro de
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1945, desapropriou área de 3.600 hectares da Fazenda Varzearia para o Patrimônio do
Gatinho. Em 17 de novembro de 1948, pela Lei nº 193, foi criado o Distrito de Paz, com
a denominação de Alto Paraguai. A alteração do nome deveu-se ao fato do município
abrigar em seu Território as nascentes do Rio Paraguai. O município de Alto Paraguai
foi criado em 16 de dezembro de 1953, pela Lei nº 709. (www.portalmunicipal.org.br).
3.3.1.2. Município de Arenápolis
Paralelamente a ocupação pelos Nortistas e Nordestinos da região de
Diamantino que flanqueia a Leste do Rio Santana, ensejando-lhe o desenvolvimento da
indústria extrativa do diamante, até a conquista da autonomia administrativa, sob a
denominação de Nortelândia, outros indivíduos de igual procedência transpunham
aquele Rio penetrando o Território de Barra do Bugres. Conta-se que, Francisco
Magalhães, José Domingos, Mário Fraga, Miguel “Maranhense”, e Marcos “Baiano”
foram os primeiros a devassar a região vicinal da margem direita do Santana, abaixo da
confluência do Ribeirão Areias, ali descobrindo formações extremamente favoráveis à
ocorrência do diamante. Perseverantemente, iniciaram o desmonte do cascalho
promissor e, sem surpresa, bateram as primeiras gemas, à margem do Ribeirão Areias,
por volta de 1940. Propalada a descoberta, afluíram de improviso novos garimpeiros,
estabelecendo-se o início de um povoado, a que denominaram de “AREIAS”, por
sugestão da vizinhança do Rio igual nome. Aos poucos, foi o povoado ordenando e
melhorando suas construções, surgindo as primeiras ruas. Os agricultores, entrementes,
semeiam as primeiras roças pelas redondezas, como que obrigando o povoado à
estabilização. Em 1950, ergueu a primeira Capela, por iniciativa de Udelson Pereira dos
Santos, sob a invocação do Senhor Bom Jesus da Lapa. Em 1954, por iniciativa do
mesmo, foi demolida a primitiva Capela, e construída outra, mais ampla e aprimorada.
Em 1953, o povoado de Areias, definitivamente consolidado, transformara-se em centro
econômico depreciável importância no Município de Barra do Bugres. A Lei Estadual
nº 704, de 15-12-1953, cria o Município de Arenápolis, com Território desmembrado do
Município de Barra do Bugres. A mesma Lei determinou que a Sede Municipal fosse
estabelecida na povoação de “AREIAS”, que passa a ser denominada Arenápolis, com
foros de Cidade, sendo que, seus limites foram retificados pela Lei nº 370, de 31-06-
1954. Hoje, o Município de Arenápolis é ocupado em sua maioria por grandes
pecuaristas, que estão implantando na região importantes pastagens artificiais, fazendo-
se com que a sua base econômica venha a ser a Pecuária. É de se notar que, os
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pecuaristas não aceitam de nenhuma maneira a penetração de garimpeiros nas suas
propriedades. A extração mineral ficou redundada em segundo plano. Os Distritos de
Marilândia e Santo Afonso que compões o Município de Arenápolis foram criados
respectivamente pelas Leis nºs 2069 e 3785, de 14-12-1963 e 30-09-1976. (Biblioteca
do IBGE - Site: w.w.w.biblioteca.ibge.gov.br).
3.3.1.3. Município de Barra do Bugres
Antigo distrito de Cáceres, a história do povoamento de Barra do Bugres está
intimamente ligado à aquele município, que teve inicio com as penetrações levadas a
efeito no rio Paraguai pelas primeiras bandeiras que subiram o grande rio até suas
cabeceiras e posteriormente, a fundação de Vila Maria, que iniciou efetivamente o
povoado da extensa zona que compreendia aquela parte da capitania de Mato Grosso e
Cuiabá. Caceres evoluiu freneticamente, graças aos cuidados que lhe dispensou o
Capitão General Luiz de Albuquerque de Melo Pereira e Caceres 4º Governador da
Capitania de Mato Grosso e Cuiabá, o mesmo não aconteceu com a região que hoje
compreende o município de Barra do Bugres, que ficou isolada, sem mesmo ter as
vantagens que decorriam da estrada pioneira Vila Bela da Santíssima Trindade.
Somente em 1.878, chegaram os primeiros povoadores da zona onde se plantariam os
fundamentos da atual cidade de Barra do Bugres. Naquele ano chegou ali Pedro
Torquato Leite Rocha procedente de Cuiabá acompanhado de familiares. Ergueu
rancho, iniciou o cultivo de produtos de subsistência, e cuidou de explorar as cercanias
do local em busca da preciosa poaia com resultados satisfatórios. Um ano depois
precisamente em 1.879, chegavam ali Pascoal de Oliveira Cabral, que como seu
predecessor trazia consigo, camaradas e poaieiros .E assim continuou o povoamento de
Barra do Bugres , engrossando ainda mais com a chegada de: Nicolau Gomes da Cruz ,
Major José Cassiano Correa, Capitão Tiburcio Valeriano de Figueiredo (ex Comandante
da Guerra do Paraguai, terminada em 1.870), Manoel de Campos Borges e vários
outros. Apoiaram-se na Barra onde há o cruzamento da águas do Rio dos Bugres com a
correnteza turvosa do Rio Paraguai, cuja forma (V) da vitória reflete a beleza da
natureza num reboliço de cores de águas se misturando , da relva verde dos montes
escuros e do céu azul. Nesse lugar acamparam se protegendo-se das intempéries e
dificuldades e dos possíveis ataques das tribos da região pertencentes aos Umutinas ou
Barbados. Mais tarde outros exploradores adentraram a região e descobriram outras
potencialidades que aqui existiam além da ipecacuanha, como madeiras de lei, borracha
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nativa, diamante e ouro. Em 8 de abril de 1.896, é criada a Paroquia de Santa Cruz de
Barra do Bugres, sob a Lei n º 145, o nome foi escolhido pelos povoadores, com
jurisdição em São Luiz de Cáceres, fortalecendo então o já existente núcleo
populacional. Grandes eram as festas de Espirito Santo e de Santa Cruz. Uma cavalaria
passava de casa em casa com o programa da festa. O pessoal da cavalaria iam
mascarados, menos um, José de Campos Borges que lia os programas da festa. Os
cavalos também iam fantasiados. Nestas festas bem organizadas haviam leilões,
quermesses e quadrilhas. Em 1.910 o Governo do Estado através da Assembléia
Legislativa, desapropriou das terras de Manoel de Campos Borges 2.000 hectares de
terra para a formação do patrimônio e povoamento de Barra do Bugres (Lei n.º 541). A
intensa procura da poaia transformou em pouco tempo o vilarejo em adensado urbano
sempre acrescido por novos forasteiros que ali vinham buscar fixação com a
desvalorização dos preços da ipeca, e borracha, decai a produção e segue um novo ciclo
caracterizado na extração de madeiras. Em 1.926, os revoltosos da coluna Prestes
escreveu aquela que seria uma triste página na história do município. Pelo menos quinze
homens perderam a vida em Batalha as margens do Rio Paraguai, tentando defender a
cidade; não conseguiram e a vila foi saqueada e incendiada. O povoamento passa ser
um centro comercial e industrial com base na exploração e processamento de madeiras,
principalmente o cedro e a peroba, o crescente resultado na exploração das riquezas
vegetais do Distrito ficou efetivada através de decreto em dezembro de 1.940 com a
criação de uma Coletoria de Rendas Estaduais, comprovando o volume de bens ali
gerados. Em 31/12 /43 a Lei 545 criava o município de Barra do Bugres. O novo
município foi instalado a 19 e abril de 1.944 coroado a êxito os esforços barrabugrenses,
tendo sido nomeado para ocupar a Prefeitura Municipal, o professor Alfredo José da
silva.
Em 1.948 foram empossados os primeiros vereadores no município, eleitos por
sufrágios (votos). Sendo eles: Claret Otaviana Dias, Pedro de Campos Borges, Tito José
Parada, Aureliano Maximiniano de Jesus, Almicar Josseti, João Arantes de Souzxa e
Antonio Liria Passos. E neste mesmo dia toma posse o primeiro prefeito eleito Joaquim
Mariano de Miranda, aos habitantes do município dá-se a denominação de Barrenses du
Barrabugrenses. A vida econômica foi transformada com a vinda de colonos de Minas
Gerais, São Paulo e Ceará, trazendo alterações no plano agrícola, sendo que a pecuária
ocupa lugar de destaque neste período mais recente da economia. Autor do Histórico:
Mateus João Weber. Biblioteca IBGE.
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3.3.1.4. Município de Campo Novo dos Parecis
O Município de Campo Novo do Parecis tem em seus aspectos históricos
relações diretas com a história do Mal. Cândido Rondon. Em 1907, Cândido Rondon
passou pela região em busca do Rio Juruena, atingiu o Rio Verde e seguiu para o norte
em busca do Salto Utiariti, fronteando o sítio onde nasceria o futuro município. O
Território de Campo Novo do Parecis foi trabalhado em duas direções pelos serviços de
linha telegráfica: uma para oeste rumando para Utiariti e Juruena e outra para leste, em
busca de Capanema e Ponte de Pedra. Em fins de janeiro de 1914, o ex-presidente dos
Estados Unidos da América, Theodore Roosevelt, passou defronte ao sítio de Campo
Novo do Parecis, em viagem pela Amazônia, em Companhia de Rondon. A ocupação
efetiva da região deu-se na década de setenta, com abertura de fazendas e a instalação
de famílias de migrantes vindos de estados sulistas. No lugar da futura cidade, à beira da
estrada entre Diamantino e Utiariti assentaram-se diversas famílias. O local formava um
cotovelo no ponto de encontro das retas conhecidas pelas denominações de Caitetu e
Taquarinha. Primeiramente a localidade foi chamada de Campos Novos, denominação
que se confundia com a estação telegráfica de Rondon, na região de Vilhena. Aos
poucos, o nome foi mudado para Campo Novo e em 1981, foi feita doação de 293
hectares de terras para formação de um patrimônio, com essa denominação. A Lei nº
5.315, de 04 de julho de 1988, criou o município, já com o nome atual de Campo Novo
do Parecis. Fonte: Secretaria de Educação do Município. Autor do Histórico: Mateus
João Weber. Biblioteca do IBGE.
3.3.1.5. Município de Denise
As primeiras pessoas que se tem registros que andaram por essas terras foram
os seringueiros e o Senhor Adolpho Joseti, isso em 1924, explorando o látex das
seringueiras aqui existentes. O produto extrativista recolhido era armazenado no
Barracão de Zinco (hoje, Fazenda Machado), e depois transportado até Barra do Bugres
e embarcado em uma lancha de nome Santana, que levava o produto até Corumbá MT,
sendo depois exportado. José Gratidiano Dorileo foi o pioneiro na região na década de
1940. Dedicou-se à exploração de Ipecacuanha (poaia) e Borracha, depois investiu em
atividades garimpeiras. Após a constatação da queda de cotação comercial, tanto da
poaia, como da borracha, abandonou o lugar, indo morar em Cuiabá. Júlio Costa
Marques, sobrinho do ex-presidente da província do Estado de Mato Grosso Doutor
Joaquim Augusto da Costa Marques, e genro de José Gratidiano Dorileo conseguiram
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(não sabemos ao certo em que ano por falta de informações específicas nas bibliografias
pesquisadas), um empréstimo favorável no Banco do Brasil S/A e contratou dois
experientes corretores de imóveis e loteou o terreno onde seria a futura cidade. No
projeto, Júlio da Costa Marques deu o nome de sua filha, ao futuro centro da Gleba,
mais tarde a cidade de Denise. O primeiro morador a chegar ao loteamento foi o Senhor
José Fernandes, trazendo uma serra pica-pau que pôs a funcionar e serrar as primeiras
tábuas, vigas, caibros, para a construção das primeiras casas. No ano de 1968, surgiu
um grande empreendimento através da SUDAM que foi a construção de 02 (duas)
serrarias na Fazenda do Rio dos Bugres, sendo seu proprietário o doutor Antonio
Gonzáles de Ruiz, que residia em São Paulo - SP. Em 20 de setembro de 1968,
chegaram as famílias de Vicente Jacinto Franco. Em 27 do mesmo mês e ano, o padre
Edgar Müller, então pároco de Tangará da Serra, celebrou a primeira missa solene em
Denise. E no ano de 1969 chegaram as famílias dos Dias Mendes. Em 1976 foi criado o
Distrito de Denise, pela Lei N.º 3.757 de 29 de Junho, com Território jurisdicionado ao
município de Barra do Bugres. No ano de 1981, o núcleo vivia em torno da agricultura
de subsistência e pecuária extensiva. Nesse mesmo ano deu-se a instalação da Usina de
álcool (Usinas Itamarati S/A), embora situado em áreas não abrangidas pelo distrito de
Denise, teve influência decisiva para a prosperidade e, sobretudo com o apoio decisivo
do Senhor Raimundo Nonato de Abreu Sobrinho, Prefeito Municipal de Barra do
Bugres. E assim Denise passou por várias obras de infraestrutura, como: posto de saúde,
correio, centro comunitário, posto telefônico, energia com gerador a diesel e logo após
energia elétrica (rede permanente), construção da praça central, hoje denominada Praça
Brasília. O prefeito de Barra do Bugres, Raimundo Nonato Sobrinho, foi até a capital
do Estado de São Paulo ter uma audiência com o empresário Olacyr Francisco de
Moraes para auxiliar Denise na complementação de arrecadação de ICMS, para que
fosse aprovado a Lei na Assembléia Legislativa para a sua emancipação político-
administrativa. E, em 06 de Maio de 1982, Denise foi elevada a categoria de Município
através da Lei n º 4453. A pavimentação da Rodovia MT-343, em 1982, possibilitou
um melhor acesso do município de Denise a capital do Estado e as cidades
circuvizinhas. Fonte: Secretaria de Ação Social Autor do Histórico: Mateus João
Weber. Biblioteca do IBGE.
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3.3.1.6. Município de Diamantino
Em 18 de setembro de 1728, Gabriel Antunes Maciel, sorocabano, ligado às
legendárias penetrações bandeirantes de Cuiabá, mandava a Câmara Regente desta Vila,
pelo Capitão-Mor Gaspar de Godói, notícias da descoberta do Paraguai, mais tarde,
Paraguai-Diamantino e finalmente, Diamantino, nome conservado até hoje, onde havia
ocorrência de ouro fácil. À margem do Ribeirão do Ouro, fundou-se o primeiro arraial,
que cobrou vida com os resultados da abundante mineração. Esgotadas as lavras, já em
1746, eram descobertas outras, à margem do Córrego Grande, pelo abrigador do
caminho de Goiás, Antônio Pinho de Azevedo, que ali fundou o Arraial de Nossa
Senhora do Parto, erigindo uma pequena Capela sob essa invocação. A ocorrência de
diamantes nas lavras descobertas motivou a dispersão dos faiscadores, por ordem do
Ouvidor da Vila de Cuiabá, visto que a sua extração era privativa da Coroa Portuguesa.
Dispersos os mineiros, dedicaram-se muitos deles, às margens do ribeirão aurífero, a
agropecuária, infelizmente mal sucedidos, devido a grande seca que assolou a região
nos anos de 1749, dizimando lavouras, gado e população. Segundo J. Barbosa de Sá,
neste último ano ocorreu ali, um tremor de terra, único registrado na história
Matogrossense. Em 1751, o Governador Capitão-General Dom Antônio Rollim de
Moura Tavares, organizou o Destacamento dos Diamantes do Paraguai, com a
finalidade de evitar a extração diamantífera. Deslocando-se para aquela zona com suas
famílias e pertences, inclusive, escravaria, deram os seus componentes continuidade ao
povoamento do lendário Vale. Apesar da vigilância mantida, tornava-se impossível
impedir por completo a atividade dos mineiros, aos quais, se juntavam negros fugitivos,
vagabundos, aventureiros e criminosos, naquela vasta região. Em 1798, o Governador
Capitão-General Caetano Pinto de Miranda Montenegro, propunha à Coroa o
franqueamento das minas de Alto Paraguai e seus Afluentes – Sant’Ana e São
Francisco. Em 1805, era efetivada a distribuição das lavras de ouro ao povo pelo próprio
Ouvidor e Corregedor da Comarca, Sebastião Pita de Castro, primo do Governador
Menezes, continuando, porém, a proibição relativa aos diamantes. Acompanhando os
primeiros moradores que chegaram à zona de Diamantino, em 1805, vinha o Padre
Francisco Lopes de Sá, na qualidade de Capelão curado do nascente Arraial, sendo
substituído pelo Padre Manoel Joaquim Alvares de Araújo, que a 06-06- 1807 celebrou
o primeiro batizado da história diamantinense, na pessoa de Maria filha do Capitão José
Delgado Pontes e Dona Maria Muniz de Almeida. Em 1825, o distrito já contava com
uma população de 6077 habitantes, sendo 1095 brancos, 1266 pardos e 3716 pretos. Do
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total de 2547 eram livres e 3530 eram escravos. O comércio importava diretamente do
Reino, vindo as mercadorias através do Pará. O decréscimo da produção aurífera,
epidemias, fugas continuadas de escravos, marcaram o início da decadência de
Diamantino. De 1826 a 1850, o despovoamento da região foi marcante. Em 1852, surge
uma tentativa frustrada de mineração da “Sociedade de Mineração de Mato Grosso”,
fundada no Rio de Janeiro, com vultoso capital e aparelhamento moderno. As riquezas
minerais sustentaram-lhe o nome, até que sobreveio a decadência com o
empobrecimento das lavras, e despovoamento dos Arraiais. Com a abolição da
escravatura, foi eliminado o comércio intenso da região. Com a descoberta das lavras
diamantíferas do “Gatinho”, completa a desagregação da secular Cidade. De simples
“corrutela” o novo povoado cresce rapidamente, transformando-se em próspera Vila,
Arrebatando à sede municipal o primado econômico e administrativo, formando o
Município de Alto Paraguai. (Biblioteca do IBGE – Site: www.biblioteca.ibge.gov.br)
3.3.1.7. Município de Nortelândia
Na tentativa de se restabeleceram os primórdios dos Municípios do Norte
Matogrossense, é forçado retroceder com o estudo até os tempos da descoberta da
cédula manter da civilização do Oeste-Cuiabá. As levas que partiram de Cuiabá para
todos os quadrantes, dominando por igual o índio e a natureza, que se rivalizavam em
ferocidade exterminadora, escreveram páginas de heroísmo que se lhes poderia atribuir
a beleza do horrível. O ouro e o diamante eram os vigorosos estímulos que os
impulsionavam à procura de novas manchas: tão logo, os minérios preciosos
escasseavam nas catas superficiais, por imperícia ou deficiência de meios apropriados.
Dessa fase, iniciada em 1931 são as descobertas de Sant'Ana da Chapada, Sararé,
Galera e Arinos. Conta-se que Antônio Pinheiro de Faria, sertanista ousado, ter-se-ia
descoberto ouro nas cabeceiras do Arinos, e para lá, enviou Antônio Almeida Falcão, os
seus filhos Paschoal e José, que, de Mato Grosso, procuraram o Jaurú, pelo qual
rodaram até sua barra, em seguida, o Paraguai. Possivelmente essa penetração, ocorrida
em 1745, pisou por primeiro as terras do atual Município de Nortelândia, sem que,
entretanto, lhe entremostrassem as gemas preciosas, que foram descobrir bem mais ao
norte, no Arraial de Santa Isabel. Em 1747, Antônio Pinto de Azevedo, igualmente
palmilhou essa mesma região, um pouco ao Sul, onde, erigiu o Arraial de Nossa
Senhora do Parto, próximo à atual Cidade de Diamantino. Mais uma vez se esconderam
aos bandeirantes as minas de Nortelândia, fato que se repetiria por muitos anos. Com a
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abertura da exploração das minas diamantíferas que se achavam interditadas,
descobriram a de São Joaquim, no Rio Sant’Ana, franqueada ao público em 1815, esta,
já na região de Nortelândia. A abertura da navegação pelo Rio Arinos ao Pará, ensejou
novas incursões pelo município através, das águas do Paraguaizinho e Santana, e que,
serviram de estrada natural de penetração para se atingir o afluente amazônico.
Em 1937, aportava à região o baiano José Lúcio de Oliveira (Por alcunha
"MACAUBA"), por ser originário dessa Cidade da Bahia, juntamente com seus
familiares. Tomando posse da extensa área de terras, que abrangia, inclusive, a atual
sede do município, José Lúcio estabeleceu-se com criação de gado vacum e lavouras.
Na sua esteira vieram os demais povoadores: Aparicio Soares, Aderaldo Marques,
Apolinário Hipólito dos Santos, Francisco Alves de Andrade e outros, os quais se
revelaram as minas de Santana às margens do Rio homônimo, repetindo-se a corrida
desenfreada dos garimpeiros, para o novo "Eldorado". A corrutela que, de imediato
levantaram, ampliou-se em próspero povoado. Dezenas de habitações rústicas, com
cobertura de palha, se multiplicaram de improviso, rastreando-se de imediato os
comerciantes e as meretrizes, os aventureiros e os capangueiros, dando ao povoado
estabilidade à sombra da expansão dos garimpeiros e a outros pontos em que,
igualmente, se revelou o diamante economicamente explorável. O município foi criado
pela Lei nº 712, de 16-12-1953, tendo por sede a antiga povoação de Santana, elevada à
categoria de Cidade, sob a denominação de Nortelândia. Teve seus limites retificados
pela Lei nº 370, de 31-07-1954. O nome de Nortelândia foi sugerido pelo autor da Lei
de criação do município, depois de ouvidos os principais habitantes da povoação de
Santana, visando a perpetuar no topônimo a inestimável cooperação de Nortistas e
Nordestinos no povoamento da região. A elevação à categoria de município e distritos
com a denominação de Nortelândia, pela Lei Estadual nº 712, de 16-12-1953,
desmembrado de Diamantino. Sede no Povoado de Santana. Constituído do Distrito
Sede. Instalado em 05-02-1954. No quadro para vigorar no período de 1954/1958, o
município é constituído do Distrito Sede. Assim permanecendo em divisão territorial
datada de 1-VII-1960. Em divisão territorial datada de 1-I-1979, o município é
constituído do Distrito Sede. Assim permanecendo em divisão territorial datada de 15-
VII-1999. Fonte: Biblioteca IBGE
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3.3.1.8. Município de Nova Marilândia
O Território do município de Nova Marilândia foi imemorialmente ocupado
pelo indígena Paresí, que recebeu esta denominação ao tempo das "Entradas e
Bandeirantes". Na verdade este povo indígena se autodenomina halíti. Nos dias de hoje
vivem em reserva especialmente demarcada. A extensa região do Território de Nova
Marilândia teve movimentação acentuada na lida garimpeira. Vários mouchões
diamantíferos foram trabalhados ao longo dos anos. A atividade garimpeira permanece
até os dias atuais. Os mouchões revoltos por garimpeiros guardam história antiga, sem
povoamento definitivo. A ocupação efetiva iniciou-se a partir da construção da linha
telegráfica na região, no começo deste século. Foi trabalho desenvolvido pelo Marechal
Rondon, e equipe que implantou as Linhas Telegráficas estratégicas do Mato Grosso ao
Amazonas. O desenvolvimento propriamente dito foi retardado, somente a partir da
década de cinqüenta ocorreria a fundação do núcleo original de povoação. O forte fluxo
migratório é que forçou esta iniciativa. O lugar escolhido pelos povoadores, na verdade
garimpeiros foi a confluência do Rio São Francisco com o ribeirão Maria Joana. Neste
lugar encontraram muitos indícios de riqueza mineral. Abundava o diamante. A notícia,
a exemplo do que ocorre em todos os garimpos, sem exceção, correu mundo. Foi pouco
o tempo e logo contavam-se centenas, milhares de pessoas interessadas neste pedaço de
chão. Era a esperança do enriquecimento rápido. O primeiro nome da região gira em
torno de várias especulações, prevalecendo, no entanto, o de Maria Joana, nome dado ao
rio onde prolifera a lavra diamantífera. É homenagem prestada a Dª. Maria Joana,
proprietária de uma grande fazenda, e que muito auxiliou aos primeiros garimpeiros.
Seu nome foi tão reverenciado que deram o nome ao rio. A própria cidade lhe presta
uma homenagem. Marilândia é termo de origem inglesa. Mary significa Maria e landia
(land) é terra, ou seja: Terra de Maria - "Terra de Maria Joana". O antigo vilarejo de
Maria Joana foi elevado à categoria de distrito através da Lei n.º 2.069, de 14 de
dezembro de 1963, com Território pertencente ao município de Diamantino. Sua
identificação como centro urbano deve-se ao fluxo migratório de pessoas vindas dos
Estados de Minas Gerais, Bahia e Santa Catarina, tendo seu impulso desenvolvimentista
ocorrido entre os anos de 1962 e 1965. A padroeira é Nossa Senhora de Fátima, e o
evento religioso em sua homenagem é comemorado a todo dia 17 de maio. É a maior
manifestação popular e de mais tradição. A Lei n.º 5.900, de 19 de dezembro de 1991,
de autoria do deputado Jaime Muraro, criou o município: "Artigo 1º - Fica criado o
município de Nova Marilândia, com Território desmembrado dos municípios de
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Arenápolis e Diamantino. Artigo 2º - O município ora criado é constituído de um só
distrito, da Sede. Parágrafo Único - O município somente será instalado com a eleição e
posse do prefeito, vice e vereadores, realizada conforme a Legislação Federal." O
primeiro prefeito municipal eleito foi o Sr. José Aparecido dos Santos, que tinha na
condição de vice o Sr. Juvenal da Silva. Fonte: Biblioteca IBGE.
3.3.1.9. Município de Nova Maringá
O Território do atual município foi habitado por povos indígenas, desde os
tempos mais remotos. Eram os itapaiúna, zombateiramente chamados "beiço-de-pau",
por usarem um bodoque nos lábios inferiores. Somente os homens adultos usavam tal
apetrecho, o que caracteriza tradição e distinção de raça. Esse povo foi transladado ao
Parque Nacional do Xingu no começo dos anos setenta. O fundador do núcleo de
colonização que originou o atual município foi o Sr. Antônio José da Silva, que ali
chegou em 26 de agosto de 1969, acompanhado de uma equipe de técnicos e
trabalhadores, assentando praça às margens do Rio Araputanga, na altura da atual sede
da Fazenda Tita. O engenheiro civil Simeão Lopes Nogueira fez medição da área e
demarcou pequenos lotes na Fazenda Continental, formando assim a Gleba Continental.
Antônio José da Silva, português de nascimento, residia na cidade de Maringá, no
Estado do Paraná, conhecida nacionalmente como a mais arborizada do país.
Certamente, o português Antônio, encantado com aquela maravilha de verde espalhado
em ruas e praças, vislumbrou algo semelhante, encravado no sertão do Norte
Matogrossense. Não teve dúvidas, chamou a incipiente povoação de Nova Maringá. No
ano de 1971 foi construída uma estrada que ligava a Gleba Continental ao Rio Alegre.
Posteriormente foi feita outra rodovia vicinal, que ia do mesmo rio até a cidade de São
José do Rio Claro - centro político e econômico regional. O maior fluxo de colonização
registrou-se em 1978. O núcleo urbano de Nova Maringá, ainda no início dos anos
noventa, ao tempo de distrito, não passava de um amontoado de indústria de
beneficiamento de madeira. Do alto do morro, na parte meridional da cidade, era difícil
distinguir as pessoas nas ruas e mesmo suas casas. A fumaça saída das chaminés e a
poeira excessiva da avenida principal eram os responsáveis pelo impedimento da visão.
A Lei n.º 5.982, de 19 de dezembro de 1991, de autoria do deputado Pedro Lima e
sancionada pelo governador Jayme Campos, criou o município de Nova Maringá:
"Artigo 1º Fica criado o município de Nova Maringá, com Território totalmente
desmembrado do município de São José do Rio Claro. Artigo 2º - o município ora
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criado é constituído de um só distrito, da Sede. Parágrafo Único - o município somente
será instalado com a eleição e posse do prefeito, vice-prefeito e vereadores, realizada de
conformidade com a Legislação Federal." Nas eleições de 03 de outubro de 1992,
venceu o pleito o Sr. João Braga Neto, primeiro prefeito municipal, tendo como vice o
Sr. Armando Ribeiro. Fonte: Biblioteca IBGE.
3.3.1.10. Município de Nova Olímpia
Nova Olímpia foi fundada pelo Sr. Belizário de Almeida, no dia 19 de março
de 1954. Sr. Belizário de Almeida, nasceu em Barretos - SP, no dia 24 de fevereiro de
1903, vindo portanto para essa região com 51 anos de idade com sua mulher e filhos.
Comprou grande extensão de terras dessa Gleba que denominou Nova Olímpia, por ter
vindo de Olímpia - SP e de onde muitas famílias daquela localidade o acompanharam e
comprara fazendas nessas Gleba. No início da Colonização era muito difícil a vida por
aqui as terras digo as estradas eram péssimas. Do povoado do Assari para Nova
Olímpia não havia estrada, apenas um picadão dentres as matas, dizem que pessoas que
se aventuravam a vir para cá foram ajudados por muitos índios que por aqui pararam.
Essas famílias que foram os pioneiros, sofreram muito com os mosquitos, as chuvas
torrenciais, as doenças, a falta de assistência médica, se uma pessoa ficasse doente tinha
de ser levada para Cuiabá em caminhão ou jipe, demorava-se até uma semana para
chegar lá, os tratamentos de saúde erma feitos por remédios caseiros, benzimentos e
promessas. Por volta de 1961, se instalou na Vila o Sr. José Castanhola, uma pessoa
simples, mas que entendia muito de doenças e remédios farmacêuticos, montou -se aqui
uma farmácia e tratava a todos como médico. Sabe-se pelos antigos que muitas vidas
foram salvas pelas suas mãos, nessa época mudaram de São Paulo para cá muitas
famílias com as do Sr. Ângelo Masson, Antonio Teodoro Correa, Pedro Quita,
Clemente de Souza, e muitos outros. Em meados de 1963 iniciou-se um movimento
para elevação de Nova Olímpia a Distrito, pelo jovem Wilson de Almeida, Ângelo
Masson e outros. Em 15 de maio de 1964, de acordo com a Lei 2.153, Nova Olímpia,
elevou-se a Distrito de Barra do Bugres, tendo sua Sede Localizadora às margens da
Rodovia 358, eqüidistante 40 km de Barra do Bugres. Sua Economia na época baseava-
se na extração da poaia, pecuária de corte, arroz, milho. Em 1970 Nova Olímpia já
possuía um bom número de casas comerciais, serrarias, máquina de beneficiar arroz,
farmácias, bares etc. Houve também uma maior expansão das áreas agrícolas e
melhorou substancialmente as rodovias o que super valorizou as propriedades rurais.
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Em 1980, o Grupo Itamarati iniciou os trabalhos para instalação da Destilaria Itamarati
no Município. Em 1982, iniciaram as obras de montagem de Usina Itamarati e o
comércio sentiu melhora com a chegada de Empresas que vieram para montagem da
Usina, a população começou a acreditar que o progresso de Município estava ali
começando. Em 1982 foi instalado no Estado o Programa POLONOROESTE, um
programa do Banco Mundial que visava contribuir para fixação do homem à terra.
Várias construções foram feitas na cidade com recursos do Polonoroeste, como
construção do escritório da Emater-MT, construção do Centro Comunitário, Posto de
Saúde, Posto Telefônico, Posto de Correios. A Emater-MT iniciou seus trabalhos de
Assistência Técnica e Extensão Rural no dia 24 de fevereiro de 1982 e sua sede própria
foi inaugurada no dia 25 de janeiro de 1983. Em 1983, a Comunidade se reuniu e
construiu um Hospital no Município, mais tarde esse Hospital seria doado a um médico
que instalasse sua residência por aqui, foi o que aconteceu. O Dr. Francisco Soares de
Medeiros instalou a sua residência no Município e o Hospital foi doado a ele para que
atendesse a população. Em meados de 1984, pela degradação das pastagens e a falta de
recursos financeiros, falta de técnicas corretas na condução das propriedades, houve
uma evasão de pequenos produtores rurais para o Estado de Rondônia, vários venderam
suas propriedades para aventurarem naquele Estado. Em 1986, houve a Emancipação
política administrativa de Nova Olímpia, no dia 13 de maio de 1986, pela Lei nº 4.996.
Houve eleição para Prefeito em um mandato de 2 anos. Primeiro Prefeito de Nova
Olímpia foi Sr. João Gregório da Silva e Vice Devanil Maria Luiz. Nessa época houve
uma expansão da área urbana, com condições de lotes área de 50 alqueires doadas pelo
Governador Carlos Bezerra, hoje denominado Bairro Jardim Ouro Verde. Em 1.989,
houve a segunda eleição para prefeito sendo eleito o Sr. Derivan Monteiro e vice o Sr
Jair do Nascimento. Nesse ano foi construído um prédio para funcionamento do posta
avançado do Banco do Brasil e instalada a agência do Banco Bamerindus do Brasil, um
centro telefônico com linhas DDD e DDI. Em 1.992 houve a terceira eleição no
Município sendo novamente eleito o Sr. João Gregório da Silva para prefeito e Heleno
Bibiano para vice. No mesmo ano foi inaugurada a agência do Banco do Brasil com
Prédio Próprio. Em l.993, foi comprada pela Prefeitura uma área de terras, a qual foi
dividida em lotes urbanos mais ou menos 220 lotes e distribuído as famílias carentes do
Município, hoje denominado Bairro Boa Esperança. Em l.994, foi iniciado um novo
loteamento no município de propriedade particular denominado Jardim São João,
iniciado as vendas em l.995. Em l.995, aproveitando a área do antigo aeroporto de Nova
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Olímpia o Prefeito João Gregório da Silva, loteou 330 e fez doações para famílias
carentes, hoje denominado Bairro Aeroporto. Em l.996 houve a quarta eleição no
Município sendo eleito o Sr. José Elpídio de M. Cavalcante para prefeito e o Sr, Derivan
Monteiro para Vice. No seu início de mandato, já trouxe para o município o
CIRETRAN, FÓRUM de pequenas causas, inaugurou o Centro Recreativo Ângelo
Masson onde o mesmo efetuou varias reformas, após a posse o Prefeito entregou
precisamente 523 para pessoas carentes do município o qual foi denominado Jardim
Santa Rosa, foi iniciado um novo loteamento de propriedade particular denominada
Loteamento Castanheira, Construção de mais 01 Posto de Saúde e reforma dos demais,
efetuou também reforma e ampliações nas seguintes escolas municipais Sagrado
Coração de Jesus, Escola l3 de Maio e reforma nas demais escolas da Zona Rural.
Situação geográfica - Região Sudoeste do Estado de Mato Grosso. Centros urbanos
mais próximos - Município de Barra do Bugres, distante 40 km, Município de Tangará
da Serra, dista 38 km. Dotação de Recurso naturais - Aspectos físicos. Clima - Quente e
úmido com temperatura média variando em torno de 25ºC. Regime pluviométrico - As
precipitações giram em torno de 1750 a 1800 mm anuais com grandes intensidade nos
meses de dezembro a março. Altitude média - 232 metros longitude: 53º05’19”
Latitude: 23º28’19’’ Área do Município - 1.672.83 km2. Topografia - Plana em média
de 60%, ondulada chegando a 35% a montanhosa 0,5%. Tipo predominante - Latossolo
vermelho-amarelo. Textura - Arenosa em quase a totalidade da área. Fertilidade natural
- Média/baixa Possibilidade de mecanização - Total, sendo que às margens de alguns
cursos d’agua a mecanização deve ser precedida de drenagem. Aptidão agrícola - Na
região os poucos estudos de solos desenvolvidos não identificaram fatores prejudiciais,
impeditivos à quaisquer cultivo corretamente conduzido. A predominância de culturas
pouco exigentes é conseqüência direta da baixa incorporação de tecnologia. Autor do
Histórico: Mateus João Weber – Biblioteca do IBGE.
3.3.1.11. Município de Porto Estrela
O povoamento da região está ligado diretamente à expansão econômica e
cultural do município de Cáceres, que no final do século passado era o maior ponto de
referência para a exportação da ipecacuanha. Outro ramo do extrativismo vegetal
também atraiu aventureiros à região, a borracha. Eram muitas as seringueiras, além de
madeiras de lei. A notícia correu e a febre fez história. As origens históricas do atual
município de Porto Estrela se perdem no tempo e nas lendas, contadas pelos mais
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antigos moradores do lugar. Inicialmente formou-se uma “currutela” às margens do rio
Paraguai, atual município de Barra do Bugres e Cáceres. O barranco escolhido para
assentar o povoado era alto. Todos os anos o lugar era cortado pelas águas do Rio
Paraguai na força das cheias. No período das longas estiagens apresentava solo rosado,
adornado de pedras brancas. Quando o sol, ao se por, batia nestas pedras, o reflexo
obtido lembrava raios estrelares. O mesmo se dava em noites de lua cheia. Surgiu então
a denominação Porto das Estrelas. Existem ainda outras duas versões para a
denominação do município. A primeira da conta que na beira do Rio Paraguai residiam
duas donzelas. A beleza das moças transcendia os padrões da época dos primeiros
povoadores. Os muitos navegadores que cruzavam este trecho deram às duas jovens o
apelido de “estrelas” para justificar a euforia da passagem. Ficou então Porto das
Estrelas. A segunda versão é sobre o aparecimento de fogo brando à beira rio, logo
após a abertura do porto. Uma ilusão de ótica transmitia a idéia de que as inúmeras
fagulhas ao ar, mais pareciam um turbilhão de estrelas. Também teriam ficado Porto das
Estrelas. As três versões, seja qual for a mais coerente, tem procedência na história
oral, e têm valor histórico. Independentemente da opção, mais tarde o Porto das Estrelas
teve sua denominação simplificada para Porto Estrela. As primeiras notícias que se tem
a respeito do lugar vem do ano de 1800, período em que se iniciaram as primeiras
construções às margens do Rio Paraguai. Os primeiros nomes que a história registrou
foram de Maria Luzia, Pedro Pinto e André. Em 1809, Antônio da Costa, sua esposa
Maria Benedita da Costa e os irmãos Pedro Santiago da Costa e mais sua mulher
Felismina Costa, fixaram residência às margens do histórico rio. Dedicaram-se à criação
de gado e agricultura de subsistência. A comunidade que havia se formado dedicava-se
à extração da poaia, a ipecacuanha, planta conhecida por excelente propriedades
medicinais, que abundava na mata virgem e representava meio de vida. A poaia foi
fator de economia dominante por muitos anos, sendo comercializado com os barqueiros
que trafegavam pelo Rio Paraguai. Por muito tempo a poaia apresentou a segunda
colocação na pauta das exportações mato-grossenses. Em 1920, chegaram na região
José Inácio, Ângelo e Manoel Castilho , vindos de Cáceres, com o objetivo de explorar
a extração de madeiras de lei. Era comum encontrar nestas matas ainda virgens
inúmeras variedade, tais como a araputanga (mogno), ipê, jatobá, cedro e tantas outras.
O transporte de madeiras eram vias fluviais, através do Rio Paraguai até Cáceres. Com o
passar dos anos a atividade foi se intensificando, até diminuir. Acabaram-se as reservas
nativas de madeiras. A Lei nº 710 de 16 de dezembro de 1953, foi criado o distrito de
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Porto Estrela, com Território jurisdicionado ao Município de Barra do Bugres. Apesar
de vida política organizada, o lugar amargou longo tempo para conseguir emancipar-se.
A Lei Estadual n.º 5901, de 19 de dezembro de 1991, de autoria do deputado Hermes de
Abreu e sancionada pelo governador Jaime Campos, criou o município. Artigo 1º - Fica
criado o município de Porto Estrela, com Território desmembrado do município de
Barra do Bugres.... Artigo 2º - O município criado é constituído de um só distrito da
sede. Parágrafo Único o município somente será instalado com a eleição e posse do
prefeito, vice prefeito e vereadores realizada de conformidade com a Legislação
Federal. Na eleição de 03 de outubro de 1992, foi eleito como primeiro prefeito
municipal o Sr. Flavio Farias, tendo na vice o Sr.Lourenço Rosseti. Nesta mesma
ocasião elegeram-se vereadores as seguintes pessoas: Ana Tereza Félix Garbim, Jasso
Maertins de Freitas, Inácio Sene da Silva, José Carlos da Silva, Ademar Corsino dos
Santos, Ademilson ribeiro Duarte, Arides Rodrigues Ramos, Marcos Antonio de Melo e
José Cândido sobrinho. O município de Cuiabá deu origem ao município de Cáceres,
que deu origem ao município de Barra do Bugres, do qual originou-se município de
Porto Estrela. Fonte: Secretaria de Administração da Prefeitura Municipal. Autor do
Histórico: Mateus João Weber. Biblioteca do IBGE.
3.3.1.12. Município de Santo Afonso
Cidade de história antiga e tradicional, é mais uma dentre os 500 povoados
matogrossenses que surgiu graças à corrida de garimpeiros ávidos por ouro e diamante.
Após algumas décadas de agressão contínua ao solo, desmatamento na fauna e flora
nativa e poluição dos mananciais e lençóis freáticos com os produtos da garimpagem,
aquele pequeno poço de merda foi abandonado pelos garimpeiros que com o fim das
pedras preciosas na região, foram procurar outro lugar para arrasar. Sobrou apenas um
pequeno e humilde povoado cheio de descendentes daquelas meretrizes do século XIX
que não tinham onde cair mortas e deram continuidade ao vilarejo. Santo Afonso foi
uma das cidades onde passou a famosa Comissão Rondon, um grupo de malucos que
saiu construindo telégrafos no interior do Brasil. Até hoje aqueles telégrafos do
Marechal Rondon ainda são usados para comunicação com o mundo exterior. Em 1959
ocorreu uma ocupação definitiva de Santo Afonso, quando grande parte de suas terras
foi grilada e “oada” ilegalmente para diversos fazendeiros paulistas e paranaenses que
fizeram o favor de terminar o serviço que os garimpeiros haviam começado séculos
antes, e desmataram os últimos resquícios de floresta nativa para criarem um pasto para
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seus bois gordos e vacas loucas. Atualmente não passa de um município que ninguém
conhece, e só faz número entre as cidades ao redor de Cuiabá. Cidade que sobreviveu
graças à décadas graças ao garimpo do diamante. Com o fim dos recursos minerais foi a
vez do extrativismo vegetal de seringueiras e ipecacuanha. Da seringueira tiravam o
leite do pau para fabricar borracha e da ipecacuanha tiravam de sua flor uma substância
alucinógena psicotrópica que era muito popular e vendida na fronteira com o Paraguai
em formato de um “ecstasy” conhecido popularmente como tesão das vacas. Mas até
essa abundância vegetal foi extraída até a sua última folha, e hoje restam apenas os
pastos do gado de corte. (www.desciclo.pedia.ws/wiki/santo_afonso (mato grosso)
3.3.1.13. Município de São José do Rio Claro
Em 1954, com lotes adquiridos do Estado, os Srs. Jacinto Borges e Anísio
Castilho instalaram a Gleba Massapé, que anos depois passaria a se chamar São José do
Rio Claro, em virtude da devoção que ambas as famílias tinham por São José e pelo rio
Claro que se localizava nas proximidades. No ano de 1958, iniciou-se a ocupação da
região, surgindo as primeiras construções, tornado mais evidente o processo de
ocupação e formação do futuro município. Já em 1966, os desbravadores paranaenses
Domingos Briante e Pedro Coelho Portilho, incentivados pelo vigor da floresta
Amazônica e pela ocorrência de palmitais, adquiriram a Gleba, organizando a
colonização e loteando a área urbana. A região foi denominada “Capital da Borracha”
devido à aceitação do PROBOR – Programa de Incentivo à Produção de Borracha
Natural. A Lei Estadual nº 3.734, de 4 de junho de 1976, criou o distrito de São José do
Rio Claro. A Lei Estadual nº 4161, de 20 de dezembro de 1979, criou o município, com
Território desmembrado de Diamantino e com nome simplificado para Rio Claro. A
povoação exigiu a volta ao nome original, São José do Rio Claro conseguindo-o pela
Lei nº 4.294, de 19 de maio de 1984. O município teve como primeiro administrador o
Sr. José Garcez Munhon (Seu Tié), nomeado pelo então Governador Frederico Campos,
que administrou de 1981 a 1983. O primeiro prefeito foi o Dr. Lourival Rezende
Monteiro, eleito nas eleições de 1982. (www.portalmunicipal.org.br)
3.3.1.14. Município de Tangará da Serra
Na década de 60, os caminhos eram íngremes, obstáculos de difícil travessia,
animais ferozes espreitando junto às picadas abertas por pioneiros para ligar suas terras
ao povoado. Chegavam caravanas de toda parte, trazendo consigo famílias inteiras, a
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maioria procedente do Paraná, São Paulo e Minas. Desembarcavam, abriam uma
clareira e erguiam um rancho, plantavam o essencial à subsistência e iniciavam a
derrubada da mata para o cultivo do milho, auxiliar indispensável na criação de suínos.
Agrimensores embrenhados nas matas com os demais funcionários da Companhia de
Terras descobriram, a cada dia, um novo riacho, aos quais lhes davam nomes;
localidades que até hoje mantém as mesmas designações daquele tempo. A tarefa era
difícil, mas havia alegria no semblante de todos. Trabalho árduo que sempre culminava
com algum tipo de festa, pois estavam eles construindo o futuro sem saber iam
deixando, oralmente, narrativas como foram os primeiros anos de Tangará da Serra e
quais eram os precursores. Tangará da Serra, como outras cidades da região, viveu
alguns ciclos importantes da economia nacional, e a lavoura cafeeira teve sua
importância no seu desenvolvimento, além do milho, arroz e depois da soja, à qual se
proliferou pela região e acabou se tornando, anos mais tarde parte do mundo que mais
produz esse cereal. Décadas de 70 e 80, época da criação da maioria dos municípios
mato-grossenses e abertura de vastas fazendas que impulsionaram o progresso e a
ocupação definitiva das terra dos Parecis. Desde o primeiro pioneiro até os
acontecimentos mais recentes, Tangará da Serra preza-se por ter sua trajetória traçada
por homens que souberam valorizar sua terra e sua gente, não esquecendo jamais os
valores humanos e sem deixar de contar sempre com a disposição de seus moradores.
Tanto na vida política como religiosa a cidade teve inúmeras celebridades. Homens
simples tinham censo aguçado de responsabilidade, que ergueram sua comunidade e
levantaram monumentos que hoje a enobrecem. Além disso, o maior patrimônio
tangaraense é seu próprio povo, um legado de famílias que, ao longo dos anos, desde
1959, quando Joaquim Aderaldo de Souza iniciou a colonização das terras adquiridas
pela SITA, até o último ato, que continua acontecendo em todo momento. È com
homens e muito trabalho que se constrói uma cidade. O Município de Tangará da Serra,
no exuberante divisor das águas das bacias Amazônica e do Prata, originou-se em 1959,
emergente do antigo povoado surgido pelo loteamento das glebas Santa Fé, Esmeralda e
Juntinho, localizadas no município de Barra do Bugres. Os senhores Júlio Martinez, Dr.
Fábio Licere e Joaquim Oléa findaram a SITA- Sociedade Imobiliária Tupã para a
agricultura que, atraídos pela excelente condição de clima e solo fértil, implantaram o
loteamento Tangará da Serra. Antes, porém, o Marechal Cândido Rondon já havia
palmilhado a região em 1913, auxiliado pelos índios Parecis e Nhambiquaras, quando
implantou o telégrafo, estudou a Flora e a Fauna presentes, para fornecer subsídios que
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seriam utilizados no futuro. Rondon abriu a rodovia que sobe os chapadões dos Parecis,
cujas marcas ainda estão presentes: a exemplo de sua casa e uma ponte construída sobre
o Rio Sepotuba, no interior do Município de Tangará da Serra, ainda preservadas.
Depois chegaram os extrativistas, atraídos pela Mata de Poaia: planta com propriedades
medicinais, que cobria as encostas da Chapada dos Parecis; onde os tributários do Rio
Paraguai têm suas nascentes. Logo após chegaram os madeireiros, devastando a região
para ceder lugar aos colonos que derrubaram o cerrado e se iniciaram na agropecuária,
atividade ainda tão presente no município: base forte da economia tangaraense.
Inspirados pelo canto macio, cheio, vivo e sonoro do pássaro Tangará ( uma das aves
brasileiras mais famosas) foi que os primeiros visitantes da região aliaram o nome do
gracioso pássaro à majestosa Serra de Itapirapuã e batizaram a localidade como Tangará
da Serra. Em 1878, Pedro Torquato Leite e sua família, vindos de Cuiabá, fixaram-se
junto à barra do Rio Bugres. Ali começou a explorar economicamente uma variedade de
planta por nome poaia, cujas raízes possuem alto valor medicinal. O lugar era ocupado
pela tribo indígena Bororó Umutína, atualmente em extinção. Como a investigação
pelas cercanias foi satisfatória, ergueu o primeiro rancho e, nas imediações, iniciou o
cultivo de lavouras de subsistência. No ano seguinte, assim como Torquato, instalou-se
no local junto com a família e alguns camaradas poaeiros, outros aventureiros como
Nicolau Gomes da Cruz, Major José Cassiano Corrêa, Capitão Tibúrcio Valeriano de
Figueiredo (ex-combatente da Guerra do Paraguai), além de Manoel de Campos Borges
e muitos outros. A partir de então, seguiram-se is ciclos normais de uma localidade,
assim como acontece em quase toda colonização. As instituições foram surgindo, como
Paróquia local, criada pela Lei nº 145, de 8 de abril de 1896, e ainda as edificações mais
apropriadas conforme aumentava o contigente de moradores. O extrativismo da poaia,
borracha e madeira eram a base econômica de Barra do Bugres até então, atividade que
exigia a abertura de picadões pela floresta, que fez surgir várias estradas pelo interior.
Diz-se que, em 1908, já havia muitos moradores na localidade, todas empenhadas em
iniciar seus próprios negócios, diversificando as atividades econômicas, mesmo antes do
Marechal Cândido Rondon instalar uma linha do telégrafo, a qual possibilitou
comunicação com o resto do país. Em 20 de novembro de 1926, passava por Barra do
Bugres a Coluna Prestes, quando os moradores resolveram enfrentar os soldados, mas
sem armas e adestramento, sucumbiram. A exploração da madeira e outras riquezas
naturais da região estendia-se até a Serra de Itapirapuã, que além dos poaeiros, poucos
se arriscavam em concentrar seus afazeres além dela. E assim, Nova Olímpia era
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localidade derradeira antes da Serra, mas não prosperava devida a falta de infraestrutura
adequada. Por ocasião da imigração japonesa ao Brasil, através de um acordo Brasil-
Japão, uma vasta área de terras foi requerida por Kimoto Fugissawa e outros, que
compreendia entre o Rio Sepotuba e a Serra de Itapirapuã ou Bocaiuval, no município
de Barra do Bugres, Território esse que consta como a planta inicial do Município de
Tangará da Serra. Tal área era dividida em 25 glebas, cada uma destinada a uma família
japonesa, com exceção de alguns brasileiros. Ocorreu que, por ocasião da Segunda
Guerra, ficando o Brasil e Japão em situações adversas, o projeto de colonização da
referida área fora desativada com o requerimento indeferido para os japoneses, ficando
apenas os brasileiros credenciados a prosseguiram com suas terras, sendo dessas glebas
que se originou a colonização do Território tangaraense, a partir de 1954. Após a corrida
pioneira, que se deu entre 1959 e 1963, a região que compreendia as glebas: Juntinho,
Santa Fé e Santa Cândida começou a experimentar o sabor do progresso através da
convergência de inúmeras famílias para a região continuou fluindo em bom ritmo. As
primeiras rodovias foram abertas manualmente, pois não havia tratores de nenhuma
ordem. No cerrado, os próprios pneus dos pequenos carros se encarregaram de demarcar
estradas e, com o fluxo constante de veículos no mesmo lugar, estradas acabaram sendo
abertas. Tais caminhos interligavam Tangará, Progresso e Afonso, descendo a Serra de
Itapirapuã até Nova Olímpia. A liderança política era exercida por militantes de Nova
Olímpia e Barra do Bugres, tendo como líder maior o então Prefeito Wilson de
Almeida, residente no Distrito de Nova Olímpia. Autor do Histórico: Mateus João
Weber. Biblioteca do IBGE.
3.3.2. Dados Populacionais do Território do Alto Paraguai. A Tabela 2 apresenta os dados relativos à evolução da população total dentro
do Território do Alto Paraguai. Considerando todos os municípios observa-se que o
Território bem apresentando crescimento ligeiramente inferior ao crescimento do
Estado de Mato Grosso. Verifica-se um decréscimo acentuado da população dos
municípios de Alto Paraguai, Arenápolis, Nortelândia, Porto Estrela e Santo Afonso.
Entretanto um crescimento considerável do município de Tangará da Serra.
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3.3.2.1 – Evolução da População no Território do Alto Paraguai Tabela 2. Evolução populacional nos Municípios que formam o Território do Alto
Paraguai entre 2000 e 2009. Município 2000 2007 2009 Variação (%)
1 – Alto Paraguai 8.605 8.144 8.329 -3,21
2 – Arenápolis 11.605 9.869 9.903 -14,67 3 – Barra do Bugres 27.460 32.490 34.349 25,09 4 - Campo Novo do Parecis 17.638 22.322 23.784 34,85 5 – Denise 7.463 10.349 11.142 49,30 6 – Diamantino 18.580 18.428 18.989 2,20 7 – Nortelândia 7.246 6.237 6.272 -13,44 8 – Nova Marilândia 2.354 2.315 2.345 -0,38 9 – Nova Maringá 3.950 5.554 5.989 51,62 10 – Nova Olímpia 14.186 19.474 20.944 47,64 11 – Porto Estrela 4.707 4.011 4.027 -14,45 12 – Santo Afonso 3.098 2.855 2.944 -4,97 13 – São José do Rio Claro 12.740 17.345 18.637 46,29 14 – Tangará da Serra 58.840 76.657 81.960 39,29 Total do Território 198.472 236.050 249.614 25,77 Total do Estado de Mato Grosso 2.504.353 3.001.692 19,86
Fonte: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE, 2009.
3.3.2.2. Análise da População sob Enfoque do Índice de Desenvolvimento
Humano do Território do Alto Paraguai
Ao fazer análise da população, encontramos o IDH (Indice de
Desenvolvimento Humano) que retrata a pobreza da população e, segundo estudos do
geógrafo Wagner de Cerqueira, publicado no “site” www.brasilescola.com/brasil/o-idh-
no-brasil , o Estado de Mato Grosso esta com IDH estimado de 0, 796, próximo do IDH
médio do Brasil que foi gegistrado em 2005 com dados de 2000 a 2005 de 0,813. Em
média, o Território do Alto Paraguai possui Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
inferior ao Estado e ao País (Tabelas 3 e 4): Os município de Diamantino e Campo
Novo dos Parecis se aproximam do IDH do Estado com 0,793 e Campo Novo dos
Parecis com IDH de 0,809 acima do IDH do Estado e abaixo do Brasil. Os demais
municípios todos abaixo do Estado e do Brasil.
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Tabela 3. Índice de Desenvolvimento Humano de Educação e Renda de 1991 e 2000 nos Municípios que formam o Território do Alto Paraguai.
Município IDH - Educação IDH - Renda
Ano 1991 Ano 2000 Ano 1991 Ano 2000 1 – Alto Paraguai 0,657 0,849 0,552 0,579
2 – Arenápolis 0,714 0,847 0,597 0,637 3 – Barra do Bugres 0,662 0,814 0,639 0,644 4 - Campo Novo do Parecis 0,766 0,866 0,709 0,815 5 – Denise 0,617 0,854 0,567 0,664 6 – Diamantino 0,777 0,876 0,722 0,720 7 – Nortelândia 0,728 0,855 0,564 0,597 8 – Nova Marilândia 0,623 0,844 0,641 0,611 9 – Nova Maringá 0,672 0,761 0,663 0,697 10 – Nova Olímpia 0,648 0,834 0,640 0,656 11 – Porto Estrela 0,517 0,711 0,478 0,562 12 – Santo Afonso 0,618 0,879 0,574 0,622 13 – São José do Rio Claro 0,675 0,796 0,681 0,703 14 – Tangará da Serra 0,741 0,866 0,665 0,738
Média do Território 0,673 0,832 0,621 0,660 Fonte: PNUD / Atlas de Desenvolvimento Humano, 2003.
Tabela 4. Índice de Desenvolvimento Humano de Longevidade e Municipal de 1991 e 2000 nos Municípios que formam o Território do Alto Paraguai.
Município IDH - Longevidade IDH – Municipal
Ano 1991 Ano 2000 Ano 1991 Ano 2000 1 – Alto Paraguai 0,605 0,683 0,605 0,704
2 – Arenápolis 0,552 0,678 0,621 0,721 3 – Barra do Bugres 0,56 0,688 0,62 0,715 4 - Campo Novo do Parecis 0,708 0,745 0,728 0,809 5 – Denise 0,592 0,69 0,592 0,736 6 – Diamantino 0,708 0,769 0,736 0,788 7 – Nortelândia 0,573 0,702 0,622 0,718 8 – Nova Marilândia 0,595 0,649 0,620 0,701 9 – Nova Maringá 0,712 0,762 0,682 0,740 10 – Nova Olímpia 0,631 0,736 0,640 0,742 11 – Porto Estrela 0,598 0,688 0,531 0,654 12 – Santo Afonso 0,652 0,683 0,615 0,728 13 – São José do Rio Claro 0,712 0,762 0,689 0,754 14 – Tangará da Serra 0,631 0,736 0,679 0,780
Média do Território 0,631 0,712 0,641 0,735 Fonte: PNUD / Atlas de Desenvolvimento Humano, 2003. *Dados ou Indicador Inexistentes.
3.3.2.3. Análise da População sob Enfoque das matrículas no Ensino Infantil, Fundamental e Médio do Território do Alto Paraguai
Continuando a análise da população verificamos na Tabela 5 (Matrícula na
Educação Infantil; Tabela 6 (Matrícula no Ensino Fundamental) e na Tabela 7
(Matrícula no Ensino Médio) uma flutuação da população quando temos na maioria dos
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municípios um aumento expressivo nas matrículas do ensino fundamental, que esta em
sua grande maioria situado no setor urbano dos municípios e cai no ensino médio
quando jovem vai estudar nos grandes centros, neste caso Cuiabá e Várzea Grande.
Tabela 5. Alunos Matriculados na Educação Infantil no nos Municípios que formam
o Território do Alto Paraguai.
Município Estadual Municipal Privado Total do Município
1 – Alto Paraguai 0 233 0 233
2 – Arenápolis 0 346 36 382 3 – Barra do Bugres 0 969 49 1.018 4 - Campo Novo do Parecis 0 1.205 152 1.357 5 – Denise 0 199 139 338 6 – Diamantino 0 1.044 75 1.119 7 – Nortelândia 0 258 0 258 8 – Nova Marilândia 0 146 0 146 9 – Nova Maringá 0 339 0 339 10 – Nova Olímpia 0 760 18 778 11 – Porto Estrela 0 92 0 92 12 – Santo Afonso 0 124 0 124 13 – São José do Rio Claro 0 506 32 538 14 – Tangará da Serra 0 2.122 508 2.630
Total do Território 0 8.343 1.009 9.352
Fonte: Secretaria de Estado de Educação – SEDUC, Censo Escolar 2009. Não foi constatada neste levantamento a existência de Dados para estabelecimentos Federais. Tabela 6. Alunos Matriculados no Ensino Fundamental nos Municípios que formam
o Território do Alto Paraguai.
Município Estadual Municipal Privado Total Municipal
1 – Alto Paraguai 944 457 0 1.401
2 – Arenápolis 947 422 71 1.440 3 – Barra do Bugres 3.612 1.809 194 5.615 4 - Campo Novo do Parecis 1.045 3.436 236 4.717 5 – Denise 863 745 0 1.608 6 – Diamantino 1.626 1.627 234 3.487 7 – Nortelândia 707 302 0 1.009 8 – Nova Marilândia 108 319 0 427 9 – Nova Maringá 670 676 0 1.346 10 – Nova Olímpia 1.586 2.181 78 3.845 11 – Porto Estrela 308 415 0 723 2 – Santo Afonso 216 196 0 412 13 – São José do Rio Claro 1.427 1.319 99 2.845 14 – Tangará da Serra 5.435 6.511 824 12.770 Total do Território 19.494 20.415 1.736 41.645 Fonte: Secretaria de Estado de Educação – SEDUC, Censo Escolar 2009. Não foi constatada neste levantamento a existência de Dados para estabelecimentos Federais.
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Tabela 7. Alunos Matriculados no Ensino Médio nos Municípios que formam o Território do Alto Paraguai.
Município Estadual Municipal Federal Privado Total Municipal
1 – Alto Paraguai 323 0 0
0 323
2 – Arenápolis 430 0 0 0 430 3 – Barra do Bugres 1.546 0 0 34 1.580 4 - Campo Novo do Parecis 1.361 121 124 123 1.729 5 – Denise 519 0 0 0 519 6 – Diamantino 1.015 0 0 55 1.070 7 – Nortelândia 302 0 0 0 302 8 – Nova Marilândia 111 0 0 0 111 9 – Nova Maringá 274 0 0 0 274 10 – Nova Olímpia 989 0 0 0 989 11 – Porto Estrela 273 0 0 0 273 12 – Santo Afonso 120 0 0 0 120 13 – São José do Rio Claro 742 0 0 31 773 14 – Tangará da Serra 3.837 0 0 277 4.114 Total do Território 11.842 121 124 520 12.607 Fonte: Secretaria de Estado de Educação – SEDUC, Censo Escolar 2009. Obs.: Foram constatadas matrículas para o Ensino Médio Técnico somente nos municípios de Tangará da Serra totalizando 560 matriculados, sendo estes 263 em estabelecimentos estaduais e 294 em escolas privadas e no município de Diamantino 182 matriculados em estabelecimentos Técnicos Estaduais.
3.3.2.3. Análise da População Rural e Urbana na Composição do Território do Alto Paraguai.
O Território do Alto Paraguai possui 11,40% da área total do Estado do Mato
Grosso, mas somente 8,9% da população total do Estado. Onde encontramos 50% dos
municípios do Território com população abaixo de 10.000 habitantes, com
características totalmente rurais, como exemplo: Nova Marilândia com 2.345 habitantes,
sendo 50% da população vivendo no meio rural, assim como Porto Estrela com 50,31%
da população vivendo no campo. Entretanto temos os Municípios de Arenápolis e
Nortelândia com 7,81% e (54% respectivamente de população vivendo no meio rural.
Em relação à população rural e urbana, observa-se que, um alto percentual de
meio rural, na média de 44% da população total do Território, (Tabelas 8, 9 e 10).
De maneira geral, os dados sobre a população demonstram que, apesar de
contar com uma pequena população em relação ao total do estado, com menos de
250.000 habitantes, o Território do Alto Paraguai assume importância em relação a sua
população rural, sendo que os municípios que fazem parte deste Território possuem
basicamente características rurais.
.
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Tabela 8. Distribuição populacional entre as zonas Rural e Urbana nos Municípios que formam o Território do Alto Paraguai. Município População Rural População Urbana Total Municipal
1 – Alto Paraguai 2.016 6.313 8.329 2 – Arenápolis 773 9.130 9.903 3 – Barra do Bugres 7.904 26.445 34.349 4 - Campo Novo do Parecis 3.943 19.841 23.784 5 – Denise 1.358 9.784 11.142 6 – Diamantino 4.358 14.631 18.989 7 – Nortelândia 598 5.674 6.272 8 – Nova Marilândia 792 1.553 2.345 9 – Nova Maringá 2.011 3.978 5.989 10 – Nova Olímpia 2.164 18.780 20.944 11 – Porto Estrela 2.026 2.001 4.027 12 – Santo Afonso 1.535 1.409 2.944 13 – São José do Rio Claro 2.626 16.011 18.637 14 – Tangará da Serra 10.229 71.731 81.960
Média do Território 42.333 207.281 249.614 Fonte: Adaptado de Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE 2009 e Associação Mato-grossense dos Municípios 2007. Tabela 9. Percentual de Urbanização e Ruralidade nos Municípios que formam o
Território Alto Paraguai. Município Urbanização (%) Ruralidade (%)
1 – Alto Paraguai 75,79 24,21
2 – Arenápolis 92,19 7,81 3 – Barra do Bugres 76,99 23,01 4 - Campo Novo do Parecis 83,42 16,58 5 – Denise 87,81 12,19 6 – Diamantino 77,05 22,95 7 – Nortelândia 90,46 9,54 8 – Nova Marilândia 66,23 33,77 9 – Nova Maringá 66,43 33,57 10 – Nova Olímpia 89,67 10,33 11 – Porto Estrela 49,69 50,31 12 – Santo Afonso 47,87 52,13 13 – São José do Rio Claro 85,91 14,09 14 – Tangará da Serra 87,52 12,48 Média do Território 76,93 23,07 Fonte: Adaptado de Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE 2009 e Associação Mato-grossense dos Municípios – AMM, 2007.
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Tabela 10. Relação entre a População Urbana e o número de Trabalhadores nas Empresas Formais nos Municípios que formam o Território de Alto Paraguai.
Município População Urbana (P.U)
Trab. de Empresas Formais (T.F) P.U / T.F
1 – Alto Paraguai 6.313 214 29,50
2 – Arenápolis 9.130 459 19,90 3 – Barra do Bugres 26.445 3.569 7,40 4 - Campo Novo do Parecis 19.841 4.074 4,90 5 – Denise 9.784 240 40,80 6 – Diamantino 14.631 1.311 11,20 7 – Nortelândia 5.674 276 20,60 8 – Nova Marilândia 1.553 71 21,90 9 – Nova Maringá 3.978 1.112 3,60 10 – Nova Olímpia 18.780 8.246 2,30 11 – Porto Estrela 2.001 258 7,80 12 – Santo Afonso 1.409 80 17,60 13 – São José do Rio Claro 16.011 2.664 6,00 14 – Tangará da Serra 71.731 11.321 6,30
Total do Território 207.281 33.895 6,11 Fonte: Censo Econômico SEPLAN – 2003.
3.3.3. Análise da Arrecadação, Receita em Relação a sua Transferência do Território do Alto Paraguai.
No Censo Agropecuário de 2006 foram identificados 4.367.902 estabelecimentos de
agricultura familiar no Brasil. Eles representavam 84,4% do total, mas ocupavam
apenas 24,3% (ou 80,25 milhões de hectares) da área dos estabelecimentos
agropecuários brasileiros. Já os estabelecimentos não familiares representavam 15,6%
do total e ocupavam 75,7% da sua área. Dos 80,25 milhões de hectares da agricultura
familiar, 45% eram destinados a pastagens, 28% a florestas e 22% a lavouras. Ainda
assim, a agricultura familiar mostrou seu peso na cesta básica do brasileiro, pois era
responsável por 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção de feijão,
46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 21% do trigo e, na pecuária, 58% do leite,
59% do plantel de suínos, 50% das aves e 30% dos bovinos. Apesar de cultivar uma
área menor com lavouras e pastagens (17,7 e 36,4 milhões de hectares,
respectivamente), a agricultura familiar é responsável por garantir boa parte da
segurança alimentar do país, como importante fornecedora de alimentos para o mercado
interno. Em 2006, a agricultura familiar era responsável por 87% da produção nacional
de mandioca, 70% da produção de feijão, 46% do milho, 38% do café (parcela
constituída por 55% do tipo robusta ou conilon e 34% do arábica), 34% do arroz, 58%
do leite (composta por 58% do leite de vaca e 67% do leite de cabra), 59% do plantel de
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suínos, 50% das aves, 30% dos bovinos e, ainda, 21% do trigo. A cultura com menor
participação da agricultura familiar foi a soja (16%). 37% dos parentes do produtor que
trabalhavam na agricultura familiar eram analfabetos. As informações sobre educação
na agricultura familiar revelam avanços, mas também desafios: entre os 11 milhões de
pessoas da agricultura familiar e com laços de parentesco com o produtor, quase 7
milhões (63%) sabiam ler e escrever. Mas por outro lado, existiam pouco mais de 4
milhões de pessoas (37%) que declararam não saber ler e escrever, principalmente de
pessoas de 14 anos ou mais de idade (3,6 milhões de pessoas). Este tema ainda é um
grande desafio, e merecerá uma análise mais detalhada no futuro.
Tabela 11. Produção das principais atividades pecuárias do Território do Alto Paraguai.`
Muncípio Produção das Principais Atividades Agrícolas e Extrativistas
Bovinos ¹ Suínos ¹ Caprinos ¹ Ovinos ¹ Leite ² Mel de Abelha ³
1. Alto Paraguai
65.065 2.149 108 1.378 3.181 -
2. Arenápolis 43.605 2.625 18 1.016 2.735 -
3. Barra do Bugres 205.791 3.723 331 6.325 2.079 150
4. Campo Novo do Parecis 40.896 3.948 70 2.890 253 15.973
5. Denise 55.349 2.717 1.523 1.398 253 - 6. Diamantino 91.253 143.000 182 3.425 1.971 -
7. Nortelândia 42.180 1.112 56 2.107 824 3000
8. Nova Marilândia 88.152 708 118 2.379 2.543 -
9. Nova Maringá 75.527 3.059 222 1.805 468 225
10. Nova Olímpia
58.175 3.717 326 2.511 678 - 11. Porto Estrela 98.640 1.784 353 5.400 169 760
12. Santo Afonso 83.045 1.781 22 1.245 4.353 -
13. São José do Rio Claro 93.607 1.942 182 2.432 971 1.000
14. Tangará da Serra 250.060 19.565 250 4.743 6.620 15.415
Total 1.291.345 191.830 3.761 39.054 27.098 36.523
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Tabela 12. Produção das principais atividades agrícolas e extrativistas permanentes do Território do Alto Paraguai.
Município
Produção das Principais Atividades Agrícolas e Extrativistas
Banana ⁴ Borracha ⁶ Coco da Bahia ⁵ Café ⁶
1. Alto Paraguai 190 36 80 -
2. Arenápolis - - - -
3. Barra do Bugres 3.570 486 114 -
4. Campo Novo do Parecis - - 40 -
5. Denise - 185 100 -
6. Diamantino 400 - 675 -
7. Nortelândia 252 17 - -
8. Nova Marilândia - 18 - 6
9. Nova Maringá 50 249 - 22
10. Nova Olímpia 602 71 383 -
11. Porto Estrela 490 27 - -
12. Santo Afonso 600 - - 5
13. São José do Rio Claro - 335 60 -
14. Tangará da Serra 1.500 - 2.250 61
Total 7.654 1.424 3.702 94
Tabela 13. Produção das principais atividades agrícolas temporárias do Território do Alto Paraguai.
Município Produção das Principais Atividades Agrícolas Temporárias
Amendoim ⁶ Abacaxi ⁵⁵⁵⁵ Arroz ⁶ Feijão ⁶
1. Alto Paraguai 15 450 270 9
2. Arenápolis - 500 1.170 -
3. Barra do Bugres 120 87 336 12
4. Campo Novo do Parecis 13.258 150 19.908 3.020
5. Denise - - 1.875 106
6. Diamantino - 880 9.360 5.383
7. Nortelândia - 875 900 4
8. Nova Marilândia - 2.350 270 3
9. Nova Maringá 624 400 15.471 2.627 10. Nova Olímpia - 540 1.600 70
11. Porto Estrela - 125 300 106
12. Santo Afonso 3 1.625 3.120 4
13. São José do Rio Claro - 500 1.440 42
14. Tangará da Serra - 12.000 3.450 54 Total 14.020 20.482 59.470 11.440
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No Território do Alto Paraguai, a situação é a mesma, a exceção dos
Municípios que tem uma forte presença da agricultura empresarial com a cana-de-
açúcar e a cultura da soja, os demais municípios são de população pobre e com
baixíssima arrecadação, como é o caso dos municípios de Alto Paraguai, Arenápolis,
Denise, Nortelândia, Nova Maringá, Porto Estrela e Santo Afonso (Tabela 14). Que
juntos representam mais de 50% dos municípios do Território do Alto Paraguai.
Tabela 14. Valores das Receitas Orçamentárias e Transferências de Capital da União e do Governo do Estado para os Municípios que formam o Território do Alto Paraguai.
Município Receita (R$)
Transferência de Capital (R$)
1 – Alto Paraguai 9.880.453,59 1.569.227,86
2 – Arenápolis 9.075.279,55 536.949,83 3 – Barra do Bugres 42.650.345,97 3.156.527,00 4 - Campo Novo do Parecis 53.534.730,99 1.640.024,35 5 – Denise 11.310.551,94 234.777,21 6 – Diamantino 36.908.331,13 1.954.632,78 7 – Nortelândia 10.247.545,10 1.958.061,38 8 – Nova Marilândia 7.193.402,89 512.154,52 9 – Nova Maringá 12.421.428,12 900.232,33 10 – Nova Olímpia 29.037.940,74 1.871.781,42 11 – Porto Estrela 8.392.490,91 477.120,00 12 – Santo Afonso 9.441.425,12 3.237.381,68 13 – São José do Rio Claro 22.801.051,03 1.006.864,08 14 – Tangará da Serra 93.731.706,33 2.599.877,01 Total do Território 356.626.683,41 21.655.611,45 Fonte: Relatório anual de arrecadação Municipal do Tribunal de Contas do Estado de Mato Grosso – TCE, 2009.
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3.3.4. Análise sistêmica dos principais subsistemas produtivos
A análise sistêmica demonstrou que os subsistemas do Território apresentam
baixa complexidade. A produção está centrada em alguns poucos sistemas de produção
principais, com pouca relação entre si, tendo como mercado, inicialmente o local nas
feiras livres e alguns mercados e depois os intermediários que direcionam os produtos
ao mercado principal que está na região metropolitana de Cuiabá (Cuiabá e Várzea
Grande, principalmente). A transformação dos produtos sob controles dos agricultores
familiares ainda é diminuta e a comercialização está centralizada em poucos agentes.
Destaca-se, no entanto, a presença marcante dos atravessadores, desempenhando um
papel central de ligação entre os diferentes subsistemas
3.3.4.1. Subsistema de Produção
O subsistema de produção pode ser caracterizado através de algumas atividades
principais: mel artesanal, mandioca, FLV (frutas, legumes e verduras), leite, com a
presença de diversos laticínios, em alguns municípios o gado de corte, além da
produção de cana-de-açúcar, devido à presença de inúmeras usinas de açúcar e álcool no
Território. Outros sistemas de produção, como a retomada da produção da poaia
(Cephaelis ipecacuanha), frutas, como a banana, abacaxi e o caju, além de outras
atividades zootécnicas como a caprinocultura e a ovinocultura que aparecem
pontualmente em alguns municípios e mesmo assim na maioria das vezes como
complementação da renda.
Estes sistemas de produção não estão totalmente articulados. Com exceção da
produção de leite e animais para o corte, presente em praticamente todas as
propriedades (garantindo uma renda diária), os agricultores familiares não possuem
grande diversificação da produção. Geralmente a cultura da mandioca prevalece sendo
que os demais produtos são destinados ao autoconsumo e o excedente destinado para a
venda. Um ponto importante é que a produção de abacaxi, FLV e mandioca estão
fortemente associadas pelos consumidores com os municípios do Território do Alto
Paraguai.
Com base nos dados primários e secundários sistematizados neste PTDRS,
verificou-se, que, as informações socioeconômicas apresentadas comprovam que os
agricultores familiares encontram-se atualmente descapitalizados e com baixíssima
capacidade de investimento, além da situação irregular nos aspectos fundiário e
ambiental. Chama a atenção que alguns municípios com grande número de assentados e
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de agricultores familiares tradicionais possuem dificuldade de acesso ao crédito
(Tangará da Serra e Diamantino). Este fato tem origem na falta de titulação da
propriedade, desarticulação dos agricultores familiares ou mesmo devido a problemas
de inadimplência junto aos Bancos.
Grande parte dos assentamentos rurais da reforma agrária está desarticulada,
assim como os agricultores familiares tradicionais e comunidades indígenas. Não há
iniciativas conjuntas de produção, transformação ou distribuição dos produtos. Também
não existem organizações regionais de agricultores familiares que sirvam de exemplos
no Território (foram citadas diversas associações de agricultores familiares e uma
cooperativa de mel). Esta desorganização traz prejuízos diretos para os agricultores
familiares uma vez que de forma isolada torna-se difícil garantir a produção
padronizada em quantidade e qualidade durante o ano, havendo grandes perdas em
relação ao preço final do produto. De acordo com alguns entrevistados, atualmente o
preço das frutas do Território, principalmente o abacaxi, bem como a farinha de
mandioca encontram-se abaixo da média, justamente pelo falta de organização coletiva
da produção. O destaque de problema crônico para a agricultura familiar, que não é
diferente no Mato Grosso, é a produção de leite, sendo totalmente desarticulada e
controlada pelos laticínios particulares. Com respeito ao sistema de produção de leite a
campo, observou-se a falta de infraestrutura básica de produção. Animais não adaptados
a produção de leite, associado à má qualidade dos pastos, resulta em uma produção
direcionada prioritariamente para o autoconsumo, com um pequeno excedente sendo
vendido desarticulado, mas que se somado torna-se um volume expressivo no
Território. Também, a criação de bezerros e animais de corte torna-se um complemento
importante para a renda dos agricultores familiares. Estas atividades funcionam como
geração de renda contínua aos agricultores da região, mas não são capazes de mantê-los
por falta de gestão e orientação técnica e empreendedora, segundo o detectou o
diagnóstico realizado.
Também foi citada a tentativa de criação de uma cooperativa de mel no
município de São José do Rio Claro para organizar a produção e o seu beneficiamento.
No entanto, os requisitos relacionados à organização da produção estão ausentes
tornando a produção insuficiente para justificar uma instituição cooperativada e uma
casa de mel.
Uma atividade extremamente importante para a região é o turismo, devido a
serra e os acidentes geográficos existentes em alguns municípios, assim como, o turismo
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de pesca. No entanto, atualmente a agricultura familiar está excluída dos benefícios do
turismo. Algumas iniciativas para inserir os agricultores nesta atividade estão sendo
desenvolvidas, mas ainda com caráter pontual (cursos de capacitação). Neste sentido, é
fundamental definir com mais precisão como a agricultura familiar poderá estar inserida
nesta atividade (feiras, artesanatos, visitas, alojamentos, etc.), para então desenvolver as
capacitações e investimentos em infraestrutura necessários.
Um ponto extremamente importante e que foi mencionado é que cada vez
menos os jovens participam das atividades agropecuárias, verifica-se também no
Território, assim como, no restante do País que agricultura familiar está envelhecendo.
Foi preocupação constante de muitos entrevistados o abandono do meio rural pelos
jovens. As principais razões citadas que levariam os jovens a este comportamento
seriam a baixa renda obtida com a atividade agropecuária, a falta de educação básica e
técnica no meio rural e o desprestígio da atividade agropecuária. Já com respeito ao
papel das mulheres na produção, observou-se que, embora os homens considerem que
desempenham um papel secundário, já existem no Território iniciativas para aumentar a
participação e o reconhecimento das mulheres. Alguns municípios já contam com
associações específicas de mulheres, como é o caso de Diamantino. Trata-se de uma
iniciativa que deve ser estimulada no Território.
Alguns entrevistados citaram duas medidas consideradas como fundamentais e
que estão diretamente relacionadas com o subsistema de produção: o mapeamento
preciso da produção, identificando os principais grupos de agricultores familiares dentro
de cada município e a organização destes, muito embora os entrevistados não tenham
explicitado arranjos específicos da produção.
3.3.4.2. Subsistema de Transformação
Considerando as principais culturas em uma insipiente cadeia de produção no
Território, pode-se observar um baixo nível de transformação dos produtos na
agricultura familiar, como frutas, legumes e verduras. A produção de mel é expressiva
no Território e tem uma transformação satisfatória para o mercado. Destaque também
para a piscicultura, mas, grande parte da produção é vendida in natura, sem sofrer
qualquer processo de industrialização ou agregação de valor.
A produção de leite não é industrializada pelos agricultores e sim por laticínios
particulares localizados no Território. Ressalta-se que parte da produção de leite
também é distribuída diretamente aos consumidores. O mesmo foi observado com
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respeito à produção de carne: os agricultores familiares vendem o produto diretamente
aos supermercados (abate ilegal). Apesar de existir um frigorífico no Território, mas que
não atende especificamente à demanda da agricultura familiar.
Com respeito à mandioca, apesar de muitos agricultores familiares fabricarem
a farinha de mandioca em suas propriedades nos assentamentos de Tangará da Serra,
Diamantino e de Barra do Bugres, as embalagens não estão adequadas para serem
destinadas diretamente ao consumidor final. O produto é vendido geralmente em sacos
de 45Kg, enquanto o consumidor procura embalagens de 1Kg. Desta forma, um
atravessador geralmente adquire o produto a granel, posteriormente faz o seu
fracionamento e a embalagem. De acordo com alguns entrevistados, este processo
agrega mais de 100% no preço final da farinha de mandioca. Agricultores familiares que
encontram nichos de mercado específicos (venda direta para restaurantes ou bares dos
municípios do Território) também conseguem obter este nível de agregação no preço
final.
Existe também em alguns municípios como Nova Olímpia, Diamantino, Nova
Marilândia, Campo Novo dos Parecis e Porto Estrela, agricultores familiares que
trabalham com frutas transformado-as em doces e compotas artesanais, contudo sem
qualquer processo de regularização sanitária e nem rótulo para a venda direta ao
consumidor.
3.3.4.3 Subsistema de Comercialização
A comercialização no Território do Alto Paraguai é realizada basicamente nos
dois principais pólos urbanos - Tangará da Serra e Diamantino - com o excedente
encaminhado para Cuiabá e Várzea Grande, principalmente o mel e as frutas, com
destaque ao abacaxi. Se por um lado estes pólos concentram grande parte da população
do Território e do Estado no caso da Baixada Cuiabana, por outro o comércio de
alimentos é feito de forma extremamente concentrada. Um problema citado por muitos
entrevistados foi a colocação de produtos de outros Estados nestes centros comerciais
do Território, a um preço mais competitivo do que os produtos do Território do Alto
Paraguai. Este fato se deve as grandes compras feitas por estes centros de distribuição e
ao baixo custo do frete de retorno dos caminhões que distribuem os produtos da
agricultura empresarial. Mas segundo os mesmos entrevistados e pelas discussões nas
oficinas, verificou-se de que a desorganização da produção da agricultura familiar e a
falta de estruturação das cadeias produtivas e de mercado favorecem a comercialização
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de produtos de fora do Território com preços mais competitivos do que produção
interna do Território.
Já o comércio nos municípios menores se encontra extremamente fragilizado:
faltam espaços físicos adequados para distribuir os produtos, falta organização da
produção de maneira a facilitar o comércio e a população consumidora nestes
municípios é de baixa renda. Algumas medidas no sentido de organizar as feiras
municipais estão sendo realizadas, mas ainda muito precário e lento. Um exemplo que
demonstra a falta de organização deste setor é o fato de que os comerciantes dos
municípios menores precisam adquirir os produtos alimentícios em Tangará da Serra,
Diamantino e até em Cuiabá para revender nas cidades, gerando acréscimo de custo.
É importante destacar que o comércio interno no Território, apesar de limitado,
é importante para a circulação de recursos dentro dos municípios. A atual desarticulação
interna traz prejuízos diretos aos agricultores familiares. Foram citados, por exemplo, a
venda dos produtos da agricultura familiar oriundos dos municípios do Alto Paraguai
para Cuiabá e Várzea Grande para depois serem repassados novamente aos municípios,
a um custo muito superior, demonstrando incoerência dentro do Subsistema.
3.3.4.4. Ambiente institucional de apoio para organização social e pública
Foram identificadas diversas instituições que realizam trabalhos de apoio à
agricultura familiar dentro do Território do Alto Paraguai, a saber: Escola Técnica de
Diamantino; Movimento Sindical dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais; SEBRAE;
Instituto Federal de Ensino, SECITEC/SEPROTEC – Técnico agropecuário nível
médio, Universidades (UFMT e UNEMAT); FUNDAPER/ EMPAER; Associação
Mato-grossense dos Municípios; CONSAD; ONGs; CPT; Cooperativas
(COOPERVIDA); governos estadual e federal. A seguir será feita uma breve descrição
do tipo de serviço realizado por cada instituição.
A EMPAER atua através de programas de extensão rural, com objetivo de
resgatar a qualidade e a quantidade de alimentos destinados ao autoconsumo nas
propriedades rurais, venda do excedente, organizar as principais cadeias produtivas da
agricultura familiar do Território. Mas na realidade o que se verificou, foram constantes
as críticas relacionadas à falta de recursos humanos e de estrutura de trabalho. O sistema
atual de assistência ao crédito (duas visitas anuais) também foi motivo de crítica por
parte dos agricultores.
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O SEBRAE atua principalmente através dos Arranjos Produtivos Locais, cujo
foco na região está centrado nas áreas de confecção, móveis, piscicultura, artesanato,
desenvolvimento de empreendedorismo, turismo de negócios, produção de mel
empreendedora e varejo competitivo. De todos estes eixos de ação, somente a
piscicultura, artesanato e a produção de mel possuem como público alvo específico
agricultores familiares do Território.
As Universidades presentes no Território - Universidade Estadual de Mato
Grosso (UNEMAT – Tangará da Serra) e a Universidade Federal de Mato Grosso
(UFMT – Barra do Bugres) - realizam projetos específicos de capacitação e pesquisa.
Deve-se destacar que alguns agricultores familiares entrevistados citaram que
diretamente estes trabalhos pouco contribuem para a agricultura familiar. Geralmente os
resultados das pesquisas ou dos trabalhos realizados não são compartilhados com os
agricultores familiares. Observa-se um grande potencial de envolvimento das
universidades, muito embora as atividades de extensão ou as pesquisas de campo
estejam relacionadas muito mais com iniciativas individuais de docentes do que uma
política definida por tais órgãos.
Também foram observadas ações importantes da Associação Mato-Grossense
de Municípios (AMM). Estas ações geralmente concentram-se em capacitações e
assessoria a prefeitos e secretários municipais. A articulação e envolvimento político da
AMM poderá viabilizar alguns projetos importantes para a região. Além da AMM, o
CIDES e a Superintendência do Programa MT-Regional promovem ações e projetos
dentro do Território, relacionados com a agroindustrialização e a estruturação da
comercialização dos produtos da agricultura familiar. Estas ações podem e devem ser
articuladas com as ações de desenvolvimento territorial.
Foi identificada uma cooperativa com trabalhos relevantes para o Território,
apesar de pontuais. A COOPERVIDA é uma cooperativa de Tangará da Serra, mas com
ações restritas nos municípios Barra do Bugres e Nova Olímpia. Além de outras como:
COOPERCAETÉ, COOPERMISA, COOPERCASP, COOPERALTO E A COOPAG.
É interessante destacar que foram citados por alguns entrevistados a presença
de outras instituições com trabalhos relevantes no Território, tais como, Instituto Chico
Mendes, Associação de Feirantes de Tangará da Serra., Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra (MST), Instituto Centro de Vida (ICV) que desenvolve algumas ações
com agricultores familiares na bacia do Rio Paraguai e a Comissão Pastoral da Terra..
Estes trabalhos estão centrados geralmente na capacitação de agricultores familiares
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e/ou em técnicas comunitárias de comercialização da produção. No entanto, ainda é
necessário um mapeamento mais detalhado destas instituições no sentido de identificar
sua área de atuação e a contribuição que poderiam ter em programas mais amplos de
desenvolvimento.
Outra instituição representativa da agricultura familiar é o Pólo Sindical dos
Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais que atua através de projetos de capacitação
diretamente com agricultores familiares e produtoras rurais. Desenvolve trabalhos
específicos de reconhecimento do trabalho das mulheres na produção rural e
capacitação de jovens. Através também dos Sindicatos, outros projetos estão sendo
implementados no Território, como a parceria com o Ministério da Saúde para
implementar ações de Educação do Campo, com apoio do MST em uma ação isolada do
grupo de Tangará da Serra, sendo baseada na capacitação de dirigentes sindicais e
lideranças comunitárias.
De maneira geral, observou-se que as instituições de apoio realizam
importantes trabalhos pontuais, mas que, isoladamente, não estão resultando em
mudanças significativas na realidade geral dos agricultores da região. É necessário
definir um eixo comum, envolvendo não apenas cadeias específicas ou segmentos dos
subsistemas, mas sim todo o complexo formado pela
produção/transformação/comercialização. Além disso, observa-se em alguns momentos,
duplicidade de ações, como por exemplo, a proposta de ação do CIDES e a proposta de
trabalho do colegiado do Território.
Muitos entrevistados destacaram ainda a importância do envolvimento do
INDEA nas ações de desenvolvimento rural. Atualmente, de acordo com os
entrevistados, este órgão se mantém fora das discussões sobre o desenvolvimento do
Alto Paraguai, atendo-se unicamente a fiscalização dos produtos de origem animal.
Sendo eminentemente um órgão relacionado à inspeção e qualidade dos produtos de
origem animal, seu envolvimento foi considerado fundamental (mesmo porque muitas
das ações desejadas pelos atores para o Território passam pela industrialização dos
produtos da agricultura familiar, o que está diretamente relacionado à área de atuação do
INDEA).
É importante frisar ainda que muitos entrevistados citaram as dificuldades para
o acesso às linhas de crédito (PRONAF). De acordo com estes entrevistados, a obtenção
do “PRONAF A” não é problemática, o que não ocorre com as demais linhas de
financiamento. As dificuldades se devem principalmente, para os entrevistados, ao
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despreparo dos funcionários do Banco do Brasil e a falta de sincronia entre a obtenção
do financiamento e o tempo adequado para o plantio (fazendo com que muitas vezes os
financiamentos sejam viabilizados fora da época agrícola recomendada). Destacam
ainda, quase em unanimidade, que os maiores problemas do Território estão na
regularização fundiária e ambiental.
3.3.4.5. Aspectos básicos sobre o capital social no Território do Alto
Paraguai.
A análise do capital social no Território está dividida em 2 pontos
fundamentais: o espaço de participação e trabalho dos órgãos de representação dos
agricultores familiares e o envolvimento dos agricultores familiares nas questões sobre
o Território. Espera-se com isso avaliar não apenas as oportunidades de participação dos
trabalhadores rurais nas decisões políticas referentes ao desenvolvimento territorial, mas
acima de tudo como vem sendo exercida esta participação.
Com respeito aos órgãos de representação dos agricultores familiares,
destacam-se três:
• Conselhos Municipais de Desenvolvimento Rural Sustentável (CMDRS);
• Sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais (STTR); e
• Associações de agricultores familiares.
Todos os municípios possuem CMDRS, mas, de acordo com alguns
entrevistados, estes não possuem ação estratégica, estando ainda demasiadamente
relacionados aos prefeitos ou secretários de agricultura, não funcionando de forma
independente. Além disso, foram citados problemas relacionados com a
representatividade dos agricultores familiares, centralizada historicamente nos mesmos
indivíduos. Foram relatadas a realização de atividades de capacitação para os dirigentes
dos CMDRS, mas, segundo os entrevistados, ainda não acarretaram em mudanças
significativas de comportamento.
Com respeito aos STTR e Associações, alguns entrevistados relataram o não
repasse de informações aos agricultores familiares. De acordo com os presidentes dos
STTR entrevistados, o diálogo com a base é muito precário, sendo um dos motivos a
falta de recursos financeiros ou materiais que viabilizem o diálogo constante entre
sindicato e trabalhadores rurais. Disto resulta, para grande parte dos entrevistados, a
dificuldade de união dos atores da Baixada na construção de um projeto em conjunto.
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Com referência as associações, apesar de haver um grande número de
entidades, não há ação efetiva na direção da organização da produção. Alguns
agricultores familiares, ao serem indagados sobre o que faziam nas associações, não
souberam responder ou indicaram que a associação não possuía nenhuma ação
específica. Alguns STTR se articularam com as associações trazendo a discussão sobre
a produção para dentro do ambiente sindical. Apesar de pontuais, estas experiências
podem trazer vantagens aos agricultores familiares principalmente por facilitar a
organização da produção.
Outro ponto pesquisado foi o nível de participação dos agricultores familiares
tanto na produção quanto na vida cotidiana. Neste sentido, os entrevistados relataram
que existe um sentimento de descrença com as formas cooperativadas, sentimento este
devido principalmente a projetos executados na região e que não obtiveram êxito. Esta
descrença dificulta a mobilização dos agricultores familiares e, conseqüentemente, a
própria organização da produção.
Observou-se que a discussão sobre o Território ainda não chegou à base de
forma plena e satisfatória. A maioria dos agricultores familiares entrevistados tem
pouco conhecimento dos trabalhos que estão sendo realizados, assim como na reunião
com os jovens do Território as respostas foram as mesmas, no sentido de
desconhecimento e da importância das ações territoriais. Desta forma, toda a discussão
sobre os projetos e a construção do PTDRS para o Território está centralizada
principalmente nos líderes sindicais e secretários municipais de agricultura. Mesmo
havendo forte ligação cultural entre todos os habitantes do Território do Alto Paraguai é
fundamental um envolvimento maior dos agricultores familiares nas decisões,
garantindo assim a coesão dentro dos projetos e da proposta de desenvolvimento
territorial. Existe a necessidade de se trabalhar mais junto ao colegiado e aprofundar as
discussões das ações territoriais e do PTDRS junto à base da agricultura familiar.
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3.3.5. Assentamentos Rurais do Território do Alto Paraguai. A Tabela 12 apresenta a lista completa dos assentamentos do Território do Alto
Paraguai, especificando o nome dos PAs e o número de famílias assentadas. Deve-se chamar a
atenção que os dados foram obtidos diretamente junto ao INCRA, mas foram encontradas
algumas incoerências, como duplicidade de PA listado com diferentes números de famílias
assentadas. Os assentamentos realizados no Território do Alto Paraguai representam
8,6% dos assentamentos realizados no Estado de Mato Grosso. Com relação ao número
de famílias/ projeto, chama a atenção a quantidade de famílias assentadas em nos
Municípios de Tangará da Serra, São José do Rio Claro, Alto Paraguai e Diamantino em
médias nos quatro municípios de 900 famílias por município em um total de 20
Assentamentos nos quatro municípios.
Tabela 15. Capacidade de Famílias e Famílias assentadas por Projeto de Assentamento nos Municípios que formam o Território do Alto Paraguai.
Município Nº de Projetos
Nome do Projeto de Assentamento
Capacidade de Famílias
Famílias Assentadas
1 – Alto Paraguai 7
Capão Verde ¹ 169 152
Tira Sentido ¹ 118 118 São Pedro I ¹ 50 50
Nova Esperança I ¹ 130 113 Brumado ¹ 42 38
Serra da Esperança ¹ 70 45 Ema ¹ 123 120
2 – Arenápolis 1 Imaculado Coração De Maria ¹ 73 69
3 – Barra do Bugres 6
Baxiu ¹ 16 16 Cabaças ² 203 199
Buriti Fundo ¹ 31 31
Antônio Conselheiro ² 380 380
João e Maria ³ 95 95 Campo Verde ³ 170 170
4 - Campo Novo do Parecis 1 Guapirama ¹ 52 52
5 – Denise 2
União ³ 81 81 Gavião ¹ 36 36
Nossa Senhora de Fátima ¹ 105 78
6 – Diamantino
6
Bojuí ¹ 276 271 Piraputanga ¹ 59 9 Saltinho ¹ 55 44 Caeté ¹ 358 249
Nossa Senhora Aparecida ¹ 20 13
Rio Preto ¹ 25 12
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Continua
Município Nº de Projetos
Nome do Projeto de Assentamento
Capacidade de Famílias
Famílias Assentadas
6 - Diamantino 1 Diocese De Diamantino/MT ¹ 26 26
7 – Nortelândia 3
São Francisco I ¹ 71 71
Raimundo Rocha ¹ 210 200
Vila Rural Rio Santana ¹ 50 48
8 – Nova Marilândia 2 São Francisco De Paula ¹ 74 74
Vila Nova ¹ 140 139
9 – Nova Maringá 7
Nova Maringá ¹ 32 31 Chacororé ¹ 220 135 Brianorte ¹ 20 20
Santo Antonio ¹ 25 20 Santo Antonio I ¹ 18 18 Santo Antonio II ¹ 31 31
Vila Rural Arco Iris ¹ 8 5
10 – Nova Olímpia 4
Riozinho ¹ 71 71 Vale Do Sol ¹ 52 52 Rio Branco ¹ 86 85 Usiel Pereira ¹ 59 57
11 – Porto Estrela 2 Voltinha ¹ 33 32
Vão Grande ¹ 28 28 12 – Santo Afonso 1 Padre José Tencate ¹ 58 58
13 – São José do Rio Claro 4
Campinas ¹ 253 252 Santana D’água ¹
¹¹Limpa 360 360
Pouso Alegre ¹ 47 45
14 – Tangará da Serra 2 Triangulo ¹ 150 150
Antonio Conselheiro ¹ 999 997 Total do Território 46 5.858 5.446 Fonte: ¹ Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA, 2010. ² Instituto de Terras de Mato Grosso, 2010. ³ Crédito Fundiário, 2010.
3.3.6. Comunidades Quilombolas do Território do Alto Paraguai. Na análise da Tabela 13, cabe destacar algumas questões específicas
identificadas no Território, como a situação dos quilombolas. Está presente no
Território com expressiva nos Município de Barra do Bugres e Porto Estrela, também
encontrado uma comunidade quilombola no Município de Diamantino. Perfazendo um
total de 19 Comunidades de Quilombo no Território. De acordo com os atores locais, os
quilombolas encontram-se em difícil situação, tanto pela baixa renda quanto pelas
baixas condições de vida. Ações emergenciais junto a este público devem ser
desenvolvidas.
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Tabela 16 Comunidades Quilombolas nos Municípios que formam o Território do Alto Paraguai.
Município Nº de Famílias Denominações
1 – Alto Paraguai ² - -
2 – Arenápolis ² - -
3 – Barra do Bugres ¹
40 Baixio 10 Vermelhinho 30 Morro Redondo 35 Vaca Morta (*)
4 - Campo Novo dos Parecis ² - - 5 – Denise - - 6 – Diamantino 5 Rio Ouro 7 – Nortelândia - - 8 – Nova Marilândia - - 9 – Nova Maringá - - 10 – Nova Olímpia - -
11 – Porto Estrela ²
44 Vaca Morta 51 Bocaina 65 Voltinha 49 Vaozinho 17 Água Doce
12 – Santo Afonso - - 13 – São José do Rio Claro - - 14 – Tangará da Serra - - Total do Território 349
Fonte: ¹ Ministério da Cultura / Fundação Cultural Palmares, 2005. ² SETECS / SEPIR 2008.
3.3.7. Comunidades Índigenas do Território do Alto Paraguai. A população indígena dentro do Território do Alto Paraguai. Como pode ser
observado na tabela abaixo, esta presente em 50% dos municípios do Território e
representa próximo de 1.600 índios de diversas etnias com a maioria expressiva dos
Parecis.
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Tabela 17. Nome, área, etnia, população e situação jurídica atual dos Territórios Indígenas nos Municípios que formam o Território Alto Paraguai.
Município Nome Área (ha) Etnia População Situação
1 – Alto Paraguai - - - - -
2 – Arenápolis - - - - -
3 – Barra do Bugres Umutina 28.120,00
Paresi / Umutina /
Nambikwara / Kayabi / Terena
/ Irantxe.
280 Homologada / Regularizada
4 - Campo Novo do Parecis
Ponte de Pedra 17.000 Paresi - GT de identificação
Utiariti 412.304 Paresi 429 Homologada / Regularizada
5 – Denise - - - - -
6 – Diamantino Estação Rondon 3.621 Paresi 26 Delimitada.
7 – Nortelândia - - - - -
8 – Nova Marilândia Estação Rondon 3.621 Paresi 26 Delimitada
9 – Nova Maringá Ponte de Pedra 17.000 Paresi - GT de identificação.
10 – Nova Olímpia - - - - -
11 – Porto Estrela - - - - -
12 – Santo Afonso - - - - -
13 – São José do Rio Claro - - - - -
14 – Tangará da Serra
Estivadinho 2.032 Paresi 26 Homologada.
Figueiras 9.859 Paresi 16 Homologada / Regularizada.
Paresi 563.586 Paresi 711 Homologada / Regularizada.
Rio Formoso 19.749 Paresi 104 Homologada / Regularizada.
Total do Território 1.076.892 1.618
% em Relação ao Estado 5 6
Fonte: FUNAI 2005.
PPllaannoo TTeerrrriittoorriiaall ddee DDeesseennvvoollvviimmeennttoo RRuurraall SSuusstteennttáávveell ddoo AAllttoo PPaarraagguuaaii
���� 59 ����
3.4. LEVANTAMENTO DE DADOS PRIMÁRIOS
O perfil do Território destacado nos quadros 6 e 7 foram amplamente
discutidos pelos atores sociais, que destacaram pontos de fragilidades do Território, os
quais têm dificultado sobremaneira o desenvolvimento com sustentabilidade da
agricultura familiar, tais como: Regularização fundiária e ambiental, organização da
produção e comercialização e uma equipe de elaboração de projetos junto às prefeituras
e ao colegiado. Entretanto observaram em suas discussões, que o Território possui
potencialidades a serem consideradas como a presença da UNEMAT nos municípios de
Tangará da Serra e Barra do Bugres, além de ser uma região rica em córregos e rios e
uma forte bacia leiteira.
Quadro 2. Pontos Fortes e Oportunidades do Território do Alto Paraguai (2010)
PONTOS FORTES OPORTUNIDADES
1 – Proximidade de mercado consumidor forte 1 – Facilita a organização de um Plano de Produção, Comercialização e Mercado
2 – Trabalhos em conjunto com os consórcios 2 – Agregar valores a diversificação de produção com Agroindústrias com capacitação e pesquisa
3 – Agroindústrias na maioria dos municípios e uma rede energética forte, assim como, as condições de estrada no Território
3 – Projetos de agroindústrias, infraestrutura, capacitação e Doces em compota
4 – Tradição de agricultura familiar e uma grande quantidade de agricultores e agricultoras familiares no Território do Alto Paraguai
4 – Projeto de capacitação das principais cadeias produtivas junto aos agricultores e agricultoras familiares
5 – Bacia Leiteira forte em todo Território 5 - Organização da cadeia produtiva do leite para potencializar o mercado local e territorial
6 – Turismo ambiental, histórico e cultural 6 – Projetos de Turismo e Preservação Ambiental 7 – Cadeia Produtiva do Mel, Frango, FLV, Caprinovinocultura, Heveicultura, e Piscicultura bem estruturada
7 – Diversificação da produção e pluriatividade no meio rural, dentre elas a Poaia, Mandioca e Palmito.
8 – Rede de produção de artesanato. 8 – Geração de emprego e capacitação na produção de artesanato
PPllaannoo TTeerrrriittoorriiaall ddee DDeesseennvvoollvviimmeennttoo RRuurraall SSuusstteennttáávveell ddoo AAllttoo PPaarraagguuaaii
���� 60 ����
Quadro 3. Pontos Fracos e Ameaças do Território do Alto Paraguai (2010).
PONTOS FRACOS AMEAÇAS
1 – Regularização fundiária e ambiental 1 – Êxodo rural por falta de acesso ao crédito e conseqüente envelhecimento da população rural
2 – Infraestrutura de estradas principais e vicinais e de logística para produção
2 – Dificulta o escoamento da produção e a comunicação dos atores sociais. Inviabilizando o Desenvolvimento Sustentável e Social e provocando o êxodo rural
3 – Equipe de projetos com pouca capacitação 3 – Perdendo recursos ano a ano destinado para agricultura familiar, por falta de uma equipe capacitada
4 – Assistência Técnica e Extensão Rural, insuficiente pela quantidade de técnicos no Território
4 – A equipe existente no Território não da conta de atender os agricultores em suas demandas. Resulta na perda de recurso e da produção e provoca o êxodo rural. Também há deficiência do planejamento e a continuidade dos projetos
5 – Faltam de informações as organizações sociais e inovações tecnológicas para agricultura familiar
5 – Baixa presença dos integrantes governamentais no Território e inexperiência dos gestores por falta destas informações e terminam fechando sendo destituídas
6 – Presença forte da monocultura no Território 6 – Resulta na falta de interesse governamental nos projetos da agricultura familiar e provoca uma desorganização da produção, mercado e comercialização para o empresário familiar de pequeno porte
7 – Falta de um Programa de Educação do Campo no Território
7 – A descontextualizarão da educação do campo em relação ao campo e não a cidade, tem provocado o êxodo rural,
8 – Falta um Programa de Comercialização e Mercado no Território
8 – Aumento do atravessador e desestímulo do produtor em relação ao ganho com a produção. Tem provocado o aumento do Latifúndio
9 – Falta um programa de atendimento a saúde do campo;
9 – Tem provocado constantemente o êxodo rural. Provocando aos que ficam um sentimento de fragilidade e emocionalmente estar sempre abatido e desestimulado
PPllaannoo TTeerrrriittoorriiaall ddee DDeesseennvvoollvviimmeennttoo RRuurraall SSuusstteennttáávveell ddoo AAllttoo PPaarraagguuaaii
���� 61 ����
4. VISÃO DE FUTURO
A Visão de Futuro contém a expressão do desejo; a definição de como e onde
quer estar o Território do Alto Paraguai em um espaço temporal de cincos anos.
Originado de um exercício participativo dos atores sociais, como se fosse um sonho
coletivo, traz a concepção ou a imagem do que desejam alcançar ou obter no espaço-
tempo determinado.
É com base nessa visão de futuro que o Território definiu o que quer, o que
fará, com quem contará, enfim, definiu o que deverão providenciar (a planificação) para
alcançá-lo. A visão de futuro antecipa possíveis desdobramentos da ação racional e
organizada dos atores sociais do Território sobre a sua realidade e seu contexto,
expressando o seu desejo de mudança enquanto segmento da sociedade que se define
como agricultura familiar.
A visão de futuro, portanto, torna-se um instrumento fundamental para
dimensionar as possibilidades de realização do desejo territorial, contribuindo na
orientação do diagnóstico, na definição dos objetivos específicos, metas e estratégias de
desenvolvimento territorial sustentável.
Com base na visão de futuro, o Território tem condições de iniciar o seu
processo de planejamento estratégico, pois concebeu coletivamente o que quer, gerando
uma imagem de como estará quando chegar ao prazo que determinou. Este momento foi
indispensável para que o Território pudesse dar início ao seu planejamento.
Observaram-se as condições internas do Território, suas potencialidades, dificuldades e
o contexto sociopolitico organizativo, bem como a forma de interação dessa perspectiva
com as condições futuras do contexto externo. Esta confrontação do endógeno
(condições internas) com o exógeno (contexto externo) permitiu definir um cenário
desejado plausível.
O Território no exercício de construção de sua visão de futuro determinou
como poderão controlar as ações e não ficar a revelia de qualquer mudança de rumo,
pois possui claro o lugar para onde querem ir e o estado que querem alcançar.
A função da visão de futuro é não ver os problemas, nem as dificuldades; mas
sim as oportunidades internas e externas que o Território terá para transformar em
sucesso sua ação no presente.
PPllaannoo TTeerrrriittoorriiaall ddee DDeesseennvvoollvviimmeennttoo RRuurraall SSuusstteennttáávveell ddoo AAllttoo PPaarraagguuaaii
���� 62 ����
Enfim é a expressão do sonho coletivo dos atores sociais do Território para
uma vida melhor, de um cotidiano transformado e melhorado, com os interesses
coletivos devidamente expressos; grupos e segmentos interessados devidamente
representados e comprometidos.
Na interpretação dos atores sociais do Território a situação, elencadas nos dez
pontos abaixo, traduz mais claramente as expectativas da visão de futuro:
1. Existe uma disparidade econômica e social entre os municípios do Território:
enquanto Tangará da Serra, Nova Olímpia e Barra do Bugres se destacam como
pólos econômicos e com IDH mais altos no Território se aproximando do Estado e
do Brasil, os municípios restantes apresentam problemas principalmente com
referência a renda: é preciso pensar formas de aumentar a renda da população dos
pequenos municípios do Território como Alto Paraguai, Arenápolis, Porto Estrela e
outros. Praticamente 50% dos municípios do Território..
2. A população do Território ainda apresenta baixa escolarização e baixa qualidade de
ensino no meio rural, estimulando a saída dos jovens para as cidades.
3. Grande número de pessoas vivendo no meio rural, principalmente fora dos centros
principais do Território. Grande concentração de terras e renda – as pequenas
propriedades, grande maioria em praticamente todos os municípios, ocupam uma
pequena parcela da área e produzem muito pouco. Apesar da importância para os
municípios menores, a agricultura familiar possui baixa eficiência econômica,
estando inclusive abaixo da média estadual e nacional.
4. Grande parte dos produtores não conhece o conceito de Território e suas
implicações para o desenvolvimento.
5. O baixo preço obtido pelos produtos e a conseqüente baixa renda dos produtores
podem ter suas raízes nos seguintes aspectos:
Ø Desorganização total da produção local (grande número de pequenos
produtores vendendo o mesmo produto de forma isolada).
Ø Desconhecimento por grande parte dos produtores de experiências positivas de
associativismo e cooperativismo. Em geral observou-se descrença neste tipo
de ação.
Ø Baixo valor agregado dos produtos (baixo nível de industrialização):
geralmente os produtos são vendidos “in natura” para atravessadores ou
mesmo diretamente para os consumidores.
Ø Enfraquecimento do comércio local (dentro dos municípios). Apesar de
PPllaannoo TTeerrrriittoorriiaall ddee DDeesseennvvoollvviimmeennttoo RRuurraall SSuusstteennttáávveell ddoo AAllttoo PPaarraagguuaaii
���� 63 ����
algumas iniciativas no sentido de realizar feiras municipais, este comércio
ainda é extremamente incipiente.
6. Comercialização concentrada nas mãos de poucos atores, com forte destaque para
os atravessadores.
7. Existem algumas instituições desenvolvendo atividades pontuais e desarticuladas
no Território – cada instituição apresenta características próprias, com limitações e
potencialidades específicas. Necessidade de articulação maior entre estes órgãos no
planejamento e execução de ações
8. Necessidade de resgatar a participação efetiva dos produtores junto aos órgãos de
representação: Sindicatos, Associações e Conselhos Municipais.
9. Necessidade de implementar políticas efetivas de desenvolvimento que congreguem
não apenas a questão produtiva, mas também a educação de jovens e a saúde.
10. Necessidade urgente de ações efetivas para a regularização da terra e ambiental.
Um dos principais pontos de estrangulamento do desenvolvimento e dos sistemas
produtivos.
Isto posto, os agricultores familiares entenderam que para ter uma melhoria de
qualidade de vida no Território serão necessárias as seguintes ações:
ü Maior conhecimento da gestão e planejamento da produção, mercado e
comercialização;
ü Trabalhar de forma cooperativista;
ü Organização da produção;
ü Infraestrutura da produção;
ü Agregação de valores aos produtos da agricultura familiar;
ü Ação empreendedora de mercado e comercialização aos atores sociais da
agricultura familiar.
PPllaannoo TTeerrrriittoorriiaall ddee DDeesseennvvoollvviimmeennttoo RRuurraall SSuusstteennttáávveell ddoo AAllttoo PPaarraagguuaaii
���� 64 ����
5. EIXOS AGLUTINADORES, PROGRAMAS E PROJETOS
Os eixos aglutinadores foram definidos pelo Território sendo norteados pela
visão de futuro que culminará no processo de construção do PTDRS de forma didática
através da sistematização e organização das propostas oriundas das forças vivas do
Território (atores sociais). Objetivou-se dessa maneira aprofundar um conjunto
articulado de diretrizes e prioridades convergentes para o PTDRS, levando em
consideração as diferentes dimensões do desenvolvimento sustentável (sociocultural,
ambiental e socioeconômica). Essas dimensões foram determinadas a partir das
percepções dos atores sociais do Território.
A base da definição e construção dos eixos foi a visão de futuro que os atores
sociais dos Territórios construíram ao longo do processo de gestão social oportunizado
pela SDT/MDA. A partir dos eixos foram definidos e estruturados os programas e
projetos. Esses projetos estão amarrados entre si nos diferentes eixos aglutinadores e
devem responder as demandas específicas do Território.
O Colegiado, com base no diagnóstico participativo construído na Oficina de
nivelamento para a construção do PTDRS, definiu quatro eixos aglutinadores do
Território do Alto Paraguai, quais sejam:
I – Produtivo e Econômico;
II – Social e Educacional;
III – Ambiente, Turismo, Cultura e Saúde;
IV – Infraestrutura;
A partir da definição dos Eixos Aglutinadores, o Colegiado do Território do
Alto Paraguai organizou seus respectivos Programas e Projeto, conforme Quadro 8.
PPll aann oo TTee rrrr iitt oorr iiaa ll ddee DDee ssee nnvv ooll vvii mmee nntt oo RRuu rraa ll SSuu sstt eenn ttáá vvee ll ddoo AAll ttoo PPaa rraa gguu aaii
� ��� 65 � ���
Quadro 4. Visão de Fu
turo do Território do Alto
Paraguai –
Program
as e as Ações Propo
sitiv
as.
PRINCIPAIS
PROGRAMAS
AÇÃO PROPOSITIVA
RESULTADOS
ESPERADOS
ENCAMINHAMENTOS
RESPONSÁVEIS PELAS
AÇÕES
FONTE DE RECURSOS
Educação do Campo
- Capacita
ção form
al e
inform
al para a agricultu
ra
familiar com
foco na
cidadania e no
desenvolvimento sustentável.
- Melho
ria da qualid
ade de
vida
- Criar o Grupo
de Trabalho
de Edu
cação do
Cam
po no
Colegiado
Territorial.
- Pod
er pub
lico mun
icipal,
colegiado territo
rial,
sociedade civil o
rganizada e
Institu
ições de Ensino Médio
e Su
perior.
- União, E
stados e
Mun
icípios
Inclusão de mulheres e
jovens no processo de
desenvolvimento
sócioeconômico do
Território
- Fortalecer o
projeto M
ulher
Empreend
edora do
Cam
po;
Capacita
ção da ju
ventud
e e
resgate da autoestim
a;
- Fortalecer o
projeto M
inha
Prim
eira Terra do PN
CF;
Fortalecer o PRONAF
Mulher e
Jov
em;
- Promov
er o lazer e
alternativas de rend
a para a
juventud
e.
- Dim
inuição do
êxo
do ru
ral
de jo
vens;
- Empo
deramento das
mulheres e jovens.
- Criar grupo
s de trabalho
de
mulheres e de jo
vens no
colegiado territo
rial.
- Colegiado
Territorial;
- Gov
erno
s Fe
deral e
Estadual;
- Sociedade civil organizada.
- Program
a de Crédito dos
Ministérios, S
ecretarias de
Estado e Municípios
Regularização Fundiária e
Ambiental
-Fazer Diagnóstic
o das
prop
riedades do Território
em re
lação a regularização
fund
iária e am
biental
integrado com os
mov
imentos sociais e o
colegiado territo
rial.
- Acesso ao crédito e o
desenvolvimento da
agricultu
ra fa
miliar.
- Reunião do Território com
gestores do IN
CRA,
INTERMAT, S
EDER e
SEMA.
Colegiado
territo
rial com
base no po
der p
úblic
o e na
sociedade civil o
rganizada.
Linhas dispon
íveis de crédito
nos Ministérios e Gov
erno
Estadual.
Organização da Produção
- Capacita
ção do
s agriculto
res familiares,
reuniões, encon
tros, d
ia de
campo
sob
re APL
e
Mercado
.
- Agregação de valor à
prod
ução, g
eração de rend
a;
- Diversificação da produ
ção;
Organização das cadeias
prod
utivas.
- Criar um grupo
de trabalho
sobre Mercado
e
Com
ercialização no
colegiado territo
rial.
SEBRAE, O
NGs, EMPA
ER,
Universidades, P
oder Púb
lico
e organizações sociais.
Gov
ernamentais e não
governam
entais, R
ecursos
humanos
PPll aann oo TTee rrrr iitt oorr iiaa ll ddee DDee ssee nnvv ooll vvii mmee nntt oo RRuu rraa ll SSuu sstt eenn ttáá vvee ll ddoo AAll ttoo PPaa rraa gguu aaii
� ��� 66 � ���
Quadro 5. Visão de Futuro do Território do Alto Paraguai – Projetos
PROJETOS
RESULTADOS
ESPERADOS
ENCAMINHAMENTOS
RESPONSÁVEIS
PELAS AÇÕES
FONTE DE RECURSOS
Eixo Aglutinador: Produtivo e Econômico
1 – Apo
io a Organização de Coo
perativ
as e
Associações;
2 - D
esenvo
lvim
ento da Pe
cuária Leiteira;
3 - A
gregação de valores a Prod
ução;
4 - F
ortalecimento das Cadeias Produ
tivas;
5 - R
egularização Fundiária e ambiental;
6 - A
ssistência Técnica de qu
alidade e em
qu
antid
ade;
7 - F
ortalecimento das Organizações So
ciais e
garantir as famílias no campo
com
dignidade;
8 – Projetos de Irrigação;
9 – Im
plantação de Agroind
ústrias e
Organização da comercialização e estruturação
do m
ercado
da agricultu
ra fa
miliar;
10 – Capacita
ção do
s técnicos em trabalhar c
om
agricultu
ra alte
rnativa.
- Organização da prod
ução;
- Dinam
ização econô
mica e social;
- Estruturação das principais cadeias
prod
utivas do Território;
- Organização dos Arranjos
prod
utivos lo
cais;
- Organização das coo
perativ
as do
Território;
- Organização das Agroind
ústrias do
Território;
- Desenvo
lvim
ento do Mercado
region
al e Estadual d
os produ
tos da
agricultu
ra fa
miliar do Território;
- Melho
ria da qualid
ade de vida do
s agriculto
res e agriculto
ras do
Território.
- Colegiado
territo
rial por
interm
édio do Núcleo Técnico e
Núcleo Diretivo;
- Articular ju
nto as In
stâncias de
Gov
erno
as po
líticas púb
licas para
desenvolvimento da agricultu
ra
familiar do Território;
- Criar uma Equ
ipe de Elabo
ração
de Projetos do
Território.
- Pod
er púb
lico Municipal,
Estadual e Federal;
- Colegiado
Territorial;
- So
ciedade civil
organizada e In
stitu
ições
de ATER;
- Equ
ipe de projetos do
Colegiado
Territorial;
- Coo
perativ
as e
Associações do Território.
Linhas dispon
íveis de crédito
nos Ministérios e Gov
erno
s Estaduais.
Eixo Aglutinador: Social e Educacional
1 – Capacita
ção continuada para Prod
ução;
2 – Fo
rmação de equipe de projetos;
3 – Projeto de Edu
cação do
Cam
po para o
Território;
4 – Prog
rama de jo
vens e Adu
ltos para o
Território;
5 – Trabalhar m
ais junto aos Cam
pi da
UNEMAT e outras institu
ições de ensino
superior no Território;
6 – Valorização das diversidades étnicas e
cultu
rais do Território com projetos específicos;
7 – Projeto educacional d
e form
ação de
professores para o cam
po;
8 – Projeto educacional con
tra a violência no
campo
; 9 – Desenvo
lver projetos específicos vo
ltado
s a
juventud
e rural e a m
ulher d
o Território.
- Recon
hecimento e fo
rtalecim
ento
dos agriculto
res e agriculto
ras
familiares, jov
ens do
cam
po;
- Valorização sociocultu
ral d
as ações
do cam
po;
- Capacita
ção continuada no campo
; - R
econ
hecimento da educação do
campo
, valorizando
os saberes e
fazeres locais.
- Colegiado
territo
rial por
interm
édio do Núcleo Técnico e
Núcleo Diretivo;
- Articular ju
nto as In
stâncias de
Gov
erno
as po
líticas púb
licas para
desenvolvimento da agricultu
ra
familiar do Território na linha do
Ensino e da Cultura do Território;
- Elabo
rar P
rojetos Específicos aos
temas do eixo
de desenv
olvimento.
- Núcleo técnico e Núcleo
diretiv
o do
Colegiado
Territorial;
- Instituições de ensino
médio e sup
erior d
o Território;
- Instituições ligadas ao
Ensino e a Cultura do
Território.
- Linhas dispon
íveis de crédito
nos Ministérios e Gov
erno
s Estaduais.
PPll aann oo TTee rrrr iitt oorr iiaa ll ddee DDee ssee nnvv ooll vvii mmee nntt oo RRuu rraa ll SSuu sstt eenn ttáá vvee ll ddoo AAll ttoo PPaa rraa gguu aaii
� ��� 67 � ���
Con
tinua
PROJETOS
RESULTADOS
ESPERADOS
ENCAMINHAMENTOS
RESPONSÁVEIS
PELAS AÇÕES
FONTE DE RECURSOS
Eixo Aglutinador: Ambiente, Turismo, Cultura e Saúde
1 – Prog
rama de apo
io a saúde da família rural;
2 – Prog
rama de desenvo
lvim
ento do turism
o region
al ru
ral;
3 – Organização dos artesões e capacitação
especifica para os m
esmos;
4 – Capacita
ção do
s agriculto
res em
relação ao
potencial turístic
o do
Território,
5 – Prog
rama de edu
cação e recuperação
ambiental;
6 – Prog
rama específico para o
desenvolvimento das culturas region
ais do
Território.
- Organização de um
sistema simples
de pronto atendimento e
encaminhamento no campo
; - O
rganização e gestão do
turism
o nas áreas de agricultura fa
miliar;
- Capacita
ção sobre educação
ambiental n
o campo
.
- Que os assentam
entos recebam os
recursos necessários a sua
estruturação;
- Verificar possibilid
ades de
revitaliz
ação da infraestrutura
ligada às áreas específicas da saúd
e,
cultu
ra, turismo e ao ambiente.
- Colegiado
por in
term
édio
do Núcleo Técnico,
Núcleo Dirigente e
CEDRS E CMDRS;
- Instituições púb
licas
ligadas ao Turismo,
Ambiente, S
aúde e a
Cultura.
- Linhas dispon
íveis de crédito
nos Ministérios e Gov
erno
s Estaduais.
Eixo Aglutinador: Infraestrutura
1 – Projeto de Transpo
rte Escolar de Qualid
ade;
2 – Projeto de in
fraestrutura para transporte da
prod
ução;
3 – Recup
eração das estradas vicinais;
4 – Im
plantação de Agroind
ústrias;
5 - Implantação de fe
iras livres nos m
unicípios
e criação de uma central d
e abastecimento no
Território;
6 – Im
plantação do
program
a água para todo
s;
7 – Programa de habita
ção para o cam
po;
8 - Implantação de program
as de acesso a
inform
ação.
- Organização da Log
ístic
a no
cam
po.
Transpo
rte, Estradas, Habita
ção e
Arm
azenam
ento dos produ
tos da
agricultu
ra fa
miliar no campo
.
- Mob
ilização po
r intermédio do
Colegiado
as autoridades
mun
icipais, estaduais e fe
deral.
- Instituições
governam
entais
(mun
icipal, estadual e
federal).
- Linhas dispon
íveis de crédito
nos Ministérios e Gov
erno
s Estaduais.
PPllaannoo TTeerrrriittoorriiaall ddee DDeesseennvvoollvviimmeennttoo RRuurraall SSuusstteennttáávveell ddoo AAllttoo PPaarraagguuaaii
���� 68 ����
6. PROPOSTA DE GESTÃO DO PLANO TERRITORIAL
A articulação territorial para o desenvolvimento das ações contidas no PTDRS
visa somar esforços e otimizar recursos a partir da aproximação e interação de atores
sociais e da integração de políticas pública em processo horizontalizado através da
gestão social. A coordenação da gestão social é assumida pelo Colegiado Territorial que
é constituído por uma plenária, dentro dos pressupostos do PRONAT, composto de um
Núcleo Diretivo e de um Núcleo Técnico, além de suas câmaras temáticas.
Cada Território se caracteriza pela diversidade de visões e interesses que buscam
construir espaços de concertação, onde ocorrem articulações, entendimentos e
negociações. Este espaço deve ser um fórum privilegiado e se constituir numa nova
institucionalidade, agora de âmbito territorial, onde seja garantida e legitimada a
presença dos diversos atores sociais existentes no espaço do Território.
A Resolução no 52 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Rural Sustentável
(CONDRAF), de 16 de fevereiro de 2005, preconiza que as institucionalidades
territoriais devem construir espaços nos quais “a gestão social do desenvolvimento
territorial deve ser concretizada por meio de espaços de debate e concertação, com
transparência e participação”.
O Colegiado Territorial do Alto Paraguai é composto por 20 membros
representantes de cada segmento, sociedade civil e órgãos governamentais, (Quadro 6).
Para a articulação, mobilização e acompanhamento dos projetos e animação dos
programas e ações, conta também com a atuação de uma assessora técnica, liberada para
esta função.
O Território do Alto Paraguai possui um Consórcio Intermunicipal de
Desenvolvimento Econômico, Social, Ambiental e Turístico do Alto Rio Paraguai que
congrega os mesmos 14 municípios, sendo um importante ator no desenvolvimento
territorial responsável pela representatividade política destes. Há uma articulação das
Câmaras Municipais de Vereadores e também de Secretários Municipais de Agricultura,
que também cumprem importante papel no Território.
Inúmeras organizações da sociedade civil cumprem distintos papéis, envolvendo
e comprometendo-se com o desenvolvimento territorial, algumas inclusive, de forma
mais direta e continuada compondo o Colegiado Territorial e as câmaras temáticas.
PPllaannoo TTeerrrriittoorriiaall ddee DDeesseennvvoollvviimmeennttoo RRuurraall SSuusstteennttáávveell ddoo AAllttoo PPaarraagguuaaii
���� 69 ����
Quadro 6. Composição do Colegiado Territorial do Alto Paraguai em Julho 2009. SOCIEDADE CIVIL Representantes
1 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Alto Paraguai 1
2 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Diamantino 1 3 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de São José do Rio Claro 1 4 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Maringá 1 5 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nortelândia 1 6 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Arenápolis 1 7 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Denise 1 8 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Barra do Bugres 1
9 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Nova Olímpia 1
10 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Porto Estrela 1
11 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Tangará da Serra 1
12 – Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campo Novo do Parecis 1
13 – Associação das Mulheres do PA Caeté 1
14 – CENTAC (Nova Olímpia, Barra do Bugres e Tangará da Serra) 1
15 – COOPERCAETÉ 1
16 – COOPERMISA 1 17 – COOPERCASP 1 18 – COOPERALTO 1
19 – COOPAG – Cooperativa dos Produtores Agropecuários do Assentamento Guapirama
1
20 – MARIFRUTAS – Cooperativa de Fruticultores de Nova Marilândia 1 TOTAL 20
ÓRGÃOS GOVERNAMENTAIS Representantes
1 – Prefeitura Municipal de Alto Paraguai 1
2 – Prefeitura Municipal de Diamantino 1 3 – Prefeitura Municipal de São José do Rio Claro 1 4 – Prefeitura Municipal de Nova Maringá 1 5 – Prefeitura Municipal de Nortelândia 1 6 – Prefeitura Municipal de Anápolis 1 7 – Prefeitura Municipal de Denise 1 8 – Prefeitura Municipal de Santo Afonso 1 9 – Prefeitura Municipal de Nova Marilândia 1 10 – Prefeitura Municipal de Barra do Bugres 1 11 – Prefeitura Municipal de Nova Olímpia 1 12 – Prefeitura Municipal de Porto Estrela 1 13 – Prefeitura Municipal de Tangará da Serra 1 14 – Prefeitura Municipal de Campo Novo do Parecis 1 15 – Superintendência do Programa MT Regional 1
16 – EMPAER – Empresa Matogrossense de Pesquisa, Assistência e Extensão Rural
1
17 – CIDES-ARP - Consórcio Intermunicipal de Desenvolvimento Econômico, Social, Ambiental e Turístico "Alto Do Rio Paraguai"
1
18 – SEMA – Secretaria de Estado do Meio Ambiente 1 19 – SECITEC - Secretaria de Estado de Ciência e Tecnologia 1 20 – INDEA – Instituto de Defesa Agropecuária de Mato Grosso 1 TOTAL 20
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O Núcleo Diretivo (ND) está composto por dois membros representantes da
sociedade civil e dois membros representantes de órgãos governamentais, conforme
Quadro 7.
Quadro 7. Composição do Núcleo Diretivo do Alto Paraguai (2010).
INSTITUIÇÃO
1- CIDES-ARP
2- Superintendência do Programa MT Regional 3- Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Diamantino 4- Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Campo Novo do Parecis
No processo de composição e consolidação do Núcleo Técnico (NT), referente à
sua estruturação e funcionamento para o apõe elaboração e monitoramento de projetos
(setoriais e/ou específicos), o Colegiado Territorial definiu como “núcleo técnico base”
as instituições contidas no Quadro 8:
Quadro 8. Composição do Núcleo Técnico (2010).
INSTITUIÇÃO 1 – EMPAER 2 - Superintendência do Programa MT Regional
3 – INDEA 4 - SEMA 5 – SECITEC 6 – UNEMAT Universidade Estadual de Mato Grosso
Quadro 9. Entidades Parceiras (2010).
INSTITUIÇÃO
1- Bancos (Banco do Brasil, SICREDI e BASA)
2- Instituições de ensino (FID, UNED, IFMT, UFMT, UNIC, ITEC e UNITINS)
3- Sindicatos Rurais
4- Associações Comerciais
5- SINTEP – Sindicato dos Trabalhadores no Ensino Público de Mato Grosso
6- SINTRAF – Sindicatos dos Trabalhadores da Agricultura Familiar
7- INCRA – Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
8- INTERMAT – Instituto de Terras de Mato Grosso
9- FUNAI – Fundação Nacional do Índio
10- Instituto Chico Mendes
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7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O mundo é rico de possibilidades, cabe ao ser humano a
transformação/aplicação dessas particularidades em realidades concretas (SANTOS,
1999).
O espaço produzido na área de trabalho no Território do Alto Paraguai deve-se
a força e a coragem dos seus habitantes, os agricultores e agricultoras familiares,
indígenas, setor técnico e político. Que mesmo frente às adversidades de clima, solo e
infraestrutura, além da dificuldade em acessar determinadas políticas públicas devido às
questões de regularização fundiária e/ou ambiental, assim como a descriminação social
e a assistência técnica precária e insuficiente no Território. Os agricultores familiares
têm sobrevivido ao longo dos anos, e reagido principalmente nestes últimos oito anos
do governo LULA em que se trabalhou efetivamente o desenvolvimento rural
sustentável.
A coragem e a força desses atores na produção do espaço na agricultura
familiar neste Território são explicadas pelo professo Milton Santos (1999, p. 51),
quando ele diz:
[...] o espaço é formado por um conjunto indissociável, solidário e
também contraditório, de sistemas de objetos e sistemas de ações, não
considerados isoladamente, mas como o quadro único no qual a
história se dá. No começo era a natureza selvagem, formada por
objetos naturais, que ao longo da história vão sendo substituídos por
objetos fabricados, objetos técnicos, mecanizados e, depois,
cibernéticos, fazendo com que a natureza artificial tenda a funcionar
como uma máquina [...].
Estudar a organização espacial destas sociedades implicou em analisar os
processos de produção e reprodução dos mesmos. Por isso, o principal objetivo, deste
trabalho, foi uma análise teórica e prática do processo de produção e reprodução do
espaço geográfico, tendo como referência a agricultura familiar e sua forma de viver,
com seus usos e costumes, frente a modernização excludente no campo.
Não fosse a criatividade e a vontade dos agricultores e agricultoras familiares
mais velhos em preservar o pouco que restou dos saberes e fazeres da agricultura
empírica e de subsistência, a situação seria ainda mais difícil neste Território para
sobrevivência da agricultura familiar. Isto devido à busca ilusória de recursos urbanos
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nas cidades, muitas vezes, por falta de oportunidades e perspectivas de políticas
publicas que promova cidadania a quem vive no campo, ou seja, infraestrutura na saúde,
educação, transporte, cultura e lazer. Como já se destacou, com a criação do Território,
os agricultores por intermédio de seu Colegiado Territorial e de seu PTDRS terão
condições de discutir e pleitear seu futuro desejado para melhor viver em seu lugar de
origem - o campo.
Como afirmaram Santos (1993) e Elias (1996), as mudanças ocorridas
aceleraram o processo de urbanização do campo, que se processou através da expansão
do consumo produtivo, fazendo com que o agricultor e a agricultora familiar, em sua
grande maioria tivessem uma segunda residência nos municípios que compõe o
Território.
A reprodução da modernização empresarial da agricultura, que já mostrou no
estado de Mato Grosso e no restante do Brasil, seus efeitos danosos, aumentará de fato
ainda mais a produção e a produtividade, ampliando a competitividade dos produtos do
campo, principalmente nas cidades pólos, podendo ser denominada de cidade campo
(SANTOS, 1988, 2002; ELIAS, 1996, 1997), uma vez que o consumo produtivo
associado à agropecuária cresce mais rapidamente do que o consumo consumptível. Daí
a necessidade da agricultura familiar agregar valor aos seus produtos, buscando
tecnologias adequadas para alicerçar seus saberes e fazeres locais.
Nestas últimas décadas o que vimos foi um crescimento desenfreado da
agricultura empresarial, que foi que teve sua parcela de contribuição no
desenvolvimento do país e poderá ser ainda melhor, pois o que vimos foi o aumento das
agressões ao meio ambiente e a grande maioria dos trabalhadores rurais alijada dessas
benesses, elevando-se os níveis de pobreza, não mais limitados ao campo, pois se
alastraram ainda mais pelas cidades, formando bairros inteiros nas periferias
constituídos de famílias rurais excluídas pelo sistema de urbanização nas cidades pólos
do Território e de todo Estado de Mato Grosso.
Nos debates da plenária do Colegiado Territorial, durante a construção do
PTDRS, foi muito discutido a inclusão dos excluídos do modelo de modernização em
curso, principalmente os agricultores e agricultoras familiares, indígenas, quilombolas e
os assentados da reforma agrária. Não basta apenas debater, será necessário a
ampliação das políticas públicas com programas de desenvolvimento sustentável
diferenciados, aplicados aos interesses territoriais específicos e endógenos, pautados
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pela viabilidade econômica, pela sustentabilidade ambiental, pela qualidade ética e pela
igualdade social.
Mesmo com tudo isso acontecendo em sua volta, os atores sociais locais
sustentam a duras penas suas identidades culturais, sobrevivendo através da agricultura
praticada pela família e, procurando uma adequação das técnicas modernas no
desenvolvimento de seu Território pela coragem e coesão social da diversidade étnica,
em uma relação amistosa com os assentados da reforma agrária, preservando suas
diferenças e, buscando a coesão territorial para sobrevivência do local.
Somente políticas públicas contextualizadas e de caráter específicos, poderá
trazer mudanças culturais e sociais imprescindíveis à sustentabilidade do
desenvolvimento, contrapondo-se a ideologia consumista e ao neoliberalismo, que
impedem a convivência realmente solidária.
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UFRGS.
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para o Desenvolvimento Local - Anais do Encontro Internacional sobre Michael
Foucault - UFSC – 2004
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INEP. 1. N. º 9, P.1-6, set., 1982.
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bloqueio institucional – uma avaliação dos CMDR em cinco estados brasileiros. In:
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Desenvolvimento Territorial Sustentável. MDA/IICA-Brasília: Conselho Nacional de
Desenvolvimento Rural e Agricultura Familiar/CONDRAF/NEAD: 2002 (texto para
discussão 4).
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