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Programa de Governo para o Estado do Paraná nas Eleições 2014. PSTUTRANSCRIPT
PROGRAMA DE GOVERNO SOCIALISTA
RODRIGO TOMAZINI 16 – GOVERNADOR
ÉRIKA ANDREASSY – VICE-GOVERNADORA
Paraná, 2014
SUMÁRIO
1. Introdução ............................................................................. 2
2. Sistema financeiro e sua relação com a privatização do Banestado 4
3. Estatização: qual a natureza das empresas estratégicas como Sanepar e Copel: estatais, privadas, mistas? ................................. 8
4. Um programa socialista para acabar com a violência ................. 10
5. Por uma Educação Pública, Gratuita, laica e de Qualidade .......... 13
6. Um programa para a mulher trabalhadora ............................... 17
7. Reforma Agrária ................................................................... 26
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PARTIDO SOCIALISTA DOS TRABALHADORES UNIFICADO
PSTU
POR UM PARANÁ PARA OS TRABALHADORES
PROGRAMA DE GOVERNO SOCIALISTA
RODRIGO TOMAZINI 16 – GOVERNADOR
ÉRIKA ANDREASSY – VICE-GOVERNADORA
Esse programa poderá ser modificado após a realização do Seminário
Programático do PSTU que acontecerá no dia 18 de julho e envolverá
todos os setores que estiveram e estão em luta para um debate
democrático sobre o programa para os trabalhadores e a juventude.
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1. Introdução
O processo eleitoral de 2014 no Paraná ocorrerá em uma nova
situação que a partir de junho de 2013, com as multitudinárias
manifestações em todo o país, levaram às ruas as necessidades mais
sentidas pela juventude e trabalhadores, reivindicando em suas
faixas e cartazes questões como a péssima qualidade dos transportes
e suas tarifas absurdas, as filas nos hospitais, a péssima qualidade da
educação, a falta de creches e moradias, os gastos absurdos com a
Copa da FIFA, etc.
Da mesma forma, as “vozes das ruas” traziam a indignação em
relação à corrupção generalizada e as políticas de enriquecimento de
uma pequena parcela representada por grandes empresários e
bancos, através de questionamentos aos gastos desnecessários e
abusivos com os grandes eventos, o direcionamento de recursos para
o pagamento de dívidas que representam uma verdadeira agiotagem,
e todos os demais ataques sentidos pelos trabalhadores e juventude.
A politização posterior do movimento e as greves que
explodiram por todo o país mostraram que os trabalhadores não
estão mais dispostos a permanecer calados diante de tantos ataques
e que perceberam que é preciso lutar e que é possível vencer. A
juventude começa a entender a necessidade da aliança operária
estudantil e que a luta organizada e unificada é muito mais forte.
A apresentação da candidatura do PSTU às eleições no Paraná
se insere no contexto da candidatura do operário José Maria de
Almeida à presidência da república, com candidatura própria no
Estado, apresentaremos um programa que trará respostas à classe
trabalhadora e a juventude, que desde junho de 2013, deram um
passo adiante em suas lutas. Nesse momento é imprescindível a
apresentação de um programa anticapitalista, classista e anti-regime
que esteja a serviço das lutas dos trabalhadores e da juventude. É
preciso mudar tudo o que está aí.
A apresentação de candidaturas socialistas que proponham um
governo dos trabalhadores, sem patrões, apoiado na classe
trabalhadora unida, consciente e mobilizada pode garantir que o fruto
de nosso trabalho seja revertido para acabar com a desigualdade
social e garantir uma vida digna para a maioria explorada e oprimida.
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As candidaturas de Zé Maria presidente e Rodrigo Tomazini
governador no Paraná estão a serviço dessa proposta. Queremos ser
uma alternativa para classe operária e todos os explorados e
oprimidos na sociedade capitalista.
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2. Sistema financeiro e sua relação com a
privatização do Banestado
Durante o período em que foi governado por Jaime Lerner (ex
PFL e DEM), o Paraná serviu de laboratório às políticas neoliberais
impostas pelo Fundo Monetário Internacional – FMI e Banco Mundial –
BM, que estavam sendo aplicada no país pelo então presidente
Fernando Henrique Cardoso (PSDB). As políticas neoliberais foram
aplicadas de maneira violenta e autoritária, utilizando-se de muita
repressão para impor a entrega do bem público com a finalidade de
enriquecer banqueiros e empresários.
No país tivemos exemplos como a privatização da Vale do Rio
Doce, A Companhia Siderúrgica Nacional – CSN, o sistema Telebrás,
os leilões de Petróleo, dentre tantos outros exemplos. Já no Paraná, a
privatização das estradas, da Sanepar, as tentativas de privatização
das Universidades e da Copel são outros exemplos do ataque
neoliberal. A venda do Banestado para o Itaú está entre os maiores
casos de corrupção da história de nosso país.
As políticas de endividamento do estado, sucateamento das
estatais e do sistema público, as privatizações fraudulentas e
extremamente lesivas foram aplicadas sob dose indigesta de
corrupção, e trouxeram para os trabalhadores maiores dificuldades
para sobreviver e, por outro lado, condições de trabalho cada vez
mais degradantes.
Requião (PMDB) foi eleito depois do último mandato de Jaime
Lerner contrapondo-se a esse modelo; para ser eleito contra Lerner
sustentou três eixos fundamentais:
a) recuperar a capacidade de intervenção do Estado; b) rever
os contratos da Copel, da Sanepar, da Ferroeste e, particularmente,
do pedágio; c) interromper as privatizações.
Da crítica a um modelo neoliberal-privatista apresentava-se
como defensor de um “Estado forte” e indutor de políticas econômicas
e sociais.
No entanto, quando entramos a fundo na análise da estrutura
do estado burguês paranaense, entendemos melhor que o que se
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passou durante os 2 governos de Requião foi mais bravata e retórica,
características fortes de Requião, para manter o domínio e a
estabilização das classes sociais, do que medidas efetivas, mesmo do
ponto de vista dos chamados desenvolvimentistas-nacionalistas.
Um dos melhores exemplos disso, foi a política adotada pelo
governo quanto à venda fraudulenta do Banestado e as implicações
desse processo, numa perspectiva de longo prazo, agravou a
dependência do Paraná do sistema financeiro devido ao aumento do
endividamento estatal. Dinheiro público comprometido com a
agiotagem, ou melhor, comprometido com o enriquecimento dos
banqueiros.
O Banestado – Banco do Estado do Paraná foi vendido em
17 de outubro de 2000 para o Banco Itaú pelo valor de R$
1,625 bilhão. Na ocasião o governador Jaime Lerner (antigo PFL)
comemorou a operação juntamente com o então presidente do Banco
Central, Armínio Fraga, como um negócio espetacular. Realmente, foi
um negócio especular para os capitalistas. O que o governo não
explicou foi que esse negócio especular significou o endividamento do
Paraná por, no mínimo, 30 anos, além da entrega de seu único banco
estatal.
Para doar o BANESTADO ao Itaú o governo Lerner fez um
empréstimo de R$ 5,1 bilhões para fazer o chamado
saneamento do banco, ou seja, torná-lo eficaz para entregá-lo
à iniciativa privada. Por esse contrato de saneamento o
Paraná, decorridos 18 meses, seria penalizado se ainda
detivesse o controle acionário de qualquer instituição
financeira. Ou seja, o governo fez um empréstimo bilionário
para que o Banestado pudesse ser saneado e doado para a
iniciativa privada.
O valor arrecadado com a “venda” do Banestado para o Itaú foi
direto para o governo federal, para abater a dívida de R$ 5,10
bilhões. O Paraná continuou devendo ao Governo Federal o valor de
R$ 3,85 bilhões. Foi um verdadeiro negócio da China. O Paraná fez
uma dívida de R$ 5,10 bilhões, entregou o seu banco para o capital
privado (Itaú) por R$ 1,625 bilhões e continuou devendo R$ 3,85
bilhões.
Requião (PMDB) foi eleito afirmando que reveria os contratos
do ex-governador Jaime Lerner (PFL). No entanto, o BANESTADO
continuou nas mãos do setor privado gerando lucros
milionários para os banqueiros, enquanto a dívida gerada com
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a sua entrega está avaliada, atualmente, em
aproximadamente R$ 9,2 bilhões. Requião saiu do governo e não
havia revertido sequer a multa que gerava o crescimento da dívida
para o “saneamento” do banco.
Já Beto Richa (PSDB) deixou bem claro em seu programa de
governo e posteriormente em suas ações políticas durante seus 3
anos e 7 meses de mandato, que daria continuidade a essa política e
que inclusive incorporaria a ela outros elementos da agenda pró
capitalistas. Uma política econômica que levaria ao aumento do
endividamento do estado, mais terceirizações, mais privatizações,
ataques aos serviços públicos, manutenção dos pedágios e aumento
das tarifas, favorecimento ao agronegócio e as grandes indústrias,
manteve e ampliou o quadro de cargos comissionados, etc.
Beto Richa trouxe as fundações para dentro do serviço público
com maior impacto na saúde, o que gerou uma greve política muito
importante dos trabalhadores da saúde em defesa da saúde pública.
No mesmo sentido, Dilma (PT) tem projeto de entrega dos Hospitais
Federais através da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares –
EBSERH. A educação no Paraná, tema tido como prioridade pelo atual
governo, passa por sérios problemas tanto na questão da qualidade
quanto no que tange as condições de trabalho. A impressionante
adesão à greve dessa categoria só vem a confirmar o repúdio à
política neoliberal do governo Richa.
Lerner foi o grande responsável por essa entrega e o
endividamento do Estado do Paraná. O governo Requião não atacou
nenhum desses problemas fundamentais que comprometem as
finanças do Estado, colocando a classe trabalhadora para produzir
riquezas e o Estado entregá-las para o pagamento da dívida estatal,
principalmente, de dívidas relacionadas ao sistema financeiro com a
privatização do Banestado cujas dívidas equivalem a boa parte das
dívidas do Paraná. Já Beto Richa, consequente com o modelo
neoliberal de entrega e endividamento do estado, passou longe de
mudar alguma coisa, pelo contrário, implementou uma política de
sucateamento dos serviços públicos e de privatização através das
Fundações, sendo fiel a banqueiros e grandes empresários.
Lerner não entregou somente o Banestado. Comprometeu o
Paraná para que além de fazer o empréstimo bilionário para sanear o
banco e depois entregá-lo à iniciativa privada, o Estado fosse
obrigado a comprar títulos públicos herdados pelo Itaú do Banestado.
Caso não comprasse esses títulos a Secretaria do Tesouro do governo
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federal aplicaria uma multa milionária, que em 2010, estava na casa
de R$ 256 milhões que estava retido do Fundo de Participação dos
Estados. Todos os que vieram depois, mantiveram a mesma política.
A dívida já foi paga. Não ao pagamento da dívida ilegal
Reestatização do Banestado já!
Somente em 2013 o Estado do Paraná pagou cerca de R$ 1
bilhão de dívida com a privatização do Banestado e, além disso,
desde sua privatização já foram pagos R$ 10,8 bilhões de uma dívida
que na época era de R$ 5,10 bilhões. Ou seja, o Paraná entregou seu
banco para o Itaú, já pagou o dobro da dívida e continua devendo R$
9,2 bilhões (em maio de 2013). Essa dívida já dobrou e continuará
aumentando, já que o Paraná está comprometido com o pagamento
da dívida mensalmente em valores equivalentes a aproximadamente
R$ 80 milhões até o ano de 2028. Isso significa cerca de R$1 bilhão
por ano.
É importante destacar que a maior parte dos pagamentos da
dívida estatal do Paraná é relativa ao Banestado.
Por isso o PSTU defende:
a) A imediata suspensão do pagamento da dívida interna
e externa do Paraná;
b) A realização de uma auditoria pública para demonstrar
que a dívida do Banestado e demais dívidas do Paraná
já foram pagas;
c) O direcionamento de todos os recursos que hoje são
gastos para pagar essa dívida ilegal para a
implantação de um amplo plano de habitação popular
que resolva imediatamente o problema da falta de
mais de 220 mil moradias no Paraná, gerando,
consequentemente, milhares de empregos nas
cidades;
d) A reestatização do Banestado para que o Paraná volte
a ter um Banco estatal que invista recursos públicos
na implantação de um amplo plano de obras públicas
que possa resolver o problema estrutural com a
construção de escolas, centros infantis, hospitais
públicos e obras de saneamento, incorporando ao
trabalho os mais de 300 mil desempregados do Paraná
que compõe a população economicamente ativa.
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3. Estatização: qual a natureza das empresas
estratégicas como Sanepar e Copel: estatais, privadas, mistas?
Lerner privatizou. O governo Requião mais preocupado com a
retórica populista do que em demonstrar efetivamente para quem
governou, propagou para todos os cantos que seu governo não era
privatista, ao contrário do anterior. Beto Richa governou o tempo
todo para o capital e aprofundou a política de entrega do setor
público. Segundo dados, tanto a Sanepar quanto a Copel possuem
uma participação limitada do governo em seu capital social e, o que é
mais grave, negociam os seus lucros nas bolsas de valores, tanto na
Bovespa como na Bolsa de Nova Iorque, para atender os interesses
dos especuladores.
O exemplo da COPEL
Em 2000 o governo Lerner tentou levar adiante o processo de
privatização da COPEL, uma das principais empresas de energia do
país. No entanto, como resultado de um intenso processo de
mobilização popular a COPEL não foi “totalmente” privatizada;
embora seja tratada como empresa pública a COPEL possui somente
cerca de 30% de seu capital social controlado pelo Estado.
Segundo dados da revista Exame publicados em 14 de maio de
2014, o lucro líquido da COPEL somente no primeiro trimestre de
2014 teve uma alta de 46,2% na comparação do mesmo período de
2013, chegando à cifra de R$ 406,6 milhões com uma receita líquida
de R$ 3,5 bilhões de reais, um aumento de 28,2% em relação ao
mesmo período do ano passado. Esse dinheiro tem que ser revertido
para a saúde e educação e não para os empresários!
Outro reflexo do processo de “privatização” indireta da COPEL é
a precarização das relações de trabalho na Companhia através da
utilização massiva da terceirização dos serviços, com a utilização de
trabalhadores com contratos de trabalho mais precários, tanto em
atividades meio como atividades fim. Isso contribui decididamente
para o rebaixamento da média salarial. A questão dos contratos
precários da COPEL está inclusive sendo debatida na justiça. Segundo
informações do jornal Gazeta do Povo o Tribunal Regional do
Trabalho (TRT9) deu, no fim de abril, prazo para a COPEL rescindir
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esses contratos. Os terceirizados são responsáveis hoje por 70% dos
serviços prestados pela COPEL.
A Copel cumpre assim, nas mãos do capital privado e com o
governo que atende esses interesses um duplo efeito na vida dos
paranaenses, uma vez que o preço da energia é determinado pelo
mercado e pelas flutuações das ações da Companhia negociadas nas
bolsas de valores, além de contribuir para o rebaixamento da média
salarial dos trabalhadores. Para se ter uma ideia, o anúncio de
aumento de 35,05% nas tarifas de luz fez com que as ações da
COPEL na Ibovespa disparassem. Neste ano, quando da ocasião do
aumento absurdo das tarifas em cerca de 35%, foi possível ver o
quanto governo federal e governo estadual, apesar do falatório de
ambos, um responsabilizando o outro, vimos o quanto é necessário
termos uma COPEL 100% estatal, voltada para os interesses do povo
trabalhador e carente.
Isso acontece porque são os interesses privados que possuem
ações da Copel que determinam os investimentos, a precarização das
relações de trabalho e o preço da energia.
Por isso o PSTU propõe:
a) COPEL e Sanepar 100% estatal sob controle dos
trabalhadores;
b) Que todos os trabalhadores sejam servidores estatais,
com plano de carreira, cargos e salários;
c) Nenhuma parceira com o capital privado;
d) Redução imediata das tarifas em 50%;
e) Que os resultados obtidos pela COPEL sejam
investidos em educação, saúde, cultura e lazer.
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4. Um programa socialista para acabar com a
violência
O tema da segurança pública e da violência tem sido pautado
sob a ótica daqueles que são os próprios responsáveis pela criação
das causas que geram a desagregação social, as situações de caos
social urbano e a desatenção à juventude e aos trabalhadores.
O problema da violência é abordado pelos partidos e candidatos
da burguesia sob a ótica de suas consequências. Nenhum deles toca
a fundo nas causas essenciais que levam ao aumento da brutalidade,
da opressão, da violência policial. É preciso uma política que leve a
sério o problema das drogas e abandono da juventude, em especial
dos jovens negros das periferias.
Segundo um relatório divulgado pela organização de defesa dos
direitos humanos Human Rights Watch, em 2008, as polícias do Rio e
de São Paulo mataram juntas 1.534 pessoas, número maior que o de
mortes cometidas por policiais em toda a África do Sul. Em 2011 o
número de jovens negros assassinados era 153,4% maior do que o
de jovens brancos, o que demonstra o caráter de classe do genocídio
feito pela polícia.
Os programas de governo dos principais candidatos que
representam os interesses das classes dominantes apontam o
aumento do efetivo policial como uma solução mágica para resolver o
problema da segurança pública, aumentando o controle sobre os
trabalhadores e a juventude, seja através da patrulha escolar, das
câmeras de vigilâncias e da extensão do estado policial em
detrimento do estado de direito. Propõem, ainda, aumentar o número
de vagas no sistema penitenciário para absorver o processo de
criminalização que joga cada dia mais trabalhadores nas malhas do
sistema penal.
O problema da violência é um problema de classe, da forma
como se organiza essa sociedade capitalista que mantém um número
brutal de desempregados, para criação de uma reserva de mão de
obra barata que contribui para diminuir os salários médios dos
trabalhadores.
É resultado também do processo de expulsão de milhões de
famílias sem-terra do campo no chamado processo de modernização
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conservadora acontecido aqui em nosso Estado, criando regiões de
concentração de miséria e sem o mínimo atendimento do Estado em
obras e equipamentos públicos que dê qualidade de vida e emprego
para os trabalhadores. As chamadas zonas do crime ou regiões de
violência, são fruto desse modelo de sociedade que exclui os
trabalhadores do emprego, do acesso aos serviços públicos de saúde,
educação, cultura e lazer, do acesso a moradia digna, em resumo, do
acesso a vida digna nas cidades.
O sistema penal da forma como está é utilizado para
criminalizar os movimentos sociais que lutam e questionam o Estado
por direitos assegurados pela própria constituição. Um dos exemplos
disso se dá pela simples comparação entre o tratamento dispensado
aos manifestantes, grevistas e movimentos populares com o
tratamento oferecido aos parlamentares e políticos tradicionais que
utilizam dinheiro público para enriquecimento pessoal. A perseguição
aos lutadores depois de junho de 2013 também chegou ao Paraná.
Não podemos compactuar com isso! As “vozes das ruas” precisam ser
ouvidas e atendidas, não reprimidas como tem ocorrido país afora
após a mudança na situação política do país que vivemos desde o ano
passado.
Por isso o PSTU propõe:
1. Fim da patrulha escolar. Os jovens não devem ser
tratados como criminosos ou delinquentes. Propomos a
criação de uma secretaria pública especializada e
multidisciplinar de atendimento a estes jovens, que dê suporte
e trabalhe em conjunto com a escola e comunidade.
2. Legalização das drogas para acabar com o tráfico e
crime organizado, que conduz a juventude a marginalidade.
Não são os jovens, filhos dos trabalhadores, que produzem as
drogas, tão pouco são eles os chefes do crime organizado.
Com a legalização queremos acabar com o crime organizado
que ganha com a produção das drogas. Propomos um plano
público controlado e vinculado as famílias e comunidades,
amparados por instituições públicas com a finalidade de
recuperar os jovens dependentes. A dependência dos jovens
de nossa classe deve ser tratada como questão de saúde
pública. Os jovens não podem continuar morrendo com a
violência do tráfico, com o Crak e demais drogas legais e
ilegais.
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3. Crimes de autoridades policiais, políticas e dos
poderes legislativo e judiciário devem ter punições
exemplares.
4. Deve-se acabar com a estrutura do aparato repressivo,
dissolver os organismos de repressão. Fim imediato das
TROPAS ENCARREGADAS DE REPRESSÃO AS MANIFESTAÇÕES
E DISTÚRBIOS SOCIAIS. Não à criminalização dos lutadores.
Lutar é um direito político.
5. Criação de uma Policia Civil Unificada, que defenda os
interesses dos moradores dos bairros da periferia, com uma
estrutura interna democrática; eleição dos superiores e direito
a sindicalização e a realizar greves em defesa de suas
reivindicações. Com salários dignos, condições de trabalho
condignas com o conjunto do funcionalismo público, e
capacitação profissional para a investigação. Esse é o nosso
programa de Desmilitarização da Polícia Militar e do Corpo de
Bombeiros.
7. Extinção dos serviços de inteligência interna, a estilo P2
que reprime e persegue de maneira desumana os subalternos.
Os maus policiais devem ser punidos exemplarmente, mas em
processos transparentes, acompanhados pela comunidade e
que lhes garanta ampla defesa.
8. Os delegados, promotores e juízes devem ser eleitos pela
comunidade. O presidente do Tribunal de Justiça do Paraná
deve ser eleito pelo povo. Os seus salários devem ser iguais ao
salário médio do serviço público estadual. Acabar com todos
os auxílios que não são pagos ao conjunto dos servidores
públicos estaduais.
9. Formação de Grupos Comunitários encarregados de
controlar e trabalhar conjuntamente com policias nos bairros,
subordinados aos Conselhos Populares de Segurança,
formados por associações de bairros, sindicatos e
organizações populares, como Luta Popular, MTST, MST etc. A
exemplo dos Conselhos Tutelares.
10. Deve-se desenvolver também um programa de apoio a
vítima, com assistência material e psicológica.
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5. Por uma Educação Pública, Gratuita, laica e de
Qualidade
Assim como em todas as outras esferas de nosso programa de
governo, a proposta de educação deve levar em conta os interesses
dos trabalhadores e da juventude pobre, o que está em contradição
com os interesses do capital. Não compactuamos com o atual modelo
de mercantilização da educação. Nosso programa parte da defesa
incondicional do Ensino Público Estatal, Gratuito, Laico e de Qualidade
em todos os Níveis. Isso significa democracia e autonomia didático-
pedagógica para os educadores.
Entendemos a educação como um direito universal e
combatemos o duplo apartheid educacional que vem sendo
construído. Não somente as classes sociais são separadas em escolas
distintas, públicas x privadas, mas o que é ainda pior, cada classe
está recebendo um tipo de educação diferente. Aos trabalhadores e
seus filhos uma educação aligeirada, voltada apenas para a formação
de competências básicas para ingressar no mercado de trabalho
como mão de obra barata, ler e escrever. É o que os ideólogos
burgueses chamam de “regulação das aprendizagens”; ou seja,
apenas o estritamente necessário para servir ao capital. Nosso
programa ataca frontalmente mais essa injustiça do capital.
A lógica educacional deve ser invertida por completo. Não
podemos continuar compactando com a intervenção crescente do
governo e das empresas privadas via parcerias, no interior das
escolas, que por muitas vezes determinam os currículos das
disciplinas e matrizes curriculares.
Uma educação dos e para os trabalhadores deve impulsionar
total democracia no interior das escolas, colegiados paritários de
trabalhadores em educação, pais e alunos. Colegiados com membros
eleitos em assembleias setoriais e mandatos revogáveis em qualquer
tempo, com autonomia para definir os currículos das disciplinas e
matrizes curriculares, para decidir como aproveitar os dias letivos do
calendário e a destinação dos recursos orçamentários. Total liberdade
de associação e expressão, total liberdade de ação para as entidades
estudantis e sindicais, total liberdade de ensinar e aprender.
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A defesa coerente da escola pública implica, necessariamente,
que ela deve ter um único mecanismo ou fonte de financiamento. O
Estado, sem intervir no cotidiano das escolas, deve ser o único
financiador da educação pública. Somos contrários a todas as formas
de privatização do ensino, seja a privatização direta das escolas
através da transferência para o capital privado ou por meio da
transferência das verbas públicas para as empresas privadas
diretamente ou via parcerias, como acaba de ser aprovado pelo Plano
Nacional de Educação. Essas parcerias somente existem para
justificar o desvio das verbas do ensino público para a educação
privada e são mais um como artifício para tornar cada vez mais
precário o trabalho dos profissionais da educação.
Aumentar substancialmente os investimentos em educação
pública significa construir mais escolas, investir em estrutura e
reduzir significativamente o tamanho das turmas, como reivindicam
os professores. No estado do Paraná as turmas são de mais de 35
alunos no ensino fundamental e mais de 40 alunos no ensino médio;
na Finlândia não chegam a 15 alunos por classe e nos países
membros da Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico - OCDE as turmas são de 22 e 24 alunos nos ensinos
fundamental e médio, respectivamente.
A valorização do profissional em educação é sem dúvidas um
dos fatores determinantes para a qualidade da educação. Os
professores e funcionários não podem continuar com salários tão
baixos. A sobrecarga de trabalho é visível aos olhos e a necessidade
de concurso é imediata. Não dá para parar em 33% de hora
atividade. A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda que o
professor deve ter 50% de hora atividade, ou seja, metade da
jornada de trabalho para formação, elaboração de aulas e correção
de trabalhos e provas.
As reformas neoliberais aplicadas na educação, a partir da
década de 90, mercantilizam a educação e provocam um
desmantelamento não apenas da escola, mas também do trabalho e
da carreira dos trabalhadores em educação. Neste sentido é
necessário reverter essa situação, defendendo a Carreira Única e
aberta, com reajustes lineares e evolução funcional por tempo de
serviço e titulação, sem interstício. Formação permanente nas
universidades públicas, afastamento remunerado durante três meses
a cada dois anos para cursos (atualização, aperfeiçoamento e
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especialização) e afastamento com vencimentos integrais para
mestrado e doutorado.
Também defendemos os direitos dos aposentados, bem como
um sistema público de previdência, universal e solidário. Como
medida transicional, defendemos a paridade de vencimentos entre
ativos e inativos e estaremos impulsionando a luta pela a revogação
de todas as reformas previdenciárias de FHC e Lula.
Como apresentado anteriormente, a desqualificação da
formação docente, seja inicial ou permanente, fazem parte de um
pacote de desmantelamento e precarização da educação pública e do
trabalho dos profissionais da educação.
Neste momento, se faz necessário, especificamente, a defesa
de um plano de carreira e de formação permanente nas universidades
públicas, realmente democrático e que contemple necessidades
objetivas da tarefa que temos no período histórico em que vivemos, e
possibilite a contribuição para a escola que queremos e a formação
do filho da classe trabalhadora e que permita seu acesso na
universidade pública.
Defendemos um currículo aberto, elaborado democraticamente
pelos trabalhadores e juventude, com ampla liberdade de cátedra e
que garanta a todos os alunos o acesso a uma base comum de
conhecimentos e do patrimônio artístico, científico e cultural da
humanidade; numa escola em período integral. A questão do
currículo é central nos diferentes sistemas educacionais e nas mais
amplas propostas políticas, pois através dele se implementa,
ideologicamente, o projeto de sociedade que se pretende.
O PSTU propõe:
1- Que as verbas públicas sejam destinadas exclusivamente
às escolas e universidades públicas;
2- Estatização do sistema privado de educação;
3- Investimento de no mínimo 30% do orçamento estadual
em educação básica e pressionar o governo federal para
que invista 10% do PIB para a educação pública já;
4- Garantia da autonomia das escolas para elaboração dos
currículos; Ampla e irrestrita democracia nas escolas
com autonomia didática, pedagógica e administrativa;
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5- Número máximo de 15 alunos para o ensino fundamental
séries iniciais; de 20 alunos por sala no ensino
fundamental séries finais e de 25 alunos para o ensino
médio;
6- Pesado investimento para garantir infraestrutura
adequada das escolas; Um plano imediato de obras
públicas para construção de novas escolas;
7- Piso salarial nacional do DIEESE por uma jornada de 20
horas/aula semanais;
8- 50% da jornada como hora-atividade, sem aluno, para
aperfeiçoamento profissional, preparação de aulas e
avaliação das atividades de aprendizagens realizadas;
9- Realização imediata de concurso público organizado por
uma instituição do estado para que preencha todas as
vagas necessárias;
10- Paridade de vencimentos entre ativos e inativos;
11- Defesa incondicional da educação como um direito
social; Fim da política educacional baseada na
meritocracia, privatização e precarização.
12- Contra qualquer tipo de terceirização e privatização
na educação;
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6. Um programa para a mulher trabalhadora
6.1 Trabalho e renda
A entrada das mulheres no mercado de trabalho reconfigurou o
perfil da classe trabalhadora brasileira; se na década de 1970 as
mulheres representavam pouco mais de 20% da população
economicamente ativa, hoje são quase metade da força de trabalho
do país. A inserção das mulheres se dá em praticamente todos os
ramos da economia; setores antes considerados redutos masculinos,
como por exemplo, a indústria da construção civil e extrativo-mineral,
hoje empregam um número cada vez maior de mulheres. A
feminização da classe alterou a própria estrutura social do país,
atualmente 37% dos lares brasileiros são chefiados por mulheres,
entretanto, esse fenômeno não se deu sem contradições. Sua
incorporação à produção social se dá em base a um enorme processo
de precarização do trabalho.
Segundo o IBGE, 29% das trabalhadoras ocupam posições
vulneráveis no mercado de trabalho. São onze milhões de
empregadas domésticas, trabalhadoras não remuneradas ou que
trabalham para consumo próprio. Além disso, 58% das mulheres
empregadas no setor privado não possuem carteira de trabalho
assinada, o que significa não ter direito a benefícios trabalhistas e
previdenciários como férias, 13º salário, FGTS, licença maternidade,
auxílio doença, entre outros. Entre as domésticas, que representam
17% de todas trabalhadoras ocupadas, a informalidade é ainda
maior; apenas 36% tem carteira assinada, sendo que a PEC das
domésticas aprovada há mais de um ano pelo Congresso ainda não
foi regulamentado e corre o risco de ser completamente desvirtuado
ao deixar de fora boa parte dos direitos assegurados pela CLT.
O PT afirma que a geração de empregos é uma conquista
fundamental de seu governo e que as mulheres são as principais
beneficiadas, mas o que o PT não diz é que a maioria dos postos de
trabalho criados nos últimos anos são precários, 95% das ocupações
gerados durante os governos Lula e Dilma concentram-se na base da
pirâmide social. O resultado é que uma em cada três trabalhadoras
ocupadas tem rendimento máximo de um salário mínimo e mais da
metade até três salários mínimos. Entre os trabalhadores pobres, isto
18
é, que ganham até 1,5 salários mínimos, em três categorias
consideradas altamente precarizadas: agricultura, trabalho doméstico
e autônomo, 88% são mulheres e 68% negros/as.
As mulheres também são as mais atingidas pelo desemprego,
53,2% dos desocupados são mulheres, sendo a taxa de desemprego
feminino 40% maior que a masculina. A situação é ainda mais grave
entre as mulheres negras: em 2011 enquanto o desemprego entre as
mulheres brancas era de 6,8% entre as negras esse índice chegava a
9,5%.
A desigualdade salarial entre homens e mulheres também
persiste. O Paraná é o segundo estado com maior desigualdade
salarial entre homens e mulheres, ficando atrás apenas de Santa
Catarina. Se no geral as mulheres brasileiras recebem, em média,
72,3% do salário masculino, a paranaense recebe o equivalente a
68% do salário de um homem em cargo semelhante, uma média de
R$ 4,90 a menos por hora de serviço.
Esta situação da mulher no mercado de trabalho serve aos
interesses burgueses que se utilizam do machismo para
superexplorar todo um setor da classe trabalhadora, por isso as
mulheres, e particularmente as mulheres negras, são as mais
atingidas pelo desemprego, pela informalidade e pelos baixos
salários, porque através desses mecanismos a burguesia aumenta
suas taxas de lucros. Para piorar a situação, as trabalhadoras ainda
sofrem com a dupla jornada de trabalho: segundo o IBGE, enquanto
as mulheres gastam em média 25 horas por semana em afazeres
domésticos os homens gastam em torno de 10 horas. Essa jornada
de trabalho extra se apoia na ideologia de que as mulheres são
responsáveis pelo cuidado da casa e dos filhos. Nem o PSDB ou os
partidos da oposição de direita nem o PT serão capazes de alterar
essa situação da mulher; esses partidos há décadas se alternam nos
governos estaduais e federal, e durante seus mandatos todas as
medidas que tomaram aprofundaram essa condição das mulheres sob
o capitalismo.
Nosso programa de governo para as mulheres, ao contrário,
rompe com a lógica capitalista, defendemos igualdade de
oportunidades e de condições de trabalho e salário para mulheres e
homens. Em contraposição às políticas assistencialistas dos governos
do PSDB, PT e PMDB, nós defendemos o pleno emprego, o salário
mínimo do Dieese e a socialização do trabalho doméstico através de
19
serviços públicos que possam livrar as mulheres da dupla jornada de
trabalho.
O PSTU defende:
1- Criação de uma lei estadual que institua o “Trabalho igual,
salário igual”!
2- Contra todas as formas de flexibilização que gerem
diferenças e desigualdade salarial entre homens e mulheres.
3-Defesa de salário e direitos iguais para os terceirizados, pelo
fim das terceirizações!
4- Não à flexibilização dos direitos das trabalhadoras e dos
trabalhadores domésticos, pela garantia de todos os direitos
trabalhistas previstos na CLT para as domésticas!
5- Em defesa do emprego e da renda: Redução da jornada sem
redução do salário! Salário Mínimo do Dieese. Jornada máxima
de trabalho de 35 horas semanais, sendo que para os setores
de saúde defendemos a jornada semanal de 30 horas e para
os trabalhadores da educação a jornada semanal de 20h, pelas
especificidades das funções.
6- Por um plano de obras públicas que melhorem a
infraestrutura do país e garanta emprego a todos os
trabalhadores.
7- Pelo fim da dupla jornada de trabalho: Socialização do
trabalho doméstico! Construção e manutenção pelo estado de
creches, restaurantes comunitários e lavanderias públicas
coletivas.
6.2 Direito ao exercício da maternidade
6.2.1. Licença maternidade e estabilidade no emprego
Para a mulher trabalhadora ser mãe não é nada fácil, são
inúmeras as dificuldades que são obrigadas a enfrentar para exercer
esse direito. Muitas vezes os problemas se iniciam antes mesmo da
mulher engravidar pela pressão da ameaça de demissão por parte
das empresas caso optem por ter filhos, outras, como as
trabalhadoras informais, nem mesmo tem direito às garantias legais
20
como a estabilidade no emprego para gestante e licença
maternidade.
Por outro lado, como culturalmente são as mulheres as
principais responsáveis pelo cuidado dos filhos, acompanhamento
escolar e atenção à saúde, a falta de uma legislação que permita aos
pais acompanhar seus filhos ao médico ou a participar da reunião na
escola sem que isso signifique ter descontado um dia de trabalho
prejudica especialmente as mulheres. O PT/PMDB e a oposição de
direita governaram o país por anos e jamais fizeram nada para mudar
essa situação. No Paraná a situação é a mesma.
O PT ampliou a licença-maternidade para 6 meses mas de
forma opcional às empresas e ainda com o estímulo fiscal àquelas
que aderissem a essa modalidade, dessa forma, não só não estendeu
esse direito à todas as trabalhadoras, como ainda se valeu desse
expediente para aumentar as concessões fiscais aos empresários. Nós
ao contrário defendemos que todas as trabalhadoras, formais ou que
estão na informalidade tenham assegurados todos os direitos
relacionados ao exercício da maternidade, defendemos a ampliação
da licença-maternidade e da estabilidade no emprego sem isenção
fiscal às empresas, defendemos o auxílio-maternidade para as
trabalhadoras desempregadas e o direito dos trabalhadores e
trabalhadoras acompanhar e participar o desenvolvimento dos seus
filhos, sendo para isso garantido liberação do trabalho sem prejuízo
de salário.
Por isso o PSTU propõe:
1- Licença-maternidade e estabilidade no emprego por 6
meses para todas as trabalhadoras, sem isenção fiscal para as
empresas!
2- Auxílio-maternidade para as trabalhadoras desempregadas!
3- Por uma lei estadual que garanta a pais e mães liberação do
trabalho para acompanhar seus filhos ao médico ou serviços
de saúde e participarem de reuniões escolares ou outras
atividades relacionadas ao desenvolvimento dos mesmos, sem
prejuízo de salários!
21
6.2.2 Mortalidade materna
No Brasil, embora tenha havido uma redução importante nas
taxas de mortalidade materna nos últimos vinte anos, o país ainda
registra 64 mortes para cada 100 mil nascidos vivos, índices muito
superiores ao preconizado pela Organização Mundial de Saúde que é
de 35 para cada 100 mil e 5 vezes mais alto do que o dos países
ricos. O ritmo de redução na mortalidade materna foi medíocre na
última década, enquanto que entre 1990 e 2000, registrou-se uma
redução de quase 50% nessas taxas, entre 2001 e 2011 a redução foi
de 16%, sendo que nos últimos anos não alcançou 10%. Com isso, o
Brasil, que ocupa a 79ª posição no ranking da mortalidade materna
deixará de cumprir uma das chamadas “metas do milênio” para a
saúde pública porque o PT não foi capaz de aplicar de forma
consequente uma política de saúde para as mulheres.
A situação no Paraná não é melhor, a redução da mortalidade
materna ainda é um enorme desafio a ser superado no estado. O
Estado do Paraná atingiu menos de 15% da meta de reduzir em três
quartos, até 2015, a taxa de mortalidade materna. Como se pode ver
nem PT, nem PSDB, nem PMDB estão realmente preocupados com
esse problema.
A maioria das mortes é verificada nas regiões mais carentes do
país, entre as mulheres pobres e de baixa escolaridade sendo as
mulheres negras as principais vítimas, só para se ter uma ideia,
enquanto que entre 2000 e 2007, a mortalidade materna entre as
brancas caiu 19% entre as negras aumentou mais de 30%. Os dois
grandes problemas para que o Brasil alcance a meta de redução da
mortalidade materna são a baixa qualidade do atendimento, incluindo
a do setor privado, e a condição clandestina do abortamento que
expõe ao risco a vida das mulheres. Por isso consolidação do SUS
como um sistema único de saúde, público, gratuito e de qualidade e a
discussão de aborto seguro, o que inclui a descriminalização e
legalização do aborto, além da sua garantia pelo SUS são
fundamentais para a política de redução da mortalidade materna.
Ao contrário PSDB, PT e partidos da oposição de direita como
PMDB apresentam como saída para a redução da mortalidade
materna programas como a Rede Cegonha e o Mãe Paranaense,
propondo aumentar o número de consultas de pré-natal, oferecendo
vale-transporte para a gestante e um aporte em dinheiro para que
possa pegar um taxi se for preciso para chegar até a maternidade,
mas esquecem que isso é insuficiente as consultas não forem de boa
22
qualidade, se não forem garantidos os exames pré-natal na época
adequada e se não tiver hospital público por perto ou médico de
plantão para atender as parturientes. Além disso, há inúmeras
evidencias de que as condições de vida prévias ao período gestacional
interferem no curso dessa e na sua conclusão, incluindo aí recorrer ou
não ao aborto, por isso mais do que programas de atenção a saúde
gravídico-puerperal é fundamental programas de atenção integral à
saúde da mulher. Por fim, a humanização da atenção a saúde da
mulher e da gestante são indispensáveis para evitar os casos de
violência obstétrica, defendemos o direito das gestantes em terem
um atendimento digno e de qualidade.
Defendemos:
1- Por um programa de assistência integral à saúde da mulher
com atenção qualificada em todas as fases, ciclos e situações
de vida da mulher!
2- Pela qualidade da assistência pré-natal: consultas e exames
na época adequada, acompanhamento médico, odontológico e
nutricional e de enfermagem.
Construção e abertura de maternidades nos bairros da
periferia das grandes cidades e municípios do interior, com
médicos de plantão e profissionais capacitados para o
atendimento humanizado das gestantes e parturientes.
3- Não à violência obstétrica, em defesa do parto humanizado!
Por um programa de capacitação dos profissionais de saúde
para o atendimento humanizado!
4- Não à precarização da saúde, por um SUS 100% público,
estatal e de qualidade!
Dinheiro público para a saúde pública! 10% do PIB para a
saúde, investidos exclusivamente na saúde pública.
5-Não às mortes maternas por abortos clandestinos!
Descriminalização e legalização do aborto, realizado pelos
hospitais públicos do estado com todas as garantias para a
segurança das mulheres.
23
6.2.3 Creche
A falta de creches é um dos problemas mais sentidos da
mulher trabalhadora relacionado ao direito ao exercício da
maternidade. Junto com a licença maternidade e a estabilidade no
emprego, creches é uma das principais reivindicações nesse sentido.
Só para citar um exemplo, todo início de ano letivo, mães de crianças
de até 5 anos de idade enfrentam as maiores dificuldade para
conseguir uma vaga para seus filhos nas escolas de educação infantil.
Embora tenha sido uma das principais bandeiras de campanha de
Dilma em 2010, a ampliação da rede de creches ficou muito aquém
do que a presidente se comprometeu. A promessa era construir 6 mil
creches e pré-escolas até o final de 2014, com previsão de
investimento de R$ 7,6 bilhões através do PAC 2, entretanto,
segundo relatório de balanço do PAC 2, até dezembro de 2013
apenas 1.408 unidades foram concluídas (223 inauguradas) e outras
2.045 estão em obras e mesmo que fiquem prontas até o final do
ano, a meta do governo não será alcançada.
O déficit de vagas na educação infantil no país é enorme,
segundo o IBGE apenas 21% do total de crianças de 0 a 3 anos
frequentam creche e mais de 1 milhão de crianças de 4 e 5 anos não
tem acesso à pré-escola. As famílias pobres e negras são as mais
penalizadas, o número de crianças ricas matriculadas é três vezes
maior do que a verificada entre as mais pobres e a proporção de
matrículas entre crianças brancas é 1,2 vezes maior do que entre
negras. Nos cem municípios brasileiros onde mais de 70% das
famílias dependem do bolsa-família, a situação é ainda mais precária,
destes, 56 não tem creche pública para atender as crianças de 0 a 3
anos, ainda que uma das principais diretrizes do Programa Brasil
Carinhoso do governo federal ter como uma das suas principais
diretrizes o aumento do número de crianças matriculadas, o resultado
é que entre as crianças até 3 anos atendidas pelo bolsa-família,
menos de 15% estão matriculadas, número inferior à média nacional.
A qualidade das creches públicas também é precária, a maioria
não conta com infraestrutura adequada para atender as crianças,
além disso, em muitos estados e municípios a política tem sido
terceirizar a educação infantil, através de convênios com instituições
supostamente sem fins lucrativos, transferindo recursos públicos para
a iniciativa privada. No Paraná a situação não é diferente, só em
Curitiba o déficit de vagas em creche ultrapassa 20 mil, no interior a
situação é ainda mais grave, muitos municípios pequenos não contam
24
com nenhuma creche pública. O governo estadual pouco fez para
alterar esse quadro. Como a falta de creches afeta principalmente as
mulheres de baixa renda e que precisam trabalhar e muitas são
obrigadas a deixar seus filhos sob guarda precária e outras acabam
abandonando o emprego por não ter com quem deixá-los, sendo
assim creche hoje é o principal problema para uma mulher arranjar
um emprego ou manter-se nele, esta é uma de nossas prioridades de
programa.
Vamos colocar o governo estadual na linha de frente para ter
uma política efetiva no sentido de resolver este problema, exigindo o
que é de competência dos governos federal e municipal, mas também
envolvendo o governo estadual na aplicação de um plano de governo
que se comprometa com as mulheres trabalhadoras.
Por isso propomos:
1-Zerar o déficit de vagas na educação infantil através da
construção de novas unidades de creches na capital e nos
municípios do interior.
2-Nenhuma criança fora da escola, creches públicas, gratuitas
e de qualidade em tempo integral, para todas as crianças em
idade escolar. Para isso é necessário, além de construir novas
creches e escolas de educação infantil, triplicar os gastos por
aluno.
3-Não às terceirizações ou convênios com a iniciativa privada.
Dinheiro público para a educação pública.
4-A luta por creches é parte da luta por mais verbas para a
educação por isso nossa proposta é aplicação dos 10% do PIB
já para a educação, utilizados exclusivamente na educação
pública. Vamos exigir isso do governo federal! Vamos exigir o
que cabe aos governos municipais que seja realizado!
5-Nossa concepção de creche compreende que o processo
educacional sobre crianças de 0 a 3 anos é um momento
fundamental de formação e educação da criança em todos os
seus aspectos. Tanto do ponto de vista do desenvolvimento
físico, quanto psíquico e social. Por isso, formulamos uma
reivindicação sobre um tipo de creche com as seguintes
características: que desenvolva a capacidade cognitiva,
motora e relacional; com alimentação de qualidade e
programas de educação e saúde alimentar para as crianças;
com profissionais capacitadas, com salários dignos e
25
condições de trabalho; com serviço de saúde e funcionamento
em tempo integral.
6-Garantir a proporção recomendada de 12 alunos por
professor nas salas de aula.
7-Sobre as educadoras defendemos que todas as
trabalhadoras (pajens, auxiliares, atendentes e outros que
trabalhem diretamente com as crianças) sejam enquadradas
na carreira do magistério como professoras de educação
Infantil, recebendo o valor previsto para o cargo de forma
isonômica. Para isso, reafirmamos a reivindicação da
ampliação orçamentária para a Educação, para que os
salários, direitos, condições de trabalho e capacitação possam
ser justas e dignas para as trabalhadoras e para as crianças.
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7. Reforma Agrária
A reforma agrária, que esta paralisada no Governo Dilma(PT),
poderia garantir alimentos a um preço mais barato para a população,
além de garantir terra aos sem-terras. Para garantir uma verdadeira
reforma agrária, é preciso enfrentar o latifúndio e o agronegócio, essa
tarefa é fundamental para construir um Brasil e um Paraná para os
trabalhadores da cidade e do campo. O governo Dilma(PT) foi o pior
que FHC(PSDB) na questão da reforma agrária. Seu governo foi para
o latifúndio e o agronegócio, com a modernização capitalista da
grande propriedade rural, forte presença de empresas multinacionais,
com produção dirigida para o exterior e para a produção de matérias
primas, setor que garante o superávit da balança comercial brasileira
com o exterior.
Para buscar maior produção de alimentos, com qualidade e
baratos, temos que inverter a lógica que hoje subordina a pequena
propriedade e assentamentos ao agronegócio e ao mercado
capitalista. O Governo da Paraná, através do Instituto Paranaense de
Assistência Técnica e Extensão Rural e outros órgãos, promover
políticas de apoio e financiamento para a agricultura familiar e os
assentamentos da reforma agrária.
O agronegócio e a concentração de terras são elementos
geradores da violência no campo, e a impunidade um elemento
presente no campo. Assim como a não realização da reforma agrária
e a persistência deste modelo de estrutura fundiária, também a
ausência e morosidade nos processos de demarcação de terras
indígenas geram violência e impunidade, onde a luta dos oprimidos é
marcada com sangue e a violência dos opressores é contemplada
com a impunidade. Cabe ao governo do Estado se posicionar exigindo
a demarcação de terras indígenas e a apuração dos crimes cometidos
no campo paranaense, exigindo a imediata demarcação das terras
dos povos indígenas da região de Guaíra (Guarani) e de outras
regiões.
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O PSTU propõe:
1- Investimento do Estado em programas de apoio e
assistência em áreas de assentamento e pressionar o
governo federal para que desaproprie terras para a
reforma agrária;
2- Garantia de reassentamentos de família atingidas por
barragens e grandes obras;
3- Política de investimento para a garantia de produção de
alimentos pela agricultura familiar e áreas de
assentamento, garantindo a produção e o abastecimento
a serviço dos trabalhadores e trabalhadoras da cidade e
do campo;
4- Por fim a toda e qualquer forma de criminalização dos
trabalhadores rurais sem terra e os movimentos sociais
do campo! Atuar para reverter às criminalizações em
curso no estado, propondo indenização, anistia e reparo
social e econômico as vítimas da criminalização dos
lutadores e movimentos sociais!
5- Exigir do Governo Federal a demarcação de terras
indígenas imediatamente e se posicionando contra a PEC
215.