proposta de um modelo de gestÃo de projeto … · conhecimento cientÍfico e outros tipos de...
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HENRIQUE XAVIER ANDRADE
PROPOSTA DE UM MODELO DE GESTÃO DE PROJETO PARA TROPICALIZAÇÃO DE COMPONENTES EM EMPRESA
AUTOMOTIVA MULTINACIONAL EM PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO (PED).
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Gradução de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Paraná para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Orientador: Prof. Marcelo Gechele Cleto
CURITIBA,PR 2003
ii
HENRIQUE XAVIER ANDRADE
PROPOSTA DE UM MODELO DE GESTÃO DE PROJETO PARA TROPICALIZAÇÃO DE COMPONENTES EM EMPRESA
AUTOMOTIVA MULTINACIONAL EM PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO (PED).
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Gradução de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Paraná para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Orientador: Prof. Marcelo Gechele Cleto
CURITIBA, PR 2003
iii
TERMO DE APROVAÇÃO
HENRIQUE XAVIER ANDRADE
PROPOSTA DE UM MODELO DE GESTÃO DE PROJETO PARA TROPICALIZAÇÃO DE COMPONENTES EM EMPRESA AUTOMOTIVA
MULTINACIONAL EM PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO (PED). Dissertação aprovada como requisito parcial à obtenção de grau de Mestre em Engenharia Mecânica, no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica, Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná.
Banca Examinadora: Profª. Dra. Maria Lúcia Leite Ribeiro Okimoto Prof. Dr. José Amaro dos Santos
Departamento de Engenharia Mecânica / UFPR Departamento de Administração Geral e Aplicada/ UFPR
Prof. Dr. Marcelo Gechele Cleto Departamento de Engenharia Mecânica / UFPR Orientador
Curitiba, fevereiro de 2003
iv
Agradeço a minha esposa Mônica, pelo seu amor por sua dedicação
e por sua compreensão. Agradeço aos meus pais Helena & Antônio
pelos excelentes princípios que me ensinaram
e sobretudo agradeço à Deus por tudo que Ele tem feito em minha vida.
v
AGRADECIMENTOS:
O autor agradece a todas as pessoas e instituições que colaboraram para a conclusão desta
pesquisa: - Ao Programa de Pós Graduação de Engenharia Mecânica (PG-Mec), Setor de Tecnologia da
Universidade Federal do Paraná, nas pessoas de seus Professores do Departamento de Engenharia
Mecânica, funcionários e Coordenador do Mestrado;
- Ao meu orientador Prof. Marcelo Gechele Cleto, pelo grande apoio fornecido e pela amizade, para a
realização dessa Dissertação;
- A Profa Lúcia Okimoto que me auxiliou e me ajudou com dicas e contatos de Professores amigos, da
área de Gerência de Projetos;
- Aos colegas de mestrado que muito contribuíram facilitando a aquisição de conhecimentos pelo
constante contato e troca de experiência;
- Aos meus amigos Renato A. C. e Costa e Sandro Alves Corrêa, que me ajudaram muito, dando-me
todo apoio necessário;
- Aos meus amigos de mestrado Maria Aparecida da Silva Santos e Cláudia Ribeiro da Costa, pelo
apoio fornecido durante a pesquisa de campo nas e as outras etapas de minha dissertação;
- Ao Sr. Márcio B. Tenório, que através da Secretaria do PG-Mec, fez-nos conhecer os avisos tão
importantes;
- A Profa. Eliane Xavier Andrade da Universidade Federal Fluminense - UFF RJ, pelo apoio na
correção lingüística;
- Àqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram com a realização deste trabalho.
A todos o meu muito Obrigado!!!
vi
PROPÓSITOS
247 Concretiza. - Que os teus propósitos não sejam fogos de artifício, que
brilham um instante, para deixarem, como realidade amarga,
uma vareta de foguete, negra e inútil, que se joga fora com desprezo.
Bem Aventurado Josemaría Escrivá
vii
PERSEVERANÇA
983 Começar é de todos; perseverar, de santos.
Que a tua perseverança não
seja conseqüência cega do primeiro impulso, fruto da inércia;
que seja uma perseverança refletida.
Bem Aventurado Josemaría Escrivá
viii
SUMÁRIO:
Pág.
LISTA DE FIGURAS................................................................................................................xiii
LISTA DE QUADROS..............................................................................................................xv
LISTA DE GRÁFICOS.............................................................................................................xvi
LISTA DE TABELAS..............................................................................................................xvii
LISTA DE SIGLAS.................................................................................................................xviii
LISTA DE SÍMBOLOS.............................................................................................................xxi
RESUMO ................................................................................................................................xxii
ABSTRAT...............................................................................................................................xxiii
Cap. 1- ASPECTOS GERAIS.....................................................................................................1
I.1. INTRODUÇÃO......................................................................................................................1
I.2. ORIGEM DO TRABALHO.....................................................................................................4
I.3. PROBLEMA GERAL DO TRABALHO..................................................................................4
I.4. PROBLEMA ESPECÍFICO DO TRABALHO........................................................................7
I.5. OBJETIVOS GERAL DO TRABALHO..................................................................................7
I.6. OBJETIVOS ESPECÍFICO DO TRABALHO........................................................................8
I.7. RELEVÂNCIA DO TRABALHO............................................................................................8
I.8. METODOLOGIA DE PESQUISA DO TRABALHO...............................................................9
I.9. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO.........................................................................................10
I.10. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO....................................................................................11
Cap. 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA......................................................................................12
2.1. ESTRATÉGIA DE UMA EMPRESA..................................................................................12
ix
2.2. GESTÃO DE PROJETO...................................................................................................31
2.2.1. FASES DE UM PROJETO............................................................................................33
2.2.2. ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS BÁSICA...............................................................34
2.2.2.1. GERÊNCIA DE PROJETOS EM STAFF.....................................................................35
2.2.2.2. ORGANIZAÇÃO DE PROJETO PURA.......................................................................37
2.2.2.3. ORGANIZAÇÃO MATRICIAL......................................................................................37
2.2.3. OUTRAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO.......................................................................39
2.3. PROJETO TEMPORÁRIOS.............................................................................................42
2.4. PRODUTO, SERVIÇO OU RESULTADO ÚNICO............................................................43
2.5. ELABORAÇÃO PROGRESSIVA......................................................................................44
2.6. O QUE É GERÊNCIA DE PROJETOS.............................................................................44
2.7. AS ÁREAS DE CONHECIMENTO DA GERÊNCIA DE PROJETOS...............................46
Cap. 3 – METODOLOGIA DA PESQUISA DE CAMPO..........................................................47
3.1. ASPECTOS CONCEITUAIS.............................................................................................47
3.1.1. CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO.................................................................47
3.1.1.1. CONHECIMENTO CIENTÍFICO E OUTROS TIPOS DE CONHECIMENTOS.........47
3.1.2. MÉTODOS CIENTÍFICOS.............................................................................................50
3.1.3. HISTÓRICO DO MÉTODO............................................................................................51
3.1.3.1. MÉTODO
x
COMPARATIVO.........................................................................................51
3.2. PESQUISA DE CAMPO PRELIMINAR – PRIMEIRO
QUESTIONÁRIO......................................................................................................................52
3.3. PROBLEMA ENCONTRADO NAS TRËS EMPRESAS....................................................53
3.4. PROBLEMA ESPECÍFICO................................................................................................54
3.4.1. ETAPAS DO FLUXO DE INFORMAÇÃO DE UMA MODIFICAÇÃO OU EVOLUÇÃO
DESTINADO À UMA PEÇA......................................................................................................55
3.4.2. RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO PRELIMINAR.............................................57
3.4.2.1. PROBLEMA IDENTIFICADO NA PESQUISA DE CAMPO
PRELIMINAR............................................................................................................................57
3.4.2.2 RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO PRELIMINAR...........................................61
Cap. 4 – MODELO PROPOSTO..............................................................................................65
4.1. ASPECTOS GERAIS.........................................................................................................65
4.2. METODOLOGIA PROPOSTA...........................................................................................67
4.3. MODELO PROPOSTO DE GESTÃO DE PROJETO........................................................67
4.3.1. PROPOSTA DE UM MODELO DE GESTÃO DE PROJETO EM NÍVEL
INTERNACIONAL.....................................................................................................................68
4.4. SINTESE CONCLUSIVA...................................................................................................77
xi
Cap. 5 – AVALIAÇÃO DO MODELO PROPOSTO E ANÁLISE DOS
RESULTADOS.........................................................................................................................78
5.1. ASPECTOS CONCEITUAIS...................................................................78
5.1.1. POPULAÇÃO E AMOSTRA.................................................................78
5.1.2. DELINEAMENTO DO TRABLHO.........................................................79
5.1.3. MÉTODO DE COLETA DE DADOS.....................................................80
5.1.3.1. FONTE DE COLETA DE DADOS.....................................................80
5.1.3.2. TRATAMENTO E ANÁLISE DE DADOS..........................................86
5.1.3.3. REPRESENTAÇÃO DE DADOS.......................................................88
5.2. AVALIAÇÃO DA PROPOSTA –2º QUESTIONÁRIOS............................88
Cap. 6 – CONCLUSÃO..................................................................................91
6.1. CONCLUSÃO.........................................................................................91
GLOSSÁRIO..................................................................................................96
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................109
APÊNDICE 1................................................................................................115
APÊNDICE 2................................................................................................123
APÊNDICE 3................................................................................................132
xii
LISTA DE FIGURAS
Pág.
FIGURA 1 CATEGORIA DE FÁBRICAS..................................................................................6
FIGURA 2 OBJETIVO GERAL: FLUXO DE INFORMAÇÃO.....................................................8
FIGURA 3 ESQUEMA DE UM PROCESSO...........................................................................15
FIGURA 4 FORÇAS DE ORIGEM A CONCORRÊNCIA NA INDÚSTRIA..............................17
FIGURA 5 CAMINHO PARA AS MAIORES FUNÇÕES ESTRATÉGICAS.............................20
FIGURA 6 MODELO AMERICANO: PROCESSO E RESPONSABILIDADE
FORMAIS.................................................................................................................................28
FIGURA 7 MODELO EUROPEU E JAPONÊS: PROCESSO DE MUDANÇA
EMERGENTE...........................................................................................................................28
FIGURA 8 FASES DE UM PROJETO.....................................................................................33
FIGURA 9 GERÊNCIA DE PROJETO EM STAFF..................................................................36
FIGURA 10 GERÊNCIA DE PURA.........................................................................................37
FIGURA 11 ORGANIZAÇÃO MATRICIAL..............................................................................38
FIGURA 12 GERÊNCIA DE PROJETO POR TASK FORCE..................................................39
FIGURA 13 FLUXOGRAMA DAS ATIVIDADES DE GESTÃO DE
PROJETOS...............................................................................................................................40
FIGURA 14 ORGANIZAÇÕES DE GERÊNCIA DE PROJETO..............................................46
FIGURA 15 TIPOS DE CONHECIMENTO..............................................................................48
xiii
FIGURA 16 TIPOS DE CONHECIMENTO..............................................................................50
FIGURA 17 FLUXO GERAL DE INFORMAÇÃO DE UMA
MODIFICAÇÃO.........................................................................................................................55
FIGURA 18 PROPOSTA DE UM MODELO DE GESTÃO DE PROJETO EM NÍVEL
INTERNACIONAL.....................................................................................................................67
xiv
LISTA DE QUADROS
Pág.
QUADRO 1 CARACTERÍSTICAS ORGANIZACIONAIS DAS EMPRESAS:
MULTINACIONAIS, GLOBAIS e INTERNACIONAIS...............................................................25
QUADRO 2 SISTEMATIZAÇÃO DAS CARACTERÍSTICAS DO
CONHECIMENTO....................................................................................................................49
QUADRO 3 RESUMO DAS ATIVIDADES..............................................................................75
QUADRO 4 AMOSTRA DOS PROFISSIONAIS.....................................................................79
xv
LISTA DE GRÁFICOS
Pág.
GRÁFICO 1 A FUNÇÃO DAS FÁBRICAS NO EXTERIOR: UMA ESTRATÉGIA DA
MATRIZ.....................................................................................................................................19
GRÁFICO 2 RESULTADOS EM PERCENTUAIS DO 1º QUESTIONÁRIO............................62
GRÁFICO 3 RESULTADOS EM PERCENTUAIS DO 2º QUESTIONÁRIO............................90
xvi
LISTA DE TABELAS
Pág.
TABELA 1 ÍNDICE DOS RESULTADOS EM PERCENTUAL (%) ...............63
TABELA 2 RESUMO DOS PROBLEMAS ENCONTRADOS NA PESQUISA DE CAMPO
PRELIMINAR............................................................................................................................64
xvii
LISTA DE SIGLAS
“A”
“B”
“C”
CE: Comunidade Européia.
CEE: Comunidade Econômica Européia.
“D”
“E”
EUA: Estados Unidos da América.
“F”
“G”
GATT: General Agreement for Trades and Tarifs.
“H”
“I”
IDE: Investimento Direto no Exterior.
“J”
“K”
xviii
“L”
“M”
MCE: Mercado Comum Europeu.
Mercosul: Mercado Comum do Sul.
“N”
NAFTA: North American Free Trade.
“O”
ONU: Organização das Nações Unidas.
“P”
P&D: Pesquisa e Desenvolvimento.
PED: Países em Desenvolvimento.
“Q”
“R”
“S”
“T”
TT: Transferência de Tecnologia.
“U”
xxi
RESUMO
Esta dissertação de mestrado trata da questão da internacionalização dos projetos dentre
empresas automotivas instaladas na região metropolitana de Curitiba. Seu principal objetivo é
apresentar um modelo de gerenciar projetos dentro de empresas Multinacionais.
Nesta proposta é apresentado um modelo de gestão de projetos voltado à componentes
automotivos que estão em processo de nacionalização, isto é, componentes que destinam-se a linha
de produção. Composta por etapas de planejamento, controle e coordenação da aplicação dos
mesmos no posto de trabalho da linha de produção das empresas automotivas multinacionais.
O estudo foi conduzido pela utilização de diversas fontes de evidências e pode ser
caracterizado como um estudo de caso.
Essa proposta foi elaborada com base em pesquisas realizadas em unidades fabris de três
grandes empresas multinacionais, que realizam gestão de projetos em nível internacional. A proposta
destaca a criação de uma equipe de projetos, composta por colaboradores das áreas de logística,
engenharia, compras, fabricação e coordenação, para a condução da implementação e aplicação
desse componente no posto de trabalho. Mostra também a relação entre as áreas envolvidas com
essa nacionalização.
Pretende-se com este estudo fornecer uma fonte básica de referência para a reavaliação de
estruturas de gestão de projetos em qualquer empresa multinacional, bem como mostrar o alcance de
novos patamares de desempenho para aplicações de componentes destinados a linha de produção
de empresas multinacionais.
xxii
ABSTRAT
This master’s essay is bout the internationalization in the projects inside the
automotive companies in the metropolitan area of Curitiba. Its objective is to show a new proposal of management of projects in these international companies.
This proposal shows a new methodology of projects administration
commercial with companies which are inside the process of nacionalization, that is,
components which are reserved for production line. Furthermore, this proposal is
also divided in some steps which are planning, control and coordination of the
application of the components in the workshop of the line production of the
automotive multinational companies. This essay has also been based on the utilization of several evidences and it is characterized
as a case study.
This proposal is based on the researches achieved in fite units of the three biggest multinational
companies, that work in the projects administration in international level. It also demonstrates the
creation of a group of projects, that is compounded by collaborators of the area of the logistics,
engineering, purchase, manufacture and coordination that lead to the implementation of the application
of this component in the workshop. This also shows the relationship among the areas which are
working with the nacionalization.
The objective of this proposal is to be a basic reference of reappraisal of projects structures
in any multinational company, as well as to show how to reach the new steps of development of
application of components which are reserved for production line in the multinational companies.
1
CAPÍTULO 1
ASPECTOS GERAIS
1.1. INTRODUÇÃO
Para a compreensão do ato de gerenciar a internacionalização de projetos
deve-se conhecer os princípios que compõe uma estrutura organizacional. Qual o
papel de cada um dentro de uma empresa ou organização.
“...Todos nós desempenhamos alguma função nos processos de produção,
distribuição e uso dos bens e serviços de nossa civilização...”(McCORMICK e
TIFFIN, 1977, p.03). O trabalho, desta forma, seja ele visto como fonte de satisfação
ou de sobrevivência, faz parte do nosso cotidiano, por meio do qual,
automaticamente, o homem encontra-se inserido em organizações.
Para DAVIS e NEWSTROM (1992), as organizações são sistemas sociais.
Elas existem porque seria muito difícil que uma pessoa sozinha e isolada pudesse
fazer muita coisa dentro da sociedade. Portanto, uma organização pode ser definida
como “...um conjunto de pessoas que tem a finalidade de alcançar determinados
objetivos, por meio da divisão do trabalho, operando mediante o processo decisório
e no decorrer do tempo...”(AQUINO, 1992, p.29). Quando se juntam pessoas,
chega-se a um sistema social imensamente complexo, cujo compreensão é
desafiante.
Portanto, todas as organizações são criadas com alguma finalidade. Assim,
poderão atingir os seus objetivos que são essenciais para a sobrevivência das
organizações. Para que os objetivos organizacionais sejam alcançados, é
necessário estabelecer formas de ação, as quais podem ser desenvolvidas por
intermédio das estratégias organizacionais.
As pessoas são os recursos essenciais para a elaboração e implementação
das estratégias, viabilizando a transposição deste processo para o contexto
organizacional. Estas pessoas precisam desempenhar diferentes papéis, ou seja,
responsabilidades e tarefas que lhe são atribuídas, conforme o cargo que ocupam, a
fim de que a organização funcione adequadamente. Assim, ao fazer parte de uma
determinada organização, o indivíduo está sob as exigências deste papel para agir e
2
se comportar de determinada forma, de acordo com as atividades prescritas ou
padronizadas. A partir do momento em que existe a definição clara quanto ao
desempenho de papéis, pode-se direcionar melhor as habilidades individuais
(GIBSON, IVANCEVICH E DONNELLY, 1981).
Para AQUINO (1992), deve-se considerar que todas as organizações
possuem características específicas, as quais definem um determinado estilo de
pensar e agir, constituindo-se na personalidade empresarial. Portanto, as empresas
têm uma tendência a engajar pessoas cujos comportamentos são adequados ao
estilo da organização (ENRIQUEZ, 1997).
Hoje com a Internacionalização nos Projetos, as indústrias multinacionais
automotivas em países em desenvolvimento tiveram que se adaptar para essa nova
realidade, isto é, a globalização de projetos ou gerenciamento de projetos em nível
internacional.
“...Com a abertura da economia no início dos anos 90, as empresas
brasileiras foram lançadas em um mercado regido pela globalização econômica
onde a qualidade e produtividade são os pilares da sustentação na busca de novos
modelos organizacionais...”( GONZALES, J. C. S. e MIGUEL, P. A C., 2001).
Nesta situação, as empresas sentiram a necessidade de adaptarem-se às
novas condições mundiais de produtividade tornando-se mais ágeis, investindo em
novas tecnologias, capacitando os seus colaboradores, na restruturação dos seus
níveis hierárquicos, e se preocupando com o envolvimento do seu quadro de
funcionários com os novos fatores de competitividade.
Muitas empresas responderam rapidamente e outras não, aos novos
desafios diante da estabilidade econômica, em um mercado consumidor cada vez
mais exigente dentro e fora do país. Tudo isto acontece em um ambiente com forte
introdução das normas internacionais da série ISO 9000, cujo objetivo é de sempre
produzir produtos com qualidade. Dentro desse escopo estreitam-se as saídas para
as empresa, ou elas se adequam aos padrões internacionais ou elas correm o risco
de ficarem fora do mercado.
Paralelamente, a entrada de produtos importados com um nível de
qualidade superior e a custo menor, acentuou-se ainda mais a exigência do
consumidor interno, impondo-se às empresas nacionais a quebra da diferença dos
3
padrões de qualidade que se fazia entre produtos para consumo interno e produtos
para exportação.
É neste contexto que se insere o presente trabalho, ou seja, uma proposta
de um modelo de gestão de projeto para a tropicalização ou nacionalização de
componentes para filiais de empresa automotiva multinacional instalada em países
em desenvolvimento PED. Assim, essas empresas que buscam ampliar seus
negócios em países com essas características, tais como o Brasil, Argentina,
México, Coréia do Sul, Taiwan e Índia, entre outros países, passam a estabelecer
operações produtivas em outras nações, com o objetivo de conquistar novos
mercados e consolidar posições já estabelecidas através de exportações. Estas
empresas, detentoras de tecnologia avançada, no seu todo, representam uma
parcela significativa dos fluxos econômicos mundiais.
Uma vez que o fenômeno da internacionalização de projetos seja
conhecido, o trabalho será conduzido e orientado para a realização de algumas
etapas, como por exemplo:
Conhecimento da situação atual do projeto em nível de produto e processo,
através de um primeiro questionário - Pesquisa de Campo Preliminar e de
entrevistas semi-estruturadas.
Em uma etapa posterior, será criada uma proposta de um modelo de gestão
de projeto em nível internacional para os componentes que estejam em processo de
tropicalização ou nacionalização, voltados para um determinado posto de trabalho,
em uma linha de produção dentro de empresas multinacionais automotivas.
E para finalizar esse conjunto de etapas, será realizado um segundo
questionário que tem a finalidade avaliar a eficiência do modelo apresentado.
4
1.2. ORIGEM DO TRABALHO
Face a estagnação dos mercados europeu e norte americano, muitas
empresas automotivas buscaram ampliar seus negócios. A alternativa encontrada
por elas, para crescerem e se desenvolverem, foi a da internacionalização, isto é,
internacionalizarem os seus projetos, produtos e a padronização de operações de
manufatura dentro do processo de montagem, dentre outras atividades. Assim, tanto
os mercados locais quanto os mercados a que se destinavam seus projetos,
produtos e/ou a padronização de operações de manufatura, foram tornando-se alvo
de muitas empresas multinacionais. Dessa forma, todos os mercados,
principalmente os de países desenvolvidos, estudaram possibilidades de
globalizarem seus produtos.
O presente trabalho tem sua origem, no interesse de se conhecer melhor a
atividade de Gestão de Projeto para tropicalização ou nacionalização de
componentes automotivos, aplicada pelas empresas automotivas multinacionais,
onde a Transferência de Tecnologia (TT) de seus projetos, produtos e a
padronização de operações de manufatura dentro do processo de montagem, para
os países de destino, são o seu principal interesse.
1.3. PROBLEMA GERAL DO TRABALHO
A transferência de tecnologia é uma das atividades presentes no processo
de internacionalização dos produtos ou serviços, de empresas automotivas
multinacionais.
Através de uma metodologia criada por empresas multinacionais são
realizados planejamentos e implementações de atividades de diversas áreas. A
gestão ou gerenciamento de projetos é uma ferramenta que auxilia a tarefa
importante de transferir uma tecnologia e até mesmo, um projeto. Entretanto, se a
gestão de projeto não estiver corretamente utilizada, certamente existirá uma
deficiência de planejamento e a sua implementação terá sérios problemas durante o
processo de transferência de tecnologia, que conseqüentemente, não irá funcionar.
Dentro desse processo de internacionalização de produtos ou serviços, as
empresas brasileiras, filiais de empresas multinacionais, cujos novos produtos de
5
origem estrangeira sofrem algumas adaptações necessárias, que nem sempre
condizem com as condições já conhecidas e aplicadas dentro do processo local.
Como esse fenômeno é ainda recente para alguns casos, surgem
questionamentos a respeito de como se deve estruturar tal processo. Tomemos
como exemplo, o projeto de fabricação de um automóvel, que tem sua produção em
fábricas de vários países, destinadas a consumidores de diferentes culturas, raças e
poder aquisitivo, sendo que o produto tem que ser único, respeitando a
documentação exigida pela matriz, podendo e devendo sofrer as adaptações
necessárias para as diferentes condições dos países, e conseqüentemente,
adequando-se às necessidades dos mercados locais, chamamos esse processo de
nacionalização ou tropicalização de componentes.
Em função da globalização, a matriz de uma empresa multinacional busca
ter suas diretrizes refletidas para um âmbito global. Ela estuda formas de validar e
conseqüentemente baixar os custos globalmente. Dessa forma, a matriz cria
algumas diretrizes que servem de facilitadores para a aplicação dessa metodologia
de TT, utilizando a gestão de projeto como um aliado para a boa implementação do
produto ou serviço no mercado de destino.
As suas filiais devem tomar algumas diretrizes como decisões estratégicas
de nacionalização de produtos ou serviços, que a matriz impõe. Assim, o custo do
produto ou do componente, por exemplo, pode e deve baixar, pois os mercados de
PED, caracterizam-se por ter custos da mão de obra, custos logísticos e outros tipos
de custos inferiores aos dos países desenvolvidos. Tais aspectos tornam esse
projeto rentável para a empresa. Porém deve-se sempre levar em conta as
restrições legislativas e governamentais do país que irão produzir esse automóvel.
Uma das diretrizes criada pela matriz de uma empresa que fabrica
automóveis, denominada Empresa “A”, é a existência de duas categorias de
fábricas: Fábrica Piloto1 e Fábrica Pilotada2, que pode ser analisada na figura nº1:
Categorias de Fábricas - Fábricas Piloto & Fábricas Pilotadas, a qual será melhor
apresentada no capítulo 3, item 3.1 Pesquisa de Campo Preliminar - Primeiro
questionário. 1 Fábrica Piloto = Pioneira no lançamento do produto, detentora dos conhecimentos técnicos e das evoluções e/ou modificações de peças.
6
Categorias de Fábricas - Fábricas Piloto & Fábricas Pilotadas
MATRIZ
Head Quarter
Fábrica
Piloto
Fábrica
Piloto
Fábrica
Piloto
Fábrica
Pilotada
Fábrica
Pilotada
Fábrica
Pilotada
Fábrica
Pilotada
Fábrica
Pilotada
Figura nº1: Categorias de Fábricas - Fábricas Piloto & Fábricas Pilotadas
Fonte: (2003)
É dentro desse contexto de Fábrica Piloto e Fábrica Pilotada que ocorre um
problema na gestão de projeto em nível internacional dessa empresa. Esse
problema é constatado no mau desempenho das nacionalizações necessárias que
essa empresa deve cumprir durante um ano e ele pode ser oriundo de vários
aspectos, que serão melhor detalhados no problema específico do trabalho.
2 Fábrica Pilotada = tipo de fábrica que segue as orientações das fábricas piloto em nível de evolução e/ou modificação de peças.
7
1.4. PROBLEMA ESPECÍFICO DO TRABALHO
O problema específico do trabalho, trata-se de um problema que ocorre
dentro do fenômeno de gestão de projeto para tropicalização ou nacionalização de
componentes destinados às unidades de empresas multinacionais automotivas,
impactando diretamente no posto de trabalho na linha de produção, isto é, um
problema relacionado ao mau
funcionamento do fluxo informativo entre a Fábrica Piloto e a Fábrica Pilotada, o
qual ocorre na empresa denominada “A” .
De acordo com a coleta de dados realizada entre as três empresas que
serviram de estudo de caso, encontrou-se também problemas na comunicação
entre as fábricas. Utilizou-se a empresa denominada “A” por ser a empresa que
mais facilitou a obtenção das informações necessárias ao trabalho, que pode ser
analisado em detalhe na Capítulo 3.
1.5. OBJETIVO GERAL DO TRABALHO
O objetivo geral do trabalho é verificar se o fluxo de informações, referentes
a gestão de projeto em nível internacional para componentes que estão em vias de
serem tropicalizados ou nacionalizados, das empresas multinacionais do mercado
automotivo está adequado. Conforme representação da figura nº2 abaixo.
Objetivo Geral
Informaçãocorreta
Gestão de Projetos
Engenharia daMatriz
Fábrica Pilotada
Transferência deTecnologia
Fábrica Piloto
8
Figura nº2: Objetivo Geral - Fluxo de Informação
Fonte: (2002)
1.6. OBJETIVO ESPECÍFICO DO TRABALHO
O objetivo específico do trabalho será propor e avaliar um modelo de gestão
de projeto para tropicalização de componentes em empresa automotiva
multinacional em PED, que elimine as falhas de comunicação entre as fábricas
piloto e pilotada. Inicialmente será alcançado este objetivo através da revisão
bibliográfica e do estudo de casos.
1.7. RELEVÂNCIA DO TRABALHO
Conforme pode ser analisado logo abaixo, são apresentados as evidências
da relevância desse trabalho:
a) a internacionalização dos produtos e processos de manufatura estão
cada vez mais presentes nas grandes empresas multinacionais;
b) hoje a tendência das empresas multinacionais é de expandir seus
produtos, buscando sempre um baixo custo de produção, obtido pela
grande escala;
c) hoje a literatura encontrada para se realizar uma boa pesquisa nessa
área ainda é escassa. Pois, elas pertencem e são de responsabilidade
das empresas multinacionais sendo muitas vezes, proibida a realização
de cópias e até mesmo um simples comentário por parte dos
funcionários;
d) conhecer o processo que essas empresas multinacionais adotam para
gestão de projeto para realização da TT em suas fábricas distintas;
e) a busca constante de ganho de mercado das empresas multinacionais no
competitivo mercado mundial e sua relação com o processo de
tropicalização ou nacionalização de componentes;
f) o interesse em conhecer as estratégias aplicadas pelas empresas
multinacionais, na gestão de projeto;
1.8. METODOLOGIA DE PESQUISA DO TRABALHO
9
A metodologia de pesquisa do trabalho está subdividida nas seguintes
fases:
A revisão bibliográfica identificará aspectos relevantes relativos a estrutura
de empresas e a gestão de projeto em nível internacional, Capítulo 2.
Após esta etapa se fará uma pesquisa de campo preliminar para se
confirmar e tornar mais claro o problema a que se propõe resolver, isto é, a gestão
de projeto em nível internacional. Também no início desse Capítulo, são
apresentados a metodologia de pesquisa utilizada, Capítulo 3.
Uma vez bem definido o problema, propõe-se então um modelo para sua
solução, considerando-se os aspectos identificados na revisão bibliográfica e na
pesquisa de campo preliminar, Capítulo 4.
Este modelo proposto é então avaliado em uma empresa através do
preenchimento do questionário, por profissionais que atuam nas áreas gestão de
projeto, Capítulo 5.
Em ambas etapas da pesquisa de campo, os questionários ou as entrevistas
serão realizados com profissionais responsáveis pela área de Gerenciamento de
Projetos das empresas do estudo de caso, para que tomemos como base as suas
experiências na TT de seus projetos.
10
1.9. DELIMITAÇÃO DO TRABALHO
Segundo YIN (1987) os estudos de caso se baseiam em generalizações
analíticas, ou seja, alguns aspectos abordados por este trabalho podem servir como
subsídio para outras análises, dependendo do ponto de vista que se pretende
estudar, tornando-se assim, limitados.
Como limitações deste trabalho citam-se:
a) O modelo apresentado foi elaborado com base em estruturas de grandes
empresas multinacionais do ramo automotivo, onde existem
administrações centralizadas responsáveis pelo comando de várias
outras empresas, suas filiais;
b) esse trabalho limita-se a estudar uma parcela do complexo mundo de
gestão de projeto, essa parcela restringe-se ao problema encontrado no
fluxo de informação existente entre a matriz e a Fábrica Piloto com as
Fábricas Pilotadas, que essa dissertação de mestrado apresenta e
propõe;
c) outra limitação importante refere-se aos documentos coletados, os quais
podem ser incompletos, não contendo todas as informações necessárias;
d) quanto às fontes primárias, existem dois limitadores: o entrevistador, que
pode deixar suas crenças e valores pessoais, influenciarem nos
resultados; o segundo são os entrevistados, que podem não expressar
suas opiniões verdadeiras sobre o assunto, devido a vários fatores
importantes: interpretação destorcida da questão ou simplesmente, não
querer transparecer o desconhecimento do assunto que trabalha
diariamente;
e) quanto as fontes secundárias, existem outros fatores que podem limitar
esse trabalho: os documentos analisados independente de sua fonte,
muitas vezes estão escritos em línguas estrangeiras, possibilitando a
todos uma interpretação pessoal;
f) é importante também inserir como fator limitador, o preenchimento dos
questionários. Eles podem estar sujeitos as mesmas limitações
apresentadas pela entrevista, com o agravante de que foram preenchidos
sem a interferência do pesquisador, não possibilitando esclarecimentos;
11
g) o estudo de caso também é uma limitação do trabalho em função de não
permitir base para generalizações do assunto estudado.
1.10. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO A organização do trabalho está compreendida em Seis Capítulos,
Referência Bibliográfica e Apêndices.
O Capítulo 1 apresenta aspectos gerais relativos ao assunto, a introdução,
origem deste trabalho, problema geral, problema específico, objetivo geral, objetivo
específico, relevância deste trabalho, metodologia e as limitações do trabalho em
relação ao assunto e a organização.
No Capítulo 2 apresenta-se a Revisão Bibliográfica que trata a questão do
conceito de Gestão ou Gerenciamento de Projeto empresarial sob vários aspectos
conceituais.
No Capítulo 3 apresentam-se aspectos metodológicos importantes e o
detalhamento do problema através de uma pesquisa de campo preliminar, aplicada
a um conjunto de nove profissionais de três empresas.
No Capítulo 4 apresenta-se a metodologia proposta para construção do
modelo.
No Capítulo 5 apresenta-se a avaliação da proposta, o segundo
questionário, e a análise dos resultados.
No Capítulo 6 apresentam-se as conclusões obtidas com o trabalho.
Na etapa seguinte são relacionados, o glossário, as Referências
Bibliográficas e os Anexos.
12
CAPÍTULO 2
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. ESTRATÉGIA DE UMA EMPRESA
Para tratar a questão da administração estratégica de uma empresa ou
estratégia de uma empresa, voltada para a gestão de projeto, este trabalho busca
anteriormente apresentar, um pouco sobre o histórico dessa ciência e como a
gestão de projeto, pode ser empregada em uma empresa.
Pode-se dizer que a estratégia está presente dentro de uma metodologia ou
concepção de trabalho. Todos projetos que estão sendo gerados ou idealizados e
até mesmo, gerenciados dentro de uma empresa, estão sempre buscando
melhorias, melhorias essas, que visam vários propósitos, dentre eles, o ganho,
lucratividade, melhor qualidade e etc. Por exemplo o ganho, ele pode ser
apresentado sob vários aspectos dentro de uma administração empresarial, uma
pequena melhoria em um processo de fabricação, uma reorganização do “layout”
dentro da fábrica, uma melhoria na recepção de matéria prima, um treinamento
especializado para os operadores e etc. Entretanto, essas estratégias, tanto a de
gestão de empresa, quanto a estratégia de gestão de projeto, estão intrinsecamente
ligadas, pois, uma depende da outra, sem a existência da estratégia de gestão de
empresa, a estratégia de gestão de projeto não funciona e vice-versa.
Conforme OLIVEIRA (1997) o primeiro passo na administração estratégica
de uma empresa, foi dado no final da década de 50, com o surgimento da
abordagem sistemática das empresas para decidir como agiriam em relação ao
futuro. A partir da década de 70, desenvolveu-se com Igor Ansoff (1977), o qual é
considerado o pai deste movimento e um dos que mais contribuiu para o
amadurecimento das idéias, que foi o primeiro a usar o termo administração
estratégica.
Segundo Ap. GLUECH e JAUCH (1984) a administração estratégica envolve
um fluxo de decisões e ações que conduzem ao desenvolvimento de estratégias, a
fim de que os objetivos organizacionais sejam atingidos, dentre eles, a gestão de
projeto.
13
Empregado por SLOAN, A. P. Jr. Quando relata a questão do objetivo
estratégico. O objetivo estratégico de uma empresa é obter um retorno sobre o
seu capital; se em algum caso particular o retorno a longo prazo não for
satisfatório, então a deficiência deverá ser corrigida, ou a atividade
abandonada em troca de outra que ofereça perspectivas mais favoráveis
(ANSOFF, H. I. 1977).
Para QUINN (1991) em 450 A C., a estratégia passou a significar o
conhecimento gerencial (administração, liderança, oratória e poder). Em 330 A C.
referia-se ao conhecimento de empregar forças para transpor oposições e criar um
sistema unificado de governo global. Mas para uma estratégia ficar bem formulada
ela necessita de ajuda, pois ao se delegar e alocar os recursos da organização ela
necessita de uma postura única e viável, baseada nas competências e fraquezas
internas, antecipando mudanças no meio ambiente e contingenciando movimentos
para uma oposição inteligente.
Portanto, a estratégia empresarial normalmente ocorre em diferentes níveis
de uma organização, relacionados hierarquicamente entre si, variando do nível
corporativo ao nível departamental. Assim, pode-se dizer que a responsabilidade do
planejamento estratégico geralmente fica nos níveis mais altos dentro de uma
empresa, tanto para a formulação dos objetivos quanto para definição das diretrizes,
que terão o impacto também na gestão dos projetos futuros.
De acordo com ANSOFF (1977, p.94) definir estratégia não é o mesmo que
provar que é necessária para toda e qualquer empresa. Por isso, a busca sobre a
noção de estratégia tem aumentado nas obras de administração, devido ao
reconhecimento de que uma empresa deve ter em um campo de atuação bem
definido e uma orientação de crescimento, e que os objetivos por si só não atendam
as necessidades, principalmente no que diz respeito a gestão de projeto.
Para ANSOFF (1977, p.94), dentro da organização de uma empresa, deve-
se desenvolver um planejamento estratégico para a formulação, implementação,
avaliação e controle de estratégia. O planejamento estratégico pode ser definido
como o processo gerencial que possibilita ao executivo estabelecer o rumo a ser
14
seguido pela empresa, com vista a obter um nível de otimização na relação empresa
com o seu ambiente.
Dentro de uma empresa, também são relacionados fatores ou fases
importantes que compõem a organização e administração de uma empresa, que
consequentemente obterão uma boa e correta organização, planejamento e
principalmente uma estratégia para a gestão de projeto.
Estrutura organizacional, toma-se uma entidade qualquer, seja ela concreta
ou abstrata. Diz-se que empresas estão organizadas porque todas possuem uma
estrutura (são composta de partes interligadas) e nelas há uma definição de seu
funcionamento ou inter-relacionamento de suas partes, logo, Estrutura
organizacional vem a ser o conjunto ordenado e hierarquizado das partes
constitutivas de uma empresa. E por Funcionamento, entende-se o conjunto das
funções ou atribuições, ou então, a interação e a interdependência entre essas
partes constitutivas, bem como o relacionamento entre todo o conjunto e o meio
externo.
Diz o dicionário, FERREIRA, Aurélio B. de H. (1986 p.986) organização é o
ato de organizar, mais como o ato de organizar uma entidade, no sentido de modo
de proceder, consiste em atribuir-lhe uma estrutura e estabelecer as funções das
partes, então:
Organizar implica em Estruturar e Relacionar (estabelecer funcionamento).
Organizar consiste em dispor as coisas, os meios materiais e as pessoas e em
estabelecer a maneira de interação, de modo a constituir uma entidade pronta para
funcionar com vistas a um objetivo determinado. Isto posto, administrar ou
gerenciar, consiste em planejar, decidir, por em prática as ações conseqüentes e
utilizar os meios para alcançar seus objetivos.
Administração, gerência e gestão, são três palavras sinônimas, que no
dicionário FERREIRA, Aurélio B. de H. (1986 p.34), existe apenas um verbete para
gerente, no qual recorre aos verbos gerir e administrar:
FERREIRA, Aurélio B. de H. (1986 p.685) Gerente: que ou quem gere ou
administra negócios, bens ou serviços.
Quando se descreve ou estuda qualquer assunto, é comum fazê-lo
seguindo uma determinada abordagem ou enfoque. Grande parte dos assuntos
tratados em Gerência de Projetos estão relacionados como processo, sendo uma
15
abordagem processual ou um sistema, abordagem sistemática. Assim, pode-se
dizer que processo é um conjunto de recursos e atividades inter-relacionadas (os
subprocessos) que transformam insumos em produtos ou resultados. Os insumos
são geralmente chamados de entrada “input” e os produtos, de saída “output”.
Insumo é tudo aquilo que é fornecido ao processo, para:
1- utilização, uma informação, uma instrução, um instrumento, um serviço
de máquina ou trabalho humano;
2- transformação, de energia, de matéria-prima;
3- consumo, de energia, material de escritório.
Dessa forma, processo tem lugar em um conjunto organizado de
componentes, partes, órgãos e/ou pessoas.
Corretamente denomina-se processamento o conjunto de ações que
realizam as transformações dos insumos em produtos ou resultados e processador
é qualquer parte interna do processo que desempenha estas ações. Então,
sinteticamente, o processo consiste no emprego de insumo, que passam por
processamento, para produzir resultados, como se acha esquematizado na figura
nº3 abaixo:
Processamento (s)
Processador (es)Saída
ou Resultados
Entrada
ou Insumos
Figura nº3: Esquema de um processo
Fonte: VALERIANO, D. L. (1998)
Sistema, é o conjunto de partes, elementos ou componentes inter-
relacionados (subsistemas e/ou processos) e que visa à realização de determinados
objetivos ou efeitos situados no meio exterior ou no ambiente em que está inserido.
Para alcançar os objetivos do sistema, cada subsistema tem seu objetivo
próprio e se acha conectado a outro, do qual recebe insumos ou entradas e pode
atuar sobre ele, ajudando as saídas desse outro para atender as necessidades
próprias, para alcançar o objetivo. Isto acarreta uma interdependência de partes
interligadas que atuam entre si para atingir um objetivo definido para o conjunto.
16
Entende-se por ambiente de um sistema tudo o que está situado fora dos
limites ou das fronteiras do sistema considerado. Segundo a norma I S O 14001
(1996 p.4) meio ambiente é a circunvizinhança em que uma organização opera,
incluindo ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-
relações.
MAcCRIMMON (1993), define estratégia como plano de ações coordenadas
a longo alcance no tempo e no espaço, com foco no ambiente, o qual propicia a
compreensão e o condicionamento da ação em todas as atividades. As estratégias
organizacionais são guiadas por questões políticas, envolvendo interesses, as quais
funcionam como parâmetros para estabelecimento de regras, normas e valores
preconizados pela organização.
PORTER (1986, p.22) descreve a ação competitiva, como ações ofensivas
ou defensivas para criar uma posição defensável em uma indústria, para enfrentar
com sucesso as cinco forças competitivas, figura 4, e assim obter um retorno sobre
o investimento maior para a empresa.
A meta da estratégia competitiva para uma unidade empresarial em uma
indústria é encontrar uma posição dentro dela em que a companhia possa melhor se
defender contra as forças competitivas ou influenciá-las em seu favor.
A essência da formulação de uma estratégia competitiva é relacionar uma
companhia ao seu meio ambiente. Embora o meio ambiente relevante seja muito
amplo, abrangendo tantos forças sociais como econômicas, o aspecto principal do
meio ambiente de uma empresa é a indústria ou as indústrias em que ela compete.
A estrutura industrial tem uma forte influência na determinação das regras
competitivas do jogo, assim como das estratégias potencialmente disponível para a
empresa. Forças externas à indústria são significativas principalmente em sentido
relativo; uma vez que as forças externas em geral afetam todas as empresas na
indústria, o ponto básico encontra-se nas diferentes habilidades das empresas em
lidar com elas.
A intensidade da concorrência em uma indústria não é questão de
coincidência ou de má sorte. Ao contrário, a concorrência em uma indústria tem
raízes em sua estrutura econômica básica e vai bem além do comportamento dos
atuais concorrentes. O grau da concorrência em uma indústria depende de cinco
forças competitivas básicas, que são apresentadas na figura nº4 a seguir.
17
Concorrentesna indústria
Rivalidadeentre asempresasexistente
Substitutos
CompradoresFornecedores
EntrantesPotenciais
Ameaça de novosentrantes
Poder de negociação doscompradores
Poder de negociação dosfornecedores
Ameaça de produtos ouserviço substitutos
O resultado das cinco forçasgeram o lucro para empresa ouindústria
Figura nº4: Forças Que Dirigem a Concorrência na Indústria
Fonte: M. PORTER (1986)
O conjunto destas forças determina o potencial de lucro final na empresa ou
indústria, que é medido em termos de retorno a longo prazo sobre o capital
investido. Nem todas as indústrias tem o mesmo potencial. Elas diferem,
fundamentalmente, em seu potencial de lucro final à medida que o conjunto das
forças difere; as forças variam de intensas em indústriais como a de pneu, papel e
aço - onde nenhum empresa obtém retornos espetaculares - a relativamente
moderadas em indústrias como de serviços e equipamentos de perfuração de
petróleo, cosméticos e artigo de toalete - onde altos retornos são bastante comuns.
Para FERDOWS, K. (1997) muitas empresas não estão trazendo o seu
potencial completo, para as suas fábricas no exterior. Eles estabeleceram o
gerenciamento de suas fábricas no exterior relacionando-as com benefícios de
18
redução de custos, como por exemplo: baixo custo logístico, concessão do
comércio, receita baixa, etc.
FERDOWS (1997) classifica e define seis funções estratégicas do perfil de
categoria de empresas no exterior, que podem ser melhor compreendidas no gráfico
nº1. Conforme FERDOWS (1997) cada unidade fabril tem o seu papel estratégico
na rede de empresas e Cia. e este papel estratégico muda em função da
competência da fábrica.
1- “Offshore”- essa categoria de fábrica é conhecida por se estabelecer o
acesso ao ganho, através dos baixos salários ou outros fatores que
integram o baixo custo de produção, através da produção de específicos
itens a baixo custo;
2- “Source”- essa categoria de fábrica também é conhecida por se
estabelecer o acesso ao ganho, através dos baixos custos de produção,
porém, diferenciando-se da fábrica do tipo Öffshore” no que diz respeito
ao domínio e conhecimento no desenvolvimento de suas peças
destinando-as para os mercados globais;
3- “Server”- essa categoria de fábrica é conhecida por utilizar seus
específicos fornecedores nacionais ou seus fornecedores do mercado
regional;
4- “Contributor”- essa categoria de fábrica é conhecida por servir ambos
mercados, local e o estrangeiro e por também assumir a responsabilidade
de nacionalização e desenvolvimento de novos produtos e/ou processo
em sua fábrica, destinando-os para os seus mercados;
5- “Outpost”- essa categoria de fábrica é conhecida por desenvolver ou
melhor, por estabelecer primeiramente o ganho ao acesso ao
conhecimento e à habilidade que a empresa necessita;
6- “Lead” - essa categoria de fábrica é conhecida por ter a habilidade e o
conhecimento de inovar e criar novos produtos, processos e novas
tecnologias para a empresa.
19
Sour
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Offs
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Razão estratégica por Fábrica
A Função das Fábricas no Exterior: Uma Estratégia da Matriz
Alta
Acesso ao baixo custo na
Produção Proximidade do Mercado
Acesso para habilidae e
"Know how "
Baixa
Gráfico nº1: A Função das Fábricas no Exterior: Uma Estratégia da Matriz
Fonte: FERDOWS (1997)
Segundo FERDOWS (1997), essas funções estratégicas do perfil de
categoria de empresas no exterior, podem ser utilizadas de forma mista pelas
fábricas, isto é, uma fábrica talvez possa ser da categoria “Server” para uma região
específica e uma “Offshore” para um específico componente, onde dessa forma,
elas possam encontrar o caminho para implantarem maiores funções estratégicas,
consequentemente, possam crescer em suas funções estratégicas, de acordo com
a diretriz da matriz, conforme figura nº5 abaixo:
20
Caminho para as Maiores Funções Estratégias
Lead
Source
Offshore
Outpost
Server
Contributor
Acesso ahabilidade econhecimento
Acesso para baixocusto na produção
Proximidadedo Mercado
Razões Estratégicas Primárias para a Fábrica
+ Vir a tornar-se um alojamento global para aProdução ou Conhecimento do Processo
Com
petê
ncia
da
Fábr
ica
+ Mercado global de Fornecimento+ Assumir responsabilidade para oDesenvolvimento de Produtos
+ Fazer recomendações de Melhoria deProdutos
+ Assumir responsabilidade para oDesenvolvimento de Processo
+ Assumir responsabilidade para oDesenvolvimento de Fornecedores
+ Fazer recomendações de Melhoria deProcesso
+ Assumir responsabilidade para oDesenvolvimento de Logística Local
+ Manter a Tecnologia do Processo
+ Assumir responsabilidade para a Produção
Figura nº5: Caminho para as Maiores Funções Estratégicas
Fonte: FERDOWS (1997)
Para ANSOFF (1987), a alta tecnologia das empresas, da qual obterão
sucesso no futuro no meio ambiente em que trabalham, está fundamentalmente
ligada nas estratégias que deverão ser revistas. Historicamente a tecnologia dirigida
para a proliferação de produtos, que estrategicamente controlavam a razão das
vantagens da tecnologia, segmento de mercados, cruzamento das distintas
necessidades dos consumidores, novos produtos que respondiam essa
necessidade, deverão ser revistas.
A história mostrou que durante os primeiros cinqüenta anos do século XX, o
sucesso das empresas estava focado para a otimização da performance e das
principais funções: Produção, P&D, Marketing.
Desde da metade do ano de 1950 devido a complexidade do crescimento e
do dinamismo voltado para o meio ambiente, o sucesso aumentava a dependência
da combinação de várias influências funcionais. Essa transformação do simples foco
para o foco multifuncional, ocorreu primeiro nas indústrias nascidas durante a
Primeira Revolução Industrial.
21
Até a metade do ano 1980, a alta tecnologia das indústrias que fizeram
parte da Segunda Revolução Industrial, estavam totalmente focadas para a
tecnologia dirigida: Eles focavam as vantagens tecnológicas em seus produtos. Na
metade dos anos 80, a tecnologia veio aumentar a orientação multifuncional. O
maior passo para esse aumento, estava na hipótese do gerenciamento geral do
controle da razão da proliferação da tecnologia.
A transição da orientação multifuncional, requeria a transformação do
gerenciamento das empresas:
a) troca da mentalidade, personalidade e habilidade de gerenciamento;
b) na cultura organizacional e na forte estrutura;
c) no sistema de informação, na recompensa e nos incentivos;
d) no sistema de decisão e na estrutura organizacional.
Tipicamente a transformação para a orientação multifuncional era requerida
por líderes de empresas e de organizações. A transição na orientação tem sido um
conflito, longo, prolongado e caro. Essa transição pode ser minimizada na
identificação prevista durante o gerenciamento da troca do processo.
MINTZBERG (1991) propõe diversas definições ou conceitos para
estratégia, abordando-as como plano, manobra, padrão, posição e perspectiva. A
estratégia é o conceito mais amplo, funcionando como um guarda-chuva sob o qual
se desenvolvem e se interrelacionam uma diversidade de conceitos
complementares:
a) Estratégia como plano: é o curso de ação conscientemente intencionado
para lidar com a situação. É realizada com antecedência às ações as quais
é aplicada e desenvolvida propositadamente. Enfoca como os líderes
tentam direcionar a organização para adequá-la a cursos de ações pré-
determinadas;
b) Estratégia como manobra: pode ser considerada como um movimento de
um jogo, uma manobra específica com o propósito de desencorajar o
competidor ou oponente. A real estratégia é a ameaça. Conduz à esfera da
competição direta, onde truques e manobras são empregados para obter
vantagem;
c) Estratégia como padrão: é um modelo ou padrão no qual fluem as ações,
englobando o resultado de um comportamento, sendo ele intencionado ou
22
não. Pode imputar uma intenção nesta consistência comportamental, ou
seja, assume-se que existe um plano atrás de um padrão. O foco é na ação,
não levando em consideração o comportamento. A estratégia como plano e
como padrão são independentes, o plano pode não ser realizado enquanto
padrões podem surgir sem pré-concepções;
d) Estratégia como posição: toma-se a força de medição, o elo entre a
organização e o ambiente, ou seja, entre o contexto interno e externo.
Refere-se ao posicionamento no ambiente competitivo, encorajando a
organização a encontrar a sua posição e protegê-la de forma a enfrentar a
competição, evitá-la ou subvertê-la. Uma posição pode ser pré-selecionada
planejada e/ou pode ser atingida por meio de um modelo de
comportamento;
e) Estratégia como perspectiva: esta definição volta-se para dentro de uma
organização empresarial, onde o conteúdo não consiste apenas na escolha
de uma posição, mas na maneira arraigada do estrategista perceber o
mundo. Torna-se o comprometimento como certas maneiras de agir e
responder. Sugere acima de tudo, que a estratégia é um conceito,
abstrações que existem apenas nas mentes das pessoas interessadas.
Entretanto, esta perspectiva é compartilhada pelo membros da organização
empresarial, através de suas intenções e/ou ações.
Para LEVITT, T. (BARTLETT, GHOSHAL 1992, p. 06-09) relata que as
forças da integração e as necessidades de eficiência são em algumas empresas ou
indústrias, uma grande inovação tecnológica. Onde, através de um realinhamento
fundamental permiti-se que as companhias desenvolvam e manufaturem seus
produtos globais, tirando assim vantagens da convergência das preferências e
necessidades dos consumidores em todo o mundo.
Mesmo em indústria onde não existiam fortes forças de mudanças, os
gerentes começaram a procurar maneiras de alcançar as economias globais.
Racionalizaram suas linhas de produção, padronizaram o projeto de peças e
especializaram suas operações de manufatura.
Esta restruturação interna deu início a uma onda de globalização em
indústrias tão diversas como as de automóveis e outras indústrias de outros
segmentos.
23
Um outro fator que fez com que as indústrias procurassem a integrar
globalmente suas operações foi capturar economias além de suas fronteiras
nacionais. Os gastos e preferências dos consumidores, que antes diferiam muito de
um mercado nacional para outro, começaram a homogeneizar-se.
LEVITT (1992) definiu também, que o desenvolvimento tecnológico, social e
econômico das duas últimas décadas,90 e 00, criou um mercado mundial unificado
no qual as companhias precisam capturar economias em escala global para
permanecerem competitivas. Embora os seus argumentos sejam de certa forma
extremistas e parciais, ele fornece uma análise ponderada de algumas das forças
de mudança que recentemente remodelaram mercado em todo mundo.
De acordo com PERLMUTTER (1992, pg.81), que relata tipologias de
diferentes mentalidades multinacionais ou orientações cognitivas sobre empresas
internacionais, ele classifica as multinacionais como sendo de três categorias:
a) etnocêntricas, refere-se a uma abordagem sobre o domínio do país de
origem, fundamental ao modelo do laboratório centralizado;
b) policêntricas, descrevem empresa que tratam cada subsidiária de acordo
com o país em que ela se encontra, abordagem semelhante ao modelo
de federação descentralizada;
c) geocêntricas, identifica as empresa que desenvolvem um estilo
cosmopolita e integrado, semelhante ao transnacional.
Segundo BARTLETT, GHOSHAL (1992, p.83-85) alguns atributos chaves
que permitem às organizações transnacionais superar as contradições entre as
várias demandas estratégicas:
1. Dilemas e Compensações � reconhecer implicitamente a necessidade
de gerenciar simultaneamente eficiência, receptividade e conhecimento.
2. Atributos da Transnacional � é a busca da eficiência, não pela eficiência
em si, mas como meio de alcançar a competitividade global.
3. Configuração de rede Integrada � existem três tipos de configurações de
redes integradas:
3.1- Empresa Global � assume que a escala e a resultante liderança de
custo são as principais fontes de vantagem competitiva;
3.2- Empresa Multinacional � vê a diferenciação como a principal maneira
de aprimorar o desempenho;
24
3.3- Empresa Internacional � espera usar as inovações, criadas na matriz,
para reduzir custos, aumentar a receita ou ambos. Apresentados no quadro nº1 a seguir.
25
Características Organizacionais das Empresas. Multinacionais, Globais e Internacionais
Característica organizacional
Multinacional Global Internacional
Configuração de
ativos e recursos
Descentralizada
e auto-suficiente
em nível nacional
Centralizada em
escala Global
Fontes de
competência
básicas
centralizadas e
outras
descentralizadas
Papel das
subsidiárias no
exterior
Sentir e explorar
as oportunidades
locais
Implementar
estratégias de
empresa Mãe
Adaptar e
alavancar
competência de
empresa Mãe
Desenvolvimento
e difusão do
conhecimento
Conhecimento
desenvolvido e
mantido em cada
unidade
Conhecimento
desenvolvido e
mantido no
centro
Conhecimento
desenvolvido no
centro e
transferido para
as unidades no
exterior
Quadro nº1: Características Organizacionais das Empresas. Multinacionais, Globais
e Internacionais
Fonte: Bartlett e Ghoshal (1992)
Mas a empresa Transnacional reconhece que cada uma dessas abordagens
é parcialmente verdadeira e tem seus próprios méritos, mais nenhuma representa
toda a verdade. Para obter vantagem competitiva global, os custos e a receita têm
de ser administrados simultaneamente, a eficiência e a inovação são ambas
importantes e as inovações podem surgir em várias partes da organização.
26
Portanto, em vez de centralizar ou descentralizar recursos, a transnacional toma
decisões seletivas.
Competitividade Global, exige cada vez mais a otimização simultânea de
economias de escala, escopo e fator de custo, juntamente com a flexibilidade para
conviver com mudanças imprevistas nas taxas de câmbio, gostos e tecnologias.
Características em função dos Papéis e responsabilidade Organizacionais
diferenciados na organizações:
1- Na organização global - espera-se que as vantagens de custo e
qualidade da eficiência global proporcione valor suficiente para que os
clientes abram mão de diferenças nas preferências e aceitem produtos
padronizados;
2- Na organização multinacional - assume-se que a personificação de
produtos e estratégia para cada mercado nacional compensem os custos
mais altos que possam advir;
3- Na organização internacional - estabelece-se no meio do caminho,
permitindo que as operações locais escolham em seu menu seus produtos e
processo.
Como estratégia comum entre todo as categorias de organizações, fica uma
suposição do papel da subsidiária, que é local e limitado às atividades dentro do seu
próprio ambiente, onde a matriz é que desempenha um papel global.
De acordo com a solução transnacional, que se proporcionou ao longo dos
grandes períodos da história, barreiras comerciais foram erguidas e derrubadas;
taxas de câmbio flutuaram; ondas sucessivas de mudanças tecnológicas tiveram
efeitos dramáticos; e as necessidades e preferências dos consumidores foram e
voltaram.
Alguns motivos para as empresas se internacionalizarem, é o que vimos
com empresa que antigamente consideravam suas unidades internacionais como
algo totalmente separado da empresa doméstica, agora vêem a necessidade de
integrar suas estratégias e operações mundiais. Aquelas que anteriormente
pensavam poder administrar tudo mais ou menos da mesma forma, agora
reconhecem que precisam ser sensíveis à diversidade ambiental. Em outras
palavras, as empresas estão adotando estratégias cada vez mais complexas para
27
lidar com as demandas multidimensionais em constante alteração do ambiente
internacional das empresas.
O Modelo transnacional, ao contrário das formas organizacionais
tradicionais, foi projetado e desenvolvido especificamente para responder à
complexidade e à mudança. Esse modelo segue três tópicos:
1. A organização Transnacional: Entendendo as Lições;
2. Implicações Administrativas: Tarefas, Instrumentos e Processos;
3. A organização Transnacional: O Que é e O Que não é.
Com relação a organização Transnacional: Entendendo as Lições. Trata-se
de um assunto que relata a administração de crescente complexidade, diversidade e
alternância nas operações que fossem concentradas ou amplamente difundidas em
todo o mundo. Em particular, existem duas tendências básicas, que transformarão a
“solução transnacional”.
a) continuidade e a aceleração das mudanças no ambiente internacional,
que estão cada vez mais levando as empresas para as fronteiras
nacionais;
b) crescente complexidade dos relacionamentos interorganizacionais entre
empresa e os que nelas apostam.
Para as Implicações Administrativas: Tarefas, Instrumentos e Processos,
relatam a questão das Tarefas, dos Instrumentos e do Processo.
Para a Tarefa tinha o desafio de redefinir o objetivo, que procurou a lógica
da estratégia estrutural matricial, que parecia ser simples e racional (dois canais de
subordinação), a estrutura formal organizacional. Mas o processo organizacional por
ela criado num cenário internacional provou ser praticamente inadministrável, e não
demorou muito para ser verificado quais seriam as conseqüências, problemas
culturais, com a língua e a distância.
Para os Instrumentos, seguiu-se a definição da Analogia Biológica, que
relata os chamados instrumentos microestruturais. Forças-tarefas, comitês e
equipes de projetos que formam a estrutura organizacional da análise biológica,
fornecendo assim canais macroestruturais para a sua gerência.
A filosofia organizacional é que consideramos como sendo a alma de todas
as decisões administrativas, fluxo de informações.
28
Dentro da implementação administrativa o Processo relata a questão das
diferenças entre a estrutura formal, baseada nas empresas americanas, cuja
herança favorece a formalização dos processos administrativos, das empresas
Européias e Japonesas, que se diferem no processo de mudança organizacional, de
acordo com figura 7.
Modelo Americano: Processo Tradicional de Mudança
Mudança na Estrutura e Responsabilidade Formais(Anatomia)
Mudanças nos Relacionamentos e Processos(Fisiologia)
Mudança nas Atitudes e Mentalidade dos(Psicologia)
Figura nº6: Modelo Americano: Processo e Responsabilidade Formais
Fonte: Bartlett e Ghoshal (1992)
Modelo Europeu & Japonês: Processo de Mudança Emergente
Mudança nas Atitudes e Mentalidade dos Indivíduos
Mudanças nos Relacionamentos e Processos Interpessoais
Mudança na Estrutura e Responsabilidades Formais
Figura nº7: Modelo Europeu e Japonês: Processo de Mudança Emergente
Fonte: Bartlett e Ghoshal (1992)
29
O impacto dessa mudança, é inevitavelmente direcionado no processo de
mudanças que envolvem substancial superposição e interação das alterações na
anatomia, filosofia e psicologia organizacionais.
A Organização Transnacional: O Que é e O Que não é. Esse tema relata do
que é realmente distinguido entre empresas transnacional de suas predecessoras,
as organizações internacionais, multinacionais e globais.
A organização transnacional é constituída de forma muito mais gradual e
diferencial. Ironicamente, a complexidade e a sutileza de seu projeto permitem maior
clareza e simplicidade nos processos administrativos que ela define.
Como é seu funcionamento. Em vez de atribuir responsabilidade conjunta
para tudo, conforme sugere a estrutura clássica da matriz, cúpula da transnacional
mantém a clareza da autoridade da linha, mais presta atenção à alocação de
responsabilidade e algumas decisões serão tomadas em bases globais, em geral no
centro da corporação; outras serão de responsabilidade da administração local, mas
em alguns casos, várias perspectivas são importantes e a responsabilidade dividida
é necessária. As decisões sobre política de produto, por exemplo, em geral
envolvem negociação entre gerentes de divisão de produto global, chamado de
Tropicalização do produto respeitando sua cultura e seus mercados locais.
De acordo com o subgrupo de empresas que estava expondo as forças de
mudança que assolaram a economia internacional nas décadas de 80 e 90, tais
como, choque do petróleo, acordos comerciais, flutuação do câmbio, jogos de
competitividade globais, políticas industriais nacionais, crise das dívidas mundiais e
outros, estes eram os motivos que levavam as empresas a buscarem a sua
internacionalização.
No início da década de 90 iniciaram-se os acordos de globalização entre
países, tais como: o histórico acordo de comércio Estados Unidos e Canadá, a
iniciativa do MCE (Mercado Comum Europeu) e a GATT(“General Agreement for
Trades and Tarifs”).
30
Para CLETO, M. (1996) do ponto de vista das nações, têm sido comum a apresentação
por vários autores acadêmicos, analistas econômicos e representantes da área
governamental, da idéia de que mercados regionais, como o NAFTA (“North American
Free trade”), o MCE e o Mercosul (Mercado Comum do Sul), seriam futuros
substituídos dos mercados atuais de exportação, os quais, segundo a lógica da
regionalização, estariam cada vez mais fechados a parceiros econômicos de fora do
bloco, em benefício dos sócios vizinhos. TOURAINE (1996), por exemplo, coloca em
uma análise sociológica ampla, que a fragmentação progressiva do mercado mundial
em zonas de influência tais como a da Rússia, China, Índia e Mercosul Ampliado, põe
em dúvida o sucesso da globalização.
Também vendo sendo apresentados por alguns autores NEVES (1993), a guerra
comercial, política e econômica que se trava entre os blocos mais potentes, ou seja o
NAFTA, a CEE (Comunidade Econômica Européia ), e o grupo oriental liderado pelo
Japão, afim de estabelecer a defesa de seus interesses de forma mais contundente. No
entanto, analisando-se melhor a questão, fica evidente o inter-relacionamento entre a
economia entre os três grandes blocos econômicos mundiais. CANUTO (1993), os EUA
(Estados Unidos da América), a Comunidade Européia e o Japão (a chamada Triade)
recebem setenta por cento dos fluxos de investimentos diretos externos e são a origem
de mais de oitenta por cento do estoque de IDE (Investimento Direto no Exterior) .
Porém existiu outro motivo ou causa para essas empresas iniciarem os seus
esforços para a sua globalização, era a sua complexidade organizacional,
administração além das fronteiras da corporação.
Em função desses motivos as empresas tiveram que iniciar outros fatores, o
de alto investimento e as diversas habilidades exigidas para executar essa
transformação, forçaram então, muitas empresas a formar parcerias, coalizões e
alianças estratégicas.
Para concluir esse item 2.1 Estratégia de uma Empresa, pode-se realizar
um pequeno relato, através de um comparativo de conceitos aqui apresentados por
esses vários autores, como por exemplo:
PERLMUTTER (1992, p.81), relata a questão da tipologia das diferentes
mentalidades multinacionais;
BARTLETT e GHOSHAL (1992, p.83-85), apresenta a questão dos atributos
chaves, que permitem às organizações transnacionais superar as condições entre
as várias demandas estratégicas;
31
FERDOWS K. (1997), classifica e define as funções estratégicas do perfil de
categoria de empresa no exterior.
Essa dissertação utiliza como base acadêmica, principalmente os conceitos
apresentados por FERDOWS K. (1997), no que diz respeito a gestão de projeto em
nível internacional.
Todos os conceitos apresentados, tem a finalidade de expor uma filosofia e
principalmente uma metodologia de trabalho, que as empresas multinacionais
devem buscar, no momento em que sua matriz tenciona a globalização dos seus
serviços e produtos, pois tudo isso só é válido, se a matriz realizar uma boa e
conceituada gestão de projeto internacionais.
2.2. GESTÃO DE PROJETO
Segundo FERREIRA, A B.(1986 p. 1144), diz que o termo projeto, vem do
latim “Projectu”, que significa “Lança para diante”, ou seja, “idéia que se forma
executar ou realizar algo no futuro: plano, intento, desígnio”: “empreendimento a ser
realizado dentro de determinado esquema”. E mais ainda: “redação ou esboço
preparatório ou provisório de um texto”: “esboço ou risco de obra a ser realizar” e no
campo da arquitetura, “plano geral de edificação”.
Para CASAROTTO, N. et al. (1999) o projeto pode ser caracterizado por um
conjunto de atividades interrelacionadas visando um objetivo comum. Caracteriza-se
ainda por ser executado dentro de uma determinado prazo e conforme um custo
previamente estimado.
Por serem atividades geralmente não repetitivas, complexas e dinâmicas as
características de gestão de projeto diferem muito da administração tradicional de
atividades de rotina. Em função destas características a administração de projetos
exige a utilização de técnicas e ferramentas especiais para que seus objetivos
sejam alcançados. Sem essa abordagem diferenciada para a gestão de projeto
muitos problemas podem ocorrer com baixo desempenho, resultados desvinculados
do propósito inicial, atrasos, custos excessivos e falta de rumo para a tomada de
decisões, entre outros. Portanto, projeto é um empreendimento único, com começo
e fim, conduzidos por pessoas para o alcance de metas estabelecidas, com
parâmetros de custo, tempo e qualidade. Já a gestão de projeto é a reunião de
32
pessoas, sistemas e técnicas para se alcançar com sucesso os objetivos
previamente traçados.
A gestão de projeto pode ser caracterizado, portanto, por diversos aspectos:
Tempo, gestão de projeto pode ser considerado como uma corrida contra o
calendário. Do cumprimento dos prazos estabelecidos para o projeto pode depender
a sobrevivência da empresa em termos de superação da concorrência, da redução
de custos, aumento de produtividade, etc. Em relação ao Investimento, a gestão de
projeto procura realizar todas as tarefas dentro do que estava previsto no orçamento
inicial e garantir os retornos financeiros esperados do projeto; Com relação as
aspecto Qualidade, objetiva-se na gestão de projeto, garantir o alcance dos
requisitos pré-estabelecidos em termos de desempenho do produto. Muitas vezes
os aspectos investimentos e tempo correm em sentido opostos ao aspecto
qualidade. É através da gestão de projeto que deve-se procurar o equilíbrio destes
vetores, com a finalidade de se obter os melhores resultados. Finalmente, os
aspectos relacionados aos sistemas e os relacionados ao comportamento humano,
destacando-se o trabalho em equipe, caracterizam a gestão de projeto na medida
em que os meios utilizados para se atingir os resultados esperados de tempo, custo
e qualidade.
CASAROTTO, N. et al. (1999) os projetos podem estar classificados em três
grandes categorias: prestação de serviços; indústria e infra-estrutura. Dentro da
prestação de serviços incluem-se os estudos técnicos, os projetos de engenharia
em geral, e a gestão de projeto, entre outros. Na infra-estrutura incluem-se projetos
de energia, comunicação, edificações etc. na classificação indústria temos a
implantação, reforma e ampliação de áreas produtivas, lançamento de novos
produtos, manutenção de máquinas equipamentos e sistemas. Neste trabalho são
abordados principalmente projetos do tipo indústria, mais propriamente aqueles
relacionados a gestão de projeto em nível internacional.
2.2.1. FASES DE UM PROJETO
Um projeto pode ser visto conforme apresentado na figura nº8 com um
sistema onde existem diversas atividades que se interrelacionam e que tem como
objetivo comum o resultado final. Desta forma pode-se considerar cada atividade do
33
projeto como uma caixa onde entram resultados das tarefas precedentes ou
recursos do ambiente e dela saem subprodutos ou produtos, além de informações
que funcionam como uma realimentação em um processo contínuo, conforme
apresentado anteriormente na figura número 1 - esquema de um processo.
Segundo REIS et al. (1980) pode-se representar um projeto em seis fases
distintas, conforme a figura nº8 abaixo.
Planejamento Execusão
Identificação
da
Situação
PlanejamentoPreliminar
PlanejamentoFinal
Execução
do
Projeto
Teste
e
Operação
Realimentação
I II III IV V
Figura nº8: Fases de um projeto
Fonte: REIS, J.R. etl al. (1980)
REIS et al. (1980) destacam os objetivos de cada fase apresentados na figura
acima, representados através de três etapas: Planejamento, Execução e
Realinhamento:
Fase I: Identificação da situação ou problema - corresponde ao levantamento
das informações, de modo a permitir a perfeita definição do escopo do projeto,
análise do meio ambiente e delimitação da área de atuação. Com base nesses
dados desenvolvem-se alternativas para a solução do problema.
Fase II: Planejamento preliminar - faz-se o planejamento preliminar das
alternativas, estimando-se, para cada uma, custos, tempos e benefícios.
Fase III: Planejamento final - definida a melhor alternativa, procede-se o
planejamento final, repetindo-se as operações da fase anterior, porém em um nível
maior de precisão e detalhamento.
Fase IV: Execução do projeto - as atividades planejadas anteriormente para a
obtenção do sistema entram em execução e os procedimentos de controle são
iniciados.
34
Fase V: Teste e operação - o sistema é testado e avaliado, para que sejam
detectadas e corrigidas as possíveis falhas de planejamento, tanto no
dimensionamento quanto na dinâmica de operações.
Fase VI: Controle ou realimentação - o controle não é uma fase cronológica,
pois age continuamente em todas as fases do projeto, procurando detectar desvios
de planejamento e atuando para corrigi-lo.
2.2.2. ESTRUTURAS ORGANIZACIONAIS BÁSICAS
O cuidado ao se estabelecer uma estrutura organizacional, envolve o
responsável pela condução de projetos, que tem uma importância fundamental pois
dela depende o sucesso da empresa na execução dos seus processos de mudança.
Ap. SHTUB (1994) para se determinar a estrutura básica de uma gerência de
projetos em uma organização, deve-se considerar três aspectos principais: A
natureza dos projetos; a natureza da organização; o ambiente no qual os projetos
são desenvolvidos.
Da literatura, CLELAND e KING (1978) apresentam algumas formas de
estruturas de Gestão de projeto. Elas diferem entre si basicamente pelo grau de
autoridade do nível gerencial. Embora exista inúmeras formas de organização,
utilizou-se somente três tipos, gerência de projetos em “Staff”; organização de
projeto pura e organização matricial, conforme pode-se ser verificado a seguir.
2.2.2.1. GERÊNCIA DE PROJETOS EM STAFF OU ESTRUTURA FUNCIONAL
Segundo CLELAND e KING (1978) “Staff” é a função de assessoramento às
relações de linha de uma organização. Neste tipo de estrutura o gerente de projeto
não tem controle direto sobre o trabalho executado nos departamentos funcionais
(figura nº9). As decisões são tomadas pela gerência geral e pelas chefias de
departamentos, que possuem autoridade de linha. Compete ao gerente de projetos
manter a equipe integrada e direcionada aos objetivos, utilizando unicamente sua
capacidade de persuasão e motivação. A viabilidade dessa forma de organização
depende inteiramente das qualidades pessoais do gerente de projetos, porém
existem suas deficiências:
35
a) falta de autoridade central que preocupa-se em cada projeto
individualmente;
b) as decisões relativas à alocação de recursos e orçamentos raramente são
tomadas com base no que é melhor para o projeto e sim no que é melhor
para cada setor funcional;
c) geralmente muito tempo é gasto para tomada de decisões, visto que a
avaliação das alternativas requerem a aprovação de cada grupo funcional;
d) dificilmente existe uma boa interface com os clientes.
36
GerênciaGeral
Gerência deProjetos
Função A Função B Função C
Projeto X
Projeto Y
Projeto Z
Projeto X
Projeto Y
Projeto Z
Projeto X
Projeto Y
Projeto Z
Figura nº9: Gerência de projetos em Staff ou estrutura funcional
Fonte: CLELAND e KING (1978)
37
2.2.2.2. ORGANIZAÇÃO DE PROJETO PURA
Para CLELAND e KING (1978) neste tipo de estrutura os integrantes de uma
equipe de projeto respondem diretamente para o gerente de projeto, ver figura nº10.
GerênciaGeral
Projeto X Projeto Y Projeto Z
Função A
Função B
Função C
Função A
Função B
Função C
Função A
Função B
Função C
Figura nº10: Gerência de projetos Pura
Fonte: CLELAND e KING (1978)
Esta forma de estrutura traz alguns benefícios relacionados ao controle de
tempo, custos, ao fato de evitar conflitos de autoridade e de ter uma boa interface
com os clientes. Muitas vezes, no entanto, o impacto de alto custo para se manter
esta estrutura acaba sendo maior do que os benefícios, dificultando a utilização
deste modelo.
2.2.2.3. ORGANIZAÇÃO MATRICIAL
CLELAND e KING (1978) a gestão de projeto através de uma estrutura
matricial corresponde a uma composição dos dois tipos de estruturas apresentados
anteriormente. Neste tipo de estrutura, (figura nº11), a organização pode alcançar os
níveis de flexibilidade e funcionalidade necessários para execução dos projetos
proposto dentro das padrões de custo e desempenho desejados. Na disposição
38
matricial os gerentes de linha são responsáveis pelo cumprimento das atividades de
rotina, enquanto a execução de projetos fica a cargo do gerente de projetos. Os
gerentes de projetos e funcionais negociam entre si os recursos (pessoais, tempo e
equipamento) necessários para conclusão do projeto. Após o início do projeto a
equipe fica sob as ordens do gerente de projeto até o seu término. O ponto mais
crítico deste tipo de estruturação relaciona-se à negociação entre o gerente
funcional e o gerente de projetos. Se não houver uma definição clara da autoridade
e responsabilidade de cada gerente, bem como maturidade das negociações, a
organização como um todo pode sair perdendo. O gerente de projetos e o gerente
funcional, embora nem sempre tenham as mesmas metas, devem tomar ações em
parcerias visando tanto a melhor alocação dos recursos e a conclusão dos projetos
dentro dos prazos e dos orçamentos previstos, do garantindo os níveis de
desempenho da atividade de rotina.
GerênciaGeral
Função A Função B Função C
Gerência deProjetos
Projeto X
Projeto Y
Projeto Z
Figura nº11: Organização Matricial
Fonte: CLELAND e KING (1978)
39
2.2.3. OUTRAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO
Conforme CLELAND e KING (1978) a escolha da estrutura para a condução
do projetos deve estar atrelada às característica destes eventos em cada
organização. Em empresas focadas no desenvolvimento de novos produtos ou que
necessitam mudar, eventualmente, de forma rápida e precisa, pode ser adotado o
conceito de “Task Force” ou Força Tarefa. Neste caso há a formação de um grupo
dedicado e autônomo, com pessoas de várias áreas e com qualificações diversas
que passam a ficar ligados diretamente à direção da empresa. São aplicados
geralmente em situações em que o ganho de tempo é fundamental para garantir a
competitividade, ver figura nº12 abaixo.
Marketing Financeiro Produção
DireçãoGeral
Task Force ouForça Tarefa
Adm
Figura nº12: Gestão de Projeto por Task Forces ou Força Tarefa
Fonte: CLELAND e KING (1978)
MEILLIR, P.J (1990, p.83) define gerenciamento de projetos, como sendo a
repetida execução de cinco atividades: planejar, reorganizar, integrar, medir e
revisar - até que sejam alcançados os objetivos do projeto, conforme pode ser visto
na figura nº13 abaixo.
40
Reorganizar
Revisar
EstabelecerObjetivos
Planejar
Integrar
Medir
Objetivos
foramAlcançados
Sim
Não Fim
Figura nº13: Fluxograma das atividades de gestão de projeto
Fonte: MEILLIR, P. J. (1990)
A figura nº13 representa um fluxograma das atividades de gestão de projeto
descrito abaixo:
a) Planejar: é estabelecer sub-objetivos claros e detalhados que serão
alcançados entre a situação atual e o objetivo final, juntamente com uma
definição do trabalho necessário para alcançar esses sub-objetivos.
b) Organizar: é fazer o levantamento dos recursos necessários para por em
prática o trabalho especificado no planejamento numa estrutura eficaz.
41
c) Integrar: é manter a unidade e a livre operação da estrutura de recursos,
principalmente os elementos humanos, durante a real execução do
planejamento.
d) Medir: é obter uma contínua realimentação sobre o andamento do que foi
planejado.
e) Revisar: é modificar o plano, a organização e, possivelmente, os objetivos
para acomodar as discrepâncias reveladas pela medição.
As organizações executam trabalho. O trabalho envolve serviços continuados
e/ou projetados, embora possa haver superposição entre os dois. Serviços
continuados e projetados possuem muitas características comuns; por exemplo,
ambos são:
1. executados por pessoas;
2. restringidos por recursos limitados;
3. planejados, executados e controlados.
Projetos são freqüentemente implementados como meios de realizar o plano
estratégico da organização. Serviços continuados e projetados diferem
principalmente porque enquanto os primeiros são contínuos e repetitivos, os
segundos são temporários e únicos. Assim, um projeto pode ser definido em termos
de suas características distintas, como um empreendimento temporário com objetivo
de criar um produto ou um serviço único. Temporário significa que cada projeto tem
um começo e um fim bem definidos. Único significa que o produto ou serviço
produzido é de alguma forma diferente de todos os outros produtos ou serviços
semelhantes. Para muitas organizações, projetos são os meios de responder a
requisição de que não podem ser atendidos através dos limites normais de
operação da organização.
Os projetos são desenvolvidos em todos os níveis das organizações. Eles
podem envolver uma única pessoa ou milhares delas. Podem durar semanas ou
mais de cinco anos. Os projetos podem envolver uma unidade isolada da
organização ou atravessar as fronteiras organizacionais, como ocorre em consórcio
e parceria entre companhias.
Os projetos são críticos para a realização da estratégia de negócios da
organização porque são os meios pelos quais as estratégias são implementadas.
Podemos citar como exemplo de projetos:
42
1. desenvolver um novo produto ou serviço;
2. implementar uma mudança organizacional a nível de estrutura, de
pessoas ou de estilo gerencial;
3. planejar um novo veículo de transporte;
4. desenvolver ou adquirir um sistema de informação novo ou modificado;
5. construir um prédio ou instalações;
6. implementar um novo processo ou procedimento organizacional.
2.3. PROJETOS TEMPORÁRIOS
Para “Project Management Institute” – PMI HQ – MG temporário significa que
cada projeto tem um início e um fim muito bem definidos. Chega-se ao fim do
projeto quando os seus objetivos foram alcançados ou quando torna-se claro que os
objetivos do projeto não serão ou não poderão mais ser atingidos ou a necessidade
do projeto não existe mais. O projeto é então encerrado. Temporário não significa
que a sua duração é curta, muitos projetos duram vários anos. Em todos os casos,
entretanto, a duração de um projeto é finita; projetos não são esforços continuados.
Além disso, o termo temporário geralmente não se aplica ao produto ou
serviço criado pelo projeto. Os projetos podem freqüentemente ter impactos sociais,
econômicos, ambientais e internacionais ou não, que excedem em duração aos
próprios projetos. A maioria dos projetos são empreendidos para criar um resultado
duradouro. Por exemplo, em projeto para erigir um monumento nacional criará um
resultado que poderá durar séculos. Uma série de projetos e/ou projetos
complementares em paralelo podem ser requeridos para alcançar o objetivo
estratégico.
Os objetivos de projetos e de operações continuadas são fundamentalmente
diferentes. O objetivo de um projeto é alcançar o objetivo proposto e encerrar o
projeto. O objetivo de uma operação continuada não projetada é normalmente
sustentar o negócio. Um projeto é fundamentalmente diferente porque ele termina
quando seus objetivos propostos são alcançados, enquanto as operações
continuadas (não projetos), quando atingem seus objetivos, criam um novo grupo de
objetivo e o trabalho continua.
43
A natureza temporária dos projetos se aplica também a outros aspectos dos
empreendimentos:
a) a oportunidade ou os nichos de mercado são usualmente temporários - a
maioria dos projetos tem um espaço de tempo limitado para produzir
seus produtos e serviços;
b) a equipe do projeto normalmente é desmontada após o projeto - os
projetos em sua maioria são conduzidos por uma equipe que tem um
único compromisso daquele projeto. Ao término do projeto, a equipe é
liberada e os membros realocados em outras atividades.
2.4. PRODUTO, SERVIÇO OU RESULTADO ÚNICO
Os projetos envolvem o desenvolvimento de algo que nunca foi feito antes, e
que é, portanto, único. Um produto ou serviço pode ser único, mesmo considerando
que já tenha sido desenvolvida uma infinidade de produtos/serviços em sua
categoria. Por exemplo, muitos e muitos edifícios já foram construídos, mas cada
nova unidade lançada, é única - com um proprietário diferente, e assim por diante. A
presença de fatores respectivos não muda a característica intrínseca de unidade do
esforço global do trabalho do projeto. Por exemplo:
a) um projeto para desenvolver um novo tipo de avião comercial pode
requerer uma série de protótipos;
b) um projeto para a libertação à população de um novo medicamento,
pode requerer milhares de doses de droga para a distribuição em testes
clínicos;
c) a construção de um conjunto habitacional pode incluir centenas de
unidades individuais; Conforme PMI HQ – MG
d) o desenvolvimento de um projeto (abastecimento de água e saneamento)
pode ser implementado em cinco áreas geográficas.
2.5. ELABORAÇÃO PROGRESSIVA
Elaboração progressiva é a característica de projeto que integra os conceitos
de temporário e único. Como o produto de cada projeto é único, as características
44
peculiares que o distinguem devem ser progressivamente elaboradas.
Progressivamente significa “ proceder por etapas; continuar de forma determinada,
por incrementos” enquanto elaboradas significa “trabalhadas com cuidado e detalhe;
desenvolvidas por completo”. Estas características que distinguem os produtos a
serem construídos, são amplamente bem definidas bem cedo no projeto, e se
tornam mais explícitas e detalhadas assim que a equipe adquire uma melhor e mais
completa percepção do produto.
A elaboração progressiva das características do produto necessita ser
cuidadosamente coordenada com a correta definição do escopo do projeto,
especialmente se o projeto é desenvolvido sobre contrato. Quando adequadamente
definido, o escopo do projeto - que define todo o trabalha a ser realizado no projeto -
deve permanecer constante, ainda que as características do produto estejam sendo
elaboradas progressivamente. Conforme PMI HQ - MG
2.6. O QUE É GERÊNCIA DE PROJETOS?
Segundo MEILLIR, P.J (1990), gerência de projeto é a aplicação de
conhecimentos, habilidades, e técnicas para projetar atividades que visem atingir os
requerimentos do projeto. O gerenciamento do projeto é acompanhado através do
uso de processo tais como: iniciação, planejamento, execução, controle e
encerramento. A equipe de projeto gerência o trabalho do projeto e o trabalho
tipicamente envolve:
1. demandas concorrentes: escopo, tempo, risco e qualidade;
2. partes envolvidas com diferentes necessidades e expectativas;
3. identificação de requerimentos.
É importante notar que muitos processos dentro da gerência de projetos são
naturalmente interativos, isto é, devido a existência e a necessidade da elaboração
progressiva no projeto durante todo o ciclo de vida do projeto; quanto mais você
conhece acerca do seu projeto, melhor você é capaz de gerenciá-lo.
O termo gerência de projetos é algumas vezes usado para descrever uma
abordagem organizacional para o gerenciamento dos processos operacionais
contínuos.
45
Esta abordagem, mais conhecida como Gerência por Projetos, trata muitos
aspectos dos serviços continuados como projetos, objetivando aplicar também a
eles, os conceitos de gerência e projetos. Embora seja óbvio que o conhecimento da
gerência de projetos é essencial para uma organização que aplica a gerência por
projetos.
46
2.7. AS ÁREAS DE CONHECIMENTO DA GERÊNCIA DE PROJETOS (Figura nº14)
A figura de nº14 representa todas as áreas que compõem uma gerência de
projetos, segundo PMI HQ - MG.
Gerência de Projetos
Gerência de Integraçãodo Projeto
- Desenvolvimento doPlano do Projeto;- Execução do plano doProjeto;- Controle Integrado
Gerência do Tempodo Projeto
- Definição das Atividades- Sequenciamento dasatividades- Estimativa da duraçãodas atividades- Desenvolvimento docronograma- Controle do Cronogrma
Gerência do Custodo Projeto
- Planejamento dosRecursos- Estimativa dos Custos- Orçamento dosCustos- Controle dos Custos
Gerência da Qualidadedo Projeto
- Planejamento daQualidade- Garantia daQualidade- Controle da Qualidade
Gerência dos RecursosHumanos do Projeto
- PlanejamentoOrganizacional- Montagem de Equipe- Desenvolvimento daEquipe
Gerência dasComunicações do
Projeto
- Planejamento dasComunicações- Distribuição dasInformações- Relato de Desempenho- EncerramentoAdministrativo
Gerência dos Riscodo Projeto
- Planejamento daGerência de Risco- Identificação dos Riscos- Análise Qualitativa deRiscos- Análise Quantitativa deRiscos- Desenvolvimento deResposta e Riscos- Controle e Monitoraçãode Riscos
Gerência do Escopodo Projeto
- Iniciação;- Planejamento doEscopo;- Detalhamento doEscopo;- Verificação doEscopo;- Controle demudanção do Escopo
Gerência dasAquisições do Projeto
- Planejamento dasAquisições- Preparação dasAquisições- Obtenção de Proposta- Seleção deFornecedores- Administração dosContrles- Encerramento doContrato
Figura nº14: Organizações de Gerência de Projeto
Fonte: Project Management Institute - PMI HQ Project Management
Institute Headquarters - Minas Gerais
47
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA DA PESQUISA DE CAMPO
A importância deste Capítulo se dá pelo fato de discutir aspectos sobre
Ciência e Conhecimento Científico e relacioná-los com o problema existente da má
administração ou coordenação da gestão de projeto em nível internacional.
A análise inicial possibilita conteúdo conceitual para a realização da
Pesquisa de Campo Preliminar, a qual trará subsídios para uma melhor definição do
problema.
Após a proposta do modelo, no Capítulo 5 serão apresentados, aspectos
conceituais complementares em relação a metodologia do estudo de casos utilizado.
3.1. ASPECTOS CONCEITUAIS
3.1.1. CIÊNCIA E CONHECIMENTO CIENTÍFICO
3.1.1.1. O Conhecimento Científico e Outros Tipos De Conhecimento
Ao se falar de conhecimento científico, o primeiro passo consiste em
diferenciá-lo de outros tipos de conhecimento existente.
Para LAKATOS (1991, p. 75-80) e CERVO A L. (1983, p.5-13) existem
quatro tipos de conhecimento, o primeiro é o vulgar, popular ou empírico,
geralmente típico do camponês ou do povo, transmitido de geração para geração
por meio de educação informal e baseado em imitação e experiência pessoal, ou
simplesmente obtido por acaso, após inúmeras tentativas, é ametódico e
assistemático. O segundo conhecimento, é o científico que é transmitido por
intermédio de treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo
racional, conduzido por meio de procedimentos científicos. Visa explicar “por que” e
“como” os fenômenos ocorrem, na tentativa de evidenciar os fatos que estão
correlacionados, numa visão mais globalizante do que a relacionada com um
simples fato, uma cultura específica. O terceiro conhecimento é o filosófico que
48
distingue-se do científico pelo objeto de investigação e pelo método. O quarto
conhecimento e último é o teológico ou religioso, que é o conhecimento revelado -
relativo a Deus - aceito pela fé teológica, onde duas são as atitudes que se podem
tomar diante do mistério: primeira atitude, é tentar penetrar nele com o esforço
pessoal da inteligência, mediante a reflexão e o auxílio de instrumentos; a segunda
atitude consistirá em aceitar explicações de alguém que já tenha desenvolvido o
mistério e implicará sempre em uma atitude de fé diante de um conhecimento
revelado, conforme apresentado na figura nº15.
sujeito conhecimento objeto
- empírico
- científico
- filosófico
- teológico ou religioso
Figura nº15: Tipos de Conhecimento
Fonte: CERVO A L. (1983)
Segundo Ap.TRUJILLO (1974, p. 11), existe uma sistematização das
características dos quatros tipos de conhecimento, que podem ser vistos no quadro
nº 2 abaixo:
49
Conhecimento
Vulgar ou
Popular
Conhecimento
Científico
Conhecimento
Filosófico
Conhecimento
Teológico ou
Religioso
Valorativo Real (factual) Valorativo Valorativo
Reflexivo Contingente Racional Inspiracional
Assistemático Sistemático Sistemático Sistemático
Verificável Verificável Não Verificável Não Verificável
Falível Falível Infalível Infalível
Inexato Aproximadamente
Exato
Exato Exato
Quadro nº2: Sistematização das características do conhecimento
Fonte: Lakatos e Marconi (1991)
Para LAKATOS (1991, p.81), existe uma classificação e divisão da ciência.
Ela pode ter sua complexidade no universo e a diversidade de fenômenos que nela
se manifesta, aliada à necessidade do homem de estudá-la para poder entendê-la e
explicá-la, levou ao surgimento de diversos ramos de estudo e ciências específicas.
Esta necessita de uma classificação, quer de acordo com a sua ordem de
complexidade, quer de acordo com o seu conteúdo: objeto ou tema, diferença de
enunciados e metodologia empregada, conforme figura nº16 abaixo:
50
Ciências
Formais
Factuais
Lógica
Matemática
Naturais
Sociais
FísicaQuímicaBiologia e outras
Antropologia culturalDireitoEconomiaPolíticaPsicologia socialSociologia
Figura nº16: Tipos de Conhecimento
Fonte: Lakatos e Marconi (1991)
3.1.2. MÉTODOS CIENTÍFICOS
Todas as ciências caracterizam-se pela utilização de métodos científicos,
em contrapartida, nem todos os ramos de estudo que empregam estes métodos são
ciências. Com esta afirmação, pode-se concluir que a utilização de métodos
científicos não é da alçada exclusiva da ciência, mas não há ciência sem o emprego
de método científico.
Assim, método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que,
com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos
válidos e verdadeiros -, traçando um caminho a ser seguido, detectando erros e
auxiliando as decisões do cientista.
Neste trabalho será proposto um método ou metodologia para se resolver
um problema real de gestão de projeto em nível internacional para as empresas
multinacionais.
51
3.1.3. HISTÓRICO DO MÉTODO
A preocupação em descobrir e, portanto, explicar a natureza vem desde os
primórdios da humanidade, quando as duas principais questões referiam-se às
forças da natureza e a morte, onde reconheciam a existência do conhecimento
mítico, conhecimento religioso e o conhecimento filosófico já mencionados
anteriormente.
Mas com o passar do tempo, muito mais modificações foram feitas nos
métodos existentes, foi então que surgiu o conceito moderno de método
(independente do tipo), pois conforme Ap. BUNGE (1980) método científico é a
teoria das investigações. Assim pode-se dizer que os métodos científicos modernos
estão classificados em cinco métodos:
a) método indutivo;
b) método dedutivo;
c) método hipotético-dedutivo;
d) método dialético;
e) métodos específicos das ciências sociais, que se subdivide-se em mais
nove categorias de métodos, dentre elas o que este trabalho propõe a
estudar, método comparativo.
3.1.3.1. Método Comparativo
LAKATOS (1981,p.32) refere-se a explicação do método comparativos,
afirmando que:
Empregado por TAYLOR. Considerando que o estudo das semelhanças e
diferenças entre diversos tipos de grupos, sociedades ou povos contribui para
uma melhor compreensão do comportamento humano, este método realiza
comparações, com a finalidade de verificar similitudes e explicar divergências.
O método comparativo é usado tanto para comparações de grupos no
presente, no passado, ou entre os existentes e os do passado, quando entre
sociedades de igual ou de diferentes estágios de desenvolvimento.
52
Exemplo: modo de vida rural e urbano no Estado de São Paulo; características
sociais da colônia portuguesa e espanhola na América Latina; classes sociais
no Brasil, na época colonial e atualmente; organização de empresas Norte-
Americanas e Japonesas; a educação entre os povos ágrafos e os
tecnologicamente desenvolvidos.
Ocupando-se da explicação dos fenômenos, o método comparativo permite
analisar o dado concreto, deduzindo do mesmo os elementos constantes, abstratos
e gerais. Constitui uma verdadeira “experimentação indireta”. É empregado em
estudo de largo alcance, e de setores concretos. Assim, para os estudos qualitativos
e quantitativos. Ele também pode ser utilizado em todas as fases e níveis de
investigação: num estudo descritivo pode averiguar a analogia entre os elementos
de uma estrutura; nas classificações e finalmente em nível de exploração.
É dentro deste contexto introdutório sobre os aspectos e atividades relativas
a metodologia, que a metodologia deste trabalho está sustentada. Nesta dissertação
será utilizado o método de pesquisa comparativo, que confirma e torna mais claro o
problema a que se propõe a resolver.
3.2. PESQUISA DE CAMPO PRELIMINAR - PRIMEIRO QUESTIONÁRIO
Para conhecer o problema enfrentado pelas empresas multinacionais
automotivas dentro da gestão de projeto na tropicalização ou nacionalização dos
componentes destinados aos PED, é necessário, realizar um estudo de caso,
chamado de Pesquisa de Campo Preliminar - primeiro questionário.
Considerações mais aprofundadas a respeito da adequação e importância
da modelidade estudos de caso serão realizados no Capítulo 5 ao se fazer a
Avaliação da Proposta (Modelo Proposto).
Este estudo de caso serve para obtenção de coleta, apuração, e tratamento
dos dados de pesquisa, da qual se utiliza, da pesquisa aplicada.
Partindo da premissa que as empresas multinacionais devem estar
vinculadas aos objetivos e características organizacionais traçadas pelas suas
matrizes, ficou clara a importância deste.
53
Nessa etapa realizou-se um questionário preliminar em três empresas da
região metropolitana de Curitiba, cuja finalidade é de conhecer-se melhor o
problema geral e específico do presente trabalho, o qual é comum às três empresas.
(Apêndice 1)
Foram entrevistados e preencheram o questionário 4 profissionais de cada
empresa.
Características principais de cada empresa:
� Primeira empresa, é uma montadora de automóveis de origem francesa
que está instalada em São José dos Pinhais, denominada de Empresa “A”;
� Segunda empresa, é uma empresa que faz parte de uma aliança entre a
Empresa “A”, com uma montadora de veículos utilitários de origem japonesa,
denominada de Empresa “B”;
� A terceira empresa, é uma “Joint venture” formada por empresas de
origem alemã e americana, que realiza a montagem de motores, cujas instalações
ficam localizadas em Campo Largo, denominada de Empresa “C”.
3.3. PROBLEMA ENCONTRADO NAS TRÊS EMPRESAS
O problema encontrado nas três empresas, diz respeito a questão de
ruptura de abastecimento de uma peça dentro do processo de fabricação de um
produto, o automóvel como um todo (chassis + motor + carroceira).
A ruptura de abastecimento de uma peça, dentro de um determinado posto
de trabalho de uma linha de montagem dessas três fábricas, tem como
conseqüência, a paralisação do processo fabril.
Automaticamente ocorrem perguntas, tais como:
� Qual o motivo que levou essa ruptura de abastecimento dessa peça?
� Faltou o trabalho de desenvolvimento de um fornecedor local do
departamento de compras?
� Faltou o departamento de engenharia, qualidade e logística aprovar esse
fornecedor local?
� Acabou o estoque dessa peça na fábrica?
54
� Não existe uma peça “back up”3, para essa peça?
� O que ocasionou essa ruptura de abastecimento?
� Onde está a falha?
� Quem não executou seu trabalho corretamente?
� Etc.
3.4. PROBLEMA ESPECÍFICO
Conforme já mencionado no item 1.4. Problema Específico, este consiste
basicamente, num problema de disponibilidade ou de inadequação que ocorre na
linha de montagem de um item em questão, uma peça que está em processo de
tropicalização ou nacionalização, através de uma modificação ou através de uma
necessidade de criação de uma nova peça, com a sua aplicabilidade destinada ao
produto final.
Pode-se afirmar, que existem uma série de fatores que devem ser tomados
em conta, como por exemplo: a existência de um fornecedor local com o “know how”
ou conhecimento técnico para fabricar essa peça; custo, qualidade e prazo de
fabricação desse peça, é compatível com custo, qualidade e prazo da peça
importada; e etc, para que dessa forma, esse processo de tropicalização ou
nacionalização ocorra sem perturbar o fluxo fabril da linha de montagem.
Na figura abaixo é apresentado o fluxo geral de informação referente a uma
modificação que ocorre em um processo de tropicalização ou nacionalização de
uma peça dentro da empresa “A”.
Com a Figura nº17 e as etapas do fluxo de informação apresentadas no
item 3.4.1. fica mais claro onde localiza-se o problema, objeto de estudo desta
dissertação.
3 Peça Back up = mesma peça porém produzida em outra fábrica do grupo da empresa.
55
Fluxo Geral de Informação de uma ModificaçãoET1 = “Know How” de fabricação = Fábrica Piloto
ET2 = Processo Anti-erro = Fábrica Pilotada
( Solicita Modificação)
( Informa Modificação)
( Aplica Modificação)
Fábrica Piloto
Fábrica Pilotada
Linha de MontagemBrasil
EngenhariaMatriz
Mercado deFornecedores Europa
Centro deDistribuição de
peças
EstoqueFábrica Brasil
Data de Aplicação daModificação
Fábrica Pilotada
Peças CKD
Peças Locais
Aplica Modificaçãona Linha Fáb Pilotada
Aqui está oPROBLEMA
( Pesquisa Modificação)
( Questiona Modificação)
ET3
ET4/ET5/ET6
ET3
ET7 ET8
ET3
ET9
ET9
ET10
ET11=Não
ET11=Não
ET11=Sim
ET12
ET13
FIM ET14 Figura nº17: Fluxo Geral de Informação de uma Modificação
Fonte: (2003)
3.4.1. ETAPAS DO FLUXO DE INFORMAÇÃO DE UMA MODIFICAÇÃO OU
EVOLUÇÃO DESTINADO À UMA PEÇA
O motivo de existir uma modificação ou evolução de um componente
destinado a um posto de trabalho em uma linha de produção, é a necessidade de
baixar o custo de fabricação do produto final, o automóvel, que a empresa “A”
fabrica.
Uma forma encontrada pela empresa “A”, foi a criação das modificações
sugeridas pelas Fábricas Piloto ou Pilotada ou simplesmente denominado de
tropicalização ou nacionalização de componentes importados.
O fluxo de informação de uma modificação ou evolução de uma peça é
realizado através de várias etapas:
Etapa 1: “Know How” de fabricação = Fábrica Piloto;
56
Etapa 2: Processo anti-erro, segmento das ações realizadas pela Fábrica
Piloto = Fábrica Pilotada;
Etapa 3: Solicitação de uma modificação ou evolução de uma peça para a
Engenharia Matriz = Fábrica Piloto e Fábrica Pilotada;
Etapa 4: Verificação da rentabilidade da modificação ou evolução dessa
peça, através de uma pesquisa nos fornecedores europeus e no centro de
distribuição de peça = Engenharia Matriz;
Etapa 5: Autorização para a realização da modificação ou evolução dessa
peça, caso seja rentável = Engenharia Matriz;
Etapa 6: Caso não seja rentável essa modificação ou evolução dessa peça,
é bloqueado o processo de modificação = Engenharia Matriz;
Etapa 7: Informação da autorização da Engenharia Matriz para realizar a
modificação ou evolução, para a Fábrica Pilotada = Fábrica Piloto;
Etapa 8: Questionamento da modificação ou evolução dessa peça pela
Fábrica Pilotada para a Engenharia Matriz.
Alguns motivos questionados pela Fábrica Pilotada:
� Por que?
� A capacidade produtiva do fornecedor local é baixa, quando comparada a
um fornecedor europeu.
� Quebra da cadeia de sub-fornecedores locais ligados ao fornecedor que
atende diretamente a montadora, e etc; = Fábrica Pilotada
Etapa 9: Aplicação da modificação na linha de montagem = Fábrica
Pilotada;
Etapa 10: Verificação do estoque/consumo de fabricação dessa peça =
Logística da Fábrica Pilotada;
Etapa 11: Questionamento do processo logístico para o controle de estoque,
Sim? ou Não? = Logística da Fábrica Pilotada
Sim - calcula-se o consumo dessa peça destinada para a produção e vai
para a Etapa 12;
Não - solicitação de envio dessa back up para o centro de distribuição de
peças localizado na Europa, com a finalidade de cobertura de consumo de
57
peças destinadas a linha de produção, caso contrário, a linha de produção
pára, em seguida ir para Etapa 12 = Logística da Fábrica Pilotada;
Etapa 12: realização de um reunião para definir qual será a data de
aplicação da modificação ou evolução dessa peça = logística da Fábrica
Pilotada;
Etapa 13: Aplicação da peça modificada na linha de produção = Fábrica
Pilotada.
Etapa 14: Fim, inicia-se um novo ciclo de outra modificação ou evolução de
uma peça = Fábrica Pilotada.
3.4.2. RESULTADO DA PESQUISA DE CAMPO PRELIMINAR
Os resultados da Pesquisa de Campo Preliminar foram obtidos através do
questionário nº1 que estão agrupados em 3 assuntos principais. (Conhecimentos
Gerais, Funcionamento e Método de trabalho e Problema encontrado).
O problema específico, isto é, falha na comunicação entre as categorias de
fábricas, descrito no Capítulo 1 (Pág. 7), é o problema identificado na pesquisa de
campo preliminar nas empresas A, B e C. Eles resultam na falha de comunicação
entre as categorias de fábricas piloto e pilotada da empresa “A, “B” e ”C” que estão
listados no item 3.4.2.1. abaixo:
3.4.2.1. Problemas Identificados na Pesquisa de Campo Preliminar
a) não conhecimento do método de trabalho utilizado pela matriz e pela
fábrica piloto; os profissionais envolvidos com a gestão de projeto da fábrica
pilotada, simplesmente não têm o total conhecimento da gestão de projeto
realizado pela fábrica piloto ou pela matriz. Esses profissionais da fábrica
pilotada, não questionam a forma ou método de trabalho realizado pela
fábrica piloto ou pela matriz. Muitas das vezes, eles erram no mesmo ponto
em que a fábrica piloto errou no passado, fazendo assim, um retrabalho
desnecessário, perdendo tempo e dinheiro, para a sua empresa;
b) não recebimento das informações necessárias para a realização do
processo de gestão de projeto realizado pela matriz; este item, é
58
conseqüência da má administração da informação, sobre a gestão de
projeto em nível internacional. Por não existir uma metodologia de trabalho
em nível internacional para a gestão de projeto, entre categorias de fábricas,
a fábrica pilotada sofre com a falta de informação, fazendo os profissionais
envolvidos com o processo de gestão de projeto da fábrica pilotada,
realizarem um trabalho de levantamento da informação. Essa tarefa
levantamento da informação, poderia não realizar-se, caso a informação
fosse transmitida diretamente para a fábrica pilotada ou se a informação
estivesse disponível em um local de comum acesso, entre todos. Dessa
forma, todos ganhariam tempo para realizar suas atividades cotidiana, sem
essas interrupções.
c) falta de sincronismo na aplicação das modificações ou evoluções
sugeridas por ambas as fábricas; esta falta de sincronismo está associada a
necessidade de aplicação da modificação ou evolução de um componente
na linha de produção de cada categoria de fábrica. Isto é, quando a fábrica
piloto denomina que será realizada uma modificação ou evolução de um
componente que tem sua aplicação em fábrica de diferentes países, ela a
fábrica piloto, denomina com o parecer técnico da matriz, que este
componente sofrerá uma modificação ou evolução, em função da demanda
local, onde a conseqüência desta modificação, impossibilitará a sua
montagem atual no posto de trabalho, das fábricas pilotadas. Todas as
outras fábricas deveriam realizar sincronisadamente esta aplicação de
modificação. Porém ,isto não acontece, pois a fábrica piloto, quando
denomina uma modificação ou evolução de um componente, ela está
analisando a realidade do seu mercado, que nem sempre é a mesma
realidade do mercado de fabricação deste componente de outras fábricas
pilotadas envolvidas.
d) falta de comunicação e informação entre a matriz e a filial; existe uma
lacuna enorme entre as informações necessária para as modificações, entre
as categorias de fábricas com a sua matriz. Cada categoria de fábrica visa o
seu interesse próprio, onde nem sempre vai em encontro com o da outra
categoria de fábrica. A matriz por sua vez, deveria gerenciar este interesse,
mas, ela muita das vezes, não executa seu papel de coordenadora e
59
gestora das informações, assim esta lacuna fica a mercê do interesse de se
conhecer o que a outra categoria de fábrica está realizando para esta
modificação ou evolução de componente. e) falta de conhecimento da matriz das realidades locais de suas filiais,
condições climáticas, expectativas dos clientes e tecnologia disponível; este
item relata a falta de informação que a matriz tem das suas filiais. Existe
uma falha na coordenação de atividades referente ao levantamento de
informações do mercado local. A matriz executa uma trabalho técnico de
modificação ou evolução de um componente voltado para sua realizada,
porém ele nem sempre, abrange o nível de detalhamento necessário para
alcançar, por exemplo, a variação de temperatura existente no Brasil,
chegando até ter uma diferença de temperatura de 15ºC registrados entre o
Sul e o Nordeste do País. f) falta de atualização da documentação para a gestão da produção; com
relação a falta de atualização da documentação técnica envolvida com a
gestão da modificação ou evolução de um componente ligada a uma
modificação solicitada pela fábrica pilotada, pode por sua vez, gerar uma
grande dificuldade entre as categorias de fábricas. A fábrica pilotada, pode
solicitar para a matriz ou para a fábrica piloto, todo o histórico envolvido com
essa modificação que foi realizada há algum tempo atrás, mas se este
histórico não foi bem atualizado ou registrado, a fábrica pilotada pode errar
nas mesmas condições que a fábrica piloto errou no passado, e ainda um
ponto mais grave, é a questão da tomada de decisão que a fábrica pilotada
pode realizar com base nesta informação desatualizada da fábrica piloto.
Mas essa falta de atualização também pode ocorrer dentro da fábrica
pilotada. Quando todos os setores envolvidos: engenharia, logística,
produção, compras e coordenação, precisam conhecer qual foi a estratégia
tomada para esta modificação ou evolução de um componente voltado para
um posto de trabalho. Dentro de sua própria fábrica é realizado um
levantamento de informações, mais se as informações não foram
adequadamente atualizadas, é despendido um tempo valioso para
atualização e tomada de decisão, por exemplo: quanto tempo de estoque
60
desta peças existe na nossa fábrica ou quando será necessário solicitar a
importação da peça “back-up”.
g) prazos de aplicação da modificação ou evolução, construídos com
relacionamento interdepartamental incompatíveis com as gestões dos
departamentos envolvidos; a data de aplicação é conseqüência de uma
série de informações que devem estar sincronizadas, para que ela ocorra
perfeitamente. Quando o relacionamento entre departamentos não está
funcionando corretamente, é perdido principalmente a questão do tempo. O
relacionamento entre os departamentos dever focar sempre a questão da
gestão da modificação ou evolução de um componente, pois, quando perde-
se este foco, o relacionamento é o primeiro fator que se quebra entre todos,
tornando-se muito difícil realizar as atividades em conjunto.
h) falta de iniciativa e imaturidade dos profissionais envolvidos (todas as
áreas); a falta de iniciativa e imaturidade dos profissionais envolvidos neste
processo de gestão de uma modificação ou evolução de um componente,
também é um fator importante, quando não estiver bem apresentado. Caso
todos não estejam cientes da sua importância, a iniciativa e a imaturidade
pode prejudicar a boa gestão deste processo.
i) foco distorcido dos objetivos; existem departamentos que trabalham com o
foco distorcido, isto é, departamentos que caracterizam-se por serem
centralizadores de informações, tornando assim, um departamento que se
sinta importante dentro do processo de gestão das modificações ou
evoluções de um componente em nível internacional.
j) falta de segmento coerente e ostensivo com os prazos (compromissos); a
questão do segmento dos prazos dentro deste processo, também têm sua
importância, pois se este item não for corretamente respeitado, todos os
itens seguintes não se realizarão, com isto, os compromissos assumidos por
todos os outros departamentos não se tornarão realidades, e assim o
projeto não terá o lançamento na data prevista.
3.4.2.2. Resultado da Pesquisa de Campo Preliminar
61
Os resultados obtidos através das respostas adquiridas do Primeiro
questionário - Pesquisa de campo preliminar (conhecimento e comprovação do
problema) foram relacionados a três assuntos principais:
a) Conhecimentos Gerais, representados pela sigla CG;
b) Funcionamento ou Método de Trabalho, representados pela sigla FMT e
c) Problema representado pela sigla P, ambos expostos no gráfico nº2.
Para chegar aos valores de freqüência representados no gráfico nº2,
utilizou-se da seguinte metodologia, que se dividiu em duas fases:
Primeira Fase - Conhecimento e somatório da resposta do questionário:
��levantamento e identificação da semelhança das respostas;
��somatório das respostas semelhantes;
��analise das respostas.
Segunda Fase - Transformação da resposta:
��transformação de todos os itens semelhantes da resposta em percentual.
62
100
45
80
100
55
8070
100
80
0
20
40
60
80
100
120
CG FMT P
Categorias
%
Empresa A
Empresa B
Empresa C
Gráfico nº2: Resultados percentuais - 1º questionário
Fonte: (2003)
CG - Conhecimentos Gerais
As empresas “A” e “B” apresentaram um índice percentual de 100% (ótimo),
no que se refere a conhecimentos gerais sobre o assunto gestão de projeto em nível
internacional para a tropicalização ou nacionalização de componentes destinados a
um posto de trabalho de uma linha de produção, analisados a partir das perguntas 1
à 5 do primeiro questionário, enquanto a empresa “C” apresenta um índice de 70%
(bom) para os conhecimentos gerais e 30% (regular) para os conhecimentos
relativos a estrutura organizacional da matriz, também representados através das
perguntas 1 à 5 do primeiro questionário, sendo ela, a empresa “C”, considerada
como um todo o índice bom.
FMT - Funcionamento ou Método de Trabalho
Para o funcionamento ou método de trabalho todas as empresas, afirmaram
que o seu desempenho foi considerado ótimo 100%, isto é, eles afirmavam que o
funcionamento ou método de trabalho utilizado pela sua empresa era o melhor.
Porém existiram divergências em determinadas repostas entre duas empresas,
tornando-as diferentes entre si. As empresas “A” e “B” obtiveram respectivamente
um desempenho de 45% (regular) no quesito estrutura organizacional e 55% (bom)
para o quesito informações necessárias recebidas da matriz, no entanto a empresa
“C” recebeu o índice percentual de 100% (ótimo ) para os índices analisados, nesta
etapa do questionário aplicado, através das cinco perguntas destinadas a este
63
assunto (item B - Funcionamento ou Método de Trabalho, ou se preferir, perguntas
6 à 10).
P - Problema
Neste aspecto, problema as empresas “A”, “B” e “C” apresentaram um
índice percentual de 80% (ótimo) para problemas relativos a comunicação entre
fábricas e matriz e 20% (fraco) para o gerenciamento da ações dentro do processo
de gestão de projeto em nível internacional. Gerando vários problemas listados na
tabela nº2, representados pelas letras “C” e “G” respectivamente comunicação e
Gerenciamento. Estes problemas foram conhecidos através das cinco perguntas
destinadas a este assunto (item C - Problema, ou se preferir, perguntas 11 à 15) do
1º questionário.
A seguir são apresentados na tabela nº1 os índices dos resultados, que
serviram de base para a elaboração do gráfico nº1.
Tabela Índices dos resultados
80 à 100 ótimo
50 à 79 bom
30 à 49 regular
0 à 29 fraco
Tabela nº1: Índices dos resultados em percentual (%)
Fonte: (2003)
A tabela nº2 abaixo tem o objetivo de apresentar qual foi o problema mais
citado dentro da Pesquisa de Campo Preliminar: 1º questionário.
O problema mais citado foi o do item nº4 - Falta de Comunicação ou
Informação entre a matriz e a filial.
64
Problema no Processo de Nacionalização Empresa
“A”
Empresa
“B”
Empresa
“C”
Total
(Problema
mais Citado)
C G
1- Não conhecimento do método de trabalho
utilizado pela matriz e pela fábrica pilotada.
3
2
---
---
5
2- Não recebimento das informações necessárias
para a realização do processo de gestão de
projeto realizado pela matriz.
4
2
1
7
---
3- Falta de sincronismo na aplicação das
modificações ou evoluções sugeridas por ambas
as fábricas.
4
4
3
11
---
4- Falta de comunicação ou informação entre a
matriz e a filial.
4
4
4
12
---
5- Falta de conhecimento da matriz das
realidades locais de suas filiais, condições
climáticas, expectativas dos clientes e tecnologias
disponível.
4
2
1
7
---
6- Falta de atualização da documentação para a
gestão da produção.
4
1
1
---
6
7- Prazos de aplicação da modificação ou
evolução, construídos com relacionamento
interdepartamental incompatível com as gestão
dos departamentos envolvidos.
4
2
2
8
---
8- Falta de iniciativa e imaturidade dos
profissionais envolvidos.
4
1
3
8
---
9- Foco distorcido dos objetivos. 4 4 2 10 ---
10- Falta de segmento coerente e ostensivo com
os prazos.
1
0
0
---
1
Total 63 12
Tabela nº2: Resumo dos Problemas encontrados na Pesquisa de Campo Preliminar
1º Questionário
Fonte: (2003)
65
CAPÍTULO 4
MODELO PROPOSTO
O objetivo deste capítulo é desenvolver uma proposta de um modelo para a
gestão de projeto na tropicalização ou nacionalização de componentes em nível
internacional de empresas multinacionais em PED.
O desenvolvimento deste capítulo inicia-se com o levantamento dos
aspectos gerais relacionados a gestão de projeto, destacando-se os principais
pontos citados na pesquisa de campo preliminar do primeiro questionário:
a) conhecimentos gerais;
b) funcionamento ou método de trabalho;
c) o problema.
Como principais desafios para a execução do modelo proposto para a
gestão de projeto de componentes em nível internacional, pode-se resumir três itens
importantes, apresentados abaixo:
� definição de uma estrutura enxuta, ágil e eficaz para a condução dos
processos de modificações ou evolução dos componentes;
� definição da seqüência de atividades a serem realizadas;
� definição dos papéis das pessoas envolvidas e de cada setor da empresa
no processo de modificação ou evolução dos componentes, referentes ao custo,
prazo e qualidade que deve-se alcançar.
4.1. ASPECTOS GERAIS
Uma gestão de projeto ineficiente em uma empresa multinacional, pode
causar vários fatores prejudiciais a implementação de um projeto em nível
internacional, dentre eles:
� excesso de perdas;
� produtos lançados com atraso ou com qualidade inferior;
66
� diferenças entre produtos, isto é, produtos que são fabricados em
diferentes plantas do mesmo grupo;
� problemas referentes ao processo utilizado entre as filiais;
� e outros.
A principal dificuldade de se estabelecer uma gestão de projeto em nível
internacional em empresas multinacionais, reside no fato de que o projeto não é o
objetivo final destes tipos de organizações. Devido a esta característica, a atenção e
os cuidados dispensados para gestão de projeto em nível que podem ser
desprezados ou colocados em segundo plano, aumentando, assim, as chances de
fracassos. Este risco é potencializado também pela tendência de achatamento de
níveis hierárquicos e mudanças estruturais nos organogramas de muitas empresas
multinacionais, onde as áreas de projetos foram eliminadas ou terceirizadas ou
fundidas em outros setores, perdendo muitas vezes, a sua identidade e importância
dentro das organizações.
A idéia de se estruturar um modelo de gestão de projeto em nível
internacional para componentes que estejam em processo de tropicalização ou
nacionalização, não significa criar uma mudança de metodologia de trabalho dentro
das empresas multinacionais, visando o retrocesso no tempo, recriando áreas de
projetos ou desfocando outras funções de suas atribuições principais.
Significa sintetizar o processo de implementação e aplicação de uma
modificação ou evolução de um determinado componente para o posto de trabalho
na linha de produção de uma determinada fábrica, a fim de garantir a sua agilidade
e sobrevivência através do lançamento de um novo produto dentro do prazo ou do
alcance de novos patamares de produtividade e qualidade dentro de uma unidade
de negócio.
Significa estruturar a gestão de projeto internacional, com os recursos já
disponíveis na estrutura atual, de forma que as mudanças não comprometam os
resultados das empresas multinacionais. Pelo contrário, sinaliza a execução da
gestão de projeto internacional, como sendo uma ferramenta para aumentar a
competitividade e garantir a sobrevivência no mercado.
4.2. MODELO PROPOSTO DE GESTÃO DE PROJETO
67
A proposta do modelo desta pesquisa envolve uma estrutura composta de
três níveis, dentro do complexo contexto que se refere a gestão de projeto em nível
internacional.
Como podemos observar na figura nº18 abaixo que representa a proposta
de um modelo de gerenciamento mais enxuto, conforme dito anteriormente.
1º1º
1º 2º2º
2º
3º3º
Posto detrabalho
Operador
3º
Nível
2º
Nível
AÇÕES:
1º NÍVEL:
1- Determina data de Aplicação da modificação ou evolução;
2- Define qual modificação ou evolução será utilizada;
3- Insere dados no sitema;
4- Treinamento para os operadores.
2º NÍVEL:
1- Determina data estratégia do produto;
2- Coordena as ações relacionados ao produto que sofrerá a nacionalização;
3- Desenvolve fornecedores locais capazes de produzir o mesmo componentecom qualidade.
3º NÍVEL:
1- Interação Total com o 2º Nível;
1º
Nível
Produto Analísta de Produto
Chefe de ProjetoCoordenação
Compras Comprador
Técnico de Aproviosamento de peças eEngenheiro de Produto
Logística
Engenharia
Fabricação
Analísta de Logística
Supervisor de Produção
EngenheiroEng Matriz
Fáb. Piloto Coordenador
Figura nº18: Proposta de um Modelo de Gestão de Projeto em Nível Internacional
Fonte: (2003)
A finalidade deste modelo é apresentar o correto funcionamento do fluxo
informativo das atividades de gestão de projeto que estão correlacionadas aos seus
respectivos níveis.
A partir destes níveis representados na figura nº18, três fatores são
importantes para a metodologia proposta com base neste modelo. São eles:
68
a) Estrutura do modelo;
b) Seqüência de Atividades do modelo;
c) Responsabilidades das Tarefas - Pessoas e Setores, para que o processo
de modificação ou evolução de componentes que estão em processo de
tropicalização ou nacionalização ocorra sem maiores problemas, fazendo com que a
produção não sofra perturbações no seu fluxo fabril.
4.3.1. Proposta de um Modelo de Gestão de Projeto em Nível Internacional -
A) Estrutura do modelo
Para relatar a importância desse fator no modelo proposto, é necessário
apresentar a sua real necessidade para que esse fator possa ajudar na construção
deste modelo, tornando assim, um modelo mais enxuto. O modelo apresenta três
níveis que comunicam-se entre si, assim representados:
� 1º Nível - se comunica com o 2º Nível;
� 2º Nível - se comunica com o 3º Nível e 1º Nível;
� 3º Nível - se comunica com o 2º Nível;
Cada um dos níveis tem seu grau de responsabilidade dentro deste
processo de gestão de projeto em nível internacional para os componentes que
estão em via de serem tropicalizados ou nacionalizados.
Para o 1º Nível foi criado uma estrutura de reuniões semanais. O objetivo da
reunião é realizar uma apresentação das modificações ou evoluções dos
componentes por parte do Analista de Logística que em conjunto com os outros
participantes, representante do departamento de engenharia, representante do
departamento de compras e representante do departamento de fabricação, definirão
uma data para aplicação desse componente na linha de produção, no determinado
posto de trabalho. Chama-se essa reunião de Início e Parada de aplicação do
componente para o posto de trabalho na linha de produção.
Para o 2º Nível foi criado uma estrutura de reuniões estratégicas, onde
realiza-se uma primeira reunião entre os departamentos de Produto, Coordenação e
Compras. Esta reunião tem o objetivo de traçar as estratégias em nível de
componentes, tais como, tipo de material a ser utilizado ou processo de fabricação
69
para a produção desse componente, contudo sempre aprovados pelos órgãos de
qualidade. Assim, dessa forma, pode-se buscar uma melhor qualidade no seu
desempenho ou na redução de custos na composição do preço da peça ou um
determinado tipo de ganho para o processo de fabricação deste componente e
consequentemente, o ganho nos prazos.
Para o 3º Nível foi criado uma estrutura de reuniões, que podem ser
realizadas por um contato telefônico com a engenharia da matriz ou com o
coordenador da Fábrica Piloto e vice-versa ou através de videoconferência ou
simplesmente através de troca de correspondências, e-mail, entre essas pessoas.
Essas reuniões têm como objetivo o esclarecimento, isto é, solicitação do
conhecimento anterior. Para essas reuniões não existem uma metodologia de
cronogramas de datas, elas simplesmente podem ser realizadas através de um
contato pelas partes necessitantes. Elas servem principalmente para fornecer o
apoio necessário do conhecimento técnico ou não, com relação as dúvidas
existentes.
Quando falamos da estrutura desse modelo, pode-se dizer que ela foi
realizada com o intuito de se buscar a eficiência, agilidade e principalmente, ser uma
estrutura enxuta, utilizando somente três níveis pois assim, o processo de
modificação ou evolução dos componentes voltados para a tropicalização ou
nacionalização, pode funcionar perfeitamente.
B) Seqüência de Atividades do modelo
O fator de seqüência de atividades tem um papel primordial para o
funcionamento da estrutura deste modelo, ele é o responsável pelo correto
funcionamento das ações determinadas no modelo, é como se fosse um dente de
uma engrenagem, se um dente estiver desalinhado com um outro dente, a
engrenagem não funciona. É assim que a seqüência de atividades deve ser tratada
neste modelo.
Tomemos como base um exemplo de uma solicitação de modificação ou
evolução de um componente da fábrica pilotada que será tropicalizado ou
nacionalizado para uma operação destinada à um posto de trabalho aleatório na
linha de produção.
70
Para ocorrer uma solicitação de modificação ou evolução de um
componente adequado e correto no modelo, o 2º nível e o 3º nível devem ter uma
interação quase que total com relação ao conhecimento das necessidades de
modificação ou evolução por ambas as partes. A partir deste momento, o 2º nível
deve informar para o 1º nível, todas as informações necessárias para a aplicação
desta modificação no posto de trabalho, tais como:
� a peça nacional é igual a peça importada?
� é necessário realizar um treinamento para o operador que irá montar essa
peça nacional na linha de produção?
� será realizado um processo de rastreabilidade para a peça nacional, a
partir de sua primeira montagem?
� dentre outras.
De acordo com o modelo, existe uma comunicação entre todos os três
níveis, porém só o 2º nível interage com o 3º nível e com o 1º nível.
O 2º nível detém o conhecimento e a responsabilidade para gerenciar todos
os níveis. São realizadas e traçadas as diretrizes para as modificações ou evoluções
dos componentes, assim o 1º nível, recebe todas as informações necessárias para a
aplicação da modificação, sendo somente de sua responsabilidade a realização de
um treinamento para os operadores que sofrerão impactos para essa modificação
ou evolução no seu posto de trabalho.
Assim pode-se dizer, que o exemplo de uma modificação ou evolução de
um componente tropicalizado ou nacionalizado, que tem sua solicitação realizada
pela Fábrica Pilotada no Brasil, é um processo difícil de se controlar, porém, não é
impossível, basta para isso realizar essa estrutura de modelo, conforme
apresentado acima, que gerência as atividades e as seqüências de informações.
Assim, essa modificação deverá ser respeitada e aplicada, porque caso não
exista uma interação entre os níveis desta estrutura do modelo, essa modificação
não poderá ser aplicada, pois certamente, ela irá trazer vários problemas para a
linha de produção e depois para o produto final.
C) Responsabilidades das Tarefas - Pessoas e Setores
71
Como o seu próprio nome diz, esse fator tem a responsabilidade de realizar
as tarefas relacionadas as aplicações de uma modificação ou evolução de um
componente destinada ao posto de trabalho, onde nesse fator busca-se o papel de
responsabilidade de cada um, pessoas ou setor, dentro do modelo.
Dentro de cada nível do modelo proposto, existem profissionais
responsáveis por suas atividades ou setores que podem ser analisadas a seguir.
No 1º Nível do modelo proposto, existem três setores da Fábrica que devem
trabalhar em conjunto para a realização de suas tarefas, são eles:
� Setor de Logística, representado pelo Analista de Logística;
� Setor de Engenharia, representado por um Engenheiro de Produto e por
um Analista de Documentação e Especificação Técnica;
� Setor de Fabricação, representado pelo Supervisor de Produção.
O papel principal do Analista de Logística é realizar um levantamento do seu
estoque, através de inventários, para verificar qual é situação deste componente em
sua fábrica, caso o seu estoque para esse componente esteja baixo, ele deve
verificar qual será o seu limite de data de aplicação dessa modificação ou evolução,
limite esse baseado no consumo de peças por montagem e por turno, para assim
definir e sugerir na reunião de Parada e Início uma data de aplicação para essa
modificação .
O papel do Engenheiro de Produto é verificar junto ao seu respectivo
Engenheiro da Engenharia da Matriz ou do Coordenador da Fábrica Piloto, qual é a
estratégia que deve ser realizada em nível global, para dessa forma, verificar qual
seria o impacto nesse componente no mercado nacional.
Após essa verificação, ele deve realizar um levantamento de todas as
informações técnicas necessárias à respeito deste componente, para em seguida,
apresentá-lo na reunião de Parada e Início.
Para o Analista de Documentação e Especificação Técnica, o seu papel é o
de inserir essa modificação no sistema, porém, essa modificação ou evolução do
componente deve passar por uma linguagem de codificação existente no grupo,
para que todas as fábricas do grupo, consiga enxergar o que está sendo realizado
para esse componente na Fábrica Pilotada no Brasil e também gerenciar as
informações realizadas por outras Fábricas do grupo e alertar o Engenheiro de
72
Produto sobre o que as outras fábricas estão fazendo ou o que já fizeram essa
modificação no componente.
A responsabilidade do Supervisor de Produção para essa atividade, é de
treinar e informar a data de aplicação da modificação, acordada na reunião de
Parada e Início, para o operador, fazendo com que ele não sofra maiores problemas
na montagem desse componente.
Após todos os profissionais relacionados acima, deterem as suas
informações necessárias para a aplicação dessa modificação ou evolução, eles
devem se reunir para realizarem a reunião de Parada e Início. Nesta reunião será
definida a data de aplicação para essa modificação, tendo como a aplicação direta
no posto de trabalho do operador na linha de produção.
No 2º Nível, existem três setores da Fábrica que devem trabalhar em
conjunto para a realização de suas tarefas, são eles:
� Setor de Produto, representado pelo Especialista de Produto;
� Setor de Coordenação - Direção Técnica, representado pelo Chefe de
Projeto;
� Setor de Compras, representado pelo Comprador.
O papel do Especialista de Produto é conhecer as tendências dos
mercados, nacionais e estrangeiros em nível de produto, isto é, conhecer novas
tecnologias, conhecer novos materiais que estão sendo desenvolvidos para serem
aplicados nos veículos, verificar o que a sua concorrência está desenvolvendo, e
também ter um contato muito próximo do seu Centro de P & D, para saber se os
interesses das estratégias da empresa estão indo na mesma direção que os do
mercado Nacional. Esse profissional tem a responsabilidade de trazer para a sua
empresa as novidades que estão sendo aplicadas em outras empresas ou
mercados.
O papel do Chefe de Projeto é de coordenar todas as atividades que estão
ligadas, direta e indiretamente, ao projeto de sua coordenação. Esse profissional
tem várias responsabilidades e trabalha transversalmente com todos os setores,
porém a maior de todas responsabilidades é a do cumprimentos das ações por
todos envolvidos nesse projeto.
73
O Comprador é responsável pelo desenvolvimento de fornecedores locais
que tenham qualidade assegurada no seu processo e consequentemente em sua
fábrica e principalmente desenvolver o preço do componente, sendo que esse preço
tem que ser no mínimo, competitivo mundialmente.
No 3º Nível, existem dois setores da Fábrica Piloto ou da Matriz que devem
trabalhar em conjunto com a Fábrica Pilotada para a realização de suas tarefas, são
eles:
� Setor de Engenharia da Matriz, representado pelo Engenheiro de Produto;
� Setor de Coordenação - Fábrica Piloto, representado pelo Coordenador;
O papel do Engenheiro de Produto da Matriz é conhecer o que está sendo
realizado em todas as Fábricas Pilotadas, naquele componente, para em conjunto
com o Engenheiro de Produto da Fábrica Pilotada auxiliá-lo nas modificações ou
evoluções já realizadas por outras Fábricas do grupo que ele conheça. É uma
função que tem um papel muito importante neste contexto, esse profissional fornece
todo o apoio necessário para a aplicação dessa modificação ou evolução de
componentes que estão em processo de tropicalização ou nacionalização que as
Fábricas Pilotadas necessitam.
Esse apoio pode ser, por exemplo, um levantamento do que os
fornecedores estão fabricando para esse componente em outros mercados - preço
ou matéria prima e etc.
O papel do Coordenador da Fábrica Piloto também é de apoio as
solicitações dos Engenheiros de Produto das Fábricas Pilotadas. Essas solicitações
podem ser relativas ao que foi realizado no seu processo de fabricação, no posto de
trabalho de um operador, relacionado ao ganho produtivo - tempo de ciclo da linha
de montagem, quando essa mesma modificação ou evolução foi realizada na sua
Fábrica, ou por exemplo, quais foram os treinamentos que os operadores receberam
para conhecer o novo componente.
Todos os três níveis existentes no modelo proposto, servem para apresentar
uma estrutura mais enxuta e ágil de gestão de projeto em nível internacional, porém
os níveis só irão funcionar adequadamente, se todos os profissionais que estão
representados em cada um dos níveis, executarem suas atividades corretamente,
tornando assim, as chances de falhas menores para aplicação de uma modificação
ou evolução de um componente em Fábricas Pilotadas.
74
No Quadro nº3 - Resumo das Atividades, apresentado no item 4.3.3, é
relatado resumidamente o cargo, o setor e a tarefa de cada um dos colaboradores
dentro do modelo de três níveis.
75
QUADRO - RESUMO DAS ATIVIDADES Nível Setor Cargo Tarefa
Logística
Analista de Logística
Conhecer a situação real do seu estoque para o componente que sofrerá a tropicalização ou nacionalização.
1º
Engenharia
Analista de Documentação e Especificação Técnica
Inserir em formato de linguagem de codificação essa modificação ou evolução no sistema utilizado pelos Setores de Engenharia das Fábricas Piloto e Pilotada.
Engenheiro de Produto
Conhecer qual é a estratégia que deve ser realizada em nível global, junto a Engenharia da Matriz ou do Coordenador da Fábrica Piloto.
Fabricação
Supervisor de Produção
Treinar e informar os operadores sobre a data de aplicação e a modificação ou evolução deste componente que ocorrerá no seu posto de trabalho.
Produto
Especialista de Produto
Conhecer as tendências tecnológicas dos mercados nacionais e estrangeiros para este componente.
2º
Coordenação Chefe de Projeto Coordenar todas as atividades que estão ligadas ao Projeto.
Compras Comprador Têm a responsabilidade de desenvolver fornecedores locais.
3º
Engenharia Matiz
Engenheiro de Produto
Conhecer as atividades de modificações ou evoluções realizadas para este componente e auxiliar os Engenheiros de Produtos em todas as Fábricas Pilotadas.
Fábrica Piloto
Coordenador
Apoiar e auxiliar as solicitações de modificações ou evoluções dos Engenheiros de Produtos das Fábricas Pilotadas, informando qual procedimento foi realizado para esta mesma modificação em sua fábrica.
Quadro nº3: Quadro - Resumo das Atividades
Fonte: (2003)
As etapas apresentadas no item 3.4.1. (pág 59)que relatam o fluxo geral de
informações, que é a forma atual utilizada pela empresa denominada “A”. Essas
etapas apresentam falhas na comunicação no circuito geral de informação entre as
categorias de fábricas dessa empresa, que geram a má administração de algumas
etapas deste circuito.
76
Em função deste problema apresentado e confirmado através da pesquisa
de campo preliminar, foi criado um modelo de três níveis mais enxuto, ágil e com a
sua eficiência a ser comprovada através do questionário aplicado - questionário nº 2
O modelo de três níveis foi criado para melhorar e diminuir os níveis
existentes para a aplicação de uma modificação ou evolução de um componente.
A seguir é apresentada metodologia para gestão de projeto sustentada pelo
modelo de três níveis, a qual é descrita em seis etapas:
Etapa 1: reuniões estratégicas - traçar as estratégias para cada
componente. Participantes: setor de produto; setor de coordenação e setor
de compras;
Etapa 2: reuniões semanais - existência de uma forma de trabalho, cujo
objetivo principal é a comunicação entre 1º nível e o 2º nível. São
apresentadas as modificações ou evoluções para todos os participantes,
setores de logística, engenharia e fabricação, onde definirão uma data de
aplicação para o componente;
Etapa 3: Aprovação e validação - são aprovados e validados todas as
modificações ou evoluções de componentes por setores competentes dentro
da empresa: Produto, Coordenação, Compras, Engenharia, Qualidade,
Logística e Fabricação;
Etapa 4: reuniões informais - levantamento das informações, cujo objetivo é
adquirir o conhecimento técnico necessário para a aplicação desta
modificação ou evolução do componente;
Etapa 5: cheque liste - é realizado um levantamento entre todos os setores,
para verificar o conhecimento total sobre a modificação ou evolução do
componente;
Etapa 6: aplicação da modificação no posto de trabalho e início de um novo
ciclo de modificação ou evolução do componente;
De acordo com esta metodologia, a existência da comunicação entre todos
os níveis apresentados no modelo proposto, é de fundamental importância, ela é a
grande responsável pelo bom desempenho do modelo de três níveis.
77
O responsável pela interação entre todos os níveis, é o 2º nível, pois ele
deverá realizar a interação entre os outros dois níveis, isto é, ele é o responsável por
gerenciar as informações e as direcioná-las para o respectivo nível.
4.4. SÍNTESE CONCLUSIVA
O Capítulo 4 apresentou um modelo proposto para a gestão de projeto
deste estudo. O presente estudo iniciou-se com a coleta de dados preliminar,
através do primeiro questionário, buscando a confirmação de um problema comum.
Este foi encontrado entre as empresas que serviram de estudo de casos, instaladas
na região metropolitana de Curitiba, onde o problema focado, referia-se a três
aspectos: conhecimentos gerais; funcionamento ou método de trabalho; o problema,
que é melhor relacionado no Capítulo 3 nos itens 3.2; 3.3 e 3.4.
Objetivo desta coleta de dado preliminar era de se conhecer o impacto
sofrido diretamente na linha de produção, através da deficiência de montagem de
um componente no posto de trabalho, sendo ele, nacionalizado ou em via de
nacionalização. A partir desta análise, criou-se então uma proposta de um modelo
de gestão de projeto, que se baseou no modelo de FERDOWS (1997) -
Gerenciamento de Empresas no Exterior, modelo esse, o que mais se aproximou
das interfaces deste estudo.
A partir deste ponto, foi realizado a avaliação da proposta do modelo e da
eficácia do mesmo, através dos seus resultados, que é melhor detalhado e
apresentado no Capítulo 5.
78
CAPÍTULO 5
AVALIAÇÃO DO MODELO PROPOSTO E ANÁLISE DOS
RESULTADOS
Neste Capítulo serão apresentados inicialmente aspectos conceituais
relativos aos estudos de caso (5.1) e em segundo momento a avaliação do modelo
proposto (5.2).
5.1. Aspectos Conceituais
Segundo LAKATOS (1991, p.162) para delimitar uma pesquisa é necessário
que se estabeleça limites para a investigação.
5.1.1. População e Amostra
Para LAKATOS (1991, p.163) amostra é uma parcela convenientemente
selecionada do universo (População), onde um subconjunto é o universo
(População).
A amostra da pesquisa de campo preliminar e da pesquisa de campo para a
avaliação do modelo proposto foi composta por doze profissionais de três empresas,
quatro por empresa, representando respectivamente as área de:
� documentação e especificação técnica - engenharia;
� aprovisionamento de peças - logística;
� engenharia de produto - engenharia;
�pelo responsável de projetos - Direção Técnica - coordenação.
Conforme quadro nº4 abaixo:
79
Empresa A Empresa B Empresa C
Analista de
Documentação e
Especificação Técnica
Analista de
Documentação e
Especificação Técnica
Analista de
Documentação e
Especificação Técnica
Analista de Logística Analista de Logística Analista de Logística
Engenheiro de Produto Engenheiro de Produto Engenheiro de Produto
Chefe do Projeto Chefe do Projeto Chefe do Projeto
Quadro nº4: Amostra dos profissionais
Fonte: (2003)
Para a composição da amostra foi utilizado o método não-probabilístico
intencional, ou seja, de acordo com um determinado critério, foram escolhidas
intencionalmente algumas pessoas (MARTINS, 1990).O critério utilizado para a
composição da amostra referiu-se ao conhecimento e envolvimento dos
profissionais das áreas, como engenharia, logística e coordenação, cujo objetivo foi
de viabilizar o fornecimento de informações necessárias para a realização da
pesquisa de campo preliminar - primeiro questionário.
5.1.2 Delineamento do trabalho
FACHIN (1993), trata o delineamento de pesquisa utilizado como sendo o
estudo de caso, que tem como principal função a explicação sistematizada dos fatos
que ocorrem num determinado contexto.
A escolha deste delineamento justifica-se porque esta pesquisa
proporcionou o aprofundamento do conhecimento sobre uma determinada realidade
dentro das empresas multinacionais estudadas, analisando por várias fontes de
evidência a gestão de projeto em nível internacional, procura caracterizar as
relações existentes entre as matrizes e as suas filiais. A pesquisa foi realizada no
nível de conhecimento das dificuldades ocorridas, com relação ao fenômeno de falta
de informação e/ou comunicação, entre as partes envolvidas, para a implementação
de um novo componente tropicalizado ou nacionalizado em sua linha de produção.
80
O corte do estudo pode ser caracterizado como transversal porque os dados
foram coletados em um ponto do tempo, baseado numa amostra selecionada para
descrever uma população nesse determinado período.
A lógica do tratamento dos dados é qualitativa, porque a pesquisa teve
como pressuposto a obtenção de dados descritivos sobre o meio envolvente,
processo de gestão de projeto, visando compreender os fenômenos segundo as
perspectivas do meio estudado.
O emprego desta metodologia pareceu ser o mais adequado, uma vez que
possibilitou analisar as informações contidas no processo de gestão de projeto, para
a tropicalização ou nacionalização de componentes destinados às empresas
multinacionais que participaram deste trabalho.
5.1.3 Método de Coleta de Dados: Fonte de Coleta, Tratamento, Análise e
Representação
5.1.3.1. Fonte de Coleta de Dados
Para YIN (1987) a concentração da grande força do estudo de caso consiste
na utilização de várias fontes para a coleta de dados em busca de evidências. As
fontes para um estudo de caso podem ser provenientes de documentos, registros
de arquivos, entrevistas, questionários, observação direta ou não participante,
observação participante e artefatos.
Para LAKATOS (1991, p.165) é nesta etapa da pesquisa que se inicia
aplicação dos instrumentos elaborados e das técnicas selecionadas. Outro aspecto
importante, é que nessa etapa deve-se ter o perfeito entrosamento das tarefas
organizacionais e administrativas com as científicas, obedecendo aos prazos
estipulados. Como YIN, LAKATOS relaciona os procedimentos necessários para a
realização da coleta de dados:
� coleta documental;
� observação;
� entrevista;
� questionário;
81
� formulário;
� medidas de opinião e atitudes;
� técnicas mercadológicas;
� testes;
� sociometria; análise do conteúdo;
� história da vida.
É dentro deste contexto que se apresenta a etapa de coleta de dados deste
trabalho. Os dados foram coletados através de um questionário: Pesquisa de campo
preliminar - primeiro questionário, para se conhecer o problema entre todas as
empresas nesse nível, e um segundo questionário que serviu para Avaliação do
Modelo Proposto - segundo questionário. Ambos questionários foram enviados para
profissionais responsáveis por área de gerenciamento de projetos, engenharia,
logística e coordenação, durante um determinado período de tempo, das empresas
que fizeram parte da amostra.
As coletas de dados tiveram as seguintes origens:
a) Fontes primárias: são aqueles que têm a relação direta com os fatos e a
realidade da análise. Normalmente, referem-se a relatos da experiência
profissional e opinião da atual, da vivência quanto ao desenvolvimento do
seu trabalho diário e da organização em que esses profissionais executam
dentro de suas atividades cotidiana.
Os dados primários de ambas pesquisas, pesquisa de campo preliminar,
primeiro questionário, e da Avaliação e Validação do Modelo Proposto, segundo
questionário, foram obtidos por meio de entrevistas semi-estruturadas, observação
não-participante e aplicação de questionários.
As entrevistas semi-estruturadas partem de questionamentos básicos que
servem como um roteiro de orientação. A formulação de novas perguntas de
pesquisa podem surgir no decorrer da entrevista, proporcionando novas
interrogativas. (Ap. TRIVIÑOS, 1987)
Portanto, ela possibilita ao entrevistador formular perguntas alternativas em
relação ao roteiro original, permitindo ao entrevistador explicar a sua opinião sobre
determinado assunto.
82
Na pesquisa de campo preliminar, primeiro questionário, o roteiro da
entrevista e o questionário buscaram identificar quais seriam as possíveis falhas ou
problemas que ocorrem dentro do processo de gestão de projeto das empresas
selecionadas.
O roteiro de entrevista foi único para todo o grupo ou extrato da amostra
selecionada e o questionário foi elaborado com base no roteiro de entrevista e nas
respostas dos entrevistados.
Já para a pesquisa de Avaliação e Validação do Modelo Proposto, segundo
questionário, o roteiro da entrevista e o questionário buscaram identificar se o
modelo proposto apresentado por este trabalho, no que diz respeito a questão de
gestão de projeto em nível internacional para tropicalização ou nacionalização dos
componentes destinados a linha de produção dessas empresas, atingiram o bom
desempenho, tornando assim, essa proposta viável e consequentemente, válida.
Como para o primeiro questionário, o roteiro de entrevista do segundo
questionário, foi único para todo o grupo ou extrato da amostra selecionada e o
questionário foi elaborado com base nos problemas salientados no primeiro
questionário, tornando possível modelar um fluxo informativo observando uma série
de etapas apresentadas na metodologia da proposta.
Dessa forma, foram realizadas as entrevistas, tanto para a pesquisa de
campo preliminar, primeiro questionário, quanto para a Avaliação e Validação do
Modelo Proposto, segundo questionário, e posteriormente, as aplicações dos
questionários nestas duas etapas, que eram compostas em sua maior parte por
perguntas fechadas com alternativas dicotômicas4, utilizando-se do escalonamento
do tipo “Likert” cujo objetivo é medir as atitudes em diversas propriedades:
� direção (positivo e negativo);
� intensidade (alta e baixa) dos entrevistados independente de sua resposta,
positiva ou negativa, mas também, em alguns momentos das entrevistas, utilizou-se
da técnica de perguntas abertas, as quais não foram possíveis estabelecer
alternativas de múltipla escolha, onde as respostas foram fornecidas pelos
informantes sem nenhuma intervenção do entrevistador. A escolha de perguntas
4 Perguntas fechadas com alternativas dicotômicas, são aquelas perguntas que não geram dúvidas entre duas ou mais alternativas, e que não podem ter o mesmo significado exemplo: Sim - Não; Verdadeiro - Falso; Certo - Errado.
83
fechadas deu-se pela facilidade de entendimento e pela praticidade quanto ao
preenchimento de respostas.
MARTINS e LINTZ, (2000) definem escalonamento do tipo “Likert” como
sendo o conjunto de itens apresentados em forma de afirmações, ou juízo, ante os
quais se pede aos sujeitos que externem suas reações, escolhendo um dos cinco ou
sete pontos da escala.
A duração média das entrevistas variou de trinta minutos a sessenta
minutos. Cada entrevista utilizou-se da mesma metodologia, onde ocorriam como
abertura, com uma prévia apresentação do trabalho, explicando a necessidade
daquela etapa e um explicação do funcionamento da entrevista, onde o entrevistado
teria em seu poder o roteiro em que seria conduzida aquela entrevista.
A observação não participante, é um fator importante do contexto da coleta
de dado, dentro de uma entrevista, onde deve ser anteriormente apresentado
alguns conceitos e pontos que estruturam essa etapa da obtenção do dado.
Segundo RICHARDSON (1989, p.213-219), observação não participante é o
exame minucioso ou a mirada atenta sobre um fenômeno no seu todo ou em
algumas de suas partes; é a captação precisa do objetivo examinado, onde pode-se
dizer que a observação sob algum aspecto, é imprescindível em qualquer processo
de pesquisa científica, pois ela tanto pode conjugar-se a outras técnicas de coleta
de dados como pode ser empregada de forma independente e/ou exclusiva. Para
estudar o comportamento de um operador ou até mesmo do seu hierárquico, o
pesquisador pode optar exclusivamente pela observação como fonte de dados,
porém ele pode optar também, pela observação e entrevista, ou pela observação e
questionário.
“Ap. SELLTIZ et all.(1974) defende e conceitua a observação, por um prisma científico, como sendo não apenas uma das atividades mais difusas na vida diária; é também um instrumento básico de pesquisa científica. A observação torna-se uma técnica científica à medida que serve a um objetivo formulado de pesquisa, é sistematicamente planejada, sistematicamente registrada e ligada a proposições mais gerais e, em vez de ser apresentada como conjunto de curiosidades interessantes, é submetida a verificações e controles de validade e precisão”.
84
A observação é classificada, tradicionalmente, como um método qualitativo
de investigação, em função disto, pode-se relatar que a observação se classifica em
três categorias:
� observação assistemática x sistemática;
� observação participante e
� observação não participante, da qual esse trabalho utiliza como uma das
bases de coleta de dados.
Observação não participante; o investigador não toma parte nos
conhecimentos que são objetos de estudo como se fosse membro do grupo
observado, mas apenas atua como espectador atento. Baseado nos objetivos de
pesquisa, e através de seu roteiro de observação, ele procura ver e registrar o
máximo de ocorrências que interessa ao seu trabalho.
A observação não participante é uma técnica indicada para estudos
exploratórios, considerando pode surgir diferentes metodologias de trabalho, bem
como levantar novos problemas ou indicar determinados objetivos para a pesquisa.
Para LAKATOS (1991,p.174-214) que aborda a questão da observação com
um enfoque um pouco mais amplo. LAKATOS (1991) classifica e categoriza a
observação através de 4 tipos de coleta de dado para a pesquisa científica, que é
chamada de técnicas de pesquisa. As técnicas são um conjunto de preceitos ou
processos que se serve uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses
preceitos ou normas, a parte prática. Essas técnicas estão classificadas da seguinte
forma:
� documentação indireta;
� documentação direta;
� observação direta intensiva, onde são apresentados oito tipos de
observações, dentre eles, o que esse trabalho utiliza, observação não praticante; e
observação direta extensiva.
Como fonte de coleta de dado utilizada, pode-se registrar a técnica de
entrevista, questionário e observação não participante, ou até mesmo, utilizando-se
de outras técnicas mais difundidas nas pesquisas educacionais, para adquirir os
dados para a pesquisa.
85
A observação não-participante foi outra fonte utilizada para a coleta de
dados primários, a fim de possibilitar informações adicionais. Neste sentido, fatos e
ocorrências, comportamentos e condições ambientais da realidade organizacional
de gestão de projeto relacionados ao foco deste trabalho, assim eles foram
observados e registrados, contribuindo para a triangulação dos dados necessários.
Porém, é importante inserir neste contexto, algumas dificuldades
encontradas para a execução desta etapa, como por exemplo:
� o não cumprimento da agenda pré determinada por parte do entrevistado;
� as interrupções indiretas ou diretas, telefonemas ou a presença de outro
funcionário solicitando a ação ou intervenção do funcionário para um
determinado problema, ocorridas durante as entrevistas;
� o tempo gasto para a devolução dos questionário, etc.
b) Fontes secundárias: refere-se à análise de registros, documentos de
fontes privadas ou oficiais, incluindo formulários, relatórios, atas de reunião,
e-mail’s, análise de arquivo, telefonemas com a matriz, entre outros que
estejam disponíveis e estejam relacionados ao objetivo da pesquisa.
O objetivo da utilização destas fontes secundárias é a obtenção de se
relacionar um número maior de informações referentes à pesquisa em questão, de
forma que possam ratificar e complementar os dados obtidos por intermédio das
fontes primárias.
Os dados secundários desta pesquisa foram obtidos por meio do acesso à
intranet, na qual se encontram disponíveis os procedimentos, regulamentos,
organogramas, normas, modo de funcionamento das fábricas piloto e das fábricas
pilotadas e principalmente, informações referentes à gestão de projeto em nível
internacional. Além da intranet, também foram consultadas algumas comunicações,
quadros informativos e outros meios de comunicação interna ou externa, das
empresas selecionadas.
A coleta destes dados ocorreu na primeira fase do levantamento de
informações, facilitando assim, a obtenção de informações em relação a algumas
normas, regras e valores preconizados, auxiliando no entendimento da dinâmica de
funcionamento da organização e na elaboração do roteiro de entrevista.
86
5.1.3.2. Tratamento e Análise de Dados
Os dados coletados foram analisados de forma descritiva-qualitativa com a
utilização de técnicas de estatística simples, independente dos questionários
aplicados, primeiro ou segundo. O estudo descritivo representa um nível de análise
que permite identificar as características relativas dos fenômenos.
LEITE, J. A A (1978, p.24) defende o tratamento dos dados, como sendo
uma grande variedade de métodos estatísticos que podem ser utilizados no
tratamento dos dados atinentes à questão ou tema de dissertação de mestrado. O
objetivo desse método utilizado neste trabalho, é fazer estimativas sobre certos
aspectos de uma variável ou fenômeno com base numa amostra que, como parte
da população em estudo, contém informações sobre as características dessa
população.
O emprego da metodologia qualitativa foi adequada, porque o objetivo da
pesquisa de campo consistiu em descrever a relação entre as categorias em estudo,
possibilitando o entendimento em maior profundidade no comportamento dos
indivíduos, RICHARDSON (1989).
BIREME/OPSA/OMS (acesso 12 nov. 2002) defende a idéia de que se deve
iniciar a coleta de dados através da abordagem qualitativa, criando uma técnica de
grupo focal, de acordo com as seguintes situações:
a) envolver pessoas que sofrem de problemas ou que estão submetidas a
uma mesma situação;
b) quando a avaliação deve ser realizada em diferentes contextos;
c) para a elaboração de guias de entrevistas ou questionário;
d) para produzir hipóteses da avaliação, quando se conhece pouco sobre o
problema a ser avaliado;
e) na fase de exploração de uma situação que se deve avaliar, visando a
coleta de informações e principalmente a comparação entre os dados
disponíveis e os coletados e preparados, deverá resultar na formulação
de novas perguntas e permitir responder às hipóteses iniciais da
avaliação.
Conforme BARDIN (1979) que discute a questão da análise documental,
relata que a idéia consiste nas operações para a representação do conteúdo dos
87
documentos de uma forma diferente da original, facilitando a sua referenciação.
Assim, pode-se dizer, que dentro deste processo de análise documental deste
trabalho, essa teoria facilitou o estudo dos fenômenos de gestão de projeto na
tropicalização ou nacionalização dos componentes, pois os dados secundários
sofreram uma análise documental, a partir de vários documentos das empresas,
onde sempre tem os seus fatos ou acontecimentos importantes registrados.
Segundo SAMPIERI, COLLADO E LUCIO (1994) as entrevistas semi-
estruturadas e os questionários são técnicas de análise de conteúdo. Esta técnica é
útil para estudar e analisar os processos de comunicação de uma maneira objetiva,
sistemática e qualitativa, nos mais diversos contextos para se fazer inferências
válidas e confiáveis quanto as dados coletados. Esta técnica serve particularmente,
no estudo do material de tipo qualitativo, dos quais estas técnicas e instrumentos
trataram da análise do conteúdo para este trabalho.
Como complementação para esta análise do conteúdo, as demais fontes,
foram utilizadas como sendo dados coletados por intermédio da observação não-
participante.
Entretanto, para o BIREME/OPSA/OMS (acesso 12 nov. 2002) existem
técnicas e instrumentos para coletas de dados, cujo objetivo é de facilitar o processo
de avaliação, eles podem ser do tipo: dados secundários; observação direta; grupo
focal; entrevista estruturada; entrevista não-estruturada; inquérito por questionário e
a entrevista semi-estruturada.
Este trabalho utilizou as técnicas de entrevista semi-estruturadas;
observação não-participante; questionários com perguntas fechadas, utilizando-se
do escalonamento de “Likert”, para obtenção da análise do conteúdo, onde suas
principais características relatam a questão delas não inteiramente abertas, mas não
são conduzidas por muitas questões preestabelecidas. Baseia-se apenas em uma
ou poucas questões iguais, fechadas e também, abertas, nem todas as perguntas
elaboradas são utilizadas durante a realização da entrevista, pode-se ainda
introduzir outras questões que surgem de acordo com o que acontece no processo
em relação às informações que se deseja obter.
5.1.3.3. Representação de Dados: tabelas, gráficos e quadros
88
LAKATOS (1991, p.169-171) trata a questão de tabelas e quadros, como
sendo um meio para auxiliar, uma vez que facilita, ao leitor, a compreensão e
interpretação rápida da massa de dados, podendo, apenas com uma olhada,
aprender importantes detalhes. Sua definição conceitual é: método estatístico
sistemático, de apresentar os dados em colunas verticais ou fileiras horizontais, que
obedecem à classificação dos objetos ou materiais da pesquisa.
Os gráficos, utilizados com habilidade, podem evidenciar aspectos visuais
dos dados, de forma clara e de fácil compreensão. Em geral, são empregados para
dar destaque a certas relações significativas, onde LAKATOS define, como: são
figuras que servem para a representação de dados.
É neste contexto que este trabalho, apresenta todas as informações visuais
adquiridas na coleta de dados ou não, utilizando-se de uma metodologia de
elaboração de tabelas, quadros e gráficos, conforme as Normas de Apresentação
de Documentos Científicos do Sistema de Bibliotecas da Universidade Federal do
Paraná.
5.2. AVALIAÇÃO DO MODELO PROPOSTO - SEGUNDO QUESTIONÁRIO
Neste item será realizado a avaliação do modelo proposto através do
questionário nº2 aplicado a amostra utilizado.
Segundo questionário - Avaliação do modelo proposto para a gestão de
projeto em nível internacional. Este questionário avaliou os seguintes assuntos:
a) Funcionamento, representado no gráfico nº3 pela letra F e
b) Avaliação da eficácia do modelo de três níveis, representado pela letra A.
A letra F foi avaliada através das perguntas do segundo questionário do
número 1 á 10 e a letra A foi avaliada das perguntas questionário do número 11 á
17.
A forma de cálculo para a adquirir a freqüência dos resultados percentuais
% representados no gráfico nº3, se dividiu em duas fases:
Primeira Fase - Conhecimento e somatório da resposta do questionário:
��levantamento e identificação da semelhança das respostas;
��somatório das respostas semelhantes;
89
��analise das respostas.
Segunda Fase - Transformação da resposta:
� transformação de todos os itens semelhantes da resposta em percentual.
Isto é, a mesma metodologia aplicada para o primeiro questionário.
A seguir são relacionados os três aspectos do modelo proposto, (seqüência
de atividade do modelo, estrutura do modelo e responsabilidade das tarefas), com
as respostas adquiridas através do segundo questionário:
a) Seqüência de Atividade do Modelo: Primeiro aspecto
O Primeiro aspecto e talvez o mais importante, relaciona-se ao fator da
comunicação entre as categorias de fábricas.
b) Estrutura do Modelo: Segundo aspecto
Para validar o modelo proposto procurou-se verificar qual seria a aplicação
deste modelo proposto dentro do aspecto, estrutura do modelo. A conclusão é que a
estrutura organizacional é responsável pela correta condução do processo de uma
modificação ou evolução de componentes.
c) Responsabilidade das Tarefas: Terceiro Aspecto
Este aspecto considera a necessidade da não centralização das
informações necessárias, da matriz e da fábrica piloto, para a implementação de
uma modificação ou evolução de um componente em uma fábrica pilotada.
A seguir é apresentado no gráfico de nº3 abaixo os valores % percentuais
das freqüências adquiridas nas respostas do segundo questionário.
100 10090
100
80
100
0
20
40
60
80
100
120
F A
Categorias
%
Empresa A
Empresa B
Empresa C
Gráfico nº3: Resultados percentuais - 2º questionário
Fonte: (2003)
90
F - Funcionamento do modelo de três níveis
Para este aspecto funcionamento do modelo, destinaram-se no 2º
questionário dez questões, isto é, da 1ª questão á 10ª questão, que analisaram a
sua funcionalidade.
A empresa “A” apresentou um índice percentual de 100% (ótimo), a
empresa “B” apresentou um índice percentual de 90% (ótimo), no que se refere ao
funcionamento e 10% (fraco) para a interatividade entre os três níveis. No entanto a
empresa “C” apresentou um índice de 80% (bom) para o funcionamento e 20%
(fraco) para a interatividade entre os três níveis.
A - Avaliação da eficácia do modelo de três níveis
Todas as empresas afirmaram que a eficácia do modelo foi considerada de
100% (ótimo), representadas através das perguntas 11 á 17, que serviu para a
avaliação deste modelo de três níveis, sendo ele, aplicável dentro do processo de
gestão de projeto em nível internacional.
91
CAPÍTULO 6
CONCLUSÃO
6.1. CONCLUSÃO
O grande desafio das empresas multinacionais que operam em PED, é
marcado, e até mesmo caracterizado, por sua gestão e administração de projetos. A
dificuldade enfrentada por essas empresas, é a adequação e aplicação às
mudanças necessárias para a implementação e operalização de projetos nestes
países.
Para que elas possam conseguir até mesmo, realizar e fazer cumprir suas
mudanças, de uma forma rápida e efetiva sem necessidade de grandes
investimentos, tanto nas estruturas quanto nas inovações que o mercado necessita
para a sua própria sobrevivência - novos projetos, é necessário que as empresas
multinacionais trabalhem também na consciência da necessidade da tropicalização
ou nacionalização de componentes, sendo ela realizada de uma forma rápida,
barata e eficaz. No entanto, nem sempre é a forma encontrada por essas empresas
multinacionais de PED. Muitas vezes, por não possuírem um sistema de gestão de
projeto estruturado, estas empresas deixam de investir e consequentemente, ganhar
dinheiro, perdendo clientes, enfraquecendo sua marca, etc. Em contrapartida, a
definição de uma boa gestão de projeto em nível internacional faz com que as
empresas multinacionais sejam mais velozes e precisas, alcançando mais
rapidamente melhores resultados em produtividade, qualidade, custo e prazo,
conseguindo uma posição mais favorável para superar sua concorrência.
Com o objetivo de suprir a falha encontrada de comunicação entre as
categorias de fábricas listada na empresa denominada “A”, este trabalho apresentou
um modelo proposto de três níveis, para a gestão de projeto em nível internacional,
criando assim, uma melhoria na comunicação entre as categorias de fábricas
existente nesta empresa.
Esta modelo proposto foi construído a partir de aspectos teóricos, oriundos
de uma revisão bibliográfica sobre aspectos de gestão e estratégia empresarial para
empresas multinacionais e aspectos práticos, oriundos de pesquisa de campo que
92
se dividiu em duas fases: 1º fase, identificação e comprovação do problema e a
outra fase para a avaliação do modelo de três níveis, que sustenta a metodologia
proposta.
Deve-se destacar que este trabalho utilizou-se de três nacionalidades de
empresas multinacionais: a nacionalidade Francesa; a nacionalidade Francesa e
Japonesa; “Joint aventure” de Alemão com Americano, que serviu para explorar a
gestão de projeto em nível internacional. É importante lembrar que o conteúdo deste
trabalho pode ser utilizado para avaliar ou contribuir com idéias para outras
empresas multinacionais. Seguem os principais aspectos do modelo proposto nesta
dissertação.
O primeiro aspecto, e talvez o mais importante, relaciona-se ao fator da
comunicação entre as categorias de fábricas que diretamente pode-se relacionar as
pessoas e o papel de cada setor dentro da gestão de projeto em nível internacional.
Em muitas empresas multinacionais a gestão de projeto fica concentrada nas mãos
de poucas pessoas sendo que muitas das vezes outros colaboradores não
conhecem o que o seu colega de trabalho faz. Por exemplo: quem faz o que dentro
dos setores, não aproveitando o potencial humano existente na empresa. Se estiver
previsto, na gestão de projeto em nível internacional da empresa, a participação
efetiva de representantes dos diversos setores impactados pela tropicalização ou
nacionalização de componentes e que podem contribuir para essa modificação ou
evolução, a empresa irá potencializar a sua gestão de projeto.
O modelo proposto desenvolvido apresentou, portanto, a melhoria da
comunicação entre os níveis existentes nas categorias de fábricas da empresa
denominada “A”, tanto para o levantamento das necessidades de modificação ou
evolução de componentes quanto para a sua própria efetivação prática da
modificação, destinada ao posto de trabalho. Esta participação traz consigo uma
série de benefícios, tanto para a empresa que melhora a sua qualidade, custo e
prazo, pois passa a ter colaboradores trabalhando na melhoria do processo de
tropicalização ou nacionalização de componentes, quanto para o próprio
empregado, que passa a ter novos e diferentes desafios, passa a conhecer outros
colaboradores de outras fábricas, aumentando o seu conhecimento técnico e
sistêmico e ainda aprende a trabalhar em equipe.
93
Outro aspecto muito importante, dentro da gestão de projeto em nível
internacional, está relacionado a estrutura organizacional para a condução do
processo de modificação ou evolução de componentes destinados à um posto de
trabalho dentro da linha de produção.
Em função da gestão de projeto não ser o objetivo final de seu negócio e
também devido às diversas restruturações e a redução do quadro de funcionários,
muitas empresas multinacionais que atuam em PED, não possuem uma estrutura
sólida para a condução dos seus processos de modificação ou evolução de seus
componentes. Muitas nem mesmo possuem uma sistematização clara, voltada para
a realidade deste mercado. Com o tempo estas empresas terão fatalmente
insucessos na realização da implementação de seus produtos neste mercado,
representados, principalmente, pelo não alcance dos seus objetivos e pelas baixas
velocidades com que as suas modificações ou evoluções são efetivadas. É
imprescindível, portanto, a definição prévia da sistematização do processo de
gestão de projeto em nível internacional e a avaliações das propostas de melhorias
ou das necessidades de mudanças neste contexto. Cabe a alta administração
destas empresas, através da estruturação e da organização da sistematização deste
processo, fortalecer a prática da correta gestão de projeto, como sendo uma
ferramenta eficaz e essencial para o crescimento da empresa.
O modelo apresentado neste trabalho, mostra o caminho para que uma
empresa multinacional que trabalhe ou tenha a perspectiva de atuação no mercado
de PED, consiga mesmo sem grandes estruturas ou setores de gestão de projeto
em nível internacional, conduzir o seu processo de tropicalização ou nacionalização
de componentes, através da coordenação das modificações ou evoluções das
peças, alcançando as metas de qualidade, custo e prazo estabelecida inicialmente.
Finalmente, o modelo proposto considera a uma série de fatores chave para
o sucesso na gestão de projeto em nível internacional. Estes fatores foram
levantados e analisados nas pesquisas de campo e na revisão bibliográfica e estão
relacionados como problemas encontrados nas empresas multinacionais. Dentre
eles, destacam-se a necessidade da não centralização das informações
necessárias, da matriz e da fábrica piloto, para a implementação de uma
modificação ou evolução de um componente em uma fábrica pilotada, adquiridas
através do modelo de três níveis, respeitando os três fatores importantes do modelo
94
proposto: estrutura do modelo; seqüência de atividades do modelo;
responsabilidades das tarefas - pessoas e setores. A observação dos itens é
considerada crucial para se realizar, com sucesso, as tropicalizações ou
nacionalizações de componentes previstas na gestão de projeto em nível
internacional.
Após o desenvolvimento do trabalho concluiu-se que o sucesso no processo
de tropicalização ou nacionalização de componentes, depende muito mais da
correta sistematização das atividades relacionadas à gestão de projeto em nível
internacional que, propriamente, da necessidade da infra-estrutura dedicada para
este fim. Através do estabelecimento de um fluxo informativo, criado e validado no
modelo de três níveis, fica claro que ao se conhecer as necessidades de
modificação ou evolução de componentes de uma fábrica pilotada, a gestão de
projeto torna-se um item fácil de gerenciar. Desta forma alguns paradigmas devem
ser modificados dentro das empresas multinacionais. Entre eles o paradigma de que
o sucesso da condução dos projetos internacionais, depende de grandes estruturas
para a sua gestão.
Portanto, com a correta alocação dos recursos existentes, com um
planejamento estrutural organizado, englobando a gestão de projeto em nível
internacional, e com a devida sistematização na estrutura de coordenação das
modificações ou evoluções de componentes, as empresas multinacionais podem
melhorar o seu desempenho e fortalecer a sua posição no mercado. Para isto, estas
empresas dependem da visão gerencial dos seus líderes, acima de qualquer outro
aspecto organizacional.
O presente trabalho abordou tecnicamente a gestão de projeto em nível
internacional sobre aspectos teóricos e práticos. No entanto, não envolveu o estudo
de fatores comportamentais como os relacionados aos conflitos, valores, grupos de
poder, etc. que têm grande influência sobre o resultado no processo de modificação
ou evolução de componentes de uma fábrica piloto.
Desta forma sugere-se como tema para dissertações futuras a abordagem
comportamental envolvida nesta gestão, dentro de empresas multinacionais
(fábricas piloto e pilotadas).
95
GLOSSÁRIO:
“A”
Ação competitiva: como ações ofensivas ou defensivas para criar uma posição
defensável em uma indústria, para enfrentar com sucesso as cinco forçar
competitivas, e assim obter um retorno sobre o investimento maior para a empresa.
Administrar ou gerenciar: consiste em planejar, decidir, por em prática as ações
conseqüentes e utilizar os meios para alcançar seus objetivos.
Amostra: é uma parcela convenientemente selecionada do universo (População),
onde um subconjunto é o universo.
Atividade: é o conjunto de ações cujo, o resultado, em um dado período, contribui
para o atendimento de uma necessidade administrativa ou operacional.
“B”
“C”
Ciência: vem a ser o conjunto organizado dos conhecimentos relativos ao universo,
abrangendo seus fenômenos naturais, ambientais e comportamentais.
Conhecimento o vulgar ou popular ou empírico: geralmente típico do camponês
ou do povo, transmitido de geração para geração por meio de educação informal e
baseado em imitação e experiência pessoal, os simplesmente obtido por acaso,
após inúmeras tentativas, é ametódico e assistemático.
Conhecimento científico: conhecimento científico é transmitido por intermédio de
treinamento apropriado, sendo um conhecimento obtido de modo racional,
conduzido por meio de procedimentos científicos. Visa explicar “por que” e “como”
os fenômenos ocorrem, na tentativa de evidenciar os fatos que estão
96
correlacionados, numa visão mais globalizante do que a relacionada com um
simples fato, uma cultura específica.
Conhecimento filosófico: é o tipo de conhecimento que distingue-se do científico
pelo objeto de investigação e pelo método.
Conhecimento teológico ou religioso: é o conhecimento revelado - relativo a
Deus - aceito pela fé teológica, onde duas são as atitudes que se podem tomar
diante do mistério: primeira, é tentar penetrar nele com o esforço pessoal da
inteligência, mediante a reflexão e o auxílio de instrumentos; a segunda atitude
consistirá em aceitar explicações de alguém que já tenha desenvolvido o mistério e
implicará sempre em uma atitude de fé diante de um conhecimento revelado.
Contributor: categoria de empresas no exterior segundo FERDOWS (1997). Essa
categoria de fábrica é conhecida por servir ambos mercados, local e o estrangeiro e
por também assumir a responsabilidade de nacionalização e desenvolvimento de
novos produtos e/ou processo em sua fábrica, destinando-os para os seus
mercados.
Controle: é o processo que tem por objetivo ajustar o resultado, durante a
execução, com o planejamento, e que consiste no: acompanhamento, avaliação,
decisão e retroalimentação.
“D”
Delimitar a pesquisa: é estabelecer limites para a investigação. Desenvolvimento: é o uso sistemático de conhecimentos científicos ou
tecnológicos, geralmente alcançados por meio de pesquisa, com finalidade de obter
novos produtos ou processos, isto é, bens ou serviços, ou ainda, para alcançar
significativo melhoramento daqueles já existentes.
“E”
97
Elaboração progressiva: definição segundo Project Management Institute – PMI
HQ Minas Gerais. É a característica de projeto que integra os conceitos de
temporário e único. Engenharia: por sua vez, consiste no planejamento, no projeto e na execução do
empreendimento que deverá originar um produto ou prestar um serviço, resultados
de desenvolvimento. Entrevista semi-estruturada: entrevista semi-estruturadas são questão que não
são inteiramente abertas, mas não são conduzidas por muitas questões
preestabelecidas. Baseia-se apenas em uma ou poucas questões iguais, quase
sempre abertas, nem todas as perguntas elaboradas são utilizadas durante a
realização da entrevista, pode-se ainda introduzir outras questões que surgem de
acordo com o que acontece no processo em relação às informações que se deseja
obter.
Estratégia: é o plano de ações coordenadas a longo alcance no tempo e no
espaço, com foco no ambiente, o qual propicia a compreensão e o condicionamento
da ação em todas as atividades, MAcCRIMMON (1993).
Estratégia como plano: é o curso de ação conscientemente intencionado para lidar
com a situação. É realizada com antecedência às ações as quais é aplicada e
desenvolvida propositadamente. Enfoca como os líderes tentam direcionar a
organização para adequá-la a cursos de ações pré-determinadas, MINTZBERG
(1991).
Estratégia como manobra: pode ser considerada como um movimento de um jogo,
uma manobra específica com o propósito de desencorajar o competidor ou
oponente. A real estratégia é a ameaça. Conduz à esfera da competição direta,
onde truques e manobras são empregados para obter vantagem, MINTZBERG
(1991).
98
Estratégia como padrão: é um modelo ou padrão no qual fluem as ações,
englobando o resultado de um comportamento, sendo ele intencionado ou não.
Pode imputar uma intenção nesta consistência comportamental, ou seja, assume-se
que existe um plano atrás de um padrão. O foco é na ação, não levando em
consideração o comportamento. A estratégia como plano e como padrão são
independentes, o plano pode não ser realizado enquanto padrões podem surgir sem
pré-concepções, MINTZBERG (1991).
Estratégia como posição: toma-se a força de medição, o elo entre a organização e
o ambiente, ou seja, entre o contexto interno e externo. Refere-se ao
posicionamento no ambiente competitivo, encorajando a organização a encontrar a
sua posição e protegê-la de forma a enfrentar a competição, evitá-la ou subvertê-la.
Uma posição pode ser pré-selecionada planejada e/ou pode ser atingida por meio
de um modelo de comportamento, MINTZBERG (1991).
Estratégia como perspectiva: esta definição volta-se para dentro de uma
organização empresarial, onde o conteúdo não consiste apenas na escolha de uma
posição, mas na maneira arraigada do estrategista perceber o mundo. Torna-se o
comprometimento como certas maneiras de agir e responder. Sugere acima de
tudo, que a estratégia é um conceito, abstrações que existem apenas nas mentes
das pessoas interessadas. Entretanto, esta perspectiva é compartilhada pelo
membros da organização empresarial, através de suas intenções e/ou ações,
MINTZBERG (1991). Estrutura: vem a ser o conjunto ordenado e hierarquizado das partes constitutivas
de uma entidade.
Etnocêntricas: categoria de empresas multinacionais segundo PERLMUTTER.
Refere-se a uma abordagem sobre o domínio do país de origem, fundamental ao
modelo do laboratório centralizado.
99
EUA: Estados Unidos da América.
“F”
Fábrica Pilotada: tipo de fábrica que segue as orientações das fábricas piloto em
nível de evolução e/ou modificação de peças.
Fábrica Piloto: pioneira no lançamento do produto, detentora dos conhecimentos
técnicos e das evoluções e/ou modificações de peças.
Funcionamento: o conjunto das funções ou atribuições, ou então, a interação e a
interdependência entre essas partes constitutivas, bem como o relacionamento
entre todo o conjunto e o meio externo.
“G”
GATT: General Agreement for Trades and Tarifs Geocêntricas: categoria de empresas multinacionais segundo PERLMUTTER.
Identifica as empresa que desenvolvem um estilo cosmopolita e integrado,
semelhante ao transnacional.
Gerência de projetos: definição segundo Project Management Institute – PMI HQ
Minas Gerais. É a aplicação de conhecimentos, habilidades, e técnicas para projetar
atividades que visem atingir os requerimentos do projeto. Gerenciamento de projetos: é a repetida execução de cinco atividades: planejar,
reorganizar, integrar, medir e revisar - até que sejam alcançados os objetivos do
projeto. MEILLIR, P.J (1990, p.83) Gerente: que ou quem gere ou administra negócios, bens ou serviços.
Gestão de projeto: é a reunião de pessoas, sistemas e técnicas para se alcançar
com sucesso os objetivos previamente traçados. Ap. CASAROTTO, N. et all. (1999)
100
Gráficos: são figuras que servem para a representação de dados.
“H”
“I”
IDE: Investimento Direto no Exterior.
Input: entrada.
Insumo: é tudo aquilo que é fornecido ao processo.
Integrar: é manter a unidade e a livre operação da estrutura de recursos,
principalmente os elementos humanos, durante a real execução do planejamento.
MEILLER, P.J. (1990
“J”
“K”
“L”
Lead: categoria de empresas no exterior segundo FERDOWS (1997). Essa
categoria de fábrica é conhecida por ter a habilidade e o conhecimento de inovar e
criar novos produtos, processos e novas tecnologias para a empresa.
“M”
Medir: é obter uma contínua realimentação sobre o andamento do que foi
planejado. MEILLER, P.J. (1990) Meio ambiente: é a circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo ar,
água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações.
101
MCE: Mercado Comum Europeu.
Mercosul: Mercado Comum do Sul.
Método: é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior
segurança e economia, permite alcançar o objetivo - conhecimentos válidos e
verdadeiros -, traçando um caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as
decisões do cientista. Método científico: é a teoria das investigações. Método comparativo: é usado tanto para comparações de grupos no presente, no
passado, ou entre os existentes e os do passado, quando entre sociedades de igual
ou de diferentes estágios de desenvolvimento.
Metodologia: trata-se de um processo altamente interativo, muitas vezes partindo-
se de concepções abstratas para elaborar proposições cada vez mais substanciais,
mais harmônicas, em detalhamentos sucessivos, determinando todos os passos a
executar, até que o trabalho possa ser cristalizado em um documento que seja um
roteiro seguro a ser implementado e corrigido quando necessário.
“N”
“O”
Observação: conceito por um prisma científico, como sendo não apenas uma das
atividades mais difusas na vida diária; é também um instrumento básico de pesquisa
científica. Observação não participante: é o exame minucioso ou a mirada atenta sobre um
fenômeno no seu todo ou em algumas de suas partes; é a captação precisa do
objetivo examinado. Onde pode-se dizer que a observação sob algum aspecto, é
imprescindível em qualquer processo de pesquisa científica, pois ela tanto pode
102
conjugar-se a outras técnicas de coleta de dados como pode ser empregada de
forma independente e/ou exclusiva.
Offshore: categoria de empresas no exterior segundo FERDOWS (1997). Essa
categoria de fábrica é conhecida por se estabelecer o acesso ao ganho, através dos
baixos salários ou outros fatores que integram o baixo custo de produção, através
da produção de específicos itens a baixo custo.
Organizar: consiste em dispor as coisas, os meios materiais e as pessoas e em
estabelecer a maneira de interação, de modo a constituir uma entidade pronta para
funcionar com vistas a um objetivo determinado.
Organizar: é fazer o levantamento dos recursos necessários para por em prática o
trabalho especificado no planejamento numa estrutura eficaz. MEILLIR, P. J. (1990)
Outpost: categoria de empresas no exterior segundo FERDOWS (1997). Essa
categoria de fábrica é conhecida por desenvolver ou melhor, por estabelecer
primeiramente o ganho ao acesso ao conhecimento e à habilidade que a empresa
necessita.
Output: saída.
“P”
P&D: Pesquisa e Desenvolvimento.
PED: Países em Desenvolvimento.
Perguntas fechadas com alternativas dicotômicas: são aquelas perguntas que não geram dúvidas entre ou mais alternativas, e que não podem ter o mesmo significado exemplo: Sim - Não; Verdadeiro - Falso; Certo - Errado. Pesquisa: é a busca sistematizada de conhecimentos científicos ou tecnológicos,
conforme ela se situe na área da ciência ou da tecnologia.
103
Pesquisa científica, pura, básica ou fundamental: quando não é motivada por
qualquer aplicação prática.
Pesquisa aplicada ou tecnológica: quando visa a resultados objetivos ou
resolução de problemas.
Planejar: é estabelecer subobjetivos claros e detalhados que serão alcançados
entre a situação atual e o objetivo final, juntamente com uma definição do trabalho
necessário para alcançar esses subobjetivos. MEILLIR, P. J. (1990)
Planejamento: é o processo que visa ao estabelecimento, com antecedência das
decisões e ações a serem executadas em um dado futuro, para atingir um objetivo
definido. Planejamento estratégico: é o processo gerencial que possibilita ao executivo
estabelecer o rumo a ser seguido pela empresa, com vista a obter um nível de
otimização na relação empresa com o seu ambiente. Plano: documento que consubstancia as decisões, tomadas em um determinado
momento e em um dado nível, e que visa a consecução de objetivos finais e serem
alcançados em determinado período, onde o resultado ou produto obtido é o
planejamento.
Policêntricas: categoria de empresas multinacionais segundo PERLMUTTER.
Descrevem empresa que tratam cada subsidiária de acordo com o país em que ela
se encontra, abordagem semelhante ao modelo de federação descentralizada.
Processador: é qualquer parte interna do processo que desempenha estas ações.
Processamento: o conjunto de ações que realizam as transformações dos insumos
em produtos ou resultados.
104
Processo: é um conjunto de recursos e atividades inter-relacionadas (os
subprocessos) que transformam insumos em produtos ou resultados.
Processo de tropicalização ou nacionalização de componentes: é o projeto de
fabricação de um bem produtivo, que tem sua produção em fábricas de vários
países, destinada a consumidores de diferentes culturas, sendo que o produto tem
que ser único, respeitando a documentação exigida pela matriz, podendo e devendo
sofrer as adaptação para os diferentes países, consequentemente adequando-se as
necessidades dos mercados locais.
Programa: refere-se a um conjunto de projetos e atividades inter-relacionadas,
constituindo um empreendimento de razoável vulto, geralmente compreendendo a
concepção, o desenvolvimento e a produção de um sistema formado por um
produto e seus serviços associados, não necessariamente integrante de um plano.
Projeto: segundo FERREIRA, A B.(1986 p. 1144), diz que o termo projeto, vem do
latim “Projectu”, que significa “Lança para diante”, ou seja, “idéia que se forma
executar ou realizar algo no futuro: plano, intento, desígnio”: “empreendimento a ser
realizado dentro de determinado esquema”. E mais ainda: “redação ou esboço
preparatório ou provisório de um texto”: “esboço ou risco de obra a ser realizar” e no
campo da arquitetura, “plano geral de edificação”.
Projeto: definição segundo Project Management Institute – PMI HQ Minas Gerais.
São críticos para a realização da estratégia de negócios da organização por que
projetos são os meios pelos quais as estratégias são implementadas.
Projeto: para VALERIANO, D. L. (1987 P. 18), entretanto, ao se evoluir das
intenções para a ação, o termo projeto passou a designar também o conjunto dos
esforços que visam a realização do projeto/intento, do projeto/esboço ou do
projeto/desígnio, etc. ou seja, o termo projeto passa a abranger também a fase de
execução daquilo que foi imaginado, desejado ou delineado, compreendendo um
número, às vezes extremamente grande, de tarefas interligadas e de complexidades
105
variáveis. E mais, o projeto, assim entendido, passa a incorpora os meios que lhe
foram destinados para a sua execução: escritório, gerente, equipe, materiais etc. o
projeto em uma acepção ampla, passa a ser uma organização, ainda que transitória:
tem estrutura, regras de funcionamento, objetivo, gerência, equipe, insumos etc.
Projeto: é o conjunto das ações, executadas de forma coordenada por organização
transitória, ao qual são alocados os insumos necessários para, em um dado prazo,
alcançar um objetivo determinado.
Projeto: para Ap. CASAROTTO, N. (1999) o projeto pode ser caracterizado por um
conjunto de atividades interrelacionadas visando um objetivo comum. Caracteriza-se
ainda por ser executado dentro de uma determinado prazo e conforme um custo
previamente estimado.
“Q”
“R”
Revisar: é modificar o plano, a organização e, possivelmente, os objetivos para
acomodar as discrepâncias reveladas pela medição. MEILLER, P.J. (1990)
“S”
Server: categoria de empresas no exterior segundo FERDOWS (1997). Essa
categoria de fábrica é conhecida por utilizar seus específicos fornecedores nacionais
ou seus fornecedores do mercado regional.
Serviço: segundo ABNT. NBR I S O 8402 (1993 p.3), define serviço como sendo o
resultado gerado por atividades na interface do fornecedor/cliente, e por atividades
internas do fornecedor para atender as necessidades do cliente, sendo que o
fornecedor ou cliente podem ser representados na interface por pessoas ou
equipamentos.
106
Sistema: é o conjunto de partes, elementos ou componentes inter-relacionados
(subsistemas e/ou processos) e que visa à realização de determinados objetivos ou
efeitos situados no meio exterior ou no ambiente em que está inserido.
Software: Termo utilizado para dizer programa de informática.
Source: categoria de empresas no exterior segundo FERDOWS (1997). Essa
categoria de fábrica também é conhecida por se estabelecer o acesso ao ganho,
através dos baixos custos de produção, porém, diferenciando-se da fábrica do tipo
Öffshore” no que diz respeito ao domínio e conhecimento no desenvolvimento de
suas peças destinando-as para os mercados globais.
Staff: é a função de assessoramento às relações de linha de uma organização.
“T”
Tabelas ou Quadros: método estatístico sistemático, de apresentar os dados em
colunas verticais ou fileiras horizontais, que obedece à classificação dos objetos ou
materiais da pesquisa. Técnicas de pesquisa: são um conjunto de preceitos ou processos que se serve
uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou normas, a parte
prática. Tecnologia: é o conjunto ordenado de conhecimentos científicos, técnicos, empírico
e intuitivos empregados no desenvolvimento, na produção, na comercialização e na
utilização de bens e serviços. Tratamento dos dados: é definido como sendo um grande variedade de métodos
estatísticos que podem ser utilizados no tratamento dos dados atinentes à questão
ou tema de dissertação de mestrado “U”
108
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
1) ABNT. NBR I S O 8402. Gestão da Qualidade e Garantia da Qualidade - Terminologia Rio de Janeiro, 1993
2) ABNT. NBR I S O 14001. Sistema de Gestão Ambiental - Especificações e diretrizes para o uso Rio de Janeiro, 1996
3) ANSOFF, H. I. Strategic Management of Technology - The Journal of
Business Strategy: Vol.7 number 3 p.28-39, Winter, 1987
4) ANSOFF, H. I. Estratégia Empresaria Tradução Antônio Zoratto San-
Vicente revisão técnica Eduardo Vasconcellos e Jacques Marcovitch
São Paulo: McGraw-Hill, 1977
5) AQUINO, C. P.de Administração de Recursos Humanos: uma introdução. São Paulo: Atlas, 1992
6) BARDIN, L. Análise de Conteúdo 70 ed. Lisboa Portugal: 1979
7) BARTLETT, C. A; GHOSHAL, S. Gerenciando Empresas no Exterior, A Solução Transnacional. Tradução Maria Cláudia Santos R. Ratto,
revisão técnica Carlos Osmar Bertero 2.ed.São Paulo Makron Books,
1992
8) BIREME/OPSA/OMS. Citação de referências e documentos eletrônicos. Disponível em: http://www.bireme.br/bvs/adolec> Acesso em: 12 nov. 2002.
9) BUNGE, M. Epistemologia: curso de atualização, QUEIROZ, T. A. EDUSP São Paulo, 1980
10) CANUTO, O. O Investimento Direto Externo e Restruturação Industrial. .Texto para discussão Campinas São Paulo: n.27, 1993
11) CASAROTTO Filho, N., FAVERO, J. S., CASTRO, J. E.E. Gerência de Projetos: Engenharia Simultânea. São Paulo: Atlas, 1999
12) CERVO, A. L. e BERVIAN, P.A Metodologia Ceintífica. . 3.ed.São Paulo: McGraw-Hill, 1983
109
13) CHIAVENATO, I. Manual de Reengenharia Um Guia para reinventar e
Humanizar a sua Empresa com a Ajuda das Pessoas. 2.ed.São
Paulo: Makron Books, 1995
14) CLELAND, D. I., KING, W. R. Análise de sistemas e Administração de Projetos. São Paulo: Pioneira, 1978
15) CLETO, M. G. Proposta de Estruturação da transferência de Tecnologia Intra-Firma para Produção no Exterior em Empresa Brasileira: Caso da Metal Leve S.A. Florianópolis,1996. Tese de
Doutorado, Universidade Federal de Santa Catarina.
16) DAVIS, K. e NEWSTROM, J. W. Comportamento Humano no Trabalho: administração e negócio. 1.ed.São Paulo: Pioneira, 1992
17) ENRIQUEZ, E. O Indivíduo preso na armadilha da estrutura estratégica R A E São Paulo: v.37, n.37, n.1, p.18-29, jan/mar, 1997
18) FACHIN, O. Fundamentos de Metodologia
São Paulo: Atlas, 1993
19) FERDOWS, K. - Making the Most of Foreign Factories. Harvard
Bussiness Review: p. 73-88, April, 1997
20) FERREIRA, A. de H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2 ed. São
Paulo: Nova Fronteira, 1986
21) GIBSON, J. L., IVANCEVICH, J. M. e DONNELLY Jr, J. H.
Organizações: comportamento, estrutura, processo. São Paulo:
Atlas, 1981
22) Apud
GLUECK, W. F. e JAUCH, L. R. Business Policy and strategic management New York: 1984
23) GONZALES, J. C. S. e MIGUEL, P.A C.- Uma Contribuição à Interpretação da QS 9000. p.1-8, Piracicaba - São Paulo: 1998
24) GURGEL, F. C. A. Administração do Produto. 1.ed.São Paulo: Atlas,
1995
25) LAKATOS, E. M. e MARCONI, M. de A. Fundamentos de Metodologia
110
Científica. 3.ed. revisão e ampl.-- São Paulo Atlas, 1991
26) LEITE, J. A. A. Metodologia de Elaboração de Teses. São Paulo McGraw-Hill, 1978
27) (LEVITT, T. pg. 09) BARTLETT, C. A; GHOSHAL, S. Gerenciando Empresas no Exterior, A Solução Transnacional. Tradução Maria
Cláudia Santos R. Ratto, revisão técnica Carlos Osmar Bertero 2.ed.São
Paulo Makron Books, 1992
28) MAcCRIMMON, K. R. Do firm strategies exist? Strategic Management Journal, v.14, p.113-130, 1993.
29) MARTINS, G. de A. Manual para elaboração de monografias: trabalhos acadêmicos, projetos de pesquisa, relatórios de pesquisa, dissertações, 50 resumos de dissertações. São Paulo: Atlas, 1990
30) MARTINS, G. de A. e LINTZ A Guia para elaboração de Monografias e Trabalhos de Conclusão de Curso
São Paulo: Atlas, 2000
31) MATTAR, F. N. Pesquisa de Marketing Metodologia e Planejamento
3 ed. São Paulo: Atlas, 1996
32) McCORMICK, E. J. e TIFFIN, J. Psicologia Industrial 1.ed. São Paulo - EPU, 1977
33) MEILLIR, P.J. Gerenciamento de Projetos Tradução Tânia Mara Salviati, revisão técnica Sílvio Carmo Palmiere
São Paulo: McGraw-Hill, 1990
34) MIDLER, C. O Automóvel que não Existia Gestão de Projetos e Transformação da Empresa. Tradução Teresa Lopes e Lemos de
Azevedo 1.ed.Lisboa Portugal: Monitor, 1995
35) NEVES, C. A R. S. O Brasil e o Futuro: Linhas para uma Presença do Brasil na Vida Internacioal. Política Externa V.1, n.4, março 1993
111
36) OLIVEIRA, D. de P. R. de Estratégia Empresarial: uma aboragem
empreendedora São Paulo: Atlas, 1988
37) (PERLMUTTER, pg. 81) BARTLETT, C. A; GHOSHAL, S. Gerenciando Empresas no Exterior, A Solução Transnacional. Tradução Maria
Cláudia Santos R. Ratto, revisão técnica Carlos Osmar Bertero 2.ed.São
Paulo Makron Books, 1992
38) PORTER, M. E. Estratégia Competitiva: Técnica para análise de Indústrias e da Concorrência. Tradução de Elizabeth Maria de Pinto
Braga; revisão técnica Jorge A Garcia Gomes .5.ed.Rio de Janeiro:
Campus, 1991
39) PORTER, M. E. Vantagens Competitiva: Criando e Sustentando um Desempenho Superior. Tradução de Elizabeth Maria de Pinto Braga;
revisão técnica Jorge A Garcia Gomes .3.ed.Rio de Janeiro: Campus,
1990
40) QUINN, J. B. Strategies for Change. IN: The strategy concept. NJ: Prentice-Hall, 1991
41) REIS, J. R. et al .Manual de Engenharia de Sistemas e Projetos 1.ed.Rio de Janeiro - Petrópolis: Vozes, 1980
42) RICHARDSON, R. J. Pesquisa Social: métodos e técnicas São Paulo: Atlas, 1989
43) RODRIGUES, M. V. Ritos & Excelência nas Empresas. 1.ed.Rio de
Janeiro - Petrópolis: Vozes, 2002
44) SAMARA, B. S. e BARROS, J. C. Pesquisa de Marketing Conceitos e Metodologia 2 ed. São Paulo: Makron Books, 1997
45) SAMPIERI, R. H., COLLADO, C. F. e LUCIO, P. B. Metodologia dela Investigatión Rio de Janeiro: McGraw-Hill, 1994
46) SCOLNICK, E. M. Basic Research and its Impact on Industrial R&D. Research Technology Management. nov/dez. p. 21-26, 1990
112
47) Apud
SELLTIZ, et all. Métodos de Pesquisa nas Relações Sociais São Paulo: EPU, 1974
48) Apud
SHTUB, A, BARD, J. F., GLOBERSON, S. Project Management: engineering, technology, implementation Englewood Cliffs N. J: Prentice Hall, 1994
49) TOURAINE, A. Um Mundo em Pedaços Tradução de José Marcos
Macedo, Folha de São Paulo, Mais!, São Paulo, Agosto 1995
50) TRIVIÑOS, A. N. S. Introdução à Pesquisa em ciências sociais - a pesquisa qualitativa em educação São Paulo: Atlas, 1987
51) TUBINO, D. F. Sistema de Produção A Produtividade no Chão de Fábrica. 1.ed.Porto Alegra: Bookman, 1999
52) UFPR. S. de B. Normas para Apresentação de Documentos Científicos 2: teses, dissertações, monografias e trabalhos acadêmicos ed. Curitiba, 2000
53) UFPR. S. de B. Normas para Apresentação de Documentos Científicos 6: referências ed. Curitiba, 2000
54) UFPR. S. de B. Normas para Apresentação de Documentos Científicos 7: citações e notas de rodapé ed. Curitiba, 2000
55) UFPR. S. de B. Normas para Apresentação de Documentos Científicos 8: redação e editoração ed. Curitiba, 2001
56) UFPR. S. de B. Normas para Apresentação de Documentos Científicos 9: tabelas ed. Curitiba, 2000
113
57) UFPR. S. de B. Normas para Apresentação de Documentos
Científicos 10: gráficos ed. Curitiba, 2001
58) VALERIANO, D. L. Gerência em Projetos 1 ed. São Paulo: Makron
Books, 1998
59) VIEIRA, D. R, GASNIER, D. G. et al. Gerência de Projetos - Seminário Internacional. Curitiba: 1998
60) WOMACK, J. P.; JONES, D. T. e ROOSM D. A Máquina que Mudou o Mundo. Tradução Ivo Korytowski revisão técnica e apêndice José
Roberto Ferro 2.ed.Rio de Janeiro: Campus, 1992
61) WOMACK, J. P. e JONES, D. T. A Mentalidade Enxuta nas Empresas. Tradução Ana Beatriz Rodrigues e Priscilla Martins Celeste revisão
técnica José Roberto Ferro 1.ed.Rio de Janeiro: Campus, 1998
62) YIN, R. K. Case Study Research: design and methods Beverly Hills: Sage, 1987
114
APÊNDICE 1:
Questionário para conhecer o problema em comum entre as empresas
multinacionais automotivas.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
PESQUISA DE CAMPO PRELIMINAR - 1º QUESTIONÁRIO
Instruções: Este questionário aborda a questão da gestão de projeto aplicado aos produtos que estão em processo de tropicalização ou nacionalização de componentes, voltados à linha de produção. Como por exemplo, uma peça que destina-se a aplicação em um determinado posto de trabalho da linha de montagem, sendo que para isso, deve-se desenvolver fornecedores locais e consequentemente, o mercado local. Por favor responda todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser a primeira escolha. Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Estou querendo através deste questionário conhecer um problema em comum, que ocorre durante um processo de nacionalização ou tropicalização de componentes, com as empresas que este trabalho destina-se a estudar. Forma de preenchimento: Este questionário é composto por questões fechadas do tipo dicotômicas, isto é, perguntas com respostas SIM ou NÃO, e tem um escalonamento tipo “Likert” que varia de 1 à 7, sendo que o número 7 corresponde a “conheço totalmente” e o número 1 corresponde a “desconheço totalmente”, que serve para avaliar o seu grau de intensidade (alto ou baixo), referente ao conhecimento do processo em questão.
115
Por exemplo: 1) Você conhece as regras do processo de nacionalização ou tropicalização de
componentes de sua empresa?
SIM
NÃO
conheço totalmente
desconheço totalmente
:____:
7
:____:
6
:____:
5
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4
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3
:____:
2
:____:
1
Você deve marcar com um “X” a resposta que melhor corresponde a sua realidade e no que realmente está acontecendo para a realização do processo de tropicalização ou nacionalização de componentes, voltados à linha de produção. Em seguida, você deve indicar qual o seu grau de intensidade nos números que variam de “7” a “1”, marcando com “X” a opção desejada. Por favor, leia cada questão e em caso de dúvidas, solicite a pessoa que estiver aplicando o questionário um esclarecimento. Ao fim do questionário, terá um campo de comentários que você pode colocar sua opinião suplementar sobre a questão que desejar.
116
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Questionário:
Nome:____________________________________________ Função:___________________________________________ Setor que trabalha:__________________________________ Tempo que trabalha na empresa:______________________ A) Conhecimentos Gerais 1) Você conhece a estrutura organizacional do setor ou da equipe, time ou algo
do gênero de gestão de projeto de sua matriz (engenharia ou logística central) ou de outro setor do grupo de sua empresa responsável pela a tropicalização ou nacionalização de componentes?
SIM
NÃO
conheço totalmente
desconheço totalmente
:____:
7
:____:
6
:____:
5
:____:
4
:____:
3
:____:
2
:____:
1
2) Você conhece as regras do processo de nacionalização ou tropicalização de
componentes de sua empresa?
SIM
NÃO
conheço totalmente
desconheço totalmente
7
:____:
6
:____:
5
:____:
4
:____:
3
:____:
2
:____:
1
:____:
117
3) Você conhece as pessoas responsáveis ou os interlocutores que executam
nacionalização ou tropicalização de componentes da matriz ou de outros setores responsáveis de outras fábricas do grupo de sua empresa, por esse processo?
SIM
NÃO
conheço totalmente
desconheço totalmente
:____:
7
:____:
6
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5
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4
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3
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2
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1
4) Você tem um bom relacionamento com os responsáveis ou interlocutores que
executam nacionalização ou tropicalização de componentes da matriz ou de outros setores responsáveis de outras fábricas do grupo de sua empresa, por esse processo?
SIM
NÃO
conheço totalmente
nenhum conhecimento
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7
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6
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5
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4
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3
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2
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1
5) Atualmente você está trabalhando em uma tropicalização ou nacionalização de
componentes, através de uma evolução e/ou modificação?
SIM
NÃO
trabalho totalmente
não trabalho
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7
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6
:____:
5
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4
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3
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2
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1
118
B) Funcionamento ou Método de Trabalho 1) Você conhece o método de trabalho ou o funcionamento que a sua matriz ou
outra fábrica do grupo que coordena um projeto, realiza para administrar a gestão de projeto?
SIM
NÃO
conheço totalmente
desconheço totalmente
:____:
7
:____:
6
:____:
5
:____:
4
:____:
3
:____:
2
:____:
1
2) Você recebe as informações necessárias para realizar um processo de gestão
de projeto voltado para nacionalização ou tropicalização de componentes de sua matriz ou de outro setor responsável por tal atividade em sua empresa?
SIM
NÃO
recebe totalmente
não recebe
:____:
7
:____:
6
:____:
5
:____:
4
:____:
3
:____:
2
:____:
1
3) Você conhece a situação de evolução e/ou modificação de um componente
pertencente ao seu perímetro de desenvolvimento?
SIM
NÃO
conheço totalmente
desconheço totalmente
:____:
7
:____:
6
:____:
5
:____:
4
:____:
3
:____:
2
:____:
1
119
4) Você conhece o modo que é processado o controle da gestão de projeto na
tropicalização ou nacionalização de componentes, na matriz ou em sua fábrica?
SIM
NÃO
conheço totalmente
desconheço totalmente
:____:
7
:____:
6
:____:
5
:____:
4
:____:
3
:____:
2
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1
5) Você acredita nos critérios de evolução e/ou modificação utilizados pela matriz
ou por outra fábrica do grupo?
SIM
NÃO
acredito totalmente
não acredito
:____:
7
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6
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5
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4
:____:
3
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2
:____:
1
C) Problema 1) Você concorda que existam problemas de comunicação ou outros tipos de
problemas entre a matriz e as filias do grupo, para realizar uma evolução e/ou modificação de um componente, destinado para a linha de montagem?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
:____:
7
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6
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5
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4
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3
:____:
2
:____:
1
120
2) Você conhece algum problema ou falha relacionado a ma administração na
implementação de um componente nacionalizado? Qual?
SIM
NÃO
conheço totalmente
desconheço totalmente
:____:
7
:____:
6
:____:
5
:____:
4
:____:
3
:____:
2
:____:
1
3) Você concorda que todas as evoluções e/ou modificações de componentes
sugeridas pela matriz ou por outra fábrica do grupo que responde pela coordenação do projeto, são viáveis para sua fábrica?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
:____:
7
:____:
6
:____:
5
:____:
4
:____:
3
:____:
2
:____:
1
121
4) Você concorda que o problema de falta de peça nacional ou da não
possibilidade de montagem dessa peça em um componente que evoluiu por solicitação da matriz na linha de montagem, é um problema de gerenciamento das ações em todo processo de gestão de projeto voltado para tropicalização ou nacionalização de componentes?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
:____:
7
:____:
6
:____:
5
:____:
4
:____:
3
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2
:____:
1
5) Você concorda que outros departamentos de sua fábrica devam participa do
processo de tropicalização ou nacionalização de componentes? Quais departamentos?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
:____:
7
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6
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5
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4
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3
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2
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1
Comentários:
122
APÊNDICE 2:
Questionário para avaliar o modelo proposto a gestão de projeto que consequentemente sustentará a metodologia proposta para um processo de nacionalização ou tropicalização de componentes de empresas automotivas multinacionais em PED, que este trabalho destina-se estudar.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
AVALIAÇÃO DA PROPOSTA - 2º QUESTIONÁRIO
Instruções: Este questionário busca avaliar através da sua experiência, a capacidade gerencial do modelo proposto da dissertação, o problema encontrado na questão da gestão de projeto aplicado aos produtos que estão em processo de tropicalização ou nacionalização de componentes, voltados à linha de produção. O modelo proposto de três níveis da dissertação, podem ser consultado no Capítulo 4, para auxiliá-lo no preenchimento. Por favor responda todas as questões. Se você não tem certeza sobre que resposta dar em uma questão, por favor, escolha a que lhe parece mais apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser a primeira escolha. Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Estou querendo através deste questionário avaliar o modelo proposto para a gestão de projeto que consequentemente sustentará a metodologia proposta para um processo de nacionalização ou tropicalização de componentes com as empresas que este trabalho destina-se a estudar. Forma de preenchimento: Este questionário é composto por questões fechadas do tipo dicotômicas, isto é, perguntas com respostas SIM ou NÃO, e tem um escalonamento tipo “Likert” que varia de 1 à 7, sendo que o número 7 corresponde a “concordo totalmente” e o número 1 corresponde a “discordo totalmente”, que serve para avaliar o seu grau de intensidade (alto ou baixo), referente ao conhecimento do processo em questão.
123
Por exemplo: 1) Você conhece as regras do processo de nacionalização ou tropicalização de
componentes de sua empresa?
SIM
NÃO
conheço totalmente
desconheço totalmente
:____:
7
:____:
6
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5
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4
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3
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2
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1
Você deve marcar com um “X” a resposta que melhor corresponde a sua realidade e no que realmente está acontecendo para a realização do processo de tropicalização ou nacionalização de componentes, voltados à linha de produção. Em seguida, você deve indicar qual o seu grau de intensidade nos números que variam de “7” a “1”, marcando com “X” a opção desejada. Por favor, leia cada questão e em caso de dúvidas, solicite a pessoa que estiver aplicando o questionário um esclarecimento. Ao fim do questionário, terá um campo de comentários que você pode colocar sua opinião suplementar sobre a questão que desejar.
124
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ
Questionário:
Nome:____________________________________________ Função:___________________________________________ Setor que trabalha:__________________________________ Tempo que trabalha na empresa:______________________ A) Funcionamento e Aplicação 1) Você concorda que o modelo de funcionamento de gerenciamento de projeto,
deve ter sua estrutura mais enxuta?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
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7
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6
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5
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4
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3
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2
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1
2) Você concorda que para o funcionamento das etapas descritas no modelo
proposto de três níveis, devem ser realizadas?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
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7
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6
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5
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4
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3
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2
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1
125
3) O fator comunicação entre os três níveis existentes no modelo proposto é
coerente?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
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7
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6
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5
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4
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3
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2
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1
4) O fator funcionamento no modelo de três níveis pode levar a correta aplicação
de uma modificação ou evolução de um componente que esteja no processo de tropicalização ou nacionalização?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
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7
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6
:____:
5
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4
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3
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2
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1
5) O fator planejamento, controle dos dados e acompanhamento das etapas do
modelo de três níveis, devem ser centralizadas?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
:____:
7
:____:
6
:____:
5
:____:
4
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3
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2
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1
126
6) O fator responsabilidade de cada colaborador dentro do seu respectivo nível,
dentro do modelo de três níveis, deve ser respeitada?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
:____:
7
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6
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5
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4
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3
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2
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1
7) É importante definir os papéis, (atividades das tarefas ou ações das tarefas),
de todos colaboradores dentro do modelo de três níveis? Exemplo: Quem faz o quê?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
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7
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4
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3
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2
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1
8) Para o Primeiro Nível: as reuniões semanais são necessárias?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
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7
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5
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2
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1
127
9) Para o Segundo Nível: as reuniões estratégicas são necessárias?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
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5
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3
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1
10) Para o Terceiro Nível: é coerente a estrutura de reuniões que o modelo de
três nível utiliza?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
:____:
7
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6
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5
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4
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3
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2
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1
11) Você concorda que a boa interação entre os três níveis é um fator positivo, na
aplicação de uma modificação ou evolução de um componente que esteja no processo de tropicalização ou nacionalização?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
:____:
7
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6
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5
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4
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3
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2
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1
128
12) Você concorda que o fator treinamento dado para um operador é um fator
positivo, na aplicação de uma modificação ou evolução de um componente que esteja no processo de tropicalização ou nacionalização?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
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7
:____:
6
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5
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4
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3
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2
:____:
1
13) Você concorda que o desenvolvimento de fornecedores locais é uma tarefa
difícil para o Setor de Compras?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
:____:
7
:____:
6
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5
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4
:____:
3
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2
:____:
1
14) Você concorda que para o bom desenvolvimento de fornecedores locais o
Setor de Compras deva interagir com outros setores envolvidos para uma correta escolha?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
:____:
7
:____:
6
:____:
5
:____:
4
:____:
3
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2
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1
129
15) Você concorda que o controle de estoque, realizado através de inventários, é
um fator positivo, na aplicação de uma modificação ou evolução de um componente que esteja no processo de tropicalização ou nacionalização?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
:____:
7
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6
:____:
5
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4
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3
:____:
2
:____:
1
16) Você concorda que este modelo de três níveis é um modelo aplicável, dentro
do processo de tropicalização ou nacionalização de componentes?
SIM
NÃO
concordo totalmente
discordo totalmente
:____:
7
:____:
6
:____:
5
:____:
4
:____:
3
:____:
2
:____:
1
17) Quais seriam os requisitos fundamentais para a correta aplicação deste
modelo de três níveis dentro das empresas multinacionais? ( ) Assegurar que o componente ou peça será aplicado corretamente
respeitando a data de aplicação acordada entre todos os colaboradores envolvidos na reunião semanal;
( ) Assegurar que o fornecedor local tem um nível de qualidade e preço compatível com o preço do mesmo componente importado;
( ) Assegurar que a comunicação entre os três níveis do modelo proposto funciona;
( ) Assegurar que a estratégia de modificação ou evolução tomada pela Fábrica Pilotada deste componente é adequada e não interfere na estratégia mundial da empresa;
( ) Outros; quais?_________________________________________________ _____________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
131
APÊNDICE 3:
Para uma maior facilidade de entendimento da questão de estratégia de
empresa, comenta-se aqui alguns conceitos importantes:
a) Ciência, vem a ser o conjunto organizado dos conhecimentos relativos ao
universo, abrangendo seus fenômenos naturais, ambientais e
comportamentais.
b) Tecnologia é o conjunto ordenado de conhecimentos científicos, técnicos,
empíricos e intuitivos empregados no desenvolvimento, na produção, na
comercialização e na utilização de bens e serviços.
Entretanto ciência e tecnologia são conhecimentos classificados em áreas
arbitrariamente estabelecidas: A pesquisa, o desenvolvimento e a engenharia são
processos que essencialmente visam à obtenção e à utilização desse
conhecimentos. Logo, pesquisa é a busca sistematizada de conhecimentos
científicos ou tecnológicos, conforme ela se situe na área da ciência ou da
tecnologia, sendo chamada de:
� pesquisa científica, pura, básica ou fundamental, quando não é motivada
por qualquer aplicação prática;
� pesquisa aplicada ou tecnológica, quando visa a resultados objetivos.
Para SCOLNICK, E. M. (1990 p. 21-26), os resultados da pesquisa científica
têm sido a fonte de imediatos desdobramentos e de íntima conexão com as
pesquisas tecnológicas e o desenvolvimento industrial e outras vezes, seus
resultados têm sido retidos por se vislumbrarem aplicações imediatas e
importantes, seja pelas perspectivas industriais ou comerciais.
c) Desenvolvimento tecnológico, desenvolvimento experimental ou
simplesmente, desenvolvimento, é o uso sistemático de conhecimentos
científicos ou tecnológicos, geralmente alcançados por meio de pesquisa,
com finalidade de se obter novos produtos ou processos, isto é, bens ou
serviços, ou ainda, para alcançar significativo melhoramento daqueles já
existentes.
O desenvolvimento situa-se entre a pesquisa e a produção, sendo
geralmente interposto ainda mais um processo: a engenharia. Neste caso, o
desenvolvimento objetiva a viabilização de uma idéia ou concepção e sua
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materialização por meio de protótipos, modelos de laboratórios, instalações-piloto e
todos os experimentos que possibilitam passar-se à engenharia. Então, engenharia
por sua vez, consiste no planejamento, no projeto e na execução do
empreendimento que deverá originar um produto ou prestar um serviço, resultados
de desenvolvimento. Ela toma designações várias, conforme os setores que se
aplica: engenharia de sistemas, engenharia de produto, engenharia de processo,
engenharia de construção/montagem, engenharia de produção, engenharia de
qualidade, engenharia de “software” etc. Quando os trabalhos de pesquisa, de
desenvolvimento e de engenharia se acham organizados, cada um com o seu
objetivo, sua estrutura, seus insumos e seus produtos, eles são considerados,
respectivamente, como projeto de pesquisa, projeto de desenvolvimento e projeto
de engenharia.
d) Planejamento é o processo que visa ao estabelecimento, com
antecedência das decisões e ações a serem executadas em um dado
futuro, para atingir um objetivo definido. O resultado ou produto do
planejamento é um plano, o documento que consubstancia as decisões,
tomadas em um determinado momento e em um dado nível, e que visa a
consecução de objetivos finais a serem alcançados em determinado
período.
e) Metodologia, trata-se de um processo altamente interativo, muitas vezes
partindo-se de concepções abstratas para elaborar proposições cada vez
mais substanciais, mais harmônicas, em detalhamentos sucessivos,
determinando todos os passos a executar, até que o trabalho possa ser
cristalizado em um documento que seja um roteiro seguro a ser
implementado e corrigido quando necessário.
f) Programa refere-se a um conjunto de projetos e atividades inter-
relacionadas, constituindo um empreendimento de razoável vulto,
geralmente compreendendo a concepção, o desenvolvimento e a produção
de um sistema formado por um produto e seus serviços associados, não
necessariamente integrante de um plano.
g) Projeto: para VALERIANO, D. L. (1987 P. 18), entretanto, ao se evoluir
das intenções para a ação, o termo projeto passou a designar também o
conjunto dos esforços que visam a realização do projeto/intento, do
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projeto/esboço ou do projeto/desígnio, etc. ou seja, o termo projeto passa a
abranger também a fase de execução daquilo que foi imaginado, desejado
ou delineado, compreendendo um número, às vezes extremamente grande,
de tarefas interligadas e de complexidades variáveis. E mais, o projeto,
assim entendido, passa a incorporar os meios que lhe foram destinados
para a sua execução: escritório, gerente, equipe, materiais etc. o projeto em
uma acepção ampla, passa a ser uma organização, ainda que transitória:
tem estrutura, regras de funcionamento, objetivo, gerência, equipe, insumos
etc. ou assim dizendo, projeto é o conjunto das ações, executadas de forma
coordenada por organização transitória, ao qual são alocados os insumos
necessários para, em um dado prazo, alcançar um objetivo determinado.
h) Serviço: segundo ABNT. NBR I S O 8402 (1993 p.3), define serviço como
sendo o resultado gerado por atividades na interface do fornecedor/cliente, e
por atividades internas do fornecedor para atender as necessidades do
cliente, sendo que o fornecedor ou cliente pode ser representado na
interface por pessoas ou equipamentos.
i) Atividade por sua vez, é o conjunto de ações cujo resultado, em um dado
período, contribui para o atendimento de uma necessidade administrativa ou
operacional.
j) Controle é o processo que tem por objetivo ajustar o resultado, durante a
execução, com o planejamento, e que consiste no acompanhamento,
avaliação, decisão e retroalimentação.
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HENRIQUE XAVIER ANDRADE
PROPOSTA DE UM MODELO DE GESTÃO DE PROJETO PARA TROPICALIZAÇÃO DE COMPONENTES EM EMPRESA
AUTOMOTIVA MULTINACIONAL EM PAÍSES EM DESENVOLVIMENTO (PED).
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Gradução de Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Paraná para obtenção do grau de Mestre em Engenharia Orientador: Prof. Marcelo Gechele Cleto
CURITIBA,PR 2003