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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM
PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA
PROPOSTA DE PROTOCOLO DE DO-IN NO TRATAMENTO DAS CONSEQUÊNCIAS DO ESTRESSE EM AMBIENTES
ORGANIZACIONAIS
NAIANA SEEWALD
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PROPOSTA DE PROTOCOLO DE DO-IN NO TRATAMENTO DAS CONSEQUÊNCIAS DO ESTRESSE EM AMBIENTES
ORGANIZACIONAIS
Monografia apresentada ao Centro Integrado de Estudos e Pesquisas do Homem como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Acupuntura.
Florianópolis, janeiro de 2010
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CENTRO INTEGRADO DE ESTUDOS E PESQUISAS DO HOMEM PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM ACUPUNTURA
PROPOSTA DE PROTOCOLO DE DO-IN NO TRATAMENTO DAS CONSEQUÊNCIAS DO ESTRESSE EM AMBIENTES
ORGANIZACIONAIS Elaborada por NAIANA SEEWALD COMISSÃO EXAMINADORA:
_____________________________________________________ Profa. Luisa Regina Pericolo Erwig, MSC
Orientadora/ Presidente de banca
___________________________________________________________________ Prof. Marcelo Fabián de Oliva, Esp.
Membro de banca
_____________________________________________________________________ Profa. Analyce Claudino dos Santos, MSC
Membro de banca
Florianópolis, janeiro de 2010
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AGRADECIMENTOS
A minha grande amiga, mãe, professora e mestre que tanto amo e aos anjos que
vivo a encontrar pelo caminho.
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MENSAGEM
O vento é o mesmo: mas a resposta é diferente, em cada folha. Somente a
árvore seca fica imóvel, entre as borboletas e pássaros.
Cecília Meireles
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SUMÁRIO
RESUMO..................................................................................................................
ABSTRACT..................................... .........................................................................
1. INTRODUÇÃO................................................................................................10
2. REVISÃO DE LITERATURA........................... ...............................................11
2.1 O conceito de estresse...................................................................................11
2.2 Os estímulos estressores................................................................................12
2.3 As variáveis.....................................................................................................13
2.4 Os registros.....................................................................................................13
2.5 As três fases do estresse................................................................................14
2.6 Do-In – Medicina Tradicional Chinesa............................................................15
2.7 O Qi, a teoria Yin Yang e o Shen....................................................................16
2.8 A visão oriental do estresse............................................................................17
2.9 Os cinco elementos.........................................................................................18
2.9.1 As personalidades dos cinco elementos .....................................................19
2.9.2 O tipo yang do rim........................................................................................19
2.9.3 O tipo yang do fígado...................................................................................20
2.9.4 O tipo yang do coração................................................................................20
2.9.5 O tipo yang do baço.....................................................................................21
2.9.6 O tipo yang do pulmão.................................................................................22
3. METODOLOGIA DA PESQUISA.................... .................................................22
3.1 Tipo d pesquisa...............................................................................................22
3.2 Coleta de dados...............................................................................................23
3.3 Objetivo Geral..................................................................................................24
3.4Objetivos específicos........................................................................................24
3.5 Justificativa.......................................................................................................24
4. ANÁLISE DE DADOS................................ .....................................................25
4.1 Sugestão de Protocolo....................................................................................26
4.1.1 Os Acu pontos e a teoria Jing Luo.............................................................27
4.1.2 A unidade de medida –Tsun......................................................................27
4.1.3 Zusanli ou E36...........................................................................................27
4.1.4 Taiyuang ou P9..........................................................................................28
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4.1.5 Shenshu ou B23........................................................................................29
4.1.6 Sanyinjiao ou BP6......................................................................................28
4.1.7 Neiguan ou CS6.........................................................................................29
4.1.8 Yanglingquan ou VB34...............................................................................29
4.1.9 Taichong ou F3..........................................................................................30
4.1.10 A manipulação...........................................................................................30
5. CONCLUSÃO....................................... ...........................................................32
REFERÊNCIAS.....................................................................................................34
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RESUMO
Esta monografia apresenta uma proposta de protocolo baseada em pesquisa
acerca do estresse gerado em ambientes organizacionais. Foram citados os
possíveis estímulos estressores dentro de uma organização e descrita a eficácia dos
pontos de acupuntura mais indicados para tratar as conseqüências do estresse,
considerando os diferentes tipos de personalidades existentes a partir da teoria
chinesa dos cinco elementos.
A autora propõe a combinação dos pontos de acupuntura Zusanli, Taiyuan,
Shenshu, Sanyinjiao, Neiguan, Yanglingquan e Taichong como uma possibilidade de
tratamento pela técnica tradicional chinesa de Do-In.
As informações obtidas sugerem que a combinação destes pontos pode ser
beneficente no tratamento, apresentando-se como uma alternativa terapêutica
complementar efetiva para aliviar os sintomas do estresse e fortalecer o organismo
contra os estímulos estressores.
Palavras-chave: Estresse; Medicina Tradicional Chinesa; Do-In; Pontos de
Acupuntura.
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ABSTRACT
This work presents a proposal of a protocol based on a research concerning
stress generated in organizational environments. Were quoted the possible stressful
stimulus inside an organization and described the efficacy of the most indicated acu
points to treat the consequences of stress, considering the different personalities
according to the theory of the five elements of the traditional chinese medicine.
The author suggests the combination of the acupuncture points Zusanli,
Taiyuan, Shenshu, Sanyinjiao, Neiguan, Yanglingquan e Taichong as a possibility of
treatment for the stress generated through the traditional chinese technique of Do-In.
The obtained information suggests that the action of these points combined
can be beneficial in the treatment, presenting itself as an effective complementary
therapeutic alternative to relieve the symptoms of stress and strengthen the organism
against stressful stimulus.
Keywords: Stress; Traditional Chinese Medicine; Do-In; Acupuncture Points.
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1. INTRODUÇÃO
A cada minuto que passa a humanidade está se superando. Criando
máquinas capazes produzir em horas o que os homens demorariam dias ou meses
para produzir. Os computadores a cada ano estão tão modernos que é praticamente
impossível acompanhar a sua evolução. A produção em massa se fez necessária
para acompanhar os pedidos que aumentam junto com o desejo de adquirir mais.
Mais bens materiais, mais informação, mais conhecimento, para se tornar mais
criativo, mais esperto e mais apto para ao final gerar mais lucro.
Esta dinâmica pode ser claramente percebida dentro de um ambiente
organizacional onde a informação e o conhecimento, sem falar no desgaste físico
são cada vez mais importantes para satisfazer a demanda que é cada vez mais alta
e exige um auto-controle maior. Infelizmente, a civilização apesar de todo o avanço
tecnológico tem se mostrado incapaz de vencer os problemas que crescem com ela,
incluindo a miséria e muitas doenças.
O estresse é um sério problema sócio-econômico, sendo preocupação de
saúde pública. Há muitos jovens ocupando cargos de alta responsabilidade e
desenvolvendo desde cedo, graves problemas de saúde associados à irritação,
ansiedade, alergias, cansaço, problemas digestórios e uma série de desequilíbrios
que podem levar a ataques cardíacos dependendo do seu grau de imunidade, sua
personalidade e da maneira com que reagem às situações estressantes.
A medicina tradicional chinesa é uma medicina holística que se baseia no
principio do equilíbrio e observa os fenômenos da natureza tentando compreendê-la
para tratar os indivíduos pela prevenção de doenças, promoção e manutenção da
saúde através de suas técnicas milenares.
O objetivo deste trabalho é, portanto, explorar este tema que vem sendo tão
comentado atualmente, citar os estímulos estressores, pesquisar sobre a eficácia
dos pontos de acupuntura nestes casos para então propor um protocolo de pontos
para serem utilizados através do Do-In, uma técnica simples e prazerosa existente
há mais ou menos 5000 anos na China que pode ser utilizada por acupunturistas e
outros profissionais da área da saúde, havendo a possibilidade da utilização da
técnica no próprio ambiente de trabalho.
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2. REVISÃO DE LITERATURA
Após anos de desenvolvimento sócio-econômico, avanço tecnológico e
globalização, a humanidade parece sentir a necessidade de fazer uma comparação
das suas condições nos tempos remotos com suas condições atuais. Malvezzi (apud
ZANELLI; BORGES-ANDRADE; BASTOS, 2004) comenta que diferentemente das
sociedades constituídas por comunidades simples comuns na antiguidade, as atuais
sociedades interdependentes, caracterizadas por transações complexas dotadas de
tecnologias sofisticadas apresentam práticas de trabalho altamente racionalizadas,
dependentes da busca e do manejo de informação e de conhecimentos mais
sofisticados.
Tais diferenças revelam o impacto que a institucionalização do trabalho
produz no ser humano, sendo freqüentemente uma fonte de sérios problemas para
as pessoas, pois “em suas sociedades, os indivíduos tentam atingir metas definidas,
níveis de prestígio e padrões de comportamento que o grupo cultural impõe e espera
de seus integrantes” (Helman apud ABREU; STOLL; RAMOS et al., 2002, p.15), de
maneira que uma frustração nestes aspectos pode desencadear o estresse.
2.1 O conceito de estresse
O estresse é um termo que tem sido amplamente utilizado na atualidade. Dr.
Hans Selye foi o criador da sua moderna conceituação e, segundo ele, o estresse
corresponde a uma “síndrome geral de adaptação como resposta do organismo a
qualquer demanda imposta a ele” (GRAEF, 2003, p. 281).
Nas próprias palavras de Selye, em um congresso realizado em Munique em
1988, “o estresse é o resultado de o homem criar uma civilização, que, ele próprio
homem, não pode suportar”. (apud BERNIK, 1997, p.33).
Apesar de haver muitos modelos e pesquisas com diferentes particularidades
para explicar o estresse ocupacional, parece haver o consenso entre todos de que
para que algo na organização seja realmente um fator estressor, ele necessita ser
percebido como tal pelo sujeito.
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O estresse ocupacional pode ser definido, portanto, como um processo em que o indivíduo percebe demandas de trabalho como estressores, os quais, ao exceder sua habilidade de enfrentamento, provocam no sujeito reações negativas. (PASCHOAL; TAMAYO, 2004, p.46).
“A explicação para a ocorrência do estado de estresse é biológica e diz
respeito à necessidade de adaptação ou ajustamento do organismo frente às
pressões do meio com as quais se depara”, (CODO; SORATTO; VASQUES-
MENEZES, 2004, p.281).
O conceito de estresse é puramente ocidental, portanto não descrito em livros
tradicionais chineses, no entanto entende-se que de acordo a visão da medicina
oriental o estresse é um estado de desequilíbrio gerado por uma tensão interna que
o individuo desenvolve por não estar em harmonia com o meio em que vive e por
isso não consegue relaxar.
As características manifestadas por estes indivíduos sob estresse são
características yang em excesso podendo tornar-se agressivos, apressados,
apegados, tristes entre outras manifestações que variam de acordo com a sua
personalidade. As conseqüências do estresse são a deficiência de yang, dores,
fadiga, esgotamento, falta de Qi e Xue e alteração do Shen entre outros.
2.2 Os estímulos estressores
Os estímulos estressores podem ser de natureza física ou de natureza
psicossocial.
Entre os estímulos de natureza física estão as condições físicas do ambiente
(barulho, temperatura, vibrações, irradiações, etc.), as químicas (poeira, vapores,
etc.), e as biológicas (vírus, bactérias, fungos) que têm como alvo principal o corpo
(DEJOURS, 1996).
Jex (2008, apud PASCHOAL; TAMAYO, 2004) afirma que os estímulos de
natureza psicossocial envolvem conflitos entre a divisão das tarefas e dos homens e
seus devidos papéis (hierarquia, comando, submissão) incluindo também a
ambigüidade dos papéis, ou seja, falta de clareza em relação à função que o
indivíduo deve desempenhar dentro da organização bem como o conflito gerado nas
interações entre as pessoas, seja por colegas do mesmo nível hierárquico,
superiores ou subordinados, seja entre empregado e clientes.
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De acordo com Glowinkowski e Cooper (1987 apud PASCHOAL; TAMAYO,
2004) outras fontes de estresse seriam os fatores intrínsecos do trabalho que se
referem à sobrecarga, tanto quantitativa quanto qualitativa de trabalho, os fatores
relacionados à falta de estabilidade, ao medo de absolência frente às mudanças
tecnológicas e às poucas perspectivas de promoções e crescimento na carreira e o
controle ou a autonomia do indivíduo na tomada de decisões.
2.3 As variáveis
Na maioria dos estudos relacionados ao estresse foi encontrado também um
grande número de variáveis que podem ser de natureza pessoal ou situacional. A
variável pessoal que mais se destaca e é alvo de muitos estudos é o estilo de
enfrentamento do indivíduo frente aos eventos estressores, levando em
consideração sua auto-estima e capacidade de controle e nas variáveis situacionais
destaca-se o suporte social do próprio indivíduo dentro da organização.
Para Cooper e Cartwright (2001) e Stanley e Burrows (2001 apud
PASCHOAL; TAMAYO, 2004) a ativação psicológica ou física causada pela
discrepância entre demandas situacionais e mecanismos de enfrentamento leva a
uma gama de emoções como tensão, ansiedade, irritabilidade, nervosismo e raiva,
entre outras.
2.4 Os registros
Dejours é um dos autores que melhor descreveu esta relação psíquica entre o
trabalhador e a situação de trabalho, referindo que é preciso considerar dois
enfrentamentos fundamentais: o encontro entre o registro imaginário, que é
produzido pelo sujeito, e o registro da realidade, que é produzido pela própria
situação de trabalho; e o encontro entre registro diacrônico, ou seja, a história
singular do sujeito, sua memória, sua personalidade e registro sincrônico, que
envolve todo um contexto material, social e histórico nas relações de trabalho.
Do ponto de vista da psicanálise [...] os traços mais estáveis da personalidade enraízam-se na infância e nas experiências precoces. Os obstáculos com os quais se choca o desenvolvimento psico-afetivo da criança ocuparão posteriormente um lugar central na relação psíquica do adulto com o trabalho (DEJOURS, 1996, p.155).
14
Partindo deste pressuposto o indivíduo em um ambiente organizacional teria a
oportunidade de transportar novamente o cenário original do seu sofrimento para a
realidade social.
Seguindo as idéias deste autor, é pela intermediação do trabalho que o sujeito
engaja-se nas relações sociais, para onde acaba por transferir as questões
herdadas de seu passado e sua história afetiva e pode desta forma buscar, a
sublimação destas questões através da busca do reconhecimento social e da
conquista da identidade. Dejours (1996) aponta ainda, que o problema é que na
impossibilidade de encontrar as condições favoráveis para esta sublimação na
organização, o indivíduo não consegue criar um novo campo e se vê envolvido em
um círculo vicioso que contribui para o seu desequilíbrio interior.
Varios dos autores pesquisados, entre eles, Dr. Selye (1984), Price (2006) e
Wingate (1998) parecem concordar que o estresse prolongado provoca
primeiramente algumas reações imediatas, e depois um estado de relativo equilíbrio
no qual o estresse ainda resiste, até que por fim surge a quebra da resistência
fazendo com que a saúde comece a ser afetada.
No entanto, Dejours (1996), destaca que o sofrimento e a organização nem
sempre caminham lado a lado, e convém relembrar que o trabalho pode ser fonte de
prazer e mesmo mediador de saúde, “o indivíduo necessita certa dose de estresse
para funcionar com eficiência e para lidar com as diferentes situações”. (PRICE,
2006, p.142).
2.5 As três fases do estresse
Observou-se através de várias pesquisas que o corpo humano tem
capacidade suficiente de lidar com qualquer espécie de estresse, seja ele negativo
ou positivo, pois ocorrem transformações no corpo de cada indivíduo que o
preparam para lidar com estas situações causadoras do estresse, sejam elas quais
forem. Selye (apud PRICE, 2006) caracteriza este como sendo o primeiro estágio do
estresse, a fase de alarme.
O segundo é constituído pelo conjunto da ação através da qual o indivíduo faz
uso dos seus recursos extraordinários quando o estresse aumenta, é a chamada
fase de resistência ou adaptação.
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[...] a fase de adaptação impõe certa medida de esforço ao corpo, sobretudo por parte das glândulas supra-renais, e se o nível de estresse aumenta, ou se alguma nova fonte de estresse se materializa, a capacidade de adaptação do indivíduo pode entrar em colapso, podendo seguir-se toda sorte de sintomas, desde alergias a ataques cardíacos. (DAVIS, 1996, p. 177).
Em uma visão oriental o movimento da energia yang neste momento
apresenta-se em excesso e quando uma situação estressante é prolongada por
muito tempo sem ser tratada o individuo passa para o terceiro estágio, a fase da
exaustão, ou deficiência. Nesta fase é muito comum que o indivíduo procure ajuda
de um profissional da área da saúde.
2.6 Do-In - Medicina Tradicional Chinesa
Segundo Juracy Cançado, atualmente a procura por terapias naturais tem
aumentado bastante, sendo que muitas terapias são desenvolvidas ou baseadas na
sabedoria dos povos antigos do oriente, pois as medicinas tradicionais visam uma
“relação harmônica Homem-Universo, e a restauração da ordem natural interna e
externamente, tornando-se uma questão de sobrevivência para a humanidade”
(CANÇADO, 1993, p.12).
A medicina tradicional chinesa concentra-se na observação dos fenômenos da natureza e no estudo e compreensão dos princípios que regem a harmonia nela existente. Na concepção chinesa, o universo e o ser humano estão submetidos às mesmas influências, sendo parte integrante do universo como um todo (YAMAMURA, 2003, p.XLIV).
A prática do Do-In assim como a Acupuntura, o Ioga e a Moxabustão, por
exemplo, foge por completo da ortodoxia ocidental dominante, no entanto pesquisas
mais recentes têm mostrado como estes conhecimentos milenares vêm sendo
tratados de forma séria e sistemática também no ocidente.
A auto-massagem teve seu período áureo há cinco mil anos, no reinado de
Huang-ti, o lendário imperador amarelo e significa o “caminho de casa” (CANÇADO,
1993, p.12).
Casa é o corpo, a morada do espírito e do Qi, a energia da vida.
Esta antiga prática é composta por técnicas de auto-massagem sendo
considerada uma arte chinesa de acupuntura com os dedos.
“Desde que o primeiro homem massageou o próprio pé ferido na tentativa de
aliviar a dor, a idéia do Do-In já estava formada” (CANÇADO, 1993, p.13). A partir
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daí o homem primitivo passou a perceber que além do toque ser reconfortante, havia
também uma relação entre determinados pontos em seu corpo com uma espécie de
energia capaz de gerar uma comunicação entre eles, e passou a mapeá-los.
2.7 O Qi, o Yin Yang e o Shen
A medicina tradicional chinesa refere-se a esta energia como Qi ou Chi.
O Qi é representado por um ideograma. Os ideogramas chineses surgiram há
cerca de 2.500 anos a. c. e diferentemente das palavras a que estamos habituados
indicam um significado e não um som, por isso é impossível traduzir o Qi com
apenas uma palavra, pois ele tem a sua origem em um desenho.
De acordo com Campligia (2004), o ideograma, ou desenho do Qi simboliza
“respiração” ou “sopro” sobre “arroz cru” ou “ainda não cozido”. Ou seja, representa
a energia em potencial que o grão de arroz tem de desenvolver-se na terra.
A planta do arroz ao crescer pro alto promove a união da terra (yin) ao céu
(yang). Yin e Yang são polaridades do universo.
Os termos Yin e Yang, cujas raízes etimológicas se referem aos lados escuro e iluminado de uma montanha, respectivamente, foram gradualmente ampliados para denotar o princípio de dualidade inerente em toda a manifestação, sendo uma dualidade vital e não estática (SVOBODA; LADE, 1995, p.24).
Assim são vistos como duas forças primordiais num estado de constante
mudança, referindo-se a condição permanente do universo.
O arroz estando desenhado abaixo da linha da terra do ideograma nos dá a
idéia de profundidade, portanto a imagem evoca a capacidade de transformar o
arroz cru em alimento, ou energia. “Desta forma o Qi nada mais é do que um sopro
divino, uma força transformadora ou força vital, sendo um princípio básico de todo o
universo que rege o seu funcionamento”.
O Qi penetra em todas as dimensões da existência e participa de todas as
funções do ser vivo. É responsável pela formação e transformação de toda a vida
(CAMPIGLIA, 2004, p.7).
O conhecimento destes pontos estratégicos, aliados á compreensão gradativa dos movimentos instintivos do corpo proporcionou aos povos antigos o desenvolvimento de uma prática auto-estimuladora que constitui parte básica da cultura humana: a habilidade de curar a si mesmo e harmonizar o movimento interior com o próprio cosmos (CANÇADO,1993, p14).
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De acordo com Eyssalet (2004), a própria vida é, antes de tudo, considerada
como o cruzamento dinâmico de múltiplas influências que condicionam todos os
níveis de expressão, das mais densas às mais impalpáveis. Essa convergência de
trajetórias e influências harmoniza o homem com os movimentos do mundo,
segundo uma organização rítmica e ininterrupta, da concepção até a morte. Isso é o
que os chineses chamam de Shen, ou espírito.
2.8 A visão oriental do estresse
O estresse é reconhecido na visão oriental por um estado de tensão interna,
um acúmulo de energia pronta para ser descarregada, mas impossibilitada para este
fim. é caracterizado pelo desequilíbrio de movimentos internos em relação à
desarmonia na interação do homem com o meio em que está inserido. As
conseqüências do estresse são o cansaço, esgotamento, falta de ânimo e energia,
ansiedade e a dor.
Para a medicina tradicional chinesa “a doença não surge de uma hora pra
outra; é fruto de uma sucessão de experiências estressantes acompanhadas por
uma fragilidade do mecanismo de proteção” (CAMPIGLIA, 2004, p.112).
Para que se entenda o estresse de acordo com a medicina chinesa é
imprescindível que se entenda o conceito de Yin e Yang, pois para a medicina
tradicional chinesa, a palavra saúde significa o equilíbrio entre os mesmos. Quando
estes estão em desequilíbrio é que se observa o processo de adoecimento.
Segundo Ross (1994), a tendência ocidental é de ver os opostos como
absolutos, enquanto o pensamento chinês vê o mesmo fenômeno como dois
extremos de algo contínuo. Ou seja, “a polaridade nunca é estática, ela está em
contínua mudança” (ROSS, 1994, p.5).
Os desequilíbrios desencadeados pelo resultado do estresse gerado provêm
de uma síndrome de deficiência energética.
Ross (2003) comenta que a deficiência de yang leva à falta de movimento
mental e emocional e é causada por esforço físico em excesso e naqueles que
espoliam as qualidades yang por atividades estressantes em geral.
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A fadiga leva ao esgotamento de Qi assim como o excesso de esforço mental
(pensamento racionalização) consome o Qi e o Xue e altera o Shen (CAMPIGLIA,
2004, p.112).
Portanto uma forma de propiciar uma base sólida para o yang é através da
tonificação do Qi e do Xue.
Para Ross (2003), o esgotamento total se refere à extinção total da energia e
da conseqüente exaustão que resulta da hiperatividade e ocorre com maior
freqüência nas pessoas que já tem uma constituição deficiente. No entanto a
probabilidade que o esgotamento total ocorra é maior nas pessoas com deficiência
de yin do que nas pessoas com deficiência de yang, pois na deficiência de yang o
individuo não tem a energia yang suficiente para entrar em esgotamento total. Já na
deficiência de yin pela energia yang não estar devidamente controlada ainda existe
uma hiperatividade inquieta capaz de levar a tal esgotamento.
2.9 Os cinco elementos
Outra teoria da medicina tradicional chinesa essencial para permitir a
compreensão da resposta de cada indivíduo à um estímulo estressante dentro de
uma organização é a teoria dos cinco elementos.
“Estas são as categorias básicas de matérias do universo. Representam
arquétipos, modelos de cinco características e funções da natureza além de serem
compreendidas a partir de cinco fases e ciclos da natureza” (WEBER, 2004, p.10).
“Os cinco elementos não são elementos químicos, mas cinco aspectos do mundo,
da natureza e da estrutura humana que representam os ritmos da vida” (CROSS,
2002, p.6).
Basicamente cada órgão com sua víscera correspondente está situado em
um dos cinco elementos formando respectivamente uma dupla yin e yang.
São elas:
* Fogo - coração e intestino delgado
* Terra - baço-pâncreas e estômago
* Metal - pulmão e intestino grosso
* Água - rim e bexiga
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* Madeira - fígado e vesícula biliar
Cada uma destas duplas relacionada também à uma emoção, cor, sentido,
estação, sabor, nota musical entre outros, atribuindo qualidades a cada elemento.
2.9.1 As personalidades dos cinco elementos
Inúmeros livros da medicina chinesa abordam temas sobre as personalidades
dos cinco elementos, e embora cada indivíduo seja único, cada uma possui uma
lição especifica e expressam uma natureza típica.
“Segundo Nei Ching, o livro de ouro da medicina chinesa, existem cinco vezes
cinco tipos de pessoas, ou seja, cada personalidade pode ser associada a um dos
cinco elementos e estes combinados entre si” (HUANG-DI apud CAMPIGLIA, 2004,
p.49).
No caso de situações estressantes, de acordo com Ross (2003), três tipos
dos cinco tipos de personalidades “puras” (cada um dos cinco elementos) são
atraídos às situações de esgotamento total e podem ser percebidos facilmente em
um ambiente organizacional a partir de suas atitudes perante o trabalho, são elas o
yang do rim (água), o yang do fígado (madeira) e o yang do coração (fogo), pois
neste caso o esgotamento surge como resultado da hiperatividade direcionada
basicamente para fins adaptativos.
A seguir serão descritos os tipos yang de personalidade de cada órgão (ou
elemento), pois é a energia yang que representa a função ou atividade de cada um
destes e que caracteriza, portanto o aparecimento do estresse.
2.9.2 O tipo yang do rim
Vejamos que de maneira geral o tipo yang do rim tem uma firme força de
vontade e impulso incessante para persistir no que deseja alcançar, é uma
personalidade que por muitas vezes acaba por tentar dominar o ambiente e controlar
tudo no ambiente de trabalho para suprir seus medos e inseguranças. Podem se
tornar desconfiados em relação a si próprios e desenvolver baixa auto-estima.“Os
rins estão ligados à grande massa que trabalha, gera energia e movimenta a
20
comunidade, na sua polaridade yang é empreendedor, audaz, decidido, corajoso
ativo e criativo. Desafia as situações difíceis e sempre se expõe a situações
limítrofes” (CAMPIGLIA, 2004, p.456).
Neste processo acabam por esgotar suas energias e sentem desgostos por si
mesmos por se sentirem fracos e inadequados ao ambiente. “A deficiência neste
caso manifesta-se como exaustão completa, metabolismo diminuído, corpo e
membros frios e depressão profunda pela perda da auto-imagem e sentimento de
inutilidade” (ROSS, 2003, p.456).
2.9.3 O tipo yang do fígado
Já o tipo yang do fígado tem uma energia impetuosa e poderosa. Pessoas
com poder de alta decisão, impacientes, intolerantes a criticas. Tem tendência a
frustração e demonstram-se agressivos, são os legítimos “pavio-curto”, tomam
decisões precipitadas e expressam raiva. Devido a estas características podem se
tornar irritáveis, desatentos e agressivos pois sua necessidade de ação as leva ao
movimento frenético. (CÓRDOVA, 2003).
Podem se tornar ambiciosas e apressadas em atingir os objetivos que se
impõem, fazendo mil coisas ao mesmo tempo e se frustrando por não dar conta de
tudo. A pressão do impulso inquieto e abrasivo interno pode levar a um grave estado
de estresse e com o tempo completa extinção de suas reservas energéticas. Alguns
dos sintomas são colapso nervoso, lágrimas, tensão, dificuldade de decisão e
tremor. Gostam de trabalhar para os outros, pelos outros e para o bem comum e não
gostam de trabalhar sozinhos. (ROSS, 2003).
2.9.4 O tipo yang do coração
As pessoas do tipo yang do coração podem ser muito inspiradoras, líderes,
inovadores e artistas. O elemento fogo é o símbolo do amor e da paixão, do espírito,
da sabedoria, da iluminação e do renascimento (CAMPIGLIA, 2004). No entanto tem
dificuldade em focar, expandindo sua energia em todas as direções. São indivíduos
ruidosos e potentes representando energia sob tensão. Não tem muita tolerância
com a opinião dos outros e não medem esforços para produzir mudanças, podendo
21
tornar-se violentos. Quando em desequilíbrio apresentam excitação, entusiasmo,
exaltação e hiperatividade apressada e incessante (CÓRDOVA, 2003).
São do tipo que tende a trabalhar demais, se envolver em vários projetos ao
mesmo tempo e se deprimem profundamente quando algo não dá certo, além
apresentar tendências suicidas em casos extremos. Em geral são cativantes,
falantes e gostam de ser o centro das atenções, mas num pólo yang podem ser
irresponsáveis e impulsivos, portanto aprender os próprios limites e aprender a
controlar seu temperamento apaixonado, moderando a ambição pessoal é essencial
(ROSS, 2003).
2.9.5 O tipo yang do baço
Já no tipo yang do baço a exaustão pelo excesso de trabalho pode surgir da
atividade aparentemente altruísta de cuidar dos outros, são como “mães” no
ambiente de trabalho. “Pessoas do elemento terra podem gastar muita energia com
preocupação, interesse e cuidado com o outro a fim de lhes proporcionar nutrição e
apoio” (ROSS, 2003, p.457). Podem ser tomadas por um sentimento de dever e
obrigação ou mesmo ser impulsionadas pelo desejo de manter próximas ou controlar
as pessoas com quem convivem.
Está relacionada ao elemento terra e tem grande capacidade de armazenar
energia, os ciclos da natureza mudam lentamente em seu interior. De acordo com
Campiglia (2004), os aspectos negativos ocorrem quando exigem reconhecimento
por sua generosidade ou impedem o amadurecimento e o crescimento das pessoas
que os cercam. Ao cuidar dos outros, esquecem de si mesmos e criam um vínculo
de dívida e culpa com o mundo.
A sabedoria da terra pode se tornar uma fonte de desequilíbrio quando o
individuo mantiver uma atitude puramente contemplativa e não for capaz de agir e
por-se em movimento. Neste caso o individuo rumina e perde energia com suas
conjecturas mentais. Em muitos dos que esgotam a si mesmos há uma mistura de
amor e dever, mas também um papel de vítima (ROSS, 2003).
22
2.9.6 O tipo yang do pulmão
E por último no tipo yang do pulmão as pessoas podem ser bem estruturadas,
e de opiniões definidas. Eventualmente tornam-se rígidas, apresentando dificuldade
em abrir mão de suas posições, convicções e seus bens materiais. “Podem ser
obstinados e competentes, mas em geral não lidam bem com mudanças na sua
rotina. São meticulosos e até obsessivos, mas não muito criativos. São organizados,
tem pensamento linear e repetitivo” (CAMPIGLIA, 2003, p.82).
Como a tristeza e o pesar são típicos desta personalidade, as pessoas evitam
este tipo de sentimento fugindo de situações que possam acarretar a mudanças
profundas ou perdas, resultando em estagnação e perda de energia vital. O
aprendizado central deste tipo é aceitar perdas, abrir mão de seus bens e de suas
posições rigidamente estruturadas para seguir com mais naturalidade e flexibilidade
o fluxo da vida. Os verdadeiramente sábios são aqueles que aceitam a vida como
ela é, compreendem sua vida sem criar apego desnecessário, sabem que a vida é
impermanente e seguem sua intuição (ROSS, 2003).
Apesar de cada individuo identificar-se mais ou menos com cada elemento
cada um tem em si a possibilidade de desenvolver características e qualidades de
todos eles. Reconhecer as próprias atitudes é o primeiro passo para se entender
como ser humano e entender o outro, assim o estudo dos elementos aumenta a
possibilidade de escolha de atitudes ideais para uma vida mais saudável e ensina a
transitar entre os elementos com mais leveza e sabedoria rompendo os padrões que
limitam a existência.
3. METODOLOGIA DA PESQUISA
3.1 Tipo de pesquisa
Esta pesquisa foi realizada por meio de uma revisão bibliográfica, método que
visa trazer informações sobre o tema central abordado, reunindo os dados
necessários para resolver o problema da pesquisa. De acordo com Santos (2004), a
23
pesquisa bibliográfica é fundamentada nos conhecimentos da biblioteconomia,
documentação e bibliografia e a sua finalidade é colocar o pesquisador em contato
com o que já se produziu a respeito do seu tema de pesquisa. As citações utilizadas
foram coletadas a partir de materiais já publicados constituídos principalmente de
livros, artigos e revistas científicas.
Quanto à natureza, esta pesquisa é classificada como pura, pois visa gerar
conhecimentos novos e úteis para o avanço da ciência, sem aplicação prática
prevista e envolve verdades e interesses universais.
Quanto à abordagem é classificada como qualitativa. Segundo Gil (1991), a
interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicos no processo
de pesquisa qualitativa.
Para Turato (2003, p.168), “trabalhar qualitativamente implica,
necessariamente, entender / interpretar os sentidos e significações que uma pessoa
dá aos fenômenos em foco, mediante técnicas de observação ampla e entrevistas
em profundidade”.
De acordo com o caráter, esta pesquisa é identificada como exploratória, pois
visa conhecer os pesquisadores, recuperar informações disponíveis e conhecer os
fatos e os fenômenos relacionados ao tema e descritiva, pois há o interesse em
observar, descobrir e interpretar a realidade através do estudo do fenômeno, sem
nela interferir para modificá-la (RUDIO,1998).
Desta forma, esta pesquisa procura apresentar pontos de vista de diversos
autores e o que vem sendo escrito acerca do tema estresse em ambientes
organizacionais e Do-In para então descrever os possíveis efeitos terapêuticos do
protocolo desenvolvido.
3.2 Coleta de dados
Foi realizado um levantamento das bibliografias sobre estresse
disponibilizadas nas bibliotecas da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) e
do Cieph, na internet, no período entre o mês de setembro e outubro de 2008 na
base de dados Scielo (Scientific Eletronic Library Online). As palavras-chave
utilizadas foram estresse e trabalho, estresse, estresse ocupacional, e estresse em
ambientes organizacionais. Buscaram-se apenas artigos de base científica dando-se
24
preferência aos publicados entre o período de 1995 e 2008. Dos 16.400 artigos
encontrados, utilizaram-se cinco, datados a partir de 1997.
Após a coleta realizada na base de dados foi utilizada a técnica do
fichamento, que, segundo Marconi e Lakatos (1996), consiste em transcrever os
dados com o máximo de exatidão e cuidado para manter as informações fiéis ao
trabalho dos autores, permitindo o desenvolvimento de resumos para facilitar o
entendimento do pesquisador.
O método de seleção foi através de uma coleta de dados em livros de
estresse e ambientes organizacionais, medicina tradicional chinesa e Do-In nos
quais se identificou os pontos de acupuntura mais indicados aos possíveis
desequilíbrios gerados a partir do estresse, focando nas ações terapêuticas de cada
ponto.
3.3 Objetivo Geral
O objetivo deste trabalho é propor um protocolo de Do-In com pontos que
beneficiem indivíduos que quando submetidos ao estresse gerado em ambientes
organizacionais, apresentam conseqüências físicas ou emocionais.
3.4 Objetivos Específicos
• Pesquisar sobre o estresse gerado em ambientes organizacionais de
acordo com a visão ocidental e oriental
• Citar os possíveis estímulos estressores dentro de uma organização
• Investigar as ações terapêuticas de pontos de acupuntura específicos para
o tratamento das conseqüências do estresse considerando os cinco tipos
de personalidades
• Sugerir protocolo de tratamento pela técnica de Do-In
3.5 Justificativa
Nosso mundo está ficando pequeno e a vida transcorre à maior velocidade. Com freqüência sentimos que perdemos o controle porque a vida é exigente demais. Devemos conseguir mais, ser mais e adquirir mais [...] não é de se estranhar que as enfermidades relacionadas ao estresse sejam tão freqüentes. A vida moderna impõe tensão não só à nossas
25
mentes, mas também aos nossos corpos (ZECK, 2007, p.7, tradução nossa).
Com um aumento anual de 1%, já atingindo em torno de 60% dos executivos,
o estresse pode ser considerado a “doença do terceiro milênio” (BERNIK, 1997,
p.33).
Jex (2008 apud PASCHOAL; TAMAYO, 2004) afirma que outra razão para
este aumento deve-se à diminuição do desempenho e ao aumento no custo das
organizações com problemas de saúde, do absenteísmo, da rotatividade e do
número de acidentes no local de trabalho.
O estresse e as doenças a ele relacionadas estão entre os problemas de
saúde mais predominantes da “civilização”, e seguramente ocupam uma posição de
destaque no rol de casos de qualquer terapeuta. (DAVIS, 1996, p.176, grifo do
autor). O estresse já foi considerado a “doença dos anos 80” por Topping em 1990
(apud PRICE, 2006, p.141), e desde então parece estar se apresentando com maior
freqüência e intensidade no século XXI.
Não é simplesmente a quantidade de trabalho que esgota, mas o grau de estresse com o qual é realizado e o grau de insatisfação com a situação do trabalho. A acupuntura pode ser útil para propiciar energia, para levantar os ânimos e para ajudar a pessoa a se desvencilhar dos padrões antigos e conseguir enxergar novas possibilidades (ROSS, 2003, p.455).
O Do-In apresenta-se então como uma proposta do acupunturista para tratar
da saúde destes indivíduos, sendo uma terapia prática, prazerosa e que possibilita a
continuação do tratamento em casa ou no trabalho através da auto-massagem.
Esta pesquisa pode ser, entretanto, não apenas válida para os
acupunturistas, mas também para os estudantes de acupuntura, tendo a
possibilidade de ser aplicada futuramente, contribuindo desta forma à comunidade
científica, e aos indivíduos que sofrem com o estresse relacionado ao trabalho, bem
como aos empresários interessados na saúde e bem-estar de seus funcionários
visando uma melhora nos seus desempenhos e conseqüentemente aumento no
rendimento empresa.
4. ANÁLISE DE DADOS
A partir da coleta de dados observou-se a necessidade de fazer uma
combinação de pontos de acupuntura capazes de trazer equilíbrio a partir das
26
variadas formas de manifestação do estresse devido à natureza essencial de cada
indivíduo.
Baseando-se no princípio de que as conseqüências do estresse na
concepção chinesa estão primeiramente relacionadas à deficiência de Yang, faz-se
necessária a utilização de pontos que tonifiquem o Qi e o Xue para proporcionar
uma base sólida ao Yang deficiente, além de pontos que nutram o Yin, evitando
desta forma um possível esgotamento total.
Está clara também a necessidade de incluir pontos que promovam
relaxamento, devido à tensão gerada por pressão psicológica, conflitos emocionais,
bem como cansaço por esforço físico.
A baixa estabilidade do espírito do coração, bem como do movimento mental
e emocional sugere a adição de algum ponto que acalme o Shen e a mente.
Buscou-se combinar os pontos de maneira que tanto indivíduos mais
explosivos como o yang do fígado e do coração, quanto os mais melancólicos ou
desgostosos como yang do metal e rim e até os exaustivos tipos yang da terra
possam se beneficiar com a prática.
A sugestão do protocolo também está relacionada à localização dos pontos
permitindo a possibilidade da auto-prática do Do-in no próprio local de trabalho.
4.1 Sugestão de protocolo
• E36 (por método de tonificação)
• P9 (tonificação)
• B23 (tonificação)
• BP6 (tonificação)
• CS6 (tonificação)
• F3 (dispersão)
• VB34 (dispersão)
27
4.1.1 Os Acu pontos e a teoria Jing Luo
Os acu pontos ou pontos de acupuntura são pontos específicos dentro do
organismo humano que estão em sua maioria, localizados dentro dos Jing Luo.
Segundo ROSS (1994), o termo chinês Jing significa conduzir, dirigir, reger
transportar enquanto Luo significa uma rede, um sistema de ligação, de conexão.
Este termo é usado então para falar dos meridianos, canais e colaterais ou vias
energéticas, e refere-se à circulação de Qi no organismo.
Segundo os chineses existe um fluxo específico de energia (Qi) no organismo
humano. Por estas vias energéticas fluem Qi e Xue, interligando e integrando os
órgãos (Zang) e as vísceras (Fu), os órgãos considerados extraordinários, os
músculos, os tendões, os órgãos dos sentidos e todas as estruturas anatômicas e
funcionais do organismo. (BERNARDO, 2006b).
4.1.2 A unidade de medida – Tsun
Os acu pontos são organizados na MTC por suas funções, sendo que existem
um número e uma localização exata de pontos em cada canal e uma multiplicidade
de funções. Para encontrá-los no corpo os chineses utilizam como unidade de
medida o tsun que é empregada relativamente a uma proporção corporal individual,
ou seja, cada indivíduo tem a sua própria medida referente ao tsun.
Segundo Focks (2005) esta unidade de medida relativa pode ser definida por
meio da largura dos dedos do paciente, sendo que 1 tsun é a medida da falange
distal do polegar na sua parte mais larga, 1,5 tsun é igual a soma da largura de dois
dedos transversos (indicador e médio), 2 tsun é igual a soma da largura de três
dedos (indicador, médio e anular) e 3 tsun é a soma dos mesmos juntamente com o
dedo mínimo.
4.1.3 Zusanli ou E36
O ponto E36 ou Zusanli em chinês significa três distâncias do pé e localiza-se
na face antero-lateral da perna, 3 tsun diretamente abaixo do E35 (depressão lateral
28
ao ápice da patela, ao lado do ligamento da patela) e a 1 tsun lateral à margem
anterior da tíbia entre os músculos tibial anterior e extensor comum dos dedos.
O ponto Estômago 36 tem como funções energéticas regularizar, harmonizar
e fortalecer o Qi mediano (baço e estômago). Tonifica e faz circular o Qi e o Xue. É
um dos pontos gerais de tonificação, fortalecendo desta forma as condições
deficientes e fraquezas. Tonifica a energia defensiva do organismo (Wei Qi) e forma
os líquidos corporais, restaurando as funções do corpo.
Através do redirecionamento do Qi do estômago é capaz de aumentar a
função de contração do mesmo para espasmo e relaxamento do piloro. Regulariza a
função gástrica e transforma condições de umidade e umidade-calor internamente.
Dispersa o vento e o frio interno, regulariza e umedece os intestinos. Harmoniza e
tonifica o Qi do pulmão aumenta a energia essencial, estimula a contração da
vesícula biliar e resolve edemas. Além disto, ascende o Qi límpido para a cabeça e
beneficia o joelho (MARTINS; GARCÍA, 2003, p.30).
4.1.4 Taiyuang ou P9
O ponto Pulmão 9 é chamado de Taiyuan que quer dizer, lago profundo. É
localizada na face anterior do punho, na prega de flexão mais distal do punho,
margem lateral da artéria radial, sobre a dobra da pela do punho na depressão entre
os tendões dos músculos flexor radial do carpo e abdutor longo do polegar.
É um ponto de tonificação e fonte de energia do meridiano do pulmão e de
influência que domina os vasos.
P9 tem como funções energéticas tonificar, regularizar e harmonizar o Qi
além de aumentar a circulação de sangue do pulmão. Transforma a mucosidade e a
umidade-calor. Harmoniza o Qi invertido, descongestiona o tórax, sendo um ponto
de abertura dos vasos sanguíneos, podendo também regular o canal do baço
(MARTINS; GARCÍA, 2003, p.6).
29
4.1.5 Shenshu ou B23
O ponto 23 do canal da bexiga ou (B23) é conhecido como Shenshu (o ponto
dos rins). É localizado nas costas, a 1,5 tsun lateral à linha média, horizontalmente à
margem inferior do processo espinho da segunda vértebra lombar, e apesar de estar
localizado nas costas é fácil de ser encontrado pelo próprio paciente.
Sua função energética é fortalecer e receber o Qi dos rins. Tonifica a
essencial vital aumentando a energia dos rins. Reforça a coluna lombar e os joelhos,
tonifica os ossos e a medula. Fortalece o Qi do cérebro, melhora a acuidade visual e
auditiva e resolve a umidade.
Organiza o fluxo de líquidos e nutre o yin e o sangue. Beneficia também o
pulmão (MARTINS; GARCÍA, 2003, p.62).
4.1.6 Sanyinjiao ou BP6
Sanyinjiao ou BP6 representa o ponto de cruzamento dos três canais yin.
Encontra-se na face medial da perna, 3 tsun diretamente acima do maléolo medial.
É um ponto que como o nome já diz cruza os 3 canais yin do pé (baço, fígado e
rins).
Desta forma harmoniza, fortalece e tonifica o Qi do baço, tonifica o Qi dos rins
e a essência. Promove o Qi do fígado, fortalece o Qi dos 3 canais yin do pé.
Harmoniza e tonifica a circulação do Qi e do sangue, elimina a estase e esfria o
sangue. Harmoniza o Qi do estômago e dos aquecedores médio e inferior.
Transforma a umidade, harmonia o movimento dos líquidos orgânicos,
harmoniza o Qi do útero e da próstata, regula a menstruação além de acalmar a
mente agitada. Cessa dores e beneficia a micção, além de nutrir o yin (MARTINS;
GARCÍA, 2003, p.39).
4.1.7 Neiguan ou CS6
Neiguan (fechadura interior) está localizado no meridiano circulação-sexo ou
pericárdio (considerado o ministro, ou protetor do coração). Encontra-se com a
palma da mão aberta, no meio da face anterior do antebraço, localiza-se a 2 tsun
30
acima da prega de flexão do punho, entre os tendões dos músculos palmar longo e
flexor radial do carpo.
Tem como funções energéticas harmonizar a circulação do Qi do coração e o
sangue do coração. Regulariza o Qi do fígado, acalma o Shen, clareia a mente e
alivia o estresse mental. Suprime a dor, suaviza distúrbios gastrintestinais,
harmoniza o Qi dos aquecedores superior, médio e inferior e pacifica o estômago.
Suaviza a opressão do tórax, harmoniza a energia essencial, regula o fluxo do
Qi e transforma fleuma (MARTINS; GARCÍA, 2003, p.86). Por atuar como “filtro do
coração” é um ponto que necessita bastante estimulação para manter-se fortalecido,
por isso usa-se a técnica de tonificação.
4.1.8 Yanglingquan ou VB34
O ponto vesícula biliar 34 em chinês significa riacho do monte Yang. Está
localizado no terço superior da face lateral da perna, na depressão muscular
localizada anterior e inferior à cabeça da fíbula.
É ponto HE (ou mar) do canal da vesícula biliar, sendo seu ponto de união
inferior. É um ponto de influência da energia dos tendões.
Suas principais funções são: promover a circulação do Qi do fígado e vesícula
biliar; ajudar a drenar a vesícula promovendo sua função; eliminar calor e umidade-
calor no aquecedor médio; dispersar o vento; ativar a circulação de sangue nos
canais; regular a mobilidade das articulações; relaxar e fortalecer os tendões e
músculos; fortalecer a região lombar e membros. (MARTINS; GARCÍA, 2003, p.102)
4.1.9 Taichong ou F3
O ponto fígado 3 significa grande jorrante em chinês. Está localizado no dorso
do pé, na depressão interóssea distal localizada entre o primeiro e o segundo
metatarsos e a 2 tsun acima da prega interdigital. É também o ponto SHU (riacho) e
YUAN (fonte) do meridiano do fígado, além de receber um colateral do canal da
vesícula biliar.
Tem como funções: harmonizar e tonificar o Qi do fígado e do sangue; abre
os canais energéticos; harmoniza o Qi da vesícula biliar; redireciona o Qi invertido;
31
dispersa a umidade-calor; faz a limpeza do fogo do fígado e do calor; refresca o
sangue; domina o Yang do sangue e nutre o Yin; relaxa os tendões e os músculos;
controla o vento interno; alivia espasmos; regulariza o fluxo menstrual; acalma a
mente; atua na área da cabeça, epigástrio, hipocôndrio e abdome. (MARTINS;
GARCÍA, 2003, p.106)
4.1.10 A manipulação
Aplica-se pressão digital leve em indivíduos com dor aguda, inchaço ou
complicações tais como hipertensão arterial, ou perturbações cardíacas e uma
pressão forte em indivíduos com mal crônico, não excessivamente cansados ou sem
outras complicações (CHAN, 1974).
A manipulação deve ser feita sobre cada ponto de um a dois minutos de
forma a dispersar ou tonificar a energia duas vezes por dia. A dispersão é feita com
aplicação de pressão contínua, enquanto a tonificação exige pressão- relaxamento-
pressão do ponto. Os pontos sempre são aplicados bilateralmente devendo-se
começar por um ponto de cada vez até que haja domínio sobre a técnica, podendo
então agir bilateral e simultaneamente (CANÇADO, 1993).
Os pontos E36, P9, B23 e BP6 devem ser manipulados pelo método de
tonificação, enquanto os pontos CS6, VB34 e F3 devem ser manipulados pelo
método de dispersão.
32
5. CONCLUSÃO
O desenvolvimento deste trabalho repercutiu uma grande exploração dos
temas estresse na organização, medicina chinesa, acupuntura, e Do-in.
Após pesquisar as ações terapêuticas destes pontos sobre as respostas
psicológicas, fisiológicas e/ou comportamentais que vem sendo manifestadas pelas
pessoas que freqüentam ambientes organizacionais sob a luz da medicina chinesa,
foi possível concluir que o protocolo desenvolvido pode ser beneficente no
tratamento destes indivíduos, apresentando-se como uma alternativa terapêutica
efetiva para aliviar os sintomas imediatos e fortalecer o organismo contra os
estímulos estressores.
Todavia o Do-in pode e deve ser empregado como um meio suplementar, por
ser um método simples, eficaz e conveniente que pode evitar a ingestão de
medicamentos alopáticos, podendo inclusive ser utilizado como um método de
primeiros socorros.
No entanto vale lembrar que o princípio básico do tratamento do estresse com
a acupuntura digital não é simplesmente tonificar a deficiência gerada. É necessária
participação ativa do paciente (interagente1) para tratar a causa da hiperatividade
que o levou a tal desequilíbrio.
Através desta pesquisa procurou-se descrever algumas das possíveis
tendências que cada indivíduo pode ter devido à preponderância de certos
elementos na sua natureza, que acabam por se manifestar excessivamente ou
deficientemente na sua vida e por conseqüência no seu dia-a-dia no trabalho.
É natural que o indivíduo tenha dificuldade em entender o seu processo
individual por isso deve buscar ajuda de um terapeuta para que este possa fornecer
uma perspectiva clara das origens da extinção de suas energias para que então
possa fazer a mudanças necessárias para a sua evolução pessoal evitando desta
forma chegar a um estado de exaustão total.
No entanto houveram algumas dificuldades para a realização deste trabalho,
sendo a maior delas a de não encontrar uma grande variedade de livros sobre Do-in
em português. Outra questão é que apesar de muitos autores citarem o Do-in ou
pressão digital como uma terapia muito importante no tratamento do estresse, ainda 1 Interagente é o indivíduo que procura atendimento e que participa e interage durante todo o processo terapeutico (HELLMANN; WEDEKIN; DELLAGIUSTINA, 2008).
33
há pouquíssima exploração descritiva de cada desequilíbrio, ponto e seus casos
clínicos. Muitos autores falam superficial e brevemente das ações terapêuticas dos
pontos em geral, por vezes apenas citando suas doenças correspondentes na
medicina ocidental sem qualquer diagnóstico com uma visão da medicina chinesa.
Estas são questões que podem e devem ser exploradas em pesquisas futuras
e fica a sugestão da aplicação destes pontos no tratamento de indivíduos
submetidos ao estresse em ambientes como estágios de conclusão de cursos,
empresas, consultórios médicos nos casos em que há grande tensão por parte tanto
do médico quanto do paciente entre outros locais.
Este estudo permitiu um maior entendimento do que é o estresse, de como é
gerado e das reações que pode causar em cada um, ampliando desta forma a
compreensão de uma das doenças mais comentadas atualmente de uma maneira
ampla o suficiente para que seja tratada na mesma dimensão em que se manifesta,
uma compreensão necessária, que permite um olhar e um tratamento holístico.
34
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