proposta de avaliaÇÃo e classificaÇÃo da
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PROPOSTA DE AVALIAO E CLASSIFICAO DA
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DE CANTEIROS DE OBRAS.
METODOLOGIA ECO OBRA APLICADA NO
DISTRITO FEDERAL DF
JORGE ANTONIO DA CUNHA OLIVEIRA
TESE DE DOUTORADO EM
ESTRUTURAS E CONSTRUO CIVIL
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL
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UNIVERSIDADE DE BRASLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
PROPOSTA DE AVALIAO E CLASSIFICAO DA
SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DE CANTEIROS DE OBRAS.
METODOLOGIA ECO OBRA APLICADA NO
DISTRITO FEDERAL DF
JORGE ANTONIO DA CUNHA OLIVEIRA
ORIENTADORA: ROSA MARIA SPOSTO
CO-ORIENTADORA: RAQUEL NAVES BLUMENSCHEIN
TESE DE DOUTORADO EM ESTRUTURAS E CONSTRUO CIVIL
PUBLICAO: E.TD 003 A/11
BRASLIA/DF: AGOSTO 2011
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UNIVERSIDADE DE BRASLIA
FACULDADE DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL
PROPOSTA DE AVALIAO E CLASSIFICAO DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DE CANTEIROS DE OBRAS.
METODOLOGIA ECO OBRA APLICADA NO DISTRITO FEDERAL DF
JORGE ANTONIO DA CUNHA OLIVEIRA
TESE SUBMETIDA AO DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL E AMBIENTAL DA FACULDADE DE TECNOLOGIA DA UNIVERSIDADE DE BRASLIA COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A OBTENO DO GRAU DE DOUTOR EM ESTRUTURAS E CONSTRUO CIVIL. APROVADA POR: _________________________________________________ Profa Rosa Maria Sposto, DSc. (ENC-UnB) (Orientadora) _________________________________________________ Profa Raquel Naves Blumenschein, DSc. (FAU- LACIS) (Co-Orientadora) _________________________________________________ Prof. Antonio Alberto Nepomuceno, DSc. (ENC-UnB) (Examinador Interno) _________________________________________________ Profa. Michele Tereza Marques Carvalho, DSc. (ENC-UnB) (Examinadora Interna) _________________________________________________ Profa. Maria Vitria Duarte Ferrari, DSc. (FGA) (Examinadora Externa) _________________________________________________ Prof. Maria Carolina Gomes de Oliveira Brandstetter, DSc. (UFG) (Examinadora Externa)
BRASLIA, 19 de AGOSTO DE 2011
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FICHA CATALOGRFICA
REFERNCIA BIBLIOGRFICA OLIVEIRA, J. A. da. C. (2011). Proposta de Avaliao e Classificao da Sustentabilidade
Ambiental de Canteiros de Obras. Metodologia ECO OBRA aplicada no Distrito Federal
DF. Tese de Doutorado em Estruturas e Construo Civil, Publicao E.TD-003A-2011,
Departamento de Engenharia Civil e Ambiental, Universidade de Braslia, Braslia, DF. 286p.
CESSO DE DIREITOS AUTOR: Jorge Antonio da Cunha Oliveira. TTULO: Proposta de Avaliao e Classificao da Sustentabilidade Ambiental de Canteiros
de Obras. Metodologia ECO OBRA aplicada no Distrito Federal - DF
GRAU: Doutor ANO: 2011
concedida Universidade de Braslia permisso para reproduzir cpias deste Exame de Qualificao para Tese de Doutorado para emprestar ou vender tais cpias somente para propsitos acadmicos e cientficos. O autor reserva outros direitos de publicao e nenhuma parte dessa publicao pode ser reproduzida sem autorizao por escrito do autor. ____________________________ Jorge Antonio da Cunha Oliveira SQN 411, Bloco G Apto 205. Asa Norte- Braslia- DF Brasil CEP 70855-070
OLIVEIRA,JORGEANTONIODACUNHAProposta de Avaliao e Classificao da Sustentabilidade Ambiental de Canteiros deObras.MetodologiaECOOBRAaplicadanoDistritoFederalDFXvii,286p.297mm(ENC/FT/UnB,Doutor,EstruturaseConstruoCivil,2011).TesedeDoutoradoUniversidadedeBraslia.FaculdadedeTecnologia.DepartamentodeEngenhariaCivileAmbiental.1.MeioAmbiente2.Sustentabilidadeemcanteirodeobra3.CritriosdeAvaliao4.EstratgiasdereduodeimpactosambientaisI.ENC/FT/UnB II.Ttulo(srie)
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DEDICATRIA
Deus
minha esposa Rose, companheira de todas as horas, pelo incentivo, compreenso e amor.
Aos amores da minha vida Rafael & Gustavo
minha me La, que sempre me incentivou na vida acadmica, pelo amor que sinto por ela.
minha irm Cristina, pela amizade e amor que tem por mim.
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais Jorge e La, minha irm Cristina, meus padrinhos Lo e Terezinha, meus tios Osvaldo e ngela, Jamir e Sandra, amigos e parentes pelo apoio e amizade nesta etapa de minha vida.
minha esposa Rose por ter me incentivado, auxiliado, na execuo deste trabalho, pela pacincia que teve nas horas de maior dificuldade, pelo carinho, pela amizade e pelo amor que sempre mostrou ter por mim.
Aos meus filhos Rafael e Gustavo, que em alguns momentos queriam a minha ateno, mas eu no podia dar toda que eles precisavam, e que este trabalho os inspire a seguir a minha linha de pesquisa.
Deus, pois sem ele, que o grande e nico pai de todos, isso no seria possvel.
As minhas professoras Rosa Maria Sposto e Raquel Naves Blumenshein pela orientao, pelo tempo dispensado neste estudo, pela nossa amizade e por ter me concedido um tema de primeira qualidade e de grande importncia no ramo da construo civil.
Aos professores do Departamento de Estruturas e Construo Civil pelo conhecimento transmitido no decorrer do curso.
Aos professores Antonio Alberto Nepomuceno, Michele Tereza Marques, Maria Vitria Duarte Ferrari e. Maria Carolina Gomes de Oliveira Brandstetter por terem aceitado o convite para participao de minha banca de defesa de doutorado.
Ao amigo Pedro Cerqueira, pela fora e ajuda na formatao do trabalho.
Aos colegas do Programa de Ps Graduao em Estruturas e Construo Civil pela amizade que se consolidou durante os anos de convvio.
Ao CNPq pelo suporte financeiro.
Multicon Engenharia pelo apoio tcnico durante a implantao do estudo piloto para servir de parmetro de implantao de estratgias que serviram de base para metodologia propostas.
s empresas construtoras do Distrito Federal que colaboraram na validao do ECO OBRA, so elas: Multicon Engenharia Ltda, Soltec Engenharia Ltda, Emarki Engenharia Ltda, JC Gontinjo, Habitat Engenharia Ltda, Faenge Engenharia Ltda.
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RESUMO
PROPOSTA DE AVALIAO E CLASSIFICAO DA SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL DE CANTEIROS DE OBRAS. METODOLOGIA ECO OBRA APLICADA NO DISTRITO FEDERAL DF. Autor: Jorge Antonio da Cunha Oliveira Orientadora: Rosa Maria Sposto Co- Orientadora: Raquel Naves Blumenshein Programa de Ps Graduao em Estruturas e Construo Civil Braslia, 19 de Agosto de 2011.
O principal produto deste trabalho foi o desenvolvimento de uma metodologia de avaliao da sustentabilidade ambiental em canteiros de obra na fase de execuo, denominado ECO OBRA. O ECO OBRA uma ferramenta de avaliao computacional que pontua e classifica canteiros de obra em relao sustentabilidade ambiental, apresentando solues e estratgias que contribuam para a reduo dos impactos ambientais. Para a construo e elaborao da metodologia proposta no ECO OBRA (software), foi realizado um diagnstico ambiental das empresas construtoras, para se obter a informao necessria de como estas empresas estavam se comportando com relao gesto ambiental. Os aspectos avaliados nesse diagnstico foram gesto das guas, gesto de energia e gesto dos resduos slidos dentro do canteiro de obra. Realizado o diagnstico ambiental, observou-se que as empresas no poderiam ser ditas como ambientalmente sustentveis. Dessa forma, foi proposta a aplicao de um estudo piloto, em cinco canteiros de obra, onde foram coletados dados de perdas durante as etapas construtivas, tambm foram aplicadas algumas estratgias de reduo de impactos ambientais. Estes resultados contriburam para construo do ECO OBRA. A metodologia ECO OBRA foi elaborada com o intuito de se avaliar e classificar os canteiros de obra em relao sustentabilidade ambiental onde: mdias menores que 5,00, o canteiro classificava-se como ambientalmente invivel; mdias maiores que 5,00 e menores que 7,50 - canteiro pouco sustentvel; mdias maiores que 7,50 e menores que 9,00 - canteiro de obra sustentvel; finalmente, mdias maiores que 9,00 - canteiro de obra com grau de excelncia em sustentabilidade. A classificao alcanada pelos canteiros de obra, aps a anlise pelo software foi, em sua maioria, considerada como pouco sustentvel. Dos doze canteiros de obras avaliados, nenhum canteiro foi classificado como sustentvel. A metodologia ECO OBRA pode ser aplicada para qualquer tipo de edificao, alm de poder ser ampliada para que seja usada na avaliao na fase de projetos, passando pelas etapas de execuo e at no ps obra. O ECO OBRA uma metodologia pioneira aplicada no Brasil, por analisar, classificar ambientalmente os canteiros de obra e propor solues e aes de reduo dos impactos ambientais.
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ABSTRACT
PROPOSAL EVALUATION AND CLASSIFICATION OF ENVIRONMENTAL SUSTAINABILITY CONSTRUCTION SITE. ECO OBRA METHODOLOGY APPLIED IN FEDERAL DISTRICT - DF. Autor: Jorge Antonio da Cunha Oliveira Orientadora: Rosa Maria Sposto Co- Orientadora: Raquel Naves Blumenshein Programa de Ps Graduao em Estruturas e Construo Civil Braslia, 19 de Agosto de 2011. The main product of this work was to develop a methodology for evaluating environmental sustainability in construction sites in the execution phase, called ECO OBRA. The ECO OBRA is a computational assessment tool that scores and classifies construction sites in relation to environmental sustainability, providing solutions and strategies that contribute to reducing environmental impacts. For the construction and elaboration of the methodology proposed in ECO OBRA (software), we performed an environmental assessment of construction companies to obtain the necessary information on how these companies were behaving in relation to environmental management. The aspects evaluated were diagnosed in water management, energy management and solid waste management within the construction site. Conducted the environmental assessment, it was observed that the companies could not be said to be environmentally sustainable. Thus, it was proposed to implement a pilot study in five construction sites, where loss data were collected during the construction stages, were also applied some strategies to reduce environmental impacts. These results contributed to the construction of the ECO OBRA. The methodology was developed ECO OBRA in order to assess and classify the building site in relation to environmental sustainability where: averages less than 5.00, the plot is classified as environmentally feasible; averages higher than 5.00 and less than 7.50 - little plot development; averages higher than 7.50 and less than 9.00 - sustainable construction site and, finally, averages higher than 9.00 - construction site with a degree of excellence in sustainability. The classification achieved by the construction site, after analysis by the software was mostly considered as not sustainable. Of the twelve work sites evaluated, no plot was classified as sustainable. The methodology ECO OBRA can be applied to any type of building, and can be expanded to be used in the assessment phase of projects, through the stages of implementation and even after work. The ECO OBRA is a pioneering methodology applied in Brazil, analyze, classify environmentally construction sites and propose solutions and actions to reduce environmental impacts.
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SUMRIO
1- INTRODUO ................................................................................................... 1
1.1 IMPORTNCIA E MOTIVAO ................................................................ 3
1.2 DELIMITAO.............................................................................................. 5
1.3 HIPTESES ..................................................................................................... 7
1.4 OBJETIVO DO TRABALHO .......................................................................... 8
1.4.1 Objetivo geral................................................................................................. 8
1.4.2 Objetivos especficos...................................................................................... 8
2 REVISO BIBLIOGRFICA ......................................................................... 10
2.1 CONTEXTUALIZAO HISTRICA E CONCEITOS DE SUSTENTABILIDADE.............................................................................................
10
2.2 A SUSTENTABILIDADE APLICADA CONSTRUO CIVIL .............. 14
2.3 IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA INDSTRIA DA CONSTRUO E PRODUO DE EDIFCIOS....................................................
18
2.3.1 Gerao de resduos ....................................................................................... 26
2.3.2 Perdas durante as etapas de execuo ........................................................... 35
2.3.3 Consumo de energia ...................................................................................... 39
2.3.4 Consumo de gua............................................................................................ 42
3 - CERTIFICAES DE GREEN BUILDING, FERRAMENTAS PARA GESTO AMBIENTAL E METODOLOGIAS DE AVALIAO DA SUSTENTABILIDADE ..........................................................................................
46
3.1 CERTIFICAES DE GREEN BUILDING .. 46
3.1.1 Leed V2.2 (Leadership In Energy And Enviromental Design) ..... 49
3.1.2 AQUA Alta Qualidade Ambiental .............................................................. 50
3.2 FERRAMENTAS PARA GESTO AMBIENTAL ........................................ 55
3.2.1 Srie de normas ISO 14000............................................................................ 56
3.2.2 Produo Mais Limpa (P+L) ........................................................................ 57
3.3 PROPOSTAS DE METODOLOGIAS DE AVALIAO DE SUSTENTABILIDADE ............................................................................................
62
3.3.1- Metodologia proposta por Silva (2003) ........................................................... 62
3.3.2 Metodologia proposta por Degani (2003 ...................................................... 63
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x
3.3.3 Metodologia proposta por Librelottro (2005) ................................................ 66
3.3.4 Metodologia proposta por Carvalho (2009) ................................................. 67
3.3.5 Metodologia proposta por Gargoles et al (2009) .......................................... 68
4 ESTUDO PILOTO DIAGNSTICO AMBIETAL E APLICAO DE ESTRATGIAS DE REDUO DE IMPACTOS AMBIENTAIS DURANTE AS FASES DE EXECUO ..............................................................
70
4.1 INTRODUO ................................................................................................ 70
4.1.1 Definio da estrutura de avaliao .............................................................. 74
4.2 ETAPA 1 - DIAGNSTICO AMBIENTAL DAS FASES DE EXECUO...............................................................................................................
75
4.2.1 Resultado do diagnstico ambiental inicial dos canteiros de obra ............. 77
4.2.1.1 Resultados da gesto de resduos ............................................................... 77
4.2.1.2 Resultado da gesto de recursos naturais ................................................. 79
4.3 ETAPA 2 DETERMINAO DAS PERDAS AMBIENTAIS E ECONMICAS DAS FASES DE EXECUO .....................................................
80
4.3.1 Processo de execuo de frma de maderite ............................................. 82
4.3.1.1 Resultados das perdas do processo construtivo de execuo de frma de maderite e aplicao de estratgias de reduo de impacto .....................................
85
4.3.2 Processo de execuo de corte, dobra e armao ...................................... 86
4.3.2.1 Resultados das perdas do processo construtivo de corte, dobra e armao e aplicao de estratgia ............................................................................................
87
4.3.3 Processo de execuo de eoncretagem ......................................................... 90
4.3.3.1 Resultados das erdas do processo construtivo de lanamento de concreto e aplicao de estratgias ...........................................................................................
91
4.3.4 Processo de Execuo de Revestimentos de Pisos Cermicos e Revestimentos de Paredes. .........................................................................................
92
4.3.4.1 Resultados das perdas dos processos construtivos de revestimentos cermicos de paredes e piso e aplicao de estratgias ..........................................
94
4.4 ETAPA 3 PROPOSIO DE ESTRATGIAS DE REDUO DE IMPACTOS AMBIENTAIS ....................................................................................
96
4.4.1 Estratgia de Reduo do Consumo de gua nos Canteiros de Obra e Durante a Fase de Execuo. ....................................................................................
97
4.4.1.1 Aplicao da Estratgia de Reduo do Consumo de gua ..................... 101
4.4.2 Estratgia de Reduo do Consumo de Energia Eltrica nos Canteiros de Obra e Durante a Fase de Execuo. .........................................................................
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xi
105
4.4.3 Estratgia de Reduo e Reutilizao dos Resduos Gerados nas Fases de Execuo.....................................................................................................................
107
4.4.3.1 Estratgia durante a fase de terraplanagem ............................................. 107
4.4.3.2 Gesto de energia e emisses ..................................................................... 107
4.4.3.3 Gesto de materiais e resduos slidos ....................................................... 108
5 METODOLOGIA. DE CLASSIFICAO DOS CANTEIROS DE OBRA EM RELAO SUSTENTABILIDADE FERRAMENTA ECO ..............
109
5.1 INTRODUO ................................................................................................ 109
5.2 DESENVOLVIMENTO OPERACIONAL DO SOFTWARE ECO OBRA... 110
5.2.1 Critrios de pontuao .................................................................................. 112
5.3 CONSTRUO DO ECO OBRA.................................................................... 120
5.4 CATEGORIAS AVALIADAS.......................................................................... 123
5.4.1 Grupo 1 - relao do edifcio com o seu entorno .......................................... 123
5.4.2 Grupo 2 - Escolha dos sistemas e processos construtivos ........................... 124
5.4.3 Grupo 3 - Canteiro de obras com baixo impacto ambiental...................... 125
5.4.4 Grupo 4 - Gesto da energia .......................................................................... 126
5.4.5 Grupo 5 - Gesto da gua .............................................................................. 127
5.4.6 Grupo 6 - Gesto dos resduos de canteiro de obra ..................................... 128
5.4.7 Critrio de pontuao e classificao do ECO OBRA ............................... 128
6 VALIDAO DA METODOLOGIA ECO OBRA - RESULTADOS E DISCUSSO ............................................................................................................
130
6.1 INTRODUAO................................................................................................. 130
6.2 CARACTERIZAES, RESULTADOS E CLASSIFICAO DOS CANTEIROS DE OBRAS ........................................................................................
130
6.2.1 Caractersticas dos canteiros de obras avaliados ......................................... 130
6.2.2 Resultados mdios dos canteiros de Obras Avaliados ................................ 131
6.2.3 Resultados dos canteiro de obra individuais ................................................. 133
6.2.3.1 Resultado do canteiro de obra 1................................................................... 133
6.2.3.2 Resultado do canteiro de obra 2 .................................................................. 134
6.2.3.3 Resultado do canteiro de obra 3 .................................................................. 135
6.2.3.4 Resultado do canteiro de obra 4 .................................................................. 137
-
xii
6.2.3.5 Resultado do canteiro de obra 5 ................................................................. 138
6.2.3.6 Resultado do canteiro de obra 6 .................................................................. 139
6.2.3.7 Resultado do canteiro de obra 7 .................................................................. 141
6.2.3.8 Resultado do canteiro de obra 8 .................................................................. 143
6.2.3.9 Resultado do canteiro de obra 9 .................................................................. 144
6.2.3.10 Resultado do canteiro de obra 10 ............................................................. 146
6.2.3.11 Resultado do canteiro de obra 11 ............................................................. 148
6.2.3.12 Resultado do canteiro de obra 12 ............................................................. 149
6.3 - RESULTADOS DOS CANTEIROS DE OBRA PARA OS GRUPOS ESTUDADOS ............................................................................................................
151
6.3.1- Relao do edifcio com o seu entorno .......................................................... 152
6.3.2- Escolha dos sistemas e processos construtivos .............................................. 152
6.3.3- Canteiro de obras com baixo impacto ambiental ......................................... 154
6.3.4 Gesto da energia .............................................................................................. 155
6.3.5 Gesto da gua ............................................................................................... 155
6.3.6 - Gesto dos resduos de canteiro de obra ....................................................... 157
6.4 PROPOSTAS DE SOLUES E ESTRATGIAS PARA REDUO DOS IMPACTOS AMBIENTAIS .....................................................................................
158
6.4.1- Relao de Estratgias para Grupo 1 ............................................................... 158
6.4.2- Relao de Estratgias para Grupo 2 ............................................................... 159
6.4.3- Relao de Estratgias para Grupo 3 .............................................................. 160
6.4.4- Relao de Estratgias para Grupo 4 ............................................................... 161
6.4.5- Relao de Estratgias para Grupo 5 ............................................................... 162
6.4.6- Relao de Estratgias para Grupo 6 ............................................................... 162
7 CONCLUSES E RECOMENDAES PARA TRABALHOS FUTUROS .................................................................................................................
163
7.1 CONCLUSES .................................................................................................
163
7.2 SUGESTES PARA TRABALHOS FUTUROS ............................................ 165
REFERNCIAS BIBLIOGRFICAS ...................................................................
167
APNDICE................................................................................................................. 179
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xiii
ANEXOS ................................................................................................................... 184
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 - Certificaes de Green Buildings e pases de atuaes .................. 47
Tabela 3.2 - Categorias avaliadas pelo AQUA ................................................... 53
Tabela 4.1 - Entradas e sadas da fase de execuo de Frma de maderite. ........ 83
Tabela 4.2 - Anlise comparativa de entrada e sada do processo construtivo de frma de concreto................................................................................
85
Tabela 4.3 - Anlise comparativa de entrada e sada do processo de armao ..... 87
Tabela 4.4 Anlise comparativa da barra reta de ao cortada. .......................... 88
Tabela 4.5 - Execuo de piso cermico na rea molhada (rea de 16,17 m)..... 94
Tabela 4.6 - Execuo de piso cermico na rea seca (rea de 45,47 m.) .......... 95
Tabela 4.7 - Execuo de Azulejo nas paredes (rea de 11,75 m.) .................... 96
Tabela 4.8 - Custo do investimento do sistema de captao ................................. 103
Tabela 4.9- Valor Mensal do consumo de gua .................................................... 104
Tabela 5.1 - Respostas e critrio de pontuao adotado .................................... 105
Tabela 5.2 - Critrio de avaliao da sustentabilidade ambiental do canteiro de obra. ....................................................................................................
116
Tabela 6.1 - Caractersticas dos Canteiros de Obra ........................................... 131
Tabela 6.2 - Resultados mdios dos grupos analisados dos Canteiros de Obra 132
Tabela 6.3 - Pontuao e classificao do canteiro de obra................................... 133
Tabela 6.4 - Pontuao e classificao do canteiro de obra................................... 134
Tabela 6.5 - Pontuao e classificao do canteiro de obra................................... 135
Tabela 6.6 - Pontuao e classificao do canteiro de obra................................... 137
Tabela 6.7 - Pontuao e classificao do canteiro de obra................................... 138
Tabela 6.8 - Pontuao e classificao do canteiro de obra................................... 140
Tabela 6.9 - Pontuao e classificao do canteiro de obra................................... 142
Tabela 6.10 - Pontuao e classificao do canteiro de obra................................. 143
Tabela 6.11 - Pontuao e classificao do canteiro de obra................................ 145
Tabela 6.12 - Pontuao e classificao do canteiro de obra................................. 147
Tabela 6.13 - Pontuao e classificao do canteiro de obra................................. 148
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xiv
Tabela 6.14 - Pontuao e classificao do canteiro de obra................................. 150
LISTA DE FIGURAS
Figura 2.1 - Introduo dos aspectos ambientais no paradigma da indstria da construo ...............................................................................................
15
Figura 2.2 - Nmero de fabricantes/exploradores e fornecedores dos materiais e componentes da cesta PBQP-H para as empresas construtoras...............
25
Figura 2.3 - Fluxo do processo de extrao das matrias primas at a disposio final dos resduos durante a construo de edificaes (SILVA, 2007)..
30
Figura 2.4 - Vista rea do aterro controlado do jquei clube .................................... 32
Figura 2.5 - Ilustrao do sistema de aproveitamento de iluminao natural com sistema de garrafa PET (www.globovideos.com.br)..............................
42
Figura 2.6 - Reservatrio de gua pluvial no atrium de uma casa em Pompia, antes da construo do aqueduto da cidade no final do 1 sc. A.C.................
46
Figura 3.1 - Rede GEA de certificaes de edifcios (FERREIRA, 2008)................... 51
Figura 3.2 - Perfil mnimo AQUA, adaptado de (CASADO, 2008)............................ 52
Figura 3.3 - Exemplo de certificado AQUA. (FERREIRA, 2008).............................. 54
Figura 3.4 - Centros de Produo Mais Limpa no Mundo ........................................... 60
Figura 3.5 - Rede Brasileira de Produo Mais Limpa Fonte CEBDS........................ 61
Figura 4.1 Processo de edificao (AUTOR 2011) ................................................. 70
Figura 4.2 - Fluxograma geral da pesquisa ............................................................... 71
Figura 4.3 - Entradas e sadas durante as fases de execuo de uma edificao.......... 73
Figura 4.4 - Passos de realizao do diagnstico ambiental ...................................... 76
Figura 4.5 - Resultado das empresas com relao ao sistema de gesto de resduos de obra........................................................................................................
77
Figura 4.6 - Resultado das empresas com relao ao sistema de gesto de resduos de obra......................................................................................................
79
Figura 4.7 - Resultado das empresas com relao gesto de matria-prima ............ 80
Figura 4.8 - Fluxograma do processo de medio do percentual de perda na execuo .................................................................................................
81
Figura 4.9 - Esquema de entradas e sadas de uma fase de execuo. (Adaptado do CNTL) .......................................................................................................
82
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xv
Figura 4.10 - Aspectos de desempenho ambiental na fase de execuo de frmas...... 83
Figura 4.11 - Aspectos de desempenho ambiental na fase de execuo de armao.................................................................................................
86
Figura 4.12 - Aspectos de desempenho ambiental na fase de concretagem .............. 90
Figura 4.13 - Aspectos de desempenho ambiental na fase de revestimento cermico. 94
Figura 4.14 - ndices pluviomtricos acumulados no ano de 2004 (Fonte: INMET). 98
Figura 4.15 - ndices pluviomtricos acumulados no ano de 2005. (Fonte: INMET) 98
Figura 4.16 - ndices pluviomtricos acumulados no ano de 2006. (Fonte: INMET) 99
Figura 4.17 - ndices pluviomtricos acumulados no ano de 2007. (Fonte: INMET) 99
Figura 4.18 - Esquema de captao de guas pluviais para barraces de obra......... 100
Figura 4.19 - Consumo mensal de gua (m) antes da aplicao da estratgia............ 102
Figura 4.20 - Consumo mensal de gua (m) aps a aplicao do sistema de captao.................................................................................................
103
Figura 5.1 - Fluxograma geral do programa ECO OBRA.......................................... 112
Figura 5.2 Etapas do clculo das mtricas ............................................................. 114
Figura 5.3 - Pgina de cadastramento das empresas................................................... 117
Figura 5.4 - Pgina de cadastramento das obras....................................................... 118
Figura 5.5 - Incio da etapa de coleta de dados............................................................ 118
Figura 5.6 - Visualizaes dos resultados dos grupos avaliados em grfico tipo barras ......................................................................................................
119
Figura 5.7 - Visualizaes dos resultados dos grupos em grfico tipo aranha......................................................................................................
119
Figura 5.8 - Fluxo de desenvolvimento tcnico cclico do programa ECO OBRA baseado nas instrues contidas no RUP..................................................
121
Figura 5.9 - Esquemas da arquitetura em camadas especificas................................... 122
Figura 5.10 - Clculo das mtricas e da mdia geral dos grupos ............................... 129
Figura 6.1 - Resultados obtidos atravs do ECO OBRA para o canteiro de obra 1.... 134
Figura 6.2 - Resultados obtidos atravs do ECO OBRA para o canteiro de obra 2.... 135
Figura 6.3 - Resultados obtidos atravs do ECO OBRA para o canteiro de obra 3.... 136
Figura 6.4 - Resultados obtidos atravs do ECO OBRA para o canteiro de obra 4.... 138
Figura 6.5 - Resultados obtidos atravs do ECO OBRA para o canteiro de obra 5.... 139
Figura 6.6 - Resultados obtidos atravs do ECO OBRA para o canteiro de obra 6.... 141
Figura 6.7 - Resultados obtidos atravs do ECO OBRA para o canteiro de obra 7.... 142
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xvi
Figura 6.8 - Resultados obtidos atravs do ECO OBRA para o canteiro de obra 8.... 144
Figura 6.9 - Resultados obtidos atravs do ECO OBRA para o canteiro de obra 9.... 146
Figura 6.10 - Resultados obtidos atravs do ECO OBRA para o canteiro de obra 10 147
Figura 6.11 - Resultados obtidos atravs do ECO OBRA para o canteiro de obra 11 149
Figura 6.12 - Resultados obtidos atravs do ECO OBRA para o canteiro de obra 12 151
Figura 6.13 - Resultados dos canteiros para o grupo 1............................................... 152
Figura 6.14 - Resultados dos canteiros para o grupo 2................................................. 153
Figura 6.15 - Resultados dos canteiros para o grupo 3................................................. 154
Figura 6.16 - Resultados dos canteiros para o grupo 4................................................ 155
Figura 6.17 - Resultados dos canteiros para o grupo 5................................................ 156
Figura 6.18 - Resultados dos canteiros para o grupo 6................................................ 157
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xvii
LISTA DE FOTOS
Foto 4.1 - Execuo dos Painis das frmas de madeira....................................... 84
Foto 4.2 - Medio das sadas de resduos de madeira (P de Serra e Resduos). 84
Foto 4.3 - Reutilizao dos resduos das barras de ao: confeco de Gravatas de travamento de pilares......................................................................
89
Foto 4.4 - Reutilizao dos resduos das barras de ao Confeco de Gravatas
de travamento de pilares. ....................................................................
89
Foto 4.5 - Desperdcio de concreto durante a Concretagem ................................ 91
Foto 4.6 - Entrada - Execuo do Revestimento do azulejo............................... 93
Foto 4.7 - Sadas - Resduo do processo de revestimento cermico.................... 93
Foto 4.8 - Reservatrio de captao de guas pluviais ..................................... 101
Foto 4.9 - Aplicao do sistema de iluminao natural por uso de garrafas PET.. 106
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xviii
LISTAS DE SIGLAS
ACV - Anlise de Ciclo de Vida
AQUA - Alta Qualidade Ambiental
BEN - Balano Energtico Nacional
CBIC - Cmara Brasileira da Indstria da Construo. Sustentabilidade
CEF - Caixa Econmica Federal
CENB - Clube de Engenharia de Braslia
CIB - Conseil International du Btiment
CNTL - Centro Nacional de Tecnologias Limpas
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
CUB - Custo unitrio bsico da construo
IPT - Instituto de Pesquisas Tecnolgicas
ISSO - International Organization for Standardization
MIC - Ministrio da Indstria e Comrcio
OECD - The Organisation of Economic Co-operation and Development Environmental
Performance Review.
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostras de Domiclios
QAE - Qualidade Ambiental do Edifcio
RCC - Resduos da Construo Civil
RSCD - Resduos Slidos de Construo e Demolio
SGA - Sistema de Gesto Ambiental
SINPHA - Sistema de Informao de Posses e Hbitos de Consumo
SMA - Superintendncia de Meio Ambiente
TCPO - Tabelas de Composies de Preos para Oramentos
UNEP - United Nations Environmental Programe
UNIDO - United Nations Industry Development Organization
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1
1 - INTRODUO
A necessidade de se conservar o meio ambiente deixou de ser uma preocupao restrita a
apenas movimentos ambientalistas e de organizaes no-governamentais. Hoje se estende
grande parte da sociedade. A importncia dos recursos naturais frente ao mundo empresarial,
especificamente o da construo civil, ainda incipiente, no entanto os consumidores
(cidados comuns) gradativamente esto se conscientizando e seguindo a tendncia de adquirir
produtos mais sustentveis referentes ao setor.
A construo civil brasileira tem sido foco constante de crticas em relao aos desperdcios de
matrias-primas e insumos. (CEF, 2001). Estima-se que o setor seja responsvel pela gerao
de cerca de 40% dos resduos gerados. Este nmero significativo, pois parte da matria-
prima utilizada nos processos de construo de empreendimentos urbanos de origem no
renovvel, como o caso dos recursos minerais.
Diversos autores, a exemplo de Viotti (1997), baseados na teoria da inovao, preconizam a
idia da construo sustentvel aliada s capacidades tecnolgicas em desenvolvimento
paralelo e capacidade de produo como um ambiente favorvel tecnologia na indstria da
construo civil, uma vez que, neste segmento, os impactos gerados tm proporcionado
problemas ambientais, scio-econmicos e culturais.
O processo de construo e o meio ambiente esto intimamente ligados, considerando-se que
os insumos referentes aos materiais, energia, e a gua so todos consumidos em grande escala
na obra e na operao dos edifcios habitacionais. Torna-se evidente que esta relao afeta as
condies de vida dos indivduos, assim como o bem-estar e a sade pblica, causando
impactos ambientais, financeiros e sociais, muitas vezes incalculveis e irremediveis,
decorrentes de uma m gesto.
Neste sentido, a legislao ambiental no Brasil no tem se revelado muito favorvel, na
-
2
medida em que no suficientemente rgida na aplicao de sanes aos infratores, nem
obrigam as empresas a encarar com seriedade e responsabilidade a varivel ambiental em suas
aes operacionais. Atualmente, pode-se dizer que as condies impostas pela legislao
indicam a adequao das construtoras s exigncias ambientais, podendo trazer benefcios de
ordem social, econmica e sustentvel ao meio ambiente, ao governo, sociedade e s
empresas relacionadas ao ramo, alm de vantagens competitivas de marketing e rentabilidade
para o campo da construo civil.
O escopo primordial desta tese contribuir para a fase de execuo de edifcios residenciais de
mltiplos pavimentos e obras pblicas. Com este propsito, algumas reas do Distrito Federal
foram avaliadas, tendo como parmetros os efeitos previstos na Cadeia Produtiva da Indstria
da Construo (CPIC), os aparatos tecnolgicos em favor da minimizao dos impactos, o
processamento dos insumos, reciclagem e materiais alternativos, o consumo desnecessrio de
energia e de gua, a interdisciplinaridade com a Gesto Ambiental1 e seu mapeamento por
meio do geoprocessamento2, dentre outras variveis.
Como pesquisa de campo desta tese, fez-se a anlise no processo de construo de edifcios
habitacionais localizados, por exemplo, nos bairros de guas Claras, Noroeste e um canteiro
de obra pblica, todos localizados no Distrito Federal, objetivando contribuir para a elaborao
metodolgica de anlise no processo de construo e fortalecer a teoria da inovao na
avaliao de hipteses s caractersticas da regio Centro-Oeste, suas peculiaridades e polticas
de ocupao do solo. Desta forma, podem ser estabelecidos parmetros para o delineamento de
um cenrio da construo civil em termos tecnolgicos e de conscincia ecolgica.
O setor de construo civil deve acompanhar esta tendncia de reduo dos impactos
1 Gesto Ambiental , no entendimento de Kraemer (2004), o sistema que inclui a estrutura organizacional, atividades de planejamento, responsabilidades, prticas, procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar criticamente e manter a poltica ambiental.
2 O termo Geoprocessamento denota a disciplina do conhecimento que utiliza tcnicas matemticas e computacionais para o tratamento da informao geogrfica e que vem influenciando de maneira crescente as reas de Cartografia, anlise de recursos naturais, transportes, comunicaes, energia e planejamento urbano e regional (CAMARA; DAVIS, 2001).
-
3
ambientais, no apenas com a inteno de cumprir o aspecto legal, mas, principalmente, de
motivar a efetiva interatividade com responsabilidade ambiental. Sobre este aspecto, tem-se
observado que a adoo de prticas ambientais h que ser difundida e debatida em fruns,
escolas, universidades, veculos de comunicao como rdios, programas televisivos, internet,
entre outros. Isto implica a elaborao de material e a promoo de um debate nacional,
envolvendo todas as categorias sociais, pois o tema abarca prticas politicamente corretas na
educao humana e na formao profissional.
Portanto, o que se entende uma lenta, mas segura e gradual confirmao de que o setor est
tentando aderir s exigncias ambientalmente corretas, formalizando, como consequncia, um
modelo de gesto inovadora e sustentvel para a evoluo do processo industrial na rea da
construo civil.
1.1 - IMPORTNCIA E MOTIVAO
O carter cientfico desta pesquisa observa a necessidade de conservao ambiental
relacionada s estruturaes habitacionais e obras pblicas, em razo desta ser uma
preocupao de nvel global. Mais do que uma percepo inovadora, relacionar a
sustentabilidade ao contexto da construo civil torna-se uma atitude madura, desafiadora e
responsvel, proporcionando significativa contribuio ao universo cientfico, acadmico,
profissional e sociedade em geral.
Parte-se da hiptese de que a Gesto Ambiental se alia a ferramentas de inovaes
tecnolgicas elaboradas em conjunto com as tcnicas da engenharia civil, tornando-se um dos
pilares de conservao do meio-ambiente.
Este estudo tambm contribui para o sucesso de obras racionalmente mais elaboradas,
consistentes e competitivas no processo de desenvolvimento social. A ampliao da viso do
segmento empresarial, a adoo de uma postura de poder e tomada de decises quanto ao
futuro da humanidade trar vantagens competitivas ao mercado, proporcionando resultados
tangveis (eficincia operacional) e intangveis (qualidade de marca e reputao profissional).
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4
Outro propsito deste trabalho buscar chamar ateno para a importncia da construo
civil como fator de sucesso e competitividade entre as construtoras do setor. A preferncia por
imveis de empresas que foquem a conservao do meio ambiente tem sido fator decisivo para
boa parte da demanda. Pode-se, de certo modo, diminuir o custo das obras e alavancar
rentabilidade, gerando benefcios para ambos os lados.
Pressupondo-se a utilizao simultnea de tcnicas especficas e conhecimento tecnolgico
com o objetivo de minimizar o consumo dos recursos naturais disponveis o setor da
construo civil certamente alcanaria uma maior sustentabilidade ambiental e, de certo,
refletiria numa tendncia geral de amenizao dos impactos ocasionados pela atividade
construtiva.
A necessidade e a capacidade de reestruturao tecnolgica tm papel fundamental na
reorganizao social e econmica de qualquer pas, empresa ou at mesmo em um indivduo
do mundo moderno. Essa preocupao vem sendo muito debatida na sociedade moderna em
funo de que a obrigao de desenvolvimento cria situaes que requerem inovaes em
todos os setores. A essa inquietao tem-se dado o nome de teoria do conhecimento ou do
aprendizado que visa o desenvolvimento sustentvel aplicado na Indstria da Construo.
Assim sendo, o grande desafio motivador deste trabalho saber como aplicar tais inovaes
no processo da Cadeia Produtiva da Indstria da Construo (CPIC) que tem como propsito a
busca por resultados positivos. Este desafio envolve um emaranhado de atividades paralelas
que trazem impactos ambientais os quais influenciam na qualidade e configurao de novos
modelos econmicos e sociais.
Neste sentido, o embasamento terico deste estudo tem o intuito de identificar quais
transformaes e mudanas tm ocorrido na tentativa de unir sustentabilidade dentro da cadeia
produtiva aliado s teorias da inovao - compreendido como Sistema Nacional de Inovao e
Sistema Nacional de Aprendizado - espelhando-se principalmente nas teorias de Viotti,
Lundval e Freeman.
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5
Blusmenchein (2004) exemplifica que: Segundo os novos schumpterianos3 (Lundval e
Freeman) e Viotti (1997), mudanas tecnolgicas esto diretamente ligadas aos Sistemas
Nacionais de Inovaes (SNI) e de Aprendizado (SNA), os quais precisam estar fortalecidos
para que se aprenda e adquira capacidade de melhorar, incrementar e inovar, propiciando
assim a evoluo dos conhecimentos, experincias e exemplos que, na concepo de Dosi
(1988), constituem o paradigma tecnolgico.
Com o intuito de se cumprir essa proposta, faz-se obrigatrio o investimento no estudo das
novas tecnologias, muito difundido nos meios acadmicos atuais, baseado na aplicao de
ferramentas que possibilitem reduzir os impactos ambientais gerados pelo setor da construo
civil, utilizao de sistemas constritivos ambientalmente corretos, utilizao de sistemas
construtivos comprovados redutores de impactos.
A pesquisa tem ainda por motivao a anlise dos clculos relativos s perdas e ganhos
ambientais resultantes do processamento dos resduos gerados na fase de execuo, ora objeto
prioritrio das atuais empresas de construo civil. Seguindo este foco, este estudo pode ainda
contribuir para a viabilidade de uma gesto ambiental positiva a partir da prtica da reciclagem
de materiais e insumos e do uso de produtos alternativos, comprovados nesta pesquisa por
meio da coleta de dados.
A ferramenta ECO-OBRA tambm oferece a oportunidade de realizao de um diagnstico
ambiental das fases de execuo de uma construo, fornecendo s empreiteiras
comprometidas com a evoluo ambiental de reduo de impactos, uma anlise real da
sustentabilidade ambiental nos canteiros de obra.
1.2 - DELIMITAO
A sustentabilidade um conceito sistmico e notrio que engloba a comunidade mundial
numa discusso dos aspectos econmicos, sociais, culturais, ambientais, geogrficos,
3 Joseph Schumpeter desenvolveu teorias sobre a importncia das inovaes e dos avanos tecnolgicos no desenvolvimento de empresas e da economia no na primeira metade do sculo XX.
-
6
climticos, comportamentais, polticos, filosficos, topogrficos, dentre outros que, na
oportunidade deste trabalho, sero pontuados, num esforo argumentativo de enfatizar a
importncia do fator ambiental no processo de execuo das estruturas habitacionais verticais
e das obras pblicas na regio do Distrito Federal.
O Distrito Federal possuidor de um dos melhores padres econmicos e qualitativos de vida
do Brasil, provocando um crescimento populacional desordenado, mas apresentando como
virtude mo-de-obra excedente, principalmente na construo civil. Como resultado, nota-se
um aquecimento da economia, mas tambm problemas de ordem social, como aumento da
demanda por moradias e a total incapacidade do Poder Pblico de supri-la; insuficincia do
nmero de hospitais para prestar atendimento populao; inadequao da infra-estrutura
urbana, ineficincia das redes pblicas de ensino, alm do comprometimento dos fatores
climticos provocados pelo desmatamento resultante a urbanizao acelerada.
A capital federal tem um dos maiores ndices de crescimento demogrfico do pas, em uma
mdia a 2,82% a.a. Originalmente planejada para abrigar uma populao mxima de 500 mil
habitantes, Braslia hoje no vive essa realidade. A capital abriga, alm da populao das
cidades-satlites, denominadas regies administrativas, o complexo de cidades do entorno,
denominado Regio Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (RIDE),
formado por municpios goianos e mineiros. Este fenmeno resultou num crescimento
populacional desordenado, que hoje se aproxima dos 4.200.000 (quatro milhes e duzentos
mil) de habitantes, segundo dados do IBGE (2010)4.
A regio de guas Claras, bairro considerado nobre (classes A e B), projetado pelo arquiteto
Paulo Zimbres e com caractersticas de crescimento desordenado, correspondia anteriormente
a uma gleba rural. Porm, motivado por discursos polticos e eleitoreiros, aliado a uma
demanda superior, transformou-se em um dos maiores canteiros de obra em atividade
atualmente dentro da Capital Federal, evidenciando uma verdadeira exploso demogrfica.
4Dadospesquisadosnosite:www.ibge.org.br.
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7
Esta regio atualmente possui 206 edificios construdos e 230 outros em construo, com a
previso de inccio de novos 314 at o fim de 2011, em uma regio de 808 hectares
(www.skyscrapercity.com/showtheard).
A regio concentra ainda o maior nmero de empreendimentos residenciais verticais em fase
de execuo e de concepo de projetos, em sua maioria com um nmero de pavimentos entre
15 a 30 andares, incorrendo obviamente em impactos diversos, que vo da quantidade de
resduos gerados at o montante das perdas de materiais durante a fase de execuo.
A fase de execuo na maioria das empresas construtoras da regio emprega processos
convencionais nos edifcios de multipavimentos, sendo esta a razo do grande gasto de
insumos (materiais, gua e energia) consumidos indiscriminadamente, gerando perdas e danos
ambientais que devem ser monitorados no intuito de se evitar impactos negativos.
Outros setores de aplicao da pesquisa foi o bairro Noroeste, considerado o primeiro bairro
ecolgico do Brasil. Prevista no trabalho (ou estudo) Braslia Revisitada, apresentado por
Lucio Costa, em 1987, a construo do bairro Noroeste em Braslia teve suas obras iniciadas
ainda em 2009. O projeto j obteve licena prvia do IBAMA -Instituto Brasileiro do Meio
Ambiente e dos Recursos Naturais Renovveis- e os empreendimentos prevem edificaes
residenciais e comerciais.
1.3 - HIPTESES
A realizao da pesquisa nos bairros de guas Claras, Noroeste e em canteiro de obra pblica
possibilitou a obteno dos dados necessrios ao desenvolvimento deste trabalho. A
concentrao de canteiros de obra nessa regio viabilizou a elaborao de relatrios e de
diagnsticos sobre os efeitos da manipulao e utilizao correta dos recursos materiais e
insumos, a anlise de suas sobras e perdas, bem como a observao dos impactos ambientais
que tais edificaes podem provocar no meio ambiente.
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Como hiptese identifica-se que os canteiros de obra pesquisados esto seguindo as normas e
leis federais e distritais estabelecidas, como por exemplo o Relatrio de Impacto Ambiental
(RIMA), observando os efeitos da CPIC.
1.4 - OBJETIVOS DO TRABALHO
1.4.1 - Objetivo geral
Desenvolver uma metodologia de avaliao da sustentabilidade ambiental em ambiente
computacional para construo de edificaes, para avaliar o desempenho do uso de energia,
gua e gesto de resduos em canteiros de obras, tendo como resultado uma classificao
ambiental para a regio do Distrito Federal, com possibilidade de aplicao para outras regies
do Brasil.
1.4.2 - Objetivos especficos
Relacionar a metodologia da tese ao processo de construo, levantando dados e
fazendo analogias com embasamento terico a cada caso especfico seja em:
instalaes provisrias, infraestrutura, superestrutura, revestimento, alvenaria, etc;
Disponibilizar argumentaes cientficas, fazendo avaliaes de tericos consagrados
sobre o tema e utiliz-las na prtica, em situaes hipotticas;
Fornecer subsdios percentuais sobre resduos e desperdcios materiais impactantes no
meio ambiente com o propsito de promover e apresentar solues que possam reduzir
tais impactos;
Desenvolver um software de avaliao da sustentabilidade ambiental em canteiros de
obra durante a fase de execuo;
Apontar alternativas sustentveis no processo de construo, diferentemente das
convencionalmente utilizadas, e apontar reduo de gastos e custos operacionais,
demonstrando a possibilidade da diminuio da presso sobre os recursos naturais e
ambientais, tudo isso por meio da adoo de procedimentos e mecanismos limpos, de
fcil aplicao e de resultados econmicos e ambientalmente convincentes;
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9
Obter um indicador de sustentabilidade ambiental para canteiros de obra que
possibilite a elaborao de uma tabela de classificao.
Dessa forma, fica evidenciada a necessidade do desenvolvimento metodolgico, que avalie a
questo sustentvel no contexto das edificaes de mltiplos pavimentos. Este estudo busca
precisamente apresentar dados cientficos para elaborao de planilhas, grficos e esquemas
que justifiquem um levantamento terico e resultem na aplicao prtica de mtodos
sustentveis, em sintonia com o processo de industrializao na rea da construo civil.
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2 - REVISO BIBLIOGRFICA
2.1-CONTEXTUALIZAO HISTRICA E CONCEITOS DE SUSTENTABILIDADE
Originalmente, a preocupao com a questo da sustentabilidade surgiu a partir de diversas
discusses as quais tomaram maior relevncia a partir de 1972, na Conferncia de Estocolmo,
por ocasio da Agenda 215. O evento, de acordo com Meller (2002), reuniu 113 pases e
representou um marco para o surgimento de movimentos ambientalistas. Foram apresentados
na Conferncia 23 princpios para conservao e melhoria do ambiente, destacando-se o uso
adequado dos recursos naturais do planeta a fim de assegurar s pessoas as condies de
liberdade, igualdade e de desfruto de condies de vida adequadas, que possibilitassem ao ser
humano viver com dignidade e qualidade de vida. (GIRARDI, 2006). Entre os princpios est
o compromisso com a proteo do ambiente, garantindo a sustentabilidade.
Em 1987, o conceito apareceu em um informe realizado pela ex-ministra norueguesa Gro
Harlem Brundtland para a ONU - Organizao das Naes Unidas, no qual se afirmava que
um desenvolvimento duradouro quando responde s necessidades do presente, sem colocar
em perigo as capacidades das geraes futuras. Nos encontros internacionais sobre meio
ambiente, o conceito tem sido centro das discusses. Em um extremo situam-se os ecologistas
radicais, que defendem o crescimento zero para encerrar as questes de esgotamento dos
recursos naturais. No outro lado, esto aqueles que acham que o progresso tecnolgico
permitir resolver todos os problemas ambientais.
John, Silva e Apogyan (2001) afirmaram que essas discusses so aplicveis essencialmente a
pases desenvolvidos. Quanto aos pases em desenvolvimento as prioridades, objetivos e
desafios so delineadas por elementos ambientais, econmicos e socioculturais diferenciados,
que interferem na compreenso e implementao de aes de desenvolvimento e construes
com caractersticas sustentveis.
5 A Agenda 21 trata-se de um projeto que viabiliza o novo padro de desenvolvimento ambientalmente racional, idealizada em 1972, mas que surtiu efeito apenas em 1992, pela Conferncia das Naes Unidas para o Meio Ambiente e o Desenvolvimento (CNUMAD) ou ECO-92, concretizada pelo The International Council for Research and Inovation in Bulding and Construction (CIB) em 1995, porm publicada em 1999.
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11
O discurso torna-se mais evidente na medida em que os aspectos econmicos e socioculturais
diferenciados so desproporcionais entre pases desenvolvidos e subdesenvolvidos porque,
em termos igualitrios, ocorre uma discrepncia econmica entre eles, mesmo que ambos
aderir ao aos processos globais de desenvolvimento e de industrializao. Ocorre que os pases
economicamente menos favorecidos tem seu crescimento limitado pelo fato de que tero que
cumprir acordos e tratados internacionais relativos sustentabilidade mundial, que, muitas
vezes, favorecem apenas o primeiro mundo. Essa realidade polmica e cria averses
ideolgicas de propores mundiais.
Em linhas gerais, entende-se que a sustentabilidade se prope a ser um meio vivel que
garantir o futuro da civilizao e das atividades humanas de tal forma que a sociedade como
um todo possa suprir as suas necessidades e expressar o seu maior potencial no presente, alm
de preservar a biodiversidade e os ecossistemas naturais para o futuro.
Este argumento se identifica com a afirmao de Figueiredo (2007), que compreende que a
sustentabilidade um conceito sistmico relacionado com a continuidade dos aspectos
econmicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana. A referida autora reflete
ainda que a sustentabilidade abrange vrios nveis de organizao social, desde a vizinhana
local at a populao mundial como um todo. Considera ainda que para que um
empreendimento seja sustentvel, deve-se ter em vista quatro requisitos bsicos: ser
ecologicamente correto; ser economicamente vivel; ser socialmente justo; e ser culturalmente
aceito.
Tal conceito ratifica a idia da unicidade poltica e econmica e o respeito aos fatores culturais
de cada povo, porque em relao ao desenvolvimento sustentvel h de se pensar em uma
sociedade mundial, com polticas socialmente justas, economicamente viveis e culturas
respeitadas. Partindo-se da teoria sistmica micro para o macro, necessrio adotar o princpio
da poltica da boa vizinhana com aes que vo da coleta seletiva do lixo defesa de idias
de destinao do lixo atmico. Trata-se de um tema de interesse internacional. Portanto, faz-se
necessrio um intercmbio de polticas internacionais sustentveis, transmisses de
tecnologias no caso da industrializao na construo civil etc., no intuito de promover
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12
uma harmonia generalizada em todos os ramos da sociedade em geral.
Na mesma sintonia de pensamento que Figueiredo (1993), a sustentabilidade definida como
agente capaz de ser sustentado com a quantidade existente na natureza e nos recursos da terra
podendo ser explorada sem deletrios efeitos, considerando que existem trs reas-chave que
envolve a sustentabilidade: responsabilidade ambiental; conscincia social e rentabilidade
econmica.
Percebe-se, ento, que os atuais interesses globais so o sustentvel, o econmico e o social.
Chambers, assim como Figueiredo, alia tais interesses a uma ordem mundial sistmica, onde
so identificados valores implcitos de conscientizao social, ecolgica e econmica.
Depreende-se que tais atitudes levam a uma postura moral (respeito a todos os povos e suas
culturas), sintetizando que o desenvolvimento sustentvel tpico de reorganizao da
educao que abrange tais interesses. A necessidade de uma conscientizao em nvel mundial
leva credibilidade de uma reestruturao dos conceitos em sua plenitude.
A sustentabilidade, apesar de difundida, no ainda a mola mestra de projetos econmicos e
de desenvolvimento na sociedade. Conforme Girardi (2006), o termo sustentabilidade vem da
biologia, campo inverso da economia. De acordo com as teorias da biologia, h o equilbrio
das espcies em relao ao meio ambiente, onde o desenvolvimento feito de todo
ecossistema e no apenas de elementos mais fortes dominantes.
O autor ainda esclarece que a sustentabilidade vem desse equilbrio e nessa perspectiva no d
para ter um desenvolvimento sustentvel moderno, nos moldes do capitalismo, porque entre
desenvolvimento e ecologia, h uma tendncia a pender para o lado da ecologia (GIRARDI,
2006).
Dessa forma, a sustentabilidade, como pressuposto da continuao da vida na terra, tem
mobilizado o homem a se envolver nas questes ambientais. Alm das aes diretas
promovidas pelo indivduo, mesmo que primrias- como a conscientizao pela no poluio
dos rios, pelo uso responsvel dos recursos naturais e pela conservao do meio ambiente -
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13
envolvem representaes maiores e mais complexas tais como o engajamento das empresas,
indstrias e organizaes no governamentais no processo e na divulgao da ideologia da
sustentabilidade.
Em se tratando de uma tendncia mundial a ser assimilada, a sustentabilidade difunde-se
naturalmente pela sociedade, podendo ser espontaneamente diluda a em todos os setores
sociais, culturais e, com grande relevncia, na economia. Neste caso, sendo bem
compreendida, torna-se argumento passvel de anlise na rea da construo civil, ponto
pacfico nas discusses dos principais tericos, na sociedade, nas agncias publicitrias, nas
instituies de ensino, entre os lderes comunitrios etc., ou seja, numa extensa malha social
que se interessa em dar uma contribuio para o processo do desenvolvimento social global
relacionado a todas as reas das atividades humanas.
Assim sendo, a criao do hbito e a prtica de atividades ambientalmente afirmativas
caracterizam uma necessidade majoritria do ser humano por se tratar do comprometimento do
futuro da humanidade. Indubitavelmente ser uma atitude obrigatria, pois os pases em
desenvolvimento j questionam e trabalham essa conscientizao.
Para ser capaz de mudar o ambiente construdo, em conformidade com os princpios do
desenvolvimento sustentvel, h a necessidade de estabelecer a inter-relao entre a
infraestrutura, as necessidades sociais e as superestruturas. Estes aspectos so decisivos em
uma urbanizao contnua conectada com o mundo e com uma crucial dependncia integrada
de redes (VAN TIMMEREN, 2007).
Em 2002, o CIB e a UNEP-IETC (United Nations Environment Programme International
Environmental Technology Centre) publicaram a Agenda 21 para construo sustentvel em
pases em desenvolvimento, destacando as caractersticas particulares desses pases e
pontuando os esforos necessrios para se alcanar o desenvolvimento sustentvel na
construo. O documento apresenta a construo sustentvel como sendo a aplicao dos
princpios de desenvolvimento sustentvel em todo o ciclo de construo, extrao e
beneficiamento dos materiais, desde o planejamento, a execuo do projeto at a concluso de
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14
edifcios e obras de infra-estrutura, bem como no momento da sua demolio e gesto dos
rejeitos dela resultantes. Portanto, trata-se de um processo de integrao envolvendo
politicamente todas as naes e concentrando esforos mltiplos que levam recomposio e
manuteno da harmonia entre os ambientes em estgio natural e os industrialmente
modificados (construdos).
2.2 - A SUSTENTABILIDADE APLICADA CONSTRUO CIVIL CANTEIRO
DE OBRA SUSTENTVEL
Atualmente, observa-se uma tendncia mundial nos meios econmico, poltico e social de
praticar a sustentabilidade, razo pela qual a sociedade tem presenciado amplas discusses
sobre o tema nas associaes comerciais, industriais e at mesmo nas pequenas aes de cada
indivduo. E isso no diferente na construo civil. Os impactos ambientais provocados por
essa atividade representam um grande prejuzo para a ordem ambiental por isso fundamental
compreender a questo e estabelecer metas que possam viabilizar a sustentabilidade no
contexto brasileiro, ainda problemtico.
No Brasil, nota-se certo descaso dos profissionais da construo civil em relao
sustentabilidade. Se por um lado h um considervel desrespeito aos recursos humanos, no
levando em considerao o fator social, por outro, torna-se fcil perceber a falta do
engajamento em uma defesa de causa ambiental. Neste caso, os rgos de fiscalizao
precisam adotar medidas sintonizadas com o exerccio da educao ambiental, pois a prtica
da sustentabilidade um tema recorrente na contemporaneidade, encarada com
responsabilidade social e ecolgica por empresas construtoras srias do ramo.
A prtica ideolgica do ato sustentvel traz tona a busca pela conservao do meio ambiente
de uma forma generalizada, sob a perspectiva da prtica de aes conjuntas em busca da
construo sustentvel, mensurando e coletando informaes sobre o consumo racionalizado
de energia e gua, de materiais e insumos, da reposio e renovao de matrias- primas,
reciclagem, objetivando principalmente a reduo dos impactos provocados pelos canteiros de
obras.
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Alm destas medidas, salutar buscar conceitos em prol da construo sustentvel, conforme
defendidos por Chia-Jen Yu & Jian Kang (2009) e Van Timmeren (2007) afirmando que, em
relao sustentabilidade, o conceito prev um nmero significativo de desafios e uma srie
de questes. Embora esteja convertida na construo de modelos viveis de ambiente e na
constituio de normas, a construo sustentvel tem sido um caminho para a indstria da
construo com o propsito de atingir o desenvolvimento sustentvel, tendo em vista os
problemas ambientais, socioeconmicos e as questes culturais (MAJDALANI, 2006).
O alcance da sustentabilidade depende do estabelecimento de um consenso sobre a
contribuio de cada setor produtivo, inclusive da indstria da construo (ZIMMERMANN;
ALTHAUS et al., 2005). Convencionalmente, esta indstria possui como referncia apenas o
tringulo de custo, qualidade e tempo. Porm, o tamanho e a complexidade dessa cadeia
produtiva, incluindo a quantidade de recursos que utiliza (cada vez mais escassos) e sua
interferncia no meio ambiente, so evidncias de que necessrio mudar o paradigma e
passar a tambm considerar os fatores ambientais como relevantes (BLUMENSCHEIN,
2004), conforme apresentado na Figura 2.1.
Figura 2.1 - Introduo dos aspectos ambientais no paradigma da indstria da construo
(BLUMENSCHEIN, 2004).
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Esse encadeamento de raciocnio entre Zimmermann, Althaus (2005) e Blumenschein (2004)
revela uma tendncia ao desejo padro de priorizar o meio ambiente na construo civil. Ora,
se o tringulo custo, benefcio e tempo fazem parte do pensamento conservador e
convencional, por que no incluir o meio ambiente? Adeso justa necessria, pois a
renovao no h que ser apenas tecnolgica, em busca de alternativas de matrias-primas,
visando o setor econmico, trata-se igualmente de renovaes conceituais e contextualizadas.
Hoje, com a vertente do setor ambiental aplicado prtica da indstria da construo, denota-
se uma convergncia da sociedade para a busca de solues neste sentido, a fim de se evitar
problemas mais caticos no futuro.
Destarte, na construo civil a sustentabilidade tem se estabelecido gradativamente. Apesar de
ainda tmidas, as aes e atitudes podem ser encontradas com alguma frequncia. Cita-se,
como exemplo, a Primeira Jornada Brasileira sobre Mudanas Climticas e Consumo
Sustentvel, evento que ocorreu em Braslia no ano de 2009 e teve por objetivo a busca de
alternativas que pudessem abordar toda a cadeia produtiva da construo, visando um
desempenho mais sustentvel para o setor.
Nesta oportunidade, a Cmara Brasileira da Indstria da Construo (CBIC) divulgou em
outubro de 2008 o tema Sustentabilidade - Onda Verde Atinge Construo Civil, onde
defendeu algumas aes movidas em prol da sustentabilidade na construo civil.
Os impactos ambientais gerados pelas obras foram assuntos discutidos durante o 80 ENIC
Encontro Nacional da Indstria da Construo. A discusso envolveu questes como o
melhor modo de construir de forma sustentvel e competitiva. Uma das aes surgidas no
evento partiu do CBCS - Conselho Brasileiro de Construo Sustentvel, o qual se props a
lanar uma ferramenta de auxlio aos projetistas, construtores e usurios na seleo de insumos
e fornecedores, a partir de critrios de sustentabilidade (CBIC, 2008). Trata-se de um canal
aberto ao mercado que indicar os seis passos necessrios para a identificao das melhores
empresas fornecedoras, tendo como objetivo a orientao para a seleo de produtos e
escolhas nas empresas.
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O modo prtico para se atingir uma meta dentro de uma proposta ecolgica aplicada rea da
construo civil vai alm de alguns encontros, seminrios, simpsios, concursos promocionais,
discursos, promessas polticas e do romantismo em defesa do verde. Trata-se de um conjunto
harmnico de medidas amarradas em leis, onde se faz obrigatria uma reestruturao
educacional, de ordem ideolgica, cultural e filosfica, como a promoo de uma
reorganizao da pan-estrutura econmica, social e ecolgica do globo terrestre, ou seja,
estabelecer a inter-relao entre as estruturas de todos os pases do mundo.
No Brasil, inicialmente, o termo construo sustentvel, enfocava a administrao de recursos
limitados, especialmente no que se refere energia reduo dos impactos sobre o meio
ambiente. Uma viso ingnua, mas promissora. Na dcada passada, o enfoque mudou para
requisitos mais tcnicos da construo como materiais, componentes do edifcio, tecnologias
construtivas e conceitos de projetos relacionados energia.
Hoje, os aspectos relacionados ao meio ambiente esto em ascenso. A sustentabilidade social
e econmica crucial para o desenvolvimento sustentvel nas construes, devendo receber
tratamento especfico em qualquer definio.
Os valores humanos esto sendo retratados como uma das prioridades nas atividades da
construo civil. Dicki e Howard (2000) definem uma construo sustentvel como a
contribuio da construo para o desenvolvimento sustentvel, considerando-se as trs reas
do desenvolvimento sustentvel. Por conseguinte, a necessidade do emprego da construo
sustentvel importante, uma vez que o que se construir hoje ser o ambiente construdo do
futuro, e ir influenciar a capacidade das geraes futuras.
Na realidade, h que se sistematizar o conhecimento para que se possa test-lo, avali-lo,
critic-lo e finalmente aplic-lo, como sugere a teoria bem estruturada de Rovers (2001),
quando distingue a definio de construo sustentvel em trs nveis: construes atentas ao
meio ambiente, construes sustentveis e vida sustentvel:
a) Primeiro Nvel - Construes atentas ao meio ambiente, sendo este considerado o negcio
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central: quando se inicia uma construo j preocupada em reduzir o uso de energia, gua e
recursos materiais (incluindo resduos).
b) Segundo Nvel - Construo sustentvel, incluindo todos os aspectos relacionados a
construes e ao meio ambiente: inclui-se flora, fauna, infraestrutura, qualidade do ar, projeto
urbanstico, etc. A idia no conceber a possibilidade de uma construo.
c) Terceiro Nvel - Vida sustentvel, incorporando o ambiente construdo no modo de vida
dirio, de uma forma a garantir uma qualidade mnima de e signifique que polticas e aes
econmicas trabalharam juntas para aumentar o bem-estar geral.
Sistematizar a proposta de Rovers (2001) uma tarefa complexa. As necessidades e realidades
ambientais econmicas, culturais e sociais ganham diferentes percepes pelo mundo, bem
como os interesses polticos e ideolgicos. Estabelecer uma linha tnue de unicidade tarefa
difcil, uma vez que a prpria unanimidade uma utopia. Fica claro que os temas comuns
somente despertam ateno em caso de catstrofes ou de transaes financeiros, no se
estendendo sobre temas como preveno para uma melhoria da qualidade, como no caso da
questo ecolgica.
Mais recentemente, os aspectos culturais e as implicaes do patrimnio cultural do ambiente
construdo passaram a ser considerados relevantes para a construo sustentvel. Todos esses
aspectos que envolvem as edificaes e o ambiente construdo devem ser vistos neste
contexto, como ressalta Sjstrm (2000).
2.3 - IMPACTOS AMBIENTAIS CAUSADOS PELA INDSTRIA DA CONSTRUO
E PRODUO DE EDIFCIOS
Segundo Cardoso; Arajo (2009), a representatividade da indstria da construo extrema,
sendo esta uma das maiores consumidoras de recursos naturais e a maior fonte de impactos
causados ao meio ambiente. Da mesma forma, sua importncia econmica refletida pela
participao no PIB brasileiro cerca de 11,3% no ano de 2007 (FIESP, 2007). A relevncia
social transparece, dentre outras formas, pelo nmero de trabalhadores formais empregados no
setor, que, no Brasil, era de aproximadamente 1.050.000 de pessoas em 2003 (SESI, 2005).
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Neste cenrio, o DIEESE (2007) afirma que apenas 20,1% do total de empregados no setor
tm carteira assinada.
Relacionar sustentabilidade prtica da indstria da construo requer pr-requisitos
conceituais slidos, que requerem questionamentos abrangentes, os quais, de certa forma,
contribuem para a relatividade de agresses ao meio ambiente. Agresses estas que vo de
uma simples reforma at a engenharia pesada com a construo de grandes edifcios dentro
de uma determinada rea, o que recorrente no bairro de guas Claras, em Braslia.
O grande questionamento que se faz quanto ao nvel de preocupao da construo local
com estas questes: ser que a indstria da construo local est atenta a estes riscos? Relativo
s causas e consequncias ou causas e efeitos, quais possveis resultados que esta atividade
pode gerar? Ser que esto sendo respeitadas normas e leis que regulamentam o setor?
Existem projetos urbansticos adequados? Estaro seguindo as determinaes de nmero de
pavimentos estabelecidas no planejamento piloto da Capital Federal?
Para achar tais respostas necessrio entender a relao existente entre a obra e o ambiente,
desde o processo de extrao da matria-prima (ambiente natural) at a etapa final (o ambiente
construdo), passando por uma srie de fases que incluem critrios de seleo, manuseio,
transportes, industrializao e acondicionamento. Trata-se de uma atividade complexa, que
envolve profissionais qualificados, e sria pesquisa, devido possibilidade de transformao
do meio ambiente num local de alta qualidade de vida sustentvel, ou no.
Diante disso, faz-se necessria uma inspeo analtica para que se tenha uma viso mais ampla
e conceitual da constituio da Cadeia Produtiva da Indstria da Construo (CPIC). Leva-se
em considerao todo o processo analisado de forma minuciosa, com observao, anotaes
de dados, grficos comparativos e estatsticos para medir a qualidade do ar, dos produtos, da
matria-prima, da poluio ambiental, visual e todas as manifestaes adjacentes ao processo
da CIPIC.
Fica assim patenteado o argumento de que a complexidade do processo evolutivo dentro
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cadeia produtiva da construo civil reporta-se a um grau de compreenso extraordinrio
envolvendo todos os setores das atividades humanas, no havendo como dissociar mais as
reas dos conhecimentos cientficos, tcnicos, profissionais, artsticos, culturais, polticos,
sociais, econmicos, tecnolgicos, em funo da conservao ambiental.
Para equacionar essa situao, Carvalho (2009) afirma que o significado de desenvolvimento
sustentvel est baseado na alocao e no gerenciamento racional dos recursos ambientais,
envolvendo as dimenses sociais, poltica e cultural, tica, estticas, entre outras. De acordo
com Layrargues (1997), o desenvolvimento sustentvel s faz sentido na medida em que
exista um equilbrio na relao homem-natureza, bem como uma harmonia na relao homem-
homem, que consequentemente levam a uma igualdade entre as classes sociais. Segundo
preconizam Zimmermann, Althaus e Hass (2005), torna-se importante confirmar a
sustentabilidade como um estado de ordem social estvel e apoiado em uma estrutura
econmica ajustvel, capaz de manter-se sem sobrecarregar a capacidade ecolgica da Terra e
comprometido com a promoo com da satisfao de todas as necessidades humanas.
H alguns anos o tema meio ambiente vem sendo tratado com veemncia no Brasil e na
comunidade internacional. A preocupao com sua preservao e os impactos causados pelas
aes do homem tornaram-se pauta de diversos encontros, seminrios, congressos e reunies,
como o 14 Congresso Brasileiro de Direito Ambiental e o 13 Internacional do Meio
Ambiente, realizados em 2009, na cidade de So Paulo. No evento foram discutidos assuntos
como: O Direito Ambiental e as Cidades, Os Desastres e o Meio Ambiente. No entanto, essa
discusso ainda no surtiu efeitos concretos. A ausncia de uma legislao rigorosa e
especfica no Brasil no permite que ocorra a sistematizao de um modelo de edifcio
inteligente e tecnologicamente favorvel sustentabilidade.
Um impacto ambiental ainda definido como alterao das propriedades fsicas, qumicas e
biolgicas do meio ambiente, causado por qualquer forma de matria ou energia resultante das
atividades humanas que direta ou indiretamente afetam a sade, a segurana e o bem estar da
populao, em suas atividades sociais e econmicas; a biota e a qualidade dos recursos
ambientais (SPADOTTO, 2002).
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Os impactos ambientais provocados por essas atividades, onde o uso e a extrao de recursos
naturais so realizados com ou sem nenhuma preocupao, certamente possuem um potencial
ofensivo natureza e sua preservao. Inatomi e Udaeta (2005) avaliam que a preocupao
com os impactos ambientais originam-se da crescente conscientizao de que a vida na Terra
necessita dos recursos naturais para se manter em equilbrio.
O desenvolvimento econmico-tecnolgico, baseado no uso intensivo da matria prima e
energia, provocou um aumento no uso dos recursos naturais. Os rejeitos dos processos
produtivos lanados no ambiente resultaram no acmulo de poluentes acima da capacidade de
absoro da natureza, gerando a poluio. Devido s questes relacionadas a diferenas de
acesso a tecnologias (culturais e econmicas), os impactos de dimenso local/regional
(recursos hdricos, os solos e a qualidade do ar, etc.) passaram rapidamente para uma
dimenso global, originando o aquecimento global (CAMPOS JNIOR, 2008).
O conceito de Spadotto inspirou a recomendao do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA, 1986), definindo o impacto ambiental como qualquer alterao das propriedades
fsicas, qumicas ou biolgicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matria ou
energia resultante das atividades humanas, que direta ou indiretamente afetem: I - a sade, a
segurana e o bem-estar da populao; II - as atividades sociais e econmicas; III - as
condies estticas e sanitrias do meio ambiente; IV - as condies estticas e sanitrias do
meio ambiente; e V - a qualidade dos recursos ambientais.
A Constituio Federal do Brasil determina em seu artigo 225, 1, inciso IV que: Todos
tm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e
essencial sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Pblico e coletividade o dever de
defend-lo e preserv-lo para as presentes e futuras geraes. 1 - Para assegurar a
efetividade desse direito, incumbe ao Poder Pblico: (...) IV - exigir, na forma da lei, para
instalao de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradao do meio
ambiente, estudo prvio de impacto ambiental, a que se dar publicidade (CF, 1988, Art. 255,
1, IV).
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O texto constitucional denota certa timidez em relao ao assunto. Apresenta-se mais como
uma recomendao, no sendo incisivo na obrigao do Estado de garantir esse direito.
Sugere, mas no determina uma fiscalizao rgida e combativa aos crimes ambientais. Como
resultado, os infratores agem de forma cada vez mais ousada na certeza da impunidade, como
ocorre na floresta amaznica, aonde raramente pune-se um madeireiro. Na construo civil
no diferente, e igualmente necessita de uma orientao e uma fiscalizao rgida.
rgos como o CONAMA comeam a se preocupar com a seriedade do assunto, o que
comprova a gravidade do assunto. E mesmo que ainda esteja limitado ao campo burocrtico, j
se reconhece os efeitos na manipulao de energia e de matrias, e a interao existentes entre
as propriedades qumicas, fsicas e biolgicas do meio ambiente e as aes humanas
interferindo qualitativamente nas suas atividades socioeconmicas e biolgicas. Isso ratifica a
ausncia de uma atitude governamental sria, um pacto social que regulamente as leis do setor
e que confirme o papel da construo sustentvel, objetivando a diminuio das agresses ao
meio, a exemplo do que ocorreu com os carros eltricos, hoje muito difundidos na opinio
pblica.
A questo simples: se a produo de carros eltricos ou mesmo a campanha de
reflorestamento contra o desmatamento, aliados a toda uma divulgao e incentivo da mdia,
no conseguiram sensibilizar o governo brasileiro, por que este mesmo governo daria
importncia s questes de impacto ambiental pelos governantes, muito menos ainda no
campo da construo civil, setor que se encontra em pleno desenvolvimento, impulsionado
pelo crescimento econmico do pas.
Empreiteiras, indstrias e a construo civil, de modo geral, deveriam ser os principais alvos
dos organismos voltados para a conservao ambiental e conservao dos recursos naturais. A
preocupao das naes est em repensa a preservao da natureza e dos recursos naturais
disponveis, alm do ciclo da vida e da manuteno do planeta, ou seja, fazer uma releitura
obrigatria, uma mobilizao em funo da natureza, os recursos e seus bens imensurveis que
a mesma oferece passou a ser um dosa temas obrigatrios em todos os setores.
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A satisfao dos anseios socioeconmicos pode ocorrer simultaneamente ao desenvolvimento
sustentvel. A ocupao espacial, por mnima que seja at mesmo os pequenos
desmatamentos para a monocultura - transforma o meio ambiente e produz efeitos sobre os
aspectos de sade, fsicos e socioeconmicos da populao. Portanto, tais efeitos podem
provocar ou no um ambiente equilibrado, dependendo das aes do homem. Este fato sugere
que todos os projetos da rea de construo de pequeno, mdio ou grande porte, devem conter
obrigatoriamente um planejamento sustentvel, com identificao e avaliao dos hipotticos
impactos, como dados para preveno e conservao ambiental.
Sobre outro aspecto, e considerando a pesquisa realizada por Lelles et.al (2005), foram
expostos cerca de 49 impactos para o empreendimento de extrao de areia em curso dgua.
Do total destes impactos, apenas 13 (26,53%) se mostraram positivos. Dos outros 36 (73,47%)
impactos ambientais negativos, elegeu-se os principais:
a) Depreciao da qualidade do ar, devido ao lanamento de gases poluentes provenientes
dos motores e das partculas slidas, em virtude da utilizao de maquinarias em
diferentes operaes;
b) Contaminao do curso dgua causada pelos resduos (leos, graxas, lubrificantes)
provenientes das maquinarias utilizadas;
c) Depreciao da qualidade fsica, qumica e biolgica da gua superficial, pelo
lanamento de efluentes advindos do esgoto sanitrio improvisado;
d) Alterao da calha original dos cursos dgua, em virtude do uso de equipamentos de
extrao de areia utilizados nos leitos dos rios;
e) Diminuio da infiltrao de gua no solo, devido compactao ocasionada pelo uso
de mquinas pesadas e impermeabilizao promovida pela instalao da infra-
estrutura do empreendimento;
f) Depreciao da qualidade do solo, decorrente da diminuio da sua fertilidade,
plasticidade e aerao, resultante da compactao pelo uso de maquinarias pesadas, e
da remoo da matria orgnica nas reas onde o solo foi exposto;
g) Depreciao da qualidade do solo, decorrente da contaminao causada pelos resduos
(leos, graxas, lubrificantes etc.) provenientes dos componentes qumicos
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(combustveis e derivados) do maquinrio;
h) Estresse da fauna silvestre, ocasionado pela gerao de rudos advindos do trnsito das
mquinas e pelo aumento de presena humana no local;
i) Diminuio da capacidade de suporte do meio para a fauna silvestre, devido reduo
do habitat;
j) Possveis danos sade pblica, pela importao e disseminao de vetores e doenas
com a vinda de trabalhadores de outras regies;
k) Diminuio da oferta de areia, em virtude da desativao do empreendimento quando
findadas as atividades, repercutindo negativamente na sociedade pelo dano causado ao
meio ambiente.
Diante do exposto, pode-se perceber que os impactos negativos a partir da extrao de areia
sobrepem os impactos positivos. Este quadro no se difere de outros recursos explorados e
extrados do meio ambiente.
Em pesquisa realizada por Arajo et.al. (2006), os autores coletaram dados sobre o nmero de
fabricantes/exploradores de materiais e componentes utilizados pelas empresas de construo
civil, conforme apresentado na Figura 2.2.
A pesquisa constatou ainda que a maioria dos materiais e componentes adquiridos so
fornecidos por empresas atravs de compra direta ao fabricante ou compra ao explorador,
como o caso da areia e da brita.
A extrao indiscriminada da areia sempre ir provocar impactos negativos, alterando o
desenvolvimento espontneo da natureza, revolvendo o curso dgua, depreciando a qualidade
do ar e do solo devido emisso de combustveis, graxas e lubrificantes da maquinaria, e
contaminando o bioma com poluio do ar, da gua e do solo, alm da poluio sonora que
compromete a fauna e provoca considervel diminuio da oferta de areia, sem a devida
reposio.
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Figura 2.2 - Nmero de fabricantes/exploradores e fornecedores dos materiais e componentes da cesta PBQP-H para as empresas construtoras. (Arajo et.al. (2006))
Segundo Valverde (2006), a ttulo de exemplo e de comparao, atualmente, na Regio
metropolitana de So Paulo, quase toda areia consumida nas atividades construtivas vem
sendo extrada de locais que ficam a mais de 100 km de distncia, devido limitao da
capacidade das jazidas mais prximas. J se tm casos em que a areia est sendo retirada a 250
km de distncia. No Distrito Federal o local de extrao de areia lavada que utilizada gira em
torno de 100 a 150 Km de distncia.
Esse levantamento comprova que medida que aumenta a explorao de jazidas de areia,
simultaneamente o dimetro da devastao vai ganhando propores.
De acordo com Barbosa et.al. (2009), a areia natural, por ser um material de grande utilizao
em obras de engenharia, porem tem sofrido um esgotamento progressivo das jazidas com o
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consequente