projeto de implantaÇÃo de uma escola tÉcnica privada de ... · ao longo do curso; manutenção...
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA A VEZ DO MESTRE
PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA ESCOLA TÉCNICA PRIVADA DE LABORATÓRIOS E OFICINAS DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO EM SOLDA NO MUNICÍPIO DE DUQUE DE CAXIAS
Por: Érica Rodrigues Queiroz Silva de Azevedo
Orientador: Professor Mario Luiz
RIO DE JANEIRO
JANEIRO 2011
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
FACULDADE INTEGRADA A VEZ DO MESTRE
PROJETO DE IMPLANTAÇÃO DE UMA ESCOLA TÉCNICA PRIVADA DE LABORATÓRIOS E OFICINAS DE DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO EM SOLDA NO MUNICÍPIO DE DUQUE DE CAXIAS
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão
Empresarial
Por: Érica Rodrigues Queiroz Silva de Azevedo
2
AGRADECIMENTOS:
Agradeço primeiramente ao meu Deus e ao Senhor Jesus Cristo por mais esta vitória.
Aos meus pais, por toda ajuda, dedicação, exemplo de integridade e honestidade que moldou a pessoa que sou hoje.
Ao meu marido pela paciência, compreensão e ajuda durante a realização deste trabalho.
Ao meu orientador e mais novo amigo, Mario Luiz, por seus esforços em guiar cada etapa deste trabalho, por sua disposição e dedicação.
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DEDICATÓRIA:
Dedico este trabalho a todos os meus professores do curso de Pós Graduação “Latu Sensu”, amigos e meus colegas de trabalho que cooperaram para o bom desenvolvimento e andamento deste trabalho.
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RESUMO
Esta monografia se organiza da seguinte forma:
Um projeto que visa a inserção e reinserção do alunado no mercado de
trabalho, na elaboração conjunta de projetos voltados para os componentes
curriculares, com base na visão empreendedora e sócio-inclusiva desenvolvida
ao longo do curso; manutenção de vínculo com classe empresarial local
visando identificar novas demandas de mão-de-obra qualificada necessárias ao
fomento de mercados econômicos emergentes, na verificação constante de
necessidade de melhoria do projeto pedagógico com base em possíveis
dificuldades de empregabilidade encontradas pelos egressos dos cursos
realizados nos laboratórios e oficinas, ênfase na elaboração conjunta, docentes
e discentes, de projetos voltados para os componentes curriculares, com base
na visão empreendedora desenvolvida ao longo do curso.
Palavras-chave: Escola Técnica; Desenvolvimento econômico;
Empreendedorismo; Duque de Caxias.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 6
METODOLOGIA 8
CAPÍTULO I: Ciência e tecnologia, desenvolvimento econômico e social e poder local: o desafio da formação tecnológica no século XXI 10 CAPÍTULO II: Resgate da Cidadania 19
2.1: Objetivos Gerais do Projeto 22
2.2: Objetivos Específicos do Projeto 23
CAPÍTULO III: O desenho de um novo modelo de Escola Técnica 25
3.1: A estrutura de um novo modelo de Escola Técnica 27
3.2: A implantação de uma Escola Técnica no Município de Duque de Caxias 28 3.3: O futuro 29
3.4: Plano de Trabalho 31
3.5: Cronograma de desembolso 31
CONCLUSÃO 32
ANEXO 35
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 41
6
1. INTRODUÇÃO
As exigências cada vez maiores impostas pelos avanços tecnológicos
nos diversos segmentos econômicos, aliada à política de Ensino de ofertar um
ensino pautado nos princípios da qualidade e, em acordo, com as exigências
do mundo moderno, insere-se num processo de revisão e constante aquisição
de novos conhecimentos que levam à formação de um profissional cada vez
mais dinâmico e criativo e, que, consiga transpor a teoria vivenciada em sala
de aula para atender, de forma cada vez mais qualificada, às expectativas do
mercado de trabalho. Além de suas necessidades individuais de ser humano,
visando melhorar as suas certificações e qualificações, num constante e maior
aprimoramento pessoal.
Este profissional deve estar adequado à realidade vivenciada pelas
empresas da economia em foco e comprometido com os objetivos do
desenvolvimento econômico social e sustentável da região, além de
participativo nos processos produtivos e de qualidade.
Considerando que a tendência atual do mercado de trabalho privilegia a
absorção cada vez maior de profissionais técnicos qualificados e/ou
certificados, tanto de formação inicial e continuada como de formação de nível
médio, e a partir dessa premissa a Instituição apresenta uma proposta de uma
ação específica voltada para Educação Profissional, com a preocupação de ser
condizente com os novos paradigmas, articulada com a sociedade e as novas
e atualizadas tecnologias, capacitando profissionais a fim de acompanhar os
avanços tecnológicos, aprimorando a formação de profissionais que irão
compor este mercado de trabalho.
A implantação de Laboratórios e Oficinas voltados para desenvolvimento
tecnológico amplia a oferta de qualificação e requalificação de profissionais
capazes de atuar como vetores de transferência de tecnologia entre a escola e
as empresas, beneficiando a prática profissional, já que estas serão usuárias
dos serviços de alta qualidade dos profissionais que serão formados.
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Sempre atenta às preocupações locais, essa Instituição de Ensino
Técnológico propõe-se, através de parcerias oferece possibilidades para
melhoria da qualidade de vida, com base no conceito de sustentabilidade, com
responsabilidade social devida, preparando profissionais comprometidos com
os objetivos do desenvolvimento econômico e social da região, além de
participativos nos processos produtivos e dentro dos princípios da qualidade de
serviços.
Justificar um Projeto para Implantação de Laboratórios e Oficinas
objetivando promover o desenvolvimento tecnológico de uma região na área de
metal mecânica, especificamente, em serviços industriais de soldagem, no
Município de Duque de Caxias, Estado do Rio de Janeiro nos remete a discutir
a importância do referido município dentro do contexto do Estado do Rio de
Janeiro.
8
2. METODOLOGIA
O projeto fundamenta-se nas premissas pedagógicas defendidas para o
tratamento do conjunto de habilidades e competências, relativas à vida
profissional, tais como: utilização de meios e estratégias que promovam uma
aprendizagem significativa, liberdade para criação, busca da qualidade,
desenvolvimento de raciocínios mais elaborados, atitudes constantes de
questionamento, disposição para atualização e aperfeiçoamento, relação do
saber com o fazer e participação no mundo do trabalho pela solicitação de
introdução, modificação e/ou reformulação de práticas.
A concepção de competência profissional constitui-se como ferramenta
potencial para a transformação da relação trabalho/educação, compreendidos
como dinâmicos e interdependentes, na perspectiva da autonomia e do
fortalecimento dos sujeitos desses processos.
A questão das competências coloca em foco o ensino-aprendizagem
vinculado à uma nova significação na ação prática. Por essa ótica, pode-se
considerar que a formação por competência, o sentido de trabalho como
processo educativo orientado pela e para a prática, aparece de forma
emblemática na produção de vários autores de relevo da área pedagógica.
Paulo Freire (2004) no que denomina de ética universal do ser humano propõe
que as práticas pedagógicas sejam centradas no “pensar” e “fazer” corretos,
em perspectiva semelhante à de Leonardo Boff (1999), que insere o cuidado
como categoria central de uma ética do humano e, nessa vertente, entende o
cuidado como “modo de ser humano” que introduz o “outro” sujeito, em
contraposição/complementação ao “modo de ser trabalho” que carrega a
conotação instrumental da intervenção “sobre” um sujeito. É importante
resgatar o “modo de ser” cuidado nas relações humanas, principalmente no
processo de trabalho.
Para tanto, os cursos precisam desenvolver-se em um ambiente
contextualizado de ensino-aprendizagem, a partir de situações-problema
referentes a áreas delineadas por meio da análise do processo de trabalho,
considerando as demandas do mercado, os contextos sócio-político e
9
ambiental, as transformações técnicas e tecnológicas, as possibilidades de
ascensão profissional, os valores e saberes construídos na experiência do
trabalho.
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CAPÍTULO I
CIÊNCIA E TECNOLOGIA, DESENVOLVIMENTO
ECONÔMICO E SOCIAL E PODER LOCAL: O DESAFIO
DA FORMAÇÃO TECNOLÓGICA NO SÉCULO XXI
Segundo informações, em estimativa, do IBGE, a população de Duque
de Caxias para 2010, é de 872.769 residentes. Este município se divide em 4
Distritos e seus respectivos bairros, sendo eles colocados a seguir. O 1º
Distrito (Duque de Caxias) é constituído pelos seguintes bairros: Centro,
Gramacho, Olavo Bilac, Bar dos Cavaleiros, Parque Duque, Jardim 25 de
Agosto, Vila São Luís, Dr. Laureano, Periquitos e Parque Sarapuí. O 2º Distrito
(Distrito Sede), Campos Elíseos, na região centro-oeste do Município,
compreende: Campos Elíseos (sede), Jardim Primavera, Saracuruna, parte de
Santa Cruz da Serra, Parque Fluminense, Pilar, Vila São José, São Bento,
parte da Cidade dos Meninos, Figueira, Cangulo, parte da Chácara Rio
Petrópolis e Arcompo, e parte do Parque Eldorado. O 3º Distrito (Imbariê),
situado na região nordeste do município abrange: Imbariê (sede), Parada
Angélica, parte de Santa Cruz da Serra, parte de Santo Antônio, parte do Meio
da Serra, Parada Morabí, Jardim Anhangá, Cidade Parque Paulista, Bairro
Branco, Santa Lúcia e Taquara. O 4º Distrito (Xerém), o maior de todos, a
noroeste do município compreende: Xerém (sede), Mantiquira, Capivarí,
Amapá, parte da Cidade dos Meninos, parte de Chácara Rio-Petrópolis, parte
do Parque Eldorado, Lamarão, parte de Santo Antônio e parte do meio da
Serra1. Economicamente, o município de Duque de Caxias, apresenta um
grande crescimento nos últimos anos, sendo a indústria e o comércio suas
1 http://pt.wik1ipedia.org/wiki/Duque_de_Caxias#Economia Acessado em: 30/10/2010
11
principais atividades. Existem cerca de 810 indústrias e 10 mil
estabelecimentos comerciais instalados em Caxias. No município está
localizada uma das maiores refinarias do país, a Petrobrás, a REDUC, possui
um pólo gás-químico.
A título de enriquecimento de nossas argumentações acrescentamos
que as maiores descobertas de petróleo, no Brasil, foram feitas recentemente
pela Petrobras na camada pré-sal localizada entre os estados de Santa
Catarina e Espírito Santo, onde se encontrou grandes volumes de óleo leve. Na
Bacia de Santos, por exemplo, o óleo já identificado no pré-sal tem uma
densidade de 28,5º API, baixa acidez e baixo teor de enxofre. São
características de um petróleo de alta qualidade e maior valor de mercado.
Com o pré-sal da Bacia de Santos, inaugura-se, agora, novo modelo,
assentado na descoberta de óleo e gás em reservatórios carbonáticos, com
características geológicas diferentes. É o início de um novo e promissor
horizonte exploratório.
A exploração do petróleo do Pré-sal deve criar um milhão de novas vagas no
Brasil nos próximos quatro anos. De acordo com o cálculo do governo federal,
mais de 200 mil profissionais ainda não estão devidamente qualificados e/ou
capacitados para virem a ocupar tais vagas disponíveis. E, isso para nós –
enquanto instituição de ensino profissional – será o grande desafio.
Haverão oportunidades para todos os níveis de escolaridade em 13 estados. O
maior número de vagas estará no Rio de Janeiro (43.758), seguido de outros
estados como, Maranhão (22.690) e São Paulo (19.748).
Até 2013, a Petrobras pretende abrir 9 mil vagas, aumentando em 15% o
quadro de funcionários. A ampliação vai impulsionar contratações em outras
empresas do setor. Serão exigidos profissionais na área de solda e outros de
outras áreas como operador de rádio; técnico de plataforma; e sondador de
poços2. A Petrobrás pretende atingir a marca de 1,8 milhões de barris diários
2 http://www.band.com.br/jornalismo/economia/conteudo.asp?ID=215624
12
de petróleo extraído da camada pré-sal em 12 anos e os investimentos
chegarão a US$11 bilhões de dólares até 2020. O que nós fizemos em 53 anos
pretendemos fazer em 12 anos. Esse número é muito interessante porque de
2010 a 2020 estamos falando em 12 anos. Lembre-se que a Petrobrás levou
53 anos para atingir a marca de 1,8 milhões de barris, disse o presidente da
Petrobrás José Sérgio Gabrielli, em referência à produção total da empresa,
numa entrevista ao jornal O Dia publicada no dia 08/10/2009, vide anexo.
Remete à apresentação/ localização desse importante município da Baixada
Fluminense, região metropolitana do Rio de Janeiro:
Infomapa do Município de Duque de Caxias/ RJ
Fonte: Google Mapas, acessado em 10/12/2010
Acessado em: 04/11/2010
13
Este município de Duque de Caxias, do Rio de Janeiro e de seu entorno,
quase não contam com mão de obra em nível técnico-profissional devidamente
qualificada na área de Serviços Industriais de Solda – Metalmecânica, nas
funções tais como: Soldador com Eletrodo Revestido Nível 1; Soldador com
Eletrodo Revestido Nível 2; Soldador MIG MAG; Soldador TIG; Encanador
Industrial; Inspetor de Solda Nível 1; Soldador de Oxiacetilênico; Soldador a
Maçarico; Curso Básico de Caldeiraria; dentre outros mais ligados a um maior
raio de ação profissional. A população depara com a necessidade de aumentar,
além de melhorar, a qualificação profissional dos habitantes dessas
localizações para estas funções profissionais, objetivando alavancar a
economia do setor já com potencial de crescimento e necessidades.
Estes profissionais deverão apresentar uma formação multi e
interdisciplinar, segundo as competências adequadas para as suas funções,
como, por exemplo, o Inspetor de Solda, que deverá ter habilidade para
trabalhar com: Líquidos Penetrantes, Partículas Magnéticas e Ultra Som.
Com estes cursos voltados para a Educação de caráter Profissional,
esta Unidade de Ensino Profissional e seus Laboratórios e Oficinas de
Desenvolvimento Tecnológico, no Setor de Serviços Industriais de Soldagem –
Metalmecânica inicia suas atividades oferecendo conhecimento multi e
interdisciplinar para a qualificação de profissionais de alto nível, onde é
escassa a mão de obra qualificada em solda objetivando atender às demandas
existentes em mercados como o industrial de maneira geral, de offshore, de
petróleo, da indústria naval, de termelétricas, de siderúrgicas, de montadoras
de automóveis, de estaleiros e de logística, para citar apenas alguns setores
mais específicos.
O desenvolvimento sempre foi um processo evolutivo e linear através do
cumprimento de etapas que nos permitiu atingir novos estágios. Um dos
maiores determinantes desse processo é a produção científica e tecnológica.
Porém, diversas políticas tradicionais implantadas sob esta orientação não
puderam resolver questões básicas relacionadas à fome, à miséria, o
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analfabetismo, à violência e a questões morais e ambientais. Esse
desenvolvimento parcial, construído à base da ciência e da tecnologia, onde
seus limites e suas possibilidades principalmente de produção, ainda não se
encontram bem definidas, produziram fenômenos de desestabilização entre
fronteiras econômicas e sociais.
Esse fenômeno de “desumanização” acrescido do que alguns autores
chamam de “nova economia”, centrada a partir da transformação tecnológica e
organizativa (Castells, 2003), acaba por enfatizar uma forma desigual e
contraditória entre mercado formal informal, entre mão de obra operante e
inoperante. Castells enfatiza a necessidade da educação como forma
democrática na produção de pessoas com autonomia de pensamento e com a
capacidade de autoprogramação e de aquisição de conhecimentos para o resto
de suas vidas.
“O conhecimento está nas pessoas. Vamos explicar um
pouco mais disso. Creio que, por um lado, há a idéia de
que chamamos de conhecimento, informação, não é
abstrato. Está depositado materialmente nos cérebros, e
os cérebros, geralmente estão unidos às pessoas. Nesse
contexto, nos referimos aos trabalhadores de alta
qualificação. São os inovadores capazes de ter idéias e
aplicá-las, os que constituem, realmente, a matéria-prima
desta nova economia”.
“Nesse Universo desigual, onde o acesso à linguagem,
força motriz de produção não é democrática, vejo que o
processo de formação e cidadania de um indivíduo é
fundamental... como produtor da capacidade social de
corrigir os efeitos desintegradores e destruidores de uma
economia de redes sem nenhuma referência a valores
sociais mais amplos, mais coletivos ou não mensuráveis
pelo mercado, como, por exemplo, a preservação da
natureza ou da identidade cultural.”(Castells,2003,p 445).
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Castells tem essa preocupação de destacar que essa análise cabe
estritamente ao grupo de pessoas que vivem em um mundo tecnologicamente
desenvolvido. Hoje, a produção científica e tecnológica, concentrada nas
universidades e centros de pesquisa, não se revelou capaz de fomentar
transformações sociais, capazes de reverter o quadro de dependência e
desenvolvimento parcial. Isso acontece devido a essas instituições buscarem
iniciativas de desenvolvimento em um contexto mais amplo e global,
esquecendo-se que somente dentro da localidade sua atuação atingiria seu
papel social.
As teorias institucionais parecem ter ampliado a noção de ambiente, o
que hoje chamamos de ambiente, o que hoje chamamos de ambiente global,
respondendo a questões de forma técnica e normativa. Ao mesmo tempo
essas respostas são produtos obtidos a partir de relações construídas no
ambiente. Essa dialética global-local nos remete a importância da capacidade
de articulação entre as diversas dimensões de atuação, tanto global quanto
local (Deluiz, 1995).
Um dos instrumentos para atingir essas duas dimensões é a informação.
Através dela e do trabalho, o cidadão é capaz de construir uma vida digna e
atender as exigências de uma economia cada vez mais fundada no
conhecimento e na tecnologia.
Ou seja, o desenvolvimento pode ser “construído” a partir do trabalho, do lazer,
da economia, do futebol, dos shoppings etc..., conforme se privilegiem
aspectos específicos.
Para que isso aconteça precisamos alimentar e redefinir a “inclusão” por meio
de políticas que proporcionarem justiça social, conhecimento e acesso a
informação, para que o século XXI não seja marcado pela falta de interação
entre os cidadãos e os meios de produção e que o avanço da tecnologia não
produza uma enorme “bolha” de pessoas incapazes de serem inseridas no
mercado de trabalho (Deluiz, 1995).
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Segundo Castells, o mercado mundial avança cada vez mais para uma
“Sociedade de Informação”, onde terá mais chances de realização pessoal e
profissional a pessoa autônoma e competente, ativa em relação à
aprendizagem, capaz de identificar e solucionar problemas, capaz de estudar e
pesquisar continuamente por meio de bancos de dados em diversas mídias
globais, organizá-los e transformá-los em conhecimento aplicável local. Daí a
importância do domínio da tecnologia como instrumental contemporâneo
básico. Cabe, portanto, à escola dar aos alunos as chaves de decifração do
conhecimento e meios para a inserção no mercado trabalho.
Mas como desenvolver o autodidatismo e o empreendedorismo em um sistema
retrógrado, que para a manutenção de gráficos produzem alunos que nem ao
menos são capazes de realmente ler e escrever? Infelizmente os problemas
sociais batem de frente com os problemas educacionais e para que houvesse
uma perfeita comunicação entre eles, visando soluções, seria necessária a
implantação da novas políticas de desenvolvimento econômico e social
capazes de fazer a interface entre educação e mercado de trabalho.
No Brasil, em 2003, foi implantada uma linha de ação na área
educacional no Estado do Ceará, por meio do Deputado Ariosto Holanda cujo
objetivo era atender as demandas educacionais do Século XXI por meio do
acesso à informação, à tecnologia e à educação profissional.
O Brasil vem experimentando nos últimos anos o que os analistas
internacionais chamam de “milagre econômico”, porém, todos são unânimes
em dizer que o país tem uma forte demanda por mão de obra qualificada,
principalmente de formação técnica. Neste contexto, as Escolas Técnicas
desempenam um papel fundamental no Desenvolvimento Econômico e Social
de sua região. As Escolas Técnicas de nova geração partem da concepção do
diagnóstico do Arranjo Produtivo Local, ou seja, do levantamento do conjunto
de economias e circuitos econômicos que existem em uma determinada região,
passíveis de dinamização. As Escolas Técnicas buscam, em nossa economia
capitalista, materializar a conexão entre a escola e o mundo, a saber, formando
mão de obra qualificada em sintonia com as demandas do mercado e para o
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desenvolvimento econômico e social do país. Assim, um profissional
qualificado e inserido num circuito produtivo real e dinâmico experimentará
emprego duradouro, usufruindo de salário e renda, fundamentais para
cidadania e para a justa repartição social da riqueza produzida por um povo
(município-região-estado-país).
É incontestável que as necessidades de uma região não são as mesmas de
uma outra região, mesmo que próximas geograficamente. O estado do Rio de
Janeiro, por exemplo, apresenta diversos pólos econômicos distintos dentro de
uma mesma região, por isso se torna fundamental o desenvolvimento
pesquisas sócio-econômicas e de campo, bem como de entrevistas com
entidades profissionais de classe, empresários, sindicatos, professores,
instrutores técnicos e esferas governamentais. É a partir destes fundamentos
que verificamos a real existência e as potencialidades de “alavancamento” dos
circuitos econômicos ou do conjunto de economias de uma região, aceitando o
desafio de conceber um projeto pedagógico que estabeleça a conexão entre a
escola técnica e o mercado, de pessoas para serem qualificadas e as
demandas por profissionais especializados em determinada área.
O ambiente de negócios é um dos primeiros a sentir os benefícios da
implementação de Escolas Técnicas formadoras de mão de obra qualificada
dentro de uma região específica. O conceito de APL (Arranjos produtivos
locais) parte do princípio de que existem vários atores se conectando no âmbito
dos circuitos econômicos de uma região: Governo, empresários (grandes,
médios e pequenos, conforme o dinamismo da área), sindicatos, universidades,
escolas técnicas, profissionais autônomos, etc. Na boa teoria, pretende-se o
"ciclo virtuoso": profissionais qualificados produzem mais e melhor, elevam a
remuneração real do salário de determinada categoria profissional, agregam
valor as empresas, recebem melhores remunerações, dinamizam a geração de
emprego e renda, pagam mais impostos, tornam-se cidadãos mais conscientes
de suas obrigações sociais, expandem o consumo de bens e serviços,
possibilitam a capitalização e os investimentos dos empresários, aumentam os
investimentos governamentais em benefícios e direitos sociais, estimulam a
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pesquisa e a expansão dos ambientes acadêmico de formação de mão de obra
qualificada, etc. Em suma, o ambiente de negócios ao redor de um ou mais
APLs de uma região é extremamente fomentado por este ciclo.
O ciclo descrito acima é experimentado hoje por diversos países desenvolvidos
e movimenta a essência do capitalismo moderno. Os Empreendedores locais
vão construindo uma relação cotidiana de parceria com a Escola, sendo atores
significativos na Governança local do APL da região. O fundamental é abrir as
portas da Escola para os empresários e para os trabalhadores, de acordo com
a idéia de pessoas a qualificar, em sintonia com as demandas de determinado
arranjo econômico e em sintonia com as possibilidades do “alavancamento”
dos negócios e da produção, gerando em conseqüência salário, emprego e
renda. O mercado, o empresário, o sindicato devem freqüentar a escola, ter
ciência dos conteúdos programáticos, das cargas horárias e dos planos de
curso, assessorar a Escola na captação de campo de estágio (cursos técnicos),
etc. Não me refiro, necessariamente, a uma escola encubadeira de projetos,
que não é o foco desta pesquisa.
Pergunta-se sempre se há emprego para os trabalhadores e, hoje,
vivemos um momento peculiar em nossa história do trabalho, no só no Rio de
Janeiro, como também em todo país: há vagas! Mas, faltam pessoas
devidamente qualificadas ou capacitadas para atuarem junto a esta oferta de
vagas de trabalho. E a transformação dessa realidade pode acontecer em
Escolas Técnicas de qualificação profissional, quando os mesmos se ligam aos
Arranjos Produtivos Locais e a partir daí são implantados mediante as
principais vocações profissionais demandadas.
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CAPÍTULO II
RESGATE DA CIDADANIA
O desenvolvimento industrial foi de uma forma geral uma das
características do século XX. Nesse contexto o Estado do Rio de Janeiro
também passou por um processo de desenvolvimento do seu parque industrial,
o que gerou uma grande demanda de mão-de-obra e, um conseqüente
incremento da sua população, por um processo migratório que se deu em
direção aos grandes centros, na busca pelo emprego e renda.
Tudo isso gerou um novo perfil econômico no Estado baseado numa
produção industrial de considerável vulto. As indústrias em fase de implantação
ou de operação passaram a necessitar de uma mão de obra de nível técnico, o
que foi suprido pelas escolas técnicas, tanto privadas quanto federais e
estaduais, mas que em função do seu desenho e de suas estruturas não
puderam acompanhar o desenvolvimento constante de novas tecnologias
(Teixeira,1996).
Com esse processo de modernização tecnológica, surgiu a necessidade
de novos perfis de profissionais e, apesar do franco crescimento industrial do
Estado criou-se um grande gargalo para o desenvolvimento do parque
industrial e para a implantação das políticas de desenvolvimento econômico e
social. Esse gargalo que, com toda propriedade podemos chamar de
Tecnológico, se deu na qualificação profissional de nossos cidadãos de que
deveria ser atualizada.
Ao chegarmos ao século XXI, as políticas de desenvolvimento
econômico e social passaram por uma nova reconfiguração, uma vez que o
mundo, produzindo novos produtos, processos e métodos transbordaram em
inovações tecnológicas. A velocidade na mudança de paradigmas se acelerou
de uma forma quase exponencial, entretanto, de uma forma geral, os
processos de qualificação profissional continuaram utilizando-se de
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instrumentos que, embora práticos e funcionais, não estavam tecnologicamente
condizentes com a atual realidade.
O problema nascido no século anterior acabou se amplificando no novo século.
Todo o processo de crescimento industrial e populacional ocorreu de maneira
acelerada e desconectada com as necessidades dos cidadãos, criando e
ampliando, cada vez mais, um hiato entre o desenvolvimento econômico e o
correspondente e necessário desenvolvimento social, que ficou totalmente
prejudicado, gerando também uma separação cada vez maior entre o ambiente
de trabalho e o cidadão, por que o mundo do trabalho se desenvolve de
maneira agressiva em termos de inovações tecnológicas.
Com isso a exclusão social aumentou por meio da ampliação da
desigualdade social e do crescimento da pobreza. Por exemplo, segundo a
Fundação Cide, em 2005, o Estado do Rio de Janeiro apresentava altos
índices de pobreza e indigência – 22% e 6%, e com uma população distribuída
de forma territorialmente desordenada e favelizada.
De forma a tentar corrigir toda essa situação problemática foram traçadas
novas linhas de ação para a consecução das políticas de desenvolvimento
econômico e social.
Ao contrário do que acontecia anteriormente passou-se a dar maior
importância aos municípios e suas regiões limítrofes e circunvizinhas pela sua
configuração econômica local e não necessariamente pela sua geografia. As
políticas passaram a ser definidas não na forma de inserção de uma atividade
econômica ou criação de um sistema industrial, de fora para dentro, mas sim
por meio de incentivo ao próprio município, ou região, e aos seus cidadãos na
busca de um caminho e de uma direção dentro de suas potencialidades
econômicas, contando com o apoio dos Governos Estadual e Federal.
Com isso surgiu mais uma questão a ser considerada que é a de como
qualificar profissionalmente o cidadão local, dentro de seu município ou região,
geralmente focado numa atividade econômica emergente que necessita de um
apoio por meio da capacitação profissional.
21
O ideal seria dar ao cidadão condições para que ele possa fixar-se em
seu próprio município ou região, através da geração de empregos, absorção de
mão de obra qualificada local e obtenção de renda compatível, não só com as
suas necessidades básicas, mas viabilizando condições reais de crescimento
do seu padrão de vida.
Essa Instituição Privada está direcionada para a capacitação tecnológica
da população, como uma unidade de formação profissional básica, de
experimentação científica, de investigação da realidade e prestação de
serviços especializados, levando-se em conta a vocação da região onde se
inserem, promovendo a melhoria dos processos produtivos, dessa forma
atendendo aos anseios do mercado e satisfazendo a necessidade de
qualificação e a requalificação do cidadão para a obtenção de emprego e renda
(Gílio,2000).
Seus clientes são as cadeias produtivas das vocações destas economias
emergentes, fortemente caracterizadas pela pluralidade de atores econômicos.
Foi adotada a inserção da Escola Técnica Privada, no Município de
Duque de Caxias, nessa estrutura, dando-lhes formatação orientada à
capacitação profissional em apoio à demanda produtiva local atendendo dessa
forma às políticas estratégicas de desenvolvimento econômico e social do
Estado do Rio de Janeiro – 2007-2010 que compreende projetos direcionados
para a melhoria das questões sociais, econômicas e de gestão pública, mais
especificamente, nos projetos de: “Reorganização do Sistema de Educação
Técnica com foco na habilitação e Qualificação” e, também no de “Qualificação
Profissional e Intermediação de mão de obra”.
Esta Instituição Privada constitue-se em uma nova geração de Escolas
Técnicas, promovendo sua própria transformação.
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2.1- Objetivos Gerais do Projeto
Implantar laboratórios e oficinas para o desenvolvimento tecnológico no
Município de Duque de Caxias, voltado para o Setor de Serviços Industriais de
soldagem/metalmecânica, ligados aos Eixos Tecnológicos: Controle, Processos
Industriais e Produção Industrial, para os seguintes cursos: Soldagem com
Eletrodo Revestido Nível 1; Soldagem com Eletrodo Revestido Nível 2;
Soldagem MIG MAG; Soldagem TIG; Encanador Industrial; Inspeção de Solda
Nível 1; Soldagem Oxiacetilênica; Soldagem a Maçarico; Básico de Caldeiraria
e outros. Incluindo, além de cursos de Formação Inicial e Continuada de
Trabalhadores acima referidos para o setor referido, o curso na Modalidade
Subsequente, Técnico em Fabricação Mecânica, equipando-os de forma a:
Ø Constituir uma referência de Educação Profissional para o Setor de Serviços
Industriais de soldagem - Metalmecânica;
Ø Ofertar práticas laboratoriais e outras ações, de caráter técnico-científico,
para a comunidade e o seu entorno, sobretudo para jovens e trabalhadores
que estão fora do mercado de trabalho propiciando sua inserção e
reinserção;
Ø Aprimorando a ação pedagógica dos docentes e a aproximação ao
empresariado local a fim de, tornar participativo e parceiro o processo de
qualificação e capacitação em Educação Profissional;
Ø Promover cursos de qualificação, em consonância com as necessidades
econômicas da região;
Ø Incentivar, articular e promover o desenvolvimento do empreendedorismo,
por intermédio da oferta de atualização tecnológica e gerencial, estimulando
a possibilidade de criação de novas empresas e a geração de trabalho e
renda;
23
Ø Oferecer novas e atualizadas perspectivas de atuação profissional aos
trabalhadores que, oriundos de quaisquer setores produtivos, se encontrem
excluídos do mercado;
Ø Difundir tecnologias apropriadas como um meio para contribuir no
desenvolvimento harmônico e sustentável da região;
Ø Desenvolver novos produtos e processos produtivos que viabilizem o
aumento de competitividade e a melhoria dos bens e serviços prestados
pelas empresas da região;
Ø Estimular técnicos e empresários de micro e pequenas empresas do setor
com vistas à atualização tecnológica e gerencial;
2.2- Objetivos Específicos do Projeto
Ø Implantar laboratórios e oficinas de desenvolvimento tecnológico para a
formação de profissionais especializados – qualificados e/ou capacitados
ligados ao Setor de Serviços Industriais de Soldagem - Metalmecânica;
Ø Oferecer Educação Profissional de qualidade que insira o alunado no
mercado de trabalho, em consonância com as novas e atualizadas
tecnologias, tornando-o um ser produtivo, pró-ativo e transformador da
sociedade;
Ø Capacitar alunos para o uso das ferramentas adequadas, possibilitando ao
aluno o alcance de autonomia no seu processo de aprendizagem,
viabilizando a satisfação pessoal por meio da efetividade na comunicação,
na integração e na busca de seus ideais;
Ø Formar um profissional eficiente dotado de capacidade técnica ampla e
preparado para enfrentar os diferentes aspectos do mercado de trabalho,
contribuindo para a construção de competências e habilidades;
24
Ø Possibilitar o acesso a novas tecnologias aplicadas à Educação, para que o
corpo docente da Unidade Escolar contemplada no Projeto, possa melhor
preparar os alunos para o mercado de trabalho;
Além do Técnico em Fabricação Mecânica, dentro do Eixo Tecnológico de
Controle e Processos Industriais, segundo os Referenciais Curriculares
Nacionais da Educação Profissional de Nível Técnico, a Unidade promoverá a
qualificação de profissionais, na Modalidade de Educação Profissional com
Cursos de Formação Inicial de Trabalhadores no setor de serviços industriais
de soldagem - metalmecânica, a saber: Soldador com Eletrodo Revestido Nível
1; Soldador com Eletrodo Revestido Nível 2; Soldador MIG MAG; Soldador
TIG; Encanador Industrial; Inspetor de Solda Nível 1; Soldador de
Oxiacetilênico; Soldador a Maçarico; Curso Básico de Caldeiraria; e outros.
Fará parte também, das premissas desta Unidade Escolar Profissional a
verificação constante de outras demandas de mão-de-obra das economias
locais possíveis de virem a ser atendidas.
25
CAPÍTULO III
O DESENHO DE UM NOVO MODELO DE ESCOLA
TÉCNICA
Em função da missão institucional da Escola Técnica em Solda, seus
desenhos são singulares e suas estruturas devem se caracterizar pela
flexibilidade de evoluir suas competências de capacitação ao longo das cadeias
produtivas e, eventualmente, migrar de vocação quando se esgotarem as
demandas identificadas. Este desenho, portanto, pressupõe uma grande
integração com o território e sua comunidade.
O desenho da Escola Técnica em Solda se materializa por meio de um
processo participativo, que reúne aspirações e visões das diversas
representações dos cidadãos e da sociedade organizada, no entorno de uma
visão de presente e de projeções de futuro, com vistas a eleger prioridades que
maximizem o desenvolvimento socioeconômico de seus territórios. Deste
processo emergem com clareza as competências necessárias e, por via de
conseqüência, as necessidades de capacitação tecnológica.
Das participações neste processo sobrelevam as da classe empresarial
e as dos governos locais.
A formatação da Escola Técnica parte da premissa que estamos
formando profissionais para o mercado do trabalho, e esse mercado está em
26
constante evolução tecnológica, portanto, não é possível apenas adotarmos
conceitos e definições classicamente utilizadas na educação.
É necessário ouvirmos os empresários, sabermos que profissionais eles
precisam, saber que equipamentos, métodos e processos que são utilizados
nos seus parques industriais, de forma que possamos, efetivamente, formar
profissionais capazes de atender à suas demandas.
Não basta, simplesmente, formar o cidadão em determinados currículos
já consagrados. É primordial que saibamos qual a necessidade local, regional e
temporal do mundo do trabalho, sem o que incorreremos em formar
profissionais não qualificados o que acaba prejudicando todo um planejamento
econômico, já que desestimula a implantação de novas empresas.
O grande certificador do processo educacional é, sem sombra de dúvidas, o
empregador.
Por outro lado, os governos locais traduzem a visão de conjunto e de futuro da
realidade local. São eles que podem nos fornecer a linha de conduta do
desenvolvimento local, nos transmitir o quadro agregado do que se passa no
município ou região no que tange às necessidades de qualificação profissional
e da existência de problemas que até então têm se interposto a um
crescimento local maior e à geração de emprego e renda.
O papel de garantia dos equilíbrios entre os atores sociais, de emulação das
metas, de estabilidade dos rumos e realimentação permanente faz dos
governos locais o parceiro complementar da efetiva participação do
empresariado.
Não seria possível deixar de registrar que a sociedade, por meio de seus
cidadãos é quem, efetivamente, convalida a estratégia. O sucesso do processo
materializado na empregabilidade e na formação continuada é que o conquista
como o principal aliado.
Mais ainda, o entendimento que este processo não pode perder de vista os
resultados das capacitações ministradas, por meio do acompanhamento da
27
história de vida de cada um dos participantes é essencial para que a estratégia
se realimente de inteligência e efetividade.
3.1 - A estrutura de um novo modelo de Escola Técnica
A operação desse modelo da Escola Técnica se caracteriza pela intensa
utilização de seus ativos e pela flexibilidade no redesenho de suas matrizes
curriculares de capacitação em função de uma relação dinâmica com seus
mercados.
Suas principais unidades são:
Laboratórios temáticos, especializados para a exploração das vocações.
Laboratórios de Ciências, onde podem ser demonstrados e comprovados os
principais fenômenos físicos e químicos, e outros, e onde se procura criar um
ambiente que possa despertar o interesse do aluno pela experimentação
básica, que é a base da ciência e tecnologia.
Laboratórios de Informática, onde serão ministrados cursos básicos e outros
mais complexos na área de Informática e, além disso, servirão para a utilização
de alunos dos cursos profissionalizantes oferecidos na Escola Técnica, na
modalidade à distância semipresencial. Utilizam-se essas salas ainda, para
outras atividades que para uma perfeita assimilação necessitem da utilização
de ferramentas da informática.
Sala de videoconferência, neste espaço serão instalados entre outros
equipamentos, telas de LCD de 42’’, podem ser utilizadas para a realização de
trocas de informação entre a Escola ou qualquer outra instância, seja de
governo ou empresarial, contatos com o mercado empresarial e aulas remotas.
28
Salas de aula polivalentes, salas de aulas que dispõe de recursos avançados
que funcionam como novos instrumentos de ensino, como por exemplo,
quadros interativos que constituem em importante ferramenta pedagógica;
salas de inclusão digital, além dos laboratórios de informática onde possuem
salas que disponibilizam computadores para os alunos.
Biblioteca, espaço dedicado a um acervo bibliográfico voltado, principalmente,
para os conteúdos curriculares demandados pela área da indústria de
Soldagem, em suas diversas modalidades de ensino e de tipos de cursos e, de
um acervo específico voltado para o curso.
Sala de reuniões, espaço destinado a promover reuniões internas entre
professores e direção e, para reuniões com a comunidade e instituições
públicas ou privadas, lembrando ainda que poderá ser utilizada em articulação
com a sala de videoconferências.
Praça da ciência, espaço dedicado especialmente à divulgação da Ciência e da
Tecnologia. Trata-se de um espaço destinado à apresentação de filmes e
documentários, divulgação de inovações científicas e tecnológicas e de ações
deste tipo voltadas, principalmente, para a vocação local.
3.2 - A implantação de uma Escola Técnica no Município de
Duque de Caxias
A fase institucional inicia sempre o processo de instalação da Escola
Técnica. Essa fase compreende reuniões e estudos entre as esferas
empresarial, municipal, estadual e o empresariado local para o estabelecimento
de algumas premissas para a elaboração do projeto lógico, tais como:
identificação da natureza e das demandas, caracterização das vocações
locais/regionais, identificação das possibilidades físicas de locais para
29
instalação e a definição dos recursos para a consecução do projeto e dos
coordenadores da unidade. (Perrenoud,1999)
Definidas essas questões estruturais e tendo ocorrido a decisão de
efetivamente implantar a Escola Técnica, a fase de projeto se inicia e abrange
dois projetos, um projeto acadêmico (matrizes curriculares e planejamento
pedagógico) e um projeto arquitetônico (que em função do local de implantação
e do projeto acadêmico dá a forma física final). A participação e validação do
projeto acadêmico por parte do governo local e dos agentes econômicos que
serão os beneficiários do processo é crucial nesta fase, devendo ser
procurados acordos de certificação das capacitações e de garantia de
empregabilidade dos formandos.
A partir destes projetos e garantias das parceiras, o projeto final é então
formalizado, iniciando-se a fase de financiamento, que compreende a análise
do projeto final por uma comissão de julgamento formada por membros do
Conselho Executivo da Escola Técnica. Após essa aprovação os recursos são
depositados para os projetos. A partir daí começa a execução dos projetos
acadêmico e arquitetônico que culminam com a entrada em operação das
fases do plano de trabalho.
3.3 - O futuro
A partir de então, experiências vividas na Escola em operação nos
permite repousar uma vivida expectativa de que esta nova abordagem venha a
transformar não somente toda a lógica de tratamento do processo educacional
e desenvolvimento local da região, na superação das imensas lacunas de
formação técnica em nosso país, mas também contribuir para um novo
ordenamento no processo educacional como um todo.
Sua operação vem demonstrando que superam as tradicionais deficiências
destacadas em nossas atuais abordagens, uma vez que são dotados de:
30
- Foco, permitindo o desenho de estruturas objetivas de avaliação de seus
resultados,
- Aderência, permitindo que seus focos sejam mantidos e que estes
representem realmente legitimidade perante o empresariado local e alunado,
- Uso intenso de seus ativos, permitindo constatar alta produtividade sobre os
investimentos realizados,
- Flexibilidade, permitindo que se adaptem à evolução da dinâmica econômica,
seja por ajustar-se ao percorrer as suas cadeias produtivas, seja por ajustar-se
à migração entre cadeias produtivas,
- Porte compatível com uma grande capilarização, fator essencial à estratégia
de capacitação massiva dos contingentes marginais ao processo produtivo
(Deluiz,1995)
Certamente, estamos frente a demanda de uma nova geração de escolas
técnicas versus empresariado local.
31
3.4 - Plano de Trabalho
O prazo previsto para a execução do projeto é de 4 (quatro) meses
obedecendo à distribuição da tabela abaixo.
Metas
Meses 2010
01 02 03 04 05 06 07 08 09
Compra dos equipamentos
Compra de material permanente
Compra de material de consumo
Elaboração das aulas práticas
Execução das aulas práticas
Análise dos resultados iniciais
Análise do resultado final
Elaboração da base de dados
Relatório final
3.
3.5 - Cronograma de Desembolso
Cronograma de desembolso Fevereiro de 2010
Equipamentos 200.000,00
Permanentes 400.000,00
Consumo 200.000,00
32
Total de Desembolso 800.000,00
CONCLUSÃO
Esse trabalho destina-se, principalmente, às pequenas empresas e
àquelas pessoas que não têm mais tempo de receber ensino formal, porque
precisam trabalhar, mas que, por não terem profissão definidas precisam
adquirir novos conhecimentos para entrar no mercado de trabalho.
Existe uma grande massa de trabalhadores sem esperança de emprego
por total desqualificação profissional. Hoje, se houvesse um reaquecimento da
economia, com novos investimentos em áreas de alta tecnologia, esses
trabalhadores estariam fora do mercado de trabalho. Daí a importância do
programa das Escolas Técnicas.
As Escolas Técnicas são unidades de ensino e profissionalização
dotadas de laboratórios profissionalizantes, oficinas e salas de aula voltadas
para a difusão de conhecimentos básicos, técnicos e tecnológicos, propiciando
formação com qualidade, ambientes adequados, e demais condições que
permitam levar para espaços formais e não–formais de educação a
experimentação, a investigação da realidade, a difusão do conhecimento
científico e tecnológico e suas aplicações no cotidiano das pessoas, visando à
promoção do desenvolvimento econômico e social sustentável (Luck, 2008).
Certamente, a geração de emprego e a distribuição de renda só
acontecerão quando investirmos no capital humano e procedermos a uma
profunda transformação na lógica do desenvolvimento.
O investimento no capital humano deve ser feito através de um sistema
educativo eficiente, de qualidade e que envolva toda a sociedade. Só assim
daremos o salto de qualidade.
33
Na Finlândia as escolas profissionalizantes são chamadas de Escolas
Vocacionais, e há 259 escolas nessa modalidade, segundo informou o
Conselho Educacional de Educação Finlandês.
De acordo com o Conselho, o gasto anual com cada aluno é de 8,9 mil euros,
bem mais alto do que no ensino médio tradicional, onde o custo é de 5,6 mil
euros. Quase metade dos jovens em idade de cursar o ensino médio, opta pela
Escola Vocacional, cuja orientação é mais prática.
A Finlândia entende que para o país é muito importante e fundamental ser forte
na área profissionalizante, porque muitas pessoas se aposentam a cada ano, e
eles precisam de jovens que queiram atuar principalmente na indústria, 1/3 da
economia depende das exportações e, portanto, necessitam de pessoas
capacitadas nesse setor.
Na Alemanha, o ensino profissional é igualmente importante quanto na
Finlândia, cerca de 60% dos jovens do país, freqüentam escolas desse tipo.
Eles têm opção de ingressar no ensino profissionalizante (técnico). Parte da
formação é na escola e parte nas empresas, para que os alunos aprendam
habilidades específicas necessárias ao exercício qualificado da profissão.
O número de pessoas matriculadas no ensino profissional em 2006 foi 1,5
milhões, sendo 872 mil pessoas em programas ligados à indústria e ao
comércio, sendo investido 15 bilhões de euros na formação profissional, entre
recursos estatais e privados. Na indústria não há mais espaço para atividades
que não requerem formação, é necessário mão de obra qualificada.3
O Brasil precisa avançar na educação profissional, deve ser prioridade
para o desenvolvimento do país como um todo. É claro que nós avançamos
bastante durante os últimos anos, mas estamos no começo, até porque não
temos tradição nessa área. Em quase 100 anos, foram criadas apenas 140
3 www.deputadoeduardolopes.com.br, acessado em: 20/12/2010
34
instituições de ensino profissionalizante lembrando que a primeira escola
técnica do país foi fundada em 1909. Mas acredito que estamos passando por
uma transformação na estrutura profissional.
35
ANEXOS
ENTREVISTA
Antônio Alberto Reis é professor de Informática e Engenheiro Civil. Há
cinco anos é coordenador dos Centros Vocacionais Tecnológicos
(Escolas de Ensino Profissionalizante) que têm sido implantados em todo
o Estado do Rio de Janeiro.
ERQS - Qual a importância das Escolas Técnicas no Desenvolvimento
Econômico e Social de uma região?
AAR - Historicamente, dada a área geográfica do nosso país, suas diferenças
climáticas, suas riquezas, as diversas formas de comunicação nas e entre as
cinco grandes regiões, sempre houve demanda por mão-de-obra técnica em
nosso país, e as escolas técnicas tradicionais, com cursos técnicos de nível
médio, vêem, de forma tímida, representando, através de seus formandos, uma
forma de melhoria dos índices econômicos que influenciam, diretamente, no
desenvolvimento social destas regiões. Porém, o que se pode notar é que
estas Escolas Técnicas tradicionais, ao longo das últimas décadas, têm se
comportado como um modelo “supermercado”, onde os cursos são
disponibilizados, e os interessados em algum dos cursos disponíveis prestam
concursos para acesso, não havendo por parte das escolas uma dinâmica
efetiva em redesenhar seus cursos para novos perfis necessários ao mercado,
ou até novos cursos para novas demandas técnicas profissionais que se
apresentem. A adicionar a esta falta de dinâmica, certa lentidão administrativa
para abertura de novos cursos através de processos para verificação das
condições exigidas e aprovação junto a Conselhos.
Como contraponto a questão da falta de dinâmica das escolas técnicas
tradicionais, um novo modelo de escola técnica surgiu, há poucos anos, e pelo
36
que se tem lido e verificado, os resultados tendem a ser mais eficazes em se
considerando o desenvolvimento econômico e social regional. Esse novo
modelo, que pode ser considerado como modelo “mascate”, ele parte dos
estudos econômicos de uma região, verificando dentre as economias que
compõem o APL – Arranjo Produtivo Local, aquelas economias que precisam
de mão-de-obra técnica profissional para alavancarem ou se consolidarem, não
se limitando a oferecer somente os tradicionais cursos técnicos de nível médio.
A oferta, normalmente, é composta cursos de qualificação de nível
fundamental, outros de nível médio, cursos técnicos na modalidade
subseqüente, podendo, inclusive, chegar a cursos tecnológicos de nível
superior caso necessário a certa economia. Esta nova geração de escolas
técnicas, dada a sua preocupação inicial com a questões econômicas, têm em
seu modelo uma proposta mais efetiva de atuação visando a melhoria dos
índices econômicos e sociais de uma região, principalmente, se não se
entender perene em uma vocação, atendimento às necessidades de uma
economia. Existe a previsão de tempo para atendimento a uma economia e,
após algum tempo, quando as demandas sob atendimento começarem a
diminuir, este novo modelo de escola técnica tende a migrar, atendendo outras
demandas econômicas da região.
ERQS - Como são escolhidos os cursos que um determina da região no Estado
do Rio de Janeiro vai receber?
AAR - Como exposto acima, a partir da prospecção das necessidades de mão-
de-obra técnica profissional dentre as economias de uma região – o APL. As
prospecções, começam com a verificação de dados históricos da economia
local, das tendências atuais, entrevistas com representantes do governo e do
empresariado da região, e em alguns casos com consultores econômicos. A
partir disto começam a ser delineados os perfis necessários para qualificação e
diplomação e, consequentemente, os cursos a serem implantados na unidade.
ERQS - Que tipo de melhoria no ambiente de negócios essas Escolas Técnicas
podem trazer para a região?
37
AAR - Como conseqüência da implantação de uma escola técnica, há o
provimento de mão-de-obra necessária a uma ou mais economias, que se
fortalecem, gerando mais riqueza e normalmente incrementando o ambiente de
negócios na região. Fica mais claro de se notar, neste contexto de ambiente de
negócios, a maior eficácia e aderência do novo paradigma de escola técnica,
principalmente, pelo fato dele contemplar a “metamorfose” em sua essência, ou
seja: não prever atendimento somente para uma economia. Uma escola neste
modelo pode atender às necessidades de uma economia durante 5 ou 6 anos,
e depois mudar totalmente sua vocação atendendo outras necessidades de
mão-de-obra de outra economia da região.
ERQS - Como os Empreendedores locais aproveitam/vêem a mão-de-obra
qualificada formadas pelas Escolas Técnicas?
AAR - Com muita receptividade e esperanças por dias melhores,
principalmente aqueles das médias e pequenas economias onde,
normalmente, não há lastro financeiro para treinamento e qualificação de mão-
de-obra. Neste novo modelo descrito acima, o modelo “mascate” a ansiedade
torna-se maior, tendo casos de empresários contratando alunos ainda em
curso, por ser uma modelo onde o empresariado tem a oportunidade de
participar da definição, e acompanhar, “lapidando” os perfis a serem
qualificados.
ERQS - Essa relação Empreendedor X Escolas Técnicas têm alcançado
resultados positivos pelos Empreendimentos Empresariais?
AAR - Uma vertente para esta pergunta seria sobre a dose de
empreendedorismo colocada transversalmente nos conteúdos dos cursos.
Principalmente no segundo modelo, o da nova geração de escola técnica, isto
é uma praxe nos cursos desenvolvidos e implantados, propiciando aos
formandos que, por algum motivo, não ingressarem em empresas, possam ser
“donos” dos seus próprios negócios, inclusive com casos de sucesso em várias
unidades que foram implantadas.
38
Outra vertente seria a figura de um empreendedor externo à escola
participando, na escola técnica, como missão desta, da definição de cursos,
perfis e de até uma nova economia para a região. Não tenho exemplos disto,
tendo verificado em universidades, principalmente aquelas ligadas aos
governos federal e estaduais, casos de incubadoras com esta proposta. Nas
escolas técnicas tradicionais, pela experiência que tenho, quando ocorre algum
caso nesta direção são, normalmente, por iniciativas isoladas de professores e
raramente chegando a ser um caso de mercado.
O novo modelo de Escola Técnica prevê, já em sua essência, espaço para
incubadoras, porém, dado o seu pouco tempo das implantações das primeiras
unidades, ainda não temos notícia de casos de existência, ou até de sucessos
com empreendedores externo à unidade.
39
BIBLIOGRAFIA
BOFF, L. Saber Cuidar: Ética do humano, compaixão pela terra. Petrópolis:
Vozes, 1999.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em Rede - a era da informação: economia,
sociedade e cultura - Volume 2. São Paulo: Paz & Terra, 2003.
DELUIZ, Neise. Formação do Trabalhador: Produtividade e cidadania. Rio de
Janeiro: Shape, 1995.
FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática
educativa. 30ªEd., São Paulo: Paz e Terra, 2004.
GADOTTI, Moacir. A Educação contra a Educação. São Paulo: Cortez, 2002.
GÍLIO, Ismael. Trabalho e Educação. Formação profissional e mercado de
trabalho. São Paulo: Nobel, 2000.
TEIXEIRA, F.J.S. & OLIVEIRA, M.A. (Org.) Neoliberalismo e Reestruturação
Produtiva: As novas determinações do mundo do trabalho. São Paulo: Cortez,
1996.
BAUMAN, Zygmunt. Vidas Desperdiçadas. Tradução de Carlos Aberto
Medeiros. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 2005.
BRASIL. Ministério da Educação/MEC. Referenciais Curriculares Nacionais
da Educação Profissional de Nível Técnico, Ministério da Educação, 2000.
BRASIL. Ministério da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros
Curriculares Nacionais: Ensino médio, bases legais. Brasília: 1999.
LEI N.º 9.394/96. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. São
Paulo: Brasil S/A, s.d. Fixa as diretrizes e bases da Educação Nacional.
40
LUCK, Heloisa. Liderança em Gestão Escolar. Volume IV. São Paulo: Vozes,
2008.
PERRENOUD, Philippe. Construir as Competências desde a Escola. Ed.
Porto Alegre: Artmed, 1999.
TEDESCO, Juan Carlos. O Novo Pacto Educativo: Educação, competitividade
e cidadania na sociedade moderna. São Paulo: Ática, 2001.
41
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 1
AGRADECIMENTOS 2
DEDICATÓRIA 3
RESUMO 4
SUMÁRIO 5
INTRODUÇÃO 6
METODOLOGIA 8
CAPÍTULO I CIÊNCIA E TECNOLOGIA, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E SOCIAL E PODER LOCAL: O DESAFIO DA FORMAÇÃO TECNOLÓGICA NO SÉCULO XXI 10 CAPÍTULO II RESGATE DA CIDADANIA 19 2.1- Objetivos Gerais do Projeto 22
2.2- Objetivos Específicos do Projeto 23
CAPÍTULO III O DESENHO DE UM NOVO MODELO DE ESCOLA TÉCNICA 25 3.1- A estrutura de um novo modelo de Escola Técnica 27
3.2- A implantação de uma Escola Técnica no Município de Duque de Caxias 28 3.3- O futuro 29
3.4- Plano de Trabalho 31
3.5- Cronograma de desembolso 31
CONCLUSÃO 32
42
ANEXOS 35
BIBLIOGRAFIA 39
ÍNDICE 41