programa ambiental fetranspor

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1 ÍNDICE INTRODUÇÃO 05 O PROGRAMA AMBIENTAL DA FETRANSPOR 13 1. PROGRAMA ECONOMIZAR 14 2. PROGRAMA DESPOLUIR 20 3. CONVÊNIO SELO VERDE 27 4. COMBUSTÍVEIS ALTERNATIVOS 33 4.1. O BIODIESEL 34 4.1.1. PROGRAMA EXPERIMENTAL BIODIESEL B5 40 4.1.2. PROGRAMA EXPERIMENTAL BIODIESEL B20 50 4.2. ÔNIBUS ELÉTRICO HÍBRIDO 54 4.3. GÁS NATURAL VEICULAR 58 5. EVOLUÇÃO DOS MOTORES À DIESEL 61 6. VALE-TRANSPORTE ELETRÔNICO RIOCARD 73 7. P&D – PESQUISA E DESENVOLVIMENTO 77 7.1. ESTUDO COM O DIESEL S50 NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 77 7.2. EMISSÕES “ON-BOARD92 8. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL 93 8.1. FETRASNPOR E O PROJETO MANGUE VIVO 100 8.2. RIOCARD ECOLÓGICO 103 9. CONCLUSÕES, RESULTADOS E RECONHECIMENTOS 105 10. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 112

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Esta seção visa apresentar as principais linhas de ação do Programa Ambiental Fetranspor, iniciado em 1997 com um projeto de eficiência energética, passando à gestão ambiental empresarial e à educação ambiental do setor, alcançando a inovação tecnológica do controle de emissões de poluentes locais (Material Particulado), a utilização de combustíveis alternativos, em especial o biodiesel, chegando, finalmente, às iniciativas de compensação ambiental quanto aos níveis de emissão de gases de efeito estufa.

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Page 1: Programa Ambiental Fetranspor

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 05

O PROGRAMA AMBIENTAL DA FETRANSPOR 13

1. PROGRAMA ECONOMIZAR 14

2. PROGRAMA DESPOLUIR 20

3. CONVÊNIO SELO VERDE 27

4. COMBUSTÍVEIS ALTERNATIVOS 33

4.1. O BIODIESEL 34

4.1.1. PROGRAMA EXPERIMENTAL BIODIESEL B5 40

4.1.2. PROGRAMA EXPERIMENTAL BIODIESEL B20 50

4.2. ÔNIBUS ELÉTRICO HÍBRIDO 54

4.3. GÁS NATURAL VEICULAR 58

5. EVOLUÇÃO DOS MOTORES À DIESEL 61

6. VALE-TRANSPORTE ELETRÔNICO RIOCARD 73

7. P&D – PESQUISA E DESENVOLVIMENTO 77

7.1. ESTUDO COM O DIESEL S50 NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO 77

7.2. EMISSÕES “ON-BOARD” 92

8. COMPENSAÇÃO AMBIENTAL 93

8.1. FETRASNPOR E O PROJETO MANGUE VIVO 100

8.2. RIOCARD ECOLÓGICO 103

9. CONCLUSÕES, RESULTADOS E RECONHECIMENTOS 105

10. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 112

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PREFÁCIO

O tema aquecimento global, restrito a pauta dos ecologistas, ganhou força pelos quatro cantos do

planeta. Seja para estampar primeiras páginas de jornal e capas de livros, seja em debates em fóruns

mundiais, casas parlamentares e organizações não governamentais ou, até mesmo, nas conversas de

esquina, o assunto está por toda parte.

Diante dos grandes desequilíbrios na Natureza - como aquecimento global, falta de água, enchentes e

destruição de cidades nas orlas marítimas de vários países do mundo –, provocados em sua maioria

pelas ações do homem, torna-se cada vez mais pungente a questão ambiental.

A Fetranspor, sempre alinhada não só com as causas do transporte, mas também com as da qualidade

de vida da população à qual servem as empresas que compõem os sindicatos que lhe são filiados, já tem

o meio ambiente como uma de suas prioridades há mais de uma década. Orgulha-se de ser precursora

do Projeto EconomizAR, iniciado em 1997 por meio de parceria com os ministérios de Minas e Energia e

dos Transportes e com Petrobras/Conpet, hoje elevado à categoria de Programa, após tornar-se uma

realidade em quase todos os estados brasileiros e até em outros países onde atua a Petrobras.

Após uma década de grandes avanços nesse Programa de eficiência energética, e da adoção de Vale-

Transporte em versão eletrônica – o RioCard - , o que evita, anualmente, o corte de 11 mil árvores para

produção de celulose, esta Federação apresenta amplo Programa Ambiental, descrito nas páginas a

seguir, composto de sete áreas de abrangência. Trata-se de uma tomada de posição em defesa do meio

ambiente, de um compromisso com a sociedade e de uma filosofia deste segmento empresarial – que

tem consciência de que ainda é impossível transportar por meios rodoviários com ausência total de

emissão de poluentes, por mais que a tecnologia tenha permitido grandes reduções nesses índices. Ao

ler os dados aqui divulgados, porém, o leitor vai verificar que o transporte coletivo de passageiros não é

o vilão da poluição do país, sendo, ao contrário, um dos setores que causa menos impactos negativos.

Apesar disso, quer ser reconhecido como aquele que mais trabalha em prol da compensação ambiental

dessas emissões.

Como presidente executivo desta Federação, em nome de seu Conselho de Administração e dos

sindicatos e empresas que compõem o Sistema Fetranspor, é com muita alegria e com o senso de estar

cumprindo um dever de cidadania empresarial que apresento o Programa Ambiental Fetranspor.

Lélis Marcos Teixeira

Presidente Executivo da Fetranspor

Page 3: Programa Ambiental Fetranspor

3

SUMÁRIO EXECUTIVO

Este documento visa a apresentar as principais linhas de ação do Programa Ambiental Fetranspor,

iniciado em 1997 com um projeto de eficiência energética, passando à gestão ambiental empresarial e à

educação ambiental do setor, alcançando a inovação tecnológica do controle de emissões de poluentes

locais (Material Particulado), a utilização de combustíveis alternativos, em especial o biodiesel,

chegando, finalmente, às iniciativas de compensação ambiental quanto aos níveis de emissão de gases

de efeito estufa.

A eficiência energética do setor vem sendo aumentada através da atuação do Programa EconomizAR,

parceria da Fetranspor com a Petrobras/Conpet. Os resultados apresentados pelo programa Economizar

desde sua implantação, em 1997, permitem inferir uma redução de aproximadamente 1,3 milhões de

toneladas de CO2 e 27 mil toneladas de material particulado que deixaram de ser emitidos na atmosfera

e uma economia de 478 milhões de litros de diesel não queimados.

Em 2007, a Fetranspor realizou, de forma pioneira, o maior experimento com Biodiesel B5 em 3.500

ônibus da frota do Estado do Rio de Janeiro. Isto significou uma redução total de material particulado de

10% para cada ônibus e uma economia de 3,3 milhões de litros de óleo diesel, o equivalente ao

reflorestamento de aproximadamente 11 mil árvores e a não emissão de 7 mil toneladas de CO2.

Em outubro de 2008, com a assinatura do Acordo Judicial, que determinou o início do abastecimento do

diesel S50 na frota cativa de ônibus do município do Rio de Janeiro, a Fetranspor, coordenadora do

programa estadual de monitoramento da emissão de fumaça preta de sua frota filiada, iniciou um estudo

para verificar o ganho ambiental obtido com a introdução do diesel mais limpo. Esse estudo apresentou

uma redução total dos índices de opacidade (fumaça-preta) em 10% com o diesel mais limpo.

O programa de combustíveis alternativos contempla, ainda, o experimento com Biodiesel B20, o qual

entrou em vigor em 2009. Este experimento rodará com uma frota de 15 ônibus durante 12 meses

ininterruptos e terá como parceiros o Governo do Estado, BR Distribuidora, Shell, Ipiranga, Mercedes

Benz e Volkswagen Caminhões e Ônibus. Espera-se obter uma redução de aproximadamente 148 mil

toneladas de CO2 e 3 mil toneladas de material particulado.

A partir de 2010, a Fetranspor pretende iniciar testes na frota da cidade do Rio de Janeiro com veículos

híbridos, em substituição aos veículos a diesel convencionais, visto que a tecnologia híbrida pode

permitir o aumento de até 30% na eficiência energética do veículo (em km/l).

Aliado aos Programas acima, em 2007 a Fetranspor iniciou o seu Programa de Compensação Ambiental

Page 4: Programa Ambiental Fetranspor

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através do replantio de 120 mil mudas de espécies de mangue, em parceria com a ONG Fundação Onda

Azul no município de Magé, quantificando uma anulação de 36 mil toneladas de CO2 na atmosfera.

Já em 2010, a Fetranspor pretende lançar o seu Programa de Compensação Ambiental Compartilhado. A

idéia é a adesão voluntária pelos usuários do transporte público que desejarem participar da diminuição

de emissão dos gases de feito estufa, gerados pelo translado físico e individual dos mesmos, da forma

que se segue:

Atualmente, os 100 maiores clientes do vale-transporte eletrônico, o RioCard, respondem por 7,5% de

todas as viagens de ônibus do Estado do Rio de Janeiro. Na tentativa de minimizar os impactos gerados

pelo setor de transpotes, a criação do RioCard Ecológico surge como alternativa para a compensação

ambiental de outras 120 mil toneladas de CO2 anualmente. A Fetranspor acredita no interesse crescente

de grandes empresas clientes do RioCard no Estado do Rio de Janeiro em participar de um programa

conjunto de mitigação dos efeitos adversos da emissão de gases poluentes, geradores e intensificadores

do aquecimento global do planeta.

A Fetranspor, alinhada com a preocupação mundial com a problemática ambiental, projeta desenvolver,

implementar e operar, com a ajuda de seus usuários e empresas clientes, o maior programa de

compensação ambiental do setor de transporte do país, sinalizando aos demais setores da economia

ações possíveis, e pró-ativas, de responsabilidade ambiental compartilhada.

O Programa Ambiental Fetranspor está estruturado para reduzir e compensar a emissão de 428 mil

toneladas de CO2 anualmente. Esta redução pode ser entendida como a anulação de 24% de todas as

emissões de gases de efeito estufa da frota total filiada ao sistema Fetranspor. Isso significa dizer que

mais de 4.920 ônibus estarão rodando pelas ruas e rodovias do Estado do Rio de Janeiro com emissão

zero de gases de efeito estufa.

Conforme será demonstrado na parte introdutória deste documento, o setor de transporte urbano de

passageiros por ônibus consome apenas 2,7% de todos os derivados de petróleo no país. Apesar do

setor de transporte (rodoviário, aquaviário, dutoviário, aéreo e ferroviário) ser apontado como o

principal da economia mundial a contribuir para o aquecimento global, pode-se entender que o

transporte coletivo por ônibus não se enquadra neste paradigma. Em relação ao inventário total de

emissões de CO2 do país, o setor de transporte coletivo urbano de passageiros por ônibus responde por

apenas 0,42% das emissões totais.

Este é, certamente, o segmento de transporte menos impactante no que tange às emissões totais de

gases de efeito estufa, diretamente associados ao volume total de combustíveis fósseis queimados. Em

termos de volume de passageiros transportados, ou de viagens realizadas, segundo dados oficiais do

Page 5: Programa Ambiental Fetranspor

5

próprio governo do Estado do Rio de Janeiro, 46% de todas as viagens motorizadas, na Região

Metropolitana do Rio de Janeiro, são realizadas por coletivos urbanos.

O que se pretende demonstrar neste trabalho é a reduzida participação do transporte por ônibus na

emissão total de gases de efeito estufa. O setor responde por menos de 3% das emissões totais de CO2

oriundas da queima de derivados de petróleo no país. Todavia, é responsável por metade das viagens

motorizadas de passageiros somente na Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro. O setor que

menos emite é o que mais transporta e o que mais ações realiza para a redução, compensação e

neutralização dos níveis de emissão de gases poluentes (locais e globais).

Page 6: Programa Ambiental Fetranspor

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INTRODUÇÃO

Atualmente, o setor de transporte vem chamando a atenção da comunidade internacional por ser

apontado como um dos mais impactantes na intensificação do aquecimento global e por seus efeitos

adversos sobre o meio ambiente. De fato, o consumo de combustíveis fósseis por nossa sociedade

moderna é elevado e vem sendo incentivado e fortalecido por governos, economias e culturas que

apostaram no desenvolvimento pautado no uso intensivo, algumas vezes até irracional, de recursos

naturais e não renováveis.

Ao se analisar alternativas para o transporte público urbano nas grandes cidades, visando à alteração da

matriz energética, três pontos são de importância primordial: a emissão de poluentes locais, inclusive o

calor, a contribuição para o efeito estufa e a mobilidade urbana. Todavia, importa alertar quanto a real

participação dos diferentes modais de transporte na emissão de gases de efeito estufa, em especial o

CO2.

O Gráfico a seguir apresenta a estrutura de consumo dos derivados de petróleo, comparando-os em uma

mesma base energética. Nesta condição, o óleo diesel tem sua participação elevada para 39% do total

nacional, seguido da gasolina (16,1%), nafta (8,7%) e gás liquefeito de petróleo (8,3%).

Figura 1: Petróleo e Derivados - Estrutura do Consumo de Derivados

Entre os consumidores de derivados de petróleo, o segmento mais importante é o setor de transportes,

que representa 50,5% do consumo, seguido da indústria, que, incluindo o setor energético, responde por

19,1%. Na figura 1, verificamos que, atualmente, o setor de transporte consome o equivalente à metade

de todos os derivados de petróleo produzidos no Brasil.

Page 7: Programa Ambiental Fetranspor

7

Evolução dos Consumos Setoriais (Brasil 1970 a 2007)

Figura 2: Consumo Final de Derivados de Petróleo (BEN, 2008)

Entretanto, o setor de transporte é amplo e subdividido em diferentes modos e classes, as quais

apresentam contribuições individuais sobre a demanda de energia (combustíveis) e a emissão de gases

de efeito estufa. É importante percebermos esta segmentação: no Brasil, podemos falar em transporte

rodoviário, aquaviário, aéreo, dutoviário e ferroviário.

Os diferentes tipos de combustíveis utilizados pelo setor no Brasil podem ser observados na figura 4.

Como se pode ver, o óleo diesel, em unidades de energia, é o combustível mais consumido no país

atualmente - aproximadamente 50% de toda a energia total disponibilizada nos transportes (BEN,

2008). O óleo diesel é consumido basicamente pelo transporte de carga e uma parte menor é consumida

pelo setor de transporte coletivo de passageiros.

De todo o óleo diesel consumido no Brasil, aproximadamente 43 bilhões de litros por ano, 79% são

consumidos pelo setor de transporte (33,9 bilhões de litros). Deste total, 96,5% são utilizados pelo

transporte rodoviário. (BEN, 2008)

Page 8: Programa Ambiental Fetranspor

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A Tabela 1 ilustra a participação de todos os energéticos disponíveis para o transporte rodoviário no

Brasil.

Tabela 1: Setor de Transportes – Rodoviário (BEN, 2008)

Figura 3: Estrutura do consumo no Setor de Transportes (BEN, 2008)

O transporte rodoviário inclui os diversos tipos de veículos que se deslocam através das rodovias e vias

urbanas, transportando carga e passageiros, levando desenvolvimento e crescimento econômico a todos

os cantos do país. O transporte rodoviário é, certamente, aquele que mais possui penetração nos meios

físicos da sociedade brasileira. Sem ele, o país pára, inexoravelmente.

Um dos grandes paradoxos da sociedade moderna é o fato de um segmento de tamanha importância

para o desenvolvimento de nossas cidades sofrer inevitável associação aos problemas ambientais. Uma

classificação simplista dos meios de transporte rodoviários poderia dividi-los em: transporte de carga,

transporte de passageiros por ônibus urbanos, transporte de passageiros por ônibus rodoviários e

transporte individual (automóveis e motos).

A frota de ônibus urbanos do país está estimada em 105.000 ônibus, distribuída pelos mais de 5.000

municípios brasileiros. O consumo anual de combustível desta frota está estimado em 3,5 bilhões de

litros por ano, ou seja, o equivalente a 8,5% de todo o óleo diesel consumido no Brasil (NTU, 2004).

Em termos gerais, podemos concluir que o transporte coletivo urbano de passageiros por ônibus é

Page 9: Programa Ambiental Fetranspor

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responsável pelo consumo de apenas 2,7% dos derivados de petróleo no Brasil (BEN, 2008).

A emissão de gases de efeito estufa está diretamente associada ao volume de energia consumida pelos

diferentes setores da economia. Como os fatores de emissão de gás carbônico (CO2) são relativamente

parecidos para os diferentes tipos de combustível, pode-se afirmar que a participação dos ônibus

urbanos na emissão de gases de efeito estufa seja inferior a 3% do total de emissões geradas pelos

diferentes setores da economia brasileira que consomem derivados de petróleo. Sendo assim, quando

considerado o inventário total de emissões de CO2 do país, pode-se afirmar que o setor de transporte

coletivo urbano de passageiros por ônibus responde por apenas 0,42% do total de emissões deste gás,

considerado atualmente como o principal gás de efeito estufa.

O que se pretende demonstrar nesta introdução é que, apesar do segmento de transporte (rodoviário,

ferroviário, aéreo, dutoviário e aquaviário) ser apresentado como um dos grandes vilões do agravamento

do aquecimento global, o modal transporte de passageiros por ônibus é, certamente, o que menos

contribui para a emissão de gases de efeito estufa no Brasil e no mundo. A Figura 5 nos prova que optar

por andar de ônibus urbano contribui, não só para a redução dos níveis de emissão de gases de efeito

estufa, como também para a melhoria da qualidade de vida da população.

Page 10: Programa Ambiental Fetranspor

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Consumo de energia nos veículos de transporte

0,00,2

0,40,60,81,0

1,21,41,61,8

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Nota: Somente passageiros sentados, nos veículos coletivos

Figura 4– Comparação do consumo de energia por pessoa transportada (EnvironMentality)

Torna-se evidente que o transporte coletivo é muito mais eficiente do que o individual. Além disso, um

aspecto muito importante é que o transporte coletivo possui uma administração sistêmica, regrada e

com controle preventivo e centralizado de manutenção. Isto lhe confere organização e confiabilidade

bem maiores e interfere positivamente no tráfego. Mais ainda, estudos estatísticos demonstram que a

taxa de utilização da área viária é cerca de 7 a 10 vezes maior para os ônibus do que para os

automóveis, de forma que um passageiro de ônibus ocupa entre 10 a 15% do espaço viário que ocuparia

se estivesse de automóvel. Este fato é facilmente visível nas fotografias de uma avenida a seguir.

Page 11: Programa Ambiental Fetranspor

11

Figura 5– Área urbana ocupada pelo passageiro de um coletivo

O SETOR QUE MENOS IMPACTA É AQUELE QUE MAIS REALIZA

O setor de transporte coletivo de passageiros por ônibus do Estado do Rio de Janeiro, representado pela

Fetranspor, vem atuando na área de eficiência energética e de gestão ambiental de suas frotas há mais

de 13 anos, com trabalhos premiados e reconhecidos por entidades idôneas como o Programa Nacional

de Racionalização do Uso de Derivados de Petróleo e do Gás Natural (Conpet), Associação dos Dirigentes

de Vendas e Marketing no Brasil (ADVB), o Instituto Ambiental BIOSFERA, o Instituto Brasileiro de

Estudos Especializados (IBRAE), Companhia Brasileira de Multimídia (CBM) em parceria com o Jornal do

Brasil, JB Ecológico e JB Online.

A Fetranspor, em parceria com a Petrobras e o Conpet, idealizou e desenvolveu o Programa EconomizAR,

projeto de eficiência energética no setor de transporte realizado em parceria com os ministérios de Minas

e Energia e dos Transportes e a Confederação Nacional do Transporte (CNT). O Programa EconomizAR

iniciou suas atividades no Estado do Rio de Janeiro e, posteriormente, estendeu-se a 22 estados

brasileiros. A Fetranspor opera, atualmente, a maior equipe técnica deste projeto no país, sendo

entidade de referência nacional no que tange à operação de suas frotas, à eficiência energética e ao

enquadramento ambiental das emissões de gases dos seus veículos.

Além das atividades relacionadas à eficiência energética, a Fetranspor aderiu recentemente ao Programa

Ambiental Nacional Despoluir. O Programa foi criado e lançado no início de 2007 pela CNT e atua em

gestão ambiental empresarial e educação ambiental para o setor de transporte, além da eficiência

energética das frotas. Todas as empresas de ônibus do Estado do Rio de Janeiro receberão atendimento

nessas áreas. A Fetranspor estuda, também, a possibilidade de utilização de sensores de escapamento

embarcados capazes de diagnosticar a não conformidade do nível de emissão de cada veículo em campo.

A integração da tecnologia eletrônica embarcada existente hoje, com a adoção da moderna tecnologia de

bilhetagem eletrônica, poderia trazer as informações dos níveis de emissão de cada ônibus em circulação

diretamente ao computador central da Fetranspor. O desenvolvimento desta tecnologia vem sendo

avaliado por equipe técnica da Fetranspor e há condições de se iniciarem os primeiros testes ainda no

ano de 2010.

Estão sendo desenvolvidos, em parceria com as empresas distribuidoras de combustível e com as

montadoras de motores e veículos, testes com combustíveis alternativos. Muitos testes já foram

realizados com GNV e biodiesel. Em 2007, a Fetranspor decidiu-se por antecipar o uso de óleo diesel

com 5% (B5) de biodiesel em todas as suas empresas associadas. A antecipação do uso do B5,

importante passo para a melhoria da qualidade do ar, pela redução de gases de efeito estufa e outros

poluentes, entre eles os óxidos de enxofre (SOx) e o material particulado (MP), representou um enorme

Page 12: Programa Ambiental Fetranspor

12

ganho ambiental devido à economia de 3,3 milhões de litros de óleo diesel, o equivalente ao

reflorestamento de aproximadamente 12 mil árvores, e a não emissão de 7 mil toneladas de CO2. A

utilização de biodiesel em porcentagens superiores 2% permite à Fetranspor requerer certificados de

carbono junto aos organismos internacionais para futura comercialização.

Além de implantar o bem sucedido programa de eficiência energética, Programa EconomizAR, de aderir

ao amplo programa de gestão ambiental e educação ambiental, Programa Despoluir, e de promover a

massificação de biocombustível, alternativa energética no setor de transporte coletivo, a Fetranspor

estruturou e iniciou, em 2007, o seu Programa de Compensação Ambiental .

Suas ações consistem em: reflorestamento de áreas degradadas, parques e jardins, recuperação de

ecossistemas frágeis e significativos, além da possibilidade de futuro envolvimento e participação da

sociedade fluminense no processo de anulação das emissões de CO2 para o meio ambiente, através da

aquisição de créditos de carbono no mercado internacional. Cada um dos diferentes braços deste

programa será apresentado, detalhadamente, neste texto.

De forma esquemática, podemos observar na figura 8 a amplitude das ações relacionadas ao tema meio

ambiente exercida pelas empresas do transporte coletivo de passageiros do Estado do Rio de Janeiro.

Ônibus ElétricoHíbrido

Compensação AmbientalCombustíveis AlternativosConvênio Selo Verde P & D

ReflorestamentoBiodiesel B5

Programa EconomizAR

Programa Emissões on-board

Evolução dos motores diesel

RioCard eletrônico fim do vale transporte

em papel

Programa Despoluir

Biodiesel B20

Gás Natural Veicular

Diesel S-50

Cartão RioCardEcológico

Ônibus ElétricoHíbrido

Compensação AmbientalCombustíveis AlternativosConvênio Selo Verde P & D

ReflorestamentoBiodiesel B5

Programa EconomizAR

Programa Emissões on-board

Evolução dos motores diesel

RioCard eletrônico fim do vale transporte

em papel

Programa Despoluir

Biodiesel B20

Gás Natural Veicular

Diesel S-50

Cartão RioCardEcológico

Figura 6: Programa Ambiental Fetranspor

Page 13: Programa Ambiental Fetranspor

13

O PROGRAMA AMBIENTAL DA FETRANSPOR

Historicamente, as ações relacionadas à minimização dos efeitos adversos de processos que impactam o

meio ambiente começam pela avaliação e intervenção nos diferentes níveis de eficiência dos mesmos. A

qualidade do transporte está ligada à eficiência energética da operação dos veículos, primeiro foco de

ação deste Programa.

O Programa Ambiental Fetranspor também engloba, além do que foi descrito anteriormente, o

atendimento ao Programa de autocontrole da fumaça preta, criado em 2007 pela Fundação Estadual de

Engenharia do Meio Ambiente (Feema), que hoje integra o Instituto Estadual do Ambiente (Inea), o qual

consiste na avaliação de cada ônibus do Estado e na identificação dos mesmos através de selo de

aprovação, o Selo Verde.

Outras iniciativas também estão sendo contempladas neste Programa como: a substituição do vale-

transporte em papel em todo o Estado do Rio de Janeiro pelo vale-transporte eletrônico (RioCard), o

desenvolvimento de sistemas de controle de emissões on-board que permitirão a avaliação, em tempo

real, dos níveis de emissão de gases dos escapamentos dos ônibus das frotas filiadas ao sistema

Fetranspor em todo o Estado do Rio de Janeiro e experimentos pioneiros com combustíveis e tecnologias

alternativas

Page 14: Programa Ambiental Fetranspor

14

1. PROGRAMA ECONOMIZAR

O Programa EconomizAR da Fetranspor iniciou-se em 1997 através de parceria com a Petrobras e o

Conpet iniciando com uma equipe de três técnicos operadores que passaram a monitorar e a

diagnosticar as frotas de ônibus da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, quanto à conformidade com

os padrões de emissão exigidos pela legislação. O Programa cresceu nos últimos anos, alcançando a

maior atuação em território nacional, sendo a Fetranspor a entidade de transporte com melhores

resultados e maior abrangência de operação do Programa atualmente. Hoje, são treze unidades móveis

ambientais operadas por vinte e cinco técnicos altamente capacitados pela Petrobras.

Figura 7: Programa EconomizAR no Estado do Rio de Janeiro

O Programa conta com a adesão de nove sindicatos e, atualmente, atende a uma frota de 20.000

veículos participantes, alcançando economia estimada de 69 milhões de litros de combustível por ano. O

Rio destaca-se por possuir mais de 90% dos veículos dentro dos padrões de emissão aceitáveis pelo

Programa.

Enquanto a Fetranspor coordena as ações e resultados do Programa, cabe aos seus sindicatos associados

a execução das atividades que vão gerar os números esperados. Em visitas às empresas, os técnicos

avaliam os níveis de emissão de fumaça preta das frotas.

A equipe técnica do Programa EconomizAR atua em parceria com os profissionais das empresas nos

seguintes pontos:

- métodos e sistemática do uso racional de óleo diesel pelos transportadores;

- constante monitoramento e controle do estado de conservação dos veículos, através da medição de

opacidade nos escapamentos;

- orientação profissional a motoristas e mecânicos;

- acompanhamento e avaliação da qualidade do óleo diesel recebido das distribuidoras;

- orientação e acompanhamento das práticas de armazenamento, no intuito de se evitar a contaminação

do produto;

- dicas e conscientização quanto à filtragem do óleo diesel antes do consumo;

Page 15: Programa Ambiental Fetranspor

15

- orientação quanto ao correto abastecimento das frotas.

Os resultados do Programa EconomizAR no Estado do Rio de Janeiro, desde sua implantação, podem ser

observados abaixo:

• Veículos aferidos: 305 mil

• Litros de diesel economizados: 478 milhões

• Toneladas de CO2 não emitidos: 1,3 milhões

• Toneladas de Material Particulado não emitidos: 28 mil

• Empresas do sistema Fetranspor: 212

• Empresas participantes: 196

• Sindicatos filiados à Fetranspor: 10

• Sindicatos atendidos pelo EconomizAR: 9

• Frota filiada à Fetranspor: 20.457 veículos

• Frota atendida pelo EconomizAR: 20.000 veículos

• Número de unidades móveis ambientais: 13

• Número de técnicos operadores: 25

• Municípios atendidos: 60

• Municípios do Estado do Rio de Janeiro: 92

Segundo trabalho publicado pelo Conpet, associada aos benefícios ambientais de atendimento à

legislação e redução da emissão de poluentes, a medição dos níveis de opacidade permite identificar não

conformidades relacionadas ao mal estado de conservação dos veículos do ciclo diesel. Esta redução

quase sempre precede a economia de combustível por parte dos operadores de transporte.

Acompanhando uma tendência mundial, as empresas do setor de transporte também estão buscando

adotar procedimentos que reflitam suas preocupações com a qualidade ambiental e com a conservação

dos recursos naturais.

A redução de emissão de CO2 e material particulado podem ser considerados indicadores desta

tendência: no período de 1997 a 2009 houve uma maior aderência ao programa por parte dos

sindicatos, que resultou em um aumento de 35 mil toneladas para 187 mil toneladas de CO2 não

emitidos e de 761 toneladas para 4.087 toneladas de material particulado não emitidos por ano.

Page 16: Programa Ambiental Fetranspor

16

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1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Mat

eria

l Par

ticul

ado

não

emiti

do (

tone

lada

s)

Figura 9: Material particulado não emitido por ano em toneladas

Page 17: Programa Ambiental Fetranspor

17

0

5.000.000

10.000.000

15.000.000

20.000.000

25.000.000

30.000.000

35.000.000

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45.000.000

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65.000.000

70.000.000

75.000.000

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Litr

os d

e D

iese

l Eco

nom

izad

os

Figura 10: Litros de diesel economizado por ano

Morar em uma cidade grande nos dias de hoje pode significar conviver com condições pouco favoráveis a

uma boa qualidade de vida, tanto em países ricos como em pobres. A poluição atmosférica não faz

distinção entre cor, raça ou classe social. O EconomizAR, por se focar prioritariamente na redução da

fumaça preta dos veículos, vem promovendo a diminuição maciça dos níveis de emissão de material

particulado inalável (PM10) e a consequente melhoria da qualidade de vida da população. As partículas

inaláveis, também denominadas de PM10, são partículas de diâmetro inferior a 10 mícrons, que

penetram no aparelho respiratório podendo atingir os brônquios e os alvéolos pulmonares e causar

alergias, asma irritação crônica das mucosas, bronquite, enfisema pulmonar e pneumoconiose, definida

como o acúmulo de “pó” nos pulmões e as reações do tecido pulmonar à presença deste “pó”.

Tomando como base estudos apresentados pelo Dr. Eduardo Vasconcellos, em seu livro Transporte e

Meio Ambiente, a redução dos níveis de emissão de material particulado promovida pela atividade do

Programa EconomizAR no ano de 2009 poderia ser equivalente a 59 milhões de reais evitados com

custos e impactos na saúde pública do Estado.

Page 18: Programa Ambiental Fetranspor

18

Figura 11: Técnicos do Programa EconomizAR

Uma mensuração dos ganhos do Programa EconomizAR do ponto de vista de amenização do efeito

estufa pode ser entendida pela tradução dos níveis de CO2 não emitidos, correspondentes ao plantio de

aproximadamente 310,5 mil árvores apenas em 2008. As árvores têm a capacidade de absorver o gás

carbônico gerado pela queima de combustíveis fósseis, contribuindo para a diminuição da intensificação

do efeito estufa no planeta.

Uma das formas mais eficazes de melhorar o transporte público em cidades de médio porte é a

reorganização da oferta de ônibus comuns em corredores de ônibus de alta capacidade. No Brasil, o

pioneirismo coube a Curitiba, que iniciou a implantação do seu famoso sistema em 1974, realizando

ampliações e aperfeiçoamentos desde então. Outras cidades e regiões metropolitanas do Brasil, como

Page 19: Programa Ambiental Fetranspor

19

São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, Goiânia, Manaus e Campinas, também contam com esse

recurso, em perfeito funcionamento (VASCONCELLOS, 2006).

O corredor de ônibus pode trazer grandes vantagens ambientais, por três motivos: a garantia de

velocidade média mais elevada e constante, com redução de emissão da maioria dos poluentes; a

reorganização da oferta do sistema da região do corredor, com diminuição das distâncias rodadas pelos

ônibus e, portanto, das emissões; e, finalmente, a possibilidade de introdução de veículos menos

poluentes, seja com motores mais eficientes, seja com formas de energia mais limpas, como o gás

natural ou o veículo elétrico híbrido (VASCONCELLOS, 2006).

A não priorização do transporte público pode levar à saturação das vias urbanas através da utilização

exagerada do transporte individual, intensificando os impactos negativos gerados pelos

congestionamentos (só na cidade do Rio de Janeiro, o aumento do custo operacional do transporte por

ônibus pode chegar a 9,6%, devido aos congestionamentos).

Quanto à elevação da velocidade média de operação, vale ressaltar que a variação de de 10 km/h para

20 km/h vai corresponder a redução do consumo de combustível de cerca de 18% (VASCONCELLOS,

2006).

Os resultados de eficiência energética alcançados pelo Programa EconomizAR nos últimos 13 anos de

operação podem ser entendidos como a anulação total dos níveis de emissão de CO2 de

aproximadamente 1.158 ônibus operando normalmente, durante todos os dias do ano, no Estado do Rio

de Janeiro. É como se 6% de toda a frota de ônibus do sistema Fetranspor operasse durante o ano de

2009 sem consumir nenhum litro de óleo diesel. A Fetranspor, pioneira no setor de transportes de

passageiros, vem realizando este trabalho com eficiência energética há 13 anos, contribuindo para a

mobilidade sustentável e a melhoria da qualidade de vida da população.

Page 20: Programa Ambiental Fetranspor

20

2. PROGRAMA DESPOLUIR

O Programa ambiental Despoluir foi desenvolvido pela Confederação Nacional de Transporte (CNT) e foi

implementado pela Fetranspor em fevereiro de 2008. Seu principal objetivo é promover o engajamento

dos empresários do setor, dos transportadores, dos caminhoneiros autônomos, dos taxistas e da

sociedade na conservação do meio ambiente, para que atuem na construção de um desenvolvimento

verdadeiramente sustentável.

Figura 12: Carro e logo do Despoluir

Desde sua implementação pela Fetranspor foram realizadas 20.026 medições de opacidade1 no Estado

do Rio de Janeiro. A Fetranspor coordena o Programa Despoluir no Estado do Rio de Janeiro e conta com

o apoio operacional de três sindicatos da Região Metropolitana do Rio de Janeiro – Rioônibus,

TransÔnibus e Setrej - que representam 70% da frota do Estado. Os sindicatos são responsáveis pelos

contatos e visitas às empresas bem como pelos custos da operacionalização do programa. Cada sindicato

possui uma Unidade Móvel Ambiental dotada de opacímetros para medição de gases poluentes e é

operada por técnicos qualificados.

O Despoluir é estruturado em dois grupos de projetos: Grupo A – Projeto Transporte; Grupo B – Projeto

Cidadania para o Meio Ambiente.

O principal foco está nas áreas de gestão ambiental empresarial e de educação ambiental no setor de

transporte. A operação se dará por meio de técnicos formados na área ambiental, que dispõe, de

unidades móveis dotadas de equipamentos e mini-laboratórios destinados ao monitoramento e

acompanhamento dos desempenhos ambientais das empresas de ônibus (CNT, 2007).

1 A opacidade é utilizada em todo o mundo para classificar os níveis de emissão de veículos a diesel usados em testes de campo, em especial, no

Brasil, nos programas de Inspeção e Manutenção – I/M. Os programas de monitoramento dos níveis de emissão de opacidade apóiam-se em

algumas resoluções Conama para aprovação ou reprovação dos veículos em uso, através de testes de medição de gases (opacidade). Segundo a

Resolução Conama 251/99, a medição de opacidade deve ser realizada com um equipamento chamado opacímetro, que deve ser homologado pelo

Inmetro. O uso deste equipamento deverá seguir a norma brasileira NBR 13.037 (Gás de Escapamento Emitido por Motor a Diesel em Aceleração

Livre – Determinação da Opacidade – Método de Ensaio). Em nosso programa, foram utilizados opacímetros homologados pelo Inmetro.

Page 21: Programa Ambiental Fetranspor

21

Seguem, de forma resumida, os objetivos e especificidades deste programa nas áreas de gestão

ambiental, redução dos níveis de emissão de poluentes e educação ambiental.

GRUPO A

Projeto I – Redução da emissão de poluentes pelos veículos

Objetivo: promover a redução de poluentes atmosféricos emitidos pelos veículos, contribuindo com a

sociedade para melhoria da qualidade do ar e o uso racional de combustíveis.

Ações: Ampliar a regularização ambiental da frota

• Aferição da emissão de poluentes através de 54 veículos equipados;

• Informatização de dados para análise dos resultados;

• Criação de postos fixos de atendimento em locais de grandes concentração de caminhoneiros

autônomos e taxistas;

• Promoção de parcerias com órgãos ambientais;

• Estímulo aos empreendedores do setor para seguirem as normas ambientais relativas às

emissões de poluentes veiculares;

• Incentivo ao desenvolvimento de projetos de MDL (Mecanismos de Desenvolvimento Limpo);

• Promoção da participação de agências de fomento para financiar projetos de troca de frota ou

substituição de combustível através da oferta de créditos de carbono como garantia do pagamento;

• Estabelecimento de parcerias com agentes públicos, especialmente os municipais, para incentivar

o uso do transporte coletivo em substituição ao transporte individual;

• Criação de parcerias com instituições públicas e privadas para fortalecer o transporte aquaviário e

ferroviário.

Projeto II – Incentivo ao uso de energia limpa pelo setor transportador

Objetivo: reduzir a emissão de poluentes por meio da utilização de biocombustíveis, gás natural, energia

elétrica, entre outros combustíveis ambientalmente adequados.

Ações: Promover o uso de energia limpa pelas empresas de transporte, caminhoneiros autônomos e

taxistas.

Page 22: Programa Ambiental Fetranspor

22

Elaboração, em parceira com instituições especializadas, de estudos sobre a produção de energia limpa,

seus riscos, vantagens, formas de utilização e oportunidade para o setor de transporte.

Desenvolvimento de campanhas de incentivo ao uso do biodiesel e outras combustíveis alternativos.

Projeto III – Aprimoramento da gestão ambiental nas empresas, garagens e terminais de transporte

Objetivo: Promover a melhoria da gestão ambiental voltada para o desenvolvimento sustentável da

sociedade, por meio de ações que abranjam inovações tecnológicas de cunho científico e tecnológico,

como parte integrante da estratégia das empresas de transporte.

Ações:

1)Estruturar e incentivar a implementação e o acompanhamento de Programa Despoluir

• Consolidação e fortalecimento da CNT no Conama e demais fóruns ambientais;

• Participação e apoio a realização de seminários, oficinas e palestras voltadas à capacitação

profissional da área ambiental.

2)Conscientizar o setor sobre a importância estratégica da responsabilidade socioambiental.

• Elaboração de manuais para orientação das empresas sobre a adoção de procedimentos

adequados no dia-a-dia de suas atividades, visando a competitividade e a responsabilidade

socioambiental;

• Realização de palestras para empresários trabalhadores dos setores rodoviário, aquaviário e

ferroviário sobre a importância da melhoria da gestão ambiental;

• Formação de gestores ambientais por meio do curso de pós-graduação Lato Sensu em Gestão

Ambiental do Transporte, em parceria com a Escola do transporte de IDT;

• Inclusão dos itens de avaliação referentes às questões ambientais nas pesquisas periódicas

realizadas pela CNT;

• Mapeamento da necessidade de parcerias com bolsas de resíduo ou banco de empresas de

reciclagem de resíduos.

3) Oferecer apoio técnico às empresas de transporte, caminhoneiros autônomos e taxistas para a gestão

de combustível e redução da emissão de poluentes.

• Promoção de treinamento nas empresas sobre o uso racional de combustível e lubrificante,

recebimento de combustíveis, drenagem dos tanques e outros procedimentos;

Page 23: Programa Ambiental Fetranspor

23

• Visitas técnicas nas empresas para verificação do sistema de tancagem, aferição de bombas de

abastecimento, de veículos e avaliação da qualidade do combustível;

• Incentivo ao plantio de árvores para neutralizar a emissão de gás carbônico gerada pelas

atividades de transporte.

4) Incentivar e auxiliar a implementação das normas IS0 14.000 nas empresas de transporte, dando

suporte técnico principalmente para micro e pequenas empresas do setor.

• Realização de estudo para demonstrar as vantagens econômicas de investimentos em gestão

ambiental;

• Divulgação de formas de implementação das normas ISO 14.000;

• Elaboração de manual de gestão ambiental para o setor e oferta de suporte técnico ao

empresariado para implementação das normas ISO 14.000.

5) Criar o prêmio de Excelência em Gestão Ambiental no Transporte para estimular mais empresas a

adotarem a responsabilidade socioambiental.

• Valorização das empresas de transporte que contribuem para a melhoria da qualidade ambiental;

• Divulgação das melhores práticas de gestão socioambiental corporativa.

GRUPO B

Projeto IV – Taxista amigo do meio ambiente

Objetivo: Promover a educação ambiental e ecológica para os taxistas para transformá-los em

verdadeiros mensageiros e promotores da educação ambiental e ecológica para toda a sociedade.

Ações: Tornar os taxistas educadores ambientais, contribuindo para a conscientização da sociedade em

geral sobre a importância da conservação do meio ambiente.

• Estimulação da atuação do taxista como disseminador de informações sobre conservação do meio

ambiente e boas práticas ambientais;

• Promoção do curso Taxista Amigo do Meio Ambiente,

• Distribuição de material informativo e educativo para taxistas e usuários de táxi sobre

preservação do meio ambiente;

• Criação de um concurso para premiar os taxistas que estimulem o cuidado com o meio ambiente.

Page 24: Programa Ambiental Fetranspor

24

Projeto V – Caminhoneiro amigo do meio ambiente

Objetivo: Promover a educação ambiental e ecológica para os caminhoneiros preparando-os para

atuarem como mensageiros das boas práticas ambientais e vigilantes da conservação do meio ambiente.

Ações: tornar os caminhoneiros vigilantes ambientais, incentivando sua participação efetiva na proteção

ao meio ambiente.

• Criação do 0800 ambiental (0800-728-2891) para receber notificações e encaminhar às

autoridades competentes denúncias sobre crimes ambientais em qualquer lugar do Brasil;

• Promover o curso Caminhoneiro Amigo do Meio Ambiente, com distribuição de material

informativo e educativo;

• Inclusão da educação ambiental nos cursos de formação de caminhoneiros autônomos;

• Incentivo à atuação do caminhoneiro como vigilante para comunicar queimadas próximas às

estradas e denunciar crimes ambientais como poluição de rios, tráfico de animais silvestres, plantas e

madeira;

• Estabelecimento de parceria com os órgãos ambientais para tornar as ações do Caminhoneiro

Vigilante Ambiental mais efetivas.

Projeto VI – Trabalhador em transporte amigo do meio ambiente

Objetivo: Promover a educação ambiental e ecológica para os trabalhadores em transporte

transformando-os em mensageiros e promotores de boas práticas ambientais.

Ações:

1) Tornar os trabalhadores em transporte educadores ambientais, contribuindo para a conscientização do

setor de transporte e da sociedade em geral sobre a importância da conservação do meio ambiente.

• Promoção do curso “Trabalhador em Transporte Amigo do Meio Ambiente”, com distribuição de

material informativo e educativo;

• Criação de um concurso para premiar os trabalhadores em transporte que mais estimulem o

cuidado com o meio ambiente.

2) Promover a educação ambiental para usuários de transporte para estimular o uso ambientalmente

responsável das vias e meios de transporte.

Page 25: Programa Ambiental Fetranspor

25

• Lançamento de uma campanha educativa que conscientiza o usuário de transporte sobre a

importância de não se jogar lixo nas estradas e vias urbanas.

3) Criar “Espaços Verdes Educadores” nas unidades do SEST/SENAT.

• Desenvolvimentos de espaços como viveiros, biblioteca verde, laboratórios para atividades de

educação ambiental para trabalhadores em transporte, suas famílias, jovens e crianças da comunidade.

4) Divulgar as ações ambientais do programa Despoluir para dar visibilidade ao tema “transporte e meio

ambiente” e dar subsídio ao setor e à sociedade para o desenvolvimento de novos projetos ambientais.

• Veiculação de informações sobre transporte e meio ambiente nos meios de comunicação da CNT;

• Articulação de ações entre os meios de comunicação para sensibilizar o setor de transporte e a

sociedade sobre a importância da conservação do meio ambiente;

• Criação de canais de acesso às informações ambientais que possam ser utilizadas na produção de

programação, veiculação de notícias e debates: Revista Transporte Anual da CNT, CBN, Rádio web

Transporte Brasil da CNT, conselhos regionais do SEST/SENAT, site e assessoria de imprensa da CNT;

• Identificação e divulgação de experiências exitosas em transporte e meio ambiente, como

matérias jornalísticas na Revista Transporte Atual da CNT e exposição fotográfica itinerante;

• Apoio a elaboração de planos e programas de comunicação nas federações, sindicatos,

associações e empresas do setor;

• Incentivo à coleta e difusão de informações sobre experiências ambientais junto às federações,

sindicatos, associações e empresas do setor;

• Inclusão no Prêmio CNT de Jornalismo a categoria “Meio Ambiente” e no Prêmio CNT de Produção

Acadêmica a categoria “transporte e Meio Ambiente”;

• Criação do Prêmio Verde CNT a fim de destacar o melhor invento para combater e reduzir a

poluição no setor de transporte;

• Elaboração de um programa anual de seminários com palestrantes de reconhecimento nacional e

internacional e cursos técnicos para empresários e trabalhadores do setor de transporte.

5) Criação do portal Despoluir na internet para desenvolver a consciência ambiental em todo o setor de

transporte e na sociedade em geral por meio do compartilhamento de conhecimentos sobre a questão.

• Levantamento de informações e experiências para o setor e a sociedade: experiências bem

sucedidas, entrevistas, notícias, fóruns, links, cursos online, bibliografia, etc.

Page 26: Programa Ambiental Fetranspor

26

Com o Programa Despoluir, o setor de transporte brasileiro assume sua responsabilidade e contribui para

a construção de um mundo ambientalmente mais equilibrado, a CNT tem como meta torná-lo o maior

programa ambiental do país na área de transporte. A figura abaixo mostra a evolução do número de

medições realizado pela Fetranspor desde 2008. Conclui-se que, no período de 2008 a 2009, houve um

aumento de 40% no número de medições realizadas pelo Programa Despoluir. A maior adesão é

decorrente dos benefícios econômicos associados ao Programa, bem como maior conscientização das

empresas da necessidade de implantar programas voltados à sustentabilidade do negócio.

Figura 13: Gráfico da evolução anual do número de avaliações

Evolução Anual do Número de Avaliações de Emissão d e Gases

8.229

11.535

2008 2009

40%

Page 27: Programa Ambiental Fetranspor

27

3. O SELO VERDE

O Programa Selo verde foi concebido como foco na gestão ambiental compartilhada entre a iniciativa

privada e o Governo Estadual, voltado especificamente ao controle dos níveis de emissão de gases da

frota de ônibus do Estado do Rio de Janeiro, atualmente com cerca de 20.500 ônibus, distribuídos entre

as 212 empresas operadoras, transportando diariamente mais de 9 milhões de pessoas.

Seu objetivo foi integrar as ações já realizadas pela Fetranspor, através dos programas EconomizAR e

Despoluir, às necessidades impostas pelo Procon Fumaça Preta criado pela Feema (hoje INEA). Em

Dezembro de 2007, foi assinado o Convênio Selo Verde entre a Fetranspor, o INEA, o Petrobras/Conpet

e a Secretaria de Estado do Ambiente (SEA).

Figura 14: Adesivo de identificação afixado aos ônibus participantes aprovados

A Fetranspor iniciou as medições de emissões veiculares das empresas filiadas em 1997, com o

Programa EconomizAR. Em 2007, a Fundação Estadual de Engenharia do Meio Ambiente (FEEMA), que

hoje integra o Instituto Estadual do Ambiente (INEA), criou o Programa de Autocontrole de Fumaça

Preta em Veículos do Ciclo Diesel - Procon Fumaça Preta, com o objetivo de identificar o nível de

conformidade ambiental das frotas de veículos do transporte de cargas e de passageiros, que utilizam

óleo diesel como combustível automotor e atuam no Estado do Rio de Janeiro.

Segundo o Programa Selo Verde, os veículos devem ser avaliados dentro de uma periodicidade média

mínima de seis meses, com encaminhamento dos respectivos relatórios de avaliação ao INEA. Este

instrumento compulsório de gestão ambiental pública, por ser de autocontrole, não prevê a aplicação

Page 28: Programa Ambiental Fetranspor

28

de multas para os veículos porventura encontrados fora dos padrões ambientais. Por possuir caráter

não punitivo, constitui-se em um instrumento de gestão compartilhada. Os relatórios de avaliação

informam o nível de opacidade emitido por cada veículo. A fumaça preta (opacidade) é composta na

maior parte por partículas de carbono com tamanho normalmente menor que 1 µm, resultante do

processo de combustão do motor. Segundo a CETESB (2007), a manutenção do motor e a regulagem

dos dispositivos que influenciam a queima do combustível são imprescindíveis para minimizar a emissão

de fumaça preta na atmosfera, principalmente nas ocasiões em que as condições meteorológicas são

desfavoráveis à dispersão de poluentes, propiciando o agravamento da poluição do ar e de suas

consequências indesejáveis como, por exemplo, o aumento da incidência de doenças respiratórias.

Figura 15: Assinatura do Convênio Selo Verde

Inovador, o Programa Selo Verde possui metas desafiadoras, a saber:

• Institui o Monitoramento da Poluição Sonora: Pioneirismo no Setor de Transportes;

• Prevê o reflorestamento para compensação das emissões de gases de efeito estufa do setor;

• Disponibiliza banco de dados online para gestão dos níveis de emissão em tempo real;

• Institui metas para redução de CO2, Material Particulado e consumo de Óleo Diesel;

• Institui limites máximos de emissão mais restritivos do que os padrões atualmente instituídos

pela legislação.

Para alcançar os objetivos ambientais propostos foi criado um Selo Verde que atesta, por meio de uma

marca colocada voluntariamente nos veículos, que estes estão atendendo aos padrões ambientais de

emissão de gases poluentes. A comunicação e a divulgação do Selo Verde pela mídia resultaram em um

Page 29: Programa Ambiental Fetranspor

29

maior envolvimento da sociedade e do setor público com a parceria das Secretarias Estadual de Meio

Ambiente e Transportes e, consequentemente, numa maior aderência das empresas do setor de

transporte. Foi criado um sistema na web com um banco de dados que disponibiliza informações em

tempo real, que pode ser acessado por todos os parceiros do programa. O sistema permite a consulta

do histórico e das atuais emissões de poluentes, por veículo ou empresa, em todo o Estado do Rio de

Janeiro.

Figura 16: PDA utilizado para leitura dos dados via web

O Selo Verde é uma iniciativa pioneira no setor de transporte de passageiros do Estado do Rio de

Janeiro, pois permite integrar os interesses de conservação ambiental aos de desenvolvimento

econômico. Através do estabelecimento de parcerias, busca unir esforços no setor público e privado

para atendimento dos requisitos ambientais. O programa possui padrões de emissões mais restritivos

que os exigidos pela legislação ambiental e, em contrapartida, promove benefícios econômicos,

associados à melhoria da eficiência da frota e aumento da competitividade no mercado.

RESULTADOS

Os dados apresentados são resultados do monitoramento quanto à conformidade com os padrões de

opacidade exigidos pela legislação da frota de veículos pertencentes às empresas filiadas a Fetranspor e

que adeririam voluntariamente ao programa. E resultam das ações realizadas pelos projetos

EconomizAR e Despoluir.

A Fetranspor possui 10 sindicatos filiados que representam 212 empresas e uma frota de 20.457

veículos com idade média de 5,5 anos. O programa contempla atualmente 20.000 veículos que

representam 97% da frota de veículos das empresas filiadas a Fetranspor.

Page 30: Programa Ambiental Fetranspor

30

Acompanhando a tendência iniciada principalmente pelo setor industrial na década de 1990, verifica-se

nas empresas do setor de transporte uma maior preocupação no atendimento à legislação, às

demandas da sociedade e às exigências do mercado, no sentido de adotar procedimentos que reflitam

suas preocupações com a qualidade ambiental e com a conservação dos recursos naturais.

O número de medições de emissões veiculares realizadas na frota de veículos pode ser considerado um

indicador desta tendência. No período de 1997 a 2008 houve uma maior aderência ao programa por

parte dos sindicatos, o que resultou num aumento no número de medições realizadas por ano de 4.764

para 53.195, como mostra a figura 18. E, em 2009, já se verifica um aumento de 29% na média de

medições realizadas por mês comparada a média de 2008.

Número de medições realizadas

0

10.000

20.000

30.000

40.000

50.000

60.000

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Figura 17: Número de medições realizadas no período de 1997 a 2009

Este crescimento indica que o Selo Verde tem sido um importante instrumento de gestão ambiental por

incentivar a adesão dos empresários. Isso se dá devido à amplitude alcançada pelo selo perante a

população e aos funcionários que, por meio dele, identificam os veículos que estão em conformidade e

fiscalizam o trabalho que vem sendo feito. O evento realizado no dia 17 de setembro de 2008 para o

lançamento oficial do “Selo Verde” (figura 19) reuniu o presidente da Fetranspor, Lélis Teixeira, o

gerente executivo de Desenvolvimento Energético da Petrobras, Mozart Schmidt, o presidente da

Feema, Axel Grael, o secretário estadual de Transportes, Júlio Lopes e a secretária estadual do

Ambiente, Marilene Ramos.

Page 31: Programa Ambiental Fetranspor

31

Figura 18: Evento de lançamento do Selo verde em 2008

Observou-se, também, um aumento no número de veículos em conformidade com os padrões de

opacidade requeridos pelo Procon Fumaça Preta. Atualmente, mais de 90% dos veículos avaliados têm

sua manutenção adequada e atendem ao padrão de opacidade exigido pela legislação causando, assim,

menos impacto ao meio ambiente (figura 20).

Figura 19: Percentual de veículos em conformidade com o Procon Fumaça Preta

O aumento neste percentual é um indicador de que empresas estão evoluindo e buscando adequar-se

aos requisitos ambientais para efeito de atendimento da legislação e mantendo-se competitivas no

mercado. Alguns processos de licitação para serviços de transporte e fornecedores já exigem das

empresas o certificado de adequação ao Procon Fumaça Preta, emitido por uma organização

credenciada ao INEA. O Selo Verde tem produzido no setor de transporte de passageiros do Estado do

Rio de Janeiro efeito semelhante ao da certificação das normas ISO, como condição essencial de

continuidade da empresa no mercado.

A sustentabilidade do programa é, em parte, atribuída à percepção dos empresários e funcionários a respeito

dos benefícios econômicos, ambientais e sociais, mas também, ao sucesso da parceria realizada entre os

setores público e privado, que permite consolidar os interesses de execução da legislação com a melhoria da

eficiência empresarial.

49%

57%

72%78% 81% 81% 79%

84% 82% 83% 83%87%

91%

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009

Veículos em Conformidade

Page 32: Programa Ambiental Fetranspor

32

O programa tem produzido bons resultados no Estado do Rio de Janeiro, sensibilizando os empresários e os

funcionários do setor de transporte sobre a importância do meio ambiente para a sustentabilidade do negócio

e para a melhoria da qualidade de vida da população.

Page 33: Programa Ambiental Fetranspor

33

4. COMBUSTÍVEIS E TECNOLOGIAS ALTERNATIVAS

A utilização de combustíveis alternativos no setor de transporte coletivo por ônibus é uma das áreas de

atuação do Programa Ambiental Fetranspor, que vem estudando e incentivando experiências com

biodiesel, betanol (mistura de biodiesel e etanol), GNV e tecnologias elétrico híbridas conforme será

descrito a seguir:

A importância do biodiesel como energético renovável cresce bastante no Brasil, devido, principalmente,

às vantagens ambientais inerentes, como a redução da emissão de poluentes e à substituição das

importações de óleo diesel.

O biodiesel foi introduzido na matriz energética brasileira pela Lei 11.097, de 13/01/2005, que fixou em

5% o percentual mínimo obrigatório e determinou o prazo de 8 anos após a sua publicação para

aplicação, ou seja, em janeiro de 2013, e o prazo de 3 anos para aplicação de percentual intermediário

de 2%, em janeiro de 2008. O biodiesel B3 foi introduzido pela Resolução CNPE (Conselho Nacional de

Política Energética) nº 2/2008 e o biodiesel B4 em 01 de julho de 2009, conforme Resolução CNPE nº

2/2009. Atualmente, o percentual de biodiesel obrigatório para todo o Brasil de 5% de acordo com a

Resolução CNPE nº6 de 16/09/2009.

Em 2007, antecipando as metas estipuladas pela legislação, a Fetranspor e a Secretaria de Estado de

Transportes do Rio de Janeiro iniciaram um importante programa de biodiesel B5 visando à identificação

dos aspectos relevantes ao uso deste novo combustível na matriz energética do transporte. Este

programa recebeu apoio direto dos Governos Federal e Estadual, bem como das principais montadoras

de motores (Mercedes Benz do Brasil, Volkswagen Caminhões e Ônibus) e distribuidoras de combustível

(Petrobras Distribuidora, Ipiranga e Shell).

No período de julho a dezembro de 2007, foram abastecidos 3.500 ônibus do Estado do Rio de Janeiro

com biodiesel B5, além dos 350 ônibus da frota destinada ao transporte de atletas durante os Jogos Pan-

Americanos Rio 2007, neste que se tornou o maior experimento com biodiesel no Brasil.

O programa de combustíveis alternativos contempla, ainda, o experimento com Biodiesel B20, o qual

entrou em vigor em 2009. O referido experimento irá rodar com uma frota de 15 ônibus durante 12

meses ininterruptos e terá como parceiros o Governo do Estado, BR Distribuidora, Shell, Ipiranga,

Mercedes Benz e Volkswagen Caminhões e Ônibus. Espera-se obter uma redução percentual de cerca de

20% de Hidrocarbonetos e 15% de Material Particulado e Monóxido de Carbono.

Page 34: Programa Ambiental Fetranspor

34

4.1. O BIODIESEL

O biodiesel é um combustível biodegradável derivado de fontes renováveis como biomassa, resíduos

industriais e esgoto sanitário, para uso em motores a combustão interna com ignição por compressão,

sem necessidade de modificação ou, conforme regulamentação, para geração de outro tipo de energia,

que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil, atendendo às especificações da

Agência Nacional de Petróleo (ANP), nos motores de ciclo diesel automotivos (caminhões, tratores,

automóveis, etc.) ou estacionários (geradores de eletricidade, calor, etc.).

Matérias

Graxas Matéria-Prima Origem Exemplo

Óleos e

Gorduras

Vegetais

Óleos de dendê,

mamona,

girassol,

amendoim,

babaçu, soja,

pinhão manso e

nabo forrageiro.

Agricultura

familiar e

agro-

negócios Tipo I

Óleos e

Gorduras

Animais

Sebo bovino Matadouros

e frigoríficos

Óleos de fritura usados

resultantes de

processamento comercial e

industrial

Redes de

“fast-food”,

indústria

alimentícia.

“Nata sobrenadante” ou

escuma

Estações de

tratamento

de esgotos

Tipo II

Resíduos agrícolas e

industriais de natureza

graxa (borras)

Agro-

indústrias

FONTE: (SECTI, 2006) Tabela 2: Matéria-prima para produção de biodiesel

Sendo perfeitamente semelhante ao óleo diesel mineral, pode ser utilizado puro, na forma de mistura

com o diesel derivado de petróleo, em variadas proporções de 1% até 100% (B1 a B100, segundo

Page 35: Programa Ambiental Fetranspor

35

nomenclatura estabelecida). Por ser biodegradável, não tóxico e essencialmente livre de compostos

sulfurados e aromáticos, produz uma queima mais limpa, resultando em menores níveis de emissão de

poluentes, quando comparado ao óleo diesel mineral. O biodiesel apresenta, também, melhores

características de lubricidade.

A importância do biodiesel como energético renovável cresce bastante no Brasil, quando visto sob a ótica

da elevada dependência do transporte rodoviário nacional por óleo diesel. Em 2007, segundo dados do

Balanço Energético Nacional, a parcela de energia fornecida pelo óleo diesel ao transporte rodoviário no

Brasil chegou a 52,4% de toda a energia destinada ao setor (BEN, 2008).

Para suprir esta demanda, o Brasil importou, em 2007, cerca de 5 bilhões de litros de óleo diesel (MME,

2008). Devido à alta demanda do consumo, também foram necessárias importações de petróleo leve, o

qual passa a ser misturado ao petróleo nacional (em grande parte pesado) para elevação dos níveis de

produção do óleo diesel. A demanda brasileira por esse combustível, no transporte rodoviário, tem

crescido a uma taxa anual de 6% nos últimos 25 anos (FILHO, 2006).

A utilização do biodiesel apresenta vantagens econômicas e ambientais. No aspecto ambiental, o

biodiesel reduz sensivelmente as emissões de gases do efeito estufa, em qualquer proporção de misturas

com o óleo diesel convencional, além de ser livre de enxofre, o que reduz a formação de ácido sulfúrico

na atmosfera que se precipita na forma de chuva ácida. Por fim, dentre os poluentes regulamentados

(MP, CO, NOx e HC), observa-se no biodiesel um potencial de redução dos níveis de emissão de três

destes poluentes (MP, CO e HC). No aspecto econômico, o biodiesel substitui as importações de óleo

diesel mineral e, com a redução de emissão de materiais particulados e de enxofre, evita custos com

saúde pública. Além disso, a redução de gases responsáveis pelo efeito estufa pode gerar recursos

internacionais no mercado de carbono.

O uso do biodiesel no Brasil iniciou-se com a criação do Programa Nacional de Uso e Produção do

Biodiesel – PNPB – pelo Governo Federal no ano de 2003. Este programa apresenta uma série de

vantagens técnicas, econômicas, ambientais e sociais, conforme salienta CÂMARA FEDERAL (2004): a

diversificação da Matriz Energética Brasileira; a disponibilidade de um combustível ambientalmente

correto; a redução de emissões de gases causadores do efeito estufa (CO2), assim como a diminuição da

emissão de material particulado, resultando em menor emissão de fumaça e fuligem; a utilização de

matéria-prima renovável (biomassa) para a fabricação do biodiesel, assim como o aproveitamento

sustentável dos resíduos e efluentes; a redução das importações de diesel e de petróleo; a utilização de

solos inadequados para a produção de culturas alimentícias; a promoção da fixação das famílias no

campo e da agricultura local sustentável, além da geração de emprego e renda no país.

Page 36: Programa Ambiental Fetranspor

36

Previsão Demanda (mil m³)

2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016

Diesel 42.237 43.286 44.335 45.383 46.432 47.481 48.529 49.578 50.627 51.675 52.724

% Biodiesel

2% 2% 2% 3% 3% 4% 5% 5% 5% 5% 5% 5% 5%

Volume 155 545 443 665 681 908 2.322 2.374 2.426 2.479 2.531 2.584 2.636

Tabela 3: Previsão de demanda de óleo diesel no Brasil

Aspectos Ambientais

É sabido que o óleo diesel mineral possui quantidades substantivas de enxofre sob a forma de

mercaptanas, substâncias extremamente nocivas ao meio ambiente local, onde se inclui o homem. As

mercaptanas compõem as emissões para a atmosfera provenientes da descarga dos motores diesel,

especialmente quando funcionam fora da faixa normal (partidas e desacelerações), e em quantidades

excessivas, quando os sistemas não estão ajustados ou regulados (RIBEIRO, 2001).

Sabe-se também que a queima do biodiesel juntamente com o diesel mineral (Bx) favorece a oxidação

das mercaptanas, transformando-as em dióxido de enxofre, um produto mais volátil e pouco menos

danoso aos seres vivos que habitam especialmente nas áreas urbanas. Necessário se faz medir

comparativamente as emissões de mercaptanas, para demonstrar os efeitos positivos da adição de

ésteres metílicos e etílicos (biodiesel) no diesel mineral, desta concepção teórica citada (RIBEIRO, 2001).

Quando o álcool, utilizado na produção de biodiesel por transesterificação, é de origem vegetal (rota

etílica), a emissão de dióxido de carbono decorrente da combustão do biodiesel é reabsorvida na íntegra,

pela fotossíntese, no crescimento das próximas safras das biomassas das quais são retirados o álcool e o

óleo. Quando o álcool é mineral (rota metílica), só o percentual do dióxido de carbono (gás de efeito

estufa) produzido pela combustão do biodiesel referente à queima do óleo vegetal (no mínimo 78%), é

reabsorvido (CAMARA, 2004).

Em síntese, nos casos em que todo o processo produtivo for abastecido com o combustível plenamente

vegetal, o balanço de emissões de dióxido de carbono de seu ciclo de vida será nulo. Quando toda a

produção for abastecida com biodiesel híbrido, as emissões de dióxido de carbono de seu ciclo de vida

serão 78% menores que quando do uso exclusivo de combustíveis fósseis. Mesmo quando parte do

processo produtivo utilizar combustíveis fósseis, o balanço das emissões de toda a produção será sempre

inferior àquele gerado pelo uso exclusivo de combustíveis fósseis, uma vez que o biodiesel reduz

Adição Obrigatória de 2% e 3%

Adição facultativa de 2%

Adição Obrigatória de 5% Adição

Obrigatória de 3% e 4%

Page 37: Programa Ambiental Fetranspor

37

sensivelmente as emissões de gases do efeito estufa (CAMARA, 2004).

O potencial de redução dos níveis de emissão de poluentes regulamentados (MP, CO, NOx, e HC) pode

ser observado na figura 18. O biodiesel apresenta potencial de redução de diversos tipos de poluentes,

todavia a emissão de NOx é aumentada, quando comparada às emissões características da combustão

do óleo diesel.

Figura 20: Percentual de variação nas emissões com o uso do Biodiesel

Aspectos Sociais

O grande mercado energético brasileiro e mundial poderá dar sustentação a um imenso programa de

geração de emprego e renda a partir da produção do biodiesel.

Estudos desenvolvidos pelos Ministérios do Desenvolvimento Agrário, da Agricultura, Pecuária e

Abastecimento, da Integração Nacional e das Cidades mostram que a cada 1% de substituição de óleo

diesel por biodiesel produzido com a participação da agricultura familiar podem ser gerados cerca de 45

mil empregos no campo, com renda média anual de aproximadamente R$ 4.900,00 por emprego

(CAMARA, 2004). Admitindo-se que, para um emprego no campo são gerados três empregos na cidade,

seriam criados, então, 180 mil empregos (CAMARA, 2004).

A produção de oleaginosas em lavouras familiares faz com que o biodiesel seja uma alternativa

potencialmente importante para a erradicação da miséria no País, pela possibilidade de ocupação de

Page 38: Programa Ambiental Fetranspor

38

enormes contingentes de pessoas. Na região semi-árida nordestina, vivem mais de 2 milhões de famílias

em péssimas condições de vida (CAMARA, 2004).. A inclusão social e o desenvolvimento regional,

especialmente via geração de emprego e renda, têm norteado as ações direcionadas à produção e

consumo de biodiesel, de forma não-excludente e descentralizada em termos de rotas tecnológicas e de

matérias-primas utilizadas.

Aspectos Técnicos

Segundo relatório do Ministério da Indústria e do Comércio, na década de 1980, os testes desenvolvidos

em território nacional com vários tipos de óleos vegetais virgens transesterificados, puros ou misturados

ao diesel convencional na proporção de 30%, demonstraram bons resultados quando utilizados por

caminhões, ônibus e tratores. Nesses testes, foram percorridos mais de um milhão de quilômetros e os

principais problemas apresentados foram associados a pequeno acúmulo de material nos bicos injetores

e a um leve decréscimo da viscosidade de certos óleos lubrificantes, especialmente aqueles com

elevados teores de aditivos (PARENTE, 2003).

Testes de desempenho de curta duração foram também realizados em bancada dinamométrica em plena

carga, com motores de injeção indireta, previamente otimizada para a queima de óleo diesel puro. Os

resultados indicaram que as propriedades dos ésteres foram semelhantes às do óleo diesel, exceto pelo

ponto de inflamabilidade. Verificou-se, no entanto, que algumas características do biodiesel de óleo de

mamona foram diferentes daquelas dos demais, particularmente em relação à viscosidade. Sugere-se

que o biodiesel de mamona não seja empregado puro, mas misturado ao diesel mineral em proporções

que a viscosidade recaia na faixa da normalidade. No caso de ser cogitado o uso puro do biodiesel de

mamona, deve ser estudada a possibilidade de reduzir a sua viscosidade através de um pré-aquecimento

no momento da injeção no motor, prática viável no caso de motores estacionários.

Outra fonte de matéria-prima disponível, sobretudo nos grandes centros urbanos, é o óleo de fritura

residual. Este insumo tende a ser mais barato que os óleos vegetais virgens, além da sua utilização ser

capaz de evitar a poluição dos corpos hídricos e as emissões de gases do efeito estufa, provenientes do

tratamento em estações de esgoto e de sua decomposição em aterros sanitários.

Segundo testes realizados por Mittelbach e Tritthart (1998), a utilização de biodiesel de óleos de fritura

em motores do ciclo diesel apresentou bons resultados. Apesar de não atender a uma especificação

definida, o biodiesel de óleos de fritura apresentou características bastante semelhantes aos ésteres de

óleos “novos” descritos anteriormente. Por outro lado, mesmo sendo um biodiesel de óleo parcialmente

“queimado”, suas características foram bastante próximas às do diesel convencional, apresentando boa

homogeneidade mediante análise da curva de destilação (RIBEIRO, 2001).

Page 39: Programa Ambiental Fetranspor

39

Os testes de desempenho dos ésteres metílicos mostraram um resultado bastante satisfatório, com

eficiência de queima superior à dos óleos vegetais “in natura”. Registrou-se menor formação de resíduos

no motor e um desempenho mais homogêneo. O rendimento dos motores e o consumo de combustível

são praticamente idênticos para o óleo mineral e o biodiesel. Verificou-se, porém, a combustão

incompleta, como no caso dos óleos “in natura”, revelada pela formação de fumaça branca e também

um efeito acentuado de lavagem do óleo lubrificante das paredes do cilindro do motor, aumentando seu

desgaste. Este efeito de lavagem reduz a vida útil do lubrificante e do motor (KNOTHE, 2006).

Análises têm concluído que o desempenho dos óleos etanolisados ou metanolisados nos motores diesel

apresenta poucas diferenças utilizando um ou outro, e as pequenas modificações necessárias no motor

são equivalentes. No entanto, o problema maior, no que diz respeito ao uso destes dois tipos de

biodiesel como carburantes é quanto à diluição dos óleos lubrificantes (KNOTHE, 2006). Os

desenvolvimentos futuros devem direcionar-se para a produção de óleos lubrificantes estáveis ao

biodiesel, ou para a pesquisa de processamentos de óleos vegetais que produzam combustíveis que não

contaminem os lubrificantes, a custos razoáveis.

Testes ao redor do mundo, com várias formas de biodiesel, comprovam que há viabilidade técnica para

seu uso em motores diesel convencionais. Acrescente-se, no entanto, que qualquer alteração no

combustível ou mesmo a adoção de combustíveis alternativos, diferentes do óleo diesel, pode exigir

adaptações no motor. Contudo, no caso de misturas de óleo diesel com pequenas proporções de

biodiesel não se verifica essa necessidade, assim como na regulagem e na tecnologia de peças e

componentes. Apenas é preciso que o biodiesel tenha um padrão de qualidade.

É importante salientar que o biodiesel, por ser um produto natural e biodegradável, pode apresentar

problemas de degradação natural. Estão sendo investigados processos que o mantenha estável. Por isso

é necessário que se tenha uma qualidade definida tanto para o produto puro, quanto para a mistura com

diesel.

A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfaeva) tem um posicionamento

bastante conservador em relação ao uso do biodiesel durante os testes nos veículos. A entidade, que

representa as montadoras do país, recomenda que no Brasil, o percentual da mistura do biodiesel ao

petrodiesel seja inicialmente de 2%. A Confederação Nacional da Agricultura (CNA) sugere que uma

adição de até 30% seria confiável, mas o Programa Nacional foi iniciado com misturas de 2% a 5%, em

face da posição mais restritiva das empresas automotivas e da atual capacidade de produção de

matérias-primas.

A Anfavea cita que na Europa os primeiros testes foram feitos com misturas de 0,75% e sugere que o

percentual da mistura adotado no Brasil seja aumentado gradativamente de modo a evitar que os

Page 40: Programa Ambiental Fetranspor

40

motores sofram danos irreversíveis. A entidade pede ainda que o governo aproveite a experiência com o

uso do combustível em outros países e que sejam realizados “testes exaustivos para aferir a viabilidade

do biodiesel em ação” (RIBEIRO, 2001).

Na Itália, França, Alemanha e Argentina já existe o produto homologado e definido permitindo misturas

entre 5% a 12% do biodiesel em óleo diesel. Os fabricantes de motores, autopeças e montadoras de

veículos não são contrários à adoção da tecnologia do biodiesel, apenas querem que sejam tomados os

devidos cuidados e que sejam feitas as devidas avaliações (RIBEIRO, 2001).

O biodiesel pode ser considerado, também, como um excelente aditivo verde para o óleo diesel, pois ele

pode desempenhar o papel que o enxofre desempenha para garantir a lubricidade do óleo diesel e

viabilizar a utilização de diesel com baixíssimo teor de enxofre (KNOTH, 2006).

As propriedades lubrificantes do óleo diesel são importantes para os equipamentos de injeção do

combustível, tais como injetores e bombas. Combustíveis de baixa lubricidade aumentam o desgaste e

reduzem a vida útil dos componentes. Esse problema será ainda maior quando as especificações

estabelecerem, por pressões ambientais, reduções adicionais do teor de enxofre do óleo diesel (KNOTH,

2006).

Em 2000, foram feitos testes, num acordo entre as empresas Delphi Diesel Systems, Stanadyne

Automotive Corp., Denso Corporation, e Robert Bosch GmbH, cujos resultados mostram que a adição de

2% de biodiesel ao óleo diesel é suficiente para atingir a lubricidade atual. Acrescente-se que, se maior

quantidade de biodiesel for adicionada, não haverá nenhuma conseqüência adversa para os motores

(KNOTH, 2006).

4.1.1. O PROGRAMA BIODIESEL B5

O programa “O Rio de Janeiro Sai na Frente – Biodiesel 5% na Frota de Ônibus” foi idealizado pela

FETRANSPOR e pela Secretaria de Estado dos Transportes (SETRANS) com o objetivo de apresentar uma

alternativa energética sustentável ao transporte coletivo de passageiros do Estado do Rio de Janeiro

visando à antecipação da meta prevista pela Lei Federal 11.097, de 13 de janeiro de 2005, para

inserção, a partir de 2013, do Biodiesel 5% na matriz energética brasileira, adicionado ao óleo diesel

comercializado junto ao consumidor final.

O programa contou com a participação direta das principais montadoras de motores, além das

distribuidoras de combustível, no que pode ser considerado como a maior cooperação institucional para

uso final do Biodiesel em transportes do país, atualmente. Deram apoio institucional direto ao programa:

Mercedes Benz do Brasil, Volkswagen Caminhões e Ônibus, Petrobras Distribuidora S/A, Ipiranga e Shell.

Page 41: Programa Ambiental Fetranspor

41

O programa de Biodiesel nas frotas de ônibus do Estado do Rio de Janeiro lançou de forma pioneira a

adoção do Biodiesel B5 em 3.500 ônibus, em julho de 2007 e recebeu apoio direto do Governo Federal e

Estadual.De fato, este foi um programa que projetou a imagem do Estado do Rio de Janeiro no cenário

nacional e, também, internacional, um programa que necessita ser continuado.

Figura 21: Adesivo de identificação do programa de utilização do biodiesel B5 afixado na frota de ônibus participante.

Figura 22– Foto do primeiro abastecimento com o Biodiesel B5

Page 42: Programa Ambiental Fetranspor

42

Figura 23- Ônibus abastecido com Biodiesel B5.

O programa alcançou, oportunamente, todos os ônibus destinados ao atendimento dos atletas durantes

os Jogos Pan-Americanos, em julho de 2007, o que muito contribuiu para o fortalecimento da imagem do

Estado do Rio de Janeiro suportando jogos esportivos de relevância internacional.

O primeiro abastecimento da frota destinada aos Jogos Pan-Americanos Rio 2007 foi feito pela ministra-

chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. Estiveram presentes, também, no evento o Ministro de Minas e

Energia, Nelson Hubner, o Ministro das Cidades, Márcio Fortes, o diretor da Agência Nacional do

Petróleo, Victor Martins, o Secretário de Estado dos Transportes, Júlio Lopes, a Presidente da Petrobras

Distribuidora, Maria das Graças Foster, e o Diretor de Marketing da FETRANSPOR, João Augusto

Monteiro.

Figura 24- Primeiro abastecimento da frota destinada aos Jogos Pan-Americanos Rio 2007.

Page 43: Programa Ambiental Fetranspor

43

A autorização concedida pela ANP à Fetranspor baseou-se no Decreto Federal Nº. 5.448/2005, que

dispõe sobre a introdução do biodiesel na matriz energética brasileira. No dia 9 de julho de 2007, a

Autorização ANP nº 150 foi concedida à Fetranspor, que restringia o uso de B5 à frota cativa de 3.500

ônibus e limitava o consumo mensal a 11,5 milhões de litros. A antecipação do uso do biodiesel B5

necessitou ser autorizada, também, pelas montadoras de veículos e motores, em especial a Mercedes

Benz e a Volkswagen, principais fornecedoras de chassis para o setor de transporte coletivo urbano do

Estado do Rio de Janeiro.

O principal objetivo deste programa foi introduzir o biodiesel na matriz energética do transporte coletivo

de passageiros no Estado do Rio de Janeiro, de forma experimental, antecipando as metas do “Programa

Nacional de Produção e Uso do Biodiesel” que prevê a utilização do biodiesel B5 em todo o território

nacional, de forma compulsória, a partir de 2010. Procurou-se, também, observar o desempenho deste

importante energético quando utilizado em substituição ao óleo diesel mineral, observando os aspectos

de performance do motor, eficiência energética e desempenho ambiental, no que tange a emissão de

poluentes.

A frota de 3.500 ônibus atendida pelo programa foi dividida entre 28 diferentes empresas distribuídas

por todo o Estado do Rio de Janeiro, em especial na região metropolitana. Em cada empresa participante

procurou-se avaliar os veículos, antes e depois do uso do biodiesel B5, quanto aos níveis de emissão de

gases (fumaça preta) e aos níveis de consumo de cada carro (médias de km/l), procurando estabelecer e

identificar possíveis alterações no desempenho energético e ambiental dos carros. A Erro! Fonte de

referência não encontrada. apresenta um resumo do programa e a figura 25 mostra a sua

abrangência no Estado do Rio de Janeiro.

Tabela 4- Resumo do programa de utilização do biodiesel B5 no Rio de Janeiro.. Empresas 28 empresas

Frota 3.607 ônibus

Volume estimado 11.712 m3/mês

Municípios

25 municípios (Araruama, Armação de Búzios, Arraial do Cabo,

Belford Roxo, Cabo Frio, Cachoeiras de Macacu, Duque de Caxias,

Guapimirim, Iguaba Grande, Itaboraí, Japeri, Magé, Mesquita,

Nilópolis, Niterói, Nova Iguaçu, Petrópolis, Queimados, Rio de

Janeiro, São Gonçalo, São João de Meriti, São Pedro da Aldeia,

Saquarema, Seropédica e Teresópolis)

Sindicatos RioÔnibus (13 empresas), Setransduc (3 empresas), Setransol (5

empresas), Setrerj (2 empresas) e TransÔnibus (5 empresas)

Distribuidora BR (12 empresas), Ipiranga (9 empresas) e Shell (7 empresas)

Page 44: Programa Ambiental Fetranspor

44

Opacidade medida

(antes e depois)

14 empresas por amostragem, 5 empresas na frota total e 9

empresas sem dados

Dados de consumo 25 empresas com dados e 3 empresas sem dados

Início do

abastecimento

Julho (21 empresas), agosto (4 empresas), setembro (1 empresa)

e outubro (2 empresas)

Figura 25- Abrangência do programa de utilização do biodiesel B5 no Estado do Rio de Janeiro.

RESULTADOS

A avaliação de resultados buscou sintetizar o acompanhamento dos níveis de consumo de combustível e

de emissão de fumaça preta por parte da frota de ônibus vinculada ao programa. Devido ao elevado

número de veículos que experimentou a mistura de biodiesel B5 durante o segundo semestre do ano de

2007, foi possível identificar apenas as médias mensais de consumo de combustível (medidas em termos

de autonomia, em km/l). Não foi possível acompanhar os múltiplos efeitos e as variáveis independentes

correlacionadas com o consumo de combustível e a emissão de gases poluentes destes veículos, tais

como linha operada, condições climáticas e de tráfego, qualidade do combustível, manutenção dos

veículos, efetivação operacional dos motoristas nos veículos, etc. Sabe-se que as variáveis descritas

acima são extremamente significativas, todavia, tornou-se extremamente complexo o monitoramento de

Page 45: Programa Ambiental Fetranspor

45

um experimento distribuído entre 28 empresas diferentes, atuante em 25 municípios distintos e com

uma frota total de aproximadamente 3.500 ônibus, entre municipais, metropolitanos e intermunicipais.

O importante a ser destacado nesta iniciativa é a contribuição do uso do biodiesel B5 para a redução dos

níveis de emissão dos gases de efeito estufa (CO2, principalmente). Somente com os 3.500 ônibus que

rodaram durante todo o segundo semestre de 2007 foram evitadas a emissão de cerca de 7 mil

toneladas de CO2 na atmosfera, o que seria equivalente ao plantio de aproximadamente 12 mil árvores.

Opacidade

O acompanhamento dos níveis de emissão de opacidade objetivou identificar as variações esperadas

com o uso do biodiesel B5 em motores de combustão interna de ciclo diesel. A avaliação da emissão de

fumaça preta (opacidade) é um indicador do estado de conservação dos veículos a diesel e um meio de

medir o desempenho ambiental de um determinado combustível em ciclo diesel. Em estudos

apresentados pela Mercedes Benz, observou-se uma redução dos níveis de emissão de fumaça preta da

ordem de 10%. Esta redução foi medida em testes de bancada e sinaliza o melhor desempenho

ambiental da frota movida com o biodiesel B5 (MERCEDES BENZ, 2007).

A opacidade é utilizada em todo o mundo para classificar os níveis de emissão de veículos a diesel

usados em testes de campo, em especial, no Brasil, nos programas de Inspeção e Manutenção – I/M. Os

programas de monitoramento dos níveis de emissão de opacidade apóiam-se em algumas resoluções

Conama para aprovação ou reprovação dos veículos em uso, através de testes de medição de gases

(opacidade).

Segundo a Resolução Conama 251/99, a medição de opacidade deve ser realizada com um equipamento

chamado opacímetro, que deve ser homologado pelo Inmetro. O uso deste equipamento deverá seguir a

norma brasileira NBR 13.037 (Gás de Escapamento Emitido por Motor a Diesel em Aceleração Livre –

Determinação da Opacidade – Método de Ensaio). Em nosso programa, foram utilizados opacímetros

homologados pelo Inmetro.

Page 46: Programa Ambiental Fetranspor

46

Figura 26- Opacímetro NAPRO NA 9020 utilizado para a avaliação dos níveis de opacidade da frota experimental do Biodiesel B5.

Para análise dos níveis de opacidade, foram considerados os dados de 19 empresas. A medição de

opacidade foi realizada antes do início do abastecimento com o biodiesel B5, quando do uso do óleo

diesel convencional, e, posteriormente, ao uso do biodiesel B5. O período de medição variou de empresa

para empresa devido à indisponibilidade de medição de toda a frota ao mesmo tempo. Algumas

empresas disponibilizaram toda a sua frota para a realização do teste de opacidade. Em outras,

entretanto, foram realizadas medições de opacidade por amostragem, ou seja, em apenas uma parte da

frota. As demais empresas participantes não possuíam dados de opacidade de seus carros com data

anterior ao início do abastecimento com o B5 e, por este motivo, não entraram na avaliação dos níveis

de opacidade.

A avaliação dos níveis de opacidade foi realizada pela comparação da média de opacidade total de cada

empresa participante antes e depois do uso do biodiesel B5, para os mesmos veículos considerados. A

Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta, por empresa de transportes, a média de

opacidade total nos períodos anterior e posterior ao início do abastecimento com o B5, inclusive a sua

variação no período.

Conforme mostra a Erro! Fonte de referência não encontrada.7, verificou-se uma variação irregular

do índice médio de opacidade nas 18 empresas avaliadas. Todavia, pode-se verificar que, em 13

empresas, este índice médio de opacidade medido após o início do abastecimento com o biodiesel B5

diminuiu em relação ao período anterior. É importante ressaltar que, em cinco empresas – América,

Barra, Madureira Candelária, Redentor e Rubanil –, esta redução foi superior a 15%. Na empresa Futuro,

não houve variação deste índice e nas empresas Erig, Litoral Rio, Master e Santa Maria este índice

aumentou. Contudo, este aumento não foi superior a 6%. Analisando as empresas como um todo,

verifica-se que ocorreu uma queda de 9% no índice de opacidade medido após o início do abastecimento

com o biodiesel B5. o que significa uma melhora na qualidade do ar para a população.

Page 47: Programa Ambiental Fetranspor

47

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

1,40

1,60

1,80

A. M

atia

s (2

3)

Am

éric

a (1

5)

Bar

ra (

5)

Car

avel

e (6

0)

Coe

sa (

10)

Erig

(12

)

Fut

uro

(11)

Lina

ve (

62)

Lito

ral R

io (

7)

Mad

urei

ra (

16)

Mas

ter

(78)

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dotib

a (3

)

Red

ento

r (1

0)

Rub

anil

(21)

San

ta M

aria

(11

)

Tiju

ca (

11)

Tin

guá

(74)

Ver

a C

ruz

(126

)

Tot

al (

542)

Antes Depois

-6%

-26%

-22%

+6%+4%-33%

-3%

0%

-9%

-4%

-9%

-8%

-7%

+1%

-11%-18%

-10%

+5%

-22%

Figura 27: Variação média da opacidade total por empresa.

Consumo

O objetivo de acompanhar os níveis de consumo das frotas visou identificar variações significativas, e

não esperadas, a partir do abastecimento do biodiesel B5. Foram levantados, também, os consumos de

combustível (autonomia em km/l) de cada veículo, no período de 90 dias anterior ao abastecimento com

o biodiesel B5. A maior parte das empresas pode disponibilizar informações de consumo dos veículos

antes e durante os testes com o biodiesel B5. As informações de consumo foram classificadas por

empresa, mês e modelo de chassi.

O biodiesel em seu estado puro apresenta poder calorífico um pouco menor que o óleo diesel

convencional. Isto significa uma perda do desempenho mecânico do motor a diesel, refletido em perda

de potência. Estudos vêm sendo realizados em todo o mundo e revelam que o biodiesel puro B100 chega

a ter um conteúdo energético, em peso (MJ/kg), cerca de 12,5% menor que o óleo diesel de origem

mineral. Como o biodiesel possui uma densidade maior que o diesel, seu conteúdo energético, em

termos volumétricos (MJ/l), é 8% inferior (KNOTHE, 2006). Em termos operacionais, esta diferença pode

ser menor, pois o biodiesel apresenta viscosidade ligeiramente inferior, o que pode reduzir as perdas do

sistema de injeção, além de apresentar maior número de cetanos, o que favorece a ignição do

combustível e melhora a sua combustão.

Testes realizados pela MWM Brasil mostram que o consumo específico do biodiesel B100 pode ser, em

média, 6% maior quando comparado com o óleo diesel convencional. Nestes testes, a adição de 5% de

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48

biodiesel em misturas com óleo diesel convencional não apresentou variação mensurável relativa ao

consumo de combustível (PROGRAMA RIOBIODIESEL, 2006). No programa, também não foram

esperadas variações de consumo atribuídas ao uso do biodiesel B5, devido à pequena proporção de 5%

de biodiesel adicionada ao óleo diesel convencional.

Para a avaliação dos níveis de consumo, calculou-se o volume total de combustível consumido por todos

os veículos vinculados ao programa, a partir de suas médias de consumo (autonomia em km/l) nos

meses posteriores ao início do abastecimento com o biodiesel B5. Estes valores foram comparados com

os consumos associados ao período anterior ao uso do biodiesel B5. Esta avaliação visa identificar a

existência de grandes variações do consumo absoluto de combustível, observadas e comparadas com as

variabilidades mensais normais associadas ao consumo energético das empresas estudadas, tendo como

base os meses anteriores ao início do uso do biodiesel B5.

Nesta avaliação, o consumo total absoluto de combustível será hipoteticamente construído a partir das

médias de consumo de cada um dos veículos (autonomia em km/l) e considerando uma quilometragem

média equivalente a 8.000 km rodados por mês para cada veículo. Os valores totais de consumo

hipotético absoluto de combustíveis não são exatamente aqueles consumidos pelas empresas, mas

simulam com bastante exatidão os efeitos de elevação ou queda do consumo decorrentes do uso do

biodiesel B5, caso estes ocorram. Esta análise não apresenta resultados separados por empresa, mas,

sim, resultados da frota como um todo, daqueles veículos que iniciaram seus abastecimentos

conjuntamente no mês de julho de 2007.

A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta as variações de consumo absoluto de

combustível para toda a frota de ônibus que iniciou o abastecimento de biodiesel B5 no mês de julho de

2007. Para isso, foram considerados os meses de abril, maio e junho (meses anteriores ao início do

abastecimento com o biodiesel B5) e os meses de agosto, setembro, outubro, novembro e dezembro

(meses posteriores ao uso do biodiesel B5). O mês de julho não foi contabilizado por ser o mês de

transição do abastecimento com o biodiesel B5.

Observa-se, na Erro! Fonte de referência não encontrada.28, que o consumo absoluto de

combustível no período de abastecimento com o biodiesel B5 foi, na média, ligeiramente superior ao

período de utilização do óleo diesel convencional. Este resultado poderia ser esperado, visto que o

biodiesel B5 apresenta um poder calorífico inferior ao do óleo diesel. Verifica-se que este aumento é de

1%, em média, o que representa um consumo extra mensal de aproximadamente 51,5 mil litros de

combustível pela frota abastecida durante os seis meses de duração do experimento.

Page 49: Programa Ambiental Fetranspor

49

6.535.040

6.567.7596.590.240

6.597.090

6.557.331

6.514.769

6.661.809

6.684.538

6.400.000

6.500.000

6.600.000

6.700.000

6.800.000

Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Outubro Novembro Dez embro

Antes do abastecimento Depois do abastecimento

Figura 28- Comparativo mensal dos consumos absolutos (hipotéticos) de combustível da frota total antes e depois do uso do biodiesel B5.

CONCLUSÕES

Os resultados deste importante programa apenas confirmam a enorme expectativa hoje depositada

sobre o biodiesel em substituição ao óleo diesel convencional. De fato, o biodiesel se comporta de

maneira semelhante ao óleo diesel, apresentando desempenho energético e ambiental muito similar. A

utilização mais intensiva do biodiesel pelas empresas de ônibus contribui para a melhoria da qualidade

do ar nas áreas urbanas, a amenização da intensificação do efeito estufa, a redução das importações de

óleo diesel e a fixação do homem ao campo, uma vez que a maior parte do biodiesel produzido no país

hoje é de fontes agrícolas produtoras de oleaginosas.

Não houve sequer um relato de problema mecânico associado ao uso do biodiesel B5 em cada uma das

28 empresas participantes, por parte dos empresários de ônibus, durante o segundo semestre do ano de

2007.

A performance e o desempenho dos motores foram identificados como aceitáveis, o consumo de

combustível esteve dentro da variabilidade normal e a redução dos índices de opacidade não puderam

ser comprovadas para toda a frota, empresa por empresa. Evidentemente, as avaliações dos níveis de

consumo e opacidade devem ser analisadas com precaução, uma vez que não puderam ser monitoradas

todas as variáveis associadas ao consumo ou às emissões dos veículos em operação (condições de

Page 50: Programa Ambiental Fetranspor

50

operação, condições climáticas, motoristas fixos por carro, carros fixos por linha, estado de manutenção

dos veículos, condições de tráfego, etc.).

Para muitas empresas de transportes foi possível confirmar as expectativas referentes ao pequeno

aumento do consumo de combustível e à significativa redução dos níveis de opacidade emitidos antes e

depois do início do abastecimento com o biodiesel B5. O Programa Experimental Biodiesel B5, realizado

pela Fetranspor, foi de suma importância para confirmar seu uso no cenário nacional, visto que hoje,

através da Resolução CNPE nº6 de 16/09/2009, o percentual de biodiesel obrigatório para todo o Brasil

de 5% de mistura no diesel foi antecipado para Janeiro de 2010.

4.1.2. Programa Experimental BIODIESEL B20

Em Setembro de 2009, a Fetranspor, em parceria novamente com a Secretaria de Estado de

Transportes, lançou um novo programa de utilização do biodiesel, no qual serão abastecidos 15 ônibus

da cidade do Rio de Janeiro com biodiesel B20 durante 12 meses. O evento ocorreu no Palácio da

Guanabara e contou com a presença do Governador do Estado do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, o

Secretário Estadual de Transportes, Júlio Lopes, a Secretária Estadual de Meio Ambiente, Marilene

Ramos, o presidente da Fetranspor, Lélis Teixeira, além de representantes da indústria e distribuidoras.

Figura 29- Ônibus abastecidos com Biodiesel B20

Page 51: Programa Ambiental Fetranspor

51

Figura 30- Primeiro abastecimento com Biodiesel B20

O Programa tem como objetivo avaliar a performance, a viabilidade econômica e o desempenho

ambiental do uso de Biodiesel B20 em frotas cativas de ônibus do Estado do Rio de Janeiro, procurando

dar garantias ao Comitê Olímpico Internacional (COI) sobre a capacidade nacional de receber os jogos

olímpicos de 2016, na cidade do Rio de Janeiro.

Os testes contemplam três empresas de ônibus (Real Auto Ônibus S/A, Viação Ideal S/A, Rodoviária A.

Matias S/A) com 5 ônibus cada e são abastecidas, exclusivamente, com uma das três distribuidoras de

combustível participantes.

Cada ônibus rodará, em média, 300 km por dia, com consumo equivalente de 100 litros de diesel. Desta

forma, cada empresa teria de receber um abastecimento da ordem de 13 m3 de Biodiesel B20 por mês,

estando sua distribuidora de combustível responsável pelo patrocínio do sobre-custo do combustível

(Biodiesel B20). Assim, o preço praticado atualmente para o óleo diesel convencional (atualmente o B5)

poderá ser mantido.

O experimento conta com o apoio institucional das distribuidoras de combustível Shell, Ipiranga e

Petrobras Distribuidora S/A na distribuição de combustível e das montadoras Mercedes Benz do Brasil e

Volkswagen Caminhões e Ônibus para suporte em eventuais problemas nos motores.

Responsabilidades

⇒ FETRANSPOR

- Articular com os governos e as empresas do setor privado, despertando as motivações e aproximando

os interesses das partes;

Page 52: Programa Ambiental Fetranspor

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- Entrar com solicitação de autorização na ANP para o uso do Biodiesel B20, atendendo e buscando os

meios para atender às exigências legais para a realização dos testes;

- Utilizar seus meios de comunicação existentes para dar visibilidade ao lançamento e acompanhamento

dos trabalhos;

- Realização e financiamento do evento de lançamento do experimento;

- Financiar o envelopamento dos 15 veículos;

- Monitorar os indicadores de desempenho, performance, consumo e emissões;

- Elaborar os resultados finais através de relatório final consolidado.

⇒ DISTRIBUIDORAS

- Disponibilizar o combustível por um período de 12 meses dentro da garagem da empresa operadora;

- Patrocinar o sobrecusto do combustível Biodiesel B20, oferecendo às empresas operadoras os mesmo

valores praticados para o óleo diesel convencional (atualmente o B4);

- Garantir o abastecimento com preço final do combustível equivalente ao do diesel convencional

ofertado;

- Disponibilizar os meios de infra-estrutura para o armazenamento e abastecimento dos 5 ônibus com o

Biodiesel B20 em cada um das três garagens.

⇒ MONTADORAS

- Acompanhar os testes em parceria com a Fetranspor;

- Dar garantia dos motores aos empresários para a realização dos testes durante o período previsto para

o experimento;

- Efetuar qualquer adequação mecânica nos veículos necessária à utilização e uso do Biodiesel B20.

⇒ GOVERNO DO ESTADO

- Dar apoio político ao desenvolvimento do testes;

- Auxiliar a Fetranspor junto ao governo Federal (ANP) para a liberação da respectiva autorização de uso

do Biodiesel B20.

Page 53: Programa Ambiental Fetranspor

53

Figura 31– Adesivo de identificação do programa Biodiesel B20 afixado na carroceria dos ônibus participantes

Resultados Esperados

O experimento visa obter mais informações sobre a viabilidade do uso de Biodiesel B20 em frotas de

ônibus, com a finalidade de orientar as estratégias de governo voltadas a priorização e uso de

combustíveis mais limpos. E garantir aos órgãos responsáveis pela indicação e escolha da cidade do Rio

de Janeiro para os Jogos Olímpicos de 2016. Abaixo são descritas as metas propostas para o ano de

2016.

Metas para 2016:

- 8.500 ônibus rodando com Biodiesel B20

- 55 milhões litros de diesel não queimado por ano

- 148.000 toneladas de CO2 não emitidos por ano

- 3.276 toneladas de material particulado por ano

Page 54: Programa Ambiental Fetranspor

54

4.2. Ônibus Elétrico Híbrido

A Fetranspor, em parceria com a Petrobras, o Instituto Nacional de Eficiência Energética (INEE), a

Secretaria de Estado dos Transportes (Setrans), a Secretaria Municipal de Transportes (SMTR), a

Associação Comercial do Rio de Janeiro (ACRJ), a Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE), a

Light e a Eletra, realizará em 2010 o projeto de desenvolvimento da tecnologia do ônibus elétrico

híbrido (OEH).

Figura 32: Ônibus Elétrico Híbrido

Neste projeto, será avaliado o desempenho de um ônibus elétrico híbrido, operando numa linha regular

no município do Rio de Janeiro e, também, os aspectos de consumo, emissões, dirigibilidade,

desempenho, manutenção, tecnologia e qualificação dos profissionais envolvidos no processo, além de

se identificar as eventuais barreiras (técnicas, econômicas ou culturais) que dificultem uma maior

penetração da tecnologia elétrica híbrida junto ao segmento de transporte urbano de passageiros no

país.

Ao término do projeto será emitido o Relatório Final do Projeto apresentando uma análise conclusiva

sobre o assunto, de modo a orientar uma tomada de decisão estratégica, por parte dos principais

atores envolvidos com as questões do transporte urbano no Brasil.

METODOLOGIA

O OEH urbano marca ELETRA, com motor gerador a óleo diesel B4, ou a biocombustível, e com sistema

plug-in, será avaliado através da comparação com ônibus diesel equivalente, em operação simultânea

em linhas representativas na cidade do Rio de Janeiro.

Como referências principais desse projeto estão os estudos realizados pela COPPE/UFRJ (2002), pelo

IPT-SP (2007), pelo programa BUS RAPID TRANSIT da UNFCC (AM0031), o da região metropolitana do

México (2006) e a experiência da (NYCT) New York City Transit que opera os OEH. Serão analisados os

Page 55: Programa Ambiental Fetranspor

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dados de funcionamento dos ônibus, que deverão rodar 60.000 (Sessenta Mil) km cada (híbrido e

padrão), durante o projeto. Os testes de emissões e de consumo, por alternativa de motorização e

combustível, serão analisados em cada fase do projeto. Irão ser feiras avaliações comparativas do OEH

nas suas configurações das Fases I, II e III, com relação ao ônibus diesel padrão urbano, quanto aos

custos operacionais, financeiros, econômicos e incidências tributárias, que serão consolidadas no

relatório final.

METAS

1. Avaliação do desempenho operacional do ônibus elétrico híbrido OEH, tendo como referência ônibus

movidos a óleo diesel operando nas mesmas condições. Serão considerados aspectos como: eficiência e

consumo, emissões, abastecimento, dirigibilidade, manutenção, tecnologia e qualificação de recursos

humanos, além da rentabilidade da operação e questões financeiras e tributárias envolvidas.

2. Identificação de eventuais barreiras técnicas, econômicas ou culturais, que contribuam para dificultar

a utilização e penetração da tecnologia elétrica hibrida junto ao segmento de transporte coletivo urbano

de passageiros no País, objetivando oferecer uma análise conclusiva sobre o assunto.

3. Estabelecimento de diretrizes para a tomada de decisão estratégica por parte dos principais

envolvidos com as questões do transporte no Estado do Rio de Janeiro e no Brasil, definindo as

condições operacionais nas quais o OEH apresente a tecnologia mais adequada.

4. Realizar uma avaliação do PROJETO OEH, com relação a estudos, pesquisas e dados de referência

sobre a tecnologia, reportada em relatório final.

5. Desenvolvimento de ações de divulgação e homologação dos resultados.

ETAPAS

1. Preparação do OEH para a realização dos testes, instalação dos equipamentos de monitoramento

veicular, regularização e instalação de equipamentos para a operação do OEH como coletivo municipal,

celebração do Contrato de Comodato, definição e aprovação da metodologia do programa detalhado de

testes.

2. Fase I - realização dos testes do OEH com motor gerador a diesel B5 e elaboração do Primeiro

Relatório Parcial;

Page 56: Programa Ambiental Fetranspor

56

3. Fase II - projeto e instalação do sistema plug-in no OEH e na empresa, realização do programa de

testes e elaboração do Segundo Relatório Parcial;

4. Fase III - projeto de uso de combustível 100% renovável no OEH plug in, realização do programa de

testes e elaboração do Terceiro Relatório Parcial;

5. Elaboração do Relatório Final do projeto OEH contendo, sua avaliação comparativa, ações para

divulgação, metodologia para homologação e recomendação de Políticas Públicas para sua

implementação;

ATIVIDADES

As atividades serão coordenadas pela Petrobras, que será também a responsável pela elaboração dos

Relatórios Parciais e Final.

1) Realização de contrato de manutenção preventiva e corretiva da parte eletroeletrônica do OEH,

durante o projeto, baseado no contrato de garantia da Eletra;

2) Disponibilização do OEH revisado na Eletra, pela Petrobras;

3) Revisão e regulagem para os testes da parte eletroeletrônica do OEH, pela Eletra;

4) Indicação da empresa de transporte público municipal, que operará o OEH e disponibilizará um

ônibus diesel de fabricação recente em operação, para a realização dos testes comparativos, pela

Feranspor e celebração do contrato de comodato com a Petrobras;

5) Realização de seguro total, licenciamento e demais providências de regularização do OEH, para a

realização dos testes de rua como coletivo municipal, pela Fetranspor com a empresa e a SMTR;

6) Coleta de dados dos dois ônibus, realização da revisão inicial e definição do checklist para

manutenção preventiva dos ônibus, pela Petrobras, Eletra e Fetranspor com a empresa;

7) Preparação da equipe de manutenção e de operação do OEH para realização dos testes, a partir de

reuniões entre a Petrobras, a equipe técnica da Eletra e da Fetranspor com a empresa de sua indicação;

8) Definição da metodologia dos testes, do ciclo de rodagem, dos dados a serem coletados e da

sistemática para a realização da coleta, elaboração da planilha de acompanhamento e custeio dos

ônibus, e treinamento dos condutores para o início dos testes, com apoio do pessoal técnico da

Page 57: Programa Ambiental Fetranspor

57

Petrobras, da Eletra e da Fetranspor com a empresa de sua indicação;

9) Realização da manutenção dos dois ônibus, durante o período de testes pela Fetranspor e Eletra,

através da empresa de sua indicação, sempre com emissão de boletim de manutenção informando as

atividades realizadas e respectivos custos, pagos pela Fetranspor ou empresa de sua indicação. A

supervisão da manutenção poderá ocorrer em loco pela Petrobras;

10) Acompanhamento da operação do OEH por técnicos indicados pela Petrobras, Eletra, Fetranspor

com relação à condução dos veículos em tráfego urbano, ao consumo de combustível, emissões,

desempenho, ocorrências de acidentes, problemas mecânicos e outros;

11) Na Fase I do projeto, estando o OEH equipado com o motor gerador a diesel B4, serão feitos testes

de emissões e de consumo, que conterão as seguintes informações; consumo, quilometragem

percorrida, percurso, falhas ocorridas, resultados dos testes de bancada e de percurso quanto a

emissões, desempenho, consumo de combustível e custos respectivos. Os resultados dessas análises

serão apresentados pela PETROBRAS, através de um Relatório Parcial o qual fará parte do Relatório

Final;

12) Para a Fase II do projeto, será realizado o projeto e o orçamento para a ampliação do sistema de

baterias para o sistema híbrido plug-in do OEH, pela Eletra, a serem aprovados previamente para a

obtenção do patrocínio, pela Light e pela Fetranspor, sob acompanhamento da Petrobras;

13) Também na Fase II, será feito pela Eletra e pela Light, o projeto de um Eletroposto, permitindo o

carregamento das baterias do OEH na rede elétrica. Esta estação de abastecimento elétrico será

construída na empresa operadora, com orientação da Eletra e patrocínio da Light, sob

acompanhamento da empresa operadora e da Petrobras;

14) Na Fase II do projeto com o motor gerador a diesel B4 e o sistema Plugin, serão feitos testes de

emissões e de consumo, que conterão as seguintes informações; consumo, quilometragem percorrida,

percurso, falhas ocorridas, resultados dos testes de bancada e de percurso quanto a emissões,

desempenho e consumo de combustível e custos respectivos, sendo que os resultados serão

apresentados pela Petrobras, através de um Relatório Parcial e que fará parte do Relatório Final;

15) Para a Fase III, será realizada pela Eletra a especificação do projeto e do orçamento, para a

instalação de um motor gerador a Biocombustível no OEH, para aprovação e aquisição pela Fetranspor,

sob acompanhamento da Petrobras;

Page 58: Programa Ambiental Fetranspor

58

16) Para a Fase III, serão realizados os ajustes no motor gerador a Biocombustível no OEH pela

Fetranspor, sob acompanhamento da Petrobras;

17) Na Fase III do projeto com o motor gerador a Biocombustível e o sistema Plug-in, serão feitos

testes de emissões e de consumo, que conterão as seguintes informações; consumo, quilometragem

percorrida, percurso, falhas ocorridas, resultados dos testes de bancada e de percurso quanto a

emissões, desempenho e consumo de combustível e custos respectivos, sendo que os resultados serão

apresentados pela PETROBRAS, através de um Relatório Parcial o qual fará parte do Relatório Final;

18) Elaboração do Relatório Final do Projeto OEH pela Petrobras e pelos participantes, contendo a

avaliação comparativa financeira, econômica e ambiental dessa tecnologia, nas suas três configurações

das Fases I,II e III com relação ao ônibus diesel urbano na cidade do Rio de Janeiro;

19) Divulgação do projeto desde o lançamento até o resultado final, cujos termos e condições deverão

ser aprovados pelos PARTÍCIPES, conforme cláusula oitava, estabelecida no TERMO DE COOPERAÇÃO;

20) Aprovação pelos PARTÍCIPES da metodologia, a fim de obter a homologação de ônibus elétricos

híbridos no Brasil;

21) Proposição pelos PARTÍCIPES de Políticas Públicas de incentivo ao uso de OEH no Brasil.

4.3. GÁS NATURAL VEICULAR (GNV)

O gás natural GN (“natural gas” ou NG) é constituído predominantemente por metano. Ao contrário do

propano e do butano, principais constituintes do gás liquefeito de petróleo - GLP, o gás natural não se

liquefaz facilmente, motivo pelo qual seu transporte e distribuição são feitos, sobretudo, via gasodutos a

pressões relativamente baixas.

As vantagens ambientais proporcionadas pelos motores a GNV, comparados com os motores a diesel, se

concentram na menor emissão de material particulado, de óxidos de enxofre e de hidrocarbonetos

tóxicos. Entretanto, as autoridades devem prestar muita atenção num aspecto particular da emissão de

hidrocarbonetos do GNV: o metano. Apesar de se tratar de um gás considerado de baixa toxicidade em

termos da qualidade ambiental e de pouca reatividade fotoquímica, trata-se de um dos principais gases

do efeito estufa. Essa questão foi abordada desde a Resolução nº 315 de 2002 do CONAMA, que

estabelece novas exigências para controle de emissões em veículos pesados, sendo que define um limite

de emissão para metano nos motores a GNV.

Page 59: Programa Ambiental Fetranspor

59

Na cidade do Rio de Janeiro, o convênio mais antigo para utilização do ônibus a gás natural data de 1984

e contou com a Empresa Brasileira de Transportes Urbanos (EBTU), Petrobras, Financiadora de Estudos e

Projetos (FINEP) e a Companhia de Transportes Coletivos do Estado do Rio de Janeiro (CTC)

(BALASSIANO, 1991). Esta primeira experiência teve como uma das ações a inauguração de um posto

de compressão e abastecimento na garagem da CTC.

A frota inicialmente era formada por 4 veículos, crescendo em 1985 para 12 e passando a 13 em 1986.

Desse total, 12 ônibus utilizavam a mistura diesel-gás natural (Dual Fuel) e um ônibus rodava somente a

gás natural. A CTC passou a enfrentar problemas sérios para manutenção dos carros, sendo o principal

deles a dificuldade para se obter peças de reposição dos kits Dual Fuel da empresa Rodagás (ALMEIDA,

1991). No ano de 1990 a frota contava com 27 ônibus, sendo que 19 utilizavam a mistura diesel-gás

natural, seis eram movidos a gás natural puro e dois ônibus poderiam rodar ou a gás natural puro ou a

álcool etílico. Em 1991 com a desativação da CTC no Rio de Janeiro, os veículos a gás natural saíram de

operação (BALASSIANO, 1991).

Em 1985, inicia-se experiência na empresa de ônibus Auto Viação Reginas que tinha, a princípio, o

objetivo de demonstrar a viabilidade técnica da substituição parcial do óleo diesel através da utilização

de ônibus convertidos com kit Dual Fuel. A parceria entre a empresa Reginas e a empresa Petróleo

Ipiranga resultou na conversão e operação de quatro ônibus, todos trabalhando com a mistura

diesel/gás natural (ALMEIDA, 1991). O projeto chegou a ter outros três veículos operados com gás

natural puro e foi encerrado ainda na década de 1990 (ALMEIDA, 1991).

Em 1992, iniciou-se na cidade do Rio de Janeiro novo teste, com cerca de 150 ônibus movidos a gás

natural veicular, a fim de verificar a viabilidade da operação deste tipo de ônibus na cidade e levantar a

percepção pública das vantagens de sua utilização. Todavia, por mais uma vez, o projeto foi

interrompido pelo Estado e os ônibus a gás foram desativados após a realização dos testes

(BALASSIANO, 1997).

A Companhia Distribuidora de Gás do Rio de Janeiro (CEG) e a empresa de ônibus Transurb (do sistema

Fetranspor) testaram, em 2002, seu primeiro ônibus a gás natural. O ônibus circulou de forma

experimental na linha 410, Praça Saens Peña/Gávea. A CEG e a Transurb ficaram de acompanhar, junto

com a Feema, os indicadores de rendimento e desempenho do veículo ao compará-lo com veículos

similares movidos a óleo diesel. Os resultados referentes a esse experimento apresentaram dificuldades

relacionadas a constantes paradas por motivos de falhas mecânicas (CEG, 2005).

Em 2003, através da parceria entre Petrobras e o Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de

Janeiro (RioÔnibus), foi iniciado o Projeto Petrobras Ônibus a Gás, coordenado pelo Programa Nacional

de Racionalização de Derivados de Petróleo e Gás Natural (Conpet). O RioÔnibus iniciou os testes em

Page 60: Programa Ambiental Fetranspor

60

2004 na empresa Rubanil e seus resultados foram observados de forma comparativa aos veículos

similares de ciclo diesel (CENPES, 2005). Infelizmente, os resultados deste projeto revelaram problemas

de diversas ordens para o uso do gás natural através de ônibus com tecnologia dedicada. Os custos

operacionais de manutenção foram seis vezes mais caros e o intervalo de falhas reduzido impossibilitou

as atividades normais deste veículo, quando comparado com o veículo diesel similar.

A experiência mais recente no Estado do Rio de Janeiro foi realizada no município de Duque de Caxias,

onde, no início do ano de 2006, iniciou-se projeto piloto na empresa operadora Trel, com a tecnologia

dual fuel de conversão de motor diesel. Os resultados preliminares deste projeto se mostraram

favoráveis ao uso do gás natural através da tecnologia dual fuel.

Figura 33: Ônibus movido à GNV

Outra experiência iniciada na cidade do Rio de Janeiro entrou em operação no ano de 2005 com

tecnologia dedicada. A Volkswagen desenvolveu um projeto experimental com a empresa de ônibus

Real, onde um protótipo de motor a gás foi testado (Fetranspor, 2006). A fabricante de motores MWM foi

responsável pelo desenvolvimento do motor, ainda não disponível comercialmente. Os resultados não se

tornaram públicos para consulta e avaliação. O desenvolvimento dessa rota tecnológica pela Volkswagen

e MWM foi momentaneamente interrompido.

Page 61: Programa Ambiental Fetranspor

61

5. EVOLUÇÃO DOS MOTORES A DISEL NO BRASIL

A evolução dos motores a diesel nacionais iniciou-se de forma efetiva a partir da década de 1990,

procurando harmonizar a qualidade das emissões, o desempenho e a eficiência energética dos motores.

No Brasil, atualmente, cerca de um terço de todos os deslocamentos diários são feitos pelo transporte

coletivo de passageiros, sendo mais de 90% realizados por ônibus de motores do ciclo diesel.

Apesar dos avanços até hoje alcançados, o país vive uma enorme pressão para adequação dos padrões

ambientais já estabelecidos. Pela primeira vez, os padrões estabelecidos pelo Conama foram

desrespeitados2 diante das aparentes dificuldades associadas à disponibilidade de óleo diesel mais limpo,

com baixo teor de enxofre, e motores a diesel modernos, com emissões de gases semelhantes àquelas

associadas aos veículos comercializados nos países industrializados.

Em algumas regiões metropolitanas, o diesel mais limpo, com 50 partes por milhão de enxofre, já está

sendo fornecido, porém, sem os motores modernos adequados para atingir os padrões exigidos pela

legislação brasileira. Por isso, este trabalho apresenta também um estudo realizado pela Fetranspor –

Federação das Empresas de Ônibus do Estado do Rio de Janeiro – para verificar o ganho ambiental do

diesel mais limpo (S50) em veículos diesel convencionais dentro da cidade do Rio de Janeiro durante o

ano de 2009.

A evolução dos veículos a diesel nacionais iniciou-se de forma efetiva a partir da década de 1990,

procurando harmonizar a qualidade das emissões, o desempenho e a eficiência energética dos motores.

Em 1998 iniciava-se a inserção dos sistemas eletrônicos de injeção a diesel modernos no Brasil.

Contudo, o grande desafio ainda estaria por vir com a previsão de entrada dos primeiros sistemas de

pós-tratamento dos gases em veículos pesados, a partir do ano de 2012.

A frota de ônibus nacional está entre as menores dentre os diferentes tipos de veículos voltados ao

transporte rodoviário de passageiros e de carga no Brasil. Atualmente, existem cerca de 435 mil ônibus

no Brasil, conforme mostra a figura 9 abaixo (ANFAVEA, 2009). Pelo menos 100 mil destes são ônibus

que circulam exclusivamente em linhas urbanas nas cidades brasileiras (NTU, 2004). Diferente de outros

tipos de veículos rodoviários, os ônibus no Brasil são absolutamente dependentes de apenas uma fonte

de energia, a saber, o óleo diesel.

2 Em 2008, Anfavea, ANP e Petrobras firmaram um acordo judicial em virtude do não cumprimento de uma das fases do

Proconve, que restringia os níveis de emissão de poluentes para veículos pesados, que entraria em vigor em janeiro de

2009. No decorrer do texto, estes fatores serão apresentados em detalhes.

Page 62: Programa Ambiental Fetranspor

62

Figura 34: Distribuição da frota de veículos no Brasil

PROGRAMA DE CONTROLE DA POLUIÇÃO DO AR POR VEÍCULOS AUTOMOTORES – PROCONVE

Os veículos a diesel no Brasil evoluíram bastante nos últimos 20 anos, desde a criação do Programa de

Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores – Proconve, instituído pelo Conama através da

Resolução nº 18, de 06 de maio de 1986.

O Proconve tem como objetivos a redução dos níveis de emissão de poluentes por veículos automotores,

visando o atendimento aos Padrões de Qualidade do Ar, especialmente nos centros urbanos; a promoção

do desenvolvimento tecnológico nacional, tanto na engenharia automobilística, como também em

métodos e equipamentos para ensaios e medições da emissão de poluentes; a criação de programas de

inspeção e manutenção para veículos automotores em uso; a promoção da conscientização da população

com relação à questão da poluição do ar por veículos automotores; o estabelecimento das condições de

avaliação dos resultados alcançados; e a promoção da melhoria das características técnicas dos

combustíveis líquidos, postos à disposição da frota nacional de veículos automotores, visando à redução

de emissões poluidoras à atmosfera.

Inicialmente, o Proconve estabeleceu os limites máximos de emissão de poluentes do ar para os motores

e veículos automotores novos e leves (ciclo Otto), com cronograma gradual de redução de monóxido de

carbono, hidrocarbonetos, óxidos de nitrogênio e teor de monóxido de carbono em marcha lenta. Os

padrões de emissão do Proconve foram definidos exclusivamente pelo critério de peso dos veículos, não

sendo ele voltado ao tipo de combustível. Sendo assim, passaram a haver dois grandes grupos de

exigências: os veículos Leves e os veículos Pesados.

Page 63: Programa Ambiental Fetranspor

63

Figura 35: Evolução das fases do Proconve para veículos Leves.

Para os motores e veículos do ciclo diesel, foram definidos, inicialmente, apenas os limites de emissão de

fuligem pelo tubo de escapamento (opacidade em regime de carga). Esta seria denominada a Fase I do

Proconve para veículos diesel3.

Em 31 de agosto de 1993, com a Resolução Conama nº 8, foram estabelecidos os primeiros limites

máximos de emissão de poluentes para veículos e motores do ciclo diesel, que previa a redução gradual

de monóxido de carbono (CO), hidrocarbonetos (HC), óxidos de nitrogênio (NOx) e material particulado

(MP) em quatro etapas: as chamadas Fase I, Fase II, Fase III e Fase IV do Proconve. Estes limites são

apresentados resumidamente na tabela 5.

A Resolução Conama nº 315, de 29 de outubro de 2002, instituiu as novas etapas do Proconve a serem

atendidas nas homologações dos veículos automotores novos, nacionais e importados, leves e pesados.

Os principais limites aplicados para ônibus urbanos, nas denominadas Fases V e VI do Proconve, estão

resumidos na Figura 41. A implantação da Fase VI, em janeiro de 2009, ocorreu parcialmente, por

motivos que serão debatidos posteriormente.

Tabela 5: Limites de emissões do Programa de Controle de Emissões Veiculares – Proconve – para ônibus urbanos.

3 Para os Veículos pesados as fases do Proconve foram denominadas de P1, P2, P3, etc. O “P” faz menção a veículos

Pesados. Defini-se veículo pesados como aquele que possui peso Bruto superior a 3.856 kg.

Page 64: Programa Ambiental Fetranspor

64

FASES DO

PROCONVE

INÍCIO DA

IMPLANTAÇÃO

NO BRASIL

CO

(g/kWh)

HC

(g/kWh)

NOX

(g/kWh)

MP

(g/kWh)

Fase I 1986 - - - -

Fase II 1990 11,2 2,45 14,4 -

Fase III 1994 4,9 1,23 9,0 0,70

Fase IV 1998 4,0 1,10 7,0 0,15

Fase V 2004 2,1 0,66 5,0 0,10

Fase VI4 2009 1,5 0,46 3,5 0,02

As fases do Proconve exclusivas para veículos pesados podem ser observadas abaixo onde também são

identificados os períodos de compromisso para sua implementação.

Figura 36: Evolução das fases do Proconve para veículos Pesados.

Como pode ser observado, a redução dos níveis de emissão de poluentes de motores e veículos do ciclo

diesel, desde os primeiros padrões de emissão regulamentados até os limites da Fase V do Proconve, em

vigor em todo território nacional, alcança resultados de 65% de óxidos de nitrogênio, de 73% de

hidrocarbonetos, de 81% de monóxido de carbono e de 86% de material particulado. Com a entrada em

vigor da Fase VI do Proconve, estas reduções seriam ainda mais significativas: 76% de NOx, 81% de

HC, 87% de CO e 97% de MP. A figura abaixo ilustra essas reduções de forma mais evidente.

4 Esta fase não foi implementada para os veículos pesados. A fase VII posterior a ela ficou programada para substituí-la,

a partir do ano de 2012. Isto será descrito em detalhes ainda neste texto.

Page 65: Programa Ambiental Fetranspor

65

Redução dos limites máximos de emissão para motores de veículos pesados

0

4

8

12

16

Fase I Fase II Fase III Fase IV Fase V Fase VI*

Fases do Proconve

Lim

ites

máx

imos

de

emis

são

(g/k

Wh)

NOX CO HC MP

-56%

-81%

-64%

-87%

-81%

-38%

-73%-55%-50%

-76%

-65%

-51%

-79% -97%-86%

Figura 37: Redução em % dos níveis de emissão das fases do Proconve para veículos Pesados.

A grande dificuldade que se apresenta à redução dos níveis de emissões de gases poluentes dos motores

do ciclo diesel está associada exatamente a apenas dois tipos de gases poluentes, material particulado

(MP) e óxidos de nitrogênio (NOx), pois os motores do ciclo diesel apresentam, por construção, baixas

emissões de monóxido de carbono e hidrocarbonetos. Todavia, as emissões de NOx e MP apresentam

correlação inversa, ou seja, quando se procura reduzir as emissões de MP, eleva-se consequentemente,

as emissões de NOx. As montadoras procuram, então, equilibrar as emissões de ambos os gases

poluentes, visando menores reduções possíveis. A Erro! Fonte de referência não encontrada. ilustra

o esforço da legislação ambiental européia (que espelha as fases nacionais do PROCONVE) para a

redução destes gases (NOx e MP).

Page 66: Programa Ambiental Fetranspor

66

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

00,05

0,10

0,150,20

0,25

0,30

0,35

0,40

EURO I

EURO I IEURO III

IVV

NOx (g/kWh)

Mat

eria

l Par

ticul

ado

(g/k

Wh)

Brasil 2009

Brasil 2006

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

00,05

0,10

0,150,20

0,25

0,30

0,35

0,40

EURO I

EURO I IEURO III

IVV

NOx (g/kWh)

Mat

eria

l Par

ticul

ado

(g/k

Wh)

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9

00,05

0,10

0,150,20

0,25

0,30

0,35

0,40

EURO I

EURO I IEURO III

IVV

NOx (g/kWh)

Mat

eria

l Par

ticul

ado

(g/k

Wh)

Brasil 2009Brasil 2009Brasil 2009

Brasil 2006

Fonte: PETROBRAS, 2005.

Figura 38: Diagrama da evolução dos padrões europeus de emissão de gases poluentes (EURO) em veículos do ciclo diesel, além da posição brasileira no processo.

Os padrões de emissão regulamentados pela legislação brasileira para veículos do ciclo diesel se baseiam

nos padrões de emissão adotados na comunidade européia, entretanto, com uma defasagem de

aproximadamente quatro anos, devido a questões de custo e capacidade da indústria nacional de

adaptação aos novos e cada vez mais restritivos padrões de emissão. Portanto, a Fase III do Proconve

equivale à Fase Euro I, adotada na Europa, e assim por diante, até a Fase VI do Proconve, parcialmente

introduzida no Brasil em janeiro de 2009, que equivale à Fase Euro IV (em vigor na Europa desde 2006).

Importante ressaltarmos o empenho da indústria automobilística nacional nos últimos anos demonstrado

pela figura 14 abaixo, que mostra que os veículos nacionais produzidos nos últimos anos têm sido

homologados e comercializados com padrões de emissão mais baixos do que aqueles estipulados pelos

padrões das fases do Proconve.

Brasil 2012

Page 67: Programa Ambiental Fetranspor

67

Figura 39: Comparativo entre os fatores máximos de emissão estabelecidos pelo Proconve e aqueles efetivamente alcançados pelas montadoras nos últimos anos.

Para o Proconve, a qualidade do combustível e a concepção tecnológica do motor são os principais

fatores da emissão dos poluentes, por isso é necessário dispor de tecnologias avançadas de combustão e

de dispositivos de controle de emissão, bem como de combustíveis "limpos", com baixo potencial

poluidor (CETESB, 2009). Neste desafio, a implantação da Fase VI foi dificultada ao exigir, para seu

atendimento, um diesel com concentração máxima inferior a 50 ppm (partes por milhão) de enxofre.

Os motores a diesel com injetores eletrônicos permitiram que os antigos motores do ciclo diesel

atendessem aos padrões de emissões do Proconve Fase V, mas não atendem às especificações da Fase

VI e VII, que necessitam da incorporação de sistemas de pós-tratamento de gases para atender todas as

suas exigências. Porém, no estágio tecnológico atual, alguns destes equipamentos de pós-tratamento

tornam-se incompatíveis com os níveis enxofre no combustível5 da fase atual do Proconve (AFAEEVAS,

2005).

A Resolução Conama nº 403, de 11 de novembro de 2008, influenciada pelo não cumprimento da Fase

VI do Proconve para veículos pesados, estabeleceu a nova fase VII do Proconve, para veículos pesados,

a partir de janeiro de 2012, padrão equivalente ao Euro V, em vigor na Europa. Em 2009, outra

Resolução Conama nº 415, voltada a padrões de emissão de apenas veículos leves, também estipulou

novos padrões de emissão para os veículos leves com entrada em vigor a partir de 2013. A figura 16

abaixo ilustra o que haverá de ser em termos de redução de emissão de gases a entrada em vigor das

novas fases do Proconve (veículos leves e pesados).

5 Em 2010 existe diesel S50 em algumas cidades dentro de regiões metropolitanas, S500 em algumas regiões

metropolitanas e S1800 no restante do país (cidades do interior).

Page 68: Programa Ambiental Fetranspor

68

Todo o esforço do Proconve tem sido de reconhecer que a emissão de poluentes por veículos

automotores contribui significativamente para a deterioração da qualidade ambiental, especialmente nos

grandes centros urbanos. A utilização de tecnologias automotivas adequadas, de eficácia comprovada,

permite atender às necessidades de controle da poluição. Prazos adequados são necessários para

promover a qualidade dos combustíveis automotivos nacionais e permitir o desenvolvimento das

tecnologias de motores veiculares (PROCONVE, 2004).

MOTORES

O grande desafio dos motores de ciclo diesel do futuro reside em compatibilizar as exigências para

redução dos padrões de emissão com a performance, durabilidade e eficiência energética dos motores a

diesel convencionais, sempre presentes na operação de transporte rodoviário pesado de cargas e de

passageiros.

A Figura 40 mostra, esquematicamente, alguns dispositivos de controle das emissões dos gases de

escapamento, que tornarão os veículos do ciclo diesel mais limpos e ambientalmente corretos. De fato,

os veículos a diesel modernos, já em operação hoje nos países industrializados, são tão eficientes e

limpos quanto os veículos do ciclo Otto que queimam gasolina, álcool ou gás natural (FETRANSPOR,

2007).

Fonte: CONCEIÇÃO, 2006.

Figura 40: Diagrama dos motores diesel modernos já utilizados na Europa e nos EUA atualmente.

Com os constantes aumentos de carga, potência e torques exigidos nos serviços dos motores diesel,

iniciou-se uma corrida pelo desenvolvimento de nossos sistemas de injeção e periféricos para os motores

diesel, buscando integrar aumento da eficiência energética, performance, e mais tarde, redução dos

Page 69: Programa Ambiental Fetranspor

69

níveis de emissão. A figura 46 apresenta alguns dos principais avanços dos motores diesel nacionais nos

últimos anos, até o ano de 2010.

Figura 41: Evolução de alguns itens dos motores diesel no Brasil nas últimas décadas.

Dentre os itens de inovação tecnológica dos motores diesel nacionais, poucos são tão significativos

quanto os relacionados ao aumento dos níveis de pressão do sistema de injeção do combustível (diesel).

Os motores do ciclo diesel são especificamente construídos para injetar o combustível diretamente na

câmara de combustão, no momento exato da queima, com a atmosfera da queima já preparada pela

compressão do ar atmosférico pelos pistões. Sendo assim, quanto maiores forem as pressões de injeção

nos bicos injetores melhor poderá ser a pulverização, com conseqüente melhora da qualidade da

combustão, o que efetivamente poderá gerar maiores níveis de eficiência energética, redução do

consumo de combustível e aumento da performance total do equipamento (em termo de potência). A

figura abaixo ilustra o avanço destes níveis de pressão de injeção a partir da década de 1970, ilustrando

a correlação dos referido níveis de pressão de injeção com os padrões de emissão de poluente

estabelecidos na Europa6.

6 Os padrões Euro foram estabelecidos na Europa e aplicados no Brasil para os veículos pesados.

Page 70: Programa Ambiental Fetranspor

70

No Brasil, os padrões de emissão de gases para veículos do ciclo diesel foram implementados pelo

Proconve7 seguindo rigorosamente os padrões de emissão da Europa, os chamados padrões Euro8. Os

padrões de emissão do Proconve se correlacionam com os padrões de emissão Euro conforme figura 21

abaixo, onde observamos a evolução relacionada a alguns dos principais periféricos básicos9 necessários

ao atendimento dos níveis cada vez mais restritivos de emissão de gases em motores do ciclo diesel.

Nenhum dos periféricos relacionados à fase P7 do Proconve encontram-se implementados no Brasil,

estando previstos para 2012. Outros dispositivos poderão ser acrescentados10, dependendo da

estratégia das montadoras para atender os padrões de emissão estabelecidos para o novo período de

restrição.

COMBUSTÍVEL

A redução dos níveis de concentração de enxofre do óleo diesel nacional foi significativa nos últimos 25

anos. Na década de 1980, quando não havia regulamentação na área de controle de emissões em

veículos automotivos no país, os veículos a diesel utilizaram óleo diesel com 13.000 ppm de enxofre,

nível elevadíssimo para os limites atuais de emissão de gases poluentes.

Até 2005, os dois tipos de diesel fornecidos no Brasil eram o diesel do interior, com concentração de

3.500 ppm de enxofre, denominado assim por atender ao interior do país, e o diesel metropolitano, com

concentração de 2.000 ppm, fornecido nas grandes áreas metropolitanas. No ano de 2005, o diesel

S500, com 500 ppm de enxofre, passou a ser fornecido nas áreas urbanas brasileiras. Com a Resolução

ANP no 15, de 17 de julho de 2006, o óleo diesel S500 passou a ser obrigatório e distribuído em todas as

regiões metropolitanas do país e o diesel interior, com 2.000 ppm, no restante do país.

A Figura abaixo mostra a evolução da concentração de enxofre no óleo diesel fornecido no Brasil. A

concentração de 50 ppm de enxofre, que atualmente abastece a frota de ônibus do município do Rio de

Janeiro, significa uma redução de 99% do teor de enxofre do óleo diesel nacional, nestes últimos anos

de inovações tecnológicas do setor.

7 As fases do Proconve para veículos pesados foram definidas como P1, P2, P3, etc.

8 As fases do Progama europeu foram definidas como Euro1, Euro2, Euro3, etc.

9 Tanto periféricos mecânicos como eletrônicos passaram a ser implementados nos motores diesel, sendo a eletrônica

indispensável para o atendimento dos atuai níveis de restrição ambiental apresentado ao desenvolvimento de novos

motores.

10 Existem diferente estratégias e dispositivos periféricos necessários ao atendimento dos novos e mais restritivos

padrões de emissão do Proconve P7. As montadoras estão desenvolvendo soluções que poderão divergir uma das

outras, todas, entretanto, tendo que atingir os níveis já estabelecidos pela legislação vigente.

Page 71: Programa Ambiental Fetranspor

71

Figura 42: Diagrama da evolução do óleo diesel utilizado no transporte rodoviário brasileiro.

Em 2008, com a proximidade da entrada em vigor da Fase VI do Proconve, estabelecida para o dia 1º de

janeiro de 2009, verificou-se que as partes envolvidas na produção de motores e combustível ainda não

tinham se adequado às novas exigências. A ANP (Agência Nacional do Petróleo) tardou a especificar o

óleo diesel S50, com 50 ppm de enxofre, a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos

Automotores) e suas empresas fabricantes associadas esperaram a especificação do novo combustível

para iniciar os testes dos novos motores adequados ao diesel S50, e a Petrobras também aguardou a

especificação do combustível mais limpo para iniciar a sua produção11.

Ao verificar que a nova Fase VI do Proconve não poderia ser implementada em janeiro de 2009, o

Ministério Público Federal, o Estado de São Paulo, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos

Naturais Renováveis (IBAMA), a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (Cetesb), a ANP, a

Petrobras, a Anfavea e 17 fabricantes de veículos e motores negociaram um Acordo Judicial. Este acordo

firmou metas de adequação e fornecimento de combustível com menores teores de enxofre, além de

outras contrapartidas relacionadas ao tema ambiental. Posteriormente ao acordo, devido à não

11 A Petrobras alega, também, que independente da sua produção interna do S50 ser iniciada, estaria pronta para

importar o referido combustível no mercado internacional, o que também necessitaria da especificação prévia da ANP.

M E T R O P O L I T A N O

I N T E R I O R

1980 1994 1998 2002 2006 2009 2012

13.000 ppm

5.000 ppm

10.000 ppm

2013 2014

2.000 ppm

5.000 ppm

3.500 ppm

500 ppm

2.000 ppm

50 ppm 500 ppm

1.800 ppm

500 ppm

1.800 ppm

50 ppm 500 ppm

500 ppm

10 ppm

FASE I FASE II FASE III FASE IV FASE V FASE VII FASE VI X

Page 72: Programa Ambiental Fetranspor

72

implantação da Fase VI, entretanto, foi antecipada a Fase VII pelo MMA12 em quatro anos, com

implantação definida para janeiro de 2012, como forma de compensar as emissões não evitadas com a

entrada da Fase VI13.

O referido Acordo Judicial determinou o início do fornecimento de óleo diesel interior com 1.800 ppm de

enxofre, a partir de 1º de janeiro de 2009, e o fornecimento gradual do diesel S50 nas frotas cativas de

ônibus urbanos.

Figura 43: Diagrama da evolução do óleo diesel mais limpo utilizado no transporte rodoviário brasileiro.

Segundo a Petrobras, a entrada dos novos e mais limpos combustíveis (óleo diesel) para veículos

pesados encontra-se estruturada, em especial com a entrada de volumes cada vez maiores de óleo

diesel S10 a partir de 2013, chegando em 2020 ao abastecimento de metade da demanda nacional de

óleo diesel somente com o diesel S10.

12 Esta antecipação foi formalizada com a publicação da Resolução Conama 403/2008.

13 Esta Fase VI do Proconve, prevista pela Resolução Conama 315/02, foi negligenciada apenas para os veículos ditos

pesados. Para os veículos leves os novos padrões de emissão foram devidamente implementados.

Page 73: Programa Ambiental Fetranspor

73

Figura 44: Diagrama do cenário de evolução da disponibilidade de óleo diesel mais limpo (S50 e S10) no Brasil até o ano de 2020.

Page 74: Programa Ambiental Fetranspor

74

6. VALE-TRANSPORTE ELETRÔNICO - RIOCARD

A emissão e comercialização do vale-transporte em papel, coordenado pela Fetranspor, teve seu início

em 1988 alcançando seu pico de produção no ano de 1996 com a emissão e comercialização de

aproximadamente 1,1 bilhão de tíquetes.

De forma resumida pode-se observar na figura X a evolução do vale-transporte em papel nos últimos

18 anos.

Figura 45: Total de Vales-Transporte em papel emitidos anualmente

É importante percebermos a demanda inexorável de papel obtido a partir de biomassa vegetal (celulose

de árvores florestadas), a qual gera impacto ambiental adverso sobre a natureza, uma vez que a maior

parte do papel que se utiliza no país atualmente vai para aterros ou lixões.

O processo de inovação tecnológica pela qual passam as empresas de ônibus do Estado do Rio de

Janeiro, através da substituição do vale-transporte em papel pelo vale-transporte eletrônico RioCard,

demonstra a postura pró-ativa do setor em relação à utilização de novas tecnologias e processos capazes

de disponibilizar um serviço de transporte de melhor qualidade com contribuições que alcançam,

também, os aspectos de mitigação dos impactos ambientais gerados pelo setor de transporte, os quais

são o objeto deste documento ao apresentar o Programa Ambiental Fetranspor.

A substituição do vale-transporte em papel já significa a contribuição do sistema Fetranspor para a

Page 75: Programa Ambiental Fetranspor

75

diminuição da pressão sobre áreas florestais desmatadas com fins à produção de celulose capaz de

suprir o excessivo consumo de papel de nossas atividades humanas consideradas indispensáveis.

Figura 46: Vale-Transporte em Papel versus Vale-Transporte Eletrônico

FONTE: (FETRANSPOR, 2006)

Segundo indicadores comuns que relacionam a produção final do papel e a matéria prima (árvores)

necessárias para sua produção, pode-se chegar facilmente à correlação entre a substituição do vale-

transporte em papel e o número de árvores que deixaram de ser cortadas.

Um indicador bastante popular aponta que para cada tonelada de papel produzida são necessárias 50

árvores adultas para a produção da celulose necessária, e aproximadamente 100.000 litros de água para

o processo industrial de produção (UNIOESTE, 2007). Como pode ser visto a industria de papel é

extremamente intensiva em água e matéria prima (biomassa vegetal).

Para o cálculo final total associando o volume de vale-transporte em papel produzido e o número de

árvores poupadas precisaremos estabelecer o peso (massa) de um ticket (vale transporte). Essa massa

foi medida precisamente sendo igual a 0,276 g (gramas).

Desta forma, podemos estimar o impacto do volume de vale-transportes comercializados nos últimos 19

anos no Estado do Rio de Janeiro. A massa total de vales-transporte (papel) comercializada nestes 19

anos é de 4,2 mil toneladas de papel. Essas 4,2 mil toneladas de papel podem ser traduzidas em

210.000 árvores que foram cortadas para servir de matéria prima para a produção de papel.

Em termos médios, devido à variabilidade natural da produção anual, pode-se dizer que, nos últimos 19

Page 76: Programa Ambiental Fetranspor

76

anos, a média de árvores necessárias para a produção do vale-transporte em papel foi de 11.000

árvores por ano.

De forma geral, o que se pretende dizer, nesta parte do documento, é que a inserção do vale-transporte

eletrônico RioCard, em substituição ao vale-transporte em papel passa a significar o não desmatamento

de 11.000 árvores anualmente. Se considerarmos que a maior parte do papel utilizado acaba por voltar

à atmosfera na forma de gases de efeito estufa, seja por decomposição natural da matéria orgânica, ou

seja, por queima, pode-se entender, também, que a substituição do vale transporte em papel pelo vale

transporte eletrônico passe, também, pelas reduções totais de gases de efeito estufa, o equivalente a

377 toneladas de CO2 não emitidas desde o ano de 2006. Esse fato pode ser comprovado facilmente

uma vez que as árvores vivas e não cortadas são verdadeiros estoques de carbono, fruto do processo de

fixação do CO2 pela fotossíntese.

Page 77: Programa Ambiental Fetranspor

77

7. P&D – PESQUISA E DESENVOLVIMENTO

7.1. ESTUDO COM O DIESEL S50 NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO

Em outubro de 2008, com a assinatura do acordo judicial que determinou o início do abastecimento do

diesel S50 na frota cativa de ônibus do município do Rio de Janeiro, a Fetranspor – Federação das

Empresas de Ônibus do Estado do Rio de Janeiro, coordenadora do programa estadual de

monitoramento da emissão de fumaça preta de sua frota filiada, em parceria com o Rio Ônibus –

Sindicato das Empresas de Ônibus da Cidade do Rio de Janeiro, responsável pelas medições de fumaça

preta da capital, iniciaram um estudo para verificar o ganho ambiental com a introdução do diesel mais

limpo (S50).

O município do Rio de Janeiro conta, atualmente, com uma frota de 8.500 ônibus, nova (com idade

média de, aproximadamente, 3,5 anos) e participante de programa de medição de fumaça preta há doze

anos, cujos resultados demonstram o comprometimento energético e ambiental das empresas.

Em 1997, quando a medição do índice de opacidade foi iniciada, menos de 50% da frota estava dentro

dos padrões ambientais. Em 2001, este percentual já tinha ultrapassado 90% e, no ano de 2009, 95,5%

da frota estava em conformidade com os parâmetros ambientais de emissão de fumaça preta. A Figura

47 ilustra a evolução da melhoria ambiental da frota de ônibus da cidade do Rio de Janeiro.

40%

50%

60%

70%

80%

90%

100%

1997

1998

1999

2000

2001

2002

2003

2004

2005

2006

2007

2008

2009

Ano das avaliações

VDP - Veículos dentro do padrão (%)

Figura 47: Evolução do desempenho ambiental da frota de ônibus da cidade do Rio de Janeiro.

Page 78: Programa Ambiental Fetranspor

78

O programa de monitoramento dos níveis de emissão de opacidade apóia-se em resoluções Conama

para aprovação ou reprovação dos veículos em uso, através de testes de medição de gases. Segundo a

Resolução Conama 16/95, a medição de opacidade deve ser realizada com um equipamento chamado

opacímetro, que deve ser homologado pelo Inmetro, e cujo uso deve seguir a norma brasileira NBR

13.037 – Gás de Escapamento Emitido por Motor a Diesel em Aceleração Livre – Determinação da

Opacidade – Método de Ensaio.

Em nosso programa, todos os opacímetros utilizados são homologados pelo Inmetro. A Figura 48 mostra

os equipamentos opacímetros utilizados e a Figura 49 ilustra o procedimento de avaliação do nível de

emissão de opacidade através da fumaça preta emitida pelo escapamento.

Figura 48: Opacímetro NAPRO NA-9020 utilizado para a avaliação de opacidade da frota

analisada.

Figura 49: Ilustração do procedimento de avaliação dos níveis de emissão de fumaça pelo

opacímetro.

Page 79: Programa Ambiental Fetranspor

79

METODOLOGIA

O presente estudo consistiu em medir o índice de opacidade de toda a frota de ônibus da cidade do Rio

de Janeiro com o diesel S500 e, posteriormente, com o diesel S50 para verificar o desempenho

ambiental deste combustível mais limpo. O acompanhamento dos níveis de emissão de opacidade

objetivou identificar as variações de opacidade com o início do abastecimento do diesel mais limpo.

A avaliação da emissão de fumaça preta é um indicador do estado de conservação dos veículos a diesel e

um meio de medir o desempenho ambiental de um determinado combustível.

Este estudo teve início no segundo semestre de 2008, quando a frota de ônibus municipal ainda era

abastecida com o diesel S500 e foi finalizado no primeiro semestre de 2009, com a utilização do diesel

S50. Os dois índices de opacidade medidos (com o diesel S500 e com o diesel S50) foram comparados

por marca, tipo de chassis e ano de fabricação do motor.

Não foi possível acompanhar os múltiplos efeitos e as variáveis independentes correlacionadas à emissão

de fumaça preta, tais como linha operada, condições climáticas e de tráfego, manutenção dos veículos,

efetivação operacional dos motoristas nos veículos e qualidade do combustível. Tais variáveis são

extremamente significativas, todavia, tornou-se extremamente complexo o monitoramento de um

estudo com uma frota de 8.500 ônibus. Por este motivo, nossa metodologia procurou desprezar

variações muito grandes (para mais ou para menos), supondo que tais variações sejam motivadas por

outros fatores não relacionados ao uso do novo óleo diesel (S50).

A variação do índice de opacidade foi calculada pela seguinte fórmula:

[ ]%100

100i

i

Oi

xOfVio −=

Onde:

• i é o identificador do veículo;

• Oi é a medição de opacidade inicial, antes do abastecimento com o diesel S50;

• Of é a medição de opacidade final, após o abastecimento com o diesel S50;

• Vio é a variação do índice de opacidade.

Portanto, para a fórmula utilizada, pode-se afirmar que:

• Valores de Vio < zero indicam que o veículo aumentou a emissão de particulados;

• Valores de Vio > zero indicam que o veículo diminuiu a emissão de particulados.

Page 80: Programa Ambiental Fetranspor

80

O objetivo da nossa abordagem metodológica é excluir do resultado final aqueles veículos que possam

ter passado por algum evento não controlado de regulagem e/ou desregulagem resultando em uma

variação dos níveis de opacidade inferior ou superior ao esperado para a substituição energética do

diesel S500 pelo S50. Desta forma, os resultados serão apresentados através de três filtros distintos:

variação de ±50%, ±100% e ±200%14.

O filtro de variação de ±50% será aquele utilizado para a apresentação final das conclusões, por ser a

abordagem metodológica que mais garante consistência científica aos resultados finais. Notemos que a

utilização de filtros distintos impacta de forma não muito significativa no resultado final, podendo

também o leitor avaliar a melhor abordagem a ser considerada.

PRIMEIRA ANÁLISE

Nesta primeira análise, foram considerados valores de Vio correspondentes às três abordagens

metodológicas citadas:

• Valores de Vio < -50%, -100% ou -200% indicam presença de falha ou desregulagem

aguda do motor;

• Valores de Vio > +50%, +100% ou +200% não são plausíveis, não sendo, portanto,

justificáveis apenas pela substituição energética, e/ou o veículo pode ter passado por reparo ou por

algum outro evento não controlado que fez baixar tão significativamente os níveis de emissão.

Inicialmente, foram considerados 6.032 veículos, nos quais foram realizadas as medições do índice de

opacidade com o diesel S500 e o diesel S50. Com a adoção dos diferentes filtros para análise, esta

amostra foi reduzida para 5.163 veículos (±200%), para 4.605 veículos (±100%) e para 3.196 veículos

(±50%). A Figura 50 apresenta um histograma da variação do índice de opacidade para cada filtro

considerado.

14 Tendo como base o índice de opacidade medido com o diesel S500, somente serão considerados os dados

associados à medição de opacidade dos respectivos veículos que, abastecidos com o diesel S50, não apresentaram

variação superior ou inferior ao filtro estabelecido (50%, 100% ou 200%).

Page 81: Programa Ambiental Fetranspor

81

0

100

200

300

400

500

600

700

800

900

-1000

-500

-200

-100 -5

0-40-30-20-10 0 10 20 30 40 50 10

0200500

1000

Variação do índice de opacidadeVariação do índice de opacidadeVariação do índice de opacidadeVariação do índice de opacidade

Frequência

Frequência

Frequência

Frequência

0%

20%

40%

60%

80%

100%

120%

% Acumulado

% Acumulado

% Acumulado

% Acumulado

Frequência Acumulado

Considerados para 50%Considerados para 50%Considerados para 50%Considerados para 50%

Considerados para 100%Considerados para 100%Considerados para 100%Considerados para 100%

Considerados para 200%Considerados para 200%Considerados para 200%Considerados para 200%

Figura 50: Dados considerados por cada filtro analisado (±50%, ±100% e ±200%).

Pode-se observar, na Figura 51, a variação média do índice de opacidade para cada filtro considerado

(±50%, ±100% e ±200%). Verifica-se que para os filtros de ±50% e ±200% esta variação foi bastante

similar.

0,53

0,580,55

0,470,45

0,48

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

50% (3.196 veículos) 100% (4.605 veículos) 200% (5.163 veículos)

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Diesel S500 Diesel S50

-10% -22% -13%

Figura 51: Variação do índice de opacidade total segundo o filtro analisado (±50%, ±100% e

±200%).

Page 82: Programa Ambiental Fetranspor

82

A variação do índice de opacidade também pode ser analisada pelo ano de fabricação do veículo,

conforme apresentado para os filtros de ±50% (Figura 52), ±100% (Figura 53) e ±200% (Figura 54).

Observa-se a linearidade entre o ano de fabricação dos veículos e a redução do índice de opacidade.

Veículos mais recentes e mais velhos (exceto os anteriores a 1999) apresentaram resultados similares.

Entretanto, os veículos, cujo ano de fabricação apresentou a maior redução, não foram os mais recentes,

foram os de 2003 (filtro de ±50%), 2002 (filtro de ±100%) e 2000 (filtro de ±200%). Para uma análise

mais aprofundada, seria necessário, verificar outras variáveis e dados sobre estes veículos.

-1,4%

-8,5%

3,7%

-8,3%

-11,8%

-8,6%

-12,5%

-9,4%

-11,0%

-14,9%

-12,0%

-10,7%

-20%

-15%

-10%

-5%

0%

5%

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Ano de fabricação dos veículosAno de fabricação dos veículosAno de fabricação dos veículosAno de fabricação dos veículos

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Média geralMédia geralMédia geralMédia geral

Figura 52: Variação do índice de opacidade do filtro de ±50% segundo o ano de fabricação do

veículo.

Page 83: Programa Ambiental Fetranspor

83

6,3%

-18,6%

-0,5%

-21,1%

-25,2%

-15,1% -14,7%

-19,4%

-27,0%

-25,2%

-30,4%-31,9%

-35%

-30%

-25%

-20%

-15%

-10%

-5%

0%

5%

10%

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Ano de fabricação dos veículosAno de fabricação dos veículosAno de fabricação dos veículosAno de fabricação dos veículos

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Média geralMédia geralMédia geralMédia geral

Figura 53: Variação do índice de opacidade do filtro de ±100% segundo o ano de fabricação

do veículo.

32,6%

-21,6%

-17,3%

-6,1%-8,9%

-5,6%-12,3%

-16,3%-13,6%

-15,6%-16,9%

20,6%

-25%

-20%

-15%

-10%

-5%

0%

5%

10%

15%

20%

25%

30%

35%

40%

1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Ano de fabricação dos veículosAno de fabricação dos veículosAno de fabricação dos veículosAno de fabricação dos veículos

VAriação do índice de opacidade

VAriação do índice de opacidade

VAriação do índice de opacidade

VAriação do índice de opacidade

Média geralMédia geralMédia geralMédia geral

Figura 54: Variação do índice de opacidade do filtro de ±200% segundo o ano de fabricação

do veículo.

Page 84: Programa Ambiental Fetranspor

84

SEGUNDA ANÁLISE

Após análise da variação do índice de opacidade para os diversos filtros (±50%, ±100% e ±200%),

adotaremos o filtro de ±50% para uma análise mais aprofundada. Portanto, devido à renovação da frota,

a variações inconsistentes (adoção do filtro de variações de até 50%, para mais ou para menos) e a

ausência de medição, em 2008, de 5% da frota, o universo de análise do estudo foi reduzido para 3.196

veículos. Esta frota final analisada está caracterizada por marca de fabricante na Figura 55 e por ano de

fabricação na Figura 56.

Mercedes

Benz

77,9%

Volkswagen

21,4%

Volvo

0,3%Scania

0,3%

Figura 55: Divisão da frota analisada por marca do fabricante.

2007

25,1%

2008

24,3%

2001

2,7%

2000

2,5%

1998

0,5%1999

0,8%

1997

0,3%2002

5,9%2003

3,5%

2004

7,5%

2005

9,8%

2006

17,2%

Figura 56: Divisão da frota analisada por ano de fabricação.

Page 85: Programa Ambiental Fetranspor

85

Observa-se que 78% dos veículos foram fabricados pela Mercedes Benz e que 76% dos veículos têm

apenas 4 anos de uso, comprovando a baixa idade média da frota.

As variações do índice de opacidade por marca e tipo de chassis das duas principais montadoras

presentes no transporte coletivo por ônibus do município do Rio de Janeiro são apresentadas na Figura

57 (Mercedes Benz) e na Figura 58 (Volkswagen). A frota referente às demais montadoras, Scania e

Volvo, eram muito inferiores e foram suprimidas desta análise.

-8% -9%

2%

-8%

-26%

-4%-7% -6%

-2%-8%

-12%

-37%

-3%

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

LO-712 (35)

LO-812 (28)

LO-814 (11)

LO-914 (68)

LO-915 (352)

O-500 (5)

OF-1318 (5)

OF-1417 (66)

OF-1418

(973)

OF-1620 (8)

OF-1721

(294)

OF-1722

(638)

OH-1628 (8)

Tipo de chassis (frota)Tipo de chassis (frota)Tipo de chassis (frota)Tipo de chassis (frota)

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Desvio padrão superior Média Desvio padrão inferior

Figura 57: Variação do índice de opacidade segundo o tipo de chassis da Mercedes Benz.

Page 86: Programa Ambiental Fetranspor

86

-2%-5%

0%-3%

-6%

18%

0%

8%

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

15180

(109)

15190

(185)

16210

(18)

17210

(101)

17230

(220)

17240 (2) 8140 (7) 9150 (42)

Tipo de chassis (frota)Tipo de chassis (frota)Tipo de chassis (frota)Tipo de chassis (frota)

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Desvio padrão superior Média Desvio padrão inferior

Figura 58: Variação do índice de opacidade segundo o tipo de chassis da Volkswagen.

A variação do índice de opacidade segundo o ano de fabricação dos veículos pelos quatro tipos de

chassis da Mercedes Benz mais representativos da frota é apresentada nas Figuras Figura 59 (LO-915),

Figura 60 (OF-1418), Figura 61 (OF-1721) e Figura 62 (OF-1722).

-7% -7%-10% -10% -9% -8%

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

2004 (88) 2005 (20) 2006 (12) 2007 (104) 2008 (128) LO-915 Total

(352)

Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Desvio padrão superior Média Desvio padrão inferior

Figura 59: Variação do índice de opacidade segundo o ano de fabricação do chassi LO-915 da

Mercedes Benz.

Page 87: Programa Ambiental Fetranspor

87

-11%-8% -7%

-5% -3%-6%

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

2004 (49) 2005 (121) 2006 (269) 2007 (309) 2008 (224) OF-1418

Total (972)

Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Desvio padrão superior Média Desvio padrão inferior

Figura 60: Variação do índice de opacidade segundo o ano de fabricação do chassi OF-1418 da

Mercedes Benz.

-25%

6%

-3%

-10% -9%

-17%

-4%-8%

-50%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

50%

1998 (4) 1999 (22) 2000 (47) 2001 (42) 2002 (97) 2003 (46) 2004 (34) OF-1721

Total

(292)

Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Desvio padrão superior Média Desvio padrão inferior

Figura 61: Variação do índice de opacidade segundo o ano de fabricação do chassi OF-1721 da

Mercedes Benz.

Page 88: Programa Ambiental Fetranspor

88

-5%

-18%

-9% -10% -12%-14% -12%

-60%

-40%

-20%

0%

20%

40%

60%

2002 (3) 2004 (19) 2005 (108) 2006 (132) 2007 (178) 2008 (198) OF-1722

Total (638)

Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Desvio padrão superior Média Desvio padrão inferior

Figura 62: Variação do índice de opacidade segundo o ano de fabricação do chassi OF-1722 da

Mercedes Benz.

Para os quatro tipos de chassis mais representativos da Volkswagen segundo o ano de fabricação dos

veículos, as Figuras

Figura 63 (15.180), Figura 64 (15.190), Figura 65 (17.210) e Figura 66 (17.230) apresentam a variação

do índice de opacidade.

-5%-2%

3%

-2%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

2005 (12) 2006 (85) 2007 (11) 15180 Total (108)

Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Desvio padrão superior Média Desvio padrão inferior

Page 89: Programa Ambiental Fetranspor

89

Figura 63: Variação do índice de opacidade segundo o ano de fabricação do chassi 15.180 da

Volkswagen.

-1%

-12%

-5%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

2007 (110) 2008 (75) 15190 Total (185)

Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Desvio padrão superior Média Desvio padrão inferior

Figura 64: Variação do índice de opacidade segundo o ano de fabricação do chassi 15.190 da

Volkswagen.

-5% -4% -3%

2%

-3%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

2002 (40) 2004 (16) 2005 (28) 2006 (16) 17210 Total

(100)

Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Desvio padrão superior Média Desvio padrão inferior

Page 90: Programa Ambiental Fetranspor

90

Figura 65: Variação do índice de opacidade segundo o ano de fabricação do chassi 17.210 da

Volkswagen.

0%

-10%-6%

-40%

-30%

-20%

-10%

0%

10%

20%

30%

40%

2007 (76) 2008 (144) 17230 Total (220)

Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)Ano de fabricação (frota)

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Variação do índice de opacidade

Desvio padrão superior Média Desvio padrão inferior

Figura 66: Variação do índice de opacidade segundo o ano de fabricação do chassi 17.230 da

Volkswagen.

CONCLUSÕES

Este estudo apresentou resultados que apenas confirmam a enorme expectativa hoje depositada sobre

combustíveis mais limpos que auxiliam as modernas tecnologias de motores de ciclo diesel na redução

da emissão de poluentes por ônibus urbanos. A ampliação do fornecimento do diesel S50 para outras

regiões metropolitanas do Brasil contribuirá sim para a melhoria da qualidade do ar e a amenização da

intensificação do efeito estufa.

A performance e o desempenho dos motores foram identificados como aceitáveis e a redução dos índices

de opacidade em 10% estava dentro dos padrões esperados. De fato, a avaliação dos níveis de

opacidade deve ser analisada com precaução, uma vez que não puderam ser monitoradas todas as

variáveis associadas às emissões dos veículos em operação (condições de operação, condições

climáticas, motoristas fixos por carro, carros fixos por linha, estado de manutenção dos veículos,

condições de tráfego, etc.).

Page 91: Programa Ambiental Fetranspor

91

Não foi possível verificar tendência de crescimento da variação do índice de opacidade quanto ao ano de

fabricação de veículos. Tanto veículos mais novos quanto veículos mais velhos apresentaram padrões

similares de redução do índice de opacidade.

O ganho ambiental da utilização de diesel mais limpo nas frotas de ônibus urbano foi verificado e este

fornecimento deve ser ampliado para as demais regiões metropolitanas brasileiras, inclusive a do Rio de

Janeiro, que somente terá frotas cativas de coletivos urbanos abastecida com o diesel S50 em 2011.

Diferente de outras regiões metropolitanas do país, no Rio de Janeiro não há, ainda, previsão de

utilização do diesel S50 para todos os serviços de transporte rodoviário a diesel o que certamente

beneficiaria uma parcela maior da população urbana com um ar mais limpo.

Page 92: Programa Ambiental Fetranspor

92

7.2. PROGRAMA CONTROLE DE EMISSÕES “ON-BOARD”

A implementação deste Programa está sendo estudada pela Fetranspor. Trata-se de desenvolvimento de

tecnologia embarcada nos veículos das frotas das empresas do sistema Fetranspor, para medição

instantânea dos índices de gases de escapamento. A medição dos níveis de emissão de 95% dos veículos

desse sistema atualmente é feita pelos técnicos do Programa EconomizAR, os quais avaliam

individualmente cada um dos 22.500 ônibus participantes do Programa no Estado.

A tecnologia inovadora proposta passa pela identificação, em tempo real, das condições de manutenção

de cada uma das frotas de ônibus do Estado, separadas por empresa. Este diagnóstico pode auxiliar na

concentração dos esforços da equipe de campo no sentido de averiguação e correção dos casos em não

conformidade com as normas ambientais vigentes.

Dificuldades

• Não existe, ainda, no Brasil nenhuma entidade de transporte operando um sistema similar

automatizado.

• A tecnologia de sensores precisa ser desenvolvida, ou adaptada, para as condições e os parâmetros

necessários ao monitoramento proposto.

Facilidades

• Infraestrutura da bilhetagem eletrônica já consolidada e em operação na maior parte das frotas de

ônibus do Estado do Rio de Janeiro. A comunicação de informações entre cada veículo e o computador

central da Fetranspor poderia passar a incluir dados sobre os níveis de emissão de gases. Estas

informações poderão ser analisadas pela Coordenação de Meio Ambiente da Fetranspor, que criará

estratégias para correção dos problemas ambientais, porventura identificados.

Page 93: Programa Ambiental Fetranspor

93

8. PROGRAMA DE COMPENSAÇÃO AMBIENTAL

O Programa de Compensação Ambiental da Fetranspor vem sendo estruturado sob a ótica de mitigação

dos efeitos adversos sobre o meio ambiente decorrentes das emissões de gases de efeito estufa, em

especial o CO2, pela atual frota de 20.500 ônibus filiados à Fetranspor.

O objetivo deste estudo é estimar a ordem de grandeza dos níveis de emissão de gases de efeito estufa

pela frota de ônibus das empresas componentes do Sistema Fetranspor e compará-la aos parâmetros de

CO2 emitidos pelos veículos particulares (automóveis).

Apesar de existirem diferentes metodologias para o cálculo estimado de emissões de gás carbônico, será

apresentada a seguir uma proposta de metodologia preliminar, a qual será avaliada e melhorada durante

o desenvolvimento desta iniciativa pela Fetranspor. As estimativas de compensação ambiental

apresentadas neste documento limitam-se, num primeiro momento, ao gás carbônico, considerado

atualmente como o principal causador do agravamento do aquecimento global.

A mensuração do inventário de emissões deste gás pela atual frota ônibus do Sistema Fetranspor será a

base para o cálculo da compensação ambiental equivalente em número de árvores a serem plantadas.

Propõe-se, num primeiro momento, um parâmetro de compensação ambiental de 5% do inventário total

de CO2 emitido, de acordo com o percentual adotado pelo Protocolo de Kyoto para a redução dos gases

de efeito estufa gerados pelos países desenvolvidos.

METODOLOGIA

CÁLCULO DE EMISSÕES

O cálculo das emissões de CO2 é feito inicialmente para os dois meios de transporte mais utilizados:

carro de passeio e ônibus.

Atualmente, existem no cenário nacional três tipos de derivados de petróleo utilizados no setor de

transporte rodoviário, são eles: gasolina, diesel e gás natural veicular. A gasolina está com uma adição

de álcool regulamentada em torno de 20%, o que permite uma redução de suas emissões totais. O

álcool e o biodiesel, por serem combustíveis renováveis, não são contabilizados como fontes de gases de

efeito estufa, uma vez que todo o carbono emitido pela queima do combustível é retirado da atmosfera

na plantação da cana-de-açúcar ou qualquer outro grão, através da fotossíntese, utilizando a energia

Page 94: Programa Ambiental Fetranspor

94

solar. Diferentemente, os combustíveis fósseis lançam para a atmosfera bilhões de toneladas de CO2 que

se encontravam armazenadas nas jazidas de petróleo, ou seja, fora da circulação atmosférica.

Como os combustíveis não são totalmente queimados, uma pequena parte é convertida em partículas de

carbono conhecidas como “carbono grafítico” (do inglês black carbon) – a “fuligem dos carros” – que,

além de interferir na absorção dos raios solares na atmosfera (influenciando as mudanças globais),

causam problemas respiratórios à população dos grandes centros urbanos.

Cada combustível utilizado possui diferentes teores de carbono e o rendimento é inversamente

proporcional à potência. A maneira como o motorista dirige também influi muito no consumo.

O cálculo anual leva em consideração a distância percorrida por dia multiplicada por 365 dias/ano. Os

cálculos das emissões são, convencionalmente, apresentados na unidade de massa de gás carbônico e

não de carbono somente (C). Por isso, é necessária a conversão de massa de C para massa de CO2. A

massa do CO2 é cerca de 44, e a do Carbono é igual a 12, logo, o fator de conversão de C para CO2 será

igual a 44/12 = 3,6.

Massa do Carbono = 12

Massa do Oxigênio = 16

Massa do CO2 = 12 + (2 x 16) = 44

Ou seja, cada tonelada de carbono queimada é convertida em 3,6 toneladas de CO2.

O cálculo para estimar a emissão realizada pelo deslocamento de uma pessoa, parte da seguinte

equação:

Automóvel:

Emissões (kg de CO2) = CCE x DC x TC x 3,6

Ônibus:

Emissões (kg de CO2) = CCE x DC x TC x 3,6 / NP

CCE = Consumo de combustível específico (L/Km)

DC = Densidade do combustível (Kg/L)

TC = Teor de carbono no combustível (%)

NP = Número de passageiros

SIMULAÇÃO DE CÁLCULO DE EMISSÕES

Page 95: Programa Ambiental Fetranspor

95

Tabela 6: Carro de passeio

Combustível Teor de

C (%)

Densidade

(kg/)

Potência

do Motor

Consumo km/L

ou (L/km)

Emissões

(kgCO2/km)

Gasolina* 0,67 0,800 de 1,0 a

1,4 12 (0,08) 0,154

Gasolina* 0,67 0,800 de 1,5 a

2,0 10 (0,1) 0,193

Diesel 0,84 0,840 de 1,0 a

1,4 12 (0,08) 0,203

Diesel 0,84 0,840 de 1,5 a

2,0 10 (0,1) 0,254

GNV 0,75 0,750 de 1,0 a

1,4 12 (0,08) 0,162

GNV 0,75 0,750 de 1,5 a

2,0 10 (0,1) 0,202

*Com 20% de álcool incluído.

FONTE: (TANIZAKI, 2007)

Tabela 7: Ônibus

Combustível Teor de

C (%)

Densidade

(kg/L)

Passageiros

por ônibus

Consumo km/L

ou (L/km)

Emissões

(kgCO2/km)

Diesel 0,84 0,840 30 0,36 0,914

FONTE: (TANIZAKI, 2007)

CONCLUSÃO 1

Um ônibus emite aproximadamente 87 toneladas de CO2 por ano, considerando que cada ônibus urbano

percorra na média 8.000 km por mês.

ESTOQUE DE CARBONO EM ÁRVORES

Uma árvore, através da fotossíntese, retira gás carbônico da atmosfera convertendo-o em açúcar

Page 96: Programa Ambiental Fetranspor

96

através da reação abaixo:

CO2 + H2O + luz solar = C6H12O6 + O2

Nesse processo, o vegetal utiliza água e energia solar para converter as moléculas do CO2 atmosférico

em moléculas de alta energia a ser utilizada em seu metabolismo e crescimento. O aumento do volume

de uma árvore nada mais é do que o acúmulo de madeira na sua estrutura. A madeira de uma árvore,

genericamente, possui uma porcentagem de água que varia de 25% a 40% e, da biomassa seca

restante, o teor de carbono é de cerca de 50% (TANIZAKI, 2007). As demais substâncias químicas

presentes na madeira são, de uma maneira geral, hidrogênio, nitrogênio, oxigênio e fósforo – não

contabilizados como formadores de gases de efeito estufa neste estudo.

Existem também diversas qualidades de madeira no que tange à quantidade de biomassa por volume,

expresso pela densidade das madeiras, popularmente conhecidas como “madeira branca” e “madeira de

lei” ou “toras com cerne”. Essas denominações refletem a dureza e a quantidade de celulose por volume

de madeira, sendo as madeiras de lei extremamente duras e pesadas, geralmente utilizadas para

embarcações, telhados e outros usos para os quais é necessária maior durabilidade. As “madeiras

brancas” são geralmente de espécies com rápido crescimento, baixa densidade e muitas vezes não

apresentam valor comercial elevado. Essas madeiras podem ser utilizadas para diversos utensílios

domésticos (rodos, vassouras, móveis de baixo valor de mercado, madeira aglomerada) ou mesmo para

formas de concreto na construção civil.

Para efeitos de “Calculadora de CO2” é preciso estabelecer uma árvore hipotética que atingirá certa

estrutura que acumulou toda a sua emissão de CO2, calculada através da fotossíntese.

É necessário entender que uma árvore cresce muita mais lentamente que as nossas emissões, por isso o

que foi calculado para um ano de nossas vidas será convertido em biomassa de uma árvore em um

tempo muito maior. Foi considerado que uma árvore será plantada e acompanhada por cerca de 20

anos. É impossível estimar precisamente quanto de CO2 um espécime é capaz de absorver neste tempo,

pois as variáveis são inúmeras: espécie plantada, fertilidade do solo, temperatura ambiente, quantidade

e distribuição da chuva ao longo do ano, doenças, predadores, densidade do plantio (um reflorestamento

geralmente possui de 1.000 a 2.000 mudas por hectare), luminosidade, dentre outros fatores

(TANIZAKI, 2007).

CÁLCULO PARA UMA ÁRVORE HIPOTÉTICA CONSIDERADA

Para efeitos de simulação, pode-se considerar que uma árvore em boas condições de plantio pode atingir

em 20 anos uma altura de cerca de 16m, com cerca de 28 cm de diâmetro (TANIZAKI, 2007). A

Page 97: Programa Ambiental Fetranspor

97

madeira desta árvore considerada possui densidade de 0,48 g/cm3 e um teor de carbono de 50%.

Não descontamos o teor de água, pois já esta incluído na variável densidade que, neste caso, é

calculada em termos de massa de madeira seca por unidade de volume, ou seja, contabiliza-se

a massa seca de madeira pelo volume da árvore viva (na natureza ou reflorestamento).

O cálculo é feito desta forma:

Carbono na árvore = AB x H x DB x TC x FFA

Onde:

AB = Área Basal da árvore (m2); estimada a partir de dados de campo medido em termos de diâmetro

da árvore, convertidos para metros.

H = Altura total da árvore (m);

DB = Densidade básica (massa de madeira seca / volume da madeira fresca; kg/m3);

TC = Teor de carbono, no caso de madeiras, genericamente considerado em 50% da biomassa seca;

FFA = Fator de forma arbóreo; pois uma árvore não é um cilindro, é na verdade um cone com a

expansão dos galhos da copa. Este fator é calculado experimentalmente.

Desta forma a nossa árvore hipotética terá:

Carbono na árvore = (0,28m/2)2 x π x 15(m) x 0,5 (ton/m3) x 0,5 (%) x 0,72

Carbono na árvore = 166 kg de C (ou 598 kg de CO2 equivalente).

O número de árvores necessárias à compensação ambiental de um certo nível de emissão é calculado a

partir da divisão do total de CO2 emitido pelo CO2 equivalente retido na biomassa das árvores

hipotéticas.

Na tabela 6 pode-se verificar alguns dados de densidade e estrutura de espécies adultas de Mata

Atlântica:

Tabela 8: Espécies de Mata Atlântica

Nome vulgar Espécie Família Densidade

(g/cm3)

Diâmetro (cm) e altura

(m) de uma árvore

adulta

Guapuruvu Schizolobiun

parahyba Caesalpinaceae 0,38 80-100 / 20-30

Page 98: Programa Ambiental Fetranspor

98

Caixeta Tabebuia

cassinoides Bignoniaceae 0,39 30-40 / 12-22

Embaúba

Branca

Cecropia

hololeuca Cecropiaceae 0,43 20-30 / 6-12

Ingá Ingá vera Mimosaceae 0,58 20-30 / 5-10

Bracatinga Mimosa

scabrella Mimosaceae 0,67 30-40 / 5-15

Canela-preta Ocotea

catharinensis Lauraceae 0,75 60-90 / 25-30

Jequitibá Cariniana

estrellensis Lecythidaceae 0,78 90-120 / 35-45

Ipê-Roxo Tabebuia

impetiginosa Bignoniaceae 0,96 60-90 / 20-30

Maçaranduba Manilkara

salzani Sapotaceae 1,03 40-70 / 10-25

Angico Anadenanthera

macrocarpa Mimosaceae 1,05 40-60 / 13-20

FONTE: (TANIZAKI, 2007)

CONCLUSÃO 2

Uma árvore hipotética tem o potencial de reter, durante seu crescimento, o equivalente a

aproximadamente 600 kg de CO2.

CURIOSIDADES

Uma floresta clímax de Mata Atlântica é capaz de estocar cerca de 400 toneladas de biomassa (madeira)

por hectare (1 hectare = 100m x 100m = 10.000 m2).Desta biomassa, cerca da metade é carbono, isto

é, 200 t/ha (TANIZAKI, 2007). Essa massa de carbono equivale a cerca de 720 toneladas de CO2.

Estima-se que um brasileiro emita, em média, cerca de 0,6 toneladas de CO2 por ano. Logo, um hectare

de floresta desmatada equivale às emissões de 1200 pessoas/ano. Considerando que uma pessoa viva

80 anos, um hectare de floresta corresponde às emissões de 15 pessoas durante a sua vida (de 0,6

toneladas de CO2/ano). (TANIZAKI, 2007).

Page 99: Programa Ambiental Fetranspor

99

Uma árvore de grande porte, 90 cm de diâmetro por 30 metros de altura, pode estocar cerca de 6

toneladas de carbono, o que corresponde a mais de 20 toneladas de CO2 e, por sua vez, às emissões

de 33 pessoas/ano. Entretanto, uma árvore deste porte leva mais de cem anos para atingir tal estrutura,

assim como uma floresta leva mais de cem anos para atingir seu estágio de máxima capacidade de

estocagem de carbono. Nas estimativas de estocagem não foi levado em conta o carbono do solo, que

aumenta com a maturidade de uma floresta. (TANIZAKI,2007).

As estimativas que estabelecem equivalência entre emissão de CO2 e número de árvores a serem

plantadas podem divergir consideravelmente de acordo com a metodologia adotada. A metodologia

utilizada como base para este trabalho foi apresentada pelo professor da UERJ Dr. Kenny Tanizaki

(Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais) e servirá de base para o cálculo das possíveis

compensações ambientais deste setor de transporte. Metodologias ainda mais específicas serão

analisadas e estudadas com vistas ao melhoramento da relação custo-efetividade de possíveis atividades

relacionadas à compensação ambiental das emissões de gases de efeito estufa.

Podem existir, também, outras espécies nativas de árvores capazes de absorver maiores níveis de CO2 o

que implicaria um número menor de árvores a serem plantadas para compensação das emissões do

setor.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conforme metodologia apresentada acima, podemos estimar que um ônibus urbano que opera

normalmente 8.000 km mensais estará emitindo o equivalente a 87 toneladas de CO2 por ano. A

compensação ambiental equivalente, em árvores plantadas, relacionada à emissão de 87 toneladas de

CO2 por ônibus (em um ano) é de 145 árvores.

Uma proposta inicial de trabalho poderia ser pautada no atendimento aos parâmetros estabelecidos pelo

Protocolo de Kyoto aos países desenvolvidos, de redução de 5% dos gases de efeito estufa em relação

aos níveis emitidos no ano de 1990.

Considerando-se uma compensação inicial de 5% do total de gases emitidos por nosso setor,

chegaremos à necessidade de plantio de 7 árvores por ano/ônibus. Representando frota de 20.500

veículos (transportes municipal, intermunicipal, rodoviário e de fretamento) a Fetranspor poderia vir a

implementar o reflorestamento de aproximadamente 11.960 árvores por mês.

Outra maneira de se olhar para o problema é através do reflorestamento de áreas de mata atlântica. Um

hectare (equivalente a 100m x 100m = 10.000 m2) pode reter o equivalente a 720 toneladas de CO2.

Sendo assim, as emissões anuais de CO2 do sistema Fetranspor poderiam ser compensadas através do

Page 100: Programa Ambiental Fetranspor

100

reflorestamento de aproximadamente 124 hectares de uma área de mata atlântica por ano.

Os custos para o reflorestamento de grandes áreas podem ser estimados com o valor unitário de cada

muda plantada. O custo unitário do plantio de 1 muda é de cerca de R$7,00 de acordo com os valores de

mercado atuais. Este custo inclui o acompanhamento de cada muda plantada por dois anos e certificação

do reflorestamento.

A Fetranspor pretende chegar à meta de 5% de compensação ambiental das emissões de CO2 através

do aumento anual de sua contribuição. Deverá começar com a compensação de 1% no primeiro ano do

Programa, aumentando em 1% a cada ano, até alcançar a meta de 5% de compensação total.

A programação da compensação ambiental de CO2 pode ser vista na figura 62 para os primeiros cinco

anos do Programa de Compensação Ambiental da Fetranspor.

Tabela 9: Cronograma Programa de Compensação Ambiental

Ano Compensação(%) Árvores Plantadas

2007 1% 29.800

2008 2% 59.450

2009 3% 89.200

2010 4% 119.000

2011 5% 149.000

8.1. FETRANSPOR E O PROJETO MANGUE VIVO

Com o lançamento do seu Programa ambiental em 2007 a Fetranspor iniciou o programa de

compensação ambiental, estabelecendo metas inicialmente baseadas no reflorestamento de áreas de

relevante interesse ecológico no Estado do Rio de Janeiro. Este programa foi estruturado com base na

mitigação dos efeitos adversos sobre o meio ambiente decorrentes das emissões de gases de efeito

estufa, em especial o CO2, pelo transporte público de passageiros.

A primeira iniciativa de reflorestamento ocorreu no Projeto Mangue Vivo através de uma parceria com a

ONG Fundação Movimento OndAzul. A OndAzul foi criada em 1990 por Gilberto Gil e um grupo de

notáveis ambientalistas. Atualmente, é considerada uma das ONG´s ambientalistas mais respeitadas do

Brasil, pela sua conduta ética e constante inovação nas práticas metodológicas socioambientais. Em

2001, a Fundação iniciou seu trabalho de recuperação de áreas de manguezais ao longo da Baía de

Guanabara através do projeto Mangue Vivo, o qual já recuperou uma área de 12 hectares entre o

Page 101: Programa Ambiental Fetranspor

101

município de Magé e Duque de Caxias. Hoje, a região que se assemelhava a um pequeno deserto de

lama ressecada com lixo e esgoto doméstico já possui um jovem ecossitema de manguezais.

Figura 67: Projeto Mangue Vivo

Os manguezais são ecossistemas particulares que se estabelecem em regiões tropicais costeiras

originadas do encontro das águas doce e salgada, e desempenham importante papel como exportador de

matéria orgânica para os estuários, contribuindo para a produtividade na zona costeira. A sua

biodiversidade faz com que essas áreas se constituam em grandes "berçários" naturais para diversas

espécies.

Em junho de 2008, a Fetranspor organizou um mutirão de funcionários e realizou o replantio de 120 mil

mudas no Projeto Mangue Vivo em área localizada no Município de Magé, as margens da Baía de

Guanabara. Com isso, parte das metas de reflorestamento inicialmente estipuladas para o setor de

transporte coletivo de passageiro do Rio de Janeiro foram cumpridas. O sucesso do projeto foi atestado

pela presença, nesses dois últimos anos, de Flamingos, aves do sul do país em ameaça de extinção e de

quatro novas espécies de caranguejos.

Com esta iniciativa, cerca de 36 mil toneladas de carbono puderam ser retiradas da atmosfera e

conferiram à Fetranspor o cumprimento de 2% de sua meta de redução de gases de efeito estufa. Em

2009, foi disponibilizado, através do Centro de Serviços Ambientais, o serviço de consultoria para a

compensação ambiental a todas as empresas associadas à Fetranspor, com orientações para elaboração

de um inventário de emissões e para o cálculo das compensações necessárias e desejáveis.

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Figura 68: Fotos do Projeto Mangue em parceria coma Fetranspor

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103

8.2. O CARTÃO RIOCARD ECOLÓGICO

Figura 69: Proposta para o cartão RioCard Ecológico

A ideia de compartilhamento da responsabilidade dos níveis de emissão com a sociedade, por meio dos

usuários do transporte público deu origem às medidas propostas a seguir.

A Fetranspor entende que, após ter realizado e implementado todos os Programas necessários à

redução, por si mesma, dos níveis de emissão de gases poluentes pelo setor que representa, terá

legitimidade para convidar a sociedade consciente a participar do processo de anulação dos gases de

efeito estufa.

Sabemos que os ônibus existem para garantir o direito de ir e vir dos cidadãos. A necessidade constante

de deslocamentos diários impõe ao usuário um papel de co-responsabilidade com as emissões totais de

gases. O usuário consciente pode ajudar a neutralizar essas emissões optando pelo vale-transporte

RioCard Ecológico. Com isso, participará diretamente do Programa de Compensação Ambiental da

Fetranspor, através do plantio de árvores.

Existem pelo menos três formas de se compartilhar os custos da compensação ambiental com o usuário

final do transporte coletivo público. A primeira é através do reflorestamento de áreas degradadas e a

fixação de CO2 pela plantas ao longo do seu crescimento. O custo destes reflorestamentos poderia ser

compartilhado, voluntariamente, pelos usuários do transporte que desejarem contribuir para a

compensação ambiental de emissões geradas pelo seu translado físico através de um veículo

motorizado.

Uma segunda opção seria através da aquisição de créditos de carbono no mercado internacional (CRE),

os quais, por si só, sinalizam a redução de gases do efeito estufa na atmosfera. Os custos associados à

compra destes créditos certificados pela ONU poderiam ser repartidos com usuários de transporte

interessados em participar do processo.

Page 104: Programa Ambiental Fetranspor

104

A última opção analisada relaciona-se, também, à compra de créditos de carbono no mercado paralelo

(Mercado Voluntário), no qual empresas que têm promovido, ou poderiam promover, a redução de gases

de efeito estufa, não possuem a certificação da ONU de seus créditos apenas por questões burocráticas e

de prazos. Existem entidades internacionais capazes de avaliar a validade dos créditos de carbono não

certificados pela ONU. Estes créditos vêm sendo comercializados no mercado internacional e possuem

boa credibilidade e preço menor de aquisição, quando comparados ao mercado oficial de créditos

certificados.

Para se estimar o sobre-custo de uma viagem de ônibus, considerando a compensação ambiental dos

gases de efeito estufa deste serviço para um passageiro em uma viagem convencional na Região

Metropolitana do Rio de Janeiro, foram utilizados dados da Chicago Climate Exchange (CCX) e da

European Chicago Exchange (ECX). A Bolsa do Clima de Chicago é um projeto piloto sediado em

Chicago nos EUA, que estabelece um mercado voluntário de redução de emissão de CO2, principalmente

para empresas norte-americanas e canadenses membros. Tal bolsa não tem o objetivo de se

compatibilizar com as regras do Protocolo de Kyoto. Considerando um valor médio de U$ 5,00 o preço da

tonelada de CO2, o custo estimado para o passageiro seria de apenas R$ 0,008 por viagem, que

equivaleria ao custo das emissões de CO2 compensados através da aquisição de créditos de carbono no

mercado voluntário internacional.

Em relação ao reflorestamento de áreas degradadas, o custo estaria em torno de R$ 0,011 por viagem

realizada, tomando como base o custo médio de R$ 7,00 por muda plantada.

Já no referente ao mercado de carbono, foi utilizada como base a European Chicago Exchange (ECX),

criada pela Chicago Climate Exchange (CCX) e pela International Petroleum Exchange (IPE). A European

Climate Exchange (ECX) é o principal mercado de negociação para o dióxido de carbono (CO2) na Europa

e a nível internacional. Atualmente, comercializa dois tipos de créditos de carbono: subsídios da União

Européia (EUAs) e Reduções Certificadas de Emissões (RCE). A bolsa de futuros ECX/IPE tem como alvo

países membros da União Européia e tende a agregar as vantagens comparativas que um Exchange

oferece: maior liquidez, transparência de preço e redução do risco envolvido na transação para as

partes. Desse modo, se levado em consideração o valor de € 12,00 a tonelada de CO2 o custo

sobressalente por viagem realizada seria de R$ 0,029 através de projetos certificados pela ONU.

A Fetranspor pretende lançar campanha de conscientização capaz de promover a participação da

sociedade civil na luta pela diminuição do aquecimento global provocada pela intensificação do efeito

estufa. A meta inicial da Fetranspor, com o uso do RioCard Ecológico é poder neutralizar cerca de 32 mil

toneladas de CO2 por ano, o que seria equivalente à neutralização da emissão de CO2 de 2% da frota

total do Estado. Estes recursos poderão ser direcionados para o reflorestamento de outras 53 mil árvores

por ano.

Page 105: Programa Ambiental Fetranspor

105

9. CONCLUSÕES, RESULTADOS E RECONHECIMENTO

O comprometimento da Fetranspor com a população do Estado do Rio de Janeiro pode ser traduzido em

sua missão de desenvolver o transporte para a melhoria da mobilidade e qualidade de vida das pessoas,

aliado sempre ao desenvolvimento sustentável do setor.

Seu Programa Ambiental está estruturado para atuar nas áreas de eficiência energética do setor, gestão

ambiental empresarial, educação ambiental, inovação tecnológica do controle de emissões, redução dos

níveis de emissão de material particulado (poluente local), utilização de combustíveis alternativos, em

especial os renováveis (biodiesel), compensação, redução e anulação dos gases de efeito estufa gerados

pelas operações do transporte público de passageiros por ônibus no Estado do Rio de Janeiro.

A Fetranspor, ciente de suas responsabilidades com a população do Estado do Rio de Janeiro, é pioneira

na implantação de projetos de que contribuam para a qualidade de vida das pessoas, seja através de

programas de melhoria da qualidade do ar, ou mesmo pela mobilidade sustentável e eficiente do setor.

Tais benefícios podem ser comprovados desde 1997, com o início das atividades do Programa

EconomizAR, o qual já deixou de emitir para a atmosfera 1,3 milhões de toneladas de CO2 e deixou de

queimar cerca 478 milhões de litros de óleo diesel. Estes números são equivalentes à 2 milhões de

árvores plantadas.

Os bons resultados da Fetranspor na implementação de seu Programa Ambiental também vem sendo

reconhecidos por diversas instituições de respaldo nacional através de prêmios de destaque na área

ambiental, desenvolvimento sustentável e responsabilidade social, são eles:

Prêmio Instituto Biosfera (2006)

O Instituto Ambiental BIOSFERA é uma organização não-governamental sem fins lucrativos, criada em

dezembro de 1989, com sede no Rio de Janeiro. A entidade tem como objetivo a realização de ações,

iniciativas e esforços direcionados à proteção e valorização do meio ambiente, à melhoria da qualidade

de vida da população, e à promoção das boas práticas de desenvolvimento sustentável e da

responsabilidade social no Brasil.

A Fetranspor, em 2006, recebeu o Diploma de Destaque Nacional em Meio Ambiente, Desenvolvimento

Sustentável e Responsabilidade Social pelas suas contribuições em projetos, ações e iniciativas que

beneficiaram a qualidade de vida da população.

Page 106: Programa Ambiental Fetranspor

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Figura 70: Diploma de reconhecimento do Instituto Ambiental Biosfera

Prêmio ADVB Top Marketing (2007)

A Associação dos Dirigentes de Vendas e Marketing no Brasil (ADVB) é uma entidade sem fins lucrativos,

que têm como objetivo principal promover atividades que estimulem o marketing brasileiro. A

organização identifica e reconhece os melhores profissionais, cases e empresas dos mais diversos

segmentos das atividades econômicas e sociais do Brasil, através de eventos e atividades, que

atualizam, qualificam e aperfeiçoam as áreas de Marketing, Vendas, Comunicação e Gestão Empresarial.

A Fetranspor foi contemplada com o Prêmio Top de Marketing de 2007, pelo seu Programa Ambiental em

um evento realizado no Clube Monte Líbano.

Page 107: Programa Ambiental Fetranspor

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Figura 71: Evento de premiação da ADVB – Top Marketing

I Prêmio Época de Mudanças Climáticas (2008)

A revista ÉPOCA e a consultoria PriceWaterhouseCoopers promoveram, em 2008, o I Prêmio Época de

Mudanças Climáticas e homenagearam as empresas com as políticas ambientais mais avançadas para

reduzir emissões de gases de efeito estufa.

A Fetranspor foi eleita uma das 22 empresas/instituições cujos esforços para combater as mudanças

climáticas foram reconhecidos pelo I Prêmio Época de Mudanças Climáticas (2008), promovido pela

Revista Época, com a colaboração técnica da empresa de consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC). O

Prêmio reconhece o trabalho de algumas empresas e organizações brasileiras para mensurar os gases

poluentes por elas emitidos que possam contribuir para o aquecimento global, assim como de busca de

aumento de eficiência energética e contribuição à preservação do clima no planeta.

Page 108: Programa Ambiental Fetranspor

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O Programa Ambiental Fetranspor, lançado em 2007, foi destaque do prêmio e se tornou um dos mais

expressivos exemplos de responsabilidade ambiental no setor de transportes do Brasil, por unir esforços

do setor público na gestão compartilhada e participativa das questões ambientais do Estado do Rio de

Janeiro.

Figura 72: Prêmio Época de Mudanças Climáticas

4º Prêmio Brasil de Meio Ambiente – JB Online (2009)

O Prêmio é uma iniciativa da Companhia Brasileira de Multimídia (CBM), através de seus veículos: Jornal

do Brasil, JB Ecológico e JB Online. A premiação é capitaneada pela JB Ecológico, a mais importante

publicação na grande mídia impressa nacional voltada exclusivamente para a questão sócio-ambiental e

o desenvolvimento sustentável.

Page 109: Programa Ambiental Fetranspor

109

O case Selo Verde foi escolhido devido à sua importante contribuição na melhoria da qualidade do ar e

manutenção do meio ambiente e a cerimônia de premiação foi realizada no Jockey Club do Rio de

Janeiro. O prêmio foi prestigiado coma presença do Ministro de Meio Ambiente Carlos Minc, do

Presidente Executivo da Fetranspor, Lélis Teixeira, e do Secretário de Transportes do Rio de Janeiro,

Júlio Lopes.

Figura 73: Prêmio JB Online – 4º Prêmio Brasil de Meio Ambiente

Premio ADVB Top Social (2009)

O prêmio tem o objetivo de reconhecer organizações que tenham visão quanto à importância do

desenvolvimento humano e social, ambiental e cultural do país.

O Projeto Selo Verde foi vencedor na categoria meio ambiente em função da preocupação da Fetranspor

com a fumaça preta produzida pela queima de óleo diesel e suas consequências na saúde humana. A

cerimônia de reconhecimento e premiação foi sediada na Casa França-Brasil no Rio de Janeiro e contou

com as presenças do Ministro das Cidades, Márcio Fortes de Almeida, do empresário Eike Batista e do

Secretário de Transportes do Rio de Janeiro, Júlio Lopes.

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110

Figura 74: Evento de premiação da ADVB

A Fetranspor pretende ser reconhecida e respeitada como um dos principais propulsores da mobilidade

das pessoas, do desenvolvimento sustentável do setor e da qualidade de vida da população do Rio de

Page 111: Programa Ambiental Fetranspor

111

Janeiro e tornar o seu Programa Ambiental uma referência para os demais setores produtivos e de

serviços para a comunidade fluminense.

Page 112: Programa Ambiental Fetranspor

112

10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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