professores de retÓrica e poÉtica do colÉgio … · como exemplos dessa conjuntura podemos...

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa Universidade Federal da Paraíba 15 a 18 de agosto de 2017 ISSN 2236-1855 4753 PROFESSORES DE RETÓRICA E POÉTICA DO COLÉGIO PEDRO II (1844-1889): TRAJETÓRIAS E ASPECTOS IDENTITÁRIOS Jefferson da Costa Soares Introdução Em abril de 2016, o Colégio Pedro II, primeira instituição brasileira de ensino secundário, criada em 1837, referência para outras instituições e mantida pelo governo federal até os dias atuais, abriu inscrições para um curso de extensão em Retórica, tanto para os seus alunos, como para interessados de outras instituições. Intitulado “Retórica e a Arte de Convencer” e com duração entre 6 a 7 meses, trata-se de um curso ministrado por professores de Língua Portuguesa e de Filosofia e que se propõe a “disponibilizar os instrumentos para o consenso”, os meios para o acordo entre interlocutores, os conceitos que permitem converter ânimos exaltados por polêmicas acirradas em “espíritos de aguda capacidade analítica”. A Retórica, na condição de arte, não fornece tão somente os meios cognitivos para se lidar de forma apurada com a linguagem, mas também convida para a construção imaginária de cenários em que os indivíduos são obrigados a assumir a perspectiva do outro, mesmo que sejam para prever as suas reações. Essa iniciativa nos chamou a atenção na medida em que parece resgatar certo protagonismo do Colégio Pedro II sobre o ensino da Retórica, como matéria 1 escolar, no Brasil do século XIX. Entretanto, o pioneirismo no ensino de Retórica no Brasil não cabe ao Colégio Pedro II, e sim aos Jesuítas. A Retórica chega ao Brasil pela força que tinha em toda Europa Católica, trazida pelos Jesuítas que a difundiram largamente em toda a América Espanhola e Portuguesa. Persistiu, inclusive, por fazer parte do Currículo de Humanidades do Colégio das Artes e da Universidade de Coimbra, por cujas cadeiras passaram a grande maioria dos membros da elite política e intelectual do Brasil até o século XIX. (CARVALHO, 1981, apud, SÁ, 2006, p. 52). Nesse sentido, para fins de organização do debate que nos propomos a desenvolver, torna-se necessário esclarecer os vários sentidos que o termo “Retórica” assumiu ao longo do 1 Goodson (1995, p.120) não utiliza o termo “Disciplina”, e sim, “Matéria Escolar”, analisando como se constituem e são definidas, pois considera o termo “Disciplina” como uma forma de conhecimento oriunda da tradição acadêmica. Para o caso das escolas primárias e secundárias, utiliza o termo “Matéria Escolar”.

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Anais Eletrônicos do IX Congresso Brasileiro de História da Educação João Pessoa – Universidade Federal da Paraíba – 15 a 18 de agosto de 2017

ISSN 2236-1855 4753

PROFESSORES DE RETÓRICA E POÉTICA DO COLÉGIO PEDRO II (1844-1889): TRAJETÓRIAS E ASPECTOS IDENTITÁRIOS

Jefferson da Costa Soares

Introdução

Em abril de 2016, o Colégio Pedro II, primeira instituição brasileira de ensino

secundário, criada em 1837, referência para outras instituições e mantida pelo governo

federal até os dias atuais, abriu inscrições para um curso de extensão em Retórica, tanto para

os seus alunos, como para interessados de outras instituições.

Intitulado “Retórica e a Arte de Convencer” e com duração entre 6 a 7 meses, trata-se

de um curso ministrado por professores de Língua Portuguesa e de Filosofia e que se propõe

a “disponibilizar os instrumentos para o consenso”, os meios para o acordo entre

interlocutores, os conceitos que permitem converter ânimos exaltados por polêmicas

acirradas em “espíritos de aguda capacidade analítica”. A Retórica, na condição de arte, não

fornece tão somente os meios cognitivos para se lidar de forma apurada com a linguagem,

mas também convida para a construção imaginária de cenários em que os indivíduos são

obrigados a assumir a perspectiva do outro, mesmo que sejam para prever as suas reações.

Essa iniciativa nos chamou a atenção na medida em que parece resgatar certo

protagonismo do Colégio Pedro II sobre o ensino da Retórica, como matéria1 escolar, no

Brasil do século XIX. Entretanto, o pioneirismo no ensino de Retórica no Brasil não cabe ao

Colégio Pedro II, e sim aos Jesuítas. A Retórica chega ao Brasil pela força que tinha em toda

Europa Católica, trazida pelos Jesuítas que a difundiram largamente em toda a América

Espanhola e Portuguesa. Persistiu, inclusive, por fazer parte do Currículo de Humanidades

do Colégio das Artes e da Universidade de Coimbra, por cujas cadeiras passaram a grande

maioria dos membros da elite política e intelectual do Brasil até o século XIX. (CARVALHO,

1981, apud, SÁ, 2006, p. 52).

Nesse sentido, para fins de organização do debate que nos propomos a desenvolver,

torna-se necessário esclarecer os vários sentidos que o termo “Retórica” assumiu ao longo do

1 Goodson (1995, p.120) não utiliza o termo “Disciplina”, e sim, “Matéria Escolar”, analisando como se constituem e são definidas, pois considera o termo “Disciplina” como uma forma de conhecimento oriunda da tradição acadêmica. Para o caso das escolas primárias e secundárias, utiliza o termo “Matéria Escolar”.

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tempo. Dominichi Miranda de Sá nos auxilia nesse desafio ao afirmar que “é como discurso,

ou melhor, como um estruturante do discurso, que a retórica precisa começar a ser

entendida”. No seu sentido mais antigo é a “arte dos discursos”, “arte de bem dizer”, “arte de

convencer” de obter, por intermédio de argumentos lógicos, a adesão do auditório à tese que

lhe é proposta. (PERELMAN, 1952 1977, 1987, apud SÁ, 2006, p.50).

Na Grécia Antiga constituía a forma política de falar. Os atenienses conduziam os

assuntos públicos pela fala, pela persuasão, o que tornava a Retórica um fundamento da

democracia grega, pois dispensava o uso da força e da violência. Era o meio pelo qual os

homens chegavam ao consenso. A Retórica pressupunha também o orgulho e a glória de se

apresentar em público, de ser visto e ouvido pelos demais (SÁ, 2006, p.51).

É por esse motivo que justificamos este trabalho. Não apenas pela ausência de

pesquisas sobre a matéria e sobre os professores de Retórica em períodos recuados; mas pela

importância que a conversação culta assumiu entre os intelectuais brasileiros oitocentistas,

dadas as suas raízes no Iluminismo; e pelo fato de, conforme Sá (p.55), os elementos centrais

da Retórica – eloquência e multiplicidade de saberes – terem sido totalmente renegados no

século XIX com a especialização intelectual. Para a autora, esses elementos marcam o início

de uma transição rápida: de um modelo vertical de circulação do saber entre mestres e

discípulos, e cuja linguagem em comum era a Retórica, para um modelo horizontal de

produção de conhecimento. O saber passa a ser produzido em espaços fechados e seletivos

segundo a lógica das especializações disciplinares (GEMELLI, 1997, apud Sá, 2006).

Podemos considerar o Colégio Pedro II um desses espaços, daí a necessidade e importância

de pesquisar a disciplina e seus professores.

Este trabalho tem origem na pesquisa em andamento, coordenada por Ana Waleska

Mendonça, sobre a constituição do magistério público secundário no Brasil e que adota como

recorte institucional o Colégio Pedro II. O objetivo é analisar aspectos relacionados à

construção da identidade profissional dos professores de Retórica e Poética que atuaram

entre 1844 e 1889, na instituição pioneira de ensino secundário no Brasil, modelar para

outras instituições no período investigado e que permanece mantida pelo governo federal nos

dias atuais. Busca-se estabelecer uma caracterização geral desses professores, as formas de

inserção no Colégio; as categorias nas quais se enquadravam; as trajetórias internas no

Colégio, inclusive o tempo de docência na instituição; a formação acadêmica; a experiência

docente anterior; as outras instituições educacionais e culturais em que atuavam, a forma

como concebiam a disciplina, dentre outros aspectos. As principais referências teóricas são os

trabalhos de dois sociólogos franceses que se debruçaram sobre o processo de construção da

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identidade profissional docente, a saber: François Dubet (2002) e Claude Dubar (1997). As

fontes analisadas e que se mostraram mais relevantes foram os regulamentos e decretos

relativos às reformas educacionais e às mudanças internas do Colégio Pedro II; obras

didáticas e literárias elaboradas pelos docentes, algumas adotadas pelo Colégio Pedro II;

anuários; trabalhos acadêmicos sobre os professores investigados; dentre outros. Parte

considerável desses documentos está disponível no Núcleo de Documentação e Memória do

Colégio Pedro II (NUDOM/CPII) e no Portal da Câmara dos Deputados2.

A Retórica nos Programas do Ensino Secundário

Antes da análise preliminar do perfil e da trajetória profissional dos professores, cabe

observar que a Retórica, como matéria escolar, sofreu modificações pelas várias reformas

educacionais implementadas no período investigado. São mudanças que, para além de

alterações nos conteúdos dos programas, vincularam a Retória a outras matérias, alterando a

sua nomenclatura.

Como exemplos dessa conjuntura podemos mencionar, através do livro de programas

organizado por Vechia e Lorenz (1998), que em 1850, a matéria chamava-se “Retórica” e era

ensinada nos 6° e 7° anos do ensino secundário, naquela época dividido em 7 anos letivos.

Cabe ressaltar que apesar do nome da matéria, pontos de poesia são listados nesses

programas. Concordamos com as afirmações de Razzini (2000) ao constatarmos que:

Os "pontos" de retórica e de poética eram baseados nos gêneros definidos por Aristóteles (e depois sistematizados por Quintiliano), ressaltando, de um lado, o estudo dos tropos e figuras retóricas, e de outro, a epopéia, onde foram introduzidos novos elos à tradição greco-romana, exemplificando a épica européia e já incluindo a épica brasileira. Neste período, parecia fundamental que a escola estabelecesse a ligação da poesia brasileira com a poesia greco-latina e com a poesia européia, através da aferição das regras poéticas, inserindo O Caramurú e o Uraguai como a última parte do estudo da épica ocidental, conferindo-lhes, portanto, status de igualdade com as anteriores.Os programas de retórica e poética (1850-1851) ensinam, então, que foi através das epopéias de Basílio da Gama e de Santa Rita Durão que a literatura brasileira entrou no currículo secundário, ponto de chegada do estudo da épica antiga e moderna, que havia passado pelas obras de Homero, Virgílio, Lucano, Tasso, Ariosto, Camões, Fenelon, Voltaire e Milton (RAZZINI, 2000, p.42).

Em 1855, o regulamento de 17 de fevereiro, assinado por Luís Pedreira do Couto Ferraz,

inseriu o estudo da literatura brasileira no currículo do curso secundário. Assim, na matéria

Retórica, além de regras de eloquência e composição, dadas no 6° ano, ao lado da

“composição de discursos e narrações em português”, estava previsto o ensino, no 7° ano, do

2 < http://www2.camara.leg.br>.

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“quadro da Literatura nacional”. Os programas de 1856 mantiveram o nome da matéria

(Retórica) e os anos em que era ensinada. Observamos ainda, que há a indicação de livros de

Paula Menezes nesses programas: “Lições de Litteratura” para o 6° ano e “Quadros da

Litteratura Nacional” para o 7° ano. Segundo Razzini (2000):

O currículo de retórica do sexto ano dava uma visão geral da literatura, oferecendo "exemplos dos principais escritores, oradores e poetas, antigos e modernos, e mais especialmente dos gregos, latinos e portugueses", enquanto que o professor de retórica, no sétimo ano, deveria oferecer "a seus discípulos os quadros de literatura nacional, fazendo-lhes sentir as belezas dos autores clássicos, tanto poetas, como prosadores". Além da "literatura nacional", estavam previstos exercícios de composição, no currículo do sétimo ano, a fim de treinar os alunos a "escrever elegantemente e procurando imitar os modelos indicados pelo professor" (RAZZINI, 2000. p. 45).

Já no programa de 1858, observamos a manutenção da nomenclatura “Retórica” para o

6° ano e a criação da matéria “Retórica e Poética” para o 7° ano. Entretanto, o programa do

6° ano não exclui princípios da Poética em seus pontos,. As obras didáticas indicadas no

programa do 6° ano são “Nova Rhetorica de Le Clerc”, traduzido por Paula Menezes e

“Licções Elementares de Poectiva”, por F. Freire de Carvalho. A partir do levantamento dos

programas do Colégio Pedro II, realizado por Vechia e Lorenz (1998), observamos que em

1858 passa a constar menção explícita “literatura nacional” nos programas de Retórica,

porém subordinada à língua portuguesa: “história da literatura portuguesa e nacional”,

“curso de literatura antiga e moderna, especificamente da portuguesa e brasileira”.

No programa de 1862, Retória e Poética aparecem como disciplinas separadas, a

primeira ensinada apenas no 6° ano, enquanto a segunda era ensinada no 7° ano. A obra

“Nova Retórica Brasileira”, de A. M. da Silva Pontes aparece indicada no programa de

Retórica, enquanto “Lições de Poética”, de Francisco Freire de Carvalho, foi indicada no

programa de Poética.

Por sua vez, pelo programa de 1877, observa-se que a matéria volta a se chamar

Retórica e Poética, porém ensinada aos alunos do 5° ano e o programa lista, primeiramente,

os 17 pontos de Retórica e, posteriormente, 13 pontos de Poética, totalizando 30 pontos. Para

as aulas estava prevista a indicação de um compêndio que seria aprovado pelo Governo, bem

como o “Tratado de Metrificação” pelo Visconde de Castilho; “Selecta Nacional” por F. J.

Caldas Aulete, 2ª parte, (Oratória); e “Poesias Selectas” por Midosi.

No programa do ano seguinte, 1878, consta a matéria “Retórica, Poética e Literatura

Nacional”. Trata-se de um programa extenso, em que são listados, pela ordem, 17 pontos de

Retórica, 12 de Poética e 3 de Literatura, totalizando 32 pontos. Listados os pontos de

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Poética, aparece a indicação do livro “Compêndio de Rhetórica e Poética para uso dos

alumnos do Imperial Collegio de Pedro II”, pelo Cônego Manoel da Costa Honorato. Após os

pontos de Literatura, é indicado o livro “Le Brésil Littéraire”, de Ferdinand Wolf. Essa

matéria era ensinada aos alunos do 6° ano.

O programa de 1882, de Retórica, Poética e Literatura Nacional, possui 17 pontos de

Retórica, 8 de Poética e 6 de Literatura Nacional, totalizando 31 pontos. Dois livros indicados

neste programa são de José Maria Velho da Silva: “Licções de Retórica” para Retórica e

“Postilla do Professor” para Poética. Para Literatura Nacional, foi indicado “Histoire de la

littérature brésilienne”, pelo já mencionado F. Wolf. “Licções de Retórica” foi o último

tratado de retórica adotado pelo Colégio Pedro II no século XIX. Nele, Velho da Silva fez

muitas considerações sobre o romance, gênero relativamente novo no Brasil. As suas “Licções

de Retórica” substituíram o tratado de Honorato de 1882, três anos após o autor ter

assumido a disciplina de “Retórica, Poética e Literatura Nacional” no imperial

estabelecimento de ensino. Assim como aquele que o antecedera na disciplina, considerava o

romance um gênero secundário em prosa, que se assemelhava às cartas, uma vez que ambos

tratavam de “fatos moraes menos importantes e menos elevados”. Enquanto estas últimas

expressavam os sentimentos da vida privada ocorridos dia-a-dia, os romances, contos e

novelas, alegava o autor, narravam as aventuras e paixões imaginárias.

Cabe ressaltar que em 1881, com a reforma do Ministro Barão Homem de Melo,

ocorreu um aumento nas horas de aula de literatura, que passou a ser chamada, por fim, de

“Portuguez e Historia Literaria”, lecionadas como disciplinas separadas e com ênfase dada

ao estudo da língua, mas foi a partir de 1892 que se deu algo mais significativo: a supressão

das disciplinas de Retórica e Poética e a sua substituição pela “História da Literatura

Nacional”. A justificativa para isso encontra-se não só na eliminação das disciplinas de

Retórica e Poética dos “Exames Preparatórios”, mas também no próprio período histórico de

declínio do Império e o início da República, em que a extinção das disciplinas acima citadas,

refletia o destaque dado ao cientificismo positivista na esfera da educação. Esse processo

culmina numa perda para o corpo discente, pois enquanto os antigos estudos de Retórica e

Poética levavam o aluno a produzir textos e expô-los, o estudo da História da Literatura

capacitou-os apenas para reproduzir os conhecimentos transmitidos pelos professores. Tal

fato pode ter contribuído negativamente para a formação de um leitor potencialmente mais

crítico e consciente; além do estabelecimento de uma relação mais substancial entre leitor e

texto literário, mesmo num colégio considerado padrão, referência para as outras instituições

de ensino secundário. Diante da implementação de uma “nova” disciplina na grade

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curricular, novos desafios são colocados, como a necessidade de material didático, por

exemplo. Essa demanda foi resolvida, em parte, pela produção dos próprios professores do

Colégio Pedro II, que tiveram a chance de projetar-se intelectualmente através da execução

desse material.

Diante do número de programas encontrados e da extensão dos mesmos, bem como

dos limites deste trabalho, deixaremos uma análise mais detalhada dos mesmos, bem como

dos processos de didatização para outra oportunidade. Concentraremos nossa atenção aos

professores, objeto de nossa pesquisa, alguns já mencionados quando abordamos as

indicações de manuais nos programas. A proposta original deste trabalho foi, conforme o

título, investigar os professores de Retórica que atuaram entre 1844 e 1889, porém, com o

andamento da pesquisa, percebemos que este recorte excluía apenas dois professores,

decidimos, então, acrescentá-los à relação de professores investigados, recuando o recorte

inicial para 1840.

Os Professores de Retórica

Levantamos uma extensa e diversificada bibliografia sobre o Colégio Pedro II, referente

ao recorte deste trabalho. Essa bibliografia é, em geral, de caráter memorialístico e

acadêmico, produzida por ex-professores ou ex-alunos do Colégio, que apesar de tenderem a

uma monumentalização do papel da instituição no processo de formação das elites imperiais,

contribuiu para identificação dos professores. Na investigação sobre o magistério público

secundário, que tem como recorte institucional o Colégio Pedro II, identificamos 14

professores de Retórica, que ocuparam a cadeira efetiva, interinamente ou ainda, como

substitutos. São eles:

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QUADRO 1 PROFESSORES DE RETÓRICA DO COLÉGIO PEDRO II ENTRE 1840 E 1889

# NOME NOMEAÇÃO CADEIRA

1 Tiburcio Antonio Craveiros 1840 Professor de Latinidade e de Retórica e Poética

2 Santiago Nunes Ribeiro 1842 Professor Catedrático de Filosofia e Retórica

3 Francisco de Paula Menezes 1847 Professor Catedrático de Filosofia e Retórica

4 Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro 1857 Professor Catedrático de Retórica e Poética

5 Padre Felix Maria de Freitas

Albuquerque 1859 Professor Catedrático de Religião

6 José Manoel Garcia 1870 Professor Catedrático de Português

7 Manoel da Costa Honorato 1876 Substituto de Retórica, Poética e Literatura

Nacional

8 Antonio Mendes Limoeiro 1876 Substituto Interino de Retórica e Literatura

9 Franklin Americo de Menezes Dória 1878 Professor Catedrático de Retórica e Poética

10 José Maria Velho da Silva 1878 Professor Catedrático de Retórica e Poética

11 Ernesto de Souza e Oliveira Coutinho 1881 Substituto Interino de Retórica e Literatura

12 Alfredo Augusto Gomes 1884 Substituto Interino de Retórica, Poética e Literatura

Nacional

13 Julio Ribeiro 1889 Sem Categoria - Retórica e Literatura Nacional

14 Carlos Ferreira França 1890 Professor Catedrático de Literatura

Fonte: Núcleo de Documentação e Memória do Colégio Pedro II – NUDOM/CPII.

O Anuário de Número XV do Colégio Pedro II serviu de base para a montagem do

quadro acima, complementado com outras fontes. É importante ressaltar que o Anuário

classifica todos os professores do quadro efetivo do Colégio como Catedráticos, mesmo antes

dessa categoria existir do ponto de vista legal. Nesse sentido, os redatores do Anuário

cometeram um tipo de anacronismo, ou seja, um erro considerado grave em História e que

consiste na utilização indiscriminada de conceitos de uma época para a análise dos fatos de

um outro tempo. O Anuário de Número XV apresenta uma listagem dos professores do

quadro efetivo desde 1838, primeiro ano de funcionamento do Colégio, até 1950 e considera

como “Catedráticos” os primeiros professores nomeados, sendo que esta categoria foi criada

posteriormente a esse contexto histórico3.

De posse dos nomes dos professores de Retórica, procuramos levantar o maior número

possível de dados a respeito deles, no sentido de caracterizar as suas trajetórias profissionais,

interna e externamente ao Colégio Pedro II. Mesmo utilizando dicionários, sites de busca ou

a Hemeroteca Digital, no caso de alguns desses professores, encontramos poucas

3 Segundo Massunaga (1989, p.98), os “Catedráticos” surgem com a Reforma Maximiliano em 1915 para regência efetiva das cadeiras. Anteriormente, de 1890 a 1910, o corpo docente era formado por “Lentes” e “Professores”, sendo o último termo aplicado aos professores de ginástica, desenho e música.

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informações. Os dados foram cruzados de forma a identificar não apenas aquilo que

aproxima os professores, mas também suas particularidades.

Os 3 primeiros professores, nomeados até 1847 para ocupar tais cargos, conforme o

artigo 12 do capítulo IV do Estatuto de 1838, foram selecionados pelo Ministro do Império.

É importante ressaltar que alguns dos professores mencionados não foram

necessariamente contratados para lecionar retórica. O primeiro professor da lista, Tiburcio

Antonio Craveiro, por exemplo, consta como catedrático de Latim no Anuário XV, nomeado

em 1840. Assim, torna-se necessário pontuar que alguns dos professores transitaram por

outras matérias. Tais matérias, de acordo com o contexto histórico das reformas

educacionais, se relacionavam com a Retórica. Esse é o caso do Português, da Religião, mas

alguns dos professores listados lecionaram disciplinas que na estabeleciam um vínculo mais

direto com a Retórica. Ernesto de Souza e Oliveira Coutinho, por exemplo, lecionou História.

Verificamos a partir de pequenas biografias que buscamos construir sobre cada

professor, no sentido de organizar os dados que obtivemos através das fontes, que desses 14

professores, 3 eram estrangeiros que nasceram em Portugal4 e no Chile5. Identificamos o

local de nascimento de outros 9 professores e constatamos que 3 nasceram em Estados do

Nordeste6. Outros 2 professores nasceram no Estado de Minas Gerais7. Nasceram no Estado

do Rio de Janeiro 4 professores8. Não conseguimos identificar o local de nascimento de 2

professores9.

Na análise dos perfis desses professores percebemos outras similaridades e

constatamos que 2 desses professores eram também Historiadores10. Outro dado observado

diz respeito ao fato de 6 professores de Retórica terem sido diretores, colaboradores,

fundadores e redatores de periódicos importantes daquela época11. Esse mesmo número

corresponde aos que eram sócios, membros ou que desempenharam algum trabalho no

4 Tiburcio Antonio Craveiro e o Padre Felix Maria de Freitas Albuquerque. 5 Santiago Nunes Ribeiro. 6 Jose Manoel Garcia (Maranhão), Franklin Américo de Menezes Dória (Bahia) e Manoel da Costa Honorato

(Pernambuco). 7 Ernesto de Souza e Oliveira Coutinho e Julio Ribeiro. 8 Francisco de Paula Menezes, Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro, José Maria Velho da Silva, Alfredo Augusto

Gomes. 9 Antonio Mendes Limoeiro e Carlos Ferreira França. 10 Tiburcio Antonio Craveiro, Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro. 11 Tiburcio Antonio Craveiro (O Panorama, de Lisboa); Santiago Nunes Ribeiro (Minerva Brasiliense); Francisco

de Paula Menezes (Revista Brasileira); Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro (Revista Guanabara e Revista Popular); Antonio Mendes Limoeiro (Revista Acadêmica) e Ernesto de Souza e Oliveira Coutinho (Minerva Brasiliense, Íris, Correio Mercantil, Diário do Rio de Janeiro, Jornal do Commércio, Illustração Brasileira).

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Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB)12. Pelo Conservatório Dramático do Rio de

Janeiro passaram 3 professores13, enquanto 2 professores passaram pela Academia Brasileira

de Letras (ABL)14. Passaram pela Escola Normal da Côrte ou de Niterói 4 professores15.

Portanto, a passagem desses professores por outras instituições é marcante.

Eram médicos 4 professores16, enquanto outros 4 eram religiosos (cônegos e padres)17.

Os formados em Ciências Jurídicas eram, pelo menos, 2 professores18. Enveredaram pela

carreira política (como Deputado, Presidente da Câmara, Ministro) 2 professores19.

Encontramos ainda, indícios de que 3 professores passaram por comissões de vários tipos20.

Apenas 2 desses professores chegaram aos cargos de Reitor ou Vice-Reitor (interino ou

efetivo) de alguma das Seções21 do Colégio Pedro II22. Receberam condecorações 2

professores23. Apenas 1 professor possuía título de nobreza24.

Outra característica marcante deste grupo de professores é a publicação de obras

científicas, didáticas ou literárias. Nesse sentido, dos 14 professores de Retórica identificados,

não encontramos indícios de publicações de apenas 2 professores25, o que nos permitiu

inferir, em linhas gerais, que são donos de intensa produção intelectual, pois além de

fundadores de jornais e periódicos, de escreverem nos mesmos, publicaram compêndios e

obras literárias.

Com relação às funções que esses professores desempenhavam no Colégio, estas não

estavam vinculadas apenas às práticas em sala de aula, pois participavam das bancas de

seleção dos novos alunos, faziam traduções de manuais didáticos estrangeiros e opinavam

acerca dos rumos da instituição.

Encontramos ainda, dados que revelam curiosidades, particularidades e especificidades

dos professores de Retórica. Tiburcio Antonio Craveiro, por exemplo, ficou conhecido pela

morbidez da sua poesia e por seu gosto pelo horror e magia negra. Por trás da aparência

12 Tiburcio Antonio Craveiro, Santiago Nunes Ribeiro, Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro, Franklin Americo de Menezes Dória, Manoel da Costa Honorato e José Maria Velho da Silva.

13 Santiago Nunes Ribeiro, Francisco de Paula Menezes e Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro. 14 Franklin Americo de Menezes Dória e Julio Ribeiro. 15 Alfredo Augusto Gomes, Jose Manoel Garcia, Carlos ferreira França, Ernesto de Souza e Oliveira Coutinho. 16 Francisco de Paula Menezes, Antonio Mendes Limoeiro, Ernesto de Souza e Oliveira Coutinho, Alfredo Augusto

Gomes. 17 Jose Manoel Garcia*, Joaquim Caetano Fernandes Pinheiro, Manoel da Costa Honorato, Felix Maria de Freitas

Albuquerque. 18 Franklin Americo de Menezes Dória e Manoel da Costa Honorato. 19 Franklin Americo de Menezes Dória, Ernesto de Souza e Oliveira Coutinho. 20 Jose Manoel Garcia, Antonio Mendes Limoeiro, Carlos Ferreira França. 21 Em 1857, o Colégio foi dividido em duas seções: Internato e Externato. 22 Jose Manoel Garcia, Felix Maria de Freitas Albuquerque. 23 Ernesto de Souza e Oliveira Coutinho, Franklin Americo de Menezes Dória. 24 Franklin Americo de Menezes Dória (Barão de Loreto). 25 Carlos Ferreira França, Felix Maria de Freitas Albuquerque.

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respeitável de um professor do Colégio Pedro II, se dissimulava uma vida de

bizarrices. Segundo os relatos da época, sua casa era decorada com aparelhos de tortura,

múmias e gravuras macabras. A iluminação era garantida por velas pretas e vermelhas. As

paredes seriam salpicadas de sangue e a sua mesa de trabalho, uma lousa de mármore negro,

roubada da sepultura de uma donzela.

Outro dado interessante diz respeito a Ernesto de Souza e Oliveira Coutinho, que foi

também bibliotecário da escola politécnica. Coutinho foi exonerado do cargo de substituto

interino de Retórica, Poética e Literatura Nacional, porque o Governo Imperial, em

conformidade com o disposto no Decreto n° 9031 de 3 de outubro de 1883, julgou

incompatíveis os cargos que cumulativamente exercia. Parece que já falamos de uma época

na qual o Governo toma medidas para garantir que o magistério se torne a atividade principal

dos professores e evitar o acúmulo de cargos. Cabe lembrar que nos primeiros anos após a

criação do Colégio, muitos professores tiveram passagem curta, pois optaram por seguir

carreira política e diplomática, uma vez que o magistério era exercido como uma atividade

complementar.

Estamos falando também, de intelectuais que contribuíram para o desenvolvimento dos

campos nos quais atuavam. Marins (2011), por exemplo, aborda contribuições de Júlio

Ribeiro para os estudos gramaticais. Segundo o autor, Julio Ribeiro teria inaugurado o modo

de encarar os fatos gramaticais como método de investigação científica, modernizando os

estudos dessa área, partindo do exame objetivo e imparcial da realidade idiomática,

afastando as orientações do ensino de nossa língua materna da gramática filosófica. Para isso

buscou os novos procedimentos adotados pelos estudiosos alemães, ingleses e franceses,

tendo deveras, como autor de uma gramática, um lugar de responsabilidade como intelectual

e uma posição de autoridade em relação à singularidade da língua portuguesa no Brasil.

Os dados obtidos com relação aos professores de Retórica serão cruzados com os

professores das demais matérias do Colégio Pedro II, que atuaram no mesmo recorte

temporal e analisado a partir de referenciais teóricos do campo da história da educação e da

sociologia das profissões, principalmente os sociólogos franceses Claude Dubar (1997) e

François Dubet (2002).

Se nos propomos a investigar a construção da identidade dos professores do Colégio

Pedro II, Dubar (1997) se mostra um referencial importante na medida em que destaca a

importância do outro em sua definição de ‘identidade’. Para o autor, são inseparáveis a

‘identidade para si’ e ‘identidade para o outro’, assim, um professor secundário do Colégio

Pedro II só saberia quem é através do olhar de outro. Porém, isso pode provocar incertezas,

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pois um professor do colégio constrói e reconstrói sua identidade na impressão que tem sobre

o que os outros pensam sobre ele. Mas nunca se terá a certeza de que isso é a realidade.

Também é possível ao indivíduo recusar a identificação atribuída pelo outro. O tipo de

homem que se é, ou seja, a identidade para o outro, é chamada, segundo Dubar, de ‘atos de

atribuição’. Ele denomina ‘atos de pertença’ a identidade para si, isto é, o modelo de homem

que se quer ser. Entretanto, somente por meio da atividade com outros, as identificações que

o indivíduo recebe se justificarão e mostrarão seus motivos; nessas situações ele poderá

recusar ou aceitar a maneira como é identificado.

A teoria sociológica, apresentada por Dubar (1997), mostra a heterogeneidade desses

dois processos, o biográfico (identidade para si) e o relacional (identidade para outro), que

não podem ser entendidos fora do seu contexto de inserção. Os sujeitos devem ser pensados

na sua trajetória social. Revela, também, que os processos de negociação identitária são

complexos e que se dão dentro de um campo de possibilidades. Outra contribuição

importante para um estudo dos professores secundários numa instituição específica e num

período recuado, oferecida por Dubar (1997), está centrada no fato de a identidade possuir

também uma ‘dimensão geracional’. Devemos, portanto, atentar para as características das

gerações precedentes de professores, pois constituem uma referência. Cada geração

reconstrói essa identidade, ou seja, há uma historicidade. Esse é um aspecto que reforça a

necessidade não só de identificar os professores, mas de conhecer suas biografias.

Articulamos o conceito de ‘identidade’, formulado por Dubar (1997), com o conceito de

‘Programa Institucional’, elaborado por Dubet (2002). Em seu livro Le Declin de l’Institution,

sobre as profissões vinculadas à educação, à saúde e ao serviço social, esse autor postula que

essas profissões remetem ao ‘trabalho sobre o outro’, ou seja, “[...] atividades assalariadas,

profissionais e reconhecidas que visam explicitamente a transformar o outro, ou, conjunto

das atividades profissionais que participam da socialização dos indivíduos” (DUBET, 2002,

p. 17). Segundo Dubet (2002), a profissão docente é caracterizada, na sua essência, por

constituir um trabalho sobre o outro, isto é, um trabalho de mediação entre os valores e

princípios universais e os indivíduos particulares, que tem como objetivo a transformação

destes e se exerce como um ‘programa institucional’. Esse programa consubstancia-se numa

atividade de socialização orientada diretamente por valores e princípios, perseguindo a

construção de um ‘tipo ideal’. Partindo do pressuposto de que o ‘trabalho sobre o outro’, nas

suas origens, foi concebido como um ‘programa institucional’, que designa particularmente

um modo de socialização ou um tipo de ‘relação com o outro’, o autor estabelece distinções

entre a forma como se configuraram o trabalho do professor primário e o do ensino

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secundário. Dubet (2002) ressalta o fato de que mudanças nesse ‘programa institucional’

condicionam mudanças na percepção que os professores possuem do seu trabalho docente e,

consequentemente, da sua própria identidade profissional.

Considerações Finais

Finalmente, ressaltamos a dificuldade em investigar a problemática multifacetada da

identidade docente, principalmente em períodos recuados, e que ainda será necessário

continuar o movimento de reflexão iniciado no presente trabalho. Entendemos que

investigar a construção da identidade profissional, as trajetórias, bem como os esforços

empreendidos pelos professores do Colégio Pedro II no sentido de implementar

definitivamente o ensino secundário no Brasil, pode se configurar em contribuição relevante

para a História da Educação, em especial, para a História da Profissão Docente.

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