professor wilson kraemer de paula livre docente em enfermagem psiquiátrica coren sc 6925 serotonina
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PROFESSOR WILSON KRAEMER DE PAULALivre Docente em Enfermagem Psiquiátrica
COREN SC 6925
SEROTONINA
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• A Serotonina é um neurotransmissor que existe naturalmente no cérebro e, como tal, serve para conduzir a transmissão de uma célula nervosa (neurônio) para outra. A Serotonina está intimamente relacionada aos transtornos do humor, ou transtornos afetivos e a maioria dos medicamentos chamados antidepressivos agem produzindo um aumento da disponibilidade dessa substância (tornam ela mais disponível) no espaço entre um neurônio e outro.
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A 5-hidroxitriptamina ou serotonina (5-HT) é uma indolamina produto da hidroxilação e carboxilação do aminoácido L-
Triptofano na seguinte seqüência bioquímica: L-Triptofano- L-50H Triptofano - 5-OH Triptamina ou Serotonina. A Serotonina
tem um efeito inibidor da conduta juntamente com um efeito modulador geral da atividade psíquica. Assim sendo, a 5-HT
influi sobre quase todas as funções cerebrais, inibindo-a de forma direta ou estimulando o sistema GABA.
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Funções
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No Humor e Ansiedade
Para se ter uma noção da influência bioquímica sobre o estado afetivo das pessoas, basta lembrar dos efeitos da cocaína, por exemplo. Trata-se de um produto químico atuando sobre o cérebro e capaz de produzir grande sensação de alegria, ou seja, proporciona um estado emocional através de uma alteração química.
Outros produtos químicos, ou a falta deles, também podem proporcionar alterações emocionais.
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Algumas pesquisas que procuraram embasar a teoria da depressão como dependendo de baixos níveis de Serotonina, tomaram como ponto de partida o fato de uma dieta suficientemente livre de Triptofano, a ponto de produzir um pico plasmático muito baixo deste aminoácido, resultava num estado depressivo moderado (Charney).
O Triptofano, é um precursor natural da Serotonina.
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Testes realizados em pacientes gravemente deprimidos, bem como em pacientes suicidas constatam baixíssimos níveis da Serotonina no líquido espinhal dessas pessoas.
O teste Hamilton (entrevista) internacional para avaliação do grau de depressão mostra altas pontuações (sugerindo maior depressão) em pessoas com dosagem menor de triptofano.
Essas pesquisas abrem a possibilidade de se utilizar o triptofano como coadjuvante no tratamento de pacientes deprimidos, coisa que já vem sendo feita por muitos psiquiatras.
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Os Transtornos da Ansiedade, principalmente o Transtorno Obsessivo-Compulsivo e o Transtorno do Pânico, estariam relacionados à Serotonina, tanto assim que o tratamento para ambos também é realizado às custas de antidepressivos que aumentam a disponibilidade de Serotonina. Nesses estados ansioso, também a noradrenalina, um outro neurotransmissor estaria diminuído.
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MECANISMO DE AÇÃO
A ação terapêutica das drogas antidepressivas tem lugar no Sistema Límbico, o principal centro cerebral das emoções. Este efeito terapêutico é conseqüência de um aumento funcional dos neurotransmissores na fenda sináptica (espaço entre um neurônio e outro), principalmente da Norepinefrina (NE) e/ou da Serotonina (5HT) e/ou da dopamina (DO), bem como alteração no número e sensibilidade dos neuroreceptores.
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O aumento de neurotransmissores na fenda sináptica pode se dar através do bloqueio da recaptação desses neurotransmissores no neurônio pré-sináptico (neurônio anterior) ou ainda, através da inibição da Monoaminaoxidase (MAO), a enzima responsável pela inativação destes neurotransmissores. Será, portanto, os sistemas noradrenérgico, serotoninérgico e dopaminérgico do Sistema Límbico o local de ação das drogas antidepressivas empregadas na terapia dos transtornos da afetividade.
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No Sono
Os baixos níveis de Serotonina estão relacionados com alterações do sono, tão comuns em pacientes ansiosos e deprimidos. Essas alterações do sono, normalmente através da insônia, deve-se ao desequilíbrio entre a Serotonina e um outro neurotransmissor, a acetilcolina.
O tratamento com antidepressivos pode melhorar o desempenho do sono, embora em alguns casos possa haver insônia.
Outro efeito que pode ser muito útil dos antidepressivos é em relação ao tratamento de pessoas dependentes de medicamentos hipnóticos (para dormir), já que estes proporcionam um certo desequilíbrio na acetilcolina.
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A Serotonina é a mediadora responsável pelas fases III e IV do sono. Origina-se nas células da rafe bulbo-pontino com via ascendente à córtex.
A diminuição da latência da fase REM (rapid eyes moviment) do sono, indiscutível ocorrência da depressão unipolar e no transtorno obsesivo-compulsivo se deve ao desequilíbrio entre a Serotonina e acetilcolina. Os antidepressivos recaptadores de Serotonina servem para restabelecer a chamada arquitetura do sono dos pacientes depressivos, ansiosos e até dos dependentes de hipnóticos (Lehkuniec).
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Na Atividade Sexual
A Serotonina atua na diminuição da liberação de estimulantes da produção de hormônios pela hipófise, ou seja, quanto mais serotonina menos hormônio sexual. Alguns antidepressivos que aumentam a Serotonina acabam por diminuir a atividade sexual.
A Serotonina apresenta um efeito inibitório sobre a liberação hipotâlamica de gonadotrofinas com a conseqüente diminuição da resposta sexual normal. A diminuição farmacológica da 5-HT, seja diretamente através de medicamentos, ou por competitividade aminérgica, facilita a conduta sexual.
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No Apetite
A vontade de comer doces e a sensação de já estar satisfeito com o que comeu (saciedade) dependem de uma região cerebral localizada no hipotálamo.
Com taxas normais de Serotonina a pessoa sente-se satisfeita com mais facilidade e tem maior controle na vontade de comer doce.
Havendo diminuição da Serotonina, como ocorre na depressão, a pessoa pode ter uma tendência ao ganho de peso.
É por isso que medicamentos que aumentam a Serotonina estão sendo cada vez mais utilizados nas dietas para perda de peso.
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Um desses medicamentos é a fluoxetina, a qual, além de tratar a depressão, aumentando a Serotonina, também proporciona maior controle da fome (notadamente para doces).
A Serotonina é o principal mediador inibitório do núcleo hipotâlamico ventro-medial, o qual tem como uma das funções, regular a ingestão de comida e saciedade.
Este efeito hipotâlamico ventro-medial é altamente específico apenas para os hidratos de carbono, necessitando de outros co-fatores centrais e periféricos para agir sobre os outros alimentos, como as proteínas e lípides.
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Portanto, na presença de Serotonina a pessoa sacia-se mais facilmente e inibe mais facilmente a ingestão de açúcares. Assim, se por um lado a baixa de Serotonina resulta em ganho de peso, o excesso de Serotonina, por outro lado, produz anorexia (Blundell).
Os agonistas da Serotonina com ação direta sobre os receptores serotoninérgicos 5-HT1A (8-OH-DPAT) produzem hiperfagia por estímulo dos auto-receptores, diminuindo a liberação de Serotonina. Este pode ser o mecanismo responsável pela anorexia que se observa em alguns casos de depressão ou da Anorexia Nervosa (López-Mato).
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Efeitos na Temperatura Corporal
A temperatura corporal controlada que é no Sistema Nervoso Central (SNC) recebe uma influência muito grande dos níveis de Serotonina. Isso talvez possa explicar porque algumas pessoas têm febre de origem emocional, predominantmente as crianças.
A Serotonina produz um efeito duplo sobre a temperatura corporal, de acordo com o tipo de receptor estimulado. O receptor 5-HT1 produz hipotermia e o receptor 5-HT2 hipertermia. No sono de ondas lentas se produz o pico mínimo da temperatura corporal.
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Efeitos sobre a DorA Serotonina é um modulador das vias senso-perceptivas. A depressão diminui o limiar de recepção à dor e a administração de agonistas da Serotonina produz analgesia em animais de laboratório. É bem conhecido o efeito dos antidepressivos tricíclicos, especialmente de a Amitriptilina, para controle dos casos de dor psicogênica ou de outros tipos, como por exemplo, a enxaqueca e a lombalgia.
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Algumas doenças caracterizadas por dores de tratamento difícil podem ser muito beneficiadas com medicamentos que aumentam a Serotonina. É o caso, por exemplo, da enxaqueca, das lombalgias (dores nas costas) e outros quadros de dor inespecífica.
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Efeitos sobre o Ritmo circadiano e Funções NeuroendócrinasA Serotonina é um dos principais neurotransmissores do núcleo supraquiasmático hipotalamico, regulador central de todos os ritmos endógenos circadianos. Influi assim, na regulação do eixo hipotálamo-periférico. As provas específicas para avaliação destes eixos excedem o propósito desta secção.
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Efeitos Antidepressivos O efeito da Serotonina nos quadros depressivos é avaliado pela observação de respostas neuroendócrinas diminuídas mediante a administração de agonistas da transmissão serotoninérgica, por estudos de depleção de Triptofano na dieta e por diminuição dos receptores imipramínicos nas plaquetas.
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Efeitos AtipsicóticosOs antagonistas da Serotonina podem atuar como antipsicóticos, como é o caso da Ritanserina, ou como antidepressivos, como a Clorgilina, por exemplo.As principais indicações desses antagonistas são: esquizofrenia, ansiedade, enxaqueca, hipertensão arterial, trombose e alterações circulatórias. Alguns são ainda úteis na drogadição, vômitos e enjôo, arritmias cardíacas e transtornos neurovegetativos (Fuller).As características bioquímicas mais importantes da depressão psicótica são o aumento da atividade serotoninérgica e dopaminérgica, corroboradas pelo aumento do receptor A5H1A e do ácido homovanílico (AHV).
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Nos Transtornos obsessivo-compulsivos e outros quadros de ansiedade, a transmissão serotoninérgica se encontra diminuída, e isso também se relaciona com hipoglicemia e alterações dos ritmos circadianos, podendo resultar ainda em condutas impulsivas, agressivas e disfóricas (Yaryura-Tobías, Ciprian-Ollivier, Boullosa, Dominguez , Linnoila).
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REFERÊNCIASREFERÊNCIAS
Ballone GJ - Serotonina, in. PsiqWeb, Internet, disponível em <http://www.psiqweb.med.br/farmaco/tricic.html> revisto em 2003
Dicionário de Administração de Medicmaentos na Enfermagem 2003/2004: Dame. Rio de Janeiro: EPUB, 2002.
Dicionário de Especialidades Farmacêuticas: DEF 99/2000. São Paulo: JBM, 2000.
RANG, H. P. et al. Farmacologia. 5.ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003.
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As alterações serotoninérgicas qualitativas da esquizofrenia se traduzen pela produção de substâncias resultantes da metilação anormal (Bufotenina, O-Metilbufotenina e NN-Dimetiltriptamina). O aumento da produção destas substâncias, as quais em condições normais parecem atuar na função onírica, é postulado como causador das alterações patológicas da percepção nas esquizofrenias processuais, sintomáticas ou reativas (Ciprian-Ollivier).