prof. vanderlei poesia moderna mÁrio quintana 1906-94
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Prof. VanderleiPOESIA MODERNA
MÁRIO QUINTANA1906-94
Prof. VanderleiPOESIA MODERNA
Características / temas Melancolia terna
Desencanto frente à vida / morte
Imagens crepusculares > influência simbolista
Nostalgia do passado
Linguagem coloquial
Soneto
Porto Alegre > tema
Quintanares – pequenos poemas em prosa
Poesia infantil
Prof. VanderleiPOESIA MODERNA
Obras
Rua dos cataventos (sonetos – estreia)
Sapato Florido / Caderno H (quintanares)
O batalhão das letras / Pé de pílão / Lili inventa o mundo / Sapo
amarelo / Sapato furado
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O TEMPOO despertador é um objeto abjeto.
Nele mora o Tempo. O Tempo não pode viver sem nós, para não parar.E todas as manhãs nos chama freneticamente como um velho paralítico tocar
a campainha atroz.Nós
É que vamos empurrando, dia a dia, sua cadeira de rodas.Nós, os seus escravos.
Só os poetasOs amantesOs bêbadosPodem fugirPor instantes
Ao Velho... Mas que raiva impotente dá no VelhoQuando encontra crianças a brincar de roda
E não há outro jeito senão desviar delas a sua cadeira de rodas!Porque elas, simplesmente, o ignoram...
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Olho o mapa da cidadeComo quem examinasse
A anatomia de um corpo...
(E nem que fosse o meu corpo!)
Sinto uma dor infinitaDas ruas de Porto AlegreOnde jamais passarei...
Ha tanta esquina esquisita,Tanta nuança de paredes,
Ha tanta moca bonitaNas ruas que não andei
(E ha uma rua encantadaQue nem em sonhos sonhei...)
Quando eu for, um dia desses,Poeira ou folha levada
No vento da madrugada,Serei um pouco do nada
Invisível, delicioso
Que faz com que o teu arPareça mais um olhar,
Suave mistério amoroso,Cidade de meu andar
(Deste já tão longo andar!)
E talvez de meu repouso...
O MAPA
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Da vez primeira em que me assassinaram,Perdi um jeito de sorrir que eu tinha.Depois, a cada vez que me mataram,Foram levando qualquer coisa minha.
Hoje, dos meu cadáveres eu souO mais desnudo, o que não tem mais nada.
Arde um toco de Vela amarelada,Como único bem que me ficou.
Vinde! Corvos, chacais, ladrões de estrada!Pois dessa mão avaramente adunca
Não haverão de arracar a luz sagrada!
Aves da noite! Asas do horror! Voejai!Que a luz trêmula e triste como um ai,
A luz de um morto não se apaga nunca!
XVII
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MENTIRA?A mentira é a verdade que se esqueceu de acontecer
CÁ ENTRE NÓSOs clássicos escreviam tão bem porque não tinham os clássicos para atrapalhar.
BIOGRAFIAEra um grande nome – ora que dúvida! Uma verdadeira glória. Um dia adoeceu,
morreu, virou rua... E continuaram a pisar em cima dele.
CAUTELAOs fantasmas não fumam porque poderiam acabar fumando-se a si mesmos.
ESTATÍSTICADe cada dois gambás que a gente encontra, um é por que não tem mulher e ou outro é
porque tem.
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1. “Minha morte nasceu quando eu nasci.Despertou, balbuciou, cresceu comigo...
E dançamos de roda ao luar amigoNa pequenina rua em que vivi”
2. “Em um dia a morte há de ficar com espantoOs fios de vida que eu urdi, cantando,Na hora negra do seu negro manto ...”
(UCS) - Assinale a alternativa INCORRETANos fragmentos, respectivamente, dos Sonetos XIX e XXXV, de A Rua dos
Cataventos, de Mario Quintana, o eu-poético
a) faz com que a criação poética se levante como um triunfo sobre a morte.b) mostra familiaridade com a morte, não decaindo na lamúria.
c) faz da morte um contendor com o qual ele brinca a sério.d) fala da morte, porque pressente que vai morrer.
e) contempla a morte com a mesma naturalidade com que contempla outros fatos da vida.
X
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VINÍCIUS DE MORAES (1913-1980)
Prof. VanderleiPOESIA MODERNAPoesia
Características
Primeira fase(estreia: O caminho para a distância – 1933)
- Neo-simbolista
- Transcendental
- Conotações místicas
- Mundo imaterial
Segunda fase (a partir de Novos poemas – 1938 / Cinco elegias – 1943)
- Amor (várias facetas: erotismo / fidelidade / saudade...)
- Cotidiano
- Questões sociais
SONETO
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Teatro
Orfeu da conceição
As feras
Crônicas
Para viver um grande amor / Para uma Menina com uma Flor
Bossa Nova
Chega de saudade / Garota de Ipanema / Se todos fossem iguais a você
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SONETO DE FIDELIDADE
De tudo, ao meu amor serei atento Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa (me) dizer do amor (que tive): Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure
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O OPERÁRIO EM CONSTRUÇÃO“E o Diabo, levando-o a um alto monte, mostrou-lhe de tempo todos os reinos
do mundo. E disse-lhe o Diabo: Dar-te-ei todo este poder e a sua glória, porque a mim me foi entregue e dou-o a quem eu quero; portanto, se tu me adorares, tudo será teu. E Jesus, respondendo, disse-lhe: Vai-te, Satanás;
porque está escrito: adorarás o Senhor teu Deus e só a ele seguirás.” Lucas, Cap. V, versículos 5-8
Era ele que erguia casasOnde antes só havia chão.
Como um pássaro sem asasEle subia com as casas
Que lhe brotavam da mão.Mas tudo desconheciaDe sua grande missão:Não sabia por exemplo
Que a casa de um homem é um temploUm templo sem religiãoComo tampouco sabia
Que a casa que ele faziaSendo a sua liberdade
Era a sua escravidão. (…)Mas ele desconhecia
Esse fato extraordinário:Que o operário faz a coisaE a coisa faz o operário.De forma que, certo diaÀ mesa, ao cortar o pãoO operário foi tomado De uma súbita emoção
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Ao constatar assombradoQue tudo naquela mesagarrafa, prato, facão -Era ele quem os fazia
Ele, um humilde operário,Um operário em construção.
Olhou em torno: gamelaBanco, enxerga, caldeirão
Vidro, parede, janelaCasa, cidade, nação! (...)
Ah, homens de pensamentoNão sabereis nunca o quanto
Aquele humilde operárioSoube naquele momento!
Naquela casa vaziaQue ele mesmo levantaraUm mundo novo nascia
De que sequer suspeitava. (…)
E um fato novo se viuQue a todos admirava:O que o operário dizia
Outro operário escutava.E foi assim que o operárioDo edifício em construção
Que sempre dizia simComeçou a dizer não.
E aprendeu a notar coisasA que não dava atenção:Notou que seu marmita
Era o prato do patrão (…)E o operário disse Não!
E o operário fez-se forte Na sua resolução.
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Como era de se esperarAs bocas da delação
Começaram a dizer coisasAos ouvidos do patrão. (…)No dia seguinte, o operário
Ao sair da construçãoViu-se súbito cercado
Dos homens da delaçãoE sofreu, por destinadoSua primeira agressão.Teve seu rosto cuspido
Teve seu braço quebradoMas quando foi perguntadoO operário disse: Não! (…)Sentindo que a violência Não dobraria o operárioUm dia tentou o patrão
Dobrá-lo de modo vário.De sorte que o foi levando
Ao alto da construçãoE num momento de tempoMostrou-lhe toda a regiãoE apontando-a ao operárioFez-lhe esta declaração:Dar-te-ei todo esse poder
E a sua satisfaçãoPorque a mim foi entregue
E dou-a a quem bem quiser. (…)Via tudo que fazia
O lucro de seu patrãoE em cada coisa que viaMisteriosamente havia A marca de sua mão.
E o operário disse: Não!
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Receita de MulherAs muito feias que me perdoem Mas beleza é fundamental. (...)
Que é preciso que a mulher que ali está como a corola ante o pássaro Seja bela ou tenha pelo menos um rosto que lembre um templo e
Seja leve como um resto de nuvem: mas que seja uma nuvem Com olhos e nádegas. Nádegas é importantíssimo. Olhos, então Nem se fala, que olhem com certa maldade inocente. Uma boca
Fresca (nunca úmida!) e também de extrema pertinência. É preciso que as extremidades sejam magras; que uns ossos
Despontem, sobretudo a rótula no cruzar das pernas, e as pontas pélvicas No enlaçar de uma cintura semovente.
Gravíssimo é, porém, o problema das saboneteiras: uma mulher sem saboneteiras
É como um rio sem pontes Indispensável Que haja uma hipótese de barriguinha, e em seguida
A mulher se alteie em cálice, e que seus seios Sejam uma expressão greco-romana, mais que gótica ou barroca
E possam iluminar o escuro com uma capacidade mínima de 5 velas. Sobremodo pertinaz é estarem a caveira e a coluna vertebral
Levemente à mostra; e que exista um grande latifúndio dorsal! (...)
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A pele deve ser fresca nas mãos, nos braços, no dorso e na face Mas que as concavidades e reentrâncias tenham uma temperatura nunca inferior
A 37° centígrados podendo eventualmente provocar queimaduras Do 1° grau. (...)
Ah, que a mulher dê sempre a impressão de que, se se fechar os olhos Ao abri-los ela não mais estará presente
Com seu sorriso e suas tramas. Que ela surja, não venha; parta, não vá E que possua uma certa capacidade de emudecer subitamente e nos fazer beber
O fel da dúvida. (...) e que exale sempre O impossível perfume; e destile sempre
O embriagante mel; e cante sempre o inaudível canto Da sua combustão; e não deixe de ser nunca a eterna dançarina
Do efêmero; e em sua incalculável imperfeição Constitua a coisa mais bela e mais perfeita de toda a criação inumerável.
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Chega de saudadeVai, minha tristezaE diz a ela que sem ela não
pode serDiz-lhe numa preceQue ela regressePorque eu não posso mais sofrer
Chega de saudadeA realidade é que sem elaNão há paz, não há belezaÉ só tristeza e a melancoliaQue não sai de mimNão sai de mimNão sai
Mas se ela voltarSe ela voltar
Que coisa lindaQue coisa loucaPois há menos peixinhos a nadar no
marDo que os beijinhos que eu darei na
sua bocaDentro dos meus braços os abraçosHão de ser milhões de abraçosApertado assim, colado assim,
calado assim,Abraços e beijinhos e carinhos sem
ter fimQue é pra acabar com esse negócioDe você viver sem mimNão quero mais esse negócioDe você longe de mim...Vamos deixar desse negócioDe você viver sem mim...
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Garota de IpanemaOlha que coisa mais lindaMais cheia de graçaÉ ela meninaQue vem e que passaNum doce balançoA caminho do mar
Moça do corpo douradoDo sol de lpanemaO seu balançado é mais que um poemaÉ a coisa mais linda que eu já vi passar
Ah, por que estou tão sozinho?Ah, por que tudo é tão triste?Ah, a beleza que existeA beleza que não é só minhaQue também passa sozinha
Ah, se ela soubesseQue quando ela passaO mundo inteirinho se enche de graçaE fica mais lindoPor causa do amor
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(UFRGS) Considere as seguintes afirmações a respeito de Vinícius de
Moraes.
I - Nas primeiras obras líricas, entre as quais O Caminho para a Distância,
ele utiliza como tom mais forte a abstração e o misticismo; a partir de
Novos Poemas, introduz o cotidiano e a denúncia dos problemas sociais.
II - Em peças de teatro, entre as quais Orfeu da Conceição e As Feras, ele
revela a sua preocupação com os grupos sociais oprimidos e
marginalizados no Brasil.
IIl - No livro Para uma Menina com uma Flor, encontra-se um conjunto de
crônicas que ele produziu como colaborador em diversos jornais.
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CECÍLIA MEIRELES(1901-64)
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Características
Influência simbolista (musicalidade, sugestão)
Melancolia
Solidão / perda amorosa
Passagem do tempo
Fugacidade da vida
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Obras Viagem – 1939 – estreia
Romanceiro da Inconfidência – 1953:- romances (forma medieval)
- trajetória de Tiradentes / Joaquim Silvério / poetas árcades: Cláudio
Maneul da Costa – Tomás Antônio Gonzaga x Marília
Ou Isto ou Aquilo – 1964 – poesia infantil
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RETRATOEu não tinha este rosto de hoje,
assim calmo, assim triste, assim magro,nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.Eu não tinha estas mãos sem força,
tão paradas e frias e mortas;eu não tinha este coração
que nem se mostra.Eu não dei por esta mudança,tão simples, tão certa, tão fácil:Em que espelho ficou perdida
a minha face?
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O TEMPO NO JARDIMNeste jardins – há vinte anos – andaram os nossos muitos passos,
E aqueles que então éramos se contemplaram nestes lagos.
Se algum de nós avistasse o que seríamos com o tempos,Todos nós choraríamos, de mútua pena e susto imenso.
E assim nos separamos, suspirando dias futuros,E nenhum se atrevia a desvelar seus próprios mundos.
E agora que separados vivemos o que foi vivido,Com doce amor choramos quem fomos nesse tempo antigo.
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(UFRGS) – Em relação às alternativas abaixo, assinale aquela que NÃO corresponde a uma caracterização da poesia de Cecília Meireles.
a) Culto da beleza imaterial e valorização da transcendência.
b) Poesia universalista e de teor filosófico, em busca de um sentido da vida.
c) Musicalidade bem construída, aliada a uma plasticidade das imagens.
d) Ênfase do non-sense modernista e do poema-piada.
e) Ressonâncias da tradição clássica na construção métrica.
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