processo sucessório em associações
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Processo sucessório nas
Associações
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Elaborado por adm. Álvaro Leandro Borges – Livre utilização desde que citada a fonte
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IntroduçãoFalar em sucessão em um grupo produtivo provoca em todos os envolvidos diversos dilemas. Em muitas
associações é possível ouvir o presidente
relatar a sobrecarga, a necessidade de que os outros se envolvam e a
vontade em passar o bastão para outra
pessoa.
No entanto, quando surge uma pessoa
interessada, muitas vezes demonstrando
ótimas atitudes devido à empolgação, pode
acontecer do Presidente externar sua aprovação, porém internamente, as
vezes até por atitudes inconscientes, pode
haver boicote ao trabalho de possíveis
sucessores.
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Estudo de caso Esses conflitos acontecem
principalmente quando os princípios de
Solidariedade ainda não estão internalizados no
Grupo. Internalizar o bem do grupo como
objetivo principal ajuda muito a superar esse
tipo de obstáculo. Vejam a história ao lado e reflita um pouco sobre
como o grupo deveria ter se portado...
Em um grupo de costureiras havia 17 associadas. Em dado momento, em virtude de conflito sobre qual deveria ser o
destino de recursos de um projeto, surgiu uma forte oposição à Presidente. A situação ficou de forma que 08 associadas ficaram “contra”, enquanto a Presidente tinha
apoio de mais 08, totalizando uma maioria de 09. As 08 que perderam, contrariadas, saíram aos poucos do grupo.
Restando novo conflito, houve novo racha na associação, ficando 04 contrárias às decisões da Presidente e de suas 04 aliadas. Nova debandada, restaram apenas 05 associadas. Os problemas continuaram e, após mais um conflito, mais
duas associadas saíram. O grupo, antes promissor, foi minguando até ser extinto.
O que, de fato causou o fim da associação? O
que as associadas deveriam ter feito? Que
tipo de outros problemas estavam escondidos nesse
grupo?
As divisões “apertadas” demonstram que os conflitos não eram
devidamente discutidos. Cada dúvida, o grupo deve sentar e discutir
até sanar, buscando, se não o consenso, a
ampla maioria. Outra questão pode ter sido o posicionamento da líder
que, ao “estimular” a divisão de forma a
manter seu posicionamento...
... estimulou que sempre houvesse uma
minoria na associação. É provável que essas
minorias formadas não tivessem a voz
adequada no grupo, preferindo assim
sempre abandonar a associação. Fato similar
já aconteceu em um grupo assessorado pela Prefeitura do Natal. Por fim, o grupo foi extinto
e um projeto não beneficiou à
comunidade.
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O que passa na cabeça do Presidente? É importante deixar
claro que essas situações não
acontecem porque o Presidente é ruim ou
algo parecido. Há nesse processo uma dimensão
humana muito significativa. Mesmo quando é o próprio
quem decide sair, veja o que ele pensa em um primeiro momento...
É... Hora de passar a peteca pra outro. Tenho certeza que dei o meu melhor e vou ser reconhecido por isso!
Poxa... O pessoal já quer me ver pelas costas! Parece até que querem que eu saia logo!
Nesse momento em que ele anuncia que
pretende sair, recebe mensagens de apoio e
elogios. Logo as pessoas já imaginam aquele
associado que poderá substituí-lo.
Eventualmente vem uma ou outra
comparação, e a natureza humana não
falha...
Caramba... Sinto que não faço mais parte disso aqui. O melhor a fazer é ir embora.
Por fim, se a pessoa selecionada já tomar a frente de tudo, pode
causar um mal estar. O grupo não pode
esquecer o que foi feito, as dificuldades
encontradas e o que precisou ser superado para que os avanços fossem mais fáceis
hoje...
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O Presidente como empreendedor social
• Adotar uma missão para criar e manter valor social;
• Reconhecer e procurar novas oportunidades para servir essa missão;
• Empenhar-se em um processo contínuo de inovação, adaptação e aprendizagem;
• Agir com ousadia sem estar limitado pelos recursos disponíveis e;
• Prestar contas com transparência às clientelas que servem e em relação aos resultados obtidos.
Em muitos casos o Presidente de uma
associação é um empreendedor social. É
um líder dentro da comunidade e sucedê-lo
não é tarefa fácil. Dees(2001) relaciona
quais o que torna uma pessoa um
empreendedor social:
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Os desafios são imensos, mas devem ser mais facilmente
ultrapassados do que em uma empresa,
devido ao espirito do associativismo. Edileusa
de Sousa (2010) expressa, de forma
muito feliz, essa força:
“As associações assumem os princípios do associativismo, que
expressam a crença de que juntas as pessoas conseguem melhores
soluções para os conflitos apresentados pela vida em
sociedade.”
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Porque pensarem processosucessório...
Em umaassociação?
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• Gradativa e planejada• Por meio de processo
inesperado ou repentino de mudança de direção quando ocorre morte, acidente ou doença afastando o dirigente do cargo.
As associações devem estar preparadas para o
futuro. Temos que considerar que
incertezas podem afetar drasticamente o destino do grupo. Em termos de
processo sucessório, Leone (1992) destaca pode ocorrer de duas
formas:
Uma das formas mais eficazes de minimizar os riscos inerentes a esses processos é a utilização
de programas permanentes de preparação de
sucessores, já que em uma organização, o
poder não se transfere, mas é conquistado.
Mesmo a forma gradativa e planejada
merece um certo cuidado das associadas.
Sousa (2010), por exemplo, cita que em
uma pesquisa realizada com líderes do terceiro
setor dos EUA, 75% deles afirmaram que
pretendem se aposentar entre 2 a 5 anos, o que
demonstra que os grupos devem ao máximo depender
exclusivamente de seus líderes.
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Sousa (2010) realizou uma pesquisa onde identificou que um
grupo deixou de existir porque a sua fundadora se afastou por motivos de saúde e não havia
ninguém para assumir a direção da associação. É muito triste quando um grupo se acaba por um
motivo como esse...
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Sabe outro problema do processo sucessório que
incomoda...?
Que me deixa loooooouco...
“Os presidentes que entram não fazem nada. Porque é assim, aqui a
gente tem vários segmentos, né, tem o pessoal do cipó, o pessoal da
madeira, então, toda vez que entrava um presidente, que ele era do cipó, ele só tratava do assunto do cipó, os
outros segmentos ele não ligava, entendeu?”
É quando o grupo sofre as consequências de ser
representado por um presidente que assumiu
para buscar oportunidades para o
seu próprio grupo, paras as pessoas que
trabalham com a mesma tipologia,
mesmo produto que ele... Vejam esse
depoimento levantado por Sousa (2010):
As vezes nem é culpa da pessoa, mas isso pode acabar com um grupo. Escolher quem vai ficar
a frente e ter um ambiente aberto de discussão é de vital importância para a
saúde do empreendimento.
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O fato é que esse processo é tão
complicado, traumático e perigoso para as
associações devido ao caráter multifuncional dos seus presidentes.
Poucos integrantes ajudam ele no lado administrativo da
associação. As pessoas precisam ver que
participar também representa uma oportunidade de desenvolvimento
pessoal.
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E como fazer umPlano de Sucessão?
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Primeiramente a associação tem que
identificar quais são as funções essenciais de
direção. Falamos bastante em presidente devido ao seu caráter de representante da
associação, mas toda e qualquer função deve
ter um plano de sucessão de base. Em geral, as associações
possuem essas funções administrativas:
Presidente Vice Secretário Tesoureiro
O ideal é que cada função tenha dois
potenciais substitutos que possuas as características
necessárias. Pra tesoureiro, a pessoa
deve ser boa de cálculo, controle e ser idônea.
Secretário deve ser organizado e
responsável. Vice deve ter um perfil
complementar ao do Presidente...
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Perfil do próximo líder
E Qual deve ser o perfil do próximo líder?
Vamos debater? Vamos separar a turma em dois
grupos. Cada grupo deverá defender o perfil
do líder conforme os bonecos ao lado!
O presidente deve ter um perfil carismático, do povo,
voltado para o grupo e sempre tomar decisões
ouvindo a todos!
Nada disso! O presidente deve ser diretivo, apontando os caminhos do grupo e ser politico, buscando parcerias para o
desenvolvimento do grupo!
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Certamente a discussão deve ter sido rica para
todos e cada um, independente da
posição que tomou, deve ter ficado com uma pulga na orelha
imaginando se o outro grupo não tinha razão.
De fato ambos os grupos estavam certos, depende da ótica que
está sendo falado!
Refico e Gutierrez (2006), por exemplo,
coloca que cada organização social
possui 04 fases e cada uma dessas fases exige um perfil de liderança diferente! Analisem a
tabela ao lado e percebam em
habilidades e estilos de liderança se o que foi dito no debate não se
encaixa. Perfis diferentes podem ser
mais adequados para o grupo dependendo de
que fase ele se encontre.
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Entendido o perfil do líder, ter um plano
sucessório no empreendimento é
muito importante, mas muitas vezes não é
possível. Na necessidade de substituição, é
necessário que sejam evitados os “rachas”,
buscando ao máximo o consenso entre os
associados.
Isso é necessário pelo fato de que uma
eventual divisão pode vir a prejudicar a
continuidade do grupo. O fato é que uma
sucessão mal feita é traumática, podendo
atingir a todos os envolvidos. Veja ao lado algumas falas colhidas
por Sousa (2010) no que se refere a sucessões dentro dos grupos:
“O que a gente sente necessidade é isso, inovações, de um outro tipo de
direcionamento pra associação, porque ela é uma pessoa já de idade,
o que ela faz é com muita competência, mas ela não tem mais
aquela visão de futuro...”
“Porque até agora tem andado muito bem, não está como a gente pensa,
mas tem andado como a gente pode, e aí o pessoal tem cisma de colocar
algum outro e a coisa não dar certo, e aí não querem que outro assuma.”
“A gente faz assembleia, né, pra tentar por outro, só que os companheiros aqui têm um ditado que diz: “Time
que ganha não mexe!”. Só que eu digo pra eles o seguinte, o que eu tinha de
fazer eu acho que já fiz, tem de vir alguém pra completar aquilo que eu
não consegui.”
Por essas e outras falas, a busca de
entendimento coletivo é tão importante. Em uma
sucessão, o novo presidente deve ser
legitimado pela grande maioria, para que não
ocorra conflitos destrutivos ao grupo.
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DINÂMICA – ATIVIDADES QUE O SUCESSOR DEVE TER
Em uma cartolina, o grupo deve anotar 10 qualidades
que o sucessor na presidência deve ter. Ao escrever a qualidade, a
pessoa deve passar a caneta para outra a sua escolha,
que deve se dirigir à cartolina e escrever nova
qualidade.
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Habilidades que o sucessor deve ter
• Habilidade de alinhamento estratégico conciliar o foco estratégico da organização com as necessidades dos diferentes grupos de interesse;
• Habilidade para harmonizar conciliar os interesses do grupo com os dos parceiros;
• Habilidade para motivar formar e motivar equipes comprometidas com a associação e;
• Habilidade de visão e compromisso social compreender a problemática do entorno e identificar-se com a realidade que enfrentam distintos grupos de interesse.
Muito Bem! Reficco e Gutierrez citam também
as seguintes habilidades:
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Processo de eleição do novo Presidente Para eleger uma nova
diretoria, o regimento da associação deve ser
observado. Pode ser que seja interessante
convidar algum parceiro, como por
exemplo uma entidade incubadora, para
participar do processo. Feito isso, basta seguir
as etapas a seguir:
Convocar os membros conforme estatuto
Realizar votação
Realizar apuração
No caso da votação, é recomendável que seja
em votação secreta.
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Assumi. E agora? Após a eleição, o novo presidente eleito deve
procurar se inteirar contexto em que a
associação está inserida. Um grupo
possui diversos Stakeholders, ou seja, grupos de pessoas e
entidades que se relacionam com a
associação. A tabela ao lado mostra como o
novo presidente deve agir com eles:
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Dicas para os potenciais sucessores
• Descobrir as características pessoais e profissionais do Presidente, para aprender com suas qualidades e defeitos;
• Manter aberto o canal de comunicação, mantendo-o em sua rede de relacionamento e consultando-o sempre que possível;
• Criar e consultar uma rede de aconselhamento, formada por pessoas de confiança que possam ajudar na gestão;
• Concentrar-se em seu objetivo de focar no coletivo, dedicando-se bastante de inicio para dominar os processos.
Também após a eleição, e antes quando for uma situação consensual, o
sucessor não deve desgrudar do
antecessor. As dicas ao lado valem ouro e
devem ser internalizadas com cuidado por quem
assume essa responsabilidade!
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Quem tem mais influência, poder, em uma associação?
a) O clienteb) O presidentec) O associadod) O incubador
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Nunca esquecer quem manda...
A pergunta anterior serviu apenas para
desafiar. Quem pode ou não pode é o Associado.
Ele quem vai conviver com as consequências
da escolha. O Presidente é
importante, mas ele não pode esquecer que é
um como todos os demais. Por fim, uma
última citação das entrevistas feitas por
Sousa (2010)
“O presidente está ali somente pra dizer que é o presidente e quando
precisa assinar alguma coisa que é ele que assina, porque todos não podem assinar, na verdade TODOS OS SÓCIOS
são responsáveis pela associação.”
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Referências• CIAMPA, Dan e WATKINS, Michael. O dilema do sucessor. HSM nº 21,
julho/agosto de 2000, pgs 130-140.• LOPES, Maurício e WILHELM, Pedro. Simulador Líder 8.0. Universidade
Federal de Santa Catarina.• NATRIELL NETO, Antônio e GUIMARO JUNIOR, Orlando. Manual das
associações: como constituir e administrar uma associação. 1ª edição, Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Piracicaba, 2011.
• SOUSA, Edileusa Godói de. O processo sucessório em associações produtivas no Brasil : Estrutura, desafios e oportunidades. Universidade de São Paulo, São Paulo, 2010.
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Crédito das imagens• SLIDE 01 - http://www.villafanha.com.br/sucessao-empresarial-familiar/• SLIDE 02 -
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Obrigado! Comente!• Adm. Álvaro Leandro Borges• [email protected] /
[email protected]• Administrador e Especialista em
Economia Solidária e Desenvolvimento Territorial pela UFRN
• Administrador na CAERN – Companhia de Águas e Esgotos do Rio Grande do Norte
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