processo de construção do saber histórico escolar

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Processos de construção do saber histórico escolar Kalia Maria Abuã RESUMO Este trabalho coloca em discussão o debate entre alguns conceitos que vêm sendo utilizados em documentos sobre ensino de história, particulannente os conceitos de saber histórico e conhecimento histórico. Discutir esses conceitos exige também que se retome osignificado da escola e do ensino de história, face à crise da educação escolar e do próprio ensino de história. Palavras-chave: saber histórico, conhecimento histórico, ensino de história. Algumas afirmações são recorrentes quando se coloca em discussão o ensino de História e a formação de professores da disciplina para a escola básica. Documentos emitidos por historiadores ressaltam, por exemplo, a indissolubilidade dos laços entre o ensino e a pesquisa nos cursos de formação do professor de História. Apesquisa a que se referem, contudo, é a pesquisa acadêmica, que produz o conhecimento histórico, acadêmico, que pode ser destituído de qualquer relação com os objetivos do ensino de História. Por outro lado, a História a ser ensinada ou a que é apreendida pelos alunos não é considerada como um possível objeto de pesquisa. Subentende-se que a História como disciplina escolar prescinda de qualquer construção específica, pois é a divulgação e a difusão, em linguagem apropriada à faixa etária dos alunos, do conhecimento produzido nas universidades e outras instituições de pesquisa. Daí decorre que a produção de currículo não passa de listagem de conteúdos, listagem esta produzida seguindo parâmetros desta ou daquela Metodologia da História, que permita, contudo, que certas permanências se Professora de Metodologia do Ensino de História da Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo. HISTÓRIA & ENSINO, Londrina, v. 11, jul. 2005 25

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:)Processo de Construção Do Saber Histórico Escolar de Kátia Maria Abud

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  • Processos de construo do saber histrico escolar

    Kalia Maria Abu

    RESUMO

    Este trabalho coloca em discusso o debate entre alguns conceitos que vm sendo utilizados em documentos sobre ensino de histria, particulannente os conceitos de saber histrico econhecimento histrico. Discutir esses conceitos exige tambm que se retome osignificado da escola edo ensino de histria, face crise da educao escolar edo prprio ensino de histria.

    Palavras-chave: saber histrico, conhecimento histrico, ensino de histria.

    Algumas afirmaes so recorrentes quando se coloca em discusso o ensino de Histria e a formao de professores da disciplina para a escola bsica. Documentos emitidos por historiadores ressaltam, por exemplo, a indissolubilidade dos laos entre oensino e a pesquisa nos cursos de formao do professor de Histria. Apesquisa a que se referem, contudo, a pesquisa acadmica, que produz o conhecimento histrico, acadmico, que pode ser destitudo de qualquer relao com os objetivos do ensino de Histria. Por outro lado, a Histria a ser ensinada ou a que apreendida pelos alunos no considerada como um possvel objeto de pesquisa. Subentende-se que a Histria como disciplina escolar prescinda de qualquer construo especfica, pois a divulgao e a difuso, em linguagem apropriada faixa etria dos alunos, do conhecimento produzido nas universidades e outras instituies de pesquisa. Da decorre que a produo de currculo no passa de listagem de contedos, listagem esta produzida seguindo parmetros desta ou daquela Metodologia da Histria, que permita, contudo, que certas permanncias se

    Professora de Metodologia do Ensino de Histria da Faculdade de Educao da Universidade de So Paulo.

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    evidenciem. Urna dessas permanncias sem dvida a periodizao clssica, que depois de duas dcadas de introduo dos eixos temticos, vem presentemente retomando com muita fora a tradio curricular.

    Pesquisas vm mostrando distores na formao histrica dos alunos. Conceitos histricos, como o de revoluo, no expressam, em alunos do terceiro ano do ensino mdio de escola pblica, avanos de aprendizagem, mas denotam a permanncia do senso comum e apontam importncia maior das representaes sociais que se constroem independentemente do ambiente escolar (ALVES, 2005). Em outra pesquisa, em 5" srie de escola municipal de So Paulo, alunos afirmaram que a construo da Histria se faz por meio de vestgios, deixados pelas sociedades do passado. Ohistoriador volta ao passado, segundo alguns alunos, utilizando uma mquina do tempo, segundo outros atravessando um portal e nessa "viagem" recupera os vestgios com os quais escrever seus livros. Um aluno afirmou que os homens das cavernas eram historiadores, que voltaram ao passado e no conseguiram voltar (RIBEIRO, 2005). Parece claro que os meios de comunicao, como a televiso e o cinema deram uma importante contribuio para que os alunos elaborassem suas concepes de Histria e de tempo histrico.

    Os professores das turmas pesquisadas so o que podemos chamar de bons professores: formados por cursos superiores em universidades nas quais o binmio ensino-pesquisa valorizado, so interessados, permitiram o desenvolvimento da pesquisa em suas aulas com muita boa-vontade, demonstram domnio do contedo, usam tcnicas e recursos didticos, como fotos, filmes evdeos. Mantm um relacionamento cordial com os alunos que se mantm relativamente atentos durantes as aulas.

    Oconhecimento histrico escolar no pode ficar preso a anlise de processos puramente cognitivos, independentes da vivncia dos alunos, que lhes d sustentao: ocognitivo sempre scio-cognitivo (LANTIER, 1994). Os alunos tendem a elaborar conceitos de acordo com sua experincia vivida e no formalizam o conhecimento histrico, se no tiverem a possibilidade de vivenciar movimentos e conceitos histricos, colocados em questo na sala de aula. Os indcios fornecidos pelos textos histricos, sejam eles o texto expresso pelo professor ou do manual didtico, se concretizam no momento em que outros elementos da aprendizagem entram em jogo, como analogia e a empatia.

    Para se apropriar de conceitos e noes presentes nos programas e

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  • planejamentos escolares, os alunos procedem segundo uma categorizao, organizada a partir do acontecimento mais prximo ou mais familiar. Lantier (1994) afirma que a partir de um prottipo, uma espcie de nvel bsico para uma compreenso mais slida, as noes suscetveis de enriquecer tal nvel de conceitualizao por processos figurativos e, sobretudo por analogias. Para compreender opapel do exrcito nas ditaduras da Amrica do Sul, por exemplo, os alunos recorrem ao nazismo e ao fascismo, ou para compreender asociedade do Antigo Regime, elaboram ,uma grade social simplificada, nobres (ricos) e camponeses (pobres), multo semelhante que lhes foi apresentada ao estudar a Idade Mdia. Uma boa escolha para situar socialmente os nobres e os camponeses, mas a mesma grade peca por omitir a burguesia.

    Os mesmos processos analgicos se notam na relao entre fatos do passado e do presente e no somente em relao a dois fatos do passado, prximo ou distante. Para abordar os temas propostos os alunos utilizam-se de representaes construdas na e fora da escola. Na medida em que os conceitos histricos so compreendidos pela sua relao com a realidade que o sujeito vivencia, ao procurar explicaes para uma situao do passado luz de sua prpria experincia, mesmo sem apreciar as diferenas entre as suas crenas e valores e as de outra sociedade, revela j um esforo de compreenso histrica (BARCA e GAGO, 2001) Tal esforo de compreenso se revela a partir das tentativas de analisar as fontes histricas, o que constitui um elemento fundamental na progresso do conhecimento histrico. Contudo, os alunos do sentido aos materiais histricos ao utilizar elementos fornecidos por sua vivncia atual, num movimento oscilante, no qual algumas vezes modos de pensar simplistas podem se alternar com explicaes mais elaboradas (LEE, apud BARCA e GAGO, 2001).

    Aliado da analogia para a o desenvolvimento da compreenso histrica, oconceito de empatia facilita acompreenso histrica, ao aproximar as pessoas do passado s do presente. H idias e prticas do passado que oferecem explicaes pouco satisfatrias se no forem analisadas na perspectiva da cultura, do sistema de valores e at o senso comum, num contexto material mais amplo, com o qual esto relacionados. Oestudo do passado, utilizando as fontes nas aulas de Histria deve ser ancorado econtextualizado numa situao que faa sentido humano, obtido com a sua vivncia e a experincia de

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    aprendizado dentro e fora da escola. Acompreenso histrica vem da forma como sabemos como que as pessoas viram as coisas, sabendo o que tentaram fazer, sabendo o que sentiram em uma determinada situao.

    AHistria como disciplina escolar no serve para "transformar os alunos em mini historiadores profissionais, como ironicamente questionou Peter Lee, mas

    pode comear a ajud~los aperceber como as interpretaes histricas so baseadas na evidncia, que as explicaes no so o mesmo que afirmaes factuais singulares, eque est na natureza da !Iistria haver diversas verses do passado, embora nada disto signifique que a Histria apenas uma questo de opinio (LEE,2001).

    Aformao histrica revela edefine fundamentalmente os procedimentos da conscincia histrica ou conhecimento histrico dando algumas indicaes bsicas sobre se d essa formao:em todos os processos de aprendizagem que tem a histria como objeto eque no se destinam, em primeiro lugar, obteno de competncia profissional. Trata~se de um campo a que pertencem inmeros fenmenos do aprendizado histrico: o ensino de Histria nas escolas, a influncia dos meios de comunicao de massa e os fatores da vida humana prtica (famlia, instituies ecolegas), entre outros. Nesse campo se encontram, alm dos processos de aprendizagem da cincia histrica, todos os demais que servem orientao da vida pratica mediante a conscincia histrica (RSEN, 2001). Oconhecimento histrico a principal ferramenta na construo dessa conscincia histrica, que articula o passado com as orientaes do presente e com as determinaes do sentido com as quais o agir humano organiza suas intenes e expectativas no fluxo do tempo. Mas, nas escolas que se estuda a Histria e onde se cruzam de modo comprometido oconhecimento cientfico e o conhecimento escolar, por que o ambiente escolar privilegiado para que os alunos aprendam maneiras de pensar sobre o passado que devero ajud~los a se orientar no tempo, relacionando opassado, o presente e o futuro com suas vivncias como seres temporais. As representaes histricas que os alunos constroem emergem de determinados processos da vida humana prtica, que interagem com o conhecimento escolar.

    Ao analisar as relaes entre a Histria acadmica e a Histria ensinada

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  • nas escolas, Monio[ (2001) questiona no somente a ambigidade do termo, como tambm a dupla face da Histria: de um lado, ela construda pelo ensino, no sentido mals amplo do termo e por outro ela emerge da linguagem social. Ao enfatizar a ambigidade, esse autor refora as contradies que cruzam a funo educativa da Histria e os jogos sociais e polticos dos quais ela objeto. Ele no considera a Histria como uma disciplina j "instalada" na escola, pois mesmo que exista como "Histria oficial", centralizada nas opes e conjunturas que constituram a formao da nacionalidade, ela , ao mesmo tempo, elaborada no meio social e por isso recebe uma traduo, na qual condicionada por posies sociais e polticas. Sublinhar a ambivalncia constitutiva de suas referncias exige uma reflexo de natureza epistemolgica sobre seus saberes e uma responsabilidade didtica sobre sua transmisso. Encurralada entre um "distanciamento crtico" e "inculcao social", ocampo do conhecimento histrico atravessado por desafios: a eroso manifesta da noo de Histria que exige um olhar distanciado para reabilit-la; sua insero social, que se situa em diferentes nveis (nacional, mundial e intercultural); a confrontao com outras disciplinas (como as outras Cincias Socials, oDireito), que interroga sua capacidade de pensar o possvel.

    Considerando-se que os contedos programticos so feitos no dizer de Moniot (2001), sob a sombra protetora da cincia acadmica, que sem dvida sua referncia mais visvel, desconhecem-se outras referncias mals sutis da disciplina escolar: a prtica e a cultura escolar, as representaes sociais, o material didtico. Desconsideram-se, sobretudo, as relaes entre a Histria e a vida prtica, ou em outras palavras, para que serve a Histria ensinada nas escolas, que diferentemente da sua matriz acadmica, tem como pblico aquele que no necessariamente, um pesquisador, um historiador.

    Ainstituio escolar possui certa autonomia em relao demanda social que legitima sua funo. Os professores elaboram seus instrumentos de trabalho, suas modalidades de interveno, suas prticas profissionais que constituem uma cultura prpria da escola. Aaceitao da existncia de uma cultura prpria da escola levou a aprofundamentos a respeito do ensino das disciplinas escolares e a formas pelas quais se apresentavam, originando a discusso sobre a transposio didtica, isto , a origem e a transfoffiuo do saber para que ele seja ensinado (MARTINAND, 2001, p. 17-23). As interaes

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    entre o saber acadmico, cultura escolar e outros elementos componentes das representaes sociais dos alunos e professores constituem a base sobre a qual se assenta o saber escolar. No interior de cada disciplina escolar, as pesquisas didticas integram a reflexo epistemolgica, para definir os conhecimentos relativos aos procedimentos e noes a serem desenvolvidas pelos alunos para que cheguem aum nvel de conhecimento, s articulaes entre conhecimentos procedimentais e competncias nocionais para a resoluo de determinadas tarefas em uma mesma disciplina ou em vrias delas (DEVEIAY, 1993, p. 59).

    Ao trazer as questes para nossas aulas de Histria e a organizao curricular da Histria diferentes questes se colocam, pois se evidenciam afora do conhecimento acadmico e as frgeis relaes entre os currculos eprogramas, a cultura escolar e a vivncia dos sujeitos escolares. Primeiramente, somos portadores de uma tradio que nos mantm como continuidade da civilizao ocidental, que se iniciou no Oriente Mdio, quando os bomens inventaram a escrita. Acreditamos que, por isso, no podemos escapar de um ensino que no se organize pela cronologia e pela predominncia da periodizao clssica. Aexcluso de Estudos Sociais e a reintegrao de Histria e Geografia como disciplinas escolares geraranl novas propostas curriculares, nos anos 1980.

    Osurgimento de uma produo histrica que se pautava por crticas s formas ento consideradas tradicionais e pela introduo de conceitos e categorias explicativas que at ento eram desconsideradas forneceram o embasamento necessrio para que os novos currculos epropostas se orientassem pela negao ao etnocentrismo, pela valorizao do cotidiano como categoria explicativa e pela rejeio ao quadripartismo da Histria. Areorganizao da Histria aser ensinada, pelo menos nos documentos curriculares oficiais, passou a ser regulada por outros parmetros e a se fundamentar em conceitos e categorias explicativas, que at ento no tinham sido consideradas para o conhecimento escolar, corno ocotidiano. Surgiram tambm diferentes propostas de periodizao que fugiam da diviso quadripartite da Histria e sugeriam a tematizao do currculo como um modo de superar aorganizao cronolgica, que se fixava quase sempre na datao.

    Os Parmetros Curriculares Nacionais, elaborados na segunda metade da dcada de 90, partilhavam algumas das sugestes dos documentos anteriores, especialmente no que dizia respeito organizao dos contedos conceituais

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    por meio de eixos temticos. Contudo, dentro dos eixos a cronologia era retomada, numa listagem seqencial de acontecimentos, conforme se pode observar com facilidade na leitura dos contedos conceituais sugeridos para o quarto ciclo (Parmetros Curriculares Nacionais, 1998).

    Apenetrao nas escolas dos documentos curriculares tem como veiculo preferencial os manuais didticos, que os manipulam para atender os objetivos de sua produo. Dessa forma, os eixos temticos desapareceram, com raras excees. Amaioria das colees didticas se organiza atualmente dispondo os contedos numa ordenao cronolgica, alternando captulos da Histria Geral e do Brasil, incluindo alguns temas de Histria da Amrica. Como oeixo organizador a passagem do tempo, nem sempre h continuidade temtica nos volumes das colees.

    Mil'), a nfase deve ser dada num aspecto que limita a aprendizagem com afinalidade de construo da conscincia histrica do aI uno: opredomnio dos temas da Histria Geral sobre a Histria do Brasil (e da Amrica) e com ele o a utilizao de recursos, como ilustraes, textos historiogrficos edocumentais complementares. Os quatro volumes dos manuais didticos destinados ao segundo nvel do ensino fundamental tm trs quartos de suas pginas VLUfJa'uCh) pela Historia Geral e um pequeno espao para a Historia do Brasil. Assim se distribuem os contedos nas colees: o primeiro volume destinado quinta srie inteiramente destinado ao estudo da Pr Histria e Histria Antiga, excepcionalmente algumas colees abrem espao para os ndios do Brasil, no perodo pr~histrico e para sociedades indgenas do :\!lxico e dos Andes, introduzidos no espao destinado Antigidade. Ovolume destinado sexta srie dedica metade do seu espao ao perodo medieval, concentrando-se na Europa, com algumas pginas para o Imprio rabe e para Bizncio.

    Desenvolvem~se ainda os temas prprios da como Renascimento, Reforma, para se chegar enfim ao navegaes portuguesas e finalmente, os europeus desembarcam nas costas que hoje so brasileiras. Apartir da, somente depois da chegada dos europeus que se inicia para nossos estudantes, a Histria do Brasil. Aquilo que os livros didticos chamam de "Histria integrada" no passa, enfim, de uma frgil articulao entre aHistria Geral eado Brasil, mera sobreposio cronolgica dos contedos.

    No se trata apenas de um problema relativo quantidade dos contedos,

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    mas tambm perdem espaos temas fundamentais para a compreenso da sociedade brasileira e da nossa identidade enquanto parte dela. Muitas vezes, temas fundamentais so estudados sub-ttulos de captulos. Boa parte das colees inclui, por exemplo, a escravido como sub-item de um captulo maior sobre a instalao dos engenhos. Otema retomado rapidamente, tambm includo como sub-item, no captulo sobre os anos finais do Imprio. De modo geral, trezentos anos da Histria do Brasil so estudados sem que a escravido seja retomada.

    Diga-se, abem da verdade que as abordagens muitas vezes correspondem s novas tendncias historiogrficas, com aincluso de sujeitos at recentemente desconsiderados pelo saber histrico escolar, como mulheres, crianas, trabalhadores. Mas, o pano do fundo permanece na construo das representaes dos alunos: a nossa histria uma continuao da europia. Os modelos de anlise so modelos elaborados para a anlise da sociedade europia, no da sociedade brasileira (Programa Nacional do Livro Didtico 2002, 2001).

    Se

    oconhecimentos histrico s assimilado pelos alunos quando estes compreendem que os vestgios do passado como evidncia no seu mais profundo sentido, ou seja, como algo que deve ser tratado no como mera informao, mas como algo de onde se possam retirar respostas aquestes que nunca se pensou colocar (DUARTE, 2005).

    nosso aluno no ter no ensino de Histria nas escolas o alicerce para a construo da conscincia histrica. Essa construo que se apia nas representaes sociais dos alunos ter dificuldade em se concretizar pois, as representaes sociais no se constituem em discursos neutros e por isso, favorecem a relao com o mundo, na construo, por meio de mltiplos discursos, da realidade social. Visam o reconhecimento de uma identidade social, pela qual marcam de forma visvel a existncia do grupo, da classe ou da comunidade. Cabe interao entre as duas formas de conhecimento histrico: o acadmico e o escolar auxiliar o aluno na transformao das representaes sociais ena formao histrica para aconstruo da conscincia histrica.

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  • Referncias

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    Processes of construction of schoolchild historie known

    ABSTRACT

    This text presents adiseussion about the debate among some eoncepts that have becn used in documents about History Teaehing, espeeially lhe eoncepts of the historieai knowledge and the historical understanding. lt's necessary to recover the meaning of School and HislOry Teaching to discuss these eoncepts becall'ie of the actual crisi, of Historical Education and History teaching.

    Key-words: historieaI knowledge, historieai understanding, history teaehing.

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