primórdios da rádio peão
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Os primórdios da rádio-peão
Uma crítica à visão funcionalista da comunicação
informal
Katia PerezKatia PerezCongresso Metodista Congresso Metodista
UMESP - 2008UMESP - 2008
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IntroduçãoIntrodução
Atualmente, estudos sobre a Rádio-peão são poucos, apesar de sua importância dentro das organizações
Artigo busca reunir alguns estudos e reflexões dos primeiros pesquisadores do assunto publicados nas décadas de 1950 e 1960 e analisa a visão funcionalista da Rádio-peão apresentada por estes primeiros estudiosos
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Este trabalho foi desenvolvido a partir de pesquisa bibliográfica e está dividido em quatro itens, abordando:
- as principais características da Teoria Funcionalista- descrição de estudos realizados na época- a ótica funcionalista da comunicação organizacional e rádio-peão- avaliação crítica ao pensamento funcionalista sobre a Rádio-peão
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Concepção funcionalista via a sociedade (e os grupos que a compõe) como um organismo biológico: as peças que o compõe têm como objetivo garantir a integridade e a harmonia desse organismo, preservando a ordem pré-estabelecida.
A tendência do “organismo celular ou grupo mais complexo, é manter o equilíbrio interno e reagir às mudanças de ambiências, de forma a manter esse equilíbrio” (LASSWELL, 1977, p. 106).
A cada um, a sua função A cada um, a sua função
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Algumas das funções dos meios de comunicação de massa (MERTON e LAZARSFELD, 1977, p. 236-238):
- dar prestígio e fortalecer a autoridade de indivíduos e grupos pela legitimação de seu status, o que inclui pessoas e organizações
- reforçar a aplicação de normas sociais já existentes
- criar fenômeno chamado de “disfunção narcotizante” doses crescentes de informação lançadas pelos MCM levam a um conhecimento passivo, ao invés de uma participação ativa
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Merton interessava-se por realizar testes empíricos e desenvolver uma lógica abrangente da teoria funcionalista
A partir de 1948, as organizações começaram a ser vistas como sociedades em microcosmos
Neste novo contexto, a Rádio-peão passou a ser estudada, de acordo com princípios e métodos funcionalistas: através da observação cuidadosa, de busca de suas funções e vista como parte de um organismo
A A grapevinegrapevine norte-americana norte-americana
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Keith Davis, um dos pioneiros nas investigações e elaboração de métodos de pesquisa para estudos da Rádio-peão
ECCO (Episodic Communication Channels in Organization), técnica de acompanhamento da informação - conforme essa informação se move através da Rádio- peão – permitindo mapear uma rede de pessoas por onde a informação seguiu
Observando a Rádio-peão Observando a Rádio-peão
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Observador participante, pesquisador passa por membro do grupo, sem que outros saibam de seu papel de pesquisador
Observação contínua, pesquisador acompanha funcionário, consciente do papel do pesquisador, que observa atividades e padrões de comunicação, gravando os eventos de Rádio-peão
Amostra de comunicação, observa apenas determinados momentos do dia de trabalho
Pesquisas gerais sobre comunicação, usa questionários/entrevistas para obter dados de comunicação, baseando-se no julgamento ou na memória dos funcionários
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Anos 1950, Dahle estudou os meios de transmissão de informação em vários departamentos de uma fábrica:
“Depois, testes de informação foram aplicados aos empregados a fim de determinar o quanto dela eles haviam assimilado” (McCORMICK e TIFFIN, 1977, p. 191), conseguindo-se o resultado médio alcançado pelas formas de comunicação.
verbal e escrito combinados
apenas verbal
apenas escrito
quadro de avisos
apenas boato
7,70
6.17
4.91
3.72
3.56
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Funções... Funções... Transportando conceitos de função e disfunção para os ambientes organizacionais
Meios de comunicação de massa veículos de comunicação propostos pela empresa (formais), com duas funções principais:
- fortalecer a autoridade de proprietários e executivos da empresa
- reafirmação das normas estabelecidas pela organização
- “disfunção narcotizante” meios formais de comunicação informam apenas superficialmente, apesar da quantidade de informação disponível, sem oportunidade de reflexões mais profundas
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... e disfunções ... e disfunções
Rádio-peão meio deslocado do sistema de comunicação da empresa
“Provavelmente, os pesquisadores reconhecerão que uma das mais importantes e irritantes variáveis intervenientes que afetam suas investigações das relações entre os fenômenos organizacionais é a presença de uma estrutura de grupo informal [...] colocam os administradores em posição de consternação e conflito. (CHAMPION, 1979, p.171)
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Champion (1979, p.178) busca funções para a Rádio-peão:
- canal de comunicação à parte da estrutura formal que fornece aos empregados informação importantes que os afetam
- meios mais rápidos de disseminar informação em comparação com os "canais oficiais"
- mais flexibilidade, pois, se redes formais são bloqueadas, “os que disseminam rumores” conseguirão a informação e repassarão
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Champion (1979, p.179-180) destaca duas disfunções para a Rádio-peão:
- informação distorcida ou errada é transmitida aos membros de grupo
- rede alternativa de comunicação pode atrapalhar a imposição de normas e autoridade de supervisão (dirigentes sentem-se humilhados quando descobrem que informação “sigilosa” tornou-se disponível aos subordinados, diminuindo seu ‘poder’)
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Conforme a teoria funcionalista:organização miniatura da sociedadecomunicação formal função de manter
o sistema existentecomunicação informal Rádio-peão
existe, faz parte do sistema e, portanto, deve cumprir a missão primordial dos subsistemas: contribuir para a manutenção do sistema
A Rádio-peão a serviço da organização A Rádio-peão a serviço da organização
“A Rádio–peão é um fator para ser considerado dentro dos assuntos administrativos. O administrador deve
analisá-la e deve conscientemente tentar influenciá-la” (DAVIS, 1988, p.289).
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Rádio-peão:- aparece quando os meios de
comunicação formal não são rápidos o suficiente
- quando parte da notícia é reservada apenas aos altos executivos
- sempre que há dúvidas e incertezas entre os funcionários
Rádio-peão: meio democrático de comunicação
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Críticas à visão funcionalista da rádio-peão - no método “observador participante”,
proposto por Davis, o pesquisador não revela sua real posição no grupo investigado. Questão ética: pesquisados não têm direito de saber que estão participando de um experimento?
- rádio-peão como disfunção da comunicação e não como meio democrárico de participação; suas “disfunções” (repasse incorreto e vazamento de informações confidenciais) surgem da própria ineficácia da comunicação formal
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- utilização dos meios informais de comunicação, mais precisamente da Rádio-peão, pelos executivos das empresas, para o repasse de informações de interesse da empresa, manipulando esse meio natural de comunicação e inter-relacionamento entre os funcionários.
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Allport e Postman (1953) - a importância de um fato para um grupo social e a ambigüidade nas informações referentes a esse fato são as condições básicas necessárias para surgimento dos rumores e para que estes se alastrem.
A Rádio-peão é exatamente isso: nasce das inter-relações cotidianas, aumenta quando há alguma dúvida no ar, está aberta para a participação de todos, é multipartidária.
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ALLPORT, Gordon W. e POSTMAN, Leo. Psicologia del Rumor. Buenos Aires: Editorial Psique, 1953.CHAMPION, Dean J. A Sociologia das organizações. São Paulo: Saraiva, 1979.DAVIS, Keith. Methods for Studying Informal Communication. In: Journal of Communication. Vol. 28, nº1. Winter 1978. p. 112-116.DAVIS, Keith. Management Communication and the grapevine In: Ferguson, Sherry D. and Ferguson, Stewart (edit). Organizational Communication. New Brunswick (USA): Transaction Publishers, 1988.LASSWELL, Harold D. A estrutura e a função da comunicação na sociedade. In: COHN, Gabriel (org.). Comunicação e Indústria Cultural. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1977. p. 105-117McCORMICK, Ernest J. e TIFFIN, Joseph. Psicologia Industrial. Vol. 2. São Paulo: EPU, 1977.MERTON, R.K. e LAZARSFELD, P.F. Comunicação de massa, gosto popular e a organização da ação social. In: COHN, Gabriel (org.). Comunicação e Indústria Cultural. São Paulo: Companhia Editora Nacional, 1977. p. 230-253
ReferênciasReferências