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QUADRO III DOSSIÊ DE TOMBAMENTO PRÉDIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL JUSCELINO KUBITSCHEK DE OLIVEIRA MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA EXERCÍCIO DE 2010

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QUADRO III

DOSSIÊ DE TOMBAMENTO

PRÉDIO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL JUSCELINO

KUBITSCHEK DE OLIVEIRA

MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA EXERCÍCIO DE 2010

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ÍNDICE

ITEM I

ITEM I – TÓPICO 1.A - INTRODUÇÃO ---------------------------------------------------3

ITEM I – TÓPICO 1.B – INFORME HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE UBERLÂNDIA------------------------------------------------------------------------------------5

ITEM I – TÓPICO 1.C – HISTÓRICO DO BEM --------------------------------------- 33

ITEM I – TÓPICO 1. D - CONTEXTUALIZAÇÃO. ----------------------------------- 41

ITEM I – TÓPICO 1.E – DESCRIÇÃO DETALHADA DO BEM E PLANTAS - 43

ITEM I – TÓPICO 1.F – DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA-------------------- 48

ITEM I – TÓPICO 1.G – CARTOGRAFIA----------------------------------------------- 61

ITEM I – TÓPICO 1.G – PROJETO ARQUITETÔNICO ---------------------------- 65

ITEM I – TÓPICO 1.H – PERÍMETRO DO BEM TOMBADO --------------------- 69

ITEM I – TÓPICO 1. I – DELIMITAÇÃO DO PERÍMETRO DE TOMBAMENTO -------------------------------------------------------------------------------- 70

ITEM I – TÓPICO 1. J– JUSTIFICATIVA DA ÁREA DE TOMBAMENTO---- 71

ITEM I – TÓPICO 1. K – POLIGONAL DO ENTORNO DO BEM TOMBADO 72

ITEM I – TÓPICO 1.L – MAPA DO PERÍMETRO DE ENTORNO --------------- 73

ITEM I – TÓPICO 1.M– JUSTIFICATIVA DA ÁREA DE ENTORNO----------- 74

ITEM I – TÓPICO 1.N – DIRETRIZES DA INTERVENÇÃO ---------------------- 75

ITEM I – TÓPICO 1.N - IPAC --------------------------------------------------------------- 78

LAUDO DO ESTADO DE CONSERVAÇÃO DO BEM ------------------------------- 82

REFERÊNCIAS --------------------------------------------------------------------------------- 92

FICHA TÉCNICA------------------------------------------------------------------------------- 93

ANEXOS ------------------------------------------------------------------------------------------ 94

PARECER TÉCNICO SOBRE O TOMBAMENTO------------------------------------ 97

PARECER DO CONSELHO SOBRE O TOMBAMENTO --------------------------- 98

ATA DO TOMBAMENTO PROVISÓRIO ----------------------------------------------- 99

NOTIFICAÇÃO AO PROPRIETÁRIO E RECIBO DA NOTIFICAÇÃO -------102

NOTIFICAÇÃO AO PROPRIETÁRIO E RECIBO DA NOTIFICAÇÃO -------103

ATA DO TOMBAMENTO DEFINITIVO------------------------------------------------104

APROVAÇÃO PELO CONSELHO -------------------------------------------------------104

DECRETO DE TOMBAMENTO FEITO PELO EXECUTIVO --------------------110

INSCRIÇÃO NO LIVRO DE TOMBO ---------------------------------------------------111

PUBLICAÇÃO DO ATO DO TOMBAMENTO ----------------------------------------112

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O Dossiê em questão apresenta um conjunto de informações sobre Uberlândia,

município localizado no Triângulo Mineiro, banhado pelos Rios Uberabinha, Dourado,

e pela Represa de Itumbiara. As informações foram organizadas e sistematizadas em

forma de Dossiê de Tombamento de Bem Imóvel, de acordo com a nova resolução

01/2005 do Conselho Curador do IEPHA-MG, para o exercício de 2010.

A Prefeitura Municipal de Uberlândia, órgão máximo do poder executivo local,

preocupada em zelar por sua memória e herança cultural, torna-se parceira da

PAGINAR Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo Ltda., para promover ações visando à

preservação de seu patrimônio.

Assim, cabe a nós a responsabilidade por sua preservação. Para que possamos

cumprir essa tarefa em toda sua extensão, é importante que as ações sejam concebidas

de forma abrangente e sistêmica, configurando uma política de patrimônio cultural

clara e acessível às comunidades.

Este Dossiê constitui um esforço nesse sentido. Concebido de maneira a

esclarecer a importância do Prédio da Biblioteca Municipal Juscelino Kubitschek de

Oliveira para o município e sua comunidade. A presente pesquisa foi dividida em itens

que abrangem: contextualização; histórico do município; histórico do local onde o bem

se encontra; histórico do bem; descrição detalhada do bem; documentação fotográfica;

IPAC; laudo técnico do estado atual de conservação do bem; além dos documentos

necessários para viabilizar seu tombamento municipal.

O presente trabalho foi realizado em conjunto pelas equipes da PAGINAR

Arquitetura, Urbanismo e Paisagismo Ltda., e do Conselho Municipal do Patrimônio

Histórico, Arqueológico, Artístico e Cultural de Uberlândia (COMPHAC), sob a

coordenação da Arquiteta Gisele Pinto de Vasconcelos Costa.

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Para facilitar sua compreensão, apresenta-se em formato A4, com textos e

imagens em volume único. Dessa forma, esperamos tornar público seus valores, história

e sua riqueza exemplar.

Coordenação Editorial

Gisele Pinto de Vasconcelos Costa

Agradecimentos Ao prefeito da cidade Uberlândia Odelmo Leão, a Secretaria Municipal de Cultura, Mônica Debz Diniz, a Anderson Henrique Ferreira e Valéria Maria Q. Cavalcante Lopes - Divisão do Patrimônio Cultural. Agradecimento especial às senhoras Denise Carvalho e Virgínia Sanchez, da Biblioteca Pública Municipal Juscelino Kubitschek de Oliveira, pelas informações prestadas.

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O Município de Uberlândia

A cidade de Uberlândia é considerada a maior do interior mineiro, e a segunda

do interior do Brasil tendo mais de 622 mil habitantes de acordo com dados fornecidos

pelo IBGE no censo de 2008 e com área territorial superior a 4.000 km². Sua área

urbana corresponde a 135 km², sendo a 16º maior município brasileiro em área urbana.

Está localizado na região nordeste do Triângulo Mineiro, no Estado de Minas Gerais a

863 metros de altitude, tendo como coordenadas geográficas 15°55'08" de latitude e

48°16'37" de longitude.

Com uma área de 4.115,09km2, fazem parte do Município os distritos de

Cruzeiro dos Peixotos, Martinésia, Tapuirama e Miraporanga. Limita-se ao Norte com o

município de Araguari, a Oeste com Monte Alegre de Minas, a Sudeste com Prata, ao

Sul com Veríssimo, a Leste com Indianópolis e a Sudeste com Uberaba. Uberlândia está

a 549 km da capital Belo Horizonte, com acesso pelas rodovias BR-262 e, à direita, na

altura de Araxá, a BR-452. Além dessas, também servem ao município a BR-365, que

liga a cidade a Patrocínio, a BR-050, que liga Uberlândia à Uberaba, e a BR-497, que

liga Uberlândia à Transbrasiliana, a BR-153.

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Fig. 1 – localização da Cidade de Uberlândia dentro do estado de Minas Gerais

Fonte: www.wikipedia.com.br �

FUNDAÇÃO DO MUNICÍPIO

O processo de formação do município de Uberlândia remonta à ocupação e

colonização do Brasil e tem relação com a concessão das sesmarias pela metrópole e

também com as bandeiras que partiram de São Vicente, atual estado de São Paulo com a

finalidade de explorar o interior do país.

Ainda em 1530, com o intuito de promover a povoação da colônia, a metrópole

criou a Lei Imperial nº 514 de 1530, que vigorou até 1820, referente à concessão de

terras devolutas para a colonização. Estas terras devolutas ou sesmarias foram doadas

pelo rei aos nobres portugueses após avaliar os candidatos considerando o seu status

social, qualidades pessoais e serviços prestados à Coroa.

Em 1722 o bandeirante “Anhanguera” passou pela região e lhe deu o nome de

“Sertão da Farinha Podre”, atual Triângulo Mineiro que nesta época pertencia a Goiás,

onde antes viviam os índios Caiapós. Por ser uma região pobre em riquezas minerais,

configurou-se por muito tempo como ponto de apoio aos núcleos mineratórios do

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Centro-Oeste, suprindo-os de gêneros alimentícios. A sua ocupação se inicia apenas em

fins do século XVIII e início do século XIX, com os interesses voltados para a produção

agropecuária.

Por meio do alvará de 04/04/1816 o Triangulo Mineiro passou a pertencer,

então, à Província de Minas, Comarca de Paracatu, mudando a delimitação da divisa

entre Minas e Goiás. A divisa passou a ser do Rio Paranaíba, ao invés do Rio Grande,

como era anteriormente. Segundo Saint-Hilaire, a nova fronteira era uma reivindicação

antiga daquelas populações. Os habitantes da região não se sentiam pertencentes à

Província de Goiás, tanto pela falta de assistência do governo, como da carência de um

posto governamental mais próximo.

A mudança para a Província de

Minas propiciou ao Triangulo Mineiro

um aumento da população através do

surgimento de vários novos povoados.

Consta que no início do século XIX,

várias famílias se mudaram para o

Sertão da Farinha Podre em virtude dos

índios caiapós terem seguido para

Goiás. No início do século XIX,

Província de Goiás realizou uma

migração em massa dos habitantes dos

aldeamentos do Triângulo Mineiro para Nova Beira, na ilha do Bananal.

Motivadas pelas concessões de terras, expedições de aventureiros começaram a

se deslocar para esta região do Triângulo Mineiro em busca de tomar posse das mesmas.

De acordo com relatos históricos, os primeiros posseamentos tiveram início em 1817.

Há relatos de três famílias que saíram de Paraopeba, próximo à Vila Rica, no intuito de

demarcarem aqui suas sesmarias: Os irmãos Caetano e José Alves Rezende com suas

Fig. 2 – Localização da região denominada Triângulo

Mineiro. Fonte: http://www.ambientebrasil. com.br/estadual/hidrografia/hmg.html

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famílias, acompanhados do cunhado João Pereira da Rocha e ainda o amigo Francisco

Rodrigues Rabello, que também trouxe sua família.

João Pereira da Rocha, filho do casal português, Cel. João Lobo Leite Pereira e

D. Teresa da Silva Ávila Figueiredo, bisneta do Conde de Aveiras, chegou ao Brasil no

ano de 1735, estabelecendo-se inicialmente em Cachoeira do Campo da Capitania de

Minas Gerais, onde exerceu o posto de Tenente Coronel do Regimento de Cavalaria de

Ordenança de Vila Rica.

João Pereira da Rocha, após o mesmo ter conhecido a região com seus cunhados,

retornou à Fazenda Rocha em Cachoeira do Campo em busca de sua família – esposa e

onze filhos. Durante a caminhada de exploração e conhecimento de sua sesmaria, João

Pereira foi denominando certas áreas e córregos que mais tarde se tornavam nomes de

fazendas ou de região, como a Fazenda da Estiva, porque lá estivaram o caminho de

acesso ao pasto; o córrego em cuja margem acamparam no dia de São Pedro, recebeu o

nome deste Santo e próximo a ele deixaram instalados um casal de escravos da família

na Lagoinha.

Caetano Alves Rezende instalou-se em área pertencente ao atual município de

Uberaba, que denominou por Sesmaria Boa Esperança do Rio Claro. A cópia da Carta

de Sesmaria de Francisco Rodrigues Rabello, indica ter sido a mesma denominada por

Sesmaria Ribeirão da Rocinha. José Alves Rezende, teve mais tarde como um dos

limitantes, João Pereira da Rocha, cujo marco era um córrego que por esta região

recebeu o nome de córrego da Divisa. Sua área teve por denominação Sesmaria

Monjolinho e lá construiu, mais tarde, a fazenda Letreiro. Todas estas demarcações e

posseamentos de terras ocorreram em 1817, embora o registro do documento de posse

tenha sido efetuado entre 1820 e 1821.

Outras famílias ainda viriam fixar residência no local como Ricardo Gonzaga

dos Santos e João Vermelho Bravo que tomaram posse das terras das Sesmarias da

“Rocinha” e a de “Registro”. Há ainda os Cabral de Menezes que se alojaram no ponto

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denominado bebedouro. Esses moradores tinham o hábito da caça para consumo e para

facilitar e eliminar os perigos, armaram jiraus de madeira rústica sobre forquilhas

amarradas com cipó, que tomavam a forma de um sobrado, resultando no nome do

local: fazenda Sobradinho.

Com a construção da sede da fazenda Letreiro, Francisco Alves Pereira,

necessitou de homens especializados em ferragens, para carros-de-boi. Obtendo

informações de que no arraial de Campo Belo do Prata existiam bons partiu em busca

dos mesmos. Foi então que conheceu a família Carrejo, que contava em seu meio com

excelentes profissionais. Francisco entrou em contato com alguns membros desta

família combinando a venda de terras em boas condições, facilitando sua vinda. Desta

forma, os Carrejos transferiram-se para a localidade levando consigo esposas, filhos e

alguns escravos.

Posteriormente, adquiriram terras pertencentes a José Diogo da Cunha e parte

das terras de João Pereira da Rocha. Luís Alves Carrejo ficou com as terras onde hoje é

a fazenda Olho D’Água, Francisco Alves Carrejo posseou a da Laje, Felisberto instalou-

se na fazenda da Tenda; Antônio Alves Carrejo ficou com a que denominou

Marimbondo.

Nesta época desenvolveu-se um grande povoado às margens do córrego São

Pedro do Uberabinha, perto de olhos d’água, no local conhecido por Fundinho, iniciado

com os escravos deixados lá por João Pereira da Rocha e mais as famílias que foram

chegando para tocar lavouras na Sesmaria São Francisco. A partir daí novas famílias

vão chegando e, em 1846 é fundado o primeiro povoado às margens do rio Uberabinha.

"Historicamente, esta região foi povoada por umas poucas famílias que aqui se detiveram após conseguirem direito à sesmaria ou adquirindo grandes porções de terra que foram sendo ocupadas por fazendas de gado voltadas para uma economia de subsistência, com uma massa de população totalmente desarticulada e trabalhando em uma agricultura de baixíssima produtividade." (LOPES, 2005, p. 18)

Com a fundação do povoado, em 1842, a população local se organiza e elegem

Francisco Alves Pereira e Felisberto Alves Carrejo como procuradores do local.

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Imbuídos da missão cristã de erguer uma igreja no local, conseguem a permissão junto

as autoridades eclesiásticas para construir uma capela na povoação. Vencida esta etapa,

Francisco Alves e Felisberto Carrejo procuram na região um local apropriado para

erguer a capela. A área escolhida por eles fazia parte da fazenda do Salto que se

localizava à margem de confluência do ribeirão São Pedro com o rio Uberabinha e

pertencia a Francisca Alves Rabelo, viúva de João Pereira da Rocha, e seus herdeiros.

“(...) quando um grupo mais ou menos numeroso ocupava de maneira

definitiva uma parte do sertão, surgia naturalmente a idéia da capela. Dado

o patrimônio, formava-se o povoado, muito lentamente. Depois de algum

tempo era criada a paróquia. E só depois de muitos a nos, geralmente como

resultado de abaixo-assinados da população era criada a vila.” BARBOSA

(1945)

Após negociações, a viúva de João Pereira da Rocha, Francisca Alves Rabelo,

decide vender as terras para a construção da capela. Este seria o patrimônio territorial da

santa, critério indispensável exigido pela provisão episcopal para a ereção de uma

capela curada. Em seguida foi delimitada uma área de dois alqueires para pasto de

aluguel, cuja renda seria convertida para a construção da capela projetada.

Membros da comunidade fizeram a doação das parcelas até a quitação do valor

estipulado. Tendo sido o terreno doado a Nossa Senhora do Carmo e Mártir São

Sebastião. Este patrimônio tinha como marco de um de seus limites, a barra do ribeirão

São Pedro com o Rio Uberabinha, e a denominação do arraial resulta então da junção do

nome da igreja ao detalhe de localização: Arraial de Nossa Senhora do Carmo e São

Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha.

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A construção da capela só foi

iniciada alguns anos após, sendo

inaugurada em 1853, com uma missa

solene rezada pelo Pe. Antônio

Martins, vigário de Santana do Rio

da Velhas. Era uma capela simples,

construída em tijolo de adobe, mas

que comportava todos os fiéis. O

terreno no entorno da mesma foi

destinado a ser o primeiro cemitério

da cidade tendo sido o primeiro sepultamento o de D. Maria Euphrásia de Jesus, esposa

de Antônio Alves Carrejo.

Em junho de 1846 deu-se o começo à capela, modesta ermida de uns 60M2, toscamente construída de adobes e barro, e se lhe demarcou ao redor uma faixa de terreno que deveria servir de campo santo. Somente em 1853 terminou-se sua construção. PEZZUTI (1922)

Segundo CARRATO (1963), antes da implantação da capela, os primeiros

arraiais não passavam de arruados dispostos de acordo com a configuração geográfica

dos terrenos e rios. A construção deste templo religioso tornou-se um fator de

aglutinação da população e fortaleceu o crescimento de casas, vendas, ranchos,

armazéns e pousos ao seu redor, principalmente, dentro da área de provisão territorial da

igreja.

Desta forma, ergueram-se moradias “(...) dos ricos, maiores e melhores,

próximas a capela e a dos pobres, mais distantes, se espalhavam pelos morros, ladeiras e

várzea circunjacentes” e enfim resultaram no povoado ou Arraial propriamente dito.

Inclusive a este respeito, existem registros reproduzidos e expostos no museu municipal

de Uberlândia que relata a imposição por parte das autoridades locais determinando que

todas as residências localizadas nas proximidades da Capela deveriam apresentar

cobertura com telhas e não com palha.

As primeiras residências construídas em volta da capela foram de: Francisco

Alves Pereira, Luiz Alves Pereira, Manoel Alves dos Santos, Francisco Pereira dos

Fig. 3 – Desenho ilustrativo da primeira igreja de Nossa

Senhora do Carmo

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Santos, José Alves de Amorim Brito, Felisberto Alves Carrejo. Mais tarde foi

construído na esquina, na parte de cima, o hotel de João Bernardes Souza, e do outro

lado uma casa de comércio voltado aos gêneros de primeira necessidade de Custódio da

Costa Pereira.

Com a construção da primeira capela, o arraial foi lenta e progressivamente, se

desenvolvendo. Quatro anos após a construção da capela, no intuito de legalizar as

terras adquiridas em consentimento dos vinte e um herdeiros de João Pereira, os

procuradores, promoveram a divisão e demarcação daquele Patrimônio perante o juiz

municipal de Uberaba, em outubro de 1857, no arraial já denominado de Nossa Senhora

do Carmo e São Sebastião da Barra de São Pedro de Uberabinha.

No ano seguinte, a capela foi elevada à categoria de Matriz tendo sido acrescido

seu espaço físico entre 1858 e 1876, quando foram sepultados em seu interior os corpos

de Felisberto Alves Carrejo e Francisco Alves Pereira. Em 1863, a Igreja foi ampliada

recebendo um acréscimo de 22 metros para frente e 12 metros de largura. A edificação

antiga que abrigava a capela foi transformada em sacristia.

Em 1862 iniciaram-se as obras de ampliação construindo na frente, o que se tornou a parte principal, com o altar-mor. Felisberto Alves Carrejo administrou as obras da matriz até o ano de 1863, quando assumiu os trabalhos uma comissão, presidida pelo capitão Francisco Alves Pereira, que passou a ser o administrador, missão que desempenhou até o seu falecimento, ocorrido em 1876. CUNHA (1989)

Para a emancipação do

Distrito era necessária sua

elevação à categoria de Vila.

Formou-se então uma comissão

pró-emancipação que enviou

ao governo da Província,

através do deputado Augusto

César Ferreira e Souza, um

documento no qual expunha as

possibilidades econômicas que

justificavam o pretendido. No documento a relação do que Uberabinha possuía

Fig.4 – Desenho ilustrativo da Igreja de Nossa Senhora do

Carmo e São Sebastião após reforma

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declarada com orgulho pelo povo que já tinha a certeza do futuro promissor do povoado

que crescia:

“Sessenta engenhos de canna, sete engenhos de serra, nove olarias e telhas, seis officiaes de ferreiro, quatorze officinas de sapateiro, seiscentos carros arreados em trabalho, duzentos prédios, um cemitério, obra de pedra aperfeiçoada, uma matriz importante, contendo todos os paramentos, uma igreja do Rosário em construcção, duas aulas do sexo masculino e feminino, oito aulas particulares, dez capitalistas, nove negociantes de generos do paiz e molhados, uma fonte de águas sulphurosas já acreditadas, um hotel bem montado, pedras de diversas qualidades e muitas madeiras de lei.” In CUNHA (1989).

Em 1852, foi criado o Distrito de Paz pela Lei n° 602 de 20/05/1852:

Lei que cria um Distrito de Paz no Lugar denominado São Pedro da Uberabinha, e contém outras disposições a respeito. O Doutor José Lopes da Silva Vianna, Vice-Presidente da Província de Minas Gerais: Faço a saber a todos os seus habitantes, que a Assembléia Legislativa Provincial decretou, e eu, sancionei a Lei seguinte: Art. 1º - Fica criado um Distrito de paz no lugar denominado - São Pedro da Uberabinha na Paróquia e Município da Uberaba. Art. 2º - As divisas do novo Distrito serão estabelecidas pelo Governo, ouvida a Câmara Municipal respectiva. Art. 3º - Ficam revogadas as disposições em contrário. Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a cumpram e façam cumprir, tão inteiramente como nela se contém. O Secretário desta Província a faça imprimir, publicar e correr. Dada no Palácio do Governo da Província de Minas Gerais, os 20 de maio de 1852. José Lopes da Silva Vianna - Presidente da Província.

Em 1857, São Pedro de Uberabinha foi elevado à Freguesia. Segundo Teixeira,

desde o século XIX era possível perceber a vocação comercial que, mais tarde, seria tão

marcante na história do município. As relações iniciais resumiam-se à compra e venda

de artigos de primeira necessidade, mas a criação de armazéns numa área denominada

Largo do Comércio, já indicava a importância da atividade (TEIXEIRA, 1970, p. 30.).

Isso pode ser justificado pela localidade onde o antigo São Pedro de Uberabinha ficava:

na passagem que ligava as Minas à Goiás. São Pedro do Uberabinha se especializou na

atividade comercial por estar em um local estratégico entre produtores e consumidores.

No ano de 1866 foi instalada a 1ª sub-delegacia de Polícia no Distrito de São Pedro

de Uberabinha sendo nomeado escrivão o sr. Antônio Maximiano Ferreira Pinto. No

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ano seguinte, Francisco Alves Barboza é nomeado subdelegado de Polícia do Distrito.

Em 1883 é inaugurada a agência postal.

Fig. 5 – Reconstituição do traçado urbano de Uberlândia no ano de 1856.

Fonte: www.uberlandia.mg.gov.br

Através do decreto nº 51 de 07 de Junho de 1888 Uberabinha foi elevada à

categoria de Vila e em 31 de agosto do mesmo ano passou, a Município pela Lei 4.643.

Três anos mais tarde, o governador de Estado nomeou os membros do Conselho de

Intendência, aos quais coube a organização do código de administração pública e

detenção e do prédio destinado a instalação da Intendência Municipal.

A instalação da primeira Câmara Municipal aconteceu em sete de março de

1892, constituída pelos seguintes membros: Augusto César Ferreira e Souza, Pe. Pio

Dantas Barbosa, Arlindo Teixeira, José Inácio Rodrigues, Manoel Alves dos Santos,

Antônio Alves Pereira, José Joaquim Coelho, José Teófilo Carneiro, Honório Marra da

Silva, Joaquim Carrejo Peixoto da Cunha, José de Lelles França e Antônio Maximiano

Ferreira Pinto.

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Fig. 6 – Reconstituição do traçado urbano de Uberlândia no ano de 1891.

Fonte: www.uberlandia.mg.gov.br

Em 1895, foi inaugurada a Estrada de Ferro Mogiana que representou um

incentivo ao desenvolvimento de Uberabinha e facilitou a comunicação da cidade com

grandes centros urbanos, como Campinas e São Paulo. A Mogiana começou suas

atividades em 1872 com um capital de três contos de reis. Ela deveria prolongar a linha

até o rio Grande, passando por Casa Branca e Franca. Chegou ao Triângulo Mineiro na

década de 1890 e parou seus trilhos em Araguari. Segundo Pedro Pezzuti, não foi a

presença da ferrovia que trouxe o desenvolvimento de Uberabinha, mas o processo de

urbanização iniciado nas gestões posteriores a 1909.

Eram escassos os seus recursos e por isso pouco lhe foi possível fazer [...] De conformidade com o tempo e com os meios ensaiou-se o saneamento citadino, que casos esporádicos de typho exanthematico de vez em quando alarmavam; foram melhoradas e reparadas algumas estradas vicinaes e construído um público matadouro. [...] haveria por ventura idéas, mas faltavam os meios pecuniários em orçamentos anuais de minguados contos

de réis. (PEZZUTI, 1922, p. 23-24)

Ainda no final do século XIX foram realizadas as seguintes melhorias na

cidade: 1894 - Instalação do 1º relógio público na torre da Matriz; construção do 1º

matadouro municipal; 1895 - inauguração da Estação Ferroviária da Mogiana; 1897 -

instalação da 1ª escola secundária “Colégio Uberabinhense”, circulação da folha “A

Reforma”, o 1º Jornal da cidade, sendo seu fundador e diretor proprietário o professor

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João Luiz da Silva; proposta para se fazer a iluminação pública (Lampião à querozene);

1898 – fundação da “Gazeta de Uberabinha” órgão oficial da Câmara, 1899 - Instalação

da Estação Telegráfica.

De 1908 a 1911, foi prefeito do município o fazendeiro Alexandre Marques,

genro de Severiano Rodrigues da Cunha. Sob suas ordens, o engenheiro James John

Mellor elaborou um plano de expansão urbanística para a cidade, inspirado pela idéia de

modernização que estava em voga por causa da construção da nova capital mineira. Ele

ampliava o perímetro urbano a partir do antigo núcleo, o Fundinho, e o ligava à nova

Estação Ferroviária. Cinco avenidas arborizadas e largas foram construídas. Eles eram

paralelas e entrecortadas por oito vias transversais, com uma grande praça no quarteirão

central, atual Praça Tubal Vilela.

Ainda em 1918, de acordo com

descrições de CAPRI (1916), a cidade de

Uberabinha tinha 40 ruas “largas, compridas e

rectas. Ora parallelas, ora perpendiculares

umas ás outras, cortam-se quasi todas em

angulo recto”. A influência da família

Rodrigues da Cunha foi um fator decisivo na

urbanização e modernização de Uberabinha

que teria transformado a vila rústica e pequena

em uma cidade moderna e próspera.

Os Rodrigues da Cunha e seus

familiares, impuseram para a cidade seus

interesses de fazendeiros e comerciantes. Segundo BOSI (2005, p. 17-34), o

desenvolvimento econômico da cidade aconteceu por incentivo e influência desse grupo

de poder, mas foi também uma manifestação de "uma vocação de ávidos negociantes

amadurecida pela concorrência com Araguari e Uberaba, e pela proximidade fabricada

ao longo das décadas de 1890, 1900 e 1910 com Goiás, Mato Grosso e São Paulo."

Fig. 7 – Major Alexandre Marques – Presidente e agente executivo da Câmara Municipal.

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Um grande impulso para o desenvolvimento de Uberabinha, sem dúvida, foi a

implantação da energia elétrica. O Coronel José Teófilo Carneiro prometeu às

personalidades de Uberabinha que daria um presente à sua “terra”. Comprou a

Cachoeira dos Dias e entrou em contato com a Companhia Paulista de Eletricidade que

lhe enviou o engenheiro Paulo Faria, ficando este responsável pelos estudos, projetos e

implantação da obra. No dia 31 de outubro de 1909 é erguido o primeiro poste de luz

elétrica nas proximidades da cadeia pública e em 25 de dezembro do mesmo ano foi

inaugurada a luz elétrica na cidade com gerador de 500HP.

Em 1912, é inaugurada a Empresa Força e Luz de Uberabinha, uma sociedade

autônoma com sede em São Paulo. O Coronel Carneiro adquiriu a Cachoeira do Salto e

instalou mais uma usina com uma máquina geradora de 1000HP com energia suficiente

para atender a 35.000 habitantes e na época Uberabinha ainda não tinha 10.000

habitantes. As instalações feitas pelo Coronel Carneiro forma úteis durante 39 anos

quando a Companhia Prada de Eletricidade assumiu o fornecimento de Energia elétrica

para o município. Após décadas de muitos problemas no fornecimento de energia e

insatisfação por parte da população e indúistrias a CEMIG assume no dia 16 de outubro

de 1973, o fornecimento de energia elétrica para o município, permanecendo até os dias

atuais. Fez parte também da modernização da cidade a construção de pontes na região

que fizeram com que se pudesse avançar em termos de infra-estrutura e

desenvolvimento urbano.

Fig. 8 – Casa da usina da Companhia Força e Luz de

Uberabinha. Fonte: CAPRI, Roberto. Paraguassú Minas. 1918

Fig. 9 – Barragem na entrada do canal da usina da

Companhia Força e Luz de Uberabinha. Fonte: CAPRI, Roberto. Paraguassú Minas. 1918

Nas décadas de 1910 e 1920, começou a se firmar o caráter identitário do

município e a imagem do antigo arraial subordinado à Uberaba começava a ser

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substituída. Surge, então, em rodas de conversas realizadas na Livraria Kosmos, ponto

de encontro de intelectuais da cidade, a idéia de se trocar o nome do município. O

proprietário da Kosmos, Sr. Zacarias Alves de Mello, lançou um questionário para seus

clientes com o objetivo de criar um novo nome para Uberabinha.

O argumento era que a cidade que se lançava no futuro com as honras do

progresso não poderia ser uma pequena Uberaba, tinha que ter um nome próprio. João

de Deus Faria sugeriu Uberlândia, que significa terra fértil. Não satisfeito com a

sugestão, o coronel José Theófilo Carneiro refreou os ânimos dos intelectuais

uberabinhenses e extinguiu-se o projeto. Quase vinte anos depois, o mesmo coronel

resolveu que era boa a troca do nome e foi à capital para tratar do assunto munido de

assinaturas. Queria que a cidade se chamasse Maravilha, mas foi advertido pelo senador

João Pio que aquele era um nome para uma vaca e não para uma cidade. Assim,

lembrou-se de Uberlândia, proposta de Faria, e o nome foi trocado pela lei n° 1128 de

19 de outubro de 1929.

Nas décadas de 1910 e 1920, o ideal de modernização levou a busca de novos

rebanhos para o país. Assim, alguns produtores agropecuaristas do Triângulo se

reuniram para importar uma nova raça de bovinos. Eles foram à Índia e buscaram

clandestinamente as raças Nelore, Guzerat e Gira (TORRES, s/d, vol 4, p. 1107). Foram

várias expedições até as raças se fixarem em nosso território. Elas eram dispendiosas e

complicadas porque os animais precisavam ser embarcados à noite para que os hindus

não protestassem. Além disso, a boiada seguiria de barco até a costa brasileira e, ainda,

seria tocada até o planalto.

Todo o Triângulo foi beneficiado com a empreitada. Em Uberabinha, o vereador

de uma das primeiras Câmaras, o Sr. Manoel Alves dos Santos, era grande produtor do

gado Zebu, uma mistura das raças indianas Gir e Guzerat. Outros fazendeiros aderiram

às novas raças bovinas introduzidas e/ou criadas no Brasil porque elas agregavam o

melhor de várias raças, como o próprio Zebu ou a raça Girolanda. Em vista disso, a

pecuária de corte e leite cresceu muito no Triângulo e, hoje, a cidade de Uberlândia

conta com inúmeros frigoríficos. Além disso, os produtores continuam com as pesquisas

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de aprimoramento de raças mais produtivas e novilhos melhores, caracterizando a

região como grande inovadora tecnológica.

Em 1913 foi implantado em Uberabinha o serviço de transporte público

intermunicipal. Foi inaugurada a Companhia Mineira Auto-Viação Intermunicipal, em

28 de novembro de 1913, sendo o incorporador o sr. Fernando Alexandre Villela de

Andrade. Fernando obteve o privilégio do Estado de Minas para a construção, uso e

tráfego de estradas de automóveis que partiriam de Uberabinha dirigindo-se a Monte

Alegre, Vila Platina, Abadia do Bom Sucesso e Santa Rita do Paranaíba.

Fig. 10 – casa de apoio da companhia mineira de auto-viação no km 7.

Fonte: CAPRI, Roberto. Paraguassú Minas. 1918

Os primeiros estudos para a abertura de estradas na região foram realizados

ainda em 1919, por conta do próprio incorporador tendo em vista estudar a viabilidade

do projeto. Os trabalhos de construção começaram em 12 de agosto de 1912. A

extensão total, segundo CAPRI (1918), da rede rodoviária na época era de 245 km em

território mineiro, estando 196 km em tráfego e 49km ainda em construção. A estação

central de desembarque de passageiros em Uberabinha localizava-se junto a estação

Mongyana, o que integrava o serviço de transporte do local. A companhia trafegava

com 7 veículos de passageiros (“Carro Fiat para 12 passageiros” CAPRI, 1916) e 3

caminhões para o transporte de cargas.

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Fig. 11 – Entrada da estrada da companhia em Monte Alegre.

Fonte: CAPRI, Roberto. Paraguassú Minas. 1918

O processo de desenvolvimento de Uberlândia se manteve pelas décadas de

1920, 1930 e 1940. Nesta última, algumas fábricas foram instaladas na cidade e houve

uma diversificação do comércio. Tendo em vista o grande desenvolvimento social e

humano bem como o afluxo de pessoas para a região, em 1943, a prefeitura de

Uberlândia, na gestão do Prefeito Vasconcelos Costa, demoliu a antiga igreja de Nossa

Senhora do Carmo para dar lugar à rodoviária municipal. Esta reforma teve como

intenção melhorar as instalações para recepcionar as pessoas que se deslocavam para a

cidade e fomentar ainda mais o transporte de passageiros e carga.