pranayama) sobre a ansiedade, afeto, discurso e imagem … · 2017-11-25 · imagem positiva),...
TRANSCRIPT
Instituto do Cérebro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Pós-Graduação em Neurociências
Impacto do treinamento respiratório do yoga (pranayama) sobre a ansiedade, afeto, discurso e
imagem funcional por ressonância magnética.
Doutoranda: Morgana Menezes Novaes
Orientador: Prof. Dr. Dráulio Barros de Araújo
Natal-RN
2017
MORGANA MENEZES NOVAES
Impacto do treinamento respiratório do yoga (pranayama) sobre a ansiedade, afeto, discurso e
imagem funcional por ressonância magnética.
Tese apresentada ao Programa de Pós-Graduação
em Neurociências da UFRN como parte dos re-
quisitos para obtenção do título de Doutor em
Ciências. Área de concentração: Neurociências
Orientador: Prof. Dr. Dráulio Barros de Araújo
Natal-RN
2017
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Árvore do Conhecimento - Instituto do Cérebro - ICE
Novaes, Morgana Menezes.
Impacto do treinamento respiratório do yoga (pranayama) sobre
a ansiedade, afeto, discurso e imagem funcional por ressonância
magnética / Morgana Menezes Novaes. - Natal, 2017. 105f.: il.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Instituto do
cérebro. Pós-Graduação em Neurociências.
Orientador: Dráulio Barros de Araújo.
1. Yoga. 2. Pranayama. 3. Emoção. 4. Ansiedade. 5. Afeto. 6.
Imagem funcional por ressonância magnética. I. Araújo, Dráulio
Barros de. II. Título.
RN/UF/BSICe CDU 612.8
Impacto do treinamento respiratório do yoga (pranayama) sobre a ansiedade, afeto, discurso e
imagem funcional por ressonância magnética.
MORGANA MENEZES NOVAES
Apresentação em 25 de julho de 2017
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________
Prof. Dra. Elisa Harumi Kozasa - Hospital Israelita Albert Einstein
________________________________________________________
Prof. Dr. Tiago Arruda Sanchez - UFRJ
________________________________________________________
Prof. Dra. Maria Bernardete Cordeiro de Sousa - UFRN
________________________________________________________
Prof Dr. Bruno Lobão Soares - UFRN
AGRADECIMENTOS
À Dráulio Barros de Araújo pela oportunidade de conhecer um pouco sobre a Neurociência e
principalmente por ter me apresentado o yoga. Serei eternamente grata por todo ensinamento
e exemplo como orientador e como pessoa.
À Danilo por toda orientação que me concedeu sobre o yoga. Sempre de uma forma tão sim-
ples, cuidadosa e profunda.
Ao grupo Neuroimago, em especial ao lab girls : Kátia Andrade, Fernanda Palhano, Jéssica
Andrade e Heloisa Onias por todos os momentos que compartilhamos juntas.
À Fernanda Palhano por estar presente sempre, por ser braço direito e auxílio certo . Foi
muito importante saber que podia contar com você.
À minha família por ser a minha base, minha essência, em especial aos meus pais, pelo amor
incondicional, por me apoiar, incentivar e por tudo que representam para mim.
Ao meu esposo, Franklin Torres Brandão, pela compreensão nos momentos mais difíceis e de
ausência, por todo incentivo, carinho e amor.
Às amigas de Natal que me receberam e estiveram presente nos momentos de alegria e triste-
za, sempre descontraindo, incentivando e torcendo pelo sucesso: Tatianne, Rivanda, Wanessa,
Maria Helena, Eufrásia e Kelly.
Entrego, confio, aceito e agradeço!!!
Professor Hermógenes.
Resumo
A sistematização do yoga por Patañjali divide o yoga em 8 conjuntos de práticas, dentre elas
os asanas, a meditação e as práticas respiratórias, conhecidas como pranayama. Estudo recen-
tes tem sugerido que a prática de pranayama está associada a efeitos positivos sobre quadros
de estresse e ansiedade. Esta tese tem por objetivo avaliar o impacto da prática do Bhastrika
Pranayama sobre marcadores de ansiedade, afeto, discurso e imagem funcional por ressonân-
cia magnética (fMRI, Functional Magnetic Resonance Imaging) usando desenho controlado,
randomizado de braços paralelos. Trinta adultos jovens saudáveis, e sem experiência com o
yoga, foram recrutados e avaliados por meio do inventário de ansiedade traço-estado (IDA-
TE), da escala de afeto positivo e negativo (PANAS), da análise do discurso e da fMRI (tarefa
de regulação emocional, e resting state), antes e após 4 semanas de prática do Bhastrika Pra-
nayama ou de atividades controle. Após o treinamento observamos redução dos níveis de an-
siedade e de afeto negativo, e interação significativa no sinal da ínsula anterior bilateral e cín-
gulo anterior direito. A análise de correlação mostrou que após a prática do pranayama, os
indivíduos com maiores aumentos da atividade da amígdala, e ínsula bilateral foram os que
menos reduziram o afeto negativo. Os dados de rs-fMRI revelaram redução significativa de
conectividade funcional do córtex pré-frontal ventrolateral (vlPFC) à direita com córtex pré-
frontal dorsolateral (dlPFC) à direita após o treinamento. Correlação entre dados de rs-fMRI e
escala PANAS mostrou que entre os indivíduos que fizeram o pranayama, os que mais reduzi-
ram a conectividade entre ínsula anterior à direita com vlPFC bilateral foram os que mais re-
duziram o afeto negativo. Análise do discurso mostrou redução significativa na relação se-
mântica entre os textos transcritos e a palavra ansiedade. Não foram encontradas diferenças
nas estruturas do discurso. De forma geral, nossos resultados sugerem que a prática do Bhas-
trika Pranayama leva a mudanças significativas de ansiedade e de afeto, que se mostraram
acompanhadas por mudanças na atividade e conectividade de estruturas cerebrais que partici-
pam de processos de regulação emocional.
Palavras-chave: Yoga, pranayama, emoção, ansiedade, afeto, imagem funcional por ressonân-
cia magnética.
Abstract
The systematization of Yoga presented in the Yoga Sutras of Patañjali, written around 400
CE, proposes an eight limb yoga system, also known as Ashtanga Yoga (ashta=eight,
anga=limb), consisting of eight set of practices. Among them, the breathing practices, known
as Pranayama, has been associated with positive effects on stress and anxiety. This thesis
explores the impact of Bhastrika Pranayama training on markers of anxiety, affect, speech,
and functional magnetic resonance imaging (fMRI) using a randomized controlled trial of two
parallel arms. Thirty young healthy adults, naïve to Yoga practices, were recruited and evalu-
ated by the State-Trait Anxiety Inventory (STAI), the Positive and Negative Affect Schedule
(PANAS), Speech Analysis and fMRI (emotional regulation task, and resting state-fMRI),
before and after 4 weeks of training Bhastrika Pranayama or control activities. Results after
bhastrika pranayama suggest reduction in both anxiety and negative affect, increased activity
in bilateral anterior insula and right anterior cingulate cortex. Correlation analysis between
fMRI signal during the emotional regulation protocol and PANAS scale showed that among
individuals in pranayama group, individuals who most increased the activity in amygdala,
right and left insula were those that less decreased negative affect. rs-fMRI results suggest
decreased functional connectivity in the right ventrolateral prefrontal cortex (vlPFC) with
right dorsolateral prefrontal cortex (dlPFC) after pranayama. Correlation between rs-fMRI
data and PANAS scale showed that among individuals in pranayama group, those who most
decreased the connectivity between right anterior insula with right and left vlPFC were the
individuals that most decreased negative affect. Speech analysis showed reduction in semantic
properties when the word “anxiety” was used as seed. No significant difference was found in
speech structures after pranayama. In general, our results suggest that the practice of
Bhastrika Pranayama leads to changes in anxiety and affect, which was accompanied by
changes in the activity and connectivity of brain structures that participate in processes of
emotional regulation.
Keywords: Yoga, pranayama, emotion, anxiety, affect, functional magnetic resonance imag-
ing.
Lista de abreviações e siglas
ACC - Anterior Cingulate Cortex
AGD - Atributos de Grafo do Discurso
AN - Afeto Negativo
ANOVA - Análise de Variância
AP - Afeto Positivo
ASP - Average Shortest Path
ATD - Average Total Degree
C - Controle
CC - Cluster Coefficient
CDI - Centro de Diagnóstico por Imagem
cdt - cluster-defining threshold
dlPFC - dorsolateral prefrontal cortex
DMN - Default Mode Network
dmPFC - dorsomedial prefrontal cortex
DP - desvio-padrão
E - Edges
EPI - Echo Plannar Imaging
fc - functional connectivity
FD - Frame Displacement
FIND - Functional Imaging in Neuropsychiatric Disorders
fMRI - funcional Magnetic Resonance Imaging
fwe - family wise error
GLM - General Linear Model
HUOL - Hospital Universitário Onofre Lopes
ICe - Instituto do Cérebro
IDATE - Inventário de Ansiedade Traço-Estado
L1 - loops with one node
L2 - loops with two nodes
L3 - loops with three nodes
LCC - largest connected component
LSC - largest strongly connected component
MNI - Montreal Neurological Institute
N - Nodes
NEG - olhar passivamente imagens negativas
NEU - olhar passivamente imagens neutras
P - Pranayama
PANAS - Positive and Negative Affect Schedule
PCA - Principal Component Analysis
PE - parallel edges
RE - recurrence edges
REG - regular imagem negativa para reduzir seu impacto emocional
ROI - Regions of interest
rs - resting state
SAL - rede de saliência
se - Standard error
SPM - Statistical Parametric Mapping
TCLE - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TE - Tempo ao Eco
TR - Tempo de Repetição
UFRN - Universidade Federal do Rio Grande do Norte
vlPFC - ventrolateral prefrontal cortex
vmPFC - ventromedial prefrontal cortex
Lista de figuras
FIGURA 1. MODELO DO CONTROLE COGNITIVO DA EMOÇÃO. SISTEMAS NEURAIS ENVOLVIDOS
NO USO DE ESTRATÉGIAS COGNITIVAS, COMO REAVALIAÇÃO, PARA REGULAR A
EMOÇÃO (CAIXAS AZUIS, A ESQUERDA) E SISTEMAS ENVOLVIDOS NA GERAÇÃO DESSAS
RESPOSTAS (CAIXAS ROSA, A DIREITA). OS SISTEMAS COM PAPEL INDEFINIDO OU
INTERMEDIÁRIO NA REAVALIAÇÃO SÃO REPRESENTADOS PELAS CAIXAS AMARELAS, A
ESQUERDA. FIGURA ADAPTADA DO ARTIGO (OCHSNER, SILVERS ET AL. 2012).................... 19 FIGURA 2. ILUSTRAÇÕES DE UMA KAPALABHATI E DE UM SURYA BEDHANA. ................................... 26 FIGURA 3. CONEXÕES NEUROANATÔMICAS DO SISTEMA NERVOSO PARASSIMPÁTICO COM
SISTEMA GABA. FIGURA ADAPTADA DO ARTIGO (STREETER, GERBARG ET AL. 2012)........ 34 FIGURA 4. DESENHO EXPERIMENTAL. AVALIAÇÕES POR ESCALAS, FMRI E DISCURSO FORAM
REALIZADAS ANTES E DEPOIS DA INTERVENÇÃO (PRANAYAMA OU CONTROLE). ............. 40 FIGURA 5. REPRESENTAÇÃO DE UM TRIAL DO PROTOCOLO DE REGULAÇÃO EMOCIONAL. (A)
NO INÍCIO, POR 2S, ERA APRESENTADA A INSTRUÇÃO (OLHE A IMAGEM OU TORNE A
IMAGEM POSITIVA), SEGUIDA POR 6S (B) DE APRESENTAÇÃO DA IMAGEM (NEUTRA OU
NEGATIVA), POR 6S (C) PARA JULGAR O IMPACTO EMOCIONAL DA IMAGEM, E POR 4S (D)
DE APRESENTAÇÃO DE UMA CRUZ DE FIXAÇÃO (BASELINE). ESSE BLOCO (A + B + C + D)
FOI REPETIDO 18 VEZES, SENDO SEIS VEZES PARA CADA CONDIÇÃO (NEU, NEG, REG). A
DURAÇÃO TOTAL DE CADA RUN FOI DE 324 SEGUNDOS (5 MIN, 24S). EM CADA SESSÃO
(ANTES E APÓS O TREINO) FORAM REALIZADOS TRÊS RUNS DE 18 TRIALS CADA. ............... 44 FIGURA 6. MÁSCARAS DAS ROI UTILIZADAS NA ANÁLISE. FORAM UTILIZADAS: CÍNGULO
ANTERIOR, AMÍGDALA, ÍNSULA ANTERIOR, CÓRTEX ORBITOFRONTAL, CÓRTEX PRÉ-
FRONTAL DORSOLATERAL (DLPFC), CÓRTEX PRÉ-FRONTAL DORSOMEDIAL (DMPFC),
CÓRTEX PRÉ-FRONTAL VENTROLATERAL (VLPFC) E CÓRTEX PRÉ-FRONTAL
VENTROMEDIAL (VMPFC). .................................................................................................................... 46 FIGURA 7. MÁSCARAS DAS REDES DMN E SALIÊNCIA. EM AZUL SÃO APRESENTADAS AS
REGIÕES QUE COMPÕEM A DEFAULT MODE NETWORK (DMN), E EM VERMELHO AS QUE
COMPÕEM A SALIENCE NETWORK (SN). ............................................................................................. 47 FIGURA 8. EXEMPLO DE GRAFO. GRAFO DE RELATO VERBAL TRANSCRITO, EM QUE CADA
PALAVRA REPRESENTA UM NÓ E A SEQUÊNCIA TEMPORAL DO DISCURSO É
REPRESENTADA POR UMA ARESTA (MOTA, FURTADO ET AL. 2014). ........................................ 50 FIGURA 9. EXEMPLOS DE ATRIBUTOS OBTIDOS A PARTIR DE GRAFOS DO DISCURSO.
ATRIBUTOS: NÓS (N), ARESTAS (E), TOTAL DE NÓS NO MAIOR COMPONENTE CONECTADO
(LCC) E NO MAIOR COMPONENTE FORTEMENTE CONECTADO (LSC), ARESTAS REPETIDAS
(RE), ARESTAS PARALELAS (PE), E CICLOS DE 1, 2 OU 3 NÓS (L1, L2 E L3) (MOTA, FURTADO
ET AL. 2014). .............................................................................................................................................. 51 FIGURA 10. BOXPLOT IDENTIFICANDO OUTLIERS NAS ESCALAS (IDATE E PANAS). OS PONTOS
FORA DOS LIMITES (IDENTIFICADOS POR °) REPRESENTAM OUTLIERS. FOI IDENTIFICADO
UM OUTLIER DO GRUPO PRANAYAMA NO IDATE-E (P5) E DOIS VOLUNTÁRIOS NO PANAS-E
AFETO NEGATIVO (C7 E C9). ................................................................................................................. 55 FIGURA 11. EFEITO DO TREINAMENTO SOBRE O INVENTÁRIO DE ANSIEDADE TRAÇO-ESTADO
(IDATE). FOI ENCONTRADA INTERAÇÃO SIGNIFICATIVA ENTRE TREINAMENTO E TEMPO
PARA O IDATE-E (F1,26=4.30; P=0.048, COHEN’S D=0.81), MAS NÃO PARA O IDATE-T. A
FIGURA MOSTRA OS VALORES MÉDIOS E ERRO PADRÃO DA MÉDIA PARA CADA GRUPO
(PRANAYAMA E CONTROLE) ANTES E DEPOIS DA INTERVENÇÃO. C=CONTROLE E
P=PRANAYAMA. ...................................................................................................................................... 55 FIGURA 12. EFEITO DO TREINAMENTO SOBRE O PANAS (ESTADO E TRAÇO). FOI ENCONTRADA
INTERAÇÃO SIGNIFICATIVA ENTRE TREINAMENTO E TEMPO NO PANAS-E, AFETO
NEGATIVO (F1,25=8.56; P=0.007, COHEN’S D=1.17), AFETO POSITIVO (F1,27=5.91; P=0.02,
COHEN’S D=0.93); E NO PANAS-T, AFETO POSITIVO (F1,27=7.35; P=0.01, COHEN’S D=1.04). NÃO
FOI OBSERVADA INTERAÇÃO SIGNIFICATIVA NO PANAS-T, AFETO NEGATIVO (F1,27=3.78;
P=0.06). A FIGURA MOSTRA OS VALORES MÉDIOS E ERRO PADRÃO DA MÉDIA PARA CADA
GRUPO (PRANAYAMA E CONTROLE) ANTES E DEPOIS DA INTERVENÇÃO. C=CONTROLE E
P=PRANAYAMA. ...................................................................................................................................... 56 FIGURA 13. NOTAS ATRIBUÍDAS AO JULGAMENTO DO IMPACTO EMOCIONAL CAUSADO PELAS
IMAGENS APRESENTADAS. ANÁLISE POST-HOC REVELOU DIFERENÇA SIGNIFICATIVA
ENTRE AS CONDIÇÕES NEG X NEU (P<0.0001), NEG X REG (P<0.0001), MAS NÃO ENTRE REG
X NEU (P=0.77). ......................................................................................................................................... 58
FIGURA 14. EFEITO PRINCIPAL DA TAREFA NA CONDIÇÃO NEG. MAPAS ESTATÍSTICOS
OBTIDOS A PARTIR DOS DADOS DE TODOS OS VOLUNTÁRIOS (N=26) ANTES DA
INTERVENÇÃO. FORAM UTILIZADOS PCDT<0.001, CORREÇÃO SMALL VOLUME, E PFWE<0.05. 59 FIGURA 15. EFEITO PRINCIPAL DA TAREFA NA CONDIÇÃO REG. MAPAS ESTATÍSTICOS OBTIDOS
A PARTIR DOS DADOS DE TODOS OS VOLUNTÁRIOS (N=26) ANTES DA INTERVENÇÃO.
FORAM UTILIZADOS PCDT<0.001, CORREÇÃO DE SMALL VOLUME, E PFWE<0.05. ........................ 60 FIGURA 16. EFEITO PRINCIPAL DA TAREFA NO CONTRASTE REG>NEG. MAPAS ESTATÍSTICOS
OBTIDOS A PARTIR DOS DADOS DE TODOS OS VOLUNTÁRIOS (N=26) ANTES DA
INTERVENÇÃO. FORAM UTILIZADOS PCDT<0.001, CORREÇÃO DE SMALL VOLUME, E
PFWE<0.05. ................................................................................................................................................... 61 FIGURA 17. EFEITO DO TREINAMENTO NA ANÁLISE DO CÉREBRO INTEIRO. MAPAS
ESTATÍSTICOS OBTIDOS A PARTIR DA ANÁLISE EXPLORATÓRIA DE CÉREBRO INTEIRO
UTILIZANDO ANOVA DE MEDIDAS REPETIDAS PARA CADA CONTRASTE DE INTERESSE
COM PCDT=0.001, CORREÇÃO SMALL VOLUME, E PFWE<0.05. FOI ENCONTRADA INTERAÇÃO
SIGNIFICATIVA, ENTRE INTERVENÇÃO E TEMPO, NO CÍNGULO ANTERIOR DIREITO E
ÍNSULA ANTERIOR DIREITA PARA O CONTRASTE NEG E NO VMPFC ESQUERDO PARA OS
CONTRASTES REG E REG>NEG. ........................................................................................................... 62 FIGURA 18. EFEITO DO TREINAMENTO DURANTE A CONDIÇÃO NEG. SÃO MOSTRADOS OS
VALORES DE BETA MÉDIO (±SE) PARA CADA GRUPO. ENCONTRAMOS INTERAÇÃO
SIGNIFICATIVA (INTERVENÇÃO X TEMPO) NA ÍNSULA ANTERIOR DIREITA (F1,24=13.88;
P=0.001, COHEN’S D=1.52), NA ÍNSULA ANTERIOR ESQUERDA (F1,24=11.67, P=0.002, COHEN’S
D=1.39), E NA AMÍGDALA DIREITA (F1,24=5.24, P=0.03, COHEN’S D=0.93). C=CONTROLE E
P=PRANAYAMA. ...................................................................................................................................... 63 FIGURA 19. EFEITO DO TREINAMENTO DURANTE A CONDIÇÃO REG. SÃO MOSTRADOS OS
VALORES DE BETA MÉDIO (±SE) PARA CADA GRUPO. ENCONTRAMOS INTERAÇÃO
SIGNIFICATIVA (INTERVENÇÃO X TEMPO) NO VMPFC ESQUERDO (F1,24=5.52, P=0.02,
COHEN’S D=0.95) E NO CÍNGULO ANTERIOR DIREITO (F1,24=7.42, P=0.01, COHEN’S D=1.11).
C=CONTROLE E P=PRANAYAMA. ........................................................................................................ 63 FIGURA 20. EFEITO DO TREINAMENTO PARA O CONTRASTE NEG>REG. SÃO MOSTRADOS OS
VALORES DE BETA MÉDIO (±SE) PARA CADA GRUPO. ENCONTRAMOS INTERAÇÃO
SIGNIFICATIVA (P<0.05) ENTRE INTERVENÇÃO E TEMPO PARA A ROI DA ÍNSULA
ANTERIOR DIREITA (F1,24=10.38; P=0.003, COHEN’S D=1.31). C=CONTROLE E P=PRANAYAMA.
..................................................................................................................................................................... 64 FIGURA 21. CORRELAÇÃO DE PEARSON ENTRE MUDANÇAS NA ESCALA PANAS-E AFETO
NEGATIVO E VALORES DE BETA PARA O CONTRASTE NEGATIVO. VALORES SÃO
REPRESENTADOS COMO MUDANÇAS NOS VALORES INDIVIDUAIS DE BETA (DEPOIS –
ANTES) E NA PONTUAÇÃO DA ESCALA (DEPOIS – ANTES). CORRELAÇÃO POSITIVA
SIGNIFICATIVA FOI ENCONTRADA NA AMÍGDALA DIREITA (R=0.58, P=0.03, N=26), ÍNSULA
DIREITA (R=0.72 E P=0.005) E ÍNSULA ESQUERDA (R=0.67, P=0.01). ............................................. 64 FIGURA 22. EFEITO DO TREINAMENTO SOBRE A CONECTIVIDADE FUNCIONAL NA ÍNSULA
ANTERIOR DIREITA. SÃO MOSTRADOS OS VALORES DE CORRELAÇÃO ENTRE OS PARES
DE ESTRUTURAS, NOS DOIS TEMPOS (ANTES E DEPOIS) PARA OS DOIS GRUPOS
(PRANAYAMA E CONTROLE). ENCONTRAMOS INTERAÇÃO SIGNIFICATIVA
(INTERVENÇÃO X TEMPO) NAS MUDANÇAS DOS VALORES DE CONECTIVIDADE
FUNCIONAL ENTRE A ÍNSULA ANTERIOR DIREITA E: VLPFC DIREITO (F1,27=4.72; P=0.03,
COHEN’S D=0.83), VLPFC ESQUERDO (F1,27=4.73; P=0.03, COHEN’S D=0.83), CÍNGULO
ANTERIOR DIREITO (F1,27=4.47; P=0.04, COHEN’S D=0.86), DMPFC DIREITO (F1,27=7.07; P=0.01,
COHEN’S D=1.02), E DMPFC ESQUERDO (F1,27=5.17; P=0.03, COHEN’S D=0.87). C=CONTROLE E
P=PRANAYAMA. ...................................................................................................................................... 65 FIGURA 23. EFEITO DO TREINAMENTO SOBRE A CONECTIVIDADE FUNCIONAL NO VLPFC
DIREITO. SÃO MOSTRADOS OS VALORES DE CORRELAÇÃO ENTRE OS PARES DE
ESTRUTURAS, NOS DOIS TEMPOS (ANTES E DEPOIS). ENCONTRAMOS INTERAÇÃO
SIGNIFICATIVA (INTERVENÇÃO X TEMPO) ENTRE O VLPFC DIREITO E: VMPFC DIREITO
(F1,27=8.00; P=0.008, COHEN’S D=1.08), VMPFC ESQUERDO (F1,27=4.82; P=0.03, COHEN’S D=0.84),
DLPFC DIREITO (F1,27=6.54; P=0.01, COHEN’S D=0.98), DMPFC DIREITO (F1,27=8.57; P=0.006,
COHEN’S D=1.12). C=CONTROLE E P=PRANAYAMA. ...................................................................... 66 FIGURA 24. CORRELAÇÃO DE PEARSON ENTRE MUDANÇAS NA ESCALA IDATE-E E
CONECTIVIDADE FUNCIONAL ENTRE ÍNSULA ANTERIOR E VLPFC. VALORES SÃO
REPRESENTADOS COMO MUDANÇAS NOS VALORES INDIVIDUAIS DE BETA (DEPOIS –
ANTES) E NA PONTUAÇÃO DA ESCALA (DEPOIS – ANTES). CORRELAÇÃO POSITIVA
SIGNIFICATIVA FOI ENCONTRADA ENTRE VARIAÇÃO NO ESTADO DE ANSIEDADE E
CONECTIVIDADE DA ÍNSULA COM VLPFC DIREITO (R=0.56, P=0.03) E DA ÍNSULA COM
VLPFC ESQUERDO (R=0.55, P=0.03). ..................................................................................................... 66 FIGURA 25. ANÁLISE SEMÂNTICA DO RELATO SOBRE O RESTING STATE. SÃO MOSTRADOS OS
VALORES MÉDIO PARA CADA PALAVRA DE INTERESSE E O ERRO PADRÃO DA MÉDIA
PARA CADA GRUPO. ENCONTRAMOS INTERAÇÃO SIGNIFICATIVA QUANDO AVALIAMOS A
SIMILARIDADE COM AS PALAVRAS ANSIEDADE (F1,27=6.52; P=0.01, COHENS´D=0.98),
NEGATIVO (F1,27=5.56; P=0.02, COHEN’S D=0.91) E POSITIVO (F1,27=6.20; P=0.01, COHEN’S
D=0.95). C=CONTROLE E P=PRANAYAMA. ........................................................................................ 67
Lista de tabelas
TABELA 1. DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS DOS VOLUNTÁRIOS DO ESTUDO. ................................ 54 TABELA 2. ROI ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVAS PELO EFEITO PRINCIPAL DA TAREFA
(N=26) NA CONDIÇÃO NEG, ANTES DA INTERVENÇÃO. FORAM UTILIZADOS PCDT<0.001,
COM CORREÇÃO SMALL VOLUME, E PFWE<0.05. ................................................................................ 59 TABLE 3. ROI ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVAS PELO EFEITO PRINCIPAL DA TAREFA (N=26)
NA CONDIÇÃO REG, ANTES DA INTERVENÇÃO. FORAM UTILIZADOS PCDT<0.001, COM
CORREÇÃO DE SMALL VOLUME, PFWE<0.05. ....................................................................................... 60 TABLE 4. ROI ESTATISTICAMENTE SIGNIFICATIVAS PELO EFEITO PRINCIPAL DA TAREFA (N=26)
NO CONTRASTE REG>NEG, ANTES DA INTERVENÇÃO. FORAM UTILIZADOS PCDT<0.001,
COM CORREÇÃO DE SMALL VOLUME, PFWE<0.05. ............................................................................. 61
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................................................................... 16 1.1 Emoção ............................................................................................................................................................ 17
1.1.2 Estudos iniciais sobre emoções .................................................................................................................... 17
1.1.3 Teorias neuroanatômicas iniciais sobre emoções ......................................................................................... 17
1.2 Regulação emocional....................................................................................................................................... 18
1.2.1 Estratégias de regulação emocional .............................................................................................................. 18
1.2.2 Modelo para o processo de regulação emocional ......................................................................................... 18
1.2.3 Áreas envolvidas no processo de emoção e regulação emocional ................................................................ 19
1.3 Yoga como estratégia de regulação emocional: processo top-down ou bottom-up? ....................................... 24
1.4 Origem e definição do Yoga ............................................................................................................................ 24
1.5 A ciência da meditação .................................................................................................................................... 27
1.6 A ciência do prāṇāyāma .................................................................................................................................. 32
OBJETIVOS ........................................................................................................................................................ 36 2.1 Objetivo geral .................................................................................................................................................. 37
2.2 Objetivos específicos ....................................................................................................................................... 37
MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................................................ 38 3.1. Aspectos éticos ............................................................................................................................................... 39
3.2. Sujeitos ........................................................................................................................................................... 39
3.3 Desenho experimental ..................................................................................................................................... 39
3.4 Escalas ............................................................................................................................................................. 41
3.4.1 Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE) ......................................................................................... 41
3.4.2 Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS) ............................................................................................ 42
3.4.3 Análise dos dados das escalas (IDATE e PANAS) ...................................................................................... 42
3.5. Imagem por ressonância magnética ................................................................................................................ 42
3.5.1 Aquisição das imagens ................................................................................................................................. 42
3.5.2 Protocolo de regulação emocional ................................................................................................................ 43
3.5.3 Análise fMRI (regulação emocional) ........................................................................................................... 44
3.5.4 Protocolo de resting state (rs-fMRI)............................................................................................................. 48
3.5.5 Análise do protocolo de resting state (rs-fMRI) ........................................................................................... 48
3.6 Registro dos discursos ..................................................................................................................................... 49
3.6.1 Análise da estrutura e semântica do discurso ............................................................................................... 49
3.6.2 Análise da estrutura do discurso ................................................................................................................... 50
3.6.3 Análise da semântica do discurso ................................................................................................................. 51
3.6.4. Correlação entre atributos do discurso e as escalas ..................................................................................... 52
RESULTADOS .................................................................................................................................................... 53 4.1. Caracterização da amostra .............................................................................................................................. 54
4.2. Efeitos do bhastrika pranayama sobre dados de escalas (IDATE & PANAS) .............................................. 54
4.3. Efeitos do bhastrika pranayama sobre dados de fMRI .................................................................................. 56
4.3.1 fMRI: características das imagens apresentadas ........................................................................................... 57
4.3.2 Notas atribuídas ao impacto emocional das imagens apresentadas. ............................................................. 57
4.3.3 Efeito principal da tarefa de regulação emocional ........................................................................................ 58
4.3.4 Efeitos do Bhastrika Pranayama na regulação emocional: análise cérebro inteiro ...................................... 61
4.3.5 Efeitos do Bhastrika Pranayama na regulação emocional: análise por ROI ................................................. 62
4.3.6 Correlação entre os betas do protocolo de regulação emocional e as escalas ............................................... 64
4.3.7 Efeitos do bhastrika pranayama sobre dados de resting state-fMRI ........................................................... 64
4.3.8 Correlação entre dados de resting state-fMRI e escalas (IDATE & PANAS) .............................................. 66
4.4 Efeitos do bhastrika pranayama sobre o discurso ........................................................................................... 67
4.4.1 Correlação do discurso com as escalas ......................................................................................................... 67
DISCUSSÃO ........................................................................................................................................................ 68
CONCLUSÃO ..................................................................................................................................................... 79
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................................. 81
APÊNDICE .......................................................................................................................................................... 94
ANEXOS ............................................................................................................................................................ 104
INTRODUÇÃO
17
1.1 Emoção
As emoções têm início com a avaliação de pistas emocionais de origem interna ou ex-
terna, que disparam um conjunto de respostas emocionais que envolvem sistemas fisiológicos,
comportamentais e de sensações subjetivas (Gross 1998, Gross 2002).
1.1.2 Estudos iniciais sobre emoções
Os primeiros estudos da neurociência afetiva iniciaram em 1872 com Charles Darwin.
Ele propôs em seus estudos a noção de que muitas expressões emocionais de animais são ho-
mólogas as de humanos e que existe um conjunto de emoções básicas, que inclui raiva, medo,
surpresa e tristeza. Após 10 anos, William James propôs que emoções são apenas experiências
de um conjunto de mudanças corporais que ocorrem em resposta a um estímulo emocional,
dessa forma, diferentes padrões de mudanças corporais, codificam diferentes emoções. Ideias
similares foram desenvolvidas por Carl Lange em 1885 dando origem a teoria das emoções
James-Lange, a qual foi criticada em 1920 por Cannon ao verificar que separando as vísceras
do cérebro de um animal não prejudicava o comportamento emocional dele. No entanto, tem-
pos depois foi visto que as respostas emocionais podem ser distinguidas (pelo menos parcial-
mente) com base na atividade autonômica, e mais recentemente os neurocientistas acreditam
em uma visão modificada de James-Lange em que o feedback corporal modula a intensidade
da experiência emocional (Dalgleish 2004).
1.1.3 Teorias neuroanatômicas iniciais sobre emoções
A primeira teoria dos mecanismos neurais da emoção foi proposta por Cannon e Bard,
que argumentaram que o hipotálamo era a região do cérebro que estava envolvida na resposta
emocional aos estímulos e que tais respostas eram inibidas por regiões neocorticais evoluti-
vamente mais recentes. Em seguida, em 1937, James Papez propôs um esquema para o circui-
to neural central da emoção conhecido como o "circuito de Papez", no qual as experiências
emocionais eram uma função da atividade no córtex cingulado, incluindo também as áreas do
tálamo, hipotálamo e hipocampo. Seguindo uma ideia que envolvia muitas das áreas propos-
tas por Papez, MacLean inclui na sua teoria importantes estruturas adicionais, como a amígda-
la e o córtex pré-frontal, além disso, a ideia essencial de MacLean era que as experiências
emocionais envolviam a integração de sensações do mundo com informações do corpo. Al-
gumas dessas estruturas propostas inicialmente têm um papel menor do que era imaginado, no
entanto outras parecem ser partes integrantes da vida emocional como as estruturas da amíg-
18
dala, hipotálamo, cíngulo e córtex pré-frontal (Dalgleish 2004). Em seguida veremos com
mais detalhes, como proposto em estudos mais recentes, o papel dessas áreas no processo de
emoção e regulação emocional.
1.2 Regulação emocional
A regulação da emoção é um processo pelo qual o indivíduo consegue modular sua
emoção (Gross 1998) através de processos implícitos ou explícitos para manter, aumentar ou
diminuir um ou mais componentes da resposta emocional. Dessa forma, as emoções podem
ser moduladas de várias maneiras dando forma final à resposta emocional (Gross 1998, Gross
2002).
1.2.1 Estratégias de regulação emocional
Dependendo de qual momento do processo da geração da emoção a regulação ocorre
ela pode ser considerada como antecedente ou como focada na resposta (Gross 1998, Gross
2002). A regulação antecedente modifica a própria situação em que o estímulo pode surgir ou
então muda a maneira pela qual o estímulo é avaliado, alterando seu impacto antes do estabe-
lecimento das respostas emocionais. São estratégias de regulação antecedente: seleção da si-
tuação, modificação da situação, reavaliação cognitiva (reappraisal) e alocação da atenção.
Por outro lado, a regulação focada na resposta modifica as respostas emocionais após as ten-
dências de respostas já terem se instalado. Esta estratégia de regulação é definida como su-
pressão da resposta e o indivíduo procura inibir as respostas emocionais (Gross 2002).
Dentre as estratégias de regulação emocional, a estratégia mais estudada na neurociên-
cia é a reavaliação cognitiva (reappraisal). Esta estratégia envolve processo cognitivo para
mudar a forma como se avalia o significado de um estímulo e é uma das estratégias mais
complexas cognitivamente, podendo incluir processos de linguagem e memória (Ochsner,
Silvers et al. 2012).
1.2.2 Modelo para o processo de regulação emocional
Para entender como funciona a emoção e a regulação emocional, um modelo baseado
nessa estratégia de reavaliação tem sido proposto. Este modelo leva em consideração duas
partes principais: a geração de emoção e os mecanismos que suportam a regulação emocional
(Ochsner, Silvers et al. 2012).
19
Através desse modelo, as áreas envolvidas com a geração da emoção são: amígdala,
estriado ventral, ínsula e córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC). A região mais comumente
modulada é a amígdala, seguida pelo estriado ventral. A ínsula e o vmPFC são as regiões me-
nos comumente modificadas (Ochsner and Gross 2005, Wager, Davidson et al. 2008). E o
vmPFC pode ter um potencial papel na reavaliação como um modulador (Ochsner, Silvers et
al. 2012). Por outro lado as áreas envolvidas com a regulação da emoção envolvem as seguin-
tes áreas: 1) O córtex pré-frontal posterior e dorsolateral e regiões parietais inferiores, 2) As
regiões do córtex pré-frontal ventrolateral, 3) As regiões pré-frontais dorsomediais e 4) As
regiões dorsais do cíngulo anterior (Ochsner, Silvers et al. 2012). A Fig.1 é um desenho es-
quemático desse modelo.
Figura 1. Modelo do controle cognitivo da emoção. Sistemas neurais envolvidos no uso de estratégias cogniti-
vas, como reavaliação, para regular a emoção (caixas azuis, a esquerda) e sistemas envolvidos na geração dessas
respostas (caixas rosa, a direita). Os sistemas com papel indefinido ou intermediário na reavaliação são represen-
tados pelas caixas amarelas, a esquerda. Figura adaptada do artigo (Ochsner, Silvers et al. 2012).
1.2.3 Áreas envolvidas no processo de emoção e regulação emocional
A amígdala
A amígdala é uma das regiões cerebrais mais importantes para a emoção. A amígdala
tem um papel importante no condicionamento do medo, tendo influência sobre mudanças au-
tonômicas e hormonais, comportamento motor e processos de atenção. Quando na presença
de um estímulo que prevê um desfecho aversivo a amígdala altera a transmissão neural para
produzir sinais somáticos, autonômicos e endócrinos de medo, além de aumentar a atenção
para esse estímulo (Davis and Whalen 2001).
No entanto, a amígdala também está envolvida no processamento de estímulos com
valência positiva, sugerindo uma possível resposta generalizada aos estímulos com valência
emocional (Breiter, Etcoff et al. 1996, Hamann, Ely et al. 1999, Davis and Whalen 2001),
20
pois a amígdala participa na detecção de faces de medo como também de faces felizes, quan-
do comparadas a faces neutras (Breiter, Etcoff et al. 1996); na aprendizagem de estímulos de
valência positiva (Davis and Whalen 2001), na modulação da força de codificação da memó-
ria para eventos de acordo com a importância emocional, independentemente da emoção ser
agradável ou aversiva (Hamann, Ely et al. 1999).
Algumas particularidades com relação à ativação da amígdala foram observadas. A
amígdala processa informações negativas com menos flexibilidade do que informações posi-
tivas (Cunningham, Van Bavel et al. 2008). Também há teorias sugerindo funções específicas
de processamento de informações afetivas para a amígdala esquerda e direita (Baas, Aleman
et al. 2004). A amígdala esquerda e o córtex pré-frontal ventromedial parecem ser mais ativa-
dos ao visualizar fotografias positivas, já a ativação bilateral da amígdala ocorre ao visualizar
fotografias negativas (Hamann, Ely et al. 2002).
Além disso, um estímulo emocional ativa automaticamente a amígdala direita, que é
pensado para desempenhar um papel na detecção de estímulo emocional dinâmico, e fornecer
um nível global de ativação autonômica desencadeada automaticamente por um estímulo ex-
citante; enquanto a amígdala esquerda parece estar mais envolvida em decodificar um estímu-
lo específico e fazer avaliação mais sustentada (Wright, Fischer et al. 2001, Gläscher and
Adolphs 2003). Talvez isso tenha relação com uma via subcortical que há para a amígdala
direita, através do mesencéfalo e do tálamo, fornecendo uma via para o processamento de
eventos visuais relevantes não visíveis, paralelamente a uma rota cortical necessária para a
identificação consciente. Assim, características comportamentais relevantes no ambiente vi-
sual podem ser detectadas e processadas sem consciência por uma via coliculo-pulvinar-
amígdala que também controla respostas reflexas e autonômicas (Morris, Ohman et al. 1999).
A amígdala apresenta duas rotas aferentes. A primeira é uma rota direta tálamo-amígdala que
pode processar aspectos sensoriais brutos de estímulos recebidos, especialmente se algum
desses elementos sensoriais são sinais de ameaça. A segunda rota é uma via tálamo-córtico-
amígdala que permite uma análise mais complexa do estímulo recebido e entrega uma respos-
ta emocional mais lenta e elaborada (LeDoux 2000).
Outras particularidades foram observadas com relação a conectividade das amígdalas
esquerda e direita com áreas do córtex pré-frontal medial, associadas à característica de per-
sonalidade, por exemplo, o temperamento de evitar danos. Escores mais altos no temperamen-
to de evitar danos correlaciona com mais forte conectividade da amígdala esquerda com corti-
cal pré-frontal ventromedial (vmPFC) e da amígdala direita com o córtex pré-frontal dorso-
21
medial (dmPFC). Essa maior conectividade entre essas áreas durante o repouso pode repre-
sentar um marcador de vulnerabilidade para a sensibilidade ao estresse e à ansiedade (Baeken,
Marinazzo et al. 2014).
De forma semelhante tem sido sugerido que para parar a geração de estados ansiosos,
a força da conectividade funcional entre a amígdala e áreas do córtex pré-frontal medial du-
rante o repouso representa uma interferência eficiente entre essas regiões cerebrais (Kim,
Loucks et al. 2011). Além disso, redução no estresse percebido após intervenção mindfulness
correlaciona positivamente com redução da densidade da substância cinzenta da amígdala
basolateral direita (Hölzel, Carmody et al. 2010).
O estriado ventral
O estriado ventral está envolvido no aprendizado de pistas (que vão desde sinais soci-
ais, como faces sorridentes, até ações e objetos abstratos) e prever resultados recompensado-
res ou reforçadores (O'Doherty 2004, Knutson and Cooper 2005).
A ínsula
A ínsula anterior suporta uma representação de respostas viscerais acessíveis a consci-
ência, fornecendo um substrato para estados de sentimento subjetivos e pode estar relacionada
a experiência afetiva negativa (Critchley, Wiens et al. 2004). Estudo usando fMRI mostrou
que a percepção de expressões faciais de desgosto foi associada à ativação no córtex insular
anterior (Phillips, Young et al. 1997).
Além disso, a ínsula anterior está implicada em uma ampla gama de condições e com-
portamentos, desde sensações intestinais, desejo por cigarro, amor materno, tomada de deci-
são e insight repentino. Sua função na representação da intercepção oferece uma base possível
para seu envolvimento em todos os sentimentos subjetivos. Novos achados sugerem um papel
fundamental na consciência (Craig 2009).
O córtex pré-frontal ventromedial
O córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC) integra avaliações afetivas de estímulos
específicos feitos pela amígdala e estriado ventral com inputs de outras regiões, incluindo
sistemas de lobo temporal medial, que fornecem informações históricas sobre encontros pré-
vios com os estímulos, tão bem como inputs motivacional do tronco cerebral e centros de con-
trole pré-fontal que fornecem informações sobre os objetivos comportamentais atuais (Price
22
1999, Ochsner, Bunge et al. 2002). Assim, o vmPFC rastreia a avaliação (Ochsner, Silvers et
al. 2012). As lesões do córtex pré-frontal ventromedial resultam em comportamento sociopá-
tico e dificuldade em fazer escolhas apropriadas (Price 1999).
Além disso, seguindo a ideia tradicional do feedback corporal na emoção, o córtex
pré-frontal ventromedial é considerado como um possível marcador somático (Damasio
1996).
O córtex pré-frontal posterior e dorsolateral e as regiões parietais inferiores
Primeiro, o córtex pré-frontal posterior e dorsolateral, juntamente com regiões parie-
tais inferiores são geralmente envolvidas em atenção seletiva e memória de trabalho e podem
ser usados para direcionar a atenção para características de estímulo relevantes para a reavali-
ação e ter em mente os objetivos de reavaliação, bem como o conteúdo de uma reavaliação
(Miller 2000, Wager and Smith 2003, Wager, Jonides et al. 2004).
A ativação do dlPFC tem sido associada a tentativas de regular e reavaliar ativamente
estados afetivos negativos (Ochsner and Gross 2005, Wiech, Kalisch et al. 2006) e com a re-
presentação dinâmica de múltiplos eventos futuros em situações de resolução de problemas
(Tanji, Shima et al. 2007, Mushiake, Sakamoto et al. 2009).
O córtex pré-frontal ventrolateral
As regiões do córtex pré-frontal ventrolateral implicadas na seleção de respostas apro-
priadas (e inibidor de metas inapropriadas) e informações da memória semântica podem ser
usadas para selecionar deliberadamente uma nova reavaliação apropriada do estímulo em fa-
vor da avaliação inicial prepotente desse estímulo (Thompson-Schill, Bedny et al. 2005,
Badre and Wagner 2007).
Pesquisas mostram que o córtex pré-frontal dorsal direito e especialmente ventrolate-
ral está envolvido na seleção e / ou inibição de vários tipos de respostas (Konishi, Nakajima et
al. 1999, Aron, Robbins et al. 2004).
A ativação no vlPFC, em particular o vlPFC direito, também foi observado em estudos
de neuroimagem com foco em estratégias de reavaliação (Wiech, Kalisch et al. 2006).
O córtex pré-frontal dorsomedial
O córtex pré-frontal dorsomedial tem sido recrutado na regulação emocional (reap-
praisal) (Ochsner, Bunge et al. 2002, Urry, Van Reekum et al. 2006), e também na modulação
23
de emoção negativa, sem instrução específica para regulação, associado a baixos níveis de
afeto negativo (Silvers, Wager et al. 2015).
Além disso o dmPFC é envolvido na inferência sobre estados mentais (Olsson and
Ochsner 2008, Mitchell 2009) e como a maioria dos estudos de reavaliação usam fotografias
de pessoas como estímulos, é provável que essas regiões apoiem atenção e elaboração de es-
tados emocionais e intenções dos indivíduos retratados nessas fotos (Ochsner, Silvers et al.
2012).
As diferentes funções do dmPFC tem sido relacionada com as diferentes regiões dessa
área. As regiões rostrais do dmPFC estão associadas à regulação emocional, atenção sustenta-
da, memória e processos de mentalização (Baeken, Marinazzo et al. 2014). As porções anteri-
ores do dmPFC tem sido envolvidas mais com a regulação emocional que tem o objetivo de
aumentar o impacto emocional negativo (Ochsner, Ray et al. 2004).
O cíngulo anterior
O cíngulo anterior mais recentemente tem sido considerado um ponto de integração da
informação visceral, atencional e emocional que está crucialmente envolvida na regulação do
afeto e outras formas de controle descendente. Quando conflitos são detectados, o cíngulo
anterior projeta informações sobre o conflito em áreas do córtex pré-frontal, onde as decisões
entre opções de resposta podem ocorrer (Bush, Luu et al. 2000, Davidson, Lewis et al. 2002).
As regiões dorsais do cíngulo anterior são envolvidas no monitoramento do desempenho e
podem ajudar a rastrear na medida em que as reavaliações estão mudando as respostas emo-
cionais da maneira pretendida (Botvinick, Cohen et al. 2004).
Também foi sugerido que o cíngulo anterior é um substrato chave da experiência de
emoção consciente (Lane, Reiman et al. 1998) (como sugerido por Papez) e da representação
central da excitação autonômica (Critchley, Elliott et al. 2000).
De forma geral, estudos usando técnicas de neuroimagem têm observado que os pro-
cessos neurais das estratégias de regulação emocional são consistentes com um padrão de
ativação cerebral caracterizado por uma ativação significativa do córtex pré-frontal nas regi-
ões dorsal e lateral associada à diminuição da atividade da amígdala, sugerindo uma modula-
ção inibitória descendente (top-down) do pré-frontal sobre a amígdala (Ochsner and Gross
2005, Phan, Fitzgerald et al. 2005, Urry, Van Reekum et al. 2006, Goldin, McRae et al. 2008,
Wager, Davidson et al. 2008, Ochsner, Silvers et al. 2012).
24
1.3 Yoga como estratégia de regulação emocional: processo top-down ou bottom-up?
A meditação também é um processo de regulação emocional e alguns estudos têm
mostrado que o impacto da meditação é semelhante a processos de regulação emocional como
o de reavaliação (reappraisal), ou seja, a prática de meditação está associada com reduzida
ativação da amígdala em resposta a estímulos emocionais com imagens negativas, sem estar
em estado meditativo (Desbordes, Negi et al. 2012, Hölzel, Hoge et al. 2013), bem como du-
rante estado meditativo (Goldin and Gross 2010, Taylor, Grant et al. 2011, Lutz, Herwig et al.
2014). Além disso, a regulação da emoção é associada a aumento da atividade de áreas pré-
frontais laterais (Farb, Anderson et al. 2010, Hölzel, Hoge et al. 2013). Este tipo de regulação
da emoção tem sido encontrado em estratégia de regulação “top-down” das regiões pré-
frontais do cérebro em regiões cerebrais que geram as emoções, como a amígdala (Lorenz,
Minoshima et al. 2003, Quirk and Beer 2006).
No entanto esse modelo de regulação não tem sido o único para explicar o impacto do
yoga na regulação emocional. Outra proposta é que a ínsula e o cíngulo anterior também pode
exercer um papel de controle inibitório sobre a amígdala (Etkin, Egner et al. 2006, Brown,
Gerbarg et al. 2013) sem ativação concomitante de áreas de córtex pré-frontal, particularmen-
te dlPFC, vlPFC e córtex órbito-frontal (Chambers, Gullone et al. 2009, Gyurak, Gross et al.
2011). Esse tipo de estratégia de regulação emocional tem sido denominado “bottom-up” por-
que caracteriza-se por uma reatividade reduzida direta das regiões cerebrais inferiores que
geram as emoções, sem um recrutamento ativo de regiões cerebrais superiores, como o córtex
pré-frontal (Chambers, Gullone et al. 2009, van den Hurk, Janssen et al. 2010, Westbrook,
Creswell et al. 2013).
Dessa forma, alguns autores sugerem que mindfulness deve ser descrita como uma es-
tratégia de regulação emocional ‘bottom–up’, enquanto outros sugerem que mindfulness deve
ser descrita como uma estratégia de regulação emocional ‘top–down’. Uma revisão sobre esse
tópico sugere que o treinamento mindfulness é associado à regulação de emoção ‘top–down’
em praticantes de curto prazo e com regulação de emoção ‘bottom-up’ em praticantes de lon-
go prazo (Chiesa, Serretti et al. 2013).
1.4 Origem e definição do Yoga
O yoga é um conjunto de práticas originadas na Índia ancestral e sistematizada por
Patañjali entre V a.C e II d.C. Os Yoga Sutras de Patañjali são os 196 aforismos que formam
um dos textos fundamentais da tradição Hindu, e a fundação do que chamamos hoje de hatha
yoga. A definição literal do yoga, yogah citta-vṛtti-nirodhaḥ, que pode ser traduzido como:
25
yogaḥ = (yoga);
citta = (tudo que é mutável no ser humano, pensamentos);
= (onda de pensamento, modificação mental, perturbação de chita). vritti
altera a percepção como ondas na superfície de um lago que obscurece ou dis-
torce a visão do fundo;
nirodhaḥ = (encontrar tranquilidade; controlar).
Patañjali organiza o yoga em oito grupos de práticas, também chamados de passos ou
membros, e dá origem ao que é chamado Asthanga1 Yoga
2 (Yoga dos 8 passos): yamas, ni-
yamas, asanas, prāṇāyāma, pratyāhāra, dhāraṇā, dhyāna e samādhi (Souto 2000,
Gharote 2002, Souto 2002, Taimni 2004).
Os yamas e niyamas compõem o conjunto de práticas da esfera ética do yoga, e estão
na base das outras práticas seguintes. Os yamas (autodomínio) compreendem o que não deve
ser mantido, e os niyamas (observâncias), o que deve ser seguido. São cinco os yamas: ahim-
sa (não-violência), satya (não-falsidade), asteya (não-roubo), brahmacharya (não-exagero), e
aparigraha (não-apropriação). Os niyamas dizem respeito às auto-observâncias dos pratican-
tes: shaucha (pureza da mente e corpo, clareza dos pensamentos); santosha (contentamento);
tapas (austeridade); svādhyāya (auto-estudo); ishvara pranidhana (dedicação ao superior).
O próximo passo é a prática de asana, que corresponde às posturas físicas, parte mais
conhecida do yoga. A tradução literal de asana é assento, pois tradicionalmente ela se referia
ao ato de "sentar-se de maneira estável e confortável." Ao longo dos séculos a lista de asanas
(posturas) cresceu e passou a incluir variações deitadas, em pé, e invertidas, de extensão, fle-
xão, torção e equilíbrio. A prática de asana contempla principalmente a prática de manter-se
estável, com o relaxamento do esforço.
P āṇāyāma é o quarto dos oito membros do Ashtanga Yoga. Segundo essa tradição, o
p āṇāyāma estabelece a ponte vital entre o corpo e a mente. Em sânscrito p āṇāyāma (p āṇā
– controle, ayama – expansão/amplitude). A prática de pranayama envolve o controle volun-
tário da respiração, interferindo na frequência respiratória, no volume corrente e no padrão
respiratório, associando pausas inspiratórias aos ciclos prolongados de inspiração e expiração,
e contrações (Kuvalayananda 2000). As práticas de pranayama possuem três etapas, (1) pū a-
ka (inalação), (2) recaka (exalação), e (3) kumbhaka (retenção), e os diferentes tipos de pra-
1ashta = oito; anga = membro.
2Não confundir com um tipo de yoga, o Ashtanga vinyasa Yoga, popularizado por Krishna e Pattabhi Jois já no
século XX e que coloca bastante foco no alinhamento entre movimentos e respiração.
26
nayama as combina de forma específica. Uma dessas sequências forma o bhastrika pranaya-
ma, que está no foco deste trabalho.
O bhastrika pranayama envolve a execução de dois outros exercícios respiratórios: o
kapalabhati e o surya bedhana. Uma repetição de kapalabhati consiste de expiração vigorosa,
rápida e voluntária, seguida por inspiração passiva e involuntária, resultado do relaxamento
abdominal (Shrikrishna 1996, Kuvalayananda 2000) (figura 2a). Daí o nome, bhastrika, pala-
vra em sânscrito que faz alusão ao fole usado antigamente pelos ferreiros para manter aceso o
fogo do forno a carvão. Por outro lado, uma repetição do surya bedhana é composto por uma
inspiração lenta de ar pela narina direita, seguida por apneia, e expiração lenta pela narina
esquerda. (figura 2b).
Figura 2. Ilustrações de uma Kapalabhati e de um Surya Bedhana.
Imagens retiradas de: http://holisticonline.com/Yoga/images/brea_alternate.GIF
https://yogavinirishikesh.com/wp-content/uploads/2016/07/Skull-shining-breath-kapalabhati.jpg
A prática do bhastrika pranayama utilizada nesta tese foi baseada na descrição do
Swami Kuvalayananda (Kuvalayananda 2000), de acordo com o qual o bhastrika pranayama
é composto por cerca de 30 repetições de kapalabhati (figura 2a), seguidas pela execução de
um surya bedhana (figura 2b). Nesse esquema, é sugerido que o tempo de apneia seja mesmo
tempo da inspiração, e o tempo de expiração, o dobro do tempo da inspiração (Kuvalayananda
2000). Além disso, os períodos de apneia devem ser acompanhados pelos seguintes bandhas3:
jalandhara bandha, que consiste de pressionar o queixo contra o nó jugular, com as narinas
pressionadas pelos dedos, uddyiana bandha, a expansão torácica e consequente retração ab-
dominal relaxada, e mula bandha, a contração do períneo.
O quinto membro do ashtanga yoga é pratyāhāra que em sânscrito significa “cessar
dos sentidos”. Para Patanjali, pratyāhāra é a ponte entre os aspectos externos do yoga (bahi-
ranga), ou seja, yamas, niyamas, asanas, e pranayama, e os internos (antaranga), ou seja,
3Em sânscrito bandhas são traduzidos como travas.
27
dharana, dhyana e samadhi. Esses três estágios, dhāraṇā, dhyāna e samādhi juntos constituem
o que é chamado samyama, e formam a sequência de aprofundamento, e de certa forma tradu-
zem estados da prática meditativa. Em dhāraṇā, o objeto da meditação, o praticante, e o pró-
prio ato da meditação permanecem separados. A mente foca sobre um objeto e evita outros
pensamentos, porém a consciência do objeto ainda pode ser interrompida. Em dhyāna, desa-
parece a consciência do ato de meditar, e permanecem na mente a consciência da existência
do indivíduo e do objeto de concentração. Em samādhi se dissolvem as separações, e o prati-
cante, a prática e objeto torna-se um com o objeto.
1.5 A ciência da meditação
Em 1987 era criado o Mind and Life Institute, liderados de um lado pela Sua Santidade
o Dalai Lama, e por outro pelos cientistas Francisco Varela e Adam Engle (Knight 2004).
Inicialmente, tinha como objetivo organizar diálogos entre cientistas e budistas sobre a rela-
ção entre ciência e budismo. Desde então o número de artigos publicados nesse tema tem
crescido substancialmente, particularmente aqueles ligados à prática de meditação.
De todas as práticas do yoga, a meditação tem sido a mais estudada pela ciência. As
práticas meditativas têm sido enquadradas em dois grandes grupos: monitoramento aberto e
atenção focada (Lutz, Slagter et al. 2008). No primeiro, as práticas são caracterizadas pelo
monitoramento contínuo dos pensamentos, sensações, ou emoções, sem vínculo ou julgamen-
to. Nas práticas de atenção focada, há sempre uma âncora para a qual a atenção deve estar
voltada a todo o momento. A âncora, ou objeto, pode ser a respiração, a luz de uma vela, um
mantra, uma oração. Quando a atenção divaga, o indivíduo deve apenas reconhecer o deva-
neio, sem julgamento, e retornar o foco da atenção para a âncora (Lutz, Slagter et al. 2008).
Dado o vasto repertório de práticas meditativas, em 1979 foi criado um primeiro pro-
grama que incorpora a técnica meditativa conhecida como mindfulness, o mindfulness-based
stress reduction (MBSR) program. Um programa que tem uma abordagem padronizada da
prática, de modo a não ter que levar em consideração variações da técnica de meditação, pos-
sibilitando dessa forma maior número de estudos pela ciência.
Assim, pois, o MBSR forma um programa que se utiliza de práticas meditativas de a-
tenção plena no presente (mindfulness) para promover o bem estar físico e mental, a partir do
refinamento da atenção e da autoconsciência dos praticantes (Kabat-Zinn 1990, Hölzel, Lazar
et al. 2011). Nesse sentido, mindfulness passa a descrever uma técnica, e não mais um estado
(Kabat-Zinn 1990, Farb, Anderson et al. 2010, Hofmann, Sawyer et al. 2010, Gard, Hölzel et
al. 2011, Allen, Dietz et al. 2012, Goldin, Ziv et al. 2013, Tang, Hölzel et al. 2015). Outros
28
programas semelhantes têm nascido, como o mindfulness-based cognitive therapy (MBCT),
desenhado para auxiliar na terapia de pacientes com depressão, e voltado à prevenção de reca-
ída (Piet and Hougaard 2011). Além da meditação mindfulness, esses programas usam uma
combinação de técnicas de autoconsciência corporal e yoga, e estruturados para durar 8 sema-
nas de treinamento, com um encontro por semana (Goldin and Gross 2010, Chiesa, Serretti et
al. 2013, Hölzel, Hoge et al. 2013, Tang, Hölzel et al. 2015).
Por se basearem em protocolo fechado e bem descrito, esses programas têm recebido
bastante atenção da ciência e uma série de estudos têm investigado seu benefício clínico, bem
como na busca por compreender as bases neurais dos efeitos relacionados à técnica (Tang,
Hölzel et al. 2015). Os efeitos fisiológicos e benefícios clínicos da meditação têm sido rela-
cionados à melhora na atenção (Tang, Ma et al. 2007), de funções executivas (Allen, Dietz et
al. 2012), efeito analgésico (Zeidan, Martucci et al. 2011), mudanças positivas de humor
(Jain, Shapiro et al. 2007, Feldman, Greeson et al. 2010, Hofmann, Sawyer et al. 2010), e re-
dução de sintomas de depressão (Farb, Anderson et al. 2010), e ansiedade (Goldin and Gross
2010, Hölzel, Hoge et al. 2013, Kocovski, Fleming et al. 2013).
Ainda, tem sido crescente o interesse por estudar os efeitos da meditação sobre o cére-
bro humano, utilizando medidas fisiológicas, testes comportamentais e técnicas de neuroima-
gem funcional, como a fMRI (functional Magnetic Resonance Imaging). Evidências sugerem
que a prática de meditação está associada a alterações funcionais em várias regiões, algumas
delas são: amígdala (Goldin and Gross 2010, Grant, Courtemanche et al. 2011, Taylor, Grant
et al. 2011, Desbordes, Negi et al. 2012, Hölzel, Hoge et al. 2013, Lutz, Herwig et al. 2014),
ínsula (Lazar, Kerr et al. 2005, Farb, Segal et al. 2007, Farb, Anderson et al. 2010, Grant,
Courtemanche et al. 2010, Gard, Hölzel et al. 2011, Grant, Courtemanche et al. 2011, Zeidan,
Martucci et al. 2011, Allen, Dietz et al. 2012, Lutz, Herwig et al. 2014), cíngulo anterior
(Hölzel, Ott et al. 2007, Tang, Ma et al. 2009, Farb, Anderson et al. 2010, Grant,
Courtemanche et al. 2010, Tang, Lu et al. 2010, Gard, Hölzel et al. 2011, Grant,
Courtemanche et al. 2011, Zeidan, Martucci et al. 2011, Allen, Dietz et al. 2012, Tang, Lu et
al. 2012), córtex orbitofrontal (Zeidan, Martucci et al. 2011), córtex pré-frontal (dlPFC,
vlPFC, dmPFC e vmPFC) (Lazar, Kerr et al. 2005, Brefczynski-Lewis, Lutz et al. 2007,
Farb, Segal et al. 2007, Hölzel, Ott et al. 2007, Farb, Anderson et al. 2010, Gard, Hölzel et al.
2011, Grant, Courtemanche et al. 2011, Taylor, Grant et al. 2011, Allen, Dietz et al. 2012,
Hölzel, Hoge et al. 2013, Lutz, Herwig et al. 2014, Afonso, Balardin et al. 2017) e as redes
29
Default Mode Network (Farb, Segal et al. 2007, Pagnoni, Cekic et al. 2008, Brewer,
Worhunsky et al. 2011), e de saliência (Hasenkamp, Wilson-Mendenhall et al. 2012).
São diversos os desenhos experimentais utilizados em estudos de neuroimagem
funcional para investigar as bases neurais da meditação. Alguns são transversais e comparam
meditadores experientes a iniciantes, outros avaliam efeitos longitudinais da prática da
meditação, ou seu efeito agudo. Esses protocolos também variam quanto ao domínio
cognitivo, mas envolvem principalmente processos como atenção, emoção, e a cognição
espontânea durante o estado de repouso (Chiesa, Serretti et al. 2013, Tang, Hölzel et al. 2015).
A meditação é, em si, tarefa que demanda dos circuitos de atenção (Brefczynski-
Lewis, Lutz et al. 2007, Kozasa, Sato et al. 2012). De fato, vários estudos de fMRI e MRI
estrutural têm investigado alterações funcionais e anatômicas em áreas do cérebro humano
ligadas a processos de atenção, em resposta ao treinamento meditativo (Brefczynski-Lewis,
Lutz et al. 2007, Hölzel, Ott et al. 2007, Tang, Ma et al. 2009, Tang, Lu et al. 2010, Kozasa,
Sato et al. 2012, Tang, Lu et al. 2012).
Um dos primeiros estudos a utilizar a fMRI, buscou comparar diferenças da atividade
de regiões recrutadas pela prática meditativa de atenção focada. Nesse estudo foram compara-
dos meditadores experientes (entre 10.000–54.000 horas de prática) a voluntários sem experi-
ência na prática de meditação. Os achados estão principalmente relacionados a mudança da
atividade de várias áreas classicamente associadas a processos de atenção, incluindo o sulco
intraparietal (IPS), o Frontal Eye Field (FEF), a ínsula anterior, o giro do cíngulo, regiões
laterais do lobo occipital, e o tálamo. Curiosamente, a atividade dessas áreas exibe padrão de
U-invertido, de modo que os meditadores com experiência intermediária (média de 19.000 h)
apresentaram maior atividade dessas áreas do que os novatos e meditadores com mais experi-
ência (média de 44.000 h) tem menos (Brefczynski-Lewis, Lutz et al. 2007). Ainda, estudos
de eletroencefalografia (EEG) têm sugerido que a prática de meditação leva a distribuição
mais eficientes dos recursos cerebrais limitados, resultando em maior eficiência da rede de
atenção executiva. Por exemplo, a prática de mindfulness parece interferir em processos de
atenção intermitente (attentional blink), definida como a dificuldade que temos de detectar um
segundo alvo, quando dois estímulos visuais (alvos) são apresentados sequencialmente, um
logo em seguida do outro (Slagter, Lutz et al. 2007). Essa limitação em detectar o segundo
alvo é chamada "attentional blink". Três meses de treinamento de mindfulness levaram à me-
lhora na detecção do segundo alvo (redução do attentional blink), aparentemente fruto da re-
dução de alocação de recursos atencionais para o primeiro alvo representado pela diminuição
30
da amplitude do potencial evocado (P3b), associado ao primeiro estímulo, e observado pela
eletroencefalografia (EEG) (Slagter, Lutz et al. 2007).
Outros estudos têm avaliado o impacto da meditação em tarefas de atenção do tipo s-
troop. Em um desses estudos, um ensaio longitudinal randomizado e controlado avaliou res-
posta a uma tarefa de stroop afetiva, e o efeito de 6 semanas de prática mindfulness em indi-
víduos saudáveis. Após o treinamento foi observado aumento da atividade do dlPFC durante o
processamento executivo. Quando separados participantes com maior tempo de prática, foi
observado maior eficiência na resposta de inibição, e aumento do recrutamento da ínsula ante-
rior direita, do cíngulo anterior dorsal e do córtex pré-frontal medial durante o processamento
de valência negativa (Allen, Dietz et al. 2012). Em outro estudo, embora o desempenho de
meditadores regulares na tarefa de atenção de stroop (de cor e palavras) tenha sido equivalen-
te ao de não-meditadores, foi observado maior atividade nos giros frontal médio, temporal
médio, pré-central, pós-central e no núcleo lentiforme de não-meditadores, em comparação
aos meditadores, durante performance da tarefa (Kozasa, Sato et al. 2012).
Alguns estudos sugerem que a prática de mindfulness está associada a mudanças que
vão para além da atenção, e incluem mudanças de interocepção4. Esse construto tem sido fre-
quentemente associado a mudanças estruturais e funcionais da ínsula, particularmente sua
porção anterior (Barrett and Simmons 2015). De fato, meditadores experientes apresentam
aumento da espessura cortical particularmente de regiões associadas à atenção e interocepção,
como a ínsula anterior direita (Lazar, Kerr et al. 2005, Grant, Courtemanche et al. 2010). A-
lém disso, o treinamento por 8 semanas de mindfulness levou ao aumento da atividade de
representação somatossensoriais associadas à sensação corporal, incluindo viscerais, durante a
observação de imagens negativas. Foram observadas mudanças significativas nas seguintes
regiões, todas à direita: ínsula, cíngulo anterior subgenual direito, giro frontal superior,
vmPFC, vlPFC, gânglios da base, claustrum (Farb, Anderson et al. 2010).
Outras evidências também apontam para o envolvimento da ínsula e do cíngulo anteri-
or (ACC, Anterior Cingulate Cortex) no contexto de estímulos nociceptivos. Estudos apontam
que meditadores apresentam menor sensibilidade para dor que não-meditadores (Grant,
Courtemanche et al. 2010), que tem sido acompanhada por aumento de atividade da ínsula
direita e redução nos córtices pré-frontais laterais, e aumento da atividade do ACC durante a
antecipação da dor (Gard, Hölzel et al. 2011). Mudanças semelhantes também foram
observados em estudo longitudinal por fMRI em meditadores inexperientes (Zeidan, Martucci
4como, por exemplo, variáveis ligadas à temperatura, respiração, dor, batimento cardíaco, digestão.
31
et al. 2011). Ainda na mesma linha, estímulos térmicos dolorosos aplicados durante a prática
de meditação por membros do Zen budismo, levaram a maior atividade da ínsula, ACC e tá-
lamo, e reduziram em áreas de associação a processos emocionais, como o córtex pré-frontal,
amígdala e hipocampo (Grant, Courtemanche et al. 2011).
Outra estrutura que tem se apresentado sensível à prática meditativa é a amígdala
(Farb, Anderson et al. 2010, Allen, Dietz et al. 2012). Uma descoberta frequente é que a práti-
ca de meditação está associada à redução da atividade da amígdala em resposta a estímulos
emocionais negativos, tanto durante a prática da meditação (Goldin and Gross 2010, Taylor,
Grant et al. 2011, Lutz, Herwig et al. 2014) como em mudança subagudas, relacionadas ao
treinamento longitudinal (Desbordes, Negi et al. 2012, Hölzel, Hoge et al. 2013). Por exem-
plo, a resposta reduzida da amígdala direita foi observada durante a apresentação de imagens
com valências emocionais extraídas do IAPS (International Affective Picture System) após 8
semanas de treinamento de meditação (Desbordes, Negi et al. 2012). Estudos de intervenção
curta também tem mostrado que a meditação mindfulness foi associada à redução da atividade
em regiões envolvidas no processamento de emoções, como amígdala e giro parahipocampal,
e de áreas do córtex pré-frontal, e ínsula à direita. Mudanças nessas áreas se apresentaram
correlacionadas ao traço mindfulness individual, sugerindo que indivíduos com maior traço
exigem menos recursos regulatórios para atenuar a excitação emocional (Lutz, Herwig et al.
2014).
O impacto da meditação sobre o sistema de emoção se reflete sobre seu impacto posi-
tivo em transtorno de ansiedade e de humor. Pacientes com transtorno de ansiedade social
submetidos a 8 sessões de mindfulness apresentaram redução nos sintomas de ansiedade,
depressão e auto-estima (Goldin and Gross 2010, Goldin, Ziv et al. 2013). Em outro ensaio
clínico controlado com pacientes com ansiedade generalizada foi observado redução de sin-
tomas de ansiedade após 8 semanas de treinamento mindfulness, acompanhada de aumento da
atividade em regiões pré-frontais ventrolaterais (vlPFC) e na conectividade funcional entre a
amígdala e o mPFC (Hölzel, Hoge et al. 2013).
Evidências recentes apontam ainda para a relação entre o estado emocional e cognição
espontânea do indivíduo. De fato, é bastante comum, por exemplo, a presença de pensamentos
em ruminação5, negativos e recorrentes, em pacientes com depressão (Rood, Roelofs et al.
2009). Por outro lado, o acesso a esse tipo de processo de pensamento espontâneo pelo méto-
5pensamentos circulares que não levam o indivíduo a nenhuma solução construtiva sobre si nem
sobre o mundo.
32
do científico é complicado e durante muito tempo esteve baseado em julgamentos de relatos
individuais. Nos últimos anos, porém, a neuroimagem funcional tem auxiliado na compreen-
são desses processos, por exemplo pela descoberta e caracterização da Default Mode Network
(DMN) (Shulman, Fiez et al. 1997, Binder, Frost et al. 1999, Mazoyer, Zago et al. 2001), rede
neural cuja atividade parece estar relacionada ao fluxo de pensamentos espontâneos
(McKiernan, D'Angelo et al. 2006, Northoff, Heinzel et al. 2006, Buckner and Carroll 2007,
Mason, Norton et al. 2007). A DMN é constituída pelo giro do cíngulo anterior e posterior,
pré-cuneus, córtex pré-frontal medial, giro frontal médio esquerdo, giro temporal médio bila-
teral e lobo parietal inferior bilateral e hipocampo (Shulman, Fiez et al. 1997, Binder, Frost et
al. 1999, Mazoyer, Zago et al. 2001). Estudos recentes têm mostrado que a prática de medita-
ção leva à redução da atividade de nós centrais da DMN, como o cíngulo posterior (PCC, do
inglês, posterior cingulate cortex) e o córtex pré-frontal medial (mPFC, do inglês medial pre-
frontal cortex). Esse resultado se apresenta tanto quando meditadores experientes são compa-
rados a indivíduos inexperientes (Brewer, Worhunsky et al. 2011), como em estudos longitu-
dinais envolvendo algumas poucas semanas de prática (Farb, Segal et al. 2007).
1.6 A ciência do prāṇāyāma
Boa parte dos estudos científicos sobre os efeitos do pranayama tem explorado altera-
ções relacionadas ao sistema nervoso autônomo (Pal, Velkumary et al. 2004, Madanmohan,
Udupa et al. 2005, Pramanik, Sharma et al. 2009, Wang, Li et al. 2010, Santaella, Devesa et
al. 2011, Sinha, Deepak et al. 2013, Nivethitha, Mooventhan et al. 2016). Estudos têm obser-
vado consistentemente que a prática de diferentes sequências de pranayama interferem de
forma distinta no funcionamento do sistema nervoso simpático e parassimpático
(Madanmohan, Udupa et al. 2005). De forma geral, práticas de respiração lenta levam à redu-
ção da frequência cardíaca (Pal, Velkumary et al. 2004, Pramanik, Sharma et al. 2009), dimi-
nuição da pressão arterial sistólica e diastólica (Pramanik, Sharma et al. 2009), e pressão
arterial sistólica em indivíduos pré-hipertensos (Wang, Li et al. 2010). Já práticas de
respiração rápida parecem levar a mudanças menos robustas e consistentes, havendo indícios
de levar a aumento da frequência cardíaca (Madanmohan, Udupa et al. 2005).
A prática de bhastrika pranayama, tal qual foi utilizada neste trabalho, une práticas de
respiração rápida (kapalabhati) e lenta (surya bedhana). Essa técnica mostrou impacto positi-
vo sobre a capacidade respiratória e equilíbrio simpatovagal em indivíduos idosos saudáveis.
Foi observado aumento de pressão expiratória e inspiratória, redução no componente de baixa
frequência (marcador da modulação simpática cardíaca) e redução significativa da razão baixa
33
frequência/alta frequência (marcador do equilíbrio simpatovagal) da variabilidade da frequên-
cia cardíaca (Santaella, Devesa et al. 2011).
Aos poucos, alguns estudos têm passado a avaliar o impacto do pranayama sobre o
domínio cognitivo (Shashikala, Shashidhar et al. 2011, Sharma, M et al. 2014). Esses estudos
têm sugerido melhora na performance sensório-motora, pela redução no tempo de reação em
tarefas visuais e auditivas (Shashikala, Shashidhar et al. 2011, Sharma, M et al. 2014). Mais
uma vez, essas mudanças parecem depender do tipo de pranayama, mas, de forma geral, tanto
treinamento com as técnicas de respiração lentas quanto as rápidas levam a melhoras na
performance de tarefas que avaliam funções executivas6, como atenção e memória de traba-
lho. Além disso, observou-se que essas mudanças foram acompanhadas pela redução signifi-
cativa do estresse percebido (Sharma, M et al. 2014).
De fato, a prática de pranayama parece interferir positivamente sobre o humor
(Sharma, M et al. 2014) e seus transtornos, como a ansiedade e depressão (Kjellgren, Bood et
al. 2007, Gupta, Kumar et al. 2010, Nemati 2013). Por exemplo, práticas como do anuloma-
viloma (respiração alternada das narinas), e sudarshan kriya tem sido associadas à redução
dos níveis de ansiedade, estrese e depressão (Kjellgren, Bood et al. 2007, Gupta, Kumar et al.
2010).
Embora dados nessa área ainda sejam bastante escassos, e não exista até o momento
nenhum estudo que avaliou diretamente o impacto da prática de pranayama sobre o sistema
nervoso central, já começam a surgir modelos sobre o mecanismo subjacente à prática do
pranayama (Kjellgren, Bood et al. 2007). Segundo esse modelo, o aumento da atividade
parassimpática, reduziria resposta ao estrese e a liberação de hormônios associados a ele
(Brown and Gerbarg 2005, Brown and Gerbarg 2005, Brown, Gerbarg et al. 2009). Além dis-
so, a estimulação do sistema nervoso parassimpático, aumenta a ação inibitória do sistema
GABA do córtex pré-frontal e/ou ínsula sobre a amígdala, reduzindo sua atividade e os
sintomas psicológicos e somáticos associados ao estrese (Brown, Gerbarg et al. 2013).
Os efeitos da respiração do yoga sobre o sistema nervoso parassimpático ocorrem
principalmente pela via do nervo vago. Cada nervo vago é bidirecional contendo fibras afe-
rentes, ou seja, que transmitem informações do corpo para o sistema nervoso central e fibras
eferentes, ou seja, que transmitem sinais do sistema nervoso central para o corpo (Streeter,
Gerbarg et al. 2012).
6Funções executivas se referem uma série de processos cognitivos necessários para o controle do
comportamento.
34
A figura 3 ilustra as conexões neuroanatômicas do sistema nervoso parassimpático
com sistema GABA (Streeter, Gerbarg et al. 2012). As fibras aferentes vagais transportam
informações da faringe, laringe, traqueia e vísceras do tórax e do abdômen ao núcleo do trato
solitário, um importante local de distribuição que fornece ao cérebro informações sobre o
meio interno do corpo. O núcleo do trato solitário possui projeções para o núcleo parabraqui-
al, substância cinzenta periaqueductal, núcleo central da amígdala, hipocampo, hipotálamo e
tálamo. O núcleo parabraquial envia projeções para o tálamo, núcleo central da amígdala,
núcleo basolateral da amígdala, hipotálamo, ínsula anterior e córtex pré-frontal. Quanto às
fibras eferentes vagais, um grupo origina-se no núcleo medial dorsal e inerva predominante-
mente as vísceras torácicas e abdominais. Outro grupo de eferentes vagais origina-se no nú-
cleo ambíguo e inerva a faringe, a laringe, os pulmões, o coração e outras vísceras (Streeter,
Gerbarg et al. 2012)
Figura 3. Conexões neuroanatômicas do sistema nervoso parassimpático com sistema GABA. Figura adap-
tada do artigo (Streeter, Gerbarg et al. 2012).
Mudanças na frequência e profundidade da respiração do pranayama são enviadas, via
receptores de estiramento nos alvéolos, barorreceptores, quimiorreceptores e sensores em to-
das as estruturas respiratórias, comunicando sobre o estado e a atividade do sistema respirató-
rio através de aferentes vagais e estações de transmissão do tronco encefálico para outras es-
35
truturas do sistema nervoso central, que por sua vez influenciam percepção, cognição, regula-
ção emocional, expressão somática e comportamento (Bernardi, Gabutti et al. 2001, Brown
and Gerbarg 2005, Brown and Gerbarg 2005, Brown, Gerbarg et al. 2009).
O Pranayama é uma técnica relacionada a processos de auto-regulação e um dos pos-
síveis mecanismos desse efeito é baseado na modulação do sistema nervoso parassimpático.
Por ser a respiração a única função autonômica que pode ser facilmente controlada voluntari-
amente, e por meio de mudanças nos padrões de respiração modular processos de regulação
emocional, selecionamos a técnica respiratóra do yoga denominada bhastrika pranayama, a
qual une práticas de respiração rápida (kapalabhati) e lenta (surya bedhana) e que já mostrou
impacto positivo sobre a capacidade respiratória e equilíbrio simpatovagal como nosso objeto
de estudo. Além disso, é uma técnica que tem a vantagem de poder ser aplicada de forma bas-
tante padronizada, e ainda é pouco explorada pela neurociência.
Portanto, nosso objetivo foi avaliar o impacto do treinamento do Bhastrika Pranayama
sobre a ansiedade, afeto, discurso e imagem funcional por ressonância magnética em adultos
jovens saudáveis. Nossas hipóteses são que após o treinamento do Bhastrika pranayama 1) os
indivíduos apresentariam redução dos níveis de ansiedade e afeto negativo, e aumentariam o
afeto positivo; 2) Durante o protocolo emocional (tarefas de olhar imagens negativas bem
como na tarefa de tornar a imagem negativa em positiva) teriam redução do engajamento de
áreas envolvidas no processo de emoção, especialmente a amígdala e maior engajamento em
áreas de regulação emocional, como a ínsula e o cíngulo, ao invés da regulação por estruturas
de controle cognitivo, por vias do córtex pré-frontal; 3) Durante o estado de repouso, espera-
mos encontrar menor conectividade entre áreas envolvidas no processo de emoção e regula-
ção emocional; 4) redução na relação semântica entre os relatos e palavras com teor negativo,
como por exemplo, ansiedade e afeto negativo; 5) Correlação entre essas variáveis.
OBJETIVOS
37
2.1 Objetivo geral
Avaliar o impacto do treinamento do Bhastrika Pranayama sobre a ansiedade, afeto, discurso
e imagem funcional por ressonância magnética em adultos jovens saudáveis.
2.2 Objetivos específicos
- Avaliar o impacto de quatro semanas de treinamento de Bhastrika Pranayama sobre:
nível de ansiedade;
afeto positivo e negativo;
estrutura e semântica do discurso;
função de estruturas cerebrais envolvidas em tarefa de emoção, regulação e-
mocional, e de resting state.
- Investigar correlações entre essas variáveis de humor, discurso e de modulação neural.
MATERIAL E MÉTODOS
39
3.1. Aspectos éticos
Este projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética de pesquisa da Universi-
dade Federal do Rio Grande do Norte (CEP-UFRN, parecer: 579.226). Os voluntários que
atenderam aos critérios de inclusão foram convidados a ler e assinar os termos de consenti-
mento livre e esclarecido (TCLE) (apêndice II), e de autorização para gravação de voz (apên-
dice III). Em seguida, preencheram o questionário epidemiológico (apêndice IV), a fim de
fazer um levantamento dos dados sócio-demográficos dos voluntários.
3.2. Sujeitos
Participaram do estudo 30 adultos jovens saudáveis com idade entre 18 e 40 anos sem
experiência com o Bhastrika Pranayama. Os seguintes critérios de exclusão foram adotados
(apêndice I): (i) Diagnóstico de problemas cardíacos; (ii) Rinite crônica, com obstrução parci-
al ou completa de uma ou ambas as narinas; (iii) Uso frequente de broncodilatador aspirativo;
(iv) Uso regular de beta bloqueador ou estimulante e qualquer droga que interfira com a mo-
dulação autonômica cardíaca; (v) Diagnóstico de transtornos neurológicos ou psiquiátricos;
(vi) impossibilidade de realizar exame de ressonância magnética (como por exemplo metal no
corpo, gravidez, dentre outros).
Os participantes foram recrutados a partir do banco de dados de voluntários de pesqui-
sas do Instituto do Cérebro (ICe), pela divulgação do projeto entre alunos da UFRN, e pelo
recrutamento de soldados com atividade física regular do 7º batalhão de engenharia de com-
bate do exército, em Natal.
3.3 Desenho experimental
Este projeto foi desenhado como ensaio clínico randomizado, controlado, de braços
paralelos. Os sujeitos foram divididos aleatoriamente em dois grupos (controle e pranayama)
utilizando-se a técnica de permutação (www.randomization.com), em blocos de oito indiví-
duos (Figura 4).
40
Figura 4. Desenho experimental. Avaliações por escalas, fMRI e discurso foram realizadas antes e depois da
intervenção (pranayama ou controle).
As avaliações dos indivíduos dos dois grupos foram realizadas no final de semana an-
terior ao início das intervenções (pranayama ou controle) e no final de semana seguinte às
intervenções.
Para o grupo pranayama, a primeira semana de treinamento foi dedicada à introdução
da técnica, a fim de conduzir os participantes à pratica correta do Bhastrika Pranayama. Essa
primeira etapa ocorreu em encontros diários de 30 minutos, por uma semana.
Durante as quatro semanas seguintes foram realizados 3 encontros semanais, de 30
minutos cada, durante os quais foi programada a inserção gradativa e crescente no número de
kapalabhati, com a meta de fazer em torno de 30 kapalabahati, mas fazendo sempre o máxi-
mo possível de forma confortável, da mesma forma para o período de apneia, com variação
gradativa, mas com a meta de atingir a proporção de inspiração:apneia:expiração de 1:4:2. Os
indivíduos foram orientados a higienizar bem as narinas, ter uma alimentação leve e vestir
roupas confortáveis durante a prática.
Todo encontro se iniciava na postura de relaxamento (savasana). Durante esse perío-
do, orientávamos os voluntários a observar as sensações, os pensamentos, o ritmo respiratório,
a presença de tensão no corpo. Ao mesmo tempo, eram orientados a relaxar e a respirar de
forma confortável, lenta e profunda. Durante esses períodos eram verificadas as frequências
respiratória e cardíaca. Para verificar a frequência cardíaca o experimentador posicionava os
dedos indicador e médio sobre a parte interna do punho esquerdo do voluntário, logo abaixo
da base do polegar até sentir a pulsação radial. Ao encontrar o pulso era feita a contagem do
número de pulsações ocorridas em 15 segundos e depois multiplicava esse valor por 4. A fre-
quência respiratória foi mensurada através da observação da expansão da caixa torácica e con-
tando o número de inspirações a cada minuto. Em seguida, os indivíduos realizavam alguns
asanas, que durou em média 5 minutos e incluiu: Pavanasana (Purificadora), Sukhasana
• AVALIAÇÕES - antes:
o Escalas: IDATE e PANAS
o fMRI: tarefa e resting state
o Discurso: imagens e resting state
• AVALIAÇÕES - depois:
o Escalas: IDATE e PANAS
o fMRI: tarefa e resting state
o Discurso: imagens e resting state
• PRANAYAMA - Bhastrika
o 4 semanas
o 3 x por semana
o 30 min cada sessão
N = 30
• AVALIAÇÕES - antes:
o Escalas: IDATE e PANAS
o fMRI: tarefa e resting state
o Discurso: imagens e resting state
• CONTROLE - jogos lúdicos
o 4 semanas
o 3 x por semana
o 30 min cada sessão
• AVALIAÇÕES - depois:
o Escalas: IDATE e PANAS
o fMRI: tarefa e resting state
o Discurso: imagens e resting state
Pranayama
N = 15
Controle
N = 15
41
(Postura Fácil), Gomukhasana (cabeça de vaca), Paschimotanasana (Pinça), e Vrakasana
(Giro), a fim de preparar o corpo para a prática do Bhastrika Pranayama que viria a seguir.
Durante o Bhastrika Pranayama, que teve duração média de 25 minutos, os voluntá-
rios deveriam seguir ritmo próprio com respeito ao número de repetições do Kapalabhati,
tempos de inspiração, apneia e expiração. Independente do ritmo, a meta era atingir expiração
com duração correspondente ao dobro do tempo da inspiração, e a apneia 4 vezes o tempo de
inspiração. A cada 5 ciclos completos de Bhastrika Pranayama havia uma pausa para que os
voluntários tivessem nova oportunidade de auto-observação. Em seguida, um novo conjunto
de ciclos de Bhastrika Pranayama, até os 3 minutos finais, quando retornavam à postura de
Savasana. Por fim, sentados, deveriam julgar a prática por uma escala likert de 5 pontos, que
variou de muito negativo a muito positivo.
A frequência e duração dos encontros do grupo controle foi idêntica à do grupo prana-
yama. Porém, nesses encontros os voluntários realizavam atividades lúdicas, que incluía jogar
palavra-cruzada, montar quebra-cabeça, jogar dominó, baralho e dama. No início e final de
cada encontro havia também uma sessão de relaxamento, durante o qual as frequências respi-
ratória e cardíaca também eram estimadas. Após o treino os indivíduos também julgavam a
prática por escala likert variando de muito negativo a muito positivo. Os encontros ocorreram
separadamente para cada grupo.
Antes do início do treinamento, e um mês após, realizamos algumas medidas (descri-
tas adiante) por meio do inventário de ansiedade traço-estado (IDATE) (anexo I), da escala de
Afeto Positivo e Afeto Negativo (PANAS) (anexo II), do registro do discurso, e de imagem
funcional por ressonância magnética (fMRI, functional Magnetic Resonance Imaging).
3.4 Escalas
3.4.1 Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE)
O nível de ansiedade foi avaliado por meio do inventário de ansiedade traço-estado
(IDATE) (Spielberger, Gorsuch et al. 1970), traduzido e validado para o português (Biaggio
1990) (anexo I). Dependendo da referência temporal das instruções utilizadas, o IDATE pode
medir características de estado (IDATE-e)7 ou traço (IDATE-t). Ambos (IDATE-t e IDATE-
e) são compostos de 20 itens auto reportados utilizando escala-likert de 4 pontos. Para o
IDATE-t, de 1 (quase nunca) a 4 (quase sempre). Para o IDATE-e, de 1 (absolutamente não) a
7Para a IDATE-e, as perguntas se referem a “este momento” e no caso da IDATE-t elas se referem a “em geral”.
42
4 (muitíssimo). A pontuação total varia de 20 a 80, sendo valores mais altos indicativos de
maiores níveis de ansiedade.
3.4.2 Escala de Afeto Positivo e Negativo (PANAS)
Utilizamos a escala de Afeto Positivo e Afeto Negativo (PANAS) (Watson, Clark et
al. 1988) para medir características de afeto, incluindo características positivas, de bem-estar,
como entusiasmo, inspiração e determinação (afeto positivo – AP), e de mal-estar, incluindo
emoções como medo, nervosismo e perturbação (afeto negativo – AN). Cada item da escala é
composto por um adjetivo que representa diferentes estados de humor e/ou emoções, como:
amável, cuidadoso, aflito, impaciente. Os participantes avaliam cada item por escala do tipo
likert de cinco pontos, variando de 1 (nem um pouco) a 5 (extremamente). Utilizamos a ver-
são adaptada para o Brasil (Giacomoni and Hutz 1997).
3.4.3 Análise dos dados das escalas (IDATE e PANAS)
O efeito do treino de Bhastrika Pranayama foi avaliado por meio de mudanças nas es-
calas um mês após o treino comparados à linha de base (antes do treino), e ao grupo controle,
por ANOVA de medidas repetida com dois fatores: intervenção (pranayama x controle) e
tempo (antes x após). Utilizamos o limiar estatístico de p<0.05. Em seguida fizemos o teste
de Cohen d para avaliar o tamanho do efeito desse resultado, através do cálculo: d = (x1-x2)/s,
onde x1 e x2 são as médias dos grupos e s é o desvio padrão agrupado.
3.5. Imagem por ressonância magnética
Em cada uma das duas sessões (antes e após 1 mês de treinamento) foram realizados
dois protocolos de fMRI: um durante a realização de tarefa de regulação emocional e outro
durante estado de repouso (resting state, rs-fMRI).
3.5.1 Aquisição das imagens
Todas as imagens foram adquiridas em um tomógrafo de MRI de 1.5 Tesla (HDxt,
General Electric, EUA) que se encontra em atividade regular no centro de diagnóstico por
imagem (CDI) do HUOL (Hospital Universitário Onofre Lopes).
Para ambos os protocolos, de regulação emocional e resting state, foram utilizadas se-
quências do tipo EPI (Echo Plannar Imaging), com os seguintes parâmetros: tempo de repeti-
ção (TR) = 2000 ms, tempo ao eco (TE) = 35 ms, ângulo flip = 60˚, FOV = 24 cm, matriz =
64 x 64, número de fatias = 35 fatias, espessura da fatia = 3.0 mm, GAP = 0.3 mm, número de
volumes=165 (regulação emocional), número de volumes = 213 (resting state). Para sobrepo-
43
sição dos resultados estatísticos, imagens de boa resolução anatômica também foram adquiri-
das utilizando-se sequências FSPGR BRAVO com os seguintes parâmetros: TR = 12.7 ms,
TE = 5.3 ms, flip = 60˚, FOV = 26 cm, matriz = 320 x 320; número de fatias = 128, voxel =
1.0 mm3.
3.5.2 Protocolo de regulação emocional
O protocolo de regulação emocional é formado por três tarefas: (i) observação passiva
de imagens neutras e (ii) negativas, e (iii) regulação (reappraisal) de imagens negativas. To-
das as imagens utilizadas foram extraídas do IAPS (do inglês, International Affective Picture
System) (Lang, Bradley et al. 2008).
Um espelho foi adaptado à bobina de crânio, possibilitando a visualização das imagens
projetadas em tela translúcida posicionada próximo aos pés dos indivíduos. Foram fornecidas
lentes de contato aos voluntários que apresentavam perda de acuidade visual que dificultasse a
realização do protocolo.
O programa Psychopy (versão 1.79.00) foi utilizado para sincronizar a apresentação
dos estímulos, bem como coletar as respostas por um teclado compatível a MRI (Pyka, Cur-
rent Designs, Philadelphia, USA). Antes da sessão de fMRI, todos os participantes treinaram
o protocolo de regulação emocional em um computador até que estivessem seguros da tarefa.
Foram selecionadas 72 imagens com conteúdo emocional negativo e 36 neutras, clas-
sificadas com base em escores de valência e excitação8. As imagens negativas continham bai-
xa valência (2.44 ± 0.61) e alta excitação (5.77 ± 0.79). As neutras, possuíam valência média
(5.14 ± 0.36) e excitação baixa (3.13 ± 0,57).
As três seguintes tarefas compunham o protocolo: 1) olhar passivamente imagens neu-
tras (NEU), 2) olhar passivamente imagens negativas (NEG), 3) regular a imagem negativa
para reduzir seu impacto emocional (REG). Na condição regular (REG), os participantes de-
veriam reinterpretar as imagens para tentar torná-las menos negativas. Algumas estratégias
foram sugeridas previamente, como “pensar que a imagem não era real”, que “a cena era de
um filme”, que “a pessoa da cena era um dublê”, que “as pessoas machucadas já estavam sen-
do atendidas”, dentre outras. Além disso, pedimos para que os voluntários utilizassem apenas
estratégias de reinterpretação, evitando fechar os olhos ou desviar o olhar da imagem. Para
todas as condições, a apresentação de cada imagem foi seguida pelo julgamento do seu impac-
to emocional, utilizando uma escala likert de cinco pontos: (0) muito negativa, (1) negativa,
(2) neutra, (3) positiva, (4) muito positiva.
8Arousal.
44
Durante cada sessão (antes e após o treino) foram adquiridos 3 runs (~5,5 minutos ca-
da). Cada run continha 18 trials (uma imagem por trial), sendo 6 trials por condição (NEU,
NEG e REG), balanceados por tipo de imagem (neutra ou negativa) e instrução (olhar ou re-
gular).
A estrutura de cada trial é representada na figura 5. Cada trial teve duração de 18 se-
gundos divididos da seguinte forma: 2s da instrução (olhe a imagem ou torne a imagem posi-
tiva), 6s de apresentação da imagem (neutra ou negativa), 6s para realizar o julgamento, 4s de
apresentação de uma cruz de fixação, que serviu de linha de base (baseline).
Figura 5. Representação de um trial do protocolo de regulação emocional. (A) no início, por 2s, era apresen-
tada a instrução (olhe a imagem ou torne a imagem positiva), seguida por 6s (B) de apresentação da imagem
(neutra ou negativa), por 6s (C) para julgar o impacto emocional da imagem, e por 4s (D) de apresentação de
uma cruz de fixação (baseline). Esse bloco (A + B + C + D) foi repetido 18 vezes, sendo seis vezes para cada
condição (NEU, NEG, REG). A duração total de cada run foi de 324 segundos (5 min, 24s). Em cada sessão
(antes e após o treino) foram realizados três runs de 18 trials cada.
3.5.3 Análise fMRI (regulação emocional)
Os dados de fMRI foram analisados no programa SPM12 (Statistical Parametric
Mapping, Wellcome Institute of Cognitive Neurology, Londres, Inglaterra). O pré-
processamento dos dados incluiu a exclusão dos 3 primeiros volumes (dummy scans),
correção de movimento, correção de tempo entre fatias, aplicação de filtros espacial gaussiano
(FWHM = 5 mm) e temporal (passa-alta em 0.1 Hz), e normalização das imagens estruturais e
EPI para o padrão MNI152 (Montreal Neurological Institute), de 2 mm3 de resolução
espacial.
Utilizamos, ainda, ferramentas de detecção de artefato de movimento (ART)9 com a
qual um índice de movimento composto (Frame Displacement – FD) é calculado, a partir das
estimativas de rotação e translação. A diferença nos parâmetros de realinhamento da cabeça
entre um volume e outro produz uma série temporal de seis dimensões que representa o
9http://www.nitrc.org/projects/artifact_detect/
45
movimento instantâneo da cabeça. Para expressar o movimento instantâneo da cabeça como
uma quantidade escalar usamos a fórmula empírica:
FDi=∣Δdix∣+∣Δdiy∣+∣Δdiz∣+∣Δαi∣+∣Δβi∣+∣Δγi∣, onde Δdix=d(i−1)x−dix, e de forma semelhan-
te para os outros parâmetros do corpo rígido [diy, diz, αi, βi e γi].
Os deslocamentos de rotação foram convertidos de graus para milímetros calculando o
deslocamento na superfície de uma esfera de raio de 50 mm, que é aproximadamente a distân-
cia média do córtex cerebral para o centro da cabeça. Os movimentos de translações são re-
presentados por dix, diy e diz e os movimentos de rotações são representados por e αi, βi, γi
(Power, Barnes et al. 2012).
Excluímos todos os volumes com FD superior a 1 mm ou a 3 desvios-padrão (DP) da
média do sinal global (no run). Em média, 6% dos volumes, por voluntário, foram excluídos.
Excluímos, ainda, todo o run caso mais de 15% dos seus volumes estivessem contaminados
segundo os critérios do FD.
3.5.3.1 GLM (análise de primeiro nível)
Para cada sujeito, foi criado modelo baseado no General Linear Model (GLM) para
estimar a resposta hemodinâmica em cada condição. Cinco condições foram modeladas:
instrução, olhar imagem neutra (NEU), olhar imagem negativa (NEG), regular imagem
negativa (REG), e julgar. Cada uma delas foi modelada pela convolução de uma função
retangular, que simula os períodos de cada condição, com uma função de resposta
hemodinâmica canônica. Incluímos os seguintes sete regressores de não-interesse: os seis
regressores baseados nos parâmetros de movimento (3 de translação e 3 de rotação), e um
regressor para cada volume que excedia o critério do FD. Correlações seriais foram corrigidas
utilizando-se o modelo autoregressivo AR(1).
Para cada voluntário foram criadas imagens que representam os seguintes contrastes
(primeiro nível): (i) olhar imagem negativa (NEG), (ii) regular imagem negativa (REG), (iii)
regular imagem negativa > olhar imagem negativa (REG > NEG), (iv) olhar imagem negativa
> regular imagem negativa (NEG > REG).
3.5.3.2 GLM (análise de segundo nível)
O efeito do protocolo de regulação emocional foi explorado por one sample t-test,
utilizando as imagens de primeiro nível do pré-treinamento de todos os sujeitos, de ambos os
grupos (controle e pranayama). Nessa etapa foram criadas imagens que representam os
seguintes contrastes: NEG (antes), REG (antes), NEG (antes) > REG (antes) e REG (antes) >
46
NEG (antes). Utilizamos os seguintes limiares estatístico pcdt10
<0.001, e pfwe11
<0.05, com
correção de small volume.
Para investigar os efeitos do Bastrika Pranayama nos processos de regulação
emocional, utilizamos análise de variância (ANOVA) de medidas repetidas com 2 fatores:
intervenção (pranayama x controle), e tempo (antes x após). Essas análises foram realizadas
sobre os seguintes contrastes: NEG, REG e REG > NEG.
Foram realizadas duas análises utilizando esses contrastes. Uma primeira exploratória,
de cérebro inteiro, com pcdt=0.001, com correção de small volume e pfwe<0.05. A segunda,
baseadas em regiões de interesse (ROI) definidas a priori tendo como base em estruturas do
cérebro consistentemente envolvidas em tarefas de regulação emocional (Ochsner, Silvers et
al. 2012, Hermann, Bieber et al. 2014). Utilizamos ROI que definem as seguintes estruturas:
cíngulo anterior, amígdala, córtex orbitofrontal, córtex pré-frontal dorsolateral (dlPFC), córtex
pré-frontal dorsomedial (dmPFC), córtex pré-frontal ventrolateral (vlPFC) e córtex pré-frontal
ventromedial (vmPFC). À exceção da ROI do vmPFC, cedida por (Morris, Kundu et al.
2016), e ínsula anterior (Shirer, Ryali et al. 2012) todas as demais foram obtidas a partir do
atlas WFU PickAtlas (Maldjian, Laurienti et al. 2003) do SPM12). A figura 6 mostra as
máscaras que definem as ROI utilizadas.
Figura 6. Máscaras das ROI utilizadas na análise. Foram utilizadas: Cíngulo anterior, amígdala, ínsula anteri-
or, córtex orbitofrontal, córtex pré-frontal dorsolateral (dlPFC), córtex pré-frontal dorsomedial (dmPFC), córtex
pré-frontal ventrolateral (vlPFC) e córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC).
10
cdt = cluster-defining threshold. 11
fwe = family wise error.
47
Além dessas regiões, avaliamos o comportamento de duas outras redes durante o
protocolo de regulação emocional: a Default Mode Network (DMN) e a rede de saliência
(SAL). A DMN é constituída pelo giro do cíngulo anterior e posterior, pré-cuneus, córtex pré-
frontal medial, giro frontal médio esquerdo, giro temporal médio bilateral e lobo parietal
inferior bilateral e hipocampo (Shulman, Fiez et al. 1997, Binder, Frost et al. 1999, Mazoyer,
Zago et al. 2001). A rede de saliência é constituída pelo ACC e a ínsula bilateral, que por sua
vez envolve rede de conectividade extensa com várias regiões do córtex, incluindo o sistema
límbico (Seeley, Menon et al. 2007).
Para definição dessas redes foram utilizadas máscaras disponibilizadas pelo
Functional Imaging in Neuropsychiatric Disorders (FIND) Lab, Stanford University, EUA
(Figura 7).
Figura 7. Máscaras das redes DMN e saliência. Em azul são apresentadas as regiões que compõem a Default
Mode Network (DMN), e em vermelho as que compõem a Salience Network (SN).
3.5.3.3 Correlação entre os betas da tarefa de regulação emocional e as escalas
Para avaliar a correspondência entre mudanças das imagens de fMRI observadas no
protocolo de regulação emocional e as escalas (IDATE e PANAS), calculamos o coeficiente
de correlação de Pearson (r), entre mudanças nos valores de beta individual (depois – antes) e
mudanças na pontuação das escalas (depois – antes). Essa análise foi realizada apenas para as
ROI onde foram observadas diferenças significativas na ANOVA.
48
3.5.4 Protocolo de resting state (rs-fMRI)
O protocolo de resting state durou 7.1 min, durante os quais os voluntários deveriam
permanecer deitados, imóveis e de olhos fechados. O voluntário foi orientado a prestar aten-
ção aos seus pensamentos durante esse período, pois teria que relatá-los ao término do exame
(relato do resting state).
3.5.5 Análise do protocolo de resting state (rs-fMRI)
As análises dos dados de rs-fMRI foram realizadas no functional connectivity toolbox
(CONN, https://www.nitrc.org/projects/conn). As etapas de pré-processamento incluíram a
exclusão dos três primeiros volumes, correção de movimento, correção de tempo entre fatias,
aplicação de filtro espacial gaussiano (FWHM = 8 mm), e normalização das imagens
estruturais e EPI para o padrão MNI152 (Montreal Neurological Institute), de 2 mm3 de
resolução espacial. Mais uma vez utilizamos o critério de excluir volumes cujo FD fosse
superior a 0.5mm ou a 3 desvios-padrão (DP) da média do sinal (no run). Além disso, os seis
parâmetros de movimento (três de translação e três de rotação) e suas derivadas foram
incluídos como regressores de não interesse. Ruídos fisiológicos (batimento cardíaco e
frequência respiratória) foram removidos usando o método CompCor, que utiliza a análise de
componente principal (PCA) para remoção dos sinais da matéria branca e do líquor (CSF).
Foi então aplicado um filtro temporal passa-banda de 0.01 a 0.1Hz.
Utilizando as mesmas ROI do protocolo de regulação emocional12
, extraímos as séries
temporais médias de cada uma delas, e calculamos a correlação cruzada (r) entre todos os
possíveis pares de ROI, gerando uma matriz de correlação de 16x16 elementos.
Para investigar possíveis efeitos do Bhastrika Pranayama sobre a correlação
(conectividade funcional) entre os pares de ROI, utilizamos análise de variância (ANOVA) de
medidas repetidas com 2 fatores: intervenção (pranayama x controle), e tempo (antes x após).
3.5.5.1 Correlação entre mudanças de conectividade funcional e das escalas
Para avaliar a correspondência entre mudanças na conectividade funcional das ROI
selecionadas e as mudanças observadas nos valores das escalas, calculamos o coeficiente de
correlação de Pearson entre as mudanças (depois-antes) individuais nos valores de
conectividade e as mudanças na pontuação das escalas (depois-antes). Para esses cálculos só
utilizamos pares de regiões que apresentaram diferença significativa na ANOVA.
12
Cíngulo anterior, amígdala, ínsula anterior, córtex orbitofrontal, dlPFC, dmPFC, vlPFC, vmPFC.
49
3.6 Registro dos discursos
Os discursos foram registrados em gravador de voz MP3 (Sony icd-px240 Com Fm), e
em seguida transcritos pela empresa Audiotext (Curitiba-PR), especializada nesse tipo de ser-
viço. Para cada uma das duas sessões (antes e após o treinamento) foram registrados o relato
livre dos voluntários sobre os pensamentos que recordavam ter tido durante o protocolo de
resting state (relato livre, sem limite de tempo). Além desses foram registrados 4 relatos de
histórias baseadas em figuras do IAPS. Os voluntários deveriam criar e contar quatro histó-
rias diferentes: duas a partir de imagens neutras, e duas a partir de imagens negativas (relato
controlado por um tempo médio de 30 segundos). Primeiro foram apresentadas 2 imagens
neutras, seguidas das duas negativas. Para a primeira imagem de cada categoria, o participante
deveria criar uma história que levasse em conta impacto emocional direto causado por ela.
Para a segunda imagem, a história deveria ser criada após regular a imagem negativa para
reduzir seu impacto emocional. Ao todo foram 8 imagens (4 imagens neutras e 4 imagens
negativas, duas por sessão). As quatro imagens de cada sessão foram selecionadas aleatoria-
mente por indivíduo, por permutação em blocos dessas 8 imagens.
3.6.1 Análise da estrutura e semântica do discurso
Para análise da estrutura do discurso utilizamos o Speech Graph, programa que se ba-
seia na teoria de grafos, em que um discurso serve para a construção de uma rede complexa.
Nessa rede, as palavras representam os nós (N) e sua sequência é representada por arestas, que
ligam nós (palavras). O uso de técnica para análise do discurso como o Speech Graph levou à
recente descoberta de que parâmetros da teoria de grafos podem apoiar o diagnóstico diferen-
cial entre pacientes com esquizofrenia e transtorno bipolar (Mota, Vasconcelos et al. 2012,
Mota, Furtado et al. 2014), além disso, foi observado que alteração na estrutura do discurso
aparece correlacionada com déficits cognitivos na esquizofrenia (Mota, Copelli et al. 2017) e
na demência (Bertola, Mota et al. 2014) e durante o desenvolvimento infantil correlacionado
com a inteligência fluida (Mota, Weissheimer et al. 2016).
Além da análise da estrutura, fizemos análise levando em consideração características
semânticas do texto (Mikolov, Chen et al. 2013, Altszyler, Sigman et al. 2016). Através desta
representação cada palavra é mapeada em um vetor, onde palavras com significados
semelhantes tendem a estar mais próximas umas das outras. Dada uma representação
semântica, a semelhança semântica de duas palavras é calculada usando a medida de
semelhança de cosseno entre suas respectivas representações vetoriais. Assim, a semelhança
de dois textos pode ser calculada como a medida de semelhança de cosseno entre os vetores
50
médios de cada texto. A técnica do word2vec consiste em uma rede neural de última geração
que é treinada para prever o contexto das palavras entre um grande corpus.
3.6.2 Análise da estrutura do discurso
Representamos cada relato como uma rede de palavras (Sigman and Cecchi 2002),
G=(N, E), com conjuntos de nós N = (n1, n2, ... nn) e arestas E = (wi, wj, ... wn). Nesta repre-
sentação, cada palavra é um nó, e a ligação temporal entre palavras consecutivas é uma aresta
(figura 8).
Figura 8. Exemplo de grafo. Grafo de relato verbal transcrito, em que cada palavra representa um nó e a se-
quência temporal do discurso é representada por uma aresta (Mota, Furtado et al. 2014).
Os seguintes 14 atributos de grafo do discurso (AGD) foram extraídos e analisados a
partir dos discursos transcritos, utilizando o software SpeechGraph (Mota, Vasconcelos et al.
2012, Mota, Furtado et al. 2014): total de nós (N) e arestas (E); total de nós no maior compo-
nente conectado (LCC), e no maior componente fortemente conectado (LSC), grau médio
total (ATD); arestas repetidas (RE), arestas paralelas (PE), ciclos de 1, 2 ou 3 nós (L1, L2 e
L3); densidade, diâmetro, caminho médio mais curto (ASP) e coeficiente de agrupamento
(CC) (figura 9).
51
Figura 9. Exemplos de atributos obtidos a partir de grafos do discurso. Atributos: nós (N), arestas (E), total
de nós no maior componente conectado (LCC) e no maior componente fortemente conectado (LSC), arestas
repetidas (RE), arestas paralelas (PE), e ciclos de 1, 2 ou 3 nós (L1, L2 e L3) (Mota, Furtado et al. 2014).
Inicialmente separamos os textos em diferentes componentes, cada um formado por
um parágrafo que contém estrutura de pensamento contínua. A separação em componentes
ocorreu quando houve descontinuidade do pensamento, ou seja, sempre que houve interferên-
cia do avaliador. A análise considerou o texto normalizado pelo número de palavras (conside-
rando o menor número de palavras apresentado por algum sujeito da amostra total).
Para cada um dos atributos extraídos avaliamos o efeito do Bhastrika Pranayama por
ANOVA de medidas repetida com dois fatores: intervenção (pranayama x controle) e tempo
(antes x após). Foi utilizado p<0.05 como limiar estatístico.
3.6.3 Análise da semântica do discurso
Também analisamos características semânticas do discurso. Para tanto, os textos foram
traduzidos para o inglês usando o Google Translator. Os textos foram analisados através
programa Word2Vec desenvolvido em Python (Mikolov, Chen et al. 2013, Altszyler, Sigman
et al. 2016). Essa representação mapeia cada palavra para um vetor, onde palavras com
significados semelhantes tendem a estar mais próximas umas das outras. Dada uma
representação semântica, a semelhança semântica de duas palavras é calculada usando a
medida do cosseno entre suas respectivas representações vetoriais. Assim, a semelhança entre
duas palavras, entre dois textos, ou entre uma palavra e um texto podem ser calculadas usando
esse tipo de representação (Mikolov, Chen et al. 2013, Altszyler, Sigman et al. 2016).
52
Para análise de mudança na semântica do texto utilizamos a ferramenta Word2Vector
para verificar correlação do texto com 4 palavras de interesse: ansiedade, calmo, negativo e
positivo. O efeito do pranayama foi avaliado por ANOVA de medidas repetidas, com o fator
“tempo” (antes e depois) intra-sujeitos, e o fator “intervenção” entre sujeitos.
3.6.4. Correlação entre atributos do discurso e as escalas
Para avaliar a correspondência entre mudanças na semântica do discurso e as escalas
(PANAS e IDATE), calculamos o coeficiente de correlação de Pearson entre as mudanças
individuais nos valores de similaridade do texto com cada palavra de interesse (depois – an-
tes) e mudança na pontuação das escalas (depois – antes).
RESULTADOS
54
4.1. Caracterização da amostra
Selecionamos 30 indivíduos saudáveis, jovens (média de 25 anos), de ambos os sexos
(15 mulheres), na maioria universitários, formando 15 voluntários por grupo (pranayama e
controle). Apresentamos na tabela 1 os dados sócio-demográficos dos voluntários do estudo
(os dados individuais são apresentados no apêndice IV). Os grupos não apresentaram diferen-
ça significativa com respeito a idade (t28=1.41; p=0.16), sexo (X2=0,13; p=0,71), escolaridade
(X2=2.91; p=0,23), e renda (X
2=0.57; p=0.90).
Tabela 1. Dados sócio-demográficos dos voluntários do estudo.
Pranayama Controle
Sexo (n; X2=0.13; p=0.71)
Masculino 7 8
Feminino 8 7
Idade (média + DP; t28=1.41; p=0.16) 24 ± 4.47 26.2 ± 4.05
Escolaridade em anos de estudo (n; X2=2.91; p=0.23)
Entre 9 e 11 4 5
Entre 12 e 16 10 6
Mais de 17 1 4
Renda em salários mínimos (n; X2=0.57; p=0.90)
De 1 a 2 6 5
Mais de 2 a 5 4 3
Mais de 5 a 10 3 4
Mais de 10 2 3
Teste chi-quadrado (X2) de Pearson e teste t de Student não pareado.
4.2. Efeitos do bhastrika pranayama sobre dados de escalas (IDATE & PANAS)
O preenchimento das duas escalas, IDATE e PANAS, foi completado por 14 voluntá-
rios do grupo pranayama, e 15 do grupo controle. Uma voluntária do grupo pranayama não
compareceu à segunda avaliação por motivos de saúde. Mesmo assim, as amostras permane-
ceram sem diferença significativa com respeito às variáveis sexo (X2=0.03; p=0.85), escolari-
dade (X2=2.48; p=0.28), renda (X2=0.45; p=0.92) e idade (t27=1.27; p = 0.21).
A figura 10 apresenta a inspeção dos dados para identificação de outliers. Essa análise
identificou um voluntário do grupo pranayama (P5) no IDATE-e e dois voluntários do grupo
controle (C7 e C9) no PANAS-e afeto negativo (Fig. 10). No apêndice VI são apresentadas as
médias de todos os indivíduos nessas duas escalas antes do treinamento.
55
Figura 10. Boxplot identificando outliers nas escalas (IDATE e PANAS). Os pontos fora dos limites (identi-
ficados por °) representam outliers. Foi identificado um outlier do grupo pranayama no IDATE-e (P5) e dois
voluntários no PANAS-e afeto negativo (C7 e C9).
A figura 11 mostra os resultados da análise estatística do IDATE. A ANOVA revelou
interação significativa (treinamento e tempo) no IDATE-e (F1,26=4.30; p=0.048, Cohen’s
d=0.81), com redução dos níveis de ansiedade no grupo pranayama (t12=3.01; p=0.01) (Fig.
11a). Não foi observado efeito de interação significativa no IDATE-t (F1,27=2.13; p=0.16),
mas foi observado efeito do tempo (F1,27=7.16; p<0.05) (Fig. 11b).
Figura 11. Efeito do treinamento sobre o Inventário de Ansiedade Traço-Estado (IDATE). Foi encontrada
interação significativa entre treinamento e tempo para o IDATE-e (F1,26=4.30; p=0.048, cohen’s d=0.81), mas
não para o IDATE-t. A figura mostra os valores médios e erro padrão da média para cada grupo (pranayama e
controle) antes e depois da intervenção. C=Controle e P=Pranayama.
A figura 12 mostra os resultados da PANAS. Foi encontrada interação significativa no
PANAS-e (F1,25=8.56; p=0.007, cohen’s d=1.17) (Fig. 12a), com redução de afeto negativo no
grupo pranayama (t13=3.43; p<0.01). Também foi encontrada interação significativa no PA-
Antes Depois25
30
35
40
45
Escore
médio
IDATE-e
C
P
(F1,26 = 4.30; p = 0.048)
Antes Depois30
35
40
45
50
Escore
médio
IDATE-t
C
P
(F1,27 = 2.13; p = 0.16)
56
NAS-e (F1,27=5.91; p=0.02, cohen’s d=0.93) (Fig. 12b). Foi observada interação significativa
no PANAS-t (F1,27=7.35; p=0.01, cohen’s d=1.04) (Fig. 12d), e não foi identificada interação
significativa no PANAS-t afeto negativo (F1,27=3.78; p=0.06) (Fig. 12c).
Figura 12. Efeito do treinamento sobre o PANAS (estado e traço). Foi encontrada interação significativa
entre treinamento e tempo no PANAS-e, afeto negativo (F1,25=8.56; p=0.007, cohen’s d=1.17), afeto positivo
(F1,27=5.91; p=0.02, cohen’s d=0.93); e no PANAS-t, afeto positivo (F1,27=7.35; p=0.01, cohen’s d=1.04). Não
foi observada interação significativa no PANAS-t, afeto negativo (F1,27=3.78; p=0.06). A figura mostra os valo-
res médios e erro padrão da média para cada grupo (pranayama e controle) antes e depois da intervenção.
C=Controle e P=Pranayama.
4.3. Efeitos do bhastrika pranayama sobre dados de fMRI
Além da voluntária que não completou a segunda avaliação da escala, outros 3
voluntários, 2 do grupo controle (C8 e C12) e 1 grupo pranayama (P8), tiveram que ser
excluídos da análise de fMRI por excesso de artefato de movimento (FD). A amostra final dos
dados de fMRI ficou, assim, composta por 26 voluntários: 13 do grupo pranayama e 13 do
grupo controle. Essa amostra também não apresenta diferença significativa com respeito aos
dados sócio-demográficos como idade (t24=1.33; p=0.19), sexo (χ2=0.15; p=0.69),
escolaridade (χ2=2.40; p=0.30), e renda (χ2=0.62; p=0.88).
Antes Depois8
10
12
14
16
18
20
Escore
médio
PANAS-e Afeto Negativo
C
P
(F1,25 = 8.56; p = 0.007)
Antes Depois24
26
28
30
32
34
36
Escore
médio
PANAS-e Afeto Positivo
C
P
(F1,27 = 5.91; p = 0.02)
Antes Depois10
12
14
16
18
20
22
Escore
médio
PANAS-t - Afeto Negativo
C
P
(F1,27 = 3.78; p = 0.06)
Antes Depois28
30
32
34
36
38
40
Escore
médio
PANAS-t - Afeto Positivo
C
P
(F1,27 = 7.35; p = 0.01)
57
4.3.1 fMRI: características das imagens apresentadas
As imagens selecionadas para a primeira e segunda sessões não apresentaram diferen-
ça significativa (teste-t de Student, não pareado) com relação à valência das imagens neutras
(t34=0.49, p=0,62), à valência das imagens negativas (t70=0.62, p=0.54), à ativação das ima-
gens neutras (t34=0.56, p=0.58), e à ativação das imagens negativas (t70=0.80; p=0.42).
As imagens negativas foram utilizadas em duas condições: olhar passivamente a ima-
gem negativa (NEG) ou regular a imagem negativa para reduzir seu impacto emocional
(REG). Não há diferença significativa (teste-t de Student, não pareado) entre condições, com
relação à valência na sessão 1 (t34=0.12; p=0.91), valência na sessão 2 (t34=0.51; p=0.61), nem
tampouco com relação à excitação na sessão 1 (t34=1.78; p=0,08), e sessão 2 (t34=0.53;
p=0.60). Na medida do possível, procuramos manter equivalentes as imagens da primeira e
segunda sessões com relação ao conteúdo apresentado (ferimentos com criança, animais, mu-
lheres, homens, acidentes de carro, queimadura, cemitérios e vômitos).
4.3.2 Notas atribuídas ao impacto emocional das imagens apresentadas.
A figura 13 mostra as respostas (notas) ao julgamento do impacto emocional causado
pelas imagens apresentadas. A análise de variância (ANOVA) incluiu dois fatores intra-
sujeitos (within), condição (NEU, NEG, REG) e tempo (antes e depois), e um fator entre su-
jeitos (between), a intervenção (pranayama e controle). Não foi observado efeito da interven-
ção, do tempo, nem interação entre eles. Foi observado efeito significativo com relação à con-
dição (NEU, NEG, REG) (F2,24=96.72; p<0.0001). Análise post-hoc, corrigido por múltiplas
comparações pelo teste de Sidak, mostrou diferenças significativas entre as condições NEG x
NEU (p < 0.0001), e entre NEG x REG (p < 0.0001), mas não entre REG x NEU (p=0.77). As
notas atribuídas na condição NEG foram mais baixas que nas condições NEU e REG, e às da
condição NEU praticamente iguais às notas da condição REG.
58
Figura 13. Notas atribuídas ao julgamento do impacto emocional causado pelas imagens apresentadas.
Análise post-hoc revelou diferença significativa entre as condições NEG x NEU (p<0.0001), NEG x REG
(p<0.0001), mas não entre REG x NEU (p=0.77).
4.3.3 Efeito principal da tarefa de regulação emocional
Para avaliar quais regiões responderam às diferentes condições do protocolo de regu-
lação emocional (efeito principal da tarefa) foram utilizadas as imagens de primeiro nível de
todos os indivíduos antes da intervenção (N=26), e os seguintes contrastes foram explorados:
NEG (Fig. 14), REG (Fig. 15), NEG>REG (nenhuma área significativa) e REG>NEG (Fig.
16). Utilizamos pcdt<0.001, e pfwe<0.05, com correção small volume. Não observamos regiões
significativas para o efeito principal da tarefa no contraste NEG>REG.
A figura 14 (tabela 2) mostra o resultado do efeito geral da tarefa na condição NEG.
Observamos modulação significativa da atividade de todas as regiões de interesse, exceto pela
amígdala e vmPFC (figura 14 & tabela 2).
Controle
NEG REG NEU0
1
2
3
4
5
Nota
média
Antes
Depois
***
***
Pranayama
NEG REG NEU0
1
2
3
4
5
Nota
média
Antes
Depois
***
***
59
Efeito principal da tarefa (condição NEG)
Figura 14. Efeito principal da tarefa na condição NEG. Mapas estatísticos obtidos a partir dos dados de todos
os voluntários (N=26) antes da intervenção. Foram utilizados pcdt<0.001, correção small volume, e pfwe<0.05.
Tabela 2. ROI estatisticamente significativas pelo efeito principal da tarefa (N=26) na condição NEG,
antes da intervenção. Foram utilizados pcdt<0.001, com correção small volume, e pfwe<0.05.
Região anatômica Hemisfério pfwe k T [x,y,z,] mm
Cíngulo anterior E <0.001 228 6.39 -6 28 30
Cíngulo anterior D <0.002 139 4.72 8 26 28
Ínsula anterior E <0.0001 183 7.68 -44 16 -4
Ínsula anterior D <0.0001 194 5.55 44 16 0
Córtex Orbitofrontal E <0.0001 787 9.64 -46 36 -12
Córtex Orbitofrontal D <0.0001 490 7.38 46 26 -8
dlPFC E <0.0001 1645 7.75 -38 42 -2
dlPFC D <0.0001 1813 6.27 42 32 30
dmPFC E <0.0001 970 8.08 -6 26 52
dmPFC D <0.0001 274 7.13 8 26 48
vlPFC E <0.0001 1823 9.16 -50 18 0
vlPFC D <0.0001 1673 10.19 56 26 6
*k=número de voxels no cluster. T=tmax do cluster (peak-voxel). [x y z]=MNI do peak-voxel em mm.
A figura 15 (tabela 3) apresenta os resultados do efeito principal da tarefa para a con-
dição REG. Observamos modulação significativas na maior parte da rede de regulação emo-
cional, exceto na amígdala e o vmPFC bilateral (figura 15 & tabela 3).
60
Efeito principal da tarefa (condição REG)
Figura 15. Efeito principal da tarefa na condição REG. Mapas estatísticos obtidos a partir dos dados de todos
os voluntários (N=26) antes da intervenção. Foram utilizados pcdt<0.001, correção de small volume, e pfwe<0.05.
Table 3. ROI estatisticamente significativas pelo efeito principal da tarefa (N=26) na condição REG,
antes da intervenção. Foram utilizados pcdt<0.001, com correção de small volume, pfwe<0.05.
Região anatômica Hemisfério pfwe k T [x,y,z,] mm
Cíngulo anterior E <0.0001 305 7.38 -8 26 30
Cíngulo anterior D <0.001 172 5.72 4 32 28
Ínsula anterior E <0.0001 174 8.84 -44 16 -4
Ínsula anterior D <0.0001 192 6.20 46 18 -4
Córtex Orbitofrontal E <0.0001 1061 12.85 -48 32 -10
Córtex Orbitofrontal D <0.0001 552 9.78 48 30 -10
dlPFC E <0.0001 1485 9.85 -38 18 54
dlPFC E <0.0001 1033 8.54 -44 48 0
dlPFC D <0.0001 2241 8.36 26 52 32
dmPFC E <0.0001 964 12.82 -6 26 52
dmPFC E <0.027 53 4.17 -8 64 26
dmPFC D <0.0001 463 8.20 4 20 44
vlPFC E <0.0001 1713 11.05 -52 18 -2
vlPFC D <0.0001 1271 10.31 54 30 -2
*k=número de voxels no cluster. T=tmax do cluster (peak-voxel). [x y z]=MNI do peak-voxel em mm.
Na figura 16 (tabela 4) apresentamos os resultados do efeito principal da tarefa agora
para o contraste REG>NEG. Encontramos mudança significativa em um cluster localizado no
córtex pré-frontal dorsolateral esquerdo (dlPFC) (figura 16, tabela 4).
61
Efeito principal da tarefa (contraste REG>NEG)
Figura 16. Efeito principal da tarefa no contraste REG>NEG. Mapas estatísticos obtidos a partir dos dados
de todos os voluntários (N=26) antes da intervenção. Foram utilizados pcdt<0.001, correção de small volume, e
pfwe<0.05.
Table 4. ROI estatisticamente significativas pelo efeito principal da tarefa (N=26) no contraste
REG>NEG, antes da intervenção. Foram utilizados pcdt<0.001, com correção de small volume, pf-
we<0.05.
Região anatômica Hemisfério pfwe k T [x,y,z,] mm
Pré-frontal dorsolateral (dlPFC) E <0.0001 717 6.80 -46 8 52
*k=número de voxels no cluster. T=tmax do cluster (peak-voxel). [x y z]=MNI do peak-voxel em mm.
4.3.4 Efeitos do Bhastrika Pranayama na regulação emocional: análise cérebro inteiro
Para avaliar os efeitos relacionados ao treinamento, realizamos análise exploratória de
cérebro inteiro utilizando ANOVA de medidas repetidas para cada contraste de interesse com
pcdt=0.001, correção small volume para cada ROI, e pfwe<0.05. Os contrastes REG>NEG e
NEG>REG foram avaliados em um único teste ANOVA, uma vez que são complementares.
A Figura 17 mostra os mapas estatísticos obtidos a partir dessa análise. Foi encontrada
interação significativa, entre intervenção e tempo, no cíngulo anterior direito e ínsula anterior
direita para o contraste NEG e no vmPFC esquerdo para os contrastes REG e REG>NEG.
62
Contraste NEG – ACC direito
Contraste NEG – Ínsula anterior direita
Contraste REG – vmPFC esquerdo
Contraste REG>NEG – vmPFC esquerdo
Figura 17. Efeito do treinamento na análise do cérebro inteiro. Mapas estatísticos obtidos a partir da análise
exploratória de cérebro inteiro utilizando ANOVA de medidas repetidas para cada contraste de interesse com
pcdt=0.001, correção small volume, e pfwe<0.05. Foi encontrada interação significativa, entre intervenção e tempo,
no cíngulo anterior direito e ínsula anterior direita para o contraste NEG e no vmPFC esquerdo para os contrastes
REG e REG>NEG.
Não encontramos diferença significativa de interação (intervenção x tempo) na análise
de cérebro inteiro utilizando a máscara da DMN e da rede de saliência.
4.3.5 Efeitos do Bhastrika Pranayama na regulação emocional: análise por ROI
O efeito do pranayama foi avaliado, ainda, por ANOVA de medidas repetidas, com o
fator “tempo” (antes e depois) intra-sujeitos, e o fator “treinamento” entre sujeitos, para as
condições e contrastes descritos acimas. Mais uma vez, foram utilizadas as ROI que partici-
pam de processos de regulação emocional: i) cíngulo anterior bilateral, ii) amígdala bilateral,
iii) ínsula anterior bilateral, iv) córtex órbitofrontal bilateral, v) córtex pré-frontal dorsolateral
bilateral, vi) córtex pré-frontal dorsomedial bilateral, vii) córtex pré-frontal ventrolateral bila-
teral, viii) córtex pré-frontal ventromedial bilateral. Obtivemos os valores médios, e respecti-
vos erros padrão, dos valores de beta em cada uma dessas ROI, antes e após a intervenção.
A figura 18 mostra os resultados da interação (intervenção x tempo) para a condição
NEG. Encontramos interação significativa (intervenção x tempo) na ínsula anterior direita
(F1,24=13.88; p=0.001, Cohen’s d=1.52), ínsula anterior esquerda (F1,24=11.67, p=0.002, Co-
hen’s d=1.39) e amígdala direita (F1,24=5.24; p=0.03, Cohen’s d=0.93). Observamos, ainda,
que a atividade da ínsula direita e esquerda aumentaram significativamente após o treinamen-
to no grupo pranayama.
63
Interação (ANOVA) para a condição NEG
Figura 18. Efeito do treinamento durante a condição NEG. São mostrados os valores de beta médio (±se)
para cada grupo. Encontramos interação significativa (intervenção x tempo) na ínsula anterior direita
(F1,24=13.88; p=0.001, Cohen’s d=1.52), na ínsula anterior esquerda (F1,24=11.67, p=0.002, Cohen’s d=1.39), e
na amígdala direita (F1,24=5.24, p=0.03, cohen’s d=0.93). C=Controle e P=Pranayama.
Na figura 19 apresentamos os resultados da interação (intervenção x tempo) para a
condição REG. Encontramos interação significativa no vmPFC esquerdo (F1,24=5.52, p=0.02,
Cohen’s d=0.95) e no cíngulo anterior direito (F1,24=7.42, p=0.01, Cohen’s d=1.11). Explo-
rando as mudanças no grupo pranayama encontramos que a tarefa de regular imagens negati-
vas após o Bhastrika Pranayama foi acompanhada por aumento significativo dos betas no
cíngulo anterior direito (t12=2.37; p<0.05).
Interação (ANOVA) para a condição REG
Figura 19. Efeito do treinamento durante a condição REG. São mostrados os valores de beta médio (±se)
para cada grupo. Encontramos interação significativa (intervenção x tempo) no vmPFC esquerdo (F1,24=5.52,
p=0.02, Cohen’s d=0.95) e no cíngulo anterior direito (F1,24=7.42, p=0.01, Cohen’s d=1.11). C=Controle e
P=Pranayama.
A figura 20 mostra os resultados da interação (intervenção x tempo) para o contraste
NEG>REG. A ínsula anterior direita foi a única região onde encontramos interação significa-
tiva (F1,24=10.38; p=0.003, cohen’s d=1.31).
Antes Depois0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
Beta
médio
Ínsula anterior direita
C
P
(F1,24 = 13.88; p = 0.001)
Antes Depois0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
Beta
médio
Ínsula anterior esquerda
C
P
(F1,24 = 11.67; p = 0.002)
Antes Depois-0.2
0.0
0.2
0.4
0.6
Beta
médio
Amígdala direita
C
P
(F1,24 = 5.24; p = 0.03)
Antes Depois-0.6
-0.4
-0.2
0.0
0.2
Beta
médio
vmPFC esquerdo
C
P
(F1,24 = 5.52; p = 0.02)
Antes Depois-0.2
0.0
0.2
0.4
0.6
Beta
médio
Cíngulo anterior direito
C
P
(F1,24 = 7.42; p = 0.01)
64
Interação (ANOVA) para a condição NEG>REG
Figura 20. Efeito do treinamento para o contraste NEG>REG. São mostrados os valores de beta médio (±se)
para cada grupo. Encontramos interação significativa (p<0.05) entre intervenção e tempo para a ROI da ínsula
anterior direita (F1,24=10.38; p=0.003, cohen’s d=1.31). C=Controle e P=Pranayama.
4.3.6 Correlação entre os betas do protocolo de regulação emocional e as escalas
Observamos que na tarefa olhar imagens negativas o grupo que fez a prática do prana-
yama apresentou variação no afeto negativo de forma correlacionada com variação na ativi-
dade da amígdala direita (r=0.58, p=0.03), ínsula direita (r=0.72 e p=0.005) e ínsula esquerda
(r=0.67, p=0.01) (Fig. 21). Ou seja, entre os indivíduos que fizeram o pranayama, os que mais
aumentaram a atividade nessas áreas foram os que reduziram menos o afeto negativo.
Figura 21. Correlação de Pearson entre mudanças na escala PANAS-e afeto negativo e valores de beta
para o contraste Negativo. Valores são representados como mudanças nos valores individuais de beta (depois –
antes) e na pontuação da escala (depois – antes). Correlação positiva significativa foi encontrada na amígdala
direita (r=0.58, p=0.03, N=26), ínsula direita (r=0.72 e p=0.005) e ínsula esquerda (r=0.67, p=0.01).
4.3.7 Efeitos do bhastrika pranayama sobre dados de resting state-fMRI
Para avaliar o efeito do bhastrika pranayama sobre a conectividade funcional (fc,
functional connectivity) de algumas áreas que participam do processo de regulação emocional,
calculamos a correlação cruzada entre os 16 pares de ROI utilizadas no protocolo de regula-
ção emocional. O efeito do pranayama foi avaliado por ANOVA de medidas repetidas, com o
fator tempo (antes e depois) intra-sujeitos, e o fator treinamento, entre sujeitos.
Antes Depois-0.4
-0.2
0.0
0.2
0.4
Beta
médio
Ínsula anterior direita
C
P
(F1,24 = 10.38; p = 0.003)
-0.2 0.0 0.2 0.4 0.6 0.8-15
-10
-5
0
5
Delta Amígdala direita
Delta P
AN
AS
-e A
feto
Negativo
r = 0.58
p = 0.03
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6-15
-10
-5
0
5
Delta Ínsula anterior direita
Delta P
AN
AS
-e A
feto
Negativo
r = 0.72
p = 0.005
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6-15
-10
-5
0
5
Delta Ínsula anterior esquerda
Delta P
AN
AS
-e A
feto
Negativo
r = 0.67
p = 0.01
65
A figura 22 mostra o efeito do treinamento sobre a conectividade funcional (fc) envol-
vendo a ínsula anterior direita. Encontramos interação significativa (intervenção x tempo) na
conectividade funcional entre a ínsula anterior direita e: o vlPFC direito (F1,27=4.72; p=0.03,
Cohen’s d=0.83), vlPFC esquerdo (F1,27=4.73; p=0.03, Cohen’s d=0.83), cíngulo anterior di-
reito (F1,27=4.47; p=0.04, Cohen’s d=0.86), dmPFC direito (F1,27=7.07; p=0.01, Cohen’s
d=1.02), dmPFC esquerdo (F1,27=5.17; p=0.03, Cohen’s d=0.87). No entanto, explorando as
mudanças no grupo pranayama não foi encontrada redução significativa em nenhum par des-
sas áreas.
Interação (ANOVA) para dados rs-fMRI, ínsula anterior direita
Figura 22. Efeito do treinamento sobre a conectividade funcional na ínsula anterior direita. São mostrados
os valores de correlação entre os pares de estruturas, nos dois tempos (antes e depois) para os dois grupos (pra-
nayama e controle). Encontramos interação significativa (intervenção x tempo) nas mudanças dos valores de
conectividade funcional entre a ínsula anterior direita e: vlPFC direito (F1,27=4.72; p=0.03, Cohen’s d=0.83),
vlPFC esquerdo (F1,27=4.73; p=0.03, Cohen’s d=0.83), cíngulo anterior direito (F1,27=4.47; p=0.04, Cohen’s
d=0.86), dmPFC direito (F1,27=7.07; p=0.01, Cohen’s d=1.02), e dmPFC esquerdo (F1,27=5.17; p=0.03, Cohen’s
d=0.87). C=Controle e P=Pranayama.
A figura 23 mostra o efeito do treinamento sobre a conectividade funcional (fc) do
vlPFC. Encontramos interação significativa (intervenção x tempo), da conectividade do
vlPFC direito e as seguintes estruturas: vmPFC direito (F1,27=8.00; p=0.008, Cohen’s d=1.08),
vmPFC esquerdo (F1,27=4.82; p=0.03, Cohen’s d=0.84), dlPFC direito (F1,27=6.54; p=0.01,
cohen’s d=0.98) e dmPFC direito (F1,27=8.57; p=0.006, Cohen’s d=1.12). Análise específica
para verificar mudanças no grupo pranayama mostrou redução significativa entre vlPFC direi-
to e dlPFC direito (t13=3.97; p=0.001).
Antes Depois0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
z e
score
Ínsula anterior direita x vlPFC direito
(F1,27 = 4.72; p = 0.03)
C
P
Antes Depois0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
z e
score
Ínsula anterior direita x vlPFC esquerdo
(F1,27 = 4.73; p = 0.03)
C
P
Antes Depois0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
z e
score
Ínsula anterior direita x ACC direito
(F1,27 = 4.47; p = 0.04)
P
C
Antes Depois-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
z e
score
Ínsula anterior direita x dmPFC direito
(F1,27 = 7.07; p = 0.01)
C
P
Antes Depois-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
z e
score
Ínsula anterior direita x dmPFC esquerdo
(F1,27 = 5.17; p = 0.03)
P
C
66
Interação (ANOVA) para dados rs-fMRI, vlPFC direito
Figura 23. Efeito do treinamento sobre a conectividade funcional no vlPFC direito. São mostrados os valo-
res de correlação entre os pares de estruturas, nos dois tempos (antes e depois). Encontramos interação significa-
tiva (intervenção x tempo) entre o vlPFC direito e: vmPFC direito (F1,27=8.00; p=0.008, Cohen’s d=1.08),
vmPFC esquerdo (F1,27=4.82; p=0.03, Cohen’s d=0.84), dlPFC direito (F1,27=6.54; p=0.01, Cohen’s d=0.98),
dmPFC direito (F1,27=8.57; p=0.006, Cohen’s d=1.12). C=Controle e P=Pranayama.
4.3.8 Correlação entre dados de resting state-fMRI e escalas (IDATE & PANAS)
Observamos que no grupo que fez a prática do pranayama variação no estado de ansi-
edade foi correlacionado com variação na conectividade entre ínsula e vlPFC direito (r=0.56,
p=0.03) e ínsula e vlPFC esquerdo (r=0.55, p=0.03) (Fig. 24). Ou seja, entre os indivíduos
que fizeram o pranayama, os que mais reduziram a conectividade foram os que mais reduzi-
ram o afeto negativo.
Figura 24. Correlação de Pearson entre mudanças na escala IDATE-e e conectividade funcional entre
ínsula anterior e vlPFC. Valores são representados como mudanças nos valores individuais de beta (depois –
antes) e na pontuação da escala (depois – antes). Correlação positiva significativa foi encontrada entre variação
no estado de ansiedade e conectividade da ínsula com vlPFC direito (r=0.56, p=0.03) e da ínsula com vlPFC
esquerdo (r=0.55, p=0.03).
Antes Depois-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
z e
score
vlPFC direito x vmPFC direito
(F1,27 = 8.00; p = 0.008)
C
P
Antes Depois-0.2
-0.1
0.0
0.1
0.2
z e
score
vlPFC direito x vmPFC esquerdo
(F1,27 = 4.82; p = 0.03)
P
C
-1.0 -0.5 0.0 0.5-30
-20
-10
0
10
Delta Ínsula anterior direita x vlPFC direito
Delta ID
AT
E-e
r = 0.56p = 0.03
-0.6 -0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4-30
-20
-10
0
10
Delta Ínsula anterior direita x vlPFC esquerdo
Delta ID
AT
E-e
r = 0.55 p = 0.03
67
4.4 Efeitos do bhastrika pranayama sobre o discurso
Dados de 14 indivíduos do grupo pranayama e 15 do grupo controle e foram incluídos
na análise de dados do discurso.
Na análise de mudança na estrutura do discurso não foi observada interação significa-
tiva para nenhum atributo do grafo.
Na análise da semântica encontramos interação significativa (intervenção x tempo) no
relato sobre os pensamentos que tiveram durante o resting state quando analisamos as pala-
vras: ansiedade (F1,27=6.52; p=0.01, Cohen’s d=0.98), negativo (F1,27=5.56; p=0.02, Cohen’s
d=0.91) e positivo (F1,27=6.20; p=0.01, Cohen’s d=0.95). Não encontramos diferença signifi-
cativa para a palavra calmo (F1,27=0.43; p=0.51, Cohen’s d=0.95). Fig.25. Análise explorató-
ria para verificar mudanças no grupo pranayama mostrou redução significativa entre o discur-
so e a palavra ansiedade (t13=2.68; p=0.01).
Interação (ANOVA) para análise semântica do discurso
Figura 25. Análise semântica do relato sobre o resting state. São mostrados os valores médio para cada pala-
vra de interesse e o erro padrão da média para cada grupo. Encontramos interação significativa quando avalia-
mos a similaridade com as palavras ansiedade (F1,27=6.52; p=0.01, Cohens´d=0.98), negativo (F1,27=5.56;
p=0.02, Cohen’s d=0.91) e positivo (F1,27=6.20; p=0.01, Cohen’s d=0.95). C=Controle e P=Pranayama.
4.4.1 Correlação do discurso com as escalas
Não foi observada correlação significativa entre as mudanças no discurso e as escalas
no grupo pranayama.
DISCUSSÃO
69
De forma geral, após o treinamento do bhastrika pranayama observamos mudanças
em três diferentes condições: uma condição de repouso, em que avaliamos a conectividade
funcional entre áreas, e duas condições envolvendo valência emocional (tarefa de olhar ima-
gens negativas e tarefa de regular imagens negativas para reduzir seu impacto emocional). Na
condição de repouso encontramos: 1) redução dos níveis de ansiedade e de afeto negativo; 2)
redução significativa de conectividade funcional entre o vlPFC à direita e o dlPFC à direita, 3)
correlação positiva entre dados de rs-fMRI e escala IDATE. Especificamente, entre os indiví-
duos do grupo pranayama, os que mais reduziram a conectividade entre ínsula anterior à direi-
ta e o vlPFC bilateral também apresentaram maior redução nos níveis de ansiedade e 4) redu-
ção significativa na relação semântica entre os textos transcritos e a palavra ansiedade na aná-
lise do discurso. Na condição de regular imagens negativas identificamos maior atividade no
cíngulo anterior direito. Na tarefa de olhar imagens negativas: 1) aumento na atividade da
ínsula anterior bilateral e 2) correlação positiva entre dados de fMRI e a escala PANAS, mais
especificamente, indivíduos do grupo pranayama os que mais aumentaram a atividade na a-
mígdala, e ínsula bilateral foram os que menos reduziram o afeto negativo.
A redução nos níveis de ansiedade tem sido observada como efeito da prática de pra-
nayama (Kjellgren, Bood et al. 2007, Gupta, Kumar et al. 2010, Nemati 2013) e meditação
(Goldin and Gross 2010, Hölzel, Hoge et al. 2013, Kocovski, Fleming et al. 2013). Em acha-
dos anteriores, a prática do pranayama reduziu níveis de ansiedade após 3 meses de prática do
Pranayama Anuloma-Viloma (alternância das narinas durante a inspiração e expiração)
(Gupta, Kumar et al. 2010), bem como após 1 semestre de treino com respiração lenta
(Nemati 2013) e após 6 semanas da prática de Sudarshan Kriya (Kjellgren, Bood et al. 2007).
Outro estudo randomizado, controlado, mostrou que um mês de meditação mindfulness ou
relaxamento somático reduz a angústia e melhora estados de humor positivo em comparação a
um grupo controle sem treinamento (Jain, Shapiro et al. 2007).
A redução nos níveis de ansiedade e afeto negativo encontrada em nosso estudo po-
dem estar relacionadas à modulação no equilíbrio simpatovagal, em direção à predominância
da atividade parassimpática. Modulação nesse sentido tem sido observada após a prática
Bhastrika Pranayama (Santaella, Devesa et al. 2011) podendo levar à redução do estresse
observado após prática de pranayamas (Brown and Gerbarg 2005, Brown and Gerbarg 2005,
Brown, Gerbarg et al. 2009).
Durante a condição de repouso observamos também que o impacto do pranayama so-
bre os dados de rs-fMRI foi de levar à redução da conectividade funcional entre as diferentes
70
áreas pré-frontais que participariam dos processos de reavaliação (vlPFC e dlPFC). Além dis-
so, observamos que redução da conectividade entre o vlPFC (direito e esquerdo) e a ínsula
direta estão correlacionadas às reduções observadas no estado de ansiedade, mostrando que
entre os indivíduos que fizeram o pranayama, os que mais reduziram a conectividade entre
essas áreas foram os que mais reduziram os níveis de ansiedade. A redução na conectividade
entre áreas que fazem parte do protocolo de regulação emocional, talvez esteja relacionada a
menor necessidade de engajamento de áreas relacionadas a emoção em um momento que não
há estímulo emocional envolvido.
Estudos avaliando a conectividade entre áreas envolvidas no processo de regulação
emocional também observaram relação da conectividade com estados de humor. Por exemplo,
foi visto que escores mais altos no temperamento de evitar danos correlaciona com mais forte
conectividade da amígdala esquerda com córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC) e da a-
mígdala direita com o córtex pré-frontal dorsomedial (dmPFC). Essa maior conectividade
entre essas áreas durante o repouso pode representar um marcador de vulnerabilidade para a
sensibilidade ao estresse e à ansiedade (Baeken, Marinazzo et al. 2014). De forma semelhante
tem sido sugerido que para parar a geração de estados ansiosos, a força da conectividade fun-
cional entre a amígdala e áreas do córtex pré-frontal medial durante o repouso representa uma
interferência eficiente entre essas regiões cerebrais (Kim, Loucks et al. 2011).
Ainda nessa parte do protocolo (resting state) instruímos os voluntários a ficarem a-
tentos, sem interferir, aos pensamentos presentes, para que pudessem relatá-los após o exame.
Na análise dos relatos observamos redução significativa da relação semântica entre os relatos
e as palavras “ansiedade”, levando a crer que o grupo pranayama apresentou relato com me-
nos envolvimento emocional e menos fluxo espontâneo de pensamento após o pranayama.
Mudança no fluxo espontâneo do pensamento pela meditação tem sido sugerida, por
escalas e em estudos usando a fMRI. Por exemplo, a prática de meditação com foco na respi-
ração leva a maior descentramento do pensamento, em que se percebe mais facilmente vários
aspectos relacionados ao pensamento ao invés de focar em um único conteúdo e tentar alterá-
lo. Além disso, foi visto mais fraca associação entre a frequência do pensamento repetitivo e
as reações negativas aos pensamentos (Feldman, Greeson et al. 2010). Ainda, estudo por f-
MRI sugere que praticantes regulares de meditação Zen apresentam duração reduzida da res-
posta neural ligada ao processamento conceitual em regiões da DMN, sugerindo que o trei-
namento meditativo pode promover a capacidade de controlar a cascata automática de associ-
ações semânticas desencadeadas por um estímulo (Pagnoni, Cekic et al. 2008).
71
Com relação à estrutura do discurso não identificamos diferenças relacionadas ao pra-
nayama. Talvez a mudança na estrutura do discurso ocorra em processos que apresentam mu-
danças mais expressivas envolvendo mudanças na cognição dos indivíduos como foi observa-
do por parâmetros da teoria de grafos para diagnóstico diferencial entre pacientes com esqui-
zofrenia e transtorno bipolar (Mota, Vasconcelos et al. 2012, Mota, Furtado et al. 2014), alte-
ração na estrutura do discurso correlacionado com déficits cognitivos na esquizofrenia (Mota,
Copelli et al. 2017) e na demência (Bertola, Mota et al. 2014) e durante o desenvolvimento
infantil correlacionado com a inteligência fluida (Mota, Weissheimer et al. 2016).
Dessa forma, o impacto do pranayama sobre os dados de resting state foi de levar à
redução na conectividade em áreas do córtex pré-frontal, frequentemente relacionados aos
mecanismos de regulação top-down, como o vlPFC e o dlPFC (Ochsner and Gross 2005) e
redução na relação semântica entre o relato dos pensamentos espontâneos e a palavra “ansie-
dade”.
Já na tarefa de regular imagens negativas observamos que o impacto do pranayama foi
visto pelo aumento da atividade do ACC, uma área envolvida no processo de avaliação e rea-
valiação do estímulo. Mais usualmente as funções atribuídas ao ACC têm seguido divisão
anatômica em duas porções, uma dorsal e outra ventral (Stevens, Hurley et al. 2011). A por-
ção ventral, onde se encontra o giro subgenual, está fortemente conectada ao sistema límbico,
e sua relação com a emoção remonta aos primeiros modelos da emoção propostos por James
Papez em 1937 (Papez 1937). Já a porção dorsal se conecta primariamente a extensas porções
do córtex pré-frontal, e tem sido relacionado a diferentes funções executivas (Seeley, Menon
et al. 2007), particularmente a resolução de conflitos, e tomada de decisão. Porém, estudos
mais recentes têm revelado que essa dicotomia não se sustenta plenamente, e as duas porções
participam ativamente do processamento emocional, em particular na avaliação e reavaliação
de estímulos emocionais (Kalisch 2009, Etkin, Egner et al. 2011).
O impacto emocional de estímulos, sejam internos ou externos, pode ser modulado por
mecanismos bottom-up, como por exemplo durante a resolução de conflito emocional em ta-
refas de Stroop afetivo (Etkin, Egner et al. 2006), ou intencionalmente por mecanismos de
controle executivo, top-down. A estratégia mais bem estudada desse tipo de habilidade inten-
cional se dá por mecanismos de reavaliação (reappraisal), em que estratégias cognitivas são
utilizadas deliberadamente para diminuir o impacto e reação emocional a dado estímulo
(Gross 2002). Estudos recentes têm apontado para o envolvimento do ACC tanto nos meca-
nismos de avaliação como de reavaliação emocionais de estímulos (Etkin, Egner et al. 2006,
72
Kalisch 2009). Curiosamente, esses estudos encontraram principalmente associação consis-
tente entre o ACC dorsal e tarefas de reavaliação emocional (reappraisal), mas não com o
ACC ventral (subgenual).
O principal modelo de reavaliação emocional parte da hipótese que a atenuação do
impacto emocional de um estímulo negativo se daria pela regulação da atividade da amígdala
por regiões do córtex pré-frontal medial e dorsal lateral (Kalisch 2009). Dentro desse modelo,
portanto, porções ventrais do ACC teriam papel modulatório entre essas regiões pré-frontais e
estruturas pré-frontais laterais, com quem a amígdala mantém pouca ou nenhuma conectivi-
dade direta (Amaral, Price et al. 1992, Etkin, Egner et al. 2006). De fato, porções ventrais do
ACC também se apresentam modulados durante tarefas de reconhecimento explícito de emo-
ções (Lieberman, Eisenberger et al. 2007), ou durante tarefas de distração a estímulos emo-
cionais condicionados (Delgado, Nearing et al. 2008), duas condições que são acompanhadas
pela diminuição da atividade da amígdala.
De forma geral, os protocolos de reavaliação emocional (reappraisal) parecem recru-
tar extensa rede de áreas do cérebro, envolvendo principalmente estruturas do córtex pré-
frontal que exerceriam o papel inibitório sobre a amígdala, em especial o vlPFC, e o dlPFC
(Ochsner and Gross 2005). A meditação também é um processo de regulação emocional e
alguns estudos têm mostrado que o impacto da meditação é semelhante a processos de regula-
ção emocional como o de reavaliação (reappraisal), ou seja, a prática de meditação está asso-
ciada com reduzida ativação da amígdala em resposta a estímulos emocionais com imagens
negativas, sem estar em estado meditativo (Desbordes, Negi et al. 2012, Hölzel, Hoge et al.
2013), bem como durante estado meditativo (Goldin and Gross 2010, Taylor, Grant et al.
2011, Lutz, Herwig et al. 2014). Além disso, a regulação da emoção é associada a aumento da
atividade de áreas pré-frontais laterais (Farb, Anderson et al. 2010, Hölzel, Hoge et al. 2013).
Este tipo de regulação da emoção tem sido encontrado em estratégia de regulação “top-down”
das regiões pré-frontais do cérebro em regiões cerebrais que geram as emoções, como a amíg-
dala (Lorenz, Minoshima et al. 2003, Quirk and Beer 2006).
No entanto esse modelo de regulação não tem sido o único para explicar o impacto do
yoga na regulação emocional. Outra proposta é que a ínsula e o cíngulo anterior também pode
exercer um papel de controle inibitório sobre a amígdala (Etkin, Egner et al. 2006, Brown,
Gerbarg et al. 2013) sem ativação concomitante de áreas de córtex pré-frontal, particularmen-
te dlPFC, vlPFC e córtex órbito-frontal (Chambers, Gullone et al. 2009, Gyurak, Gross et al.
2011). Esse tipo de estratégia de regulação emocional tem sido denominado “bottom-up” por-
73
que caracteriza-se por uma reatividade reduzida direta das regiões cerebrais inferiores que
geram as emoções, sem um recrutamento ativo de regiões cerebrais superiores, como o córtex
pré-frontal (Chambers, Gullone et al. 2009, van den Hurk, Janssen et al. 2010, Westbrook,
Creswell et al. 2013).
No nosso estudo, identificamos mudanças significativas de redução da conectividade
funcional entre o vlPFC e o dlPFC durante o resting state e na tarefa de regular observamos
maior atividade do ACC sem aumento da atividade do dlPFC e vlPFC. Desse modo, é mais
provável que esses mecanismos de regulação que encontramos envolvam processos bottom-up
(Pessoa, Padmala et al. 2005, Gard, Hölzel et al. 2011, Grant, Courtemanche et al. 2011,
Zeidan, Martucci et al. 2011), que tem se revelado importante para os mecanismos de regula-
ção da emoção.
Na tarefa de regular do nosso estudo também encontramos interação significativa no
córtex pré-frontal ventromedial (vmPFC), embora não tenhamos encontrado diferença signifi-
cativa para o grupo pranayama, observamos apenas uma tendência de aumento. O vmPFC
integra avaliações afetivas de estímulos específicos feitos pela amígdala e estriado ventral
com inputs de outras regiões, incluindo sistemas de lobo temporal medial, que fornecem in-
formações históricas sobre encontros prévios com os estímulos, tão bem como inputs motiva-
cional do tronco cerebral e centros de controle pré-fontal que fornecem informações sobre os
objetivos comportamentais atuais (Price 1999, Ochsner, Bunge et al. 2002). Assim, o vmPFC
rastreia a avaliação (Ochsner, Silvers et al. 2012). As lesões do córtex pré-frontal ventromedi-
al resultam em comportamento sociopático e dificuldade em fazer escolhas apropriadas (Price
1999). Além disso, seguindo a ideia tradicional do feedback corporal na emoção, o córtex pré-
frontal ventromedial é considerado como um possível marcador somático (Damasio 1996).
O modelo de regulação emocional, baseado na reavaliação (reappraisal) sugere áreas
envolvidas com a geração da emoção e áreas envolvidas com a regulação da emoção. As áreas
envolvidas com a geração da emoção são: amígdala, estriado ventral, ínsula e córtex pré-
frontal ventromedial (vmPFC). A região mais comumente modulada é a amígdala, seguida
pelo estriado ventral. A ínsula e o vmPFC são as regiões menos comumente modificadas
(Ochsner and Gross 2005, Wager, Davidson et al. 2008). E o vmPFC pode ter um potencial
papel na reavaliação como um modulador (Ochsner, Silvers et al. 2012).
Com relação à amígdala, principal estrutura envolvida nos processos de geração da
emoção, nós não observamos mudanças nas tarefas descritas anteriormente, mas observamos
um efeito de interação na amígdala direita durante a tarefa de olhar imagens negativas.
74
A amígdala tem sido a região anatômica mais estudada nos processos ligados a experi-
ências emocionais. Essa estrutura faz parte do sistema límbico e está associada principalmente
a emoções negativas, especialmente de medo (LeDoux 2000). Duas vias de ativação da amíg-
dala são propostas: uma rápida, de projeção direta do tálamo, e outra lenta, composta pela
projeção do tálamo para o córtex e deste para a amígdala (LeDoux 2000). Estudos em huma-
nos apontam, por exemplo, que a amígdala responde e habitua a estímulos negativos, particu-
larmente de medo (Breiter, Etcoff et al. 1996), que essas respostas ocorrem mesmo quando
estímulos são apresentados de forma subliminar (<30 ms) (Whalen, Rauch et al. 1998), e que
a lesão bilateral da amígdala leva à deterioração no reconhecimento e expressão de medo
(Adolphs, Tranel et al. 1995).
Além disso, a amígdala também está envolvida no processamento de estímulos com
valência positiva, sugerindo uma possível resposta generalizada aos estímulos com valência
emocional (Breiter, Etcoff et al. 1996, Hamann, Ely et al. 1999, Davis and Whalen 2001),
pois a amígdala participa na detecção de faces de medo como também de faces felizes, quan-
do comparadas a faces neutras (Breiter, Etcoff et al. 1996); na aprendizagem de estímulos de
valência positiva (Davis and Whalen 2001), na modulação da força de codificação da memó-
ria para eventos de acordo com a importância emocional, independentemente da emoção ser
agradável ou aversiva (Hamann, Ely et al. 1999).
No entanto, nos estudos de regulação emocional o que tem sido proposto de forma ge-
ral é que a tarefa de regulação de estímulos negativos leva à redução da atividade da amígda-
la. Alguns mecanismos têm sido propostos para representar a regulação do impacto emocional
de um estímulo sobre a atividade da amígdala. Evidências apontam que tanto as estratégias de
reavaliação (reappraisal) do estímulo emocional como a redução voluntária da alocação da
atenção no estímulo envolvem regulação top-down por regiões pré-frontais, ínsula e ACC,
reduzindo a atividade da amígdala (Ochsner and Gross 2005, Pessoa, Padmala et al. 2005,
Chiesa, Serretti et al. 2013).
A interdependência entre atenção e emoção tem sido foco de intensa pesquisa (Pessoa,
Kastner et al. 2002). De forma geral, evidências sugerem a interferência direta entre a aloca-
ção da atenção para dado estímulo interfere no impacto emocional causado por ele (Pessoa,
Kastner et al. 2002). De fato, parece que mudanças na carga de atenção, como por exemplo
pela tarefa de julgar a semelhança de orientação entre duas barras, leva à redução da atividade
da amígdala. Quanto mais a atenção é necessária, menor a atividade da amígdala (Pessoa,
Padmala et al. 2005). Além disso, tem sido observado que o traço de afeto positivo pode in-
75
fluenciar a modulação da amígdala nesses protocolos envolvendo tarefas concorrentes de a-
tenção e emoção, de modo que quanto maior o traço de afeto positivo, menor a atividade na
amígdala (Sanchez, Mocaiber et al. 2015).
Várias evidências recentes sugerem a interferência de práticas meditativas sobre a ati-
vidade da amígdala. O achado mais consistentemente é uma redução na atividade da amígdala
em resposta a estímulos emocionais com imagens negativas seja por processos top-dowm
(Goldin and Gross 2010, Taylor, Grant et al. 2011, Desbordes, Negi et al. 2012, Hölzel, Hoge
et al. 2013, Lutz, Herwig et al. 2014) ou bottom-up (Chambers, Gullone et al. 2009, van den
Hurk, Janssen et al. 2010, Chiesa, Serretti et al. 2013, Westbrook, Creswell et al. 2013). Um
desses estudos que sugere influência da meditação nos mecanismo de modulação bottom-up
durante a presença de estímulos dolorosos, envolve aumento na atividade da ínsula, ACC e
tálamo, e redução da atividade de áreas envolvidas em funções executivas (córtex pré-frontal
e hipocampo), e de processamento emocional (amígdala) (Grant, Courtemanche et al. 2011).
No caso do nosso estudo observamos efeito de interação (tempo vs intervenção) na
amígdala direita, com tendência de aumento da atividade dessa área associado ao treino do
bhastrika pranayama durante a observação de imagens negativas. Além disso, observamos
correlação positiva entre as mudanças de atividade da amígdala e de afeto negativo promovi-
das pelo treino do pranayama. No grupo que treinou o pranayama os indivíduos que mais
aumentaram a atividade na amígdala direita foram os que menos reduziram os escores de afe-
to negativo. Durante esses períodos do protocolo, os indivíduos foram explicitamente orienta-
dos a simplesmente observar e julgar o impacto emocional da figura, mantendo o foco da a-
tenção na imagem, ou seja, mantendo os olhos abertos e voltados para o estímulo. Dessa for-
ma, acreditamos que ao contrário do processo de relocação da atenção em outra atividade,
buscamos manter constante a alocação deliberada da atenção que o voluntário dedicava ao
estímulo. Ainda, durante essa etapa do protocolo o indivíduo não realizava a reavaliação (re-
appraisal) dos estímulos.
Na tarefa de olhar imagens negativas também verificamos que os indivíduos do grupo
pranayama aumentaram a atividade na ínsula anterior (direita e esquerda). E o aumento da
atividade na ínsula bilateral se apresentou diretamente correlacionado às mudanças de afeto
negativo, de modo que quanto maior a mudança de sinal na ínsula, menor a redução de afeto
negativo.
Nossos achados suportam a hipótese que mudanças na atividade da ínsula após o trei-
namento do pranayama têm origem em mudanças de atenção interoceptiva, visto pela modu-
76
lação da atividade da ínsula envolvidas em processos de interocepção e emoção (Wiens
2005). Há um longo debate sobre a associação entre a percepção dos sinais aferentes dos sis-
temas viscerais e a experiência emocional (James 1982). Alguns trabalhos recentes têm suge-
rido que a ligação entre esses dois sistemas é direta, a ponto de ser possível prever e separar
emoções distintas a partir de sinais cardiorrespiratórios (Bechara and Naqvi 2004, Rainville,
Bechara et al. 2006). Além disso, estudos recentes sugerem a percepção consciente das sensa-
ções do interior do corpo (interocepção), como batimentos cardíacos, está relacionada à expe-
riência emocional (Wiens 2005). Por exemplo, indivíduos com boa habilidade interoceptiva13
reportam sentir emoções mais intensas que aqueles com menor habilidade (Barrett, Quigley et
al. 2004). Em paralelo, estudos de neuroimagem funcional têm sugerido que a ínsula anterior
está intimamente ligada à habilidade de interocepção, provendo parte de um possível substrato
neural para a ligação entre experiências emocionais e o sistema autonômico (Critchley, Wiens
et al. 2004, Wiens 2005, Calì, Ambrosini et al. 2015). Alguns desses estudos têm encontrado
ainda correlação entre a atividade da ínsula anterior e traços de ansiedade (Critchley, Wiens et
al. 2004), resposta a estímulos de nojo (Calder, Keane et al. 2000), e traços de interocepção
(Critchley, Wiens et al. 2004).
Por outro lado, há evidências recentes que a habilidade interoceptiva pode ser
incrementada pela prática da meditação (Mehling, Price et al. 2012). Estudo recentes
sugerem, ainda, que esse aumento da ciência interoceptiva é acompanhado por mudanças
estruturais e funcionais. Por exemplo, meditadores experientes apresentam aumento de
espessura cortical da ínsula anterior direita, quando comparados a não-meditadores (Lazar,
Kerr et al. 2005). Ainda, a avaliação longitudinal da prática de 8 semanas de mindfulness
sugere aumento do recrutamento de áreas relacionadas à representação visceral, incluindo a
ínsula direita, ACC direito, vmPFC e vlPFC (Farb, Anderson et al. 2010).
Junto com o ACC, a ínsula bilateral forma a rede de saliência, que por sua vez envolve
rede de conectividade extensa com várias regiões do córtex, incluindo o sistema límbico
(Seeley, Menon et al. 2007). Essa rede parece participar na percepção de estímulos salientes,
entendidos nesse contexto como eventos que causam surpresa, e estímulos agradáveis e grati-
ficantes, ou envolventes emocionalmente (Uddin 2016).
Assim como a ínsula participa do processo de detecção de estímulos, a amígdala direi-
ta também é associada a um papel na detecção de estímulo emocional dinâmico, fornecendo
um nível global de ativação autonômica desencadeada automaticamente por um estímulo ex-
13
Indivíduos que conseguiram detectar com maior precisão seus próprios batimentos cardíacos.
77
citante. Já a amígdala esquerda parece estar mais envolvida em decodificar um estímulo espe-
cífico e fazer avaliação mais sustentada (Wright, Fischer et al. 2001, Gläscher and Adolphs
2003)
Dessa forma, acreditamos que o aumento da atividade na amígdala e ínsula anterior
durante o protocolo de olhar imagens negativas pode representar uma maior detecção de estí-
mulos com valência emocional com maior reatividade dessas áreas para essa tarefa, ao contrá-
rio do que imaginamos inicialmente. Esse resultado pode representar maior reatividade, de
forma semelhante a um estudo que avaliou os efeitos agudos sobre a pressão sanguínea, de
uma técnica de relaxamento, um treino de exercício ergométrico e a combinação deles, na
linha de base e em condição de estresse (Stroop color test). A princípio não era esperada mai-
or reatividade no grupo relaxamento. O resultado mostrou que as pressões sanguíneas, sistóli-
ca e diastólica, diminuíram significativamente após todas as intervenções. As reduções em
ambas às pressões foram significativamente maiores após a sessão exercício + relaxamento.
Durante o estresse mental (Stroop color test), a pressão sistólica aumentou significativamente
e de forma semelhante após todas as sessões experimentais. A pressão diastólica também au-
mentou significativamente durante o estresse, no entanto, o aumento foi significativamente
maior após a sessão relaxamento. No final do estresse mental, a pressão diastólica foi signifi-
cativamente menor após as sessões exercício e após exercício + relaxamento do que após as
sessões controle e relaxamento (Santaella, Araújo et al. 2006).
Além da hipótese de aumento da atividade da amígdala e ínsula estar associada a mai-
or detecção de estímulos e maior reatividade seria que o aumento da ínsula estaria inibindo a
amígdala, dessa forma o aumento da amígdala seria por mais conexões inibitórias para essa
área. No entanto, nesse estudo não é possível verificar essas hipóteses, pois o dado compor-
tamental que temos do impacto da imagem sobre o indivíduo foi a resposta do indivíduo na
escala likert de 5 pontos que avaliava se a imagem era muito negativa até muito positiva, e
essa variável não foi sensível para o efeito da intervenção. Talvez se tivéssemos avaliado pa-
râmetros de modulação no sistema nervoso autônomo, como variabilidade da frequência car-
díaca, condutância da pele, dilatação de pupila durante os protocolos de fMRI, poderia nos
ajudar a entender se o aumento da amígdala e ínsula durante a tarefa de olhar imagens negati-
vas se deve a um aumento de função simpática ou parassimpática. Assim, apesar do nosso
estudo sugerir um efeito benéfico do treino do pranayama em 4 semanas, baseado em variá-
veis de escalas de ansiedade e afeto, discurso e padrões de reorganização na fMRI, a falta de
avaliação de parâmetros de modulação no sistema nervoso autônomo é uma limitação para a
78
interpretação de alguns dados. Outras limitações desse estudo incluem: o tempo relativamente
curto de intervenção e o número relativamente pequeno de voluntários.
A nossa perspectiva com esse estudo é ter contribuído para entender alguns aspectos
do efeito do pranayama sobre processos de regulação emocional, e ser base para novas inves-
tigações nessa área, em especial para entender melhor sobre a atividade da amígdala e ínsula,
áreas importantes nos processos de regulação emocional e nos efeitos do yoga.
CONCLUSÃO
80
A intervenção de 4 semanas de treinamento do Bhastrika Pranayama promoveu:
Redução de níveis de ansiedade e afeto negativo;
Durante o estado de repouso, redução da conectividade funcional entre áreas envolvidas no
processo de geração e regulação emocional;
Redução na relação semântica do relato dos pensamentos durante o repouso e a palavra
ansiedade sugerindo menos pensamentos com teor negativo.
Durante a tarefa de regulação emocional observamos engajamento do cíngulo anterior, sem
aumento da atividade de estruturas envolvidas no processo de regulação cognitiva, como
dlPFC e vlPFC. Sugerindo, portanto, possível mudança sobre processos de regulação emocio-
nal bottom-up e não top-down;
Durante a tarefa de olhar imagens negativas observamos modulação da ínsula anterior, além
de apresentar interação na amígdala direita com tendência de aumento nessa região, sugerindo
2 possibilidades de modulação: O aumento da atividade da ínsula inibindo a amígdala, dessa
forma o aumento da amígdala seria por mais conexões inibitórias para essa área, ou aumento
da atividade da ínsula e amígdala devido à maior reatividade dos indivíduos ao visualizar as
imagens negativas, detectando e percebendo mais aspectos da imagem.
Correlação entre os dados da tarefa de olhar imagens negativas com o afeto negativo, de
forma que os indivíduos que mais reduziram o afeto negativo foram os que observamos me-
nor atividade da amígdala e ínsula. Dessa forma, talvez com mais tempo de treino e com im-
pactos maiores sobre o afeto negativo promova uma reatividade menor de áreas de geração da
emoção.
REFERÊNCIAS
82
Adolphs, R., D. Tranel, H. Damasio and A. R. Damasio (1995). "Fear and the human amygdala." J
Neurosci 15(9): 5879-5891.
Afonso, R. F., J. B. Balardin, S. Lazar, J. R. Sato, N. Igarashi, D. F. Santaella, S. S. Lacerda, E. Amaro
Jr and E. H. Kozasa (2017). "Greater Cortical Thickness in Elderly Female Yoga Practitioners—A
Cross-Sectional Study." Frontiers in Aging Neuroscience 9: 201.
Allen, M., M. Dietz, K. S. Blair, M. van Beek, G. Rees, P. Vestergaard-Poulsen, A. Lutz and A.
Roepstorff (2012). "Cognitive-affective neural plasticity following active-controlled mindfulness
intervention." J Neurosci 32(44): 15601-15610.
Altszyler, E., M. Sigman and D. F. Slezak (2016). "Comparative study of LSA vs Word2vec
embeddings in small corpora: a case study in dreams database." arXiv preprint arXiv:1610.01520.
Amaral, D. G., J. L. Price, A. Pitkamen and S. T. Carmichael (1992). "Anatomical Organization of the
Primate Amygdaloid Complex." Wiley-Liss.
Aron, A. R., T. W. Robbins and R. A. Poldrack (2004). "Inhibition and the right inferior frontal
cortex." Trends Cogn Sci 8(4): 170-177.
Baas, D., A. Aleman and R. S. Kahn (2004). "Lateralization of amygdala activation: a systematic
review of functional neuroimaging studies." Brain Res Brain Res Rev 45(2): 96-103.
Badre, D. and A. D. Wagner (2007). "Left ventrolateral prefrontal cortex and the cognitive control of
memory." Neuropsychologia 45(13): 2883-2901.
Baeken, C., D. Marinazzo, P. Van Schuerbeek, G. R. Wu, J. De Mey, R. Luypaert and R. De Raedt
(2014). "Left and right amygdala - mediofrontal cortical functional connectivity is differentially
modulated by harm avoidance." PLoS One 9(4): e95740.
Barrett, L. F., K. S. Quigley, E. Bliss-Moreau and K. R. Aronson (2004). "Interoceptive sensitivity and
self-reports of emotional experience." J Pers Soc Psychol 87(5): 684-697.
Barrett, L. F. and W. K. Simmons (2015). "Interoceptive predictions in the brain." Nat Rev Neurosci
16(7): 419-429.
Bechara, A. and N. Naqvi (2004). "Listening to your heart: interoceptive awareness as a gateway to
feeling." Nat Neurosci 7(2): 102-103.
Bernardi, L., A. Gabutti, C. Porta and L. Spicuzza (2001). "Slow breathing reduces chemoreflex
response to hypoxia and hypercapnia, and increases baroreflex sensitivity." J Hypertens 19(12): 2221-
2229.
Bertola, L., N. B. Mota, M. Copelli, T. Rivero, B. S. Diniz, M. A. Romano-Silva, S. Ribeiro and L. F.
Malloy-Diniz (2014). "Graph analysis of verbal fluency test discriminate between patients with
Alzheimer's disease, mild cognitive impairment and normal elderly controls." Front Aging Neurosci 6:
185.
83
Biaggio, A. M. (1990). "A decade of research on State-Trait Anxiety in Brazil." Cross-cultural
anxiety. New York: Hemisphere: 157-167.
Binder, J. R., J. A. Frost, T. A. Hammeke, P. S. Bellgowan, S. M. Rao and R. W. Cox (1999).
"Conceptual processing during the conscious resting state. A functional MRI study." J Cogn Neurosci
11(1): 80-95.
Botvinick, M. M., J. D. Cohen and C. S. Carter (2004). "Conflict monitoring and anterior cingulate
cortex: an update." Trends Cogn Sci 8(12): 539-546.
Brefczynski-Lewis, J., A. Lutz, H. Schaefer, D. Levinson and R. Davidson (2007). "Neural correlates
of attentional expertise in long-term meditation practitioners." Proceedings of the National Academy
of Sciences of the United States of America 104(27): 11483-11488.
Breiter, H. C., N. L. Etcoff, P. J. Whalen, W. A. Kennedy, S. L. Rauch, R. L. Buckner, M. M. Strauss,
S. E. Hyman and B. R. Rosen (1996). "Response and habituation of the human amygdala during visual
processing of facial expression." Neuron 17(5): 875-887.
Brewer, J., P. Worhunsky, J. Gray, Y. Tang, J. Weber and H. Kober (2011). "Meditation experience is
associated with differences in default mode network activity and connectivity." Proceedings of the
National Academy of Sciences of the United States of America 108(50): 20254-20259.
Brown, R. and P. Gerbarg (2005). "Sudarshan Kriya Yogic breathing in the treatment of stress,
anxiety, and depression: Part I - Neurophysiological model (vol 11, pg 189, 2005)." Journal of
Alternative and Complementary Medicine 11(2): 383-384.
Brown, R., P. Gerbarg, W. Bushell, E. Olivo and N. Theise (2009). "Yoga Breathing, Meditation, and
Longevity." Longevity, Regeneration, and Optimal Health: Integrating Eastern and Westen
Perspectives 1172: 54-62.
Brown, R. P. and P. L. Gerbarg (2005). "Sudarshan Kriya Yogic breathing in the treatment of stress,
anxiety, and depression. Part II--clinical applications and guidelines." J Altern Complement Med
11(4): 711-717.
Brown, R. P., P. L. Gerbarg and F. Muench (2013). "Breathing practices for treatment of psychiatric
and stress-related medical conditions." Psychiatr Clin North Am 36(1): 121-140.
Buckner, R. L. and D. C. Carroll (2007). "Self-projection and the brain." Trends Cogn Sci 11(2): 49-
57.
Bush, G., P. Luu and M. I. Posner (2000). "Cognitive and emotional influences in anterior cingulate
cortex." Trends Cogn Sci 4(6): 215-222.
Calder, A. J., J. Keane, F. Manes, N. Antoun and A. W. Young (2000). "Impaired recognition and
experience of disgust following brain injury." Nat Neurosci 3(11): 1077-1078.
Calì, G., E. Ambrosini, L. Picconi, W. E. Mehling and G. Committeri (2015). "Investigating the
relationship between interoceptive accuracy, interoceptive awareness, and emotional susceptibility."
Front Psychol 6: 1202.
84
Chambers, R., E. Gullone and N. B. Allen (2009). "Mindful emotion regulation: An integrative
review." Clin Psychol Rev 29(6): 560-572.
Chiesa, A., A. Serretti and J. C. Jakobsen (2013). "Mindfulness: top-down or bottom-up emotion
regulation strategy?" Clin Psychol Rev 33(1): 82-96.
Craig, A. D. (2009). "How do you feel--now? The anterior insula and human awareness." Nat Rev
Neurosci 10(1): 59-70.
Critchley, H. D., R. Elliott, C. J. Mathias and R. J. Dolan (2000). "Neural activity relating to
generation and representation of galvanic skin conductance responses: a functional magnetic
resonance imaging study." J Neurosci 20(8): 3033-3040.
Critchley, H. D., S. Wiens, P. Rotshtein, A. Ohman and R. J. Dolan (2004). "Neural systems
supporting interoceptive awareness." Nat Neurosci 7(2): 189-195.
Cunningham, W. A., J. J. Van Bavel and I. R. Johnsen (2008). "Affective flexibility: evaluative
processing goals shape amygdala activity." Psychol Sci 19(2): 152-160.
Dalgleish, T. (2004). "The emotional brain." Nat Rev Neurosci 5(7): 583-589.
Damasio, A. R. (1996). "The somatic marker hypothesis and the possible functions of the prefrontal
cortex." Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci 351(1346): 1413-1420.
Davidson, R. J., D. A. Lewis, L. B. Alloy, D. G. Amaral, G. Bush, J. D. Cohen, W. C. Drevets, M. J.
Farah, J. Kagan, J. L. McClelland, S. Nolen-Hoeksema and B. S. Peterson (2002). "Neural and
behavioral substrates of mood and mood regulation." Biol Psychiatry 52(6): 478-502.
Davis, M. and P. J. Whalen (2001). "The amygdala: vigilance and emotion." Mol Psychiatry 6(1): 13-
34.
Delgado, M. R., K. I. Nearing, J. E. Ledoux and E. A. Phelps (2008). "Neural circuitry underlying the
regulation of conditioned fear and its relation to extinction." Neuron 59(5): 829-838.
Desbordes, G., L. T. Negi, T. W. Pace, B. A. Wallace, C. L. Raison and E. L. Schwartz (2012).
"Effects of mindful-attention and compassion meditation training on amygdala response to emotional
stimuli in an ordinary, non-meditative state." Front Hum Neurosci 6: 292.
Etkin, A., T. Egner and R. Kalisch (2011). "Emotional processing in anterior cingulate and medial
prefrontal cortex." Trends Cogn Sci 15(2): 85-93.
Etkin, A., T. Egner, D. M. Peraza, E. R. Kandel and J. Hirsch (2006). "Resolving emotional conflict: a
role for the rostral anterior cingulate cortex in modulating activity in the amygdala." Neuron 51(6):
871-882.
Farb, N., Z. Segal, H. Mayberg, J. Bean, D. McKeon, Z. Fatima and A. Anderson (2007). "Attending
to the present: mindfulness meditation reveals distinct neural modes of self-reference." Social
Cognitive and Affective Neuroscience 2(4): 313-322.
85
Farb, N. A., A. K. Anderson, H. Mayberg, J. Bean, D. McKeon and Z. V. Segal (2010). "Minding
one's emotions: mindfulness training alters the neural expression of sadness." Emotion 10(1): 25-33.
Feldman, G., J. Greeson and J. Senville (2010). "Differential effects of mindful breathing, progressive
muscle relaxation, and loving-kindness meditation on decentering and negative reactions to repetitive
thoughts." Behav Res Ther 48(10): 1002-1011.
Gard, T., B. K. Hölzel, A. T. Sack, H. Hempel, S. W. Lazar, D. Vaitl and U. Ott (2011). "Pain
attenuation through mindfulness is associated with decreased cognitive control and increased sensory
processing in the brain." Cereb Cortex 22(11): 2692-2702.
Gharote, M. L. (2002). Hathapradipika of Svatmarama. Lonavla, Lonavla.
Giacomoni, C. H. and C. S. Hutz (1997). A mensuração do bem-estar subjetivo: escala de afeto
positivo e negativo e escala de satisfação de vida [Resumos]. Sociedade Interamericana de Psicologia
(Org.), Anais XXVI Congresso Interamericano de Psicologia.
Gläscher, J. and R. Adolphs (2003). "Processing of the arousal of subliminal and supraliminal
emotional stimuli by the human amygdala." J Neurosci 23(32): 10274-10282.
Goldin, P., M. Ziv, H. Jazaieri, K. Hahn and J. J. Gross (2013). "MBSR vs aerobic exercise in social
anxiety: fMRI of emotion regulation of negative self-beliefs." Soc Cogn Affect Neurosci 8(1): 65-72.
Goldin, P. R. and J. J. Gross (2010). "Effects of mindfulness-based stress reduction (MBSR) on
emotion regulation in social anxiety disorder." Emotion 10(1): 83-91.
Goldin, P. R., K. McRae, W. Ramel and J. J. Gross (2008). "The neural bases of emotion regulation:
reappraisal and suppression of negative emotion." Biological psychiatry 63(6): 577-586.
Grant, J. A., J. Courtemanche, E. G. Duerden, G. H. Duncan and P. Rainville (2010). "Cortical
thickness and pain sensitivity in zen meditators." Emotion 10(1): 43-53.
Grant, J. A., J. Courtemanche and P. Rainville (2011). "A non-elaborative mental stance and
decoupling of executive and pain-related cortices predicts low pain sensitivity in Zen meditators." Pain
152(1): 150-156.
Gross, J. J. (1998). "The emerging field of emotion regulation: An integrative review." Review of
general psychology 2(3): 271.
Gross, J. J. (2002). "Emotion regulation: affective, cognitive, and social consequences."
Psychophysiology 39(3): 281-291.
Gupta, P. K., M. Kumar, R. Kumari and J. Deo (2010). "Anuloma-Viloma pranayama and anxiety and
depression among the aged." Journal of the Indian Academy of Applied Psychology 36(1): 159-164.
Gyurak, A., J. J. Gross and A. Etkin (2011). "Explicit and implicit emotion regulation: a dual-process
framework." Cogn Emot 25(3): 400-412.
86
Hamann, S. B., T. D. Ely, S. T. Grafton and C. D. Kilts (1999). "Amygdala activity related to
enhanced memory for pleasant and aversive stimuli." Nat Neurosci 2(3): 289-293.
Hamann, S. B., T. D. Ely, J. M. Hoffman and C. D. Kilts (2002). "Ecstasy and agony: activation of the
human amygdala in positive and negative emotion." Psychol Sci 13(2): 135-141.
Hasenkamp, W., C. D. Wilson-Mendenhall, E. Duncan and L. W. Barsalou (2012). "Mind wandering
and attention during focused meditation: a fine-grained temporal analysis of fluctuating cognitive
states." Neuroimage 59(1): 750-760.
Hermann, A., A. Bieber, T. Keck, D. Vaitl and R. Stark (2014). "Brain structural basis of cognitive
reappraisal and expressive suppression." Soc Cogn Affect Neurosci 9(9): 1435-1442.
Hofmann, S. G., A. T. Sawyer, A. A. Witt and D. Oh (2010). "The effect of mindfulness-based therapy
on anxiety and depression: A meta-analytic review." J Consult Clin Psychol 78(2): 169-183.
Hölzel, B. K., J. Carmody, K. C. Evans, E. A. Hoge, J. A. Dusek, L. Morgan, R. K. Pitman and S. W.
Lazar (2010). "Stress reduction correlates with structural changes in the amygdala." Soc Cogn Affect
Neurosci 5(1): 11-17.
Hölzel, B. K., E. A. Hoge, D. N. Greve, T. Gard, J. D. Creswell, K. W. Brown, L. F. Barrett, C.
Schwartz, D. Vaitl and S. W. Lazar (2013). "Neural mechanisms of symptom improvements in
generalized anxiety disorder following mindfulness training." Neuroimage Clin 2: 448-458.
Hölzel, B. K., S. W. Lazar, T. Gard, Z. Schuman-Olivier, D. R. Vago and U. Ott (2011). "How Does
Mindfulness Meditation Work? Proposing Mechanisms of Action From a Conceptual and Neural
Perspective." Perspect Psychol Sci 6(6): 537-559.
Hölzel, B. K., U. Ott, H. Hempel, A. Hackl, K. Wolf, R. Stark and D. Vaitl (2007). "Differential
engagement of anterior cingulate and adjacent medial frontal cortex in adept meditators and non-
meditators." Neurosci Lett 421(1): 16-21.
Jain, S., S. L. Shapiro, S. Swanick, S. C. Roesch, P. J. Mills, I. Bell and G. E. Schwartz (2007). "A
randomized controlled trial of mindfulness meditation versus relaxation training: effects on distress,
positive states of mind, rumination, and distraction." Ann Behav Med 33(1): 11-21.
James, W. (1982). Principles of Psychology, Harvard University Press.
Kabat-Zinn, J. (1990). Full catastrophe living: Using the wisdom of your body and mind to face sress,
pain, and illness. New York, N.Y.
Kalisch, R. (2009). "The functional neuroanatomy of reappraisal: time matters." Neurosci Biobehav
Rev 33(8): 1215-1226.
Kim, M. J., R. A. Loucks, A. L. Palmer, A. C. Brown, K. M. Solomon, A. N. Marchante and P. J.
Whalen (2011). "The structural and functional connectivity of the amygdala: from normal emotion to
pathological anxiety." Behav Brain Res 223(2): 403-410.
87
Kjellgren, A., S. A. Bood, K. Axelsson, T. Norlander and F. Saatcioglu (2007). "Wellness through a
comprehensive yogic breathing program - a controlled pilot trial." BMC Complement Altern Med 7:
43.
Knight, J. (2004). "Religion and science: Buddhism on the brain." Nature 432(7018): 670.
Knutson, B. and J. C. Cooper (2005). "Functional magnetic resonance imaging of reward prediction."
Curr Opin Neurol 18(4): 411-417.
Kocovski, N. L., J. E. Fleming, L. L. Hawley, V. Huta and M. M. Antony (2013). "Mindfulness and
acceptance-based group therapy versus traditional cognitive behavioral group therapy for social
anxiety disorder: a randomized controlled trial." Behav Res Ther 51(12): 889-898.
Konishi, S., K. Nakajima, I. Uchida, H. Kikyo, M. Kameyama and Y. Miyashita (1999). "Common
inhibitory mechanism in human inferior prefrontal cortex revealed by event-related functional MRI."
Brain 122 ( Pt 5): 981-991.
Kozasa, E. H., J. R. Sato, S. S. Lacerda, M. A. Barreiros, J. Radvany, T. A. Russell, L. G. Sanches, L.
E. Mello and E. Amaro (2012). "Meditation training increases brain efficiency in an attention task."
Neuroimage 59(1): 745-749.
Kuvalayananda, S. (2000). Pranayama. Lonavla, Kaivalyadhama.
Lane, R. D., E. M. Reiman, B. Axelrod, L. S. Yun, A. Holmes and G. E. Schwartz (1998). "Neural
correlates of levels of emotional awareness. Evidence of an interaction between emotion and attention
in the anterior cingulate cortex." J Cogn Neurosci 10(4): 525-535.
Lang, P. J., M. M. Bradley and B. N. Cuthbert (2008). "International affective picture system (IAPS):
Affective ratings of pictures and instruction manual." Technical report A-8.
Lazar, S. W., C. E. Kerr, R. H. Wasserman, J. R. Gray, D. N. Greve, M. T. Treadway, M. McGarvey,
B. T. Quinn, J. A. Dusek, H. Benson, S. L. Rauch, C. I. Moore and B. Fischl (2005). "Meditation
experience is associated with increased cortical thickness." Neuroreport 16(17): 1893-1897.
LeDoux, J. E. (2000). "Emotion circuits in the brain." Annu Rev Neurosci 23: 155-184.
Lieberman, M. D., N. I. Eisenberger, M. J. Crockett, S. M. Tom, J. H. Pfeifer and B. M. Way (2007).
"Putting feelings into words: affect labeling disrupts amygdala activity in response to affective
stimuli." Psychol Sci 18(5): 421-428.
Lorenz, J., S. Minoshima and K. L. Casey (2003). "Keeping pain out of mind: the role of the
dorsolateral prefrontal cortex in pain modulation." Brain 126(Pt 5): 1079-1091.
Lutz, A., H. Slagter, J. Dunne and R. Davidson (2008). "Cognitive-emotional interactions - Attention
regulation and monitoring in meditation." Trends in Cognitive Sciences 12(4): 163-169.
Lutz, J., U. Herwig, S. Opialla, A. Hittmeyer, L. Jäncke, M. Rufer, M. Grosse Holtforth and A. B.
Brühl (2014). "Mindfulness and emotion regulation--an fMRI study." Soc Cogn Affect Neurosci 9(6):
776-785.
88
Madanmohan, K. Udupa, A. B. Bhavanani, P. Vijayalakshmi and A. Surendiran (2005). "Effect of
slow and fast pranayams on reaction time and cardiorespiratory variables." Indian J Physiol Pharmacol
49(3): 313-318.
Maldjian, J. A., P. J. Laurienti, R. A. Kraft and J. H. Burdette (2003). "An automated method for
neuroanatomic and cytoarchitectonic atlas-based interrogation of fMRI data sets." Neuroimage 19(3):
1233-1239.
Mason, M., M. Norton, J. Van Horn, D. Wegner, S. Grafton and C. Macrae (2007). "Wandering
minds: The default network and stimulus-independent thought." Science 315(5810): 393-395.
Mazoyer, B., L. Zago, E. Mellet, S. Bricogne, O. Etard, O. Houde, F. Crivello, M. Joliot, L. Petit and
N. Tzourio-Mazoyer (2001). "Cortical networks for working memory and executive functions sustain
the conscious resting state in man." Brain Research Bulletin 54(3): 287-298.
McKiernan, K. A., B. R. D'Angelo, J. N. Kaufman and J. R. Binder (2006). "Interrupting the "stream
of consciousness": an fMRI investigation." Neuroimage 29(4): 1185-1191.
Mehling, W. E., C. Price, J. J. Daubenmier, M. Acree, E. Bartmess and A. Stewart (2012). "The
Multidimensional Assessment of Interoceptive Awareness (MAIA)." PLoS One 7(11): e48230.
Mikolov, T., K. Chen, G. Corrado and J. Dean (2013). "Efficient estimation of word representations in
vector space." arXiv preprint arXiv:1301.3781.
Miller, E. K. (2000). "The prefrontal cortex and cognitive control." Nat Rev Neurosci 1(1): 59-65.
Mitchell, J. P. (2009). "Inferences about mental states." Philos Trans R Soc Lond B Biol Sci
364(1521): 1309-1316.
Morris, J. S., A. Ohman and R. J. Dolan (1999). "A subcortical pathway to the right amygdala
mediating "unseen" fear." Proc Natl Acad Sci U S A 96(4): 1680-1685.
Morris, L. S., P. Kundu, N. Dowell, D. J. Mechelmans, P. Favre, M. A. Irvine, T. W. Robbins, N.
Daw, E. T. Bullmore, N. A. Harrison and V. Voon (2016). "Fronto-striatal organization: Defining
functional and microstructural substrates of behavioural flexibility." Cortex 74: 118-133.
Mota, N. B., M. Copelli and S. Ribeiro (2017). "Thought disorder measured as random speech
structure classifies negative symptoms and schizophrenia diagnosis 6 months in advance." npj
Schizophrenia 3(1): 18.
Mota, N. B., R. Furtado, P. P. Maia, M. Copelli and S. Ribeiro (2014). "Graph analysis of dream
reports is especially informative about psychosis." Sci Rep 4: 3691.
Mota, N. B., N. A. Vasconcelos, N. Lemos, A. C. Pieretti, O. Kinouchi, G. A. Cecchi, M. Copelli and
S. Ribeiro (2012). "Speech graphs provide a quantitative measure of thought disorder in psychosis."
PLoS One 7(4): e34928.
89
Mota, N. B., J. Weissheimer, B. Madruga, N. Adamy, S. A. Bunge, M. Copelli and S. Ribeiro (2016).
"A Naturalistic Assessment of the Organization of Children's Memories Predicts Cognitive
Functioning and Reading Ability." Mind, Brain, and Education 10(3): 184-195.
Mushiake, H., K. Sakamoto, N. Saito, T. Inui, K. Aihara and J. Tanji (2009). "Involvement of the
prefrontal cortex in problem solving." Int Rev Neurobiol 85: 1-11.
Nemati, A. (2013). "The effect of pranayama on test anxiety and test performance." Int J Yoga 6(1):
55-60.
Nivethitha, L., A. Mooventhan and N. Manjunath (2016). "Effects of various Prāṇāyāma on
cardiovascular and autonomic variables." Ancient science of life 36(2): 72.
Northoff, G., A. Heinzel, M. de Greck, F. Bermpohl, H. Dobrowolny and J. Panksepp (2006). "Self-
referential processing in our brain--a meta-analysis of imaging studies on the self." Neuroimage 31(1):
440-457.
O'Doherty, J. P. (2004). "Reward representations and reward-related learning in the human brain:
insights from neuroimaging." Curr Opin Neurobiol 14(6): 769-776.
Ochsner, K., S. Bunge, J. Gross and J. Gabrieli (2002). "Rethinking feelings: An fMRI study of the
cognitive regulation of emotion." Journal of Cognitive Neuroscience 14(8): 1215-1229.
Ochsner, K., R. Ray, J. Cooper, E. Robertson, S. Chopra, J. Gabrieli and J. Gross (2004). "For better
or for worse: neural systems supporting the cognitive down- and up-regulation of negative emotion."
Neuroimage 23(2): 483-499.
Ochsner, K. N. and J. J. Gross (2005). "The cognitive control of emotion." Trends in cognitive
sciences 9(5): 242-249.
Ochsner, K. N., J. A. Silvers and J. T. Buhle (2012). "Functional imaging studies of emotion
regulation: a synthetic review and evolving model of the cognitive control of emotion." Annals of the
New York Academy of Sciences 1251(1).
Ochsner, K. N., J. A. Silvers and J. T. Buhle (2012). "Functional imaging studies of emotion
regulation: a synthetic review and evolving model of the cognitive control of emotion." Ann N Y Acad
Sci 1251: E1-24.
Olsson, A. and K. N. Ochsner (2008). "The role of social cognition in emotion." Trends Cogn Sci
12(2): 65-71.
Pagnoni, G., M. Cekic and Y. Guo (2008). ""Thinking about Not-Thinking": Neural Correlates of
Conceptual Processing during Zen Meditation." Plos One 3(9).
Pal, G., S. Velkumary and Madanmohan (2004). "Effect of short-term practice of breathing exercises
on autonomic functions in normal human volunteers." Indian Journal of Medical Research 120(2):
115-121.
90
Papez, J. W. (1937). "A proposed mechanism of emotion." Archives of Neurology & Psychiatry 38(4):
725-743.
Pessoa, L., S. Kastner and L. G. Ungerleider (2002). "Attentional control of the processing of neural
and emotional stimuli." Brain Res Cogn Brain Res 15(1): 31-45.
Pessoa, L., S. Padmala and T. Morland (2005). "Fate of unattended fearful faces in the amygdala is
determined by both attentional resources and cognitive modulation." Neuroimage 28(1): 249-255.
Phan, K. L., D. A. Fitzgerald, P. J. Nathan, G. J. Moore, T. W. Uhde and M. E. Tancer (2005). "Neural
substrates for voluntary suppression of negative affect: a functional magnetic resonance imaging
study." Biological psychiatry 57(3): 210-219.
Phillips, M. L., A. W. Young, C. Senior, M. Brammer, C. Andrew, A. J. Calder, E. T. Bullmore, D. I.
Perrett, D. Rowland, S. C. Williams, J. A. Gray and A. S. David (1997). "A specific neural substrate
for perceiving facial expressions of disgust." Nature 389(6650): 495-498.
Piet, J. and E. Hougaard (2011). "The effect of mindfulness-based cognitive therapy for prevention of
relapse in recurrent major depressive disorder: a systematic review and meta-analysis." Clin Psychol
Rev 31(6): 1032-1040.
Power, J. D., K. A. Barnes, A. Z. Snyder, B. L. Schlaggar and S. E. Petersen (2012). "Spurious but
systematic correlations in functional connectivity MRI networks arise from subject motion."
Neuroimage 59(3): 2142-2154.
Pramanik, T., H. Sharma, S. Mishra, A. Mishra, R. Prajapati and S. Singh (2009). "Immediate Effect
of Slow Pace Bhastrika Pranayama on Blood Pressure and Heart Rate." Journal of Alternative and
Complementary Medicine 15(3): 293-295.
Price, J. L. (1999). "Prefrontal cortical networks related to visceral function and mood." Ann N Y
Acad Sci 877: 383-396.
Quirk, G. J. and J. S. Beer (2006). "Prefrontal involvement in the regulation of emotion: convergence
of rat and human studies." Curr Opin Neurobiol 16(6): 723-727.
Rainville, P., A. Bechara, N. Naqvi and A. R. Damasio (2006). "Basic emotions are associated with
distinct patterns of cardiorespiratory activity." Int J Psychophysiol 61(1): 5-18.
Rood, L., J. Roelofs, S. M. Bögels, S. Nolen-Hoeksema and E. Schouten (2009). "The influence of
emotion-focused rumination and distraction on depressive symptoms in non-clinical youth: a meta-
analytic review." Clin Psychol Rev 29(7): 607-616.
Sanchez, T. A., I. Mocaiber, F. S. Erthal, M. Joffily, E. Volchan, M. G. Pereira, D. B. de Araujo and
L. Oliveira (2015). "Amygdala responses to unpleasant pictures are influenced by task demands and
positive affect trait." Front Hum Neurosci 9: 107.
Santaella, D., C. Devesa, M. Rojo, M. Amato, L. Drager, K. Casali, N. Montano and G. Lorenzi
(2011). "Yoga respiratory training improves respiratory function and cardiac sympathovagal balance
in elderly subjects: a randomised controlled trial." Bmj Open 1(1).
91
Santaella, D. F., E. A. Araújo, K. C. Ortega, T. Tinucci, D. Mion, C. E. Negrão and C. L. de Moraes
Forjaz (2006). "Aftereffects of exercise and relaxation on blood pressure." Clin J Sport Med 16(4):
341-347.
Seeley, W. W., V. Menon, A. F. Schatzberg, J. Keller, G. H. Glover, H. Kenna, A. L. Reiss and M. D.
Greicius (2007). "Dissociable intrinsic connectivity networks for salience processing and executive
control." J Neurosci 27(9): 2349-2356.
Sharma, V. K., R. M, V. S, S. K. Subramanian, A. B. Bhavanani, Madanmohan, A. Sahai and D.
Thangavel (2014). "Effect of fast and slow pranayama practice on cognitive functions in healthy
volunteers." J Clin Diagn Res 8(1): 10-13.
Shashikala, G., P. Shashidhar, V. BAljoshi, R. B. A. ANITA HERUR and C. SUREKHARANI
(2011). "Effect of Mukh Bhastrika (A Type of Pranayama) on the Sensory: Motor Performance."
Journal of Clinical and Diagnostic Research 5(5): 1034-1037.
Shirer, W. R., S. Ryali, E. Rykhlevskaia, V. Menon and M. D. Greicius (2012). "Decoding subject-
driven cognitive states with whole-brain connectivity patterns." Cereb Cortex 22(1): 158-165.
Shrikrishna (1996). Essence of pranayamaEssence of pranayama. Lonavla, Kaivalyadhama.
Shulman, G., J. Fiez, M. Corbetta, R. Buckner, F. Miezin, M. Raichle and S. Petersen (1997).
"Common blood flow changes across visual tasks .2. Decreases in cerebral cortex." Journal of
Cognitive Neuroscience 9(5): 648-663.
Sigman, M. and G. A. Cecchi (2002). "Global organization of the Wordnet lexicon." Proc Natl Acad
Sci U S A 99(3): 1742-1747.
Silvers, J. A., T. D. Wager, J. Weber and K. N. Ochsner (2015). "The neural bases of uninstructed
negative emotion modulation." Soc Cogn Affect Neurosci 10(1): 10-18.
Sinha, A. N., D. Deepak and V. S. Gusain (2013). "Assessment of the effects of pranayama/alternate
nostril breathing on the parasympathetic nervous system in young adults." J Clin Diagn Res 7(5): 821-
823.
Slagter, H. A., A. Lutz, L. L. Greischar, A. D. Francis, S. Nieuwenhuis, J. M. Davis and R. J.
Davidson (2007). "Mental training affects distribution of limited brain resources." PLoS Biol 5(6):
e138.
Souto, A. (2000). Una luz para el Hatha Yoga: traducion y comentario del Hatha PradipikaUna luz
para el Hatha Yoga: traducion y comentario del Hatha Pradipika. Buenos Aires, Lonavla Yoga
InstituteLonavla Yoga Institute.
Souto, A. (2002). El Yoga de la purificacion: traducion y comentario del Gheranda SamhitaEl Yoga
de la purificacion: traducion y comentario del Gheranda Samhita. Buenos Aires, Lonavla Yoga
InstituteLonavla Yoga Institute.
Spielberger, C. D., R. L. Gorsuch and R. E. Lushene (1970). "Manual for the state-trait anxiety
inventory."
92
Stevens, F. L., R. A. Hurley and K. H. Taber (2011). "Anterior cingulate cortex: unique role in
cognition and emotion." J Neuropsychiatry Clin Neurosci 23(2): 121-125.
Streeter, C. C., P. L. Gerbarg, R. B. Saper, D. A. Ciraulo and R. P. Brown (2012). "Effects of yoga on
the autonomic nervous system, gamma-aminobutyric-acid, and allostasis in epilepsy, depression, and
post-traumatic stress disorder." Med Hypotheses 78(5): 571-579.
Taimni, I. K. (2004). A ciência do Yoga: comentários sobre os Yoga-sutras de Patanjali à luz do
pensamento moderno. Brasília, Teosófica.
Tang, Y. Y., B. K. Hölzel and M. I. Posner (2015). "The neuroscience of mindfulness meditation." Nat
Rev Neurosci 16(4): 213-225.
Tang, Y. Y., Q. Lu, M. Fan, Y. Yang and M. I. Posner (2012). "Mechanisms of white matter changes
induced by meditation." Proc Natl Acad Sci U S A 109(26): 10570-10574.
Tang, Y. Y., Q. Lu, X. Geng, E. A. Stein, Y. Yang and M. I. Posner (2010). "Short-term meditation
induces white matter changes in the anterior cingulate." Proc Natl Acad Sci U S A 107(35): 15649-
15652.
Tang, Y. Y., Y. Ma, Y. Fan, H. Feng, J. Wang, S. Feng, Q. Lu, B. Hu, Y. Lin, J. Li, Y. Zhang, Y.
Wang, L. Zhou and M. Fan (2009). "Central and autonomic nervous system interaction is altered by
short-term meditation." Proc Natl Acad Sci U S A 106(22): 8865-8870.
Tang, Y. Y., Y. Ma, J. Wang, Y. Fan, S. Feng, Q. Lu, Q. Yu, D. Sui, M. K. Rothbart, M. Fan and M. I.
Posner (2007). "Short-term meditation training improves attention and self-regulation." Proc Natl
Acad Sci U S A 104(43): 17152-17156.
Tanji, J., K. Shima and H. Mushiake (2007). "Concept-based behavioral planning and the lateral
prefrontal cortex." Trends Cogn Sci 11(12): 528-534.
Taylor, V. A., J. Grant, V. Daneault, G. Scavone, E. Breton, S. Roffe-Vidal, J. Courtemanche, A. S.
Lavarenne and M. Beauregard (2011). "Impact of mindfulness on the neural responses to emotional
pictures in experienced and beginner meditators." Neuroimage 57(4): 1524-1533.
Thompson-Schill, S. L., M. Bedny and R. F. Goldberg (2005). "The frontal lobes and the regulation of
mental activity." Curr Opin Neurobiol 15(2): 219-224.
Uddin, L. Q. (2016). Salience Network of the Human Brain, Academic Press.
Urry, H. L., C. M. Van Reekum, T. Johnstone, N. H. Kalin, M. E. Thurow, H. S. Schaefer, C. A.
Jackson, C. J. Frye, L. L. Greischar and A. L. Alexander (2006). "Amygdala and ventromedial
prefrontal cortex are inversely coupled during regulation of negative affect and predict the diurnal
pattern of cortisol secretion among older adults." Journal of Neuroscience 26(16): 4415-4425.
van den Hurk, P. A., B. H. Janssen, F. Giommi, H. P. Barendregt and S. C. Gielen (2010).
"Mindfulness meditation associated with alterations in bottom-up processing: psychophysiological
evidence for reduced reactivity." Int J Psychophysiol 78(2): 151-157.
93
Wager, T. D., M. L. Davidson, B. L. Hughes, M. A. Lindquist and K. N. Ochsner (2008). "Prefrontal-
subcortical pathways mediating successful emotion regulation." Neuron 59(6): 1037-1050.
Wager, T. D., J. Jonides and S. Reading (2004). "Neuroimaging studies of shifting attention: a meta-
analysis." Neuroimage 22(4): 1679-1693.
Wager, T. D. and E. E. Smith (2003). "Neuroimaging studies of working memory: a meta-analysis."
Cogn Affect Behav Neurosci 3(4): 255-274.
Wang, S. Z., S. Li, X. Y. Xu, G. P. Lin, L. Shao, Y. Zhao and T. H. Wang (2010). "Effect of slow
abdominal breathing combined with biofeedback on blood pressure and heart rate variability in
prehypertension." J Altern Complement Med 16(10): 1039-1045.
Watson, D., L. A. Clark and A. Tellegen (1988). "Development and validation of brief measures of
positive and negative affect: the PANAS scales." J Pers Soc Psychol 54(6): 1063-1070.
Westbrook, C., J. D. Creswell, G. Tabibnia, E. Julson, H. Kober and H. A. Tindle (2013). "Mindful
attention reduces neural and self-reported cue-induced craving in smokers." Soc Cogn Affect Neurosci
8(1): 73-84.
Whalen, P. J., S. L. Rauch, N. L. Etcoff, S. C. McInerney, M. B. Lee and M. A. Jenike (1998).
"Masked presentations of emotional facial expressions modulate amygdala activity without explicit
knowledge." J Neurosci 18(1): 411-418.
Wiech, K., R. Kalisch, N. Weiskopf, B. Pleger, K. E. Stephan and R. J. Dolan (2006). "Anterolateral
prefrontal cortex mediates the analgesic effect of expected and perceived control over pain." J
Neurosci 26(44): 11501-11509.
Wiens, S. (2005). "Interoception in emotional experience." Curr Opin Neurol 18(4): 442-447.
Wright, C. I., H. Fischer, P. J. Whalen, S. C. McInerney, L. M. Shin and S. L. Rauch (2001).
"Differential prefrontal cortex and amygdala habituation to repeatedly presented emotional stimuli."
Neuroreport 12(2): 379-383.
Zeidan, F., K. T. Martucci, R. A. Kraft, N. S. Gordon, J. G. McHaffie and R. C. Coghill (2011). "Brain
mechanisms supporting the modulation of pain by mindfulness meditation." J Neurosci 31(14): 5540-
5548.
APÊNDICE
95
Apêndice I: QUESTIONÁRIO CLÍNICO
Nome: ______________________________________________________Data:____________________
Telefone:___________________________E-mail:____________________________________________
1) Com relação ao coração, você já teve algum desses problemas?
- Infarto agudo do miocárdio: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? _____________
- Arritmia cardíaca: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo?______________
- Dor no peito ao realizar esforço físico: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? _____________
- Pressão alta: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? _____________
- Cirurgia ou cateterismo cardíaco: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? _____________
2) Com relação ao sistema respiratório, você já teve algum desses problemas?
- Rinite crônica, com obstrução da narina: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? ___________
- Asma ou bronquite: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? _____________
- Enfisema pulmonar: ( ) não ( ) sim Há quanto tempo? _____________
3) É portador de crises convulsivas ou crises de ausência?
( ) não ( ) sim
4) Você já foi diagnosticado com:
( ) Depressão ( ) Estresse pós-traumático ( )Transtorno Bipolar
( ) Epilepsia ( ) Síndrome do pânico ( )Transtorno de Ansiedade Generalizada
( ) Fobia Social ( ) Nenhuma das alternativas ( ) Outro: _________________________
5) Fez ou faz uso de algum medicamento?
( ) não ( ) sim. Qual(is)?__________________________________________
6) Já praticou Yoga antes?
( ) não ( ) sim
Se sim. Qual frequência? ___ vezes/semana
Há quanto tempo?__________________
7) Já praticou exercícios respiratórios de Yoga antes?
( ) não ( ) sim
Se sim. Qual frequência? ___ vezes/semana
Há quanto tempo?__________________
8) Pratica atividade física regularmente?
( ) não ( ) sim
96
Se sim. Qual atividade?_________________________________________
Qual frequência? _____ vezes/semana
Há quanto tempo?_________________
9) Possui algum metal no corpo (aparelho ou próteses dentárias; tatuagem ou maquiagem definitiva; piercing;
grampos cirúrgicos, clipes ou suturas metálicas; pino, parafuso, prego, arame, chapa, no osso/articulações; clipe
de aneurisma; marca-passo cardíaco, qualquer outro metal ou corpo estranho?
( ) não ( ) sim. Qual?_________________________________________
10) Usa óculos?
( ) não ( ) sim
Se sim. Qual é o diagnóstico? ( ) miopia ( ) hipermetropia ( ) astigmatismo ( ) Outro_________
Qual o grau em cada olho?__________________Usa ou usou lente de contato?____________________
11) É usuário de:
( ) Bebidas Alcoólicas ( ) Cigarro (tabaco) ( ) Maconha ( ) Cocaína
( ) Crack ( ) LSD ( ) Ecstasy ( ) Nenhuma das alternativas
Se sim. Há quanto tempo? _______________ Se parou. Há quanto tempo? _____________________
14) Tem disponibilidade para 3 vezes por semana (segunda, quarta e sexta) ir ao núcleo de yoga do professor
Hermógenes na UFRN para realizar o treinamento respiratório do yoga durante 30 minutos?
( ) não ( ) sim.
Se sim. Quais horários seriam possíveis?
Segunda (Entre 09:00hs as 14:00hs)_______________________________________________________
Quarta-feira (Entre 09:00hs as 14:00hs)____________________________________________________
Sexta (Entre 09:00hs as 14:00hs)__________________________________________________________
15) Peso:_______________
16) Altura:______________
97
Apêndice II: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Esclarecimentos
Este é um convite para você participar da pesquisa: “Efeitos do yoga sobre a variabilidade da frequência cardía-
ca, o eletroencefalograma, a qualidade de vida, o cortisol salivar e a neuroimagem funcional por ressonância
magnética de adultos saudáveis”, que tem como pesquisadora responsável Alessandra Mussi Ribeiro, o pesqui-
sador associado Danilo Forghieri Santaella e a pesquisadora Morgana Menezes Novaes.
Esta pesquisa pretende estudar a influência do treinamento em técnicas de Yoga no funcionamento do seu cora-
ção e no controle que o cérebro tem sobre ele.
O motivo que nos leva a fazer este estudo é sabermos que existe uma forte ligação entre a respiração e o funcio-
namento do coração e do cérebro. Há estudos demonstrando que o treinamento respiratório pode melhorar o
funcionamento cardíaco e outros mostrando efeitos positivos no cérebro, mas nenhum que estude a relação des-
ses efeitos entre si. Além disso, sabe-se que o estresse e a depressão podem influenciar negativamente esses
órgãos, prejudicando a qualidade de vida. Os exercícios propostos podem funcionar também como tratamento
auxiliar no combate aos efeitos negativos do estresse e da depressão, sem ter os efeitos colaterais que os medi-
camentos apresentam.
Pesquisa: “Efeitos do yoga sobre a variabilidade da frequência cardíaca, o eletroencefalograma, a qualidade de
vida, o cortisol salivar e a neuroimagem funcional por ressonância magnética de adultos saudáveis”.
Com este documento, pretendemos esclarecer a você tudo sobre a pesquisa que estamos desenvolvendo.
Objetivo: Essa pesquisa tem como objetivo investigar se a prática de yoga exerce influência sobre o contro-
le que o seu cérebro tem sobre o coração e também verificar se a qualidade de vida e o hormônio do es-
tresse podem ser alterados através de uma intervenção de yoga.
Participação: Sua participação é voluntária, o que significa que você poderá desistir a qualquer momento,
retirando seu consentimento, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou penalidade.
Caso você decida aceitar o convite, no primeiro encontro você deverá responder 5 questionários: 1- infor-
mações de saúde e sócio-econônomicas; 2- avaliação da qualidade de vida; 3- inventário de sintomas de
estresse; 4- avaliação de depressão e 5- avaliação de ansiedade, todos objetivos e de múltipla escolha – você
tem o direito de se recusar a responder as perguntas que lhe causem constrangimento de qualquer nature-
za. Você também será submetido a uma avaliação de pressão arterial, frequência cardíaca e também de
peso e estatura, para que possamos determinar o seu Índice de Massa Corporal (IMC). Esta avaliação
será realizada através de uma balança colocada no chão, que estará na própria sala onde você responderá
os questionários. Posteriormente, será coletada uma amostra de saliva (por um procedimento indolor,
através de um “salivette” estéril (peça plástica que contém uma gaze absorvente que deverá ser colocada
na boca por dois minutos), realizada por um profissional de saúde qualificado. Na primeira semana da
pesquisa, você deverá se comprometer a comparecer à UFRN por uma semana, todos os dias, durante
uma hora, para aprender as técnicas que serão treinadas. Depois disso, levará para casa um CD de áudio
com os exercícios que deverão ser realizados diariamente por mais 30 dias. Após o início de seu treina-
mento com o CD, marcaremos encontros semanais na UFRN para esclarecimentos de dúvidas acerca dos
exercícios. O senhor receberá um código de participação na pesquisa, o que manterá sua identidade em
sigilo. Para o controle da adesão à prática, encaminharemos uma folha-relatório, em que o senhor marca-
rá com um “X” os dias em que realizar as práticas. Além disso, também terá que estar disponível para
realizar 3 exames laboratoriais (um no início, outro ao término de 1 mês e outro ao final do estudo, isto é,
depois de 2 meses). Estimamos que cada exame demore um tempo total de aproximadamente uma hora.
Serão utilizados aparelhos que avaliam os batimentos cardíacos, pressão arterial, a respiração e as ondas
cerebrais, com eletrodos de eletrocardiograma, eletroencefalograma e cintas que medem a respiração.
Esses aparelhos não precisam de agulhas, não provocam dor e não têm qualquer risco de provocar choque
elétrico. São usados sempre materiais descartáveis e esterilizados que excluem qualquer risco de infecção.
Além desses, será feito o exame de Ressonância Magnética funcional. O qual não oferece risco a saúde do
indivíduo, mas algumas pessoas podem ficar ansiosas e ter dificuldades para ficar deitada imóveis durante
o exame ou sentirem incômodo pelo ruído durante o exame. Estes desconfortos serão minimizados, pois
será explicado todo o procedimento antes do exame e serão utilizados fones de ouvido e em caso de descon-
forto o exame será interrompido.
98
Durante todo o exame o senhor permanecerá sentado em repouso. Em todas as etapas dos testes, o pesqui-
sador dará todas as explicações possíveis, respondendo a todas as suas dúvidas que surgirem. Para os
prosseguimentos você receberá instruções detalhadas sobre as datas e períodos que você participará das
atividades que serão realizadas durante sua participação na pesquisa.
Riscos e Benefícios: Caso seja de seu interesse, poderemos lhe informar o resultado que você obteve nos testes,
em caráter privado, mas alertamos que estes testes não têm nenhuma função de diagnóstico. A pesquisa não
representa nenhum risco à sua saúde. Durante os exercícios respiratórios, será oferecida orientação e assistência
permanente por profissional qualificado – em caso de necessidade, por favor entre em contato com: Prof. Dr.
Danilo Forghieri Santaella (Tel.: 84 8887-0444, e-mail: [email protected]) ou com a doutoranda Morgana Mene-
zes Novaes (telefone 84 96040663, e-mail: [email protected]). Nós asseguramos que seu nome nunca
aparecerá nos questionários, mas apenas suas iniciais, que posteriormente serão substituídas por códigos (núme-
ros). Os dados serão guardados em local seguro, sob a responsabilidade das pesquisadoras e a divulgação dos
resultados será feita de forma a não identificar de forma alguma os voluntários. Como benefício, poderemos
verificar se a prática de yoga pode resultar em bem-estar físico e mental, além disso, e você aprenderá uma téc-
nica respiratória conhecida há milênios na Índia como um auxiliar para o relaxamento e a meditação, o que deve
contribuir para pacificar a sua saúde física e psicológica.
Garantias: Sempre estaremos disponíveis para lhe esclarecer dúvidas, qualquer que seja o momento da pesqui-
sa. Em qualquer momento, você poderá desistir da colaboração, sem que isso lhe traga nenhum prejuízo ou pena-
lidade. Todos os dados que você fornecer à pesquisa serão sigilosos, ficarão guardados em segurança por um
período de 5 anos e só serão utilizados para essa pesquisa; caso tenhamos a intenção de utilizá-los em outra pes-
quisa, o (a) senhor(a) será consultado(a). Os resultados serão publicados sem nenhuma identificação dos voluntá-
rios. Caso você tenha algum gasto decorrente da pesquisa, nós faremos o ressarcimento dele e caso você venha a
ter algum dano, comprovadamente decorrente dessa pesquisa, os pesquisadores Profª Dra. Alessandra Mussi
Ribeiro e Danilo Forghieri Santaella, juntamente com a UFRN, serão responsáveis por sua indenização. Caso
você tenha alguma dúvida, poderá entrar em contato com os responsáveis pelos telefones: 3215-3409 e 8887-
0444 ou no Departamento de Fisiologia, Centro de Biociências, UFRN, Campus Universitário, s/nº, Lagoa Nova,
Natal-RN ou pelos e-mails: [email protected] ou [email protected]. Caso você tenha alguma dúvida
ética da nossa pesquisa, pode entrar em contato com o Comitê de Ética da UFRN - CEP/CENTRAL pelo fone:
3215-3135. Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador res-
ponsável (Alessandra Mussi Ribeiro).
Consentimento Livre e Esclarecido
Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados nessa pesqui-
sa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente de todos os
meus direitos, concordo em participar da pesquisa “Efeitos do Yoga sobre a variabilidade da frequência cardíaca,
o eletroencefalograma, a qualidade de vida e o cortisol salivar de adultos saudáveis”, e autorizo a divulgação das
informações por mim fornecidas em congressos e/ou publicações científicas desde que nenhum dado me identi-
fique.
Declaro estar ciente e informado sobre os pro-cedimentos de realização da pesquisa, conforme explicitados acima, e aceito participar voluntari-amente da mesma. NOME:______________________________
ASSINATURA:_______________________
Natal, ____/ ____/____
Assumo o compromisso de cumprir todos os procedimentos descritos acima respeitando a legislação da ética na pesqui-sa.
Natal, ____/____/____
____________________________________________ Profª Dra. Alessandra Mussi Ribeiro
_____________________________________________ Prof. Dr. Danilo Forghieri Santaella
____________________________________________ Doutoranda Morgana Menezes Novaes
99
Apêndice III: TERMO DE AUTORIZAÇÃO PARA GRAVAÇÃO DE VOZ
Eu, ________________________________________________, depois de entender os riscos e benefí-
cios que a pesquisa intitulada “Efeitos do yoga sobre a variabilidade da frequência cardíaca, o eletroencefa-
lograma, a qualidade de vida, o cortisol salivar e a neuroimagem funcional por ressonância magnética de
adultos saudáveis” poderá trazer e, entender especialmente os métodos que serão usados para a coleta de dados,
assim como, estar ciente da necessidade da gravação de minha entrevista, AUTORIZO, por meio deste termo,
os pesquisadores responsáveis por este estudo a realizarem a gravação da minha voz durante os experimentos
sem custos financeiros a nenhuma parte.
Esta AUTORIZAÇÃO foi concedida mediante o compromisso dos pesquisadores em garantir-me os
seguintes direitos:
1. poderei ler a transcrição de minha gravação;
2. os dados coletados serão usados exclusivamente para gerar informações para a pesquisa aqui relatada
e outras publicações dela decorrentes, quais sejam: revistas científicas, congressos e jornais;
3. minha identificação não será revelada em nenhuma das vias de publicação das informações geradas;
4. qualquer outra forma de utilização dessas informações somente poderá ser feita mediante minha auto-
rização;
5. serei livre para interromper minha participação na pesquisa a qualquer momento e/ou solicitar a posse
da gravação e transcrição de minha entrevista.
Local/Data:_________________________________________________________
________________________________________________________________
Assinatura do participante da pesquisa
_______________________________________________________________
Assinatura do pesquisador responsável
100
Apêndice IV: QUESTIONÁRIO EPIDEMIOLÓGICO
Nome_________________________________________________________
Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino
Data de nascimento:______________________
Cidade/Estado:__________________________________________________________
Telefone: ___________________________
Qual seu estado civil?
( ) Solteiro(a) ( ) Separado(a) / divorciado(a)
( ) Casado(a) ( ) Viúvo(a)
Como você se considera:
( ) Branco(a) ( ) Pardo(a) ( ) Preto(a)
( ) Amarelo(a) ( ) Indígena
Qual a sua religião?
( ) Católica ( ) Protestante ou Evangélica
( ) Espírita ( ) Umbanda ou Candomblé
( ) Sem religião ( ) Outro:
Quantas pessoas moram em sua casa? (Contando com seus pais, irmãos ou outras pessoas que moram em uma
mesma casa): ( ) Duas pessoas ( ) Três ( ) Quatro ( ) Cinco ( ) Mais de seis ( ) Moro sozinho(a)
Escolaridade:
( ) Ensino fundamental incompleto
( ) Ensino fundamental completo
( ) Ensino médio incompleto
( ) Ensino médio completo
( ) Superior incompleto
( ) Superior completo
( ) Pós graduação incompleta
( ) Pós graduação completa
Você trabalha, ou já trabalhou, ganhando algum salário ou rendimento?
( ) Trabalho, estou empregado com carteira de trabalho assinada
( ) Trabalho, mas não tenho carteira de trabalho assinada
( ) Trabalho por conta própria, não tenho carteira de trabalho assinada
( ) Já trabalhei, mas não estou trabalhando
( ) Nunca trabalhei
( ) Nunca trabalhei, mas estou procurando trabalho
101
Somando a sua renda com a renda das pessoas que moram com você, quanto é, aproximadamente, a renda fami-
liar? (Considere a renda de todos que moram na sua casa)
( ) Até 1 salário mínimo (até R$ 678,00 inclusive)
( ) De 1 a 2 salários mínimos (de R$ 678,00 até R$ 1.356,00 inclusive)
( ) De 2 a 5 salários mínimos (de R$ 1.356,00 até R$ 3.390,00 inclusive)
( ) De 5 a 10 salários mínimos (de R$ 3.390,00 até R$ 6.780,00 inclusive)
( ) De 10 a 30 salários mínimos (de R$ 6.780,00 até R$ 20.340,00 inclusive)
( ) De 30 a 50 salários mínimos (de R$ 20.340,00 até R$ 33.900,00 inclusive)
( ) Mais de 50 salários mínimos (mais de R$ 33.900,00)
( ) Nenhuma renda
102
Apêndice V – Dados sócio-demográficos dos voluntários.
ID Sexo Idade Escolaridade Renda da casa Cor Religião Emprego Estado civil
C1 M 21 Médio incompleto Mais de 5 a 10 Branca Católica Empregado Solteiro
C2 F 33 superior completo Mais de 5 a 10 Parda Frequenta o Santo Daime Empregado Solteiro
C3 F 29 Pós graduação incompleta Mais de 10 Branca Católica Empregado Solteiro
C4 M 25 Médio incompleto Até 2 Parda Protestante ou Evangélica Empregado Solteiro
C5 M 23 Superior incompleto Mais de 2 a 5 Parda Sem religião Empregado Solteiro
C6 M 23 Superior incompleto Até 2 Parda Sem religião Estudante Solteiro
C7 F 27 superior completo Mais de 5 a 10 Branca Espírita Estudante Solteiro
C8 M 21 Médio completo Até 2 Parda Protestante ou Evangélica Empregado Solteiro
C9 F 32 Pós graduação incompleta Mais de 10 Branca Católica Empregado Casado
C10 M 21 Médio incompleto Até 2 Parda Protestante ou Evangélica Empregado Casado
C11 F 26 Superior incompleto Mais de 10 Branca Sem religião Estudante Solteiro
C12 F 25 Médio completo Até 2 Branca Sem religião Estudante Solteiro
C13 F 32 Pós graduação completa Mais de 2 a 5 Branca Católica Empregado Solteiro
C14 M 27 superior completo Mais de 2 a 5 Parda Católica Empregado Solteiro
C15 M 28 Pós graduação incompleta Mais de 5 a 10 Parda Protestante ou Evangélica Empregado Solteiro
P1 F 28 Superior incompleto Mais de 5 a 10 Branca Sem religião Empregado Solteiro
P2 F 33 Pós graduação completa Mais de 2 a 5 Branca Sem religião Empregado Solteiro
P3 M 21 Médio completo Mais de 5 a 10 Branca Católica Empregado Solteiro
P4 M 20 Médio incompleto Mais de 2 a 5 Branca Protestante ou Evangélica Empregado Solteiro
P5 M 21 Médio incompleto Até 2 Parda Protestante ou Evangélica Empregado Solteiro
P6 F 23 Superior incompleto Até 2 Branca Católica Estudante Solteiro
P7 F 32 Superior completo Até 2 Parda Sem religião Estudante Solteiro
P8 M 21 Médio completo Até 2 Parda Sem religião Empregado Solteiro
P9 M 24 Superior incompleto Até 2 Parda Sem religião Estudante Casado
P10 F 21 Superior incompleto Mais de 10 Parda Protestante ou Evangélica Empregado Solteiro
P11 F 23 Superior incompleto Mais de 10 Branca Sem religião Estudante Solteiro
P12 M 21 Superior incompleto Mais de 2 a 5 Branca Sem religião Estudante Solteiro
P13 M 30 Superior completo Mais de 5 a 10 Branca Sem religião Empregado Solteiro
P14 F 20 Superior incompleto Mais de 2 a 5 Branca Católica Estudante Solteiro
P15 F 22 Superior incompleto Até 2 Parda Sem religião Estudante Solteiro
103
Apêndice VI
Figura S1 – Dados das escalas com outliers. No IDATE-e foi observado um voluntário do grupo Pranayama
(P5) como outlier e no PANAS-e afeto negativo dois voluntários do grupo controle (C7 e C9).
IDATE-e
Antes Depois0
20
40
60
80
Esco
re m
éd
io P5
PANAS-e - Afeto Negativo
Antes Depois0
10
20
30
Esco
re m
éd
io
C7
C9
ANEXOS
105
Anexo I: ESCALA DE AFETOS POSITIVOS E NEGATIVOS - PANAS
Nome: ___________________________________________________Data: ______
Esta escala consiste de um número de palavras que descrevem diferentes sentimentos e emoções. Leia cada item
e depois marque a resposta adequada no espaço ao lado da palavra. Indique até que ponto você tem se sentido
desta forma no momento.
1
Nem um pouco
2
Um pouco
3
Moderadamente
4
Bastante
5
Extremamente
Interessado
Aflito
Empolgado
Chateado
Forte
Culpado
Com medo
Hostil
Entusiasmado
Orgulhoso
Irritável
Alerta
Envergonhado
Inspirado
Nervoso
Determinado
Atento
Agitado
Ativo
Apavorado
106
ESCALA DE AFETOS POSITIVOS E NEGATIVOS - PANAS
Esta escala consiste de um número de palavras que descrevem diferentes sentimentos e emoções. Leia cada item
e depois marque a resposta adequada no espaço ao lado da palavra. Indique até que ponto você tem se sentido
desta forma geralmente.
1
Nem um pouco
2
Um pouco
3
Moderadamente
4
Bastante
5
Extremamente
Interessado
Aflito
Empolgado
Chateado
Forte
Culpado
Com medo
Hostil
Entusiasmado
Orgulhoso
Irritável
Alerta
Envergonhado
Inspirado
Nervoso
Determinado
Atento
Agitado
Ativo
Apavorado
Pontuação: No PANAS os itens positivos são: 1, 3, 5, 9, 10, 12, 14, 16, 17 e 19 e os itens negativos são: 2, 4, 6,
7, 8, 11, 13, 15, 18 e 20. Os escores para os afetos positivos e negativos de cada componente são avaliados sepa-
radamente. Dessa forma, cada sub-escala (AN-e, AN-t, AP-e, e AP-t), permite pontuação total variando entre 10
e 50 pontos.